monografia ana maria brioschi curso de assistente social

43
FACULDADE NORTE CAPIXABA DE SÃO MATEUS SERVIÇO SOCIAL ANA MARIA BRIOSCHI O PROCESSO DE ADOÇÃO: ESTUDO DE CASO DE UMA FAMÍLIA ADOTANTE EM JAGUARÉ - ES SÃO MATEUS 2012

Upload: ederson-dolisne

Post on 12-Dec-2015

26 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

monigrafia

TRANSCRIPT

Page 1: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

FACULDADE NORTE CAPIXABA DE SÃO MATEUS SERVIÇO SOCIAL

ANA MARIA BRIOSCHI

O PROCESSO DE ADOÇÃO: ESTUDO DE CASO DE UMA FAMÍLIA ADOTANTE EM JAGUARÉ - ES

SÃO MATEUS

2012

Page 2: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

ANA MARIA BRIOSCHI

O PROCESSO DE ADOÇÃO: ESTUDO DE CASO DE UMA FAMÍLIA ADOTANTE EM JAGUARÉ - ES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Graduação em Serviço Social da Faculdade Norte Capixaba de São Mateus – UNISAM, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. Orientadora: Prof.ª Maria Aparecida Mião Biasutti.

São Mateus

2012

Page 3: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

CATALOGAÇÃO NA FONTE ELABORADA PELA “BIBLIOTECA DOM ALDO GERNA”/UNISAM

B858p

Brioschi, Ana Maria

O processo de adoção: estudo de caso de uma família adotante em Jaguaré – ES –

São Mateus: UNISAM /Faculdade Norte Capixaba de São Mateus, 2012. 43.f : enc.

Orientadora: Maria Aparecida Mião Biasutti

Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Serviço Social) UNISAM / Faculdade Norte Capixaba de São Mateus, 2012.

1.Motivação 2. Crianças 3.Possibilidades I. Brioschi, Ana Maria II.UNISAM / Faculdade

Norte Capixaba de São Mateus, 2012. III. Título.

CDD 362.734

Page 4: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

ANA MARIA BRIOSHI

O PROCESSO DE ADOÇÃO: ESTUDO DE CASO DE UMA FAMÍLIA ADOTANTE EM JAGUARÉ - ES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Graduação em Serviço Social da Faculdade Norte Capixaba de São Mateus – UNISAM, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social.

Aprovada em 21 de Novembro de 2012.

COMISSÃO EXAMINADORA

Professora Maria Aparecida Mião Biasutti Faculdade Norte Capixaba de São Mateus Orientadora

Professora Cristiane da Fonseca Bronzoni Faculdade Norte Capixaba de São Mateus Membro 1

Professor Luciano Delabela Faculdade Norte Capixaba de São Mateus Membro 2

Page 5: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

"O filho por natureza, ama-se por que é filho; o filho por adoção é filho porque se ama."

(Vieira)

Page 6: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

RESUMO

O presente trabalho baseia-se num estudo de caso, envolvendo questões sobre

adoção, especificamente, quanto à motivação, à escolha, ao processo judicial, à

aceitação e à afetividade, que levam os casais a pensarem e efetivarem esse ato. Teve

por objetivo averiguar a história de um casal adotante de crianças gêmeas, numa

primeira experiência, posteriormente uma segunda adoção, na cidade de

Jaguaré/ES. O caso foi analisado por meio da observação feita a partir do relato da

vivência deste casal na ocasião que antecede a adoção, durante o processo adotivo

e no período pós-adoção. Neste sentido, o estudo de caso verificou na prática os efeitos

e implicações de adoções realizadas há 10 anos e mais recentemente há 01 ano,

contribuindo assim no processo de construção de novas possibilidades de condução das

nuances que envolvem o tema adoção, inclusive aspectos sócio-políticos, trazendo a tona

reais possibilidades de uma adoção com sucesso, a partir do desejo do casal adotante.

PALAVRAS-CHAVE: MOTIVAÇÃO. CRIANÇAS. POSSIBILIDADES.

Page 7: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

LISTA DE SIGLAS

CNAS – Conselho Nacional da Assistência Social

ECRIAD – Estatuto da Criança e do Adolescente

LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social

MDSCF – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome

NOB/SUAS- Norma Operacional Básica do Sistema Único da Assistência Social

PAIF – Programa de Atenção Integral as Famílias

PNAS – Plano Nacional da Assistência Social

Page 8: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................... 10

1.1 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 11

1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA ....................................................................................... 12

1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ............................................................................ 12

1.4 OBJETIVOS ............................................................................................................ 13

1.4.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 13

1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 13

1.5 HIPÓTESE .............................................................................................................. 13

1.6 METODOLOGIA ...................................................................................................... 14

1.6.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA .................................................................................. 14

1.6.2 TÉCNICAS PARA COLETA DE DADOS .......................................................................... 14

1.6.3 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS .................................................................. 14

1.6.4 POSSIBILIDADE DE TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS ............................................ 15

1.7 APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO DAS PARTES DO TRABALHO ..................... 15

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO .................................................................... 17

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ACERCA DA POLÍTICA NACIONAL DA

ASSISTÊNCIA SOCIAL ................................................................................................ 17

2.1.1 O PRIMADO FAMILIAR NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE .......... 20

2.1.1.1 A FAMÍLIA NA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ..................................................... 21

2.1.2 ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL ................................................................................. 22

2.2 MARCOS HISTÓRICOS E LEGAIS DA POLÍTICA DE ADOÇÃO .......................... 23

2.3 HISTÓRICO DA ADOÇÃO NO BRASIL .................................................................. 25

2.4 A POLÍTICA DE ADOÇÃO NO BRASIL: UM PROCESSO EM CONSTRUÇÃO ..... 26

2.4.1 O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES DE ACOLHIMENTO ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES ............ 28

2.4.2 GRUPOS DE APOIO A ADOÇÃO .................................................................................. 30

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DO ESTUDO DE CASO 32

4 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO ................................................... .39

4.1 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 39

Page 9: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

4.2 RECOMENDAÇÕES ............................................................................................... 40

5 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 41

APÊNDICE A-TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 42

APÊNDICE B-ROTEIRO PARA PESQUISA DE CAMPO ......................... 43

Page 10: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

10

1. INTRODUÇÃO

No decorrer da história até a atualidade a adoção foi vista de diferentes formas, no

geral atendendo a interesses dos adultos, carregada de preconceitos, associada à

ideia de fracassos e problemas.

Apesar dos avanços das legislações pertinentes ao tema, por si só não são

suficientes para a construção de uma nova mentalidade da sociedade, portanto faz-

se necessário ampla discussão, divulgação, política públicas consistentes,

contribuindo assim na construção de um novo olhar sobre a questão.

Na presente pesquisa, encontram-se dados históricos que envolvem situações de

abandono, violência e exclusão, pelas quais passaram crianças e adolescentes, bem

como os meios utilizados na descontinuidade das relações com a família de origem

para encaminhamento à instituições e famílias substitutas.

Com a mesma, apresenta-se a concepção que se tinha da criança na Idade Média,

um ser inacabado, de propriedade dos adultos, onde os vínculos afetivos eram

inexistentes. A criança passava a ter uma certa consideração a partir do momento

que começava a trabalhar, já aos sete anos. Quanto à educação, esta ficava na

responsabilidade de terceiros. A proteção à criança era garantida pelo Estado,

através de normativas e posteriormente com a institucionalização.

No Brasil, a partir de 1917 surge o primeiro instrumento legal que refere-se à

adoção. Esta acontecia segundo os interesses dos adultos, permitida somente a

casais maiores de 50 (cinquenta) anos que não possuíam filhos. O Código Civil de

1957 adota novos critérios, estabelecendo diferença de idade entre adotantes e

adotados, mesmo o casal tendo filhos, com no mínimo cinco anos de casados. Em

1965, surgem novos critérios, dispensando o prazo de 05 (cinco) anos de

casamento, a adoção passa a ser irrevogável, sem direito a sucessão, para crianças

maiores de 07 (sete) anos que já convivesse com a família, chamada legitimação

adotiva. O Código de Menores de 1979 introduz a plena adoção, em substituição a

legitimação adotiva.

Page 11: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

11

Com o advento do Estatuto da Criança e do adolescente, em 1990, a questão da

adoção passa a ser pautada em critérios que levem em consideração os interesses

da criança e/ou adolescente. Garante ainda acompanhamento de equipe

multidisciplinar tanto aos adotados quanto aos adotantes. A criança e o adolescente

são vistos como sujeitos de direitos, em condições peculiar de desenvolvimento,

apontando ainda os responsáveis na garantia desses direitos.

Assim, a pesquisa apresenta na prática como se dá o processo de adoção,

realizando para tal um Estudo de Caso de uma família adotante, a partir de análise

feita por meio de observação e relato da vivência deste casal na ocasião que

antecede a adoção, durante o processo adotivo e no período pós-adoção, bem como

as relações construídas no âmbito familiar e comunitário.

Desse modo, o Estudo de Caso visa contribuir para o entendimento das motivações

que levam um casal a conceber a ideia de adotar, sair de si mesmo, do que está

pré-estabelecido. Pretende ainda, apresentar as dificuldades enfrentadas neste

percurso, trazendo a tona reais possibilidades de uma adoção com sucesso.

1.1 JUSTIFICATIVA

O presente trabalho apresenta a realidade de uma família envolvida no processo de

adoção, dentro de uma cultura permeada por preconceitos, medos, inseguranças o

que leva alguns casais a não compreenderem a importância de passar pelas

devidas etapas da adoção.

Segundo Weber (2007, p. 101) “Os esteriótipos e preconceitos sociais são sempre

prejudiciais para as relações humanas e, para nos livrarmos deles, é preciso

esclarecer os fatos corretamente, divulgar e debater com a sociedade”. Deste

modo, compete à sociedade civil ampliar a compreensão sobre o tema e quebrar

paradigmas consolidados no decorrer da história da criança.

A discussão desse tema quer ampliar a visão societária frente ao processo de

adoção, oferecendo subsídio na construção do entendimento, acerca das etapas a

serem percorridas até a sua efetivação.

Page 12: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

12

Desta forma, o trabalho visa contribuir no entendimento que a adoção é um

processo a ser construído, da concepção da ideia, passando pelos tramites legais à

sua conclusão, “[...] onde se travam batalhas para derrubar preconceitos pessoais e

sociais, derrubar os medos e, de cada batalha, extrair energias para acreditar e

enfrentar [...]” (Souza, 2009, p. 19), uma vez que no senso comum o entendimento é

que “crianças adotadas, cedo ou tarde, trazem problemas” (Weber, 2007, p. 100).

Tendo em vista a importância de conhecer a experiência vivenciada por uma família

adotante, a pesquisa foi direcionada a um caso concreto, no qual partirá do princípio

que a adoção é algo possível “[...] que se faz por vias da justiça pelo qual se criam

relações semelhantes à filiação biológica, tornando o adotado um filho, com todos os

direitos e deveres [...]” (Souza, 2009, p. 17).

Assim, o presente trabalho conferiu na prática os efeitos e implicações de uma adoção,

contribuindo no processo de construção de novas possibilidades de condução das

nuances que envolvem o tema adoção, inclusive aspectos sócio-políticos, trazendo a tona

reais possibilidades de uma adoção com sucesso, a partir do desejo do casal adotante.

1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA

O presente trabalho se deu a partir de um estudo de caso, o que possibilitou a

análise das questões que envolvem o tema adoção, especificamente, quanto à

motivação, à escolha, ao processo judicial, à aceitação e à afetividade de um casal

adotante de crianças gêmeas, num primeiro momento, posteriormente a adoção de

uma terceira criança, na Cidade de Jaguaré - ES, em agosto de 2012.

1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Em se tratando de um tema polêmico, permeado por preconceitos, medos,

inseguranças, a pesquisa verificou qual a possibilidade da adoção se efetivar com

sucesso? Quais mecanismos podem ser utilizados para que isso aconteça?

Page 13: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

13

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 OBJETIVO GERAL

Conhecer quais as motivações que levaram uma família a percorrer os caminhos do

processo de adoção.

1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Identificar os vínculos formados entre a família em questão e seus familiares, bem

como a comunidade;

- Conhecer a dinâmica familiar antes e depois da adoção;

- Levantar os principais dificultadores durante o processo de adoção.

1.5 HIPÓTESE

Ao final da pesquisa pretende-se alcançar o entendimento que a adoção é um processo

natural para as famílias que não puderam ter seus próprios filhos e a oportunidade para

crianças de terem uma família. É uma decisão pensada a partir de uma ideia que surge,

que precisa ser amadurecida e assumida. Também é importante conhecer todo o

procedimento legal, que no geral é moroso, mas não deve ser motivo de desistência, pois

são barreiras que podem ser vencidas.

É preciso vencer os anseios, preconceitos, inseguranças. Acreditar que o ser humano

não possui em sua genética a tendência para o mal, que o fato de possuir

comportamentos diferentes do esperado não se deve ao fato de ser adotado. Com o

fortalecimento dos vínculos afetivos a relação familiar tende a ser equilibrada, pois na

verdade todas as dificuldades mencionadas podem ser encontradas também na filiação

biológica.

Page 14: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

14

1.6 METODOLOGIA

1.6.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

O trabalho teve como abordagem metodológica uma pesquisa do tipo qualitativa,

pois “[...] preocupou-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos,

descrevendo a complexidade do comportamento humano” (Marconi; Lakatos, 2011,

p. 269), o que permitiu conhecer amplamente os fatos que norteiam o processo de

adoção, visando à qualidade das informações.

A pesquisa teve caráter exploratório, objetivando proporcionar “[...] entendimento

dos fatores que exercem influência na situação que constitui o objeto de pesquisa”

(Gil, 2006, p. 130), possibilitando assim um maior entendimento da questão

abordada.

1.6.2 TÉCNICAS PARA COLETA DE DADOS

Como técnica para coleta de dados com vistas a elaboração desse trabalho foi

utilizado o levantamento bibliográfico, que, segundo Marconi; Lakatos (2006, p. 43),

“[...] trata-se de levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros,

revistas, publicações avulsas e a imprensa escrita”, como forma de revisar os

conteúdos já publicados que abordam a temática em questão, oferecendo subsídio à

pesquisa.

Também foi realizado um Estudo de Caso, onde os autores Marconi; Lakatos (2011,

p.276) “[...] referem-se ao levantamento com mais profundidade de determinado

caso ou grupo humano sob todos os seus aspectos”. Este, remete a compreensão

concreta acerca da adoção, dirigindo-se a um casal que vivenciou a experiência

prática.

1.6.3 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS

Page 15: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

15

Como instrumento para a coleta de dados, foi realizada uma entrevista qualitativa

que “[...] define-se como uma conversa entre uma pessoa (o entrevistador) e outra (o

entrevistado) ou outras como um pequeno grupo ou uma família” (Marconi; Lakatos,

2011, p. 273), uma vez que teve por objetivo proporcionar maior familiaridade com o

objeto de estudo, visando torná-lo mais explícito. A partir da obtenção dos dados da

pesquisa, os mesmos foram analisados, levando a compreensão da abrangência do

tema.

Para tal, foi realizado o acompanhamento de um casal adotante de duas crianças

gêmeas no primeiro momento, e num segundo momento uma terceira criança, na

cidade de Jaguaré-ES, possibilitando após a análise dos dados obtidos, apontar

reflexões sobre os aspectos relevantes que envolvem o processo de adoção no

Brasil, bem como identificar sentimentos latentes entre adotantes e adotados.

1.6.4 POSSIBILIDADE DE TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Com relação à análise dos dados obtidos a partir da entrevista, foi possível

confrontar teoria e prática, aprimorando ideias já existentes e contribuindo para a

construção de novas hipóteses e conceitos sobre o tema “Adoção”.

1.7 APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO DAS PARTES DO TRABALHO

No primeiro capítulo foram abordados procedimentos metodológicos, tais como:

método, técnicas e instrumentos utilizados para a realização da pesquisa.

No segundo capítulo foram feitas várias considerações acerca do tema adoção: os

vários níveis da Política Nacional de Assistência Social, a família e seu papel

societário, marcos históricos e legais, as instituições de acolhimento, os grupos de

apoio, a partir de bibliografias existentes.

Page 16: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

16

No terceiro capítulo foram apresentados os dados obtidos no Estudo de Caso, de

modo a atender os objetivos propostos. A pesquisa poderá contribuir para um novo

olhar acerca do tema abordado, desmistificando preconceitos que o permeiam.

No quarto e último capítulo são apresentadas conclusão e recomendações sobre as

possibilidades de uma adoção com sucesso, bem como apontamentos necessários

para que esta temática tenha um novo olhar societário.

Page 17: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

17

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ACERCA DA POLÍTICA NACIONAL DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Historicamente a assistência social brasileira foi marcada por uma conduta vinculada

à filantropia e a benemerência, na qual era executado na maioria das vezes pela

Igreja Católica, instituição detentora da ordem moral.

Com o surgimento da industrialização e consequente urbanização, intensifica-se a

acumulação do capital em detrimento da classe trabalhadora, quando, segundo

Mota (2009) p. 26/27:

[...] os trabalhadores se organizam e politizam suas necessidades e carecimentos, transformando-os numa questão pública e coletiva. Por força de suas lutas sociais, algumas de suas necessidades e de suas famílias passaram a ser socialmente reconhecidas pelo Estado, dando origem ao que modernamente denominou-se de políticas de proteção social, ancoradas em direitos de garantias sociais. (p.26/27).

Em 1942, no Governo de Getúlio Vargas criou-se a Legião Brasileira da Assistência

- LBA, responsável por expandir a assistência social e dar novos rumos para o

atendimento aos necessitados, ou seja, aqueles que viviam em situação de extrema

pobreza e que antes sofriam repressão policial.

Em 1988 houve um grande avanço na Assistência Social com a promulgação da

Constituição Federativa do Brasil, onde a Assistência se tornou de fato uma política

pública e responsabilizou o Estado para a criação e execução de políticas de

atenção às necessidades sociais. Portanto, a Assistência integrou-se ao tripé da

Seguridade Social, junto à Saúde e a Previdência Social, conforme presume o Art.

194 da Constituição Federal, onde: A seguridade social compreende um conjunto

integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinados a

assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social (Brasil,

1988).

Ainda na Constituição Federativa, na sessão IV, art. 203, menciona que: A

Assistência Social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de

Page 18: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

18

contribuição à seguridade social (Brasil, 1988). Deste modo, se faz compreender

que os usuários da assistência, mesmo tendo universalidade no direito ao

atendimento, apenas o utilizam aquele que de fato necessita, ou seja, cidadãos e

grupos que se encontram em situação de vulnerabilidade e riscos pessoal e social.

A partir da constituição, no ano de 1993, surge no Brasil a Lei Orgânica da

Assistência Social – LOAS, sob a Lei nº 8.742, que trouxe de uma forma

sistematizada normas e critérios objetivos para organização da assistência.

Essas legislações vem sendo aprimoradas desde sua criação até a atualidade, com

vistas a estabelecer “[...] uma rede de proteção e promoção social, de modo a

cumprir as determinações legais” (MDSCF, 2009, p.02). Ainda segundo o Ministério

do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, uma das iniciativas governamentais

para a implementação dessas estratégias, foi o surgimento do Sistema Único de

Assistência Social – SUAS em 2005, que trouxe determinações pautadas na LOAS e

na Política Nacional de Assistência Social – PNAS.

Para viabilizar um atendimento eficaz conforme a real situação do usuário, a Política

prevê os níveis de proteção social: básica e especial (média e alta complexidade).

Na básica, relaciona-se a prevenção de “[...] situações de risco por meio do

desenvolvimento de potencialidades e fortalecimento de vínculos familiares e

comunitários” (NOB/SUAS, 2005).

Com relação à Proteção Social Básica, esta é constituída pelo Serviço de Proteção e

Atendimento Integral à Família (PAIF); Serviço de Convivência e Fortalecimento de

Vínculos e Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com

Deficiência e Idosas (MDSCF, 2009, p.05).

O foco deste serviço está voltado para o atendimento às famílias, “[...] de caráter

continuado, com a finalidade de fortalecer a função protetiva das famílias, prevenir a

ruptura dos seus vínculos, promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na

melhoria de sua qualidade de vida”. (MDSCF, 2009, p.05).

Page 19: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

19

No que tange a Proteção Social Especial, o sujeito vivencia uma situação de

exclusão e possivelmente encontra-se com os vínculos familiares fragilizados ou

rompidos. Esta compreende dois níveis: média e alta complexidade.

Na média complexidade os vínculos familiares ainda não foram rompidos, no entanto

apresenta alto nível de fragilidade, o que torna necessário um trabalho de

fortalecimentos destes. Em consonância com esta afirmação a Tipificação Nacional

da Assistência Social, Resolução nº109/2009, estabelece que o:

Serviço de apoio, orientação e acompanhamento à famílias com um ou mais de seus membros em situação de ameaça ou violação de direitos. Compreende atenções e orientações direcionadas para a promoção de direitos, a preservação e o fortalecimento de vínculos familiares, comunitários e sociais e para o fortalecimento da função protetiva das famílias diante do conjunto de condições que as vulnerabilizam e/ou as submetem a situações de risco pessoal e social (p.19)

Já na Proteção Social Especial de Alta Complexidade, o sujeito necessita do acesso

aos equipamentos de acolhimento dos mais diversos tipos, a fim de que lhes seja

garantida a proteção integral uma vez que os vínculos se encontram fragilizados

e/ou rompidos.

Neste aspecto “A organização do serviço deverá garantir privacidade, o respeito aos

costumes, às tradições e à diversidade de: ciclos de vida, arranjos familiares,

raça/etnia, religião, gênero e orientação sexual” (MDSCF, 2009, p.31).

Quando se trata de acolhimento institucional, caracterizado como equipamento

socioassistencial, este é previsto nos casos de proteção da integridade física e

psicológica de indivíduos que se encontram com os vínculos familiares fragilizados

e/ou rompidos.

No que se refere ao acolhimento infanto-juvenil, este deve proceder segundo os

critérios estabelecidos no Estatuto da Criança e do Adolescente, uma vez que estes

indivíduos se encontram em condição peculiar de desenvolvimento.

Ressalta-se que nos casos em que a criança ou adolescente encontrem-se

acolhidos, as ações para resolução do problema devem ser primordialmente

Page 20: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

20

voltadas à família de origem, e na impossibilidade de retorno a esta, a criança ou

adolescente é encaminhado para adoção, tendo em vista que a institucionalização

deve ser sempre provisória por entender-se que a família é o melhor local para o seu

pleno desenvolvimento.

2.1.1 O PRIMADO FAMILIAR NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Tradicionalmente a família tem sido considerada em seu núcleo como monogâmica,

ou seja, formada pelos pais e seus filhos, porém vêm ocorrendo mudanças em sua

configuração, novas formas de se organizar, que de acordo com Plano Nacional de

Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência

Familiar e Comunitária (2006, p. 30) “[...] estão diretamente relacionadas ao avanço

científico e tecnológico bem como às alterações vividas no contexto político, jurídico,

econômico, cultural e social no qual a família está inserida”.

Porém a família continua mantendo sua função de proteção e socialização. Nesse

sentido, afirmam os autores Bock, Furtado, Teixeira (2002, p. 249) “[...] A função

social atribuída à família é transmitir os valores que constituem a cultura, as ideias

dominantes em determinado momento histórico, isto é, educar as novas gerações

segundo padrões dominantes e hegemônicos de valores e condutas”.

Desde a concepção até o seu nascimento a criança necessita de ambiente favorável

para se desenvolver. Essas etapas devem ser marcadas por condições propícias

para que isso ocorra, em virtude da vulnerabilidade que a criança está exposta,

estando dependente daqueles que dela cuidam.

A família tem o papel de acolher e oferecer proteção para que isso ocorra. De

acordo com Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças

e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (2006, p. 28) “[...] A relação

afetiva estabelecida com a criança e os cuidados que recebe da família e na rede de

serviços, sobretudo nos primeiros anos de vida, tem consequências importantes

sobre sua condição de saúde e desenvolvimento físico e psicológico”.

Page 21: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

21

Na medida em que a criança vai se desenvolvendo estabelece novas relações, com

adultos e outras crianças, ampliando sua visão de mundo. Nesse aspecto, a família,

“[...] ao mesmo tempo em que se reproduzem as relações sociais, torna-se possível

instituir espaço de construção de valores e ideias que permitem a formação e

constituição de sociabilidade [...]” (MOTA, 2009, p. 206), pautados em regras e

limites.

Nesse processo de desenvolvimento, quando adolescente, este busca identificação

com outros grupos, bem como afirmar-se em sua autonomia. Segundo Plano

Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à

Convivência Familiar e Comunitária (2006, p. 30), nessa fase “[...] A família

permanece, todavia, como uma referência importante nesse momento em que o

adolescente movimenta-se do desconhecido ao conhecido, do novo ao familiar,

vivenciando a alternância entre independência e dependência, característica dessa

etapa”.

Portanto, se faz necessário a integralidade dos serviços socioassistenciais, dividindo

entre si responsabilidades nas ações destinadas à família, que segundo a

Tipificação Nacional da Assistência Social, Resolução nº109/2009 este “[...] consiste

no trabalho social com famílias, de caráter continuado, com a finalidade de fortalecer

a função protetiva das famílias, prevenir a ruptura de seus vínculos, promover seu

acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida”. (p.

06).

2.1.1.1 A FAMÍLIA NA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Após a aprovação da Política Nacional de Assistência Social, a família passa a ter

centralidade nas ações, que antes eram voltadas para indivíduos. As ações são

articuladas a fim de previnir situações de vulnerabilidades e risco, bem como o

rompimento dos vínculos familiares e comunitários.

Nesse sentido, o PAIF (Programa de Atenção Integral a Família), segundo a

Tipificação Nacional da Assistência Social, Resolução nº109/2009,

Page 22: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

22

[...] consiste no trabalho social com famílias, de caráter continuado, com a finalidade de fortalecer a função protetiva das famílias, prevenir a ruptura dos seus vínculos, promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida. Prevê o desenvolvimento de potencialidades e aquisições das famílias e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, por meio de ações de caráter preventivo, protetivo e proativo. (p. 06)

Todavia, quando a situação social em que as famílias se encontram extrapola a

atuação do PAIF, por se encontrarem em situação de violações de direitos ou com

os vínculos familiares e sociais rompidos ou fragilizados, essas necessitam dos

Serviços de Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade,

respectivamente.

2.1.2 ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL

O acolhimento institucional, modalidade de atendimento de Alta Complexidade

conforme descrito na Tipificação Nacional da Assistência Social, Resolução

nº109/2009, e previsto no Art. 90, Inciso IV do Ecriad (2010), tem por finalidade

oferecer medida protetiva a crianças e adolescentes, que por situações de violação

de direitos, necessitou ser afastado do núcleo familiar. Destaca-se que a medida tem

por caráter o:

Acolhimento provisório e excepcional para crianças e adolescentes de ambos os sexos, inclusive crianças e adolescentes com deficiência, sob medida de proteção (Art. 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente) e em situação de risco pessoal e social, cujas famílias ou responsáveis encontrem-se temporariamente impossibilitados de cumprir sua função de cuidado e proteção (MDSCF, 2009, p.32)

O Serviço de Acolhimento à Crianças e Adolescentes devem oferecer condições

necessárias ao seu pleno desenvolvimento, conforme previsto no Plano Nacional de

Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência

Familiar e Comunitária (2006):

[...] O desenvolvimento da criança e, mais tarde, do adolescente, caracteriza-se por intrincados processos biológicos, psicoafetivos, cognitivos e sociais que exigem do ambiente que os cerca, do ponto de

Page 23: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

23

vista material e humano, uma série de condições, respostas e

contrapartidas para realizar-se a contento (p. 28).

Desse modo “A organização do serviço deverá garantir privacidade, o respeito aos

costumes, às tradições e à diversidade de: ciclos de vida, arranjos familiares,

raça/etnia, religião, gênero e orientação sexual” (CNAS, 2009, p 30).

Ao tratar de institucionalização infanto-juvenil, é imprescindível a manutenção dos

vínculos familiares e comunitários, onde a criança e/o adolescente habitualmente

conviveu, permitindo que as relações sociofamiliares sejam mantidas, tendo em vista

o retorno dos mesmos para seu meio de origem.

Para tanto se faz necessário utilizar a rede sócioassistencial disponível na

municipalidade, visando à preservação dos vínculos familiares e comunitários,

primando pelo acolhimento provisório e excepcional.

2.2 MARCOS HISTÓRICOS E LEGAIS DA POLÍTICA DE ADOÇÃO

Na sociedade em que vivemos, onde os vínculos familiares e comunitários estão

fragilizados, quando os valores humanos estão se perdendo em virtude de uma

globalização exacerbada que fere qualquer princípio moral pessoal e social, é de

extrema urgência e relevância tratar do assunto adoção.

As crianças e adolescentes em situação de abandono marcam uma realidade cruel

no Brasil. A adoção é um assunto pouco discutido e pouco vivenciado pelos

brasileiros que ainda a veem com os olhos do preconceito como afirma Vaz (2008,

p. 147) onde “[...] Nossa sociedade continua preconceituosa, preocupada com

estereótipos, e não com a essência das pessoas”. Deste modo se faz necessário

que seja mais discutida, comentada, possibilitando a construção de uma nova

mentalidade sobre a questão.

A história nos mostra o quanto a criança foi abandonada, sujeita a toda sorte de

situação, sendo considerada propriedade dos adultos que davam-lhe o destino

Page 24: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

24

segundo seus interesses. Na Antiguidade, o filósofo Aristóteles a definiu com o

seguinte pensamento “[...] um filho e um escravo são propriedades dos pais e nada

do que se faça com sua propriedade é injusto, pois não pode haver injustiça com a

propriedade de alguém” (WEBER, 2007, p. 28). Com base nessa concepção, a

criança não era considerada um ser e sim um objeto a ser manipulado segundo os

interesses do adulto.

Na Idade Média, a família não possuía qualquer vínculo afetivo com sua prole, o que

caracterizava a criança era sua dependência de cuidados dos adultos. Passada

essa fase, por volta dos sete anos, eram encaminhadas para outras famílias e

iniciadas no mundo do trabalho. Quanto à educação “[...] era transmitida por um

mestre, não tendo a família nenhuma função efetiva de educação, afeto ou amor”

(BARROS, 1997 apud COELHO, 2007, p. 25), portanto não sendo possível a

caracterização de qualquer vínculo afetivo entre a criança e sua família.

A partir do século XVII começa a haver maior aproximação das famílias com as

crianças, porém as mais novas eram encaminhadas para localidades próximas a fim

de serem amamentadas por amas-de-leite. Ao se difundir a ideia de que as próprias

mães deveriam nutrir seus filhos, muitos continuaram entregues as amas-de-leite,

“[...] até o momento em que os progressos da higiene e da assepsia permitiram

utilizar sem riscos o leite animal” (ÁRIES, 1978, p. 237 apud WEBER, 2007, p. 29).

Posteriormente, a institucionalização de crianças foi concebida como proteção

Estado, sendo esta uma forma de separar a criança do convívio familiar e social com

o intuito protegê-las da delinquência, como afirma apud Coelho em Barros, (1997, p.

155, 2007, p. 28):

“[...] Faz-se assim necessário que se monte uma infra-estrutura de proteção, que evite que a criança sofra os “perigos do mundo” e que venha cometer o delito, pois se parte do princípio de que a criança é um ser inacabado, incompleto e desajustado”. (1997, p. 155, 2007, 28).

No Sec. XIII nasce a Roda dos Expostos, como forma de recolhimento de crianças.

Segundo Coelho tinha o propósito de:

Page 25: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

25

[...] unir o respeito à vida e o respeito à honra familiar; ou seja, evitar o abandono das crianças nas sarjetas, nas igrejas, nas portas das casas, onde muitas vezes, a criança morria antes que alguém a acudisse, e, ao mesmo tempo, criar possibilidade de romper o vínculo de origem da criança com seus genitores, sem lhes ferir a honra e as leis familiares: são os filhos do escândalo, os filhos adulterinos (2007, p. 32).

Com o discurso de que as famílias eram desprovidas do saber, dos cuidados com a

prole, em função do aumento do número de morte de crianças o Estado faz

intervenção em seu interior, através do Movimento Higienista, “[...] a intervenção

higiênica não possui um caráter menos controlador e dominador, e permanece

diretamente ligada aos interesses do Estado” (COELHO,2007, p. 36). Essa forma de

submissão surge com a intenção de proteger a família.

2.3 HISTÓRICO DA ADOÇÃO NO BRASIL

A história da adoção no Brasil perpassa por diversas fases que começam a ter

legitimidade a partir do Código Civil de 1917 até as regulamentações, hoje,

instituídas no Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990.

A adoção acontecia sem critérios, pautada em leis permissivas, que apenas

atendiam aos interesses, às vezes escusos, dos adotantes. Segundo Costa (1988)

predominava a “Adoção à brasileira”, sendo permitido às pessoas de qualquer

estado civil registrar como próprios os filhos dos outros, que perdurou até a

Constituição de 1988. Dessa forma, em primeira instância, a adoção era permitida

às pessoas maiores de 50 (cinquenta) anos que não tinham filhos (Código Civil de

1917).

Em 1957, o Código Civil estabelece a diferença mínima de 16 (dezesseis) anos de

idade entre o adotante e o adotado e o critério de adoção para casais após 05

(cinco) anos de casamento, eliminando a condição da pessoa não possuir filhos.

Em 1965, foi instituída a Lei 4.655 que permitiu a “legitimação adotiva” de crianças

maiores de 07 (sete) anos que já estivessem sob a guarda dos adotantes, antes de

completarem essa idade; dispensou o prazo de cinco anos de casamento, desde

que provada, por perícia médica, a esterilidade de um dos cônjuges; estabeleceu a

Page 26: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

26

irrevogabilidade da legitimação e o rompimento da relação de parentesco com a

família de origem e também o direito à modificação do prenome e do uso do nome

da família adotiva; ainda colocou o não direito à sucessão, caso o adotado viesse a

concorrer com o filho legítimo já havido antes da adoção (VARGAS, 1998, p. 24).

Vê-se claramente que, apesar de alguns direitos que passaram a beneficiar o

adotado, a discriminação e o preconceito ficam marcados ao colocar o desejo do

casal adotante, refém da condição de esterilidade de um dos cônjuges,

desrespeitando as partes envolvidas (adotante e adotado); outro aspecto que

merece destaque é a questão da sucessão quando expõe o sujeito adotado em

condições de desigualdade de direitos. No Código de Menores de 1979, Lei nº

6.697, introduziu a “plena adoção” em substituição à “legitimação adotiva” e admitiu

a adoção simples (VARGAS, 1998 , p. 24).

Em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente entra em vigor e a questão da

adoção passa a ser tratada com critérios que respeitam o princípio da proteção

integral à criança e ao adolescente e a observância das peculiaridades de cada

caso, quando é realizado acompanhamento dos adotantes e adotados por equipe

multidisciplinar (ECRIAD & Legislação Congênere, 2010, p.48), outro aspecto

relevante é a atenção dada aos trâmites legais que passam a ser observados com

maior rigor, apesar dos entraves da morosidade burocrática.

Assim, com a regulamentação do Estatuto da Criança e do Adolescente ficou

disciplinada a adoção de crianças e adolescentes, adotando critérios mais rigorosos

e condizentes com a realidade brasileira: passam a ter direito de adotar pessoas

maiores de 18 (dezoito) anos, independente do estado civil; a diferença de idade

entre adotados e adotantes continua 16 (dezesseis) anos, não podendo, no entanto,

adotar irmãos e avós do adotando; o interessado deve se submeter a parecer

técnico e judicial; e também fica garantida a preparação e acompanhamento por

técnicos que orientam criança e família (Vargas,1998, p. 25).

2.4 A POLÍTICA DE ADOÇÃO NO BRASIL: UM PROCESSO EM CONSTRUÇÃO

Page 27: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

27

Apesar dos avanços na legalização da adoção com o concomitante zelo pela

proteção à criança e ao adolescente, bem como da família adotante, percebe-se que

ainda temos um longo caminho a percorrer, sendo o principal deles a motivação à

prática da adoção sem preconceitos e discriminação, valorizando, além dos ideários

dos adotantes, o sentimento humanitário de atenuar a situação de abandono de

crianças e adolescentes.

Uma questão a ser pensada é se temos tantas crianças para serem adotadas e

casais querendo filhos, porque persiste a situação de abandono de tantas crianças.

Segundo Weber (2007, p. 77) “[...] A principal variável encontrada resume-se em

uma palavra: preconceito, seja ele consciente ou não.” Sendo o processo de adoção

carregado de medo, de um possível fracasso, dos “vícios” que uma criança pode

trazer consigo.

Nesse sentido, afirmam os autores Eiterrer, Silva, Marques (201, p. 18/19):

[...] que não é o nascimento biológico que garante o nascimento psicológico, educativo, cultural, econômico, social e familiar do indivíduo, mas sim o ato da nominação e do reconhecimento do sujeito que se configura num sentimento concreto de pertencimento a um grupo que o acolhe.

Destaca-se que o convívio familiar é fator preponderante para a formação humana

do sujeito, principalmente quando este se encontra em fase peculiar de

desenvolvimento, sendo esta na infância e na adolescência. Na impossibilidade da

sua permanência na família de origem, a família substituta vem ocupar este espaço

fundamental.

Assim, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECRIAD & Legislação Congênere

(2010), em seu art.19, prevê que:

Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. (p.44)

Page 28: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

28

Em se tratando da excepcionalidade mencionada, a redação dada à nova Lei de

Adoção1 nº 12.010/2009, no seu art. 50, reforça que “A autoridade judiciária

manterá, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes

em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção”.

(ECRIAD, 2010, p.49)

O mesmo instrumento legal, no seu art. 28, parágrafo 5º diz que:

A colocação da criança ou adolescente em família substituta será precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar.

Este aspecto torna possível o contato direto com a família substitutiva, auxiliando-a

no processo de adoção e permanência da criança e/ou adolescente, resguardando

os direitos do adotado ao convívio familiar adequado.

2.4.1 O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES DE ACOLHIMENTO ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES

A história mostra a realidade de abandono pela qual passaram as crianças no Brasil.

As formas de proteção pensadas para dar solução a esse abandono sempre foi o da

segregação, da institucionalização. As formas utilizadas tinham por finalidade

primeira separá-la do convívio social que o da proteção.

O Brasil possui um dos menores índices de desenvolvimento social do mundo. Os

dados atuais revelam que “[...] os 40% mais pobres da população ganham o

equivalente a 8% da renda nacional; os 20% mais ricos ganham 64%” (WEBER,

2007, P. 57).

As mães que abandonam seus filhos também foram abandonadas pelos poderes

constituídos, aspecto este ressaltado por Weber “[...] Elas fazem parte de um

1 DISPÕE SOBRE O APERFEIÇOAMENTO DA SISTEMÁTICA PREVISTA PARA A GARANTIA DO DIREITO À

CONVIVÊNCIA FAMILIAR A TODAS AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES, NA FORMA PREVISTA PELA LEI Nº 8.069/90 –

ECRIAD.

Page 29: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

29

enorme contingente de uma população que não tem acesso aos bens socioculturais

e nem aos meios de produção necessários a sua sobrevivência” (2007, p. 58).

É neste contexto de exclusão que em sua maioria, as crianças são encaminhadas

para instituições. Segundo Coelho, “[...] firmam, com todas as letras que querem

punir os pais” (2007, p. 114). Nesse aspecto, a medida deixa de ter o caráter de

proteção e passa a ser de punição.

Antes que ocorra a institucionalização, é necessário que os órgãos de defesa

assistam essas famílias no que tange a garantia dos direitos, oferecendo condições

para que vivam de forma mais digna e como tal “[...] inseri-las em programas

assistenciais e acompanhar o resultado de cada uma das tentativas, sempre

avaliando as estratégias e modificando-as quando necessário” (COELHO, 2007,

p.116).

Uma vez que a medida de acolhimento foi indicada, não se deve pensar que o

problema foi resolvido e permitir que a criança seja esquecida, é necessário também

que suas necessidades sejam discutidas, conforme aponta Coelho (2007):

[...] respeito, expressão, liberdade [...] De forma a ultrapassar certas posturas que acreditam que basta “recolher” crianças para que estas tenham uma vida digna e que, com esse comportamento, formarão famílias melhores, que almejam alcançar um modelo historicamente falido. (p. 117)

O empenho a fim de que este espaço não seja transformado em clausura permeia

todo o trabalho desenvolvido nas instituições de acolhimento. Coelho (2007) observa

que:

[...] A postura do profissional que atende, seja de dentro ou fora da instituição, pode definir a relação que vai se formar nesse encontro. Ou seja, mesmo que o abrigo permaneça funcionando e que crianças sejam levadas a ele, pode-se construir relações desde que se considerem o respeito aos direitos, à democracia. Crianças em abrigos não são necessariamente infelizes, assim como crianças em famílias não são necessariamente felizes. Para que o abrigo entre em sintonia com os direitos da criança, ele deve ter em vista a manutenção (ou a construção) da autonomia. (p. 119)

Page 30: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

30

O Estatuto da Criança e do Adolescente (2010) em seu art. 4º diz:

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (p. 387)

Ou seja, os instrumentos legais trazem em seu conteúdo mecanismos para a

construção de autonomia, haja visto que:

[...] A intervenção não precisa ser de recolhimento da criança, pode ser de desenvolvimento da capacidade de produzir vida, pode ser a própria produção de bons encontros, de reinventar a vida, de dar sentidos à vida familiar e social. (COELHO, 2007, p.121).

2.4.2 GRUPOS DE APOIO A ADOÇÃO

A fim de desmistificar mitos e preconceitos relacionados ao ato de adotar uma

criança e/ou adolescente, são desenvolvidos pela sociedade civil organizada os

Grupos de Apoio a Adoção, composta por pais adotivos em parceria com a equipe

técnica da Vara da Infância e da Juventude. O principal objetivo no desenvolvimento

destes grupos baseia-se em “[...] divulgar a adoção, prevenir o abandono, preparar

adotantes e acompanhar pais adotivos, encaminhar crianças para adoção e, de

maneira ampla, conscientizar a população sobre adoção”. (Weber, pg. 80), baseado

no que preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente de que o interesse maior é

sempre o da criança.

Basicamente, o trabalho realizado é educativo e pedagógico como afirma Weber

(2007) cujas atividades se baseiam em atender pessoas e fornecer informações

sobre o processo de adoção; indicar literaturas pertinentes ao assunto a fim de

subsidiar as famílias com informações; editar boletins informativos de forma gratuita;

promover palestras nas variadas áreas do conhecimento, com profissionais

voluntários; atender individualmente as particularidades demandadas e dificuldades

vivenciadas.

Page 31: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

31

Pesquisas apontam que a preparação e o acompanhamento dos pais adotantes é de

fundamental importância para a aceitação tanto da família substituta, quanto da

criança e/ou adolescente adotada. É importante destacar que ela é compreendida de

maneiras distintas entre as partes, como afirma Weber (2007, p. 109).

[...] 55% dos pais que nunca tiveram contato com grupos de adoção responderam que não acham importantes estes grupos “porque ser pai e mãe é natural”, 65% dos filhos pensam ser necessárias estratégias como campanhas e reuniões de pais e filhos adotivos.

Nota-se que para os filhos, esse processo é indispensável para a eficácia da

adoção, e ao mesmo tempo os pais afirmam a naturalidade em aceitar afetivamente

os filhos não consanguíneos. Sendo assim, os Grupos possibilitam o

desenvolvimento natural da adoção, trazendo novos olhares acerca da discussão e

ao mesmo tempo minimizando a incidência de transtornos decorrentes da futura

relação com a família substituta.

Portanto, para além da concepção pessoal de cada cidadão ou organização social

instituída, o Estado brasileiro precisa investir numa política de atenção à adoção,

reforçando o que prevê o Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do

Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (2006, p.

68):

Isso pressupõe o investimento na conscientização e sensibilização da sociedade acerca desse direito das crianças e adolescentes e no desenvolvimento de metodologias adequadas para a busca ativa de famílias adotantes. Trata-se, portanto, de investir para que a adoção seja o encontro dos desejos e prioridades da criança e do adolescente com os desejos e prioridades dos adotantes e ocorra em consonância com os procedimentos legais previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente.

Sem conhecimento, sem mobilização, sem apoio e tendo um caminho recheado de

percalços e morosidade para adotar uma criança, não é comum ver brasileiros

adotando crianças e adolescentes que necessitam estabelecer e restabelecer os

laços afetivos e familiares.

Page 32: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

32

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DO ESTUDO DE CASO

Como resultado da pesquisa realizada através de entrevista e da leitura de

literaturas pertinentes ao tema adoção, pode-se dizer que o Estudo de Caso do

casal adotante de duas crianças gêmeas e num segundo momento uma terceira

criança, na cidade de Jaguaré-ES, permitiu desmistificar alguns aspectos da prática

da adoção, mas também confirmar teorias já existentes. Na pesquisa de campo, a

abordagem ocorreu com os pais adotantes, sendo na ocasião definidos como

Entrevistado 1, a mãe e Entrevistado 2, o pai, com idades de 46 anos e 39 anos

respectivamente.

Quanto ao critério motivador da adoção, relataram que este era um projeto de vida

pessoal de cada um e ao se conhecerem “juntaram as ideias”. O genitor afirma que

o fato de ter estudado por seis anos em uma instituição religiosa o preparou, como

também reforçou suas convicções quanto à adoção e mesmo que tivesse se tornado

um religioso, ainda assim adotaria uma criança. A mãe trouxe consigo para essa

união uma filha com quatorze anos de idade. A intenção do casal era primeiramente

ter um filho biológico para então adotar. A gravidez aconteceu, por três vezes, com

consequente aborto. Assim, decidiram partir para adoção, que foram dois meninos

gêmeos. Após cinco meses passados da adoção aconteceu outra gravidez e assim

tiveram um filho biológico.

Passados dez anos, o casal relata que tiveram o desejo de ter outro filho. Não seria

conveniente esperar em função da própria idade, “[...] enquanto ainda possuíamos

vitalidade e as crianças estavam crescidas, possibilitando que não houvesse muita

diferença de idade entre as mesmas”(Entrevistado 1). De comum acordo decidiram

que aquele era o momento.

Questionados quanto às providências dadas a partir da decisão em adotar, relatam

que no primeiro caso não houve escolha da criança. Procuraram o Conselho

Tutelar2, pois naquela época, há dez anos, apesar dos avanços preconizados no

Estatuto da Criança e do Adolescente e na própria forma do poder judiciário se

organizar, ainda não existiam as instituições de acolhimento no município, nem o

2 O CONSELHO TUTELAR É UM ÓRGÃO ENCARREGADO PELA SOCIEDADE DE ZELAR PELO CUMPRIMENTO DOS

DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, CONFORME ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - ECRIAD (2010).

Page 33: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

33

processo de habilitação para adotantes. Tais instituições são responsáveis em “[...]

prestar plena assistência à criança e ao adolescente, oferecendo-lhes acolhida,

cuidado e espaço para socialização e desenvolvimento”. (BRASIL, 2006, p.40)

Assim feito, dois meses depois foram informados da decisão judicial em retirar da

família de origem3 duas crianças gêmeas, com um ano de idade. No primeiro

momento acolheram as crianças “[...] nosso intuito era resguardá-las da violação

sofrida, o que nos motivou num outro momento, a dar entrada no pedido de adoção”

(Entrevista 1).

Neste aspecto Coelho (2007, p. 85) afirma que:

As medidas de proteção são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos no ECRIAD forem ameaçadas ou violados por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsáveis e/ou em razão da conduta da própria criança/ adolescente.

A assistência recebida foi um “breve acompanhamento com um assistente social e o

promotor onde nos deu as devidas orientações” (Entrevistado 2), quanto aos

procedimentos legais bem como as implicações de uma decisão como esta. Na

sequência providenciaram os trâmites processuais, sendo este efetivado dois anos e

quatro meses depois.

Ainda no quesito providências, a partir da ideia amadurecida sobre uma segunda

adoção, procuraram o judiciário da Comarca de Jaguaré - ES para inscrição no

cadastro e consequente habilitação, conforme preconizado pela Lei nº 12.010/2009,

no seu art. 50, “A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional,

um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de

pessoas interessadas na adoção”. (ECRIAD, 2010, p.49). Nesse momento a opção

era de uma menina, pois o genitor trazia consigo esse desejo.

Isso se deu em dezembro de 2010. Foram então submetidos a parecer técnico e

judicial, bem como a preparação e acompanhamento por técnicos que orientaram a

criança e a família, segundo estabelecido no ECRIAD, art. 50, § 3º, p. 49:

3 SEGUNDO ART. 22 DO ECRIAD, A PERDA DA GUARDA FAMILIAR SE DEVE AO DESCUMPRIMENTO DAS

OBRIGAÇÕES DE SUSTENTO, GUARDA E EDUCAÇÃO DOS FILHOS MENORES.

Page 34: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

34

A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um período de

preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe técnica da

Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos

técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do

direito à convivência familiar.

Após habilitação, em junho de 2011 o casal foi comunicado de uma menina com

idade de um ano e três meses, apta a adoção, que se encontrava institucionalizada

no Abrigo “Casa Lar Sonho de Criança” de Jaguaré.

No que concerne à convivência estabelecida entre as crianças adotadas e as já

oriundas do casamento, bem como os vínculos formados e a aceitação entre estes,

foi relatado que por ocasião da adoção dos gêmeos, a filha mais velha contava com

dezessete anos de idade. Disseram “as coisas aconteceram naturalmente, incluindo

a colaboração nos cuidados dos meninos, uma vez que apresentavam sérios

problemas de saúde” (Entrevistado 1).

Segundo Souza (2009, p. 53) no que se refere à adoção em famílias que já possuem

filhos biológicos, ela afirma que “[...] deve haver muita prudência e atenção para que

o filho adotivo não seja excluído e para que o filho biológico não sinta ciúme do

outro, julgando superprotegido”.

Quanto à segunda situação, houve preparo gradativo das crianças para a chegada

de uma irmã, a partir do momento que realizaram a inscrição para adoção. Estavam

convictos de que a opção era por menina. Houve um pouco de resistência da filha

mais velha, preocupada com a situação financeira da família, já que esta contava

então com quatro filhos, porém, quando o fato se concretizou, “adotou totalmente a

irmã”, sendo hoje uma referência para a criança na satisfação de suas

necessidades. Em relação aos gêmeos a aceitação foi total, bem como a relação

destes com o filho do casal. Em se tratando do filho biológico, até o ato da adoção

da menina era o mais novo e com uma ligação intensa com a mãe, o que gerou

muito “ciúmes”, mas em condições de ser “administrado”, relataram. Conforme

orienta Souza (2009, p. 54):

Page 35: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

35

Se o casal já tem filhos crescidos e for adotar uma criança, deve prepará-

los para a vinda desse novo irmão. Com diálogo aberto, fazê-los

compreender o que significa isso, tornando-os participantes de tudo.

Essa atitude despertará carinho e fará com que também se sintam

responsáveis pelo novo irmão.

Ampliando esse círculo de relações, foi questionado como este se deu com os

familiares e amigos da família. Em relação à avó paterna, o Entrevistado 2 relatou

que a mesma mostrou preocupação, considerando uma “loucura”. Acredita que esta

reação se deve ao fato da mesma ter tido a experiência de “criar” 12 filhos, incluindo

dois não biológicos, sem a presença e colaboração do pai destes. Porém, no

primeiro contato estabelecido com as crianças, a aceitação foi total, afirmando que

se esse era um desejo do filho, a família o “apoiava”.

Em relação aos parentes maternos, a avó ficou preocupada porque as crianças

eram muito doentes e um dos gêmeos poderia não sobreviver, o que levaria os pais

a uma situação de sofrimento. Porém, a aceitação foi irrestrita, todos adotaram. O

Entrevistado 2 salienta a importância desse apoio dos familiares e diz que ao ser

questionado sobre questões de adoção, orienta que o primeiro passo é “sentar com

os familiares para que todos compartilhem da ideia”. Disseram ainda que na adoção

da menina a conduta também foi de aceitação.

Relatam que a solidariedade recebida dos amigos foi de fundamental importância.

Esta se deu em forma de incentivo e mesmo ajuda material. Até hoje as crianças

são presenteadas por amigos, que acompanharam todos esses anos o desenrolar

dos acontecimentos. Em se tratando da segunda adoção, muitos consideraram uma

“loucura”, ao mesmo tempo em que admiram a disponibilidade e o desprendimento

do casal.

Avaliando todo o processo, entendem que na primeira adoção não tiveram

dificuldades para receber as crianças, “simplesmente chegaram”. Na sequência

foram acompanhando e aguardando o desenrolar dos acontecimentos. Ao mesmo

tempo em que sentiam certa tranquilidade, pois a mãe biológica não compareceu em

nenhuma das audiências programadas, sentiam “angústia” pela demora da

Page 36: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

36

conclusão do processo, o qual se deu dois anos e quatro meses após ser

protocolado no judiciário.

Já na segunda adoção aguardaram mais ou menos seis meses desde o momento

da inscrição até a chegada da criança, que já completa um ano de sua inserção na

família. O sentimento presente no momento também é de “angústia”, bem como

“medo” de uma possível perda, já que os vínculos afetivos foram estabelecidos, mas

efetivamente a adoção não se concretizou.

Após esse tempo não houve sequer uma audiência. Pelo fato da mãe biológica

residir no mesmo município, ficam cientes de algumas falas da mesma, da

insatisfação pela perda da criança e que pretende reavê-la. Apesar de conviverem

com esse tipo de situação, ambos os entrevistados informaram que não houve

‘receio’ quanto à adoção local, questionamento este, feito por pessoas que convivem

com o casal.

De acordo com Souza (2009, p. 30) “O distanciamento da família de origem dará

maior espontaneidade e confiança aos pais adotivos com o afastamento da hipótese

de prováveis encontros”, não sendo este fator limitante para o casal em questão.

Souza reforça ainda que “[...] os direitos dos novos pais estão assegurados e

protegidos pela lei onde, em geral, os doadores se comprometem a interromper os

contatos, dando segurança e serenidade a nova família estabelecida” (p.30-31). Isso

se deve ao fato de que a família de origem e a criança foram acompanhadas por

uma equipe interdisciplinar, o que resultou na indicação para proceder à adoção.

Através da experiência vivenciada, foi solicitada uma avaliação sobre a Política

Nacional de Adoção4 existente. Acreditam que esta é “muito burocrática e morosa”.

Em função disso, quando crianças são institucionalizadas acabam crescendo e

perdendo oportunidades, pois todos querem adotar bebês, afirmam. O Entrevistado

2 reforça que “Que existe adoção para crianças saudáveis, os doentes não são

adotados”. O Entrevistado 1 diz que os candidatos a adoção “Trocam o termo

adoção por escolha”. Diante disso entendem que os casais deveriam ser melhor

preparados para “enxergar além”.

4 A POLÍTICA NACIONAL DE ADOÇÃO FOI CRIADA COM INTUITO DE ORGANIZAR, NORMATIZAR E ORIENTAR TODO

PROCESSO DE ADOÇÃO.

Page 37: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

37

Outra questão abordada pela mãe foi de que deveria haver uma política direcionada

à famílias que pudessem receber crianças deficientes, incluindo auxílio financeiro.

Cita como exemplo o seu próprio caso, pois ao preencher o formulário para inscrição

no judiciário, diante das opções possíveis, assinalou restrição para crianças com

deficiência física e mental, por entender que o fato de ter outros filhos e precisar

trabalhar dificultaria receber uma criança com deficiência.

Quanto às políticas existentes, especificamente da saúde da qual necessitaram,

consideram que funciona com grande deficiência, pois dependiam de alguns exames

e avaliações com certa urgência, entretanto, após esperar por muito tempo não

foram atendidos. Finalmente resolveram buscar atendimento privado, garantindo

assim maior rapidez no atendimento.

Relataram que a experiência da adoção é “inigualável, a afetividade é muito grande”.

Disseram que é comum alguém dizer “mas não é seu filho”, retrucam dizendo “é

sim”. O pai afirma que não compreende a experiência como adoção, considera que

foi um nascimento mesmo, tendo dificuldades em explicar esse sentimento. Acredita

que esse processo foi mais formativo para sua vida que os anos passados na

instituição religiosa, apesar desta tê-lo preparado para tal.

A mãe disse que esta tem sido uma das melhores experiências de sua vida, que o

amor flui instantaneamente, não consegue imaginar um futuro sem as crianças. O

Entrevistado 1 menciona que “desde já planeja o futuro dos filhos, quanto à

educação, sua formação enquanto cidadãos e procuram dar o melhor exemplo

enquanto pais”. Já o Entrevistado 2 afirma que “considero de fundamental

importância o casal estar preparado psicologicamente, emocionalmente e

espiritualmente para assumir uma decisão tão importante” que é a adoção.

A partir do histórico do casal, foi perguntado sobre a possibilidade em realizar outra

adoção. O Entrevistado 1 informou que:

O desejo existe, caso apareça uma criança em sua porta não se recusaria, porém é de comum acordo que precisam de tempo para os filhos e também para o casal. Como os filhos estão crescendo suas necessidades são outras, o que os levam a pensar num equilíbrio financeiro, pois entendem que adoção não é só registrar, dar um nome, mas assisti-los em suas necessidades.

Page 38: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

38

Como relata Weber (2007, p. 131) “Parece existir uma variável muito poderosa neste

processo, uma experiência emocional muito forte e que até é capaz de transformar

as ‘inadequações’: as pessoas se apaixonam”.

Contudo, os entrevistados 1 e 2 demonstraram satisfação pela iniciativa de adotar

seus filhos, mesmo que no início tenham vivenciado alguns preconceitos pela

sociedade, todavia hoje veem o fato como uma algo “indescritível para suas vidas”.

Page 39: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

39

4 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO

4.1 CONCLUSÃO

Ao final da pesquisa, conclui-se que a questão da adoção ainda é tratada de forma

preconceituosa, entendida pela via do senso comum, ou seja, algo em que se

acredita e se perpetua mesmo sem qualquer comprovação que fundamente essa

ideia, prevalecendo assim os anseios e ideais imagináveis dos adotantes.

Porém, se nos atentarmos para o fato que o preconceito é algo aprendido nas

relações sociais, podemos compreender que o mesmo pode ser modificado (Weber,

2007). Faz-se urgente, portanto, construir uma cultura que venha atender as

necessidades das crianças em situação de abandono, que aguardam sua inserção

em um novo contexto familiar.

O estudo de caso realizado confirma que apesar da adoção ainda estar envolta de

preconceitos, especulações e, muitas vezes, olhada sob um ponto de vista negativo,

essa prática, além de proporcionar a construção de novas relações sociais positivas,

tanto para o adotante como para o adotado, vem ainda imbuída de um sentimento

humanitário, embora não consciente e explícito.

Aspectos relevantes precisam ser considerados por aqueles que veem na adoção uma

ação humanitária, capaz de modificar a realidade de meninos e meninas brasileiros,

minimizando os entraves de uma sociedade que nega seus conflitos sociais,

desconsiderando que a desigualdade social associada a desagregação familiar são

fatores preponderantes para o abandono de tantas crianças em nossa sociedade.

A pesquisa aponta ainda a necessidade de maior preparação dos pais adotantes no

que se refere ao processo adotivo, levando-os a ter segurança da decisão tomada,

bem como na garantia que o interesse da criança seja resguardado, a partir do

entendimento que os laços consanguíneos não garantem o afeto entre seus

membros, estes precisam ser construídos, conquistados. Se o amor fosse algo

intrínseco nas relações sanguineas não haveria em nossa sociedade tanto

abandono e violência contra crianças.

Page 40: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

40

Os critérios adotados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como à nova

Lei de Adoção nº 12.010/2009, em vigência, precisam ser colocados em prática,

acompanhados de uma política de atenção à adoção. O Estado precisa assumir a

responsabilidade em investir numa política pública de incentivo à adoção, apoio às

iniciativas públicas e privadas e na adoção de um regime judicial menos

burocratizado. Nessa perspectiva, outras organizações sociais têm um importante

papel na construção desse novo olhar sobre a questão da adoção, pois os fins

humanitários que envolvem esta causa não alcançaram o imaginário de uma

sociedade que tem na adoção uma conotação desaprovada pelo convencionalismo.

Assim, a desmistificação de preconceitos, aliada a uma política efetiva de atenção à

adoção, contribuirão para a adoção de um maior número de crianças e

adolescentes, não permitindo que fiquem reféns de situações de descaso e, muitas

vezes, até de violência de toda sorte.

4.2 RECOMENDAÇÕES

Após a realização deste trabalho, percebeu-se a necessidade da efetivação da Lei

12.010/2009, que dispõe sobre o aperfeiçoamento da sistemática prevista para a

garantia do direito à convivência familiar a todas as crianças e adolescentes,

principalmente no que tange ao acompanhamento por equipe interdisciplinar durante

o processo de habilitação, pois, dessa forma, as famílias teriam mais informação e

consequente segurança sobre o processo de adoção, estando mais preparados em

assumir o que desejam.

No que se refere ao tema abordado, indica-se que ele seja amplamente discutido

tanto no meio acadêmico, quanto pela sociedade, contribuindo assim para redução

do preconceito em relação à adoção, pois não são os decretos ou leis que por si só

irão mudar as concepções e posicionamentos de uma sociedade.

Recomenda-se ainda novos estudos envolvendo famílias adotivas, levando-se em

consideração outras realidades, outras regiões, possibilitando assim confrontar

dados obtidos a partir experiências diversas.

Page 41: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

41

REFERÊNCIAS

1. BOCK, Ana Mercês Bahia; Furtado Odair; Teixeira Maria de Loudes Trassi. Psicologias. Uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 2002. 2. BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas. Brasília, 05 de Outubro de 1988. 3. BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente & Legislação Congêneres. Vitória: Ministério Público do Estado do Espírito Santo, 2010. 4. BRASIL, Lei nº 8.742, de 07 e Dezembro de 1993. Lei Orgânica da Assistência Social. Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social, Brasília, 2009. 5. BRASIL, Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária. Brasília, DF: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Conanda, 2006. 6. COELHO, Denise Carla Goldner. Lobo em pele de cordeiro – manicômios do contemporâneo: uma contribuição para se pensar abrigos de crianças. Serra; ES: Formar, 2007. 7. Corregedoria Geral da Justiça do Estado do Espírito Santo. Comissão Estadual Judicária de Adoção - CEJA. Disponível em: http://www.cgj.es.gov.br/conteudo.aspx?tp=a&id=23. Acesso em: 22 jun. 2012. 8. EITERRER, Carmem; SILVA, Ceris Salete Ribas da Silva; MARQUES, Walter Ude. Preconceito Contra a Filiação Adotiva. São Paulo: Cortez, 2011. 9. GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas S.A, 2006. 10. LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. São Paulo: Atlas S.A, 2011. 11. LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Atlas S.A, 2006. 12. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Tipificação Nacional da Assistência Social, Resolução nº109, de 11 de novembro de 2009.

13. MOTA, Ana Elizabete. O Mito da Assistência Social: ensaios sobre Estado, Política e Sociedade. São Paulo: Cortez, 2009. 14. SOUZA, Hália Pauliv de. ADOÇÃO É DOAÇÃO. Curitiba: Juruá, 2009. 15. VARGAS, M.M. Adoção Tardia. Da Família Sonhada à Família Possível. Casa do Psicólogo: São Paulo, 1998. 16. VAZ, Regina. Filho do Coração. Osaco - SP: Novo Século, 2008. 17. WEBER, Lídia Dobrianskyj. Laços de Ternura. Curitiba: Juruá, 2007.

Page 42: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

42

APENDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Título do Trabalho de Conclusão de Curso: O PROCESSO DE ADOÇÃO: ESTUDO DE

CASO DE UMA FAMÍLIA ADOTANTE

Pesquisadora: Ana Maria Brioschi

Você está sendo convidado (a) a participar da pesquisa: O PROCESSO DE ADOÇÃO:

ESTUDO DE CASO DE UMA FAMÍLIA ADOTANTE. Sua participação nesta pesquisa será

através das respostas do roteiro de entrevista, bem como das garantias que lhe serão

atribuídas, ou seja:

1. Solicitar, a qualquer tempo, maiores esclarecimentos sobre esta pesquisa;

2. Sigilo absoluto sobre nomes, apelidos, datas de nascimento; bem como quaisquer

outras informações que possam levar a identificação pessoal;

3. Ampla possibilidade de negar-se a responder quaisquer questões ou a fornecer

informações que julguem prejudiciais à sua integridade física, moral e social;

4. Opção de solicitar que determinadas falas e/ou declarações não sejam incluídas em

nenhum documento oficial, o que será prontamente atendido.

É importante ressaltar que a sua participação nesta pesquisa não lhe trará possíveis

riscos, bem como benefícios pessoais. Entretanto sua participação possibilitará produzir

conhecimentos em relação ao tema estudado.

Os participantes da pesquisa deverão ficar cientes também que uma cópia deste Termo

permanecerá arquivado no Curso de Serviço Social da Faculdade Norte Capixaba de

São Mateus – UNISAM, ficando outra cópia com os participantes da pesquisa. Vale

ainda ressaltar que os participantes poderão buscar esclarecimentos acerca da pesquisa

antes e durante a realização. Sendo desta forma:

Eu,_____________________________________________e______________________

_______________________________ - declaramos estar ciente das informações

constantes neste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, bem como os objetivos e

a metodologia que serão utilizadas na pesquisa.

Jaguaré (ES) _______, de__________________de__________.

Assinaturas:

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

Page 43: Monografia Ana Maria Brioschi Curso de Assistente Social

43

APENDICE B - ROTEIRO PARA PESQUISA DE CAMPO

1 – O que os motivou a realizar a adoção?

2 – A partir da decisão de adotar, quais as providências foram tomadas?

3 – Por se tratar de um casal que já possuía filhos, como foi a aceitação desses filhos no

processo e a formação de vínculos entre estes?

4 – Ampliando este círculo de convivência, como se deu a aceitação dos familiares e amigos

que convivem com o casal?

5 – Quais foram as principais dificuldades encontradas, antes, durante e depois do processo

de adoção?

6 – Avaliando a política de adoção existente, o que vocês pensam sobre a mesma,

incentivando assim outros casais a se decidirem pela adoção?

7 – O que a adoção significou para a vida de vocês?

8 – Vocês se veem adotando outra criança?