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MONITORAMENTO DA FAUNA DE VERTEBRADOS TERRESTRES
UHE MAUÁ
Relatório Final Fase 1 Volume I: análise macrorregional da fauna
Dezembro de 2010
COORDENAÇÃO E EXECUÇÃO
Equipe Técnica
_______________________________
Alberto Urben-Filho Biólogo, CRBio: 25255-07D, CTF: 96670
Coordenação técnica Geral
_______________________________
Marcelo A.Villegas Vallejos Biólogo, CRBio: 50725-07D, CTF: 1039117
Avifauna
_______________________________ Gilberto Alves de Souza Filho
Biólogo, CRBio: 30568-07D, CTF: 2825958 Reptiliofauna
_______________________________
Fernando José Venâncio Biólogo, CRBio: 53.827-03/07D, CTF:1821013
Mastozoofauna
_______________________________
Lucas Ribeiro Mariotto Biólogo, CRBio: 63.847-03/07D, CTF:1844434
Anfibiofauna
REVISÃO E ORGANIZAÇÃO EDITORIAL Marcelo Alejandro Villegas Vallejos
Alberto Urben-Filho Fernando Costa Straube (Técnico, CTF: 324515)
TÉCNICOS COLABORADORES Carlos Eduardo Conte
Gledson Vigiano Bianconi Leonardo Rafael Deconto
AUXILIARES DE CAMPO
Albert Gallon de Aguiar Alexandre Camargo de Azevedo
Beatrice Stein Boraschi dos Santos Conrado Augusto Vieira
Crasso Paulo Bosco Breviglieri Cristiano de Carvalho
Danilo José Vieira Capela Darlene da Silva Gonçalves
Janael Ricetti Marcelo Augusto da Silva
Michele Fernandes Gonçalves Nelson Rodrigues da Silva
Tamara Molin Urubatan Moura Skerrat Suckow
COMPANHA PARANAENSE DE ENERGIA (COPEL)
Júlia Azevedo Santos
Representante técnica da Copel (Cláusula XIII, item 5, Contrato CCC-Copel n° 43311/2009)
Bióloga, CrBio 45250/07
Referenciação sugerida: HORI. 2010. UHE-Mauá, Monitoramento da Fauna de Vertebrados Terrestres: Relatório Final Fase 1 (dezembro de 2010). Volume 1. Curitiba, Hori Consultoria Ambiental e Copel Geração e Distribuição. Relatório técnico de distribuição restrita. 73 pp.
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Relatório Final Fase 1 – Volume 1
Dezembro de 2010
SUMÁRIO TÓPICO PÁGINA
EMENTA 3
INTRODUÇÃO 3
ÁREA DE ESTUDO 6
CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA 6
CARACTERIZAÇÃO FITOGEOGRÁFICA 7
CARACTERIZAÇÃO BIOGEOGRÁFICA 8
CARACTERIZAÇÃO CONSERVACIONISTA 10
ESTADO DA ARTE 13
MÉTODOS 14
DEFINIÇÃO DE ÁREAS DE INFLUÊNCIAS DIRETA E INDIRETA 14
CARACTERIZAÇÃO DOS AMBIENTES ENCONTRADOS NA ÁREA DO FUTURO RESERVATÓRIO E ENTORNO 16
FONTES DOS DADOS DE BASE 17
DIAGNÓSTICO MACRORREGIONAL DA FAUNA 21
AVIFAUNA 21
AVES DA MACRORREGIÃO 21
EXPLORAÇÃO ORNITOLÓGICA 35
ASPECTOS ECOLÓGICOS 36
ESPÉCIES MIGRATÓRIAS 37
TÁXONS DE INTERESSE CONSERVACIONISTA 40
ESPÉCIES EXÓTICAS 44
ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA 44
REPTILIOFAUNA 46
RÉPTEIS DA MACRORREGIÃO 46
ASPECTOS RELEVANTES DE CONSERVAÇÃO 51
USO POTENCIAL DE ESPÉCIES BIOINDICADORAS 51
ESPÉCIES ACOMETIDAS PELO ABATE 52
ESPÉCIES INVASORAS E EXÓTICAS 52
MASTOZOOFAUNA 54
MAMÍFEROS DA MACRORREGIÃO 54
ESPÉCIES DE INTERESSE CINEGÉTICO 59
ESPÉCIES EXÓSTICAS E INVASORAS 62
ANÁLISE CONSERVACIONISTA 60
ANFIBIOFAUNA 61
ANFÍBIOS DA MACRORREGIÃO 61
ESPÉCIES AMEAÇADAS 63
ESPÉCIES INVASORAS 64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E LITERATURA CONSULTADA 65
ANEXOS 72
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1. Áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade representadas na área de estudo. 12
FIGURA 2. Divisão matricial do estado do Paraná. 15
LISTA DE TABELAS
TABELA 1. Áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade representadas na área de estudo
e suas características fundamentais.
12
TABELA 2. Área ocupada pelos diferentes usos do solo na área do futuro reservatório da UHE Mauá,
em termons absolutos, em hectares, e relativos, em porcentagem.
17
TABELA 3. Localidades até então pesquisadas quanto à avifauna na área de estudo e suas
coordenadas geográficas, altitudes e fontes bibliográficas.
18
TABELA O1: Lista instrumental da avifauna do médio rio Tibagi, apresentando as espécies registradas
nas áreas de influências da UHE Mauá e respectivas localidades de registro.
21
TABELA O2. Aves migratórias residentes ocorrentes na macrorregião da UHE Mauá. 39
TABELA O3. Aves de interesse conservacionista com ocorrência mencionada na macrorregião da
UHE Mauá. 41
TABELA O4. Número de espécies da avifauna com ocorrência mencionada na macrorregião da UHE
Mauá alocadas nas diferentes categorias de ameaça.
43
TABELA H1. Lista das espécies de répteis com ocorrência nas áreas de influência da UHE Mauá. 47
TABELA H2. Caracterização da fauna de répteis registrada para as áreas de influência da UHE Mauá,
com padrão de utilização de recursos.
49
TABELA M1. Lista das espécies de mamíferos registradas na macrorregião da UHE Mauá, com
destaque para o status de conservação.
55
TABELA A1. Lista das espécies de anfíbios registradas nas áreas de influência direta e indireta da UHE
Mauá, com indicação dos respectivos ambientes de ocorrência.
62
ANEXOS
ANEXO 1. Imagens de satélite de uso do solo (anexo digital). 72
ANEXO 2. Certificado de regularidade Urben-Filho & Straube Consultores (pessoa jurídica) junto ao
Cadastro Técnico Federal – IBAMA.
73
Todas as coordenadas geográficas apresentadas neste documento referem-se a aferições em South American
Datum 1969 (SAD 69) e, considerando a localização geográfica da área de estudo, fuso 22 J.
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EMENTA
O presente documento faz parte de uma série de relatórios técnicos que atendem a requisitos
parciais do Contrato CCC-Copel N° 43311/2009, celebrado entre a Copel Geração e Transmissão
S.A. e a Urben-Filho e Straube Consultores S/S Ltda (Hori Consultoria Ambiental), o qual define
os termos de serviços especializados para o monitoramento da fauna na região do
empreendimento Usina Hidrelétrica (UHE) Mauá, compreendendo os quatro grupos de
vertebrados terrestres silvestres (aves, répteis, mamíferos e anfíbios). O relatório encontra-se
organizado em três volumes, sendo o primeiro uma síntese consolidada macrorregional da
macrofauna terrestre dentro das áreas de influências do empreendimento; o segundo volume
trata dos resultados do monitoramento in situ durante os períodos que compreendem o
estudo pré-impacto (1ª Fase) supressão da vegetação (2ª Fase), enchimento do reservatório
(3ª Fase) e pós-enchimento (4ª ° Fase); e o terceiro, por sua vez, apresenta subsídios aos
trabalhos de resgate e realocação de fauna baseando-se, para isso, na organização dirigida de
informações coligidas em campo.
INTRODUÇÃO
No Brasil, a geração de energia elétrica é essencialmente consequência de aproveitamentos
hidrelétricos, sendo que o potencial instalável já inventariado ultrapassa a 260 GW, tendo se
concentrado a partir dos anos 60, durante o Período Militar (Santos, 2003).
Graças a isso ocorreu um rápido crescimento e fortalecimento do setor elétrico, com a criação
da Eletrobrás em 1962, propiciando a instalação de um grande número de hidrelétricas, sem
que se pensasse na amplitude de seus impactos a longo prazo e acreditando que os benefícios
gerados iriam se sobrepor aos pontos negativos (Sigaud, 1988). Nos anos 90, a produção bruta
total de energia elétrica ultrapassou a 250 bilhões de kW.h, dos quais cerca de 97% eram de
origem hidráulica (Santos, 2003).
As hidrelétricas são tradicionalmente conhecidas por sua envergadura via de regra fazendo
parte de grandes projetos e, no Brasil, foram consideradas não somente indispensáveis como
tecnicamente mais adequadas para a produção de energia elétrica, devido à riqueza de
recursos hídricos do País que, por suas condições físicas, permite um amplo aproveitamento
(Bortoleto, 2001). No entanto, elas também causam rupturas consideráveis nos sistemas
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físicos, sociais, econômicos e culturais das regiões de locação (Vainer & Araújo, 1992). Além
disso, devem ser citados, ainda, os impactos ambientais causados à região receptora com
perdas irrecuperáveis em sua fauna e flora (Bortoleto, 2001).
Isso ocorre porque para a geração de energia por meio de hidrelétricas é necessária uma série
de impactações sobre o ambiente, o que invariavelmente ocasiona consequências de variadas
magnitudes, intensidade e contextualizações geográficas ainda não bem conhecidas e
esclarecidas pelos próprios pesquisadores.
Quando se acessa as poucas informações disponíveis sobre efeitos biológicos causados por
esse tipo de empreendimento, porém, fica evidente a existência de danos nos dois principais
componentes da diversidade: a riqueza e a abundância de espécies. As consequências mais
severas ocorrem, sem dúvida, quando do momento do enchimento do reservatório, ainda que
outros tipos de prejuízos sejam também computados em decorrência da formação de uma
nova paisagem demandada pela necessidade do reestabelecimento territorial de toda a
estrutura anteriormente estabelecida.
Segundo ELETROBRÁS (1999): “O principal impacto das hidrelétricas sobre a fauna terrestre é,
em geral, decorrente da formação do reservatório. Isso se dá logo ao término da construção,
após as etapas de inventário, viabilidade e projeto básico, e antes do início de sua operação. A
dimensão do impacto depende de características do empreendimento, como o tamanho do
reservatório, e do ambiente, como a composição, estrutura e situação da fauna (e da
vegetação) na área do reservatório”.
Devido a essa problemática, o controle e acompanhamento das alterações bióticas durante
todas as fases da instalação e operação de hidrelétricas de grande porte, sempre por uma
equipe técnica especializada e bem treinada, é essencial para identificar e quantificar os danos
sobre a sua biodiversidade. Alia-se a essa afirmação, o fato que o processo de licenciamento
ambiental passou, nos últimos anos, a se tratar de um instrumento relevante da Política
Nacional de Meio Ambiente, considerando-se que a Constituição Federal alçou os direitos
fundamentais de meio ambiente equilibrado e concomitante ao desenvolvimento econômico
e social, formando um tripé atualmente denominado “desenvolvimento sustentável” (TCU,
2007).
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Graças a essa base teórica, vários foram os mecanismos legais criados desde o início – e
particularmente os meados da década de 80 (Resolução n° 1 CONAMA/1986) - visando a
disciplinar os aspectos de localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos
e atividades utilizadoras do meio ambiente (Straube et al., 2010). Em adição, o setor elétrico –
por suas características únicas – acabou se tornando uma unidade particular de consideração,
mediante diversos instrumentos legais produzidos especialmente para ele ou readequados por
meio de instruções normativas (Casiuch, 1999; BANCO MUNDIAL, 2008)
Como efeito direto dessa legislação, surgiu a necessidade iminente de uma normatização dos
métodos a serem utilizados em estudos de impacto ambiental, demanda essa parcial e
temporariamente atendida pela edição da Instrução Normativa n° 146 (IN-146), publicada em
10 de janeiro de 2007 pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA). Essa proposta, visando ao estabelecimento de “critérios para
procedimentos relativos ao manejo de fauna silvestre em áreas de influência de
empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de
impacto à fauna sujeitas ao licenciamento ambiental” (IBAMA, 2007), tornou-se importante
pela envergadura pretendida, mantendo seu objetivo de normatizar as informações que
devem ser apresentadas por ocasião destes estudos, produzindo um protocolo mínimo, seja
no âmbito metodológico, seja de conteúdo.
Não obstante as exigências legais e interesse por parte de consultores e empreendedores,
pouco se fez – desde então – com relação ao tratamento de informações técnicas que
pudessem efetivamente subsidiar esforços de mitigação dos efeitos impactantes sobre a biota.
Sob essa óptica, é aí que se enquadra o trabalho de monitoramento, destinado a acompanhar
numérica e qualitativamente os processos de alteração na composição, frequência e
abundância dos componentes bióticos. Esse trabalho contínuo de acompanhamento de todas
as fases do empreendimento merece especial atenção conceitual e metodológica (Lindbergh,
1999), uma vez que poderá gerar informações não somente relevantes do ponto de vista
técnico, mas especialmente no tocante à orientação e produção de subsídios a serem
considerados em futuros empreendimentos similares.
Buscou-se, desta forma, com a elaboração do presente plano de monitoramento, dar-se
especial ênfase no levantamento de dados biológicos ainda obscuros no âmbito
conservacionista, muitos dos quais tratados de modo empírico pela comunidade científica. Tal
panorama de parco conhecimento é perfeitamente compreensível uma vez que métodos
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investigativos desse tipo necessitam do acompanhamento pleno dos processos de supressão
de vegetação e de todas as atividades impactantes envolvidas no empreendimento. Nesse
sentido, a equipe que planejou esta proposta orientou-se em hipóteses e questionamentos
comuns no âmbito da zoologia sobre os principais efeitos adversos causados por
empreendimentos de grande magnitude à fauna, buscando aproveitar-se das atividades
adversas para se experimentar e obterem-se dados satisfatórios sobre os reais impactos
gerados pela UHE Mauá e, por conseguinte, por empreendimentos posteriores ao aqui
tratado. Com isso, considera-se extremamente importante que tais dados interajam
futuramente de modo efetivo na gestão ambiental da UHE Mauá, mitigando ou mesmo
corrigindo impactos ao mesmo tempo em que se cria uma estratégia sólida e protocolar de
recuperação da biota afetada.
ÁREA DE ESTUDO
CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA
A área de estudo situa-se na porção centro-nordeste do Estado do Paraná que, para fins de
descrição geográfica macrorregional, restringe-se ao terço médio da Bacia Hidrográfica do Rio
Tibagi. Orograficamente, essa região encontra-se na porção mediana do Segundo Planato
Paranaense, quase em contato com a linha divisória da Escarpa Arenito-Basáltica e é
caracterizada por um planalto ondulado com ocorrência de mesetas das formações Devoniana
e Permiana, apresentando setores eventualmente entrecortados por espigões formados por
diques de diabásios, dentre eles as chamadas serras dos Agudos e de Apucarana (Maack, 1947,
1981; PARANÁ, 1987).
O tipo climático local é o Cfa de Köppen, ou seja, mesotérmico subtropical úmido com verões
quentes, tendência de concentração de chuvas no verão e geadas mais raras (Maack, 1981). As
médias térmicas anuais estão entre 18 e 20 °C, distribuídas entre 23 e 25 °C no mês mais
quente (fevereiro) e 13 e 15 °C no mais frio (julho) (IAPAR, 1978). Já a precipitação
pluviométrica anual varia entre 1700 a 1900 mm, sendo o intervalo dezembro-fevereiro o
trimestre mais chuvoso, com média de 450 a 550 mm e junho a agosto o mais seco, com 300 a
450 mm (IAPAR, 1978). Por essas características, a pluviosidade pode ser considerada
regionalmente mediana e com estações chuvosa ou seca pouco definidas, variável de acordo
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com o gradiente altitudinal. A umidade relativa do ar oscila entre 70 e 80% e os índices hídricos
anuais na escala de Thorntwaite indicam se tratar de área úmida, portanto sem deficiência
hídrica anual (IAPAR, 1978).
CARACTERIZAÇÃO FITOGEOGRÁFICA
Quanto à paisagem original, localiza-se no grande Domínio da Mata Atlântica, particularmente
na área onde, no tipo vegetacional, predominam as fácies montana e altomontana da floresta
ombrófila mista (mata de araucária) (Veloso et al., 1991), mas com forte influência de zonas
transicionais de floresta estacional semidecidual. Corresponde desta forma, a uma área de
tensão ecológica ou ecótono, onde há o contato entre esses dois tipos vegetacionais de
estruturas fisionômicas semelhantes.
Por toda a área de estudo é evidente a condição de transição observada na flora e na
paisagem como um todo (Sá-Furlanete et al., 2007), o que pode ser considerado mediante os
inúmeros estudos fitossociológicos e florísticos levados e efeito em toda a macrorregião (Silva
et al., 1992; Silva et al., 1995; Carmo, 1995, 2006; Nakayama et al., 1996; Dias et al., 2002).
A primeira destas vegetações, também denominada mata de araucária, é típica do Planalto
Meridional Brasileiro, encontrada no Paraná em altitudes superiores a 500 metros s.n.m
(Hueck, 1972). Compõe-se floristicamente por gêneros primitivos e sugere uma ocupação
recente a partir de refúgios altomontanos (Veloso et al., 1991; IBGE, 1992). Trata-se de um
tipo especial de mata subtropical, cujo desenvolvimento relaciona-se intimamente com a
altitude, coincidente com o limite de sua mais importante espécie vegetal, o pinheiro-do-
paraná (Araucaria angustifolia). Paisagem essencialmente úmida, destaca-se pela presença de
árvores peculiares como o sassafrás (Ocotea pretiosa), a canela-guaicá (O.puberula) a imbuia
(Phoebe porosa) e várias outras espécies do gênero, mas – ainda – a erva-mate (Ilex
paraguariensis), o xaxim-bugio (Dicksonia sellowiana), muitas vezes associado a outras
pteridófitas arborescentes como Cyathea sp. São também características dessa vegetação, o
jacarandá (Dalbergia brasiliensis), a caviúna (Machaerium sp.), o monjoleiro (Acacia
polyphylla) e uma grande riqueza de mirtáceas, ilustradas pela guabiroba (Campomanesia
xanthocarpa), a pitangueira (Eugenia uniflora) e o araçá (Psidium cattleyanum). Destacam-se
também os pinheiros-bravos (Podocarpus sellowii e P.lamberti), a bracatinga (Mimosa
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scabrella), a cabreúva (Myrocarpus frondosus), a pimenteira (Capsicodendron denisii) e a
guaçatunga (Nectandra rigida).
Já a floresta estacional semidecidual, é caracterizada por macro e mesofanerófitos, lianas
lenhosas e epífitas em abundância, que a diferencia de outros tipos vegetacionais (Veloso,
1991; IBGE, 1992) e marcadamente notável a presença de orquidáceas e aráceas, bem como
infrequentes bromeliáceas. Essa vegetação se desenvolve sobre os solos férteis de terra roxa,
provenientes da decomposição das lavas basálticas da camada de trapp, constituindo-se de
uma variação planáltica da exuberante mata da Serra do Mar e litoral (Maack, 1981). Ali ocorre
uma estratificação muito perceptível, aspecto esse que varia consideravelmente de acordo
com a altitude, impondo a relação de presença/ausência de inúmeras espécies de sua flora.
Dentre as espécies mais características estão a palmeira juçara (Euterpe edulis), em extensos
agrupamentos, mas também a peroba (Aspidosperma polyneuron), o guatambu
(A.ramiflorum), o cedro (Cedrela fissilis) lado a lado com a canjerana (Cabralea glaberrima) e
uma pequena riqueza de mirtáceas. Estão presentes o alecrim (Holocalyx balanzae), o
carvalho-brasileiro (Roupala brasiliensis) e também ocorrem a copaíba (Copaiba elaeagnoides),
o araribá (Centrolobium tomentosum), o pau-marfim (Balfourodendrun riedleyanum), a grápia
(Apuleia leiocarpa), a guajuvira (Patagonula americana) e o ipê-roxo (Tabebuia avellanadae).
Também são dignas de menção, nas imediações pouco mais distanciadas da área de estudo,
das vegetações de estepe arbustiva (campos gerais) e savana (cerrado).
CARACTERIZAÇÃO BIOGEOGRÁFICA
Sob o ponto de vista biogeográfico, a macrorregião situa-se na Região Neotropical (Müller,
1973), particularmente na Província Atlântica (concordante com o Domínio da Mata Atlântica)
e na Sub-Província Guarani (Mello-Leitão, 1946). Segundo Cracraft (1985), essa região
compreende área de endemismos avifaunísticos, denominada "Paraná Center", que
corresponde a todo o Planalto Meridional Brasileiro, limitando-se a norte pela região centro-
sul de São Paulo, ao sul pelos planaltos da porção elevada do norte e nordeste do Rio Grande
do Sul, a oeste pelo Paraguai e nordeste da Argentina e a leste pelos contrafortes da Serra do
Mar.
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Quanto à paisagem original, situa-se no grande domínio morfoclimático dos "Mares de
Morros" (Ab’Saber, 1977), que se insere no bioma da Mata Atlântica. Sua situação geográfica
indica que, embora se situe dentro dos limites da floresta ombrófila mista (mata de araucária),
a vegetação que era originalmente dominante na área de estudo (Veloso et al. 1991) encontra-
se fortemente influenciada por outros tipos vegetacionais, como a savana arbustivo-arbórea
(cerrado) que, naquela região, miscigena-se também com a estepe herbáceo-arbustiva
(campos) e, embora em pequena intensidade, também a floresta estacional semidecidual
(mata estacional).
Segundo Straube & Di Giácomo (2007), a área de estudo está encravada na “Província da Mata
de Araucária” (originalmente Provincia del Bosque de Araucaria angustifolia) que, por sua vez,
é um tipo diferenciado da Subregião Paranaense, subdivisão da Região Neotropical, no sentido
de Morrone (2001). A Província é caracterizada primariamente pela floresta ombrófila mista,
em coincidência com o Planalto Meridional do Brasil, particularmente acima das altitudes
classicamente definidas como de 500 m e avançando a sudoeste até a Província de Misiones
(Argentina). Trata-se de uma unidade geográfica muito bem caracterizada e perfeitamente
distinguível, sob os pontos de vista fitogeográfico, climático, geomorfológico, geológico e
faunístico e que, ao menos nas suas regiões periféricas, mostra-se fortemente influenciada
pelas unidades biogeográficas adjacentes que são as províncias da Mata Atlântica Brasileira, da
Mata Paranaense e do Cerrado.
Os traços individuais de Fuchsia hatschbachii (Onagraceae) e Cyphocarax nagelli (Curimatidae)
são considerados por Morrone (2001) como táxons característicos desta província. São
também possíveis de diagnosticá-la as gimnospermas Araucaria angustifolia e Podocarpus
sellowii, as angiospermas Fuchsia regia reitzii (Onagraceae), os coleópteros Araucarius
brasiliensis, A.ruehmi, Andeleteius colatus e A.torosus (Curculionidae) e os gêneros Brarus e
Rhynchitoplesius (Nemonychidae), os dípteros Rhipidita nigra (Ditomyidae) e Sepedonea
trichotypa (Sciomyzidae), os peixes Oligosarcus longirostris e O.paranensis (Characidae), a
cotiara (Rhinocerophis cotiara) e as aves Cinclodes pabsti e Leptasthenura setaria (Furnariidae).
Sobre esse último grupo cabe mencionar que a Província da Mata de Araucária apresenta pelo
menos três espécies endêmicas, todas mais ou menos bem distribuídas neste contorno e de
forma congruente (Amazona pretrei, Leptasthenura striolata e Clibanornis dendrocolaptoides),
com indiscutíveis afinidades com espécies ou clados endêmicos de zonas andinas ou
patagônicas. Alguns táxons, ainda, mostram ligações com as montanhas do sudeste do Brasil
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(p.ex. Leptasthenura setaria, Piprites pileata, Lepidocolaptes falcinellus, Cranioleuca obsoleta e
Poospiza cabanisi) e certas subespécies, que mereceriam um status específico, enquadram-se
no mesmo tipo de relação (Stephanoxis lalandi loddigesi e Hemitriccus obsoletus zimmeri). Em
pelo menos um caso, a grande complexidade biogeográfica dessa região é notável: Scytalopus
pachecoi /S.iraiensis / S.notorius /S. speluncae, levando a crer que ainda há muito o que se
estudar quanto aos padrões de distribuição locais. De qualquer forma, se todas as espécies
endêmicas do perímetro nuclear da Província da Mata da Araucária fossem somadas às que
ocorrem em disjunções do sudeste e do Rio Grande do Sul, ter-se-iam pelo menos doze táxons
endêmicos nesse conjunto.
Também os encraves de vegetação grandemente diferenciada dentro dos limites da Mata de
Araucária são instrumentos importantes para avaliações biogeográficas, como indicativos de
um clima anterior mais seco e frio que se retraíram pela invasão das matas de araucária nas
encostas e das matas pluviais pelos vales de rios (Maack, 1981). Um dos tipos de vegetação é o
dos campos planálticos sulinos, dos quais a espécie Anthus nattereri, resultante de uma
diferenciação Caatinga-Cerrado e Andes, é endêmica. Já a vegetação de cerrado, mais
conhecida em locais de estações climáticas bem definidas e clima quente e seco do Brasil
Central, aparece na área de estudo em pequenas manchas, mantendo ali sua composição
florística peculiar. É mais um caso, portanto, de vegetação relictual isolada de sua porção
nuclear e, ainda, indicadora de relações históricas de contato entre vegetações adjacentes.
Nesses encraves vegetacionais, distribuídos esparsamente por várias áreas também no sul do
Brasil, não há nenhum endemismo do Planalto Meridional, mas diversas espécies consagradas
endêmicas, ou com distribuições concentradas no Domínio do Cerrado foram localizadas ali:
Nothura minor, Taoniscus nanus, Thalurania furcata baeri, Melanopareia torquata, Geositta
poeciloptera, Xolmis velatus, Charitospiza eucosma, Coryphaspiza melanotis, Neothraupis
fasciata, Cypsnagra hirundinacea e Cyanocorax cristatellus (Straube & Di Giácomo, 2007).
CARACTERIZAÇÃO CONSERVACIONISTA
A área de estudo coincide com uma das regiões cujo ritmo de modificação ambiental –
especialmente representada pela devastação da cobertura florestal original - foi
surpreendentemente rápido, oriundo de um processo de exploração e colonização que
tiveram início, respectivamente nos Séculos XVII e XIX (Dinerstein et al., 1995). Isso se deu,
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primeiramente, como efeito da ampliação de fronteiras agropecuárias e, posteriormente, com
o desenvolvimento da silvicultura, que conferiu à região um aspecto singular de exploração
mesmo em locais de considerável declividade (Maack, 1963, 1981). Assim, obedecendo a
diversos períodos de um padrão exploratório tipicamente imediatista, passou a integrar um
grande ideal coletivo voltado ao plantio de essências arbóreas exóticas, primeiramente o pinus
e, depois, o eucalipto, passando então a diversificar as atividades agrícolas, com o cultivo de
soja, feijão, cana-de-açúcar e algodão, bem como a pecuária bovina.
À medida que o avanço das monoculturas e pecuária se estabeleceu e expandiu, a paisagem
natural, recoberta originalmente por extensas áreas de matas de araucária, em sua transição
com as florestas estacionais, tornou-se gradativamente fragmentada, gerando o complexo
sistema em mosaico que se observa na atualidade. Esse é o formato básico que deve ser
levado em conta para análises ambientais ligadas à biodiversidade local, incluindo não
somente a sua descrição contemporânea, mas também a composição original dos organismos
que, no passado, fizeram parte da biota regional, assim como de todo o processo de
substituição decorrente das inúmeras frentes de modificação da paisagem.
A fauna desta região foi objeto de vários estudos sistemáticos até então, muitos deles com
enfoque conservacionista ou narrativo sobre os processos de extinção ou declínio populacional
de certas espécies mais resilientes. Toda essa gama de informações, teve como resultado o
inventário de uma fauna essencialmente florestal e, em muitos casos, bastante restritas
quanto à ocupação do ambiente, servindo como testemunho para se diagnosticar a dinâmica
na composição faunística à medida que as matas foram substituídas por áreas de cultivo e
pastoril.
Algumas extinções locais em decorrência das alterações ambientais ao longo desse processo
podem ser tidas como certas, não somente no caso de táxons de pequena plasticidade quanto
às alterações do ambiente florestal, mas também aqueles que são restritos a ambientes
particulares, alguns deles apresentando distribuição linear.
Em contrapartida, algumas outras, até então inexistentes naquela região, ocuparam o novo
ambiente criado pelo Homem, destacadamente aquelas cujos centros de dispersão
encontram-se em vegetações abertas, como o cerrado e os campos naturais de menores
latitudes. Atualmente, portanto, é comum observar na área de estudo diversas espécies típicas
de hábitats abertos, nas áreas que originalmente recobriam-se por grandes maciços florestais.
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A proposta para a construção da Usina Hidrelétrica de Mauá, haja vista toda essa
problemática, gerou opiniões divergentes e largamente divulgadas e defendidas por diversos
segmentos da sociedade paranaense (Martins, 2005; Instituto TerraMar, 2006; CPT, 2007;
Filippin, 2007), cumulando com um processo que se estende desde a década de 90. Desta
forma, uma análise complementar faz-se necessária, visando a sua localização geográfica
enquanto pertencente a perímetros considerados como prioridade para a conservação da
biodiversidade. Nesse sentido, a área de estudo insere-se, transpassa ou tangencia quatro
áreas consideradas prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição de
benefícios da biodiversidade (APC) definidas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2002,
2007a, 2007b), três das quais classificadas como detentoras de biodiversidade “extremamente
alta” e uma outra como “muito alta” (FIGURA 1; TABELA 1).
FIGURA 1. Áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade (Fonte: MMA, 2007) representadas na área de
estudo.
LEGENDA: Ma181: Entorno Terra Indígena de Apucarana; Ma160: Klabin; Ma192: Figueira; Ce001: Entorno Parque
Estadual do Guartelá. As cores referem-se à importância biológica: vermelha (extremamente alta) e alaranjada
(muito alta).
TABELA 1. Áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade (MMA, 2007) representadas na área de estudo e
suas características fundamentais.
Código Denominação Prioridade
Ma160 Klabin Extremamente alta
Ma181 Entorno Terra Indígena Apucarana Extremamente alta
Ma192 Figueira Muito alta
Ce001 Entorno PE Guartelá Extremamente alta
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ESTADO DA ARTE
A fauna de todo o vale do Rio Tibagi vem sendo pesquisada de maneira sistemática há vários
anos, em particular por esforços individuais levados a efeito desde a década de 70, mas,
atualmente, por iniciativa de grupos filiados a entidades de pesquisa, elementos de atuação
conservacionista e centros de ensino e extensão de nível superior.
Sobre a avifauna, por exemplo, vários estudiosos procederam a estudos localizados ou
abrangentes de riqueza, composição (Steffan, 1974; Westcott, 1980, 1986; Mariño, 1996;
Anjos & Schuchmann, 1997; Anjos et al. 1997; Anjos, 2001), com enfoques ecológicos (Soares
& Anjos, 1996; Anjos & Ferreira, 1998; Anjos & Gimenes, 2000; Gimenes & Anjos, 2000;
Mendonça et al., 2001; Volpato et al., 2001a, 2001b; Volpato & Anjos 2001) e de certos tópicos
de sinantropia, assim como de conservação (Anjos, 1998; Anjos & Soares, 1999; Lopes et al.,
2001). Em Telêmaco Borba, na região do alto Tibagi, Rodrigues et al. (1981), depois Pinto
(1991), Berndt (1992) e, finalmente, Anjos et al. (1997) dedicaram-se aos mesmos propósitos.
O panorama diverge profundamente com respeito aos estudos científicos acerca da fauna de
répteis, os quais são escassos. O atual conhecimento sobre a fauna reptiliana desta região, por
assim dizer, é baseado principalmente em registros museológicos, oriundos de coleções
científicas como a do Museu de História Natural Capão da Imbuia (Curitiba, PR), cujo acervo
científico é o mais representativo do estado do Paraná. Apenas dois estudos estão
relacionados à fauna reptiliana da região, representados por Ribas & Monteiro Filho (2002)
que descrevem a distribuição geográfica e hábitat de quelônios continentais do Paraná,
citando a ocorrência de três espécies para o município de Telêmaco Borba e Rocha et al.
(2003), que apresentam uma lista de 38 espécies de répteis registrados para a área da Fazenda
Monte Alegre.
Com relação a Amphibia, o primeiro trabalho científico para região do médio Tibagi foi o
registro de Dendropsophus anceps em Telêmaco Borba, que constitui-de da primeira
ocorrência dessa espécie no estado do Paraná (Machado & Haddad 2001). No contexto
paranaense, Segalla & Langone (2004) classificaram essa espécie como “criticamente
ameaçada”, pois a única população até então conhecida havia sido encontrada em um brejo
com taboal em área aberta, cercado por plantios de espécies exóticas, estradas e linhas de
transmissão, no interior da Fazenda Monte Alegre.
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Deste mesmo grupo, costuma-se atribuir o primeiro trabalho de inventário para a região a
Machado & Bernarde (2002), que registraram 40 espécies de anuros ao longo da Bacia do
Tibagi. Mais precisamente na região do médio Tibagi, nos municípios de Telêmaco Borba e
Ortigueira, foi realizado o inventário de anuros na Fazenda Monte Alegre, com o registro de 26
espécies (Bernarde & Machado 2000), atualizado por Rocha et al. (2003) e Machado (2004).
Além destes trabalhos, recentemente Conte et al. (2010) relatam os primeiros registros de
Ischnocnema henselii e Trachycephalus dibernardoi para Telêmaco Borba, identificadas
erroneamente em estudos anteriores.
Para a mastofauna, os dados acumulados permitem um conhecimento relativo da distribuição
de alguns grupos, com ênfase naqueles de médio e grande porte e, ainda, nos morcegos.
Especificamente para a Fazenda Monte Alegre – que representa uma área nativa preservada
de porte considerável (52 mil ha) – pode-se citar os estudos de Reis et al. (1999), Peracchi et
al.(2002) e Rocha et al. (2003) e, no ano de 2005, procedeu-se a compilação das informações
colhidas na região pela obra ‘Mamíferos da Fazenda Monte Alegre – Paraná’ (Reis et al. 2005).
Outras bases são aquelas procedentes do resgate e salvamento científico da fauna em
decorrência da supressão vegetacional para a instalação do canteiro de obras da UHE Mauá
(LACTEC, 2009) e da tese de doutorado de Lima (2008), que avaliou as taxocenoses de
morcegos de áreas nativas e áreas reflorestadas na Reserva da Klabin, município de Telêmaco
Borba.
MÉTODOS
DEFINIÇÃO DE ÁREAS DE INFLUÊNCIAS DIRETA E INDIRETA
A Usina Hidrelétrica Mauá (UHE-Mauá) é um empreendimento de geração de energia elétrica
situado ao longo do terço médio do Rio Tibagi, englobando parte dos municípios de Telêmaco
Borba, Ortigueira e Curiúva. A área específica a que se refere o presente estudo engloba um
extenso perímetro situado tanto nas porções a serem inundadas para o futuro enchimento do
reservatório, quanto nos setores adjacentes, incluindo a Área de Preservação Permanente
(APP) decorrente da formação do reservatório, o canteiro de obras da UHE Mauá e alguns
pontos das imediatas adjacências, inseridos na Fazenda Monte Alegre, propriedade da
Indústria Klabin de Papel e Celulose.
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Para a definição das espécies a serem consideradas na preleção sobre a composição faunística,
adotou-se critérios de Straube et al. (2010). Para tanto, identificou-se todo o perímetro
previsto para o empreendimento como núcleo de um contexto geográfico maior, que
permitisse aproveitamento de informações disponíveis de outros locais, ainda que
distanciadas, mas ecologicamente coerentes com as aqui consideradas. O sistema aplicado foi
o de sobreposição de malha cartográfica em latlong (escala 15’ de latitude por 15’ de
longitude), sobre desenho geográfico-base, de acordo com a proposta de Straube & Urben-
Filho (2001).
A área de estudo, desta forma, apresenta-se analisada sob dois enfoques: específico e geral. A
unidade cartográfica para o primeiro considera o grau de proximidade com o
empreendimento. Com isso, adota-se aqui o conceito de ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA coincidindo
com todo – e apenas – o perímetro no qual ocorrerá interferência, por meio de alteração da
paisagem original, em decorrência do empreendimento. Esse contorno corresponde à linha do
reservatório da UHE Mauá, portanto, onde se fará o desmate para posterior recobrimento pela
lâmina d’água de seu enchimento.
Tendo essa área sobreposta a um mapa de matriz latlong (15’ latitude por 15’ longitude),
passa a ser definida a ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA, que coincide com as porções restantes das
quadrículas latlong na qual esse perímetro está inserido (área nuclear: An) somadas às
quadrículas adjacentes de todo o seu traçado (área periférica: Ap). Com efeito, Erro! Fonte de
referência não encontrada.define-se como An, o quadrilátero compreendido pelas
coordenadas: 24°00’ e 24°15’S e 50°30’ e 50°45’W e, por sua vez, Ap cercado pelas
coordenadas 23°45’ e 24°30’S e 50°15’ e 51°00’W, excluída a área de Na (FIGURA 2).
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FIGURA 2. Divisão matricial do estado do Paraná. À direita a divisão matricial do Estado do Paraná, com indicação da
área de estudo, tendo o perímetro previsto para o Reservatório da UHE Mauá definido como “Área de Influência
Direta”, inserido nas áreas nuclear (An, cor clara) e periférica (Ap, cor escura) correspondendo a seu entorno e que
se constituem da “Área de Influência Indireta”; à esquerda, a contextualização política, com marcos toponímicos da
ambas as áreas.
Definidas as áreas de influências, se estabelece a ÁREA DE ABRANGÊNCIA REGIONAL (AAR), ou
macrorregião, a qual será considerada como critério geográfico geral, uma vez que engloba
toda a área (inclusive An+Ap) inserida no contexto referente ao terço médio do Rio Tibagi,
desde que com um intervalo altitudinal e características vegetacionais compatíveis com as
existentes em An+Ap. A aplicação deste conceito geral de macrorregião tem finalidade
meramente complementar, visto que consiste em uma contextualização mais global da área
de estudo, considerando-se em particular certos detalhes conservacionistas, os quais
poderiam ser subestimados em avaliações de maior escala.
CARACTERIZAÇÃO DOS AMBIENTES ENCONTRADOS NA ÁREA DO FUTURO RESERVATÓRIO E ENTORNO
O mapeamento dos ambientes encontrados na área de influência direta (área do reservatório)
considerou sete tipos de cobertura do solo, a saber: agricultura, pastagem, capoeira, floresta,
monoculturas de essências arbóreas, solo exposto e água. Analisando não apenas a área a ser
alagada, mas também um buffer de 1 000 m a partir da cota limítrofe do reservatório,
encontram-se oito tipos de uso do solo, adicionando-se, além dos já citados, hábitats
peculiares de áreas urbanizadas (com edificações). A relação de cada tipo de cobertura, em
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área absoluta e relativa ao total do recorte considerado, é apresentada na TABELA 2 e os
respectivos mapas são ilustrados no ANEXO 1.
Em ambos os casos a paisagem predominante é a florestal, com mais de 40% de
representatividade nas áreas consideradas, seguida pela área coberta por monoculturas de
essências arbóreas. Caso se desconsidere a área ocupada por corpos d`água,
predominantemente o atual espelho do rio Tibagi, essa porcentagem é ainda maior. Isto é
reflexo de grande parte das áreas cobertas por matas serem usualmente constituídas de
fundos de vale ou vertentes íngremes, onde a cota esperada do reservatório atinge maior
abrangência.
TABELA 2. Área ocupada pelos diferentes usos do solo na área do futuro reservatório da UHE Mauá, em termons
absolutos, em hectares, e relativos, em porcentagem.
USO DO SOLO ÁREA DO RESERVATÓRIO ÁREA DO RESERVATÓRIO E ENTORNO
ÁREA ABSOLUTA (HA) ÁREA RELATIVA (%) ÁREA ABSOLUTA (HA) ÁREA RELATIVA (%)
Agricultura 130,5978 1,45 934,1197 2,82 Pastagem 1 094,4897 12,14 6 182,4166 18,7 Capoeira 510,934 5,67 2 081,3451 6,29 Floresta 4 462,8964 49,5 13 605,7385 41,13
Monocultura 1 440,0464 15,97 8 614,7457 26,04 Solo exposto 6 6453 0,07 123,267 0,37
Água 1 370,5849 15,2 1 428,8137 4,32 Área urbanizada - - 110,0568 0,33
TOTAL 9 016,1945 100 33 080,5031 100
FONTES DOS DADOS DE BASE
Com o intuito de se identificar e caracterizar a fauna de vertebrados terrestres da
macrorregião, e confrontar estes dados com aqueles obtidos no monitoramento em campo, é
essencial a realização de um extenso levantamento dos dados de base. Para confeccionar esta
compilação admitiu-se todas as espécies citadas nas áreas de influências direta e indireta
(An+Ap), com base em fontes advindas da literatura, registros museológicos e em documentos
técnicos não-publicados.
Em obediência aos critérios geográficos acima definidos confeccionaram-se listas
instrumentais de espécies potenciais, considerando todas as que foram registradas na
macrorregião e que provavelmente ocorrem na área de estudo, com base em várias fontes.
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Essas compilações se serviram não somente como coletânea de referência, mas também como
ponto de partida para os estudos de monitoramento.
Para o grupo da avifauna, a origem desses dados é apresentada na TABELA 3,
juntamente com as fontes consideradas, para o resgate das informações respectivas, e
ilustradas em mapa na FIGURA 4. Em alguns casos foi necessário realizar alguns reparos
levando-se em consideração as atualizações nomenclaturais (CBRO, 2009) ou possíveis
equívocos de identificação, com base na distribuição conhecida para determinadas espécies,
tanto no âmbito global quanto regional.
TABELA 3. Localidades, com seu código correspondente na FIGURA 4, até então pesquisadas quanto à avifauna na área
de estudo (An+ Ap), e suas coordenadas geográficas, altitudes e fontes bibliográficas.
CÓDIGO DENOMINAÇÃO COORD. INFORMADAS COORDENADAS
(UTM) ALT. (m)
FONTE
FMA1 Faz. Monte Alegre não informadas 558476/7316242 970 Pinto (1938, 1944); MZUSP, MHNCI1
FMA2 Faz. Monte Alegre
(Parque Samuel Klabin) não informadas 541835/7314148 770 Rodrigues et al. (1981)2
FMA3 Faz. Monte Alegre
(Klabin Ecological Park) 24°20’S 50°35’W
542158/7271887 Anjos & Schuchmann (1997)2
FMA4 Faz. Monte Alegre
24°12’42”S 50°33’26”W
544981/7322258 Volpato et al. (2009)2
FMA5 Faz. Monte Alegre
(Vila UHE Presidente Vargas)
24°03’32”S 50°42’30”W
529652/7339213 600 LACTEC (2008)
Va Varanal 24°25’S 50°35’W
542128/7299076 720 Anjos et al. (1997); Anjos & Schuchmann (1997)
Im Imbauzinho 24°15’S 50°40’W
527059/7312554 790 Anjos & Schuchmann (1997)
UM UHE – Mauá Área extensa Área extensa CNEC (2004)
KO Reserva Klabin,
Ortigueira 24°10'S
51°05"W 500366/7326481 790 LACTEC (2007a, b)
FA Foz do Rio das Antas 24°02’21”S 50°41’39”W
531097/7341394 520 LACTEC (2007a, b)
SA Salto Aparado 24°11’03”S 50°42’14”W
530075/7325342 605 LACTEC (2007a, b)
TIM Terra Indígena de
Mococa 24°00’47”S 50°46’07”W
523532/7344299 640 LACTEC (2007a)
TIQ Terra Indígena de
Queimadas 24°12’51”S 50°56’57”W
505161/7322051 745 LACTEC (2007b)
Notas geográficas. 1. A localidade precisa onde tais registros foram obtidos é a sede velha da Fazenda Monte
Alegre; 2. Nenhum desses autores é muito claro ao indicar a localização das áreas estudadas, em geral fornecendo
coordenadas “centrais” e não dos pontos efetivamente estudados; aqui uniformizamos os registros para a sede do
“Parque Ecológico Samuel Klabin”.
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FIGURA 4. Detalhe da área de estudo com a indicação dos pontos onde já foram realizadas pesquisas de inventário
ornitológico relativas ao reservatório da UHE Mauá.
Para a fauna reptiliana,por sua vez, utilizaram-se principalmente informações oriundas de
registros museológicos, quais sejam exemplares depositados no Museu de História Natural
Capão da Imbuia, Curitiba/PR, bem como de dados de base procedentes daquela região,
oriundos da literatura especializada (Ribas & Monteiro Filho, 2002; Rocha et al., 2003).
Para a elaboração da lista de mamíferos da macrorregião foi revisada, atentando para os
limites geográficos aqui estabelecidos, a literatura pertinente aos municípios de Figueira,
Tibagi, Curiúva, Telêmaco Borba, Ortigueira, Imbaú e, particularmente, a localidade bem
amostradas como a Fazenda Monte Alegre e as terras indígenas de Mococa e Queimadas (Reis
et al. 1999; Peracchi et al. 2002; Rocha et al. 2003; Reis et al. 2005; Lima 2008; LACTEC 2007a,
2007b, 2009). Alguns táxons foram considerados após análise corológica baseada na literatura
especializada (Emmons, 1990; Eisenberg & Redford, 1999; Cáceres & Monteiro-Filho, 2006;
Rossi et al., 2006; Bonvicino et al., 2008; Bianconi & Pedro, 2007; Gardner, 2007), seguindo-se
uma ótica que valorizasse os padrões de ocorrência esperados para a floresta com araucária
paranaense e para zonas transicionais de cerrado, campos e floresta estacional semidecidual.
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Esta etapa foi facilitada pelas publicações recentes de Medri et al. (2002: A Bacia do Rio
Tibagi), Miretzki (2003: Morcegos do Estado do Paraná, Brasil: riqueza de espécies, distribuição
e síntese do conhecimento atual) e pelos diversos inventários disponíveis para o Primeiro e
Segundo planaltos paranaenses (e.g. Lorini, 1987; Borges, 1989; Margarido, 1989; Pontes-Filho
et al., 1997; Silva & Nicola, 1999; PROBIO, 2000; Bianconi et al., 2003; Rocha-Mendes &
Kuczach, 2007; Zanon & Reis, 2007; Braga, 2007). Outros dados são museológicos (Museu de
História Natural Capão da Imbuia) e oriundos de espécimes da região encaminhados para o
diagnóstico da raiva no Laboratório Central do Estado do Paraná (LACEN) (dados inéditos). O
ordenamento taxonômico seguiu a classificação proposta por Wilson & Reeder (2005) e
Gardner (2007) e o status de conservação a Lista da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção
(MMA, 2003), a Red List Threatened Species (IUCN, 2009), e os Anexos I e II da CITES (CITES,
2008). A avaliação regional de ameaças foi balizada pelo Livro Vermelho da Fauna Ameaçada
do Estado do Paraná (Mikich & Bérnils, 2004).
Finalmente, a compilação de espécies de anfíbios potencialmente ocorrentes na área de
estudo abrangeu quatro localidades: município de Figueira e arredores (LACTEC, 2009), Terras
Indígenas de Mococa (LACTEC, 2007a) e Queimadas (LACTEC, 2007b) e Fazenda Monte Alegre
(Bernarde & Machado, 2000; Rocha et al., 2003; Machado, 2004; Conte et al., 2010), além de
coletas realizadas nas regiões de Curiúva, Ibaiti, Ortigueira, Telêmaco Borba, Tibagi e Ventania,
depositadas em coleções seriadas. As coleções visitadas foram o Museu Nacional (MNRJ, UFRJ,
Rio de Janeiro) e a Coleção Célio Fernandes Batista Haddad (UNESP, Rio Claro), que estão entre
as mais importantes do País, com representativo número de espécimes de anuros oriundos de
várias regiões do Brasil. Em alguns casos foi necessário realizar reparos levando-se em
consideração as atualizações nomenclaturais (Frost, 2009; Guayasamin et al., 2009).
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DIAGNÓSTICO MACRORREGIONAL DA FAUNA
AVIFAUNA
AVES DA MACRORREGIÃO
De acordo com todo o universo de informações até então disponível, pode-se afirmar que a
área de estudo (An+Ap) conta com o registro de 428 espécies de aves (TABELA O1), o que
corresponde a cerca de 60% da avifauna conhecida para todo o estado do Paraná (Scherer-
Neto & Straube, 1995) e quase uma quarta parte da riqueza consignada a todo o território
brasileiro (CBRO, 2009). Esse montante, bastante elevado em comparação com outros
levantamentos levados a efeito no sul do Brasil, é causado primariamente pela presença de
áreas florestadas sob o domínio de duas fisionomias vegetais: floresta ombrófila mista e
floresta estacional semidecidual, também sob influência de formações vegetacionais
adjacentes do tipo estépico (campos naturais) e savânico (cerrados).
TABELA O1: Lista instrumental da avifauna do médio rio Tibagi, apresentando as espécies registradas nas áreas de
influências da UHE Mauá e respectivas localidades de registro.
Legenda: Localidades de registro e fontes: FMA: Fazenda Monte Alegre (FMA1: Pinto, 1938, 1944; MZUSP; MHNCI;
FMA2: Rodrigues et al., 1981; FMA3: Anjos & Schuchmann, 1997; FMA4: Volpato et al., 2009; FMA5: Resgate de
Fauna e Flora do Canteiro de Obras da UHE-Mauá: Hori Consultoria Ambiental; registros inéditos entre julho de
2008 e fevereiro de 2009); Va: Varanal (Anjos et al., 1997; Anjos & Schuchmann, 1997); Im: Imbauzinho (Anjos &
Schuchmann, 1997); UM: Área de Influência UHE-Mauá (CNEC, 2004: sem localidade indicada); KO: Floresta Klabin-
Ortigueira (A.Urben-Filho e L.R.Deconto, registros inéditos em junho de 2007); FA: foz do Rio das Antas
(F.C.Straube, registros inéditos em fevereiro de 2007); SA: Salto Aparado - Rio Tibagi (F.C.Straube, registros inéditos
em fevereiro de 2007); TIM: Terra Indígena de Mococa (F.C.Straube, A.Urben-Filho, L.R.Deconto e S.de Jesus,
registros inéditos entre julho-agosto de 2007); TIQ: Terra Indígena de Queimadas (F.C.Straube, A.Urben-Filho,
L.R.Deconto e S.de Jesus, registros inéditos entre julho-agosto de 2007); Indicadores segundo Parker et al. (1996)
com modificações: A, floresta com araucária; F, ambiente florestal; T, taquarais e emaranhados; P, ambientes
perturbados.
TÁXON LOCALIDADES DE REGISTRO Indicadores
TINAMIFORMES TINAMIDAE Tinamus solitarius Va, FMA45 F Crypturellus obsoletus Im, Va, FA, TIQ, TIM, UM, FMA45 Crypturellus parvirostris FA, KO, TIQ, TIM, FMA45 P Crypturellus tataupa Va, TIQ, TIM, FMA45 Rhynchotus rufescens Va, TIQ, UM, FMA45 Nothura maculosa Va, TIQ, UM, FMA4
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TÁXON LOCALIDADES DE REGISTRO Indicadores ANSERIFORMES ANATIDAE Cairina moschata Va, FMA4 Amazonetta brasiliensis Va, KO, TIQ, TIM, UM, FMA45
Oxyura dominica FMA4 GALLIFORMES CRACIDAE Penelope superciliaris TIQ, TIM F Penelope obscura FMA345, Im, Va, SA, UM F ODONTOPHORIDAE Odontophorus capueira Im, Va, TIQ, UM, FMA45 F PODICIPEDIFORMES PODICIPEDIDAE Tachybaptus dominicus FMA4 Podilymbus podiceps Va, FMA4 PELECANIFORMES PHALACROCORACIDAE Phalacrocorax brasilianus Va, FA, SA, UM, FMA45
ANHINGIDAE Anhinga anhinga FMA5 CICONIIFORMES ARDEIDAE Tigrisoma lineatum Va, FMA45 Tigrisoma fasciatum FMA45 Nycticorax nycticorax Va, FMA45 Butorides striata Va, FA, FMA45 Bubulcus ibis FA, UM, FMA4 Ardea cocoi FMA4 Ardea alba Va, TIQ, TIM, UM, FMA45 Syrigma sibilatrix FMA1, Va, FA, TIQ, TIM, FMA4 Egretta thula Va, TIM, UM, FMA45 THRESKIORNITHIDAE Mesembrinibis cayennensis Va, FMA45
Theristicus caudatus Va, FA, TIQ, TIM, FMA45 CATHARTIFORMES CATHARTIDAE Cathartes aura Va, TIQ, TIM, FMA45 P Coragyps atratus Va, KO, TIQ, TIM, UM, FMA45 P
Sarcoramphus papa Va, TIQ, FMA45
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TÁXON LOCALIDADES DE REGISTRO Indicadores FALCONIFORMES ACCIPITRIDAE Leptodon cayanensis Im, Va, TIQ, TIM, FMA45 Elanoides forficatus Im, Va, SA, UM, FMA45
Elanus leucurus Va, FA, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Harpagus diodon FMA45 Ictinia plumbea FMA345, Im, Va, FA, SA, TIM Accipiter poliogaster FMA4 Accipiter striatus Im, TIM, FMA45 F Geranospiza caerulescens TIQ, FMA4 Leucopternis polionotus FMA4 F Harpyhaliaetus coronatus FMA1 Parabuteo unicinctus FMA5 Heterospizias meridionalis Va, UM, FMA4 Percnohierax leucorrhous FMA4 F Rupornis magnirostris FMA345, Im, Va, FA, KO, TIQ, TIM, UM P Buteo albicaudatus FMA5 Buteo melanoleucus Va, FMA4 Buteo swainsoni Im, FMA4 Buteo brachyurus TIQ, FMA45 Spizaetus melanoleucus Va, KO, FMA4
FALCONIDAE Caracara plancus FMA345, Im, Va, FA, KO, TIQ, TIM, UM Milvago chimachima Va, FA, SA, TIQ, TIM, UM, FMA45 Herpetotheres cachinnans Im, Va, TIQ, TIM, FMA45 Micrastur ruficollis FMA345, Im, Va, TIM, UM Micrastur semitorquatus Va, TIQ, FMA45 Falco sparverius Va, TIQ, TIM, UM, FMA45 Falco femoralis TIM, FMA4 Falco peregrinus TIQ GRUIFORMES RALLIDAE Aramides cajanea Va, FMA45 Aramides saracura Im, Va, FA, TIQ, TIM, FMA4 Laterallus melanophaius FMA4 Porzana albicollis Va, TIQ, FMA4 Pardirallus maculatus FMA4 Pardirallus nigricans Va, FA, TIQ, TIM, FMA5
Pardirallus sanguinolentus FMA4 Gallinula chloropus TIQ, TIM, FMA4 Porphyrio martinica Va, FMA4 CARIAMIDAE Cariama cristata Va, FMA45
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TÁXON LOCALIDADES DE REGISTRO Indicadores CHARADRIIFORMES CHARADRIIDAE Vanellus chilensis Va, FA, SA, TIQ, TIM, UM, FMA45 P SCOLOPACIDAE
Gallinago paraguaiae FMA4 Actitis macularius FMA4 Tringa solitaria Va, FMA4 Tringa flavipes FMA4 Calidris melanotos Va, FMA4 JACANIDAE Jacana jacana Va, TIQ, TIM, UM, FMA4 COLUMBIFORMES COLUMBIDAE Columbina talpacoti Va, FA, KO, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Columbina squammata Va, KO, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Columbina picui Va, TIQ, TIM, FMA4 P Claravis pretiosa Va, TIM, FMA45 Claravis godefrida FMA4 Columba livia TIQ, TIM P Patagioenas speciosa Im, FMA4
Patagioenas picazuro Im, Va, SA, KO, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Patagioenas cayennensis FMA345, Im, Va, KO, TIQ, TIM, UM F Patagioenas plumbea FMA345, Im, Va F Zenaida auriculata Va, KO, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Geotrygon montana FMA2345, Im, Va, FA, KO, TIQ, TIM, UM Leptotila verreauxi FMA345, Im, Va, TIQ, TIM, UM Leptotila rufaxilla FMA345, Im, Va, TIQ, UM PSITTACIFORMES PSITTACIDAE Primolius maracana FMA1 Aratinga leucophthalma FMA345, Im, Va, TIQ, TIM, UM Aratinga auricapillus FMA45 Pyrrhura frontalis FMA345, Im, Va, FA, SA, TIQ, TIM, UM Forpus xanthopterygius Va, TIQ, TIM, UM, FMA45 Brotogeris tirica FMA345, Va, TIQ, UM P Pionopsitta pileata FMA345, Im, Va, TIQ, TIM F Pionus maximiliani FMA345, Im, Va, FA, KO, TIQ, TIM, UM F
Amazona vinacea Im, Va, SA, UM, FMA4 A Amazona aestiva FMA4 CUCULIFORMES CUCULIDAE Piaya cayana FMA345, Im, Va, FA, KO, TIQ, TIM, UM P
Coccyzus melacoryphus Va, FMA45
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TÁXON LOCALIDADES DE REGISTRO Indicadores Coccyzus americanus Va, FMA4 Crotophaga major Im, FMA4 Crotophaga ani Va, SA, KO, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Guira guira Im, Va, SA, KO, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Tapera naevia Im, Va, FA, TIQ, UM, FMA45 P
Dromococcyx pavoninus Va, TIQ, TIM, FMA45 STRIGIFORMES TYTONIDAE Tyto alba Va, TIM, FMA45 P STRIGIDAE Megascops choliba Va, TIQ, FMA45 Megascops atricapilla Va, FMA4 Megascops sanctaecatarinae
FMA4 Pulsatrix koeniswaldiana Va, FMA45 F Strix hylophila Va, TIQ, FMA4 F, A Strix virgata Glaucidium brasilianum FMA345, Va, TIQ P Athene cunicularia Va, TIQ, TIM, UM, FMA4 Asio clamator Va, FMA4 Asio stygius Va, FMA4 Asio flammeus TIM
CAPRIMULGIFORMES NYCTIBIIDAE Nyctibius griseus Im, Va, UM, FMA45 CAPRIMULGIDAE Lurocalis semitorquatus Im, Va, FMA45 Chordeiles acutipennis FMA4 P Podager nacunda FMA45 P Nyctidromus albicollis Va, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Nyctiphrynus ocellatus Caprimulgus sericocaudatus TIQ, FMA5 Caprimulgus parvulus FMA5 Hydropsalis torquata FMA4 Macropsalis forcipata Va, TIQ, UM, FMA45 APODIFORMES APODIDAE
Cypseloides fumigatus FMA4 F, A Cypseloides senex Va, FMA4 A Streptoprocne biscutata FMA1 A Streptoprocne zonaris Va, TIQ, FMA45 Chaetura cinereiventris Va, FMA45 Chaetura meridionalis Va, UM, FMA45
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TÁXON LOCALIDADES DE REGISTRO Indicadores TROCHILIDAE Phaethornis pretrei Im, Va, UM, FMA4 Phaethornis eurynome FMA345, Im, Va, TIQ, TIM F Eupetomena macroura Va, FMA4 P Florisuga fusca Va, TIM, FMA45
Colibri serrirostris FMA4 Anthracothorax nigricollis FMA45 P Stephanoxis lalandi Va, TIQ, TIM, FMA4 Lophornis magnificus FMA1 Chlorostilbon lucidus Va, FA, TIM, UM, FMA45 Thalurania glaucopis FMA345, Im, Va, TIQ, TIM, UM Hylocharis sapphirina Va, FMA4 Hylocharis chrysura FMA4 Leucochloris albicollis FMA345, Im, Va, TIQ, TIM, UM Amazilia fimbriata FMA5 F Amazilia lactea UM, FMA5 P Calliphlox amethystina Va, FMA4 TROGONIFORMES TROGONIDAE Trogon surrucura FMA345, Im, Va, SA, KO, TIQ, TIM F Trogon rufus Va, FA, UM, FMA45 F
CORACIIFORMES ALCEDINIDAE Megaceryle torquata Va, TIM, UM, FMA45 Chloroceryle amazona Va, TIQ, TIM, UM, FMA45 Chloroceryle aenea Va, FMA4 Chloroceryle americana Va, FA, TIM, FMA4 MOMOTIDAE Baryphthengus ruficapillus Im, Va, TIQ, FMA45 F GALBULIFORMES BUCCONIDAE Notharchus swainsoni FMA4 F Nystalus chacuru Va, TIM, FMA45 Malacoptila striata TIQ, UM, FMA45 F Nonnula rubecula FMA345, Im, Va, TIQ, UM F PICIFORMES
RAMPHASTIDAE Ramphastos dicolorus FMA345, Im, Va, FA, SA, TIQ, TIM, UM Selenidera maculirostris FMA4 F Pteroglossus bailloni FMA345, Im, Va, SA, TIQ F PICIDAE
Picumnus cirratus TIM, FMA4 P
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TÁXON LOCALIDADES DE REGISTRO Indicadores Picumnus temminckii FMA2345, Im, Va, FA, SA, KO, TIQ, UM P Picumnus nebulosus FMA4 A Melanerpes candidus FMA45, Im, Va, SA, TIQ, TIM, UM Melanerpes flavifrons FMA345, Im, Va, SC Veniliornis spilogaster FMA345, Im, Va, FA, KO, TIQ, TIM, UM
Piculus aurulentus FMA345, Im, Va, FA, TIQ, TIM F Colaptes melanochloros FMA345, Im, Va, TIQ, TIM, UM Colaptes campestris Va, FA, SA, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Celeus flavescens FMA34, Im, SA, TIQ, TIM, UM F Dryocopus galeatus FMA5 F Dryocopus lineatus FMA345, Im, Va, FA, TIQ, TIM, UM Campephilus robustus FMA345, Im, Va, TIM F Campephilus melanoleucos FMA34, Va PASSERIFORMES THAMNOPHILIDAE Hypoedaleus guttatus UM F Batara cinerea FMA345, Im, Va, FA, KO, TIQ, TIM T Mackenziaena leachii Im, Va, FA, TIQ, TIM, FMA45 Mackenziaena severa FMA45, Im, Va, KO, TIQ, TIM T Biatas nigropectus TIQ T Thamnophilus ruficapillus Va, TIQ, TIM, UM, FMA45 Thamnophilus caerulescens FMA2345, Im, Va, FA, SA, KO, TIQ, TIM, UM
Herpsilochmus rufimarginatus
F Dysithamnus mentalis FMA2345, Im, Va, SA, TIQ, TIM, UM Dysithamnus xanthopterus Va, FMA4 F Drymophila rubricollis FA, TIQ, TIM, FMA45 T, F Drymophila ochropyga FMA5 T Drymophila malura FMA2345, Im, Va, FA, SA, TIQ, TIM, UM Terenura maculata FMA5 F Pyriglena leucoptera FMA2345, Im, Va, SA, KO, TIQ, TIM, UM F CONOPOPHAGIDAE Conopophaga lineata FMA2345, Im, Va, SA, TIQ, TIM, UM GRALLARIIDAE Grallaria varia FMA345, Im, Va, TIQ F Hylopezus nattereri Im, Va, TIQ, FMA45 F, T RHINOCRYPTIDAE Psiloramphus guttatus Im, Va, FA, TIQ, TIM, FMA45 T
Eleoscytalopus indigoticus FMA345, Va, TIQ, TIM F Scytalopus notorius KO F, T FORMICARIIDAE Formicarius colma FMA4 F Chamaeza campanisona FMA345, Im, Va, UM F
Chamaeza meruloides FMA45 F
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TÁXON LOCALIDADES DE REGISTRO Indicadores Chamaeza ruficauda Im, Va, TIQ, FMA4 F SCLERURIDAE Sclerurus scansor FMA345, Im, Va, TIQ, TIM F
DENDROCOLAPTIDAE Dendrocincla turdina Va, FMA4 Sittasomus griseicapillus FMA2345, Im, Va, FA, SA, KO, TIQ, TIM, UM Xiphocolaptes albicollis Va, FMA45 F Dendrocolaptes platyrostris FMA2345, Im, Va, SA, TIQ, TIM, UM Xiphorhynchus fuscus FMA2345, Im, Va, TIQ, TIM, UM Lepidocolaptes angustirostris
Im, Va, FMA45 Lepidocolaptes falcinellus FMA24, Im, Va, FA, SA F Campylorhamphus trochilirostris
FMA345, Va, TIQ Campyloramphus falcularius FMA4 T, F FURNARIIDAE Furnarius rufus Va, KO, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Leptasthenura striolata Va, FMA4 A Leptasthenura setaria FMA12345, Va, FA, KO, TIQ Synallaxis ruficapilla FMA2345, Im, Va, SA, KO, TIQ, TIM, UM Synallaxis cinerascens FMA345, Im, Va, SA, KO, TIQ, TIM Synallaxis frontalis FMA2345, Va, TIQ, TIM, UM
Synallaxis spixi FMA345, Im, Va, FA, KO, TIQ, TIM, UM P Cranioleuca obsoleta Im, Va, KO, TIQ, TIM, FMA45 A Cranioleuca pallida FMA45 F Certhiaxis cinnamomea FMA24, FA, TIQ, UM Clibanornis dendrocolaptoides
FMA345, Im, Va, TIQ, TIM T Anumbius annumbi Va, TIQ, FMA4 Anabacerthia amaurotis Im, Va, FMA4 F Syndactyla rufosuperciliata FMA2345, Im, Va, TIQ, TIM Philydor lichtensteini KO, TIQ, FMA45 F Philydor rufum FMA345, Im, Va, FA, TIQ, TIM, UM F Automolus leucophthalmus Va, TIQ, TIM, UM, FMA45 T, F Lochmias nematura FMA345, Im, Va, TIQ, TIM, UM F Heliobletus contaminatus FMA345, Im, Va F Xenops minutus Im, Va, UM, FMA4 Xenops rutilans FMA2345, Im, Va, TIQ, TIM F TYRANNIDAE Mionectes rufiventris FMA2345, Im, Va, TIQ, TIM, UM F
Leptopogon amaurocephalus
FMA2345, Im, Va, FA, SA, TIQ, TIM Corythopis delalandi FMA345, Va, TIM Hemitriccus diops FMA2345, Va, TIQ F, T Hemitriccus obsoletus Im, Va, FMA4 F, T Hemitriccus nidipendulus FMA24, Im, Va Myiornis auricularis FMA2345, Va, TIQ
Poecilotriccus plumbeiceps FMA345, Im, Va, SA, KO, TIQ, TIM, UM
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TÁXON LOCALIDADES DE REGISTRO Indicadores Todirostrum poliocephalum FMA45 Todirostrum cinereum Va, FMA45 Phyllomyias burmeisteri FMA45 F Phyllomyias virescens FMA14, Im, TIQ A Phyllomyias fasciatus FMA2345, Im, Va, KO, TIQ, UM
Phyllomyias griseocapilla Va, FMA4 F Myiopagis caniceps FMA45, Im, Va, TIQ, TIM F Myiopagis viridicata TIQ, FMA45 Elaenia flavogaster Va, FA, TIQ, FMA45 P Elaenia spectabilis FMA5 Elaenia parvirostris FMA34, Va Elaenia mesoleuca Va, FMA45 Elaenia chiriquensis Va, FMA4 Elaenia obscura Va, FMA4 Camptostoma obsoletum Im, Va, FA, KO, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Serpophaga nigricans TIM, FMA4 Serpophaga subcristata FMA145, Va, TIQ P Capsiempis flaveola Im, Va, TIQ, TIM, FMA45 T Euscarthmus meloryphus TIQ, FMA4 Phylloscartes eximius Im, Va, FMA4 Phylloscartes ventralis FMA345, Im, Va, KO, TIQ, TIM F, A Phylloscartes paulista FMA4 F Phylloscartes oustaleti Va, FMA4 F
Culicivora caudacuta FMA4 Tolmomyias sulphurescens FMA345, Im, Va, SA, KO, TIQ, UM Platyrinchus mystaceus FMA2345, Im, Va, SA, TIM, UM F Onychorhynchus swainsoni FMA2345, TIQ Myiophobus fasciatus FMA245, Va, TIQ, TIM, UM P Myiobius barbatus F Hirundinea ferruginea Va, TIQ, TIM, UM, FMA45 Lathrotriccus euleri FMA2345, Im, Va, KO, TIQ, TIM Cnemotriccus fuscatus FMA245, Va, TIQ F Contopus cinereus FMA345, Va, TIQ, TIM Pyrocephalus rubinus Va, UM, FMA45 Knipolegus cyanirostris Va, TIQ, UM, FMA4 Knipolegus lophotes FMA4 P Knipolegus nigerrimus FMA4 A Satrapa icterophrys Va, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Xolmis cinereus Va, TIQ, UM, FMA4 Xolmis velatus FMA4 Xolmis dominicanus FMA4
Muscipipra vetula Va, TIQ, TIM, FMA45 Gubernetes yetapa FMA4 Arundinicola leucocephala Va, FMA4 Colonia colonus Im, Va, SA, TIQ, TIM, UM, FMA45 Machetornis rixosa Va, SA, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Legatus leucophaius FMA345, Im, Va, SA, UM
Myiozetetes similis Va, TIQ, TIM, UM, FMA45 P
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TÁXON LOCALIDADES DE REGISTRO Indicadores Pitangus sulphuratus FMA345, Im, Va, FA, SA, KO, TIQ, TIM, UM P Conopias trivirgata FMA34 Myiodynastes maculatus FMA345, Im, Va, UM Megarynchus pitangua FMA345, Im, Va, FA, SA, UM P Empidonomus varius Im, Va, TIQ, FMA45
Tyrannus melancholicus FMA245, Im, Va, TIQ, UM P Tyrannus savana Va, UM, FMA45 Tyrannus tyrannus FMA4 Sirystes sibilator FMA145, Va, TIQ Myiarchus swainsoni Im, Va, FMA45 Myiarchus ferox FMA345, Va, KO, TIQ, TIM P Ramphotrigon megacephalum
FMA4 Attila rufus Va, FMA4 COTINGIDAE Phibalura flavirostris KO, Va, FMA45 F Procnias nudicollis FMA345, Va, TIM, UM F Pyroderus scutatus FMA345, Va, UM PIPRIDAE Piprites chloris FMA5 Piprites pileata FMA1 A Chiroxiphia caudata FMA2345, Im, Va, SA, TIQ, TIM, UM
TITYRIDAE Oxyruncus cristatus Va, UM, FMA4 Schiffornis virescens FMA2345, Im, Va, FA, TIQ, TIM, UM Tityra inquisitor UM, FMA45 Tityra cayana FMA345, Im, Va, SA, TIQ, UM Pachyramphus viridis FMA345, Va, TIQ, TIM F Pachyramphus castaneus FMA345, Im, Va, KO, TIQ, TIM Pachyramphus polychopterus
FMA345, Im, Va Pachyramphus validus FMA345Im, Va, SA, KO, TIQ, UM VIREONIDAE Cyclarhis gujanensis FMA2345, Im, Va, FA, KO, TIQ, TIM, UM Vireo olivaceus FMA2345, Im, Va, UM P Hylophilus poicilotis FMA345, Im, Va, TIM CORVIDAE Cyanocorax caeruleus FMA14, Va F, A
Cyanocorax cristatellus FMA4 Cyanocorax chrysops FMA1345, Im, Va, TIQ, TIM, UM HIRUNDINIDAE Pygochelidon cyanoleuca Im, Va, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Alopochelidon fucata Va, FMA45
Stelgidopteryx ruficollis Va, SA, KO, TIQ, TIM, UM, FMA45 P
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TÁXON LOCALIDADES DE REGISTRO Indicadores Progne tapera Va, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Progne chalybea Va, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Tachycineta albiventer Im, Va, TIM, UM, FMA45 Tachycineta leucorrhoa Va, TIQ, TIM, UM, FMA45 Petrochelidon pyrrhonota FMA4
TROGLODYTIDAE Troglodytes musculus FMA345, Im, Va, KO, TIQ, TIM, UM P Cistothorus platensis FMA4 DONACOBIIDAE Donacobius atricapilla TIM, FMA4 TURDIDAE Turdus flavipes Va, FMA45 F Turdus subalaris FMA345, Va Turdus rufiventris FMA2345, Im, Va, FA, SA, KO, TIQ, TIM, UM P Turdus leucomelas FMA345, Im, Va, SA, KO, TIQ, TIM, UM P Turdus amaurochalinus FMA345, Im, Va, KO, TIQ, TIM, UM P Turdus albicollis FMA2345, Im, Va, TIQ, TIM, UM MIMIDAE Mimus saturninus Va, FA, KO, TIQ, TIM, UM, FMA45 P
MOTACILLIDAE Anthus lutescens TIQ P Anthus correndera FMA4 Anthus nattereri FMA14 Anthus hellmayri FMA14 COEREBIDAE Coereba flaveola FMA345, Va, TIQ, TIM, UM P THRAUPIDAE Saltator fuliginosus Im, Va, TIQ, TIM, FMA45 F Saltator similis FMA2345, Im, Va, SA, KO, TIQ, TIM, UM P Saltator maxillosus FMA4 Orchesticus abeillei Va, FMA4 F Schistochlamys ruficapillus Va, FMA4 Cissopis leverianus FMA345, Im, Va, TIQ, TIM, FMA45 P Neothraupis fasciata FMA4
Nemosia pileata FMA4 Orthogonys chloricterus Va, FMA45 Thlypopsis sordida TIQ, TIM, FMA5 P Pyrrhocoma ruficeps FMA2345, Im, Va, TIQ, TIM, UM T Trichothraupis melanops FMA2345, Im, FA, SA, TIQ, TIM Tachyphonus coronatus FMA12345, Im, Va, FA, SA, SA, KO, TIQ, TIM
Thraupis sayaca FMA345, Im, Va, FA, KO, TIQ, TIM, UM P
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TÁXON LOCALIDADES DE REGISTRO Indicadores Thraupis palmarum FMA4 P Thraupis bonariensis Va, KO, FMA45 P Stephanophorus diadematus Va, TIQ, TIM, FMA45 Pipraeidea melanonota FMA345, Va, TIQ, UM Tangara seledon FMA4
Tangara cayana FMA4 Tangara peruviana FMA134 Tangara preciosa FMA45 Tersina viridis Im, Va, SA, TIM, FMA45 Dacnis nigripes Im, FMA4 Dacnis cayana FMA345, Va, TIQ, TIM, UM P Hemithraupis guira FMA345, Im, Va, FA, KO, TIQ, TIM Hemithraupis ruficapilla FMA4 Conirostrum speciosum FMA345, Im, Va, FA, KO, TIQ, TIM EMBERIZIDAE Zonotrichia capensis FMA2345, Im, Va, FA, KO, TIQ, TIM, UM Ammodramus humeralis Va, FA, TIQ, UM, FMA4 P Haplospiza unicolor FMA2345, Va, TIQ T Donacospiza albifrons Va, TIQ, FMA4 Poospiza cabanisi FMA2345, Va, TIQ A Sicalis citrina FMA4 Sicalis flaveola Va, FA, KO, TIQ, FMA45 P
Sicalis luteola TIQ, FMA4 Emberizoides herbicola FMA14 Emberizoides ypiranganus FMA4 Embernagra platensis TIQ, FMA4 Volatinia jacarina Va, FA, KO, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Sporophila falcirostris FMA34 T Sporophila plumbea FMA345 Sporophila lineola P Sporophila caerulescens Im, Va, FA, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Sporophila angolensis Va, FMA45 Tiaris fuliginosus FMA25 Arremon semitorquatus FMA5 F Arremon flavirostris FMA34, Va Coryphospingus cucullatus TIQ, TIM, FMA45 CARDINALIDAE Piranga flava FMA1345, Im, Va Habia rubica FMA2345, Im, Va, FA, TIQ, TIM, UM F
Cyanoloxia moesta FMA345, Im, Va, TIQ, TIM T Cyanoloxia brissonii FMA345, Im, Va, TIQ Cyanoloxia glaucocaerulea FMA4 PARULIDAE Parula pitiayumi Im, Va, KO, TIQ, TIM, UM, FMA45
Geothlypis aequinoctialis Va, FA, SA, TIQ, TIM, UM, FMA45
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TÁXON LOCALIDADES DE REGISTRO Indicadores Basileuterus culicivorus FMA2345, Im, Va, FA, SA, KO, TIQ, TIM, UM Basileuterus leucoblepharus FMA2345, Im, Va, SA, KO, TIQ, TIM, UM Phaeothlypis rivularis UM, FMA4 ICTERIDAE
Pasarocolius decumanus FMA4 Cacicus chrysopterus FMA2345, Im, Va, SA, KO, TIQ, TIM, UM F Cacicus haemorrhous FMA345, Im, Va, SA, TIQ, TIM, UM Icterus cayanensis Va, FMA45 Gnorimopsar chopi Va, FA, KO, FMA45 Agelasticus cyanopus Va, FMA4 Agelasticus thilius Va, FMA4 Chrysomus ruficapillus Va, FMA4 P Pseudoleistes guirahuro TIQ, TIM, UM, FMA4 P Molothrus rufoaxillaris Va, FMA4 P Molothrus oryzivorus Va, FMA4 Molothrus bonariensis Im, Va, FA, KO, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Sturnella superciliaris Va, TIQ, FMA4 P Dolichonyx oryzivorus Va, FMA4 FRINGILLIDAE Sporagra magellanica Va, FA, TIQ, TIM, UM, FMA45 P Euphonia chlorotica TIQ, TIM, FMA45 P
Euphonia violacea Va, SA, UM, FMA45 Euphonia chalybea Im, Va, FMA45 Euphonia cyanocephala FMA4 Euphonia pectoralis FMA45 Chlorophonia cyanea FMA345, Va, TIQ ESTRILDIDAE Estrilda astrild FMA4 PASSERIDAE Passer domesticus KO, TIQ, TIM, UM, FMA45 P
Nota: São desconsiderados os registros de Hylophylax poecilinota e Automolus rufipileatus (Rodrigues et al., 1981:
FMA), Arremon taciturnus (Anjos & Schuchmann, 1997; Volpato et al., 2009: Im; FMA4) e Trogon viridis, Drymophila
ferruginea e Neopelma pallescens (Volpato et al., 2009: FMA4) por incompatibilidade biogeográfica.
Atualmente, uma pequena fração dos hábitats naturais da macrorregião apresenta-se intacta
ou pouco perturbada, usualmente restringindo-se aos fundos de vale ou ao longo de cursos
d’água, o que se deu pela impossibilidade de acesso ou de realização de atividades rentáveis
ou, ainda, como obediência à legislação ambiental. Embora pareça contraditório, esse padrão
misto de uma matriz com nítida transição de vegetações associado ao aspecto de mosaico
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intercalando hábitats naturais a profundamente alterados é exatamente o que define e
potencializa a alta riqueza ali verificada.
Abrigando aves peculiares de formações florestais primitivas e também colonizadores de
borda, a região simplesmente exprime o histórico local de alteração dos ambientes. Isso
porque as aves sabidamente acompanham os processos de descaracterização dos hábitats, por
meio da contínua substituição de espécies, graças a eventos de extinções ou declínios
regionais associados e, por outro lado, de efeitos de colonizações (Willis, 1979; Aleixo, 2001).
De uma forma geral as espécies que estão sujeitas a alguma ameaça em seu contingente
populacional são aquelas cujas restrições ao hábitat são tão estreitas que mesmo pequenas
alterações ambientais oferecem riscos à sua sobrevivência. Espécies tipicamente florestais
estão mais sujeitas a um declínio e mesmo a extinções locais, variando tal aspecto de acordo
com características intrínsecas e particulares a cada organismo (Stotz et al., 1996). Em vários
casos, espécies de hábitats abertos, tradicionalmente conhecidas por serem mais adaptáveis,
também sofrem com tais modificações, ainda que sutis (Vickery & Herkert, 1995).
Com isso, ao tempo em que as formações vegetais originais vão sendo substituídas por
paisagens alteradas, também uma grande parcela de sua avifauna é gradativa ou
drasticamente substituída por elementos invasores e colonizadores. Tais espécies podem ser
exemplificadas por ampliações distribucionais induzidas pela antropização (Willis & Oniki,
1988) e um caso bem documentado é o do beija-flor-tesoura (Eupetomena macroura)
associada a ambientes abertos e antropizados e que alargou sua área de ocorrência para o sul
em coincidência com o processo de supressão dos ambientes florestais (Straube et al., 2006).
Outros eventos de aumentos populacionais e invasão podem ainda ser mencionados e
possivelmente relacionem-se a processos de colonização, mediante populações oriundas de
regiões mais setentrionais, onde os hábitats abertos encontram-se mais representados. Tais
questões, contudo, ainda carecem de suporte técnico e, via de regra, podem se tratar de
simples incrementos populacionais de espécies outrora ali ocorrentes, mas que ao longo do
tempo aumentaram sua representatividade numérica. Nesse sentido, destacam-se algumas
espécies granívoras (p. ex. tiziu Volatinia jacarina), que se aproveitaram da expansão de certas
gramíneas oportunistas, assim como de diversos representantes onívoros, ilustrados por
colonizadores de bordas (p. ex. pitiguari Cyclarhis gujanensis) e, ainda, diversas aves que
admitem acentuados graus de sinantropia (p. ex. bem-te-vi Pitangus sulphuratus).
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Em toda a área de estudo casos supositivos de desaparecimento ou diminuição dos
contingentes populacionais podem ser aqui elencados com certa segurança por simples
comparação da cronologia de registros. É a situação, por exemplo, do caneleiro-de-chapéu-
preto (Piprites pileata), apenas considerado na macrorregião a partir de informações históricas
(Pinto, 1938) e não mais flagrado nas áreas onde originalmente ocorria.
Cabe lembrar que dentre as espécies mais suscetíveis ao declínio e mesmo desaparecimento
local, destacam-se as habitantes do sub-bosque e outras muito estreitamente adaptadas a
tipos peculiares de associações vegetacionais, adensamentos ou mesmo a espécies vegetais
que lhes forneçam abrigo e alimentação diferenciados (Willis, 1979; Stotz et al., 1996; Aleixo,
2001). Em particular, muitas destas apresentam também baixa capacidade de voo e, por assim
dizer, a abertura de grandes clareiras contribui para o isolamento de suas populações.
Também com alguma severidade são atingidos os frugívoros de grande porte, que necessitam
de vastas áreas com alimento disponível, bem como alguns predadores de grande porte e
variados representantes de aves nectarívoras (Willis, 1979). Com isso, fica evidente que os
vários grupos ecológicos, de acordo com suas exigências por ambiente, alimentação e abrigo,
sofrem declínios e expansões populacionais de forma diferenciada, tópico que merece especial
apreciação no estudo aqui realizado.
EXPLORAÇÃO ORNITOLÓGICA
Todo o médio Rio Tibagi foi alvo de inúmeros estudos avifaunísticos, grande parte deles
iniciada apenas no final do século passado; uma síntese desses estudos foi apresentada no
item “ESTADO DA ARTE”.
Existem diversas menções de ocorrência para a localidade Fazenda Monte Alegre,
referenciados nas obras de Pinto (1938) e Pinto (1944), mediante exemplares que se
encontram depositados, desde o início do Século XX, no Museu de Zoologia da Universidade
de São Paulo (MZUSP). Além disso, espécimes ali colecionados tiveram destinos outros, por
remessa ou permuta, cabendo sua guarda a algumas coleções do exterior (p.ex Field Museum
of Natural History de Chicago-EUA e American Museum of Natural History de Nova York-EUA) e
ao Museu de História Natural Capão da Imbuia (MHNCI) de Curitiba.
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A primeira publicação disponível com estudos avifaunísticos específicos da região é de
Rodrigues et al. (1981), cujos autores realizaram um estudo da comunidade em floresta
ombrófila mista e em áreas de monocultura de Araucaria angustifolia. Entre os anos de 1987 e
1991, outro estudo enfocou o mesmo tipo vegetacional, culminando com uma dissertação de
mestrado (Berndt, 1992), posteriormente publicada em Anjos & Schuchmann (1997) e Anjos et
al. (1997). Nesse estudo, considerado fundamental para o conhecimento da avifauna da Bacia
Hidrográfica do Tibagi, os autores apresentam resultados ecológicos e biogeográficos, com
base em diversos e setorizados levantamentos. Desses esforços resultou uma lista-base para a
avifauna da macrorregião, que embasou grande parte dos estudos posteriores ali levados a
efeito.
O planejamento para construção da Usina Hidrelétrica de Mauá, por sua vez, possibilitou um
conhecimento mais detalhado sobre a avifauna local, graças aos estudos ambientais
realizados, particularmente o Relatório de Impactos ao Meio Ambiente do empreendimento
(CNEC, 2004), bem como subsequentes desdobramentos técnicos, incluindo listas
complementares de espécies (LACTEC, 2007a, 2007b). Outra pesquisa técnica que também
inventariou algumas áreas sob influência do empreendimento foi realizada quando do resgate
de fauna para a construção do canteiro de obras da UHE Mauá (LACTEC, 2009). Finalmente,
uma recente compilação dos registros de aves da Fazenda Monte Alegre também se tornou
disponível pela publicação da obra de Volpato et al. (2009).
ASPECTOS ECOLÓGICOS
Não obstante a riqueza verificada na macrorregião já ateste a sua importância biológica, é
importante destacar algumas conexões decorrentes da ocupação de hábitats, considerando
seus aspectos ecológicos de uso de hábitat e comportamento.
Conforme o esperado a partir de uma avaliação das características ambientais da região,
grande parte da avifauna é composta por espécies florestais, mas com importante
representação de elementos campícolas e, inclusive, aquáticos. Esse caráter silvícola da
avifauna aqui observado é, aliás, amplamente conhecido na literatura técnica, sendo peculiar
do bioma da Mata Atlântica, graças ao predomínio das paisagens florestais e dos inúmeros
processos de evolução ali estabelecidos.
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Já a presença relativamente expressiva de espécies campícolas é uma nítida consequência da
latitude e, por sua vez, do clima, como decorrência da proximidade gradativa com ambientes
semiflorestais e abertos representados, respectivamente, pelos cerrados (a norte) e pelos
campos sulinos (a sul). Do grupo de aves campestres, pode-se relacionar os rapineiros águia-
cinzenta (Harpyhaliaetus coronatus), a águia-chilena (Buteo melanoleucus) e o gavião-papa-
gafanhoto (B. swainsoni), assim como a corruíra-do-campo (Cistothorus platensis), os
caminheiros (Anthus correndera, A. hellmayri e A. nattereri) e, ainda, a cigarra-do-campo
(Neothraupis fasciata); todas essas aves são geralmente associadas a ambientes abertos pouco
alterados e, por isso, apresentam ocorrência pontual no estado do Paraná, reflexo da própria
configuração dos ambientes de estepe e savana no contexto estadual.
Dentre as aves aquáticas, pode-se mencionar alguns habitantes de campos úmidos e brejos,
como a sanã-carijó (Pardirallus maculatus), o mocho-do-banhado (Asio flammeus), o tico-tico-
do-banhado (Donacospiza albifrons), o canário-do-brejo (Emberizoides ypiranganus), o
carretão (Agelasticus cyanopus) e o sargento (A. thilius). Também se destacam aquelas que são
intimamente associados a corpos d’água lênticos, a exemplo da marreca-de-bico-roxo
(Nomonyx dominica) e também lóticos, como o coró-coró (Mesembrinibis cayannensis) e o
socó-boi-escuro (Tigrisoma fasciatum), apenas recentemente constatado na área (LACTEC,
2009). É também relevante mencionar a possibilidade de ocorrência do pato-mergulhão
(Mergus octosetaceus) na macrorregião (LACTEC, 2009), ainda não confirmada, mas caso seja
ali residente, é um táxon de particular sensibilidade ao impacto causado pelo represamento
dessa porção do rio Tibagi.
Para fins de análises descritivas de espécies indicadores da qualidade ambiental na área de
estudo, utilizou-se dos bancos de dados disponíveis em Parker et al. (1996) adicionados de
modificações baseadas em Anjos (2006) e Anjos (2009).
ESPÉCIES MIGRATÓRIAS
O termo “migração” engloba um grande número de padrões de deslocamento que podem ser
subdivididos conforme o tipo de movimentação realizado: (1) neárticas, (2) austrais e (3)
intratropicais (Stotz et al., 1996; Sick, 1997).
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As aves classicamente consideradas migratórias são aquelas que se reproduzem no Hemisfério
Norte e que atingem o Brasil em determinadas e repetitivas épocas do ano, passando algumas
semanas ou meses no País para, em seguida, seguir suas rotas a regiões mais meridionais ou
retornar a seus locais de origem (Sick, 1997). Nesse caso, a busca de recursos alimentares de
climas quentes são, hipoteticamente, o maior atrativo dessas espécies.
De forma análoga, mas em outros períodos do ano, o País é visitado por espécies de aves que
se reproduzem em regiões mais meridionais do continente sulamericano, os migrantes
austrais. Para este grupo de aves a fuga das condições rigorosas do inverno de maiores
latitudes é o mais importante fator desencadeador desses deslocamentos.
Assim, surge um padrão geral de movimentos migratórios, no qual as migrantes neárticas
chegam ao Brasil durante os períodos mais quentes do ano, entre setembro e março; e as
migratórias austrais aqui arribam durante o inverno austral, entre maio e agosto. Ambos esses
grupos de aves migratórias são consideradas visitantes no país, dado que inexistem
populações reprodutivas (CBRO, 2009).
Adicionalmente às migratórias de grandes distâncias, um grande número de espécies
residentes, ou seja, que reproduzem em território brasileiro, ou de forma mais abrangente no
Neotrópico, também realiza deslocamentos de menor amplitude, embora com cronologia
bastante característica e padronizada, podendo considerá-las também como migratórias
(Alves, 2007). Nesse grupo incluem-se tanto espécies que reproduzem no sul do Brasil e países
adjacentes mais meridionais, deslocando-se a áreas mais próximas da Linha do Equador
durante o inverno austral (migrantes austrais); como táxons em geral frugívoros e nectarívoras
que realizam em geral deslocamentos de menor amplitude, mas com grande variação
altitudinal, em busca de recursos alimentares, principalmente nas serras do leste brasileiro
(migrantes intratropicais).
Na macrorregião ora considerada há registros de aves nessas três categorias, totalizando 36
espécies migratórias, ou cerca de 8% da riqueza da comunidade. Com relação às migratórias
neárticas verificou-se a ocorrência de nove espécies: gavião-papa-gafanhoto (Buteo
swainsoni), falcão-peregrino (Falco peregrinus), os maçaricos Actitis macularius, Tringa
solitaria, T. flavipes e Calidris melanotos, o papa-lagarta-de-asa-vermelha (Coccyzus
americanus), a andorinha-de-dorso-acanelado (Petrochelidon pyrrhonota) e o triste-pia
(Dolichonyx oryzivorus).
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As demais 27 espécies são residentes, e potencialmente reproduzem dentro dos limites da
macrorregião e da AID especificamente. Vinte e um destes táxons são migrantes austrais, e
apenas seis são considerados migrantes intratropicais, cuja relação é apresentada na TABELA
O2.
TABELA O2. Aves migratórias residentes ocorrentes na macrorregião da UHE Mauá.
Legenda: * migrantes intratropicais, que realizam deslocamentos de menor amplitude.
Espécie Elanoides forficatus Pyrocephalus rubinus
Ictinia plumbea Legatus leucophaius Porphyrio martinica Myiodinastes maculatus Amazona vinacea* Empidonomus varius Podager nacunda Tyrannus melancholicus
Chaetura meridionalis Tyrannus savana Florisuga fusca* Procnias nudicollis*
Stephanoxis lallandi* Pyroderus scutatus* Elaenia parvirostris Vireo olivaceus Elaenia mesoleuca Tachycineta leucorrhoa
Camptostoma obsoletum Turdus amaurochalinus Serpophaga subcristata Tersina viridis
Lathrotriccus euleri Sporophila falcirostris* Contopus cinereus
Vale ressaltar que os impactos de perturbações ambientais sobre espécies migratórias podem
ser considerados distintos daqueles que atingem aves que não realizam tais deslocamentos,
em virtude da dinâmica, embora repetitiva, de suas ocorrências.
Como um todo, e considerando a totalidade das populações, as aves migratórias têm
distribuição mais abrangente, são menos exigentes quanto ao hábitat e, portanto, são menos
sensíveis a alterações ambientais, particularmente a impactos antrópicos (Stotz et al., 1996).
Willis (1979) constatou que espécies migratórias são mais predispostas a ocupar ambientes
alterados do que espécies residentes da mesma guilda ecológica. No entanto, o
desflorestamento afeta os táxons migratórios de forma desigual. Esta relação torna-se
evidente sobre aquelas espécies que apresentam estreita relação com tipos particulares de
microhábitats e que criam uma forte relação com seu território estabelecido durante a estação
reprodutiva, tendendo a retornar ao mesmo local em anos consecutivos; ou baixa plasticidade
ecológica como, por exemplo, por necessidades particulares de dieta (p. ex. Amazona vinacea).
Estas relações, embora ainda não tenham sido bem elucidadas no Brasil, merecem destaque,
visto sua importância global e sazonal.
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TÁXONS DE INTERESSE CONSERVACIONISTA
Apesar da alegada adulteração no ambiente, tendo como consequência episódios de extinções
locais e colonizações, a região de estudo está entre as áreas melhor preservadas do Estado do
Paraná e mesmo na região Sul do país. Nesse sentido, parece natural que conte com registros,
vários deles recentes, de diversas espécies de interesse conservacionista. A razão para tanto
está na disponibilidade e extensão de ambientes naturais, assim como sua conectividade por
meio de corredores de vegetação nativa. Adicione-se a isso o fato da matriz ser grandemente
constituída por plantios de essências arbóreas exóticas, muitas das quais são talhões antigos e
com sub-bosque adensado, possibilitando o deslocamento e mesmo ocupação dessas áreas
por diversas espécies de aves.
Essa configuração permite que mesmo em pontos mais alterados alguns desses táxons possam
ser encontrados como nítidos exemplos relictuais ali estabelecidos pela manutenção de
determinadas características ambientais (Wong, 1985, 1986; Bierregaard, 1990). Pode-se
lembrar dos ambientes de taquarais que protegem, em parte, o microclima devido a um maior
adensamento da vegetação, favorecendo condições relativamente assemelhadas ao hábitat
original (Willis, 1979). Da mesma forma, algumas extensões de mata justafluvial que resistiram
ao processo de desmate ainda subsistem, abrigando importante avifauna típica dos ambientes
outrora representados.
Para a presente avaliação, são considerados os táxons alocados em alguma categoria de
ameaça nas listas de espécies ameaçadas de extinção nos âmbitos mundial (IUCN, 2009),
nacional (MMA, 2003) e estadual (Straube et al., 2004) e também são admitidas as espécies
citadas em algum dos anexos da “Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da
Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção” (CITES, 2008). Seguindo esses critérios, pode-
se afirmar que a macrorregião abriga 116 espécies de interesse conservacionista, os quais, de
acordo com os diferentes status populacionais, nos três âmbitos, encontram-se indicados na
TABELA O3.
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TABELA O3. Aves de interesse conservacionista com ocorrência mencionada na macrorregião da UHE Mauá.
Legenda: segundo o âmbito internacional (INT) com base nas deliberações da "The World Conservation Union"
(IUCN, 2009) e da "Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora" (CITES, 2008);
nacional (NAC), com base na Instrução Normativa nº 03/2003 do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2003) e
estadual (EST): para o Estado do Paraná (Straube et al., 2004). CR, criticamente ameaçada; EN, em perigo; VU,
vulnerável; NT, quase-ameaçada; DD, dados insuficientes. I e II: citada nos respectivos apêndices do CITES.
Espécie INT NAC
IUCN CITES MMA EST Tinamus solitarius NT I VU Tigrisoma fasciatum EN EN Mesembrinibis cayennensis NT Leptodon cayanensis II Elanoides forficatus II Elanus leucurus II Harpagus diodon II Ictinia plumbea II Accipiter poliogaster II DD Accipiter striatus II Geranospiza caerulescens II Leucopternis polionotus NT II NT Harpyhaliaetus coronatus EN II VU VU Parabuteo unicinctus II Heterospizias meridionalis II Percnohierax leucorrhous II DD Rupornis magnirostris II Buteo albicaudatus II Buteo melanoleucus II Buteo swainsoni II DD Buteo brachyurus II Spizaetus melanoleucus II EN Caracara plancus II Milvago chimachima II Herpetotheres cachinnans II Micrastur ruficollis II Micrastur semitorquatus II Falco sparverius II Falco femoralis II Falco peregrinus I Cariama cristata NT Claravis godefrida CR CR CR Patagioenas speciosa DD Primolius maracana NT I EN Aratinga leucophthalma II Aratinga auricapillus NT II Pyrrhura frontalis II Forpus xanthopterygius II Brotogeris tirica II Pionopsitta pileata I Pionus maximiliani II Amazona vinacea EN I VU NT Amazona aestiva II Megascops choliba II
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Espécie INT NAC
IUCN CITES MMA EST Megascops atricapilla II Megascops sanctaecatarinae II Pulsatrix koeniswaldiana II Strix hylophila NT II Strix virgata II DD Glaucidium brasilianum II Athene cunicularia II Asio clamator II Asio stygius II DD Asio flammeus II DD Nyctiphrynus ocellatus EN Caprimulgus sericocaudatus EN Phaethornis pretrei II Phaethornis eurynome II Eupetomena macroura II Florisuga fusca II Colibri serrirostris II Anthracothorax nigricollis II Stephanoxis lalandi II Lophornis magnificus II DD Chlorostilbon lucidus II Thalurania glaucopis II Hylocharis sapphirina II Hylocharis chrysura II Leucochloris albicollis II Amazilia fimbriata II Amazilia láctea II Calliphlox amethystina II Chloroceryle aenea NT Picumnus nebulosus NT Piculus aurulentus NT Dryocopus galeatus VU VU CR Biatas nigropectus VU VU VU Dysithamnus xanthopterus NT Drymophila ochropyga NT Psiloramphus guttatus NT NT Eleoscytalopus indigoticus NT Chamaeza meruloides DD Lepidocolaptes angustirostris NT Leptasthenura striolata DD Leptasthenura setaria NT Clibanornis dendrocolaptoides NT Anabacerthia amaurotis NT Hemitriccus obsoletus DD Phyllomyias griseocapilla NT DD Phylloscartes eximius NT Phylloscartes paulista NT NT Phylloscartes oustaleti NT Culicivora caudacuta VU VU VU Onychorhynchus swainsoni VU DD Xolmis dominicanus VU Phibalura flavirostris NT NT Procnias nudicollis VU Pyroderus scutatus NT Piprites pileata VU VU EN
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Espécie INT NAC
IUCN CITES MMA EST Cyanocorax caeruleus NT Cyanocorax cristatellus EN Anthus nattereri VU VU DD Orchesticus abeillei NT NT Neothraupis fasciata NT EN Tangara cayana NT Tangara peruviana VU Dacnis nigripes NT NT Sporophila falcirostris VU VU VU Sporophila plumbea VU Sporophila angolensis VU Piranga flava NT Cyanoloxia moesta NT Cyanoloxia glaucocaerulea NT Psarocolius decumanus CR Agelasticus thilius NT Euphonia chalybea NT
A relação acima apresentada é resumida na TABELA O4, onde encontram-se devidamente
discriminadas as riquezas de espécies de interesse conservacionista sob os três enfoques:
internacional (IUCN, 2009), nacional (MMA, 2003) e estadual (Straube et al., 2004). Cabe
lembrar que, embora o âmbito internacional mais se aproxime da realidade global, levando-se
em conta a distribuição geográfica como um todo, ela desconsidera – por definição – eventuais
táxons que regionalmente podem ser considerados comuns ou mesmo abundantes, ainda que
na maior parte de sua área de ocorrência eles mereçam uma posição destacada. Por esse
motivo, a adoção de uma visão holística é fundamental, permitindo uma análise mais refinada,
e localizada, de acordo com as situações de cada espécie.
TABELA O4. Número de espécies da avifauna com ocorrência mencionada na macrorregião da UHE Mauá alocadas
nas diferentes categorias de ameaça.
Legenda. segundo o âmbito internacional (INT) com base nas deliberações da "The World Conservation Union"
(IUCN, 2009); nacional (NAC), com base na Instrução Normativa nº 03/2003 do Ministério do Meio Ambiente (MMA,
2003) e estadual (EST): para o Estado do Paraná (Straube et al., 2004). CR, criticamente ameaçada; EN, em perigo;
VU, vulnerável; NT, quase-ameaçada; DD, dados insuficientes.
Categoria de ameaça INT NAC EST DD 0 0 14 NT 24 0 17 VU 10 8 7 EN 2 1 8 CR 1 1 3
Total 37 10 49
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ESPÉCIES EXÓTICAS
A invasão biológica é um dos processos que causa maiores danos à biodiversidade (Vitousek et
al., 1997) e apenas recentemente tem sido alvo de atenção especial no Neotrópico (Rodríguez,
2001), ainda que algumas espécies de aves sejam efetivamente problemáticas sob essa óptica
(Duncan et al., 2003).
Embora alguns aspectos de invasão tenham sido mencionados anteriormente, este conceito
não é homólogo à invasão biológica per se. No primeiro caso, trata-se de expansão de
ocupação e abundância de determinadas espécies (usualmente autóctones) acompanhando
alterações de paisagem, em geral áreas florestais sendo transformadas em áreas abertas. A
invasão biológica é um processo onde uma espécie (usualmente alóctone) se estabelece e se
expande em uma nova área geográfica, podendo ou não ser beneficiada por alterações na
paisagem.
Na macrorregião somente três espécies podem ser consideradas exóticas: o pombo-doméstico
(Columbia livia), o bico-de-lacre (Estrilda astrild) e o pardal (Passer domesticus). Dessas,
apenas a segunda, uma granívora generalista, é conhecida por adentrar em áreas menos
alteradas pela ação humana, tratando-se de uma espécie sinantrópica facultativa, ou seja,
embora se beneficie das alterações causadas por impactos antrópicos é também ocupante de
áreas naturais pouco alteradas. No entanto, desconhece-se qualquer tipo de impacto negativo
desta espécie sobre táxons nativos, sendo possivelmente neutra (Sick, 1997).
Por outro lado Columbia livia e Passer domesticus são sinântropas obrigatórias, inexistindo
populações estáveis em ambientes pouco perturbados (Sick, 1997). Dessa forma nenhuma das
duas espécies pode ser considerada potencialmente invasora, dado que dependem de áreas
urbanizadas.
ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
Por espécies de importância econômica entendem-se táxons que apresentam valor comercial
ou de subsistência para a vida humana, seja por meio da caça para obtenção de alimento,
aquisição de partes ou substâncias de origem animal ou mesmo espécimes vivos. Quanto às
aves, e analisando-se a macrorregião, podem-se determinar duas atividades que atingem
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grupos distintos de pássaros sujeitos à valoração econômica direta: espécies procuradas para
captura e comércio ilegal e espécies cinegéticas.
A captura e comércio ilegal é mais incidente em espécies de psitacídeos (periquitos, papagaios
e afins) e aves canoras (especialmente cardinalídeos e emberizídeos), grupos de pássaros com
grande representatividade na macrorregião, embora inexistam quaisquer tipos de informações
concretas acerca dessa pressão, ou mesmo se ela de fato ali ocorre. Dentre as espécies cuja
captura poderia causar maiores impactos sobre as populações locais, estão o curió (Sporophila
angolensis), a patativa (S. plumbea), a maracanã (Primolius maracana), a jandaia (Aratinga
auricapillus) e o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea). Adicionalmente, vários outros
também podem ser mencionados, tais como araponga (Procnias nudicollis), as várias espécies
de sabiás (gênero Turdus), o trinca-ferro (Saltator similis), o bico-encarnado (S. fuliginosus), o
azulão (Cyanoloxia brissonii), o canário-da-terra (Sicalis flaveola) e o pintassilgo (Sporagra
magellanica).
A área de estudo também apresenta grande número de espécies de aves de interesse para
caça. Possivelmente a espécie mais procurada seja o macuco (Tinamus solitarius), um dos
táxons mais preocupantes do ponto de vista conservacionista na região (Straube et al., 2004).
Outros representantes da mesma família (Tinamidae), também são procurados, como os
inhambus (gênero Crypturellus), a codorna (Nothura maculosa) e a perdiz (Rhynchotus
rufescens), além de jacus (Penelope obscura e P. superciliaris), da família dos cracídeos, várias
espécies de pombas (família Columbidae) e alguns sabiás (gênero Turdus). Não se descarta que
a caça de outras espécies também seja ainda realizada em algumas comunidades ou pequenos
grupos indígenas da região, mas também são informações até então pouco conhecidas
(LACTEC, 2007a, b).
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REPTILIOFAUNA
RÉPTEIS DA MACRORREGIÃO
A análise das áreas de influências do empreendimento consolidou o registro de 47 espécies de
répteis na área de estudo, sendo 32 serpentes, nove lagartos, quatro quelônios e duas
anfisbenas (TABELA H1).
As serpentes, grupo mais representativo, abrigam desde as espécies tolerantes a alterações
ambientais àquelas estenóicas estritamente florestais (p. ex.: Clelia plumbea, Dipsas indica e
Tropidodryas striaticeps) e, assim, características de hábitats melhor preservados para a
manutenção de suas populações.
Os lagartos formam o segundo grupo mais rico da área. O lagarto teiú (Tupinambis merianae) é
bastante abundante, ocorrendo tanto em áreas naturais quanto junto ao ambiente
periantrópico. Já a iguaninha (Enyalius perditus) e a lagartixa-das-árvores (Urostrophus
vautieri) habitam exclusivamente o ambiente florestal bem preservado e, devido a seus
hábitos crípticos, não são facilmente observadas.
Quatro espécies de quelônios são registradas: a tartaruga-de-orelha-vermelha (Trachemys
scripta elegans), o cágado-preto (Acanthochelys spixii), o cágado-pescoço-de-cobra
(Hydromedusa tectifera) e o cágado-de-barbelas-pintado (Phrynops geoffroanus), todos eles
comuns em ambientes lóticos e lênticos, bem como outros tipos de hábitats aquáticos,
inclusive antropizados. A primeira espécie é exótica, nativa dos EUA e comercializada no Brasil
como animal de estimação; sua ocorrência para a região deve-se a solturas no ambiente
natural por proprietários que não mais se interessam pelos animais, intervenção essa que
acabou por aclimatá-la localmente, a exemplo de várias outras regiões do sul do Brasil.
Dentre as popularmente conhecidas cobras-de-duas-cabeças, duas espécies são registradas,
ambas bastante comuns na área de estudo: Amphisbaena mertensii e Amphisbaena trachura.
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TABELA H1. Lista das espécies de répteis com ocorrência nas áreas de influência da UHE Mauá.
Legenda: RM, registros museológicos; RL, registros de literatura.
Táxon Nome comum RM RL TESTUDINES EMYDIDAE Trachemys scripta elegans tartaruga-de-orelha-vermelha X CHELIDAE Acanthochelys spixii cágado-preto X X Hydromedusa tectifera cágado-pescoço-de-cobra X X Phrynops geoffroanus cágado-de-barbelas-pintado X X SQUAMATA AMPHISBAENA AMPHISBAENIDAE Amphisbaena mertensii cobra-de-duas-cabeças X X Amphisbaena trachura cobra-de-duas-cabeças X SAURIA ANGUIDAE Ophiodes cf. striatus cobra-de-vidro X GEKKONIDAE Hemidactylus mabouia lagartixa-de-parede X X GYMNOPHTHALMIDAE Cercosaura schreibersii lagartixa-marrom X X LEIOSAURIDAE Anisolepis grilli lagartixa-das-árvores X X Enyalius perditus iguaninha X X Urostrophus vautieri lagartixa-das-árvores X SCINCIDAE Mabuya dorsivittata sinco-dourado X Mabuya frenata sinco-prateado X X TEIIDAE Tupinambis merianae teiú X X SERPENTES ANOMALEPIDIDAE Liotyphlops beui cobra-cega X X COLUBRIDAE Chironius bicarinatus cobra-cipó X X Mastigodryas bifossatus jararacuçu-do-brejo X Spilotes pullatus caninana X X DIPSADIDAE Atractus reticulatus cobra-da-terra X Boiruna maculata muçurana X X Clelia plumbea muçurana X Dipsas indica dormideira-das-árvores X Erythrolamprus aesculapii falsa-coral X X Liophis miliaris cobra-d’-água X X Liophis poecilogyrus cobra-capim X X Oxyrhopus clathratus falsa-coral X Oxyrhopus guibei falsa-coral X Oxyrhopus rhombifer falsa-coral X X Philodryas aestiva cobra-verde X
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Táxon Nome comum RM RL Philodryas olfersii cobra-verde-listrada X X Philodryas patagoniensis papa-pinto X X Sibynomorphus mikanii dormideira X X Sibynomorphus neuwiedi dormideira X Sibynomorphus ventrimaculatus dormideira X X Thamnodynastes strigatus corredeira-grande X X Tomodon dorsatus cobra-espada X X Tropidodryas striaticeps cobra-cipó X Xenodon merremii boipeva X X Xenodon neuwiedii falsa-jararaca X X ELAPIDAE Micrurus altirostris coral-verdadeira X X Micrurus corallinus coral-verdadeira X X VIPERIDAE Bothropoides jararaca jararaca X X Bothropoides neuwiedi jararaca-pintada X X Bothrops jararacussu jararacuçu X X Caudisona durissa cascavel X X Rhinocerophis alternatus urutu-cruzeira X X
Com relação à ocupação de ambientes por parte dos répteis, observa-se que as formas
florestais são predominantes (42,5%, n = 20 espécies), seguidas pelas ubíquitas (generalistas)
(28%, 13 espécies), campícolas (17%, oito espécies), aquáticas (10,5%, cinco espécies) e
periantrópicas (2%, uma espécie). De uma maneira geral, no entanto, a comunidade é
caracterizada por elementos florestais, terrestres, diurnos, ovíparos e tendo roedores e
lagartos como itens predominantes na dieta (TABELA H2).
Dentre as forma silvícolas a grande maioria compreende formas semiarborícolas, dependentes
do estrato arbóreo para a realização das suas atividades básicas como caça, termorregulação e
repouso. Também espécies terrestres e criptozóicas, devido às suas características ecológicas,
mantêm estreita e complexa relação de interdependência com o ambiente florestal,
dependendo de hábitats sombreados e úmidos para garantir a sobrevivência como, por
exemplo, algumas espécies de grande porte como a jararacuçu (Bothrops jararacussu) e a
muçurana (Clelia plumbea) que, ao mesmo tempo, necessitam de menor exposição visual a
predadores.
As formas ubíquitas, presentes tanto em ambientes florestados quanto abertos, devido à sua
maior plasticidade ecológica, formam o segundo grupo mais diversificado, destacando-se na
área de estudo o teiú (Tupinambis merianae) e a cobra-capim (Liophis poecilogyrus), ambas
localmente comuns.
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Espécies campícolas formam o terceiro grupo mais representativo e, devido às suas
características ecológicas associadas à expressividade deste tipo de ambiente, não são muito
frequentes e sim restritas a áreas destinadas à silvicultura ou a bordas de floresta. Apenas em
situações como esse é que o padrão de frequência se altera, por exemplo, no caso da cascavel
(Caudisona durissa), que pode até tornar-se abundante e comumente avistada à noite
atravessando estradas entre os plantios de pinus e eucalipto.
Cinco espécies habitam ambientes aquáticos da região, ocupando rios, riachos, lagos,
banhados e taboais, dos quais são estritamente dependentes para sobrevivência (os
Testudines e Liophis militaris).
Apenas uma espécie vive exclusivamente no meio periantrópico, a lagartixa-de-parede
(Hemidactylus mabouia) que, até o momento, foi observada somente junto às edificações
humanas, não sendo, desta forma, encontrada no ambiente natural.
TABELA H2. Caracterização da fauna de répteis registrada para as áreas de influência da UHE Mauá, com padrão de
utilização de recursos (ambiente, substrato, alimento, atividade e reprodução).
Legenda: Ambiente: A, aquática; C, campícola; F, florestal; P, periantrópico; U, ubíquita. Substrato: Aq, aquático; Cr,
criptozóico; Fo, fossorial; Te, terrestre; Sa, semi-aquático; Sr, semi-arborícola. Alimentação: af, anfisbenas; an,
anfíbios; ar, artrópodes; gi, gimnofionas; in, invertebrados diversos; la, lagartos; mi, minhocas; mo, moluscos; mr,
morcegos; pa, pássaros; pe, peixes; pv, pequenos vertebrados diversos; ro, roedores; se, serpentes; vg, vegetais.
Atividade: D, diurna; N, noturna. Reprodução: O, ovípara; V, vivípara (Fontes: D’Amato & Morato, 1991; Sazima &
Haddad, 1992; Morato et al., 1995; Marques et al., 2001; Bernarde & Machado, 2002; Bérnils et al., 2004; Marques
& Sazima, 2004; Di-Bernardo et al., 2007).
Táxon Ambiente Substrato Alimento Atividade Reprodução TESTUDINES EMYDIDAE Trachemys scripta elegans A Aq vg; in; pv; pe D O CHELIDAE Acanthochelys spixii A Aq vg; in; pv; pe D O Hydromedusa tectifera A Aq vg; in; pv; pe N O Phrynops geoffroanus A Aq vg; in; pv; pe D O AMPHISBAENA AMPHISBAENIDAE Amphisbaena mertensii U Fo ar; mi D O Amphisbaena trachura U Fo ar; mi D O SAURIA ANGUIDAE
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Táxon Ambiente Substrato Alimento Atividade Reprodução Ophiodes cf. striatus F Cr ar D V GEKKONIDAE Hemidactylus mabouia P Sr ar N O GYMNOPHTHALMIDAE Cercosaura schreibersii U T ar D O LEIOSAURIDAE Anisolepis grilli F Sr ar D O Enyalius perditus F Sr ar D O Urostrophus vautieri F Sr ar D O SCINCIDAE Mabuya dorsivittata C Te ar D V Mabuya frenata U Te ar D V Teiidae Tupinambis merianae U Te vg; in; pv D O SERPENTES ANOMALEPIDIDAE Liotyphlops beui U Fo ar D O COLUBRIDAE Chironius bicarinatus F Sr an D O Mastigodryas bifossatus C Te an; ro D O Spilotes pullatus F Sr ro; pa; la; mr D O DIPSADIDAE Atractus reticulatus U Cr mi D O Boiruna maculata U Te se; ro; la N O Clelia plumbea F Te se; ro; la N O Dipsas indica F Sr mo N O Erythrolamprus aesculapii F Te se; la D O Liophis miliaris A Sa pe; an; la D O Liophis poecilogyrus U Te pe; an; la D O Oxyrhopus clathratus F Te ro; la N O Oxyrhopus guibei F Te ro; la N O Oxyrhopus rhombifer C Te ro; la N O Philodryas aestiva C Te ro; la; pa D O Philodryas olfersii F Sr ro; pa; la; an D O Philodryas patagoniensis C Te ro; pa; la; an D O Sibynomorphus mikanii U Te mo N O Sibynomorphus neuwiedi F Te mo N O Sibynomorphus ventrimaculatus C Te mo N O Thamnodynastes strigatus U Sr an; ro; la N V Tomodon dorsatus F Te mo D V Tropidodryas striaticeps F Sr ro; la; an D O Xenodon merremii U Te an D O Xenodon neuwiedii F Te an D O ELAPIDAE Micrurus altirostris U Cr af; se; la D O Micrurus corallinus F Cr af; se; la; gi D O VIPERIDAE Bothropoides jararaca F Te ro, an; pa N V Bothropoides neuwiedi F Te ro, an N V Bothrops jararacussu F Te ro, an N V Caudisona durissa C Te ro N V Rhinocerophis alternatus C Te ro; an N V
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ASPECTOS RELEVANTES DE CONSERVAÇÃO
Nenhuma espécie registrada encontra-se na lista internacional (IUCN, 2009) ou nacional
(Martins & Molina, 2008) ou paranaense de espécies ameaçadas de extinção (Bérnils et al.,
2004), porém, destaca-se a presença de formas estenóicas estritamente florestais,
dependentes de condições ambientais bem conservadas para a manutenção de suas
populações. São exemplo dessa ligação os lagartos Enyalius perditus e Urostrophus vautieri e,
ainda, as serpentes Clelia plumbea, Dipsas indica e Tropidodryas striaticeps. Além destas,
também se destacam todas as formas florestais, que mesmo mais tolerantes a alterações no
ambiente natural dependem do hábitat florestado para a sua sobrevivência (p. ex.: os lagartos
Ophiodes cf. striatus e Anisolepis grilli e das serpentes Bothrops jararacussu, Micrurus
corallinus e Spilotes pullatus).
Cabe notar que, para a região do alto Rio Tibagi, é conhecida a ocorrência da rara serpente
Ditaxodon taeniatus, uma habitante de áreas abertas naturais bem preservadas e que é
enquadrada na categoria “vulnerável” da lista de espécies ameaçadas do estado do Paraná
(Bérnils et al., 2004). A sua presença na área de estudo é improvável, porém não impossível
visto as características fitofisionômicas ali existentes, mas a probabilidade passa a ser factível
no médio rio Tibagi, devido à presença de áreas abertas naturais na região e a proximidade
com algumas áreas de ocorrência desta serpente no estado (o município de Castro representa
a localidade de registro mais setentrional desta espécie no Paraná).
USO POTENCIAL DE ESPÉCIES BIOINDICADORAS
Espécies que mantêm estreita e complexa relação de interdependência com os ambientes são
altamente sensíveis e, em função desta característica, têm sido reconhecidas como excelentes
indicadoras de qualidade ambiental (Pough et al., 2004). Do mesmo modo, a presença
abundante de formas generalistas, oportunistas e invasoras pode determinar diferentes níveis
de alteração no ambiente, servindo como indicadoras de distúrbios ambientais (Moura-Leite et
al., 1993).
Para a região de estudo destaca-se a presença de formas florestais estenóicas indicadoras de
boa qualidade ambiental (p.ex. Enyalius perditus, Urostrophus vautieri, Clelia plumbea, Dipsas
indica e Tropidodryas striaticeps) como também de espécies sinantrópicas, eurióicas e
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invasoras, indicadoras de ambientes degradados (Hemidactylus mabouia, Tupinambis
merianae, Liophis poecilogyrus e Caudisona durissa).
ESPÉCIES ACOMETIDAS PELO ABATE
O abate de animais silvestres é ainda bastante comum principalmente em regiões onde os
recursos naturais encontram-se ainda preservados. Entre os animais alvo desta prática estão
aqueles perseguidos para fins recreativos (caça esportiva), para servirem como animais de
estimação, aqueles utilizados como fonte de alimentação (espécies cinegéticas) e os abatidos
por serem considerados perigosos, transmissores de moléstias ou fornecerem subprodutos de
uso mágico-medicinal ou comercial (couro, pele, presas, etc.).
Na área de estudo ocorre, e é abundante, o lagarto-teiú (Tupinambis merianae), espécie
terrícola de grande porte que pode atingir 1,5 m de comprimento. Dentre todos os répteis
brasileiros, esta espécie, cuja carne é bastante apreciada pela população, é tradicionalmente
objeto da atividade de caça, sendo comumente abatido para consumo. Também se destacam
várias espécies de serpentes, as quais são mortas de maneira indiscriminada por serem
consideradas como perigosas e potenciais causadoras de episódios de ofidismo.
ESPÉCIES INVASORAS E EXÓTICAS
A presença de espécies invasoras ou exóticas em determinados locais pode acarretar diversos
efeitos negativos sobre as populações nativas. Tais consequências vão desde a redução de
populações até a completa extinção local (Gibbons et al., 2000). Espécies invasoras e exóticas
competem com as nativas na partilha de recursos naturais como alimento e abrigo e também
podem predar a fauna nativa, causar hibridismos e disseminar parasitas (Pough et al., 2004).
Dentre as espécies registradas, a cascavel (Caudisona durissa) pode ser considerada invasora,
pois é característica de ambientes abertos e secos e capaz de invadir e ampliar suas
populações em áreas abertas pela derrubada do ambiente florestal (Marques et al., 2001;
Martins & Molina, 2008); na região de estudo, ela é bastante comum, principalmente em áreas
destinadas à silvicultura.
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Já a tartaruga-de-orelha-vermelha (Trachemys scripta elegans) e a lagartixa-de-parede
(Hemidactylus mabouia) são exóticas. A primeira é originária dos EUA e, na área de estudo,
está presente em corpos d’água na área de influência indireta. A segunda espécie é originária
do continente africano, tendo provavelmente sido transportada para o Brasil durante o
processo de colonização, por meio de remessas passivas em navios (Lema, 1994). Ela se
adaptou bem às condições brasileiras, sendo atualmente encontrada em todas as regiões do
País e preferencialmente associada a edificações humanas ou suas imediações. Para a área de
estudo foi somente observada junto ao ambiente periantrópico, não sendo encontrada até o
momento em áreas naturais.
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MASTOZOOFAUNA
MAMÍFEROS DA MACRORREGIÃO
Estudo mastozoológicos são de grande valia em avaliações ambientais devido, principalmente,
àqueles mamíferos que ocupam hábitats particulares em uma mesma região (Pulliam &
Danielson, 1991), sensíveis representantes da dinâmica trófica de ecossistemas, sendo assim
considerados bons grupos indicadores de alterações na qualidade desse ambiente (D`Andrea
et al., 1999).
Para fins de inventariamento da fauna de mamíferos com potencialidade de ocorrência na
área de estudo, compilaram-se os registros relativos à Área de Abrangência Regional (AAR) por
meio de consulta à literatura pertinente aos municípios de Figueira, Tibagi, Curiúva, Telêmaco
Borba, Ortigueira, Imbaú e, particularmente, à Fazenda Monte Alegre e as Terras Indígenas de
Mococa e Queimadas (Reis et al., 1999; Peracchi et al., 2002; Rocha et al., 2003; Reis et al.,
2005; Lima 2008; LACTEC 2007a, 2007b, 2009). Alguns táxons foram considerados após análise
corológica baseada na literatura especializada (Emmons, 1990; Eisenberg & Redford, 1999;
Cáceres & Monteiro-Filho, 2006; Rossi et al., 2006; Bonvicino et al., 2008; Bianconi & Pedro,
2007; Gardner, 2007), seguindo-se uma ótica que valorizasse os padrões de ocorrência
esperados para a floresta com araucária paranaense e para zonas transicionais de cerrado,
campos e floresta estacional semidecidual. Esta etapa foi facilitada pelas publicações recentes
de Medri et al., (2002: A Bacia do Rio Tibagi), Miretzki (2003: Morcegos do Estado do Paraná,
Brasil: riqueza de espécies, distribuição e síntese do conhecimento atual) e pelos diversos
inventários disponíveis para o Primeiro e Segundo planaltos paranaenses (e.g. Lorini, 1987;
Borges, 1989; Margarido, 1989; Pontes-Filho et al., 1997; Silva & Nicola, 1999; PROBIO, 2000;
Bianconi et al., 2003; Rocha-Mendes & Kuczach, 2007; Zanon & Reis, 2007; Braga, 2007).
Outros dados são museológicos (Museu de História Natural Capão da Imbuia) e oriundos de
espécimes da região encaminhados para o diagnóstico da raiva no Laboratório Central do
Estado do Paraná (LACEN).
A área de abrangência regional do estudo (An+Ap) contabiliza 124 espécies de mamíferos, o
que representa cerca de 63% da mastozoofauna conhecida em todo o estado do Paraná e
quase 20% da riqueza de mamíferos brasileiros, considerando apenas as espécies terrestres
(Reis et al., 2006). Essa elevada riqueza de mamíferos pode ser decorrência das características
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singulares de relevo e principalmente das fisionomias vegetais representadas na área de
estudo, área de transição entre duas das grandes formações fitogeográficas do Paraná, quais
sejam, a floresta ombrófila mista e floresta estacional semidecidual, sob influência marginal de
formações campestres de cerrado (savana) e campo (estepes). Embora apenas uma pequena
fração desses remanescentes permaneçam em bom estado de conservação, estes são
responsáveis pela salvaguarda de parcela significativa da biodiversidade de mamíferos no
estado.
O ordenamento taxonômico seguiu a classificação proposta por Wilson & Reeder (2005) e
Gardner (2007) e o status de conservação a Lista da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção
(MMA, 2003), a Red List Threatened Species (IUCN, 2009), e os Anexos I e II da CITES (CITES,
2008). A avaliação regional de ameaças foi balizada pelo Livro Vermelho da Fauna Ameaçada
do Estado do Paraná (Mikich & Bérnils, 2004)
TABELA M1. Lista das espécies de mamíferos registradas na macrorregião da UHE Mauá, com destaque para o status
de conservação.
LEGENDA: tipo de registro e o Status de conservação das espécies, segundo a Lista da Fauna Brasileira Ameaçada de
Extinção (MMA, 2003), o Livro Vermelho da Fauna Ameaçada do Estado do Paraná (Mikich & Bérnils, 2004), a Red
List Threatened Species (IUCN, 2009), e os Anexos I e II da CITES (CITES, 2008).
TÁXON VERNÁCULO TÉCNICO STATUS DE CONSERVAÇÃO
DIDELPHIDAE
Caluromys lanatus cuíca-lanosa DD (PR) / PM (IUCN)
Caluromys philander cuíca-lanosa DD (PR) / PM (IUCN)
Chironectes minimus cuíca-d’água DD (PR) / PM (IUCN)
Didelphis albiventris gambá PM (IUCN)
Didelphis aurita gambá PM (IUCN)
Gracilinanus microtarsus cuíca PM (IUCN)
Gracilinanus agilis cuíca DD (PR) / PM (IUCN)
Lutreolina crassicaudata cuíca DD (PR) / PM (IUCN)
Marmosops incanus cuíca DD (PR) / PM (IUCN)
Metachirus nudicaudatus cuíca DD (PR) / PM (IUCN)
Micoureus paraguayanus cuíca PM (IUCN)
Monodelphis americana catita DD (BR)
Monodelphis dimidiata catita DD (BR) / PM (IUCN)
Monodelphis iheringi catita DD (BR) / DD (IUCN)
Monodelphis sorex catita DD (BR) / PM (IUCN)
Monodelphis scallops catita DD (BR) / PM (IUCN)
Philander frenatus cuíca-quatro-olhos PM (IUCN)
CINGULATA
DASYPODIDAE
Cabassous tatouay tatu-de-rabo-mole DD (PR) / DD (BR) / PM (IUCN)
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TÁXON VERNÁCULO TÉCNICO STATUS DE CONSERVAÇÃO
Dasypus novemcinctus Tatu-galinha PM (IUCN)
Dasypus hybridus tatu-mulita PM (IUCN)
Dasypus septemcinctus tatuí DD (PR) / PM (IUCN)
Euphractus sexcinctus tatu-peba PM (IUCN)
PILOSA
MYRMECOPHAGIDAE
Tamandua tetradactyla tamanduá-mirim PM (IUCN)
Myrmecophaga tridactyla tamanduá-bandeira VU (BR) / CR (PR) / QA (IUCN) / CITES II
PRIMATES
CEBIDAE
Cebus nigritus macaco-prego QA (IUCN)
ATELIDAE
Alouatta guariba bugio CR (BR) /VU (PR) / PM (IUCN) / CITES II
LAGOMORPHA
LEPORIDAE
Sylvilagus brasiliensis tapiti, lebrinha VU (PR) / PM (IUCN)
Lepus europaeus lebre, lebrão PM (IUCN)
CHIROPTERA
EMBALLONURIDAE
Peropteryx macrotis morcego PM (IUCN)
NOCTILIONIDAE
Noctilio leporinus morcego PM (IUCN)
PHYLLOSTOMIDAE
Chrotopterus auritus morcego VU (PR) / PM (IUCN)
Micronycteris megalotis morcego PM (IUCN)
Mimon bennettii morcego PM (IUCN)
Tonatia bidens morcego DD (IUCN)
Desmodus rotundus Morcego-vampiro PM (IUCN)
Diphylla ecaudata Morcego-vampiro VU (PR) / DD (BR) / PM (IUCN)
Anoura caudifera morcego PM (IUCN)
Anoura geoffroyi morcego PM (IUCN)
Glossophaga soricina morcego PM (IUCN)
Carollia perspicillata morcego PM (IUCN)
Artibeus fimbriatus morcego PM (IUCN)
Artibeus lituratus morcego PM (IUCN)
Artibeus planirostris morcego PM (IUCN)
Artibeus obscurus morcego PM (IUCN)
Platyrrhinus lineatus morcego PM (IUCN)
Pygoderma bilabiatum morcego PM (IUCN)
Chiroderma doriae morcego PM (IUCN)
Sturnira lilium morcego PM (IUCN)
Sturnira tildae morcego PM (IUCN)
Vampyressa pusilla morcego DD (IUCN)
VESPERTILIONIDAE
Eptesicus brasiliensis morcego PM (IUCN)
Eptesicus diminutus morcego DD (IUCN)
Eptesicus furinalis morcego PM (IUCN)
Histiotus velatus morcego DD (IUCN)
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TÁXON VERNÁCULO TÉCNICO STATUS DE CONSERVAÇÃO
Histiotus alienus morcego DD (IUCN)
Lasiurus cinereus morcego PM (IUCN)
Lasiurus blossevillii morcego PM (IUCN)
Lasiurus ega morcego DD (IUCN)
Myotis levis morcego PM (IUCN)
Myotis nigricans morcego PM (IUCN)
Myotis riparius morcego PM (IUCN)
Myotis ruber morcego VU (BR) / DD (PR) / QA (IUCN)
MOLOSSIDAE
Cynomops abrasus morcego DD (IUCN
Eumops auripendulus morcego PM (IUCN)
Eumops hansae morcego VU (PR) / PM (IUCN)
Molossus rufus morcego PM (IUCN)
Molossus molossus morcego PM (IUCN)
Nyctinomops aurispinosus morcego PM (IUCN)
Nyctinomops laticaudatus morcego PM (IUCN)
Nyctinomops macrotis morcego PM (IUCN)
Promops nasutus morcego PM (IUCN)
Tadarida brasiliensis morcego PM (IUCN)
CARNIVORA
FELIDAE
Leopardus pardalis jaguatirica VU(BR)/VU(PR)/PM(IUCN)/CITES I e II
Leopardus tigrinus gato-do-mato VU(BR)/VU(PR)/VU(IUCN)/CITES I e II
Leopardus wiedii gato-maracajá VU(BR)/VU(PR)/QA(IUCN)/CITES I e II
Puma concolor onça-parda VU(BR)/VU (PR)/PM(IUCN)/CITES I e II
Puma yagouaroundi gato-mourisco DD (PR)/PM(IUCN)/CITES I e II
Panthera onca onça-pintada CR (PR)/VU(BR)/CITES I
CANIDAE
Cerdocyon thous cachorro-do-mato PM (IUCN) / CITES II
Chrysocyon brachyurus lobo-guará VU(BR) / EN (PR) / QA (IUCN) / CITES II
Lycalopex vetulus raposinha-do-campo DD (PR) / PM (IUCN)
MUSTELIDAE
Lontra longicaudis lontra VU (PR) / DD (IUCN) / CITES I
Eira barbara irara, papa-mel PM (IUCN)
Galictis cuja furão PM (IUCN)
PROCYONIDAE
Nasua nasua quati PM (IUCN)
Procyon cancrivorus mão-pelada PM (IUCN)
PERISSODACTYLA
TAPIRIDAE
Tapirus terrestris anta VU (PR) / CITES II
ARTIODACTYLA
TAYASSUIDAE
Pecari tajacu cateto VU (PR) / PM (IUCN) / CITES II
Tayassu pecari queixada CR (PR) / QA (IUCN) / CITES II
CERVIDAE
Mazama nana veado VU (BR) / VU (PR) / DD (IUCN)
Mazama americana veado-mateiro DD (PR) / DD (IUCN)
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TÁXON VERNÁCULO TÉCNICO STATUS DE CONSERVAÇÃO
Mazama gouazoubira veado-catingueiro DD (PR) / PM (IUCN)
Ozotoceros bezoarticus veado campeiro QA (BR) / CR (PR) / QA (IUCN) / CITES I
RODENTIA
SCIURIDAE
Guerlinguetus ingrami esquilo DD (IUCN)
CRICETIDAE
Abrawayaomys ruschi rato-do-mato PM (IUCN)
Akodon cursor rato-do-mato PM (IUCN)
Akodon montensis rato-do-mato PM (IUCN)
Akodon paranaensis rato-do-mato PM (IUCN)
Akodon serrensis rato-do-mato PM (IUCN)
Bibimys labiosus rato-do-mato PM (IUCN)
Brucepattersonius iheringi rato-do-mato PM (IUCN)
Delomys dorsalis rato-do-mato PM (IUCN)
Delomys sublineatus rato-do-mato PM (IUCN)
Euryoryzomys russatus rato-do-mato PM (IUCN)
Hylaeamys laticeps rato-do-mato QA (IUCN)
Holochilus brasiliensis rato-d’água PM (IUCN)
Juliomys pictipes rato-do-mato PM (IUCN)
Necromys lasiurus rato-do-mato PM (IUCN)
Nectomys squamipes rato-d’água PM (IUCN)
Oligoryzomys flavescens rato-do-mato PM (IUCN)
Oligoryzomys nigripes rato-do-mato PM (IUCN)
Oxymycterus judex rato-porco PM (IUCN)
Oxymycterus nasutus rato-porco PM (IUCN)
Sooretamys angouya rato-do-mato PM (IUCN)
Thaptomys nigrita rato-pitoco PM (IUCN)
Wilfredomys oenax rato-do-mato EP (IUCN)
CAVIIDAE
Cavia aprea preá PM (IUCN)
Hydrochoerus hydrochaeris capivara PM (IUCN)
CUNICULIDAE
Cuniculus paca paca EP (PR) / PM (IUCN)
DASYPROCTIDAE
Dasyprocta azarae cutia QA (BR) / DD (IUCN)
ERETHIZONTIDAE
Sphiggurus villosus ouriço PM (IUCN)
ECHIMYIDAE
Kannabateomys amblyonyx rato-da-taquara PM (IUCN)
Euryzygomatomys spinosus guirá-do-rio PM (IUCN)
MYOCASTORIDAE
Myocastor coypus ratão-do-banhado PM (IUCN)
Totais 124
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ESPÉCIES DE INTERESSE CINEGÉTICO
Entede-se por espécies cinegéticas aqueles táxons que apresentam um valor comercial ou de
subsistência para atividade humana, seja pela obtenção da caça como forma de alimento,
aquisição de produtos secundários das mesmas ou mesmo dos espécimes vivos para
manutenção em cativeiro.
A fauna de mamíferos, principalmente animais de médio e grande porte, sofre grande
influência com a prática de atividades cinegéticas, as quais podem ser tanto de cunho
esportivo (ou recreativo), quanto profissional, bem como para fins de subsistência. Tais
impactos podem ser bastante significativos a populações de mamíferos de grande porte
(Negrão & Valladares-Pádua, 2006) e acarretam conseqüências profundas sobre os sistemas
biológicos de florestas tropicais (Dirzo & Miranda, 1990). Algumas espécies são também alvo
de perseguição, não raro seguindo-se seu abate, por serem potencialmente perigosos para
animais de criação (p. ex. carnívoros) ou por serem danosos à agricultura (p. ex. taiassuídeos).
Na área de abrangência do estudo há grande riqueza de espécies com potencial cinegético,
como o caso dos porcos-do-mato Tayassu pecari e Pecari tajacu, paca Cuniculus paca, cutia
Dasyprocta azarae e tatus Dasypodidae, bem como cervídeos Mazama spp.
ESPÉCIES EXÓTICAS E INVASORAS
Os animais exóticos são aqueles táxons cuja sua distribuição geográfica natural não inclui o
território de interesse, no caso, a macrorregião aqui considerada. Todas os táxons introduzidos
pelo homem, inclusive as domésticas, em estado selvagem, também são neste contexto
consideradas exóticas.
Dentre os mamíferos brasileiros, são considerados exóticos e potencialmente invasores,
apenas seis espécies: a lebre Lepus europaeus, duas espécies de Artiodactyla e três Rodentia.
Em toda a macrorregião apenas a primeira é mencionada nos dados de base, mas todos os
roedores são provavelmente presentes, assim como pelo menos uma espécie de artiodáctilo, o
javali.
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ANÁLISE CONSERVACIONISTA
A diversidade de mamíferos do Brasil é uma das maiores do mundo; seus representantes
terrestres somam 607 espécies distribuídas por todos os biomas brasileiros (Reis et al,. 2006).
Nesse cenário, a Mata Atlântica se destaca pelo elevado número de táxons já descritos (311
espécies), pelo nível de endemismo (55 espécies, 22% do total) e também, mas
lamentavelmente, pelo grau de ameaça. Cerca de 40 espécies de mamíferos deste bioma
encontram-se na “Lista Brasileira da Fauna Ameaçada de Extinção” (Machado et al., 2005),
sendo que muitas outras estão incluídas nas listas regionais (e.g.: Bergallo et al., 2000; Fontana
et al. 2003; Margarido & Braga, 2004). No caso particular do Paraná, são 56 espécies, 32 sob
algum grau de ameaça e outras 24 com dados insuficientes (Margarido & Braga, 2004).
A análise conservacionista preliminar indica que várias espécies de mamíferos mencionadas na
macrorregião são táxons de interesse conservacionista, seja por constarem nos Anexos da
CITES ou enquadradas em categorias de ameaça complementares no âmbito estadual,
nacional e/ou internacional (TABELA M1).
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ANFIBIOFAUNA
ANFÍBIOS DA MACRORREGIÃO
Em estudos que envolvem inventário e monitoramento de anfíbios anuros, diversas
informações ecológicas como hábitos, preferências por hábitats, padrões de abundância, de
riqueza e de distribuição dos animais podem ser usadas como ferramentas-chave na avaliação
do status de conservação das áreas estudadas, bem como na elaboração de planos de
estratégias de conservação da biodiversidade.
São conhecidas mais de 6.638 espécies de anfíbios em todo o mundo (Frost, 2010), sendo que
a América do Sul detêm mais de 30% do total destas espécies (Duellman, 1988); e no Brasil há
registros de 877 espécies de anfíbios (SBH, 2010), quase metade da riqueza aferida em todo o
continente sul-americano.
Quanto aos padrões biogeográficos, Garcia et al. (2007) classificam as espécies de anfíbios de
acordo com Ecorregiões de ocorrência. A macrorregião considerada neste estudo abrange
duas delas: a Floresta Atlântica de Interior (FAI), que corresponde proximamente às
fisionomias vegetacionais nominadas floresta estacional semidecidual e floresta estacional
decidual; e a Floresta de Araucária (FAA), coincidindo com a floresta ombrófila mista.
Ao todo é esperada para a área a ocorrência de 43 espécies, as quais encontram-se
distribuídas em onze famílias (TABELA A1) e correspondendo a aproximadamente 30% do
número de espécies (n = 142) ocorrentes no Paraná (Conte et al., 2010). A expressiva riqueza
pode ser atribuída ao fato da área estudada localizar-se em uma região de transição entre as
florestas ombrófila mista e estacional semidecidual, além da nítida influência de
fitofisionomias abertas como a savana (cerrado) e a estepe (campos).
Assim, há maior representatividade de táxons da FAI (n = 37), tais como Hypsiboas raniceps e
Rhinella scheneideri, mas também nota-se grande influência de espécies da FAA (n = 30) (p. ex.
Phyllomedusa tetraploidea e Scinax aromothyella) e mesmo da Floresta Atlântica da Serra do
Mar (FAT) (n = 30) com a ocorrência de anfíbios da floresta ombrófila densa (p. ex. Rhinella
abei, Haddadus binotatus e Aplastodiscus albosignatus), caracterizando uma fauna de anfíbios
biogeograficamente transicional.
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Uma hipótese biogeográfica para esta distinta composição de espécies, abrigando táxons de
várias ecorregiões (Machado & Bernarde, 2002), pode ser a própria conformação do Rio Tibagi
que, abrangendo a quase totalidade da extensão norte-sul do estado do Paraná e desaguando
no Rio Paranapanema, torna-se um importante corredor ecológico para este grupo de
vertebrados, conectando regiões das florestas ombrófila mista, densa e estacional
semidecidual .
TABELA A1. Lista das espécies de anfíbios registradas nas áreas de influência direta e indireta (An+Ap) da UHE Mauá,
com indicação dos respectivos ambientes de ocorrência.
Táxon Nome popular Ambientes de ocorrência BRACHYCEPALIDAE rãs Ischnocnema henselii rãzinha-da-mata Floresta BUFONIDAE sapos Melanophryniscus sp. (gr. tumifrons) sapinho-de-barriga-vermelha ? Rhinella abei sapo-galinha Generalista Rhinella ictérica sapo-cururu Área aberta, locais periantropicos Rhinella schneideri sapo-cururu Área aberta, locais periantropicos CENTROLENIDAE pererecas Vitreorana uranoscopa perereca-de-vidro Floresta
CRAUGASTORIDAE rãs Haddadus binotatus rãzinha-da-mata Floresta CYCLORAMPHIDAE rãs Odontophrynus americanus sapo-boi Área aberta, locais periantropicos Proceratophrys cf. avelinoi sapinho-de-barriga-vermelha Floresta, Borda florestal HYLIDAE pererecas
Aplastodiscus albosignatus perereca-verde Floresta Aplastodiscus perviridis perereca-verde Borda florestal Bokermannohyla circumdata pererera Floresta Dendropsophus anceps perereca-zebra Área aberta Dendropsohus microps pererequinha Borda florestal Dendropsophus minutus pererequinha Área aberta Dendropsophus nanus pererequinha Área aberta Dendropsophus sanborni pererequinha Área aberta Hypsiboas albopunctatus perereca-cabra Área aberta Hypsiboas faber rã-martelo Generalista Hypsiboas prasinus perereca-verde Área aberta Hypsiboas raniceps perereca Área aberta Hypsiboas sp. (gr. pulchellus) perereca Floresta Phasmahyla sp. perereca Floresta Phyllomedusa tetraploidea perereca-macaco Área aberta Scinax aromothyella pererequinha Área aberta Scinax aff. catharinae perereca Floresta Scinax fuscovarius perereca-de-banheiro Área aberta
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Táxon Nome popular Ambientes de ocorrência Scinax fuscomarginatus pererequinha Área aberta Scinax perereca perereca-de-banheiro Generalista Scinax rizibilis perereca-risonha Floresta Scinax squalirostris perereca Área aberta Scinax sp. (gr. ruber) ? ?
Sphaenorhynchus caramaschii perereca-verde Área aberta HYLODIDAE rãs-de-riacho Crossodactylus sp. rãzinha-de-riacho Floresta LEIUPERIDAE rãzinhas Physalaemus cuvieri rã-cachorro Área aberta Physalaemus aff. gracilis rã-chorona Área aberta LEPTODACTYLIDAE rãs Leptodactylus fuscus rã-assobiadeira Área aberta Leptodactylus notoaktites rã-goteira Borda florestal Leptodactylus mystacinus rã-assobiadeira Borda florestal Leptodactylus ocellatus rã-manteiga Área aberta Leptodactylus aff. gracilis rã-assobiadeira Área aberta MICROHYLIDAE rãs-guardinha Elachistocleis bicolor rã-guardinha Área aberta RANIDAE rã-comestível *Lithobates catesbeianus rã-touro Generalista *espécie exótica
ESPÉCIES AMEAÇADAS
Dentre as espécies com ocorrência esperada na área de estudo, apenas duas se encontram
alocadas em alguma categoria de ameaça na lista de espécies da fauna ameaçada de extinção
do Paraná: a perereca-zerbra (Dendropsophus anceps) e a parereca-de-vido (Vitreorana
uranoscopa) (Segalla e Langone, 2004). A primeira está criticamente ameaçada no Paraná,
sendo até pouco tempo encontrada apenas na localidade conhecida como Taboal de Mauá, no
município de Telêmaco Borba. Recentemente, Conte et al. (2010) apresentaram registros da
espécie para mais duas localidades do estado nos municípios de Ibaiti e Figueira. Nenhuma
destas localidades se encontra em Unidades de Conservação, pelo contrário, são ambientes
drasticamente alterados e sob intensa atividade antrópica. Já a espécie V. uranoscopa é
considerada DD (dados insuficientes) no estado por ser encontrada, até então, em poucas
localidades.
Os anfíbios apresentam diversas características que os tornam intimamente dependentes de
estruturas ambientais particulares, tais como ciclo de vida bifásico (larval e adulto), grande
dependência de água, pele altamente permeável, os padrões de desenvolvimento
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embrionário, características sazonais de suas populações e complexa interação com outras
espécies. Dessa forma, muitos anfíbios apresentam estreita relação com determinados
microhábitats (p. ex. poças rasas no interior florestal) e estruturas da vegetação (p. ex.
presença de bromélias) e mesmo alterações sensíveis na qualidade ambiental podem acarretar
mudanças significativas na composição de espécies deste grupo, tornando-os excelentes
bioindicadores (Silvano et al., 2003, Bertoluci et al., 2009).
ESPÉCIES INVASORAS
Dentre espécies exóticas e invasoras é conhecida apenas uma na macrorregião, a rã-touro
Lithobates catesbianus. Esta rã foi trazida ao Brasil pelo interesse comercial de sua carne e,
após fugas ou solturas indiscriminadas, aclimatou-se e se espalhou para diversos estados
brasileiros, (Giovanelli et al., 2008). Tratando-se de táxon de grande porte e com grande
plasticidade fenotípica, causa forte impacto sobre as comunidades de anfíbios brasileiros
através da competição e predação (Boelter & Cechin, 2007).
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UHE Mauá Programa de Monitoramento da Fauna
Relatório Final Fase 1 – Volume 1 Dezembro de 2010
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ANEXOS
ANEXO 1. Imagens de satélite uso do solo (anexo digital).
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ANEXO 2. Certificado de Regularidade Urben-Filho & Straube Consultores (pessoa jurídica) junto ao Cadastro Técnico
Federal – IBAMA.
Ministério do Meio Ambiente
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
CADASTRO TÉCNICO FEDERAL
CERTIFICADO DE REGULARIDADE
Nr. de Cadastro:
2027269
CPF/CNPJ:
08.201.421/0001-92
Emitido em:
26/11/2010
Válido até:
26/02/2011 Nome/Razão Social/Endereço Urben-Filho e Straube Consultores S/S LTDA Rua Cel. Temístocles de Souza Brasil, 311 Jardim Social CURITIBA/PR 80520-210 Este certificado comprova a regularidade no
Cadastro de Instrumentos de Defesa Ambiental Consultoria Técnica Ambiental - Classe 6.0 Anilhamento de Aves Silvestres Ecossistemas Terrestres e Aquáticos Educação Ambiental Observações: 1 - Este certificado não habilita o interessado ao exercício da(s) atividade(s) descrita(s), sendo necessário, conforme o caso de obtenção de licença, permissão ou autorização específica após análise técnica do IBAMA, do programa ou projeto correspondente: 2 - No caso de encerramento de qualquer atividade específicada neste certificado, o interessado deverá comunicar ao IBAMA,obrigatoriamente, no prazo de 30 (trinta) dias, a ocorrência para atualização do sistema. 3 - Este certificado não substitui a necessária licença ambiental emitida pelo órgão competente. 4 - Este certificado não habilita o transporte de produtos ou subprodutos florestais e faunísticos.
A inclusão de Pessoas Físicas e Jurídicas no Cadastro Técnico Federal não implicará por parte do IBAMA e perante terceiros, em certificação de qualidade, nem juízo de valor de qualquer espécie.
Autenticação
uxjz.eyzf.12gr.5pvu