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ROBERTO REIS ALVES
MONITORAMENTO EVOLUTIVO DE SEÇÕES TRANSVERSAIS: ANÁLISE ESTATÍSTICO-
MORFOMÉTRICA DE PERDA DE SOLO E DA QUALIDADE DA ÁGUA EM VOÇOROCA NO
MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA-MG
Dissertação apresentada ao programa de Pós-
graduação em Geografia da Universidade Federal
de Uberlândia, como requisito parcial à obtenção do
título de mestre em Geografia.
Área de Concentração: Análise e Planejamento
Sócio-Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. Silvio Carlos Rodrigues
UBERLÂNDIA (MG)
INSTITUTO DE GEOGRAFIA
2005
Livros Grátis
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Roberto Reis Alves
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-
Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no
Município de Uberlândia-MG
Prof. Dr. Silvio Carlos Rodrigues (Orientador)
Prof. PhD. Antônio J. Teixeira Guerra
Prof. Dr. Douglas Gomes dos Santos
Data: ______/_________ de ___________
RESULTADO: _____________________________________
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A Deus, a minha esposa e a minha família
pelo incentivo nas horas difíceis,
pela paciência e amor a todo instante.
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AGRADECIMENTOS
Na conclusão deste trabalho, tenho de agradecer àqueles que contribuíram direta ou indiretamente para o bom desempenho da minha vida acadêmica e para o desenvolvimento da pesquisa. Desde já agradeço a todos e aqui ressaltarei algumas pessoas: À Gerciane pela compreensão durante os momentos em que tive de me dedicar mais a pesquisa que a ela, pela amizade, carinho e acima de tudo pelo amor. Aos meus pais e irmãos pelo incentivo aos estudos, pelo amor, pela paciência, pela vida e em especial ao meu pai que contribuiu diretamente transportando-nos durante toda a pesquisa e ao meu irmão Ricardo pela ajuda no primeiro ano do trabalho.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Silvio Carlos Rodrigues, pelo seu profissionalismo, por seus ensinamentos, amizade, paciência e como não poderia deixar de esquecer dos trabalhos de campo dentro e fora do país. Meus sinceros agradecimentos a Prof. PhD. Antônio J. Teixeira Guerra e o Prof. Dr. Douglas Gomes dos Santos por aceitarem participar da banca e por suas considerações que tenho certeza, serão para agregar mais valores científicos ao trabalho. Meus sinceros agradecimentos ao Prof. Dr. Ednaldo Carvalho Guimarães pelo auxílio com os dados estatísticos. Ao amigo e companheiro de tradagens Prof. Mest. Antônio Carias Frascoli, por sua ajuda que foi muito importante no desenvolvimento da pesquisa. Aos meus amigos do LAGES (Laboratório de Geomorfologia e Erosão de Solos), pelo companheirismo e amizade mostrados diariamente, em especial a Luciane e Ivone, companheiras também do mestrado. Aos meus amigos técnicos do LAGES, Malaquias e Rosângela pelo trabalho de análise laboratorial, prontos a nos atender sempre que precisei e principalmente por suas grandes amizades. Enfim, agradeço a Deus e a minha mãe pela saúde e por estar aqui agradecendo a todos vocês, sinal de que estou encerrando um estágio e iniciando uma grande etapa da vida para novas superações e desafios.
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"Grandes realizações são possíveis quando se dá importância aos pequenos começos" (Lao Tsé)
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Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-
Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
Palavras-chave: voçoroca; seções transversais; perda de solo; morfometria;
qualidade da água
A área de estudo localiza-se no município de Uberlândia em Minas Gerais,
nas seguintes coordenadas 788237 e 7903448 com altitude de 857m. O relevo
apresenta formas suaves com pouca inclinação. Os solos são arenosos, ácidos e
pouco coesivos, com presença de turfeiras, e existe na alta vertente uma forte
influência hidromórfica. Pela classificação de Köpper, o clima predominante na
região é o Cw, tipo tropical semi-úmido, com temperatura média de 23°C, com
médias pluviométricas entre 1300 e 1700mm.
A pesquisa consiste no monitoramento por estaqueamento em nível por meio
de perfilagens em sessões transversais ao longo do corpo da voçoroca, e também
acompanhamento do recuo de cabeceira, mostrando graficamente a dinâmica
evolutiva das paredes laterais, do alargamento e de aprofundamento da voçoroca.
Foram estabelecidos três Seções transversais: Montante, Intermediária e Jusante,
as quais foram medidas numa média de 17 em 17 dias de 2002 a 2004.
A técnica de monitoramento consiste em estender uma corda subdividida em
intervalos de 20cm, com cores diferenciadas amarradas junto às estacas, permitindo
assim o deslocamento de uma régua retrátil de metalon (5m) com uma trena fixada
ao longo da mesma. Os dados permitiram análises estatístico-morfométrica da
evolução do processo erosivo e além desses abordamos ainda aspectos como perda
de sedimentos e qualidade da água.
Uma das análises feitas foi a da evolução do volume, no início das medições
alterou de 245,96 m3 para 257,59 m3, sofrendo poucas modificações na estação
seca, com retorno da atividade erosiva no período chuvoso, quando o volume
evoluiu de 274,11 m3 em meados do mês de setembro de 2002 para 329,40 m3 no
fim do mês de abril de 2004, houve uma variação total ao longo dos 26 meses de
83,44 m3. Pretendemos com este trabalho saber sobre a evolução da voçoroca e a
conseqüente perda de sedimentos carreados e seus impactos sobre os recursos
hídricos.
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Monitoring Evolution of Cross-Section: Analysis Statistic-Morfometric of the
Loss Soil and Quality Water In The Gully from Uberlândia’s City (Central Brazil’s Savanna)
Key Words: gully; cross-section; loss soil; statistic-morfometric; quality water
The study area is situated in Uberlândia´s city (Minas Gerais), the following
coordinate 788237 and 7903448 with altitude of 857m. The relief presents soft forms
with little inclination. The ground are arenaceous, acid and little coesivs, with
presence of peat bogs, and exist in the high source one strong hidromorfic (gley)
influence. For the classification of Köpper, the predominant climate in region is Cw,
half-humid tropical type, with average temperature of 23°C, rainy averages between
1300 and 1700mm. The research consists of the monitoring for stake in level by
means of cross-section in three sessions to the long one of the body of gully (urban),
and also accompaniment of the headboard, showing graphically the evolution
dynamics of the sidewalls, the widening and deepening of gully.
Three Cross-section: Upstream, Intermediate and donwstream tide had been
established, which had been measured in a average of 17 in 17 days of 2002 at until
2004. The monitoring technique consists in extending a rope subdivided in intervals
of 20cm, with colors differentiated moored together to the props, thus allowing the
displacement of a retractable ruler of metalon (5m). These data had allowed to
analyses statistic-morfometric of the erosive evolution process and beyond these we
still approach aspects as production of sediments and quality of the water. One of the
done analyses was of the evolution of the volume, which modified in the beginning of
the measurements, of 245,96 m3 for 257,59 m3, suffering few modifications in the dry
station, with return of the erosive activity in the rainy period, when the volume
develop of 274,11 m3 in middle of the September (2002) for 329,40 m3 in the end of
of April (2004), had a total variation to the long of the 26 months of 83,44 m3. We
intend with this work to know on the evolution of gully and the consequent loss of
carry sediments and its impacts on the hydrics resources quantifying them geometric
and statistically.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Esquema de Seção Transversal na Voçoroca com Passagem
de Sedimentos ............................................................................................
29
Figura 02 e 03 – Comparativo da Distribuição dos Indicadores Sp/Sf
(Área – Ionita) e Dmax (profundidade – Heede) ........................................
32
Figura 04 – Localização do Município de Uberlândia e Área de
Monitoramento da Voçoroca .......................................................................
38
Figura 05 – Ilustra as Três Seções Transversais ........................................ 43
Figura 06 – Utilização do Equipamento de Medição.................................... 44
Figura 07 – Procedimentos Operacionais durante a Pesquisa.................... 46
Figura 08 – Perfil Transversal do Médio Córrego Lagoinha......................... 52
Figura 09 – Uso do Solo na Área de Entorno da Voçoroca ........................ 58
Figura 10 – Cobertura Vegetal na Área de Entorno da Voçoroca ............... 59
Figura 11 – Aterro sobre Área Hidromórfica ............................................... 61
Figura 12 – Processo Erosivo no Primeiro dia de Monitoramento............... 62
Figura 13 – Queda do Talude Intermediário ............................................... 63
Figura 14 – Início do Período Chuvoso ....................................................... 63
Figura 15 – Intemperismo Físico atuando sobre as Argilas......................... 64
Figura 16, 17 e 18 – Evolução do Canal da Voçoroca ............................... 65
Figura 19 – Início do Trabalho de Monitoramento....................................... 66
Figura 20 – Dinâmica Evolutiva Abril/2003 ................................................. 67
Figura 21 – Final do Monitoramento Abril/2004 .......................................... 67
Figura 22 – Vertente onde Foram Feitas as Sondagens ........................... 69
Figura 23 – Variação Pedológica e Hidrológica dos Perfis ......................... 71
Figura 24 – Perfil Pedo-geológico................................................................ 73
Figura 25 – Distribuição das Chuvas ......................................................... 74
Figura 26 – Precipitação Período de Intervalos de Monitoramento ............ 75
Figura 27 – Seção Transversal de Montante............................................... 77
Figura 28 – Seção Transversal Intermediária.............................................. 79
Figura 29 – Seção Transversal de Jusante................................................. 81
Figura 30 – Índices Pluviométricos – Seção de Montante ......................... 84
Figura 31 – Índices Pluviométricos – Seção Intermediário ........................ 88
Figura 32 – Índices Pluviométricos – Seção Intermediário ........................ 91
ix
Figura 33 – Largura Base pela Largura Topo x Intervalos Monitoramento 98
Figura 34 – Profundidade Máxima pela Média Profundidade Máxima ....... 99
Figura 35 – Relação entre a Evolução da Área Atual pela Área Inicial........ 100
Figura 36 – Evolução da Área Atual pela área Inicial ................................. 100
Figura 37 – Evolução da Área Atual pela Área Inicial por Profundidade
Máxima pela Média da Profundidade Máxima............................... .............
101
Figura 38 – Profundidade Máxima pela Média da Profundidade Máxima
por Largura de Base pela Largura de Topo................................................
102
Figura 39 – Relação entre Largura de Base pela Largura de Topo x
Intervalos de Monitoramento – Seção Intermediária ...... ...........................
103
Figura 40 – Relação entre Profundidade Máxima pela Média da
Profundidade Máxima x Intervalos de Monitoramento ...............................
104
Figura 41 – Relação entre Evolução de Área Atual pela Área Inicial por
Intervalos de Monitoramento .......................................................................
104
Figura 42 – Relação entre Área Atual pela Área Inicial x Largura de Base
pela Largura de Topo......... ......................................................
105
Figura 43 – Relação entre Área Atual pela Área Inicial x Profundidade
Máxima pela Média da Profundidade .......................................
105
Figura 44 – Profundidade Máxima pela Média da Profundidade Máxima
por Largura de Base pela Largura de Topo ...............................
106
Figura 45 – Relação entre Largura de Base pela Largura de Topo x
Intervalos de Monitoramento......................................................
107
Figura 46 – Relação ente Profundidade Máxima pela Média da
Profundidade Máxima x Intervalos.............................................
108
Figura 47 – Relação entre Evolução da Área Atual pela Área Inicial por
Intervalos de Monitoramento......................................................
109
Figura 48 – Relação entre Área Atual pela Área Inicial x Largura de Base
pela Largura de Topo ..................................................................................
109
Figura 49 – Relação entre Área Atual pela Área Inicial por Profundidade
Máxima – Seção Jusante ............................................................................
110
Figura 50 – Profundidade Máxima pela Média da Prof. Máxima pela
Largura Base / Largura de Topo – Seção Jusante .....................................
111
x
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Comparação Entre as Características de Ravinas, Voçorocas
Temporárias e Permanentes ................................................
26
Quadro 2 – Classificação dos Cursos D´água......................................... 37
Quadro 3 – Resultado da Análise de solo na Média Bacia do Córrego
Lagoinha ....................................................................................................
52
Quadro 4 – Quantidade de Sondagens....................................................... 70
Quadro 5 - Médias Totais e Desvio Padrão do Desgaste Erosivo dos
Pontos 23, 27, 32 e 41 - Perfil de Montante ..........................
87
Quadro 6 – Médias Totais e Desvio Padrão do Desgaste Erosivo dos
Pontos 23, 25, 31 e 40 - Perfil Intermediário ........................
90
Quadro 7 – Médias Totais e Desvio Padrão do Desgaste Erosivo dos
Pontos 10, 14, 15 e 18 - Perfil de Jusante ..........................
92
Quadro 8 – Evolução da Área, Perímetro e Volume das Seções
Transversais ...........................................................................
94
Quadro 9 – Monitoramento de Cabeceira ................................................... 96
Quadro 10 – Indicadores Físico-Químicos da Água Coletados no interior
da Voçoroca............................ ...............................................
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Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
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1 - Introdução
Esta pesquisa apresenta um estudo de monitoramento por estaqueamento
em nível de voçoroca na área urbana no município de Uberlândia em Minas Gerais.
Foram feitas perfilagens em três sessões transversais ao longo do corpo da
voçoroca e também acompanhamento do recuo de cabeceira.
Estes dados permitiram análises estatístico-morfométrica da evolução do
processo erosivo e além desses abordamos ainda aspectos como produção de
sedimentos, vazão e qualidade da água. Pretendemos com este trabalho saber
sobre a evolução da voçoroca e a conseqüente perda de sedimentos carreados e
seus impactos sobre os recursos hídricos da área, avaliando-os geométrica e
estatisticamente ao longo do período buscando entender além desses, outros
fatores que sejam agentes da dinâmica erosiva local.
Num momento em que a preocupação com os recursos naturais está tão em
voga, tanto na sociedade como em ações promovidas pelo governo, Ong´s entre
outros, saber mais acerca das ações antrópicas e seus impactos sobre tais recursos
são fundamentais para conservá-los.
Então, compreender a dinâmica dos processos erosivos nos Domínios do
Cerrado, ambiente tão degradado e pouco conhecido, significa fornecer subsídios
para as ações governamentais pelo menos em escala local, para permitir no mínimo
uma ocupação mais adequada desse espaço.
Como o presente estudo envolve dois recursos naturais essenciais para a
sobrevivência humana, solo e água, ter informações buscando preservá-los é o que
se espera como contribuição desta pesquisa, ou seja, servir como ferramenta
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
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auxiliadora no processo de entendimento do mecanismo erosivo sendo útil ao
planejamento urbano, pois fornece dados para posteriormente serem tomadas
medidas de contenção e, se possível, estabilizar o processo de voçorocamento.
2 – Justificativa
2.1 – Histórico de Ocupação
Todos processos físico-ambientais se desenvolvem de forma natural, porém
com o fluxo intenso das atividades humanas, tais processos se acentuam e
intensificam. A partir disso como a área de estudo se encontra nos Domínios do
Cerrado o histórico de ocupação da região está diretamente relacionado à
degradação deste ambiente e, portanto as modificações antrópicas é um dos
principais elementos a ser brevemente descrito a seguir.
No final da década de 1970 o cenário brasileiro começa a mudar, em função
das políticas de desenvolvimento econômico do interior do país, visando a
urbanização de outras regiões por meio de incentivos locacionais para as indústrias
se estabelecerem. Esses fatores trouxeram as indústrias para do Triângulo Mineiro e
Alto Paranaíba, pois existia nessa região a possibilidade de baixar os custos de
produção e elevarem seus lucros, por terem maiores facilidades de comunicações
com os grandes centros, e ainda facilidades de instalação em terrenos mais baratos,
teriam isenção de impostos, mão-de-obra abundante etc.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
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De acordo com Borges (2000), houve nos ano de 1970 um processo de
descentralização ou de desconcentração das indústrias em direção às cidades
médias que tivessem uma proximidade geográfica dos grandes centros ou com
ligações viárias para estes locais. Com isto, muitos municípios no estado de São
Paulo foram privilegiados como: Campinas, Taubaté e São José dos Campos.
Este conjunto de mudanças não poderia deixar de ocorrer também em outras
partes do país, também nas chamadas cidades médias em Minas Gerais, Uberaba,
Uberlândia e Juiz de Fora. Uberlândia começa a receber as grandes indústrias entre
1975 e 1986, destacando neste período: Souza Cruz, Daiwa, Brasfrigo, Cargil, entre
outras multinacionais e nacionais. Este fator levou o município de Uberlândia e
região a demandar por maiores quantidades de energia elétrica, mas também outras
cidades que começavam a receber as indústrias de grande porte. Houve então por
parte do governo brasileiro a política para suprir a falta de energia elétrica e a partir
da década de 70, tem-se início vários projetos que culminaram com a construção de
diversas usinas hidrelétricas na região.
Todas essas mudanças que ocorreram no setor industrial vinham associadas
a mudanças na maneira de se produzir na agricultura brasileira, para contribuir ainda
mais com o novo perfil de desenvolvimento industrial e com a crescente urbanização
decorrente deste processo. Nos anos 70 e 80 também foram implementados na
região, os programas de desenvolvimento como o POLOCENTRO (Programa de
Desenvolvimento dos Cerrados), PRODECER (Programa Nipo-brasileiro de
Desenvolvimento dos Cerrados), e o PADAP (Programa de Assentamento Dirigido
do Alto Paranaíba), os quais possibilitaram a integração dos domínios do cerrado ao
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processo de industrialização iniciado na década de 50 e o desenvolvimento da
agricultura, abrindo assim caminho para a chamada “Revolução Verde”.
Borges (2000) ainda coloca que esses incentivos possibilitaram a criação de
melhorias na infra-estrutura regional, como a recuperação de estradas vicinais,
implantação de sistemas de beneficiamento, armazenagem, transporte de produtos
agrícolas e energia, além é claro de transformar grande parte da produção agrícola,
uma vez que financiava e incentivava a agricultura comercial para a exportação, a
mecanização e a modernização do campo, fortalecendo o complexo agroindustrial
na região.
Todos esses programas de desenvolvimento visaram a ocupação de um novo
espaço pelo avanço da fronteira agrícola em direção ao cerrado em áreas de revelo
pouco dissecado, apresentando formas suaves que facilitam a mecanização.
Portanto, implanta-se nesta região um novo modelo de agricultura voltado para a
exportação e obtenção de uma maior produção dos insumos agrícolas, sementes
melhoradas geneticamente, máquinas para plantio e colheitas e, conseqüentemente,
o aumento do consumo de energia elétrica pela irrigação com a utilização de pivôs
centrais entre outros.
Essas transformações levaram o Triângulo Mineiro a ter a atual configuração
sóciopolítico, econômica e espacial e, de maneira mais específica, o porquê da atual
configuração do município de Uberlândia e de sua degradação ambiental, pois os
fatores colocados anteriormente configuraram o cenário perfeito para uma
degradação ambiental muito acentuada, como por exemplo: poluição dos recursos
hídricos, queimadas, disposições de resíduos em locais inadequados, retirada e
ocupação por cultivos ou edificações em áreas que deveriam ser de preservação
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permanente, desmatamentos indiscriminados, falta de manejo e planejamento para o
uso do solo, tudo isso resultou numa degradação intensificada, havendo anualmente
uma perda muito grande dos solos e de outros recursos naturais.
2.2 – Hipóteses de Pesquisa
São vários os tipos de degradação dos recursos naturais. Um exemplo claro é
a perda de solo como registra Marques (2002) em seu trabalho, o qual, coloca que a
Secretaria da Agricultura de São Paulo estima que 80% das terras cultivadas do
Estado estão acima dos limites de tolerância, deixando claro que não somente existe
uma degradação pedológica, como também hídrica e da biodiversidade de modo
geral. O autor mostra da seguinte forma, o Estado de São Paulo possui as seguintes
condições de perda de solo:
“Com a erosão, o Estado de São Paulo perde, a cada ano, por volta de 200 milhões de toneladas de terras férteis, das quais 40 milhões de toneladas vão para o fundo de rios e lagos. Isso representa a perda de 20 cm da camada superficial do solo de uma área de 100 mil hectares ou, aproximadamente, 500 propriedades rurais de 200 ha. A perda de nutrientes do solo equivalente em nutrientes foi estimada em cerca de US$ 200 milhões. A erosão pode ser ainda representada pelas perdas em produtos cultivados, ou seja, perdem-se 10 kg de solo para cada 1 kg de soja produzida, 12 kg de solo para a produção de 1 kg de algodão, e 5 kg de solo para a produção de 1 kg de milho ... A Secretaria da Agricultura aponta que, dos 24,732 milhões de ha de área total cultivada no Estado, 75% encontram-se no limite de sua utilização. (Marques, 2002).”
Os processos erosivos geram uma grande quantidade de sedimentos, os
quais são carreados para os cursos d’ água, provocando o assoreamento diminuindo
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a lâmina de água, influenciando diretamente no abastecimento da população e nos
diversos usos da mesma. As voçorocas de modo geral são grandes geradoras de
sedimentos, contribuindo portanto no processo de assoreamento.
Um estudo desenvolvido pelas Nações Unidas (2000) sobre os recursos
hídricos estima que até 2025 o mundo passará por uma enorme crise de água. A
pesquisa prevê que 2,7 bilhões de habitantes do planeta, 45% de toda a população
mundial, ficará sem água. Este problema já pode ser encontrado em alguns países
do Oriente Médio e do norte da África, atingindo uma população de 1 bilhão de seres
humanos. Estima-se ainda, no estudo das Nações Unidas, que daqui 25 anos,
países como Índia e China, uns dos mais populosos do planeta, juntamente com a
África do Sul sofrerão também com a falta da água (Angelo et al. 2000).
A atuação da especulação imobiliária promove uma ocupação desordenada
do espaço em vários municípios do país. Em Uberlândia isso ocorre com uma
freqüência muito grande, a falta de fiscalização e a negligência por parte dos órgãos
competentes resultaram numa intensa degradação ambiental tanto no meio rural
quanto urbano, sendo este último o ambiente de estudo desta pesquisa.
Nas áreas urbanas ocorre interferência antrópica direta sobre as formas de
relevo, provocando mudanças, adequando-o às suas necessidades, ocupando áreas
de preservação permanente com edificações, construção de ruas sobre solo
hidromórfico, canalização do curso de córregos e rios, impermeabilização do solo
etc, o que sempre provoca impactos sobre o meio ambiente. Na área de estudo da
voçoroca na Bacia do Córrego Lagoinha em Uberlândia, por se localizar na área
urbana, as formas originais do relevo foram intensamente alteradas pela ação
antrópica.
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A partir da análise do relevo da Bacia do Córrego Lagoinha e dos impactos
ambientais identificados ao longo da mesma, surgiu a intenção de verificar a
dinâmica das ações antrópicas e naturais sobre um ambiente modificado para
avaliar a intensidade da degradação, como se dá a evolução do processo de
degradação. Partindo dessa idéia, despertou-se a atenção sobre os processos
erosivos que ocorrem ao longo do Córrego Lagoinha, em especial aqueles de maior
intensidade, as chamadas voçorocas. O local escolhido para estudo se localiza na
sub-bacia do Córrego Mogi, afluente direto do Córrego Lagoinha, que por sua vez é
tributário do Rio Uberabinha, principal reserva de abastecimento da cidade de
Uberlândia.
A partir das análises colocadas anteriormente e das observações de campo
levantou-se as seguintes questões:
1 - Como seria o comportamento da voçoroca nas escalas temporal e
espacial? Pode-se identificar períodos críticos da iniciação, desenvolvimento e
sedimentação da voçoroca?
2 - Como seria as interrelações entre a dinâmica hídrica, da produção de
sedimentos e do relevo local na evolução do processo erosivo em ambiente urbano?
3 – Quais os modelos apropriados para voçorocas, capaz de pré-dizer (a) a
proporção de erodibilidade ao longo do tempo e espaço (b) o impacto do
desenvolvimento da voçoroca na produção de sedimentos e na evolução da
paisagem?
4 – Quais ações antrópicas condicionaram o desenvolvimento da voçoroca e
quais atuam ainda sobre este processo?
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5 – Quais são as técnicas de monitoramento e estudos experimentais mais
adequadas?
6 – Quais os resultados alcançados, em que e como poderão ser utilizados?
A partir disso, foram formuladas hipóteses que poderiam ser validadas ou
descartadas, porém havia a necessidade de levantar dados, sistematizá-los e
analisá-los para chegar a resultados concretos, para daí sim, obter respostas e
compreender tal evolução.
Para a verificação de tais hipóteses havia a necessidade de elaborar uma
técnica de monitoramento e mensuração da voçoroca que resultasse na produção
de um banco de dados e numa análise mais detalhada e, sem dúvida o objetivo mais
complexo, determinar relações de perdas de solo por meio de gráficos, equações e
quadros que possibilitassem representar localmente a evolução do relevo de tal
forma a espacializar para a área da micro-bacia ou outras áreas com características
físico-ambientais semelhantes.
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3 - Objetivos
3 .1 – OBJETIVO GERAL
O objetivo geral da pesquisa é monitorar, mensurar e analisar o processo
erosivo acelerado em área urbana, por meio de técnicas quantitativas (seções
transversais), buscando compreender a dinâmica evolutiva da voçoroca.
3.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Investigar os processos de alterações do relevo e de outros
acontecimentos que envolvam o relevo urbano na área de estudo;
- Fazer monitoramento por meio do estaqueamento em nível ao longo do
corpo da voçoroca e na cabeceira a fim de colher informações pontuais da
dinâmica local;
- Realizar coleta de água no período de chuvas e de estiagem a fim de
detectar se estão ou não poluídas e em que grau, seguindo padrões
específicos da ABNT;
- Analisar estatisticamente as informações correlacionando-as e ainda
elaborar novas fórmulas ou utilizar fórmulas existentes, que nos permitam
representar a evolução morfométrica dos perfis da voçoroca em escala
local.
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4 - Fundamentação Teórico-Metodológica
4.1 – Monitoramento e Mensuração de Processos Erosivos
De acordo com Bacarro (1999), numa abordagem mais geral a respeito da
pesquisa em Geomorfologia, verificaram-se muitas vertentes de fundamentação
teórica metodológica. Entre os vários pesquisadores que lidam com a questão da
escala de abordagem geomorfológica, destacam-se: Tricart (1952 e 1965), Cailleux
e Tricart (1956), Dylik (1957), Bertrand (1968), Ab´Saber (1969), Thornes e
Brundsden (1977), Morgam (1979 e 1980), Thornes (1980), Cruz (1985), Baccaro
(1999) e também Ross (2000) que propõem níveis experimentais de evolução da
pesquisa.
Ross (2000), coloca que a pesquisa experimental se alicerça nas técnicas de
quantificação para sistematizar e analisar informações obtidas em experimentos. O
autor, ainda menciona a necessidade de quatro etapas operacionais de
desenvolvimento da pesquisa.
A primeira etapa gira em torno do aspecto empírico, na qual o pesquisador
tem que escolher uma ou mais áreas a fim de estudá-las, não podendo ser feito
aleatoriamente. Para a seleção da área de instalação do experimento, é necessário
previamente fazer um inventário do ambiente onde se quer estabelecer a estação de
medição. A segunda fase consiste na instalação das estações de experimentos e a
verificação de sua funcionalidade, não esquecendo que para a implantação da
mesma os aspectos logísticos e o de adequação ambiental são fatores decisivos que
podem influenciar nos resultados da pesquisa.
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11
A terceira etapa consiste no trato laboratorial do material colhido nas estações
e posteriormente é feito um levantamento estatístico das informações coletadas ao
longo do período proposto pela pesquisa, sendo que nesta fase este dado nos
permite alcançar algumas conclusões parciais. A quarta e última fase possibilita
estabelecer reflexões que proponham conclusões gerais, resultantes da correlação
dos dados oriundos da análise estatística com informações da pesquisa científica
executada no inventário da etapa inicial.
Outros tipos de abordagens podem ser utilizados, como a proposta por
Baccaro (1999), que estudou áreas do Cerrado em trabalhos desenvolvidos pelo
Lages - Laboratório de Geomorfologia e Erosão de Solos da Universidade Federal
de Uberlândia. Portanto, numa escala mais pontual o objeto de nossa investigação
se localiza no Domínio do Cerrado, por isso se faz necessário uma abordagem mais
enfática sobre o referencial metodológico desenvolvido por Baccaro até mesmo pela
facilidade de traçar possíveis comparativos com os dados coletados ao longo da
pesquisa.
De acordo com Baccaro (1999), o sistema geomorfológico do Cerrado é
complexo na sua estrutura e funcionamento e vem recebendo a entrada de novos e
intensos fluxos de energia e matéria, via ação antrópica. Uma das principais
alterações foi à retirada da vegetação para a prática de cultivos, não levando em
conta nem mesmo as áreas mais sensíveis à degradação ambiental como as
veredas, quebrando a sinergia que havia no meio ambiente, aumentando e
intensificando, portanto, a degradação dos solos. Com isso, os processos erosivos
ganharam uma dinâmica antrópica mais acelerada.
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Para uma compreensão mais integrada das transformações pela qual passou
e vem passando o Cerrado, tornam-se importante o conhecimento das componentes
ligadas aos processos de transformações ambientais, ligadas às ações humanas
(histórico de ocupação), as quais estão correlacionadas, pois influenciam
diretamente na dinâmica do ambiente físico, por meio disso pode-se entender a
importância da geomorfologia para dar respostas às diversas alterações de
estabilidade ou de quebra da harmonia natural existente nos sistemas e subsistemas
morfológicos.
Baccaro (1999), coloca que:
“A sustentabilidade ambiental do Cerrado encontra nos indicadores geomorfológicos índices valiosos e engloba os procedimentos de mensuração e de qualificação dos indicadores para operacionalizar o desenvolvimento sustentável. Ainda Baccaro et al. salientam que a busca de indicadores geomorfológicos para a sustentabilidade ambiental se traduz em dados qualitativos, mas sobre tudo quantitativos, para se detectar mudanças no sistema e se estabelecer os limites de equilíbrio dinâmico, tanto a nível local quanto regional. (Baccaro et al.,1999).”
Dependendo do tipo de estudo de vertentes que se deseja fazer a respeito de
processos erosivos, como por exemplo as voçorocas em bacias hidrográficas, deve-
se levar em consideração os fatores climáticos locais, como no caso do Cerrado que
apresenta duas estações bem definidas uma seca e outra chuvosa. Por esses
fatores, a autora “explica da necessidade de uma reflexão adequada das escalas
temporais e espaciais” a serem utilizadas.
Baccarro (1999), coloca que os estudos dos processos erosivos numa escala
temporal envolvendo períodos mais curtos, a dinâmica atual e o tamanho da área
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
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(escala espacial – regional, local e pontual) são componentes que definem a
metodologia a ser utilizada. Baccaro propõe três níveis de abordagem, os quais se
enquadram dentro dos objetivos propostos nesta pesquisa, conforme tópicos a
seguir:
1 - “Num primeiro nível de abordagem, implica a cartografia geomofológica relacionada à morfoescultura, onde se identificam formas de agradação e de denudação. Este trabalho de caráter regional é imprescindível para a compreensão da morfodinâmica em diferentes unidades geomorfológicas, dando subsídios para se identificar áreas representativas, onde serão desenvolvidos os estudos verticalizados e quantitativos sobre os processos erosivos num período curto de tempo....”
2 – “Num segundo nível de abordagem dos processos erosivos nas áreas de cerrado, o qual poderá ser adaptado e adotado também em outros sistemas geomorfológicos, parte-se para os estudos mais detalhados.....Essas áreas podem ser uma bacia hidrográfica (km2 a dezenas de km2), cabeceiras de drenagem (km2), vertentes (m2 a km2), voçorocas (centenas de m2 a km2), estando a escolha relacionada com os objetivos do estudo e intimamente vinculada à representatividade dessa área (espaço) ao problema de erosão regional e/ou mecanismos específicos de erosão....”
3 – “O terceiro nível implica o monitoramento e a mensuração dos processos erosivos, numa escala temporal preestabelecida.... .”
Cunha & Guerra (2000), também destacam a importância da Geomorfologia
nos estudos de impactos ambientais, com relação à quebra da harmonia natural
resultantes da degradação ambiental, seja ela numa bacia hidrográfica ou em parte
dela, numa vertente, uma voçoroca entre outros objetos de estudos, os quais são
importantes para conhecer a dinâmica da evolução dos processos de degradação
do meio ambiente. Outro fator de destaque é procurar inter-relacionar os estudos do
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meio físico com as ações antrópicas, pois quem os desencadeia também procura
resolver, recuperar, recompondo locais degradados.
Ainda dentro da perspectiva de Cunha & Guerra (2000), o diagnóstico é fator
fundamental para a recuperação de áreas degradadas, por isso as pesquisas feitas
por instituições (Universidades, Órgãos públicos, ONG´s e Particulares), desse tipo
de problema, têm a necessidade da obtenção de dados sistemáticos, os quais são
desenvolvidos por meio do monitoramento das variadas formas de degradação,
como por exemplo, o monitoramento de processos erosivos acelerados como as
voçorocas.
4.2 – Processos Erosivos e Produção de Sedimentos
De acordo com Silva et al (2003), os processos erosivos naturais provocam o
desgaste da superfície terrestre pela água, gelo ou outros agentes naturais, que
num meio ambiente sem ações humanas, ou seja, com a presença da vegetação
natural, do clima e de outros aspectos físicos sem alterações, torna possível verificar
um ciclo erosivo quando se faz uma seqüência evolutiva nas formas do relevo.
Nos estudos apresentados por Guerra (1999), os processos erosivos
desencadeados pelas chuvas de modo geral ocorrem quase que numa totalidade
pelo planeta, entretanto na região dos trópicos isso ocorre com maior intensidade,
pois os índices pluviométricos são bem mais elevados e em algumas regiões
concentrados, o que acelera ainda mais o desgaste erosivo. Somado à energia das
chuvas, alguns fatores acentuam os processos erosivos, como o desmatamento
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para a extração de madeira ou para práticas agrícolas, pois retirando a cobertura
natural os solos ficam desprotegidos facilitando a ação erosiva.
Em seu trabalho, Guerra (1999), faz uma análise completa desde os primeiros
estágios de evolução dos processos erosivos até alcançarem maiores estágios como
ravinas e voçorocas. Esta pesquisa, no entanto centrou-se no estudo do processo
em estágio mais avançado (voçoroca), nas mudanças da geometria do canal e na
quantidade de sedimentos perdida, porém houve também a preocupação com os
estágios iniciais dos processos erosivos, pois estes determinam e continuam suas
ações erosivas no processo de voçorocamento.
Vários autores como Guerra (1999); Hudson (1993); e Salomão (1999),
indicam que o ciclo hidrológico é o ponto de partida dos processos erosivos, o efeito
splash ou o resultado das relações da energia cinética do impacto da gota da chuva
sobre o solo é o primeiro estágio do processo erosivo, porque é ele o responsável
direto pela ruptura dos agregados, diminuindo a superfície de contato, selando a
parte superior do solo e facilitando o transporte das partículas pelo escoamento
superficial. Nesta pesquisa a força cinética é a principal responsável pelas
modificações na geometria dos perfis e no transporte de sedimentos na voçoroca.
Ainda como estágio seguinte ao splash, Guerra (1999), caracteriza a
formação de crostas na superfície dos solos, o que leva a diminuição da porosidade
reduzindo, a capacidade de infiltração resultando na formação de poças (ponds) nas
deformações do solo. Num estágio posterior, com a saturação do solo, em função da
baixa porosidade, ocorrerá uma interligação das poças levando ao escoamento
superficial (runoff) e dependendo da capacidade erosiva das chuvas a taxa de
escoamento superficial será maior ou menor.
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Segundo Filizola (2000), a compactação do solo promove a compressão dos
poros tornando-os muito reduzidos ou inexistentes impedindo o acesso livre do ar e
da água. Como resultado aparece uma zona mais umidificada acima da camada
compactada, a saturação do solo desencadeia os processos erosivos dando início a
sulcos provocados pela energia da água favorecendo os processos de
ravinamentos.
Após a selagem do solo e formação do escoamento superficial, aceleram-se
os processos erosivos. Guerra (1999) explica a formação de dois tipos de
escoamento, o primeiro em Lençol (sheetflow) “a princípio, o fluxo é difuso, ou seja,
um escoamento em lençol. Esse tipo de processo é também conhecido como fluxo
laminar, provocando a erosão em lençol, ou a erosão laminar. “
Outro tipo de escoamento é o de fluxo linear (flowline), a energia da água
concentrada em pequenos canais promove conseqüentes modificações superficiais
na vertente, o autor define concentração de fluxo da seguinte forma:
“ É o estágio seguinte ao escoamento em lençol. Nesse estágio começa a haver uma concentração do fluxo de água em canais bem pequenos, em pontos aleatórios da encosta, a profundidade do fluxo aumenta e a velocidade diminui, devido o aumento da rugosidade, e há uma queda simultânea da energia do fluxo, causada pelo movimento de partículas que são transportadas por esses pequenos canais e que são os embriões das futuras ravinas (Guerra, 1999). “
Com relação ao escoamento superficial, o terceiro estágio colocado por
Guerra (1999) é com relação à evolução de microrravinas (micro-rills), pois o
escoamento superficial concentrado esculpiu pequenos canalículos. No estágio de
fluxo linear, a concentração de sedimentos aumenta a força de atrito entre as
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partículas do solo e o assoalho dos canalículos formados, resultando numa maior
erosão dentro dos canais em formação em função do aumento de rugosidade
causado pela turbulência localizada. Esse processo leva a formação de cabeceiras
(headcuts) que é o quarto estágio da evolução das ravinas. O autor descreve assim
microrravinas de cabeceira:
“As cabeceiras tendem a coincidir com um segundo pico na produção de sedimentos, resultante da erosão ocorrida dentro das ravinas... nesse estágio de evolução das ravinas, o processo está alcançando um nível de equilíbrio dinâmico, ou seja, nesse estágio ocorre uma zona de deposição de sedimentos, abaixo das cabeceiras, indicando que a taxa de produção de sedimentos, a partir do recuo das cabeceiras, excede a capacidade de transporte do fluxo de água (Guerra, 1999).”
Guerra (1999) coloca que nesse processo, a partir da evolução das
cabeceiras em direção a alta vertente, o canal se alarga e aprofunda (corrasão),
elevando sua capacidade de transporte de sedimentos chegando aos canais e
desenvolvendo outras cabeceiras, tornando-se pequenas ravinas. Essas constantes
regressões de cabeceira podem progredir e se transformar em voçorocas evoluídas
a partir da concentração do fluxo, o que causa grandes prejuízos tanto no meio rural
quando urbano.
Ainda para o fluxo concentrado no meio urbano, a erosão e o transporte de
sedimentos superficiais são diferentes dos que ocorrem em áreas agrícolas em
função do tipo de solo e do tipo de uso, porém poderá ocorrer erosão semelhante
em ambos os lugares. No entanto no meio urbano predominam aquelas de fluxo
concentrado conectados geralmente às redes de drenagem.
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Oliveira (1999) mostra que em erosões por quedas-d’ água com a redução da
profundidade do escoamento e de sua descarga sobre as margens ocorrerá também
redução das partículas, as paredes laterais se tornam mais verticalizadas tendendo
a estabilidade, quando comparadas ao canal principal. As margens nesse ponto de
alguma forma possuem maior coesão relativa, o que resulta numa estabilidade
aparente levando o escoamento a formar um encachoeiramento.
Pode-se verificar que a ação erosiva em forma de cascata, sobre materiais de
diferentes coesões, são dependentes diretas da sazonalidade (intervalo) e da
quantidade de chuvas, pois estes produzem o escoamento superficial na cabeceira
das incisões erosivas, ou ao longo de seus canais. Segundo Oliveira (1999) quedas-
d’ água podem ser geradas tanto durante chuvas intensas e concentradas, quanto
durante chuvas de baixa intensidade, porém contínuas ao longo de um ou mais dias.
De acordo com Hillel apud Oliveira (1999) o solapamento é um outro tipo de
erosão por quedas-d’água, ele está mais ligado a descargas menores na área de
contato entre a lâmina d’água e a borda do degrau onde há a queda, um filete de
água se distingue do volume principal da cascata e percola as paredes da incisão de
forma difusa esculpindo alcovas de regressão.
Este tipo de regressão está ligado principalmente ao transporte das partículas
que compõem o solo que variam entre areias médias, a silte e argila. Depois de uma
seqüência de eventos chuvosos, esse tipo de escoamento cavita uma alcova de
forma sinusoidal na parede do degrau. Quando ocorre o aprofundamento no talude,
as alcovas levam a desmoronamentos periódicos, os quais prolongam a extensão
das margens, ou da cabeceira de incisão em direção a montante (Oliveira, 1999).
Já com relação ao movimento de massas localizadas, o autor descreve:
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“Vários são os movimentos de massa que podem ser verificados em voçorocas. Praticamente toda a gama de transporte em massa auxilia o desenvolvimento dessas incisões, desde os mais lentos aos mais rápidos e desde os mais sólidos aos mais fluídos...esses movimentos dependem basicamente da resistência dos materiais... esses fatores podem ser organizados de acordo com a sua contribuição, seja para aumentar as tensões cisalhantes, seja para diminuir a resistência ao cisalhamento (Oliveira, 1999).”
Oliveira ainda descreve fatores que aumentam ou diminuem a tensão de
cisalhamento no que diz respeito ao movimento de massa localizado em voçoroca:
“Fatores que aumentam as tensões de cisalhamento em encostas e paredes de voçorocas da seguinte forma: remoção do suporte lateral; sobrecarga; solapamento; pressão lateral; tensões transitórias relacionadas a vibrações de diversas origens. Fatores que diminuem a resistência ao cisalhamento...: composição e textura; natureza e resultantes físico-químicas; efeitos da água matricial; alterações da estrutura; remoção da vegetação (Oliveira, 1999).”
O mecanismo de concentração do fluxo em cabeceiras resulta em margens
abruptas deixando-a mais escarpada subvertical a vertical. Como conseqüência, há
um desenvolvimento rápido das margens da voçoroca ou ainda a ocorrência de
erosão hidráulica de subsuperfície, como os piping e eventualmente processos de
movimentos de massa, mesmo em áreas muito pequenas. Uma vez iniciado o
processo de retração das margens das voçorocas pela migração da cabeceira,
tenderá a uma inclinação mais suavizada nas vertentes onde as margens se tornam
mais distantes uma da outra, assumindo características parecidas a de rios ou
córregos.
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Em recentes áreas de estudo sobre processos erosivos, Poesen et al (1999),
colocam num primeiro momento, que voçorocas são importantes processos de
degradação do solo e ocorrem em diversos ambientes, causando considerável perda
de solo e conseqüentemente uma elevada produção de sedimentos. Num segundo
momento as voçorocas possuem efeitos ligados por transferência de escoamento e
sedimentos oriundos das partes altas do relevo depositando nas partes mais baixas
e a ocorrência de canais permanentes onde os efeitos da erosão provocada pela
água são agravados. Com isso, observações em diferentes ambientes mostram que
o desenvolvimento de voçorocas e sua ampliação na paisagem aumentam o
carreamento de sedimentos para as partes baixas do relevo e para os cursos
d’água.
São vários os prejuízos causados pelo escoamento superficial sendo
responsáveis pelos processos erosivos e estes pela perda de solo e das
propriedades químicas do mesmo. Autores como Poesen (1999), Oygarden (2003),
Guerra (1999), Baccaro (1999), Ploey (1990), entre outros, falam da importância e
descrevem também a falta de estudos de perda de solo em voçorocas, e da
necessidade de monitoramento, da experimentação e do estudo de modelos de
voçorocas para saber dos seus efeitos sobre as mudanças no meio ambiente
baseado nos dados da proporção de desgaste erosivo nas voçorocas.
Estudos realizados por Poesen (2003) indicam que voçorocas e canais
erodidos são dominantes como fontes de sedimentos em muitos ambientes do
Mediterrâneo. Dados coletados em diferentes partes do mundo mostraram que a
taxa de perda de solo em voçorocas representa no mínimo 10% ou mais dos 94% do
total de sedimentos produzidos pela erosão hidráulica.
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Partindo das colocações anteriores sobre os processos erosivos e suas
diversas formas de desgaste, percebe-se que as voçorocas e canais são fontes
consideráveis de sedimentos e dependendo do período de observação, o percentual
de perda do solo será parcialmente determinado pela magnitude e freqüência dos
eventos chuvosos caracterizando normalmente por haver um decréscimo na
produção total de sedimentos no período seco e um aumento na contribuição de
sedimentos no período chuvoso.
Christofoletti (1988) descreve que os sedimentos levados pelos cursos d’água
possuem diferentes granulometrias e por isso sofrem um processo de transporte que
varia dependendo dos aspectos físicos locais e do escoamento. Boa parte da carga
de sedimentos dos cursos d’ água, é resultante da ação erosiva que as águas
exercem sobre as paredes das margens e do fundo do canal. No entanto a maior
parte dos sedimentes tem sua origem na remoção detrítica das vertentes.
Os efeitos da sazonalidade estão intimamente ligados às maiores ou menores
cargas de sedimentos carreados. A carga dissolvida é composta pelos minerais das
rochas intemperizados, os quais são transportados numa solução química para os
cursos d’água. O índice de carga dissolvida em solução depende, na maior parte, da
contribuição relativa da água subterrânea e do escoamento superficial carreando as
partículas para os rios, sofrendo diferenciações na escala temporal e espacial.
Christofoletti (1988), faz uma divisão dos tipos de transporte de sedimentos
são eles:
1 – Carga do leito ou de arrasto: são as partículas que rolam
longitudinalmente pelo curso da água e estão em contato quase que permanente
com o leito.
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2 – Carga sólida saltitante: composta por material com granulometria maior,
como areias e cascalhos, os quais são transportados por meio da saltação,
deslizamento ou rolamento na superfície do curso d’água. Em função do volume e
da densidade das partículas, a velocidade da carga do leito é muito mais lenta que a
do fluxo, pelo fato de as partículas não se deslocarem de modo contínuo
dependendo da correnteza ou do choque entre partículas.
3 – Carga em suspensão: está ligada ao fluxo de partículas de granulometria
reduzida como silte e argila, que por serem pequenas e leves se conservam em
suspensão durante a movimentação turbulenta pelo canal resultando na carga de
sedimentos suspensos. Diferenciando ambas, Silva et al (2003) colocam que o
principal mecanismo que as diferencia é o tipo de transporte e não o tamanho das
partículas. Em geral, a carga suspensa é o material mais fino do leito, mantida em
suspensão pela turbulência da água.
4.3 – Definições de Ravinas, Voçorocas e Modelos de Análises Morfológicas
Na literatura de modo geral existem várias definições para ravina e voçorocas,
e a intenção a seguir é mostrar algumas dessas conceituações. De acordo com FAO
(1965) uma definição comumente usada diz que as voçorocas se caracterizam por
serem profundas e por não poderem ser removidas normalmente pelas atividades
agrícolas.
Já Oygarden (2003) dá outra definição para distinguir ravinas de voçorocas.
As ravinas iniciam-se por pequenos sulcos com formatos em V, enquanto que as
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voçorocas têm as margens íngremes ou abruptas com formato em U. As voçorocas
se desenvolvem como as ravinas resultantes do escoamento superficial.
Também existem voçorocas que não foram iniciadas por ravinas, mas pelo
escoamento superficial, pela erosão por piping, por solapamento e por infiltração
erodindo a base da escarpa. Uma combinação de processos pode ainda ocorrer
dificultando fazer uma descrição da evolução de maneira mais detalhada.
Entretanto, o desenvolvimento de voçorocas requer elevadas taxas de energia
(aumentando o escoamento superficial) para ambos retirarem e transportarem as
partículas. A Soil Science Society of America (2001) define voçoroca como sendo o
processo erosivo no qual o escoamento superficial concentrado resulta
freqüentemente em estreitos canais, em curtos períodos, removem o solo destes e
limitam-se a aprofundar.
Uma explicação mais abrangente sobre os fatores determinantes num
processo erosivo do tipo voçoroca é dada por Torri & Borselli (2003), na qual os mais
comuns são: primeiro uma incisão linear é uma voçoroca quando a seção
transversal é maior que o valor de referência de ravinas e sulcos próximos do local ;
numa segunda definição voçoroca é uma incisão linear que não pode ser removida
por cultivos no terreno durante a atividade agrícola normal. Outras definições se
baseiam, sobretudo em evidências morfológicas ou sobre o tipo de processos que
fazem com que surja uma voçoroca em um determinado lugar. Por exemplo, uma
voçoroca pode ser definida como um perfil nos quais as dinâmicas das paredes
laterais são importantes e predominantes sobre as dinâmicas de fundo.
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Entretanto, nenhum destes motivos são totalmente aceitos. Porque o primeiro
coloca valores arbitrários sobre o perfil transversal; o segundo apresenta somente
áreas agrícolas, e a concepção de que a prática normal em fazendas é certamente
alterada pela força mecânica que o agricultor tem a sua disposição. Já a última
definição não separa voçoroca de ravinas.
O que Torri & Borselli colocam como mais aceito é que em contato com a
superfície uma voçoroca é um corte linear caracterizado por intensos episódios
erosivo, já suficientemente amplo (largura/profundidade) no perfil passando a ser
potencialmente um destaque na paisagem. Outros conceitos muito utilizados são o
de ephemeral gully (voçorocas temporárias) e permanent classical gullies (voçorocas
permanentes ou clássicas). O termo ephemeral gully foi primeiramente discutido por
Foster na década de 1980. Foster (1986) define que voçorocas temporárias
possuem esta forma em função da concentração do fluxo, contrário as ravinas, as
quais são formadas claramente por canais. Voçorocas temporárias são causadas
inteiramente pelo fluxo da água das chuvas e não pelo impacto das gotas. Elas são
abertas num curto período e as áreas são restauradas anualmente pelos
agricultores, ao contrário das voçorocas permanentes. Esta freqüentemente se
desenvolve onde a água naturalmente se concentra em sulcos dos arados, estradas
de terra ou na direção do talvegue.
Poesen (2003), explica que o termo voçoroca temporária foi introduzido para
determinar a concentração do fluxo e suas diferenciações em relação ao potencial
erosivo, menores em ravinas e maiores nas voçorocas temporárias, porém menor
que a erosão em voçoroca permanente ou clássica. Zheng e Huang (2002) em seus
estudos determinam que dependendo do tamanho, as voçorocas são divididas em
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temporária e permanente. As temporárias são mais largas e profundas que ravinas,
mas elas podem ser retiradas parcialmente ou completamente pelas atividades
agrícolas, pois se formaram na paisagem em função da concentração do fluxo,
concordando com Foster e Torri & Borselli. Ao passo que as voçorocas permanentes
são também canais erodidos, porém mais amplas que as temporárias, não sendo
removidas pelos equipamentos agrícolas.
Existem autores que estabelecem tamanhos, um dimensionamento para
determinar se são ou não voçorocas. Hauge apud Oygarden (2003) define voçoroca
como sendo uma seção transversal com uma área maior que 929 cm2 e usualmente
possui escoamento de água durante e imediatamente após a ocorrência de chuvas
ou seguidas de rápido derretimento do gelo e da neve. A Soil Science Society of
America (2001) define que, para a conceituação de voçorocas permanentes nos
solos agrícolas deve-se levar em consideração a profundidade dos canais e a
facilidade com que estes são retirados ou entupidos com equipamentos agrícolas,
tipicamente possuindo de 0,5m a 25 ou 30 m de profundidade.
Brice & Imeson apud Poesen (2003) dentro do critério tamanho, adotam um
mínimo de largura de 0,3m e um mínimo de profundidade variando entre 0,5 e 0,6m,
porém ressaltam que não existe definição clara para os limites de dimensões de
voçorocas. Guerra (1998) traz a conceituação que ravinas seriam incisões de até 50
centímetros de largura e profundidade. Acima desses valores, as incisões erosivas
seriam denominadas de voçorocas. O Quadro 1 apresenta uma síntese dos
conceitos e das diversas tipologias ligadas a ravinas, voçorocas temporárias e
permanentes de acordo com Zheng & Huang (2002).
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Quadro 1 – Comparação entre as Características de Ravinas, Voçorocas Temporárias e Voçorocas Permanentes
Ravinas Voçorocas Temporárias Voçorocas Permanentes
São normalmente removidas pelas atividades agrícolas; usualmente não ocorrem no
mesmo lugar.
São marcas temporarias, usualmente removidas pelas
atividades agrícolas; Ocorrem no mesmo lugar.
Voçorocas Permanentes não são removidas pelas atividades
agrícolas.
É possível medir algumas, mas são usualmente menores que
voçorocas temporárias.
Usualmente são maiores que ravinas porém menores que voçorocas permanentes.
Usualmente são maiores que voçorocas temporárias.
O perfil transversal é relativamente pouco profundo.
O perfil transversal tende a ser mais largo que profundo, suas
cabeceiras não são bem definidas porque não são provenientes das
atividades agrícolas.
O perfil transversal de muitas voçorocas tende a ser estreito e
relativamente profundo. As paredes laterais são escarpadas. Usualmente as cabeceiras são
proeminentes.
O padrão do fluxo desenvolve vários pequenos canais paralelos e desconexos terminando em voçorocas
temporárias, em terraços ou em locais onde ocorrem deposição. Elas possuem geralmente o mesmo espaço e tamanho.
Usualmente possuem padrão de forma dendritíco ao longo de depressões de cursos d' água,
ocorrendo onde houve concentração do fluxo na paisagem inclusive na convergência deste em
ravinas.O padrão do fluxo é influenciado pela agricultura, tipo
cobertura, pela presença de terraços, ou outras ações
antrópicas.
A forma tende a um padrão dendrítico ao longo dos cursos
d'água. Os padrões não dendríticos ocorrem em valas ao longo de estradas, terraços ou em
canais de desvio.
Ocorrem sobre vertentes com relevo suave nos caminhos da
drenagem.
Ocorrem ao longo das formas de drenagem abrindo canais ou
voçorocas.
Geralmente ocorrem bem definidas nos caminhos de
drenagem.
Os solos são removidos formando canais, as atividades agrícolas como medida paleativa conseguem recuperar a área
tampando-os, porém elas são ao mesmo tempo as causas do retorno do processo de
ravinamento nas vertentes no próximo ciclo de chuvas, quando o solo se encontra deprotegido.
Os solos são removidos por um fluxo em estreitos canais,
tipicamente aprofundam a camada agricultável do solo por ter a camada logo abaixo maior resistência. Os solos são
removidos para os espaços vazios da área adjacente pela ação
mecânica em lençol, provocando maiores danos que a erosão em
ravinas.
Os solos são removidos aprofundando o perfil, e podem
erodir a superfície menos resistente do leito rochoso.
Fonte: Zheng & Huang (2002) In Gully Erosion - Published in Encyclopedia of Soil Science - Adaptação e organização: ALVES, R.R. - 2004
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A questão da geometria ou geomorfia também é colocada por alguns autores
como Nachtergaele (2003), Ionita (2003), Torri & Borseli (2003) e outros como se
fosse uma determinante para classificação de grandes voçorocas por meio de
relações de proporcionalidade. Foram feitas a seguir breves considerações sobre as
pesquisas destes autores voltadas para a morfometria em voçorocas. Segundo o
sugerido por Poesen (2003) a classificação de voçorocas efêmeras deve ser feita
por meio da relação (razão) largura pela profundidade (W / D). Sendo que
voçorocas com relação W / D > que 1 são facilmente recobertas pelas práticas
agrícolas causando mais estragos em plantações e removendo a parte fértil dos
solos. Destaca-se também o estudo de Nachtergaele baseado em parte nas formas
e evoluções dos canais.
“Demonstrated that (ephemeral) gullies can be considered as channels characterised by a mean with (W) between that of rills and (small) rivers. For all these channels, W seems to be essentially controlled by peak flow discharge (Q) and the relation between both parameters can be expresses by the equation W = a.Qb , with a being a coefficient and the exponent b varying from 0.3 for rills, over 0.4 for (ephemeral) gullies to 0.5 for (small) rivers. For gullies, the proposed W – Q relation only holds for concentrated flow incising relatively homogenous soil material in terms of erodibility (i.e. soil erodibility remains constant with depth) Nachtergaele et al (2003).”
As relações de fluxo de descarga foram primeiramente estudadas por Leopold
e Maddock nos Estados Unidos iniciados em meados das décadas de 1950 e são
discutidos aqui por terem as voçorocas permanentes desenvolvimento semelhante
ao de rios e córregos. Torri & Borselli (2003) mencionam que os processos atuantes
nos locais durante a formação e desenvolvimento de voçorocas são freqüentemente
parecidos com os que ocorrem em rios. Na visão de Torri & Borselli (2003)
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referendando Leopold e Maddock, pois seu modelo teve por base as fórmulas de
fluxo anual de descarga desenvolvida por estes dois últimos pesquisadores, os quais
trabalharam com a relação de fluxo de descarga, nos Estados Unidos em 1965,
levando em consideração o alargamento (W) e aprofundamento (D) do canal.
Ficando assim as fórmulas:
“It is reported that many researchers found relationships between mean annual flow discharge and channel width (W) and depth (D) based on the power-type relationships...:
W = a.Qb D = c.Qd where a and c are empirical coefficients depending on some
channel characteristics, and b and d varying from 0.34 to 0.61 and from 0.16 to 0.46, respectively, following the type of flow discharge Q, i.e., mean annual discharge, bank full discharge, mean annual flood or the discharge exceeded in 50%, 15% and 2% of cases.( Torri & Borselli, 2003)”
Um outro modelo que trabalha com a geometria de voçoroca pesquisada por
Torri & Borselli (2003) é baseado principalmente na descrição física envolvida nos
processos erosivos e está relacionado com a erosão por fluxo concentrado nas
dinâmicas de fundo e nas paredes da voçoroca. Eles subdividem a voçoroca em
duas partes: a primeira caracterizada pela rápida incisão durante a formação da
voçoroca e a segunda quando o canal estabiliza e passa a prevalecer as dinâmicas
nas paredes laterais.
A partir das pesquisas de outros autores como Beven e Kirkby (1993);
Vandaele et al (1996); Vandekerckhove et al., (1998); Montgomery e Dietrich (1994),
entre outros, Torri & Borselli (2003) estabeleceram em seus estudos uma série de
modelos geomorfométricos para tentar entender o processo de instalação e
desenvolvimento dos processos erosivos. Como exemplo da evolução dos modelos ,
têm-se as variáveis básicas adotadas para o desenvolvimento das fórmulas, as
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quais permitiram-nos separar uma seção do canal estabelecendo largura (W),
comprimento (L) e aprofundamento (D) pontualmente e particularmente indicando a
quantidade de sedimentos carreados. A quantidade de sedimentos no canal e o
volume de água dentro do mesmo num dado intervalo de tempo se dá de acordo
com a seguinte fórmula: ∆Qsto = QIN – QOUT + QL + QS + QB - QSED (Figura 1) :
Figura 1 – Esquema de uma seção transversal numa voçoroca com passagem de sedimentos –
Autores: Torri & Borselli (2003 - p. 452)
A equação apresentada na Figura 1 anterior serviu como suporte que permitiu
diferentes tipos de análise morfométrica estabelecidos por Torri & Borselli (2003) a
partir de ∆Qsto que é a variação temporal do sedimento momentaneamente
suspenso na água passando pela seção do canal escolhida, pode-se estabelecer
outros tipos de derivações . Se nos referirmos, por exemplo, ao pequeno intervalo de
tempo, um tipo de derivação possível será de acordo com a fórmula: ∂qsto ⁄ ∂t = qIN-
OUT + qL + qS + qB - qSED . Onde q i (i = IN – OUT, L, S, B) significa a descarga por
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unidade de comprimento do canal e qsto é a acumulação de sedimentos por
unidade de comprimento do canal.
Ainda sobre a abordagem de Torri & Borselli (2003), com relação a variáveis
como largura, profundidade e perfil transversal, mostra que a seção da voçoroca
aumenta enquanto as paredes laterais são erodidas, isto ocorre porque o fluxo de
água se concentra na parte baixa, erodindo as paredes resultando no seu colapso.
Quando o processo ocorre de maneira intensa, como nos casos de pico de fluxo
chuvoso, a voçoroca será ampliada, pois o canal tenderá a uma forma mais
retangular com as paredes verticalizadas, assim que isto acontece desmoronam,
aumentando a largura e o comprimento.
Sobre a colocação anterior os autores conseguiram chegar à seguinte razão
de alargamento do canal: ∂W / ∂t = qs / ρD, onde p é a densidade do solo, D é a
profundidade do canal e o qs é a contribuição de sedimentos das paredes verticais
por unidade de comprimento do canal pela unidade de mudança da profundidade da
voçoroca num determinado período. O D se deve à relação de deposição e saída de
sedimentos no leito da voçoroca, as entradas laterais são insignificantes em relação
à quantidade de sedimentos das paredes laterais e do leito da voçoroca na fase
mais importante do processo erosivo concentrado que é durante os picos de
descarga. Então: ∂W / ∂t = 1 /ρ . qB - qSED / W.
Enfim, Torri & Borselli (2003) fazem uma série de análises e derivações de
fórmulas que são importantes, porém demonstrá-las em sua totalidade não é essa a
intenção desse estudo. Outros autores como Ionita (2003), Schnabel (1997) e
Hudson (1993), também trabalharam com pares como: largura, profundidade, área,
perímetro, volume, relacionando-os com os eventos chuvosos, com a perda de solo
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entre outros. Ionita (2003) trabalhou relacionando eficiência hidráulica em voçorocas
descontínuas e preocupou-se em fazer as medidas de largura, profundidade e
comprimento bem como a determinação da agradação da voçoroca e para isso
adotou algumas pesquisas científicas tais como: Schumm (1960), do Soil
Conservation Service of the USDA (1966) e também Heede (1976) e com base nelas
e em seus dados e observações de campo estabeleceu seus modelos.
Ionita (2003) a partir da análise da área de voçorocas na parte Leste da
Romênia estabeleceu um novo fator de forma. Uma análise da seção total de
voçorocas descontínuas na cidade de Barlad, permitiu a Ionita a chegar um novo
indicador de eficiência hidráulica estabelecido a partir da relação de área da Seção
Atual (Sp) pela Seção Preenchida ou ocupada (Sf). O valor 1 deste fator de forma
(Sp/Sf) representa o ponto inicial da eficiência hidráulica dentro de voçorocas
descontínuas. Os valores mais elevados do que este ponto inicial estão
caracterizando o alcance eficiente da voçoroca com pouca agradação Os valores
abaixo do ponto inicial definem o alcance ineficiente da voçoroca que com o passar
do tempo se tornará obstruída por aluvio.
Outro tipo de indicador de eficiência é dado por Heede (1976), o qual
estabelece a partir da razão de Profundidade Máxima pela Média da Profundidade
Máxima (Dmax / Dmean) o índice de 2 para a voçoroca ter início ao grau de
eficiência hidráulica de desgaste. Ambos os indicadores o de Heede que trabalha
com a razão Profundidade Máxima por Média da Profundidade Máxima (Dmax /
Dmean) e Ionita que trabalha com razão entre a área Seção Atual pela Seção
Anterior (Sp / Sf) verificaram a eficiência hidráulica em voçorocas, porém possuem
valores de linhas de eficiência diferenciados Heed (2.0) e Ionita (1.0). Por exemplo,
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quando se comparam os dois indicadores para trabalhos realizados em voçorocas
em duas bacias hidrográficas diferentes tem-se (Figuras 1 e 2):
Figura 2 e 3 - Comparativo da distribuição dos indicadores Sp/Sf (Ionita) e Dmax/Dmean ( Heede) em Vale Pustii, alto da base de Jeravat (primeiro) e Gornei-Ibana Valley, Romênia (segundo) (2003 ) - p.375 e 376.
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As Figuras 1 e 2 mostram análises feitas em algumas voçorocas com os dois
tipos de indicadores, o de Ionita e o de Heede. O primeiro indicador mostra que as
voçorocas apresentaram eficiência hidráulica em 79% de seus comprimentos e
somente uma pequena parte delas tiveram sua eficiência limitada. Já pelo segundo
indicador as voçorocas são hidraulicamente eficientes somente em 24% do total de
seus comprimentos. O indicador de Heede apresenta uma flutuação de início da
eficiência hidráulica em 2.0, quando a base da voçoroca sofre agradação.
A partir das informações anteriores Ionita (2003) procura demonstrar a
deposição de sedimentos na área do perfil transversal, conseqüentemente
estabelece outro modelo de forma usando medições de largura inferior ou de fundo
(Wb) pela largura de topo (Wt). De acordo com Ionita (2003), determinar a
quantidade de sedimento que preencheu uma determinada área de uma seção
transversal é muito difícil e demorado. Conseqüentemente, é extremamente útil
determinar um indicador que permita de maneira mais rápida e fácil avaliar a
eficiência hidráulica.
Desde que o perfil transversal das voçorocas descontínuas associadas com a
sedimentação ao longo da voçoroca tenha forma trapezoidal, pode-se concluir que a
relação da largura inferior ou de fundo (Wb) pela largura de topo(Wt) é um indicador
apropriado. A relação entre os novos indicadores morfométricos (Wb / Wt),
mostram-se mais fáceis de ser determinado no campo, e o indicador de eficiência
hidráulica (Sp/Sf), é mais difícil por se tratar de derivações por meio de regressões
matemáticas. Foi percebida uma forte relação inversa entre esses indicadores (Wb
/Wt e Sp / Sf) de R2 = 0.95 ou 0.97. Para Ionita (2003) foram estas duas
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principais formas de análise morfométrica Sp / Sf e Wb / Wt, sendo o primeiro
comparado com o modelo de Heede Dmax / Dmean,
Schnabel (1997), também trabalha a questão morfométrica desde 1990 em
uma pequena área no Sudoeste da Espanha. Schnabel estuda a variação
topográfica por meio de seções transversais em voçorocas determinando e
quantificando a perda de solo. Para quantificar a perda de solo ocasionada pelos
picos de chuvas, Schnabel (1997) usou a metodologia de Gerlach (1967). Gerlach
propõem o uso de calhas para a captura de sedimentos em diferentes tipos de
coberturas vegetais. Em sua pesquisa Schnabel (1997) dispões suas calhas em
áreas com cobertura de porte arbóreo, em áreas de pastagens, em áreas com
afloramentos rochosos e áreas de coluvio, para verificar, nos diferentes tipos de
terrenos o desgaste erosivo.
No que diz respeito à erosão do tipo voçoroca, Schnabel (1997) em suas
pesquisas faz o monitoramento em 20 seções transversais diferentes. As medições
foram feitas anualmente em geral após o período de chuvas. O princípio da
determinação da erosão ou da acumulação de material se deu pela seguinte
fórmula: A = C1 + C2 * 0,1 + C1 + C2 * 0,1 + C1 + C2 * 0,1
2 2 2
Onde: A: Erosão ou acumulação de sedimentos no perfil (m2);
Cn = PnA - PnB é a distância entre o nível horizontal e a superfície do solo
nun tempo A e B (m).
Schnabel (1997), mostra que a erosão total é a soma das seções monitoradas
ao longo da voçoroca. Os perfis são examinados em intervalos de 15 m onde existe
esta possibilidade. Em pontos determinados do canal, com recuo ativo de cabeceira,
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os transectos são espaçados sendo alocados mais próximos um dos outros. Já
Hudson (1993) usa como indicadores dados de largura e área para obter o cálculo
do volume. O método consiste no cálculo aproximado de superfícies irregulares,
elaborado conforme metodologia desenvolvida pelo autor, como pode ser visto na
fórmula: V = ∑ ( A1 + A2 /2 * L) + (A2 + A3/2 * L) + ......, (onde: V = volume, A =
área e L = distância lateral).
4.4 – Indicadores Físico-Químicos da Qualidade da Água
De acordo com a FEAM (1997), a caracterização da qualidade da água está
ligada a diversos parâmetros físicos, químicos e biológicos, os quais são oriundos da
própria natureza ou foram antropicamente introduzidos. Os parâmetros são
indicadores se a água está ou não contaminada seguindo a padrões pré-
estabelecidos para seus diversos usos.
Foram escolhidos sete indicadores físico-químicos para a análise de
contaminação, dois físicos: Cor aparente (mg Pt / l) e Temperatura (ºC) e quatro de
natureza química: Dureza Cálcica (mg / L); Demanda Bioquímica de Oxigênio (mg
O2 / L); Oxigênio Dissolvido (mg O2 / L); Ph; Dureza Magnésica (mg /L).
Segundo a classificação dos parâmetros da Resolução CONAMA nº 20 (1986)
os indicadores escolhidos são caracterizados da seguinte forma:
“1 – Cor: resulta da existência, na água, de substâncias em solução; pode ser causada pelo ferro ou manganês, pela decomposição da matéria orgânica da água (principalmente vegetais), pelas algas ou pela introdução de esgotos industriais e domésticos;”
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“2 – Temperatura: medida da intensidade de calor; é um parâmetro importante, pois, influi em algumas propriedades da água (densidade, viscosidade, oxigênio dissolvido), com reflexos sobre a vida aquática;” “3 – pH (potencial hidrogeniônico): representa o equilíbrio entre íons H+ e íons OH-, varia de 7 a 14; indica se uma água é ácida (pH inferior a 7), neutra (pH igual a 7) ou alcalina (pH maior do que 7); o pH da água depende de sua origem e características naturais, mas pode ser alterado pela introdução de resíduos; pH baixo torna a água corrosiva; águas com pH elevado tendem a formar incrustações nas tubulações; a vida aquática depende do pH, sendo recomendável a faixa de 6 a 9.” “4 – Dureza: resulta da presença, principalmente, de sais alcalinos terrosos (cálcio e magnésio), ou de outros metais bivalentes, em menor intensidade, em teores elevados; causa sabor desagradável e efeitos laxativos; reduz a formação da espuma do sabão, aumentando o seu consumo; provoca incrustações nas tubulações e caldeiras. Classificação das águas, em termos de dureza (em CaCO3): Menor que 50 mg/l CaCO3 – água mole; Entre 50 e 150 mg/l CaCO3 – água com dureza moderada; Entre 150 e 300 mg/l CaCO3 – água dura; Maoir que 300 mg/l CaCO3 – água muito dura.” “5 – Oxigênio Dissolvido: é indispensável aos organismos aeróbios; a água, em condições normais, contém oxigênio dissolvido, cujo teor de saturação depende da altitude e da temperatura; águas com baixos teores de oxigênio dissolvido indicam que receberam matéria orgânica por bactérias aeróbias é, geralmente, acompanhada pelo consumo e redução do oxigênio dissolvido da água; dependendo da capacidade de autodepuração do manacial, o teor de oxigênio dissolvido pode alcançar valores muito baixos, ou zero, extinguindo-se os organismos aquáticos aeróbios.” “6 – A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO): é a quantidade de oxigênio necessária à oxidação da matéria orgânica por ação de bactérias aeróbias. Representa, portanto, a quantidade de oxigênio que seria necessário fornecer às bactérias aeróbias, para consumirem a matéria orgânica presente em um líquido (água ou esgoto). A DBO é determinada em laboratório, observando-se o oxigênio consumido em amostras do líquido, durante 5 dias, à temperatura de 20ºC. “
Os padrões de qualidade da água variam para cada tipo de uso. Por isso, os
parâmetros de potabilidade para o abastecimento humano são diferentes das águas
destinadas a recreação, e estes, por sua vez, não são iguais aos estabelecidos para
a água de irrigação ou para uso nas indústrias, sendo que estas últimas dependem
do tipo de produtos que fabricam para determinar uma maior ou menor qualidade da
água.
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Existem 4 Classes de classificação dos cursos d’ água de acordo com seus
usos conforme Quadro 2 do COPAM (1986):
Quadro 2 - Classificação dos Cursos d'água (COPAM nº 10/86)Uso Preponderande da Água Classe Especial Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4
Abastecimento doméstico, sem prévia ou com simples desinfecção XAbastecimento doméstico, após tratamento simplificado XAbastecimento doméstico, após tratamento convencional X X
Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas XProteção das comunidades aquáticas X X
Recreação de contrato primário (natação, esqui aquático e mergulho) X X
Irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvem rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película XIriigação de hortaliças e plantas frutíferas XIrrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras X
Criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à alimentação humana. XCriação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à alimentação humana. XDessedentação de animais X
Navegação XHarmonia paisagística XUsos menos exigentes X
Fonte: COPAM nº 10/1986 – Organização: ALVES, R.R. (2005)
5 – Localização da Área de Estudo
A voçoroca se localiza, no município de Uberlândia, Triângulo Mineiro, nas
coordenadas 788237-7903448 UTM (Zona 22) e foi escolhida por se tratar de uma
evolução desencadeada por ações antrópicas. A localização da região e do
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município de Uberlândia e ainda da bacia hidrográfica do Córrego Lagoinha
juntamente com a voçoroca estão representadas na Figura 4.
BRASIL
TRIÂNGULO MINEIRO
MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA
VOÇOROCA
Córrego Lagoinha
N
Figura 4 - Localização do Município de Uberlândia e da Área de Monitoramento da Voçoroca (Bairro e Bacia Hidrográfica) - Organizador: Roberto Reis Alves - 2003
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6 - Metodologia da Pesquisa
Para o desenvolvimento desta pesquisa foram feitos vários levantamentos
bibliográficos que nortearam a fase inicial da escolha da temática e da área de
estudo. Como se trata do acompanhamento (monitoramento) da evolução de
voçoroca, adotou-se uma escala que vai de cm2 a m2 em função do tamanho da
área dentro da micro-bacia. A partir dessa escolha da área de estudo e após adotar
uma metodologia própria foi possível o exercício do levantamento primário de dados,
os quais dependeram de vários trabalhos de campo.
Com relação aos levantamentos mais detalhados foram feitas tradagens para
uma melhor compreensão da estruturação dos solos na vertente em questão, além
de levantamento de uso do solo e pluviométrico, sendo os dados do último
fornecidos pelo Laboratório de Climatologia e Recursos Hídricos do Instituto de
Geografia da Universidade Federal de Uberlândia. As coletas de solo foram
analisadas no LAGES (Laboratório de Geomorfologia e Erosão do Solos da
Universidade Federal de Uberlândia) e água coletada foi analisada no Laboratório
de Efluentes e Resíduos Industriais do SENAI de Uberlândia.
Mesmo tendo como principal eixo os dados primários, as consultas aos dados
secundários foram uma constante durante toda a pesquisa. Um outro tipo de análise
dos dados coletados foi o tratamento estatísticos-morfométrico das informações, o
que permitiu uma visão completa e detalhada da dinâmica erosiva local ao longo de
26 meses de monitoramento com a modelagem do relevo na forma de gráficos de
perfilagens, média, desvio padrão, entre outros tipos de análise morfométrica.
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6.1 - Recursos Materiais
Os materiais utilizado para o desenvolvimento da pesquisa foram:
1 – Câmeras Fotográficas: Mitsuca BF-678 e posteriormente Máquina Digital
Panasonic E-3000;
2 – Corda subdividida por cores em intervalos de 20cm;
3 – Régua retrátil de metalon;
4 – Trena de 5 metros e 50m;
5 – Armadilha de coleta de sedimentos de folha de zinco;
6 – Vertedouro de folha de zinco;
7 – Sistema de Posicionamento Global (G. P.S.);
8 – Funil de plástico;
9 – Filtro de papel;
10 – Proveta;
11 – Peneiras;
12 – Balança de precisão;
13 – Garrafas PET;
14 – Estacas de demarcação dos três perfis e cabeceira;
15 – Trado holandês;
16 – Faca;
17 – Carta de Münsell;
18 – Caderneta de Campo;
19 – Pá;
20 – Sacos plásticos;
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21 – Garrafas plásticas para coleta de amostras de água;
22 – Termômetro;
23 – Mangueira transparente;
24 – Fotografias aéreas;
25 – Cartas topográficas;
26 – Base Cartográfica cedida pela Prefeitura Municipal de Uberlândia;
27 – Cronômetro;
28 – Software Excel e AutoCAD 14;
Para as análises laboratoriais de granulometria foram usados os seguintes
materiais do Laboratório de Geomorfologia Erosão dos Solos (LAGES): pratos
plásticos para secagem das amostras, destorroador de solo, peneiras de malhas de
2mm; 0,210mm e 0,053mm, pincel, cápsula de porcelana (cadinho), balança de
precisão, água destilada, solução de NaOH, béqueres, pipeta graduada, piceta, funil
de vidro, suporte do funil, agitador mecânico, mufla, bastão de vidro e cronômetro
6.2 - Procedimentos Técnicos-Operacionais
Em todos os trabalhos de campo foram feitas anotações sobre as condições
do relevo, foram tiradas fotografias do local, permitindo visualizar claramente a
evolução da voçoroca. Além disso, foram feitas várias observações visuais e
anotações de campo que nos possibilitou enriquecer o trabalho. Desde o princípio
da pesquisa o objetivo estava centrado em fazer um acompanhamento da evolução
de processo erosivo em área urbana na Bacia do Córrego Lagoinha, então vieram
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os questionamentos, onde montar as estações, qual metodologia adotar e quais
procedimentos técnicos seriam os mais indicados para o monitoramento e
mensuração da voçoroca nesta área, conforme citado na justificativa.
A principal dificuldade foi estabelecer uma forma de medição que pudesse
nos fornecer uma base confiável de dados, e outra dificuldade foi estabelecer o
período em que seriam feitas as medições, pois até então não se tinha
conhecimento sobre experimentos semelhantes. Primeiramente, fizemos um
reconhecimento da área por meio de trabalho de campo e após observações,
escolhemos o melhor ponto para estabelecer a estação de medição e
monitoramento. Cabe salientar que trabalhos de campo foram uma constante ao
longo de toda a pesquisa.
Feito isto, optamos por uma vertente que chama a atenção por apresentar
edificações em parte de um campo hidromórfico, e após a mudança do talvegue de
uma nascente, acentuou-se o processo erosivo na área, o que a primeira vista
parecia ser potencializado nos períodos de chuva. O local oferecia uma gama de
perguntas que somente a partir de um monitoramento por determinado período
(02/02/2002 à 29/04/2004), se entenderia em parte a evolução do processo erosivo.
Num segundo momento, a questão a ser resolvida era como montar uma
estação de medição no local. Após revisão bibliográfica, optamos pelas adaptações
de alguns experimentos e a criação de instrumentos próprios, que oferecessem
facilidade e permitisse alcançar os resultados desejados. Ao longo da pesquisa foi
necessário fazer algumas adaptações ao equipamento.
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Para realizar às medições estabelecemos um critério para as condições
físicas do local, adotando o monitoramento em três seções transversais (Montante;
Intermediário; Jusante/Foz – Figura 5) e para a escala temporal de intervalos de
coleta de dados, foram monitorados numa média de 15 em 15 dias, iniciados em
fevereiro/2002, no final do período chuvoso até abril de 2004, completando um ciclo
de 26 meses. A técnica de monitoramento consiste na medição do avanço lateral e
de profundidade da voçoroca, por meio do estaqueamento em nível estabelecida
com mangueira transparente com água, sendo que as estacas foram dispostas nas
duas margens da microbacia.
Figura 5 – Ilustra aproximadamente as três seções transversais de monitoramento ao longo do canal da voçoroca (Roberto R. Alves – 11/04/2003)
Jusante Intermediário
Montante
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As medições foram feitas, com uma corda subdividida em intervalos de 20cm,
com cores diferenciadas amarradas junto às estacas, sendo assim subdividida para
permitir o deslocamento de uma régua retrátil de metalon (5m) projetada pelos
pesquisadores (Roberto Reis Alves e Ricardo Reis Alves), com uma trena de 5m
fixada ao longo da mesma (Figura 6). Ainda como recurso da pesquisa, também
foram feitas fotos do local em vários momentos, o que permitiu traçar fotos-
comparações na evolução da voçoroca.
Figura 6 – Mostra a utilização do equipamento de medição das seções transversais. Autor: Roberto R. Alves – 06/2002
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Além do monitoramento por perfilagem ainda estão sendo coletados dados
da cabeceira da voçoroca por meio do estaqueamento. Foram instaladas 6 estacas,
a uma distância inicial de 2,00 m da borda em linha reta medida com trena de 5m de
3 em 3 meses.
A área de estudo envolve a presença de um pequeno canal com água
permanente ao longo do ano com variações na vazão na época da seca e nos
eventos chuvosos, por isso o carreamento de sedimentos também é permanente,
variando de acordo com a sazonalidade, sendo mais intensos nos picos de chuva.
Os dados coletados foram colocados em ficha de campo (Anexo I) e
posteriormente as informações foram armazenadas em uma planilha no software
Excel, e a partir deles pode-se formar tabelas, gráficos, fazer médias, desvio padrão,
entre outros. Usando o software Auto CAD R14 foi possível a visualização do avanço
do processo erosivo, do cálculo da área, do perímetro e do volume e com isso
compreender a dinâmica do processo.
Entre os meses de outubro e dezembro de 2003, ocorreram problemas com o
equipamento, como quebra das estacas por pisoteio do gado, nos meses secos as
queimadas atingiram as estacas, dentre outras ações antrópicas que foram
obstáculos durante a pesquisa e ainda houve quebra da régua de medição, a qual,
era feita de alumínio e pouco resistente, o que provocou atrasos nas medições.
Este estudo foi desenvolvido dentro da metodologia disposta no fluxograma,
indicado na Figura 7:
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
46
Figura 7 - Procedimentos Operacionais durante a pesquisa
Fonte: Adaptado de Rodrigues (1998) - Organizador: Roberto Reis Alves – julho 2003
1 – LEVANTAMENTO / PROCESSAMENTO DE DADOS
ESCOLHA DA ÁREA DE TRABALHO
Levantamento estatístico-morfométrico Levantamento de Dados
Secundários
Produção de Dados Primários
Gráficos de Perfilagens Trabalhos de
Campo Análises
Laboratoriais
Metodologia de Medição
Estações de Medições
Monitoramento
Média
Desvio Padrão
Áreas
Carta de Munsell
Granulometria
Mapa de Perfis Toposseqüência
Fotocomparação
Perímetros
Volume
Relações Morfométricas
Banco de Dados - AutoCAD e Excel
Bibliográficos
Bibliografia Teórica Metodológico
Dados Climatológicos
Caracterização Física
Tradagem e coleta de água
2 – INTER-RELAÇÃO DE INFORMAÇÕES
Resultados do Monitoramento de Campo
Estatístico-morfométrica Análises Laboratoriais Avaliação dos dados de Aprofundamento e
do Avanço Lateral da Voçoroca
Perfis de Evolução da Voçoroca
3 – ANÁLISE GERAL DOS DADOS
Coleta de sedimentos e vazão
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
47
7 - Caracterização Físico-Geográfica da Área de Estudo
7.1 – Caracterização Física da Área de Estudo
7.1.1– Geologia
De acordo com Nishyama (1989), o Triângulo Mineiro está localizado quase
que totalmente dentro da Bacia Sedimentar do Paraná, sendo que a litologia local é
composta por formações de idades Mesozóicas e Cenozóicas correspondendo aos
arenitos do Grupo Bauru (Formação Marília e Adamantina), basaltos da Formação
Serra Geral e os arenitos da Formação Botucatu. Na região em questão afloram
também rochas de litologias do Pré-Cambriano, o embasamento cristalino às
margens do rio Araguari, sendo representadas pelos migmatitos, gnaisses e granitos
do Complexo Goiano.
A área de monitoramento da voçoroca está inserida na bacia hidrográfica do
Córrego Lagoinha, tem sua litologia composta por Arenitos da Formação Marília,
Cobertura Detrito Laterítica e Basaltos da Formação Serra Geral. Contudo, boa parte
dessas rochas se encontram recobertas por sedimentos do cenozóico. A maior parte
da bacia é formada sobre arenitos da Formação Marília que se estende desde as
principais nascentes do córrego Lagoinha até o início de seu baixo curso.
O outro tipo de rocha que compõe a litologia da bacia é o Basalto da
Formação Serra Geral, os quais afloram na região do baixo curso do córrego,
principalmente no fundo do canal do córrego Lagoinha e também em parte do fundo
do canal do córrego Mogi. Apesar de existirem esses afloramentos, o basalto
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
48
encontra-se quase que totalmente recoberto por sedimentos cenozóicos, e também
por sedimentos recentes provenientes do médio e alto curso do córrego Lagoinha. O
baixo curso do córrego por ser constituído de rocha basáltica proveniente de
derrames diferentes, e tanto o córrego Lagoinha quanto o Mogi passam a apresentar
sucessivas quedas d’água.
7.1.2 – Geomorfologia
De acordo do Baccaro (1991), o Triângulo Mineiro está localizado na
Morfoestrutura da Bacia Sedimentar do Paraná e nas unidades Morfoesculturais de
planaltos. As unidades morfológicas, ou seja, os padrões de formas semelhantes
encontrados na região são principalmente os padrões em forma de colinas, sendo
que aparecem também os padrões de formas tabulares, constituindo o principal
interflúvio entre as bacias dos rios Grande (ao sul) e Paranaíba (a oeste e ao norte).
Baccaro (1991), observa que os tipos de formas de relevo predominantes são
as colinas com associações a algumas planícies fluviais, tendo como vertente
predominante as do tipo convexa, que aparecem associadas a uma menor
quantidade de vertentes côncavas, denominando-as de Áreas de Relevos
Medianamente Dissecados.
Baccarro et al. (2001), desenvolveu um trabalho sobre unidades
geomorfoestrutural no Triângulo Mineiro, identificando novas unidades
geomorfológicas na região, a saber são: Planalto Dissecado dos Rios Grande-
Paranaíba, Planalto Tabular, Canyon do Araguari, Planalto Dissecado do Tijuco,
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
49
Planalto Residual e Planalto Dissecado do Paranaíba. Todo esse conjunto
associado está inserido na Morfoestrutura da Bacia Sedimentar do Paraná, com
exceção do Planalto Dissecado do Paranaíba, o qual faz parte de outra unidade
morfoestrutural, formadas por rochas do Grupo Araxá (gnaisses, migmatitos,
micaxistos, granitos etc) e também por rochas do Complexo Basal.
O Projeto Radam Brasil (1982) coloca o município de Uberlândia situado no
domínio dos Planaltos e Chapadas da Bacia Sedimentar do Paraná, formados por
subunidades das chapadas sedimentares do Triângulo Mineiro, com forma
predominante de relevo tabular, levemente ondulado, variando a altitude entre 650 e
900m.
Com relação ao relevo na área de monitoramento observa-se que as colinas
são as formas de relevo predominantes, apresentando em maior quantidade as
vertentes convexas, as quais aparecem associadas às vertentes côncavas. Por
último, vale a pena caracterizar também o fundo do vale, o qual normalmente se
apresenta plano ou aberto com aluvião. Como já foi dito muita das formas originais
do relevo já foram alteradas pela ação antrópica.
Quando se analisa o relevo, não pode ser esquecida a questão do índice de
declividade de uma determinada área, pois esse índice contribui para que se
determine a condição do escoamento superficial, entre outros processos influindo
diretamente, por exemplo, na velocidade de escoamento. Na área da bacia as
declividades variam desde índices baixos (2%), o que contribui para determinar um
escoamento com velocidade baixa, até índices relativamente altos para a região,
entre 12% e 16% como na área da voçoroca, o que contribui para determinar um
escoamento com alta velocidade.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
50
Nos locais em que o índice de declividade é alto, associado à ocupação
humana que contribui para a impermeabilização do solo, é onde se percebe a maior
intensidade do escoamento superficial, que em algumas horas de chuvas
concentradas pode ser responsável por uma remodelação drástica das formas de
relevo inseridas nas paisagens urbanas. Em específico no local onde se localiza a
voçoroca, no Bairro Karaíba, tem-se a seguinte feição física: situa-se em uma área
de relevo dissecado e de topo plano, com altitude de 857 metros em média.
Os processos geomorfológicos recentes na bacia hidrográfica são facilmente
percebidos, tanto no alto, como no médio e baixo curso do córrego Lagoinha. É
possível observar processos de ravinamento em constante progressão,
conseqüentes assoreamentos, solapamentos das margens do córrego, voçorocas,
os quais são passíveis de um estudo mais aprofundado através de um
acompanhamento periódico (monitoramento).
7.1.3 – Solos
De acordo com um levantamento de solos feito pela Embrapa (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o município de Uberlândia apresenta um
maior percentual em área do tipo Latossolo Vermelho-escuro e Latossolo Vermelho-
amarelo ambos distróficos ou álicos nas áreas correspondentes às chapadas.
Os solos de maior fertilidade como por exemplo o Latossolo Roxo, aparecem
nas vertentes e interflúvios do baixo curso do Rio Uberabinha e nas médias e altas
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
51
bacias dos afluentes do Rio Araguari. Já os solos Podzólico Vermelho-amarelo,
estão localizados próximo ao fundo de vale do Rio Araguari e afluentes.
Nos fundos dos relevos mais suaves geralmente tem-se a ocorrência de
veredas sendo ponto de afloramento do lençol freático ocorrendo as nascentes de
vários córregos da região, apresentando um grande acúmulo de material orgânico, o
que dá a cor escura ao solo, ocorrendo, portanto, os chamados solos hidromórficos.
Na Bacia do Córrego Lagoinha a maior parte dos solos são do tipo Latossolo
Vermelho-escuro, porém, apresenta próximo a confluência com o Córrego Mogi um
tipo de solo com formação mais recente e menos intemperizado, originando o
Cambissolo proveniente do afloramento basáltico. Nas margens do Córrego
Lagoinha e atingindo muitas vezes a meia encosta aparecem os solos hidromórficos
que apresentam como principais características, o grande acúmulo de material
orgânico e umidade originando solos com tons escuros ou acinzentados. Este tipo
de solo ocorre ao longo de boa parte do leito, variando somente sua largura.
Ainda para se compreender um pouco melhor a dinâmica do relevo local,
estabelecendo inter-relações com o processo erosivo em estudo, foram feitas
tradagens ao longo da vertente, as quais estão mais detalhadas no sub-tópico 6.2.
Porém, foi feita uma seqüência de coleta de amostras de solo em diversos pontos da
Bacia do Córrego Lagoinha. Contudo, merecem destaque as amostras colhidas no
médio curso do mesmo próximo ao parque de exposição agropecuária, as quais
foram analisada pelo LAGES no Instituto de Geografia da Universidade Federal de
Uberlândia. Em estudo prévio a respeito dos solos da Bacia do Córrego Lagoinha,
Alves & Reis (2001), indicou a presença de solos variando de argila arenosa a
franco-argilo-arenoso, conforme Quadro 3 e Figura 06:
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
52
Quadro 3 – Análise Granulométrica de solo na Média Bacia do Córrego Lagoinha
Amostra Profundidade Argila Silte Areia Grossa Areia Fina Areia Total TOTAL
Lab. Campo Cm (%) (%) (%) (%) (%) (%)
1 P01 120 40,96 1,74 19,20 38,10 57,30 100,00
2 P02 A1 50 40,80 2,20 22,60 34,40 57,00 100,00
3 P02 A2 100 44,49 1,86 21,45 32,20 53,65 100,00
4 P03 A1 40 41,38 2,62 20,50 35,50 56,00 100,00
5 P03 A2 100 42,20 3,00 20,00 34,80 54,80 100,00
6 P04 A1 30 33,28 5,62 35,70 25,40 61,10 100,00
7 P04 A2 120 39,97 1,38 27,85 30,80 58,65 100,00
8 P04 A3 180 42,95 2,00 26,25 28,80 55,05 100,00
9 P04 A4 270 51,08 3,22 31,95 13,75 45,70 100,00
10 P05 200 48,32 2,43 28,25 21,00 49,25 100,00
Amostras Analisadas no Laboratório de Geomorfologia do Instituto de Geografia - U.F.U. - Julho 2001 Organizador: Alves, Roberto Reis (2001)
As amostras foram colhidas próximas ao Parque de Exposição da cidade de
Uberlândia (Camaru) em perfil transversal, caminhando da margem esquerda para
direita (Figura 8).
Figura 8 – Perfil transversal do Médio Córrego Lagoinha, está disposto do sentido SW (P01) para o NW (P05) com escala aproximada de 1: 3000. (Roberto R. Alves – Out/01)
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
53
7.1.4 - Clima
Segundo a classificação de Köpper, o clima predominante no Triângulo
Mineiro é o Cw, tipo tropical semi-úmido, com temperatura média de 23°C, que se
caracteriza por apresentar, seis meses secos e com temperaturas amenas (inverno -
abril a setembro) e os outros seis meses, quentes e chuvosos (verão - outubro a
março). De acordo com Mendes (2001), o Triângulo Mineiro apresenta média
pluviométrica anual entre 1300 e 1700mm.
De acordo com Magnago et al (1983), o período seco é influenciado pelo
avanço da zona anticiclonal em direção ao interior, as massas Equatorial Atlântica
(mEa) e a Tropical Atlântica (mTa), com características de estabilidade, repulsa, a
Frente Intertropical (FIT) empurrando-a em direção a linha do Equador, provocando
a queda excessiva das precipitações no Triângulo Mineiro. Nessa época mesmo
com a influencia da Frente Polar, a queda da umidade e estabilidade formada pela
massa Tropical não permite a formação de nuvens e conseqüentemente impede a
ocorrência das chuvas, por isso, tem-se um período de seis meses de estiagem.
Nos seis meses úmidos, a dinâmica atmosférica do Triângulo Mineiro é
influenciada pelos sistemas tropicais e equatoriais, e ainda recebe influência das
massas polares provenientes do sul do Brasil, que provocam chuvas e quedas na
temperatura. No verão, a massa equatorial continental (mEc) quente e úmida, com
instabilidade convectiva, se desloca para as áreas de baixas pressões resultando no
aquecimento, da região central do país.
Associado a esse sistema de dinâmica atmosférica, quando há a entrada dos
alísios de nordeste, dá origem a Frente Intertropical (FIT) que provoca as grandes
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
54
pancadas de chuvas (EMBRAPA, 1982). Nesse, período em que as chuvas são mais
concentradas é quando geralmente elas provocam maiores transtornos ao Homem e
também traz diversos problemas para o próprio meio ambiente.
7.1.5 - Vegetação
O cerrado é um domínio vegetal nativo do Brasil Central, porém ocorrem
manchas desta vegetação em diversas regiões do país. O cerrado ocupava cerca de
um quarto do território brasileiro, sendo ultrapassado somente pela Floresta
Amazônica. Dentro do Cerrado é possível encontrar e separar fitofisionomias.
De acordo com Coutinho (2002), com a Ong A Última Arca de Noé:
Ecossistemas Brasileiros (2001) e com a WWF-Brasil (2002) o Cerradão apresenta
espécies com vegetação exuberante, considerada um tipo de formação florestal,
com fechamento do dossel de 70%, em média, com espécies arbóreas de 15 m; O
Cerrado Típico ou Stricto Senso com formação savânica que têm como
característica de destaque uma camada arbórea descontínua menor que o anterior,
atingindo 8 m de altura; Campo Cerrado forma intermediária de vegetação entre o
cerrado típico e o campo sujo, as árvores são bem espalhadas, ocorrem estratos
herbáceos e gramíneas ao mesmo tempo; Campo Sujo possui pequenas árvores e
arbusto, os quais geralmente se concentram em ilhas de vegetação; Campo limpo
formado por gramíneas; A Mata Mesofítica dos fundos de vale ou encostas, formado
por árvores de maior porte; a Mata de Galeria que ocorre ao longo dos rios; e a
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
55
vegetação típica de áreas de veredas sendo o principal representante o buriti
(Mauritia flexuosa).
Além dessa espécie colocada anteriormente destacam-se inúmeras, tais
como: Aroeira-vermelha (Astronium fraxinifolium); Candeia (Gochnatia polymorpha);
Embiruçu (Eriotheca pubescens); Fruta-de-ema (Couepia grandiflora); Guatambu
(Aspidosperma macrocarpon); Ipê-branco-do-brejo (Tabebuia serratifolia); Lixeira
(Curatella americana); Pimenta-de-macaco (Xylopia aromatica); Piqui (Caryocar
brasiliense);
Os domínios do cerrado, segundo o mapa Galileu (2000) da WWF – Brasil,
cobre 23% do território nacional. Apesar dessa expressividade, o cerrado nunca teve
a devida proteção que merece, e com isso, principalmente depois do avanço da
fronteira agrícola, o cerrado passou por um intenso processo de desmatamento para
a instalação de grandes plantações e de pastagens, restando poucas áreas de
vegetação natural.
Atualmente, na região do Triângulo Mineiro, encontram-se poucos resquícios
da vegetação de cerrado, sendo que, o que resta, está quase sempre concentrado
próximo aos cursos de água (Mata Mesofítica) e nas áreas que os fazendeiros são
obrigados a preservar em suas fazendas seguindo as leis ambientais vigentes no
Estado de Minas Gerais e no país.
A área de estudo apresenta vegetação típica de veredas das chapadas do
Brasil Central. Existe no local espécies gramíneas ornamentais típicas de solos
hidromórficos (Gleysolos), apresentando ao longo dos cursos d´água vegetação
mais densa de maior porte, apesar de degradada, percebe-se a presença de
imbaúba (Cecropia spp), mama-de-porca (Fagara acrean), sangra-d’água (Cróton
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
56
urucurana), barbatimão (Stryphnodendron rotundifolium Mart.), açoita cavalo (Luhea
Speciosa), pimenta-de-macaco (Xylopia aromática), muricis (Byrsonima
verbascifolia) apresentando ainda a palmeira característica das veredas o buritizeiro
(Mauritia flexuosa) entre outros.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
57
8 - Análises dos Resultados
8.1 - Descrição da área da voçoroca: uso e ocupação do solo
A área de estudo localiza-se nas proximidades do cruzamento das ruas José
de Paula Dias com Coronel Ernesto Rodrigues Cunha onde existe uma nascente,
afluente do Córrego Mogi. Devido a toda ocupação desordenada da área, em função
de um mal planejamento, deu-se início a um forte processo erosivo que já alcançou
níveis muito acelerados, atingindo o lençol freático e caracterizando uma voçoroca.
Esta parte do bairro apresenta relevo com forma relativamente inclinada por se tratar
de fundo de vale. Além disso, os solos são arenosos, ácidos e pouco coesivos, com
presença de turfeiras, e existe na alta vertente uma forte influência hidromórfica.
Ao longo do canal do córrego, formou-se uma queda d’água que catalisou a
força de desgaste da água, facilitando ainda mais o desencadeamento do processo
erosivo e configurando no local uma voçoroca com anfiteatro ovóide, com paredes
íngremes na parte superior e um estreitamento do canal à jusante.
A Figura 09 - Uso e Ocupação do Solo da Área de Entorno da Voçoroca e
também a Figura 10 - Cobertura Vegetal da Área de Entorno da Voçoroca, a seguir,
tem-se a atual configuração de uma parte do bairro Karaíba, exatamente nas
proximidades da área de estudo. Nota-se o avanço das edificações sobre as áreas
que deveriam ser de preservação permanente e a infra-estrutura criada para suporte
da população residente do local potencializa os problemas, por exemplo, a
impermeabilização do solo, a conexão de tubulações de escoamento de água pluvial
diretamente sobre o leito das nascentes e córregos entre outros fatores que
aumentam e aceleram ainda mais a degradação ambiental.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
58
Área Institucional
Condomínio Fechado
LEGENDA
10001000 500
ESCALA GRÁFICA
300200 400 750
Área Urbanizada
Área não-loteada
Lote Vago Área Verde
DATA18/08/2002
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
1:15.000
ESCALA
Urbano de Uberlândia - MG - PMUBase Cartográfica Digital do Perímetro
FONTE
AUTOR
MARCO GENARO
Área de Preservação Permanente
VOÇOROCA
TÍTULO
Figura 09 - Uso do Solo na Área de Entorno da Voçoroca
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
59
ESCALA GRÁFICA
0 100 400300200 500
MARCO GENARO
Base Cartográfica Digital do Perímetro Urbano de Uberlândia - MG - PMU
AUTOR
FONTE
COBERTURA VEGETAL
750 1000
18/08/2002
ESCALA
1:15.000
DATA
VOÇOROCA
Mata Galeria
Sem Cobertura
Cerrado Preservado
Cerrado Degradado
Veredas e Áreas Úmidas
LEGENDA
TÍTULO
Figura 10 - Cobertura Vegetal na Área de Entorno da Voçoroca
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
60
De acordo com Alves (2001) com a construção das edificações, houve a
concentração das águas que antes corriam em direção ao nível de base, ou seja, em
condições de relevo normal, e com a modificação para um talvegue perpendicular,
alterando seu curso natural houve o desencadeamento e acentuamento da dinâmica
erosiva na voçoroca. O leito desse afluente do Mogi foi desviado para correr sobre
uma canalização aberta de concreto, cujo fluxo de água provém por baixo e pelos
fundos das residências. Ressaltando que a Prefeitura realizou obras no local,
fazendo somente uma caixa de coleta e estendendo a canalização por
aproximadamente 100 m, aumentando a concentração das águas pluviais sobre o
canal da voçoroca.
Ainda na área da voçoroca ocorre o aumento da energia cinética em função
de um ponto de ruptura (knickpoint) na cabeceira da mesma a partir desse ponto no
relevo forma-se erosão por quedas-d’ água (plunge pool erosion), ou seja, o
escoamento verte para dentro da voçoroca, turbilhonando e escavando próximo ao
encachoeiramento, o que leva a queda de talude em alguns pontos localizados.
Além da ocorrência de queda-d’água na área de estudo existe também com uma
certa freqüência o solapamento da base de taludes e o movimento de massa
localizado.
A retirada da cobertura vegetal foi outro fator responsável pela aceleração do
avanço da voçoroca, pois a estabilidade do sistema foi quebrada, tornando-o mais
susceptível ao processo erosivo. Isso resultou em uma acentuação da energia da
água trabalhando sobre o solo, pois na média vertente o fluxo passou a correr
diretamente sobre o mesmo, elevando-se, portanto, seu poder de erosão. Esse é um
dos principais fatores do avanço da voçoroca.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
61
O monitoramento realizado na pesquisa indicou e pode comprovar por
fotografias, diversas ações antrópicas em vários momentos, tais como: queimadas,
aterros, canalização, pisoteio do gado entre outros, como o que pode ser visto na
Figura 11 que ilustra o atual estado de degradação nas proximidades da área de
estudo.
Figura 11 – Aterro sobre área hidromórfica, ao fundo os processos erosivos intensificados pelo pisoteio do gado. Autor: Roberto R. Alves – 23/03/2002.
A figura 12 registra o início do monitoramento na área da voçoroca, na qual
pode-se observar uma grande quantidade de sedimentos depositados de diversas
granulometrias e alguns solapamentos na base logo abaixo do encachoeiramento.
As outras seqüências fotográficas ilustram os vários estágios evolutivos da voçoroca.
VOÇOROCA
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
62
Figuras 12 – Processo erosivo no primeiro dia de monitoramento (02/02/2002) ainda pouco profundo e com avanço lateral inexpressivo, porém nota-se ravinamento nas paredes e um grande acúmulo de sedimentos dentro do corpo da voçoroca. Autor: Roberto Reis Alves – 02/02/2002
O avanço lateral nas paredes da voçoroca e o aprofundamento foram
algumas das constatações feitas ao longo da pesquisa sobretudo nos momentos de
chuvas intensas o que potencializava o desgaste erosivo, porém mesmo durante as
épocas de seca, era facilmente percebido o ressecamento do solo, provocando
fissuras nas argilas preparando para futuros solapamentos (Figuras 13, 14 e 15).
Vale salientar ainda sobre as ações antrópicas que as mesmas provocaram
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
63
modificações nas paredes da voçoroca embora em pequenas proporções. Por
exemplo, crianças de bairros mais carentes brincavam na área fazendo represas
dentro do canal da voçoroca, escadas em suas paredes etc.
Figura 13 – Queda do talude intermediário na margem esquerda da voçoroca, uma das maiores modificações que ocorreu neste perfil, a queda ocorreu na noite do dia em que se fez a primeira medição. Autor: Roberto R. Alves – 23/04/2002
Figura 14 – Início do período chuvoso (outubro), ocorreram novas quedas no talude intermediário em função do solo estarem muito seco na estação anterior e que uma parte do material foi carreado. Nota-se ainda que a vegetação seca inicia sua regeneração. Autor: Roberto R. Alves – 08/10/2002
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
64
Figura 15 – Canal acima do Perfil de Montante com intemperismo físico atuando sobre as argilas no campo hidromórfico provocando fissuras nos taludes ao longo do canal, facilitando a atuação das águas no período de chuva quebrando a estrutura dos agregados – Autor: Roberto R. Alves –
17/07/2002
As Figuras 16, 17 e 18 mostram a evolução da cabeceira da voçoroca do
início ao fim do período de monitoramento.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
65
Figura 16, 17 e 18 – Da esquerda para direita percebe-se a evolução do canal da voçoroca com a erosão sendo ativada no período de chuvas (outubro/março. A primeira foto foi feita em outubro/2002, a segunda em abril/2003 e a tecerira em abril/2004– Autor: Roberto R. Alves).
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
66
As figuras 19, 20 e 21 mostram como foi à evolução do corpo da voçoroca por
foto-comparação do início do monitoramento 02/02/2002 até o encerramento do
mesmo em 29/04/2004.
Figura 19 – A Imagem mostra o do início do trabalho de monitoramento Fevereiro/2002 – Autor : Roberto R. Alves
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67
Figura 20 – A Dinâmica evolutiva em Abril/2003 é facilmente percebida quando comparada a figura 17 - Autor : Roberto R. Alves
Figura 21 – Por último a figura ilustra a dinâmica evolutiva no período final de monitoramento em Abril/2004 - Autor : Roberto R. Alves
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68
As Figuras 19, 20 e 21, ilustram a dinâmica do processo erosivo no período
de 26 meses. Nas fotografias pode-se verificar tanto o aprofundamento quanto à
queda das paredes da voçoroca desde o início do monitoramento (figura 19),
quando choveu 218 mm do dia 02 ao dia 10.
No período de monitoramento no mês de dezembro 2002 registrou-se 532
mm de chuva, entre os dias 02/11 e 27/12/2002, o que provocou grandes mudanças
no corpo da voçoroca. Cabe salientar que o intervalo maior deu-se em função dos
problemas operacionais ocorridos. Em seguida (figura 20), entre 11/03 e 11/04/2003,
os índices pluviométricos foram de 331,4mm, o que provocou um grande
desmoronamento levando o encachoeiramento mais a montante. Por último, (figura
21), quando se encerrou o monitoramento (seções transversais) nos intervalos de
medições entre os meses de janeiro e abril caiu 829,2 mm de chuvas provocando
grandes transformações principalmente na cabeceira (dados trabalhados adiante)
nas três seções transversais, sendo que a de montante foi a mais afetada.
8.2 – Toposseqüência na Área de Estudo
A vertente tem do seu ponto mais alto ao mais baixo 346 m de extensão e ao
longo dela foram estabelecidos pontos estratégicos para a coleta das amostras. A
vertente está representada em parte na Quadro 4. No total das 8 sondagens foram
coletadas e identificadas as cores 105 amostras.
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69
Das 105 selecionaram-se as mais representativas, por algum motivo mais
importante como mudanças de cores, presença de seixos, carvão etc, totalizando 67
amostras para serem analisadas sua granulometria.
Durante o monitoramento foram feitas 8 tradagens (sondagens), na margem
esquerda do Córrego Mogi, para compreender melhor a dinâmica erosiva do local a
partir da análise granulométrica das amostras coletadas. O lugar escolhido para
toposseqüência na vertente apresenta-se de acordo com a Figura 22.
Figura 22 – Parte da vertente onde foram feitas às sondagens. Autor: Roberto R. Alves – 10/02
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70
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71
FIGURA 23 - Mostra a Variação Pedológica e Hidrológica dos Perfis na Toposseqüência
Altitude (m) 866coordenadas
(UTM) 865PRESENÇA DE CARVÃO
S 1 (m) Observações 864
NÓDULOS DE PLINTITA
0,20 S4 (m) 863PRESENÇA OU NÍVEL DE SEIXOS
0,60 0,20 S3 (m)UMIDADE OU NÍVEL FREÁTICO
0,80 0,60 0,20 S5 (m) MOSQUEAMENTO
1,00 pequenos seixos 0,80 0,60 0,20 860CORES AVERMELHADAS
1,40 pequenos seixos 1,00 carvão 0,80 0,60 SAPROLITO
1,80 carvão 1,40 1,00 0,80 S2 (m)
MATERIAL ARGILOSO
2,20 1,80 1,40 carvão 1,00 0,20 turfeira 854 TURFEIRA2,60 2,20 muito carvão 1,80 1,40 carvão 0,60
3,00 2,60 2,20 1,80carvão / nódulos de
plintita 0,80 início da água S6 (m)3,20 3,00 2,60 2,20 nódulos de plintita 1,00 ferro reduzido 0,20 turfeira3,40 3,20 3,00 2,60 nódulos de plintita 1,40 nódulos de plintita 0,60 freático + plintita
3,80 3,40 3,20 mosqueamento 3,00aumento dos
nódulos de plintita 1,80ferro reduzido e
oxidado 0,80 nódulos de plintita
4,00 umidade 3,80 umidade 3,40 3,20início da água /
cores avermelhadas 2,20nódulos
avermelhados 1,00 seixos
4,20 4,00 umidade 3,80 3,40 cores avermelhadas 2,40 variegada 1,404,60 4,20 variegada 4,00 variegada 3,80 3,00 1,80 água diminui
5,00 variegada 4,60 variegada 4,20cores
avermelhadas 4,00 3,20 muito avermelhado 2,20 muda textura
6,00 variegada 5,00 variegada 4,60cores
avermelhadas 4,20solo muito
avermelhados 3,40 muito avermelhado 2,40 muita água 839
5,00aumento da umidade 4,60 cascalho < 10mm 3,60 nível de seixos 3,00 seixos menores 838
5,00 cascalho < 10mm 3,80mudança de cor /
seixos 3,20 seixos menores S7 (m)
4,20término da cascalheira 3,40
nível de seixos (conglomerados) S8 (m)
4,60 mudança de cor 3,60 nível de seixos 0,20 turfeira
Organizador: ALVES, R. R. - 2005 5,00 seixos saprolizados 4,00
mudança de cor / seixos de 25 a
50mm V 0,60 turfeira
4,20 cascalhos angulosos O 0,80 turfeira
4,60
cor vermelha intensa /
mosqueamento Ç 1,00 turfeira
5,00
cor vermelha intensa / material muito argiloso O 1,40 turfeira
6,00 saprolito de arenito R 1,80 areia lavada
O 2,20 areia lavada
C 2,40presença de cascalho
A 3,00 areia lavada
4,00 muda de cor4,20 verde oliva4,60 seixos angulosos5,40 seixos arredondados6,00 saprolito de basalto
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72
Os pontos escolhidos foram assim distribuídos ao longo da vertente: o Ponto
de Sondagem 1 (S1), foi o marco zero localiza-se nas coordenadas 788080-
7903262; a Sondagem 2 (S2), era para ter sido feita a 173m de S1, porém em
função da avenida foi feito um recuo de 13m para que não houvesse contaminação
do solo por materiais usados na construção da mesma, localiza-se na metade da
vertente nas coordenadas 788162-7903389; o Ponto da Sondagem 3 (S3) localiza-
se nas coordenadas 788123-7903333, foi feito a 86,50 m de S1 na metade de S2; a
Sondagem 4 (S4) foi realizada a 43,25 m de S1 localizada nas coordenadas
788100-7903303; o Ponto da Sondagem 5 (S5) deu-se a 116,75 m de S1, também
com recuo de 13m em função da avenida, localiza-se nas coordenadas 788138-
7903363; a Sondagem 6 (S6) foi realizada a 216,25 m de S1 num ponto de ruptura
da vertente localizada nas coordenadas 788189-7903416; a Sondagem 7 (S7) foi
feita dentro da voçoroca a 281,12 m de distância de S1; a Sondagem 8 (S8) foi
realizada na planície de inundação do Córrego Mogi no último ponto a 346 m de S1
localizada nas coordenadas 788241-7903473.
Pode-se observar na Figura 24, no talude da Seção Transversal de Montante,
da voçoroca ilustrando os materiais superficiais da parte mais baixa da vertente.
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73
Figura 24 – Perfil Pedo-geológico da parte baixa da vertente. Autor: Roberto R. Alves – 03/03
Este perfil na data tinha 3,60 m, a estaca localizada acima na figura tem 30
cm, servindo como referência da profundidade no transecto de Montante. Nele
percebe-se desde o horizonte mais superficial no qual nota-se a presença de
matéria orgânica até o horizonte mais profundo, onde ainda se vê a rocha matriz
(arenito), com alguns conglomerados, prova de transporte e deposição de material
aluvial ou por colúvio sobre esta rocha.
Horizonte O
Horizonte A/B
Cobertura Coluvial Detrito Laterítica
Conglomerados
Formação Marília (Arenitos e conglomerados)
ESTACA
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74
8.3 – DISTRIBUIÇÃO PLUVIOMÉTRICA DURANTE A PESQUISA
Na área onde está localizada a voçoroca, segundo dados do Laboratório de
Climatologia e Recursos Naturais do Instituto de Geografia (Estação Meteorológica
do Campus Santa Mônica - UFU), foi registrada pluviosidade total no período de 26
meses de monitoramento um acumulado de 3676,5 mm.
No primeiro ano os índices pluviométrico foram de 1799,30 mm e no último
ano de monitoramento 1877,20 mm. Isto mostra num primeiro momento a
sazonalidade regional e num segundo os picos chuvosos, mostra quando ocorre o
aumento no escoamento superficial e conseqüentemente maiores modificações na
geometria da voçoroca. Na Figura 25 temos a distribuição das chuvas ao longo dos
meses de monitoramento.
0
100
200
300
400
500
600
Pre
cip
itaç
ão -
mm
fev/02 abr/02 jun/02 ago/02 out/02 dez/02 fev/03 abr/03 jun/03 ago /03 out/03 dez/03 fev/04 abr/04
Distribuição das chuvas por Meses
Distribuição da Precipitação por Meses (2002 à 2004)
Figura 25 – Mostra a distribuição das chuvas por meses de fevereiro de 2002 a abril de 2004 - Fonte: Laboratório de Climatologia e Recursos Naturais – IGUFU - Autor: Roberto Reis Alves – setembro/2004
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75
Na Figura 26, foi dividido por período de monitoramento, e ilustra como se deu a distribuição das chuvas, mostrando
claramente a sazonalidade, ao longo dos 26 meses com médias de intervalos de 15 dias:
Precipitação por intervalo de Monitoramento - 2002 à 2004
192,5
92,9
148,7
202,3
111,3
144,6
259,3
66,7
331,4
122
360,1
532
83,1
218
0
100
200
300
400
500
6002/2/2002
2/4/2002
2/6/2002
2/8/2002
2/10/2002
2/12/2002
2/2/2003
2/4/2003
2/6/2003
2/8/2003
2/10/2003
2/12/2003
2/2/2004
2/4/2004
Período de Monitoramento
Pre
cip
ita
çã
o -
mm
Figura 26 – Ilustra a precipitação de acordo com o período de intervalos de monitoramento da voçoroca - Fonte: Laboratório de Climatologia e Recursos Naturais – IGUFU Autor: Roberto Reis Alves – agosto/2004
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76
8.4 – Descrição das Seções Transversais: Montante, Intermediário e Jusante
A pesquisa centra-se no monitoramento de três seções transversais:
Montante, Intermediário e Jusante, as quais são mostradas graficamente como se
deram seus processos evolutivos, iniciado em 02/02/2002 até 26/04/2004.
Os dados coletados possibilitaram formular tabelas e a partir dessas, elaborar
gráficos da evolução do processo erosivo, permitindo compreender a dinâmica
evolutiva nos períodos de seca e de chuva, verificando os efeitos da sazonalidade.
Nessa pesquisa fez-se a opção pelas tabelas geradas no software Excel para
facilitar a tabulação dos dados, enquanto os gráficos foram desenvolvidos no
software AutoCAD R14, o qual permite traçar com maior precisão os gráficos da
evolução erosiva da voçoroca.
Os dados foram georeferenciados e criadas fórmulas matemáticas no Excel
de acordo com as informações e metodologia das seções transversais para que os
mesmos gerassem as linhas nas coordenadas corretas formando os gráficos no
software AutoCAD R14.
Os produtos resultantes desse processo são gráficos que permitem visualizar
o avanço tanto em profundidade quanto lateralmente, como podem ser visto nas
Figuras 27, 28 e 29.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
77
FIGURA 27 - SEÇÃO TRANSVERSAL DE MONTANTE (LARGURA X PROFUNDIDADE)
ÁREA ERODIDA-450
0
-500
100 200 300 400 500
23
-50
-250
-350
-400
-300
-150
-200
-100
(cm)
0
32
600
27
700 800 900
(cm)
1000 1100
Pontos Analisados
4101112002
11042003
29042004
14122003
15082002
02022002
08102002
Autor: Roberto Reis Alves – 2004
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
78
A Figura 27 apresenta a Seção Transversal de Montante, a qual apresenta a
maior energia cinética, pois neste local existe uma pequena cachoeira, sendo o setor
de maior atividade erosiva. Esta Seção possui 11,40 metros de comprimento de uma
estaca a outra (57 pontos subdivididos de 0,20m cada). Como pode ser visto na
figura, a linha referente à primeira medida de cor vermelha na legenda, indica a
situação inicial do monitoramento.
A profundidade num mesmo ponto variou ao longo do período, ficando os
registros mais profundos inicialmente 1,16 m e no final do monitoramento alcançou
3,88 metros. O avanço lateral nas primeiras medições possuía como largura de
fundo em torno de 2,00m com profundidades médias de 1,14m no final do
monitoramento passou a ter largura de 4,00m com profundidades médias de 3,69m.
Ao final do período representando a última medição linha de cor magenta,
indica que a forma no local foi completamente modificada, aumentando ainda mais a
profundidade e seu avanço lateral, potencializado principalmente no período
chuvoso que vai de outubro a março, quando comparado com as outras cores de
linha que representa fases do monitoramento mais iniciais.
Para uma melhor visualização da evolução do processo erosivo utilizou-se a
representação colorida nos gráficos. As cores indicam as datas com modificações
mais representativas. Elas ilustram o avanço em profundidade e também as
modificações laterais do talude, bem como momentos de acumulação de sedimentos
ou outros materiais tais como: lixo, restos de construção, pedaços de madeira, ou
mesmo seixos ou blocos que desprenderam das laterais.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
79
700
FIGURA 28 - SEÇÃO TRANSVERSAL INTERMEDIÁRIA (LARGURA X PROFUNDIDADE)
-500
-450
0 100 200
-400
-350
-300
-250
300 400 600500
ÁREA ERODIDA
23
2531
-200
-150
-100
-50
(cm)
0
08032002
Pontos Analisados
900800
40
11001000 13001200
(cm)
29042004
11042003
02022002
Autor: Roberto Reis Alves - 2004
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
80
A Figura 28 mostra a Seção Transversal Intermediária, ela possui entre as
estacas 14,00 metros de comprimento (70 pontos subdivididos de 0,20m cada). Na
primeira medição de cor vermelha registrou-se como ponto mais profundo 3,30
metros, sendo que no ponto mais profundo na última medição, chegou-se a registrar
4,16 metros de aprofundamento. Nota-se a evolução da Seção, logo em seguida a
primeira medição, representada pela cor vermelha, houve um grande recuo lateral
no talude da margem esquerda da voçoroca, no dia 02/02/2002 no mesmo ponto
onde foi registrado apenas 0,19m após o solapamento 12/02/2002 passou a ter
1,30m.
Logo em seguida a queda, conforme mostra a cor verde, houve uma grande
deposição de sedimentos no canal da voçoroca. Este material depositado dentro da
voçoroca cimentou e permaneceu no local mesmo passando outro período de
chuvas na região. Ao final de 14 meses boa parte do material ainda ficou
praticamente inalterado em sua forma sofrendo apenas erosão laminar. A única
parte do material carreado foi a que caiu sobre o canal, como pode ser visto na
figura representada pelo aprofundamento na cor marrom 11/04/2003.
Ao final dos 26 meses de monitoramento representado pela linha de cor
magenta, observou-se uma nova fase nessa seção, onde está havendo o
aprofundamento do leito para a retomada do processo erosivo lateral o que resultará
na ampliação do anfiteatro. Na linha de cor magenta nota-se uma anomalia do que
seria o normal representado pelas outras linhas, pois ocorre um aparente acúmulo
de material na parte mais profunda, trata-se de uma manilha de 0,66m que rolou e
ficou presa no local influenciando na dinâmica erosiva e conseqüentemente nas
medições.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
81
500
FIGURA 29 - SEÇÃO TRANSVERSAL DE JUSANTE (LARGURA X PROFUNDIDADE)
-200
-450
-500
0 100
-400
-350
-300
-25010
200 300 400
14 15
18
0
-150
-100
-50
(cm)
Pontos Analisados
700600 (cm)
ÁREA ERODIDA
29042004
02022002
11042003
Autor: Roberto Reis Alves – 2004
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
82
Por último na Seção Transversal de Jusante (foz do canal da voçoroca),
representado pela Figura 29, entre as estaca dista 6,20 metros (31 pontos em
intervalos de 0,20m). O aprofundamento evoluiu assim, na primeira medição de cor
vermelha, o ponto mais profundo foi de 2,77m, na última medição (26 meses) o
ponto mais profundo alcançou a casa dos 3,03 m.
A cor marrom indica 11/04/2003, no final do período chuvoso houve evolução
modificando tanto as paredes laterais quanto aprofundando o canal. Na Seção de
Jusante nota-se somente processo erosivo com saída de sedimentos sem
presenças significativas de material sedimentado ao longo do perfil, porém em
alguns momentos houve preenchimento do canal. Em relação aos dois primeiros
perfis este foi o que menos sofreu alterações.
Já na cor magenta percebe-se tanto o aprofundamento como o avanço lateral.
O primeiro uma constante durante a pesquisa o segundo também, no entanto com
maior intensidade na margem esquerda onde ocorreu um pequeno abatimento
evoluindo os pontos da seguinte forma: ponto 11 de 1,61m para 2,57m, o ponto 12
de 1,90m no início do monitoramento para 2,95m no final e o ponto 13 de 2,31 para
3,03m.
8.5 – Análise da Evolução de Pontos Relacionando-os com Índices Pluviométricos e Médias
Para um melhor entendimento do processo evolutivo de desgaste da
voçoroca fez-se dois tipos de análises diferenciadas: 1) Médias Totais por Intervalos
de Medições e 2) Desvio Padrão. Os dados citados anteriormente estão colocados a
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
83
seguir, e por se tratarem de quadros muito extensos foram selecionados 4 pontos
em cada 1 das três seções transversais, os quais estão em destaque a seguir,
ilustrando melhor a descrição da evolução do processo erosivo pontualmente.
Além dos Quadros de Média e Desvio Padrão, foram colocados gráficos dos
índices pluviométricos e gráficos evolutivo de cada um dos pontos, para título de
comparação, visando a uma melhor compreensão do processo de desgaste erosivo
e a variação da média ao longo do período monitorado em cada uma das Seções
Transversais (Montante, Intermediário e Jusante). Cada um dos Pontos analisados
nas Seções Transversais foi indicado sua posição nas Figuras 27, 28 e 29.
As relações entre os gráficos dos Pontos escolhidos com os de índices
Pluviométricos possui uma relação inversamente proporcional. Merece destaque o
acumulado de 01/11/2002 a 27/12/2002 e outras medições ao longo do
monitoramento quando tivemos problemas com o equipamento. Cabe salientar, que
a variabilidade da média, mas principalmente do desvio padrão é grande ao longo do
tempo.
8.5.1 – Análise de Pontos na Seção de Montante
A Seção Transversal de Montante possui 57 pontos eqüidistantes 0,20m um
do outro compreendendo uma largura total de 11,40m. No entanto, procuramos
demonstrar apenas 4 pontos dos 57. Como exemplo da evolução erosiva
confrontamos os dados de pluviosidade com os dados de aprofundamento dos
pontos, ambos associados para facilitar a observação da dinâmica erosiva
pontualmente (Figura 30). Os pontos escolhidos foram: 23, 27, 32 e 41.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
84
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
600
2/2/2002
2/3/2002
2/4/2002
2/5/2002
2/6/2002
2/7/2002
2/8/2002
2/9/2002
2/10/2002
2/11/2002
2/12/2002
2/1/2003
2/2/2003
2/3/2003
2/4/2003
2/5/2003
2/6/2003
2/7/2003
2/8/2003
2/9/2003
2/10/2003
2/11/2003
2/12/2003
2/1/2004
2/2/2004
2/3/2004
2/4/2004
Milí
me
tro
s
Indíces Pluviométrico
-450
-400
-350
-300
-250
-200
-150
-100
-50
0
2/2/2002
2/3/2002
2/4/2002
2/5/2002
2/6/2002
2/7/2002
2/8/2002
2/9/2002
2/10/2002
2/11/2002
2/12/2002
2/1/2003
2/2/2003
2/3/2003
2/4/2003
2/5/2003
2/6/2003
2/7/2003
2/8/2003
2/9/2003
2/10/2003
2/11/2003
2/12/2003
2/1/2004
2/2/2004
2/3/2004
2/4/2004
Intervalos de Monitoramento
Cen
tím
etro
s
Pontos 23 Pontos 27 Pontos 32 Ponto 41
Figura 30 – Relação dos Índices Pluviométricos por Aprofundamento de Pontos – Seção de Montante - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
Os pontos comportaram-se assim: entre os dias 02 e 12/02/2002 houve o
último evento mais importante naquele final de período chuvoso, pois ele foi o
responsável direto por modificações pouco significantes inicialmente, mas que
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
85
preparou o local, para rupturas que vieram a ocorrer no próximo período de chuvas.
Percebe-se que o ponto 27 foi o ponto que mais sofreu aprofundamento nas
primeiras medições, sem alterações significativas para os pontos 19, 32 e 41. A
partir daí nenhum dos pontos sofreu modificações representativas em suas
profundidades, pois iniciou o período de seca na região.
O processo volta a ser ativado em meados do mês de setembro quando
iniciou o período chuvoso no dia 11/09/02 registrando-se 41,9 mm de chuva,
conforme Figura 30. Por ter havido uma queda de talude na margem esquerda o
Ponto 23 foi o que teve as maiores alterações após a primeira chuva, pois tinha
1,33m e passou a ter 3,49m. Os outros tiveram maiores modificações em sua
geometria na chuva do dia 01/11/2003, quando o Ponto 41 vai de 0,67m para 0,92;
O Ponto 32 vai de 1,05m para 2,37m; Os Pontos 23 e 27 foram os que menos
alteraram nessa chuva, o primeiro passando de 3,49m para 3,66m e o segundo de
3,54m para 3,58m.
Nas chuvas no mês de dezembro, o acumulado no período de 01/11/2003 a
27/12/2003 foi de 532mm o Ponto 23 chama a atenção por ter ocorrido um processo
de sedimentação, houve uma queda de talude a montante que afetou este ponto no
canal provocando uma diminuição na profundidade de 3,66m para 3,43m, porém
ainda dentro desse mesmo pico de chuva ocorreu a retirada de parte dos
sedimentos e o aprofundamento de 3,43m para 3,50m. O Ponto 41 nesse período
permaneceu com 0,92m. Já os Pontos 27 e 32 sofreram reduções respectivamente
de 2,37m para 2,67 e 3,58m para 3,64m. Novamente no próximo pico chuvoso
acumulado entre 08/01/2003 a 30/01/2003 (360,10mm) houve acúmulo de
sedimentos no Ponto 23 proveniente da parede lateral a montante diminuindo de
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
86
3,50m para 3,19m. O ponto que mais sofreu modificações nesse pico foi o Ponto 32
aumentando sua profundidade de 2,67m para 3,43m. O Ponto 27 foi de 3,43m para
3,47 e o Ponto 41 não mudou.
No último pico de chuvas no dia 11/04/2003 de 331,40mm as alterações em
todos os 4 Pontos foram muito reduzidas. Logo após ocorre uma redução nas
chuvas e entramos novamente no período de estiagem, notamos uma linearidade
inclusive em todos os gráficos sem maiores transformações. Em 09/10/2003
ocorreram as primeiras chuvas (38,10mm), porém um único Ponto o 23 foi que teve
sua geometria mudada passando de 3,27m para 3,40m. Mesmo com baixo índice
pluviométrico do mês outubro de 2003 no dia 29/10 houve modificações nos Pontos
27 de 3,50m para 3,60mm e acumulo de sedimentos no Ponto 32 de 3,56m para
3,41m. Modificações a mais significativa somente no mês de dezembro no Ponto 41
aprofundando de 0,94m para 2,07m.
Alterações de maior importância nos outros pontos somente no final do mês
de janeiro e fevereiro nos Ponto 23 e 27 modificando respectivamente de 3,54m
para 3,73m e de 3,58m para 3,82mm, sendo que o Ponto 32 manteve uma
linearidade até o final do monitoramento. Ainda constatou-se a variação que houve
no período por meio das médias e desvio padrões acumulados nos 4 pontos
escolhidos (Quadro 5), possibilitando visualizar o desgaste total e por dia em 26
meses.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
87
Quadro 5 - Médias Totais e Desvio Padrão do Desgaste Erosivo dos Pontos 23, 27, 32 e 41 em cm
PONTOS
MÉDIA da Medição Atual - anterior
(cm/mês)
Média EM 26 MESES/Período total
de monitoramento 816 dias (cm/dia)
Desvio Padrão da Medição Atual -
anterior (cm/mês)
Desvio Padrão em 26 MESES/Período total
de monitoramento 816 dias (cm/dia) PONTOS
23 -9,4485 -0,3150 56,2878 1,8763 23 27 -10,1470 -0,3382 36,8742 1,2291 27 32 -9,4117 -0,3137 39,0063 1,3002 32 41 -6,1764 -0,2059 29,6456 0,9882 41
Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
Foram feitas 49 medições no total, num período de 816 dias de
monitoramento o que deu uma média de 17 dias de intervalos entre as medições.
Vale ressaltar que nem todos os pontos tiveram comportamentos de desgastes
erosivos como os demonstrados, a mesma coisa para o desvio padrão. Por
exemplo, na Média percebe-se um desgaste maior no Ponto 27 de -0,33cm/dia,
sendo que os Pontos 23 e 32 foram mais regulares com desgaste de -0,31cm/dia e o
Ponto 41 com o menor índice -0,20cm/dia. Já no Desvio Padrão o comportamento
deu-se com maiores alterações no Ponto 23, ficando na seqüência decrescente de
índices Pontos 32, 27 e 41. No Ponto 23 houve uma evolução do início ao fim do
monitoramento de -1,15m para -3,80m; o Ponto 32 foi de -1,11m para -3,87m; o
Ponto 27 foi de -0,98m para -3,54m e por último o Ponto 41 -0,48 para -2,16m.
8.5.2 – Análise de Pontos na Seção Transversal Intermediária
A Seção Transversal Intermediária possui 70 pontos divididos 0,20m um do
outro totalizando 14,00m. Assim como na Seção de Montante, procuramos
demonstrar apenas 4 pontos dos 70. Como exemplo da evolução erosiva
confrontamos os dados de pluviosidade com os dados de aprofundamento dos
pontos (Figura 31). Os pontos escolhidos foram: 23, 25, 31 e 40.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
88
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
600
2/2/2002
2/3/2002
2/4/2002
2/5/2002
2/6/2002
2/7/2002
2/8/2002
2/9/2002
2/10/2002
2/11/2002
2/12/2002
2/1/2003
2/2/2003
2/3/2003
2/4/2003
2/5/2003
2/6/2003
2/7/2003
2/8/2003
2/9/2003
2/10/2003
2/11/2003
2/12/2003
2/1/2004
2/2/2004
2/3/2004
2/4/2004
Milí
me
tro
s
Indíces Pluviométrico
-450
-400
-350
-300
-250
-200
-150
-100
-50
0
2/2/2002
2/3/2002
2/4/2002
2/5/2002
2/6/2002
2/7/2002
2/8/2002
2/9/2002
2/10/2002
2/11/2002
2/12/2002
2/1/2003
2/2/2003
2/3/2003
2/4/2003
2/5/2003
2/6/2003
2/7/2003
2/8/2003
2/9/2003
2/10/2003
2/11/2003
2/12/2003
2/1/2004
2/2/2004
2/3/2004
2/4/2004
Intervalos de Monitoramento
Cen
tím
etro
s
Pontos 23 Pontos 25 Pontos 31 Pontos 40
Figura 31 – Relação dos Índices Pluviométricos por Aprofundamento de Pontos – Perfil Intermediário - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
Os Pontos comportaram-se assim: entre os dias 02 e 12/02/2002 houve o
último evento mais importante naquele final de período chuvoso 212mm de chuva,
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
89
sendo ele o responsável direto por modificações muito significativas nestes perfis,
pois houve uma grande queda no talude e deposição do material dentro do corpo da
voçoroca vindo a ocorrer novas mudanças somente no próximo período de chuvas.
Percebe-se que os pontos 23 e 25 foram os que mais sofreram aprofundamento nas
primeiras medições e o Ponto 31 com a queda do talude houve o acúmulo de
sedimentos provocando um aumento da profundidade passando de -3,22m para -
2,66m. Após o primeiro grande evento chuvoso os Pontos 23, 25 e 31 mantiveram
uma linearidade sem alterações mais acentuadas até o fim do monitoramento.
Já o Ponto 40 foi o que mais sofreu modificações coincidentes com os picos
de chuva. No primeiro pico chuvoso houve um assoreamento aumentando de -
3,41m para 3,17m. Foram ocorrendo alterações ao longo do mês de fevereiro e no
último pico chuvoso do mês de março de 2002 (83,10mm), foi de -3,17 para -3,57m ,
voltando a ser assoreado no fim do mês de abril quando alcança -3,45m e mantendo
uma certa linearidade chegando ao fim do período seco assoreando um pouco mais
indo para -3,35m. A retomada do aprofundamento do Ponto 41 tem seu início no
acumulado do mês de dezembro de 2002 (532 mm) sendo que desse período até o
acumulado do mês de abril de 2003 houve um rebaixamento para -3,88m. Voltado
novamente ao período de secas na região quando não há maiores alterações. No
início do próximo período de chuvas no final de 2003 não houve alterações.
Entretanto, no final de dezembro de 2003 até abril de 2004 houve um arraste
de uma manilha (0,66m) para dentro do canal da voçoroca provocando modificações
no perfil aumentando de -3,86m para -3,23m. Durante esse tempo da manilha
obstruindo o canal ocorreu erosão nas laterais da manilha sempre provocando o
aprofundamento do canal e a movimentação da mesma, porém as chuvas não
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
90
tiveram energia o suficiente para removê-la para outro ponto da voçoroca. Ao final
do monitoramento o Ponto 41 tinha uma profundidade de -3,50m.
Quadro 6 - Médias Totais e Desvio Padrão do Desgaste Erosivo dos
Pontos 23, 25, 31 e 40 em cm
PONTOS
MÉDIA da Medição Atual - anterior
(cm/mês)
Média EM 26 MESES/Período total
de monitoramento 816 dias (cm/dia)
Desvio Padrão da Medição Atual -
anterior (cm/mês)
Desvio Padrão em 26 MESES/Período total
de monitoramento 816 dias (cm/dia) PONTOS
23 -6,4337 -0,2145 42,9780 1,4326 23 25 -5,4780 -0,1826 37,2560 1,2419 25 31 -2,0588 0,0686 17,0790 0,5693 31 40 -0,3308 -0,0110 20,2770 0,6759 40
Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
Da mesma forma dos cálculos de Médias Totais e Desvio Padrão feitos para 4
Pontos nas medições de Montante no Perfil Intermediário foram analisados os
Pontos 23, 25, 31 e 40 (Quadro 6). O Ponto 23 entre os escolhidos foi o que teve
maior desgaste de –6,43 cm/mês. Em seguida os que mais sofreram modificações
foram em ordem os Pontos 25, 31 e 40. Em relação ao Desvio Padrão houve a
maior modificação no Ponto 23, esse valor acentuado se deu em função de forte
mudança no perfil nas primeiras medições diminuindo a profundidade de -0,32m
para -2,00m, a mesma coisa para o Ponto 25 diminuindo de -0,88m para -2,34. Já os
Pontos 31 e 40 sofreram o aumento da profundidade em função da queda da parede
lateral. Aumentaram respectivamente de -3,22m para -2,58m e de -3,41 para -
3,17m.
8.5.3 – Análise de Pontos na Seção Transversal de Jusante
Por último na Seção Transversal de jusante com 31 pontos divididos 0,20m
cada compreendendo uma largura total de 6,20m. Como nas seções anteriores,
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
91
procuramos demonstrar apenas 4 pontos. Como exemplos da evolução erosiva
também confrontam os dados de pluviosidade com os dados de aprofundamento
dos pontos (Figura 32). Os pontos escolhidos foram: 10, 14, 15 e 18.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
600
2/2/2002
2/3/2002
2/4/2002
2/5/2002
2/6/2002
2/7/2002
2/8/2002
2/9/2002
2/10/2002
2/11/2002
2/12/2002
2/1/2003
2/2/2003
2/3/2003
2/4/2003
2/5/2003
2/6/2003
2/7/2003
2/8/2003
2/9/2003
2/10/2003
2/11/2003
2/12/2003
2/1/2004
2/2/2004
2/3/2004
2/4/2004
Milí
me
tro
s
Indíces Pluviométrico
-350
-300
-250
-200
-150
-100
-50
0
2/2/2002
2/3/2002
2/4/2002
2/5/2002
2/6/2002
2/7/2002
2/8/2002
2/9/2002
2/10/2002
2/11/2002
2/12/2002
2/1/2003
2/2/2003
2/3/2003
2/4/2003
2/5/2003
2/6/2003
2/7/2003
2/8/2003
2/9/2003
2/10/2003
2/11/2003
2/12/2003
2/1/2004
2/2/2004
2/3/2004
2/4/2004
Intervalos de Medições
Cen
tím
etro
s
Ponto 10 Ponto 14 Ponto 15 Ponto 18
Figura 32 – Relação dos Índices Pluviométricos por Aprofundamento de Pontos – Perfil Jusante - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
92
Pode-se verificar junto a Figura 32, que as variações foram mínimas do início
das medições passando pelo primeiro período de estiagem vindo somente a serem
de fato modificados somente no início do período chuvoso do final de 2002. Os
Pontos 14 e 15 voltam a serem ativados com as chuvas do mês de outubro para
novembro quando o primeiro reduziu de -2,73m para -2,88m e o segundo de -2,77m
para -2,88m. Modificações maiores no Ponto 18 ocorreram de novembro para
dezembro no acumulado de 532mm aprofundando de -1,86m para -2,12m. O Ponto
10 é o que sofreu menos alterações diminuindo de -1,53m para -1,63 no final de
dezembro para janeiro. Entrando no período de secas diminuem os
aprofundamentos nos pontos.
No próximo período de chuvas outubro de 2003 até abril de 2004 os Pontos
10 e 18 mantiveram uma linearidade até o final do período de medições. As maiores
modificações no período de chuva foram nos Pontos 14 e 15 evoluindo
respectivamente de -2,89m para -3,00m e de -2,82 para -2,95m.
Quadro 7 -- Médias Totais e Desvio Padrão do Desgaste Erosivo dos Pontos 10, 14, 15 e 18 em cm
Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
Quando se compara o Quadro 7 do perfil de Jusante com os outros colocados
anteriormente percebe-se o quanto a variação foi menor tanto na evolução do perfil
quanto nas relações de Média e Desvio Padrão. No Perfil de Jusante foram
PONTOS
MÉDIA da Medição Atual - anterior
(cm/mês)
Média EM 26 MESES/Período total
de monitoramento 816 dias (cm/dia)
Desvio Padrão da Medição Atual -
anterior (cm/mês)
Desvio Padrão em 26 MESES/Período total
de monitoramento 816 dias (cm/dia) PONTOS
10 - 0,6618 -0,0221 3,2687 0,1090 10 14 - 1,3602 -0,0453 5,2025 0,1734 14 15 - 0,6618 -0,0221 4,8652 0,1622 15 18 - 0,9926 -0,0331 8,0820 0,2694 18
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
93
analisados os Pontos 10, 14,15 e 18. Dos 4 o Ponto 14 foi o que mais teve maior
perda de sedimentos -1,36 cm/mês.
O Desvio Padrão maior ocorreu no Ponto 18 e 14 do início ao fim das
medições o comportamento evolutivo do primeiro foi de -1,86m para -2,13m e do
segundo de -2,63 para -3,00m. Para os Pontos 15 e 10 respectivamente a dinâmica
erosiva foi de -2,77 para -2,95m e – 1,48 para -1,66m.
8.6 – Descrição da Área, Perímetro e Volume
Um outro tipo de visualização pode ser feito por meio da análise da área e
perímetro do perfil transversal e do volume da voçoroca. Os cálculos foram feitos a
partir dos gráficos apresentados nas Figuras 27, 28 e 29.
Utilizando-se das funções do software AutoCAD R14, foram feitos os cálculos
da área e do perímetro do perfil transversal mostrando a evolução do processo
erosivo, permitindo em cada uma das 49 medições verificar quantitativamente a
perda de sedimentos totais em cada um dos três perfis.
Por meio de outros tipos de abordagem das informações do avanço das
seções tanto em profundidade quanto lateralmente, representado também pelas
Figuras 27, 28 e 29, foi possível mostrar parâmetros geométricos tais como: área,
perímetro e volume, permitindo, um outro tipo de avaliação da dinâmica erosiva no
local, conforme os resultados apresentados no Quadro 8:
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
94
Quadro 8 – Evolução da Área e Perímetro das Seções Transversais e Volume da Voçoroca no Período
Perfil Montante Perfil Intermediário Perfil de JusantePERÍODOS ÁREA (m2) PERÍMETRO (m) ÁREA (m2) PERÍMETRO (m) ÁREA (m2) PERÍMETRO (m) VOLUME (m3)
2/2/2002 7,17 23,24 16,26 46,48 7,49 14,34 245,9612/2/2002 7,39 23,31 17,06 31,34 7,52 14,34 257,5924/2/2002 7,40 23,29 17,28 31,28 7,53 14,30 260,748/3/2002 7,45 23,30 17,56 31,39 7,53 14,27 264,7720/3/2002 7,48 23,30 17,67 31,32 7,62 14,29 266,4630/3/2002 7,94 24,50 18,00 31,44 7,63 14,36 271,6212/4/2002 8,72 26,97 18,25 31,39 7,62 14,34 275,9523/4/2002 8,84 27,17 18,21 31,38 7,62 14,30 275,505/5/2002 8,86 27,12 18,19 31,34 7,62 14,30 275,2318/5/2002 8,91 27,13 18,15 31,19 7,64 14,31 274,7330/5/2002 8,95 27,12 18,17 31,30 7,64 14,32 275,0612/6/2002 8,98 27,15 18,12 31,41 7,65 14,33 274,3923/6/2002 8,99 27,14 18,15 31,39 7,65 14,33 274,825/7/2002 9,00 27,15 18,14 31,39 7,64 14,33 274,6817/7/2002 9,00 27,13 18,12 31,27 7,65 14,34 274,4127/7/2002 9,00 27,14 18,10 31,23 7,64 14,36 274,1115/8/2002 9,01 27,13 18,10 31,17 7,64 14,35 274,1227/8/2002 9,01 27,12 18,12 31,17 7,64 14,36 274,4111/9/2002 9,13 27,13 18,09 31,15 7,65 14,39 274,1123/9/2002 10,49 27,20 18,12 31,15 7,65 14,40 275,908/10/2002 10,55 27,22 18,10 31,15 7,65 14,40 275,671/11/2002 12,87 27,55 18,14 31,15 7,82 14,66 278,73
27/12/2002 15,49 27,58 18,39 31,45 7,87 14,62 284,968/1/2003 16,42 27,61 18,60 31,39 8,02 14,82 289,0330/1/2003 17,73 27,62 19,34 31,47 8,02 14,80 300,8615/2/2003 17,83 27,65 19,32 31,73 8,14 14,93 300,8010/3/2003 18,83 27,56 19,40 31,85 8,25 14,85 303,0511/4/2003 18,88 27,71 19,81 31,78 8,35 14,83 309,0326/4/2003 18,90 27,95 19,82 32,12 8,32 15,56 309,1611/5/2003 18,91 27,96 19,86 32,04 8,33 15,57 309,7527/5/2003 18,91 27,94 19,80 32,08 8,33 15,56 308,9012/6/2003 18,91 27,95 19,79 32,07 8,31 15,56 308,7328/6/2003 18,92 27,99 19,80 32,07 8,31 15,54 308,8913/7/2003 18,93 27,94 19,80 32,08 8,30 15,54 308,8928/7/2003 18,93 27,93 19,77 31,73 8,32 15,54 308,4812/8/2003 18,93 27,97 19,77 32,08 8,32 15,55 308,4826/8/2003 18,94 27,95 19,84 32,08 8,32 15,54 309,4814/9/2003 19,04 27,86 20,01 32,10 8,32 15,51 312,009/10/2003 19,02 27,80 20,10 32,02 8,35 15,51 313,29
29/10/2003 18,92 27,77 20,02 31,51 8,36 15,52 312,0615/11/2003 18,99 27,74 20,23 31,82 8,43 15,55 315,1914/12/2003 19,07 27,55 20,40 31,94 8,56 15,68 317,82
4/1/2004 19,29 27,41 20,33 32,59 8,64 15,70 317,1219/1/2004 19,39 27,40 20,61 32,78 8,67 15,73 321,2414/2/2004 19,68 27,41 20,78 32,89 8,69 15,67 323,973/3/2004 19,92 27,52 20,94 33,06 8,83 15,66 326,62
18/3/2004 20,22 27,27 20,98 33,03 8,85 15,66 327,5110/4/2004 20,35 27,70 21,01 33,13 8,88 15,65 328,1029/4/2004 20,59 27,58 21,08 33,31 8,95 15,68 329,40
Autor: Roberto Reis Alves – agosto/2004
A maior modificação na área foi na Seção de Montante com uma variação de
13,42 m2. O perímetro de maior variação foi o da Seção Intermediária, entre o
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
95
período inicial em fevereiro de 2002 e abril de 2004, a diferença foi de 13,17m para o
perímetro, sendo que a explicação para a diminuição foi a queda do talude dentro do
corpo da voçoroca, entre os dias 02/02/2002 e 12/02/2002, mostrada nas Figuras
27, 28 e 29, representado pela (Linha de cor verde) medições do dia 08/03/2002
(Figura 27). A variação da área do Perfil Intermediário no período foi de 4,82 m2.
Observa-se que houve também um crescimento no perímetro da Seção de
Montante, evoluindo de 23,24m para 27,58m com uma variação de 4,34m. Na
Seção de Jusante não ocorreram modificações tão significativas na área e nem no
perímetro, a modificação da área foi de 1,46 m2 e o perímetro 1,34m.
Já o volume variou no início das medições, de 245,96 m3 para 257,59 m3, no
período de 10 dias. Poucas modificações ocorreram na estação seca, com retorno
da atividade erosiva a partir do início do período chuvoso, quando o volume evolui
de 274,11 m3 em meados do mês de setembro de 2002 para 309,16 em abril de
2003 e para 329,40 m3 no fim do mês de abril de 2004, houve uma variação total ao
longo dos 26 meses de 83,44 m3.
8.7 – Monitoramento de Cabeceira
O monitoramento de cabeceira foi iniciado em 15/11/2003 até 31/05/2004. Foi
definido mais um tipo de monitoramento em função da dinâmica erosiva ser
remontante como já havia superado a Seção de Montante, definiu-se uma outra
forma de avaliação do desgaste que pudesse quantificar a perda de solo.
O Quadro 9 mostra como foi a variação de desgaste na cabeceira:
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
96
Quadro 9 – Monitoramento de Cabeceira
MEDIÇÕES(m) / Nº ESTACAS 15/11/2003 19/1/2004 3/3/2004 31/5/2004 Desgaste (m)
Disposição das Estacas
1 2,00 1,66 1,65 1,63 0,37Margem Esquerda
2 2,00 1,80 1,24 1,20 0,80Margem Esquerda
3 2,00 1,80 1,40 1,37 0,63 Centro
4 2,00 1,57 1,43 1,43 0,57 Centro
5 2,00 1,92 1,89 1,89 0,11 Margem Direita
6 2,00 1,85 1,83 1,81 0,19 Margem Direita
Organizador: Roberto Reis Alves (janeiro/2005)
Percebe-se um pouco mais da dinâmica erosiva atuando do centro para a
margem esquerda, onde o processo de desgaste foi maior. Isto se dá em função do
encachoeiramento e dos degraus formados com as quedas do talude redirecionando
a água do canal e também parte do escoamento superficial para a margem
esquerda.
9 – Análise Estatístico-morfométrica das Seções Transversais
Os gráficos estatísticos-morfométricos foram baseados nas pesquisas de
Ionita (2003), Poesen (2003) e Heede (1976), a partir de indicadores em estudos
desses pesquisadores relacionados a larguras (W), profundidade (D) e área (S). Os
gráficos serviram de ensaios para derivar outros tipos de relações entre as variáveis
adaptando-os a realidade local e de dados coletados durante a pesquisa.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
97
As relações gráficas básicas são as seguintes: Largura de Base pela Largura
de Topo (Wb / Wt) por Intervalos de Medições (fev/2002 a abr/2004); e Profundidade
Máxima pela Média da Profundidade Máxima (Dmáx. / Dmédia) por Intervalos de
Medições (fev/2002 a abr/2004). Com relação à área, além da indicação no Quadro
7, apresentam-se novamente os dados trabalhados em gráficos para que houvesse
uma forma de interrelacioná-los com as informações de largura e profundidade. Por
último mostram-se as relações entre as variáveis Wb / Wt por Dmáx. / Dmédia.
De acordo com Ionita (2003) os seus indicadores (Wb / Wt e Sp / Sf) possuem
eficiência hidráulica a partir do valor 1,0 nos gráficos, ou seja, acima dessa linha a
voçoroca alcança a eficiência de desgaste erosivo. Já Heede (1976) pelos
indicadores (Dmáx / Dmédia) essa eficiência hidráulica somente é alcançada
graficamente a partir do valor 2,0. Houve uma adaptação destes dois autores a
realidade dos nossos dados usando algumas das variáveis e em alguns dos casos
usando a confrontação das mesmas variáveis.
9.1 – Seção Transversal de Montante
A Figura 33 mostra a evolução da Largura de Base pela Largura de Topo ao
longo do período de monitoramento. Os momentos de ascendências no gráfico
coincidem com os períodos de chuva na região, quando ocorrem as maiores
alterações morfométricas e o período de estiagem na região está representado pela
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
98
retilinearidade dos pontos no gráfico. Percebe-se uma forte relação entre estes dois
indicadores resultando num coeficiente de relação de R2 = 0,84.
y = 0,0009x - 31,882
R2 = 0,8415
0,0000
0,1000
0,2000
0,3000
0,4000
0,5000
0,6000
0,7000
0,8000
0,9000
5/11/2001 13/2/2002 24/5/2002 1/9/2002 10/12/2002 20/3/2003 28/6/2003 6/10/2003 14/1/2004 23/4/2004 1/8/2004
Intervalo de Monitoramento
Lar
gu
ra d
e B
ase
/ L
arg
. d
e T
op
o
Figura 33 – Relação entre Largura de Base pela Largura de Topo X Intervalos de Monitoramento Seção de Montante - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
A Figura 34 apresenta o aprofundamento na Seção de Montante relacionando
Profundidade Máxima pela Média da Profundidade Máxima por Intervalos de
Monitoramento. O gráfico mostra uma dispersão menos uniforme, indicando
inclusive nas primeiras medições queda do talude e conseqüentemente o
aprofundamento alterando o perfil. Nota-se também que mesmo no período de seca
há mudança na profundidade em função da vazão constante do canal com média
anual 20/03/2004 de 2,38 litros/segundo.
Observa-se ainda na figura momentos de sedimentações, resultado de
quedas próximas a seção de monitoramento, as quais se acumulavam na mesma,
alterando sua profundidade. A Seção Transversal de Montante foi a que mais sofreu
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
99
modificações pontuais ao longo do período de monitoramento, porém também o que
mais sofreu influência de mudanças morfométricas de pontos acima e do colapso de
paredes laterais próximas, o que influenciou na dinâmica erosiva de aprofundamento
e na apresentação dos dados estatístico-morfométrico. A figura apresenta também
uma relação muito forte entre as variáveis com R2 = 0,87.
y = 8E-05x - 1,9235
R2 = 0,8706
0,99
1
1,01
1,02
1,03
1,04
1,05
1,06
1,07
1,08
5/11/2001 13/2/2002 24/5/2002 1/9/2002 10/12/2002 20/3/2003 28/6/2003 6/10/2003 14/1/2004 23/4/2004 1/8/2004
Intervalos de Monitoramento
Pro
fun
did
ade
Máx
ima
/ Méd
ia P
rof.
Máx
ima
Figura 34 – Relação entre Profundidade Máxima pela Média da Profundidade Máxima X Intervalos de
Monitoramento – Seção de Montante - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
A área da Seção Intermediária apresenta-se conforme a Figura 35 com forte
relação linear R2 = 0,87. Entre todos os gráficos apresentados no três perfis este é a
única exceção em relação ao indicador de Heede, o qual mostra sendo o fator de
forma com eficiência hidráulica modeladora acima do valor 2,0.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
100
y = 0,0027x - 98,553
R2 = 0,8758
1
2
3
5/11/2001 13/2/2002 24/5/2002 1/9/2002 10/12/2002 20/3/2003 28/6/2003 6/10/2003 14/1/2004 23/4/2004 1/8/2004
Intervalos de Monitoramento
Áre
a A
tua
l / Á
rea
Inic
ial
Figura 35 – Relação entre Evolução da Área Atual pela Área Inicial por Intervalos de Monitoramento
– Seção de Montante - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
y = 2,796x + 0,7402
R2 = 0,9367
0
1
2
3
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
Largura de Base / Larg. Topo
Áre
a A
tual
/ Á
rea
Inic
ial
Figura 36 – Relação entre Área Atual pela Área Inicial X Largura de Base pela Largura de Topo – Seção de Montante - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
101
Os dados permitiram confrontar Área Atual pela Área Inicial com as variáveis
de Largura de Base pela Largura de Topo chegando aos indicadores da Figura 36.
Nela nota-se uma relação extremamente forte entre os dados de Largura e Área
alcançando um coeficiente de R2 =0,93.
Na Figura 37 houve a inter-relação da Área Atual pela Área Inicial por
Profundidade Máxima pela Média da Profundidade Máxima. O gráfico novamente
mostra uma relação representativa entre as variáveis com R2 = 0,79. O avanço
evolutivo é acelerado e ocorrem com proporcionalidade em ambas as variáveis.
y = 30,033x - 28,783
R2 = 0,7925
1
2
3
4
0,99 1 1,01 1,02 1,03 1,04 1,05 1,06 1,07 1,08
Profundidade Máxima / Média da Profundidade Máxima
Áre
a A
tual
/ Á
rea
Inic
ial
Figura 37 – Relação entre Área Atual pela Área Inicial por Profundidade Máxima pela Média da
Profundidade Máxima – Seção de Montante - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
102
No último gráfico de Montante a Figura 38 mostra a relação entre as variáveis
de Profundidade (Dmáx / Dmédia) e Largura (Wb / Wt), apresentando uma
linearidade representativa com R2 = 0,74.
y = 0,0715x + 0,9935
R2 = 0,741
0,99
1
1,01
1,02
1,03
1,04
1,05
1,06
1,07
1,08
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
Largura de Base / Largura de Topo
Pro
fun
did
ade
Máx
ima
/ Méd
ia d
a P
rofu
nd
idad
e M
áxim
a
Figura 38 – Profundidade Máxima pela Média da Profundidade Máxima por Largura de Base pela
Largura de Topo – Seção de Montante - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
9.2 – Seção Transversal Intermediária
A Figura 39 mostra a evolução da Largura de Base pela Largura de Topo ao
longo do período de monitoramento. Percebe-se uma forte relação entre estes dois
indicadores resultando numa linearidade de R2 = 0,94. Na figura nota-se momentos
de ascendência gráfica coincidente com os picos de chuvas, ou seja, à medida que
as chuvas aumentam ocorrem as maiores alterações de largura no perfil, bem como
nos momentos de baixa energia cinética no período de seca na região representada
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
103
pelos triângulos dispostos linearmente é quando ocorrem poucas alterações ou não
há modificações.
y = 0,0003x - 12,422
R2 = 0,9449
0,0000
0,1000
0,2000
0,3000
0,4000
0,5000
0,6000
5/11/2001 13/2/2002 24/5/2002 1/9/2002 10/12/2002 20/3/2003 28/6/2003 6/10/2003 14/1/2004 23/4/2004 1/8/2004
Intervalo de Monitoramento
Lar
gu
ra d
e B
ase
/ L
arg
ura
de
To
po
Figura 39 – Relação entre Largura de Base pela Largura de Topo X Intervalos de Monitoramento Seção Intermediária - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
A Figura 40 ilustra o aprofundamento no Perfil de Intermediário relacionando
Profundidade Máxima pela Média da Profundidade Máxima por Intervalos de
Monitoramento. O gráfico mostra uma dispersão menos uniforme do que o da Figura
34, indicando inclusive nos seus primeiros pontos a queda do talude que houve nas
primeiras medições que alterou a geometria do perfil.
Da mesma forma nota-se a dinâmica de aprofundamento com o período de
chuvas e uma dinâmica menos modeladora no período de seca, porém mesmo
neste período cabe destacar que houve pequenas modificações no canal. A figura
apresenta também uma relação entre as variáveis muito grande R2 = 0,87.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
104
y = 0,0003x - 8,2338
R2 = 0,8724
1,3
1,35
1,4
1,45
1,5
1,55
1,6
1,65
5/11/2001 13/2/2002 24/5/2002 1/9/2002 10/12/2002 20/3/2003 28/6/2003 6/10/2003 14/1/2004 23/4/2004 1/8/2004
Intervalos de Monitoramento
Pro
fun
did
ade
Má
xim
a /
Méd
ia d
a P
rofu
nd
ida
de
Máx
.
Figura 40 – Relação entre Profundidade Máxima pela Média da Profundidade Máxima X Intervalos de Monitoramento – Seção Intermediária - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
Com relação à área do Perfil Intermediário graficamente apresenta-se da
maneira exposta na Figura 41 com forte relação linear R2 = 0,94.
y = 0,0003x - 9,078
R2 = 0,9485
0,95
1
1,05
1,1
1,15
1,2
1,25
1,3
1,35
1,4
1,45
1,5
5/11/2001 13/2/2002 24/5/2002 1/9/2002 10/12/2002
20/3/2003 28/6/2003 6/10/2003 14/1/2004 23/4/2004 1/8/2004
Intervalos de Monitoramento
Áre
a A
tual
/ Á
rea
Inic
ial
Figura 41 – Relação entre Evolução da Área Atual pela Área Inicial por Intervalos de Monitoramento – Seção Intermediária - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
105
As informações trabalhadas da Área Atual pela Área Inicial serviram para
confrontar com as variáveis de Largura de Base pela Largura de Topo chegando
aos indicadores da Figura 42. Nela nota-se uma relação extremamente forte entre os
dados de Largura e Área alcançando um coeficiente de correlação de R2 =0,94.
y = 0,7766x + 0,9112
R2 = 0,9479
0,95
1
1,05
1,1
1,15
1,2
1,25
1,3
1,35
0,0000 0,0500 0,1000 0,1500 0,2000 0,2500 0,3000 0,3500 0,4000 0,4500 0,5000
Largura de Base / Largura de Topo
Áre
a A
tual
/ Á
rea
Inic
ial
Figura 42 – Relação entre Área Atual pela Área Inicial X Largura de Base pela Largura de Topo – Seção Intermediária - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
Na Figura 43 tem-se a inter-relação da Área Atual pela Área Inicial por
Profundidade Máxima pela Média da Profundidade Máxima. O gráfico novamente
mostra uma forte relação entre as variáveis com R2 = 0,93. O desgaste em
profundidade e em largura é diretamente proporcional ao avanço evolutivo da área,
pois a retirada de sedimentos é progressiva.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
106
y = 0,9983x - 0,2994
R2 = 0,935
0,95
1
1,05
1,1
1,15
1,2
1,25
1,3
1,35
1,4
1,45
1,5
1,3 1,35 1,4 1,45 1,5 1,55 1,6 1,65
Profundidade Máxima / Média da Prof. Máx.
Áre
a A
tual
/ Á
rea
Inic
ial
Figura 43 – Relação entre Área Atual pela Área Inicial por Profundidade Máxima pela Média da Profundidade Máxima – Seção Intermediária - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
Por último na Figura 44 tem-se a relação entre as variáveis de Profundidade
e Largura que possuem uma forte relação R2 = 0,88, pois profundidade e largura
aumentam com proporcionalidade alta.
y = 0,7441x + 1,2196
R2 = 0,8837
1,3
1,35
1,4
1,45
1,5
1,55
1,6
1,65
0,0000 0,0500 0,1000 0,1500 0,2000 0,2500 0,3000 0,3500 0,4000 0,4500 0,5000
Wb / Wt - Largura de Base / Largura de Topo
Dm
áx /
Dm
ean
- P
rofu
nd
ida
de
Má
x. /
Méd
ia d
a P
rof.
Má
x
Dmax/Dmean Linear (Dmax/Dmean)
Figura 44 – Profundidade Máxima pela Média da Profundidade Máxima por Largura de Base pela
Largura de Topo – Seção Intermediária - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
107
9.3 – Seção Transversal de Jusante
Na Figura 45 observa-se a evolução da Largura de Base pela Largura de
Topo ao longo do período de monitoramento. Assim como no Perfil Intermediário os
indicadores possuem uma forte relação, apesar de um pouco menor, apresentando
coeficiente de correlação de R2 = 0,88. Na figura nota-se nos momentos de
crescimento gráfico também a coincidência com os picos de chuvas e na estação
seca, não sofrendo grandes alterações. Percebe-se ainda que a evolução gráfica foi
menos ativa do que no Perfil Intermediário.
y = 0,0002x - 6,861
R2 = 0,8837
0,0000
0,0500
0,1000
0,1500
0,2000
0,2500
0,3000
0,3500
0,4000
5/11/2001 13/2/2002 24/5/2002 1/9/2002 10/12/2002 20/3/2003 28/6/2003 6/10/2003 14/1/2004 23/4/2004 1/8/2004
Intervalos de Monitoramento
Lar
gu
ra d
e B
ase
/ Lar
gu
ra d
e T
op
o
Figura 45 – Relação entre Largura de Base pela Largura de Topo X Intervalos de Monitoramento
Seção de Jusante - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
O aprofundamento na Seção Transversal de Jusante relacionando
Profundidade Máxima pela Média da Profundidade Máxima por Intervalos de
Monitoramento está ilustrado na Figura 46. O gráfico mostra uma dispersão inicial
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
108
no final do período chuvoso 2001 para 2002 onde ocorreu um acúmulo pequeno de
sedimentos no canal, porém a própria vazão deste promoveu a retirada de parte dos
sedimentos durante a estação seca.
Ocorrem maiores modificações na geometria do perfil na volta do período de
chuvas 2002 para 2003, sendo que novas alterações somente no retorno do período
de chuvas 2003 para 2004. A figura apresenta também uma relação representativa
entre as variáveis com R2 = 0,84.
y = 0,0002x - 5,8474
R2 = 0,8407
1,65
1,7
1,75
1,8
1,85
1,9
5/11/2001 13/2/2002 24/5/2002 1/9/2002 10/12/2002 20/3/2003 28/6/2003 6/10/2003 14/1/2004 23/4/2004 1/8/2004
Intervalos de Monitoramento
Pro
fun
did
ade
Máx
ima
/ M
édia
da
Pro
f. M
áx.
Figura 46 – Relação entre Profundidade Máxima pela Média da Profundidade Máxima X Intervalos de
Monitoramento – Seção de Jusante - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
A área do Perfil Jusante comportou-se graficamente como o demonstrado
pela Figura 47, apresentando uma forte relação linear R2 = 0,95.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
109
y = 0,0002x - 7,5847
R2 = 0,9534
0,95
1
1,05
1,1
1,15
1,2
1,25
5/11/2001 13/2/2002 24/5/2002 1/9/2002 10/12/2002 20/3/2003 28/6/2003 6/10/2003 14/1/2004 23/4/2004 1/8/2004
Intervalos de Medições - Dias
Áre
a A
tual
/ À
rea
Inic
ial
Area Linear (Area)
Figura 47 – Relação entre Evolução da Área Atual pela Área Inicial por Intervalos de Monitoramento
– Seção de Jusante - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
As informações trabalhadas da Área Atual pela Área Inicial serviram para
confrontar com as variáveis de Largura de Base pela Largura de Topo, chegando
aos indicadores da Figura 48. Nela nota-se uma relação extremamente forte entre os
dados de Largura e Área alcançando um R2 =0,94.
y = 1,1273x + 0,8016
R2 = 0,9455
0,95
1
1,05
1,1
1,15
1,2
1,25
0,0000 0,0500 0,1000 0,1500 0,2000 0,2500 0,3000 0,3500 0,4000
Largura de Base / Largura de Topo
Áre
a A
tua
l / Á
rea
Inic
ial
Figura 48 – Relação entre Área Atual pela Área Inicial X Largura de Base pela Largura de Topo –
Seção de Jusante - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
110
Na Figura 49 tem-se a inter-relação da Área Atual pela Área Inicial por
Profundidade Máxima pela Média da Profundidade Máxima. O gráfico novamente
mostra uma forte relação entre as variáveis com R2 = 0,90.
A perda de sedimentos é progressiva, assim como na Figura 48 o desgaste
em profundidade e em largura é diretamente proporcional ao avanço evolutivo da
área.
y = 0,9925x - 0,6675
R2 = 0,8998
0,95
1
1,05
1,1
1,15
1,2
1,25
1,65 1,7 1,75 1,8 1,85 1,9
Profundidade Máxima / Média da Profundidade Máxima
Áre
a A
tual
/ Á
rea
Inic
ial
Figura 49 – Relação entre Área Atual pela Área Inicial por Profundidade Máxima pela Média da
Profundidade Máxima – Seção de Jusante - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
111
y = 0,9867x + 1,5173
R2 = 0,8083
1,65
1,7
1,75
1,8
1,85
1,9
0,0000 0,0500 0,1000 0,1500 0,2000 0,2500 0,3000 0,3500 0,4000
Largura de Base / Larg. de Topo
Pro
fun
did
ade
Máx
ima
/ M
édia
da
Pro
f.
Máx
.
Figura 50 – Profundidade Máxima pela Média da Profundidade Máxima por Largura de Base pela Largura de Topo – Seção de Jusante - Autor: Roberto Reis Alves – dezembro/2004
Por último na Figura 50 apresenta-se a relação entre as variáveis de
Profundidade e Largura, as quais possuem uma relação representativa com um
coeficiente de correlação R2 = 0,80, pois profundidade e largura aumentam com
proporcionalidade.
Nas três Seções Transversais o que se nota é uma forte influência sazonal.
Nos períodos de seca correspondente aos meses de abril a setembro, ocorrem
poucas ou nenhuma alteração na largura, profundidade e conseqüentemente na
área. Já no período de chuvas de outubro a março ocorrem profundas alterações
tanto na largura, quanto em profundidade e na área. Com o aumento do escoamento
superficial e pela concentração de fluxo, há o aumento da força modeladora
provocando profundas mudanças no corpo da voçoroca e, portanto nas Seções
Transversais como pôde ser visto nos gráficos de Largura de fundo / Largura de
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
112
Topo; Profundidade Máxima / Média da Profundidade Máxima e Área Atual / Área
Inicial.
Cada uma das três Seções possui peculiaridades pontuais que determinam a
maior ou a menor ocorrência de mudanças na morfometria. Isto pode ser facilmente
comparado quanto se observa os coeficientes de correlação. Na Seção de
Montante, onde houve as maiores modificações os coeficientes foram em alguns
momentos os que tiveram menores índices, quando comparados com dados das
outras Seções Intermediária e Jusante. Mesmo sendo menores apresentaram fortes
correlações.
Como a metodologia adotada se preocupou com as informações dentro de
cada Seção, as modificações próximas foram quantificadas pelo monitoramento
justamente nos momento de preenchimento e saída rápida de material, o que na
Seção de Montante foram fortemente influenciados pelas quedas de talude,
colapsos nas paredes laterais, ações antrópicas (pisoteio do gado, represamento
parcial etc), os quais modificavam a seção, influenciando e sendo constatada na
análise e nos gráficos morfométricos.
Na Seção intermediária, além de sofrer as mesmas influências que a de
Montante ocorreu o preenchimento do fundo do canal por uma manilha, o que
também resultou numa fraca porém perceptível influência na correlação das
variáveis, pois as mesmas poderiam ser um pouco mais elevadas. Já na Seção de
Jusante ocorreram mais modificações antrópicas e de bioturbação, pois a água no
local foi parcialmente represada em alguns momentos da pesquisa e ainda houve
alterações provocadas por animais (roedores, tatu etc) que vivem na vereda, o que
também teve pouca influência sobre os resultados das equações.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
113
10 – Qualidade da Água no Ambiente de Pesquisa
Uma preocupação ao longo da pesquisa era para saber da qualidade da água
intermitente dentro do canal da voçoroca no intuito de constatar se havia algum tipo
de poluição que pudesse estar potencializando o desgaste erosivo, como no caso do
aumento do pH, ou que tivesse um grau de poluição elevado que permitisse a
proliferação de algas ou contaminado por algum outro tipo de resíduo que pudesse
causar prejuízos maiores à população.
Fizemos a opção de coletar água em dois momentos da pesquisa, o primeiro
no período de seca e o segundo momento no período de chuva para saber se existia
ou não algum tipo de contaminação e se existia quantificá-la. As amostras de água
foram analisadas pelo Laboratório de Efluentes e Resíduos Sólidos do SENAI –
Uberlândia, seguindo a metodologia da ABNT.
Foram escolhidos, conforme colocado anteriormente, sete indicadores físico-
químicos para a análise de contaminação: Cor aparente (mg Pt / l); Temperatura
(ºC); Dureza Cálcica (mg / L); Demanda Bioquímica de Oxigênio (mg O2 / L);
Oxigênio Dissolvido (mg O2 / L); Ph; Dureza Magnésica (mg /L).
Como em nossa pesquisa não era o principal objetivo fazer uma análise mais
detalhada da qualidade da água e sim verificar alguns indicadores básicos de
contaminação nos detivemos de maneira simplificada aos sete parâmetros físico-
químicos escolhidos, sendo que na classificação do COPAM/86 o uso
preponderante da água está classificado como de Harmonia paisagística
enquadrando-se na classe 4.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
114
Os dados coletados no período de chuva e no de seca na área de estudo
estão dispostos no Quadro 10:
Quadro 10 – Indicadores Físico Químicos Coletados no Interior da Voçoroca
Períodos Indicadores Físico-Químicas ResultadosCor Aparente (mg Pt / l) 50.00Dureza Cálcica (mg / L) 8.74Demanda Bioq. de Oxig. (mg O2 / L) 3.62
Oxigênio Dissolvido (mg O2 / L) 5.20
pH 7.16Temperatura (ºC) 27.00Dureza Magnésica (mg /L) 9.77
Cor Aparente (mg Pt / l) 7.50Dureza Cálcica (mg / L) 10.55Demanda Bioq. de Oxig. (mg O2 / L) 1.30
Oxigênio Dissolvido (mg O2 / L) 6.70
pH 7.19Temperatura (ºC) 26.00Dureza Magnésica (mg /L) 1.69
SE
CA
CH
UV
A
Fonte : Laboratório SENAI – Uberlândia/MG (2004) – Organizador: ALVES, R. R. (2005)
De acordo com os resultados apresentados a Cor nos dois momentos estava
dentro dos padrões que podem ser de até 75 (mg Pt / l). A variação ocorrida na
Demanda Bioquímica de Oxigênio (D.B.O.) e no Oxigênio Dissolvido (O.D.) nos dois
períodos foram pequenas, sendo que no período de chuvas houve maiores índices
na D.B.O. por ter muita água no sistema vinda por escoamento superficial para
dentro do corpo da voçoroca, influenciando inclusive sobre a Cor aparente.
Com relação à Temperatura a variação foi mínima, o pH apresentou-se entre
7,16 e 7,19 sendo, portanto considerada uma água alcalina, pois o pH é maior que
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
115
7. Já os dois tipos de Dureza a Cálcica e a Magnésica variaram assim no período a
primeira 1,81 (mg / L) no período de seca aumentou e a segunda sofreu aumento no
período de chuva 8,08 (mg / L), as duas mostrando índices menores que 50 (mg /
L), sendo consideradas em termos de dureza água mole.
No Artigo 7º da Resolução CONAMA nº 20/1986, para a Classe 4 são
estabelecidos os seguintes limites:
“a) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausente; b) odor e aspectos não objetáveis; ....d) substancias facilmente sedimentáveis que contribuam para o assoreamento de canais de navegação: virtualmente ausentes; f) OD superior a 2,0 mg/l O2, em qualquer amostra; g) pH: 6 a 9.”
De acordo com os padrões CONAMA (1986), todos os indicadores analisados
na área de estudo não mostram qualquer tipo de anormalidade que a desqualifique
da Classe 4 (Quadro 2), porém cabe ressaltar que o Artigo 7º prevê para essa classe
a ausência de sedimentos que provoquem assoreamento e todo o trabalho
demonstra que a voçoroca é uma importante fonte de saída de material
sedimentável, que impacta sobre toda a rede hidrológica sendo este um importante
fator a ser notado havendo portanto a necessidade de medidas mitigadoras para
reduzir a intensa dinâmica erosiva do local.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
116
11 - Considerações Finais
Esta pesquisa procurou compreender o comportamento evolutivo da voçoroca
mediante a análise de elementos aceleradores do processo como: ações antrópicas
e os efeitos mecânicos provenientes da energia das precipitações e escoamento.
Por meio do monitoramento foi possível a elaboração de um banco de dados que
permitiu chegar a algumas conclusões do processo de acordo com as características
físico-ambientais local e regional.
A dinâmica do processo erosivo torna-se muito mais agressiva no período
chuvoso, pois a energia das águas ataca toda superfície interna e aumenta a
profundidade da voçoroca. Já no período de seca o processo erosivo é quase inerte,
salvo as exceções das ações antrópicas no local como queimadas e pisoteio do
gado, este último ocorre em função da mancha urbana ter alcançado áreas rurais.
No período seco destaca-se a forte atuação dos processos físicos, provocando
fissuras ao longo de todas as paredes da voçoroca, o que facilita no período
chuvoso a atuação das águas.
É muito comum este tipo de dinâmica na região de cerrado, em função de um
período de seis meses com chuvas e outros seis de estiagem. Embora haja
diferenças o que se percebeu na pesquisa é que um período está intimamente
ligado ao outro. O período de estiagem prepara o solo para as ações de desgaste
erosivo, alterando as formas da voçoroca no período de chuvas quando a energia
cinética potencializada pela concentração das chuvas modifica a sua morfometria.
Além do tipo de solos da região apresentar forte presença de areias, o que os torna
mais susceptíveis a erosão.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
117
Então, a cada ciclo chuvoso o processo erosivo é ativado tendo variação
somente em seus pontos de maior dinâmica ou de mudanças rápidas de forma,
como foi o caso da Seção Transversal de Montante em relação às outras duas,
porém o desgaste erosivo é uma constante ao longo do corpo da voçoroca. De
acordo com os resultados alcançados certamente o próximo ciclo de chuvas alterará
o ponto mais dinâmico, o qual estará constantemente num processo remontante em
relação às três Seções adotadas pela pesquisa, sendo que os valores mostrados
indicam que as formas da voçoroca evoluem em direção a média e a alta vertente
em comprimento, alargamento e profundidade.
Com relação à eficácia do equipamento nos momentos iniciais da pesquisa
ocorreram problemas, justamente por não ser feito do material apropriado,
procurando soluções idealizamos um material mais resistente de fácil transporte por
ser retrátil e didático em campo para facilitar as medições anexando à trena e
estendendo a corda com cores alternadas para não confundir as medições em locais
profundos dentro do corpo da voçoroca. A técnica utilizada da régua retrátil, com a
trena e com a corda dividida por cores, associada os outros recursos materiais
mostrou-se eficiente, pois os dados correspondem ao desgaste erosivo real ocorrido
na área durante o período de monitoramento, havendo uma margem de erro nas
medições entre 0,5 e 1,00cm.
Vale salientar que, este estudo gerou uma variada gama de dados, os quais
foram analisados pela vertente aqui apresentada, porém as informações geradas
possibilitam outros tipos de estudos (análises) e a possibilidade de continuidade do
monitoramento ou outros tipos de pesquisas na área permitindo agregar novas
informações sobre este processo erosivo no futuro.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
118
Os resultados demonstrados pela evolução das seções transversais
comprovam ser a voçoroca uma importante e impactante fonte de sedimentos sobre
os recursos hídricos da qual a Bacia Hidrográfica faz parte, pois em alguns pontos
as perdas mensais variaram entre 6 a 10cm, isto mostra a quantidade de perda de
solo de dentro e de áreas adjacentes a voçoroca evidenciando o elevado grau de
evolução da dinâmica erosiva, a qual se não forem tomadas medidas minimizadoras
poderá alcançar dimensões ainda maiores.
Portanto, os resultados obtidos serão de importante relevância para o
planejamento das autoridades governamentais para a elaboração e execução de
obras de recuperação e recomposição desta e de outras áreas dentro do perímetro
urbano ou mesmo no meio rural, pois por meio desses indicadores pode-se antever
novas ocupações que serão feitas no município a fim de organizar espacialmente a
cidade e ao mesmo tempo preservar o meio natural. As informações mostram
claramente que a falta de algum tipo de medida minimizadora da dinâmica erosiva
da voçoroca irá resultar em proporções ainda maiores a cada ciclo chuvoso,
chegando a atingir as edificações irregulares dentro da APP e aumentando a
degradação do meio ambiente.
Os resultados então possibilitaram propor algumas medidas mitigadoras para
minorar os impactos ambientais ao longo da área de estudo e da Bacia do Córrego
Mogi, são elas:
• A transformação da área hidromórfica de fato em APP (Área de
Preservação Permanente), desapropriando as edificações que está dentro
do perímetro previsto em lei, recuperando a área da voçoroca com gabiões
ou o uso de biotexteis nas paredes laterais, fazer curvas de nível para
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
119
reduzir a energia do escoamento superficial, retirar a água da cabeceira,
dispor barreiras naturais dentro do corpo da voçoroca e revegetando tanto
dentro quando nas proximidades da mesma evitando seu avanço;
• Tornar o sítio que abriga a vereda e a nascente do Mogi em uma unidade
de conservação, sendo que uma solução rápida e conciliadora poderia ser
a implantação de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN),
que ainda garante ao proprietário incentivos fiscais e não implica em
desapropriação, ressaltando que dentro do sítio existe uma grande área
preservada de cerrado stricto senso a qual já existe projeto de loteamento;
• Substituição das áreas loteadas na APP e das áreas de pastagens do sítio
onde se localiza a nascente do Mogi, por faixas de recuperação (plantio)
da cobertura vegetal com espécies nativas;
• Por já estar previsto nas Leis municipais oferecer de fato incentivos como,
por exemplo, desconto no IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) aos
moradores do Bairro Jardim Botânico, por ser um loteamento grande e se
localizar numa vertente tributária do Córrego Mogi, para que mantenha,
em seus lotes, uma área permeável considerável (jardim, gramado, horta
etc), a fim de reduzir o escoamento superficial e seu conseqüente
assoreamento;
Quanto ao crescimento científico a pesquisa possibilitou desenvolver uma
técnica própria com resultados pertinentes, os quais contribuíram no entendimento
em parte dos processos erosivos e de sua dinâmica em área de Cerrado. Como
projetos futuros à investigação de meios de recuperação de áreas degradadas, com
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
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espécies arbóreas adequadas associadas a outras técnicas como biotexteis ou
outros materiais biodegradáveis será certamente um dos focos principais de tese de
doutorado.
Monitoramento Evolutivo de Seções Transversais: Análise Estatístico-Morfométrica de Perda de Solo e da Qualidade da Água em Voçoroca no Município de Uberlândia-MG
121
12 – Referências Bibliográficas
A ÚLTIMA ARCA DE NOÉ: ECOSSISTEMAS BRASILEIROS. Disponível em: http://www.aultimaarcadenoe.com/cerrado.htm. Acessado em: 14 set. 2003. ALVES, Roberto Reis; REIS, Ricardo Alves; RODRIGUES, Silvio Carlos. Monitoramento de Voçoroca por Método de Estaqueamento e Perf i lagem Interna em Uberlândia-MG. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOMORFOLOGIA e ENCONTRO SUL-AMERICANO DE GEOMORFOLOGIA, V e I., 2004, Santa Maria - RS. Anais: Geomorfologia e Riscos Ambientais. Santa Maria – RS : UFSM, 2004. CD-ROM. ALVES, Roberto Reis; REIS, Ricardo Alves; RODRIGUES, Silvio Carlos. Dinâmica da Evolução de Processo Erosivo na Bacia do Córrego Lagoinha na Cidade de Uberlândia-MG. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA, X., 2003, Rio de Janeiro - RJ. Anais: Temas e debates da geografia física na contemporaneidade. Revista do Departamento de Geografia (Geo UERJ). Rio de Janeiro - RJ: UFRJ, 2003. CD-ROM e Revista On-line. ALVES, Roberto Reis; REIS, Ricardo A.; RODRIGUES, Silvio C. Dynamics of erosive process in the city of Uberlândia (Central Brazil). In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM LAND DEGRADATION AND DESERTIFICATION (COMLAND), 2003, Catamarca (Argentina). Anais Land Degradation and Desertification. Catamarca (Argentina): UNCA, 2003. p. 30. ALVES, Roberto Reis; REIS, Ricardo Alves; RODRIGUES, Silvio Carlos. Impactos ambientais de processos erosivos em microbacia hidrográfica no município de Uberlândia. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOMORFOLOGIA, 4., 2002, São Luís. Anais. São Luís: UFMA, 2002. ALVES, R. R.; et alli. As intervenções antrópicas no processo de gênese e evolução do relevo: caso do Córrego Lagoinha – Uberlândia/MG. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA, 9., 2001, Recife. Anais Construindo a Geografia para o Século XXI. Recife: UFPE, 2001. p. 121-122. ANGELO, C.; MELLO, M.; VOMERO, M. F. A era da falta d´água. Super Interessante. São Paulo, ano 14, nº 7, p. 48-54, jul. 2000.
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ANEXOS
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Anexo I – Ficha de anotação de Campo
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Data ____/ ______/________
Ponto P3C-4D (r,g,w) Ponto P5E-6F (r,g,w) Ponto P7G-8H (r,g,w)1 w 37 w 1 w 37 w 1 w2 r 38 r 2 r 38 r 2 r3 g 39 g 3 g 39 g 3 g4 w 40 w 4 w 40 w 4 w5 r 41 r 5 r 41 r 5 r6 g 42 g 6 g 42 g 6 g7 w 43 w 7 w 43 w 7 w8 r 44 r 8 r 44 r 8 r9 g 45 g 9 g 45 g 9 g
10 w 46 w 10 w 46 w 10 w11 r 47 r 11 r 47 r 11 r12 g 48 g 12 g 48 g 12 g13 w 49 w 13 w 49 w 13 w14 r 50 r 14 r 50 r 14 r15 g 51 g 15 g 51 g 15 g16 w 52 w 16 w 52 w 16 w17 r 53 r 17 r 53 r 17 r18 g 54 g 18 g 54 g 18 g19 w 55 w 19 w 55 w 19 w20 r 56 r 20 r 56 r 20 r21 g 21 g 57 g 21 g22 w 22 w 58 w 22 w23 r 23 r 59 r 23 r24 g 24 g 60 g 24 g25 w 25 w 61 w 25 w26 r 26 r 62 r 26 r27 g 27 g 63 g 27 g28 w 28 w 64 w 28 w29 r 29 r 65 r 29 r30 g 30 g 66 g 30 g31 w 31 w 67 w 31 w32 r 32 r 68 r33 g 33 g 69 g34 w 34 w 70 w35 r 35 r36 g 36 g
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