módulo: teoria histórico-cultural: princípios...
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Autoria: Meire Cristina dos Santos Dangió
Yaeko Nakadakari Tsuhako
Módulo: Teoria Histórico-Cultural: princípios
básicos
Conversa ao pé do ouvido...
Prezados(as) cursistas
Estamos caminhando bem! Vocês têm contribuído
significativamente para o sucesso deste curso.
Para concluir o módulo sobre a teoria, preparamos
esta conversa sobre os conteúdos.
Abraços a todos
Meire e Yaeko
Aprendizagem e Desenvolvimento
Conteúdos:
Mediação, Apropriação e Objetivação;
Zona de Desenvolvimento Iminente/Próximo.
O que é isso? Para que serve? Você já viu algo
parecido?
Se o objeto estivesse materializado, com certeza,
você sentiria a necessidade de pegá-lo, cheirá-lo,
de sentir sua textura, seu peso, etc., buscando no
repertório de significações que já possui a
identificação real do objeto, seu uso, seu conceito.
Então... O que é o objeto apresentado
anteriormente????
Responda rapidamente.
O pensador – August Rodin
Resposta - Caixa de fazer sushi
Caso você tenha acertado, quer dizer que este objeto já
faz parte de seu repertório de significações, ou seja,
você sabe o nome e o seu uso funcional.
Se não conseguiu identificar o objeto, quer dizer que o
mesmo precisa ser apresentado por alguém que o
conheça e ensine o seu uso correto.
Mediação
Este conceito é bastante complexo e necessita de
aprofundamento teórico, demandando, assim, a
continuidade de estudos e pesquisas acerca deste
tema também em outros momentos.
Como puderam perceber a caixa de sushi faz parte
de uma cultura e o seu processo de
aprendizagem e de reprodução das aptidões
humanas é socialmente mediado pelos signos e
instrumentos.
O QUE ISSO SIGNIFICA????
Significa que as qualidades humanas não
estão simplesmente dadas nos objetos da
cultura.
Elas estão cristalizadas no uso social dos
objetos que, como vimos, não podem ser
inventados por cada nova geração, mas
aprendidos com os parceiros que sabem
como utilizá-los.
No texto “O Homem e a Cultura”, Leontiev cita uma
imagem de Piéron, de uma catástrofe que só pouparia
as crianças pequenas e na qual pereceria toda a
população adulta, isso não significaria o fim do gênero
humano, mas a história seria interrompida.
Pense - Por que a história seria interrompida
caso restassem apenas crianças e
nenhum adulto?
Leontiev afirma que a história seria interrompida porque
os tesouros da cultura continuariam a existir
fisicamente, mas não existiria ninguém capaz de
revelar às novas gerações o seu uso. As máquinas
deixariam de funcionar, os livros ficariam sem
leitores, as obras de arte perderiam a sua função
estética. A história da humanidade teria de
recomeçar, pois o movimento da história só é
possível com a transmissão das aquisições da cultura
humana, às novas gerações, por meio da educação
(informal e formal).
Aprecie as poesias abaixo
Livros e flores
Teus olhos são meus
livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?
Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?
CAROLINA
Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.
Trago-te flores, - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.
Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.
Leia as biografias e opine sobre quem poderia ser o
autor das poesias apresentadas anteriormente
Opção A Poeta e escritor português, nascido em
Lisboa. É considerado um dos
maiores poetas da língua
portuguesa e da literatura universal.
Aos seis anos de idade foi para a
África do Sul, onde aprendeu
perfeitamente o inglês, e das quatro
obras que publicou em vida, três
são em inglês. Durante sua vida
trabalhou em vários lugares como
correspondente de língua inglesa e
francesa. Foi também empresário,
editor, crítico literário, jornalista,
comentador político, tradutor,
inventor, astrólogo e publicitário, e
ao mesmo tempo produzia suas
obras em verso e prosa.
Opção B Nasceu na cidade do Rio de Janeiro.
Garoto de saúde frágil, epilético,
gago, pobre, filho de um operário
mestiço. Ao contrário do que se
imagina, sua trajetória de vida não o
conduziu naturalmente para o
mundo das letras. Ainda na infância
o jovem poeta perdeu sua mãe,
sendo criado por sua madrasta. A
falta de recursos financeiros o
obrigou a dividir seu tempo entre os
estudos e o trabalho de vendedor
de doces. Segundo alguns relatos –
no tempo em que morou em São
Cristóvão – aprendeu a falar francês
com a dona de uma padaria da
região.
Se você escolheu a opção B – ACERTOU!!!
Machado de Assis é o autor dos belos versos
Ele marcou a literatura brasileira.
Entre os seis e os 14 anos, Machado perdeu sua única irmã, a mãe e o pai. Aos 16 anos
empregou-se como aprendiz numa tipografia e publicou os primeiros versos no jornal "A
Marmota".
No ano seguinte, Machado conseguiu um cargo como tipógrafo na Imprensa Nacional e dividiu
seu tempo com a criação de novos textos. Durante sua estadia na Imprensa Nacional, o
escritor iniciante teve a oportunidade de conhecer Manuel Antônio de Almeida, diretor da
instituição e autor do romance “Memórias de um sargento de milícias”. Em 1860, foi
convidado por Quintino Bocaiúva para colaborar no "Diário do Rio de Janeiro". Datam dessa
década quase todas as suas comédias teatrais e o livro de poemas "Crisálidas".
Em 12 de novembro de 1869 casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais. Esse
casamento ocorreu contra a vontade da família da moça, uma vez que Machado tinha mais
problemas do que fama. Essa união durou cerca de 35 anos e o casal não teve filhos.
Carolina contribuiu para o amadurecimento intelectual de Machado, revelando-lhe os
clássicos portugueses e vários autores de língua inglesa.
Viveu entre 1839 e 1908.
A importância da mediação
Mesmo diante de condições de vida adversas , como
exemplos reais de pobreza cultural e material na vida
do escritor Machado de Assis, comprova-se a
importância da mediação dos signos para o processo
de apropriação da cultura, proporcionando o
desenvolvimento das máximas possibilidades do ser
humano.
Na escola, o professor é portador dos signos –
conteúdos formais – sendo seu papel instrumentalizar
o aluno por meio do ensino intencional e planejado,
corroborando, assim, para o desenvolvimento pleno
dos indivíduos.
Para além dos Machados de Assis...
O que fez a diferença na história anteriormente citada
foram os signos e instrumentos e a forma como foram
apresentados pelas pessoas que o cercavam, bem como
a qualidade dos conteúdos que ultrapassavam os
conhecimentos cotidianos: leitura e escrita, línguas
francesa – portuguesa – inglesa, regras sociais, arte,
geografia, entre outros.
E os Josés, Pedros, Marias, Lucas,
Anas... que estão em nossa sala de
aula?
O olhar do professor...
Somos a síntese de
múltiplas
determinações.
O olhar do professor
deve incidir
dialeticamente sobre
essa realidade, ou
seja, deve
considerar
a totalidade
dos fenômenos
para organizar
o seu trabalho
pedagógico.
Diferentes histórias...
Cada aluno traz consigo uma história de vida peculiar:
facilidades ou dificuldades de ordem econômica, afetiva,
emocional, estrutura familiar comprometida ou não,
superproteção, histórias de abandono, violência...
Muitas possibilidades!!!
Possibilidades de quê? De olhar para a realidade e pensar sobre
a concepção de homem que temos, qual ser humano queremos
formar e como podemos contribuir qualitativamente para o seu
desenvolvimento.
Para tanto, é fundamental pensar no papel da escola e nos conteúdos
essenciais que instrumentalizam o aluno para que ultrapasse sua
condição inicial e alce patamares mais elevados e dignos de condição
de vida.
Nível de Desenvolvimento Real da Criança
Como dissemos, o ser humano estabelece relações
sociais ao longo de sua vida, entrando em contato e
apropriando-se dos mais variados signos verbais e
não-verbais, tais como: linguagem oral e escrita,
gestos, desenhos, símbolos, sinais,som, objetos, etc.
Quando a criança chega na escola já possui saberes
adquiridos no seu cotidiano.
Ao professor cabe a importante tarefa de conhecer o
aluno, identificando o desenvolvimento mental
real/atual da criança, quer dizer, o que ela sabe e o
que consegue fazer sozinha.
Podemos identificá-lo por meio das atividades propostas.
Por exemplo – Se queremos identificar o que a criança já sabe em
relação ao desenho, propomos a ela que faça um desenho.
Suponhamos que o resultado seja este:
Garatujas desordenadas
Como identificar o nível de desenvolvimento real
da criança?
Descobrimos, então, que o nível de desenvolvimento real
dessa criança em relação ao desenho é de rabiscos ou
garatujas desordenadas, pelo fato de não controlar o
movimento neste momento.
Sabendo-se que existe uma lógica interna do conteúdo, no
caso, o desenvolvimento do grafismo, é preciso que o
professor compreenda teoricamente o conteúdo a ser
ensinado, que domine sua essência em termos
conceituais, para que seja capaz de organizar o percurso
necessário para apropriação do conteúdo mediante uma
ação pedagógica sequenciada.
Selecionar e organizar o conteúdo com a finalidade de promover o
desenvolvimento psíquico e intervir junto às crianças de modo a
garantir sua apropriação.
Retomando o exemplo da criança que faz garatujas
desordenadas e observando a sequência do grafismo,
o que está mais próximo de sua produção?
Garatujas controladas ou figurativo?
garatujas desordenadas garatujas ordenadas
mandala figurativo
Qual o trabalho a ser realizado?
Descobrindo que a criança faz rabiscos desordenados e o
que está próximo a se desenvolver são os rabiscos
controlados ou ordenados, não faria sentido o professor
propor atividades que exigissem como resultado tanto as
garatujas desordenadas (o que ela já sabe fazer) quanto o
desenho figurativo, pois isto está além do que a criança
seria capaz de realizar neste momento.
Não é qualquer atividade, nem qualquer intervenção que
promoverá o desenvolvimento da criança.
O bom ensino é aquele que incide na zona de
desenvolvimento próximo ou iminente.
E o que é Zona de Desenvolvimento Próximo
ou Iminente?
Zona de Desenvolvimento Próximo refere-se às funções
psíquicas que estão iniciando seu desenvolvimento e
que não são ainda capazes de sustentar um
desempenho independente/ autônomo da criança diante
de determinadas tarefas ou situações-problema, mas já
desenvolveram-se o suficiente para que a criança
consiga agir em colaboração com o adulto, orientando-
se por suas instruções, perguntas, demonstrações etc.
para alcançar a resolução da tarefa. Nesse contexto, a
intervenção do adulto provocará o desenvolvimento
dessas funções em processo de maturação, que
caminharão no sentido de consolidar-se como
desenvolvimento real da criança.
Para finalizar Ufa!!! Quantos conceitos! Quantas reflexões! Quantas dúvidas! Tudo
isso nos inspira a continuarmos os nossos estudos, nossas
pesquisas acerca do que foi apresentado aqui.
Pelo caráter sintético deste módulo, sugerimos aprofundar os estudos
por meio da leitura do texto: “A zona de desenvolvimento próximo
na análise de Vigotski sobre aprendizagem e ensino”. Sugerimos
também o filme “O contador de histórias”, o qual retrata a vida do
personagem Roberto Carlos. Acreditamos que vale a pena ver o
filme, a fim de obter uma maior compreensão sobre a importância da
mediação e da qualidade das relações sociais para o
desenvolvimento humano!!!!
Até uma próxima oportunidade
de nos reencontrarmos!
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