monografia edilene pedagogia 2010

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇAO – CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM COLEGIADO DE PEDAGOGIA EDILENE SANTANA DE OLIVEIRA FIGUEIREDO EDUCAÇÃO E CIDADANIA: ESTUDO CRÍTICO DA PRÁTICA EDUCATIVA NA ESCOLA MUNICIPAL DE ANDORINHA SENHOR DO BONFIM-BA 2010

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Pedagogia 2010

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Page 1: Monografia Edilene pedagogia 2010

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIADEPARTAMENTO DE EDUCAÇAO – CAMPUS VII

SENHOR DO BONFIMCOLEGIADO DE PEDAGOGIA

EDILENE SANTANA DE OLIVEIRA FIGUEIREDO

EDUCAÇÃO E CIDADANIA: ESTUDO CRÍTICO DA PRÁTICA EDUCATIVA NA ESCOLA MUNICIPAL DE ANDORINHA

SENHOR DO BONFIM-BA2010

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EDILENE SANTANA DE OLIVEIRA FIGUEIREDO

EDUCAÇÃO E CIDADANIA: ESTUDO CRÍTICO DA PRÁTICA EDUCATIVA NA ESCOLA MUNICIPAL DE ANDORINHA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Educação – Campus VII, da UNEB – Universidade do Estado da Bahia, como parte das exigências da disciplina Monografia, Componente do Curso de Pedagogia com habilitação em Docência e Gestão de Processos Educativos. Orientador: Prof. Ozelito Souza Cruz

SENHOR DO BONFIM-BA2010

Page 3: Monografia Edilene pedagogia 2010

EDILENE SANTANA DE OLIVEIRA FIGUEIREDO

Texto monográfico apresentado ao Departamento de Educação – Campus VII da Universidade do Estado da Bahia, UNEB, como requisito parcial para obtenção do grau Pedagogia, Docência e Gestão de Processos Educativos.

Aprovada. em___________________, pela banca examinadora constituída pelos professores:

________________________________________________Prof. Ozelito Souza Cruz

(orientador)

_________________________________________________Professora

(Examinadora)

____________________________________________________ Professora

(Examinadora)

Senhor do Bonfim, setembro de 2010.

Page 4: Monografia Edilene pedagogia 2010

À Deus, fonte de vida e inspiração, pelo simples fato de emitir sonhos em minha vida, e mais ainda acreditar que através de ti eles se realizarão.

Page 5: Monografia Edilene pedagogia 2010

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus que me proporciona a oportunidade de estar aqui.

A todos os educadores do Curso de Pedagogia da UNEB-Campus VII. E, de forma especial Ozelito Souza Cruz, Lílian Teixeira e Pascoal Eron. Pois, dentre os demais que tive o prazer de viver e aprender, esses foram os que marcaram decisivamente minha trajetória acadêmica.

A meu querido esposo e companheiro de todas as horas Lourival Duarte de Figueiredo. E a meu filho Bruno Vinícius que diante das minhas ausências, sempre me pedia pra ficar, saiba hoje estou aqui por ti meu filho.

Ao meu pai José Bruno de Oliveira (in memórian) que me deu alicerce para viver e depois foi embora, um grande exemplo de homem jamais conheci igual.

A minha mãe Adaides Santana e meu 2° paizão Edson Evangelista, os quais devo muito pelo ser humano que sou.

A meu irmão José Augusto que diante da nossa separação sei que sempre estávamos juntos, pela grandeza da nossa união.

Ao querido orientador,Prof. Ozelito Souza Cruz pela paciência e humildade em conhecer.

Aos meus queridos colegas da turma 2006.1 amizades que já mais esquecerei, pois marcarão pra sempre a minha vida. Em especial Erivaldo Costa Portela, um amigo verdadeiro que sei posso contar e confiar sempre.

A Maria querida funcionária da Biblioteca da UNEB, assim como aos demais funcionários.

Ao querido Capixaba motorista do ônibus que sempre nos trouxe a essa caminhada com muita responsabilidade.

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“Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenho para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes.”

Page 7: Monografia Edilene pedagogia 2010

Paulo Freire

RESUMO

O presente trabalho discute sobre a reflexão dos educadores, a propósito da prática educativa como forma de evidenciar a formação da cidadania. Percebendo como o ato educativo crítico pode influenciar na melhoria social, através de implantações da Pedagogia que proporcione a autonomia crítica do ser educando, traçando esta junção entre escola e sociedade. As análises reflexivas foram feitas através da pesquisa qualitativa, tendo com sujeitos doze educadores que atuam na rede municipal de ensino da Escola Municipal de Andorinha, utilizamos como instrumentos de coleta de dados a observação, questionário e a entrevista semi-estruturada. Os dados foram obtidos através das investigações, decorridas do objetivo da pesquisa que se configura em compreender como os educadores percebem a importância da prática educativa para a formação da cidadania, traçando através do ato educativo mudanças na realidade social tão significativa a vida do educando trazendo autores conceituados sobre essa reflexão tais como Freire (1980,1996,2005), Gadotti (1985, 1995), Gentilli (1995, 2002), dentre outros, muito significativos. As respostas obtidas trouxeram reflexões sobre o modelo educativo que perpetua sobre a prática educativa dos educadores, a qual perpetua reflexos da política neoliberalista.

Palavras-Chave: Educador. Prática Educativa. Educação e Cidadania

Page 8: Monografia Edilene pedagogia 2010

LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Gênero dos sujeitos...................................................................................42

Figura 02. Idade dos sujeitos.......................................................................................43

Figura 03. Escolaridade dos sujeitos...........................................................................44

Figura 04. Nível de formação dos sujeitos................................................................. 44

Figura 05. Área de atuação dos sujeitos.....................................................................45

Figura 06. Área de formação dos sujeitos...................................................................45

Figura 07. Tempo de trabalho dos sujeitos.................................................................46

Figura 08. Relação ProfessorXEducador....................................................................50

Page 9: Monografia Edilene pedagogia 2010

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11

CAPÍTULO I

PROBLEMÁTICA.......................................................................................................13

CAPÍTULO II FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................................20

2.1. O que é ser educador?.............................................................................20

2.2. Prática Educativa......................................................................................23

2.3. Educação e Cidadania..............................................................................27

CAPÍTULO III

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.................................................333.1. Natureza da pesquisa...............................................................................33

3.2. Sujeitos da pesquisa.................................................................................35

3.3. Local da Pesquisa....................................................................................36

3.3.1. Organização Administrativa...................................................................37

3.4Instrumento de coleta de dados.................................................................37

CAPÍTULO IVAnálise de dados........................................................................................................41

4.1. Gênero dos sujeitos..................................................................................42

4.1.2 – Idade dos sujeitos.....................................................................42

4.1.3 –Nível de escolaridade e atuação................................................43

4.1.4 – Tempo de trabalho...................................................................46

4.1.5 Síntese em relação aos dados levantados..................................47

4.2.–como os educadores percebem sua prática para a formação da

cidadania...............................................................................................47

4.2 – O que falam os educadores....................................................................47

4.2.1 –Relação educador x educando..................................................48

4.2.2 –As dificuldades enfrentadas na sala de aula............................. 49

Page 10: Monografia Edilene pedagogia 2010

4.2.3.Professor ou educador.................................................................50

4.3 – EDUCAÇÃO E CIDADANIA NO CONTEXTO ESCOLAR...........52

4.3.1 - Os temas sociais são abordados no PPP?................................ 52

4.3.2 - Como a escola deve tratar a questão da desigualdade e da

cidadania..........................................................................................................53

4.4–A PERCEPÇÃO DOS PESQUISADOS SOBRE A IMPORTÂNCIA

DA PRÁTICA EDUCATIVA PARA A FORMAÇÃO CIDADÃ...........................54

4.4.1. - Acepção: Prática educativa e sua relação às questões sociais e

políticas............................................................................................................54

4.4.2–Você adota em suas práticas individuais elementos que propiciem

a formação crítica do educando?....................................................................55

CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 58

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 60

ANEXOS

Page 11: Monografia Edilene pedagogia 2010

INTRODUÇÃO

Esse estudo procura sistematizar, a pesquisa realizada junto aos educadores da

Escola Municipal de Andorinha, tendo como principio investigativo: Educação e

Cidadania, identificando como os educadores percebem a importância da sua

prática educativa para a formação da cidadania.

Partindo do enfoque da realidade sócio-econômica brasileira e das contradições

inerentes ao seu desenvolvimento que, da mesma forma, permeiam a estrutura da

nossa sociedade, entendemos que o processo educativo necessita de mudanças no

que diz respeito ao contexto social da educação, valorizando e incluindo em seu

currículo ações que dizem respeito à cidadania. Compreendendo que para que essa

efetivação aconteça, especialmente a partir da escola, o educador, principal agente

de transformação necessita dessa reflexão crítica de sua realidade, bem como o

educando que faz parte, sobretudo dessa massificação social.

Identificar como os educadores percebem a importância de sua prática educativa

para formar o cidadão é a principal maneira para mudar essa relação entre escola e

cidadania, uma vez que só através da reflexão que o educador faz de si e do seu

papel em sala de aula é que ocorrerá essa reconstrução, capaz de perceber a

escola como espaço para formar o cidadão.

A escolha do tema e a delimitação da amostra, a Escola Municipal de Andorinha

surgiu da necessidade de aprofundar o debate em torno da qualidade do ensino nos

aspectos sociais e políticos, e dar continuidade a uma preocupação que sempre me

perseguia, que era interagir e fazer a diferença nesse sistema de ensino que fez

parte e tanto marcou a minha vida. Nossa maior preocupação nesse estudo se

estende em entender como a política neoliberal age através do sistema de ensino

em nossas escolas.

Desta forma esse trabalho está assim estruturado:

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Page 12: Monografia Edilene pedagogia 2010

No CAPITULO I procuramos evidenciar, a nível teórico e de forma ampla, o

problema da pesquisa que é refletir sobre a escola enquanto espaço de disputa de

interesses e de promoção da cultura dominante, onde a partir da análise reflexiva do

profissional que atua em sala de aula, defendido aqui como educador, conduz a

conscientização como forma de promover mudanças que se estende ao educando

no processo de formação para sua autonomia.

No CAPITULO II procuramos refletir, a partir de alguns teóricos que reforçam esta

análise, os diferentes conceitos chave, que nortearam a nossa reflexão, educador,

pratica educativa educação e cidadania, buscando subsidiar o debate e responder

as nossas inquietações relacionadas a abrangência da problemática que nos

propomos a investigar.

No CAPÍTULO III discorremos sobre os procedimentos metodológicos, apresentando

a metodologia escolhida para a obtenção dos dados e o procedimento de análise

dos mesmos, que teve como premissa uma abordagem de natureza qualitativa,

utilizando como instrumentos a observação, o questionário e a entrevista semi-

estruturada.

No CAPÍTULO IV fazemos uma análise do estudo através da interpretação dos

dados fornecidos pelos sujeitos da pesquisa, buscando através dos mesmos, os

educadores, analisar como eles percebem a importância da sua prática educativa

para a formação da cidadania.

E por fim, as considerações finais onde são apresentadas as nossas percepções

inerentes aos resultados desta pesquisa, que apesar de não serem resultados

definitivos, como também não é essa a nossa intenção, acreditando que esse estudo

possa contribuir para um maior aprofundamento da complexidade que envolve esse

tema, escola e cidadania.

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CAPÍTULO I

PROBLEMÁTICA

A sociedade brasileira evidencia em sua organização, modelos econômicos

gerenciados pelo capitalismo que gera certo descrédito e excludência, já que a

maioria da sociedade não atinge padrões altos de capitalização e consumo, o que

faz gerar em nossa sociedade exemplos desiguais de direitos e cidadania.

A efetiva melhoria de qualidade de vida em nossa sociedade é um sonho almejado,

em especial, por alguns educadores e educandos que através do conhecimento e de

sua identidade, enquanto seres que participam e compõem essa sociedade, lutam

por esses direitos. Entendem que independente de classe ou status social, todos

esses fatores se evidenciariam, especialmente, através da educação.

Essa acepção deveria ocorrer através das nossas escolas, já que os Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCNs), as leis de proteção aos direitos humanos, o estatuto

da criança e do adolescente, entre outras leis que protegem o direito do cidadão

deveriam ser discutidos, principalmente na escola. Porém, isso não ocorre na

prática cotidiana e a escola, na maioria das vezes, camufla essa discussão entre

educador/escola/sociedade. A escola, o espaço onde talvez mais se tenha que

trabalhar a cidadania em todos os seus aspectos viola tal questão.

Segundo Gentili (1995) “o fracasso do acesso igualitário foi transferido das

instituições para as famílias, famílias e crianças transformaram-se em portadoras de

um déficit para o qual as instituições deveriam oferecer uma compensação”.

Essas desigualdades atravessam de forma gritante todo o sistema escolar, onde

uma minoria em desvantagem está sendo desfavorecida por padrões maiores que

sua realidade, como se as diferenças culturais, sociais ocorressem simplesmente

pelas circunstâncias.

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Page 14: Monografia Edilene pedagogia 2010

Com essas diferenças políticas e sociais advindas da sociedade, nos atemos a

colocação de duas grandes vertentes para a educação, uma dessas deposita a

escola como “aparelho ideológico de estado”1 e do outro lado à reflexão de que a

escola atribui-se a melhorias relevantes à sociedade através da visão educacional

do educador.

Nesse conceito de escola como aparelho ideológico do Estado Althusser (1974)

afirma que é por meio das práticas e da aprendizagem do aluno que se reproduzem

às relações de reprodução, inculcando massivamente a ideologia da classe

dominante.

O que ocorre nessa dicotomia entre escola e sociedade é a demarcação capitalista

agindo sobre as escolas, que de maneira involuntária perpassa modelos descritos

pelo sistema, ocorrendo a reprodução da ideologia dominante.

Esse é um grande desafio educacional e uma ação que requer planos individuais

sobre o perfil e a complexidade que envolve a prática educativa e o modo de

ensinar, haja vista a diversidade de práticas e métodos utilizados e as peculiaridades

de cada profissional e cada sala de aula. Uma primeira distinção e talvez a mais

importante evidencia-se a partir dos conceitos de professores e educadores. Como

bem define Alves (1985) “o professor é aquele que se limita a transmitir

conhecimentos reproduzindo ideologias prontas, enquanto o educador é

comprometido com a formação integral dos seus educandos e suas interações na

construção de mudanças na sociedade”.

Deliberar sobre educador e professor requer definir dois pólos de competência. Uma

dimensão requer apenas técnica e a outra política, a ação política envolve uma serie

de questões fundamentais no processo educativo. Ainda, de acordo com Alves

(1985):

_______________1. Althusser (1974) retrata sobre o processo de reprodução como relação da exigência do

estado atribuída a sujeição dos trabalhadores a ordem dominante.

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Page 15: Monografia Edilene pedagogia 2010

“Os educadores são como as velhas árvores. Possuem uma face, um nome, uma “estória” a ser contada. Habitam um mundo em que o que vale é a relação que os ligam aos alunos, sendo que cada aluno é uma “entidade” “sui generis”, portador de um nome, também de uma “estória”, sofrendo tristezas e alimentando esperanças.Mas professores são habitantes de um mundo diferente, onde o “educador” pouco importa, pois o que interessa é um “crédito” cultural que o aluno adquire numa disciplina identificada por uma sigla, sendo que, para fins institucionais, nenhuma diferença faz aquele que a ministra” ( p. 17).

Desta forma, o papel do educador transcende às preocupações com os aspectos

cognitivos da transmissão de conteúdos para aprofundar-se na complexidade da

formação da própria pessoa humana que necessita crescer bio-psico-socialmente.

Para o educador a escola não é apenas local de aprendizagem meramente repetitiva

e técnica, e sim local que está socialmente relacionado, ao meio socialmente

organizado, e por isso seu papel de mediador no processo educacional consiste em

buscar formas de promover mudanças em seus alunos.

Para tanto, precisa refletir a sua prática em comparação com aquelas

convencionalmente exercidas, não temendo estabelecer constantes conflitos, com

esse modelo escolar comprometido com as ideologias dominantes, buscando

romper com o continuísmo e a perpetuidade das desigualdades sociais criadas ao

longo do processo histórico da humanidade através do modelo capitalista. Essa

histórica relação que ocorre desde o mundo antigo, pré-grego e greco-romano onde

a educação que se vivenciava dividia-se em classes partilhadas por papéis e

funções sociais, uma viabilizava a elite no sentido anti-técnico, intelectual e o outro

modelo deriva-se no seu sentido manual, técnico que se realiza no sentido do

trabalho produtivo, para o povo. A educação diferencia-se para dois mundos e dois

modelos de formação humana.

Segundo Cambi, (1999):

Aqui também vigora uma educação que mostra a imagem de uma sociedade nitidamente separada entre dominantes e dominada, entre grupos sociais governantes e grupos subalternos, ligadas muitas vezes às

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etnias dominantes ou dominadas, mas que contrapõem nitidamente os modelos educativos (p.51).

Observamos a centralidade que a escola exerce no direcionamento em sala de aula,

já que a escola denota de todo esse padrão que se institui no sistema de ensino

vigente, a instituição simplesmente transmite modelos neoliberalistas e suas

imposições, e esse padrão age diretamente na perpetuação da prática dos

educadores efetuando-se, modelos de aprendizagens meramente repetitivas e

técnicas. Como escreveu Nildecoff (2004, p.9), em relação ao modelo capitalista: “...

vê-se cada vez mais claramente que a escola, como instituição, não apenas não tem

poder para modificar a estrutura social, mais do que isso, geralmente confirma e

sustenta essa estrutura”.

Na compreensão de alguns educadores a educação que se vivencia atualmente é a

educação que manipula o homem e o torna escravo da classe dominante e está em

oposição ao enfoque de que educar constitui um processo crítico, capaz de analisar

as complexas relações entre processos sociais e políticos. Segundo Brandão (1982

p. 106) “A história da educação mostra que as mudanças mais radicais na educação

surgiram quando os educadores estiveram mais atentos à dimensão sócio-política

de sua função”.

A complexidade da educação soma-se a necessidade de repensar o conceito do

profissional que atua em sala de aula. No tocante a esse aspecto, o contexto político

social justifica e exige uma educação que torne o educando consciente e atuante

nesse processo do qual faz parte e que muitas vezes não tem a devida consciência

de seu papel transformador.

Os modelos educacionais tradicionais que faziam sucesso em outrora não

correspondem as reais necessidades contemporâneas, as competências atuais

exigem para a formação docente aspectos políticos, técnicos, profissionais e

humanos, esses conhecimentos oferecem aos educadores competências para a sua

intervenção na sociedade.

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Page 17: Monografia Edilene pedagogia 2010

Sendo assim, ser educador na contemporaneidade representa intervir com ações

pedagógicas mais definidas, implicando em atuações capazes de assumir o

crescimento humano, requer enfrentar uma série de complexidades, uma vez que

participante da comunidade escolar, permanece em alento das relações sociais,

políticas e, consequentemente convive com mudanças freqüentes sobre tais

realidades.

Nota-se que a prática quando refletida a serviço de fins educativos com inserção

direta na realidade sócio-política, contribui para mudanças transformadoras na

realidade social, e essa realidade vivida pelo educador demonstra que ele é o único

agente direto nesse processo de transformação e mudança, pois, a educação é um

processo que traz para o indivíduo conhecimento, consciência e libertação.

Reforçando essa discussão Freire (1996) ressalta que:

(...) meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre, mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto da história, mas seu sujeito igualmente. No mundo da história, da cultura, da política, constato não para me adaptar mais para mudar (p.77).

Diante de tantos embates, nos deparamos com os paradoxos que vivem os

educadores, imersos numa sociedade estreitamente neoliberalista e capitalista como

escreveu Braverman (1974, p.79): “O modo capitalista de produção destrói

sistematicamente todas as perícias a sua volta, e dá nascimento a qualificações e

ocupações que correspondem às suas necessidades”.

Esse modelo capitalista é de uma educação repassada pelas ideologias dominantes

que consiste nessa homogeneização, se tornando bem instruída para o benefício

das camadas superiores da sociedade que se preocupam apenas em formar a mão

de obra de trabalho para o capital. Entende-se assim, que para a classe dominante é

importante que as pessoas não possam se manifestar e questionar as injustiças e

explorações.

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Page 18: Monografia Edilene pedagogia 2010

Como bem salienta Silva (1992) “a escola ao invés de servir para aplainar diferenças

sociais simplesmente estaria diretamente ligada na reprodução das desigualdades,

estabelecendo organizações econômicas, para manter sociedades de classes”.

Portanto, vemos que as diferenças sociais comprometem a qualidade do sistema

educacional e interfere na qualidade da prática educativa, o que evidencia a

necessidade de estudos voltados para a compreensão da totalidade do

compromisso profissional do educador. Quem pensa a educação não pode fugir

dessa consciência de que o educador pode atuar nesse sistema social pensando e

tendo como perspectiva uma educação promissora que reflita sobre essa

problemática com maior profundidade.

Este estudo parte da necessidade de reflexões que contribuam para implantação de

uma escola com perspectiva de melhoria da qualidade educacional, no que diz

respeito à conscientização, a tomada de consciência dos direitos e deveres que o

educador tem mediante o seu papel como profissional, e como cidadão. Nessa

perspectiva, estamos focalizando o educador como principal instrumento da

formação de cidadania, estabelecendo críticas às relações sociais presentes nas

escolas na sua proposta de autonomia e contra a alienação. Com esse propósito,

surge a seguinte inquietação: Como os educadores da Escola Municipal de Andorinha percebem a importância da prática educativa para a formação da cidadania? Como as questões sociais são tratadas pelos educadores e pela escola?

Entendemos que a postura do educador deve fazer parte do contexto escolar,

estabelecendo através de sua prática educativa à idéia de educação no seu sentido

mais coerente que é formar o cidadão, possibilitando o conhecimento e também

engajado na realidade social, indo de encontro às desigualdades e irregularidades

do sistema educacional.

Nesta perspectiva estabelecemos como objetivo desta pesquisa:

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Page 19: Monografia Edilene pedagogia 2010

Identificar como os educadores percebem a importância de sua prática educativa para a formação da cidadania.

Segundo Canivez (1991, p.15), “a cidadania, e, sobretudo o acesso à cidadania,

depende então da adesão a uma certa maneira de viver, de pensar ou de crer.” Esta

relação entre educação e cidadania consiste na indagação que permite ao indivíduo

a atividade política no seu sentido de conscientização enquanto igualdade dos

indivíduos no sentido do saber, e saber pensar na escola e posteriormente na

sociedade.

Nota-se então, em face dessa realidade tipicamente social, a necessidade de

compreender a competência do educador no processo educacional quanto aos

aspectos cotidianos escolar, em principio da própria liberdade, em favor de mundos

possíveis através de objetivos presentes no seu dia a dia.

Diante disso, essa pesquisa se faz importante no sentido de contribuir com as

discussões a respeito da formação do educador no seu aspecto direcionador da

formação do cidadão no contexto escolar, como forma de produzir através da

educação mudanças na realidade sócio política, contribuindo, portanto para a

formação da cidadania do educando.

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Page 20: Monografia Edilene pedagogia 2010

CAPÍTULO II

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Visando aprimorar o debate em torno da problemática desse estudo e da

importância das discussões apresentadas, consideramos de fundamental

importância refletir, inicialmente, sobre alguns conceitos-chave norteadores do

debate nesse estudo, que são: educador, prática educativa e educação e cidadania.

2.1 O QUE É SER EDUCADOR?

Diante da infinidade de questões que envolvem a complexidade da pratica

educativa, surge à necessidade de se repensar a partir do profissional que atua em

sala de aula, o que define esse profissional como educador, como se constitui sua

prática educativa e que características fundamentais se incorporam as suas praticas

buscando promover as transformações sociais e políticas.

Tomando como eixo de reflexão nesta abordagem o papel do pedagogo e sua

relação com as mudanças sociais e políticas evidencia-se, inicialmente, como de

fundamental para a compreensão dessa relação definir o que se entende por

educador e o seu papel.

Segundo Oliveira (2003), educador é aquele que:

Constrói valores e os reproduz entre seus alunos e colegas, produz conhecimentos e desenvolve competências próprias do seu campo de atuação, a saber, a docência. Mas, juntamente com esses aspectos esse profissional também constrói e desenvolve valores acerca do universo cultural e social em que vive, e isso envolve as representações sociais e negativas que incidem sobre determinados grupos sociais, étnicos, geracionais (p. 160).

Evidencia-se, segundo essa afirmação, que é através do processo educativo que

determinados valores que são estabelecidos aos educandos e por estes

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Page 21: Monografia Edilene pedagogia 2010

internalizados, contribuindo assim para a perpetuação de determinada sociedade.

Atribui-se a esses profissionais competências sociais além das cognitivas e

interligadas às questões políticas e antropológicas, que extrapolam assim à

competência do conhecimento escolar, viabilizando a cultura, a política e os modelos

de desenvolvimento que lhes são impostos.

Portanto, o educador é mais que um simples cidadão, é um cidadão produtor de

cidadania, ou seja, um profissional que possuí posturas políticas para a

transformação da realidade que vivencia para o aprendizado humano, enriquecendo

todo seu aspecto de educação para a liberdade numa visão de mundo alicerçada em

humildade, criticidade e competência, transformando a capacidade humana para

atuar sobre sua realidade.

Para Souza Neto (2005):

O educador têm um papel formador direto que se dá dentro e fora da sala de aula, na escola e na rua, no pátio e nas praças. Um papel que é de formação para aquilo que se aprende no âmbito dos diversos saberes, sejam eles disciplinares ou não, e da educação para a política como espaço de disputa de projetos e mundos (p.257).

Essa afirmação, diz respeito ao educador através de sua relação com o educando

promovida por uma educação que valoriza a pessoa humana, valorizando sua

existência a partir de sua realidade, promovendo uma linguagem não somente com

a pedagogia verdadeira, mas a pedagogia de possibilidades, permeando não

apenas o conhecimento intelectual, mas o conhecimento do ser humano.

Assim educar, como nos ensina Gadotti (1985), significa “conceber a uma seleção

do mundo, recolhida e manifestada no educador, o poder decisivo da influência, pois

o mundo gera no indivíduo a pessoa” (p.76).

Assim educar é assumir responsabilidades, a fim de perceber o ato de ensinar como

a força do diálogo, um diálogo de informação, um diálogo de troca de

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Page 22: Monografia Edilene pedagogia 2010

conhecimentos, fechando os olhos para a acepção da verdade absoluta e trazendo

no intenso ato do processo educativo a distribuição do saber, onde o educador não

se percebe como único nem como professo da verdade absoluta.

Ainda segundo Gadotti (1985, p.77), É necessário manter a qualquer preço o

diálogo, seja pela reflexão comunitária, seja pela expressão pessoal.

Freire (1996), reforçando a importância da comunicação e do diálogo inerente ao

processo educativo ressalta que:

A tarefa coerente do educador que pensa certo é, exercendo como ser humano a irrecusável prática de interligar, desafiar o educando com quem se comunica e a quem se comunica, produz sua compreensão do que vem sendo comunicado. Não há inelegibilidade que não seja comunicação e intercomunicação e que não se funde na dialogicidade. O pensar certo por isso é dialógico e não polêmico (p.42).

Educar significa, portanto lutar contra a ordem e conscientizar sobre a organização

da sociedade, onde a ação pedagógica não se limita à escola, mas se estabelece

constantes diálogos com a sociedade atual, levando o educando ao conflito, a

desobediência, a suspeita.

Gadotti (1985), ao falar sobre o olhar critico que deve ter o educador sobre a

sociedade a qual está inserido, ressalta ainda que “O papel do educador de um novo

tempo, do tempo do acirramento, das contradições e do antagonismo de classes (...)

é mais a organização do conflito, do confronto, do que a ação dialógica” (p.124).

Pois, como bem afirma Zabala (1998), “educar quer dizer formar cidadãos e cidadãs

que não estão parcelados em compartimentos estanques, em capacidades isoladas”

(p. 28).

O educador enquanto sujeito que está diretamente ligado na função elaboradora e

transmissora de sua intervenção pedagógica, precisa estar indistintamente

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Page 23: Monografia Edilene pedagogia 2010

consciente quanto ao poder que exerce, diretamente, sobre seus alunos para a

construção de uma educação realmente libertadora e verdadeiramente democrática.

É preciso ter consciência de que tudo que se faz em sala de aula reflete na

valorização de diferentes instâncias de convivências e pensamentos. E isto depende

da compreensão que tem a função do saber.

É nesse âmbito que o educador peça fundamental da educação, defendido aqui

como principal sujeito de transformação, pode vir a contribuir de forma indiscutível

na identidade da cidadania, composta de sentimentos e significados para os que a

compõe. Isso da à educação um sentido de estar aberta para a maior de suas

singularidades, que é compreender através do ato educativo a condição de formar o

cidadão.

2.2 PRÁTICA EDUCATIVA

A prática educativa é à base do ofício do educador e deve garantir ensinos voltados

para a realidade, onde conteúdo e reflexão contínua se difundem construindo ações

educativas em função do conhecimento que, consequentemente, influencia nas

mudanças de pensamento, atitude e reflexão social.

Tardif (2002) enfatiza que:

Desde os antigos gregos, chamamos tradicionalmente de “educação” um processo de formação do ser humano por representações explícitas que exigem uma consciência e um conhecimento dos objetivos almejados pelos atores educativos, objetivos esses que são tematizados e explicitados num discurso, numa reflexão ou num saber qualquer (p.151).

Nesse sentido, a prática deve partir de contextos que gerenciem fins reflexivos

críticos individuais, havendo assim o desenvolvimento de indivíduos singulares na

intervenção das condições sociais. Esta prática possibilitará modificações para se

produzir transformações na sociedade. Como destaca Libâneo (1994):

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A prática educativa não é apenas uma exigência da vida em sociedade, mas também o processo de promover os indivíduos do conhecimento e experiência cultural que os tornem aptos a atuar no meio social e transforma-los em função de necessidade econômicas, sociais e políticas das coletividades (p. 17).

Logo, percebe-se a prática educativa como parte integrante das relações sociais, e

consequentemente de suas formas de organização. Assim, no trabalho docente a

educação recupera a ação educativa como ação humana de intervenções e

escolhas que estão presentes interesses de todas as ordens: sociais, políticas,

econômicas e que precisam ser compreendidas pelos educadores.

Essa prática exige uma visão mais ampla, para que através da decodificação escrita,

da língua, da matemática, das ciências, etc. venha como pré-requisito, à aquisição

de habilidades para identificar e lidar com códigos de outras linguagens de mundo e

de globalidade predominantemente existente na vida em sociedade.

A reflexão sobre a docência, em que se apóia a prática educativa são complexas,

razão porque não temos uma fórmula pronta e uniforme, assim como não são

prontos nem uniformes os sujeitos. Temos seres com especificidades diversas e

surpreendentes, e, por isso, a prática não pode simplesmente cumprir regras

institucionais. Por sua própria natureza, não pode ser superficial, mas caracterizada

pelo aprofundamento da compreensão da realidade, e imbuída na busca do bem

comum, perceber e agir sobre causas submersas cujas superfícies camuflam os

sentidos e as intenções de que resulta essa realidade, e influencia direta e

diversamente as vidas de todos os indivíduos independente de suas especificidades.

A reflexão sobre a prática é fator imperativo para quem se propõe agente de

mudanças. O educador que não reflete, é ele mesmo, um dependente. A reflexão é

uma exigência da própria natureza da ação que se evidencia, sobretudo na pratica

educativa. É, portanto, impossível educar sem refletir e refletir criticamente. Do

contrário a ação estará a serviço do continuísmo, do conformismo, da inação, por

mais que soe contraditório.

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É imensurável o poder da educação quando praticada sob a perspectiva consciente

da transformação da sociedade. O educador é, quando sabe ser, e sabe que é, um

agente transformador de realidades. Não se intimida diante das adversidades, pois,

sem elas seu papel seria nulo. Para que educadores se a sociedade não carecesse

de transformações? Assim, agindo sob reflexão, o profissional da docência se

afirmará como cumpridor do seu papel social e político, pois, como ressalta Zabala

(1998, p.29), “por trás de qualquer intervenção pedagógica consciente se escondem

uma análise sociológica e uma tomada de posição que sempre é ideológica”.

Contudo, a atuação educacional esclarece o educando sobre o sentido profundo e

muitas vezes oculto, da realidade da vida, pois, no cotidiano escolar contribuímos

para o desenvolvimento da consciência crítica de nossos alunos, a partir das

experiências que o mesmo vivencia dentro do espaço educativo. Porém, isso só é

possível mediante uma postura docente consciente, e reflexiva que atribui ao ensino

de forma igualmente importante, e a atuação voltada para os aspectos cognitivos e

ao mesmo tempo, aquelas que potencializam a inserção social.

Gadotti (1995), nesta mesma perspectiva destaca que:

A prática consciente de uma pedagogia que, na falta da palavra mais adequada eu chamaria de Pedagogia do conflito, deveria criar certa linguagem na Educação que leve o educador a reassumir o papel crítico dentro e diante da sociedade pela dúvida, pela suspeita, pela atenção, pela desobediência (p.59).

Sendo assim, o autor entende a prática educativa como uma forma de reação contra

os padrões sociais contraditórios implantados pelas classes dominantes da

sociedade, “uma das tarefas precípuas da prática educativo-progressista é

exatamente o desenvolvimento da curiosidade crítica, insatisfeita, indócil” (FREIRE,

1996, p. 32). Provavelmente essa consciência sobre o papel político social de que é

incumbida a prática educativa, sendo assumido, melhoraria em muito a atividade

profissional, pois levaria o educador à inter-relacionar o processo educativo com o

processo de geração da autonomia do educando pela construção e ou estimulação

de sua capacidade reflexiva.

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Page 26: Monografia Edilene pedagogia 2010

Freire (1996) adverte quanto ao perigo da “ideologia fatalista” que “com ares de pós-

modernidade, insiste em convencer-nos de que nada podemos contra a realidade

social que, de história e cultural, passa a ser ou a virar “quase natural”. A ideologia

dominante pinta a realidade de uma forma que desestimula qualquer pensamento na

possibilidade de mudança. Olhando para o quadro real da própria educação

brasileira, as circunstancias que ainda testemunhamos em muitas salas de aulas, e

o tipo de prática de ensino que ainda predomina em nossos sistemas educacionais,

podemos perceber como esse fatalismo nos ronda e espreita tão de perto. Pois se

desacreditarmos da educação, não nos restará outra perspectiva de mudança social.

Por isso a educação tem tomado o rumo indicado pela ideologia dominante, o de

conduzir os educandos ao “conformismo”, no mais profundo sentido do termo – de

levá-los a adaptar-se, a assumir a forma – como tijolos feitos de barro mole

empurrados contra uma fôrma de material duro, inflexível como a realidade em que

ele vive. Muitas vezes os próprios educadores justificam a sua postura continuísta

na inflexibilidade do “sistema”.

Para Freire (1996) frases como:

A realidade é assim mesmo, que podemos fazer?”ou “o desemprego no mundo é uma fatalidade do fim do século” expressam bem o fatalismo desta ideologia e sua indiscutível vontade imobilizadora. Do ponto de vista de tal ideologia, só há uma saída para a prática educativa: adaptar o educando a esta realidade que não pode ser mudada. O de que se precisa, por isso mesmo, é o treino técnico indispensável à adaptação do educando, à sua sobrevivência. O livro com que volto aos leitores é um decisivo não a esta ideologia que nos nega e amesquinha como gente. (FREIRE, 1996, p. 19).

2.3 EDUCAÇÃO E CIDADANIA

Qualquer reflexão sensata logo conclui que é quase impossível desvincular a

educação da cidadania. A educação restitui a dignidade ao ser humano

descaracterizado pelas distorções da sociedade de classes que muitas vezes lhe

desvirtuou o próprio sentimento de humanidade. A falta de educação resulta

seguramente na falta da cidadania e na geração de muitos males sociais, como a

violência e a marginalidade. Ironicamente, tanto a marginalidade como a cidadania

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são resultados da sociedade de classes em que os direitos e os deveres não são

igualitários, e onde o sentimento de indignidade se manifesta quebrando regras

sociais que privilegia uns em detrimento de outros. Ferreira (1993, p.161), afirma:

Não se conhece casos de marginalidade social em sociedades igualitárias, como as tribos indígenas. A marginalidade, assim como a cidadania, resulta das sociedades de classes, é um fenômeno que revela as relações perversas do modo de produção capitalista, cuja racionalidade funciona com base no binômio inclusão/exclusão.

A sociedade necessita de instituições fortes como o Estado com seus diversos

instrumentos como os governos, os parlamentos, as instâncias judiciais, as polícias,

e as escolas, entre outros, para conter as reações dos homens e tornar possível a

convivência. "Só a construção de uma instância política, que sobrepujasse os

interesses individuais, poderia garantir a convivência dos homens em sociedade"

(TEIXEIRA, 1995, p.35). Os modos de governos e a instituição dos estados surgem

para atenderem a essa necessidade.

Como um instrumento da sociedade indispensável na manutenção da ordem social,

a educação embora muitas vezes seja vista e utilizada como um dos principais

instrumentos ideológicos do Estado é primeiramente o meio de tornar o homem mais

humano, nas formas de se relacionar consigo mesmo, com o outro e com o meio. É

no aprendizado contínuo que o homem conquista seja de maneira formal ou

meramente interacional, as habilidades que o torna cada vez mais independente,

autônomo e, talvez até, livre.

Brandão (1985) ressalta que:

Na espécie humana a educação não continua apenas o trabalho da vida. Ela se instala dentro de um domínio propriamente humano de trocas: de símbolos, de intenções, de padrões de cultura e de relações de poder. Mas a seu modo ela continua no homem o trabalho da natureza de fazê-lo evoluir, e torna-lo mais humano (p. 14).

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Freire (2005) ao destacar também esse papel humanizador da educação diz que:

Não há outro caminho senão o da prática de uma pedagogia humanizadora, em que a liderança revolucionária, em lugar de se sobrepor aos oprimidos e continuar mantendo-os como quase “coisas”, com eles estabelece uma relação dialógica permanente (p. 60).

A educação é fator indispensável no desenvolvimento das pessoas e da sociedade.

Com isso o educador é mais que um simples cidadão, atua a favor de mudanças a

partir de suas atitudes frente ao educando, acreditando através de seu perfil em um

novo direcionamento de posturas na educação a favor da dignidade do ser humano,

no qual a educação reafirma o seu papel mediante e diante do contexto e realidades

sociais.

Essa é também a compreensão de Gentili e Alencar (2002), quando ressaltam que:

Educar, mais do que nunca, é acumular saber para humanizá-lo, distribuí-lo e dar-lhe um sentido ético, isto é solidário, cuidadoso com a dignidade do ser humano e do mundo (p.100).

Aos pensarmos em nossa gritante desigualdade social, percebemos esse desafio de

natureza política para a educação, pois por mais que exista pobreza, desigualdade,

permeia em nossos anseios o sentido ético de nossa educação, existente para

fundamentar o reflexo da humanidade.

Silva (1997) chama atenção para a influência capciosa do contexto político e

econômico nas condições educacionais da educação pública, pois:

... o que o discurso neoliberal em educação esconde é a natureza essencialmente política da configuração educacional existente. A educação pública não se encontra no presente e deplorável estado principalmente por causa da má gestão por parte dos poderes públicos, mas sim, sobretudo, porque há um conflito na presente crise fiscal entre propósitos imediatos de acumulação e propósitos de legitimação (p.19-20).

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Page 29: Monografia Edilene pedagogia 2010

E denuncia ainda,

A construção da política como manipulação do afeto e sentimento; a transformação do espaço de discussão política em estratégias de convencimento publicitário; a celebração da suposta eficiência e produtividade da iniciativa privada em oposição à ineficiência e ao desperdício dos serviços públicos; a redefinição da cidadania pela qual o agente político se transforma em agente econômico e o cidadão em consumidor, são todos elementos centrais importantes do projeto neoliberal global (1997, p.15).

Há, portanto um círculo vicioso que atende aos interesses do neoliberalismo – as

péssimas condições sociais do indivíduo o impedem de galgar os níveis ideais de

educação e, conseqüentemente, leva-o a abrir mão do exercício da verdadeira

cidadania, que tem o seu sentido corrompido e assim perpetuando-se o contexto de

exclusão e desigualdade.

Afinal, o que é realmente cidadania? E como se dá sua aquisição, em meio a tanta

desigualdade social? Questões como essas surgem talvez pela fragilidade e

infinidade de definições do que seja cidadania em nossa sociedade, marcada pela

desigualdade e fragilidade na oferta de serviços, levando grandes contingentes da

população a uma situação de pobreza.

A cidadania confunde-se na maioria das vezes com a história das lutas pelos direitos

humanos, exatamente por que a sociedade lhe nega a cidadania plena. É um

referencial de conquista da humanidade, através dos movimentos que sempre lutam

por mais direitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas.

Combate os altos padrões de riqueza por alguns da elite, altamente educada e não

se conforma com a dominação arrogante, seja do próprio Estado ou de outras

instituições ou pessoas que não desistem de privilégios, da opressão e das

injustiças contra a maioria desassistida que não consegue se fazer ouvir.

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Page 30: Monografia Edilene pedagogia 2010

Ser cidadão, portanto, é ter consciência de que é sujeito de direitos. Direito à vida, à

liberdade, à propriedade, à igualdade, a educação, enfim, direitos civis, políticos e

sociais.

Educar para aquisição da cidadania, significa perceber a cidadania como ação,

como meio de propiciar a liberdade no sentido político. Essa conscientização de

formar o cidadão através da educação requer garantir ao indivíduo uma participação

ativa na formação e antes de tudo decisões em prol de sua realidade social e

política.

Para Mello (1998p. 34) “A questão do conhecimento é vital para o exercício da

cidadania política num mundo que deixa de ser marcado por bipolaridades

excludentes.” Esse conhecimento, que deve ser assegurado especialmente pela

escola, propicia ao cidadão uma transparência sobre o poder público como meio de

influir sobre o cidadão não apenas nas decisões políticas, mas nas decisões diretas,

acontecendo principalmente pela pressão social. Ai está explicito o principal papel

da sociedade civil e da escola ao qual, Teixeira apud Habermas (1997) chama de

“desobediência”. Seu papel seria, sobretudo “ofensivo”-com a ação coletiva e

“defensivo”, buscando assegurar estruturas de associação e de esfera pública, e

produzir “contra-esferas” e “contra-instituições” (p.195).

O que se sabe é que o contexto escolar, especialmente na sociedade capitalista

moderna, prioriza elementos que dão sustentação à classe dominante, silenciando

todo um universo de cidadãos. Para que a escola se torne instrumento de

construção da cidadania é necessário passar por uma reestruturação concepcional e

paradigmática, em que os educadores reconstituam suas compreensões a partir de

inquietações forjadas na insatisfação com a realidade social e na confiança de que

essa realidade depende principalmente da educação para ser alterada.

Os paradigmas básicos do saber, que se sucederam interpenetrados e que continuam em nossa cultura e em nossas cabeças, necessitam recompor-se em um quadro teórico mais vasto e coerente. Sem percebê-los dialeticamente atuantes, não poderemos reconstruir a educação de nossa responsabilidade solidária (MARQUES, 1993, p. 104).

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Page 31: Monografia Edilene pedagogia 2010

Freire (1996) reafirma sobre essa inquietude dos educadores reforçando que não

posso ser educador se não percebo cada vez mais, que a minha prática não pode

ser neutra, minha prática exige de mim uma decisão. Uma tomada de posição, que

eu escolha entre isto e aquilo. Não posso ser educador a favor de quem quer que

seja. Não posso ser educador simplesmente a favor do homem ou da humanidade,

isso levaria ao contraste com a concretude da prática educativa. Essa é, sem

dúvida, a maior necessidade na postura política do educador hodierno. O

comprometimento com a mudança de realidade. Os resultados da educação na vida

do educando e da sociedade precisam ser pensados, intencionados. Não ocorrem

por acaso, aleatoriamente.

Entendida como um processo que está em permanente construção, a cidadania,

quando trabalhada no contexto escolar, assume importante papel nas mudanças em

prol de uma sociedade democrática e igualitária, visto que, o exercício da cidadania

é refletido na consciência de nosso devido papel em sociedade.

É nesse contexto que a sociedade, mesmo de forma frágil passa a ter essa

transparência de qual seja o seu dever, através dessa educação e diante de tantas

responsabilidades. E cabe ao ensino influir sob tais envolvimentos políticos, visto

que a educação pode promover através da prática, conflitos para a proteção social.

Mello (1998), ao refletir sobre esse tema, ressalta que:

Diante deste cenário, a educação é convocada, talvez prioritariamente, para expressar uma nova relação entre desenvolvimento e democracia, como um dos fatores que podem contribuir para associar o crescimento econômico à melhora da qualidade de vida e à consolidação dos valores democráticos (p. 30).

Educar para o exercício da cidadania, mais do que responder a um novo perfil de

cidadão, surge a partir da necessidade de se descobrir novas possibilidades de

relações éticas e sociais, que contribuam para a superação da segmentação

pessoal, e que conduza o cidadão a conquista de seus próprios objetivos, através do

domínio do conhecimento e da informação.

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Page 32: Monografia Edilene pedagogia 2010

Diante dessas afirmações não se pode negar que uma educação para a cidadania,

no nosso tempo requer práticas educativas voltadas a posturas éticas, na qual o

educador ao estar lidando com pessoas, propõe a conscientização para que o

educando através do conhecimento crítico tenha autonomia para compreender e

buscar mudar a realidade social que o sistema lhes impõe, propondo assim, a

educação como prática de liberdade.

Nessa perspectiva a escola, segundo Freire (1980) deve priorizar:

Uma educação que procura desenvolver a tomada de consciência e atitude crítica, graças a qual o homem escolhe e decide, liberta-o em lugar de submetê-lo, de adaptá-lo, como faz com muita freqüência a educação em vigor num grande número de países no mundo, educação que tende a ajustar o indivíduo à sociedade, em lugar de promovê-lo em sua própria linha (p. 35).

Quando tratamos de discutir cidadania através da educação fica claro que essas

mudanças e tomadas de conscientização realmente ocorrem através da educação, e

se a educação não tiver parcela ativa sobre a sociedade realmente à mudança não

se fará.

Como bem afirma Mello (1998): “a educação assume a centralidade no

desenvolvimento para as formações de habilidades que se referem cognitivas e

competências sociais para a população, com a finalidade de torná-los mais

eficientes no preparo de uma nova cidadania”.

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CAPÍTULO III

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

CAMINHOS DA PESQUISA

Tendo em vista a escola como a principal espaço de formação de cidadania, uma

vez que nesse espaço existem vários sujeitos interligados a diversas realidades

sociais e políticas a pesquisa que fundamenta esse estudo será realizada na Escola

Municipal de Andorinha, que propôe-se oportunizar com o seguinte objetivo:

entender como os educadores percebem a importância da prática educativa para a

formação da cidadania.

3.1 NATUREZA DA PESQUISA

Optamos assim, por um estudo qualitativo, já que esse estudo está intimamente

ligado às questões sociais que envolvem determinados sujeitos em sua análise,

fundamentada nessa pesquisa através dos docentes que atuam nesse espaço.

Em geral o ponto de partida para compreensão de uma determinada realidade se faz

a partir do estudo de um problema, que ao mesmo tempo desperta o interesse do

pesquisador e delimita a sua atividade de pesquisa a uma determinada porção do

saber, a qual ele se compromete a construir naquele momento.

Para se chegar a esse conhecimento idealizado pela pesquisa nota-se a

centralidade que a metodologia exerce a partir do estudo e da abordagem sobre a

realidade. Portanto, entende-se como necessário para a realização de uma pesquisa

o conhecimento teórico e a prática de estar junto à pesquisa, que representa certo

interesse do pesquisador a respeito do problema pesquisado.

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Page 34: Monografia Edilene pedagogia 2010

A necessidade de se chegar a esse conhecimento, depende da aquisição do

pesquisador sobre o seu foco de pesquisa, sua competência interpretativa

destacando sua compreensão sobre a mesma e as variáveis que a compõe, uma

vez que não se pode chegar as respostas esperadas sem seu sentido aguçado,

curioso.

Como nos ensina Ludke e André (1986):

Trata-se, assim, de uma ocasião privilegiada, reunindo o pensamento e a ação de uma pessoa, ou de um grupo, no esforço de elaborar o conhecimento de aspectos da realidade que deverão servir para a composição de soluções e propostas aos seus problemas (p.2).

Assim a pesquisa ligada às ciências sociais e humanas aparece como maneira de

subsidiar o conhecimento da realidade dos indivíduos, fornecendo instrumentos para

a investigação e reflexão sistematizada sobre suas vivências e experiências, para a

partir desse conhecimento e reflexão, alterar a prática e, conseqüentemente, a

realidade.

Diez (2004), ao enfatizar a importância da pesquisa nas ciências humanas destaca

que pesquisar significa vivenciar a realidade, dialogando com ela de forma critica e

criativa. Neste sentido, optaremos como proposta metodológica, neste estudo por

uma abordagem qualitativa pelo fato de que esse tipo de abordagem permite a troca

de informações e uma maior interação dentro da pesquisa.

Esta abordagem é mais indicada para a realização desse estudo, por ser flexível e

adaptável e pelo fato de envolver mais diretamente o contato, a troca de

informações e a integração entre o pesquisador e o objeto pesquisado tendo o

ambiente natural como fonte direta de dados. Baseado na abordagem qualitativa,

Hanguette (1997, p.63) diz que: “os métodos qualitativos enfatizam as

especificidades de um fenômeno em termos de suas origens e de sua razão de ser”.

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Page 35: Monografia Edilene pedagogia 2010

Ludke (1986 p.11) destaca na pesquisa qualitativa algumas características que

contribuem para um melhor resultado no processo investigativo: “a pesquisa

qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a

situação que está sendo investigada, via de regra através do trabalho intensivo de

campo”.

Considerando o tipo de abordagem que nos propomos a realizar, em ambiente

educacional, justifica-se a escolha da abordagem qualitativa, já que esta estuda os

fenômenos em contato direto com o ambiente em que estes acontecem e

possibilitaram o desvendamento do problema estudado.

Sendo assim, a abordagem qualitativa é pertinente porque, descreve a

complexidade de determinado problema e sua relevância social, buscando conceber

análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado que é

mostrar o olhar crítico do educador a respeito de sua realidade profissional.

Na pesquisa qualitativa segundo Teixeira (2009 p.137) o pesquisador procura

reduzir a distância entre teoria e os dados, entre o contexto e a ação, usando a

lógica da análise fenomenológica, isto é, da compreensão dos fenômenos pela sua

descrição e interpretação.

Nesse tipo de pesquisa também são analisadas as experiências pessoais do

pesquisador, sobre determinado estudo bem como suas angustias, análises e

compreensões sobre a realidade na qual estão inseridos.

Como no ensina ainda Teixeira (2009, p.140), na pesquisa qualitativa, o social é

visto como um mundo de significados passível de investigação e a linguagem dos

atores sociais e suas práticas as matérias-primas dessa abordagem.

3.2 SUJEITOS DA PESQUISA

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De acordo com Freire (2005) as práxis são ações reflexões dos homens sobre o

mundo e para transformá-lo.

Desta forma essa realidade exige uma proposta que evidencie a inserção crítica

através da ação, proporcionando um ambiente recíproco a construção do

conhecimento.

Portanto, esta pesquisa busca analisar a percepção de doze (12) educadores do

colégio Municipal de Andorinha, que são os sujeitos da nossa pesquisa, através dos

quais buscamos conhecer a prática educativa e sua relação com a formação da

cidadania.

Os docentes que estão diretamente envolvidos na realidade política são os sujeitos

dessa pesquisa porque a esses atribuímos à construção do conhecimento no que

diz respeito ao aspecto social e político.

3.3 LOCAL DA PESQUISA

O lócus escolhido para o desenvolvimento da pesquisa foi a Escola Municipal de

Andorinha, localizada na sede da cidade. Onde atuam 23 professores. Trata-se de

uma escola pública municipal, que atende classes do Ensino Fundamental II onde

funcionam 16 turmas, do 6º ao 9° ano, sendo nove turmas no turno matutino e sete

turmas no vespertino. Possui um espaço físico que contém: nove salas de aula, três

sanitários sendo dois para estudantes e um para os funcionários, dois banheiros,

uma biblioteca, uma secretaria, uma cantina, sala dos professores, sala de direção e

coordenação, duas salas de depósito, dois pátios, laboratório de informática e uma

sala de recursos multifuncionais que atende a alunos com necessidade especiais.

A Escola atende tanto alunos da zona urbana quanto da zona rural, tendo num total

de 630 alunos, com turmas de 35 a 52 alunos. Nota-se assim, a necessidade de

propor ao educando independente de zona rural ou urbana uma prática educativa

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Page 37: Monografia Edilene pedagogia 2010

que atenda todas as especificidades presentes, que implicam o compromisso

profissional do educador.

A escolha desse lócus reforça de forma muito especial a inquietação da

pesquisadora, por ter sido o ambiente principal de quase toda a sua trajetória

escolar desde o 6º ano do Ensino Fundamental II, até o 4º ano do ensino normal

(conhecido como magistério). Isso também contempla sua necessidade de

demonstrar reconhecimento e gratidão para com essa instituição tão importante na

sua formação. Desejando que este trabalho trouxesse alguma contribuição e faça

alguma diferença nas vidas e nas práticas daqueles que hodiernamente se

constituem sujeitos e objetos do processo educativo ali desenvolvido. Essa é,

portanto, a forma encontrada de contribuir com a escola que tanto marcou a sua vida

e com seus professores e demais funcionários, muitos com os quais teve

oportunidade de conviver durante os anos de sua formação e até hoje ali se

encontram.

3.3.1 ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

A organização fomentada na referida instituição consiste em um diretor, vice-

direção, duas coordenadoras, vinte e três professores, um secretário, cinco

assistentes administrativos, dois bibliotecários, quatro merendeiras, dois porteiros e

oito funcionários de serviços gerais.

3.4 INTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Para a realização desta pesquisa utilizamos instrumentos da abordagem qualitativa.

“O uso das abordagens qualitativas na pesquisa suscita primeiramente uma série de

questões éticas decorrentes da interação do pesquisador com os sujeitos

pesquisados”. (LUDKE e ANDRÉ, 1986, p.50). Esse relacionamento na abordagem

qualitativa ocorre através dessa inter-relação, o que garante ao pesquisador um

maior aprofundamento sobre a realidade para assim entendê-la através das falas,

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Page 38: Monografia Edilene pedagogia 2010

dos gestos, das atitudes sobre o qual estão inseridos determinados sujeitos tendo

em vista suas características específicas de situações e pessoas.

Ainda de acordo com Ludke e André, analisar os dados qualitativos significa

“trabalhar” todo material obtido durante a pesquisa, ou seja, os relatos de

observação, as transcrições de entrevista, as análises de documentos e as demais

informações disponíveis. (1986, p.45)

Assim, para que haja esse maior aprofundamento na pesquisa estudada e um maior

êxito nos questionamentos, a pesquisa recorreu como estratégia de investigação

aos seguintes instrumentos:

- Primeiramente a observação participante, que nos deu a sensação de intervenção

investigativa, pois estaremos adentrados a essa realidade;

A opção pela observação nos possibilita um maior contato com os sujeitos

pesquisados, dando dimensão a uma experiência direta e o envolvimento entre

pesquisador e os membros da situação pesquisada. Segundo Hanguette (1997,

p.67): a observação participante é “a participação do pesquisador no local

pesquisado, é a necessidade de ver o mundo através dos olhos dos pesquisados”.

Sendo assim, a observação participante se fez pertinente para esse estudo, pois,

possibilitará ao pesquisador uma série variada de informação que ocorrerão

espontaneamente, tendo como característica importante um resultado mais

consistente do estudo com aplicações práticas da temática pesquisada.

Como bem destaca Marconi (1996):

Consiste na participação real do pesquisador com a comunidade ou grupo. Ele se incorpora ao grupo, confunde-se com ele. Fica tão próximo quanto um membro do grupo que está estudando e participa das atividades normais destes (p.82).

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Page 39: Monografia Edilene pedagogia 2010

Essa participação tão ativa contempla ao investigador vivenciar junto ao grupo sua

realidade, e mais que isso estarão os dois observador e observado do mesmo lado,

passando confiança e trazendo essa aproximação contínua de vivências, tendo essa

visão conjunta necessária a pesquisa.

- Aplicação de um questionário fechado que nos forneceu os subsídios necessários

para traçar o perfil dos sujeitos como idade, sexo, área de formação.

Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série

ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença

do entrevistador. (MARCONI, 1996 p. 88)

Isso requer para a pesquisa uma análise no seu sentido objetivo no qual, o

questionário está intrinsecamente ligado nas questões que objetivem sua realidade

presente, bem como sua eficácia e validade a partir dos dados precisos com

determinada finalidade facilitando a interpretação sobre o perfil dos sujeitos.

- Entrevista semi-estruturada que nos deu maior visão da realidade vivida pelos

educadores.

A entrevista é um procedimento muito importante por ser uma das principais

técnicas de investigação utilizada em quase todos os tipos de trabalho, realizados no

âmbito das ciências sociais e todo o meio acadêmico. Se constitui em importante

instrumento de trabalho nos vários campos das ciências sociais e de outros setores

de atividades, como da sociologia, da antropologia, da psicologia e outros.

(LAKATOS, 1991p. 196)

Assim, a entrevista sem-estruturada permitirá uma maior aproximação entre o fato

social a ser pesquisado, o sujeito e pesquisador, pois, é dada de forma conjunta em

que o pesquisador sente através do olhar, da fala, dos gestos uma maior interação

sobre a problemática pesquisada.

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Page 40: Monografia Edilene pedagogia 2010

Segundo Rudio (1986) na entrevista insiste o contato inicial entre entrevistador e

entrevistado, sendo importante para preparar e motivar o informante, permitindo

suas respostas serem sinceras e adequadas.

Através dos procedimentos metodológicos fundamentados pelos instrumentos de

pesquisa citados esperamos poder levantar e analisar os dados de forma a

compreender todo o aglomerado de dúvidas e inquietudes que fundamentam essa

pesquisa.

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Page 41: Monografia Edilene pedagogia 2010

CAPÍTULO IV

ANÁLISE DE DADOS

COMPRRENDENDO, ESTUDANDO E DESCOBRINDO... COMO OS EDUCADORES PERCEBEM A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA EDUCATIVA PARA A FORMAÇÃO DA CIDADANIA.

Este capítulo resulta da análise dos dados obtidos através da pesquisa de campo

realizada na Escola Municipal de Andorinha, situada na zona urbana e que atende a

classes escolares do ensino Fundamental II, cujos resultados estão organizados de

acordo com a escala de compreensão dos principais atores envolvidos no contexto

da referida Escola Municipal.

Essa pesquisa, que selecionou sua amostra entre os educadores que atuam nessa

escola, propôs-se a analisar a prática cotidiana dos educadores as questões sociais

e políticas, tão instigante na realidade social e peculiar a vida do educando. É sabido

que as instituições escolares trabalham com cidadãos que contemplam mundos e

história diferentes, e que por isso necessitam trabalhar essas questões de cidadania

na sua prática. Porém o que ocorre por muitas vezes é que o educando se torna

órfão de conhecimento de mundo, já que esses temas podem não ser trabalhados

nas escolas no que diz respeito ao aspecto crítico da realidade vivenciada e vivida

na vida em sociedade.

Desta forma, os resultados da pesquisa foram sistematizados em blocos, nos quais

se procuraram organizar, a partir das falas dos atores envolvidos, que atuam nesta

área.

Levando-se em conta os objetivos deste estudo e as questões suscitadas a partir da

pesquisa de campo, os dados foram sistematizados analisando um grupo de doze

educadores, por estes estarem diretamente ligados com a educação e a formação

dos alunos na escola pesquisada.

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Page 42: Monografia Edilene pedagogia 2010

A coleta dos dados foi realizada nos próprios locais de trabalho, na instituição onde

trabalham e as respostas, abordando os diversos aspectos da sua prática educativa

são aqui apresentados.

4.1 - Distribuição dos entrevistados segundo o gênero.

O grupo de entrevistado é composto por uma amostra de 10 (dez) entrevistados do

sexo feminino e apenas 2 (dois) do sexo masculino.

Figura 1- Percentual Referente ao gênero

Conforme se evidencia na Figura 1 - Entre os 12 professores (as) que responderam

ao questionário, verificou-se que 17 % são do sexo masculino e 83 % do sexo

feminino, o que demonstra assim um elevado percentual de mulheres em relação

aos homens, atuando na escola Municipal de Andorinha.

4.1.2 - Distribuição dos entrevistados segundo a idade.

42

Page 43: Monografia Edilene pedagogia 2010

A faixa etária que compõe o grupo entrevistado ficou distribuída entre 07 (sete) na

faixa etária de 31 e 40 anos; 04 (quatro) na faixa etária de 40 a 49 anos e apenas

01(um) na faixa etária entre 18 e 25 anos.

Figura 2 - Percentual referente à idade

Percebe-se pela distribuição do percentual apresentado na Figura 2 que: 8% dos

entrevistados têm entre 18 e 25 anos; 59% dos entrevistados têm entre 31 a 40

anos; e 33% têm entre 40 a 49 anos. Os dados apresentados demonstram certa

variação de idade entre os educadores, mas, ao mesmo tempo uma certa

concentração na faixa etária entre31 e 40 com 59 % dos entrevistados.

4.1.3 - Nível de formação/ área de formação e atuação.

Com o intuito de melhor visualizar as informações sobre o nível de formação/área de

formação e atuação dos educadores e facilitar a análise dos dados, e as

informações referentes a estas questões que tanto influenciam na reflexão crítica da

disciplina em estudo observemos a (Figura 3) conforme tabela abaixo.

43

Page 44: Monografia Edilene pedagogia 2010

Figura 3 - nível de escolaridade, área de formação e área de atuação.

EntrevistadoNível de Escolaridade Área de formação Área de Atuação

1 Superior Pedagogia Língua Portuguesa/História2 SI Matemática CSA/Id. Cultural3 Superior Matemática Matemática4 Superior Pedagogia Língua Portuguesa5 Superior Pedagogia Português/História/Artes/Geografia6 Superior Pedagogia Ed. Física7 Superior Pedagogia Geografia/CSA8 Superior Pedagogia/Letras Inglês/Português9 Superior Geografia Geografia

10 SI Pedagogia Inglês11 SI Matemática Ed. Física12 Superior Biologia Ciências/Artes

SI: Nível Superior Incompleto

Quanto ao nível de escolaridade e área de formação, evidenciou-se que dos 12

educadores pesquisados 09 (nove) possui nível superior completo e apenas três tem

nível superior incompletos. Quanto aos pesquisados de nível superior constatou-se

que 06 (seis) são formados em Pedagogia, 01 (um) em Matemática, 01(um) em (um)

em Geografia, e 01 (um) em Biologia. Quanto aos de nível superior incompleto 02

(dois) são da área de Matemática e 01(um) da área de Pedagogia. Quanto a área

de atuação, os dados revelam a existência de 01 (um) pedagogo e um matemático

ensinando Educação Física, 01(um) matemático ensinando CSA/Id. Cultura e

01(um) Biólogo ensinando Artes.

Figura 4 - Nível de formação.

44

Page 45: Monografia Edilene pedagogia 2010

Verificou-se que a maioria, ou seja, 75% possuem nível superior completo, enquanto

apenas 25% possuem nível superior incompleto. Percebe-se pelos índices

apresentados que a grande maioria dos professores que estão atuando na Escola

Municipal de Andorinha tem nível superior.

Figura 5 - Área de atuação

Entre os educadores que concluíram o ensino superior verificou-se que apenas 33%

atuam em sua área de formação enquanto 67% não atuam na sua área de

formação. Acredita-se que a área de atuação influencia decisivamente na prática

educativa, porquanto a atuação na devida área de formação nos dar subsídios

teóricos e metodológicos, diferenciados, que contribuem para a efetiva transmissão

do conhecimento e inserção nos conteúdos inerentes a realidade de cada disciplina.

Evidencia-se pelos números apresentados em relação essa questão, comparados

com a questão anterior, que apesar da maioria dos professores 75% terem nível

superior 67% não atuam em sua área de formação.

Figura 6 - Distribuição Percentual quanto área de formação

45

Page 46: Monografia Edilene pedagogia 2010

Conforme se evidencia na Figura 6 - referente a formação dos professores, 8 % dos

entrevistados tem formação em Biologia, 8 % em Geografia, 25 % em Matemática

e 59 % em Pedagogia, o que nos evidencia que há, entre esses educadores, uma

grande maioria de pedagogos.

4.1.4 - Tempo de trabalho como educador.

Figura 7 - Distribuição Percentual segundo o tempo de trabalho comoeducador (a).

Quanto ao tempo de trabalho como educador (a), evidencio-se que: 17 % têm entre

três e cinco anos de atuação; 41 % têm entre cinco e dez anos; e 42 % têm mais de

10 anos, como educador (a). Percebe-se, portanto que há uma grade variação

quanto ao tempo de atuação, mas uma maior concentração destes na faixa entre 5 e

10 anos ou mais de 10 anos.

46

Page 47: Monografia Edilene pedagogia 2010

4.1.5 – Síntese em relação aos dados levantados.

A análise dos dados levantados em relação às questões acima pesquisadas nos

proporcionou a elaboração de um diagnóstico que nos possibilita traçar, ainda que

de forma provisória e incompleta o perfil dos educadores que atuam no Colégio

Municipal de Andorinha e aponta, a partir da analise da amostra estudada, para a

seguinte síntese.

Há entre os professores que estão atuando na Escola municipal de Andorinha um

grande percentual de professores com formação de nível superior, no entanto muitos

destes, conforme se evidencia na Figura 5 – 67% não estão atuando em sua área de

formação, o que por si só já demonstra que há uma grave distorção quanto ao

desempenho do Educador, levado a atuar fora de sua área de formação.

Em relação ao sexo, constatou-se que, 83 % dos entrevistados correspondem ao

sexo feminino. No tocante à formação, 75 % dos educadores, que lecionam no

Colégio, possuí nível superior completo e apenas 25% desses estão cursando

ensino superior.

Outro dado que nos chama atenção é o fato de que, apenas 17% dos educadores

tem entre 3 e 5 anos, de atuação e 41% tem de 5 a 10 anos, enquanto 42% tem

mais de 10 anos, isso demonstra que na sua maioria os professores tem extrema

experiência profissional no campo educativo.

4.2 COMO OS EDUCADORES PERCEBEM SUA PRÁTICA PARA A FORMAÇÃO DA CIDADANIA

O QUE FALAM OS EDUCADORES

Buscando conhecer melhor o cenário em que se insere o debate em torno da

questão da cidadania e a percepção dos professores em relação a pratica para a

formação da cidadania, buscou se inicialmente saber como se da a relação

47

Page 48: Monografia Edilene pedagogia 2010

educador x educando, as dificuldades enfrentadas pelos educadores na sala de aula

e suas percepções enquanto professor/ educador.

Os resultados obtidos através das entrevistas, realizadas junto aos educadores

apontam que a prática educativa voltada para a formação da cidadania, é uma

preocupação desses educadores que vêem a escola como espaço para refletir

essas questões, e que eles também enquanto educadores trabalham esses temas

relacionados a cidadania na sala de aula.

A partir dos depoimentos coletados, percebemos as diferentes percepções a

respeito da cidadania e suas intermediações nas escolas, como destacamos a

seguir.

4.2.1 – Relação educador x educando.

Os depoimentos dos educadores entrevistados evidenciaram as seguintes falas:

“Bom, eu tento levar os meus alunos tendo uma relação de amizade para que eles sintam-se mais livres para conversar, tirar dúvidas não impondo a questão do autoritarismo como se fossemos donos do poder e saber” (E. 10).

“Procuro estabelecer uma relação de amizade e respeito, fazendo do ato de aprender, um meio interessante. Para isso, o educador tem que compreender os alunos em suas complexidades e carências, desenvolvendo aulas que estimulem a curiosidade e possibilitem o acompanhamento das ações do educando” (E. 6).

Essa compreensão retratada acima, demonstra que a partir dessa amostragem de

dois dos educadores permeia essa cumplicidade e divisão de saberes, onde através

do ato educativo esses educadores não se percebem como professo absoluto do

saber, permeando em seus discursos a pedagogia do diálogo.

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Page 49: Monografia Edilene pedagogia 2010

Esse conhecimento sobre a importância do diálogo no ato educativo está de acordo

com autores citados anteriormente, dentre eles, Freire (1996) que trata dessa

abertura e cumplicidade entre educadores e educandos, afirmando que “é neste

sentido que se impõe a escutar o educando em suas dúvidas, em seus receios, em

sua incompetência provisória. E ao escutá-lo, aprender a falar com ele” (p. 135).

Assim, nessa relação horizontal, se colocando particularmente frente a frente com o

sujeito aprendiz, o educador mantém essa relação de comunicação, é esta

comunicação que estimula ao aprendiz tornarem-se sujeitos críticos em prol da

libertação, perpetuando manifestações de aprendizado do ser humano no mundo

que o cerca.

Nessa relação fica em evidência o perfil do educador não apenas como sujeito da

verdade absoluta, mas propor novos caminhos rumo ao aprendizado. Como afirma

Freire (1996) os educadores e, sobretudo a escola tem o dever de respeitar os

saberes com que os educandos chegam à escola, saberes esses socialmente

construídos.

4.2.2 - As dificuldades enfrentadas na sala de aula

As maiorias dos educadores entrevistados apontam como principal problema em

relação à sala de aula a indisciplina que segundo os mesmos, ocorre pela falta de

base familiar. Para eles as famílias transmitem somente para a escola a tarefa de

educar, conforme depoimentos:

“Falta hoje em dia, principalmente, uma estrutura familiar mais consistente e compromissada com a formação pessoal e educacional da criança. Os pais acabam transferindo todas as responsabilidades, muitos delas que são de ordem básica familiar, para as escolas e professores, que tem que assumir o papel dos pais e mães...” (E.6).

“Para mim, as maiores dificuldades em sala de aula enquanto educadora é conscientizar os alunos sobre os valores: disciplina, respeito, interesse em aprender” (E.2).

49

Page 50: Monografia Edilene pedagogia 2010

“Indisciplina, falta de atenção, falta de respeito na verdade acredito que o comportamento deles para a mudança, acontece em casa porque muitos pais pensam que a educação começa é na escola, como se a escola fosse um depósito, então o professor é mil e uma utilidade: é pai, é psicólogo, é terapeuta é tudo” (E. 9).

Contudo, urge a necessidade de trazer para o contexto escolar a participação

familiar, tão carente nessa instituição de ensino. Participação que segundo os

educadores é muito importante para a formação da vida estudantil, uma vez que

escola e família devem andar de mãos dadas para assim, chegarmos a uma

educação realmente emancipatória e social, que segundo a LDB (1996) Art. 2° “A

educação é dever da família e do estado inspirada nos princípios de liberdade e

ideais de solidariedade humana, tem como finalidade o desenvolvimento humano e

seu exercício para a cidadania.”.

4.2.3 – Professor ou Educador?

Questionados a respeito da relação Professor x Educador, e se estes estão

presentes no contexto escolar da sala de aula onde estes atuam, buscando

evidenciar o nível de conhecimento a cerca dessa relação professor / educador, os

entrevistados afirmaram que:

Figura 8 - Percentual referente ao nível de conhecimento da relação Professor/ Educador

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Page 51: Monografia Edilene pedagogia 2010

92% afirmam que existe diferença entre ser professor e educador

8% afirmam que não existe diferença

De um grupo de (12) doze entrevistados, apenas (1) um afirma que não existe

diferença alguma entre ser professor ou educador. Sua fala confirma isso.

“Eu acho que não porque professor e educador têm a mesma função que é levar o aluno a compreender e ter informações” (P. 11).

Analisando os indicadores apontados na Figura 8 - fica explícito que a grande

maioria dos entrevistados conhece sobre seu perfil enquanto profissional em sala de

aula. Os resultados deixam transparecer que a maioria tem conhecimento

aprofundando sobre essa temática, fomentando realmente essa diferença entre ser

professor e educador.

Os depoimentos a seguir ilustram o conhecimento dos entrevistados a respeito

dessa diferença

“Sim, o educador está apto a desenvolver o educando integralmente, moralmente e intelectualmente; Já o professor está mais relacionado a ensinar uma determinada coisa. Prefiro ser educador” (E.8).

“Todo educador é um professor, mas nem todo professor é educador. O professor não tem compromisso com o cidadão enquanto ser humano consciente, já o educador busca a essência desse ser humano e sua prática é voltada para o eu, o ego” (E. 4).

“Com certeza, professor é aquele que se preocupa apenas em ensinar o conteúdo como, por exemplo, “eu sei e você não sabe, eu vou ensinar e você aprender”, o educador já é diferente acho que ele está preocupado em formar o cidadão, conhecendo seus direitos e deveres na sociedade, e que ele seja capaz de interferir nos problemas sociais” (E. 10).

Fica explícito, como demonstram a maioria dos depoimentos coletados que essa

diferenciação contribui tanto para a perpetuação da prática, quanto para a qualidade

de vida do educando.

51

Page 52: Monografia Edilene pedagogia 2010

Essa diferença entre professor e educador, que vem sendo discutida no decorrer

desta pesquisa, nos remete a uma preocupação já levantada por Souza Neto (2005),

ao falar da postura do educador, quando destaca que: “o educador tem um papel

social a cumprir que se dê dentro e fora da escola, percebendo a educação como

ato político, como espaço de projetos e mundos” A afirmativa exposta no discurso do

autor citado, assim como na fala dos entrevistados evidenciam a centralidade que

esse profissional exerce no cotidiano estudantil, demarcada aqui como exemplo

pelos próprios educadores de como se deva pautar a prática educativa para a

cidadania.

4.3 EDUCAÇÃO E CIDADANIA NO CONTEXTO ESCOLAR

Objetivando perceber como a escola trabalha em seu cotidiano as questões

correspondentes à cidadania e as questões antropológicas, sócias e políticas que

estão vivas em seu cotidiano, através dos educandos, optou-se ainda, a partir dos

depoimentos dos educadores conhecer, qual a percepção desses a respeito da

presença das questões sociais e políticas no cotidiano escolar, a partir das seguintes

questões:

4.3.1 Os temas sociais são abordados no PPP?

Os entrevistados emitiram as seguintes percepções:

“Os temas vêem no PPP, mas vem uma questão muito imposta, assim o professor pode interferir, mas, nem tanto, a questão desses temas vêem através de outros projetos para trabalhar por unidade, aí vem o tema geral e você vai tirar subtemas que vão gerar os temas sociais e políticos.” E.10

“Sim, pois os projetos no papel geralmente são bem elaborados” (E.8).

Levando em conta que o Projeto Político Pedagógico é o documento que demarca

todo o currículo no decorrer do ano letivo, as análises mais aprofundadas dessas

52

Page 53: Monografia Edilene pedagogia 2010

entrevistas nos permitem aferir que nem sempre esses temas são tratados em

profundidade.

A concepção a cerca das temáticas políticas e sociais fazerem parte do PPP da

escola, porém em partes, gerando certa fragilidade, que de acordo com os próprios

entrevistados na sua maioria dizem que sim, são tratados no PPP, mas de forma

pouco profunda, demonstrando que não há uma coesão significativa.

4.3.2 Como a escola deve tratar a questão da desigualdade e da cidadania.

No que tange a essas questões os entrevistados destacaram que:

“Fazendo um trabalho de conscientização, no qual o aluno deve ser capaz de perceber as causas das desigualdades sociais e que essa realidade pode ser modificada” (E. 1).

“Tem que trabalhar de forma que todos se sintam iguais, pois a sociedade já deixa eles marginalizados e se a escola também deixar...”(E. 11).

“Através de um projeto político pedagógico consistente é claro, abordar intensamente esses temas deixando claro sua postura. Respeitar e conviver com as diferenças, direitos e deveres do cidadão” (E. 6).

Dentre as falas dos educadores, evidencia-se essa compreensão do ato educativo

como ato de inclusão, percebendo a escola como espaço de formação de cidadania.

Essa valorização do cidadão no contexto escolar ocorreria com a efetivação de um

Projeto Curricular emancipatório e democrático que permitiria ao educador uma

construção crítica da realidade, percebendo a diferença como próprio ato de

inclusão.

Esses dados confirmam as idéias defendidas por Freire (1996) ao ressaltar que “um

projeto emancipador acontece através da prática pedagógica progressista se atendo

as questões não apenas técnicas, mas em sentido de valorizar as questões sócias e

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Page 54: Monografia Edilene pedagogia 2010

humanas como os sentimentos e as vivências das pessoas propiciando ao

educador, bem como ao educando reconstruções críticas e reflexivas da realidade”.

É preciso que saibamos que, sem certas qualidades ou virtudes como amorosidade, respeito, tolerância, humildade, gosto pela alegria, gosto pela vida, abertura ao novo, disponibilidade à mudança, persistência na luta, recusa aos fatalismos, identificação com a esperança, abertura a justiça, não é possível a prática pedagógico-progressista, que não se faz apenas como ciência técnica (P. 136).

Para alguns dos educadores entrevistados esse método seria o mais adequado, e

que gostariam sim de trabalhar com projetos mais consistentes que valorizasse as

diferenças culturais e sociais, para implantação de propostas que se atêm no

currículo além de questões ligadas a conteúdos, também as questões sociais.

4.4 A PERCEPÇÃO DOS PESQUISADOS SOBRE A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA

EDUCATIVA PARA A FORMAÇÃO CIDADÃ

4.4.1 Acepção: Prática educativa e sua relação às questões sociais e políticas

Ao entrevistar os educadores como eles definiam a sua prática com relação às

questões sociais e políticas, em vista de uma formação cidadã, suas respostas

foram as seguintes:

“a reflexão sobre a questão da cidadania é uma abordagem presente nas aulas, porém, ainda acho insatisfatória” (E. 6).

“Percebo que apesar de trabalhar com alguns temas sociais, há necessidade de explorar mais sobre questões sócio-políticas” (E. 1).

“Na verdade a gente sonha muito em mudar, queremos sempre promover mudanças, só que muitas vezes, a gente se sente preso a escola por causa da unidade, cobranças e nos tornamos muito presos, mas as vezes tiro um tempo da aula para discutir, tirar dúvidas; as questões sociais. A educação se resume em números” (E. 10).

Percebemos nos depoimentos acima, essa carência dos educadores em trabalhar

de forma precisa as questões ligadas à cidadania, essa carência segundo os

54

Page 55: Monografia Edilene pedagogia 2010

mesmos se dá pelo fato das escolas não aprofundarem realmente essas questões

no seu cotidiano. A escola segundo os educadores, apesar de trazer projetos

relacionados a essa temática, trata de forma superficial essas questões, se atendo

primeiramente as questões ligadas à unidade. A escola se preocupa em ensinar

conteúdos, e somente transferir conhecimentos prontos, exigindo cobranças de

notas e números para o sistema de ensino.

Apesar disto percebemos também essa reflexão por parte dos educadores para com

a revitalização desses elementos políticos no currículo escolar, reconhecem que

essas questões possibilitam um maior significado na vida do educando.

Esse conhecimento reflexivo é justamente, essa ferramenta inicial que dá ao

educador essa percepção da prática intimamente ligada às questões que dizem

respeito à vida em sociedade. Assumindo-se como próprio sujeito e agente de

mudanças.

Essa visão dialoga com a visão de Freire (1996 p. 29), reafirmando que faz parte de

sua tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos, mas também ensinar a pensar

certo. Uma das tarefas principais do educador é reforçar essa capacidade crítica do

educando, e isso se fará de fato, primeiramente através da própria reflexão crítica

que o educador faz de si próprio e de sua profissão. E lutar para manter essa

representação é a função do educador no processo educativo, embora a escola não

direcione para essas escolhas.

4.4.2 Você adota em suas práticas individuais elementos que propiciem a formação crítica do educando.

Em seus depoimentos os entrevistados ressaltaram que:

“Atualmente a disciplina que leciono não abre muito espaço para o debate crítico, mas nas atividades extras que desenvolvo procuro formar cidadãos conscientes e críticos” (E. 8).

55

Page 56: Monografia Edilene pedagogia 2010

“Sim. Valorizando os trabalhos coletivos, para desenvolver a solidariedade, amizade, respeito ao outro e a si” (E 2).

“Sim. Na medida em que vão surgindo pelos alunos ou são focados intensamente pela mídia de uma forma geral, e de acordo com as necessidades individuais em sala de aula. Através de textos diversos, são formados para roda de discussão por meio de projetos temáticos (” E. 6).

Diante das falas dos entrevistados, evidencia-se que a prática educativo-critica é

vista como atividade extra que vão sendo trabalhadas à medida que vão surgindo

dúvidas em seus alunos com relação as questões envolventes na realidade social.

As suas falas confirmam isso.

Embora não percebemos que esses educadores abordem a questão da cidadania

atrelada ao conteúdo, é sabido que eles tratam essas questões na sala de aula de

forma a propiciar a autonomia do educando, perfazendo de forma indireta aos

conteúdos e de forma inter-relacional.

Percebemos ainda nos relatos dos entrevistados que os temas sociais, ligados à

formação do cidadão como importantes para a formação crítica, são delimitados por

alguma temática que surge na mídia, ou quando se trata de trabalhar na promoção

de respeitar as diferenças em sala de aula. Essas temáticas segundo os educadores

são discutidas principalmente em rodas de conversa, valorizando o ato de ensinar

pela força do diálogo, de conversas informais e produções de textos, proporcionando

o conhecimento do educando e dando-lhes autonomia para perceber o mundo.

Essa percepção é também resgatada na fala dos educadores.

“Eu acho que a todo o momento, quando preparamos uma aula nos preocupamos em formar, seus direitos, deveres e nos preocupamos em fazer a diferença e dizer o que isso pode influenciar para a vida social deles; também através do conteúdo” (E. 10).

As percepções dos entrevistados se complementam na fala de Freire (1996), ao

ressaltar que “o educador democrático não pode negar-se ao dever de na sua

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Page 57: Monografia Edilene pedagogia 2010

prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, e sua

insubmissão” (P.28).

Gadotti (1985), que também reflete sobre a necessidade de trabalhar a cidadania

através da prática educativa defende que se faz necessário trabalhar o diálogo na

prática educativa, seja pela reflexão, ou pela expressão pessoal, visto que além de

trabalhar as questões sociais, o ato reflexivo promovidos para uma reflexão da

atualidade, no seu aspecto informal, contribuiria também dentre outras coisas para

elaboração dos saberes fomentados pelas disciplinas, que também estão ligados a

atualidades e abertos a cidadania.

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Page 58: Monografia Edilene pedagogia 2010

CONSIDERAÇÕES FINAIS

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.”

Paulo Freire

Ao concluirmos esse estudo através do qual, pela analise dos dados tentaremos

expressar as descobertas obtidas, faz-se necessário antes de tudo ressaltar que os

dados obtidos e aqui analisados, jamais se postaram em delinear verdades

absolutas sobre a complexidade da prática educativa, visto que, esse é um tema que

demanda um maior aprofundamento, pela complexidade da relação que envolve

educação e a cidadania ou a educação para a cidadania.

No decorrer da pesquisa nos deparamos com inúmeras questões que envolvem a

prática dos educadores a respeito da autonomia política do educado, esses dados

trouxeram reflexões críticas sobre a análise em estudo sobre o qual concluímos que

a educação e, sobretudo o sistema de ensino ainda estão diretamente ligados aos

interesses do capital e as propostas em educação ainda interligam diretamente as

questões do continuísmo com conteúdos evasivos e distanciados da realidade dos

educandos.

Os debates em torno da questão da cidadania necessitam estarem atreladas às

escolas de forma concisa, o que de fato fica perceptível é que temas adversos

promovem a escola um sentido exótico, ou apenas elemento de apoio didático, sem

levar em conta as questões ligadas diretamente à cidadania.

Evidenciou-se que tratar das desigualdades, das diferenças sociais e de classes

ainda é vista de maneira tímida por nossos educadores, vistas como exemplos de

linguagem informal, não tratada no dia-a-dia de nossas escolas, redigidas por um

círculo vicioso de modelos educacionais.

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Page 59: Monografia Edilene pedagogia 2010

A prática dos educadores, pelo que se evidenciou, a partir dos seus discursos nos

remete a necessidade de proporcionarmos a esse profissional mudanças a partir de

sua postura sobre esse sistema social em vigência, muitos dos educandos que ali

estão, percebem a escola e a educação como conhecimento para mudar a sua

realidade a partir do diálogo com os educadores, dos conteúdos pela satisfação de

alcançar o conhecimento, percebendo o educador como agente de conhecimento,

não apenas na formação do saber absoluto, mas nas inquietudes que circundam

sua vidas. Contudo, é notório nessas reflexões tão discutidas nesse trabalho que os

educadores, repito, defendidos aqui como agente principal de mudanças são

também vítimas desse sistema social, simplesmente por que necessitam seguir

esses modelos descritos por um ideal de sociedade capitalista.

Esse modelo de forma precisa ainda age sobre a prática dos nossos educadores, e

a pesquisa nos trouxe essa compreensão de que eles apesar de conhecer e refletir

sobre a sua prática no que diz respeito as questões sociais e políticas ainda,

sentem-se presos a essas questões tão imponentes em nossas escolas. As

questões ligadas a cidadania, direcionadas para formar o cidadão aparecem de

forma tímida no cotidiano escolar e são vistas como temas extra curricular que,

segundo os educadores ainda precisam sair do papel.

Os discursos demarcam a necessidade de implantação de novas políticas

educacionais onde escola e sociedade, precisam caminhar juntas, para assim

propormos mudanças na sociedade, através da visão crítica de nossos alunos. Mas

o que ocorre na realidade é que a pratica é conduzida pela distribuição de

conteúdos, pela assimilação de conhecimentos prontos uniformizados,

estereotipados, onde esse educador mesmo com tanto conhecimento sobre

melhorias e mudanças, também é vítima desse sistema.

Concluindo, este estudo nos mostra que a nossa realidade educacional necessita de

mudanças, pois só através da educação e dos profissionais que atuam sobre os

diversos temas envolvendo a cidadania é que podemos promover mudanças em

nossa sociedade.

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Page 60: Monografia Edilene pedagogia 2010

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ANEXOS

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEBDEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM-BAHIA

TURMA: PEDAGOGIA 2006.1Aluno: Edilene Santana de Oliveira Figueiredo

QUESTIONÁRIOPrezadas (os) Professores

Esse questionário tem como objetivos levantar subsídios para uma pesquisa de Conclusão de Curso que estou desenvolvendo sobre educação... na Universidade do Estado da Bahia. Os dados obtidos através deste questionário serão utilizados exclusivamente para essa pesquisa e não sendo revelados nomes ou qualquer outra informação particular dos entrevistados.

Perfil do Professor1. Idade( ) 18 a 25 anos

( ) 26 a 30 anos

( ) 31 a 40 anos

( ) 40 a 49 anos

2. Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

3. Qual o seu nível de formação? ( ) Nível médio ( ) Nível superior completo ( ) Nível superior incompleto

4. Qual a sua área de formação (nível superior)? ____________________5. Tempo de atuação como professor (a)?( ) menos de 1 ano

( ) entre 1 e 3 anos

( ) entre 3 e 5 anos

( ) entre 5 e 10anos

6. Que disciplinas você leciona nessa escola?_______________________________________________________________

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ENTREVISTA

1. Quais são, na sua compreensão, as maiores dificuldades enfrentadas na sala de

aula, enquanto educador (a)? Explique.

2. Como é a relação educador/ educandos? Justifique.

3. Os temas sociais e políticos (não me refiro ao político partidário) são discutidos na

sua escola? ( ) sim ( ) não - Explique.

4. Como esses temas sociais e políticos são trabalhados na sua escola?

5. Você já conduziu seus alunos em algum debate sobre temas sociais e políticos?

De que forma?

6. Você acha que os professores dessa escola se preocupam em trabalhar esses

temas, sociais e políticos, considerados por muitos como polêmicos? De que

forma?

7. Esses temas fazem parte do projeto político pedagógico da sua escola? De que

forma?

8. Como você define a sua pratica educativa, com relação às questões sócio-

políticas?

9.Você, enquanto educador, adota em suas praticas, temas que propiciem a

formação critica dos educandos na acepção de formar o cidadão ? Em que

momentos? De que maneira?

10. Na sua compreensão como a escola deve tratar a questão das desigualdades e

da cidadania na sala de aula?

11. Na sua compreensão existe alguma diferença entre ser professor ou educador? Qual?

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