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UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM
PRODUÇÃO E GESTÃO AGROINDUSTRIAL
REINALDO CARMONA
MORFOMETRIA DE CARNEIROS DO GRUPO GENÉTICO PANTANEIRO DO CENTRO TECNOLÓGICO DE OVINOS
CAMPO GRANDE – MS 2011
UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM
PRODUÇÃO E GESTÃO AGROINDUSTRIAL
REINALDO CARMONA
MORFOMETRIA DE CARNEIROS DO GRUPO GENÉTICO PANTANEIRO DO CENTRO TECNOLÓGICO DE OVINOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em nível de Mestrado Profissional em Produção e Gestão Agroindustrial da Universidade Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Produção e Gestão Agroindustrial. Comitê de Orientação: Prof. Dr. Marcos Barbosa Ferreira Prof. Dr. Celso Correia de Souza
CAMPO GRANDE – MS 2011
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp
Carmona, Reinaldo.
Morfometria de carneiros do grupo genético pantaneiro do centro tecnológico de ovinos. / Reinaldo Carmona. -- Campo Grande, 2011.
43f. Dissertação (mestrado) – Universidade Anhanguera - Uniderp,
2011.
“Orientação: Prof. Dr. Marcos Barbosa Ferreira.” 1. Biometria 2. Fenótipo 3. Ovinos 4. Reprodutor. I. Título.
CDD 21.ed. 636.3
C285m
FOLHA DE APROVAÇÃO
Candidato: Reinaldo Carmona
Dissertação apresentada e aprovada em 02 de dezembro de 2011 pela Banca
Examinadora.
ii
Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente
você estará fazendo o impossível (São Francisco de Assis).
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida.
A minha esposa Viviane Gualberto Ferreira Carmona, pela compreensão, força
e incentivo, nos momentos mais necessários.
Ao meu pai Astrogildo Carmona (in memorian), e a minha mãe Thereza Berto
Carmona, por acreditarem em minha capacidade.
Ao meu Orientador Professor Doutor Marcos Barbosa Ferreira, pela sua
dedicação e apoio sempre presentes.
Ao meu Co-Orientador Professor Doutor Celso Correia de Souza, pelas
análises estatísticas.
À Professora Doutora Camila Celeste B. F. Ítavo, por aceitar o convite para
compor essa Banca.
Ao Professor Doutor José Alexandre Agiova da Costa, por aceitar o convite
para compor essa Banca.
À Professora Doutora Adriana Paula D’Agostini Contreiras Rodrigues,
coordenadora da plataforma do Mestrado em Produção e Gestão
Agropecuária.
A Tradutora Silvia Maria Rodrigues Carrasco, pela colaboração na versão em
língua Inglesa do Resumo.
À funcionária Aline Freitas Signorelli, que nos atendeu com cordialidade e
eficiência.
A todos os colegas, pelo inestimável companheirismo e convivência, nesta
breve, mas marcante, etapa de nossas vidas.
Aos funcionários da Fazenda Escola Três Barras, pelo auxílio na coleta dos
dados desse trabalho.
iv
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................... 1
2 REVISÃO GERAL DE LITERATURA .......................................................... 3
2.1 Origem e evolução dos ovinos ................................................................. 3
2.2 Os ovinos no Brasil e nos países tropicais ............................................... 5
2.3 Conservação dos recursos genéticos ...................................................... 8
2.4 Importância da morfometria como parâmetro de caracterização das
raças ...................................................................................................... 10
2.5 Os ovinos do Grupo Genético Pantaneiro .............................................. 11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 16
3. ARTIGO ................................................................................................... 24
RESUMO ..................................................................................................... 25
ABSTRACT .................................................................................................. 26
3.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 27
3.2 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................... 28
3.2.1 Local.................................................................................................... 28
3.2.2 Animais ............................................................................................... 29
3.2.3 Medições ............................................................................................. 29
3.2.4 Análises estatísticas ............................................................................ 32
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................. 32
3.4 CONCLUSÕES ...................................................................................... 39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 40
v
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Número de animais avaliados, número de dentes incisivos
permanentes (DIP) e idades de erupção em ovinos ...................... 29
TABELA 2 Valores mínimos máximos e médios e respectivos desvios padrões (DP), das medidas corporais efetuadas nos carneiros do CTO .......................................................................................... 33
TABELA 3 Valores das análises de correlações das medidas corporais efetuadas nos carneiros do CTO ................................................... 35
TABELA 4 Comparação de medições obtidas para as mesmas características, com as medidas avaliadas por outros pesquisadores em raças brasileiras oriundas de outras regiões do Brasil ......................................................................................... 36
TABELA 5 Comparação entre os valores médios apresentados para características com correlações altas para produção, entre carneiros pantaneiros, Suffolk, e Texel .......................................... 38
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Ovino Muflão. ..................................................................................... 3
Figura 2 Ovino Urial ......................................................................................... 3
Figura 3 Estátua de Apolo representado como pastor de ovelhas. .................. 5
Figura 4 Ovinos da raça Bordaleira. ................................................................. 6
Figura 5 Ovino da raça Merino. ........................................................................ 6
Figura 6 Localização geográfica e delimitações das sub regiões do Pantanal. .......................................................................................... 12
Figura 7 Vista aérea de parte do Pantanal. .................................................... 13
Figura 8 Carneiro do grupo genético pantaneiro do CTO. ............................. 14
Figura 9 Avaliações morfométricas realizadas nos carneiros pantaneiros do CTO. ............................................................................................ 30
1
1 INTRODUÇÃO GERAL
A espécie ovina foi uma das primeiras a ser domesticada pelo
homem e o acompanha desde os primórdios da civilização. A ovinocultura é a
exploração que proporciona a maior fonte de subsistência (CRUZ, 2002).
Essa função é desempenhada pela capacidade dos ovinos em
transformar as forragens, basicamente compostas por gramíneas e
leguminosas, em alimentos com alto valor proteico, destinadas ao consumo
humano (GONZAGA, 2003).
A produção de ovinos é uma atividade em expansão constante no
Brasil, que ocupa o 18º lugar no ranking mundial dessa exploração, com 17,38
milhões de cabeças (FAO, 2011). Dessas, 1,26 milhões vivem na região
Centro-Oeste, das quais 497 mil estão no Estado de Mato Grosso do Sul
(IBGE, 2010).
Apesar disso, a ovinocultura ainda é, em sua maioria,
desenvolvida em sistemas de criação extensivos com baixa produtividade
(NUNES, 2008), onde a maioria dos produtores utiliza pouca tecnologia e
mínimos investimentos em infraestrutura (ELLIS, 1996).
Também quase não existe controle zootécnico e de
desenvolvimento ponderal, ambos, de fundamental importância para o sucesso
na criação desses animais (GUSMÃO FILHO et al., 2009), embora existam
produtores que fazem dessa exploração agropecuária uma atividade comercial
de alta lucratividade (COSTA, 2007).
Nos países tropicais, com o objetivo de melhoria da produtividade
dos ovinos, pela introdução de raças que possuíam bom desempenho em
países de clima temperado (SOUSA e MORAIS, 2000) e também tropical,
2
reduziu-se a diversidade do material genético dos animais nativos (MARIANTE
e EGITO, 2002), diluiu-se os genótipos dos grupos nativos, já adaptados às
condições locais (MCMANUS et al., 2005), levando à perda das características
desejáveis de adaptação ao meio.
A preservação dos recursos genéticos naturais deve ser
concomitante com seu uso (SILVA et al., 2007), visando sua proteção pela
conservação da variabilidade gênica (TANSLEY e BROWN, 2000) e para a
garantia da sobrevivência frente às mudanças ambientais e flutuações
demográficas.
Para se conseguir esse intento, é imprescindível caracterizar os
grupamentos genéticos dos animais nativos (BARRERA et al., 2007), através
do uso de medições corporais in vivo e de pesagens (CUNHA et al., 1999).
Essas mensurações permitem a comparação entre animais dentro de um
grupo étnico ou mesmo entre raças diferentes (VALDEZ et al., 1982), e
determinam o tipo de raça à qual um indivíduo pertence (RODERO et al.,
1992).
Pesquisadores locais, como Paiva (2007), Pinto (2009), Santiago
Filho (2010) e Brauner (2010), já avaliaram aspectos produtivos específicos
dos ovinos pantaneiros do Centro Tecnológico de Ovinos (CTO) da
Universidade Anhanguera-Uniderp, em Campo Grande, MS.
Nesse trabalho objetivou-se aprimorar os conhecimentos sobre
as características morfométricas dos reprodutores desse grupo, através de
mensurações corporais, para auxiliar a definição dos padrões zootécnicos
necessários para a fixação de uma provável nova raça, uma vez que esses
aspectos são pouco conhecidos.
2 REVISÃO GERAL DE LITERATURA
2.1 Origem e evolução dos ovinos
Na classificação zoológica, os ovinos pertencem ao sub-reino
Vertebrata, classe Mammalia, ordem Ungulata, subordem Artiodactyla, grupo
Ruminantia, família Bovidae, subfamília Ovidae, gênero Ovis e espécie Ovis
aries (MENDONÇA, 2010).
O tronco original dos ovinos domésticos deve ser procurado no
gênero Ovis que compreende cinco espécies. Todas essas espécies formam
os grupos de ovinos selvagens representados pelo: Argali (Ovis ammon), Urial
(Ovis vignei), (GONÇALVES, 2009), Muflão Europeu (Ovis musinon), Muflão
Asiático (O. orientalis) e carneiro comum (O. aries) (COSTA, 2011).
O Muflão (Figura 1) ainda é encontrado em estado selvagem nas
montanhas da Córsega e da Sardenha, e o Urial (Figura 2) ainda existe no Irã,
Afeganistão, parte da Índia e do Tibete (VIEIRA, 1967).
Figura 1 Ovino Muflão (COSTA, 2011).
Figura 2 Ovino Urial (COSTA, 2011).
4
As três principais fontes das atuais raças de ovinos são: o Ovis
musinon, ovino selvagem da Europa, ainda lá encontrado, que iniciou o grupo
dos ovinos europeus; o Ovis ammotragus, que originou os ovinos africanos, e
o Ovis arkal, provavelmente, o mais antigo (MARIANTE e CAVALCANTE,
2000a).
A miscigenação entre esses animais, associada às diferentes
condições ambientais, originou a maioria das raças ovinas modernas: o Ovis
aries conhecido como carneiro das estepes da Ásia (COIMBRA FILHO, 1992).
O ovino, desde os primórdios da civilização, apresenta-se como
uma espécie animal de grande importância, estando difundido por quase todas
as regiões do mundo (SIQUEIRA, 1990).
É provável que a domesticação desses animais pelo homem
primitivo tenha ocorrido na Ásia, durante o período neolítico, entre 4.000 e
5.000 anos a.C. (SILVA SOBRINHO, 2001), ou mesmo no final do período
mesolítico, no qual já havia o cultivo de plantas, sendo que os ovinos foram
atraídos pelas colheitas (RYDER, 1984). Do continente asiático, os animais
teriam passado para a África e para o sul da Europa, já domesticados
(MARIANTE e CAVALCANTE, 2000b).
Portanto, a criação de ovinos é considerada uma das primeiras
explorações de animais pelo homem, proporcionando-lhe alternativas de
subsistência, tanto em forma de carne e leite, como em proteção, por meio da
lã e da pele para vestuário (FERNANDES, 1989).
Assim, a história da humanidade está relacionada aos ovinos.
Vieira (1967) afirma que esses animais estão presentes na mitologia Grega,
em que os pastores eram divinizados, como é o caso do deus grego Apolo
(COSTA, 2011) (Figura 3); e em citações nas escrituras bíblicas, com os
austeros patriarcas e seus numerosos rebanhos ovinos, que constituíam a
base de sobrevivência deles.
5
Figura 3 Estátua de Apolo representado como pastor de ovelhas (COSTA, 2011).
O rebanho mundial de ovinos é estimado em um bilhão e
duzentos milhões de cabeças e as maiores concentrações desses animais
estão na Austrália, China, Índia e Nova Zelândia (FAO, 2011).
2.2 Os ovinos no Brasil e nos países tropicais
Os primeiros ovinos, pertencentes às raças Bordaleira e Merino,
(Figuras 4 e 5) que chegaram ao Brasil, foram trazidos por Tomé de Souza e
se proliferaram pela colônia de norte a sul (ENCICLOPÉDIA BRITÂNICA,
2010). Ucha (2010) citam os jesuítas, a partir do Paraguai e da Argentina,
como introdutores no país, da raça espanhola Churra e da árabe Berberiscos
por volta de 1620.
6
O
O Brasil possui uma população estimada em 17,38 milhões
desses animais, com 56,67% (em torno de 9,85 milhões) localizados na região
Nordeste; 4,88 milhões na região Sul; 781 mil na região Sudeste; 586 mil na
região Norte e 1,26 milhões na região Centro-Oeste, das quais
aproximadamente 497 mil estão no Estado de Mato Grosso do Sul (IBGE,
2010).
Como a espécie ovina é melhor adaptável, esses animais são
encontrados nas condições mais diversas de clima. Sobrevivem tanto nas
grandes, como nas baixas altitudes (COIMBRA FILHO, 1992) e ocupam
regiões inadequadas para a agricultura, pois possuem mecanismos
anatomorfofisiológicos e comportamentais adaptados para enfrentarem as
extremas variações climáticas (SILVA SOBRINHO, 1996).
Já a produção de ovinos é bastante dispersa e composta por um
grande número de médios e pequenos produtores, com produtividade ainda
muito baixa (NUNES, 2008).
Em sua grande maioria, o regime de exploração predominante na
ovinocultura é o extensivo, com alta dependência da vegetação nativa, uso de
práticas rudimentares de manejo, assistência técnica deficitária e nível mínimo
de organização da gestão da unidade produtiva (ELLIS, 1996). Há de se
destacar que existem alguns criatórios de sucesso que utilizam raças
melhoradas e direcionadas para a produção de ovinos de corte, como é o caso
da Empresa Lanila Agropecuária, pertencente ao Grupo Pif-Paf Alimentos,
Figura 4 Ovinos da raça Bordaleira (Google images, 2011).
Figura 5 Ovino da raça Merino (ARCO, 2010).
7
situada em Natal, no Rio Grande do Norte (COSTA, 2007), e da Agropecuária
Tocando em Frente, no município de Ivinhema, MS.
Em torno de 40% dos ovinos do planeta vivem em zonas tropicais
(LEITE, 2007), requerendo dietas de melhor qualidade, tanto em proteína
como em energia, uma vez que as forrageiras tropicais, especialmente as
gramíneas, têm valores nutritivos mais baixos quando comparadas às
espécies de forrageiras de clima temperado (PACIULLO, 2002).
Devido ao fato dos ovinos possuírem um intervalo entre gerações
mais curto (BICUDO et al., 2005), quando comparado com as outras espécies
de ruminantes criadas pelo homem para a produção de carne (SORIO, 2003),
a ovinocultura é uma atividade pecuária promissora (SANTELLO et al., 2006).
A criação de ovinos tem grande potencial econômico, tanto em
sistemas extensivos, devido a sua alta capacidade produtiva (COUTO, 2001),
como em confinamento (FURUSHO GARCIA et al., 2003), fazendo com que o
interesse por essa espécie tenha atraído a atenção de produtores por todo o
Brasil (GARCIA et al., 2003).
Os pecuaristas, de forma geral, vêem as ovelhas como “vacas
pequenas” e as criam de maneira extensiva, com pouco controle, até mesmo
sanitário, para fins de abastecimento alimentar das fazendas e dos
trabalhadores rurais e seus familiares (CARNEIRO, 2002); além disso, o ovino
é a opção para presentear amigos e parceiros comerciais, observado nas
propriedades rurais de Mato Grosso do Sul.
Por se tratarem de animais de pequeno a médio porte e, com
rápido retorno econômico, os ovinos são uma boa alternativa de diversificação
da exploração agropecuária (NOGUEIRA FILHO, 2005). Por isso, os
produtores têm procurado investir tanto em melhoramento genético e
nutricional como no controle sanitário dos rebanhos (GUIMARÃES FILHO et
al., 2000).
8
2.3 Conservação dos recursos genéticos
Cada indivíduo de uma raça definida é a fonte primária de um
recurso genético. Cada raça ou linhagem é o produto de evoluções e
adaptações, com diferentes pressões de seleção influenciadas pelo clima, por
parasitas endêmicos e doenças, bem como pela alimentação e por critérios de
seleção e manejo impostos pelo homem (ALBUQUERQUE, 2008).
A formação das raças está associada com a perda de alguma
diversidade genética nos estágios iniciais, assim como com a concentração e a
fixação de algumas características específicas (MARIANTE e CAVALCANTE
2000b; MARIANTE e EGITO, 2002).
Devido ao aumento da demanda por alimentos de origem animal,
criadores de vários países em desenvolvimento decidiram estabelecer
programas de melhoramento animal (FAO, 2011). Estes levaram à perda
progressiva do conjunto de materiais hereditários de algumas raças,
transmitidos de uma geração para a outra (FERRONATO, 2010) ou
germoplasma local, por meio do cruzamento de ovinos nativos com animais de
raças exóticas, muito produtivas, porém desenvolvidas em outros biomas.
Muitos desses programas falharam, uma vez que os animais
introduzidos apresentaram índices produtivos semelhantes aos naturalizados
(MARIANTE e EGITO, 2002).
Em muitos desses casos, a introdução dos recursos genéticos
externos foi a causa da redução de sua diversidade. Em função disso a
seleção das raças importadas por parte dos produtores, foi baseada em
análises parciais, levando em conta somente a maior ou menor produção de
leite, carne ou lã, negligenciando as considerações ambientais ou a
produtividade vitalícia (MCMANUS et al., 2005).
O uso e a conservação dos recursos genéticos animais são
inseparáveis uma vez que, reside aí a importância das raças nativas para a
biodiversidade mundial, devido às combinações gênicas que podem ser feitas
a partir delas, as quais no futuro poderão ser úteis (SILVA et al., 2007).
Dessa forma, o estabelecimento de um sistema de criação
economicamente viável em determinada região, requer a escolha de raças ou
9
variedades que sejam adequadas às condições ambientais locais (EGITO et
al., 2002).
Outro argumento muito importante para a conservação genética é
a resistência às doenças, que afeta a conservação de várias maneiras. Essa
resistência é um dos desafios para a genética e o manejo animal, com
possíveis soluções para muitos problemas atuais e futuros, presentes nas
populações dos animais domésticos (ALBUQUERQUE, 2008).
Assim, é fundamental preservar a variabilidade genética de uma
espécie, não só para sua proteção, como também para garantir sua
capacidade de sobreviver frente às mudanças ambientais ou flutuações
demográficas, apesar de ainda ser incerto o que constitui a alta ou a baixa
variabilidade dentro das espécies animais (TANSLEY e BROWN, 2000).
As raças naturalizadas de ovinos brasileiros são, em geral,
animais de pequeno a médio porte e, até o momento, foram submetidas às
baixas taxas de seleção artificial e melhoramento genético, sendo pouco
especializadas nas produções intensivas de leite ou carne (PAIVA et al., 2005).
O motivo da perda de competitividade dos produtos derivados de
ovinos (lã, pele e carne) reside na inobservância da conservação das raças
(MCMANUS et al., 2007), e reverter esse fato é fundamental.
Para isso, é necessário então inventariar, caracterizar e
documentar os dados de avaliações das populações nativas e mensurar as
diferenças entre as populações e dentro delas, para preservar sistemas de
produção sustentáveis (SOUSA et al., 2003).
Para que mais produtores se interessem pela criação de raças
nativas, é útil a definição de sistemas de produção, em que os animais
demonstrem seu melhor potencial produtivo, e com alcance de conservação
dessas raças (MARIANTE e MCMANUS, 2004).
O conhecimento sobre a morfologia de um grupamento genético
contribui em grande parte para a delimitação exata desses sistemas,
principalmente no que se refere à definição de seu porte e aptidão
(KLOSTERMAN, 1972).
10
2.4 Importância da morfometria como parâmetro de
caracterização das raças
A caracterização morfométrica dos grupos genéticos, por meio de
medidas corporais e índices zootécnicos, é de fundamental importância para
que se conheça o potencial produtivo dos biótipos e suas habilidades para a
exploração comercial (BARRERA et al., 2007).
Tais características podem ser definidas como particularidades
individuais em destaque que, em maior ou menor grau de variação,
determinam a raça ou o grupo étnico ao qual pertence o indivíduo (RODERO
et al., 1992).
As informações obtidas permitem a comparação entre rebanhos
de localidades diferentes e contribuem para a definição de um padrão racial,
servindo como referencial para programas sustentáveis de melhoramento
genético (VALDEZ et al., 1982).
Quanto à escolha das raças, os critérios de seleção devem levar
em conta o conhecimento de seu inventário zootécnico e sua interação com as
demais raças, de tal forma que sua conservação seja o propósito primordial
(BENNEWITZ et al., 2007).
As medições corporais in vivo e o peso dos animais têm sido
usados de maneira intensiva por várias razões, entre as quais sua alta
correlação com as medidas da carcaça (CUNHA et al., 1999), tanto em
trabalhos científicos como em práticas de seleções genéticas (LAWRENCE e
FOWLER, 2002; CAM et al., 2010).
A importância dessas medidas morfométricas é evidente não só
para a caracterização de determinada raça, mas como ferramenta de melhoria
dos índices zootécnicos. Um exemplo disso pode ser evidenciado nos
trabalhos de El Karin et al. (1988), e de Mohamed e Amin (1997), os quais
encontraram alta correlação (r² = 0,80) entre as medidas de circunferência
torácica e o peso de carneiros.
A exatidão das funções utilizadas para se calcular o peso vivo ou
as características de crescimento dos animais avaliados, revela-se como uma
ferramenta de manejo para os produtores em geral (AFOLAYAN et al., 2006).
Assim, existe um coeficiente de correlação proporcional entre peso vivo e
11
medidas corporais, tais como: peso, comprimento corporal, perímetro torácico,
alturas da cernelha e da garupa entre outros, uma vez que estas indicam além
das capacidades digestivas e respiratórias dos animais, o rendimento de
carcaça (SANTANA et al., 2001; ATTA e El KHIDIR, 2004; JANSSENS et al.,
2004; JANSSENS e VANDEPITTE, 2004; RIVA et al., 2004).
Com o uso das medidas fenotípicas, em muitos casos, pode-se
prever o desempenho produtivo e até mesmo estimar-se o peso vivo desses
animais (VALDEZ et al., 1982; DAROKHAN e TOMAR, 1983; JOSHI et al.,
1990; MOHAMED e AMIN, 1997 e VARADE et al., 1997).
Devido à diversidade de raças, e dentro dessas, há variação em
tamanho corporal (THOMPSON e MEYER, 2008) por isso, deve-se levar em
conta também o Escore de Condição Corporal (ECC), que é uma forma
subjetiva da estimativa da quantidade de músculos e de gordura apresentada
pelos animais em um dado momento (MORAES et al., 2005).
A importância da avaliação do Escore de Condição Corporal
revela-se no fato de se poder predizer a composição do corpo do animal, uma
vez que esta graduação não é afetada pelo seu tamanho ou mesmo pelo
enchimento do trato digestivo (ROCHA et al., 2003).
O peso corporal é uma medida segura do rendimento bruto de
carne do animal (QUADRO et al., 2007) que, associada a estimativa de sua
composição tecidual, podem servir como indicadores do peso vivo e do
rendimento da carcaça.
Portanto, a determinação dos valores de correlação entre as
características produtivas (BATHAEI, 1995), a exemplo do tamanho corporal e
do peso vivo, e também a definição de traços característicos das raças visando
sua padronização (ROTHSCHILD, 2003), são fundamentais no
estabelecimento dos critérios de seleção.
2.5 Os ovinos do Grupo Genético Pantaneiro
O Pantanal é a maior área úmida do planeta (FREITAS et al.,
2007) constituindo-se de uma planície sedimentar com cerca de 140.000 Km²
de extensão formada no período quaternário (SILVA et al., 2000).
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Ocupa vastas áreas dos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso
do Sul e tem como limites o cerrado do Brasil Central, as florestas
semidecíduas com a floresta Amazônica, e a floresta chaquenha seca da
Bolívia e do Paraguai (ADÁMOLI, 1982).
Geograficamente o Pantanal é dividido em várias sub-regiões,
como mostrado abaixo (Figura 6), e possui vegetação em mosaico (Figura 7)
como as "cordilheiras" (antigos diques fluviais), com áreas arbóreas mais
densas (PRANCE e SCHALLER, 1982).
Figura 6 Localização geográfica e delimitações das sub regiões do Pantanal (SILVA et al., 1998).
13
Figura 7 Vista aérea de parte do Pantanal (Eco Debate Cidadania & Meio Ambiente, 2010).
Após milhares de anos de seleção e adaptação advindos da
convivência com o ser humano, os animais domésticos adquiriram padrões
moleculares indicativos de expansões demográficas rápidas e recentes,
associadas ao aumento significativo dos rebanhos (BRUFORD et al., 2003).
Assim como os bovinos e equinos, os ovinos se estabeleceram
no pantanal no decorrer de centenas de anos de adaptabilidade às condições
da região (CADEIA PRODUTIVA, 2010).
A planície pantaneira, cujo município de maior área é Corumbá
MS (ONG ECOA, 2011), congrega 64 mil cabeças de ovinos (12,9% do
rebanho estadual) (IBGE, 2010), em sua maioria, do grupo genético pantaneiro
(Figura 8). Esses animais foram objeto de um levantamento realizado por
Juliano et al. (2011), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA) - Unidade Descentralizada do Pantanal.
14
Figura 8 Carneiro do grupo genético pantaneiro do CTO (Arquivo pessoal).
Juliano et al. (2011) verificaram a baixa utilização comercial dos
ovinos criados nessa região, além de um nível mínimo de controle sanitário.
Constataram ainda a grande expectativa dos produtores com a introdução de
raças exóticas, como a solução para o aumento de sua lucratividade e
produtividade. Tal observação é preocupante, pois nessa hipótese, há riscos
de perdas do material genético existente.
No Centro Tecnológico de Ovinos (CTO) da Universidade
Anhanguera-Uniderp, em Campo Grande-MS, Paiva (2007) conduziu um
estudo em que os ovinos do grupo genético pantaneiro apresentaram grande
variabilidade de genótipos. Isso mostrou que compartilham haplótipos tanto de
raças lanadas, oriundas do sul do Brasil, como de raças deslanadas originárias
do nordeste brasileiro (GOMES et al., 2007).
Esse achado confirmou que os ovinos do grupo genético
pantaneiro, criados naquele local, pertencem a um grupamento genético
isolado e que o mesmo deve ser inserido no sistema de conservação de
recursos genéticos da EMBRAPA e parceiros (PAIVA, 2007).
No mesmo local Santiago Filho (2010), estudou e avaliou os
aspectos relacionados à libido e à estacionalidade reprodutiva dos machos
15
desse grupo genético. Verificou um desempenho reprodutivo constante ao
longo do ano e ausência de fotoperiodismo e estacionalidade.
Brauner (2010) pesquisou a potencialidade dos ovinos
pantaneiros quanto à produção de lã. Concluiu que, apesar desta ainda não
ser comercialmente de boa qualidade, como exigido pela indústria de
vestuário, tem seu uso recomendado em trabalhos artesanais e na fabricação
de baixeiros, estes, de grande uso na pecuária de corte.
Quanto a características de produção de carne, houve a
constatação de que os ovinos do grupo genético pantaneiro têm excelente
potencial (PINTO, 2009). Os animais desse grupo genético obtiveram ganho
de peso médio diário (em gramas) de 0,18, contra 0,17 dos animais
pantaneiros cruzados com Santa Inês e 0,22 dos pantaneiros cruzados com
Texel. Os rendimentos de carcaça quente e de carcaça fria (em porcentagem)
foram em média, de 48,90; 50,90 e 46,90 e 48,78; 50,81 e 46,81
respectivamente.
Todos esses fatos recomendam o direcionamento dos esforços
no estudo e quantificação dos índices zootécnicos dos ovinos pantaneiros e o
aprofundamento nas análises das mensurações corporais. Pois além de serem
aspectos ainda pouco conhecidos, permitem melhores ajustes e comparações
(PINHEIRO et al., 2007) com outras raças.
16
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3. ARTIGO
MORFOMETRIA DE CARNEIROS DO GRUPO GENÉTICO
PANTANEIRO
25
MORFOMETRIA DE CARNEIROS DO GRUPO GENÉTICO
PANTANEIRO
RESUMO
O objetivo desse trabalho foi avaliar os parâmetros morfométricos dos
carneiros do grupo genético pantaneiro, criados no Centro Tecnológico de
Ovinos (CTO) da Fazenda Escola Três Barras, pertencente à Universidade
Anhanguera-Uniderp em Campo Grande MS, de maneira a suprir com
informações biométricas necessárias, os padrões zootécnicos da possível
futura raça Pantaneira. Foram avaliados vinte e quatro carneiros (n=24).
Desses animais, dezesseis (n=16) com idades entre treze a vinte e dois
meses, três (n=03) com idades entre vinte e dois a vinte e cinco meses, três
(n=03) com idades entre vinte e cinco a trinta e sete meses, e dois (n=02) com
idades superiores a trinta e sete meses, pesando em média 46,3 kg, e
identificados com brincos numerados na orelha esquerda. Foram obtidos os
valores médios do Escore de Condição Corporal (ECC), em 2,1, (escala de 1 a
5), e de dezessete mensurações (cm): alturas corporais (67,1), da garupa
(69,5), e do tórax (37,8). Comprimentos corporais (69,6), da cabeça (9,9), do
rádio (18,5), da tíbia (30,9), do metacarpo (14,1), do metatarso (16,0) e da
garupa (19,1). Perímetro torácico (82,7), larguras do peito (18,1) e da garupa
(11,7). Circunferências do metacarpo (8,0), do metatarso (9,0) e escrotal
(28,7). Os presentes dados poderão contribuir para a normalização das
características fenotípicas dos ovinos reprodutores do grupo genético
pantaneiro em direção ao possível registro da futura raça; e permitem fazer
comparações com as medidas de reprodutores das raças aparentadas e não
aparentadas geneticamente, com o intuito de conhecer a relação entre eles.
Palavras chave: Biometria; fenótipo; ovinos; reprodutor
26
MORPHOMETRIC PARAMETERS OF RAMS FROM
"PANTANEIRO" GENETIC GROUP
ABSTRACT
The aim of this paper is to evaluate the morphometric parameters of rams from
"pantaneiro" genetic group, bred in Centro Tecnológico de Ovinos (CTO –
Ovine Technological Center) of Três Barras School Farm of Anhanguera-
Uniderp University in Campo Grande, Mato Grosso do Sul State, to provide the
necessary biometric information, as well as the zootechnical standards of the
possible future "Pantaneiro" breed. Twenty-four (n=24) rams were evaluated.
From these, sixteen (n=16) were between thirteen and twenty-two months old,
three (n=03) between twenty-two and twenty-five months old, three (n=03)
between twenty-five and thirty-seven months old, and two (n=02) older than
thirty-seven months. The average weight was 46.3 kg, and identification was
made by numbered earrings on the left ear. Average value was obtained from
Body Condition Score (BCS), as being 2.1 (1 to 5 scale), and from seventeen
measurements (cm): body height (67.1), rump (69.5) and chest (37.8). Body
length (69.6), head (9.9), radio (18.5), tibia (30.9), metacarpus (14.1),
metatarsus (16.0), and rump (19.1). Chest perimeter (82.7), chest width (18.1),
and rump (11.7). Metacarpus (8.0), metatarsus (9.0) and scrotal (28.7)
circumferences. The present data may contribute to the standardization of the
breeding ovine phenotypic characteristics from "pantaneiro" genetic group,
aiming at the possible registering of the future breed; and comparisons can be
performed regarding the measures of the breeders from genetically related and
non-related breeds, to know the relationship among them.
Keywords: Biometry; breeder; ovine; phenotype
27
3.1 INTRODUÇÃO
Os ovinos chegaram ao Brasil com os colonizadores portugueses
(ENCICLOPÉDIA BRITÂNICA, 2010) e também foram trazidos pelos jesuítas,
a partir do Paraguai e da Argentina, por volta de 1620 (UCHA, 2010). O país
possui hoje 17,38 milhões de cabeças (IBGE, 2010), sendo que na região
Centro-Oeste vivem aproximadamente 1,26 milhão de cabeças, das quais 497
mil no Estado de Mato Grosso do Sul.
Os ovinos são animais bastante adaptáveis, sobrevivem em altas
e baixas altitudes (COIMBRA FILHO, 1992), ocupam regiões inadequadas
para a agricultura, uma vez que possuem mecanismos anatomorfofisiológicos
e comportamentais adaptados para enfrentarem as extremas variações
climáticas (SILVA SOBRINHO, 1996). Sua produção é bastante dispersa e
realizada por um grande número de pequenos e médios produtores (NUNES,
2008).
Por serem de pequeno a médio porte, os ovinos representam
uma boa alternativa de diversificação da exploração agropecuária (NOGUEIRA
FILHO, 2005). Por isso os produtores têm feito investimentos em
melhoramento genético, nutricional, e de controle sanitário (GUIMARÃES
FILHO et al., 2000). Tais programas, todavia, introduziram recursos genéticos
externos que causaram uma redução da diversidade genética dos rebanhos
locais (MCMANUS et al., 2005).
Para a reversão deste fato, é necessário o conhecimento e a
caracterização dos grupos genéticos já adaptados, por meio de medidas
corporais e índices zootécnicos (BARRERA et al., 2007). As informações
obtidas contribuem para a definição de um padrão racial, servindo como
referencial para programas sustentáveis de melhoramento genético (VALDEZ
et al., 1982).
Assim como os bovinos e equinos, os ovinos se estabeleceram
na região do Pantanal (CADEIA PRODUTIVA, 2010), em cuja planície o
município de maior expressão é Corumbá (ONG ECOA, 2011), onde existem
em torno de 64 mil cabeças (IBGE, 2010), em sua maioria, do grupo genético
pantaneiro (JULIANO et al., 2011).
28
O Centro Tecnológico de Ovinos (CTO), da Fazenda Escola Três
Barras, pertencente à Universidade Anhanguera-Uniderp, localizada no
município de Campo Grande-MS, tem desenvolvido várias pesquisas com um
grupamento genético de ovinos adaptados às condições ambientais do Estado
de Mato Grosso do Sul, principalmente ao Pantanal (GOMES et al., 2007), os
ovinos do grupo genético pantaneiro.
Os ovinos pantaneiros, ali criados, compartilham haplótipos tanto
de raças lanadas oriundas do sul do Brasil, como de raças deslanadas
originárias do nordeste brasileiro (PAIVA, 2007). Dentre essas, a raça Santa
Inês, que foi formada na Região Nordeste do Brasil (PAIVA et al., 2005)
através do cruzamento das raças Morada Nova, Bergamácia, Crioula
(FIGUEIREDO et al., 1990), e Somalis Brasileira, esta originária da África, cujo
ancestral remoto é o ovino Urial (VILELLA et al., 2005).
Os animais pantaneiros não possuem o fenômeno de
fotoperiodismo e estacionalidade (SANTIAGO FILHO, 2010). Além disso, os
cordeiros em confinamento têm bom potencial de produção de carne
apresentando carcaças de elevada qualidade (PINTO, 2009).
O presente trabalho objetivou determinar as medidas corporais
dos carneiros do grupo genético pantaneiro e, dessa forma, contribuir para a
normalização de tais medidas, no direcionamento do registro de uma raça de
ovinos.
3.2 MATERIAL E MÉTODOS
3.2.1 Local
Esse trabalho foi realizado no Centro Tecnológico de Ovinos
(CTO), da Fazenda Escola Três Barras, pertencente à Universidade
Anhanguera-Uniderp, localizada no município de Campo Grande, Estado de
Mato Grosso do Sul, com as seguintes coordenadas geográficas: 20º 33’
51,96” Sul e 54º 32’ 29,09” Oeste.
29
3.2.2 Animais
Foram utilizados vinte e quatro carneiros (n=24) do grupo
genético dos ovinos pantaneiros, pesando em média 46,3 kg, e identificados
com brincos numerados na orelha esquerda.
A idade dos ovinos foi avaliada pela observação visual da
erupção dos dentes incisivos permanentes (SAINZ, 2000), sendo passível de
classificação.
Desse total, dezesseis carneiros (n=16) estavam no estágio de
dois dentes incisivos permanentes; três carneiros (n=03) possuíam quatro
dentes incisivos permanentes; três carneiros (n=03) possuíam seis dentes
incisivos permanentes e dois carneiros (n=02) estavam com oito dentes
incisivos permanentes (Tabela 1).
TABELA 1 Número de animais avaliados, número de dentes incisivos permanentes (dip) e idades de erupção em ovinos
Número de carneiros avaliados
Número de dentes incisivos permanentes (dip)
Idade de erupção (em meses)*
16 02 13 - 22
03 04 22 - 25
03 06 25 - 37
02 08 (dentição completa) mais de 37
*De acordo com Sainz (2000).
3.2.3 Medições
As medições foram realizadas uma única vez em cada um dos
carneiros e pelo mesmo observador no mês de dezembro de 2010, sempre no
período da manhã, entre 08h00min e 12h00min. Os carneiros estavam em
repouso sexual, após tosquia com máquina elétrica, cerca de 20 dias antes, e
encontravam-se alojados em piquetes cultivados com Brachiaria brizantha cv.
Marandu, com acesso a suplemento mineral e água ad libitum.
Foram coletadas as informações do Escore de Condição Corporal
(ECC). Essa é uma avaliação subjetiva que mensura, em escala de números
30
inteiros de 1 a 5, se o animal está muito magro (escore 1), a muito gordo
(escore 5). É feita pela palpação, com os dedos polegares, nos espaços
intervertebrais entre as vértebras lombares 3 e 4 (L3 e L4) (RUSSEL et al.,
1969; QUADRO et al., 2007).
Também se avaliou a compacidade corporal, índice que estima
objetivamente a conformação de animais vivos (PINHEIRO et al., 2007) e seu
cálculo é feito pela divisão do valor do peso corporal, em kg, pelo valor do
comprimento corporal, em cm, cujo resultado é expresso em kg/cm (ESTEVES
et al., 2010).
As mensurações morfométricas, dezessete ao todo, foram
realizadas do lado esquerdo do corpo dos carneiros, utilizando-se uma fita
métrica graduada em centímetros, e com os animais em posição de estação
sobre piso cimentado.
Após as tomadas desses registros, os pesos foram obtidos em
balança específica para pesagem de ovinos, com graduação de 50 gramas.
A Figura 9 ilustra as medidas realizadas nos carneiros, adaptadas
de Arrayet et al. (2002): altura e comprimentos corporais, perímetro torácico,
comprimento e diâmetro da cabeça, comprimentos do rádio, tíbia, metacarpo e
metatarso, e circunferências do metacarpo e metatarso. As demais
mensurações foram realizadas seguindo-se as descrições de Osório et al.
1998), Osório e Osório (2005) e Santana (2001).
Figura 9 Avaliações morfométricas realizadas nos carneiros pantaneiros do CTO.
31
A) Altura corporal = Medida do ponto mais alto da cernelha (região
interescapular) ao solo.
B) Altura da garupa = Medida do ponto mais alto da garupa (sobre a
tuberosidade sacral do íleo) ao solo.
C) Altura do tórax = Medida da extremidade distal do osso esterno ao solo.
D) Comprimento corporal = Medida entre a parte cranial do tubérculo maior do
úmero (processo acrônimo da escápula) e a tuberosidade isquiática.
E) Comprimento da garupa = Medida entre as partes cranial da tuberosidade
ilíaca e caudal da região túbero-isquiática.
F) Perímetro torácico = Medida da maior circunferência do tórax, passando
pelo esterno (logo atrás das escápulas).
G) Largura do peito = Medida compreendida entre as pontas da escápula.
H) Largura da garupa = Medida compreendida entre as pontas das ancas.
I) Comprimento da cabeça = Medida entre a extremidade proximal da cabeça
(que coincide com a crista da nuca, no osso occipital), e a parte medial ou
central da arcada incisiva inferior.
J) Diâmetro da cabeça = Medida entre a parte livre da borda supraorbital
direita, até a borda supraorbital esquerda, logo atrás das orelhas.
K) Comprimento do rádio = Medida do comprimento do processo olecrano à
junta intercarpial (articulatio mediocarpea).
L) Comprimento da tíbia = Medida do comprimento da crista tibial à superfície
flexora da região tíbia-fíbula.
M) Comprimento do metacarpo = Medida do comprimento da superfície
proximal até a superfície distal do metacarpo, na articulação metacarpo-
falangeal.
N) Comprimento do metatarso = Medida do comprimento da região externa do
calcâneo à articulação metatarso-falangeal na superfície metatarsal.
O) Circunferência do metacarpo = Medida do contorno desse osso, no ponto
mais próximo da diáfise.
P) Circunferência do metatarso = Medida do contorno desse osso, no ponto
mais próximo da diáfise.
Q) Circunferência escrotal = Medida da maior circunferência da bolsa escrotal.
32
3.2.4 Análises estatísticas
Foi utilizada correlação de Pearson (P<0,05) para se avaliar os
diferentes parâmetros entre si e também com o peso dos carneiros, para
analisar as principais características morfométricas do grupamento genético.
Essa correlação, desenvolvida por Karl Pearson (1901) e por
Charles Spearman (1904), identifica os fatores e as variáveis no conjunto das
medidas realizadas, e visa determinar quais variáveis pertencem a quais
fatores, e o quanto cada variável explica cada fator (VICINI, 2005).
Além disso, mostra as funções matemáticas que explicam a
variação existente nos dados e permite descrever e reduzir essas variáveis.
O programa estatístico usado nas análises foi o software livre
BioEstat 5.0 (MAMIRAUÁ, 2011).
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apesar da diferença na idade dos animais avaliados, não houve
diferença significativa das medidas em relação à idade dos animais.
Os dados são apresentados em forma de tabelas com valores
mínimos e máximos, além das médias e seus respectivos desvios padrões
(Tabela 2).
33
TABELA 2 Valores mínimos máximos e médios e respectivos desvios padrões (DP), das medidas corporais efetuadas nos carneiros do CTO
AVALIAÇÕES Mínimo Máximo Médias ± DP Escore de Condição Corporal (1 a 5) 1 3 2,1 ± (0,7) Peso corporal (kg) 28 63 46,3 ± (12,5)
Carneiros com 02 DIP* 28 56 38,06 ± (8,2) Carneiros com 04 DIP 36,5 52,5 44,66 ± (6,7) Carneiros com 06 DIP 56,5 61 58,73 ± (2,0) Carneiros com 08 DIP 60 63 62,5 ± (1,4)
Altura corporal (cm) 60 77 67,1 ± (4,3) Altura da garupa (cm) 60 88 69,5 ± (5,4) Altura do tórax (cm) 31 43 37,8 ± (3,4) Comprimento corporal (cm) 58 80 69,6 ± (6,4) Comprimento da garupa (cm) 12 27 19,1 ± (4,8) Perímetro torácico (cm) 67 95 82,7 ± (8,3) Largura do peito (cm) 13 26 18,1 ± (3,6) Largura da garupa (cm) 6 18 11,7 ± (3,5) Comprimento da cabeça (cm) 32 43 37,2 ± (3,0) Diâmetro da cabeça (cm) 9 11 9,9 ± (0,7) Comprimento do rádio (cm) 14 26 18,5 ± (3,1) Comprimento da tíbia (cm) 20 36 30,9 ± (3,3) Comprimento do metacarpo (cm) 11 20 14,1 ± (2,2)
Comprimento do metatarso (cm) 14 19 16,0 ± (1,3) Circunferência do metacarpo (cm) 7 9 8,0 ± (0,8) Circunferência do metatarso (cm) 8 10 9,0 ± (0,8)
Circunferência escrotal (cm) 23 37 28,7 ± (3,7) Compacidade corporal (kg/cm) 0,41 0,85 0,63 ± (0,21)
* DIP = dentes incisivos permanentes
A avaliação de medidas corporais de animais criados para
produção de carne é importante uma vez que essas medidas indicam
capacidade digestória e respiratória e de rendimento de carcaça (SANTANA,
2001); embora não se saiba ainda se os maiores ou menores tamanhos dos
animais determinam maior produtividade (COSTA et al., 2006).
As medidas como comprimento corporal, perímetro torácico e
alturas da cernelha e da garupa, além do perímetro escrotal, são indicativas de
peso vivo, rendimento de carcaça e capacidades digestivas e respiratórias e,
34
por possuírem correlação alta, são usadas como critério de seleção
(SANTANA, 1996).
Analisando-se as correlações entre as características
morfométricas apresentadas na Tabela 3, observa-se que as medidas mais
relacionadas com a raça, como comprimento e diâmetro da cabeça, e
circunferências do metacarpo e metatarso, têm correlação baixa com outras do
mesmo tipo, pois são influenciadas pela raça e não pela criação ou meio
ambiente.
Essa característica está de acordo com Albuquerque (2008), que
avaliou as medidas corporais de carneiros de várias raças no Brasil, Uruguai e
Colômbia.
Já as medidas corporais como perímetro torácico, comprimento
corporal e circunferência escrotal têm correlações altas, e esses altos valores
possivelmente são devidos aos poucos genes que agem nessas
características (MISSERANI et al., 2002; OLIVEIRA et al., 2006).
As equações de regressão de três características morfométricas
de carneiros são as seguintes:
PESO CORPORAL (r²=0,895) = -99,008 + 5,557 altura torácica +
1,350 circunferência escrotal + 0,693 altura corporal + 1,041 comprimento do
metacarpo.
COMPRIMENTO CORPORAL (r²=0,835) = 5,364 + 0,720
comprimento garupa + 0,678 comprimento da cabeça + 0,376 altura corporal.
PERÍMETRO TORÁCICO (r²=0,758) = 42,132 + 0,402 peso +
3,962 largura da garupa + 0,502 altura torácica.
35
TABELA 3 Valores das análises de correlações das medidas corporais efetuadas nos carneiros do CTO
Medidas Corporais Peso Alturas Comprimentos Per.
torác. Larguras Comp.
cabeca. Diam.
cabeça. Comprimentos Circunferências
corporal garupa tórax corporal garupa peito garupa rádio. tíbia metac. metat. metac. metat. Peso (kg) 1,00
Altura corporal (cm) *0,68 1,00
Alt. da garupa (cm) *0,63 0,51 1,00
Alt. do tórax (cm) 0,18 0,66 0,46 1,00
Comp. corporal (cm) *0,81 0,76 0,51 0,45 1,00
Comp. da garupa (cm) *0,74 0,61 0,41 0,26 0,82 1,00
Perím. torácico (cm) *0,82 0,55 0,51 0,04 0,63 0,59 1,00
Largura do peito (cm) *0,82 0,71 0,68 0,44 0,74 0,69 0,68 1,00
Largura da garupa (cm) *0,78 0,55 0,47 0,16 0,66 0,66 0,62 0,68 1,00
Comp. cabeça (cm) 0,62 0,62 0,68 0,59 *0,68 0,42 0,51 0,68 0,36 1,00
Diam. cabeça (cm) 0,67 0,63 0,37 0,37 *0,71 0,53 0,71 0,60 0,48 0,62 1,00
Comp. rádio (cm) 0,68 0,67 0,34 0,24 0,58 0,76 0,62 0,61 0,70 0,27 0,55 1,00
Comp. tíbia (cm) *0,62 0,45 0,43 0,30 *0,66 0,52 0,63 0,58 0,54 0,52 0,49 0,39 1,00
Comp. metacarpo (cm) 0,64 0,38 0,25 0,08 0,53 0,68 0,56 0,43 0,42 0,25 0,42 0,54 0,33 1,00
Comp. metatarso (cm) 0,35 0,58 0,13 0,50 0,49 0,52 0,37 0,50 0,36 0,30 0,32 0,48 0,25 0,61 1,00
Circ. metacarpo (cm) *0,82 0,51 0,57 0,21 0,79 0,76 0,77 0,71 0,60 0,70 0,61 0,50 *0,76 0,55 0,26 1,00
Circ. metatarso (cm) 0,61 0,59 0,58 0,27 0,64 0,55 0,52 0,54 0,35 0,57 0,44 0,52 0,41 0,14 0,07 0,64 1,00
Circ. escrotal (cm) *0,80 0,47 0,46 -0,07 0,60 0,58 0,61 0,71 0,70 0,44 0,49 0,52 0,40 0,39 0,12 0,61 0,49
Correlação de Pearson (P<0,05).
36
Em relação às raças aparentadas geneticamente ao ovino
pantaneiro, comparou-se os dados com os de Fernandes Junior (2010) que
avaliou carneiros da raça Santa Inês, Morada Nova e Somalis Brasileira, com
idades de 13 a 22 meses, enquanto que Silva et al. (2010), mediram carneiros
com 25 a 37 meses, da raça Crioula Lanada no Rio Grande do Sul.
Os ovinos pantaneiros criados no CTO e avaliados nesse
trabalho apresentaram médias de peso corporal (46,3 kg), comprimento
corporal (69,6 cm) comprimento da garupa (19,1 cm), perímetro torácico (82,7
cm), largura do peito (18,1 cm) e da garupa (11,7 cm), menores que os ovinos
da raça Crioula Lanada, que obtiveram os valores de 63,79 kg, 114,44, 23,21
101,50, 24,63 e 21,67 cm, respectivamente. Porém os valores medidos nesses
animais foram maiores que os ovinos das três raças deslanadas do Nordeste,
como aparece na Tabela 4.
TABELA 4 Comparação de medições obtidas para as mesmas características, com as medidas avaliadas por outros pesquisadores em raças brasileiras oriundas de outras regiões do Brasil
Carac. Avaliadas Pantaneiro Santa Inês a
Morada Nova a
Somalis Bras. a
Crioula Lanada b
Peso (kg) 46,3±12,5 - - - 63,79±9,36
Alt. corporal (cm) 67,1±4,3 57,00±0,82 47,32 ±1,2 48,81±1,12 67,84±4,41
Alt. da garupa (cm) 69,5±5,4 58,95±0,78 47,93±1,15 49,80±1,06 -
Alt. do tórax (cm) 37,8±3,4 - - - -
Comp. Corporal (cm) 69,6±6,4 57,55±0,87 47,60±1,28 45,61±1,19 114,44±7,54
Comp. garupa (cm) 19,1±4,8 14,93±0,32 11,87±0,48 13,59±0,44 23,21±2,81
Per. torácico (cm) 82,7±8,3 67,92±1,10 56,88±1,62 64,50±1,50 101,50±7,63
Larg. do peito (cm) 18,1±3,6 12,55±0,33 9,40±0,49 10,76±0,45 24,63±3,20
Larg. da garupa (cm) 11,7±3,5 9,38 ± 0,23 6,62±0,34 8,04±0,32 21,67±4,02
Circ. Escrotal (cm) 28,7±3,7 23,26±1,13 18,47±1,60 23,37±1,48 -
a Fernandes Júnior (2010); b Silva et al. (2010).
Além disso, o valor médio da altura corporal de 67,1 centímetros
apresentado pelos carneiros do grupo genético pantaneiros foi semelhante ao
37
apresentado pelos carneiros da raça Crioula (67,84 cm), e superior aos valores
medidos nas raças Santa Inês, Morada Nova e Somalis Brasileira, com 57,0,
47,32, e 48,81 centímetros respectivamente.
Analisados sob o aspecto de apresentarem um peso médio de
46,3 kg, portanto menor que os animais da raça Crioula (63,79 kg), os
carneiros pantaneiros do CTO, por serem de menor porte, podem possuir uma
capacidade de sobrevivência muito maior, ao necessitarem de menor
quantidade de energia para mantença (SMITH e BALDWIN, 1973).
Quanto à energia de produção (ou de ganho), onde é necessário
considerar a variação na composição corporal em função do aumento de peso
dos animais (ARC, 1980), os conteúdos totais de proteína e gordura
aumentam em termos de concentração de g/kg de Peso Vivo ou Mcal/kg de
PV, à medida que o peso se eleva (GONÇALVES, 1988) e a idade do animal
avança.
Em consequência disso, as exigências de energia para ganho
aumentam com o acréscimo de peso do animal, incrementando desta forma o
custo da alimentação de animais mais pesados ou que levem mais tempo de
vida para atingirem seu peso máximo.
Assim, também nesse aspecto, os ovinos pantaneiros se
sobressaem, uma vez que, por serem menores, possuem compacidade
corporal maior que os da raça Crioula, (0.66 kg/cm contra 0.55 kg/cm
respectivamente) e podem chegar à terminação mais rapidamente e com
menos custos, conforme observado no trabalho de Pinto (2009).
Albuquerque (2008) mensurou carneiros das raças Suffolk e
Texel, que não são aparentadas geneticamente com os carneiros pantaneiros.
Comparando as medições desse autor com as dos carneiros do grupo
genético pantaneiro (Tabela 5), nota-se que esses têm as médias de altura
corporal, comprimento da garupa, perímetro torácico e Escore de Condição
Corporal (67,1, 19,1, 82,7 cm, e 2,10), menores que os das raças Suffolk com
74,0, 21,71, 90,65 cm e 2,63, e Texel, com 70,74, 21,56, 89,62 cm e 3,83,
respectivamente.
No entanto, as medidas de altura da garupa e de comprimento
corporal (69,5 e 69,6), são maiores nos carneiros pantaneiros, que nos animais
38
da raça Texel (61,98 e 68,78), e menores que nos animais da raça Suffolk,
com 70,35 e 79,23 respectivamente.
TABELA 5 Comparação entre os valores médios apresentados para características com correlações altas para produção, entre carneiros pantaneiros, Sufolk, e Texel
CARAC. AVALIADAS Pantaneiro Suf folk Texel Escore de Condição Corporal 2,10 2,63 3,83
Peso corporal (kg) 46,3 80,01 90,34
Altura corporal (cm) 67,1 74,00 70,74
Altura da garupa (cm) 69,5 70,35 61,98
Altura do tórax (cm) 37,8 - -
Comprimento corporal (cm) 69,6 79,23 68,78
Comprimento da garupa (cm) 19,1 21,71 21,56
Perímetro torácico (cm) 82,7 90,65 89,62
Compacidade Corporal (kg/cm) 0,66 1,00 1,31 Suffolk e Texel - Albuquerque (2008).
As relativas semelhanças entre as medidas corporais dos
carneiros pantaneiros e os aparentados sugerem que os ovinos estudados no
presente trabalho, mesmo sem terem passado por programas de seleção
genética, possuem características corporais adequadas para a exploração
econômica da ovinocultura, e devem ser conservados.
39
3.4 CONCLUSÕES
Os padrões morfométricos dos carneiros do grupo genético
pantaneiro, criados no CTO, estão correlacionados com o peso corporal e,
desta maneira, são úteis para os produtores rurais que exploram
economicamente estes rebanhos ovinos.
Os ovinos do grupo genético pantaneiro devem ser conservados
e utilizados na cadeia produtiva da ovinocultura, devido às características
morfométricas apresentadas pelos carneiros.
40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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