módulo ix os argumentos cosmológico e teleológico
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Curso Ciência e Fé Módulo IX – Os Argumentos Cosmológico e Teleológico © Bernardo Motta [email protected] http://espectadores.blogspot.com
Curso Ciência e Fé
! I – Introdução
! II – Filosofia Grega e Cosmologia Grega
! III – Filosofia Medieval e Ciência Medieval
! IV – Inquisição e Ciência
! V e VI – O Caso Galileu
! VII – A Revolução Científica
! VIII – Darwin e a Igreja Católica
! IX – Os Argumentos Cosmológico e Teleológico
! X – Filosofia da Mente e Inteligência Artificial
! XI – Milagres e Ciência
! XII – Concordância entre Cristianismo e Ciência
1. Introdução
2. O Argumento Cosmológico
3. O Argumento Teleológico
4. Conclusão
Índice
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Universo Necessário ! Auto-suficiente e auto-subsistente
! Contém a sua própria explicação
! As constantes físicas não poderiam ter valores diferentes dos que têm
! As leis da Natureza não poderiam ser diferentes do que são
! Compreensível a priori pelo intelecto…
! … porque sendo necessário, nem sequer teria que ser observado para ser
compreendido!
Universo Contingente ! Ontologicamente dependente (podia não ser
assim, ou podia nem sequer existir)
! A sua existência requer explicação
! As constantes físicas poderiam ter valores diferentes dos que têm
! As leis da Natureza poderiam ser diferentes do que são
! Compreensível a posteriori pelo intelecto, sem dispensar a observação empírica…
! … porque não sendo necessário, há que “abrir os olhos” e ver como as coisas são!
Introdução
O Universo tem que ser contingente ! Se assim não fosse, nada no Universo poderia ser diferente do que é!
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Introdução
Criador e Criação ! O Criador é livre
! Um Universo contingente só existe por causa de uma decisão livre
! Deus não estava obrigado a criar este (ou qualquer outro) Universo
! O Criador cria “fora” do tempo e do espaço
! Estamos “formatados” para pensar de forma temporal (sequencial)
! A Criação está sempre em curso, no “eterno presente” de Deus
! A Criação é o acto pelo qual Deus mantém o Universo em “ser”
! O Criador não é uma causa física (natural)
! Deus não “dá à corda” ao Universo, deixando-o a trabalhar
! O “Big Bang” não é um “empurrão” de Deus
! Deus é a causa primeira, absolutamente transcendente ao Universo
! O Criador não é complexo (apesar de o Universo ser complexo)
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1. Introdução
2. O Argumento Cosmológico
3. O Argumento Teleológico
4. Conclusão
Índice
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Versão de William Lane Craig (1949-) ! Premissa 1: Tudo o que não existe desde sempre deve a sua existência a algo distinto de si mesmo
! Premissa 2: O Universo não existe desde sempre
! Conclusão (MP, 1,2): Logo, o Universo deve a sua existência a algo distinto de si mesmo
! P: “algo não existe desde sempre”
! Q: “algo deve a sua existência a algo distinto de si mesmo”
Regra “modus ponens” 1. P → Q 2. P 3. Q
O Argumento Cosmológico "Kalam"
Uma vez provadas as Premissas, pela regra “modus ponens”, a Conclusão está provada e é inevitável: decorre das leis da Lógica!
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Demonstração da Premissa 1: “Tudo o que não existe desde sempre deve a sua existência a algo distinto de si mesmo”
! Objecção: “e se uma coisa for a causa da sua própria existência?”
! “A” seria a causa da existência de “A”…
! Se “A” não existe desde sempre, então antes de “A” existir, “A” não existia
! No entanto, apesar de “A” não existir, “A” fez surgir “A”, o que é absurdo!
! Objecção: “na mecânica quântica há fenómenos sem causa”, como a materialização espontânea de pares de partículas virtuais (partícula e antipartícula)
! Há pelo menos 14 interpretações filosóficas da mecânica quântica (4 determinísticas)
! Mesmo segundo a interpretação de Copenhaga (indeterminista), as partículas virtuais não surgem “do nada”: são flutuações espontâneas da energia de vácuo
! Essa energia, em sentido aristotélico, é a causa material do par de partículas
! Um fenómeno espontâneo é imprevisível, o que não é o mesmo que não causado
! O eventual indeterminismo quântico não implica a ausência de causas dos fenómenos
! O princípio da incerteza de Heisenberg é epistémico (reflecte uma incerteza no nosso conhecimento), e não ontológico (não implica uma incerteza real) 8
O Argumento Cosmológico "Kalam"
Demonstração da Premissa 1: “Tudo o que não existe desde sempre deve a sua existência a algo distinto de si mesmo”
! Objecção: “A Ciência vai provar, um dia, que a causa do Universo está no Universo”
! Nunca haverá essa prova definitiva: tese Jaki-Gödel ! Teoremas da Incompletude do matemático Kurt Gödel (1930)
! Num sistema formal consistente com regras básicas de lógica e de aritmética…
! … há proposições que não podem ser nem provadas nem refutadas partindo dos axiomas e usando as regras internas do sistema – proposições indecidíveis
! Um sistema formal só é completo se não contiver proposições indecidíveis
! Então: 1) não há sistemas formais consistentes e completos
! Então: 2) um sistema formal ou é inconsistente ou é incompleto
! Ou seja, não é possível provar a completude de um sistema formal consistente usando os seus axiomas e as suas regras internas!
! A Física baseia-se na matemática; logo, está sujeita aos Teoremas de Gödel
! A Física não se pode apoiar em sistemas formais inconsistentes (com contradições)
! Logo, a Física apoiar-se-á sempre em sistemas formais incompletos
! Pode-se vir a descobrir uma “teoria de tudo”, mas não se poderá provar que é a última! 9
O Argumento Cosmológico "Kalam"
Demonstração da Premissa 2: “O Universo não existe desde sempre”
! Argumentos filosóficos:
! Não existe um infinito actual (apenas potencial)
! Não existe uma regressão infinita de eventos temporais
! Senão, nunca chegaríamos ao presente
! Argumentos científicos:
! A solidez do Modelo Standard (Friedmann-Lemaître-Robertson-Walker: “Big Bang”)
! Os Teoremas da Singularidade de Hawking e Penrose (1970)
! O Teorema da Singularidade de Borde, Guth e Vilenkin (2003)
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O Argumento Cosmológico "Kalam"
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O Argumento Cosmológico "Kalam"
Demonstração da Premissa 2: “O Universo não existe desde sempre”
! Teoremas da Singularidade de Hawking e Penrose (1970)
! Singularidade espacial: massa concentrada num só ponto (volume zero)
! Singularidade temporal: luz emitida por região com curvatura infinita do espaço-tempo
! Numa singularidade, as quantidades usadas para medir o campo gravítico no modelo da Relatividade Geral tornam-se infinitas (p. ex.: curvatura infinita do espaço-tempo)
! Incompletude geodésica: existem percursos (geodésicas) no espaço-tempo que não podem ser percorridos em tempo infinito por terminarem numa singularidade
! Hawking e Penrose demonstraram que, desde que o Universo seja regulado pela Relatividade Geral de Einstein, o seu passado irá incluir uma singularidade
! Escapar aos Teoremas da Singularidade de Hawking e Penrose…
! Closed Timelike Curves (CTCs): “máquinas do tempo” (permitidas pela Rel. Geral)
! Modelo algo “louco”, implicando o tempo fechado sobre si mesmo
! Violação da Condição de Energia Forte: inflação eterna/caótica
! Falsidade da Relatividade Geral na fase inflaccionária: gravidade quântica? 12
O Argumento Cosmológico "Kalam"
Demonstração da Premissa 2: “O Universo não existe desde sempre”
! Teorema da Singularidade de Borde, Guth e Vilenkin (2003)
! Desde que Hav>0 (o Universo tenha estado, em média, em expansão)…
! … as geodésicas nulas e temporais são incompletas no passado
! Ou seja, a idade do Universo é finita
! O teorema é válido para Universos não sujeitos à Relatividade Geral
! O teorema é válido para Universos multidimensionais
! Como escapar ao Teorema de Borde, Guth e Vilenkin…
! Contracção infinita (Hav<0): neste caso, o Universo esteve em contracção desde o passado infinito até chegar a um “big crunch”, seguido de um “big bang”; modelo instável, requer afinação incrivelmente precisa antes do “big crunch”
! Estaticidade assimptótica (Hav=0, porque H(∞)=0): neste caso, no infinito temporal, o Universo deixará de se expandir; modelo instável, requer afinação precisa
! Universo cíclico (Hav=0): já deveria estar em equilíbrio termodinâmico
! Tempo exótico: inversão temporal na singularidade (t → -∞ “antes” da singularidade) 13
O Argumento Cosmológico "Kalam"
William Lane Craig (1949-) ! Premissa 1: Tudo o que não existe desde sempre deve a sua existência a algo distinto de si mesmo
! Premissa 2: O Universo não existe desde sempre
! Conclusão (MP, 1,2): Logo, o Universo deve a sua existência a algo distinto de si mesmo
! P: “algo não existe desde sempre”
! Q: “algo deve a sua existência a algo distinto de si mesmo”
Regra “modus ponens” 1. P → Q 2. P 3. Q
O Argumento Cosmológico "Kalam"
Uma vez provadas as Premissas, pela regra “modus ponens”, a Conclusão está provada e é inevitável: decorre das leis da Lógica!
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William Lane Craig (1949-) ! Premissa 1: Se o Universo não existe desde sempre, então deve a sua existência a algo distinto de si mesmo
! Premissa 2: O Universo não existe desde sempre
! Conclusão (MP, 1,2): Então, o Universo deve a sua existência a algo distinto de si mesmo
! P: “O Universo não existe desde sempre”
! Q: “O Universo deve a sua existência a algo distinto de si mesmo”
O Argumento Cosmológico "Kalam" – versão "modesta"
Uma vez provadas as Premissas, pela regra “modus ponens”, a Conclusão está provada: decorre das leis da Lógica!
Regra “modus ponens” 1. P → Q 2. P 3. Q
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Segundo Craig, a causa do Universo… ! Não é espacial, não é temporal, não é material, não é energética
! O espaço-tempo não se prolonga infinitamente para o passado
! Logo, o espaço-tempo não existe desde sempre
! Logo, a causa do Universo transcende o espaço-tempo
! Matéria e energia fazem parte da realidade do Universo
! A causa do Universo, por ser distinta deste, não é composta por matéria ou energia
! É dotada de vontade e de livre arbítrio, é um agente livre
! O Universo é o efeito de uma causa sobrenatural ("fora" do âmbito da Natureza)
! Logo, o surgimento do Universo não se explica por leis científicas e estados anteriores
! Excluída uma causa de tipo natural (científica), resta supor um agente livre
! Será uma mente?
! Só concebemos dois tipos de entidades imateriais: mentes e conceitos abstractos
! Mas os conceitos abstractos (p. ex.: números) não são agentes nem causam nada!
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O Argumento Cosmológico "Kalam"
Porque razão existe algo em vez de nada? ! O cristão diz que nada existiria sem um ser cuja inexistência é impossível (ser necessário)
! Mais concretamente, o aristotélico-tomista diz que:
! A essência desse ser é existir (essência e existência são idênticas em Deus)
! Esse ser é que concede a existência a tudo o que existe
! Logo, nada existiria sem esse ser, que é “o Ser”!
! Esse ser necessário, não causado, é a “causa primeira” que dá existência ao Universo
! Pelo contrário, o ateu só pode dizer…
! … Que a inexistência do Universo é impossível (Universo necessário e eterno), ou…
! … Que o Universo é a causa da sua existência (Universo necessário e eterno), ou…
! … Que o Universo, a certa altura, surgiu do nada, sem causa e para nada!
O Argumento Cosmológico
O ateísmo é filosoficamente absurdo e incompatível com o conhecimento científico dos nossos tempos!
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Desvantagens do Argumento Cosmológico “kalam” (ACK) ! Não é tão sólido quanto as provas tomistas (primeira, segunda e terceira vias):
! A segunda premissa do ACK, “O Universo não existe desde sempre”, é vulnerável:
! A uma eventual nova filosofia do tempo que explicasse um Cosmos eterno
! A eventuais (mesmo que remotas) provas científicas da eternidade do Cosmos
! A primeira premissa é irrefutável, mas se a segunda for falsa, o ACK cai por terra…
! As provas tomistas, apesar de muito criticadas e tidas por inválidas, nunca foram refutadas
! As provas tomistas não dependem, e nunca dependeram, do conhecimento científico
! Nenhuma descoberta científica futura pode enfraquecer as provas tomistas
! Sendo puramente metafísicas, tais provas são sempre e necessariamente válidas
O Argumento Cosmológico
Apesar do seu interesse filosófico-científico, o ACK não é tão sólido quanto as três primeiras provas filosóficas de São Tomás
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1. Introdução
2. O Argumento Cosmológico
3. O Argumento Teleológico
4. Conclusão
Índice
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Introdução
! Argumento filosófico a favor da finalidade (“telos”, em grego) do Universo
! Assenta no facto científico da “afinação” (“fine tuning”) do Universo:
! “Afinação” das leis da natureza
! “Afinação” das constantes da natureza
! “Afinação” das condições iniciais do Universo
! Quatro explicações possíveis:
1. O Universo só podia ser assim: porquê?
2. O Universo podia não ser assim, mas é assim: pura sorte?
3. Existem inúmeros Universos, e o nosso está “afinado”: como provar?
4. O Universo foi criado por um ser inteligente
O Argumento Teleológico
A explicação teleológica é a mais racional! 20
A “afinação” do Universo
! Definição rigorosa de “afinação”
! Diz-se que uma constante C está “afinada” para a existência de vida se:
! WVPV é a gama de valores possíveis para a constante C que permitem a vida
! Ou seja, se a constante C tivesse valores fora dessa gama, a vida não seria possível
! WVC é uma gama adequada de valores de comparação para a constante C
! A discussão em torno da gama de comparação é polémica e ainda está em curso!
! Essa discussão é importante para quantificar as “afinações”, mas não há como negá-las!
! Robin Collins é um filósofo norte-americano que se tem destacado nesta discussão
O Argumento Teleológico
1<<VC
VPV
WW
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A “afinação” do Universo
! Quatro forças fundamentais da Natureza
! Força gravítica
! Força electromagnética
! Força nuclear forte
! Força nuclear fraca
! A força forte mantém a coesão do núcleo atómico
! A força electromagnética causa atracção/repulsão entre partículas com carga eléctrica
! Uma variação de mais de 0,5% na força forte…
! … ou de mais de 4% na força electromagnética…
! … resultaria:
! Na destruição de todo o Carbono estelar
! Na destruição de todo o Oxigénio estelar
! Não conhecemos qualquer forma de vida sem Carbono ou sem Oxigénio
O Argumento Teleológico
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A “afinação” do Universo
! Para a existência de 92 elementos estáveis, a estrutura dos núcleos tem que ser estável
! A força forte tem que estar muito equilibrada com a força electromagnética
O Argumento Teleológico
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A “afinação” do Universo
! O processo triplo-alfa e o nível de energia do Carbono 12
! Como surgiram as partículas mais pesadas que o 4He, dado que não há átomos estáveis com 5 ou 8 partículas no núcleo?
! O 5Li (5 nucleões) e o 8Be (8 nucleões) são instáveis
! O processo triplo-alfa explica o surgimento de 12C pela colisão de 8Be com 4He
! Os cálculos teóricos previam muito menos 12C do que o existente no Universo
! Como surgiu o restante Carbono 12?
! Graças à ressonância do seu nível de energia, que amplifica o processo triplo-alfa!
O Argumento Teleológico
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A “afinação” do Universo
! A proporção entre a massa do protão e a massa do neutrão
! O neutrão, fora do núcleo, é instável: decai em 15 minutos gerando um protão (p), um electrão (e-) e um antineutrino de electrão (νe)
! O protão é estável porque não tem energia suficiente para decair (Ep ≈ 99,86% En)
! Se o protão fosse apenas 0,14 % mais pesado, não seria estável; o Hidrogénio não existiria, nem a água, nem os compostos orgânicos como os conhecemos
! Se o neutrão fosse apenas 0,15% mais pesado, o processo pelo qual uma estrela consome Hidrogénio não operaria: não teríamos estrelas!
O Argumento Teleológico
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A “afinação” do Universo ! A energia de expansão do Universo “compete” com a força gravítica ! A densidade crítica é o limite a partir do qual a gravidade vence: 5 átomos por metro cúbico ! A densidade actual é 30% da densidade crítica (Universo em expansão) ! Perto do Big Bang, a densidade manteve-se praticamente igual à critica
O Argumento Teleológico
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O Argumento Teleológico
A escala do Universo
! Das ínfimas partículas subatómicas (raio do electrão ~10-20m)…
! … aos enormes aglomerados de galáxias (~1023m)…
! ... o tamanho do ser humano está aproximadamente a meio da escala logarítmica!
! Este exemplo é apresentado como curiosidade, e não como uma “afinação” rigorosa
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Versão de Robin Collins (“The Blackwell Companion to Natural Theology”, 2009)
! UAV: Universo Afinado para a Vida (facto)
! T: Hipótese teísta (existe um ser inteligente que criou o Universo, i.e., Deus)
! N: Hipótese naturalista: só existe um Universo – o nosso – cuja existência é um facto bruto
! As hipóteses T e N excluem-se mutuamente, pois a hipótese N nega a existência de Deus
! A probabilidade do facto UAV dada a tese N é extremamente baixa:
! Mas a probabilidade do facto UAV dada a tese T não é inverosímil:
! Pelo princípio da verosimilhança:
! T é uma hipótese sugerida muito antes (e independentemente) de sabermos o facto UAV
! Pelo princípio da verosimilhança, o facto UAV reforça fortemente a hipótese T face à N
O Argumento Teleológico
O Argumento Teleológico é probabilístico: não nos dá certeza absoluta!
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O Argumento Teleológico
Como escapar à conclusão?
! Recorrer ao “Multiverso”
! O nosso Universo seria apenas um de muitos “domínios” de um “Multiverso”
! O “Multiverso” seria regido por leis mais gerais, comuns a todos os “domínios”
! O problema: o “Multiverso” continua baseado em leis universais que unem os “domínios”
! Tais leis universais, e respectivas constantes, vão apresentar “afinação”!
! Recorrer a infinitos universos
! É como jogar infinitas vezes na lotaria: a certa altura vamos ganhar de certeza!
! Todas as combinações das variáveis físicas estariam presentes num dado universo
! Existiriam infinitos universos para esgotar todas essas combinações
! Se todos estes universos tivessem que existir, o nosso também teria que existir!
! A teoria dos “infinitos universos” (inacessíveis, logo, indemonstráveis) é o suicídio científico!
Para “escapar” à existência de um Deus cientificamente indemonstrável, sugerem-se infinitos universos cientificamente indemonstráveis?...
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Desvantagens do Argumento Teleológico de Collins (ATC) ! Não é tão sólido quanto a quinta via tomista (pela causa final)
! O ATC é um argumento probabilístico: perante o grau de “afinação” do Universo, é muito mais provável que o Universo se deva a um ser inteligente do que ao acaso
! A quinta via é um argumento dedutivo: a conclusão decorre das premissas
! Conhecimento científico futuro pode tornar menos improvável a “afinação” do Universo
! Conhecimento científico futuro pode enfraquecer consideravelmente o ATC
! A quinta via tomista nunca foi refutada
! A quinta via tomista não depende, e nunca dependeu, do conhecimento científico
! Nenhuma descoberta científica futura pode enfraquecer essa prova tomista
! Sendo puramente metafísica, tal prova é sempre e necessariamente válida
O Argumento Teleológico
Apesar do seu interesse filosófico-científico, o Argumento Teleológico de Robin Collins não é tão sólido quanto a quinta via de São Tomás
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1. Introdução
2. O Argumento Cosmológico
3. O Argumento Teleológico
4. Conclusão
Índice
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O “argumento central” contra Deus, de Richard Dawkins ! Richard Dawkins apresenta-o em “The God Delusion”, p. 198-199
1. O maior desafio é explicar a complexa e improvável aparência de um design criador
2. A tentação natural é atribuir a aparência de design ao próprio design
3. A tentação anterior é falsa: quem criou esse criador do design?
4. Pelo contrário, a evolução darwiniana explica a complexidade a partir da simplicidade: um “guindaste” (“crane”) assente no chão em vez de uma série de “ganchos” (“hooks”) vindos do céu
5. No entanto, ainda não há algo semelhante ao darwinismo para a Física, que explique o aparente design do universo: será o multiverso? O princípio antrópico dá-nos direito de aceitar a sorte que temos em estar no universo certo
6. Não devemos desistir de esperar por um “guindaste” que explique o design do universo; até lá, ficamos com o princípio antrópico (“sorte”), que é melhor que ganchos no céu
! Logo, é quase certo que Deus não existe!
Conclusão
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O “argumento central” contra Deus, de Richard Dawkins ! Dawkins não refutou o argumento teleológico
! A pretensa “refutação” de Dawkins está mal estruturada: não se percebe onde estão as premissas e como está montado o argumento, pois ele não segue as regras da lógica e dos silogismos
! “Who designed the Designer?”, pergunta Dawkins:
! Uma explicação não é má ou inútil só porque não temos uma explicação da explicação
! Senão todo o conhecimento humano cairia por Terra
! É irracional só aceitar uma explicação E1, se tivermos uma explicação E2 que explica E1, e uma explicação E3 que explica E2, e uma explicação E4 que explica E3, e assim por diante … até ao infinito!
! Nunca se explicaria nada!
! Recorrer ao multiverso para tentar fugir do “design” é uma solução “ad hoc”
! Apelar à sorte é irracional: “estamos aqui, não estamos?”
! Recorrer a “guindastes” e “ganchos” não salva um mau argumento
Conclusão
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O argumento de Richard Dawkins contra a explicação divina ! Dawkins pretende que Deus não pode ser uma explicação para o Cosmos
! Afirma que, nesse caso, Deus seria mais complexo que o Cosmos
! E diz que devemos abandonar a explicação divina por ser mais complexa
! Há, pelo menos, três erros fatais com este argumento:
1. O cristianismo afirma que Deus é simples; aliás, o ente mais simples
2. Mesmo que Deus fosse mais complexo do que o Cosmos...
! ... Deus poderia ser uma boa explicação para o Cosmos
! Afinal... Dawkins é mais complexo que qualquer um dos seus livros!
! E no entanto, Dawkins é uma excelente explicação para a existência de qualquer um dos dos seus livros
3. E como vimos no “slide” anterior, não precisamos de ter uma explicação da explicação para esta ser uma boa explicação
Conclusão
O ateísmo de Richard Dawkins é filosoficamente rudimentar e insuficiente! 34