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1 Projeto Apoio ao Desenvolvimento de Sistemas Regionais de Atenção Integrada à Saúde / Regiões de Saúde Modelos de organização de serviços de reabilitação: uma revisão da literatura Autores: Tatiana Yonekura Nancy Molina Achury Armando De Negri São Paulo 2013

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Projeto Apoio ao Desenvolvimento de Sistemas Regionais de Atenção

Integrada à Saúde / Regiões de Saúde

Modelos de organização de serviços de

reabilitação: uma revisão da literatura

Autores:

Tatiana Yonekura Nancy Molina Achury

Armando De Negri

São Paulo

2013

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Sumário

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 4

2. Objetivos ......................................................................................................... 17

2.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 17

2.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 17

3. Finalidade ........................................................................................................ 17

4. Procedimentos metodológicos ......................................................................... 19

4.1 Critérios de inclusão .................................................................................................... 19

4.1.1 Tipos de estudo ................................................................................................... 19

4.1.2 Fenômenos de interesse ............................................................................................ 19

4.2 Critérios de exclusão ................................................................................................... 19

4.3 Estratégia de busca ..................................................................................................... 20

4.3.1 Bases de dados .................................................................................................... 20

4.3.2 Descritores .......................................................................................................... 20

4.4 Forma de avaliação crítica ................................................................................................. 20

4.5 Forma de descrição dos dados .......................................................................................... 20

4.6 Forma de análise dos dados .............................................................................................. 21

5. Resultados .......................................................................................................... 23

5.1 Características dos estudos ............................................................................................... 24

5.2 Síntese dos dados .............................................................................................................. 25

5.2.1 Literatura científica .................................................................................................... 25

5.2.2 Análise da literatura cinza .............................................................................................. 47

Experiência de Portugal....................................................................................................... 47

Experiência de Escócia (Scottish Executive, 2007) .............................................................. 51

Experiência de Cuba ............................................................................................................ 57

Experiência do Canadá ........................................................................................................ 63

Experiência da Espanha ....................................................................................................... 66

Experiência do Japão ........................................................................................................... 69

Experiência do Brasil ........................................................................................................... 72

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Rede Sarah de Hospitais de reabilitação ............................................................................. 72

Rede de Reabilitação Lucy Montoro ................................................................................... 76

Núcleo de Apoio à Saúde da Família ................................................................................... 80

Viver sem Limite .................................................................................................................. 81

Outros Projetos na área de reabilitação descritos na literatura cinza ................................ 83

Legislações Nacionais .......................................................................................................... 84

Recomendações ..................................................................................................... 87

6 Referências bibliográficas .................................................................................... 91

Apêndices .............................................................................................................. 95

Anexos ................................................................................................................. 101

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Introdução

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho congrega parcela de um projeto maior denominado “Apoio ao

Desenvolvimento de Sistemas Regionais de Atenção Integrada a Saúde / Regiões de

Saúde.”, cujo objetivo geral é de potencializar um conjunto de capacidades

estratégicas na gestão regional aplicada a gestores municipais e estaduais e promover

o desenho de modelos integrados de serviços em redes.

Reabilitação pode ser definida como a restauração do máximo potencial

funcional no decorrer de uma doença, ferimento ou da ocorrência de um dano (Shaw,

2004). Segundo a OMS, a reabilitação é “um conjunto de medidas que ajudam pessoas

com deficiências ou prestes a adquirir deficiências a terem e manterem uma

funcionalidade ideal na interação com seu ambiente” (OMS, 2011, p.100). Pode ser

definida também como uma estratégia para equalização de oportunidades e

integração social de todas as pessoas com deficiência (WHO). A Figura 1 descreve o

processo de reabilitação, descrita pela OMS.

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Figura 1 – O processo de reabilitação.

Fonte: OMS (2011).

Serviços de reabilitação são conceituados como serviços de suporte que

proporcionam a gestão de doenças neuromuscular e musculoesquelético que alteram

o estado funcional. Realizam intervenções clínicas, psicossociais e funcionais (Chen,

2009)

A reabilitação é um processo global e dinâmico com o objetivo de recuperar a

saúde física e psicológica da pessoa portadora de deficiência ou com funções

prejudicadas por doença ou evento traumático. Tem como meta final a reintegração

social do paciente (Ribeiro, Barter, 2010). Entretanto, a reabilitação não pode ser

considerada uma estratégia isolada, mas sim uma estratégia integrada ao tratamento

do usuário (Lavin et al, 2005).

A Portaria nº 1.060/GM de 2002 definiu que a pessoa portadora de deficiência

é “aquela que apresenta, em caráter permanente, perdas ou anormalidades de sua

estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, que gerem incapacidade

para o desempenho de atividades dentro do padrão considerado normal para o ser

humano."

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Os conceitos de funcionalidade e incapacidade são descritos pela OMS (CCOMS,

2003, p.13): “Funcionalidade é um termo que abrange todas as funções do corpo,

atividades e participação; de maneira similar, incapacidade é um termo que abrange

deficiências, limitação de atividades ou restrição na participação.”

As Classificações Internacionais de Saúde, produzidas pela Organização Mundial

da Saúde (OMS), representam modelos consensuais que podem ser utilizados pelos

governos, gestores e usuários a nível mundial, através de uma linguagem comum.

Estas classificações facilitam o armazenamento, recuperação, análise e interpretação

dos dados consistentes, além de permitir comparações dos dados ao longo do tempo,

em populações e entre populações1.

A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde

(International Classification of Functioning, Disability and Health), mais comumente

conhecida como CIF, é uma classificação da OMS de domínios com descrição da saúde

e estados relacionados à saúde, relacionados às perspectivas corporais, individuais e

sociais. Uma vez que a funcionalidade e a incapacidade de um indivíduo ocorrem em

um contexto, o ICF também inclui uma lista de fatores ambientais2. A CIF é composta

por duas partes (CCOMS, 2003):

(1): Funcionalidade e incapacidade – com os componentes

- Funções do corpo e estruturas do corpo

- Atividades e participação

(2): Fatores contextuais

- Fatores ambientais

- Fatores pessoais

A Figura 2 descreve a CIF de acordo com as diferentes partes.

Em comparação à versão de 1980, a classificação da CIF passou de

“consequência da doença” para “componentes as saúde” e possibilita “uma

abordagem com múltiplas perspectivas da classificação da funcionalidade e da

incapacidade como um processo interativo e evolutivo” (CCOMS, 2003, p.30).

1 Disponívels em: http://www.who.int/classifications/en/ Acesso em: 03/06/2013

2 Disponível em: http://www.who.int/classifications/icf/en/index.html Acesso em: 03/06/2013

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Figura 2 – Uma visão geral da CIF.

Fonte: CCOMS, 2003.

A Figura 3 mostra a relação entre estado ou condição de saúde e fatores

contextuais.

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Figura 3 - Interações entre os componentes da CIF

Fonte: CCOMS, 2003.

A CCOMS (2003) exemplifica experiências de saúde com diferentes

limitações e deficiências (Quadro 1):

Quadro 1 – Diferentes condições de saúde e exemplos.

Condição de saúde Exemplo

Ter deficiências sem limitações de

capacidade

Uma desfiguração resultante da doença

de Hansen pode não ter efeito sobre a

capacidade da pessoa

Ter problemas de desempenho e

limitações de capacidade sem

deficiências evidentes

Redução de desempenho nas atividades

diárias associadas a várias doenças

Ter problemas de desempenho sem

deficiências ou limitações de

capacidade

Indivíduo HIV-positivo que enfrenta

estigma ou discriminação nas relações

interpessoais ou no trabalho

Ter limitações de capacidade sem

assistência e nenhum problema de

desempenho no ambiente habitual

Indivíduo com limitações de mobilidade

pode receber tecnologia de assistência da

sociedade para se movimentar

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Experimentar um grau de influência

em sentido contrário

Inatividade dos membros pode levar à

atrofia muscular; a institucionalização

pode resultar em perda das habilidades

sociais

Fonte: CCOMS (2003).

O Institute of Medicine´s Crossing the Quality Cahsm estabeleceu seis domínios

para o cuidado em reabilitação: Segurança; Efetividade; Eficiência; Personalização;

Tempo; e Equidade.

Carreiro, Santos e Rodrigues (2013) identificaram que usuários com doença

pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) de um programa de reabilitação respiratória

apresentavam importantes comorbidades associadas como doenças metabólicas,

cardiovasculares, respiratórias, ansiedade/depressão e patologia osteoarticular. Yeng

et al (2007) recomendam que a reabilitação aos usuários com dor crônica não deve

assistir unicamente a dor, mas também assistir o indivíduo como um todo.

Assim, é possível afirmar que as necessidades dos usuários vão além da

necessidade de reabilitação primária e que os serviços de reabilitação devem

considerar estes importantes aspectos.

Chen e Yang (2009) reiteram que o cuidado em reabilitação deve respeitar os

valores e responder às necessidades dos usuários. Estes devem ter o controle do

tratamento e ter suas necessidades antecipadas.

O Artigo 26 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que

foi realizado em 2007 em Brasília para o monitoramento e cumprimento das

obrigações do Estado em relação aos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e

culturais, ressalta a importância dos serviços e programas de reabilitação.

Os Estados Partes tomarão medidas efetivas e apropriadas, inclusive mediante apoio dos pares, para possibilitar que as pessoas com deficiência conquistem e conservem o máximo de autonomia e plena capacidade física, mental, social e profissional, bem como plena inclusão e participação em todos os aspectos da vida. Para tanto, os Estados Partes organizarão, fortalecerão e ampliarão serviços e programas

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completos de habilitação e reabilitação, particularmente nas áreas de saúde, emprego, educação e serviços sociais (Brasil, 2007, p.30).

A demanda por serviços de reabilitação cresceu na última década e segundo

Landry (2008), quatro fatores estão relacionados a este evento: crescimento da

população idosa, aumento das doenças crônicas e complexidade das condições

clínicas, avanço nos tratamentos e manejo de doenças e aumento da expectativa

pública.

No Canadá, a demanda por serviço irá variar entre 2006 e 2016, com aumento

de 24% para usuários com necessidade de reabilitação decorrente do diabetes e queda

de 19% para usuários que realizaram artroplastia (Landry et al, 2008).

Lowry (2010) relata que os serviços de reabilitação no Canadá para usuários

que sofreram AVC não são adequados, em relação ao tratamento, serviços

ambulatoriais, leitos e financiamento. O autor relata que três a cada quatro usuários

que sofreram AVC necessitam reabilitação após internação hospitalar. Alguns

problemas são descritos para a inadequação dos serviços: geografia do Canadá que

dificulta a provisão de serviços e leitos em todo o território, pequeno número de

trabalhadores qualificados, principalmente, em pequenos centros, recrutamento e

continuidade do trabalhador em áreas rurais (Lowry, 2010).

Segundo estimativas da OMS (2011):

Mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo convivem com alguma forma de deficiência, dentre os quais cerca de 200 milhões experimentam dificuldades funcionais consideráveis. Nos próximos anos, a deficiência será uma preocupação ainda maior porque sua incidência tem aumentado. Isto se deve ao envelhecimento das populações e ao risco maior de deficiência na população de mais idade, bem como ao aumento global de doenças crônicas tais como diabetes, doenças cardiovasculares, câncer e distúrbios mentais. Em todo o mundo, as pessoas com deficiência apresentam piores perspectivas de saúde, níveis mais baixos de escolaridade, participação econômica menor, e taxas de pobreza mais elevadas em comparação às pessoas sem deficiência. Em parte, isto se deve ao fato das pessoas com deficiência enfrentarem barreiras no acesso a serviços (...) como saúde, educação, emprego,

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transporte, e informação. Tais dificuldades são exacerbadas nas comunidades mais pobres (OMS, 2011, p. 11).

A prevalência de pessoas com necessidade de reabilitação é entre 0,8% e 11,5%

e 70 milhões de pessoas no mundo necessitam utilizar serviço de reabilitação visual,

entretanto somente 5-10% têm acesso a estes serviços. Inúmeros problemas são

relatados na literatura (Shaw, 2004; O´Connor, 2008; Barter, 2010; Lowry, 2010;

Killaspy, 2013):

Na Austrália, há pouca oferta de serviço de reabilitação visual público e

privados;

No Canadá, a espera por atendimento ambulatorial pode chegar a seis

meses;

Desigualdade entre região urbana e rural e enorme discrepância

regional;

População desconhece serviços de reabilitação.

Os serviços de reabilitação mental ingleses são poucos, apresentam alta

necessidade e alto custo com usuários com problemas complexos.

Há inadequado planejamento do transporte público para pessoas com

deficiência em Papua Nova Guiné;

No Brasil, há escassez de trabalhadores habilitados/especializados em

reabilitação do idoso.

Grandes fragilidades são descritas na implantação das políticas públicas

para o atendimento de reabilitação no Brasil.

McElligott et al (2011) ressaltam que estudos epidemiológicos europeus

identificaram associação positiva entre situação econômica dos países,

desenvolvimento do sistema de saúde e os resultados de usuários com traumatismo

crânio-encefálico.

A OMS divulgou em 2011 as prevalências estimadas de deficiências graves e

moderadas por região, sexo e idades, evidenciando a importe diferença regional

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mundial (Figura 4). Segundo os dados do Censo de 2010, 45 milhões de pessoas

declararam possuir algum tipo de deficiência no Brasil3.

Figura 4 - Prevalência estimada de deficiências graves e moderadas, por região, sexo, e

idade, estimativas da Carga Global de Doenças para 2004

Fonte: OMS (2011).

3 Disponível em:

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/caracteristicas_religiao_deficiencia/default_caracteristicas_religiao_deficiencia.shtm Acesso em: 22/04/2013

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Em relação à desigualdade social, a OMS (2011) identificou maiores

prevalências de pessoas com deficiência em países de renda baixa (Figura 5) e

desvantagens das pessoas com deficiências em termos da educação e mercado de

trabalho.

Figura 5 – Prevalência de deficiências específicas por idade, resultante de níveis

funcionais em múltiplas áreas, em 59 países, por nível de renda e sexo de cada país.

Fonte: OMS (2011)

Segundo dados de estudos epidemiológicos, a maioria dos usuários dos serviços

de reabilitação era idosa, no que se refere à reabilitação de baixa acuidade visual na

Austrália (média de 71,8 anos) e reabilitação de cirurgia de substituição de joelho e

quadril nos EUA (média de 71,4 anos) (O´Connor, Lamoureux, Keeffe, 2008; DeJong et

al, 2009)

A OMS (2011) realizou entre 2002 e 2004 uma pesquisa para identificar as

necessidades satisfeitas e não satisfeitas que demonstrou importantes diferenças em

termos das pessoas com deficiência e não deficientes (Figura 6).

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Figura 6 - Pessoas que buscam a assistência médica e não recebem a atenção

necessária.

Fonte: OMS (2011).

No Relatório Mundial sobre a Deficiência, a OMS descreve nove ações

recomendadas e ressalta que:

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Implementar as recomendações requer o envolvimento de vários setores – saúde, educação, proteção social, trabalho, transporte, moradia – e diferentes agentes – governos, organizações da sociedade civil (incluindo organizações de pessoas com deficiência), profissionais, setor privado, e as pessoas com deficiência e suas famílias (OMS, 2011, p. 272).

Recomendação 1: Permitir o acesso a todas as políticas, sistemas e

serviços;

Recomendação 2: Investir em programas e serviços específicos para

pessoas com deficiência;

Recomendação 3: Adotar estratégia e plano de ação para deficiência em

âmbito nacional;

Recomendação 4: Envolver as pessoas com deficiência;

Recomendação 5: Melhorar a capacidade dos recursos humanos;

Recomendação 6: Oferecer financiamento adequado e melhorar a

acessibilidade econômica

Recomendação 7: Aumentar a conscientização pública e o

entendimento das deficiências;

Recomendação 8: Aumentar a base de dados sobre deficiência;

Recomendação 9: Fortalecer e apoiar à pesquisa sobre deficiência

Assim, a deficiência pode ser considerada uma importante condição com

grande impacto econômico e social para os indivíduos, famílias e comunidades. Os

serviços de saúde devem estar preparados para responder às necessidades sociais e de

saúde dos usuários, considerando as diferenças sociais.

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Objetivos

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2. Objetivos

2.1 Objetivo geral

Identificar os modelos de serviços de reabilitação no contexto nacional e

internacional.

2.2 Objetivos específicos

Classificar os estudos por ano e país de publicação;

Classificar o serviço por perfil de paciente, acessibilidade, objetivo, entre outras

variáveis;

Identificar os objetivos, metas e os trabalhadores necessários nos serviços de

reabilitação;

Identificar legislações nacionais sobre o manejo da reabilitação;

Identificar métodos para levantamento de necessidade de serviços de

reabilitação.

3. Finalidade

Fomentar o debate sobre modelos de serviços de reabilitação, adequados à

realidade brasileira, tendo em vista às necessidades sociais em saúde.

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Procedimentos metodológicos

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4. Procedimentos metodológicos

Este é um projeto de revisão da literatura integrativa (RI). Cooper (1982)

conceituou RI como um recurso para sintetizar o estado da arte relativo a um

determinado tópico de interesse e ressaltar questões importantes de pesquisa que

ainda não estão devidamente esclarecidas. É um tipo de revisão com questões amplas

que possibilita a inclusão de diversos tipos de estudos, metodologias e teorias. Desta

forma a RI tem o potencial de aprofundar a análise de um determinado tema

(Whittemore, Knafl, 2005).

A estratégia PICo auxilia a construção da pergunta de pesquisa de natureza

diversa, representando o acrônimo de P (problema de pesquisa), I (intervenção) e Co

(Contexto). O PICo desta revisão é:

P – manejo da reabilitação

I – modelos de serviços

Co – rede de atenção à saúde

4.1 Critérios de inclusão

4.1.1 Tipos de estudo

Foram incluídos estudos teóricos, de opinião e da literatura cinzenta, sem

limitação de data de publicação e escritos nos idiomas inglês, espanhol ou português.

Estudos quantitativos e qualitativos sobre o manejo da cronicidade e do

envelhecimento também foram incluídos, caso descrevessem modelos de serviços.

4.1.2 Fenômenos de interesse

Os fenômenos de interesse são os modelos de serviços de reabilitação,

descritos na literatura.

4.2 Critérios de exclusão

Estudos que não descreveram as características do modelo de serviço.

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4.3 Estratégia de busca

A estratégia de busca dos artigos incluiu duas bases de dados e a literatura

cinza (sites institucionais, manuais, legislações, entre outros).

4.3.1 Bases de dados

A busca foi realizada nas seguintes bases de dados:

LILACS

PubMed

A literatura cinza foi consultada por meio das bases Google Acadêmico, páginas

da Internet da Organização Mundial da Saúde e institucionais dos países (Portugal,

Espanha, Cuba, Canadá, Japão e Brasil).

4.3.2 Descritores

Foram utilizados os seguintes descritores na estratégia de busca, a depender da

base ou fonte de dados:

Rehabilitation

Rehabilitation centers

4.4 Forma de avaliação crítica

Foi utilizado o instrumento NOTARI do Instituto Joanna Briggs para avaliação

das referências a serem incluídas (Apêndice 1).

4.5 Forma de descrição dos dados

Foi desenvolvido um instrumento para descrição dos dados (Apêndice 2). A

partir deste instrumento foi construído um quadro analítico com a descrição de todos

os modelos identificados.

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4.6 Forma de análise dos dados

Primeiramente, os estudos foram classificados por ano, procedência dos

autores, tema/objeto específico analisado, natureza, tipo de estudo, resultados

obtidos, país de publicação e outras classificações que respondam aos objetivos

específicos. Em seguida, os conteúdos foram analisados de acordo com os modelos

identificados, propostos ou avaliados.

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Resultados

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5. Resultados

A Figura 7 descreve o fluxograma desta revisão. Foram identificadas 430

referências através das bases/fontes de dados e selecionadas 87 através dos títulos e

resumos (Quadro 2). Após a avaliação crítica, 30 referências que contemplavam os

critérios de inclusão foram incluídas. O Apêndice 3 descreve as estratégias de busca

por base de dados.

Figura 7 – Fluxograma da revisão integrativa sobre modelos de serviços de reabilitação.

Total de referências recuperadas

pela estratégia de busca

(n = 426)

Referências identificadas por

outras fontes

(n = 13)

Referências duplicadas

removidas ou

indisponíveis

(n = 5)

Referências selecionadas pelo título

e resumo

(n = 92)

Referências excluídas pelo

título e resumo

(n = 347)

Referências avaliadas e

elegíveis na íntegra

(n = 87)

Referências excluídas

(n = 57)

Estudos incluídos

(n = 30)

Sele

ção

In

clu

são

El

igib

ilid

ade

Id

enti

fica

ção

Total de referências identificadas

(n = 439)

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Quadro 2 – Descrição das referências identificadas e selecionadas por base/fonte de

dados.

Bases/Fontes de dados Referências

Identificadas Selecionadas Incluídas

PubMed 407 70 15

LILACS 19 4 2

Outras formas 1 1 1

Literatura cinza 12 12 12

Total 439 87 30

5.1 Características dos estudos

Foram incluídos 18 estudos da literatura científica de 10 países, conforme

Tabela 1. Observa-se que a maioria dos estudos foi publicado no Canadá, Austrália,

Inglaterra e EUA. Os anos de publicação estão descritos na Tabela 2.

Tabela 1 – País de publicação dos estudos incluídos. São Paulo, 2013.

País N %

Canadá 5 27,8

Austrália 3 16,7

EUA 2 11,1

Inglaterra 2 11,1

Brasil 1 5,6

Papua Nova Guiné 1 5,6

Irlanda 1 5,6

Alemanha 1 5,6

Colômbia 1 5,6

Bolívia 1 5,6

Total 18 100

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Tabela 2 – Ano de publicação dos estudos incluídos. São Paulo, 2013.

Ano N %

2004 1 5,6

2005 2 11,1

2008 5 27,8

2009 4 22,2

2010 3 16,7

2011 1 5,6

2012 1 5,6

2013 1 5,6

Total 18 100

5.2 Síntese dos dados

5.2.1 Literatura científica

Há uma diversidade de tipos e modelos de serviços que compreendem

diferentes focos, como a reabilitação física ou mental, diferentes tipologias, como

hospitalar ou ambulatorial e diferentes faixas etárias (Quadro 2) (Graham, Cameron,

2009; Shaw, 2004) .

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Quadro 2 – Descrição dos tipos de reabilitação, modelos de serviço por tipo de serviço

e faixa etária.

Tipos de reabilitação Modelos de serviço

Tipo de serviço Faixa etária

Física Hospitalar Criança

Mental Ambulatorial em serviço

hospitalar

Adulto

Audição Ambulatorial Idoso

Visual Comunitário

Social Domiciliar

Educação especial Com base em um centro

Fala Com base em uma escola

Os serviços por faixa etária podem incluir, segundo a OMS (2011):

Na infância: assistência temporária, necessidade de assistência especial relativa

à educação;

Na vida adulta: serviços de proteção, suporte residencial, ou assistência pessoal

no trabalho;

Na velhice: centros diurnos, serviços de ajuda domiciliar, programas de vida

assistida, casas de saúde e cuidados paliativos.

Na Austrália, Graham e Cameron (2008) descrevem quatro categorias para os

serviços de reabilitação, de acordo com a provisão de especialistas no serviço, (Quadro

3).

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27

Quadro 3 – Descrição dos serviços de reabilitação por categoria.

Categoria Descrição

1 Serviço provido por profissionais da saúde sem supervisão

clínica de um médico

2 Serviço provido por profissionais da saúde com supervisão

clínica de um médico

3 Serviço provido por médicos especialistas como

ortopedistas, geriatras e cardiologistas com supervisão de

especialista qualificado

4 Serviço provido com supervisão do “Rehabilitation

Medicine Specislist” com assistência de uma gama

completa de serviços de reabilitação

McColl et al (2009) realizaram uma revisão sistemática sobre modelos de

serviço de reabilitação integrados à atenção primária e identificaram seis diferentes

modelos descritos na literatura científica (Quadro 4).

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Quadro 4 – Principais características, vantagens e desvantagens de serviços de reabilitação por modelo.

Modelo de serviço de

reabilitação Principais características Vantagens Desvantagens

Clínico Mais comum

Equipe de profissionais (médico

da família e demais) trabalha em

uma área geográfica definida

Assistência ao usuário

individual e com frequência

Eficiente na perspectiva do

profissional e usuário

É criticado pela

individualização da

assistência, listas de espera

e atraso no tratamento

Ambulatorial

(“outreach”)

Possui base institucional e

atende usuários que não

acessam serviços na sua área

geográfica

Disponibilidade de cuidado

com profissionais da atenção

terciária, cuidado mais

consistente e diminuição da

utilização de serviços

hospitalares

Contato com a atenção

primária é transitória,

profissionais não integrados

à comunidade

Auto-gestão Provisão sistemática de

educação e suporte por

profissionais da saúde. Modelo

de promoção da saúde são

Empoderamento do usuário

em monitorar e cuidar de

sua própria saúde. Aquisição

e desenvolvimento de novas

Usuários tendem a rejeitar

esse modelo com mais

frequência

Não é apropriado a usuários

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classificados como auto-gestão,

devido à centralidade do usuário

em tomar decisões

habilidades e conhecimentos incapazes de cuidar da

própria saúde

Custos de produção do material

didático

Base comunitária Modelo utilizado principalmente

em países em desenvolvimento,

onde recursos humanos e

materiais são escassos.

Desenvolve programas

tipicamente em ONG

considerado um recurso

disponível na comunidade

Acessibilidade e inclusão

Desenvolvimento de

habilidades e capacidades na

prática.

Participação do usuário

São necessários grandes

esforços contínuos para a

organização e

desenvolvimento, recursos

financeiros, humanos e

materiais

Gestão de caso Um gestor de caso gerencia os

serviços necessários, incluindo

medicina familiar e serviços de

reabilitação

Coordenação de múltiplos

serviços

Diminui as visitas ao médico

da atenção primária

Responde às necessidades de

usuários com condições

Profissionais que não

aderem ao modelo e não

fornecem informações

adequadas e em tempo

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complexas

Cuidado compartilhado Originado da saúde mental,

também pode ser aplicado no

gerenciamento de doenças

crônicas. Consiste em 2

profissionais, um especialista e

outro generalista , que

coordenam o cuidado

Interação e comunicação

entre o usuário, família e

profissionais

Diminuição da sensação de

isolamento pelo profissional

generalista.

Necessita de tecnologia

Tende a concentrar

assistência médica/clínica

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Segundo a OMS (2011, p.13), a reabilitação baseada na comunidade “tem sido

uma importante estratégia para responder às necessidades das pessoas com

deficiência, particularmente nos países em desenvolvimento”. Esta estratégia foi

implementada em mais de 90 países e rompe com o enfoque biomédico da

reabilitação, já que visa à equalização de oportunidades, redução da pobreza, e

inclusão social das pessoas com deficiência (WHO, 2004).

A Figura 8 ilustra a matriz da reabilitação baseada na comunidade.

Figura 8 – Matriz da reabilitação baseada na comunidade da OMS.

Fonte: OMS, 2012.

Díaz-Aristizabal et al (2012) descrevem três modelos de intervenção na área de

reabilitação que não são necessariamente excludentes, já que podem ser

complementares. O primeiro é o modelo tradicional ou institucional, no qual o usuário

com deficiência é assistido em ambulatórios ou internação, onde recebem os cuidados

específicos (Figura 9).

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Figura 9 - Modelo tradicional ou institucional.

Fonte: Díaz-Aristizabal et al (2012)

No modelo de extensão, a equipe de especialistas de um centro de reabilitação

move-se para uma área da comunidade, onde realizam uma avaliação e plano de ação

para as pessoas com deficiência. Tem a vantagem de acesso a áreas remotas,

entretanto é um serviço que geralmente não são parte de uma necessidade percebida

pela comunidade, de modo que não se traduz em uma mudança nas atitudes da

comunidade em relação aos seus membros com deficiência (Figura 10).

Figura 10 - Modelo de extensão.

Fonte: Díaz-Aristizabal et al (2012)

A estratégia de reabilitação baseada na comunidade não é considerada um

modelo propriamente dito, já que pode ser implantado de diversas maneiras. Nesta

estratégia, é realizada atenção integral das pessoas com deficiência de uma

comunidade determinada a partir de um centro de reabilitação, envolvendo as famílias

e os diferentes setores da comunidade. Os centros de reabilitação realizam um papel

de referência e contra referência para as pessoas com deficiência (Figura 11).

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Figura 11 - Estratégia de reabilitação baseada na comunidade.

Fonte: Díaz-Aristizabal et al (2012)

Dayal (2012)4 refere que a capacidade de oferecer um serviço de reabilitação

eficiente, equitativo e sustentável requer reorganização das políticas, sistemas e

serviços. A Figura 12 ilustra o contexto institucional para melhorar a provisão de

serviço de reabilitação, ao considerar como estratégia de desenvolvimento o serviço

de reabilitação na comunidade em conjunto com a atenção primária em saúde e

serviços especializados.

4 Disponível em: http://www.phasa.org.za/wp-content/uploads/2012/11/Harsha_capacity-of-the-SA.pdf

Acesso em: 29/06/2013

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Figura 12 – Contexto institucional para melhorar o serviço de reabilitação.

Em relação aos serviços de reabilitação para o idoso que sofreram AVC no

Canadá, Vicent et al (2010) descreveram 7 modelos de serviços:

Hospitais de atenção aguda

Unidades de internação de reabilitação

Centros-dia geriátricos

Serviços comunitários locais

Centros-dia

Clínicas médicas privadas

Organização comunitária sem fins lucrativos

Em relação aos serviços de reabilitação cardíacos europeus, Bjarnason-

Wehrens et al (2010) descrevem três fases, com diferentes durações e características

(Quadro 3):

Quadro 3 – Programa, duração e características por fase de reabilitação.

Fase Programa Duração Características

1 Programa

hospitalar

Duração média

de 1 a 2 semanas

Provisão de programas ao usuário internado

e cuidados ao paciente agudo.

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2 Programa pós-

alta

antecipada

programada

Duração média

de 2 a 16

semanas após

alta hospitalar

Mais comum e maior disponibilidade. Visa

fornecer suporte pós-alta e a transferência

do cuidado hospitalar para o ambulatorial,

reintegração social, familiar e ao trabalho.

Contêm exercícios e atividades psico

educativas, monitoramento estruturado e

supervisionado do estado clínico e

psicossocial, encorajamento de mudanças no

estilo de vida.

3 Programa de

longa-

permanência

Longa

permanência

Período continuado, com menor intensidade

de supervisão. Visa manter atividades diárias,

assistir usuários com necessidades

prolongadas.

Os autores realizaram um panorama dos serviços de reabilitação cardíacos de

28 países europeus e identificaram os tipos de programas (Quadro 4):

Quadro 4 – Tipos de programas de reabilitação e países.

Tipo de programa País

Somente programas hospitalar Romênia, Rússia e Sérvia

Somente programa ambulatorial Bélgica, Chipre e Dinamarca

Programas hospitalar e ambulatorial Áustria, Croácia, Finlândia, França, Alemanha, Hungria,

Islândia, Itália, Holanda, Noruega, Polônia, Portugal,

Eslováquia, Suíça e Reino Unido

Somente serviço ambulatorial e assistência

domiciliar

Bielorrússia, República Checa, Lituânia e Espanha

Cespedes (2005) descreve quatro modelos de atenção em reabilitação:

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Modelo médico: consideração da deficiência como um comportamento

anormal e permanente do indivíduo. Tem como objetivo de cura da pessoa e

caracteriza-se numa relação estreita de médico-paciente.

Modelo biopsicossocial: integração dos modelos médico e social. O

modelo social considera a deficiência como um problema social e não exclusivamente

como uma característica individual. O modelo psicossocial leva em consideração os

elementos biológicos, psicológicos e as condições sociais, de forma fragmentada.

Modelo de reabilitação baseada na comunidade: o problema da

deficiência não se limita apenas à pessoa, envolve também a família, comunidade,

sociedade e cultura em geral. É uma forma coordenada de integrar diferentes atores

sociais (pessoas com deficiência, família, escola, empregadores, governo e sociedade

civil) na busca de alternativas que visem a integração social das pessoas com

deficiência, através da participação ativa da sociedade e tendo em conta os recursos

existentes. Tem sido utilizado amplamente e com resultados positivos em vários países

latino-americanos como México, Bolívia, El Salvador e Colômbia.

Modelo ecológico: está constituído por quatro componentes: processo,

contexto, tempo e pessoa. Este modelo sugere que a pessoa é influenciada por três

sistemas, cada um incluído dentro do outro. O microssistema é caracterizado pelas

características próprias do indivíduo como aparência física, tipo de deficiência e

família. O mesossistema é caracterizado pela comunidade onde vive a pessoa e a

família. Por ultimo, o macrossistema que reflete os aspectos sociais, políticos e

culturais da sociedade.

Bottino-Bravo e Reid (2009) descreveram o Serviço de Visita de Enfermagem de

Nova York (“Visiting Nurse Service of New York”) que há 119 anos presta assistência

domiciliar de reabilitação e de base comunitária. É o maior serviço sem fins lucrativos

dos EUA e é reconhecido nacionalmente pela inovação de seus programas e serviços.

Visa responder às necessidades de três populações: adultos (18 anos ou mais que

necessitam de serviços de curta duração para restauração de habilidades funcionais

relacionadas a atividades de vida diárias), idosos (que necessitam cuidados de longa

permanência para manter ou minimizar os agravos da funcionalidade) e crianças com

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deficiências e atrasos no desenvolvimento. Além disso, populações especiais também

são assistidas, como usuários com doença terminal que necessitam de cuidados

paliativos.

O serviço tem cerca de 11 mil enfermeiros, terapeutas de reabilitação,

assistentes sociais e outros profissionais que prestam cuidados a uma média diária de

mais de 30.000 usuários (Bottino-Bravo, Reid, 2009).

Os resultados esperados da reabilitação domiciliar são: melhoria dos

indicadores de qualidade, melhores resultados, maior satisfação do usuário e do

trabalhador, menor rotação de trabalhadores, menores taxas de desgaste, e maior

envolvimento do trabalhador (Bottino-Bravo, Reid, 2009).

Shaw (2004) relata que os serviços de reabilitação de base comunitária são

atualmente aceitos como a melhor forma de responder tanto as necessidades físicas,

quanto as sociais das pessoas com deficiência em países desenvolvidos.

Já Evans (2008) descreve dois serviços de reabilitação em demência e ressalta

os benefícios de serviços de reabilitação para usuários com demência no cuidado

intermediário (Quadro 5 e 6)

Quadro 5 – Objetivo, localização e trabalhadores por serviço de reabilitação.

Serviço

Nome do serviço Serviço de cuidado intermediário

East Birmingham:

Projeto Demência de cuidado

intermediário de Amersham

Objetivo Maximizar o nível de

independência funcional,

qualidade de vida e bem-estar

social; manter os usuários em suas

casas ou facilitar o retorno do

usuário para a casa.

É um serviço de reabilitação

para prestar assistência a

pessoas com demência, a fim

de reduzir a necessidade de

admissões e facilitar a alta

precoce; maximizar a

independência com o incentivo

do autocuidado.

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Localização Em domicílio, hospital, cuidado

residencial, unidades de

reabilitação domiciliar.

Em domicílio, hospital,

enfermaria residencial, centros

dia e casas de enfermagem

Trabalhadores Enfermeiro assessor de saúde

mental, assistente especializado,

fisioterapeuta, terapeuta

ocupacional, assistentes sociais,

geriatra consultor, enfermeiro

Coordenador, terapeuta

ocupacional, fisioterapeuta,

fonoaudiólogo, assistente

social, gerente de

atendimento, assistente de

reabilitação e cuidado

Quadro 6 – Potenciais benefícios de serviços de reabilitação para usuários com

demência no cuidado intermediário.

Perfil de serviço diferenciado entre os trabalhadores locais, o que leva a uma

adequada via de encaminhamento de usuários;

Menor número de encaminhamento inadequado, tais como utilização de serviços de

reabilitação, como cuidado de respiro;

Acesso à equipe multidisciplinar em cuidado de saúde e social;

Integrado ao sistema de comunicação que trata questões de co-morbidade

relacionada à demência com melhores condições;

Maior acesso a recursos especializados, tais como unidades de reabilitação a curto e

longo prazo;

A capacidade de fornecer suporte para as pessoas em uma variedade de

configurações de serviços, incluindo as suas próprias casas.

As metas de serviços de reabilitação para idosos foram descritas por Ribeiro e

Barter (2010): prevenção do descondicionamento físico e psicológico, das sequelas

decorrentes do imobilismo e isolamento próprios da lesão, facilitação dos processos de

recuperação natural, estímulo, maximização e compensação das capacidades residuais

e promoção da integração socioprofissional, se possível. O Apêndice 4 descreve os

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indicadores de diagnóstico dos sistemas locais de reabilitação para atender idosos

vítimas de acidentes e violência.

Vicent et al (2010) apresentaram tipos de deficiências passíveis de serviços

especializados: intelectual, linguagem, comportamental, senso e percepção, atividade

motora, deglutição, incontinência, função sexual e proteção.

Landry, Passalent e Cott (2008) identificaram 17 condições clínicas relevantes

que necessitam atenção dos serviços de reabilitação e a OMS (2011) descreveu 20

problemas de saúde associada à deficiência moderadas e severas (Quadro 7)

Quadro 7 – Descrição das condições clínicas relevantes que necessitam atenção dos

serviços de reabilitação.

Landry, Passalent e Cott (2008) OMS (2011)

1. AVC 1. Perda de audição

2. Condições ortopédicas 2. Erros refrativos

3. Disfunções cerebrais 3. Depressão

4. Disfunções da coluna vertebral 4. Catarata

5. Condições neurológicas 5. Lesões não intencionais

6. Amputações 6. Osteoartrite

7. Artrite 7. Dependência de álcool

8. Dor 8. Infertilidade por aborto de risco e sepse

materna

9. Condições cardíacas 9. Degeneração macular e outras causas de perda

de visão

10. Pulmonar 10. Doença obstrutiva crônica pulmonar

11. Queimaduras 11. Doença cardíaca isquêmica

12. Deformidades congênitas 12. Transtorno bipolar

13. Outras deficiências incapacitantes 13. Asma

14. Poli trauma 14. Esquizofrenia

15. Deficiência de desenvolvimento 15. Glaucoma

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16. Debilidade 16. Alzheimer e outras demências

17. Complexidade medicamentosa

Medically complex

17. Síndrome do pânico

18. Doença cerebrovascular

19. Artrite reumatoide

20. Dependência de drogas

As atividades de reabilitação para idosos foram descritas por Ribeiro e Barter:

Atendimento em grupo

Prevenção de sequelas e incapacidades secundárias

Estimulação neuropsicomotora

Atendimento/orientação familiar

Avaliação médica, clínica e funcional

Avaliação clínica geriátrica

Avaliação clínica geriátrica

Avaliação e atendimento em fisioterapia

Avaliação e atendimento em terapia ocupacional

Avaliação e atendimento em fonoaudiologia

Avaliação e atendimento em psicologia

Avaliação e atendimento em serviço social

Avaliação e atendimento em enfermagem

Avaliação e atendimento em nutrição

Atendimento medicamentoso com dispensação de remédios

Avaliação funcional e diagnostico de eletroneuromiografia e potenciais

evocados

Atendimento clínico nas diversas especialidades médicas

Atividades de reinserção na vida comunitária

Ações de promoção do autocuidado

Ações de fomento da rede de solidariedade para idosos frágeis e sua família

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Ações de estímulo à participação em grupos de terceira idade, conselhos

comunitários, etc.

Em relação à necessidade de serviços e assistência, a OMS (2011) relata que

Pessoas com deficiência podem exigir diferentes serviços – de intervenções relativamente menores e baratas a outras complexas e caras. Os dados sobre as necessidades – tanto as atendidas quanto as não atendidas – são importantes para as políticas e programas públicos. As necessidades de suporte não atendidas podem estar relacionadas a atividades diárias – como cuidados pessoais, acesso a cuidados e equipamentos, educação, emprego, atividades sociais, e modificações nas suas casas ou em seus locais de trabalho (OMS, 2011, p. 43).

Em áreas rurais e remotas Graham e Cameron (2009) sugerem a formação de

uma rede de cooperativa clínica e retenção de trabalhadores locais para satisfação das

necessidades de serviço de reabilitação. Os centros nestas áreas têm como

potencialidade apoiar os serviços metropolitanos em áreas específicas como indígena,

reabilitação profissional, acidentes agrícolas, doenças tropicais e manejo de equipes

em reabilitação comunitária.

Os autores relatam a realização de grupo focal semiestruturado para discutir a

provisão de serviços de reabilitação na Austrália, os atuais modelos de serviços e

sugestões de soluções para intervir nas necessidades dos serviços de reabilitação da

Austrália (Graham, Cameron, 2009). As seguintes questões foram discutidas nos

grupos focais (Quadro 8):

Quadro 8 – Questões discutidas no grupo focal realizado por Graham e Cameron

(2009).

1. Quais as regiões da Austrália que têm disponibilidade adequada de serviços de

reabilitação?

2. Quais as regiões da Austrália necessitam de serviços de reabilitação adicionais?

3. Que subgrupos da população são susceptíveis de ter necessidades especiais de

serviços de reabilitação?

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(a) Quais as necessidades de serviços de reabilitação para população indígena da

Austrália?

(b) Quais as necessidades de serviços de reabilitação para população idosa da

Austrália?

4. Quais tipos de serviços de reabilitação adicionais são necessários? Por exemplo, as

categorias de serviços de reabilitação, subespecialidades de reabilitação.

5. Como podem ser atendidas as necessidades de serviço de reabilitação em regiões

rurais e remotas da Austrália?

(a) O serviço ambulatorial da coluna vertebral é um modelo adequado para responder

as necessidades de serviço de reabilitação rural e em áreas remotas?

(b) O projeto de unidade de AVC rural é um modelo adequado para responder as

necessidades de serviço de reabilitação rural e em áreas remotas?

(c) A reabilitação comunitária é um modelo adequado para responder as necessidades

de serviço de reabilitação rural e em áreas remotas?

(d) Como o serviço Royal Flying Doctors pode ajudar a atender às necessidades de

serviços de reabilitação nas áreas rurais e remotas?

(e) Como a Faculdade de Medicina de Reabilitação da Australásia pode auxiliar a

responder às necessidades de serviços de reabilitação em áreas rurais e remotas?

Fonte: Graham, Cameron (2009).

No Canadá, Landry et al (2008) utilizaram a técnica da entrevista com

representantes de serviços de reabilitação para identificar e explorar os fatores que

afetam a demanda por serviços de reabilitação, através das seguintes questões

(Quadro 9):

Quadro 9 – Questões discutidas no grupo focal realizado por Graham e Cameron

(2009).

Parte A – Demanda por serviços de reabilitação

1. Qual foi a demanda por serviços de reabilitação em seu território na última década?

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2. Você conhece alguma fonte de dados disponíveis que quantifica essas mudanças ?

Por favor, explique.

3. Quais condições clínicas (por exemplo, AVC) terão as maiores mudanças por

demanda nos próximos anos? Por favor, explique.

4. Em sua opinião, qual serviço de saúde (por exemplo, atenção primária, hospitalar,

domiciliar) terá uma significante mudança na demanda nos próximos anos? Por favor,

explique.

Parte B – Políticas e Condutores ambientais da demanda

5. Quais são os políticos chave que afetam a demanda por serviços de reabilitação?

6. Quais são condutores ambientais da demanda que afetam a demanda por serviços

de reabilitação?

7. É possível modificar as decisões dos condutores? Em outras palavras, algo pode

alterar a decisão do condutor em aumentar ou diminuir a demanda?

8. Há diferenças em condutores políticos e ambientais?

Parte C – Parâmetros para serviços de reabilitação

9. Quais parâmetros em termos de acesso existem para serviços de reabilitação em

seu território?

10. Em sua opinião, quais outras variáveis influenciam o acesso ao serviço de

reabilitação?

Parte D – Variáveis e pressupostos de projeção de demanda

11. Para a projeção ou previsão de demanda futura por serviços de reabilitação, quais

as variáveis são chaves?

12. Há algo que você gostaria de acrescentar sobre a atual e futura demanda por

serviços de reabilitação?

Fonte: Landry et al (2008).

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Força de trabalho

Em relação à força de trabalho, alguns autores identificaram os seguintes

profissionais em serviços de reabilitação (Ribeiro e Barter, 2010; Killaspy, 2013):

médico fisiatra, médico psiquiatra, médico com formação em saúde mental,

fonoaudiólogo, enfermeira, assistente social, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta,

terapeuta ocupacional, farmacêutico, responsável técnico, técnico/auxiliar de

enfermagem e técnico com experiência ou capacitação em reabilitação e ex-usuário.

Gupta, Castillo-Laborde e Landry (2011) descrevem nove categorias

ocupacionais relacionadas aos serviços de reabilitação através da Classificação

Internacional de Ocupações (Quadro 10):

Quadro 10 – Categorias ocupacionais relacionadas aos serviços de reabilitação

Categoria ocupacional Exemplos

Médico generalista Médico generalista, médico de família,

médico de cuidados primários de saúde

Médico especialista Médico especialista (medicina física e

reabilitação), Fisiatra, Ortopedista

Trabalhadores da enfermagem Enfermeiro especialista (fisioterapia)

Fisioterapeuta Fisioterapeuta, ortopedista fisioterapeuta

Fonoaudiólogos e terapeutas da fala Fonoaudiólogo, terapeuta da fala

Outros trabalhadores da saúde Terapeuta ocupacional

Técnicos de próteses médicas e

odontológicas

Técnico de órteses, técnico de aparelho

ortopédico

Técnico e assistente de fisioterapia Técnico de fisioterapia, assistente de

fisioterapia, técnico de reabilitação, técnico

de massagem terapêutica

Outros trabalhadores associados Técnico de fisioterapia respiratória

Fonte: Gupta, Castillo-Laborde e Landry (2011)

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Chen e Yang (2009) relatam que os serviços de reabilitação podem ser providos

por somente médico, somente fisioterapeuta, ou juntos como parte de uma equipe.

Lavin et al (2005) identificaram os seguintes trabalhadores e as jornadas de trabalho

por semana em 1998 e 2003, em serviço de reabilitação cardíaco na Irlanda. Ressalta-

se o importante aumento das horas trabalhadas nos anos de 1998 e 2003 (Quadro 11):

Quadro 11 – Número de horas por semana de trabalhadores de serviço de reabilitação

cardíaco irlandês em 1998 e 2003.

Trabalhador

Média de horas trabalhadas por semana

1998 2003

Coordenador 28,2 (14,1) 37,2 (25,70)

Enfermeiro 7,5 (12,7) 19,8 (24,6)

Nutricionista 3,1 (8,1) 13 (14,8)

Fisioterapeuta 2,8 (5,1) 17,7 (16,8)

Psicólogo 1,7 (4,4) 2,9 (6,6)

Terapeuta ocupacional 0,7 (2,3) 2,8 (7,7)

Farmacêutico 0,5 (0,5) 2,3 (5,5)

Assistente social 1,3 (4,7) 2,6 (7,6)

Conselheiro profissional <1 0,8 (3,6)

Secretário 0,1 (0,2) 10,3 (12,5)

Agente de cessação do

tabagismo

- 1,7 (7,3)

Enfermeiro cardíaco de

articulação (liaison nurse)

- 1,1 (6,7)

Enfermeiro especialista

em diabetes

- 0,1 (0,34)

Tutor de promoção à

saúde

- 0,7 (0,4)

Total 45,9 (-) 113,1 (67,8)

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Fonte: Lavin et al (2005).

O Centro de Excelência em Reabilitação Domiciliar (COEHCRT - Center of

Excellence in Home Care Rehabilitation Therapy) dos EUA tem quatro iniciativas

específicas para trabalhadores:

Provisão de apoio para a especialização da reabilitação domiciliar: inclui

duas semanas integrais de treinamento antes do início da admissão profissional e

outras cinco semanas de orientações/palestras.

Desenvolvimento das aptidões da equipe de trabalhadores da área de

reabilitação: a equipe do COEHCRT realiza visitas nos centros para identificar

necessidades e interesses dos trabalhadores para inclusão de cursos educativos.

Melhorar a liderança e o desenvolvimento de habilidades dos gestores e

supervisores: Treinamento personalizado foi desenvolvido e apresentado por

professores da Universidade Pace.

Provisão de novo serviço de reabilitação para trabalhadores de saúde

em domicílio: composto por experientes trabalhadores com habilidades avançadas

para o desenvolvimento de cursos com duração de uma semana.

O´Connor, Um e Keeffe (2008) identificaram barreiras nas perspectivas de

potenciais usuários de um serviço para baixa acuidade: transporte, dificuldade de

acesso, falta de acompanhante, questões de saúde (co-morbidades como diabetes),

comportamento (percepção do usuário de que não precisa ou não há benefícios da

reabilitação), esquecimento de encaminhamento ao serviço, limitações de tempo,

frequência de outros serviços de reabilitação e falta de informações no momento da

referência ao serviço (como e quando ir ao serviço).

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5.2.2 Análise da literatura cinza

Experiência de Portugal

Unidades de reabilitação de AVC

As unidades de reabilitação de AVC objetivam que todas as pessoas que

sofreram AVC tenham acesso a cuidados organizados contínuos desde a fase aguda até

a reabilitação e prevenção secundária. Os serviços são integrados à Rede Nacional de

Cuidados Continuados Integrados (RNCCI).

Segundo o Decreto-Lei 101/2006, os cuidados continuados são compostos por

unidade de internação, ambulatório, equipes hospitalares e equipes domiciliares,

conforme Figura 13:

Figura 13 – Tipos de serviços de cuidados continuados integrados.

A unidade de convalescença é uma unidade de internação, independente,

integrada com um hospital de agudos ou em outra instituição para prestar tratamento

e supervisão clínica, continuada e intensiva, e para cuidados clínicos de reabilitação, na

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sequência de internação hospitalar, originada por situação clínica aguda, recorrência

ou descompensação de processo crônico.

Os objetivos principais são: restabelecer a independência funcional tanto

quanto possível, favorecer a adaptação à nova situação de dependência, controlar ou

estabilizar sintomas ou sequelas, facilitar e potencializar a reinserção familiar e social,

e potencializar a formação e educação de profissionais e cuidadores.

A finalidade é restabelecer, tanto quanto possível, as funções ou atividades

afetadas, total ou parcialmente, por diferentes patologias.

A unidade de convalescença destina-se a internações com previsibilidade de até

30 dias.

Planejamento do número de leitos:

Foi realizado um estudo para identificar taxa de AVC, taxa de mortalidade

decorrente de AVC, letalidade intra-hospitalar, por sexo, idade e região.

Foi considerado que :

- internacionalmente há sugestão de 12 leitos por 100.000 habitantes, o que a nível

nacional indicaria cerca de 1200 leitos.

- 300 – 400 doentes/ano – unidades de agudos deveriam ter 4-6 leitos.

300-400 leitos/ano

- de 1/3 a 3/5 dos pacientes que sofreram AVC têm indicação para reabilitação

intensiva (a média de internação varia de acordo com a gravidade e seria de

aproximadamente 18 a 30 dias).

- definido a fórmula:

Nº AVC (definidos pela indicação para admissão em UAVC) X 1/3 X 18 ou 30/ 365

Resultado:

6 leitos de Unidades de AVC de agudos

7 leitos de U Convalescença de AVC para 400 doentes/ano para 18 dias de internação

em média.

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11 leitos de U Convalescença de AVC para 400 doentes/ano para 30 dias de internação

em média.

Localização:

- áreas de maior prevalência de AVC.

- áreas de influência de hospitais com unidades de agudos de AVC.

- referência na RNCCI de AVC, identificando-se áreas de maior número de referências

para a patologia.

Força de trabalho:

Em relação à força de trabalho, baseado em recomendações internacionais, a

unidade de convalescença de AVC de 30 leitos deverá conter (Figura 14):

Figura 14 – Número de trabalhadores da unidade de convalescença de AVC de 30

leitos.

Cuidados prestados:

Os cuidados prestados foram classificados em sete categorias:

- médicos

- enfermagem

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- exames de diagnóstico, laboratoriais e radiológicos, próprios ou contratados

- cuidados de reabilitação

- apoio psicossocial

- higiene, conforto e alimentação

- convívio e lazer

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Experiência de Escócia (Scottish Executive, 2007)

A reabilitação é um elemento central no plano executivo para melhorar a saúde

e o bem estar da população da Escócia. A estrutura do plano foi desenvolvida com a

participação das partes interessadas, incluindo os usuários dos serviços e

trabalhadores da área da saúde e social. Um grupo nacional de coordenação e três

grupos de ação foram estabelecidos e cada um contava com um usuário de serviço.

O processo de desenvolvimento incluiu:

Uma análise temática das evidências pela Escola Escocesa de Atenção

Primária;

Uma série de consultas com os usuários dos serviços;

Um evento de consenso com trabalhadores de saúde e social;

Uma consulta nacional de três meses sobre o esboço do documento.

O objetivo do plano foi fornecer direções estratégicas e suporte para todos os

serviços de reabilitação individuais ou comunitários de usuários adultos e

trabalhadores de saúde e social. É enfatizado o planejamento dos serviços com a

consideração das necessidades dos usuários, dos cuidadores e da comunidade.

As prioridades do Governo passaram de foco na prestação de cuidados nos

hospitais para cuidados prestados perto dos domicílios das pessoas, acesso em tempo

aos serviços, ênfase na prevenção de doenças e promoção da saúde, suporte para as

pessoas no manejo de cuidados de longa permanência.

Os serviços de reabilitação visam à prestação de cuidados integrados para

principalmente apoiar os idosos, pessoas com necessidades de cuidados de longa

permanência e pessoas retornando do trabalho após um problema de saúde.

Três níveis de gestão do processo de reabilitação foram identificados:

Autocuidado: para a maioria das pessoas é efetivo na melhora da qualidade de

vida e promoção apropriada de serviços. O indivíduo é o responsável pela

saúde física e emocional.

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Manejo do cuidado por equipe multidisciplinar da atenção primária: para

pessoas com necessidades menos complexas e seus cuidadores;

Manejo de caso por enfermagem comunitária ou especialista e equipe

multidisciplinar e equipe de várias agências: para um pequeno número de

pessoas com necessidades complexas e seus cuidadores, com maior risco de

internação hospitalar.

Após a consulta aos indivíduos e cuidadores foram destacadas as seguintes

necessidades para a construção de um modelo de serviço de reabilitação:

Desenvolver serviços centrados no usuário e no cuidador;

Propiciar acesso direto aos serviços de reabilitação, onde for

apropriado;

Propiciar uma forma única de acesso aos serviços de reabilitação, onde

for apropriado;

Promover a maximização da autonomia e capacitação dos usuários;

Prestar serviços de reabilitação o mais próximo aos domicílios dos

usuários;

Incentivar equipes multidisciplinares e de várias agências a trabalhar em

conjunto no sistema de saúde;

Adotar um modelo holístico de reabilitação que responda às

necessidades físicas, psicológicas, emocionais e sócias;

Fornecer o sistema de avaliação única e compartilhada (Single Shared

Assessment system) para o acesso aos serviços;

Proporcionar a mesma qualidade de tratamentos para todos,

independente de classe social, idade, cultura ou localização geográfica;

Rever e analisar os resultados em uma base contínua, com foco especial

na avaliação dos usuários e cuidadores.

A Figura 15 identifica os componentes do futuro modelo de reabilitação.

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Figura 15 – Componentes do futuro modelo de reabilitação.

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O modelo futuro para a reabilitação identifica, em primeiro lugar, as

oportunidades para a intervenção precoce para o grupo de autocuidado com o auxílio

de centros de lazer e de cultura da comunidade e serviços das agências voluntárias.

Esta fase pode ser chamada de pré-reabilitação e visa o cuidado antecipatório ou

preventivo.

A próxima fase é o manejo da condição, na qual um indivíduo pode se acessar

diretamente, quando apropriado, a equipe de reabilitação através de um único ponto

de acesso para permitir que sua necessidade específica, seja social ou de saúde, seja

respondida. Ressalta-se que quanto melhor e mais apropriado manejo da condição,

menor será as admissões hospitalares. Quando a internação for necessária, as equipes

de reabilitação irão facilitar a alta segura e efetiva.

O modelo, em seguida, aborda a necessidade de serviços de reabilitação para

cuidado agudo, de transição e de longo prazo com o objetivo de assegurar que os

indivíduos podem acessar o serviço a qualquer momento, seja por meio do serviço de

agudos ou por acesso direto através de uma equipe de reabilitação da comunidade.

Na fase aguda, as intervenções especializadas são realizadas por equipes de

reabilitação do hospital, com o objetivo de estabilizar o paciente e garantir um

processo de alta em tempo e condições adequadas. Na Escócia, haverá uma

necessidade contínua de serviços especializados em reabilitação aguda.

O modelo reflete a necessidade de transições cuidadosas e planejadas a partir

de reabilitação do hospital para a comunidade, enfatizando a importância de trabalhar

com os cuidadores. O objetivo é ter um serviço flexível que facilita transições

ininterruptas através de cuidados primários e secundários e incentiva o trabalho

conjunto. Há evidências de que os serviços de extensão após a alta deve seguir o

manejo de caso.

A fase de reabilitação de longa permanência requer equipes de reabilitação da

comunidade para trabalhar em parceria, não só com as equipes de reabilitação aguda,

mas também em todas as instâncias da saúde, autoridades locais, setores

independentes e voluntárias e, fundamentalmente, com indivíduos, cuidadores e

comunidades.

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O objetivo global para serviços de reabilitação deve ser construir sobre os

pontos fortes dos serviços existentes para desenvolver uma rede de equipes de

reabilitação. A participação social é fundamental para esta construção.

A reabilitação profissional tem características particulares com serviços

alternativos.

O modelo exigirá ainda o desenvolvimento de equipes de reabilitação

multidisciplinares e de várias agências com uma força de trabalho adequadamente

qualificada para prestar serviços que são focados na atenção integral aos usuários. A

Figura 16 descreve os trabalhadores sugeridos para os serviços de reabilitação e a

Figura 17 os locais de atuação dos mesmos.

Figura 16 – Trabalhadores das equipes de reabilitação.

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Figura 17 – Locais de trabalho das equipes de reabilitação.

As seguintes parcerias são descritas para o suporte do modelo:

Saúde comunitária: serviços locais com grande envolvimento de

usuários, cuidadores, equipe e autônomos;

Hospitais comunitários: importantes estruturas para diversas

comunidades da Escócia, principalmente, nas áreas remotas e rurais.

Serviços de cuidados intermediários: são aqueles que não necessitam de

recursos de um hospital de agudos, mas estão além do escopo de

serviços tradicionais de atenção primária e assistência Social;

Programas de tecnologia também foram descritos como fundamentais

para o modelo. Na Escócia, foi lançado o Programa de Desenvolvimento

Tele Assistência Nacional em 2006 para liderar as iniciativas nesse

campo.

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Experiência de Cuba

O Sistema de Saúde cubano é fortemente fundamentado na prevenção, na

promoção e na educação em saúde. Em Cuba, não há a medicina privada, sendo esta

totalmente pública e um sistema único.

Os serviços de saúde devem ser acessíveis a toda população e devem ser

desenvolvidos com a participação ativa da comunidade organizada. O sistema Nacional

de Saúde em Cuba é um conjunto de unidades administrativas de produção e de

serviços responsabilizados com atenção integral da Saúde de toda população. Existem

três níveis hierárquicos: o nível central, o nacional, o nível provincial.

O nível Central define as políticas de Saúde, as normas gerais, aprovação do

planejamento na Saúde e hierarquização de unidades. O nível Provincial é integrado

por um diretor, designado pelo governo provincial e quatro vices diretores e três

chefes de departamento. O nível nacional de sistema de Saúde Cubana dispõe de:

prestação de serviços ambulatoriais, médicos e odontológicos, atenção médica e

hospitalar, atenção médica e odontológica de urgência, atenção médica domiciliar,

controle epidemiológico de doenças transmissíveis, controle higiênico do ambiente,

assistência social a idosos deficientes, educação sanitária da população,

desenvolvimento de investigações da saúde e formação e especialização de recursos

humanos, produção, importação e distribuição de medicamentos e equipamento

médico, coleta, análise e apresentação de informação estatística da saúde,

planejamento de desenvolvimento da saúde pública, informações relacionadas com as

ciências médicas e atividades científicas.

Os serviços de cuidados primários em reabilitação em Cuba são altamente

desenvolvidos e estão disseminados por áreas rurais, oferecendo cobertura a toda a

população.

Em 1984, foi criado o programa médico e de enfermeiro de família que

incorporou a reabilitação em cuidados de saúde primários. Atualmente, existem cerca

de 456 Centros de cuidados de reabilitação, todos equipados com comodidades

modernas, abrangendo também necessidades de assistência, pesquisa e ensino.

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De acordo com a Medicina de Rehabilitación en Cuba5, o Serviço de

Reabilitação Integral é uma estratégia do sistema de saúde em nível primário para o

atendimento e reinserção social das pessoas com deficiência, bem como para a

garantia de uma melhor qualidade de vida. Seu objetivo principal é reduzir o impacto

da deficiência de expansão da cobertura e integração destas pessoas. Esta abordagem

inclui a disponibilidade de recursos de reabilitação na comunidade para aproveitar e

potencializar os recursos humanos e materiais.

As informações sobre os usuários que frequentam serviços de reabilitação são

monitoradas e visam:

Igualdade de acesso aos serviços, tecnologias e informações de saúde,

independente da área geográfica e nível de atenção.

Aumento da qualidade do cuidado do usuário;

Análises e investigações científicas de dados confiáveis e atualizados;

Optimização de recursos;

Redução do tempo de espera para o acesso a serviços especializados;

Planejamento das ações em saúde;

Melhora das condições de trabalho para os trabalhadores de saúde.

Segundo a OMS (2012), as diretrizes para reabilitação baseada na comunidade

(RBC) seguem quatro etapas:

- Etapa 1 : Análise da situação

- Etapa 2: Planejamento e Design

- Etapa 3: Implementação e acompanhamento

- Etapa 4: Avaliação

Etapa 1 : Análise da situação

Esta etapa considera a situação atual da comunidade para as pessoas com

deficiência e suas famílias, além de identificar os problemas e os assuntos que se

devem solucionar.

5 Disponível em: http://www.sld.cu/sitios/rehabilitacion/temas.php?idv=4582 Acesso em:20/05/2013.

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- análise da situação: identificar informações da população e comunidade para

assegurar que o programa responda às necessidades reais da mesma (número de

pessoas com deficiência, idade, sexo, tipos de deficiência, condições de vida, taxa de

mortalidade, causas de morte, serviços de saúde locais, taxa de alfabetização, renda,

religião, clima, geografia, entre outros); identificar as partes interessadas (Figura 15);

Figura 15 – Partes interessados no processo de identificação das necessidades de

serviços de reabilitação.

Fonte: OMS, 2012.

- identificar os problemas principais, as causas e conseqüências; identificar os objetivos

do programa (quais soluções são possíveis, estabelecimento de prioridades);

identificar os recursos disponíveis na comunidade (recursos humanos, materiais,

infraestrutura, transporte, recursos financeiros, entre outros). Esta é uma etapa

importante para planejar e projetar os serviços.

- Etapa 2: Planejamento e Design

Os planejadores devem começar esta etapa com um panorama claro da

situação das pessoas com deficiência.

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- planejar junto com as partes interessadas para determinar as prioridades, desenhar

planos do programa e preparar pressupostos. É importante que as pessoas com

deficiência e suas famílias estejam representados.

- identificar a maior necessidade para decidir sobre prioridades, já que os recursos são

limitados.

- preparar um plano de programa (meta, propósito, atividades, resultados, indicadores,

métodos de avaliação e riscos durante o programa).

- Etapa 3: Implementação e acompanhamento

Desenvolvimento de planos de trabalho detalhados para mostrar tarefas

específicas para alcançar as atividades planejadas, quando cada tarefa deverá ser

realizada, com início e fim e responsáveis por cada tarefa.

- buscar recursos financeiros e recursos humanos, de preferência da mesma

comunidade

- realizar capacitações, atividades de sensibilização

- estabelecer supervisores e atividades de coordenação e redes

- Etapa 4: Avaliação

Etapa para tomada de decisão (continuação, mudança ou finalização do

programa). A avaliação revela evidências sobre o programa, ou seja, se é uma

estratégia capaz de igualar oportunidades, reduzir a pobreza e alcançar a inclusão

social das pessoas com deficiência. Envolve a relevância, eficiência, efetividade,

impacto e sustentabilidade.

A Figura 16 descreve várias formas de coletar informações relevantes para a

programação de serviços.

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Figura 16 – Métodos para coleta de dados.

Fonte: OMS (2012)

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CIREN

O Centro Internacional de Restauración Neurológica (CIREN) foi fundado em

1989 em Havana e o método de reabilitação intensiva surgiu para dar resposta aos

usuários com Parkinson.

O CIREN criou tecnologia para o tratamento neuro-restaurativo, multifatorial,

intensivo e personalizado, para conseguir a recuperação estrutural e funcional do

sistema nervoso lesionado. É composto por equipes multidisciplinares altamente

qualificados em suas seis clínicas e possui ações terapêuticas integralmente

concebidas para cada paciente, por até 7 horas por dia, sob a direção do neurologista

responsável pelo caso.

O CIREN tem uma infraestrutura para pesquisa, serviços clínicos e não clínicos

rigorosamente organizados e instalações hospitalares modernas e confortáveis,

equipadas com instrumentação de última geração, profissionais de alta qualificação.

Este programa consiste em duas etapas ou fases:

A primeira, até 7 dias após o diagnóstico e avaliação integral, neurológica e

clínica, no qual é definido o grau e o tipo de agravo, para identificar as possibilidades

terapêuticas, determinar o potencial de recuperação e projeção de tratamento

personalizado.

A segunda etapa é a implementação do programa terapêutico desenvolvido

especificamente para cada paciente com base nos resultados da avaliação e com

duração de pelo menos 28 dias.

O centro já atendeu 16 mil usuários de 70 países até 2004.

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Experiência do Canadá

Projeto Piloto de Reabilitação Cardíaca de Ontario (Cardiac Rehabilitation Pilot

Project – CRPP)

O CRPP foi financiado pelo governo da provincial de Ontario entre 2001 e 2002

com duração de 15 meses para avaliar o modelo regional de serviços de reabilitação

cardíaca, com a provisão de novos programas e expansão de programas existentes

(oito e nove, respectivamente) (Ontario, 2002; Arthur et al, 2010):

Os serviços necessitavam assistir de 250 a 400 novos usuários por ano. Seis

serviços contaram com a função de coordenador regional. Os componentes essenciais

do programa estão descritos a seguir (Ontario, 2002; Arthur et al, 2010):

- Referências dos usuários através dos hospitais, médicos, serviços de emergência e

centros de saúde comunitários;

- Avaliação clínica na admissão;

- Coordenação do serviço;

- Estratificação do risco;

- Treinamento de exercícios;

- Educação;

- Manejo do estilo de vida;

- Aconselhamento comportamental;

- Acompanhamento do usuário;

- Avaliação dos resultados;

- Programas de melhora da qualidade contínua;

- Programa de desenvolvimento da equipe e do trabalhador;

Os requisitos para a equipe de trabalhadores de saúde e administrativos para

250 a 400 novos usuários por ano foram:

1 enfermeiro;

3 trabalhadores para exercícios (sugestão de no mínimo 1 fisioterapeuta e 1

enfermeiro ou equivalente);

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0,5 -1 nutricionista;

0,5 -1 psicólogo;

1 assistente administrativo;

0,5 -1 diretor operacional (um dos trabalhadores de saúde);

0,5 trabalhador em tempo integral para auxiliar o cumprimento das

responsabilidades da coordenação.

Algumas recomendações foram extraídas (Arthur et al, 2010):

- O planejamento de serviços de reabilitação cardíaca deve ser integrado aos serviços

cardiológicos gerais;

- Redes regionais de reabilitação cardíaca devem ser desenvolvidas para apoiar

processos de referências, comunicação, para compartilhar recursos regionais, além de

integrar e padronizar o atendimento ao usuário.

- O acesso ao serviço deve ser realizado através de processos automáticos de

referência na internação e o desenvolvimento de um sistema de classificação de

prioridade de encaminhamento para serviços de reabilitação;

- O tempo de espera não deve exceder 30 dias (preferencialmente) ou 60 dias

(aceitável);

- O local dos programas deve considerar a demanda local;

- Um registro de dados dos usuários deve ser desenvolvido, com a inserção de dados

abrangentes dos usuários e medidas de resultados dos serviços.

- Pesquisas sobre o custo-efetividade devem ser realizadas para avaliar os serviços de

reabilitação.

Estratégias para o planejamento de serviços de reabilitação cardíaca para

atender as necessidades regionais e provinciais fora também identificadas:

Desenvolvimento de critérios de localização (siting criteria) de reabilitação

cardíaca;

Identificação das regiões que necessitam construir novos serviços no atual

sistema e regiões com grandes necessidades de infraestrutura;

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Estratégias para direcionar os usuários agudos mais graves para os serviços de

reabilitação, incluindo processo de referência automática durante a internação

do usuário, instrumentos recomendados de estratificação de risco.

Um plano de crescimento de cinco anos, com base na capacidade do sistema de

responder às mudanças nas práticas de referência e padrões.

Uma escala de avaliação de prioridade6 para os serviços de reabilitação foi

identificada e descrita no Anexo 1.

6 Disponível em: http://www.gnb.ca/0383/pdflibrary-e/ServiceDeliveryGuide_E.pdf Acesso

em:27/06/2013

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Experiência da Espanha

A Espanha elaborou um plano denominado “Estratégia Espanhola sobre

Deficiência 2012-2020” com os seguintes princípios (Espanha, sem data):

Não descriminação, igualdade de tratamento perante a lei e igualdade

de oportunidades;

Vida independente: poder de decisão sobre sua vida e participação ativa

na vida e comunidade;

Normalização: o princípio segundo o qual as pessoas com deficiência

devem ser capaz de levar uma vida normal, acessando os mesmos lugares, áreas, bens

e serviços que estão disponíveis para qualquer outra pessoa.

Acessibilidade universal; ambientes, processos, produtos e serviços

Design para todos: projeção de ambientes, processos, produtos e

serviços, de modo que estes possam ser utilizados por todos.

Diálogo civil: as organizações representativas das pessoas com

deficiência e suas famílias devem participar na elaboração, execução, seguimento e

avaliação das políticas oficiais;

Integração das políticas sobre deficiência: as ações das autoridades

públicas não se limitam a compreender as políticas e diretrizes, mas também

considerar as necessidades e demandas das pessoas com deficiência;

Participação: a participação dos cidadãos é essencial para definir

políticas, estratégias e ações que respondam às reais necessidades de todos os

cidadãos;

Responsabilidade pública: o envolvimento de autoridades públicas deve

ser refletido no estabelecimento de competência específica na área da deficiência

(muito especificamente sobre a acessibilidade);

Integralidade e extensão: ações que são definidas e desenvolvidas para

o benefício da plena integração das pessoas com deficiência;

Eficiência e eficácia: tendo em consideração o princípio da integração e

compatibilidade em ações do ponto de vista da sustentabilidade econômica e social;

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Economia da deficiência: analisar o efeito positivo sobre o mercado e a

economia europeia, em especial os serviços sociais e os dispositivos de apoio, bem

como novas profissões e atividades relacionado ao cuidado e promoção dos direitos

das pessoas com deficiência.

Sensibilização: sensibilizar o público sobre todos os assuntos

relacionados com a deficiência e acessibilidade;

Imaginação e criatividade: promoção de soluções criativas e

imaginativas, levando em consideração de que toda a situação poderia ser melhorada

ou resolvida.

Centros de Recuperación de Personas con Discapacidad Física (CRMF)7

São centros estaduais com enfoque integrado dos serviços de reabilitação que

fornecem serviços de atenção médico-funcional, psicossocial e orientação e formação

profissional, em regime de internação, pensão ou ambulatorial, de acordo com as

necessidades dos usuários com deficiência física. Há seis centros com um total de 613

leitos, sendo 456 de internação e 157 de ambulatório e pensão, localizados em

Albacete, Bergondo (A Coruña), Lardero (La Rioja), Madrid, Salamanca e San Fernando

(Cádiz).

A assistência é classificada em dois tipos: de internação e de desenvolvimento

dos usuários na forma de reabilitação, formação cultural e profissional e atividades de

lazer e esporte.

O centro de Albacete tem como objetivo promover a autonomia, a inserção

profissional e a qualidade de vida das pessoas com deficiências físicas ou sensoriais.

Assiste o usuário em centro dia ou em regime de internação, através de programa

individual de recuperação.

De acordo com o Boletim Oficial número 2108, o Ministério da Saúde e Política

Social descreve três modelos de serviços para pessoas em situação de dependência

em:

7 Disponível em: http://www.imserso.es/imserso_01/centros/crmf/index.htm#ancla1 Acesso em:

28/06/2013

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Serviços de tele assistência – disponíveis 24 horas por dia e 365 dias por

ano com assistência telefônica de seguimento a cada 15 dias ou de

acordo com as necessidades específicas.

Serviços de suporte ao domicílio – atenção às necessidades no domicilio

do usuário, através de apoio psicossocial, familiar, comunitário,

assistência às atividades de vida diária, incontinências, entre outras.

Centros residenciais e Centros dia e noite – os centros devem prover

pelo menos, as seguintes características: acomodações (para centros

residenciais e centros noite), assistência às atividades de vida diária,

restauração e autonomia, atenção e cuidados personalizados,

assistência médica, de enfermagem, social e psicológica, suporte à

família.

8 Disponível em: http://www.boe.es/buscar/doc.php?id=BOE-A-2010-13541 Acesso em: 28/06/2013

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Experiência do Japão

Os serviços de assistência e apoio às pessoas com deficiência estão descritos no

Quadro abaixo. Os dados quantitativos são referentes ao ano de 20119 (Quadro 12):

Quadro 12 –Número de serviços, número de usuários e características dos serviços por

serviços de reabilitação.

Serviços Número de

serviços

Número de

usuários Características dos serviços

Cuidado de longa

permanência domiciliar

15.961 127.714 Provisão de cuidado domiciliar

para banho, refeições, higiene,

etc.

Visita domiciliar para

usuários com

deficiências graves

5.402 8.691 Provisão de suporte a usuários

com deficiências que

necessitam cuidados de

enfermagem contínuos

Serviços de apoio e

acompanhamento

2.971 11.992 Provisão de transporte a

usuários com dificuldades

visuais significativas

Serviços de apoio às

atividades

1.112 6.282 Provisão de suporte a usuários

com comprometimento mental

Apoio abrangente para

os usuários com

deficiências graves

9 34 Provisão de suporte às pessoas

com necessidade de cuidados

de enfermagem muito elevados

com serviços abrangentes de

bem-estar como serviço de

apoio domiciliário e outros

serviços

Serviços dia para 2.432 73.214 Provisão de suporte às crianças

9 Disponível em: http://www.mhlw.go.jp/english/wp/wp-hw5/09.html Acesso em:25/06/2013

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70

crianças com deficiência com instruções

sobre as ações básicas na vida

diária, treinamentos de

adaptação à vida em grupo, etc.

Serviços de curta

permanência

3.308 30.632 Provisão de suporte às pessoas

com necessidades de cuidado

de enfermagem de curta

duração em instalações,

incluindo internações noturnas

Assistência médica de

longa permanência

36 2.120 Provisão de suporte às pessoas

com deficiência que necessitam

de cuidados médicos e de

enfermagem permanente com

treinamento funcional, gestão

de cuidados, cuidados de

enfermagem, cuidados diários,

etc, em instituições médicas

Cuidado para a vida

diária

6.157 192.177 Provisão de suporte às pessoas

com deficiência que necessitam

de cuidados de enfermagem de

forma contínua com cuidado

para banho, eliminação,

refeições, bem como

oportunidades para atividades

criativas, principalmente

durante o dia

Apoio noturno

(suporte para cuidados

residenciais)

1.892 102.820 Provisão de suporte às pessoas

com deficiência que vivem em

instalações de apoio com

cuidado para banho,

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71

eliminação, refeições, etc

durante a noite e feriados

Grupo de cuidado

domiciliar (cuidado em

casa)

3.771 46.551 Provisão de suporte às pessoas

na comunidade com cuidado

para o banho, a eliminação,

refeições, etc, em sua

residência durante a noite e

feriados

Serviço de reabilitação

(treinamentos para

melhorar a função física

e social)

1.250 14.167 Provisão de treinamentos às

pessoas com deficiência para

melhorar a função física ou

habilidades sociais por um

determinado período, para que

possam viver a vida diária e

social de forma independente

Apoio à transição para o

trabalho

2.206 22.696 Provisão de suporte às pessoas

com deficiência que desejam

trabalhar em uma empresa,

através de treinamentos para

melhorar o conhecimento e as

habilidades necessárias

Apoio contínuo ao

trabalho

7.143 149.355 Provisão de suporte às pessoas

com deficiência que têm

dificuldades para trabalhar em

uma empresa, através de

oportunidades de emprego,

bem como treinamentos para

melhorar o conhecimento e as

habilidades necessárias

Grupo domiciliar 3.214 23.181 Provisão de suporte às pessoas

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72

Group home with aid

(group home)

na comunidade com consulta e

outros apoios em suas vidas

diárias em sua residência

durante a noite e feriados

Experiência do Brasil

Rede Sarah de Hospitais de reabilitação10

A Rede SARAH de Hospitais de Reabilitação é administrada pela Associação das

Pioneiras Sociais, entidade de serviço social autônomo, de direito privado e sem fins

lucrativos, criada pela Lei nº 8.246, de 22 de outubro de 1991. Realiza atendimento

gratuito na área de reabilitação.

A Rede é constituída por nove unidades hospitalares localizadas em Brasília

(DF), com um hospital e um Centro Internacional de Neurociências e Reabilitação,

Salvador (BA), São Luís (MA), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE) e Rio de Janeiro (RJ),

Macapá (AP) e Belém (PA) (Quadro 13). Estes hospitais não atendem urgências e

emergências.

10

Disponível em: http://www.sarah.br/Cvisual/Sarah/ Acesso em:20/06/2013.

Page 73: Modelos de organização de serviços de …portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2016/marco/04/6...Reabilitação pode ser definida como a restauração do máximo potencial funcional

73

Quadro 13 – Localização, inauguração, capacidade instalada, atendimentos em 2012,

função e características por serviços de reabilitação.

Localização Inauguração Capacidade

instalada

Atendimentos

em 2012 Função e características

Brasília 1980 248 leitos 433.950 Hospital

Centro de Administração e de

Gestão Hospitalar,

Centro de Ensino e Pesquisas,

Centro de Pesquisas em

Educação e Prevenção, Centro

de Controle de Qualidade e

Centro de Formação de

Recursos Humanos.

São Luiz 1993 100 188.687 É centro de referência da Rede

para a Região Norte e vem

ampliando seus serviços

gradativamente. Assim, foram

implementados,

progressivamente, programas

de ortopedia, lesão medular e

lesão cerebral. Dispõe de um

Centro Comunitário, cujo

objetivo é promover ações de

educação e maior integração

entre paciente e comunidade.

Conta com biblioteca, salas de

leitura (adequadas a pesquisas

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74

escolares), brinquedoteca,

anfiteatro e salão comunitário.

Salvador 1994 157 271.564 É um hospital horizontal,

adequado à reabilitação,

possibilitando uma total

integração entre seus espaços

interno e externo.

Belo

Horizonte

1997 125 240.115 Implantados os programas de

reabilitação do lesado medular,

do lesado cerebral adulto e do

lesado cerebral infantil; de

genética médica e de distúrbios

neuromusculares assim como o

programa complementar

ortopédico clínico e cirúrgico.

Fortaleza 2001 86 128.959 Dedica-se especificamente à

reabilitação de crianças e

adultos, contando com

atendimento ambulatorial e

unidades de internação.

Brasília Lago

Norte

2003 Dado não

disponível

104.384 Importante centro de apoio a

pesquisas avançadas na área de

reabilitação e a intensificação

dos programas de tratamento

de pacientes, visando reintegrá-

los ao meio de origem.

Macapá 2005 Dado não

disponível

19.386 É o primeiro da Região Norte.

Atende crianças e adolescentes,

de zero a 16 anos, com

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75

alterações no desenvolvimento

neuropsicomotor ou patologias

de caráter não progressivo.

Dispõe de uma equipe

interdisciplinar especificamente

qualificada em ciências de

reabilitação, de serviços de

apoio, como laboratório e

oficina ortopédica, hidroterapia

e um amplo ginásio

poliesportivo.

Belém 2007 Dado não

disponível

14.475 Atende a crianças e

adolescentes entre 0 e 16 anos,

que nasceram em situação de

risco ou têm problemas no

desenvolvimento motor ou

neuropsicológico.

Rio de

Janeiro

2009 Dado não

disponível

135.379 Voltado ao tratamento de

doenças neurológicas. O usuário

já deve ter recebido a alta do

hospital onde se encontrava

internado

Cada hospital da Rede representa um espaço para reprodução e

aperfeiçoamento dos princípios, conceitos e técnicas consolidados ao longo do tempo

pelo SARAH-Brasília. Os conceitos agregados e aplicados, no cotidiano pelos

trabalhadores, transformaram o SARAH em centro de referência nacional e

internacional.

Os hospitais da Rede caracterizam-se por uma cuidadosa integração de sua

concepção arquitetônica aos princípios de organização do trabalho e aos diferentes

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76

programas de reabilitação, definidos conforme os indicadores epidemiológicos da

região em que cada unidade está inserida. Dessa integração, resultam, por exemplo, os

amplos espaços dos hospitais SARAH, e a humanização do ambiente hospitalar e as

enfermarias coletivas, com o sistema de "assistência progressiva" com aproveitamento

ótimo dos recursos disponíveis. Este sistema, pela primeira vez implantada no Brasil,

data das origens do Projeto, caracterizando-se pela possibilidade de manter o paciente

em locais de maior ou menor concentração de recursos humanos e materiais. Surgiu

desse conceito a criação do "Primeiro Estágio" onde permanecem os usuários que

necessitam de cuidados intensivos e freqüentes, com a característica de permitir a

presença de seus familiares.

Os ambientes foram preparados para os pacientes das diversas especialidades

médicas e terapêuticas, com piscinas, ginásios para fisioterapia, unidades de exames

complementares ao diagnóstico, blocos de serviços operacionais, entre vários outros

espaços.

Os hospitais da Rede SARAH estão interligados por tecnologias de

telecomunicação desde 1997. Diagnósticos de patologias, casos e exames podem ser

discutidos conjuntamente, em tempo real, por meio de vídeo-conferência, pelas

equipes das diversas unidades, multiplicando o potencial e o conhecimento do staff.

Também é possível consultar todos os prontuários, que são eletrônicos

(informatizados), de qualquer outra unidade, promovendo o mesmo nível de qualidade

de atendimento em toda a Rede e permitindo permanentes interconsultas e

programas de atualização.

Rede de Reabilitação Lucy Montoro11

A Rede de Reabilitação Lucy Montoro foi criada pelo Decreto 52973/08,

regulamentada pelo Decreto 33739/10 e alterada pelo Decreto 58050/12, pelo

Governo do Estado de São Paulo, por meio das Secretarias de Estado dos Direitos da

Pessoa com Deficiência e da Saúde, em parceria com renomadas instituições de

assistência, ensino e pesquisa.

11

Disponível em: http://redelucymontoro.org.br/ Acesso em 26/06/2013

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77

O objetivo principal é “propiciar melhoria na qualidade de vida, participação na

sociedade e capacitar plenamente a pessoa com deficiência para o exercício de seus

direitos”, dentro dos parâmetros do SUS. A Rede tem como foco o usuário lesão

medular, amputação e má-formação, lesões encefálicas do adulto, paralisia cerebral e

dor incapacitante e de acordo com o Decreto Lei 58050/12 é composta por (Quadro

14):

Quadro 14 – Características dos serviços de reabilitação da Rede de Reabilitação Lucy

Montoro.

Composição Características

I

Hospitais de reabilitação, destinados a

pessoas com deficiência física que necessitem

de cuidados intensivos de medicina de

reabilitação em regime de hospital-dia ou

internação (leitos de reabilitação);

Integrados a Faculdade

de Medicina ou a

hospital universitário

com reconhecida

atuação na área

II Centros de medicina de reabilitação,

destinados ao atendimento de pacientes

ambulatoriais em turnos intensivo de 4

(quatro) horas;

III Serviços de reabilitação, destinados ao

atendimento secundário, no nível

ambulatorial, de pacientes com deficiências

incapacitantes, encaminhados pelos hospitais

de reabilitação, centros de medicina de

reabilitação, serviços especializados e

Departamento Regional de Saúde das

respectivas regiões, abrangendo, entre

outros, os seguintes:

a) serviço de órteses, próteses e meios

Inseridos em hospitais

de alta complexidade,

centros de reabilitação

ou outras entidades de

saúde estaduais ou

municipais,

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78

auxiliares de locomoção;

b) serviço de reabilitação:

1. Em oncologia;

2. Em geriatria;

3. Infantil;

4. Na Síndrome de Down;

5.Na deficiência auditiva;

6. Na deficiência visual;

7. Na deficiência intelectual;

IV Unidades de reabilitação, destinadas à

manutenção da condição funcional por

intermédio de atividades, prioritariamente

em grupos, com supervisão terapêutica

contínua e articulada com os recursos da

comunidade.

Inseridos em centros

de medicina de

reabilitação, serviços

de reabilitação ou

outras entidades de

saúde estaduais ou

municipais.

O atendimento é realizado por equipe multiprofissional de especialistas em

reabilitação, composta por (Decreto Lei 58050/12):

Médicos Fisiatras

Psicólogos

Enfermeiros

Assistentes Sociais

Fisioterapeutas

Terapeutas Ocupacionais

Educadores Físicos

Nutricionistas

Fonoaudiólogos

Odontólogos

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Médicos consultores nas áreas de Cardiologia, Urologia, Reumatologia e

Ortopedia.

As Unidades da Rede de Reabilitação Lucy Montoro estão localizadas em São

Paulo (2), Ribeirão Preto (1) e São José do Rio Preto (1).

A Rede também possui uma Unidade Móvel que realiza atendimento através de

uma carreta com 15m de comprimento, 2,60m de largura e 20 toneladas. Possui

elevador hidráulico e banheiro totalmente adaptados às necessidades da pessoa com

deficiência, além de consultório médico, sala de espera e oficina ortopédica com sala

de prova. O objetivo é realizar atendimento em regiões do Estado de São Paulo onde

não há fornecimento de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção.

Em relação à unidade de Ribeirão Preto, o número de atendimentos tem

aumento anualmente, conforme Figura 1712.

Figura 17 – Número de atendimentos por ano do Instituto de Reabilitação Lucy

Montoro.

12

Disponível em: http://www.hcrp.fmrp.usp.br/sitehc/upload%5CInstituto%20de%20Reabilita%C3%A7%C3%A3o%20Lucy%20Montoro.pdf Acesso em: 29/06/2013

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80

Núcleo de Apoio à Saúde da Família

Através da Portaria GM nº 154 de 2008, o Ministério da Saúde criou o Núcleo

de Apoio à Saúde da Família (NASF) com o objetivo de apoiar a inserção da Estratégia

de Saúde da Família na rede de serviços, além de ampliar a abrangência e o escopo das

ações da Atenção Primária em Saúde (APS), e aumentar a resolutividade dela,

reforçando os processos de territorialização e regionalização em saúde (Brasil, 2009).

As ações dos NASF envolvem atuação intersetoriais e interdisciplinares em

(Brasil, 2009):

- Promoção da saúde e prevenção de doenças

- Reabilitação da saúde e cura

Em relação à reabilitação, o NASF favorece intervenções no processo saúde-

doença na APS, fortalecendo a Estratégia Saúde da Família (ESF). As ações de

reabilitação foram:

(...) historicamente associadas, todavia, aos níveis secundários e terciários de atenção, baseadas em um modelo biomédico e reparativo, centrado na doença e em seus efeitos, com ênfase em procedimentos tecnicistas e individuais. Trata-se, esse último modelo, de algo que evidentemente não responde de forma eficiente aos problemas de saúde da população (...) Um novo entendimento do processo saúde–doença faz-se necessário, de forma a incluir questões sociais e desenvolver ações no plano coletivo e nos territórios respectivos, integrando assim os modelos clínico e social, dentro de uma perspectiva de responsabilidade coletiva e compromisso com a inclusão social. (Brasil, 2009, p.52).

Assim, a reabilitação na APS deve considerar todas as necessidades do sujeito,

proporcionando uma atenção integral, para além do plano da deficiência

propriamente dita (Brasil, 2009).

O Centro de Reabilitação e Fisioterapia do NASF de Ibitité (MG), abrange

assistência em reabilitação nas áreas de ortopedia, neurologia, disfunções

respiratórias, geriatria e atividade física regular e conta com uma série de programas e

ações13:

13

Disponível em http://www.ibirite.mg.gov.br/secretarias/secsaude/vigilancia/221-centro-de-reabilitacao-e-fisioterapia-do-nasf.html Acesso em: 11/07/2013

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81

- Grupo de lombalgia;

- Programa de saúde auditiva;

- Programa de órteses, próteses e dispositivos para deslocamento;

- Atividade física continuada;

- Programa de prevenção de incapacidade em hanseníase

Em relação à força de trabalho, o núcleo deverá conter os seguintes

trabalhadores, a depender da modalidade do NASF (Brasil, 2009):

NASF 1: composto por no mínimo cinco profissionais com formação

universitária, entre os seguintes: psicólogo, assistente social, farmacêutico,

fisioterapeuta, fonoaudiólogo, médico ginecologista, profissional da educação física,

médico homeopata, nutricionista, médico acupunturista, médico pediatra, médico

psiquiatra e terapeuta ocupacional.

Cada um desses NASF deve estar vinculado a um mínimo de oito e máximo de

20 equipes de SF, exceto nos estados da Região Norte, onde o número mínimo passa a

ser cinco.

NASF 2: composto por no mínimo três profissionais, entre os seguintes:

psicólogo, assistente social, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, profissional

da educação física, nutricionista e terapeuta ocupacional; e se vincular a no mínimo

três equipes de SF.

Viver sem Limite

O Viver sem Limite foi construído com base na Convenção Internacional dos

Direitos da Pessoa com Deficiência da Organização das Nações Unidas e lançado por

meio do Decreto 7.612, de 17 de novembro de 2011 (Brasil, sem data).

Denominado de Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência -

Programa Viver Sem Limite - tem como proposta a articulação de políticas

governamentais de acesso à educação, inclusão social, atenção à saúde e

acessibilidade.

Os quatro eixos de atuação do Programa estão descrito abaixo (Brasil, sem

data):

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82

Acesso à educação: o Governo Federal vai investir até 2014 em recursos

e serviços de apoio à educação nas ações e programas: implantação de Salas de

Recursos Multifuncionais a promoção de acessibilidade arquitetônica nas escolas, a

formação de professores para realização do Atendimento Educacional Especializado

(AEE), a aquisição de ônibus escolares acessíveis, Programa Nacional de Acesso ao

Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), Programa de Acessibilidade na Educação

Superior – Incluir, formação de professores e tradutores – intérpretes em Língua

Brasileira de Sinais (Libras)

Atenção à saúde: tem como objetivo ampliar o acesso e qualificar o

atendimento às pessoas com deficiência (temporária ou permanente; progressiva,

regressiva ou estável; intermitente ou contínua) no SUS, com foco na organização de

rede e na atenção integral à saúde. O Governo Federal prevê a criação da Rede de

Cuidados à Pessoa com Deficiência e o planejamento das seguintes ações até 2014:

o Qualificação das equipes de atenção básica;

o Criação de Centros Especializados em Reabilitação (CER) e

qualificação dos serviços já existentes;

o Criação de oficinas ortopédicas e ampliação da oferta de órteses,

próteses e meios auxiliares de locomoção, vinculados aos serviços de reabilitação física

do Sistema Único de Saúde (SUS);

o Qualificação da atenção odontológica, tanto na atenção básica

quanto na especializada e cirúrgica.

Inclusão social: com o objetivo de desenvolver ações para incidir

desigualdades, exclusões ou restrições, valorizando o reconhecimento e participação

dos usuários com deficiência, o governo vai investir em: implantação de serviços em

Centros-Dia de Referência, implantação de Residências Inclusivas, e Prestação

Continuada da Assistência Social (BPC).

Acessibilidade: em decorrência deste programa, foi criada a Secretaria

Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos (SNAPU), dentro do Ministério das

Cidades para promover a inserção do tema acessibilidade urbana nos projetos

governamentais. As seguintes ações são propostas: construção de casas e

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83

apartamentos adaptáveis no Programa Minha Casa, Minha Vida, instalação de centros

tecnológicos para formação de treinadores e instrutores de cães-guia; e instituição do

Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva (CNRTA), linha de crédito

facilitado para aquisição de serviços e equipamentos de tecnologia assistiva.

Outros Projetos na área de reabilitação descritos na literatura cinza14:

Projeto “Unidade de Internação do Instituto de Medicina Física e Reabilitação

do HCFMUSP”

Programa de Reabilitação Simplificada do Instituto de Ortopedia e

Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo

Centro de Reabilitação do ICESP – Ação civil Pública

Centro de Reabilitação da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CRPM)

Tecnólogos em Cuidados de Pessoas com Deficiência - Curso Formativo

baseado em Teleducação Interativa

Núcleo de Produção e Desenvolvimento de Produtos Ortopédicos e Meios

Auxiliares de Locomoção

Convênio de Cooperação Técnico-Educacional com o Centro Estadual de

Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS)

Projeto Básico de Gestão de Trabalhadores de prevenção, diagnóstico e

intervenção no processo de escolarização de alunos portadores de

necessidades educacionais especiais por meio do Centro de Apoio Pedagógico

Especializado – CAPE

Programa Atenção à Pessoa Portadora de Deficiência do Ministério da Saúde15

14

Disponível em: http://extranet.ffm.br/atuacaodaffm/projetos/AtencaoPortadoresDeficiencia.ashx Acesso em: 11/07/2013 15

Disponível em http://www.abrasil.gov.br/nivel3/index.asp?id=56&cod=GSADI Acesso em: 11/07/2013

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84

Legislações Nacionais

O Quadro 15 indica as principais publicações nesse âmbito.

Quadro 15 – Lista de legislações, ano de publicação e resumo.

Título Ano de

publicação Resumo

Lei N.º 7.853

1989

Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de

deficiências e a sua integração social, no que se refere à

saúde, atribui ao setor a promoção de ações

preventivas; a criação de uma rede de serviços

especializados em reabilitação e habilitação; a garantia

de acesso aos estabelecimentos de saúde e do

adequado tratamento no seu interior, segundo normas

técnicas e padrões apropriados; a garantia de

atendimento domiciliar de saúde ao deficiente grave

não internado; e o desenvolvimento de programas de

saúde voltados para as pessoas portadoras de

deficiências, desenvolvidos com a participação da

sociedade (Art. 2º, Inciso II)

Portaria n.º 818/GM

2001

Criação de mecanismos para a organização e

implantação de Redes Estaduais de Assistência à Pessoa

Portadora de Deficiência Física

Portaria nº 1.060/GM 2002

Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora de

Deficiência

Decreto 7.612 2011

Lançamento do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa

com Deficiência – Viver sem Limite

Portaria nº 793/GM 2012

Institui a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no

âmbito do Sistema Único de Saúde.

Portaria Nº 835/GM 2012

Institui incentivos financeiros de investimento e de

custeio para o Componente Atenção Especializada da

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85

Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no âmbito

do Sistema Único de Saúde.

Decreto nº 58.050/ SP 2012 Dispõe sobre a Rede de Reabilitação “Lucy Montoro”

De acordo com a Portaria n.º 818/GM, a organização da assistência à pessoa

portadora de deficiência física deve abranger serviços hierarquizados e regionalizados

e com base nos princípios da universalidade e integralidade das ações de saúde. As

Redes Estaduais de Assistência à Pessoa Portadora de Deficiência Física, descritas nesta

Portaria, são compostas por:

A- Serviços de Reabilitação Física – Primeiro Nível de Referência

Intermunicipal: presta atendimento a pacientes com deficiências físicas que requerem

cuidados de reabilitação, prevenção de deficiências secundárias e orientação familiar.

B- Serviços de Reabilitação Física – Nível Intermediário: é composto por

serviço de média complexidade para o desenvolvimento de um conjunto de atividades

individuais e/ou em grupo, acompanhamento médico e funcional e orientação familiar.

Inclui a prescrição, avaliação, adequação, treinamento, acompanhamento e

dispensação de Órteses, Próteses e Meios Auxiliares de Locomoção.

C - Serviços de Referência em Medicina Física e Reabilitação: é composto por

serviço de maior nível de complexidade e equipe multiprofissional e multidisciplinar

especializada, para o atendimento de pacientes que demandem cuidados intensivos de

reabilitação física (motora e sensória motora), constituindo-se na referência de alta

complexidade da rede estadual ou regional. Inclui a prescrição, avaliação, adequação,

treinamento, acompanhamento e dispensação de Órteses, Próteses e Meios Auxiliares

de Locomoção;

D- Leitos de Reabilitação em Hospital geral ou Especializado: por indicação

médica, se o regime de internação hospitalar for o mais adequado ao paciente

Já a Portaria 793, instituiu a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, por

meio da criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde para pessoas

com deficiência temporária ou permanente; progressiva, regressiva, ou estável;

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86

intermitente ou contínua, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A organização

desta Rede abrangerá:

I - Atenção Básica: tem como ponto de atenção as Unidades Básicas de Saúde

(UBS), contanto com o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), quando houver e

atenção odontológica.

II- Atenção Especializada em Reabilitação Auditiva, Física, Intelectual, Visual,

Ostomia e em Múltiplas Deficiências: tem como ponto de atenção estabelecimentos

de saúde habilitados em apenas um Serviço de Reabilitação; centros Especializados em

Reabilitação (CER); e centros de Especialidades Odontológicas (CEO).

III- Atenção Hospitalar e de Urgência e Emergência: devem responsabilizar-se

pelo acolhimento, classificação de risco e cuidado nas situações de urgência e

emergência das pessoas com deficiência; instituir equipes de referência em

reabilitação em portas hospitalares de urgência e emergência vinculadas à ação pré-

deficiência; ampliar o acesso e qualificar a atenção à saúde para pessoa com

deficiência em leitos de reabilitação hospitalar; ampliar o acesso regulado da atenção à

saúde para pessoas com deficiência em hospitais de reabilitação; e ampliar o acesso às

urgências e emergências odontológicas, bem como ao atendimento sob sedação ou

anestesia geral, adequando centros cirúrgicos e equipes para este fim.

De acordo com dados do Ministério de Saúde disponibilizados on-line16,

existem 136 Serviços de Reabilitação Física habilitados no Brasil para garantir às

pessoas com deficiência uma atenção à saúde nos vários níveis de complexidade.

16

Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/sas/sapd/area.cfm?id_area=915 Acesso em: 02/06/2013

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Recomendações

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Recomendações

A partir da identificação da experiência internacional sobre o tema, é possível

realizar as seguintes considerações finais:

- O aumento da população idosa, das doenças crônicas e da expectativa de vida leva a

necessidade crescente de serviços de reabilitação. Desta forma, o planejamento de

serviços deve considerar o perfil socioeconômico da população;

- A literatura revela dispersos problemas na área de reabilitação que devem ser

explorados no contexto brasileiros. Para a discussão do acesso, é imprescindível

considerar as disparidades sociais;

- O planejamento de serviços de reabilitação deve considerar todos os interessados

como pessoas com deficiência, comunidade, gestores e trabalhadores de saúde e

comunitários. As visões diferentes aprofundam a discussão sobre o tema;

- Modos de atenção na área de reabilitação devem incluir programas na fase aguda,

pós-hospitalar e de longa permanência;

- Integração dos serviços de reabilitação com a Atenção Primária é importante para

uma atenção integrada;

- A literatura internacional revela que a desigualdade social está relacionada a

importantes diferenças, em relação ao acesso, tratamento e prevalências de

deficiências graves entre pessoas com alta e baixa renda.

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Contatos

Portal da Saúde da Pessoa com Deficiência

http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-

ministerio/principal/secretarias/sas/saude-da-pessoa-com-deficiencia

Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação

http://www.sarah.br/a-rede-SARAH/nossas-unidades/unidade-brasilia/

AACD- Associação de Assistência à Criança Deficiente

https://aacd.org.br/unidade/ibirapuera-sp/

Rede Lucy Montoro

http://www.redelucymontoro.org.br/Imrea/apresentacao

Morhan Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase

http://www.morhan.org.br/biblioteca/controle_social

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Referências

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Apêndices

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Apêndice 1 -Instrumento de avaliação das referências

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Apêndice 2

Instrumento de descrição dos dados

N Título Ano Autor(es) Afiliação

dos autores País Idioma

Objetivo do estudo

Tipo de estudo

Método de coleta de dados

Resultado Tipo de serviço

Tipo de reabilitação

Força de trabalho

Modelo de serviço

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

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Apêndice 3

Estratégias de busca por base de dado

Bases de dados Estratégia

PubMed

((((Rehabilitation centers[Title])) OR (Rehabilitation

center[Title])) OR (rehabilitation services[Title])) OR

(rehabilitation service[Title])

LILACS rehabilitation [Palavras do título] and service [Palavras do

título]

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Apêndice 4

Indicadores aos serviços do atendimento de reabilitação (Ribeiro e Barter (2010)

Proporção de unidades que possuem mecanismos próprios ou integração com

a rede de serviços para suporte para laboratório de radiologia e de patologia

clínica.

Proporção de unidades que possuem protocolos para o atendimento de

reabilitação aos idosos vítimas de acidentes/ violências.

Proporção de unidades de referência que realizam as principais atividades

propostas para seu nível de complexidade.

Proporção de unidades que realizam atividades voltadas para reinserção na

vida comunitária, ações de promoção do autocuidado, ações de fomento da

rede de solidariedade para idosos frágeis e sua família e ações de estímulo à

participação dos idosos em grupos de terceira idade, conselhos comunitários.

Proporção de unidades que possuem equipes multidisciplinares para a

reabilitação domiciliar dos idosos vítimas de acidentes e violências.

Proporção de unidades que oferecem uma abordagem preventiva com

aplicação de instrumentos de avaliação e testes de triagem para detecção de

distúrbios cognitivos, visuais, mobilidade, audição, depressão,

comprometimento da funcionalidade, distúrbios nutricionais e isolamento

social.

Proporção de unidades cujos profissionais recebem capacitação para

identificação e atendimento dos casos de idosos vítimas de acidentes e

violência.

Índice de recursos humanos de unidades primárias para atendimento ao idoso

– Proporção de unidades primárias que possuem equipe mínima de

profissionais indispensáveis para seu funcionamento; e que possuem

profissionais com formação em gerontologia/geriatria.

Índice de recursos humanos de unidades intermediárias para atendimento ao

idoso – Proporção de unidades intermediárias que possuem equipe mínima de

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profissionais indispensáveis para seu funcionamento; e que possuem

profissionais com formação em gerontologia/geriatria.

Índice de recursos humanos de unidades de referência para atendimento ao

idoso – Proporção de unidades de referência que possuem equipe mínima de

profissionais indispensáveis para seu funcionamento; e que possuem

profissionais com formação em gerontologia/geriatria.

Índice de integração da unidade/serviço com a rede – Proporção de unidades

que possuem integração com equipes do PSF visando à manutenção da

capacidade funcional do idoso; e recebem ou encaminham pacientes do

PSF/Pacs, CAPs, hospitais gerais, psiquiátricos, unidades de saúde, Ministério

Público, delegacias, conselhos de direitos, Secretaria de

Desenvolvimento/Assistência/Ação Social.

Índice de registro e análise dos dados – Proporção de unidades que realizam o

registro do atendimento aos acidentes/violências classificados de acordo com a

CID-10 e que fazem análise sistemática deles.

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Anexos

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Anexo 1

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