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Programa de Mestrado Profissional
Em Saúde e Gestão do Trabalho
A QUALIFICAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE NÍVEL MÉDIO
COMO ESPECIALIDADE NA ATENÇÃO A SAÚDE DO IDOSO
MIRTES DA SILVA ANDRADE RIBEIRO
ITAJAÍ
MIRTES DA SILVA ANDRADE RIBEIRO
A QUALIFICAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE NÍVEL MÉDIO COMO ESPECIALIDADE NA ATENÇÃO A SAÚDE DO IDOSO
Dissertação apresentada como requisito para a título de Mestre em Saúde e Gestão do Trabalho Área de Concentração: Gestão do Trabalho e Educação na Saúde. Orientadora: Profª. Drª. Juliana Vieira de Araújo Sandri.
ITAJAÍ (SC), 2009.
R354q
Ribeiro, Mirtes da Silva Andrade, 1968-
A qualificação dos profissionais de saúde de nível médio [manuscrito] : como especialidade na atenção a saúde do idoso / Mirtes da Silva Andrade Ribeiro. – 2009.
143 f. : il. ; 30 cm
Cópia de computador (Printout(s)).
Dissertação (mestrado) – Universidade do Vale do Itajaí, Pró-reitoria de Pesquisa. Pós-graduação, Extensão e Cultura, 2010.
“Orientador: Profª. Drª. Juliana Vieira de Araújo Sandri”.
MIRTES DA SILVA ANDRADE RIBEIRO
A QUALIFICAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE NÍVEL MÉDIO COMO ESPECIALIDADE NA ATENÇÃO A SAÚDE DO IDOSO
Esta dissertação foi julgada adequada para obtenção do título de Mestre em Saúde
Coletiva e aprovada no Curso de Pós-Graduação em Saúde e Gestão do Trabalho.
Área de Concentração Gestão do Trabalho e Educação na Saúde.
Itajaí (SC), Dezembro de 2009.
Comissão Examinadora
________________________________ Profª. Drª. Juliana Vieira de Araújo Sandri
Presidente/Orientadora UNIVALI - Itajaí
________________________________ Profª. Drª. Elizabeth Navas Sanches
Examinador UNIVALI - Itajaí
________________________________ Profª. Drª. Lúcia Hisako Takase Gonçalves
Examinadora UFSC - Florianópolis
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho às minhas avós:
minha avó Maria, hoje com 100 anos
e à minha avó Chiquinha, com 97 anos.
Portanto, elas são exemplo de que envelhecer é uma conquista!
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, que me guiou neste caminho e preparou para mim esta
oportunidade de estar aqui, pois sem ele nada é possível.
Agradeço ao meu amado filho, Harison, que é a razão da minha vida e que
compreendeu minha ausência e me cobria de carinho quando retornava para casa.
Ao meu amado esposo, Radamés, que cuidou do nosso filho para que eu
pudesse realizar esta caminhada. Meu porto seguro.
Agradeço a minha mãe por suas orações que sempre me deram forças em
todos os momentos desta jornada.
A minha amiga Elza Fernanda, que foi uma irmã nesta caminhada e cuidou
de mim em todos os momentos em que compartilhamos as alegrias, tristezas,
viagens de aventura até chegarmos a Itajaí e muitos conhecimentos adquiridos e
que, com sabedoria, saberemos aplicá-los em nossas vidas.
A minha querida professora Juliana Sandri, por sua paciência, por
compartilhar comigo seus conhecimentos, sua alegria em trabalhar esse tema. Sua
orientação foi ímpar, pois compartilhamos o ideal de que “envelhecer é uma
conquista; e com qualidade de vida, é um privilégio”.
Aos colegas de mestrado, no qual compartilhamos nossas experiências
tornando nossa vivência muito próxima ao ponto de nos chamarmos de amigos para
sempre.
A todos os professores da Univali, que compartilharam seus conhecimentos
e pela generosidade de cada um para com esta turma muito especial.
Agradeço ao Ministério da Saúde que através do projeto junto a UNESCO,
nos proporcionou a participação neste mestrado.
Meu agradecimento especial a banca examinadora, pela sua generosidade e
atenção que dispensaram para participar deste processo, e compartilhar suas
experiências profissionais e conhecimentos para este estudo com foco no idoso.
Agradeço a todos os colaboradores que acreditaram na minha proposta e
me ajudaram com seus conhecimentos para que a mesma fosse construída e
concluída.
A toda equipe da Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha, em
especial minha coordenadora, Anna Lúcia Leandro de Abreu, que em sua sabedoria
soube conduzir nossos trabalhos junto a esta comunidade escolar.
Ao Instituto Dom Moacyr, por nos disponibilizar o espaço da escola para
realização das oficinas e acolher esta proposta, como uma construção de cidadania
aos nossos educados.
Aos colegas de trabalho do HUERB por sua colaboração e apoio na escala
de serviço para que eu pudesse participar deste mestrado.
As minhas irmãs e os meus irmãos que a nossa união é a base familiar.
A todos o meu muito obrigado, vocês são muito especiais para mim!
TEMPO GLORIOSO
Vejo no idoso Um tempo glorioso Um peito carinhoso Que abriga filhos, netos... Quem sabe, bisnetos Que lhe devolvem AMOR Vejo um braço laborioso Que trabalhou, cumpriu seu dever... Vejo a experiência... A inteligência mais aguçada A ternura mais açucarada Vejo nas mãos crispadas No passo criterioso, embora inseguro Que o que era escuro... Agora é só claridade! Que o olhar está mais cansado O rosto ficou enrugado O corpo está mudado, é verdade... Mas seu coração é o mesmo A alma é mais bela... E mantém a mesma integridade! Nair Lúcia de Britto
RIBEIRO, Mirtes da Silva Andrade. A QUALIFICAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE NÍVEL MÉDIO COMO ESPECIALIDADE NA ATENÇÃO A SAÚDE DO IDOSO. Dissertação (Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho) – Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Itajaí (SC), 2009. Orientadora: Drª Juliana Vieira de Araujo Sandri
RESUMO
O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e incontestável, ocorre em países desenvolvidos como também em desenvolvimento, segundo dados do BRASIL (2000e) a perspectiva para o Brasil no ano de 2025 e a de 6º lugar no ranking mundial da população idosa. Este evento traz consigo algumas particularidades referentes ao processo de envelhecimento como a senescência que é o processo natural do envelhecimento e a senilidade período este em que ocorre as doenças crônico-degerativas e como conseqüências destas doenças têm a perda da capacidade funcional e cognitiva. Diante deste quadro apresentamos à proposta de formação dos profissionais de saúde de nível médio com especialidade na atenção a saúde do idoso, respaldo na Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/96 Decreto CNE/CEB nº 5.164/04, Parecer CNE/CEB nº 04/99 E Resolução CNE/CEB nº 16/99 e com embasamento legal das Políticas Públicas voltadas a pessoa idosa. Participaram desta construção os Coordenadores das áreas técnicas da ETSUS-ACRE e os Coordenadores da Atenção a Saúde Idoso Estadual e Municipal da cidade de Rio Branco – Acre. A metodologia utilizada durante a construção foi através do método construtivista, no qual considera o ser humano como centro do seu percurso em direção á construção do conhecimento. Os resultados obtidos da construção desta proposta foram: Perfil Profissional desta clientela que queremos formar com base na gerontologia e a Matriz Curricular formada por cinco eixos tecnológicos que serão norteadores desta proposta de formação como: Introdução ao Estudo do Envelhecimento: Um enfoque Gerontológico; Aspectos Legais de Envelhecimento: Ética e Cidadania; Patologias comuns a pessoa idosa; Assistência Humanizada à Pessoa Idosa; Atendimento em Situações de Agravos a pessoa idosa e o Aspecto da Tanatologia. Esses eixos são formados por competências, bases tecnológicas, habilidades valores e atitudes. PALAVRAS-CHAVE: Idoso. Qualificação profissional. Profissional de SaúdeF
1
1 Conforme dos descritores da saúde (site: http://decs.bvs.br/).
ABSTRACT
Population ageing is a global and indisputable phenomenon that is occurring in
developed and developing countries, and according to data from the IBGE (2000),
the forecast is that by 2025, Brazil will have the 6th largest elderly population in the
world. This event brings with it some special characteristics relating to the ageing
process, gerontology and senility, a period when chronic-degenerative diseases are
more likely to occur, resulting in loss of functional and cognitive capacity. In this
context, we present a proposal for technical training of undergraduate health workers
specializing in healthcare of the elderly, according to the guidelines of the Lei de
Diretrizes e Bases no. 9394/96, CNE/CEB Decree no. 5164/04, Opinion CNE/CEB
no. 04/99 and CNE/CEB Resolution no.16/99, with the legal backing of Public
Policies for elderly people. Coordinators of the technical areas of the ETSUS-ACRE,
State Coordinators of Healthcare for the Elderly, and the Local Council of the city of
Rio Branco - Acre took part in this construction. A constructivist methodology was
used, in which the human being is considered as being at the center of its path
towards the construction of knowledge. The results obtained from the construction of
this proposal were: a Professional Profile of this clientele that we seek to train, based
on gerontology and the Curricular Matrix formed by five technological axes that will
provide guidelines for this training proposal, namely: Introduction to the Study of
Ageing: A Gerontological focus; Legal Aspects of Ageing: Ethics and Citizenship;
Pathologies common to the elderly; Humanized Healthcare for Elderly People;
Healthcare for elderly people in situations of deteriorating health, and the Aspect of
care of the dying. These axes are made up of competencies, technological bases,
skills, values and attitudes.
KEY WORDS: Elderly; Professional qualification Health Professional.2
2 According to the health descriptors (Site: http://decs.bvs.br/). Annex 1
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Dinâmica do grupo de trabalho. .................................................................35
Figura 2: Eixos tecnológicos definidos pelos grupos na segundo oficina..................43
Figura 3: Gerontologia, ciência multidisciplinar .........................................................49
Figura 4: Matriz Curricular por Módulo proposto para o curso. .................................56
Figura 5: Matriz Curricular por Eixo Tecnológico.......................................................58
Figura 6: Quatro pilares da educação. ......................................................................61
Figura 7: Diagrama do Eixo I – Módulo I ...................................................................63
Figura 8: Diagrama do Módulo II – Eixo II .................................................................71
Figura 9: Diagrama do Módulo II – Eixo III ................................................................78
Figura 10: Diagrama do Módulo II – Eixo IV..............................................................88
Figura 11: Diagrama do Módulo III – Eixo V............................................................105
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................11 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................20
2.1 O envelhecimento humano e as políticas de direito do idoso ......................20 2.2 A formação especialista de nível médio. ......................................................24 2.3 A ETSUS e sua responsabilidade na formação dos profissionais para o SUS
.....................................................................................................................27 2.4 Conhecendo a trajetória da ETSUS-ACRE..................................................30
3 METODOLOGIA.................................................................................................33
3.1 Abordagem da pesquisa ..............................................................................33 3.2 Participantes da construção .........................................................................34
3.2.1 A dinâmica do grupo de trabalho ..............................................................35 3.3 Aspectos éticos ............................................................................................37 3.4 Construindo e analisando a proposta...........................................................37 3.5 Descrevendo as oficinas ..............................................................................38
4 A PROPOSTA DO CURSO DE QUALIFICAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE
SAÚDE DE NÍVEL MÉDIO COMO ESPECIALIDADE NA ATENÇÃO A SAÚDE DO IDOSO..........................................................................................................46
4.1 Perfil profissional ..........................................................................................51 4.2 Matriz curricular............................................................................................53
4.2.1 MÓDULO 1 - EIXO I: Introdução aos estudos do envelhecimento: Um enfoque gerontológico ..............................................................................63
4.2.2 2MÓDULO 2 - EIXO II: Aspectos Legais do Envelhecimento: Ética e Cidadania..................................................................................................71
4.2.3 MÓDULO 2 – EIXO III: Patologias Comuns a Pessoas Idosas.................78 4.2.4 MÓDULO 3 EXO IV: Assistência Humanizada à Pessoa idosa................88 4.2.5 MÓDULO 3 - EIXO V: Atendimento em situações de agravos a pessoa
idosa e o aspecto da tanatologia ............................................................105 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................113 REFERÊNCIAS.......................................................................................................116 ANEXOS .................................................................................................................131 ANEXO A - Solicitação ao Instituto de Desenvolvimento Profissional Dom Moacyr
Crechi ...............................................................................................................131 ANEXO B - Solicitação as instituições para a liberação dos participantes..............132 ANEXO C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .....................................133 ANEXO D: Termo de aceite de orientação..............................................................135 APÊNDICES ...........................................................................................................136 APÊNDICE A - Quadro da Matriz do Módulo I, II e III com suas respectivas Cargas
Horárias ............................................................................................................136
APÊNCIDE B - Matriz Curricular e os Eixos Tecnológicos, Competência, Bases Tecnológicas, Habilidades, Valores e atitudes. ................................................139
11
1 INTRODUÇÃO
No início de um novo milênio, em quase todos os países do continente, vem
ocorrendo o fenômeno do envelhecimento populacional. Ao mesmo tempo em que
traz uma sensação de vitória da vida sobre a finitude, também coloca para todos os
cidadãos uma série de situações a serem enfrentadas, decorrentes do aumento de
esperança de se viver mais.
Uma das principais características da população mundial neste início de um
novo século é a de que tem havido um aumento expressivo, tanto em número
absoluto como relativo de pessoas com 60 anos de idade ou mais. Dos cerca de 600
milhões de idosos vivendo hoje no mundo, cerca de 370 milhões estão vivendo em
países em desenvolvimento, e as projeções para os próximos anos apontam para
uma população de mais de um bilhão de idosos, dos quais 70% (700 milhões) irão
residir em países pobres (LITVOC; BRITO 2004).
Com o aumento da população idosa no Brasil previsto para os próximos
anos, torna-se necessário desenvolver Políticas Sociais e de Saúde voltadas para a
sobrevivência condigna do idoso, objetivando mantê-lo o maior tempo possível
autônomo e independente na comunidade e na convivência familiar.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) (BRASIL,
2004g) um dos efeitos da redução da taxa de fecundidade, foi à constatação do
estreitamento da base da estrutura etária com progressivo envelhecimento da
população.
O processo de envelhecimento da população, também, pode ser
acompanhado por meio do indicador que relaciona o número de pessoa de 60 anos
ou mais de idade para 100 crianças com menos de 05 anos de idade. Esse indicador
estava em 48,3 em 1981; passou para 76,5 em 1993; atingiu 97,8 em 1999, e
alcançou 120,1 no ano de 2004 (BRASIL, 2004g).
O rápido declínio da fecundidade no Brasil constitui-se uma das mais
importantes mudanças estruturais da sociedade brasileira no final do Século XX. O
menor ritmo de crescimento da população e a profunda modificação na estrutura
etária, com acelerado envelhecimento da população, têm e terão, obviamente,
profundas implicações sobre toda a vida social e econômica do país.
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A população que envelhece coloca novas exigências para os serviços
sociais e de saúde. Os problemas de saúde das pessoas idosas são freqüentemente
de natureza crônica e podem requerer intervenções custosas e de uso de
tecnologias complexas, acrescentando-se aos idosos os benefícios e pensões da
seguridade social (VERAS, 1994).
Dos 14,5 milhões de idosos identificados pelo Censo Demográfico de 2000,
55% eram mulheres. Esse fato é explicado pela mortalidade diferencial por sexo. De
acordo com Lloyd-Sherlock (2004) mesmo que a velhice não seja universalmente
feminina, ela possui um forte componente de gênero.
Atualmente, a maioria das idosas brasileiras apesar de não ter um trabalho
remunerado durante a sua vida adulta, progressivamente através de trabalhos extra
domésticos, viagens e trabalhos temporários e por viverem mais do que os homens,
acabam assumindo o papel de chefe de família e de provedoras (GOLDANI, 1999).
Diferentemente nos países europeus quando o envelhecimento de suas
populações ocorreu, a maioria desses países já apresentavam níveis sócio-
econômicos que proporcionavam a grande parte de seus habitantes, condições de
vida satisfatórias. Com isso, os problemas conseqüentes ao envelhecimento
populacional puderam ser encarados como prioritários (KALACHE, 1987).
No entanto, o envelhecimento da população brasileira está se processando
em condições de vida, ainda muito desfavoráveis para muitas pessoas. O idoso não
é uma prioridade, como pode ser visto nos países desenvolvidos. No entanto, eles
estão aí para ficar e em proporções crescentes, passando de 6% da população
em1980, para mais de 13% previsto para o início do século XXI (KALACHE, 1987).
O sistema de saúde brasileiro tradicionalmente está organizado para atender
à saúde materno-infantil e não tem considerado o envelhecimento como uma de
suas prioridades. Uma importante conseqüência do aumento do número de pessoas
idosas em uma população é que esses indivíduos provavelmente apresentarão um
maior número de doenças e/ou condições crônicos que requerem mais serviços
sociais e médicos e por mais tempo (FIRMO; UCHOA; LIMA-COSTA, 2004).
Isso já pode ser notado, uma vez que a população idosa, que hoje apresenta
cerca de 6% da população, consome mais de 26% dos recursos de internação
hospitalar no SUS (LIMA-COSTA et al, 2003). Além disso, é notável a carência de
profissionais qualificados para o cuidado ao idoso, em todos os níveis de atenção e
formação profissional.
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Outro fator importante a ser considerado é que a saúde para a população
idosa não se restringe ao controle e a prevenção de agravos de doenças crônicas
não-transmissíveis. Saúde da pessoa idosa é a interação entre a saúde física, a
saúde mental, a interdependência financeira, a capacidade funcional e o suporte
social (RAMOS, 2006). Portanto, a saúde da pessoa idosa envolve diversas
dimensões da atenção a saúde.
Entretanto, a atenção a saúde do idoso é um ato político que envolve
diferentes atores sociais: gestores, sociedade civil organizada e a clientela de
idosos, que, em um processo democrático, participativo e consensual, articulam-se
entre si e negociam as tomadas de decisões para o enfrentamento do
envelhecimento populacional. Porém, o modo como os países subdesenvolvidos
responderão a esse desafio proposto pelo envelhecimento de suas populações
dependerá em grande parte do grau de sensibilização ao problema por parte da
sociedade como um todo e de seus profissionais da saúde.
Consideramos que só a formação não é suficiente para atender a demanda
ora imposta pelo processo de envelhecimento de nossa população. O ensino deve
promover uma qualificação apta a responder com qualidade aos desafios da
dinâmica do trabalho com responsabilidade e autonomia e ética. Todavia faz-se
necessário preparar os diversos profissionais da saúde para que possam prestar um
cuidado de qualidade dentro da especificidade que o envelhecimento humano exige.
A formação dos trabalhadores de nível técnico é um componente decisivo
para a efetivação da política nacional de saúde, capaz de fortalecer e aumentar a
qualidade de resposta do setor da saúde às demandas da população, tendo em vista
o papel dos trabalhadores de nível técnico no desenvolvimento de suas ações
representa 75% dos serviços de saúde (BRASIL, 2008j).
Isso requer um profissional qualificado para atender os usuários idosos
preconizado pela diretriz da Política Nacional da Política de Saúde da Pessoa Idosa,
de forma que o setor saúde possa dispor de pessoal em qualidade e quantidade
adequadas, e cujo provimento é de responsabilidade das três esferas de governo
(BRASIL, 2006h).
O Ministério da Saúde vem buscando alternativas para minimizar as lacunas
existentes na formação dos profissionais da saúde, por exemplo, o PROFAE –
Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem, que teve
seu início por haverem trabalhadores realizando ações específicas da enfermagem
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nos serviços de saúde sem a qualificação e habilitação técnica necessária para o
exercício da profissão (FÓRUM NACIONAL DO PROFAE, 2003f).
O PROFAE é um exemplo de política pública voltado para formação de
profissionais, baseado na ética e na qualidade, contribuindo com a dignidade e
respeito aos usuários do sistema de saúde. A qualificação dos trabalhadores da
equipe de enfermagem foi um grande desafio para o Sistema Único de Saúde
(SUS).
As Escolas Técnica do Sistema Único de Saúde - ETSUS tiveram e têm um
papel importante neste processo de mudança, articulando e liderando, os atores
envolvidos com as questões da formação do trabalhador de nível médio, valorizando
a experiência do trabalhador, reconhecendo como sujeito de saberes através de
uma educação humanizadora.
No processo da evolução histórica, econômica e social dos homens, que
hoje se baseia nos conhecimentos e onde a organização econômica e social é
centrada na posse da informação, do conhecimento e na utilização do capital
humano, que significa pessoas estudadas e especializadas. Isto pressupõe uma
sociedade investindo, continuamente, na melhoria das habilidades e talentos de sua
população.
É dentro deste contexto em que as Políticas de Saúde devem estar voltadas
para o atendimento das demandas sociais, ora imposta pelo aumento da população
idosa em nosso país.
O Estado do Acre está localizado na porção sudoeste da região Norte do
Brasil, possui extensão territorial no sentido Norte-Sul de 445 km e no sentido Leste-
Oeste de 809 km. Situado na Amazônia brasileira (3,9%), boa parte do território do
Acre é caracterizado como região de planalto, sendo cortado a Oeste pela Serra da
Contamana, passando pela planície Amazônica, onde estão às nascentes dos rios
Juruá e Purus, afluentes do Rio Amazonas. Com uma área de 153.149,9 km²,
perfazendo 1,8% do território nacional. Distribuída em 22 municípios, a população
totaliza-se segundo dados do censo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de
2000 (BRASIL, 2000e): total de habitantes: 557.337, desse total, 370.267 é
constituído por população urbana e 187.259 por população rural com uma taxa de
crescimento anual de 3,61%. Os municípios mais populosos são: Rio Branco
(capital) com 259.537 e Cruzeiro do Sul, 62.691 habitante.
15
Nas últimas três décadas o contingente populacional do Estado do Acre
sofreu um significativo crescimento, de 215 mil habitantes para 557.337 mil
habitantes. A população é dividida em área urbana e rural, sendo que o primeiro
corresponde a 65% da população, já os moradores de zonas rurais somam 35%.
Neste sentido mais de 50% de toda a população do Estado habita na capital Rio
Branco que é a parte urbanizada do Estado. As informações do Censo Demográfico
de 1991, e da Projeção e Estimativas de 2001 a 2005, descrevem que a proporção
da população idosa do Estado do Acre apresentou 5,1% em 1991 e 6,0% em 2005.
A população total de idosos do Acre é de 27.592, e sua distribuição por sexo é de
43,3% de homens e 56,7% de mulheres (BRASIL, 2000c).
O envelhecimento da população acreana é um fato irreversível, e que deverá
se acentuar, no futuro próximo imediato, levando um conjunto de demandas
crescentes para os serviços sociais e, em particular de saúde. Esse é um problema
a ser enfrentado pelos gestores devido à escassez de recursos sócio-educativos e
de saúde direcionados ao atendimento ao idoso, como também a escassez de
equipe multiprofissionais e interdisciplinar com conhecimento sobre o processo de
envelhecimento (BRASIL, 2004g).
Após a contextualização e localização do objeto da pesquisa creio ser
importante destacar minha trajetória pessoal e profissional para compreender melhor
a relevância da proposta a ser construída para atender as necessidades da
população idosa do estado do Acre e porque não dizer do Brasil.
Sou enfermeira e exerço dois vínculos profissionais a docência e a
assistência. Trabalho no Hospital de Urgência e Emergência como Enfermeira desde
1994, na oportunidade trabalhei na clínica médica masculina e feminina onde na sua
maioria dos internos estão os idosos dependentes e frágeis. Momento em que
observei que os familiares e os profissionais da saúde não estão preparados para
cuidarem dos idosos, frente às demandas oriundas do processo de envelhecimento
que está entre a senescência e a senilidade.
Durante o período de 2000 a 2004, trabalhei no Programa Saúde da Família
(PSF) no município de Rio Branco e tive a experiência de trabalhar na zona urbana,
na Vila Santa Cecília, localizada na zona rural na BR 364 da cidade de Rio Branco –
Acre, onde residiam sequelados de hanseníase (apesar de serem pessoas curadas).
Tive a oportunidade de presenciar de perto a exclusão social, principalmente da
pessoa idosa. Na zona urbana não é muito diferente, ou seja, a indiferença com o
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idoso é cada vez maior, como foi detectado em uma área de cobertura do PSF,
vivenciei um caso de maus-tratos com uma idosa, a qual foi encontrada trancada e
com higiene precária em um quartinho no fundo do quintal. Impactou-me bastante.
Em 1990, tive a oportunidade de participar de um concurso público para o
cargo de professor para ministrar aulas para o nível médio, e descobrir minha outra
paixão: a docência. Atualmente trabalho na Escola Técnica em Saúde Maria Moreira
da Rocha, que é uma escola da ETSUS, e faço parte de seu quadro profissional
como Coordenadora da Área Técnica de Enfermagem.
Em 2007, a escola foi convidada pelo Ministério da Saúde através da
Coordenação Nacional da Saúde do Idoso, a fazer parte de um projeto piloto de
Cuidadores de idosos Dependentes. Senti nesse momento que poderia fazer algo
importante para essa população tão excluída por seus familiares e sociedade em
geral.
O Ministério da Saúde proporcionou uma Oficina no município de Blumenau
- SC com outras quatro ETSUS para planejar o Curso de Cuidadores de Idosos
Dependentes. Voltei dessa oficina cheia de idéias para planejar o curso para a
cidade de Rio Branco (AC). A partir daquele momento, eu teria a oportunidade de
realizar um trabalho voltado a atender as necessidades da pessoa idosa com mais
dignidade.
Retornando ao Acre, procurei a Coordenadora Pedagógica da Escola para
elaborarmos uma Oficina de Ouvidoria com a Rede de Apoio ao Idoso buscando
parceria para trabalhar a temática que seria abordada de acordo com a realidade de
nossa região.
Tivemos grande participação dos convidados da comunidade governamental
e não governamental que trabalhavam na rede de apoio ao idoso de Rio Branco,
todos os convidados naquele momento parabenizaram a ETSUS/AC sobre a
iniciativa do tema, pois o trabalho da rede, às vezes, se torna isolado. Este encontro
possibilitou uma maior interação, principalmente, com a comunidade escolar que
oportunizou cada segmento delinear o perfil do cuidador que precisávamos formar.
Durante a implantação e a implementação do Curso de Cuidadores de
Idosos, tive a oportunidade de ensinar e aprender junto aos educandos cuidadores.
Estes desenvolveram várias atividades com a comunidade e puderam vivenciar
como é a vida de uma pessoa idosa asilada. Este contato com a realidade da vida
no envelhecimento levou-os a reavaliar seus valores éticos como: respeito,
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solidariedade, compreensão, amor, compaixão e de cidadania, tornando-os mais
justos e íntegros com seus semelhantes.
Porém, durante o curso de cuidadores de idosos, percebi que faltava algo
para completar a real necessidade da demanda de cuidado com a pessoa idosa
porque a clientela do curso se limitava aos cuidadores leigos, pois não eram
profissionais da saúde, mas pessoas da comunidade que atendiam ou cuidavam de
idosos. Fato este que deixa uma lacuna na atenção a saúde do idoso, pois os idosos
precisam ser assistidos de uma maneira integral por uma equipe de profissionais
qualificados que possam atender de forma interdisciplinar as necessidades frente às
demandas do processo de envelhecimento.
Em 2008, quando soube através da Coordenadora Geral da Escola Técnica
que teríamos a possibilidade de participar do processo seletivo para o Mestrado
Profissionalizante de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde do Ministério da
Saúde em parceria com a UNESCO e que concorreríamos com outra região do país,
vislumbrei uma grande possibilidade em poder realizar algo maior.
Ao ingressar no mestrado e durante a apresentação dos professores com
suas respectivas linhas de pesquisa, vislumbrei a possibilidade de estar trabalhando
com a área do idoso, haja vista a minha experiência no Curso de cuidadores de
idosos e o desejo de melhorar a qualificação dos profissionais de nível médio na
saúde. Deste modo, fiz o contato com a professora que trabalha com a saúde do
idoso, discutimos sobre a temática e optamos em construir uma proposta de curso.
Sendo assim, pensamos em propor um Curso de qualificação pós-técnico de nível
médio na área da saúde do idoso, mas que envolvesse todas as profissões
formadas na ETSUS/AC, portanto um curso que oportunizasse a
multi/interdisciplinaridade.
O trabalho que nos propomos a produzir está embasado na Lei de Diretrizes
e Bases da Educação nos seus artigos 39 a 41 da LBD e Decreto CNE/CEB nº
5.154/04, que estabelecem que a educação profissional seja articulada com o ensino
médio, e que os cursos e programas de formação inicial e continuado, incluindo a
capacitação e o aperfeiçoamento, devem ser ofertados segundo seus itinerários de
formação, objetivando o desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva e social.
Considerando a Resolução CNE/CEB nº 04/99, que institui as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico, que em seu
arts. 5º e 6º no qual definem que a educação profissional de nível técnico será
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organizada por áreas profissionais, com suas respectivas, competências e
habilidade necessária para o desempenho eficiente e eficaz para a natureza do
trabalho. E no seu art. 7º, § 2º dispõe que poderão ser organizados cursos de
especialização de nível técnico, vinculados a determinada qualificação ou
habilitação profissional, para o atendimento de demandas específicas (BRASIL,
1999 d).
Portanto, de acordo com o Parecer CNE/CEB nº 16/99 são considerados as
premissas básicas para a elaboração das Diretrizes Curriculares, que possibilitam a
definição das metodologias de elaboração de currículo a partir das competências
profissionais gerais do técnico por área; e cada instituição deve poder construir seu
currículo pleno de modo a considerar as peculiaridades do desenvolvimento
tecnológico com flexibilidade e atender às demandas do cidadão, do mercado de
trabalho e da sociedade. (BRASIL, 1999 d).
Sendo assim, apresentamos a construção da proposta de qualificação no
grau de especialista para o profissional de saúde de nível médio em saúde com
base nos documentos legais supracitados utilizando como base teórica: a Lei nº.
8.842, de 1994, que define a Política Nacional do Idoso (PNI), a qual foi
regulamentada pelo Decreto Lei nº 1.948, de 1996; a Política Nacional de Saúde
para o Idoso (PNSI) - Portaria de nº 1.395/Gabinete Ministerial de 1999, e
posteriormente, a Política Nacional da Pessoa Idosa (PNSPI) aprovada através da
Portaria nº 2.528/GM, de 2006; a Lei nº 10.741, de 2003 que dispõe sobre o Estatuto
do Idoso; o Caderno de Atenção Básica; a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, Lei nº 9.394/96; entre outros documentos que norteiam a atenção da
saúde do idoso de modo multi e interdisciplinar.
A relevância deste estudo será proporcionar aos diversos profissionais de
saúde de nível médio uma qualificação especializada na área da saúde do idoso
com o intuito de poder prestar uma atenção a saúde de maior qualidade, objetivando
alcançar as metas previstas na PNI e na PNSPI, ou seja: favorecer a manutenção da
capacidade funcional do idoso, postergando os agravos de saúde advindos com o
processo de envelhecimento humano, mantendo o idoso o maior tempo possível no
convívio familiar e incluído na sociedade. Evitando, assim, a institucionalização do
idoso e o abandono familiar. Ter pessoal técnico capacitado para a atenção da
saúde do idoso significa ter uma força de trabalho habilitada para atender as
diversas dimensões do cuidado exigidas por essa clientela.
19
Sendo assim teço a seguinte questão de pesquisa: Como construir uma
proposta de qualificação no grau de especialista, aos diversos profissionais de
saúde de nível médio com relação à atenção a saúde do idoso respaldado na Lei de
Diretrizes e Bases nº 9.394/96, Decreto nº 5.154/04, Parecer nº 04/99 e Parecer nº
16/08 na forma de que essa proposta contemple as bases teóricas específicas da
área do idoso no contexto multi/interdisciplinar?
No sentido de atender a questão de pesquisa, este trabalho tem como
objetivo geral construir uma proposta de qualificação no grau de especialista,
aos profissionais de saúde de nível médio com relação à atenção a saúde do
idoso dentro do contexto interdisciplinar respaldado na Lei de Diretrizes e
Bases nº 9.394/96, Decreto nº 5.154/04, Parecer CNE/CEB nº 04/99 e Resolução
CNE/CEB nº 16/99. Porém, para que o mesmo possa ser alcançado foi necessário
desmembrá-lo em outros objetivos específicos, como: identificar as competências
gerais de cada categoria profissional de nível médio com relação à atenção à saúde
do idoso; elaborar a matriz curricular do Curso com as bases tecnológicas conforme
as competências esperadas para o atendimento ao idoso; introduzir inovações
curriculares em busca da melhoria da qualificação profissional considerando a
flexibilidade e a interdisciplinaridade curricular e; manter a proposta do curso dentro
do Projeto Político Pedagógico adotado na ETSUS-Acre.
20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 O envelhecimento humano e as políticas de direito do idoso
O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e nos dias atuais é
possível observar rápido crescimento desta população. No Brasil estima-se que em
2020 o seguimento de pessoas idosas corresponderá a 13% da população
brasileira, atingindo um total de 13,5 milhões de idosos (COSTA, 2001).
Para Lamas (2007) o envelhecimento é um fenômeno biológico que tem sido
interpretado em ligação com teoria que explicam as causas do envelhecimento
celular e do aparecimento de perturbações de saúde. Neste sentido, tais teorias
defendem que todo o organismo multicelular dispõe de um tempo limite de vida, em
que as probabilidades de sobreviver vão sendo cada vez menores à medida que se
avança na idade.
Vitta et al (2000) descreve o envelhecimento como um processo lento e
gradual e que ocorre em diferentes ritmos para diferentes pessoas e grupos
conforme atuam sobre essas pessoas e grupos as influências genéticas, sociais,
históricas e psicológicas do curso de vida. Ele é, porém, universal, isto é, ocorre em
todos os seres vivos. O referido autor ainda ressalta que nesse sentido, as
modificações (biológicas, sociais, psicológicas, culturais) que ocorrem ao longo do
tempo podem ser consideradas determinantes quando algumas alterações
fisiológicas são evidenciadas, tais como: alterações tegumentares, do sistema
musculoesquelético, respiratório, cardiovascular, sistema nervoso, entre outros.
Neri (1995) considera que um envelhecimento bem sucedido relaciona-se
com a maneira pela qual um idoso consegue adaptar-se as diversas situações de
ganhos e perdas com as quais se depara, podendo ser estas perdas significativas
vivenciadas pelo idoso, a aposentadoria, mudanças de papeis sociais, viuvez,
doenças, perdas por entes queridos, alterações na própria auto-imagem, dentre
outras doenças.
Em nossa sociedade a velhice tende a ser vista como um período dramático,
associada à invalidez e a morte, e sendo assim, Mendes (1998, p. 20) afirma que:
21
Se no passado o status e o prestígio dos idosos era elevado, nos últimos anos, à medida que este processo de urbanização se amplia, também aumenta a discriminação dirigida às pessoas idosas, subestimando-se a sabedoria e o conhecimento acumulado no decorrer de suas vidas.
Em linhas gerais, este olhar sobre a imagem dos idosos na sociedade,
contribui muitas vezes para que o próprio idoso tenha um autoconceito negativo, já
que a sociedade tenta moldar o envelhecimento aos padrões do sistema
organizacional, a partir de suas normas e dos seus ideais humanos. A discriminação
social faz com que muitos idosos sejam destinados ao isolamento e a uma atitude
passiva, comprometendo sua saúde física, mental e social (MENDES, 1998).
O aumento significativo da população idosa, continuamente revela uma
extensão do tempo médio de vida destes indivíduos. No Brasil, as projeções para o
período de 2000 a 2025 permitem supor que a expectativa média de vida estará
próxima de 80 anos, para ambos os sexos (KALACHE, 1987).
O crescimento da população de idosos, em números absolutos e relativos, é
um fenômeno mundial e está ocorrendo a um nível sem precedentes. Em 1950,
eram cerca de 204 milhões de idosos no mundo e, já em 1998, quase cinco décadas
depois, este contingente alcançava 579 milhões de pessoas, um crescimento de
quase 8 milhões de pessoas idosas por ano. As projeções indicam que, em 2050, a
população idosa será de 1900 milhões de pessoas, montante equivalente a
população infantil de 0 a 14 anos de idade (BRASIL, 2000e).
Deve, considera-se que este aumento vem ocorrendo em virtude da
diminuição da taxa de natalidade e mortalidade promovida respectivamente pelo
planejamento familiar e avanços técnico-científicos na medicina e nutrição; assim
como, as melhorias das condições de higiene e saneamento básico reduziram a
incidência de mortes por doenças infecto-contagiosas que assolavam as
populações, principalmente até o século XVIII (VERAS, 1994).
Do ponto de vista demográfico, segundo Carvalho e Andrade (2000) no
plano individual envelhecer significa aumentar o número de anos vividos.
Paralelamente à evolução cronológica, coexistem fenômeno de natureza biopsíquica
e social, importantes para a percepção da idade e do envelhecimento.
Este processo de transição demográfica se deve pela diminuição dos
coeficientes de mortalidade e das taxas de fecundidade e natalidade, ensejando,
22
dessa forma, a transição de uma população jovem para uma população mais
envelhecida (RAMOS et al, 1987; KALACHE, 1987).
Essa transição demográfica estar acompanhada por mudanças nos perfis
epidemiológicos, incorrendo em uma elevação de incidências e prevalência de
doenças crônico-degenerativa, queda de doenças infecciosas, definida como
transição epidemiológica.
Segundo Chaimowicz (1987), houve modificação do perfil de saúde da
população; em vez de processos agudos que se resolvem rapidamente por meio de
cura ou do óbito, o que se tornaram predominantes as doenças crônico-
degenerativas e suas complicações, o que implica longos períodos de utilização de
serviços de saúde.
No Brasil, o direito universal e integral à saúde foi conquistado pela
sociedade na Constituição de 1988 e reafirmado com a criação do Sistema Único de
Saúde (SUS), por meio da Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/90. A regulamentação do
SUS estabelece princípios e direciona a implantação de um modelo de atenção a
saúde que priorize a descentralização, a universalidade, a integralidade da atenção,
a equidade e o controle social, facilitando o acesso das demandas populacionais aos
serviços de saúde.
A Política Nacional do Idoso, promulgada em 1994 e regulamentada em
1996, assegura os direitos sociais à pessoa idosa, criando condições para promover
sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade reafirmando o direito
à saúde nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde através da
Lei GM nº 8.842/94 e Decreto GM nº 1.948/96 (BRASIL, 2006a).
A Lei nº 10.7411/2003, que corresponde ao Estatuto do Idoso, dispõe sobre
os direitos fundamentais inerentes a pessoa humana, sem prejuízo de proteção
integral que trata este estatuto, assegurando-lhes a preservação de sua saúde física
e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social (BRASIL,
2003a).
A Portaria GM nº 399/2006, estabelece as Diretrizes Operacionais do Pacto
pela Vida, que é um compromisso dos gestores do SUS, de trabalhar com
prioridades os impactos sobre a situação de saúde da população brasileira, dentre
elas foi destacado a saúde do idoso, para que junto a essa clientela sejam
desenvolvidas ações de promoção do envelhecimento saudável, para que o idoso
seja assistido de forma integral por equipe multiprofissional de maneira
23
intedisciplinar e humanizadora, para que isso acontece os profissionais de saúde
necesitam de formação específica no conhecimento do processo de
envelhelhecimento que se mantenha a formação permanente dos mesmos nas
redes da atenção ao idoso de forma atender os princípios do SUS (BRASIL, 2006b).
A Portaria GM nº 2.528/2006 aprova a Política Nacional de Saúde da
Pessoa Idosa que tem por finalidade recuperar, manter e promover a autonomia e a
independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais
de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do SUS
(BRASIL, 2006a).
Dentre as necessidades enfrentadas como desafio a PNSPI, destacamos a
escassez de equipes multiprofissionais e interdisciplinares com o conhecimento em
envelhecimento e saúde da pessoa idosa. De acordo com as diretrizes da PNSPI, no
item 3.4, está descrito a necessidade de provimento de recursos capazes de
assegurar à qualidade da atenção a saúde da pessoa idosa, através de ações de
qualificação, capacitação de recursos humanos e, incrementos da qualidade técnica
dos profissionais de saúde do SUS na atenção a pessoa idosa (BRASIL, 2006a).
A Política Nacional de Atenção Básica, regulamentada pela Portaria GM nº
648/2006, caracteriza-se por desenvolver um conjunto de ações de saúde, no
âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção à saúde, a
prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção
da saúde juntamente com Política Nacional Saúde da Pessoa Idosoa, definem que a
atenção a saúde dessa população terá como porta de entrada a Atenção
Básica/Saúde da Família, tendo como referência a rede de serviço especializada de
média e alta complexidade (BRASIL, 2006a).
O Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde criou um
caderno de normas e manuais técnicos do envelhecimento e saúde da pessoa
idosa, que tem por finalidade oferecer alguns subsídios específicos em relação à
saúde da pessoa idosa, de forma a facilitar a prática diária dos profissionais que
atuam na atenção básica. O objetivo deste caderno é dar uma maior resolutividade
as necessidades da população idosa na Atenção Básica e tem como referência o
Pacto pela Saúde; Envelhecimento Ativo - OMS; Política Nacional de Atenção
Básica; Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e Política Nacional de
Promoção da Saúde (BRASIL, 2006a).
24
2.2 A formação especialista de nível médio.
A Lei Federal nº 9.394/96, atual LDB – Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Profissional – configura a identidade do ensino médio como uma etapa de
consolidação da educação básica, de aprimoramento do educando como ser
humano, de aprofundamento do conhecimento adquirido no ensino fundamental
para continuar aprendendo e de preparação básica para o trabalho e a cidadania
(BRASIL, 1996).
A preparação para profissionais técnicos, de acordo com o Parágrafo 2° do
artigo 36 da Lei de Diretrizes e Bases, poderá ocorrer, no nível médio do ensino
médio, após “atendida à formação geral do educando”, onde o mesmo se aprimore
como pessoa humana, desenvolvendo autonomia intelectual e pensamento crítico,
bem como compreende os fundamentos científicos e tecnológicos dos processos
produtivos, dando nova dimensão à educação profissional, como direito do cidadão
ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida social e produtiva (BRASIL,
1999a, p. 11).
Considerando o Parecer CNE/CEB nº 16/99, que dispões sobre o Decreto
Federal CNE/CEB nº 2.208/97, ao regulamentar os artigos 39 e 42 (Capítulo III do
Título V) e o parágrafo 2º do artigo 39 da Lei Federal nº 9.394/96, configurou três
níveis de educação profissional: básico, técnico e tecnológico, com o objetivo de
formar profissionais, qualificar, requalificar, especializar, aperfeiçoar e atualizar os
trabalhadores em seus conhecimentos tecnológicos visando sua inserção e melhor
desempenho no exercício do trabalho (BRASIL, 1999b).
A educação profissional de nível técnico contempla a habilitação profissional
de nível médio, as qualificações iniciais, intermediária a complementariamente da
especialização do aperfeiçoamento e da atualização, conforme a habilitação
profissional e as correspondentes especializações das áreas afins. A educação
profissional de nível técnico abrange, ainda, cursos ou módulos complementares de
especialização, aperfeiçoamento e atualização de pessoal já qualificado ou
habilitado nesse nível médio conforme as exigências do mercado de trabalho
(BRASIL, 1999b).
25
As Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Profissionais Técnica de
Nível Médio foram definidas pela Resolução CNE/CEB nº 04/99, com base no
Parecer CNE/CEB nº 16/99. Com edição do Decreto nº 5.154/04, o conjunto dessas
DCNs, foi atualizado pelo Parecer CNE/CEB nº 39/04, deliberam as bases legais da
Educação Profissional de nível Médio (BRASIL, 1999b).
A Educação Profissional Técnica de Nível Médio, nos termos do Decreto
CNE/CEB nº 5.154/04, determina que quando estruturadas e organizadas em etapas
de terminalidades, poderá incluir saídas de certificados de qualificação profissional
para o trabalho, após sua conclusão com aproveitamento, bem como cursos de
especialização profissional técnica, de acordo com os itinerários formativos
intencionalmente planejados pela a instituição de ensino que atua com a oferta da
Educação Profissional Técnica de Nível Médio.
Para a obtenção do diploma de Técnico de Nível Médio, nos termos do
parágrafo único do Artigo 7° do Decreto nº 5.154/04, o aluno deverá concluir os seus
estudos de Educação Profissional Técnico de nível médio e do Ensino Médio.
Paralelamente, na forma integrada, para obter seu certificado de conclusão do
Ensino Médio, o aluno deverá concluir simultaneamente a habilitação técnica de
nível médio (BRASIL, 2004c).
A duração dos cursos de Educação Profissional Técnica de nível médio
realizados de forma integrada para o Ensino Médio deverá contemplar as cargas
horas mínimas definidas para ambos, isto é, para o Ensino Médio e para a Educação
Profissional técnica de nível médio. A esses mínimos exigidos, devem ser acrescidas
cargas horárias destinadas a eventuais estágios supervisionados, trabalhos de
conclusão de curso ou prova final e exames, quando previstos pelos
estabelecimentos de ensino em seus projetos pedagógicos (BRASIL, 2006c).
Considera etapas com terminalidade, os alunos concluintes, com perfis
claramente definidos, que farão jus aos respectivos certificados de qualificação
técnica de nível médio, da mesma maneira que aqueles que concluírem uma etapa
pós-técnico de nível médio, como especialização, farão jus ao correspondente
Certificado de Especialização Técnica de Nível Médio (BRASIL, 2006c).
De acordo com o Conselho Nacional de Educação e Câmara Básica de
Educação, que através da Resolução nº 04/99 instituiu as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Profissional de nível técnico, em seus artigos 2º, 3º e 7º
parágrafos 2º, 3º e 14º, o qual transcreve in verbis. No art. 2º, entende-se por diretriz
26
curricular o conjunto articulado de princípios, critérios, definição de competências
profissionais gerais do técnico por área profissional e procedimentos a serem
observados pelos sistemas de ensino e pelas escolas na organização e no
planejamento dos cursos de nível técnico (BRASIL, 1999b).
Para Brasil (1999c), no art. 3º preconiza os princípios norteadores da
educação profissional de nível técnico já enunciado no art. 3º da LDB, acrescido de:
I – independência e articulação com o ensino médio; II – respeito aos valores
estéticos, políticos e éticos; III – desenvolvimento de competências e laboralidade;
IV – flexibilidade, interdisciplinaridade e contextualização; V – identidade dos perfis
profissionais de conclusão do curso; VI – atualização permanente dos cursos e
currículos e; VII – autonomia da escola em seu projeto político pedagógico.
No seu artigo 7º dispõe sobre os perfis profissionais de conclusão de
qualificação, de habilitação e de especialização profissional de nível técnico, os
quais serão estabelecidos pela a escola, considerada a competência indicada no
artigo anterior. Poderão ser organizados cursos de especialização de nível técnico,
vinculados a determinada qualificação ou habilitação profissional, para o
atendimento de demandas específicas (BRASIL, 1999b).
No art. 14º as escolas expedirão e registrarão, sob sua responsabilidade, os
diplomas de técnico, para fins de validade nacional, sempre que seus planos de
cursos estejam inseridos no cadastro nacional de cursos de educação profissional
de nível técnico. No parágrafo 3° os certificados de qualificação profissional e de
especialização deverão explicitar o título de ocupação certificada. No caso das
profissões legalmente regulamentadas será necessário explicitar o título da
ocupação prevista em lei, bem como garantir a aquisição de competências
requeridas para o exercício legal da referida ocupação. Por exemplo, na Área de
Saúde: Diploma de Técnico de Enfermagem, Certificado de Qualificação de Auxiliar
de Enfermagem, Certificado de Especialização Profissional em Enfermagem do
Trabalho (BRASIL, 1999b).
Portanto, a definição do modelo de ensino de que necessitamos para os
próximos anos deve estar assentada sobre três eixos básicos: a flexibilidade para
atender a diferentes pessoas e situações e às mudanças permanentes que
caracterizam o mundo da sociedade da informação; a diversidade que garante a
atenção às necessidades de diferentes grupos em diferentes espaços e situações e
a contextualização que, garantindo uma base comum, diversifique os trajetos e
27
permita a constituição dos significados, dê sentido à aprendizagem e ao aprendido
(BERGER FILHO, 1999).
2.3 A ETSUS e sua responsabilidade na formação dos profissionais para o SUS
De acordo com as novas bases legais, Constituição Federal, art.200 – III, e a
Lei nº 8.080/90, que preconiza “ordenar a formação de recursos humanos na área
da saúde” e ainda o Decreto nº 5.154/04 que regula a Educação Profissional
remetem a construção de nova missão da Escola com vista a uma participação mais
efetiva no esforço da “ordenação” no âmbito de sua atuação, verificando vários
aspectos na missão e objetivos das ETSUS. As ETSUS têm a missão de promover a
Educação Profissional por meio da oferta de cursos de habilitação e qualificação
profissional para os trabalhadores do Sistema Único de Saúde (GALVÃO, 2002, p.
62).
O Ministério da Saúde, através da Secretaria de Gestão e Educação na
Saúde, vem se preocupando em efetivar uma política de Educação profissional
através de uma Rede de Escolas Técnicas para o SUS – RET-SUS, na qual a
Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha faz parte desde 2001. Essa
escola corresponde a uma instituição pública imbuída do dever de contribuir para a
qualidade de vida do povo acreano. No seu cotidiano vive intensamente os
processos de aprendizagem buscando a geração de conhecimentos que impactem
de forma positiva o processo de trabalho em saúde, garantindo assim assistência de
qualidade e humanizada às comunidades (ACRE, 2006).
A ETSUS- AC, é parceira das demais 36 ETSUS que compõem a Rede de
Escolas Técnicas do SUS – RETSUS, coordenada pelo Ministério da Saúde. A
Escola é legitimada pelo Sistema Estadual de Ensino e sua relação com o Conselho
Estadual de Educação – CEE é direta, visto que este órgão é responsável pela
legitimação e fiscalização dos processos educacionais. Sua ação tem conferido a
Escola Técnica em Saúde o respaldo necessário para a oferta de cursos, sendo esta
instituição uma importante parceira, que garante a qualidade e legitimidade de nossa
formação. (ACRE, 2006).
28
Considerando a responsabilidade constitucional do SUS de ordenar a
formação de recursos humanos para área de saúde e de incrementar na sua
atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico, e de acordo com o artigo 14 da
Lei nº. 080/90 que trata da criação e função das Comissões Permanentes de
Integração de Ensino-Serviço (CIES), que estas comissões devem funcionar como
instâncias institucionais e regionais para a co-gestão dessa Política de Educação
Permanente, orientada pelo plano de ação regional para área da educação na
saúde, com elaboração de projetos de mudanças de formação (na educação
técnica, graduação e pós-graduação) e no desenvolvimento dos trabalhadores
(BRASIL, 2007).
A Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha mantém parcerias com
as Secretarias Municipais de Saúde, Hospitais Estaduais e Filantrópicos, Unidades
Básicas de Saúde, Ministério da Saúde, Conselhos de Classe (COREN, CRO, CRFB
e outros), Conselho Estadual de Saúde e CIB (Comissão Intergestora Bipartite),
COSEMS (Conselho de Secretários Municipais de Saúde) e outras instituições da
sociedade civil organizada que possuem interface com a saúde. A Escola possui
gestão compartilhada com Secretaria de Estado de Saúde, sendo esta instituição a
sua principal parceira na definição das políticas prioritárias para a educação
profissional em saúde, todas as suas unidades se constituem campos pedagógicos
para a realização de práticas profissionais, que visam à formação (ACRE, 2006).
Para tanto, a Portaria GM nº 1.996/2007, que dispõe sobre as Diretrizes para
a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde,
considera que para a formação de trabalhadores de nível médio da área da saúde
deve ser trabalhada e articulada comas três esferas, a fim de superar a tradição de
se organizar uma listagem de capacitações e treinamentos pontuais (BRASIL, 2007
i).
O Ministério da Saúde por meio do Departamento de Gestão da Educação
na Saúde e da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde
considera que a Educação Permanente é a aprendizagem no trabalho, onde o
aprender e o ensinar se incorporam no cotidiano das organizações e no trabalho. As
instituições dos processos de formação dos profissionais de nível técnico no âmbito
do SUS deverão ser preferencialmente as Escolas Técnicas do SUS, Centro
Formador, Escolas de Saúde Pública (vinculada à gestão estadual ou municipal) e
as Escolas de Formação Técnica. Outras instituições formadoras poderão ser
29
contempladas, desde que legalmente reconhecidas e habilitadas para formação de
nível técnico (BRASIL, 2007 i).
A Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha é uma unidade pública
de Educação Profissional, vinculada administrativamente ao Instituto de
Desenvolvimento de Educação profissional Dom Moacyr, portanto constitui-se em
uma Unidade Descentralizada do IDEP-DM, recebendo a denominação de Centro de
Formação Profissional em Saúde e integrada a Rede de Escolas Técnicas do
Sistema Único de Saúde – RETSUS. (ACRE, 2006).
O Governo do Estado do Acre, através da CIES, elaborou o Plano de
Educação Permanente em Saúde do Estado do Acre, visando à implementação de
ações que qualifiquem a prestação do cuidado em saúde à população acreana, na
qual a Escola em Saúde Maria Moreira da Rocha faz parte desta comissão. Tal
atuação tem permitido a esta instituição elaborar e executar os programas que estão
em consonância com a Política Nacional e Estadual de Saúde, considerando sua
base legal para oferta de cursos. Sendo que, a oferta de curso na Escola Técnica
em Saúde obedece ao levantamento de demandas realizadas conforme a
construção do Planejamento Estratégico do Instituto Dom Moacyr (ACRE, 2006).
Assim, no exercício de 2009, há previsão de atendimento de 2.358 pessoas,
divididas em turmas que admitem variação de número de educandos (entre 25 e 36
educandos por turma). A composição das turmas se dá conforme a especificidade
do projeto, sendo que a seleção ocorre através da definição e aplicação de critérios
pré-estabelecidos no projeto de curso (ACRE, 2006).
A demanda por educação profissional em saúde é crescente, porém, por
sermos uma RETSUS, nosso público alvo são os servidores do SUS, que já estão
inseridos no mercado de trabalho e que precisam constantemente buscar sua
qualificação profissional. Dessa forma, para ingressar em um dos cursos oferecidos
pela Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha, o se faz necessário, dentre
todos os demais critérios, serem um servidor da saúde do SUS e estar inserido no
mercado de trabalho (ACRE, 2005).
Como falamos anteriormente sobre a identificação de demandas de cursos
junto a CIES e a equipe da Unidade Central Instituto Dom Moacyr – IDEP/DM. A
Escola Técnica Maria Moreira da Rocha e sua a equipe técnica da área de atuação,
e a equipe pedagógica realizam oficinas de ouvidoria para a construção do plano de
curso, mediante as Diretrizes Curriculares Nacionais preconizadas na Resolução
30
n./99, no seu art. 10 que estabelece que o plano de curso, seja coerente com o
Projeto Político Pedagógico, e que o mesmo será submetido à provação dos órgãos
competentes dos sistemas de ensino, contendo: justificativa e objetivos, requisitos
de acesso, perfil profissional de construção, organização curricular, critérios de
aproveitamento de conhecimento e experiências anteriores, critérios de avaliação,
instalação e equipamentos, quadro de docente e técnico, certificados e diplomas. Os
planos de cursos deverão ser aprovados pelos órgãos competentes dos respectivos
sistemas de ensino e serão por estes inseridos no cadastro nacional de cursos de
educação profissional de nível técnico (BRASIL, 1999b).
Para o desenvolvimento dos cursos na Escola Técnica Maria Moreira da
Rocha, considera as características tão significativas do público alvo, com o dever
de garantia da qualidade educacional, sendo fundamental a identificação da
metodologia problematização que possibilite a construção e reconstrução do
conhecimento e dentro de um processo de aprendizagem acolhedor e inclusivo
(ACRE, 2005).
Esta metodologia baseia-se na problematização: tendo como principal
referência o método do arco de Charles Maguerez, apresentado em esquema
desenvolvida em cinco etapas a partir da realidade ou de um recorte da realidade,
como a observação da realidade social, levantamento dos pontos-chaves,
teorização, elaboração de hipóteses e de soluções e aplicação da hipótese a
realidade por Bordenave e Pereira (2004).
No processo de aprendizagem da Escola Técnica em Saúde a avaliação não
é um fim e sim um meio que possibilita a identificação dos diferentes níveis de
alcance das competências pelo educando. É necessário que haja continuamente
uma avaliação do educando, do mediador e do currículo que está sendo
desenvolvido (ACRE, 2005).
2.4 Conhecendo a trajetória da ETSUS-ACRE
A Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha, antiga Escola
Estadual de Enfermagem do Acre, foi criada através do Decreto Estadual nº. 51 de
13 de novembro de 1964, iniciando suas atividades com a oferta do curso de Auxiliar
31
de Enfermagem. Durante esse período a Escola Estadual de Enfermagem era uma
unidade da Secretaria de Estado de Saúde, e mesmo apresentando descontinuidade
no seu funcionamento no período compreendido entre 1964 e 2000, formou 787
Auxiliares de Enfermagem (ACRE, 2006), desde então, a Escola já atuava de forma
descentralizada, e parte das suas turmas eram formadas nos municípios do interior
do Estado. Firmando-se como uma instituição de ensino capaz de legitimar o
processo de Educação Profissional em Saúde, foi reconhecida e credenciada pelo
Conselho Estadual de Educação (CEE - AC) em 13 de dezembro de 1994, através
da Resolução CEE nº 221/94. (ACRE, 2006).
Visando o desenvolvimento sustentável do Estado do Acre, através de
políticas voltadas para diversas áreas, inclusive a saúde, no ano de 2001, através do
Decreto Estadual nº 4.577, de 17 de dezembro a Escola, foi reposicionada
estrategicamente pelo Governo do Estado, recebendo a denominação a
denominação de Centro de Formação Profissional em Saúde - Escola Técnica em
Saúde Maria Moreira da Rocha, e ampliando suas áreas de atuação.
A Escola, unidade pública de Educação Profissional passava a ter
vinculação administrativa a Secretaria de Estado de Educação. Para que a Escola
pudesse contribuir de forma efetiva e comprometida com a saúde pública do Estado,
a equipe base foi assessorada pelo Ministério da Saúde Pública Cubano, através da
Médica Matilde Cisneiro, que orientou o posicionamento da unidade dentro do plano
de educação permanente em saúde do Acre.
No ano de 2005, com a criação da autarquia estadual da Educação
Profissional, o Instituto de Desenvolvimento de Educação Profissional Dom Moacyr,
a Escola então passou a ter novo vínculo administrativo, com a especificidade de
possuir Gestão Compartilhada com a Secretaria de Estado de Saúde (SESACRE),
visto que a mesma integra a Rede de Escolas Técnicas do Sistema Único de Saúde
– RETSUS, o que a torna uma unidade de formação de trabalhadores já inseridos no
sistema de saúde.
Durante o período de 1964 a 2006, a Escola Técnica em Saúde funcionava
em estruturas físicas cedidas por instituições públicas, em sua maioria, Escolas de
Ensino Fundamental e/ou Médio. No dia 25 de setembro de 2006, mais um passo foi
dado na consolidação da Política de Educação Profissional em Saúde no Estado do
Acre, a sede própria da Escola foi inaugurada, viabilizando assim a utilização de
32
uma estrutura física, com espaços didáticos adequados ao desenvolvimento de
cursos e atividades de aprendizagem que atendem sua missão institucional.
A Escola recebe o nome de Maria Moreira da Rocha, em homenagem a
primeira parteira qualificada do Estado do Acre, que por 35 anos prestou serviços na
Maternidade Barbara Heliodora, dedicando parte de seu tempo à formação de outras
parteiras.
A estrutura física da Escola Técnica em Saúde representa mais um passo na
consolidação da Política de Educação Profissional em Saúde. A comunidade escolar
e os trabalhadores de nível médio da saúde dispõem de uma estrutura com espaços
pedagógicos adequados ao desenvolvimento de competências que compõem o
perfil profissional desenhado nos planos de curso desta unidade.
A Escola Técnica em Saúde possui 1700 m2 de área física construída que
abriga sua sede. Está composta por quatro blocos assim denominados: Bloco A –
Enfermeira Vânia Lima, consta o laboratório de Enfermagem e Laboratório de
Odontologia; Bloco B – Ena Galvão, composto por cinco Salas de Aulas, Laboratório
de Análise Clínica e Laboratório de Nutrição; Bloco C – Administração com sala das
Áreas Técnicas (Coordenação de Área Técnica), Coordenação de Aprendizagem,
Sala dos Mediadores de Aprendizagem, Copa, Coordenação Geral, Secretaria,
Coordenação Administrativa, Coordenação de Projetos e Secretaria Escolar; Bloco
D – Roseane Nabiça (in memoriam), com Laboratório de Informática, Sala de
Multimeios e Biblioteca; Pátio – Área de convivência coberta e descoberta.
A escolha dos nomes dos blocos foi uma homenagem que a Escola fez a
essas mulheres que tem dado suas contribuições para o desenvolvimento da
Educação profissional na área da saúde no Estado.
33
3 METODOLOGIA
3.1 Abordagem da pesquisa
Corresponde a uma pesquisa metodológica utilizando o método
construtivista. Este método possibilita a construção de conhecimentos, através da
inter-relação entre o sujeito e o objeto que a priori se constituem mutuamente,
através da interação com o meio físico e social, na contínua construção e re-
construção do conhecimento.
Segundo Matuí (1995) o construtivismo focaliza a interação sujeito-objeto
como uma estrutura bifásica ou bipolar, cujos elementos são inseparáveis. Não há
sujeito sem o objeto e não há objeto sem sujeito. Assim, o construtivismo é a teoria
do conhecimento que engloba numa só estrutura dois pólos, o sujeito histórico e o
objeto cultural, em interação recíproca, ultrapassando dialeticamente e sem cessar
as construções já acabadas para satisfazer as lacunas ou necessidades.
Para o construtivismo a idéia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e
de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instancia como
algo terminado. Ele se constitui da interação do indivíduo com o meio ambiente, com
simbolismo humano, com o mundo das relações sociais (BECKER, 1992).
A abordagem construtivista considera o ser humano como centro do seu
percurso em direção a construção do conhecimento. A importância do meio no
construtivismo procede da historicidade do sujeito e, conseqüentemente, da
estrutura bifásica do sujeito e objeto. A interação entre o sujeito e o meio (objeto de
conhecimento) é tal, dada a interdependência da assimilação e acomodação, que
não pode separar um do outro. O meio é importante porque é o espaço/tempo onde
o sujeito se faz historicamente (MATUÍ, 1995).
Nesse processo de construção do conhecimento, deve-se participar de
maneira cooperativa, participativa e permanente, todos os sujeitos envolvidos na
situação a ser construída. É nesse espaço temporal que a construção do
conhecimento, num relacionamento de confronto coletivo situado na realidade do
contexto, pode ser resolvida através de uma contínua retroalimentação do sujeito e
34
do pesquisador, através de referenciais teóricos e de experiências na prática
cotidiana (SIQUEIRA; ERDMANN, 2007).
O desenho da pesquisa construtivista, a determinação dos participantes e a
escolha dos instrumentos dependem do contexto em que se desenvolve o processo
investigativo. “O objetivo e o foco da pesquisa estão na compreensão do ponto de
vista dos participantes” e, o “rigor da pesquisa está centrado na reconstrução da
realidade de maneira honesta e precisa” (RODWELL, 1999 apud SANDRI, 2004, p.
88). O método construtivista apresenta como possibilidade a abordagem qualitativa
(SANDRI, 2004).
Antes de se iniciar o trabalho de campo, é de fundamental importância
precedê-lo de uma etapa exploratória que contempla a escolha do espaço da
pesquisa, escolha do grupo de pesquisa, estabelecimento de estratégias a serem
utilizadas durante a pesquisa (MINAYO, 2007).
3.2 Participantes da construção3
A Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha tem como
característica a formação de auxiliares e técnicos em diversas áreas, capazes de
realizar com qualidade e cuidado as ações de proteção, promoção, prevenção de
agravos, recuperação e reabilitação da saúde e da coletividade.
Os participantes da construção desta proposta foram os profissionais que
trabalham nas áreas técnicas de cada curso da Escola Técnica em Saúde Maria
Moreira da Rocha com formação em 01 Profissional Bioquímica e Farmácia
Coordenador do Curso Técnico em Análise Clínicas; 01 Enfermeiro Coordenador do
Curso de Técnico em Enfermagem; 01 Nutricionista do Curso Técnico em Nutrição;
02 Pedagogos da Área Pedagógica da Escola; 01 Odontologo do Curso Técnico em
Higiene Dental; 01 Biólogo do Curso Técnico em Vigilância da Saúde; 01 Assistência
Social Coordenadora Municipal da Saúde do Idoso; 01 Tecnólogo em Radiologia do
Curso Técnico em Radiologia; 01 Antropóloga e Socióloga Coordenadora Estadual
da Saúde do Idoso e; 01 Enfermeiro do Curso Técnico de Agente de Saúde.
3 Estas categorias profissionais de nível médio foram selecionadas porque são formadas na
ETSUS/AC e são essenciais para a prestação no cuidado com a pessoa idosa.
35
Todos estes sujeitos constituíram um grupo de trabalho responsável pela
construção da proposta do Curso de Especialização na atenção a saúde do idoso.
Contudo, a escolha dos participantes seguiu alguns critérios como: afinidade e
conhecimento com a temática; envolvimento com trabalhos na área do idoso,
principalmente nos Conselhos Municipais de Saúde e do Idoso e; envolvimento com
a formação técnica em saúde. Não tivemos a intenção de formar um grupo com
muitos participantes, mas sim, com aqueles que de fato possam contribuir. O grupo
de trabalho foi constituído por 11 (onze) pessoas, dentre eles tivemos a participação
da Coordenadora Estadual da Saúde, antropóloga e especialista em gerontologia;
da Coordenadora Municipal da Saúde do Idoso que tem formação em Assistente
Social; dos Coordenadores das Áreas Técnicas da escola e da Área pedagógica.
Portanto, a escolha dos participantes aconteceu de forma intencional conforme os
critérios apontados.
3.2.1 A dinâmica do grupo de trabalho
Figura 1: Dinâmica do grupo de trabalho. Fonte: Elaborado pela autora.
36
Foram agendados previamente com os participantes do grupo de trabalho os
encontros de forma que todos pudessem participar. A frequência dos encontros
aconteceu quinzenalmente e o tempo de cada encontro teve uma média de duas
horas, no máximo. A quantidade de encontro foi de três oficinas para o
desenvolvimento da construção da proposta do Curso de especialização. O contato
para o agendamento dos encontros foi por via telefônica, pessoalmente ou on-line.
O grupo de trabalho teve um coordenador, que neste caso foi à
pesquisadora. Cabe ao coordenador conduzir os trabalhos, preparar as reuniões,
escolher os participantes, garantir um ambiente calmo e relaxado, nomear o tema a
ser abordado em cada encontro, explicar as regras do trabalho, cuja essência
consiste na maior liberdade de expressão, promover a participação de todos,
inibirem o monopólio das palavras e aprofundar as discussões (MINAYO, 2007).
Todos os encontros com o grupo de trabalho foram gravados para que a
pesquisadora pudesse obter as informações e discussões na íntegra sem perder a
essência do contexto refletido. Após cada encontro foi transcrita na íntegra as
gravações e encaminhadas de forma on-line aos participantes na intenção de
confirmar ou modificar as suas impressões e sugestões para que no encontro futuro
não houvesse arestas, permitindo um diálogo mais profícuo com relação à temática
e, assim aconteceu, sucessivamente, até a conclusão da proposta.
As oficinas aconteceram na Escola Técnica em Saúde Maria Moreira de
Rocha. Utilizamos o espaço da Sala de Multimeios da referida escola por motivo da
mesma ser equipada com recursos audiovisual, ambiente climatizado e acesso a
aparelhos de computador com internet (caso fosse necessário), tudo foi avaliado
para que houvesse um bom andamento das atividades.
A pesquisadora tentou motivar a participação de todos durante os encontros
com o grupo de trabalho de forma equânime e zelou para que não houvesse
desavenças evitando conflitos entre os mesmos. Procurou apreciar as diferenças,
respeitando o direito dos participantes em terem valores e opiniões diferentes.
A finalização dos trabalhos foi analisada pelo grupo de trabalho, mas
principalmente pela pesquisadora, ou seja, a pesquisadora procurou identificar o
momento em que a proposta estava constituída. É o momento de analisar a
proposta.
37
3.3 Aspectos éticos
Foram respeitados os preceitos determinantes na Resolução do Conselho
Nacional de Saúde 196/96, ao indicar que as pesquisas que envolvem seres
humanos devem atender exigências éticas e científicas fundamentais. Essa
resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os referenciais
básicos da bioética: autonomia, não maleficência e justiça entre outros, e visa
assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos
sujeitos da pesquisa e ao Estado. Todos os participantes do grupo de trabalho
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
O Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
do Vale do Itajaí, sob o Parecer nº 37/09.
O relatório final será entregue para a ETSUS/AC podendo ser apresentado
nos Conselhos Gestores de Saúde e do Idoso, bem como para o Ministério da
Saúde como uma proposta futura de implantação do Curso na RETSUS.
O trabalho foi orientado pela Profª. Enf. Drª. Juliana Vieira de Araujo Sandri.
(Anexo D).
3.4 Construindo e analisando a proposta
A proposta do Curso de especialização para os profissionais de saúde de
nível médio com relação à atenção a saúde do idoso construída pelo grupo de
trabalho foi analisada através da descrição de cada base tecnológica sugerida
juntamente com a competência profissional a ser alcançada. Portanto utilizamos
como referencial de análise o próprio desenho da proposta buscando vislumbrar as
bases tecnológicas e as práticas gerontogeriátricas através das competências
profissionais. Esses dois pontos têm como objetivo viabilizar a atenção integral à
saúde do idoso, enfocando a promoção à saúde, a recuperação, a proteção, a
prevenção e a reabilitação, bem como o processo de envelhecimento e suas
repercussões biopsicossociais.
38
Este momento de construção e reconstrução exigiu da pesquisadora muita
concentração e conhecimento da temática para saber analisar as sugestões dos
participantes no aperfeiçoamento da proposta. A seguir, será relatado como ocorreu
essa construção.
Nosso primeiro contato com os participantes se deu através de um convite
elaborado e encaminhado para cada um dos supostos participante e aguardamos a
resposta. Para a nossa alegria, outras pessoas souberam que realizaríamos uma
oficina com a temática relacionada à saúde de idosos e nos procuraram para
participar. Mas, como esta proposta era apenas de contar com um grupo limitado,
não foi possível permitir a participação de mais integrantes no processo, mesmo
porque a dialogicidade entre um grupo menor é a forma prática de se conduzir o
processo de interação sujeito-objeto para a construção do conhecimento. Ficaria
muito difícil para conduzir um grupo com o número maior de participantes.
Chegou o dia do encontro e ficamos gratificadas com a participação das
pessoas. Neste dia, entregamos uma pasta de trabalho contendo: caneta; papel com
pauta e sem pauta; fotocópias sobre as competências gerais que são comuns a
todas as áreas da saúde, do Estatuto do Idoso, da Política Nacional do Idoso, da
Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, da Lei de Diretrizes e Bases nos seus
art. 36 a 42; do Decreto nº 5.154/04 e, do Parecer nº 16/99. Todos foram
identificados por crachás para facilitar a comunicação entre si, dinamizando o
encontro.
3.5 Descrevendo as oficinas
Na primeira oficina, a metodologia de execução teve momentos
diversificados:
a) A dinâmica “Atenda o chamado”, teve o objetivo de acolher os participantes.
Colocamos-nos em círculos e partimos do pressuposto que somos todos iguais.
Foi o momento de nos apresentarmos e dizer quem somos? Para essa atividade
contamos com a ajuda da equipe administrativa da escola.
b) Apresentação de uma mensagem sobre o idoso em PowerPoint, que descreve
alguns aspectos do processo do envelhecimento. Esta apresentação teve a
39
intenção de sensibilizar os participantes com relação ao idoso. Fato este que
aconteceu de forma que as emoções foram manifestadas através de choros e
relatos da sua vivencia pessoal. Foi neste momento, que percebi que havia
sensibilizado os participantes para a temática a ser construída.
c) Apresentação da pesquisa aconteceu de forma formal utilizamos o datashow para
contextualizar os dados epidemiológicos relacionados à população idosa no
mundo, no Brasil e no Estado do Acre; o processo de senescência e senilidade;
instrumentos legais do MEC e a legislação que protege o idoso. Após essa breve
narrativa, apresentamos os objetivos do estudo e a proposta de trabalho para a
construção do Curso de Qualificação de pós-técnico.
d) Após a apresentação supracitada fizemos um lanche, que foi um momento
especial, pois proporcionou a troca de conhecimentos e também de se
reconhecerem com agentes desse processo de construção, além de se sentirem
acolhidos e valorizados por essa delicadeza.
e) O início dos trabalhos e questionamentos variados:
− “Como é possível a construção de um curso de especialização pós-técnico,
para todas as áreas trabalhadas por esta escola com foco na atenção ao
idoso?”
− “Qual será o perfil desse profissional?”
− “Como pode um técnico de laboratório cuidar de um idoso?”
− “Quais as implicações legais esse profissional irá ter ao adentrar outra área
como a enfermagem, por exemplo, ele não poderá administrar um
medicamento endovenoso?
E assim, foram surgindo às dúvidas, que foram esclarecidas, principalmente,
no que tange ao perfil do profissional que pretendemos aperfeiçoar/qualificar. Sendo
que ficou esclarecido que o embasamento teórico do curso será na área de
gerontologia.
Segundo Cachioni e Neri (2004) a gerontologia ocupa um lugar de destaque
entre as várias disciplinas científicas, beneficiando-se e sendo beneficiada pelo
intercâmbio de idéias e dados, num amplo campo de natureza multi e
interdisciplinar, ancorado pela biologia e pela medicina, pelas ciências sociais e pela
psicologia. Comporta numerosas interfaces com áreas de aplicação e de prestação
de serviços, principalmente a geriatria, a fisioterapia, a enfermagem, o serviço social,
40
o direito, a psicologia clínica e a psicologia educacional, o que permite classificá-la
também como campo multiprofissional.
Alguns participantes continuaram ainda com dúvidas de como iríamos
trabalhar com abordagem gerontológica e relataram que precisavam de textos para
se posicionar melhor neste contexto, visto que tínhamos naquele momento várias
áreas interdisciplinares, todos entendiam que os temas relacionados ao idoso eram
importantes para a construção da proposta.
Tive neste momento que dar uma orientação de como iríamos trabalhar
durante os demais encontros. Como todos os cursos que construímos na escola, ele
passa por um processo de ouvidoria, em que as pessoas convidadas estão de certa
forma envolvida com o tema e/ou curso pretendido, possibilitando a validação da
proposta, e este não será diferente.
Voltamos a falar das políticas votadas para as pessoas idosas, destacando
que o Acre foi o primeiro estado a implantar a Caderneta do Idoso, e que os
profissionais de nível superior (Enfermeiros do PSF) foram capacitados para o
acompanhamento dos idosos de suas áreas de atuação.
Isso abriu uma discussão cujo foco era os demais profissionais de saúde,
será que eles não precisam ser capacitados quanto ao processo de
envelhecimento? E os profissionais de nível médio?
Tivemos alguns posicionamentos de forma pacífica, apesar de alguns
participantes terem ainda alguma dúvida em relação à proposta, fiz o seguinte
questionamento para eles refletirem para o próximo encontro: Como seria o perfil
desse profissional à luz da gerontologia para atender a pessoa idosa?
Ao finalizarmos a primeira oficina, os participantes informaram que
precisavam de um tempo maior para elaborar uma proposta do perfil do educando
que queremos formar para atuar na área do idoso, bem como as competências e as
bases tecnológicas que comporão esta proposta. Mas antes de dar por encerrada
solicitamos uma avaliação do encontro, esta é uma prática pedagógica que
adotamos na escola, e escolhi alguns comentários:
“Acredito que preciso pensar considerando ser uma proposta inovadora e de responsabilidade institucional, por se tratar de uma especialização pós-técnico. Parabenizo a colega mestranda pela idéia e preocupação em estar disposta a construção de uma ação tão desafiadora e tão necessária”. “É uma proposta inovadora, que necessita de reflexão, tempo para digerir e amadurecer. Se concretizar será uma proposta que trarão bons frutos e irá fortalecer o Sistema Único de Saúde”.
41
“Porque conseguir entender o objetivo dessa oficina, pois foi muito produtivo, um grupo maravilhoso, pena que teve pouca duração, só duas horas, mas, trouxe-me muito conhecimento em relação ao idoso. O projeto parece muito interessante, você estar de parabéns pela a organização e pelo tema abordado”. “Pois me fez refletir sobre a importância de um dia me torna idoso, tinha muito receio sobre essa fase da via. Hoje mudei de opinião, entendi que envelhecer faz parte da vida. E esta proposta me deu certeza que o amanhã será diferente”. “Esta oficina foi bastante produtiva, o que contribuiu para o meu aprendizado, mas, apesar de ser o primeiro dia, nos sensibilizou bastante, esta proposta é uma resposta para as mudanças para a nossa população idosa”. “Pelo fato de existirem profissionais preocupados com o futuro dos nossos idosos e de certa forma me traquiliza. Vejo como é essencial oportunizar um curso de pós-técnico aos nossos profissionais de nível médio”. “Porque a escola só tem a ganhar como elemento formador destes egressos, os idosos precisam de profissionais qualificados para atendê-los em suas necessidades”. “Adorei seu projeto, finalmente um profissional da categoria da saúde, mostrou-se preocupado com essa temática, com certeza vamos construir junto esta proposta, fazer a diferença e fortalecer o Sistema Único de Saúde e acredito no potencial do seu projeto”. “Iniciei a oficina com um pouco de sono, não sabia exatamente o que me esperava. Término esta oficina com importante e estou motivado a contribuir para a elaboração desta proposta, que considero tão importante. Estou feliz por fazer parte deste momento, de sua vida, que imagino ser singular e representatividade do ponto de vista pessoal e profissional. A elaboração desta especialização e sua implementação será com certeza um marco para os profissionais de saúde de nível médio”.
A segunda oficina foi iniciada com uma dinâmica de acolhimento e
aquecimento - a música Como uma Onda, composição de Lulu Santos e Nelson
Motta.
Nada do que foi será De novo do jeito que já foi um dia Tudo passa tudo sempre passará A vida vem em ondas como o mar Num indo e vindo infinito Tudo que se vê não é Igual ao que a gente viu há um segundo Tudo muda o tempo todo no mundo...
O objetivo da escolha dessa música é para mostrar que a vida muda de
forma constante e com ela poderá vir mudanças significativas que necessitam de
cuidados especializados como, por exemplo, o envelhecimento humano. Fase da
vida em que há necessidade de profissionais da saúde capacitados para o seu
42
atendimento, de forma que possam atuar em equipe multidisciplinar através da
interdisciplinaridade, visando maximizar a capacidade funcional dos idosos e
melhorar sua qualidade de vida.
Conforme havíamos definido na primeira oficina os participantes trariam uma
proposta do perfil, das bases tecnológicas e da competência a serem alcançadas em
cada base tecnológica. Foi necessário dividir o grupo de trabalho em dois para que
não houvesse dispersão da temática.
O perfil do egresso foi respaldado no que dispõe a Resolução CNE/CEB nº
04/99 da área profissional de saúde que compreende ações integradas de promoção
e prevenção, educação, recuperação e reabilitação referentes às necessidades
individuais e coletivas. Contudo, pensando no perfil profissional para o Curso de
Qualificação dos Profissionais de Saúde de Nível Médio como Especialidade da
Atenção a Saúde do idoso. Este perfil deverá ficar claramente identificado no
respectivo plano de curso, determinando a correspondente organização curricular.
Já as bases tecnológicas, embora tenha sido solicitada aos participantes a
sua construção, a pesquisadora trouxe uma proposta prévia e que seria a partir dela
a discussão, inclusão ou exclusão dos temas propostos. Porém, as bases
tecnológicas precisam estar contidas no eixo tecnológico.
Segundo Brasil (2007) o eixo tecnológico é a linha central de estruturação de
um curso, definida por uma matriz tecnológica, que dá a direção para o seu projeto
pedagógico e que perpassa transversalmente a organização curricular do curso,
dando-lhe identidade e sustentáculo. O Eixo Tecnológico curricular orienta a
definição dos componentes essenciais e complementares do currículo, expressa a
trajetória do itinerário formativo, direciona a ação educativa e estabelece as
exigências pedagógicas. Também nos permite conhecer a dimensão tecnológica do
curso proposto, facilita a organização de itinerário formativo, fornecem a melhor
orientação ao trabalho interdisciplinar e permite o desenvolvimento das bases
tecnológicas que irão delinear a matriz curricular a ser construída.
Neste encontro, os grupos (após várias discussões de temas sobre o que
poderiam ser abordados durante o curso) definiram os temas em bloco e
apresentaram os eixos tecnológicos no qual será a linha central da construção da
matriz curricular da nossa proposta a seguir, portanto este encontro teve como
resultado final a construção dos eixos tecnológicos, os quais a partir destes serão
delineados as bases tecnológicas, quais sejam:
43
Figura 2: Eixos tecnológicos definidos pelos grupos na segundo oficina. Fonte: Elaborado pela autora durante as oficinas.
Diante da Figura 2, tivemos algumas discussões de como iríamos trabalhar
as bases tecnológicas para cada eixo temático. Este dia foi bastante produtivo, e no
final do encontro, foi realizada avaliação da oficina:
“Foi um dia produtivo, pois tivemos a oportunidade de dar da primeira oficina, hoje com uma melhor compreensão, após leitura dos textos sobre o assunto, pois estamos internalizando, ou seja, teorizando os conceitos, as idéias, e realmente é o tema é muito instigante, estou feliz por fazer parte desta construção”. “Por que a cada oficina que participo, tenho a oportunidade de trocar experiências e conhecimentos, em relação a este tema”. “Bom... creio que esta oficina foi mais produtiva e prazerosa, atribuo ao fato de termos nos apropriados desta temática, avalio que precisamos de mais encontros, pois realmente a construção desta proposta é um desafio”. “Este encontro me proporcionou uma visão geral de como iremos trabalhar esta proposta, os colegas em trabalho em grupo concordaram com os temas propostos, não foi cansativo, eu ficaria a tarde inteira discutindo esse assunto e não vi o tempo passar”.
Na terceira oficina: começamos com a dinâmica da “rede fechada”, o
objetivo desta dinâmica consiste em conscientizar que cada indivíduo dessa roda é
uma parte que forma um todo. É importante perceber que essas partes estão
interligadas, se comunicam se interagem e dependem umas das outras para que o
todo viva e funcione adequadamente. Essa é a essência de HtrabalharH em uma
equipe multidisciplinar - “Quando atingimos esta condição, atingimos o equilíbrio e
podemos conquistar qualquer objetivo”.
Enquanto você comenta estas palavras, encha o balão que você guardou e
coloque-o no centro da teia. Continuei, falando: “Esse balão, que está sendo
sustentado pela nossa rede, representa o equilíbrio ideal resultante da interação de
cada parte”. Observem que, para que o balão esteja perfeitamente equilibrado é
importante que todas as partes colaborem entre si. Assim é tudo na vida. Tudo
integra uma rede maior e igualmente é formado de redes menores. A comunidade
44
onde vivemos e o nosso ambiente de trabalho fazem parte dessa rede. E tudo isso,
todas estas partes, estão interdependentes numa totalidade harmônica e funcional,
numa perpétua oscilação em que o todo e as partes se mantêm mutuamente.
Para finalizar a dinâmica, comentei que todos devem lutar para manter o
equilíbrio da rede formada em uma equipe, incentivando-se mutuamente e
substituindo os comportamentos que comprometem essa integração por outros mais
coerentes e alinhados com a união entre todos. Para encerrar, todos foram
instruídos a se abraçarem enquanto estouravam todos os balões com os pés,
terminando com uma salva de palmas.
Foi muito interessante esta dinâmica, pois percebemos que necessitamos
uns dos outros para formar uma construção, já que cada parte é importante, o
trabalho em equipe através da interdisciplinaridade é muito importante. A rede de
apoio da pessoa idosa e os profissionais de saúde devem ter essa interatividade
aliada ao nosso Sistema único de Saúde.
Nesta oficina fiz uma breve explanação da Resolução CEE/AC nº 379/2008
que dispõe sobre a Educação Profissional Técnica de Nível Médio no âmbito do
Sistema de Ensino do Estado do Acre, em seu Art. 23 no qual considera para fins de
construção de plano de curso a competência profissional articulada com o
conhecimento, habilidades valores e atitudes necessárias para desenvolver com
eficácia as atividades inerentes ao curso proposto, no caso consideramos o curso de
qualificação no grau de especialista na atenção a saúde do idoso.
Para construir esta etapa da elaboração do curso solicitamos a participação
efetiva da responsável pela área pedagógica da ETSUS/AC, no sentido de nos
orientar e dar a sua contribuição para que não destoe do que já é preconizado nas
escolas técnicas da RETSUS, ou seja, seguir os pilares da educação dos saberes:
saber-saber, saber-fazer, saber-ser e saber conviver.
A discussão dessa etapa aconteceu de forma interativa, oportunizando a
participação de todos de forma democrática, sob a orientação e acompanhamento
da responsável pedagógica e da pesquisadora. A concretude dessa construção está
apresentada nos Quadros 1, 2, 3, 4 e 5. (Ver Apêndice B).
Com essa oficina, foi possível construir uma proposta de Curso pós-técnico
de nível médio na área da saúde do idoso. Portanto, temos todos os elementos para
apresentar a proposta de Curso, quais sejam: perfil profissional e a matriz curricular
contendo os eixos tecnológicos, as competências a serem desenvolvidas em cada
45
eixo, as bases tecnológicas, as habilidades, valores e atitudes. Dessa forma, com
esses dados construímos a nossa proposta para a Qualificação dos Profissionais de
Saúde de Nível Médio como Especialidade na Atenção a Saúde do Idoso.
Antes a pesquisadora agradeceu a todos os participantes do grupo de
trabalho, bem como daqueles que de uma forma ou outra contribuíram neste
processo. E se comprometeu em enviar a proposta na sua finitude. Antes, porém
teceu suas considerações que no início dos trabalhos sentiu certo acanhamento e
muitas dúvidas a respeito do trabalho, contudo na medida em que os encontros
aconteciam isso se dizimava, até que finalmente conseguimos construir uma
proposta.
46
4 A PROPOSTA DO CURSO DE QUALIFICAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE
SAÚDE DE NÍVEL MÉDIO COMO ESPECIALIDADE NA ATENÇÃO A SAÚDE
DO IDOSO.
O mundo todo está envelhecendo. Vivemos um momento ímpar, em que
uma das maiores conquistas da humanidade foi a ampliação do tempo de vida. As
nações estão começando a compreender este fenômeno e cada vez mais a buscar
medidas para manter seus cidadãos idosos socialmente e economicamente
integrados e independentes.
O envelhecimento populacional é uma resposta à mudança de alguns
indicadores de saúde, especialmente a queda da fecundidade e da mortalidade,
ocasionando o aumento de esperança de vida.
Conforme Kalache (1987), à medida que as sociedades envelhecem os
problemas de saúde entre os idosos desafiam os sistemas de saúde. Para isso,
estratégias de prevenção ao longo de todo o curso de vida tornaram-se mais
importantes para resolver os desafios advindos com este processo.
Para entender melhor o universo do envelhecimento humano é importante
conhecermos algumas terminologias relacionadas a essa etapa de vida, como:
envelhecimento, velhice e idoso.
O conceito de envelhecimento para a Organização Pan-Americana de Saúde
(2003; p. 8) é:
Um processo seqüencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de deteriorização de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte.
Neri (2004) considera que a velhice é a última etapa do ciclo vital,
caracterizada pelo declínio de funções biológicas, resiliência, plasticidade e aumento
da dependência dos recursos da cultura.
Oficialmente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera idoso o
indivíduo com idade igual ou superior a 65 anos residentes em países desenvolvidos
e com 60 anos ou mais para países em desenvolvimento (GIATTI; BARRETO,
2003). Essa diferenciação na conceituação parece levar em conta fatores que tem
47
atuação direta na qualidade de vida dos indivíduos, como diferenças econômicas,
políticas, culturais, sociais e ambientais dos países.
Contudo, independente da conceituação explanada pelos autores em que
mostram significados diferentes para expressar um momento do ciclo vital temos que
refletir que o envelhecimento faz parte da vida de qualquer ser vivo e acontecem de
forma gradual com mudanças mutidimensionais e multiderecionais de forma peculiar
e individual, portanto não é unidirecional e depende de diversos fatores como:
biológicos, genéticos e socioculturais.
Para Papaleo Netto (2000), os múltiplos aspectos que caracterizam o
processo de envelhecimento clamam por uma necessidade de propiciar à pessoa
idosa atenção abrangente à saúde, colocando em prática o que estão estabelecidos
pela Organização Mundial de Saúde, no contexto dos pilares da política para um
envelhecimento saudável, quais sejam: Participação, Saúde e Segurança (OMS,
2000). Busca-se com isso não somente o controle da doença, mas, e principalmente
o bem-estar físico, psíquico e social, ou seja, a melhoria da qualidade de vida.
Portanto, o termo envelhecimento (processo), a velhice (fase da vida) e o
idoso (resultado final) se constituem em um conjunto de componente intimamente
relacionado ao fenômeno do envelhecimento (PAPALEO NETTO, 2000).
Este fenômeno pode ser explicado pela gerontologia, que é uma área do
conhecimento que estuda o processo de envelhecer humano. Sendo assim, é
importante fazermos uma reflexão sobre a questão do processo de envelhecimento
e seus impactos psicológicos, sociais, culturais, econômicos e ambientais, para que
possamos atender as condições de vida da saúde da pessoa idosa.
A gerontologia surgiu no final do século XIX e início do século XX. O mundo
estava em processo de ebulição científica, entre o período e 1903 a 1909, no qual
surgem alguns termos que teria importância não só na medicina como em outras
áreas das ciências como na Antropologia, na Sociologia, nas Ciências Políticas,
entre outras.
Em 1903, Elie Metchnnikoff, médico Russo, emigrado da Rússia para a
França e sucessor de Pasteur, defendeu a idéia da criação de uma nova
especialidade a gerontologia, denominação obtida a partir das expressões gero
(velhice) e logia (estudo), pois o mesmo acreditava em uma velhice normal e não
doentia. Suas pesquisas serviram como base na comunidade científica sobre o
estudo do envelhecimento (PAPALEO NETTO, 2006).
48
Em 1909, Ignatz L. Nascher, médico vienense radicado nos Estados Unidos,
apresentou uma nova especialidade na comunidade cientifica a geriatria que visava
tratar as doenças dos idosos e da própria velhice. Já em 1922, o psicólogo G.
Stanley Hall, publicou o seu livro Senescence: The last half of life, que segundo
Lopes (2000), destaca que por meio de evidências históricas, médicas, literárias,
biológicas, fisiológicas e comportamentais, que este autor procurou comprovar que
as pessoas idosas tinham recursos até então não apreciados, contradizendo a
crença que a velhice é simplesmente o reverso da adolescência.
Desse modo, Nascher que foi considerado o pai da geriatria e teve que
enfrentar o desafio de divulgar suas posições sobre os aspectos biomédicos da
velhice, e, ao mesmo tempo de não se comprometer com os problemas relativos às
ciências sociais, que ele também julgava importante para o estudo do processo do
envelhecimento.
Em 1930, a estudiosa Marjory Warren assumiu a responsabilidade de cuidar
de um asilo o qual introduziu o conceito e a implementação de ações geriátricas
especializadas, tendo como ponto de partida o da avaliação multidimensional e
interdisciplinar (PAPALEO NETTO, 2006).
A partir da década de 1930 começaram a surgir numerosos trabalhos em
todas as áreas que compõem a ciência do envelhecimento.
Esse interesse permanece até hoje, entre os anos 1980 e 1990 abriram-se
novas frentes de interesses geradas pelas necessidades sociais associadas ao
envelhecimento populacional e à longevidade, como por exemplo, o apoio a
familiares que cuidam de idosos dependentes, os custos dos sistemas de saúde e
previdenciário, a necessidade de formação de recursos humanos, a necessidade de
ofertas educacionais e ocupacionais para as pessoas idosas (NERI, 2001).
A Figura 3 mostra as ramificações da gerontologia como uma ciência
multidisciplinar.
49
Figura 3: Gerontologia, ciência multidisciplinar Fonte: Papaleo Neto (2006).
A Gerontologia Social aborda os aspectos não-orgânicos. Geriatria tem
sob seus domínios os aspectos curativos e preventivos da atenção a saúde da
pessoa idosa. Biogerontologia tem como eixo principal o estudo do fenômeno do
envelhecimento, do ponto de vista molecular e celular, enveredando pelos os
caminhos populacionais e de prevenção de doenças associadas.
Portanto, a gerontologia é definida como ciência do envelhecimento e nos
fornece a possibilidade de perpassar nas suas ramificações, da gerontologia social,
biogerontologia e geriatria, que no seu conjunto atuam sobre os múltiplos aspectos
do fenômeno do envelhecimento e suas conseqüências.
Jeckel Netto (2000) afirma que o objetivo fundamental do conhecimento
sobre o processo de envelhecimento é o sucesso de qualidade de vida da pessoa
idosa, e que o papel da interdisciplinaridade permeia todos os aspectos da vida de
uma pessoa, do biológico ao social, e isso, exige que seja feita uma investigação de
maneira integrada através do trabalho em equipe.
O curso proposto estará respaldado nos conceitos gerontológico com a
abordagem interdisciplinar.
Segundo Fazenda (1993), a interdisciplinaridade surgiu na França e na Itália
em meados da década de 60, num período marcado pelos movimentos estudantis
que, dentre outras coisas, reivindicavam um ensino mais sintonizado com as
grandes questões de ordem social, política e econômica da época.
O conceito de interdisciplinaridade apareceu no século XX, mas vem desde
a pré-história à preocupação com a integração dos saberes para construir e tratar de
assuntos científicos e técnicos de forma a atender as necessidades humanas e a
compreensão de fenômeno social de consideração e dimensão relevantes com
50
aspectos sócio-históricos. É uma relação de reciprocidade, de mutualidade, que
pressupõe uma atitude diferente a ser assumida diante do problema do
conhecimento, ou seja, é uma substituição de uma concepção fragmentária para
unitária do ser humano (VILELA; MENDES, 2007).
No Brasil, já no final da década de 60 a interdisciplinaridade exerceu forte
influência na elaboração da Lei de Diretrizes e Bases nº 5.692/71. Desde então, sua
presença no cenário educacional brasileiro tem se intensificado e, recentemente,
mais ainda, com a nova LDB nº 9.394/96 e com os Parâmetros Curriculares
Nacionais-PCN (CARLOS, 2007).
Segundo Japiassú (1976), na interdisciplinaridade faz-se necessário a
intercomunicação entre as disciplina, de modo que resulte uma modificação entre
elas, através do diálogo compreensível, uma vez que a simples troca de informações
entre organizações disciplinares não constitui um método interdisciplinar.
Na área da saúde a integração de conhecimento partilhado tem criado
modelos pedagógicos múltiplos para a formação profissional integradora de vários
saberes com o intuito de oferecer à população a maior quantidade possível de
serviços de saúde com qualidade e inovações tecnológicas. Suas estratégias
resultam da combinação de três grandes tipos de ações: a promoção da saúde, a
prevenção das enfermidades e a atenção curativa (VILELA; MENDES, 2007).
Essas mudanças no campo da saúde devem trazer transformações,
também, na área da educação e no mundo do trabalho através das inter-relações
pessoais e a produção do trabalho e na formação dos profissionais de saúde. A
interdisciplinaridade permite uma ação conjunta para construção e reconstrução do
saber, possibilitando mais desenvoltura de integração dos especialistas com
capacidade de solucionar problemas considerados complexos (VILELA; MENDES,
2007).
Segundo Giannotti (1996), com relação à saúde, a interdisciplinaridade, não
seria de competência de um único profissional, mas uma tarefa de vários
profissionais de áreas diversas, representantes de várias ciências, agregar-se-iam
em equipes de saúde, tendo como objetivos comuns: estudar as interações
somáticas psicossociais e encontrar métodos adequados que propiciem uma prática
integradora, tendo como enfoque a totalidade dos aspectos inter-relacionados à
saúde e à doença.
51
A interdisciplinaridade tem como objetivo alcançar alternativas que vise
responder pela complexidade do mundo atual, entre elas os problemas de saúde.
Através de um novo modelo de atenção à saúde e a formação dos profissionais de
saúde pautados em currículo integrado e de forma interdisciplinar.
Portanto, neste trabalho, buscamos uma ação de forma integrada às
diversas áreas dos profissionais de saúde de nível médio na atenção a saúde do
idoso de maneira interdisciplinar com abordagem na gerontologia.
Paim (1994) defende a necessidade de procurar novas formas organizativas
do estabelecimento de saúde, para se discutir as dificuldades do princípio da
integralidade, em detrimento de um modelo assistencial mais ampliado de saúde,
voltado para os principais problemas da população, através da redefinição das
práticas de saúde de modo a operar modelos de atenção ao indivíduo, família e
grupos sociais.
A integralidade está na necessidade de humanização dos serviços prestados
e das ações realizadas no âmbito do SUS e estas de serem repensada sobre as
dimensões técnicas das práticas de saúde na organização social e da produção de
serviços.
A seguir será apresentado o perfil profissional construído nas oficinas e a
matriz curricular composta de três módulos e cinco eixos tecnológicos.
4.1 Perfil profissional
Os Cursos de Educação Profissional de Nível Técnico, quaisquer que sejam,
em sua organização, deverão ter como referência básica no seu planejamento
curricular o perfil do profissional que se deseja formar, considerando-se que o
contexto da estrutura ocupacional da área, a observância destas diretrizes
curriculares nacionais e referenciais curriculares por área profissional, produzida e
difundida pelo Ministério da Educação. A propriedade dos cursos de educação
profissional de nível técnico depende primordialmente da aferição simultânea das
demandas das pessoas, do mercado de trabalho e da sociedade. A partir daí, é
traçado o perfil profissional de conclusão da habilitação ou qualificação prefigurada,
o qual orientará a construção do currículo (BRASIL, 1999b).
52
Este perfil é definidor da identidade do curso. É estabelecido levando-se em
conta as competências profissionais gerais do técnico de uma ou mais áreas,
completadas com outras competências específicas da habilitação profissional, em
função das condições locais e regionais, sempre direcionadas para a laborabilidade
frente às mudanças, o que supõe polivalência profissional (BRASIL, 1999b).
Por polivalência, aqui se entende o atributo de um profissional possuidor de
competências que lhe permitam superar os limites de uma ocupação ou campo
circunscrito de trabalho, para transitar para outros campos ou ocupações da mesma
área profissional ou de áreas afins. Supõe que tenha adquirido competências
transferíveis, ancorada sem bases científicas e tecnológicas, e que tenha uma
perspectiva evolutiva de sua formação, seja pela ampliação, seja pelo
enriquecimento e transformação de seu trabalho. Permite ao profissional
transcender a fragmentação das tarefas e compreender o processo global de
produção, possibilitando-lhe, inclusive, influir em sua formação (BRASIL, 1999b).
Portanto, o perfil profissional do Curso de Formação dos Profissionais de
Saúde de Nível Médio como Especialidade na Atenção a Saúde do Idoso, foi
construído, pelo Grupo de Trabalho através das oficinas realizadas, ora já descritas,
para atender as necessidades de atuar em equipe de forma interdisciplinar, afim, de
desenvolver ações que promovam a melhoria da qualidade de vida da pessoa idosa
em relação à equipe de saúde, à família e à sociedade os mesmos estão citados
abaixo:
Atuar em diferentes espaços de trabalho como na atenção básica,
hospitalar, domicílios, consultórios odontológico, clínicas de reabilitação,
restaurantes populares, cantinas, laboratórios de analises clínicas, em ações de
inclusão, promoção, prevenção, recuperação e reabilitação referenciada nas
necessidades de saúde individual e coletiva dos idosos, determinadas pelo processo
de saúde - doença.
a) Ter uma formação holística para aplicar os conhecimentos através do
relacionamento interpessoal, senso crítico-reflexivo, ter iniciativa, flexibilidade,
capacidade de observação, abstração e raciocínio lógico, reflexão e mudança
ativa em si mesmo e nas suas práticas, manifestadas por atitudes de
solidariedade, civilidade, compromisso, responsabilidade, empatia, aceitação,
prudência, ética e humanística, complementada pelo desenvolvimento de
53
competências que lhes permitam atuar, acompanhar, agir e garantir o completo
bem estar da pessoa idosa.
b) Ser capaz de compreender, criar e lidar com situações adversas de apoio aos
idosos, familiares equipes multiprofissionais e outros;
c) Conseguir encaminhar ou acompanhar a pessoa idosa em situações de agravos,
reabilitação e finitude;
d) Demonstrar competências para obter a informação necessária para assistir a
pessoa idosa junto à equipe multidisciplinar;
e) Possuir conhecimentos sobre o que é ser idoso, o que é a velhice e o processo do
envelhecimento no âmbito das áreas psicológicas, biológica, social e cultural;
f) Ser um profissional com formação generalista na área da atenção a saúde do
idoso, com visão humanista, crítico e reflexivo;
g) Ser capacitado para atuar na atenção a saúde da pessoa idosa, pautado em
princípios éticos e informações científicas em relação à saúde do idoso;
h) Ser preparado para atuar em contextos multiprofissionais e multidisciplinares na
perspectiva da atenção a saúde do idoso de diferentes questões que surgem
individual e coletivamente na velhice;
i) Ser capaz de compreender, criar, gerir, desenvolver e avaliar formas de apoio ao
idoso e seus cuidadores, familiares e profissionais.
Para Weil (1998), este perfil profissional deve promover ações de cuidado
que envolve conhecimento, valores, habilidades e atitudes no sentido de favorecer
as potencialidades das pessoas para manter ou melhorar a condição humana no
processo de envelhecimento. O processo de envelhecimento humano é complexo,
necessitando para sua compreensão contribuições de diferentes saberes e áreas de
conhecimento.
4.2 Matriz curricular
Na construção do currículo correspondente à habilitação ou qualificação, a
polivalência para trânsito em áreas ou ocupações afins deve ser garantida pelo
desenvolvimento das competências gerais, apoiadas em bases científicas e
tecnológicas e em atributos humanos, tais como criatividade, autonomia intelectual,
54
pensamento crítico, iniciativa e capacidade para monitorar desempenhos. A
identidade, por seu lado, será garantida pelas competências diretamente
concernentes ao requerido pelas respectivas qualificações ou habilitações
profissionais (BRASIL, 1999b).
Hoje, a Educação profissional está integrada a diferentes formas de
educação para o trabalho, para a ciência e para a tecnologia. Desenvolvendo
aptidões para a vida produtiva numa perspectiva do exercício pleno da cidadania
(BRASIL, 1999b).
Fini e Pestena (1999) afirmam que as matrizes curriculares conceituam as
competências, através de processos cognitivos as quais se desdobram em
habilidades instrumentais.
Portanto, a construção de uma Matriz Curricular, segundo Ortigão e Sztanj
(2001, p. 76) está na necessidade já estabelecida
A partir de parâmetros consensuais, sejam estes advindos da reflexão teórica sobre a estrutura da ciência e sua correspondente adequação ás estruturas de conhecimento, sejam advindos de uma consulta nacional sobre os conteúdos praticados pelas escolas brasileiras.
Machado (2008) afirma que a matriz tecnológica pode ser compreendida
como arranjos lógicos constituídos pelas bases tecnológicas, que por sua vez são
ingredientes tecnológicos básicos de uma formação.
Dessa forma a matriz se estrutura, na busca de organização dos conteúdos
desejáveis pelas demandas das exigências do mercado de trabalho. E tais
conteúdos foram sistematizados de forma a garantir uma continuidade. Desta
maneira esta matriz foi hierarquizada em três módulos e distribuídos por eixos
norteadores de caráter subsequentes.
Dentro de cada matriz há um eixo integrador que tem definidas as suas
competências cognitivas que serão utilizados nos processos de conhecimentos das
bases tecnológicas, como também suas respectivas habilidades instrumentais
devidamente distribuídas conforme cada necessidade a ser desenvolvida nos
processos de trabalho.
Segundo Brasil (1999b), a organização curricular será formada em
consonância com o perfil profissional do curso, sendo que o perfil do profissional
define a identidade do curso e caracteriza o compromisso ético da escola com os
educandos e com a sociedade.
55
Quando nos propusemos à construção desta proposta aos Profissionais de
Nível Médio em Saúde, levamos em conta a questão da flexibilidade, a
interdisciplinaridade na construção deste currículo, numa perspectiva de oferta de
curso pela demanda crescente da população idosa em nosso país, e observamos a
organização dos conteúdos por eixos tecnológicos e etapas modulares.
Portanto, o modelo de ensino de que necessitamos para os próximos anos
deve estar assentada sobre três eixos básicos: a flexibilidade para atender a
diferentes pessoas e situações e às mudanças permanentes que caracterizam o
mundo da sociedade da informação; a diversidade que garante a atenção às
necessidades de diferentes grupos em diferentes espaços e situações; e a
contextualização que, garantindo uma base comum, diversifique os trajetos e
permita a constituição dos significados, dê sentido à aprendizagem e ao aprendido
(BERGER FILHO, 1999).
O Parecer CEE/AC nº 379/08, no seu art. 14 e 15 que dispõem sobre a
organização curricular dos Cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio,
indica que o mesmo deverá contemplar todas as dimensões do desenvolvimento
humano: cognitiva, afetiva e psicomotora, fundamentada nos princípios éticos,
políticos e estéticos que contribuem para consolidação de conceitos e valores
indispensáveis ao exercício da cidadania.
A estruturação curricular permite a organização em forma de módulos ou
etapas com terminalidade correspondente a qualificações profissionais técnicas
identificadas no mercado, possibilitando também, saídas intermediárias com
obtenção de certificados de qualificação para o trabalho, após sua conclusão com
aproveitamento, devendo contemplar as seguintes dimensões: conjunto articulado
de princípios, critérios, competências profissionais gerais do técnico por área
profissional, conhecimento teórico-prático específico de cada profissão e atitudes e
habilidades comuns a uma área profissional e no mundo do trabalho (ACRE, 2008).
A carga horária mínima para o curso de qualificação profissional, etapas ou
módulos com terminalidade profissional que integrem itinerário de profissionalização
de nível médio, deverá ser acrescida de 30% de estágio supervisionado, quando
houver necessidade (ACRE, 2008).
O Decreto nº 5.154/04, no seu art. 6º dispõe sobre os cursos e programas de
Educação Profissional Técnica de Nível Médio que poderão ser estruturados e
organizados em etapas com terminalidade. Essas etapas com terminalidade deverão
56
estar articuladas entre si, compondo os itinerários formativos e os respectivos perfis
profissionais de conclusão.
Considera-se itinerário formativo o conjunto de etapas que compõe a
organização da Educação Profissional em uma determinada área, possibilitando o
aproveitamento contínuo e articulado de estudos. Tais etapas com terminalidade
podem ser organizadas como cursos específicos, módulos, ciclos, blocos temáticos,
projetos, alternância de estudos com trabalhos, sempre que o processo de ensino
assim o recomendar, conforme orienta o Artigo 23º da LDB (BRASIL, 1999b).
Representamos na Figura 4 o modelo de matriz modular a ser proposta para
o referido curso.
Figura 4: Matriz Curricular por Módulo proposto para o curso. Fonte: Elaborado pela autora a partir das oficinas realizadas.
a) Módulo I – Formação Básica da Atenção à Saúde do Idoso (Eixo I).
Este módulo tem por objetivo o conhecimento básico do processo de
envelhecimento contemplado no Eixo I e tem como princípio norteador o
conhecimento da Gerontologia, abordando questões de mudanças no processo do
envelhecimento do ponto de vista psicológico, sociológico, antropológico, legais,
sociais, ambientais, econômicos, éticos, espirituais, e políticos, levando em conta a
inserção do idoso, seja no contexto familiar e social, seja no ambiente cultural.
Este módulo terá uma duração de 90 horas/aulas teóricas e 10 horas
práticas (que será realizado o Seminário I), no qual os educando após se
apropriarem dos temas estudados precisarão colocá-los em prática através de
estudo de caso.
Esta unidade agrupa as competências comuns a todos os profissionais da
área de Saúde e, além disso, facilitará ao aluno a construção de itinerários de
57
formação profissional que atendam às suas expectativas e perspectivas de
trabalhabilidade.
Este módulo não tem terminalidade sendo que tem caráter subseqüente aos
demais módulo II e módulo III (Ver Apêndice A).
b) Módulo II – Formação Específica I da Atenção a Saúde do Idoso (Eixo II e III).
Este módulo tem característica específica devido aos dois eixos que
contemplamos. O Eixo II se refere aos aspectos éticos e legais do processo de
envelhecimento, e tem por finalidade dar um aporte ao educando quando este
interagir com as pessoas idosas e familiares, a fim de instrumentalizá-los quanto ao
conhecimento de seus direitos e deveres no desenvolvimento de ações de cidadania
e apoio social.
No Eixo III, o educando deverá desenvolver habilidades no campo da
promoção e reabilitação no cuidado a pessoa idosa, em caráter interdisciplinar de
forma humanizada visando à capacidade funcional da pessoa idosa.
Este módulo terá uma duração de 100 horas/aulas teóricas e 10 horas/aulas
de estágio supervisionado que será realizado em instituições previamente
identificadas na Rede de proteção ao Idoso, este módulo apresenta área de
conhecimento específico ao ciclo vital humano e 10hs para desenvolver atividades
do Seminário II.
Este módulo tem caráter subseqüente e sem terminalidade. (Ver Apêndice
A).
c) Módulo III – Formação Específica II da Atenção a Saúde do Idoso.
Este módulo tem característica específica do Eixo IV de assistência
humanizada a pessoa idosa, sendo que procura desenvolver no educando aporte
para que ele seja eficaz de desenvolver ações de promoção a saúde. Buscando
identificar fatores determinantes de qualidade de vida da pessoa idosa no seu
contexto familiar e social.
No Eixo V, o educando deve desenvolver ações de caráter de urgência e
emergência de maneira individual e/ou coletiva que visa à prevenção de situações
58
de agravos a pessoa idosa. Como também compreender os aspectos da Tanatologia
de acordo com as questões éticas e legais de cada pessoa idosa e seus familiares.
Este módulo terá carga horária teórica de 200 horas/aulas, sendo que 40
horas/aulas os educandos desenvolverão atividade de estágios supervisionados na
instituição previamente estabelecida e 20hs para desenvolvimento do Seminário III.
Portanto, este módulo tem caráter de terminalidade, somada as
competências desenvolvidas nos módulos I, II, III, permitirão aos alunos concluírem
a Especialização do Curso de Nível Técnico aos Profissionais de Saúde na Atenção
a Saúde do Idoso com carga horária total de 480 horas. (Ver Apêndice A).
O Decreto CNE/CEB nº 5.154/04 introduz o conceito de itinerário formativo
como sendo o conjunto de etapas que compõem a organização da educação
profissional em uma determinada área, possibilitando o aproveitamento contínuo e
articulado dos estudos, objetivando a qualificação para o trabalho e a elevação do
nível de escolaridade do trabalhador, o qual, após a conclusão com aproveitamento,
fará jus a certificados de formação inicial ou continuada para o trabalho (BRASIL,
2004a).
A partir da compreensão na organização de itinerário formativo da educação
profissional, estes espaços trazem ao processo educativo a promoção das
interpelações de saberes de natureza interdisciplinar.
De acordo com a descrição acima propomos um esquema de uma matriz por
eixo tecnológico representado pela Figura 5, para que, em seguida, seja
especificado cada um desses eixos e suas respectivas bases tecnológicas,
competências, habilidades e atitudes.
Figura 5: Matriz Curricular por Eixo Tecnológico. Fonte: Elaborado pela autora a partir das oficinas realizadas.
59
a) Eixo I: Introdução ao Estudo do envelhecimento: Um enfoque gerontológico.
Partimos do pressuposto que o envelhecimento é pessoal, e constitui uma
etapa do processo de vida e está intrinsecamente relacionado com as questões
objetivas e subjetivas do próprio ser. Sendo assim, o envelhecimento faz parte do
processo de viver. O ritmo do envelhecimento é influenciado pelas questões sociais,
econômicas, culturais e do meio ambiente que o cerca (HAMMERSCHMIDT et al,
2000).
Neste eixo abordaremos o aspecto gerontológico do processo de
envelhecimento, sendo considerada esta população algumas peculiaridades que são
intrínsecas a pessoa idosa, com características de uma classe etária que requer
cuidados diferenciados.
Pois, o modo de viver da pessoa idosa influência sua concepção de vida,
crença, valores e conhecimentos que são variáveis integrantes da cultura do
indivíduo, família ou coletividade.
A abordagem gerontológica possibilita a aproximação do profissional da área
da saúde com a pessoa idosa, bem como de sua família e deve ser compreendida
em múltiplas dimensões de maneira interdisciplinar. (Ver Apêndice B)
b) Eixo II: Aspectos Legais do Envelhecimento: Ética e Cidadania.
A criação de leis em prol das pessoas idosas e propiciadoras de sua
participação no contexto social simboliza um avanço nas relações do poder público
com o segmento populacional com 60 anos ou mais. No entanto, o rompimento do
ciclo de violência que inclui o abuso financeiro entre outros como a violência intra-
domiciliar requer mudanças no olhar da sociedade sobre a dinâmica do núcleo onde
o idoso encontra-se inserido. (Ver Apêndice B)
c) Eixo III: Patologias Comuns a Pessoa Idoso.
O ser humano, diferentemente dos demais seres vivos, foi o único que
modificou a própria expectativa de vida, a partir de gradativas mudanças
relacionadas a melhoria na qualidade de vida. Contudo, com o avançar da idade é
60
comum que haja a presença de uma ou mais patologias crônicas, as quais os idosos
e seus familiares cuidadores deverão aprender a conviver.
Ramos et al (2006), destacam que com o envelhecimento humano
prolongado estão associadas múltiplas patologias que, não raramente, levam a
perda da autonomia, independência e dificuldades de adaptação do idoso ao mundo
moderno.
Para Neri (1999), este período da vida do ser humano, fica mais vulnerável e
sujeito às perdas evolutivas em várias dimensões, em virtude de sua programação
genética, de eventos biológicos, psicológicos e sociais característicos de sua história
individual, e daqueles que ocorrem ao longo do curso da história de cada sociedade.
No entanto, todas as modificações que surgem com o envelhecimento
podem desencadear no indivíduo a necessidade de transformações, entretanto
estas, estão relacionadas a aceitação ou não do envelhecimento e que depende do
estado de equilíbrio entre as limitações e as potencialidades do indivíduo, para
enfrentar as perdas ocorridas com o envelhecimento.
Sabemos que com o decorrer do tempo algumas doenças fazem parte do
processo de envelhecimento que lhes são peculiares levando em conta a idade e o
estilo de vida e as condições socioeconômicas de cada pessoa idosa. (Ver Apêndice
B).
d) Eixo IV: Assistência Humanizada á Pessoa Idosa.
A assistência humanizada á pessoa idosa com o enfoque gerontológico,
surgiu como uma alternativa que beneficia a população idosa comprometida em sua
independência em decorrência da doença crônico-degerativa e tem por objetivo a
educação em saúde da pessoa idosa e sua família proporcionando uma assistência
humanizadora e de forma integral e interdisciplinar melhorando assim, a qualidade
de vida dos sujeitos sociais (SOUZA; CALDAS, 2007). (Ver Apêndice B).
e) Eixo V: Atendimento em Situações de Gravidade e o Aspecto da
Tanatologia.
O idoso na unidade de emergência (Pronto-Atendimento) corresponde por
12 a 21% de todos os atendimentos e estes números tendem a se tornar cada vez
61
maiores como resultados crescentes aumento da população na faixa etária de 65
anos e mais em todo o mundo (FERREIRA; TANURE, 2006).
Quanto à tanatologia o processo de envelhecimento se processa pela ação
do tempo sobre os indivíduos. Tempo individual da vida de cada um, que se esgota
na finitude objetivada na morte biológica, e tempo inesgotável da infinitude
subjetivadas na possibilidade de produzir eternidades que cada imaginário possui.
Trabalharemos alguns aspectos da atenção a pessoa idosa em fase terminal
e a seus familiares, chamando atenção para peculiaridades do desempenho
profissional no cuidado, para que a pessoa idosa possa morrer com dignidade. (Ver
Apêndice B).
Segundo a Conferência Mundial sobre a Educação para o século XXI,
realizado na Tailândia em 1990, trouxe em seu relatório elaborado pela UNESCO o
consenso internacional que a educação deve apresentar as quatro grandes
necessidades de aprendizagem dos cidadãos para o próximo milênio e que esta
deve responder por: Aprender a conhecer aprender a fazer, aprender a conviver e
aprender a ser. Diante deste desafio que representam essa aprendizagem,
destacamos a importância dos afetos e da criatividade para a educação, e por que
não dizer, a saúde através de sua política de humanização. Conforme Figura 6:
Figura 6: Quatro pilares da educação. Fonte: UNESCO, 1990.
62
Através das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional
de nível técnico regem-se por um conjunto de princípios que incluem o da sua
articulação com os ensinos médios, que são referentes aos valores estéticos,
políticos e éticos (BRASIL, 1999b).
Outros princípios definem sua identidade e especificidade e se referem ao
desenvolvimento de competências para laboralidade, à flexibilidade, à
interdisciplinaridade e à contextualização na organização curricular, à identidade dos
perfis profissionais de conclusão, à atualização permanente dos cursos e seus
currículos (BRASIL, 1999b).
Segundo BRASIL (1999b), o conceito de competência vem recebendo
diferente significado, e às vezes contraditório. Entende-se por competência
profissional a capacidade de articular, mobilizar e colocar em ação valores,
conhecimentos e habilidades necessários para o desempenho eficiente e eficaz de
atividades requeridas pela natureza do trabalho.
Para Resende (2000), a competência é aplicação prática de conhecimentos,
aptidões, habilidades, valores, interesse no todo ou em parte com obtenção de
resultados.
Já o conhecimento é entendido como o que muitos denominam de saber. A
habilidade refere-se ao saber fazer relacionando com a prática do trabalho.
Enquanto que o valor se expressa no saber ser, na atitude relacionada com o
julgamento da pertinência ação, com a qualidade do trabalho, à ética do
comportamento, a convivência participativa e solidária e outros atributos humanos,
tais como a iniciativa e a criatividade (BRASIL, 1999b).
Conforme o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP,
1999, p. 9)
Competências são as modalidades estruturais da inteligência, ou melhor, ações e operações que utilizamos para estabelecer relações com e entre objetos, situações, fenômenos e pessoas que desejamos conhecer. As habilidades decorrem das competências adquiridas e referem-se ao plano imediato do saber fazer. Através das ações e operações, as habilidades aperfeiçoam-se e articulam-se, possibilitando nova reorganização das competências.
Portanto, os trabalhadores de saúde devem estar capacitados em termos de
conhecimentos, habilidades e atitudes para elaborar e operar protocolos para ações
63
programáticas específicas às necessidades deste grupo populacional de maneira
integrada com as demais práticas da rede de assistência a pessoa idosa.
A seguir, descreveremos um esquema dos eixos tecnológicos, dentro dos
módulos correspondentes, juntamente com as bases tecnológicas propostas, suas
competências, e habilidades como também os valores e atitudes, conforme
preconiza as Diretrizes Curriculares Nacionais. Em seguida, serão fundamentadas,
individualmente, as Bases Tecnológicas correspondentes a cada um dos módulos e
eixos tecnológicos.
4.2.1 MÓDULO 1 - EIXO I: Introdução aos estudos do envelhecimento: Um enfoque
gerontológico
Figura 7: Diagrama do Eixo I – Módulo I Fonte: Elaborado pela autora elaborado a partir das oficinas.
Um dos desafios impostos pela atualidade é o processo de envelhecimento
populacional que ocorre de forma acelerada o que levanta o discurso de redefinições
de papéis e de ações que atendam a esta nova demanda sob uma perspectiva de
forma integral. Portanto, o processo de envelhecimento e suas conceituações são
complexos e demandam uma abordagem interdisciplinar.
Segundo Martinez (1994), na maior parte dos seres vivos, e em particular
nos seres humanos, este processo não permite definições fáceis, não se resumindo
64
a uma simples passagem do tempo, e sim, sendo um processo dinâmico,
progressivo e irreversível, caracterizado por manifestações variadas nos campos
biológicos, psíquicos e sociais.
O processo de envelhecimento é marcado por fatores sócio-econômicos, por
fatores ambientais e pelo aparecimento de enfermidades, sendo influenciados não
apenas pela idade, mas, pelo modo de como o indivíduo vive e as relações que
estabelece.
Papaleo Netto e Britto (2001) descrevem que no processo de
envelhecimento existe distinção entre senescência ou senectude e que estes
resultam do somatório das alterações orgânicas, funcionais e psicológicas próprias
do envelhecimento normal, e senilidade, que é caracterizada por modificações que
freqüentemente acometem as pessoas idosas estando sempre em zona de
transição, dificultando discriminar cada um destes períodos.
Isto nos leva a um desafio importante ora apresentado aos serviços de
saúde: a promoção de um envelhecimento saudável. Contudo, os avanços do
conhecimento científico nos mostra que é possível a sociedade alcançar a
longevidade com qualidade, e isso depende muito das condições de saúde dos
indivíduos e da assistência oferecida (WHO, 2002).
Assim, o envelhecimento populacional exige maior aprofundamento de seus
conceitos na formação multidisciplinar e serviços de saúde. Entretanto, os cursos da
área de saúde não abordam suficientemente as questões relacionadas ao
envelhecimento (KELLER et al, 2002) e os serviços de saúde ainda não dispõem de
uma prática específica que reconheça as necessidades dessa população (VERAS,
1994 ).
a) Introdução a Gerontologia: Teorias Biológicas do Envelhecimento.
A abordagem deste tema visa o conhecimento sobre a origem do conceito
de gerontologia e as teorias biológicas do envelhecimento que nos servirão como
pressuposto teórico para o desenvolvimento do Eixo Tecnológico I: Introdução ao
estudo do envelhecimento, um enfoque gerontológico.
Sabemos que o processo do envelhecimento e longevidade foi
exaustivamente investigado ao longo destes últimos cem anos, incorporando os
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avanços teóricos e experimentais, que o reducionismo biológico produziu ao longo
do caminho.
Existem diversos modos de classificar e organizar as diferentes teorias do
envelhecimento. Hart e Turturro (1983) sugeriram a adoção de uma escala
crescente de abrangência: teorias de base celular, teorias baseadas em órgãos e
sistemas, teorias populacionais e teorias integrativas.
Há uma multiplicidade de evidências relacionadas com o envelhecimento,
cada teoria sugere ser um dos seus componentes o ponto de origem do processo de
modificações associadas à idade, que acabam levando à morte do indivíduo, e se
volta à tentativa de provar sua sugestão ou hipótese (DA CRUZ; SCHWANKE,
2001).
Kalish et al (1986) afirmam que várias pesquisas biológicas deram origem á
inúmeras teorias que tentam explicar o envelhecimento humano sem que, até o
momento, exista uma teoria global e sólida.
Os estudos de maior qualidade sobre o envelhecimento são aqueles que
analisam a pessoa longitudinalmente, ao longo das diversas etapas de sua vida,
Moragas (1997) considera que as teorias estabelecem diferenças entre as teorias
baseadas em fatores externos (nutrição, vírus, radiação, poluentes, entre outras) e
teorias baseadas em fatores internos (teorias neuroendocrinológicas, imunológicas e
metabólicas).
Sabemos da importância dos estudos baseados na gerontologia para que os
educandos tenham a oportunidade de conhecer o processo do envelhecimento e
que seja capaz de compreender a realidade social e política do idoso na sociedade,
na família e que este em equipe multidisciplinar possa desenvolver ações de
prevenção, promoção e reabilitação da pessoa idosa.
b) A visão Antropológica do Envelhecimento.
Um dos caminhos para o desenvolvimento do cuidado gerontológico, com
sucesso, pode ser através do cuidado cultural, definido como valores, crenças e
expressões padronizadas, cognitivamente conhecidas, que auxiliam, apóiam ou
capacitam outro indivíduo ou grupo a manter o bem-estar, a melhorar uma condição
ou vida humana ou a enfrentar a morte e as deficiências (LEININGER, 2001).
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Segundo Peixoto (1999), de envelhecer ninguém escapa. No entanto, se o
envelhecer é, em princípio, comum a todos, o processo de envelhecimento é
marcado por diferentes modos de se vivenciar esta experiência. Alguns envelhecem
mais rapidamente do que outros e nem todos vivem este processo da mesma
maneira, uma vez que esse processo está estritamente relacionado às condições
materiais e simbólicas que identifiquem socialmente cada indivíduo. O processo de
envelhecer é, assim, diferenciado segundo o grupo social, o sexo a que pertence.
Outra questão relevante sobre a visão antropológica do envelhecimento são
as questões de conflitos de gerações que, segundo Lenoir (1998), a velhice é o
momento em que as gerações mais jovens obrigam as gerações mais velhas a se
retirarem das posições de poder a fim de ocupá-las, o que constitui pretexto de luta
entre gerações.
Portanto, o cuidado cultural constitui parte das premissas necessárias para a
construção de um modelo de desenvolvimento sustentado de cuidado gerontológico.
E no seu desenvolvimento está presente a necessidade de interação com o idoso,
buscando compreender e apreender o modo de viver deste, bem como de seus
familiares e/ou indivíduos envolvidos no processo. Este caminhar para a prática
gerontológica alicerçada na multiplicidade dos princípios culturais, defendendo-se
esses como as múltiplas dimensões da vivência da pessoa idosa, incluindo as
grandezas espaciais, físicas, econômicas, sociais e ambientais, possibilitam maiores
chances da sustentabilidade do cuidado desenvolvido, bem como conscientização e
apreensão da amplitude que integra o processo de cuidado gerontológico
(HAMMERSCHMIDT; ZAGONEL; LENORDT, 2007).
A abordagem antropológica á luz do desenvolvimento de habilidades
desenvolvidas do educando junto à população idosa se justifica no empoderamento
sobre os seus hábitos e costumes durante sua vida e suas relações familiares e com
a comunidade a qual pertence, conhecendo sua história, seus mitos, sua linguagem
seus valores e crenças, dessa forma o mesmo poderão interagir e implementar as
ações de intervenções no processo do envelhecimento humano.
c) Contexto demográfico e epidemiológico do envelhecimento
Atualmente a população brasileira experimenta uma transição em três
dimensões: primeiro o demográfico, quando as mudanças históricas das taxas de
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natalidade e a mortalidades passam de níveis mais altos para níveis mais baixos,
elevando assim, o aumento da população idosa; o segundo são as mudanças no
perfil de morbidades, ou seja, a diminuição das doenças infecto-contagiosas pelo
aumento das doenças crônico-degenerativas; e a terceira é a mudança no perfil das
famílias e os novos arranjos, demandando novas estratégias de serviços de saúde e
suportes sociais.
Os dados apontam que a população brasileira está vivendo mais, há de se
tornar digno o envelhecimento e as condições do envelhecer em todas as fases da
vida. Essa dignidade é garantida, na medida em que forem garantidos os direitos
sociais básicos a cada um dos indivíduos que envelhece. Para tanto, requer que o
Estado garanta às pessoas em todas as fases de suas vidas e às pessoas idosas,
bem como de suas famílias, uma rede de serviços capaz de assegurar a efetivação
dos direitos de promoção, proteção e defesa (RAMOS et al, 2008 ).
Do ponto de vista demográfico, segundo Carvalho e Andrade (2000) no
plano individual envelhecer significa aumentar o número de anos vividos.
Paralelamente à evolução cronológica, coexistem fenômenos de natureza
biopsíquica e social, importantes para a percepção da idade e do envelhecimento.
Sabemos da importância do conhecimento demográfico e epidemiológico
relacionado ao envelhecimento populacional, no qual permite a compreensão da
complexidade dos fenômenos relacionados ao envelhecimento de forma a
delinearmos um perfil desta população, afim de que o educando juntamente com sua
equipe interdisciplinar possam desenvolver ações de melhoria de qualidade de vida
e dos serviços prestados de forma integrada as redes de apoio aos idosos.
d) Psicogerontologia
A Neuropsiquiatria Geriátrica é definida como a disciplina que trata de
compreender a base neurobiológica dos distúrbios do comportamento humano na
pessoa idosa. Seu campo abrange, mais especificamente, o estudo das doenças
que causam distúrbios cognitivos, de comportamento e afetivos ou secundários a
doenças clínicas e toda a área de diagnóstico diferencial com as doenças
psiquiátricas no idoso (LIMA et al, 2006).
Parece-nos reducionista querer encarar os problemas mentais e
neurológicos a nosso ver, o modelo biopsicossocial é aquele que ainda é capaz de
68
melhor se adequar, na psiquiatria, à compreensão da gênese dos transtornos
mentais, inspirando uma resposta terapêutica orientada na readaptação psicossocial
(OMS, 2001).
Para Lima et al (2006), tais situações conflituosas produziram inúmeras
denominações aparentemente semelhantes, mas que possuem diferenças sutis que
merecem serem detalhadas:
− Psicogeriatria: Visa elaborar e a usar com finalidade terapêutica um corpo de
conhecimentos – o da patologia mental da pessoa idosa – que se aplica às
afecções psíquicas que surgem, continuam ou reaparecem na idade avançada.
Essa disciplina se apóia, essencialmente, no conceito de doença mental e se
inscreve numa orientação científica, na medida em que ela responde aos critérios
de verificação, de reprodução e de transmissão, que são aqueles de toda ciência.
− Psicogerontologia: É a ciência que procura descrever, explicar, compreender e
modificar as atitudes da pessoa que envelhece. Ela concerne a todas as idades,
mas constitui, na velhice, uma Psicologia da idade avançada.
− Psiquiatria gerontológica: É a disciplina que consiste independentemente da idade
da pessoa em questão, em interpretar clinicamente um problema comportamental
e em formular um projeto terapêutico por intermédio de uma conceitualização da
capacidade de induzir uma mudança. Ela considera o avanço em idade sob o
aspecto do envelhecimento bem sucedido. Tais definições possuem todas em
comum o radical “ger” (psicogeriatria, psicogerontologia, psiquiatria
gerontológica), o que pode induzir a confusões de limites de território de
intervenção com a geriatria e a gerontologia.
Who (1996) esclarece que as ambiguidades mencionadas anteriormente
quanto ao campo de atuação e de designação dessas subespecialidade, a
Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Associação Mundial de Psiquiatria
escolheram a denominação Psiquiatria da Pessoa Idosa para se referir ao ramo da
psiquiatria que participa da rede multidisciplinar de cuidados em saúde mental para
pessoas idosas.
A relevância desse conteúdo para o educando é de conhecer os conceitos
de envelhecimento biológicos e suas alterações em cada fase da vida, através de
uma visão holística da biologia do envelhecimento e os fatores sociais em que este
idoso está inserido, afim de que o mesmo possa compreender que a morte é um
processo natural ao ser humano.
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e) Gerontologia Social
Trata dos fenômenos humanos associados ao fato do envelhecer, processo
inerente a todo o ser humano. Entretanto, a velhice, resultado do envelhecimento, é
vulgarmente considerada como realidade que afeta somente uma parte da
população. Os velhos se configuram como uma categoria independente do resto da
sociedade, separados como grupo com características próprias (MORAGAS, 1997).
Netto (1997) considera que a gerontologia social está diretamente associada
aos aspectos sociais. Cada sociedade determina as diferentes etapas cronológicas
dos seus indivíduos, padrões de conduta específicos, impondo, o seu cumprimento e
estabelecendo normas e valores.
Sabemos que quando trabalhamos sobre a dimensão social do
envelhecimento, percebemos que existem diferenças significativas nas formas como
as vidas dos indivíduos são periodizadas.
Cada sociedade define os períodos que compõem o ciclo da vida dos seres
humanos, os quais sofrem influências culturais, sociais e históricas. Basicamente
três são os princípios utilizados pelas sociedades para organizar os ciclos da vida: a
idade cronológica, a idade geracional e os níveis de maturidade.
Segundo Debert (1994), o processo de agrupar pessoas em função de sua
geração é totalmente distinto de agrupar pessoas em função do estágio de
maturidade ou da idade cronológica.
Carletti (1996) considera que os atendimentos especializados devem ser
realizados a partir do diagnóstico e de um plano de ação interprofissional,
compartilhados com o paciente e familiar, e com a formação da equipe, devem ser
compartilhadas as especificidades de cada profissional, permitindo a visão ampla,
integrada e totalizante. O profissional, ao socializar seus conhecimentos, atentando
para suas responsabilidades e limites, favorecerá a viabilização da
interdisciplinaridade.
O educando deverá conhecer os aspectos biológicos e psicossociais
relacionados à inserção do idoso na sociedade, e ter uma capacidade crítica e
reflexiva com responsabilidade ética e profissional no processo do envelhecimento,
para que o mesmo possa trabalhar em equipe, multisdiciplinar reconhecendo o seu
70
papel dentro do grupo, a fim de desenvolver ações participativas junto à família da
pessoa idosa, o idoso e a comunidade.
f) Gerontologia da Saúde
Moragas (1997) considera o envelhecimento como processo vital de
acumulação de anos, não tem por que ser um processo patológico resultado de
aquisição de algum tipo de doença. Destaca ainda, uma definição útil que associa
velhice normal com condição física em que não há doença relacionada. O conceito
relacionado com a saúde na velhice é o da longevidade ou extensão da vida
humana, considerando não somente o número de anos, mas a qualidade de vida
alcançada.
O educando deverá conhecer o processo saúde-doença seus determinantes
e condicionantes para que os mesmos possam atuar em equipe multidisciplinar nas
intervenções das boas práticas nas ações de prevenção, promoção e recuperação
da população idosa.
g) Gerontologia Educacional
É uma pedagogia específica para o idoso que aponta um novo paradigma
nas áreas da educação e do envelhecimento, tendo em vista as descobertas
recentes da neurociência acerca da plasticidade cerebral, que possibilita as pessoas
regenerar seus cérebros, conservar suas faculdades mentais, memória e inteligência
intactas através da reflexão, do pensar. Educar o idoso para conhecer e acreditar
em suas reais capacidades, desenvolver seus talentos, ensiná-lo a colocar o
conhecimento a serviço de sua construção como sujeito, isto é, a exercer sua
cidadania, são tarefas da Gerontologia Educacional (LIMA, 2000).
Este estudo nos leva a perceber a importância da educação e formação ao
longo da vida, e a preparação dos profissionais de saúde em desenvolver programas
que permitam prevenir o declínio prematuro do processo de envelhecimento. Este
conhecimento lhes permite analisar as mudanças intelectuais da pessoa idosa e a
intervir nas atividades sócias educativas e culturais através de atividades
desenvolvidas na comunidade que promovam a qualidade de vida da pessoa idosa.
71
4.2.2 2MÓDULO 2 - EIXO II: Aspectos Legais do Envelhecimento: Ética e Cidadania.
Figura 8: Diagrama do Módulo II – Eixo II Fonte: Elaborado pela autora a partir das oficinas realizadas.
A Constituição de 1988 e o Estatuto do Idoso estabelecem que a família e o
estado sejam responsáveis pelo bem estar do seu idoso, onde se inclui sustento
financeiro, manutenção da saúde, moradia e alimentação, sistema de proteção e a
inclusão da pessoa idosa na sociedade garantindo esses direitos nas três esfera do
governo desde a sua implementação, controle e avaliação das ações voltadas a
pessoa idosa.
No Capítulo da Seguridade Social da Constituição Federal, no seu artigo
198, é assegurada a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), regulamentado
pelas Leis 8.080/90 e 8.142/90, como uma nova formulação política e organizacional
para o re-ordenamento dos serviços e ações de saúde cujo objetivo é prestar
assistência a saúde da população baseada no modelo de promoção, proteção e
recuperação da saúde (BRASIL, 1990).
a.1) As políticas de Saúde do Envelhecimento.
Considera-se como o marco inicial para o estabelecimento de uma agenda
internacional de políticas públicas para a população idosa a primeira Assembléia
Mundial sobre o Envelhecimento ocorrida em Viena, em 1982. Essa assembléia foi o
72
primeiro fórum global intergovernamental centrado na questão do envelhecimento
populacional e que resultou na aprovação de um plano global de ação. Este evento
representou um avanço, pois, até então, a questão do envelhecimento não era foco
de atenção nem das assembléias gerais, nem de nenhuma agência especializada
das Nações Unidas. A questão era tratada de forma marginal pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT), pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela
Organização para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) como parte de suas
atividades especializadas (CAMARANO; PASINATO, 2004).
A Segunda Assembléia Mundial aconteceu em Madri, em 2002. E nela foi
aprovada uma nova declaração política e um novo plano de ação que deverá servir
de orientação à adoção de medidas normativas sobre o envelhecimento no início do
século XXI. Espera-se que o plano de ação exerça uma ampla influência nas
políticas e programas dirigidos à população idosa em todo o mundo, especialmente
nos países em desenvolvimento (ONU, 2001).
a.2) Constituição Federal - Previdência Social
Na verdade, o Brasil é um dos pioneiros na América Latina na
implementação de uma política de garantia de renda para a população trabalhadora
que culminou com a universalização da seguridade social em 1988. A origem do
sistema de proteção social no Brasil acontece no período Pré-Constituição, pode-se
dizer que a incorporação, em alguma medida, da questão do envelhecimento
populacional na agenda das políticas brasileiras, quer sejam públicas ou por
iniciativa da sociedade civil, não são novas. Em 1888, foi regulamentado o direito à
aposentadoria dos empregados dos Correios (Decreto nº 9.912-A, de 26 de março
de 1888). Estes, após 30 anos de serviço e com uma idade mínima de 60 anos,
poderiam usufruir de uma aposentadoria (CAMARANO; PASINATO, 2004).
Já as primeiras políticas previdenciárias de iniciativa estatal para
trabalhadores do setor privado surgiram no início do século XX, com as leis de
criação do seguro de acidentes do trabalho em 1919 e a primeira caixa de
aposentadorias e pensões em 1923 (Lei Eloy Chaves). Na década de 30, o Brasil já
contava com uma política de bem-estar social, que incluía previdência social, saúde,
educação e habitação (PASSINATO, 2001).
73
O grande avanço em políticas de proteção social aos idosos brasileiros foi
dado pela Constituição de 1988, que levou em consideração algumas orientações da
Assembléia de Viena. Introduziu o conceito de seguridade social, fazendo com que a
rede de proteção social deixasse de estar vinculada apenas ao contexto
estritamente social-trabalhista e assistencialista e passasse a adquirir uma
conotação de direito de cidadania. O texto legal estabeleceu como princípios
básicos, à universalização, a equivalência de benefícios urbanos e rurais, a
seletividade na concessão, a irredutibilidade do valor das prestações
previdenciárias, a fixação do benefício mínimo em um salário mínimo, a
equanimidade no custeio e a diversificação da base de financiamento, a
descentralização e a participação da comunidade, de trabalhadores, empregadores
e aposentados na gestão (Art. 194 da Constituição). Assim sendo, a seguridade
social passou a ser conceituada como um contrato coletivo, integrante do próprio
direito de cidadania, onde os benefícios seriam concedidos conforme á necessidade
e o custeio seriam feito segundo a capacidade de cada um (OLIVEIRA; BELTRÃO;
GUERRA, 1997).
A Constituição de 1988 reformou o sistema de saúde por meio da criação do
SUS. A saúde passou a ser definida como um direito de todos e dever do Estado.
Foram estabelecidos os princípios, as diretrizes e a organização das ações e
serviços de saúde. As principais diretrizes foram: descentralização das ações e
serviços com direção única em cada esfera do governo; integralidade no
atendimento com prioridade para as atividades preventivas; e participação da
comunidade como mecanismo para efetivar o controle social do sistema
(CAMARANO; PASINATO, 2004).
A Constituição de 1988 foi a primeira a contar com um título - da Ordem
Social: Título VIII. Este Capítulo refere-se às questões da família, da criança, do
adolescente e do idoso. No artigo 230 dispõe que os idosos são de responsabilidade
da família, da sociedade e do Estado, os quais devem assegurar a sua participação
na comunidade, defender sua dignidade e bem-estar e garantir o seu direito à vida.
Em seu primeiro inciso, do Artigo 230 estabelece que os programas de
cuidados aos idosos sejam executados preferencialmente em seus lares. O segundo
inciso amplia para todo o território nacional uma iniciativa que já vinha sendo
observada em alguns municípios, desde o início da década de 1980: a gratuidade
dos transportes coletivos urbanos para os maiores de 65 anos (BRASIL, 1988a).
74
a.3) A Política Nacional do Idoso - Lei nº 8.842/94
Aprovada em 1994, é regulamentada pelo Decreto nº 1.948/96 e consiste
em um conjunto de ações governamentais com o objetivo de assegurar os direitos
sociais dos idosos, partindo do princípio fundamental de que “o idoso é um sujeito de
direitos e deve ser atendido de maneira diferenciada em cada uma das suas
necessidades: físicas, sociais, econômicas e políticas”. Para a sua coordenação e
gestão foi designada a Secretaria de Assistência Social do então Ministério da
Previdência e Assistência Social, atualmente Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS). Foi criado, também, o Conselho Nacional dos Direitos do
Idoso (CNDI), que veio a ser implementado apenas em 2002 (CAMARANO;
PASINATO, 2004, p. 269).
As autoras destacam que as principais diretrizes norteadoras da PNI
consistem em: incentivar e viabilizar formas alternativas de cooperação
intergeracional; atuar junto às organizações da sociedade civil representativas dos
interesses dos idosos com vistas a formulação, implementação e avaliação das
políticas, planos e projetos; priorizar o atendimento dos idosos em condição de
vulnerabilidade por suas próprias famílias em detrimento ao atendimento asilar;
promover a capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria
e gerontologia; priorizar o atendimento do idoso em órgãos públicos e privados
prestadores de serviços; e fomentar a discussão e o desenvolvimento de estudos
referentes à questão do envelhecimento.
a.4) Estatuto do Idoso
O Brasil está envelhecendo, principalmente, em consciência e participação,
pois a cada dia aumenta o número de cidadãos preocupados com a saúde,
crescimento cultural e reivindicando mais espaço na sociedade.
O Estatuto do Idoso é a coroação de esforços do movimento dos idosos, das
entidades de defesa dos direitos dos idosos e do Estado e se constitui no
instrumento jurídico formal mais completo para a cidadania do seguimento do idoso.
Não há que se negar a sua relevância do ponto de vista teórico e legal, na medida
em que é, sem dúvida, um avanço a partir da Lei nº 8.842/94, cujos princípios ainda
75
estão muito longe de serem garantidos na realidade brasileira (PAZ; GOLDMAN,
2006). Os autores consideram que a consolidação do Estatuto do Idoso requer
efetivação de políticas públicas para o seguimento, além de pessoal especializado
para prestar serviço de toda ordem ao idoso.
O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana,
sem prejuízo da proteção integral de que trata o estatuto, assegurando-lhes meio
para todas as oportunidades e facilidades, afim da preservação de sua saúde física
e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social.
O Art. 15 dispõe sobre a seguridade da atenção integral à saúde do idoso,
através do SUS, garantindo-lhes o acesso universal e igualitário, articulado em
conjunto com as ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e
recuperação da saúde, através de atendimento especializado em unidade de
referência e atendimento domiciliar. Já o Art. 18 mostra a responsabilidade das
instituições de saúde, as quais devem atender aos critérios mínimos para o
atendimento às necessidades, promovendo o treinamento e a capacitação e
orientação aos cuidadores familiares e grupos de auto-ajuda.
O Art. 20 descreve que o idoso tem direito a educação, cultura, esporte,
lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem suas peculiares
relacionadas à idade. No seu Art. 24 os meios de comunicações manterão espaços
ou horários especiais voltados aos idosos, com finalidade, informativa, educativa,
artística e cultural, e pública sobre o processo de envelhecimento.
O Estatuto destina-se a regular os direitos assegurados às pessoas com
idade igual ou superior a 60 anos; e institui penas severas para quem desrespeitar
ou abandonar cidadãos idosos dentro das diversas áreas relacionadas às políticas
sociais: saúde, educação, transporte, lazer, cultura, habitação (BRASIL, 2003a).
A relevância deste tema permite ao educando a conhecer este documento
em sua integra de forma poder instrumentalizar o idoso quanto o seu direito de
cidadão e a família no seu dever de cuidar de seus idosos. Contudo, é importante e
necessária a participação em movimentos sociais na defesa da pessoa idosa.
a.5) Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa – Portaria nº 2.528/2000
Tem como propósito a promoção do envelhecimento saudável, a
manutenção e a melhoria, ao máximo, da capacidade funcional dos idosos, a
76
prevenção de doenças, a recuperação da saúde dos que adoecem e a reabilitação
daqueles que venham a ter sua capacidade funcional restringida (BRASIL, 2000c).
As diretrizes propostas na PNSPI estão respaldadas na promoção de um
envelhecimento saudável, na manutenção da capacidade funcional, na assistência
às necessidades de saúde do idoso, na reabilitação da capacidade funcional, na
capacitação de recursos humanos, no apoio ao desenvolvimento de cuidados
informais e no apoio ao estudo e pesquisa.
a.6) Redes de Apoio ao Idoso,
a.6.1) Redes de Assistência a Saúde do Idoso - Portaria nº 702/2002
As significativas mudanças no perfil de morbidade e mortalidade dos adultos,
com o rápido envelhecimento populacional e o crescimento significativo,
principalmente do seguimento mais velho (85 anos), aumentarão consideravelmente
a demanda pelos serviços de prestadores de cuidados de saúde, em especial os de
longa permanência, além de estabelecer como prioridade para o sistema de saúde o
desenvolvimento de estratégias que permitam a permanência dos idosos na
comunidade, de maneira a fornecer o apoio necessário para postergar ou evitar a
institucionalização prolongada ou permanente (SAYEG; MESQUITA; DA COSTA,
2006).
Nesse sentido, faz-se necessária implantação de serviços sociais,
administrados pelo estado para o atendimento aos idosos, a saber, Centros de
Referência em Assistência à Saúde do Idoso, sendo este um hospital que seja
devidamente cadastrado como tal, e que disponha de condições técnicas,
instalações físicas, equipamentos e recursos humanos específicos e adequados
para a prestação de assistência à saúde de idosos de forma integral e integrada
envolvendo as diversas modalidades assistenciais como a internação hospitalar,
atendimento ambulatorial especializado, hospital-dia e assistência domiciliar, e tenha
capacidade de se constituir em referência para a rede de assistência à saúde dos
idosos (BRASIL, 2002).
O campo de atuação da saúde compreende um conjunto intersetorial e
interdisciplinar de ações em prol da qualidade de vida das pessoas idosas na
comunidade, portanto, para isso devemos investir em ações de hábitos saudáveis,
que correspondam às necessidades desta clientela, através de programas que
77
promovam o envelhecimento ativo e saudável no curso da vida, sem deixar de
responder com eficácia às necessidades institucionais para os idosos fragilizados
(KALACHE; KICKBUSH, 1997).
a.6.2) Política Nacional de Humanização
Com a crescente tecnologização do cuidado, é preciso resgatar uma visão
antropológica holística, que considere o sofrimento humano nas dimensões física,
social, psíquica, emocional e espiritual (PESSINI, 2004 ).
Guimarães (2003) destaca que a principal proposta da Política Nacional de
Humanização é resgatar o respeito à vida humana sem desconsiderar fatores
sociais, éticos, educacionais e psicológicos presentes na pessoa tanto do cliente
como o do profissional da área. Tem a ver com a valorização e despertar de alguns
atributos que melhoram a qualidade das relações humanas, como: sensibilidade,
solidariedade e criatividade.
Para os autores Caldas e Souza (2008), a política de assistência
humanizada deve ter o cuidado com a dignidade do ser humano e que a mesma
venha atender as necessidades da pessoa frágil, atendendo-o com respeito aos
valores éticos e bioéticos, através da sensibilidade dos profissionais no processo de
tomada de decisões terapêuticas, preparando-o para o cuidado com a vida com
humanismo e as devidas competências técnico-científicas.
Estas mudanças só ocorrerão no sentido da humanização quando cada
profissional de saúde juntamente com sua equipe colocarem em práticas esses
valores e atitudes no atendimento ao cliente (GUIMARÃES, 2006).
Consideramos relevante que o educando tenha conhecimento das políticas
de proteção à pessoa idosa, para que possa desenvolver ações de cidadania e a
garantia de seus direitos e de apoio social, oferecendo uma vida digna a quem tanto
já contribuiu para sua família e a sociedade.
78
4.2.3 MÓDULO 2 – EIXO III: Patologias Comuns a Pessoas Idosas
Figura 9: Diagrama do Módulo II – Eixo III Fonte: Elaborado pela autora.
Em decorrência do rápido processo de envelhecimento populacional, as
doenças crônico-degenerativas, acometem os indivíduos na idade adulta e na fase
idosa. Por isso, a Organização Mundial de Saúde tem alertado todos os países para
o fato de que as doenças crônicas serão a principal causa de morte e incapacitantes
no mundo em 2020, contribuindo com cerca de dois terços do total das doenças e
trazendo enormes custos com os cuidados de saúde para toda a sociedade
(LITVOC; BRITO 2004).
A melhoria das condições socioeconômicas e tecnológicas dos últimos anos
tem favorecido o aumento significativo da longevidade e, conseqüentemente,
mudanças no perfil epidemiológico, na qual as doenças crônico-degenerativas
passaram a desencadear aumento na dependência das atividades básicas de vida
diária, tornando-se necessária uma forma de atendimento mais confortável e
eficiente para os idosos, por conseguinte necessitamos de profissionais
competentes para atuar de forma interdisciplinar nos seus serviços de saúde
direcionados aos idosos (BEENDENDO; GURGEL, 2007).
Paschoal (1996) descreve o processo natural do envelhecimento como a
diminuição da função de cada órgão de nosso corpo (coração, pulmão, rins, cérebro,
fígado etc.). À medida que o tempo passa cada órgão vai, pouco a pouco, quase
sem percebermos, perdendo um pouco da sua função.
79
Envelhecer de forma senil significa envelhecer com fragilidade. A senilidade
compõe um conjunto de deficiências desencadeadas, ao menos em parte, por
doenças. Do ponto de vista biológico, podemos dizer que é um processo
caracterizado por mudanças somáticas e psíquicas que aparecem inexoravelmente
com o passar do tempo e que afeta não só o indivíduo que envelhece, mas todos
que o cercam. Em segundo lugar o processo de envelhecimento não é um fenômeno
invariável, ou seja, nem todas as pessoas envelhecem da mesma maneira e, mesmo
em um mesmo indivíduo os diferentes sistemas (circulatório, respiratório, nervoso,
etc.) não envelhecem na mesma intensidade (SOARES, 2009).
Necessitamos de uma atenção especial para distinguir entre alterações
normais do envelhecimento e doenças do idoso, para não atribuirmos erroneamente
ao envelhecimento natural doenças que são passíveis de prevenção e tratamento,
ou mesmo cura.
O conhecimento das doenças prevalentes no processo de envelhecimento
possibilita a identificação de sinais e sintomas, como também, sinais de alertas para
que em conjunto com a equipe multidisciplinar o educando atue de forma
humanizadora na instrumentalização da família e do idoso para a adoção de
medidas preventivas que minimizem o processo patológico através de intervenções
interdisciplinar objetivando o alcance da qualidade de vida da pessoa idosa e de
seus familiares.
a) Sistema Nervoso, transtornos mentais e comportamentais no processo de
envelhecimento
O processo de envelhecimento na vida dos indivíduos permanece, ainda,
como um dos pontos mais complexos, obscuros e críticos para a ciência, apesar dos
grandes esforços que vêm sendo feito, especialmente desde a segunda metade do
século XX (CANÇADO; HORTA, 2006).
O Sistema Nervoso Central é o sistema biológico mais comprometido com o
processo de envelhecimento, pois é o responsável pela vida de relações como
sensações, movimentos, funções psíquicas, entre outros e pela vida vegetativa que
são as funções internas.
Cançado e Horta (2006) consideram que as células nervosas, os neurônios,
e as células de apoio, as células gliais, estão sujeitas a danos no decorrer do
80
processo de envelhecimento através de fatores intrínsecos (genético, sexo,
circulatório, metabólico, radicais livres, etc.) e extrínsecos (ambiente, sedentarismo,
tabagismo, drogas, radiações e etc.) que não deixam de exercer uma ação deletéria
com o decorrer do tempo. Sinais de deficiências funcionais vão aparecendo de
maneira discreta no decorrer da vida de relação, suas atividades pessoais,
gerenciais e executivas e podem ser considerados como envelhecimento saudável
(senescência).
Contudo, o envelhecimento patológico (senilidade) ocorre quando esses
mesmos danos se aderem a uma intensidade muito maior, levando a deficiências
funcionais marcantes e, seguramente, alterações das funções nobres do sistema
nervoso central, atingindo, especialmente, as relacionadas com a capacidade
intelectual do indivíduo, através de alterações da atenção, memória, raciocínio e
juízo crítico, as funções práxicas e gnósicas, na fala e outras formas de
comunicação e, por conseguinte, comprometendo progressiva e severamente a sua
vida de relação, sua afetividade, sua personalidade e sua conduta (CANÇADO;
HORTA, 2006).
O conhecimento do processo de envelhecimento fisiológico humano, é de
vital relevância para que o educando possa realizar sua atividades de apoio ao
idoso, conhecendo através da sua história de vida, se o mesmo teve hábitos
saudáveis (senescência) ou não, e que nesta etapa de vida desenvolveu ou não
alguma doença crônico-degenerativa (senilidade), estas informações servem de
parâmetro para identificar os sinais de alerta nos idoso com transtornos mentais e
comportamentais, afim de que junto com a equipe multidisciplinar possam conduzir e
orientar a família quanto as medidas preventivas para manter o maior tempo
possível capacidade funcional desse idoso e, conseqüentemente a sua
independência.
b) Doenças comuns ao Sistema Respiratório.
Gorzoni e Russo (2006) consideram que o processo de envelhecimento é
caracterizado por alterações fisiológicas que podem acometer diversos órgãos e
sistemas, com prejuízo de suas funções. O efeito da idade na função pode ser
classificado em várias fases. Na fase de crescimento inicia-se logo após o
nascimento, quando ao ácinos ainda não estão totalmente formados e há um
81
extenso remodelamento dessas unidades, com a formação acelerada de novos
alvéolos e capilares. Durante a fase da adolescência, ocorre a fase de maturação,
caracterizado pelo o acelerado aumento da função pulmonar e término do
crescimento. Em torno de 20 a 25 anos observa-se uma fase de platô, com a
manutenção dos parâmetros funcionais por um tempo não estipulado, finalizando
com a fase de declínio, na qual há redução progressiva da função respiratória
pulmonar, mas com a adequada capacidade de manter as trocas gasosas dentro da
perspectiva de vida de pessoa saudável.
Os mesmos autores, afirmam que o aparelho respiratório pode sofrer
alterações anatômicas e funcionais, que variam de amplitude, porém são inerentes
ao processo normal e natural do envelhecimento, não devendo ser avaliadas como
fator isolado, e sim, alguns agravantes do processo de envelhecimento como o
tabagismo, poluição ambiental, exposição profissional, doenças progressivas
pulmonares ou não. Diferenças socioeconômicas, constitucionais e raciais.
Portanto, o conhecimento das alterações funcional pulmonar no idoso dará
suporte à equipe multidisciplinar de planejar ações de acompanhamento em suas
atividades mais sutis a programas de condicionamento físicos que melhorem as
condições e a qualidade de vida da pessoa idosa.
c) Doenças comuns ao Sistema Circulatório (Cardiovascular).
Quando falamos em envelhecimento devemos sempre distinguir as
modificações estruturais e funcionais produzidas exclusivamente pelo processo de
envelhecimento (senescência) e as causadas pelas doenças que acometem os
idosos (senilidade), pois o processo de envelhecimento modifica e é modificado
pelas doenças que acometem o idoso (AFFINE, 2006).
Segundo Affine (2006), o envelhecimento atualmente pode ser considerado
um processo heterogêneo em razão de diferenças genéticas ou morte celular
programada, bem como fatores externos, como doenças, dietas, exercícios e estilos
de vida ou a combinação de todos esses fatores. Com a possibilidade da distinção
da importância desses fatores no sistema cardiovascular nos dificulta dizer se essas
alterações são próprias do envelhecimento ou resultante de tais fatores.
Hayflick (1979) em sua teoria orgânica afirma que o sistema cardiovascular
sofre significativa redução de sua capacidade funcional com o envelhecimento. Em
82
repouso contínuo, o idoso não apresenta redução importante do débito cardíaco,
mas em situações de maior demanda, tanto fisiológicas (esforço físico) como
patológicas (doença arterial coronariana), os mecanismos em manutenção podem
falhar, resultando em processos isquêmicos.
Portanto para o educando o estudo do sistema circulatório esclarece quanto
os efeitos da idade e os fatores extrínsecos atuam diretamente no estilo de vida da
pessoa idosa e suas consequência se tornam resultante do processo de
envelhecimento (senilidade), sendo esta doença de maior comorbirdade nesta faixa
etária, e que através de intervenções de promoção de ações junto ao idoso e a
família possam instrumentalizar a identificar os sinais de alertas decorrentes deste
processo e que venham melhorar sua qualidade de vida e a manutenção da
capacidade funcional.
d) Doenças comuns ao Sistema Digestório.
Ferriolli, Morigutti e Lima (2006) afirmam que com o envelhecimento, o
aparelho digestório apresenta alterações estruturais, de motilidade e da função
secretória, que variam em intensidade e natureza em cada segmento do mesmo.
O conhecimento dessas alterações no sistema digestório permite a
compreensão de diversos fatores que, não centrais, muitos estão relacionados com
a boa prática da geriatria e gerontologia e com a manutenção da qualidade de vida,
além de permitir a identificação da base fisiopatológica sobre a qual se desenvolvem
as diversas doenças do aparelho digestório (FERRIOLLI; MORIGUTTI; LIMA, 2006).
No nível do paladar, há uma diminuição da capacidade de perceber os
sabores doces e salgados. Também a perda dentária dificulta o consumo de alguns
alimentos, portanto, a OMS tem a meta de que os idosos possam conservar 20-22
dentes nessa etapa da vida. Cerca de 10% dos octogenários perdem a coordenação
dos músculos esofágicos e a debilidade do diafragma torna mais freqüente a
existência de hérnias hiatais (ESPÍNOLA, 2000).
As alterações na mucosa gástrica e nas glândulas digestivas provocam
diminuição da capacidade funcional digestiva. A menor flexibilidade do fundo
gástrico leva à saciedade com menor quantidade de comida que no adulto. A
diminuição da motilidade intestinal, a superfície intestinal útil para absorção, a
capacidade de transporte de nutrientes e a redução do fluxo sanguíneo entre a
83
célula mucosa e a veia porta, alteram a capacidade global de digestão e absorção. A
significativa atrofia do músculo propulsor e as mudanças nas células secretoras de
muco provocam alterações estruturais (diverticulose) e funcionais (estreitamento) do
cólon (PALLAS, 2002).
e) Doenças comuns ao Sistema endócrino
O envelhecimento pode ser visto como um processo dinâmico e progressivo
em que há modificações morfológicas, funcionais, psicológicas e bioquímicas e que
determinam a perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente e a
perda da reserva funcional, com maior incidência de processos patológicos que
terminam por levá-lo à morte (LIBERMAN, 2006).
Liberman (2006) considera que as alterações no sistema endócrino (e
imune) associadas à idade levariam a deterioração do organismo e ao processo do
envelhecimento, o autor baseia-se na teoria neuroendócrina que muitos dos
indivíduos jovens com doenças endócrinas (osteoporose, diminuição do hormônio do
crescimento, hipoganadismo) apresentam alterações morfológicas, funcionais e
bioquímicas que são encontras em indivíduos idoso sem doença.
Moriguchi e Jeckel Neto (2003) ainda destacam as seguintes alterações no
sistema endócrino no envelhecimento: redução de liberação de esteróides sexuais
pelas gônadas, a elevação do cortisol e de adrenocorticotrófico séricos e a
diminuição da liberação do hormônio de crescimento pela hipófise. Além disso, a
elevação dos níveis circulantes do hormônio leptina no idoso parece estar
relacionada ao aumento da adiposidade do que com o processo de envelhecimento
em si.
O educando em conjunto com a equipe multidisciplinar deverá desenvolver
ações de prevenção e promoção junto à população idosa a família e a comunidade
sobre as doenças relacionadas ao sistema endócrino como diabetes mellitus,
alterações cardiovasculares, climatério, menopausa e andropausa, afim de que
estes possam melhorar sua qualidade de vida e que não venham a desenvolver
essas patologias.
84
f) Doenças comuns ao Sistema Osteomuscular
Matsudo (2001) descreve que a perda da massa muscular e
conseqüentemente da força muscular, é um indicativo marcante da perda da
mobilidade e da capacidade funcional do indivíduo que está envelhecendo.
Gallahue e Ozmun (2001) consideram a estrutura e a função do músculo
esquelético também se alteram com a idade e que estrutura da massa muscular
diminui à medida que o número e o tamanho das fibras musculares declinam
durante o final da meia-idade e dos anos posteriores com o envelhecimento.
Kauffman (2001 apud DESCHENES, 2004) dentre as diversas funções
prejudicadas pelo avanço da idade está à função muscular, que, quando diminuída,
afeta significativamente a qualidade de vida dos idosos, levando a que tenham
dificuldades para a realização das atividades cotidianas e, muitas vezes, tornando-
os dependentes do auxílio de outras pessoas. É importante ressaltar que o
envelhecimento progride a uma velocidade diferente em indivíduos distintos e que
há uma grande variabilidade de indivíduo para indivíduo no grau de perda funcional
com a idade.
O declínio da resistência muscular é um aspecto que contribui para a perda
funcional e para a incapacitação nos idosos. Em comparação com adultos mais
jovens, os mais velhos são obrigados a ativar um percentual maior da massa
muscular reduzida para produzir a mesma força, isto é, exercícios realizados com
uma intensidade determinada requerem um percentual mais elevado da capacidade
máxima em pessoas idosas. Isso resulta do estabelecimento precoce da fadiga em
consequência de um maior estresse metabólico (KAUFFMAN, 2001 apud
DESCHENES, 2004).
Sabemos que o conhecimento inerente ao sistema osteomuscular afeta
diretamente as atividades diárias da pessoa idosa, com isso o educando junto a
equipe multidisciplinar deverá realizar uma abordagem integral ao idoso e a família
através de apoio juntos as redes de atenção ao idoso na manutenção da capacidade
funcional da pessoa idosa minimizando os efeitos deletéricos da perda da
funcionalidade motora desse idoso e melhorando a qualidade de vida e sua
independência.
85
g) Doenças comuns ao Sistema Imunológico.
Em 1975 foi dado um grande passo na imunologia com o desenvolvimento
da técnica dos anticorpos monoclonais por George Kohler e Cesar Milstein (1975),
que permitiu a identificação de vários grupamentos células imune e de suas etapas
de ativação por meio de suas próprias moléculas de superfícies (membrana), que
poderiam ser reconhecidas pelos anticorpos desenvolvidos por esta técnica.
No mundo inteiro a expectativa media de vida vem aumentando e é cada vez
maior o interesse na compreensão das leis que regem o sistema de defesa em idade
mais avançadas (VEIGA, 2006).
Veiga (2006) descreve que o sistema imune é um processo adaptativo
interagindo com vários componentes dele mesmo e com o meio ambiente. Seu
papel é garantir a integridade do organismo. Este objetivo é alcançado por meio da
capacidade de distinguir o próprio do não próprio e da alta especificidade e da
memória imunológica.
Menon et al (1974) descreveram que uma das mais dramáticas modificações
na resposta imune que ocorrem com a idade é o declínio na função envolvendo a
proliferação das células T. Tem sido demonstrado que o envelhecimento é
acompanhado por progressivo aumento na proporção de células que funcionam
pobremente.
A modificação funcional da célula T durante o envelhecimento associadas à
redução de seu número fazem aumentar a permanência do estresse provocado pelo
estímulo antigênico, levando a diminuição do telômero e concomitante com a perda
da capacidade proliferativa, conhecida como senescência replicativa, que é uma
conseqüência da divisão celular e não de um tempo cronológico. O número de
divisões celulares, no qual a senescência á atingida, depende da espécie, da idade
e do conjunto genético do indivíduo (VEIGA, 2006).
Para a autora, outra característica do envelhecimento do sistema imune é o
aumento proporcional das células de memória (aquelas que já entraram em contato
com um antígeno), em relação às células virgens (aquelas que ainda não tiveram
contato com o antígeno), o que resultará em diminuição do potencial de reatividade
a novos antígenos.
Com os estudos realizados sobre o sistema imune para entendermos sobre
as modificações deste sistema no processo de envelhecimento, nos leva a teoria de
que a senescência celular é mediada pela exaustão replicativa e com o avançar da
86
idade há aumento de número de células que parecem normais, mas falham em
responder ao estímulo motivador, portanto o envelhecimento do sistema imune estar
associado com a marcada redução na reposividade e desregulação funcional
simultânea (VEIGA, 2006).
h) Farmacologia e terapêutica no Idoso.
Estima-se que em 2025, a população brasileira terá aumentado cinco vezes
em relação à de 1950, ao passo que o número de pessoas com idade superior a 60
anos terá aumentado cerca de 20 vezes. Esse aumento colocará o Brasil na
condição de portador da sexta maior população de idosos do mundo, em termos
absolutos (FONSECA; CARMO, 2000).
Anderson e Kerluke (1997) consideram que sendo marcado por uma
elevação da freqüência de doenças crônico-degenerativas, o processo de
envelhecimento é acompanhado por uma maior demanda pelos serviços de saúde e
por medicamentos, o que predispõe grandemente a população geriátrica aos riscos
da prática de polifarmácia e aos efeitos adversos dos medicamentos.
Para Gorzoni e Passarelli (2006), o frequente encontro de idoso com
múltiplas queixas e doenças provoca o uso paralelo e constante de vários
medicamentos ao mesmo tempo. Tendo em vista que o risco de efeitos colaterais e
de interações medicamentosas é proporcional ao número de fármacos consumidos.
Beyth e Shorr (2002) defendem que os parâmetros farmacológicos para a
distribuição e a metabolização dos medicamentos são os que mais afetam o
envelhecimento do organismo. A biodisponibilidade de drogas hidrossolúveis
administradas por via oral, por exemplo, pode estar aumentada, haja vista que o
idoso possui menor teor de água no organismo dificultando o seu volume de
distribuição.
A compreensão das mudanças produzidas pelo envelhecimento na
farmacinética é primordial para a boa assistência aos idosos. Dosagens e padrões
terapêuticos necessitam de atenção devido às alterações relacionadas com
processos intrínsecos às pessoas idosas. Esses dados quando ignorados, podem
provocar graves complicações e aumentar a mortalidade desses pacientes
(GORZONI; PASSARELLI, 2006).
87
Carvalho-Filho et al (1996) relatam que o atendimento do idoso apresenta
um caráter multidisciplinar, já que profissionais de várias áreas associam-se para
oferecer uma assistência global ao paciente, o conceito de iatrogenia em geriatria
tem significado mais amplo, relacionando-se às condutas tomadas pelos vários
membros da equipe.
A documentação das complicações iatrogênicas tem sido geralmente pouco
evidente e vaga, sendo raros os serviços médicos que adotam protocolos para
verificação das complicações determinadas pelas medidas diagnósticas e
terapêuticas adotadas (CARVALHO-FILHO et al, 1996).
Este fato pode ser consequência da associação entre grande número de
drogas administradas e maior gravidade das afecções, assim como da interação das
drogas.
Karnikowski et al (2004) destacam que diante do cenário exposto acima, é
importante que para uma prescrição adequada ao idoso seja considerada: o estado
clínico geral do paciente; redução do número de drogas a serem administradas para
evitar interações medicamentosas e maiores possibilidades de reações adversas;
que seja iniciada com pequenas doses e adequada conforme a resposta; evite ao
máximo o uso de medicamentos considerados impróprios pela literatura médica e
científica; e em situações em que os mesmos não possam ser evitados, que seu uso
se dê com cautela e monitoramento constante. O uso racional de medicamentos
pelos idosos é fundamental para evitar gastos excessivos com múltiplos
medicamentos, prevenindo internações desnecessárias, de modo a desonerar o
sistema público de saúde bem como assegurar boa qualidade de vida das pessoas
idosas.
Devemos também considerar que existem idosos que moram sozinhos e que
precisam de acompanhamento de profissionais de saúde para que não aconteçam
as iatrogenias decorrentes do uso de polifármacos. È de fundamental importância
que o educando tenha efetivo conhecimento sobre o que as interações
medicamentosas possam causar nos indivíduos idosos, para que o mesmo em
conjunto com a equipe interdisciplinar possa conhecer os efeitos terapêuticos e as
reações adversas, a fim de poder orientar ao idoso, a família e ao cuidador quando
ao manuseio e uso da medicação para a pessoa idosa.
88
4.2.4 MÓDULO 3 EXO IV: Assistência Humanizada à Pessoa idosa
Figura 10: Diagrama do Módulo II – Eixo IV Fonte: Elaborado pela autora a partir das oficinas realizadas.
O Ministério da Saúde implantou em 2001 a Política Nacional de
Humanização, cujo foco está em promover a pessoa humana como valor
fundamental no seio das práticas públicas de assistência a saúde.
Para Brasil (2004c), a humanização diz respeito a uma proposta ética,
estética e política. A ética pressupõe uma mudança de atitude dos usuários,
gestores e trabalhadores de saúde, para que assim haja um comprometimento dos
mesmos como co-responsáveis pela qualificação das ações e serviços gerados.
Afirma também que é garantido aos usuários o acesso a informações gerais
sobre saúde, entre elas os direitos do código dos usuários do SUS e, ainda, o
acompanhamento, durante seus tratamentos, por pessoas de suas redes sociais, de
livre escolha, fato essencial ao atendimento de idosos em domicílio.
Supõe-se que a humanização é troca de saberes e diálogos entre os
profissionais e a interação com os sujeitos sociais através de atitude ético-estética e
política em sintonia com uma rede humanizada em defesa da vida.
Para Mezzomo (2003), a cultura da Política Nacional de Humanização está
focada no modo de pensar, de tratar e de como se comportar nas relações
89
terapêuticas com clientes, familiares e colegas de trabalho visando uma melhor
colaboração e à efetividade no atendimento. Assegura que a humanização se realiza
e ocorre nas relações interpessoais, as quais se desenvolvem dentro de níveis de
atitudes: simpatia, bem-querer e amor.
A essência do ser humano e o respeito a sua individualidade e dignidade
deve ser considerada direcionando-lhe o cuidado solidário da dor, e do sofrimento,
com competência técnica e científica (BANDEIRA; PIMENTA; SOUZA, 2006).
As ações direcionadas ao idoso devem estimular a inter-relação e o convívio
social, respeito à individualidade, autonomia, independência e o fortalecimento dos
laços familiares, numa perspectiva de prevenção ao asilamento, melhoria da
qualidade de vida, o acesso aos direitos de cidadania e a efetiva participação social
do idoso, assegurando o envelhecimento ativo (BANDEIRA; PIMENTA; SOUZA,
2006).
a) Modalidade de Assistência ao Idoso e a Família: Impactos sobre a qualidade
de vida
A maior parte dos estudos em gerontologia reconhece a família como uma
unidade de cuidado. As pessoas aprendem a reproduzir e manter padrões de
cuidados culturalmente herdados, voltados a uma vida saudável. Por essa razão a
estrutura familiar é modelar, ou seja, funciona como uma matriz sobre a qual a
família e suas ações cuidativas estão fundadas (MOREIRA; DOMINGOS;
FIGUEIREDO, 2007).
A modalidade de assistência ao idoso e a família basicamente apresenta
dois enfoque: o social que está voltada para a solução das necessidades básicas
das pessoas idosas, relacionadas aos subsídios econômicos, entre outros fatores
existentes como, abandono, rejeição familiar, inexistência de familiares. E, o
segundo focado nos de problemas de saúde, relacionadas à incapacidade funcional
e necessidades de cuidados especiais (DIOGO, 2006).
Para este autor a Portaria nº 73/2001 da Assistência Social em consonância
com o Estatuto do Idoso, definiram parcerias promovendo a integração intersetorial,
estimulando a co-responsabilidades dos estados e municípios, levando em
consideração o idoso, a família e a sociedade e a reorganização dos serviços de
saúde na atenção ao idoso.
90
Portanto, o serviço de saúde tem como objetivo fundamental a prevenção de
incapacidades e da independência do idoso para as atividades da vida diária. Sendo
a sua organização desse serviço em nível de complexidade crescente, a partir da
atenção primária à saúde nas Unidades Básicas de Saúde, seguida pelo o
atendimento ambulatorial, depois pelo domiciliar, em nível institucional, como o
hospital-dia geriátrico e por último a internação de média ou longa permanência
(DIOGO, 2006).
Estes estudos sobre a modalidade de assistência a pessoa idosa nos leva a
repensar as nossas práticas enquanto profissionais de saúde, através da quebra de
paradigmas do modelo assistencial biologicista, no qual o indivíduo é assistido por
partes e não de forma integral. Portanto, temos que repensar nossas práticas
enquanto equipe de saúde, pois através do atendimento integral e interdisciplinar
com enfoque Gerontológico, oferecendo um atendimento mais humanizado,
poderemos maximizar a capacidade funcional da pessoa idosa, contribuindo para
sua autonomia e dignidade humana.
b) Cuidados em Domicílio: Conceitos e Práticas
A natureza do cuidado no domicílio segundo Cunha (1991, p. 28)
É uma atividade desenvolvida desde a antiguidade, estando, porém mais atual a cada dia que passa [...] ele é redescoberta como uma resposta à necessidade de se prestarem cuidados aos pacientes em suas próprias casas, quer por falta de Instituições Hospitalares, quer pela dificuldade financeira deles frente a esta situação e até mesmo pelos altos custos relativos aos tratamentos e permanência hospitalares.
O atendimento domiciliário com enfoque Gerontológico surgiu como uma
alternativa que beneficia especialmente a população idosa comprometida em sua
independência decorrente das doenças crônico-degenerativas, resultando na
necessidade de cuidados em seu próprio contexto familiar (ALBUQUERQUE, 2003).
Boff ( 2001) afirma que o cuidado representa uma atitude de ocupação, de
preocupação, de responsabilidade, de zelo, de atenção e desenvolvimento afetivo
com o outro porque, sem o cuidado, o ser humano deixa de ser humano. Se não
receber cuidado, desde o nascimento até a morte, o ser humano desestrutura-se,
definha, perde sentido e morre.
91
Leme e Silva (1996) chamam atenção para a incapacidade de a família
dispor de tempo para cuidar do idoso, o que tende a contribuir para a ineficiência do
cuidado familiar, que pode levar a um quadro de morbidades significativas,
compondo as chamadas síndromes de insuficiência familiar, o que pode ser
contornado com o suporte da rede de apoio formal.
Domingos (2003) realizou um estudo que abordava a questão do cuidado
familiar, estes estudos demonstraram que para o idoso os cuidados referem-se às
ações e comportamentos de apoio, desenvolvidos por familiares na assistência as
suas necessidades, através das seguintes dimensões: apoio afetivo-social, apoio
para a manutenção da saúde, apoio material ou instrumental.
Duarte e Diogo (2000) destacam que existem várias definições de família,
mas todas compartilham três traços comuns: interação, compromisso e afetividade.
Portanto, o contexto familiar em que está inserido o idoso possui uma história
própria ao longo do tempo.
A contribuição desses estudos aos educandos como equipe interdisciplinar
centra-se no fato de que a assistência domiciliar difere muito da assistência
hospitalar para o qual devem ser observados alguns aspectos como avaliação global
do idoso, com enfoque nos aspectos biofuncionais, psicológicos, sociais e
ambientais, sua autonomia e o grau de dependência.
c) Qualidade dos Cuidadores ao idoso Institucionalizado
As Instituições de Longa Permanência para Idosos são espaços sociais que,
em sua maioria, concentram idosos que ao serem ‘abandonados’4 por seus
familiares, passam a residir nesses locais de caráter asilar. São disponibilizados
abrigo, alimentação, recreação (em sua minoria) e encaminhamento quando se faz
necessário para cuidados médico-hospitalares (ARAÚJO; COUTINHO; SALDANHA,
2005).
As instituições de Longa Permanência para Idoso se por um lado
desempenham seu papel de acolhedora dos idosos em processo de exclusão social,
por outro lado suas normas internas contribuem para o afastamento dos problemas
sociais externos, proporcionando um confinamento social, ficando os idosos restritos
4 Grifo nosso.
92
apenas a vida asilar, caracterizando-se como uma forma de ruptura dos elos que os
ligavam à vida familiar e social (ALCANTARA, HEREDIA; CORTELLETTI; CASARA,
2004).
Já Born e Boechat (2006) consideram que as Instituições de Longa
Permanência para o Idoso, são moradias especializadas, cuja função básica é de
proporcionar assistência gerontogeriátricas conforme as necessidades dos seus
residentes e oferece ao mesmo tempo um ambiente doméstico, aconchegante,
capaz de preservar a intimidade e a identidade dos seus residentes, a qualidade do
cuidado exigirá uma atenção contínua para que sua missão se mantenha em
equilíbrio, sem haver negligência de nenhum aspecto.
Infelizmente no Brasil, ainda se constituem minoria as instituições
merecedoras dessa qualificação, pois é um país marcado pela diversidade cultural e
de grandes desigualdades socieconômicas, as instituições para idoso se revelam
certa heterogeneidade quanto aos padrões de atendimento, qualidade de estrutura,
organização financeira e a população atendida (BORN; BOECHAT, 2006).
A proposta desse estudo requer dos profissionais de saúde uma qualificação
ao atendimento do idoso em uma Instituição de Longa Permanência, sendo estes
responsáveis pelo seu cuidado cotidiano, pois quanto maior for números de idosos
institucionalizados maior deverá ser o quadro de pessoal especializado, para a
manutenção da qualidade de vida dos residentes, favorecendo o desenvolvimento
de suas capacidades funcionais e garantindo o melhor cuidado de saúde
multidisciplinar, de acordo com suas necessidades.
d) Fragilidade no envelhecimento e fenômeno multidimencional
A fragilidade é um termo utilizado por geriatras e gerontólogo com referência
as condições clínicas não-ótimas de idosos.
Segundo Yeow (2002), uma definição operacional de fragilidade seria útil
porque possibilitaria a identificação dos estados precursores do declínio funcional
nos idosos, contribuindo para o desenvolvimento de programas que facilitariam a
prevenção e o tratamento da síndrome.
Para Fried e Walston (2000), a incoerência no uso do termo fragilidade tende
a ser um fator de complicação de estratégias de prevenção e de promoção de
saúde. A fragilidade deve ser transformada em definições explícitas, possibilitando a
93
realização de programas que minimizem as conseqüências da síndrome da
população idosa em risco.
Segundo Nash et al (2005) o emprego de uma terminologia comum referente
à fragilidade facilitaria a comunicação, tanto entre os profissionais de saúde como
entre esses e os clientes. A disponibilidades de indicadores de fragilidade nos
bancos de dados relativos à saúde da população facilitaria a organização das
políticas de implementação de serviços de atendimento à saúde dos idosos.
Hogan et al (2003) consideram os critérios para a definição de fragilidade em
três grupos a ser classificados: dependência da vida diária e nas atividades
instrumentais da vida diária, vulnerabilidade aos estresses ambientais, às patologia
e as quedas e estados antológicos agudos crônicos.
Campbell e Buchner (1997) consideram que diferentemente de
incapacidade, fragilidade refere-se a uma condição instável que implica risco de
declínio funcional. Esses autores salientam a interação do indivíduo com o ambiente,
na qual a ocorrência de um evento menor pode causar limitações no desempenho
das atividades, resultando ou não em perda de autonomia.
Hamermam (1999) descreve a fragilidade como uma expressão complexa e
acumulativa de respostas homeostáticas alteradas aos múltiplos estresses,
resultando em desequilíbrio metabólico.
Para Bortz (verificar ano - 2002), a fragilidade resulta de patologias
antecedentes em múltiplos sistemas, implicando alterações na força muscular, na
mobilidade, no equilíbrio e na resistência.
Segundo Teixeira e Neri (2006), estudos na década de 90 apontam que o
conceito sobre o estado do ser frágil foi sendo gradualmente substituído pela
condição de torna-se frágil. Tais mudanças basearam-se em três premissas: a
primeira que nem todas as pessoas com limitações no desempenho das atividades
seriam frágeis, a segunda nem todas as pessoas frágeis apresentariam limitações
no desempenho da atividade e por último a terceira seria a existência de potencial
para a prevenção.
A importância desse estudo para o educando é de conhecer os elementos
estressores e causadores da fragilidade no processo de envelhecimento, para atuar
junto a equipe multidisciplinar no planejamento de ações de proteção, promoção e
recuperação, através de uma avaliação global do idoso, levando em consideração
os fatores biológicos, psicológicos, ambientais, de estrutura social como o grau de
94
escolaridade, patologia crônico-degenerativas que são as causas secundárias na
síndrome da fragilidade na pessoa idosa, e que esta avaliação sirva de parâmetros
em vários níveis de atenção a saúde do idoso.
e) Planejamento e adaptações do ambiente para a pessoa idosa
O envelhecimento biológico traz uma série de alterações em diversos
sistemas, as quais interferem na capacidade dos idosos em responder e a interagir
com o ambiente, e, este ambiente tem um papel fundamental na sua qualidade de
vida e no seu bem-estar. Também pode ser definido como um conjunto de atributos
físicos, sensoriais, cognitivos, afetivos, espirituais, climáticos e funcionais que nos
circundam no dia-a-dia e do qual fazermos parte (PERRACINI, 2006).
A mesma autora descreve que diante do crescimento populacional do
envelhecimento, torna-se cada vez mais urgente o planejamento e adequação dos
ambientes para as pessoas idosas. O homem padrão, para o qual por séculos os
projetos foram feitos, é um mito.
Para Shicchi (2000), os ambientes devem ser planejados para promover e
encorajar a independência e a autonomia, de forma que uma boa qualidade de vida
possa ser proporcionada a todos os indivíduos, seja ou não parecidos com a
maioria. As pessoas que envelhecem e os idosos fazem parte de uma minoria, mas
também devem ser atendidos em suas necessidades de conforto, segurança e
atividade.
De acordo com Corcoran Gitlin (1997), a avaliação de ambiente familiar deve
incluir as características físicas e arquitetônicas da residência, observando-se em
linhas gerais, aspectos tipo como: tipos de paredes, pisos, portas, presença de
escadas, números de cômodos, características relativas à iluminação, à ventilação e
à circulação e as características do imobiliário, como disposição, quantidade e
presença de tapetes. Essa avaliação pode ser realizada utilizando-se as seguintes
estratégias: observação do ambiente entrevista com o idoso, com familiares e/ou
cuidador.
Fala-se muito, hoje, da importância de meios ambientes saudáveis e
amigáveis para o desenvolvimento do ser humano. À medida que as pessoas
envelhecem, e eventualmente se tornam mais frágeis, as pessoas deveriam dispor
de ambientes adaptados as suas necessidades de assistência de locomoção. Viver
95
em ambiente seguro possibilita exercer o controle de sua vida pessoal (PERRACINI,
2006).
É importante observar que os problemas relacionados ao ambiente incluem
qualquer fator que cause insegurança e ofereça riscos, restrinja a escolha de
preferências, limite e desempenho ou que cause desconforto. Vale salientar que um
ambiente precisa ser calmo, previsível, acolhedor, ter acessibilidade e
funcionalidade, estar bem protegido sem riscos de lesões e acidentes, ter boa
comunicação e privacidade. Portanto, a modificação do ambiente objetiva fazer com
que o idoso tenha suporte para usufruir de uma vida com independência e
autonomia (PERRACINI, 2006).
Através do estudo sobre o planejamento e adaptações do ambiente para o
idoso, o educando estará capacitado e poderá atuar junto a sua equipe
interdisciplinar dando suporte de orientação a família quanto aos aspectos de
funcionalidade do ambiente adequado a pessoa idosa, visando sua autonomia com
à promoção e proteção de riscos ao idoso, como também identificando as
necessidades da capacidade funcional dessa população.
f) Negligência e Maus-Tratos à pessoa Idosa
Ao longo da história da humanidade, não se conhece nenhuma sociedade
que não tenha em sua história o registro de situações de violência atingindo
indivíduos, grupos e sociedades.
Minayo (1994) descreve que a partir dos diversos estudos desenvolvidos,
existe hoje a idéia quase unânime de que a violência não compõe a natureza
humana, mas é um fenômeno biopsicossocial, complexo e dinâmico, cujo espaço de
surgimento e desenvolvimento é a vida em sociedade, passando a ser um
comportamento aprendido e internalizado culturalmente. Sendo assim, a violência
tem sido tradicionalmente objeto de preocupação da justiça, da segurança pública e
também dos movimentos sociais
Minayo (1994) conta que de acordo com aumento das mortes por acidentes
e violência que ocorreram a partir da década de 1980, vem sendo realizadas no
Brasil, pesquisas de caráter regional sobre a violência, abordando, sobretudo a
mortalidade e morbidade, embora isso represente ainda pouco para que se conheça
como esse fenômeno afeta a nossa saúde populacional.
96
Em 1997, foi fundada a organização não-governamental INPEA
(Internaltional Network the Prevention on Elder Abuse), visando congregar
mundialmente os estudiosos, as universidades, os governos e a sociedade civil, com
o objetivo de incrementar a consciência e o conhecimento do público em geral bem
como promover a educação e o treinamento de profissionais na identificação,
tratamento e prevenção; defender as idosas (os) vítimas de abusos e
negligenciados; e estimular a pesquisa das causas, consequência, prevalência,
prevenção e tratamento de maus-tratos aos idosos (MACHADO; QUEIROZ, 2006).
Os acidentes e as violências no Brasil configuram problemas de saúde
pública de grande magnitude e transcendência, com forte impacto na morbidade e a
mortalidade da população, como aponta a Política Nacional de Redução da
Mortalidade por Acidentes e Violência (SEMINÁRIO INTERNACIONAL
ENVELHECIMENTO POPULACIONAL, 1996).
A segunda causa de mortalidade no Brasil é a violência. A violência é hoje
uma das grandes preocupações da área da saúde, pois atinge todos os grupos
etários e classes sociais, e, mesmo quando não leva à morte, provocam lesões,
traumas físicos e emocionais de grande intensidade
Para Minayo (2003), no Brasil as agressões a indivíduos com 60 anos ou
mais de idade se manifestam e vão desde as tradicionais formas de discriminação,
como o atributo que comumente lhe é impingido como descartáveis e peso social,
até as lesões físicas e psicológicas propriamente ditas. Nada se iguala à negligência
e aos abusos dentro dos lares, uma vez que o choque de gerações, problemas
financeiros, dentre outros, costumam intervir num imaginário social que considera a
velhice como decadência, ou seja, não mais portador de direitos na sociedade.
Conforme Souza et al (2004), a negligência e os maus-tratos, contra a
pessoa idosa habitualmente acontecem na presença de fatores de risco no processo
do cuidado continuado e duradouro em condições desfavoráveis, constituindo-se em
espaço de violência intrafamiliar.
Machado e Neri (2006) destacam alguns fatores, tais como violência
intradomiciliar, problemas de saúde mental do cuidador, associados ou não a
consumo de álcool e de drogas, incapacidade funcional do idoso dependente, tendo
maiores o risco e a vulnerabilidade para maus-tratos e negligência quanto maior for
o grau de dependência. Outro fator é o estresse causado pelo ato de cuidar; por
97
questões financeiras e por falta de suporte de serviços comunitários. A dependência
e o isolamento social do agressor são fatores a serem considerados.
Minayo (2003) afirma que os aspectos da negligência e maus-tratos se
tornam uma temática complexa e difícil de identificar, uma vez que os idosos não
denunciam os abusos, o menosprezo, o abandono e as desatenções sofridas. Tem
medo de serem punidos e perderem o afeto de seus familiares, além da vergonha de
fazer denúncias.
No que tange aos direitos dos idosos, o Estatuto do Idoso reafirmou os
princípios constitucionais e os da Política Nacional do Idoso, e acrescentou outras
questões como: as políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo,
para os que delas necessitem; serviços especiais de prevenção e atendimento a
vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;
serviço de identificação e localização de parentes ou responsáveis por idosos
abandonados em hospitais e instituições de longa permanência; proteção jurídico-
social por entidades de defesa dos direitos dos idosos; e mobilização da opinião
pública para ampliar a participação social no atendimento ao idoso (FONSECA;
GONÇALVES, 2003).
Em vista do preconceito cultural que ainda existe contra o idoso em nossa
sociedade, torna-se difícil reconhecer a violência contra os idosos. Portanto, a
relevância desse estudo aos educandos tem como princípio da gerontologia a busca
da promoção da saúde da pessoa idosa, de forma a identificar a ocorrência de
maus-tratos, elaborando estratégias de intervenção junto à equipe multiprofissional,
a fim de manter a integridade física e mental e a manutenção da capacidade
funcional, como também seus direitos e dignidade humana, respaldada pela Lei nº
8.842/94 da Política Nacional do Idoso, definindo os direitos da pessoa idosa e a
responsabilidade das três esferas do governo, da responsabilidade da família e da
sociedade.
g) Aspectos da reabilitação cognitiva em gerontologia
Yassuda e Abreu (2006) descrevem que as alterações cognitivas no idoso
merecem atenção dos profissionais de saúde que trabalham com a geriatria e a
gerontologia, devido à sua importância para a autonomia e para a capacidade
funcional, para que os mesmos possam melhor acompanhar estes pacientes.
98
Para as autoras, a avaliação da função cognitiva influencia decisões a
respeito da possibilidade do paciente idoso continuar a viver independente com
segurança, por exemplo: dirigir seu automóvel, cuidar de suas finanças e manejar
suas medicações.
Diversos fatores podem gerar declínio cognitivo entre eles o envelhecimento
normal. A literatura cognitiva documenta o declínio significativo em funções como
memória, atenção e função executivas mesmos em idosos não acometidos por
doenças. O declínio cognitivo também pode ser causado por fatores como: tumores
benignos ou malignos, traumas resultantes de quedas ou acidentes automobilísticos,
afecções tais como encefalites, sífilis, AIDS; anóxia após ataque cardíaco, parada
cardiopulmonar; toxinas como álcool e/ou outras substâncias; doença vascular, tais
como as produzidas por infarto hemorrágico ou isquêmico; desordens psíquicas
como: esquizofrenia ou a depressão crônica, ou condições neurológicas tais como
doença de Parkinson, a esclerose múltipla e doenças neurovegetativas, como o
Alzheimer (YASSUDA; ABREU, 2006).
Um dos objetivos da neurociência cognitiva é o de identificar, seja em
condições normais ou patológicas, um fenômeno apresentado pela atividade de um
conjunto de células neurais, a função correspondente de um determinado
desempenho cognitivo ou de um comportamento (SALGADO; AFFINI, 2006).
De acordo com as autoras, tradicionalmente, a cognição tem sido vista como
uma função cortical que pode ser divida em subfunções distintas, tais como atenção,
orientação, memória organização visuomotora, raciocínio, função executiva,
planejamento e solução de problemas.
Salgado e Affini (2006) ilustram a cognição como capacidade do indivíduo de
adquirir e usar informação, a fim de adaptar-se às demandas do meio ambiente. A
capacidade de adquirir uma informação, organizá-la, assimilá-la e intregrá-la com
experiências anteriores. Ou seja, as funções cognitivas incluem o uso espontâneo
de estratégias eficientes de processamentos, as habilidades para acessar
conhecimento prévio quando necessário e a consciência da própria capacidade
cognitiva.
Dessa forma, uma disfunção cognitiva pode afetar a capacidade funcional
em todas as esferas da vida: social e interpessoal, trabalho, lazer e atividades
diárias.
Segundo Wilson (2003, p. 315), a reabilitação cognitiva é
99
Um processo em que a pessoa com lesão cerebral coopera com profissionais de saúde, familiares e membros da comunidade mais ampla para tratar ou avaliar deficiências cognitivas resultantes de dano neurológico. O objetivo da reabilitação cognitiva é capacitar pacientes e familiares a conviver, lidar, contornar, reduzir ou superar as deficiências cognitivas.
A intervenção da reabilitação cognitiva tem como propósito melhorar a
habilidade no processamento da informação, que pode ser trabalhada, à medida que
aumenta a habilidade do paciente em utilizar estratégias cognitivas, que consistem
basicamente, em estratégias desenvolvidas e aplicadas em técnicas cognitivas para
a restauração clínica de funções e secundariamente para a compensação de
funções com o objetivo de minimizar os distúrbios da atenção, de linguagem, de
processamento visual, da memória, do raciocínio e resolução de problemas, além
das funções executivas das atividades diárias (SALGADO; AFFINI, 2006).
Farina et al (2002) afirmam que os princípios da reabilitação cognitiva podem
ser aplicados em quatro passos a seguir: concentrar a atenção para reduzir
confusão cognitiva; promover a consciência dos déficits e de capacidades
remanescentes por meio de aconselhamento individual e em grupo; conscientizar o
paciente e familiares da necessidade de uso de estratégias compensatórias e treinar
sua aplicação no dia-a-dia; fazer treinos cognitivos e de habilidades sociais.
A relevância dessa abordagem permite ao educando ter uma visão geral
quanto a necessidade de uma avaliação global da equipe multidisciplinar na
abordagem da avaliação cognitiva, como também no planejamento de estratégias de
reabilitação cognitiva junto ao idoso e a familiares, de forma a maximizar as
habilidades individuais, promovendo uma maior qualidade de vida do idoso portador
de déficit cognitivo, mantendo a dignidade e o respeito da pessoa idosa.
h) Fonoaudiologia em Gerontologia
O processo de senescência traz em si várias modificações para a habilidade
lingüística, tais como a dificuldade de nomeação, o discurso prolixo, redundante e de
pouca informação, a tangencialidade, a dificuldade para entender a mensagem mais
complexas principalmente quando fornecido oralmente, e dificuldade para reter
informações, essas modificações nas habilidades liguísticas podem estar
100
concomitante com outros fatores como: afasia, depressão e doenças neurológicas
degenerativas (ULOTOWSKA, 1985).
No idoso portador de afasia, as alterações cognitivas características dos
diferentes tipos de afasia estão associadas às alterações próprias do processo de
senescência, citadas anteriormente. Essa somatória torna muitas vezes difícil e
complicada do ponto de vista da comunicação, entre o que é inerente ao
envelhecimento normal e o que é resultado do quadro afásico. Conhecer os fatores
constituintes do envelhecimento e suas interferências na diminuição e impedimento
da comunicação irá auxiliar na avaliação da queixa trazida pelo o idoso e seus
familiares (BILTON; COUTO, 2006).
Segundo as autoras com o aumento da perspectiva de vida da população
idosa, impõe-lhes as situações da vida atual como: excesso de ruído,
medicamentos, estresses, todos esses elementos estressores podem provocar entre
outras doenças, alterações no sistema auditivo, causando dificuldades importantes
na comunicação de sujeitos idosos. Podemos também termos perda auditiva
decorrente das mudanças degenerativas que acompanham o envelhecimento,
denominada de presbiacusia. A deficiência auditiva é uma dos fatores que pode
interferir significativamente na qualidade de vida do idoso, uma vez que as
dificuldades da comunicação decorrentes interferem no relacionamento social,
familiar e mesmo profissional.
A relevância do estudo sobre a Fonoaudiologia na geriatria é de fundamental
importância ao educando para que o mesmo tenha o conhecimento das alterações
decorrentes do processo de envelhecimento relacionados á anormalidade no
processo de deglutição e suas causas multifatoriais e que interfere na ingestão da
alimentação da pessoa idosa, a alteração no sistema auditivo, implica dificuldades
de comunicação do idoso, levando-o ao isolamento familiar e social, como também a
alteração vocal denominada presbifonia, apesar de que estas alterações fazem parte
do processo do envelhecimento.
Portanto, os profissionais de saúde através de uma avaliação
multiprofissional devem estar atentos a essas alterações, orientando a família e ao
cuidador da pessoa idosa, quando as modificações inerentes ao ambiente e ao
comportamento no momento da comunicação e da observação com maior rigor na
hora da alimentação.
101
i) Nutrição em Gerontologia
No processo de envelhecimento normal ocorrem alterações fisiológicas e
biológicas que afetam a alimentação e a nutrição do idoso. Entre eles podem ser
citados: aumento do tecido adiposo, redução da massa muscular, redução da água
corporal total, perda do paladar e do olfato, diminuição na ingestão de alimentos e
na absorção de vitamina B12, ferro e folato (ácido fólico encontrado amplamente nos
alimentos como: fígado, feijão e vegetais verde-escuras) entre outras substâncias
(SCRIMSHAW, 1989)
Segundo Ahmed (1992), a alimentação pode ter grande influência tanto no
aparecimento de doença como na determinação de sua gravidade, o que justifica a
preocupação com o padrão de alimentação e com o conhecimento das alterações
nutricionais que ocorrem com o envelhecimento.
Najas e Pereira (2006) informam que a partir da terceira década de vida,
iniciam-se as alterações na composição corporal, com perda de massa magra e
aumento do tecido adiposo. Essas modificações podem explicar o aumento de peso
nos adultos jovens e as perdas involuntárias a partir de 60 anos. No entanto, embora
comuns e esperadas, as perdas de peso corpóreo dos idosos devem ser sempre
investigadas. Quando graves, ou de ordem de mais de 5% do peso em 30 dias,
implicam perda de massa magra, o que aumenta de forma acentuada a fragilidade
do idoso e pode interferir negativamente em eventuais processos de reabilitação.
Morigutti (2001) relata que a prevalência de desnutrição na população idosa
brasileira, em seguimento ambulatorial, é de cerca de 20%. Entre os idosos
hospitalizados, essa percentagem salta para 60%. Esses dados refletem a
importância de se tentar evitar ou mesmo retardar perdas de peso indesejáveis, a
partir da monitorização de técnicas dietéticas que permitam melhorar o valor calórico
e, consequentemente, a adequação da quantidade e da combinação de nutrientes
essenciais para o organismo.
Keller (1993, apud LIPSCHITZ, 1994) consideram dentre as causas de
desnutrição do idoso: anorexia, causada por depressão, por medicação, por
deficiências vitamínicas, por falta de minerais, como o zinco, por má-absorção
intestinal, causada por isquemias, por dificuldade de deglutição, por problemas
metabólicos (hipertireoidismo), por fatores sociais e pela formação dentária.
102
Portanto, se faz necessário que os profissionais de saúde compreendam a
manutenção do estado nutricional através de uma avaliação global da equipe
multidisciplinar, que discutam indicadores do estado nutricional da pessoa idosa,
para que em conjunto oriente ao idoso e a família quanto à manutenção do estado
nutricional, favorecendo assim a preservação da capacidade funcional do indivíduo.
j) Saúde Bucal do Idoso
De acordo com a definição da Organização Mundial de Saúde - OMS, saúde
bucal significa mais que bons dentes, é integrante da saúde geral e essencial para o
bem estar. Ter boa saúde bucal implica: estar livre de dor crônica orofacial, de
câncer bucal ou da orofaringe, de lesões dos tecidos moles bucais, de defeitos
congênitos como lábio leporino e palato fendido e de outras doenças que afetam os
tecidos bucais, dentais, orofaciais que incluem, entre outras, cárie e periodontite
(PETERSEN, 2003).
A partir desse conceito ampliado de saúde, 47,8% dos idosos avaliados no
levantamento epidemiológico de saúde bucal foi considerado que sua capacidade
mastigatória como ruim (BRASIL, 2003a).
Biazevic et al (2004) destacam que entre os idosos brasileiros as poucas
evidências que apontam como fatores causadores de maior impacto de qualidade de
vida relacionada com a saúde bucal foi a necessidade de prótese dental,
evidenciando que a desigualdade socioeconômicas no acesso a saúde bucal,
provavelmente, desempenham um papel fundamental na qualidade de vida
relacionada à saúde bucal.
As doenças bucais, embora geralmente não sejam ameaçadoras da vida ou
produzam graves conseqüências, podem contribuir para uma piora do quadro de
saúde de indivíduos idosos, pois problemas mastigatórios podem levar a deficiências
nutricionais. A enfermidade periodontal está associada a doenças cardiovasculares,
sendo que alguns estudos sugerem uma possível relação entre pneumonia
aspiratória e doença periodontal (BANDEIRA; PIMENTA; SOUZA, 2006).
Chalmers et al (2001), consideram que a ausência de dor e desconforto na
boca, a capacidade de alimentar e falar confortavelmente e uma boa aparência
restabelecida pela reabilitação dentária contribuem para a interação social e a
preservação da auto-estima.
103
k) Fisioterapia em Gerontologia
Com o envelhecimento da população brasileira, observa-se um aumento de
prevalência de doenças crônico-degerativas, e o declínio funcional é um dos
aspectos mais relevantes desses indivíduos. Essas doenças acarretam limitações à
participação social dos idosos e interagem com fatores socioeconômicos, culturais,
ambientais e familiares. Considera todos esses aspectos, buscando uma integração
multidisciplinar e interdisciplinar, além de um envolvimento familiar e com outros
cuidadores, informal e formal. É papel dos fisioterapeutas na atenção secundária
todo o processo de reabilitação do idoso (CORRÊA DIAS; DIAS; SITTA, 2006).
Partindo do princípio de que as habilidades funcionais são dependentes das
interações harmônicas do sistema sensório-motor e que este se encontra alternado
com o processo de envelhecimento, é fácil perceber que a independência funcional
declina com a idade, e que esse declínio, por sua vez, é influenciado por um
conjunto de fatores biológicos e sociais (PEREIRA; GOMES et al, 2004).
Corrêa Dias et al (2006) consideram que a funcionalidade é um termo que
abrange todas as funções do corpo, atividade e participação social do indivíduo de
maneira similar, são metas de o fisioterapeuta promover o adiamento das
instalações de incapacidades decorrentes do processo do envelhecimento; tratar as
alterações funcionais e motoras provenientes de doenças e problemas associados e
reabilitar o idoso dentro das suas potencialidade e especificidades. E, neste contexto
atuar nos níveis, primários, secundários e terciários da atenção à saúde do idoso.
Portanto, o estudo da fisioterapia está relacionado à educação para a saúde,
exercícios globais com uma abordagem da integralidade com a equipe
multidisciplinar, através da classificação biopsicossocial, sendo que a capacidade
funcional não é similar a doença. Promove medidas de reabilitação junto ao idoso,
para a manutenção da melhoria das atividades da vida diária dos idosos.
l) Terapia Ocupacional
O crescimento proporcional do número de idosos e o novo desenho
epidemiológico observado na população brasileira estão sendo acompanhado pelo
aumento das demandas por ações específicas destinadas a esse seguimento
104
populacional. Neste contexto, estão inseridos diversos profissionais que se dedicam
ao estudo e à atenção aos idosos, sendo a equipe multiprofissional imprescindível
na atenção gerontológica e, o terapeuta ocupacional é um destes profissionais
(BARRETO; TIRADO, 2006).
Segundo a Associação Americana de Terapia Ocupacional (1999), a Terapia
Ocupacional é uma profissão da saúde e da reabilitação que ajuda o indivíduo a
recuperar, desenvolver e construir habilidades para a independência funcional, sua
saúde, sua segurança social. A ênfase da Terapia Ocupacional é na capacidade do
desempenho funcional das pessoas, compreendida nos aspectos sensório-motores
(praxias, coordenação motora, percepção e habilidades) nos componentes de
integração cognitiva (memória, atenção, concentração, entre outrros) e nos aspectos
psicossociais (valores, interesses, papéis e relações) que são considerados
essenciais para a realização das atividades cotidianas de autocuidado, de trabalho e
lazer.
Barreto e Tirado (2006) relatam que a Terapia Ocupacional Gerontológica
visa manter, restaurar e melhorar a capacidade funcional, mantendo o idoso ativo e
independente o maior tempo possível, promovendo o desempenho dos idosos nas
atividades da vida diária e nas atividades instrumentais da vida diária.
As autoras consideram que o terapeuta ocupacional é um profissional da
área da saúde, que poderá intervir junto ao idoso nos diversos níveis de atenção na
promoção em saúde e na prevenção de doenças; na prevenção da instalação de
incapacidades associadas e no tratamento.
Wilkins e Law Letts (2001) consideram que o processo terapêutico se inicia
com a identificação das habilidades e das limitações funcionais do idoso através da
avaliação mais ampliada de suas necessidades, elaborando e implementando
intervenções que são seguidas de reavaliações periódicas.
Consideramos que o assunto sobre a terapia ocupacional tem relevância
junto a esta proposta, pois visa à manutenção das atividades da vida diária e as
atividades instrumentais da vida diária da pessoa idosa através de uma avaliação
global e multidisciplinar e interdisciplinar, maximizando a qualidade de vida,
orientando a família e cuidadores de idoso quanto preservação da capacidade
funcional da pessoa idosa.
105
4.2.5 MÓDULO 3 - EIXO V: Atendimento em situações de agravos a pessoa idosa
e o aspecto da tanatologia
Figura 11: Diagrama do Módulo III – Eixo V Fonte: Elaborado pela autora a partir das oficinas realizadas.
As alterações anatômicas e fisiológicas, além de doenças preexistentes,
predispõem aos idosos a acidentes. Tais acidentes, comuns também aos jovens,
diferem-se no idoso com relação à gravidade, duração e evolução das lesões. A
queda continua sendo o mecanismo de lesão mais frequente na população geriátrica
(40%), seguida pelo acidente automobilístico (28%), atropelamento (10%), ferimento
por arma de fogo (8%), entre outros. Os idosos são de alto risco para quedas por
diversas razões, principalmente causas músculo-esqueléticas, neurológicas e
cardiovasculares, as quais muitas vezes necessitam de atendimento emergencial
(FERREIRA; TANURE, 2006).
O desafio do atendimento de emergência no idoso é estabelecer diferença
entre as modificações morfológicas e funcionais que vão ocorrendo com o avançar
da idade, as condições patológicas mais frequentes nos idosos e as implicações
destas condições na avaliação inicial e procedimentos que devem ser realizados
nesta vítima (SOUZA; IGLESIA, 2002).
A medicina no século XXI, com relação ao envelhecimento, precisa buscar
alternativas de atenção a saúde que reduza a incidências das doenças
cardiovasculares e dos diferentes tipos de câncer. Contemplar esse aspecto será
bem mais difícil do que tem sido a efetiva contribuição oferecida pela própria
medicina no século passado ao proporcionar uma maior expectativa de vida aos
106
idosos, combatendo as infecções e reduzindo a incidência de doenças
cardiovasculares ao recomendar a prática de hábitos saudáveis de vida (COSTA,
2005).
Souza e Iglesia (2002) consideram que o atendimento de emergência do
idoso está baseado em saber estabelecer diferença entre as modificações
morfológicas e funcionais que vão ocorrendo com o avançar da idade, as condições
patológicas mais frequentes nos idosos e as implicações destas condições na
avaliação inicial e procedimentos que devem ser realizados nesta vítima.
Consideramos importante este tema como base tecnológica a ser ministrada
no curso proposto porque vem fomentar a qualificação profissional dos educando,
visto que com o grande aumento da demanda populacional do idoso deveremos
estar preparados para as reais circunstâncias que esta clientela nos impõe diante de
uma situação de emergência e urgência com risco de morte. Todavia, em todas as
ações de saúde, independente da situação encontrada busca-se o alcance da
manutenção da vida e da sua capacidade funcional.
a) A Bioética e emergências: Aspectos éticos no atendimento de emergência
Uma nova ciência vem despertando crescentemente o interesse e a
conscientização populares denominam-se bioética. Entende-se a mesma como uma
maneira de regulamentação das novas práticas biomedicais e nas entre biologia,
medicina e direito. Corresponde a tudo que diz respeito à vida (bio + ética), ou seja,
é a ética da vida ou do vivo; bioética ou ética aplicada à vida, no sentido etimológico
(CARLIN, 1994).
A Bioética começa a ganhar expressão a partir do aparecimento do termo,
em 1970, introduzido por Van R. Potter, que o utilizou para designar uma nova
ciência da sobrevivência ou ciência dos sistemas vivos (bio) e do conhecimento dos
sistemas de valores humanos (ética) e a considera como uma ciência interdisciplinar
procurando a melhorar a qualidade de vida (CARLIN, 1994).
No Código Penal Brasileiro no seu Art. 135, conceitua-se crime de omissão
de socorro: “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal, à criança abandonada, extraviada, ou à pessoa inválida, ferida, ao
desamparado ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro
da autoridade pública”. Muitos médicos entendem que suspender ou não indicar
107
medidas de suporte avançado caracterizaria, em qualquer circunstância, omissão de
socorro. Partindo da premissa de que a morte é inexorável e não haveria como
salvar a vida, é permitido entender que este artigo do Código Penal não se aplicaria.
Isto não significa deixar de prestar a assistência, conforto físico, afetivo e emocional
ao paciente, dando o apoio e informações necessárias aos familiares
(CONSTANTINO; HIRSCHHEIMER, 2005, p. 85).
Portanto a assistência de saúde em situações de emergência ou de urgência
tem inúmeros aspectos éticos que merecem ser discutidos. A justificativa ética para
o atendimento diferenciado que estas situações merecem está baseada em Hegel.
Para HegelH (1999, p. 97) o “‘direito à emergência’ é o direito que cada indivíduo tem
de abrir uma exceção a seu favor, em caso de extrema necessidade.” Segundo
WeberH (1999, p. 118) "a situação de emergência não invalida a lei, mas mostra que
ela não é absoluta. [...] Isto significa dizer que é necessário levar em conta as
circunstâncias de cada situação". Segundo Hegel (1999, p. 97) "a vida tem um
direito de emergência".
Assim a assistência em situações de emergência e urgência se caracteriza
pela necessidade de um paciente ser atendido em um curtíssimo espaço de tempo.
A emergência é caracterizada como sendo a situação onde não pode haver uma
protelação no atendimento, o mesmo deve ser imediato. Nas emergências o
atendimento deve ser prestado em um período de tempo que, em geral, é
considerado como Hnão superior a duas horasH. As situações não-urgentes podem ser
referidas para o pronto-atendimento ambulatorial ou para o atendimento ambulatorial
convencional, pois não tem a premência que as já descritas anteriormente (GOLDIN,
2003).
Concordamos que a bioética surge da necessidade de desvendar as novas
relações humanas com a biotecnologia de reprodução e criação da vida, com
respeito à dignidade humana, buscando com responsabilidade respostas aos
dilemas éticos que envolvem os seres humanos neste fim de milênio através da
interdisciplinaridade, sendo este um dos maiores desafios da humanidade.
b) Bioética: Envelhecimento humano e dignidade no adeus a vida
Segundo Potter (1971), essa nova ciência chamada de Bioética combina o
trabalho humanista e cientistas, cujos objetivos são sabedoria e conhecimento. A
108
sabedoria é definida como o saber sobre como usar o conhecimento para o bem
social. A busca da sabedoria tem uma nova orientação porque a sobrevivência do
homem está em jogo. Os valores éticos devem ser testados em termo de futuro e
não podem ser divorciados dos fatos biológicos. Ações que diminuem as chances de
sobrevivência humanas são imorais e devem ser julgados em termo de
conhecimento disponível e monitoramento de parâmetros de sobrevivência, que são
escolhidos pelos cientistas e humanistas (PESSINI, 2006).
Chamamos a atenção dentro da geriatria e da gerontologia, que existem
muitas discussões éticas, sobre a questão da criogenia como um exemplo que tem
um viés ideológico de negar a dimensão da finitude e mortalidade humana.
Necessitamos ter o discernimento para não nos deixarmos seduzir por magos que,
num passe de mágica nos prometem a imortalidade em nossa condição humana
(PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2006).
Portanto, o envelhecer é um processo natural do crescimento do ser
humano, que se inicia com o nascimento e termina com a morte. Cada ser humano é
uma pessoa única, desde o primeiro momento da vida. Cada fase do viver apresenta
mudanças que são respostas a determinadas tensões no curso da vida. Como
resultados dessas transformações têm perda e ganhos. Essa filosofia do
envelhecimento deve levar em conta as perdas que o idoso passa como: a
antecipação da morte, os mitos e preconceitos que são vítimas, bem como a riqueza
e potencialidades que são portadores (PESSINI, 2006).
A reflexão da bioética na sua essência é um grito pelo resgate da dignidade
da vida humana, ao nascer, crescer, desenvolver, atingir a maturidade, envelhecer
graciosa e elegantemente após viver muito e, quando chegado o momento,
dignamente de dizer adeus (BARCHIFONTAINE; PESSINI, 2001).
Portanto, a bioética como ciência vem para nos fomentar quanto às
questões éticas relacionada com o ciclo da vida como o nascer, envelhecer e
morrer.
c) Bioética: morte e morrer
O escrito Rubens Alves descreve sobre a morte e o morrer:
[...] Mas tenho muito medo do morrer. O morrer pode vir acompanhado de dores, humilhações, aparelhos e tubos enfiados no meu corpo, contra a minha vontade, sem que eu nada possa fazer, porque já não sou mais dono
109
de mim mesmo; solidão, ninguém tem coragem ou palavras para, de mãos dadas comigo, falar sobre a minha morte, medo de que a passagem seja demorada. Bom seria se, depois de anunciada, ela acontecesse de forma mansa e sem dores, longe dos hospitais, em meio às pessoas que se ama, em meio a visões de beleza (ALVES, 2003; p. A3).
O termo Eutanásia vem do grego, podendo ser traduzido como boa morte ou
morte apropriada. O termo foi proposto por Francis Bacon, em 1623, em sua obra
Historia vitae et mortis, como sendo o tratamento adequado às doenças incuráveis.
De maneira geral, entende-se por eutanásia quando uma pessoa causa
deliberadamente a morte de outra que está debilitada ou em sofrimento. Neste
último caso, a eutanásia seria justificada como uma forma de evitar um sofrimento
acarretado por um longo período de doença (GOLDIN, 2006).
No Direito Brasileiro, a eutanásia é vista como homicídio, portanto, ilícita e
imputável, mesmo que a pedida do paciente. No Código vigente, ela é vista como
assassinato e o motivo piedoso alegado não atenuam a pena. A conduta de desligar
equipamentos será lícita se não significar encurtamento da vida, obedecendo ao
princípio de não-maleficência (NOVAES; TRINDADE, 2007).
A forma de conceber a morte tornou-se um produto social que vem se
alterando ao longo dos séculos acompanhando as evoluções históricas e culturais
da sociedade. Diversas são as reações psicológicas suscitadas pelo morrer, que
representa a única certeza universal, amedrontando por sua implacabilidade
(FIRLEUX et al, 2003).
A desmistificação da morte, adquirida ao longo da formação profissional, tem
sua vulnerabilidade freqüentemente evidenciada quando incidentes no decurso da
prática médica promovem a insinuação da vida ou da humanização outrora
ignorada, gerando angústias e sofrimentos para o profissional de saúde (NOVAES;
TRINDADE, 2007).
Estes autores consideram que a questão de nossa finitude existencial
remonta a filosofia grega. A dimensão teológica está presente nas grandes questões
bioéticas e contemporâneas, tais como: eutanásia, distanásia e mistanásia. A
dimensão psicológica inerente ao tema do morrer foi elucidada nas contribuições da
psiquiatra suíça Kübler Ross (1996). Esta psiquiatra observou as diferentes
estratégias de enfrentamento do morrer. Pacientes graves na busca de alívio da
angústia diante desta realidade passam a negar barganhar, chorar, se rebelar e
alguns conseguem aceitar a realidade da morte.
110
Os idosos podem desejar morrer antes de experimentar gradualmente a
diminuição das forças e energias. Seu desejo de morrer, frequentemente, é uma
resposta à solidão e ao seu isolamento que lhes são impostos (PY, 1999).
Através desta proposta visa instrumentalizar os profissionais de saúde em
entender e a enfrentar a morte e o morrer da pessoa idosa. Em suas etapas de
segregação, a desolação e a perda do eu, que estão inseridos num contexto
sociopolítico-econômico, que expõe o idoso a solidão em que a morte é a solução
para o seu problema. Diante deste quadro temos o compromisso de desmistificar a
finitude, portanto através de ações interdisciplinar poderemos ousar a cuidar dos
nossos idosos com sabedoria, com solidariedade quebrando as barreiras do
preconceito do envelhecimento, pois a morte é algo pessoal. Temos que ser capaz
de manter o nosso equilíbrio psíquico, de modo que possamos responder as
necessidades das pessoas idosas que estão no fim da vida.
d) Finitude e Infinitude, repensando a vida e a morte do ponto de vista
filosófico
A filosofia já foi considerada, no passado, o aprendizado da morte. Desde
Sócrates, filósofo era aquele que sabia morrer. Função da filosofia seria preparar-
nos para uma boa morte, e o termo grego genérico, no caso, era mesmo eutanásia.
Supunha-se que aquele que sabe morrer aprendeu a viver, e assim a vida e a morte
se iluminava reciprocamente.
Os filósofos da existência, no século XX, aprenderam esse dado sob a
fórmula mais genérica da experiência da finitude humana. Para Heidegger, um dos
existenciais que caracterizariam o homem é o ser-para-a-morte: Zum-Tode-sein. Isto
significaria que entre as diversas possibilidades do homem há uma que representa a
possibilidade da impossibilidade, ou seja, quando esta ocorre, todas as demais
possibilidades ficam excluídas (VALLS, 2002).
A questão de nossa finitude existencial remonta a filosofia grega. A
dimensão teológica está presente nas grandes questões bioéticas e
contemporâneas. A dimensão psicológica inerente ao tema do morrer foi elucidada
nas contribuições de Kübler Ross (1996) em que observou as diferentes estratégias
de enfrentamento do morrer.
111
Nossa sociedade isola, esconde e excluem os idosos, os pacientes
portadores de doenças crônico-degenerativas, os que vivem com uma doença fora
de possibilidades terapêuticas de cura. Para Py (2004) este comportamento seria
justamente porque essas pessoas, concretamente, são uma lembrança viva do que
todos nós vamos ter que enfretear um dia, sem possibilidade de subterfúgios ou
fugas, isto é, nossa própria finitude ou mortalidade. Talvez, seja por isso que a morte
assusta tanto.
e) Luto, viuvez na velhice
O rápido aumento da expectativa de vida no último século transformou as
formas de convivências nas sociedades atuais. Entre as múltiplas consequências,
como o alto número de pessoas idosas em relação às crianças, famílias menores e
uma convivência de até cinco gerações diferentes, podemos destacar os dos
casamentos longevos. Trata-se de uma nova situação histórica de ter tantos
casamentos de longa duração, causado, além da expectativa de vida mais alta,
também pelo fato de um alto grau de casamento no grupo dos hoje idosos,
acompanhado de um número, ainda pequeno de separações (SHMITT; RE, 2004).
Dessa forma, a grande maioria dos casamentos longevos termina somente
pela morte de um dos parceiros. Com isso, a própria viuvez modificou seu caráter,
pois acontece hoje, na maioria dos casos, no final da vida e após um longo, e muitas
vezes doloroso, processo de morte (CARR; UTZ, 2001).
Tratar da viuvez é falar sobre um tema altamente sensível e complexo. O
enorme impacto que a viuvez causas nas pessoas, provavelmente, advém do fato
de que, ao se tornar viúva, a pessoa enfrenta dois acontecimentos extremamente
dolorosos ao mesmo tempo: a separação do parceiro e o confronto com a morte e a
finalidade da existência (DOLL, 2006).
Segundo Doll (2006), esse evento traz consequências para todas as esferas
do ser humano, exige processo de elaboração e de readaptação, que são
acompanhados, em geral, por profunda tristeza, problemas de saúde, distúrbios
psíquicos, diminuição dos contratos sociais e alterações de status social, entre
outros. Na maioria dos casos, as pessoas conseguem, depois de certo tempo, se
adequar às novas circunstâncias, mas em sua maioria existem complicações como,
doenças mentais e até a morte.
112
Não há dúvidas que a cultura influência os comportamentos das pessoas,
especialmente em situações de crise como a perda do parceiro e o confronto com a
morte. Nessa situação, que é percebida pela a maioria das pessoas como um
choque, a existência de formas de rituais de expressar sua dor e de agir em relação
às outras pessoas pode ser uma ajuda e uma orientação para pessoa enlutada
(DOLL, 2006).
Rosenblatt (2001) destaca a existência de certos elementos universais;
assim, à morte é percebida em todas as culturas como um problema, e a reação de
luto à perda do parceiro ou de uma pessoa querida também se encontra em todos
os lugares. No entanto, a forma concreta de lidar com a morte e de expressar o luto
varia muito, dependendo da cultura na qual a pessoa vive, e pode ir de um rápido
passar a diante até uma obrigação de mostrar tristeza, dor e desespero durante um
longo período. As diferenças podem ser provocadas por valores e crenças distintos,
especialmente em relação à morte, mas também por necessidades específicas da
comunidade e do indivíduo.
Doll (2006, p. 1351) relata que “devemos considerar a viuvez como uma
instituição social, marcada por elementos culturais, que é sensível a mudanças nas
sociedades”.
Reconhecer esses padrões dentro da comunidade assistida pela equipe
multidisciplinar leva o educando a orientar e providenciar o apoio e suporte para que
a pessoa enlutada possa lidar com suas perdas e finitude.
113
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A longa sobrevivência tem feito parte dos sonhos da população ao longo da
história.
Tenho a felicidade de conviver com minha avó materna que hoje tem 100
anos de vida: mulher batalhadora, que morava no seringal quando seu esposo foi a
óbito por doença natural para esta região da Amazônia Ocidental. Nesta época, sem
estudo e com 12 filhos para criar, veio para a capital, durante toda a sua vida
trabalhou muito e com muita dificuldade criou todos os seus filhos, e nunca desistiu
das adversidades da vida .
Durante seu processo de envelhecimento tem apresentado seqüelas que
lhes são peculiares da senescência. Minha avó é um exemplo de vida para vários
brasileiros que, cada dia, cresce mais em nosso país. Tenho o privilégio de sentar
com as minhas duas avós e ouvir suas aventuras e histórias de épocas passadas e
as “estórias” do interior (mitos). Vejo que poucas pessoas dão o devido valor a estes
momentos.
Portanto, considero importante que os profissionais de saúde de nível médio
tenham a oportunidade de acessar um curso de especialização na área da saúde do
idoso com abordagem da gerontologia, possibilitando o conhecimento do processo
de envelhecimento
Entender o processo de envelhecimento é se colocar no lugar do outro,
quando ao fazermos a leitura para este projeto, fica muito explicito que não estamos
preparados para enfrentar este ciclo da vida. Temos um complexo de ações
envolvidas no seu contexto histórico, social, biológico, psicológico e econômico que
estão envolvidos em todo o processo de envelhecimento. Um envelhecimento ativo
e saudável depende desses determinantes sociais e pessoais.
Hoje os nossos idosos estão muito vulneráveis, pela falta de efetivação das
políticas de saúde na atenção ao idoso, pois não temos profissionais capacitados
suficientes para atendê-lo em sua integralidade, o Estado alega que a família deve
cuidar dos seus idosos, contudo será que estes estão preparados para atendê-los?
O que está faltando? Nossos idosos em sua maioria estão desenvolvendo doenças
crônico-degenerativas, perdendo suas capacidades funcionais, portanto o idoso está
114
perdendo sua autonomia, e cada vez mais necessita de ajuda, de internações de
longa duração. Esse é o quadro que observamos, e o que devemos fazer?
Segundo Paviani e Neri (2000), a perda da autonomia, leva dependência e
esta pode estar relacionada a várias causas como problemas de saúde já existente
e que podem se agravar, tratamentos com medicamentos inadequados que podem
induzir o idoso a inatividade, a apatia e a deteriorização cognitiva agravando a
dependência, também sua incapacidade pode aumentar com alguns eventos da vida
cotidiana, por exemplo, conflitos e contratempos domésticos, eventos estressantes
da vida pessoal e da vida dos entes queridos como a viuvez e/ou filhos.
As práticas sociais discriminatórias em relação ao idoso podem restringir sua
autonomia e sua independência por fazerem dele um ser mais pobre, desamparado,
doente, frustrado, ressentido e desesperançoso, oferecerem ambientes
excessivamente rotinizado e despersonalizado, tratam o idoso de modo
desrespeitoso ou infantilizado, dificultando o acesso a serviços de saúde.
Hoje o nosso sistema de saúde atende o idoso de forma fragmentada, sem
ter uma referência e contra-referência aos mesmos, isso ocasiona na não
resolutividade de suas necessidades. Temos as políticas de proteção ao idoso, mas
não há a sua efetivação de fato e de direito.
Dentre estas políticas, há o da assistência domiciliar ao idoso, mas para que
isso ocorra precisa-se uma avaliação global deste idoso. Existe um protocolo a ser
seguido, mas será que há profissionais capacitados para esse atendimento? E as
famílias estão preparadas para esse cuidado? Permito-me a estas indagações
quando nos propusemos a construir esta proposta.
Sabemos que trabalhar com idoso é trabalhar com seu contexto como um
todo, conhecer o meio em que vivem os laços de parentescos e de amizade, e
buscar todo o tipo de informação que possa auxiliar no seu atendimento de maneira
holística, portanto é fundamental cultivar hábitos saudáveis, para que possam
manter sua capacidade funcional, para isso precisamos do apoio das redes de
suporte para que possamos junto a esta clientela articular os dois suportes de apoio:
o social e o da saúde.
A partir destas colocações feitas, convém destacar o Art. 196 da
Constituição Federal (BRASIL, 1988, p. 131) “a saúde é um direito de todos e dever
do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução
115
do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário as ações
de serviço para a sua promoção, proteção e recuperação”.
A construção se deu para atender uma necessidade crescente da população
idosa em nosso país e que de acordo com as Políticas de Saúde de Atenção a
Saúde do Idoso, que visa à capacitação dos profissionais de saúde no âmbito da
Geriatria e Gerontologia, nos propôs a construção desta proposta de formação de
grau de especialista a fim de atender aos profissionais de saúde de nível médio com
relação à atenção a saúde do idoso, respaldado na Lei de Diretrizes e Bases nº
9.394/96, Decreto nº 5.154/04, Parecer nº 04/99 e Parecer nº 16/08 na forma de que
essa proposta contemple as bases teóricas especificas da área do idoso no contexto
multi/interdisciplinar.
Após alguns encontros com os profissionais das áreas Técnicas de Saúde
da escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha, escola esta pertencente à
RETSUS, e com a participação dos colaboradores da Área de Atenção ao Idoso a
nível estadual e Municipal do município de Rio Branco foi possível construir esta
proposta.
O resultado obtido da construção desta proposta foi a definição do Perfil
Profissional que queremos formar, tendo com base a gerontologia e o desenho da
Matriz Curricular formada por cinco eixos tecnológicos norteadores desta proposta
de formação, como: Introdução ao Estudo do Envelhecimento: Um enfoque
Gerontológico; Aspectos Legais de Envelhecimento: Ética e Cidadania; Patologias
comuns a pessoa idosa; Assistência Humanizada à Pessoa Idosa; Atendimento em
Situações de Agravos a pessoa idosa e o Aspecto da Tanatologia. Esses eixos são
formados por competências, bases tecnológicas, habilidades valores e atitudes, os
quais estão apresentados nos apêndices A e B.
A nossa pretensão em relação a esta proposta ora criada será de
encaminhar para apreciação do Ministério da Saúde, do Conselho Estadual de
Educação, do Instituto de Desenvolvimento Profissional Dom Moacyr, sendo que
esta proposta é possível de modificação, para fins de efetivação junto aos órgãos no
qual será encaminhada.
116
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ANEXOS
ANEXO A - Solicitação ao Instituto de Desenvolvimento Profissional Dom Moacyr
Crechi
Ilmo.Sr.
IRALTON LIMA DE SOUZA
Diretor Presidente do Instituto de Educação Profissional Dom Moacyr Crechi.
Senhor Diretor,
Venho por meio deste, apresentar a Vossa Senhoria o tema a ser
desenvolvido para obtenção do título de Mestre em Saúde em Gestão do Trabalho,
pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI/SC “A Qualificação dos
Profissionais de Saúde de Nível Médio como Especialidade na Atenção a
Saúde do Idoso”.
O objetivo principal da pesquisa é propor uma formação no grau de
Especialista Pós-Técnico aos profissionais de saúde de nível médio, com finalidade
de qualificar estes, com habilidades e competências no atendimento a população
crescente de Idosos do nosso Estado.
Essa pesquisa tem como embasamento legal as Políticas Públicas voltadas a
Atenção ao como também a Lei de Diretrizes e Bases nº 9.294/94 o Decreto
CNE/CEB N.5.154/96, Parecer CNE/CEB nº 04/99 e Resolução CNE/CEB nº 16/99.
Solicito de Vossa Senhoria, autorizar a utilização do espaço físico para
desenvolvimento desta pesquisa na Unidade Descentralizada CEP- Saúde Escola
Maria Moreira da Rocha.
Atenciosamente,
Mirtes da Silva Andrade Ribeiro. Mestranda
132
ANEXO B - Solicitação as instituições para a liberação dos participantes
Ilmo. Sr (a).
Diretor (a):
Prezado Sr (a).
Venho por meio deste, apresentar o projeto de pesquisa intitulado: A
qualificação dos Profissionais de Saúde de Nível Médio como Especialista na
Atenção a Saúde do Idoso. Esta investigação será produzida visando desenvolver a
dissertação para o Programa de Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho.
O objetivo principal desta pesquisa é propor a construção de um curso de
especialização de nível médio aos profissionais de saúde na atenção a saúde do
idoso.
Para tanto, solicito de vossa senhoria a colaboração no sentido de estar
autorizando e liberando o participante senhor (a) fulano de tal, para fazer parte do
grupo de trabalho que irá construir esta proposta.
Certa de sua colaboração.
Atenciosamente.
Mirtes da Silva Andrade Ribeiro Mestranda
133
ANEXO C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado(a) de forma alguma.
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA
Título do Projeto: A qualificação dos profissionais de saúde de nível médio como especialidade
na atenção a saúde do idoso. Pesquisador Responsável: Juliana Vieira de Araujo Sandri Telefone para contato: (47) 9987-3129 – 3341-7932 Pesquisador colaborar: Mirtes da Silva Andrade Ribeiro Telefone para contato: (68) 3227-3816 e (68) 9206 0350
Tem como objetivo construir uma proposta de formação no grau de especialista, aos profissionais de saúde de nível médio com relação à atenção a saúde do idoso dentro do contexto interdisciplinar respaldado na Lei de Diretrizes e Bases n.9394/96, Decreto n.5154/04, Parecer CNE/CEB n.04/99 e Resolução CNE/CEB n.16/99. Será realizado junto aos profissionais que atuam na área da saúde do idoso, dos Coordenadores das Áreas Técnicas dos Cursos Técnico de Vigilancia em saúde , Técnico em Enfermagem, Técnico em Nutrição, Técnico em Agente Comunitário de saúde e Técnico em Análise Cliníca, representante do Conselho Estadual de educação, Coordenador Pedagógico da Escola Técnicaem Saúde maria Moreira da Rocha, utilizando como método de pesquisa o construtivismo através de grupos de trabalho que serão agendados quinzenalmente e o tempo médio será no máximo de duas horas,o número de encontros dependerá do desenvolvimento da contrução da proposta do Curso de especialização.Os encontros serão realizados na Escola Técnica em saúde Maria Moreira da Rocha, durante os encontros serão gravados e transcritos na integra e encaminhados de forma on-line para que todos os participantes possam obter as informações das discussões sem perder a essência do contexto para o próximo encontro. Os encontros serão realizados no período de março a junho de 2009.Destacamos que poderá retirar o seu consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo. O sigilo e anonimato serão mantidos em caráter confidencial de todas as informações obtidas. Poderá fazer questionamentos a respeito do processo. A sua participação estará contribuindo para a Formação dos Profissionais de Nível Médio como Especialidade na Atenção a Saúde do Idoso.Desta forma estaremos contribuindo para atenção integral e integrada da pessoa idosa nos moldes de linha de cuidado, com foco no usuário, baseado nos seus direitos, necessidades, preferências e habilidades, estabelecendo o fomento à saúde de forma favorável ao envelhecimento com profissionais capacitados e qualificados na atenção a saúde do idoso. Os dados serão utilizados para fins acadêmicos e como proposta a Rede de Escola Técnica do SUS, os relatórios, trabalhos de conclusão de curso, artigos, livros e resumos. Caso aceite participar, solicito que assine esse termo. Nome do Pesquisador: Juliana Vieira de Araujo Sandri e Mirtes da Silva Andrade Ribeiro Assinatura do Pesquisador:
134
CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO
Eu, ,RG , CPF abaixo assinado concordo em participar do presente estudo como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve á qualquer penalidade ou interrupção de meu acompanhamento/assistência/tratamento. Local e data: Nome: Assinatura do sujeito ou responsável: Telefone para contato:
135
ANEXO D: Termo de aceite de orientação
Eu, JULIANA VIEIRA DE ARAUJO SANDRI, professora do Programa de
Mestrado Profissionalizante em Saúde e Gestão do Trabalho, área de concentração
em Saúde da Família, declaro que a mestranda MIRTES DA SILVA ANDRADE
RIBEIRO é minha orientanda, tendo como tema de dissertação: A Qualificação dos
Profissionais de Nível Médio como Especialidade na Atenção a Saúde do
Idoso.
Itajaí, 04 de fevereiro de 2009.
JULIANA VIEIRA DE ARAUJO SANDRI Orientadora
MIRTES DA SILVA ANDRADE RIBEIRO Mestranda
136
APÊNDICES
APÊNDICE A - Quadro da Matriz do Módulo I, II e III com suas respectivas Cargas
Horárias
MÓDULO 1: Formação Básica da Atenção a Saúde do Idoso
Carga Horária (hs) Eixo Tecnológico I Base Científica e Tecnológica
T E Total
Introdução a Gerontologia: Teorias do Envelhecimento
10 - 10
Antropologia do Envelhecimento 10 - 10 Demografia e Epidemiologia do Envelhecimento
20 - 20
Psicogerontologia 10 - 10
Biogerontologia 10 - 1-
Gerontologia Social 10 - 10
Gerontologia da Saúde 10 - 10 Gerontologia Educacional 10 - 10
Eix
o I:
Intr
od
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do
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velh
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Ger
on
toló
gic
o
Seminário I: Estudo de caso relacionado ao aspecto gerontológico da pessoa idosa
- 10 -
CARGA HORÁRIA TEÓRICA 90 - -
CARGA HORARIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO - 10 -
CARGA HORÁRIA TOTAL - - 100
Quadro 1: Matriz Curricular Legenda: T = Teoria
E = Estágio
137
MÓDULO 2: Formação Especifica I da Atenção a Saúde do Idoso
Carga Horária (hs) Eixo Temático
Área de conhecimento
T E Total
As políticas de Saúde do Envelhecimento: Constituição Federal, Política Nacional do Idoso, Estatuto do Idoso,
10 - 10
Rede de Proteção ao Idoso: Redes Estaduais de Assistência ao Idoso,
10 - 10
Política de Humanização 10 - 10 Sistema Nervoso, transtornos mentais e comportamentais 10 - 16
Doenças Comuns ao Sistema Respiratório no processo de Envelhecimento
08 - 08
Doenças Comuns ao Sistema Circulatório no processo de Envelhecimento.
10 - 10
Doenças Comuns do Sistema Digestório no processo de Envelhecimento
10 - 10
Doenças comuns ao Sistema Osteomuscular no processo de
Envelhecimento
12 - 12
Doenças Comuns ao Sistema Imunológico no processo de Envelhecimento
08 - 08
Fármacologia e a terapêutica no idoso: Uso de medicações mais comuns à pessoa idosa e Interação medicamentosa e a Iatrogenia
16 - 16
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Seminário II: Apresentação de um estudo de caso na Rede de proteção ao idoso, relacionado a patologias comuns ao idoso.
- 10 -
CARGA HORÁRIA TEÓRICA 100 - -
CARGA HORÁRIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO e SEMINÁRIO II - 20 -
CARGA HORÁRIA TOTAL - - 120
138
MÓDULO 3: Formação Especifica II da Atenção a Saúde do Idoso
Carga Horária (hs) Eixo Temático Área de conhecimento
T E Total
Modalidades de Assistência ao Idoso e a Família: Impactos sobre a qualidade de vida
08 - 08
Cuidados em Domicílio: Conceitos e Práticas 08 04 12 Qualidade dos Cuidados ao Idoso Institucionalizados 10 04 14 Fragilidade no Envelhecimento: Fenômeno multidimensional 20 10 30
Planejamento e Adaptação do Ambiente da pessoa idosa. 10 10 20 Negligências e Maus Tratos à Pessoa idosa. 10 10 20 Aspectos da reabilitação cognitiva em gerontologia 20 10 20
Fonoaudiologia em Gerontologia 10 10 20 Nutrição em Gerontologia 10 10 18 Saúde Bucal do idoso 20 10 30 Fisioterapia em Gerontologia 20 10 30 Terapia Ocupacional em Gerontologia 10 12 20 Bioética e Emergência: Aspectos éticos no atendimento de emergência
12 - 12
Bioética: Envelhecimento humano e dignidade no adeus a vida
08 - 08
Bioética: morte e morrer 08 - 08
Finitude e Infinitude, repensando a vida e a morte do ponto de vista filosófico
04 - 04
Luto, Viuvez na Velhice 04 - 04
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Seminário III: Sobre a assistência Humanizada a Pessoa Idosa e atendimento em situações de agravos a pessoa idosa.
20
CARGA HORÁRIA TEÓRICA 200 - -
CARGA HORÁRIA DO SEMINÁRIO III - 20 -
CARGA HORÁRIA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO - 40 240
CARGA HORÁRIA GERAL DO CURSO 460
139
APÊNCIDE B - Matriz Curricular e os Eixos Tecnológicos, Competência, Bases
Tecnológicas, Habilidades, Valores e atitudes.
EIXOTEMÁTICO 01: Introdução ao estudo de envelhecimento: Um Enfoque Gerontológico
COMPETÊNCIA: Conhecer os conceitos necessários para uma compreensão holística do processo de envelhecimento nos seus aspectos, biológicos, sociais e culturais, para atuarem na equipe de multi- disciplinar, visando ao atendimento de apoio ao idoso.
HABILIDADES:
1.1. Conhecer e identificar a teoria do engajamento, teoria da atividade, teoria da continuidade do envelhecimento, teoria da subcultural, teoria da gerotranscendencia.
2.1Ter uma visão holística para trabalhar junto a várias culturas identificando os aspectos relativos, ao velho e a velhice na forma de inclusão na sociedade.
3.1 Conhecer os processos fisiológicos do envelhecimento nos diversos sistemas orgânico
4.1 Conhecer as alterações do processo cognitivo, comportamentais e suas conseqüências; Conhecer o processo de envelhecimento, abordando as variações de classe, gênero e Etnia .
5.1 Conhecer os aspectos biológicos e psicossociais, relacionados a inserção do idoso na sociedade; Conhecer o conceito de comunidade, família e sociedade;
5.2Conhecer o processo de envelhecimento a partir da perspectiva biocultural e sociocultural voltada para a população idosa.
6.1Conhecer os determinantes do processo saúde/ doenças relacionadas à pessoa idosa;
6.2 Conhecer os aspectos éticos e legais no campo social e da saúde da pessoa idosa.
BASES CIENTÍFICAS E TECNOLÓGICAS:
1.0 Introdução a Gerontologia: Teorias do Envelhecimento.
2.0 Antropologia do Envelhecimento.
.
3.0 Biogerontologia.
4.0 Psicogerontologia.
5.0 Gerontologia Social.
6.0 Gerontologias da Saúde
.
7.0 Gerontologias da Educação.
7.1 Conhecer a importância da educação na formação ao
longo da vida quer para a pessoa idosa quer para os
profissionais de saúde.
7.2 Saber avaliar o grau de necessidade de formação de
programas educativos ao idoso, a família e a comunidade.
VALORES/ATITUDES: Ética, Responsabilidade, Acessibilidade, Respeito, Humanização, Multiculturalismo, Responsabilidade, Organização e Solidariedade
140
EIXO TEMÁTICO 02: Aspectos Legais de Envelhecimento: Ética e Cidadania
COMPETÊNCIA: Compreender e instrumentalizar o indivíduo e a família para reconhecer os direitos do idoso e desenvolver
ações de cidadania e apoio social.
HABILIDADES:
1.1 Conhecer os direitos da pessoa idosa relacionados à moradia,
lazer e cultura, saúde, educação, transporte, trabalho, violência e
abandono.
1.2 Conhecer os artigos 229 e 230 da CF que diz respeito à pessoa e a
família
2.1 Conhecer e fazer valer as Redes de Saúde da Pessoa Idosa,
buscando a atenção integral.
BASE CIENTIFÍCA E TECNOLÓGICA:
1.O As Políticas de Saúde para o envelhecimento:
• Constituição Federal de 1988;
• Política Nacional do Idoso (PNI- Lei n° 8.842/94 e Decreto n° 1.148/96;
• Política Nacional da Pessoa Idosa (PNSPI – Portaria n° 2.528/00).
2.0 Redes Estaduais de Assistência a Saúde do idoso:
• (Portaria n° 702/02);
• Política Estadual do Idoso (Lei n° 1.343/00);
• Política Social do Idoso do município de Rio Branco/AC, n° 1.175/94.
3.0 Pactos pela Vida Portaria n° 399/06.
• Política Nacional da Atenção Básica Portaria n° 648/06.
• Política Nacional de Humanização.
3.1 Conhecer e implementar as ações de saúde dessa população tendo
como porta de entrada a Atenção Básica e a Estratégia Saúde da
Família;
3.2 Valorizar as inter-relações-humanas, buscando uma qualificação
digna prestada ao usuário de forma humanizadora ao sofrimento
alheio.
VALORES/ATITUDES: Ética, Solidariedade, Responsabilidade, Cidadania Respeito, Acessibilidade, Universalidade, Equidade
141
EIXO TECNOLOGICO 03: Patologias Comuns a Pessoa Idosa
COMPETÊNCIA: Promover conhecimento e o cuidado da equipe interdisciplinar de forma humanizadora, visando à capacidade
funcional da pessoa idosa.
HABILIDADES
1.1 Identificar os sinais de alerta nos idosos com transtornos
comportamentais e orientar aos familiares quanto às medidas
de prevenção dos idosos a fim de melhorar sua qualidade de
vida
2.1 Conhecer o processo de envelhecimento respiratório e
planejar ações multidisciplinares junto a pessoa idosa portadora
desta patologia.
3.1 Conhecer e orientar ações de prevenções primárias quanto
mudanças de estilo de vida do idoso e familiar.
3.2 Conhecer e identificar sinais e sintomas para planejar ações
multidisciplinares junto ao idoso
4.1 Orientar o idoso e a família quanto o tipo de alimentação
como medida de prevenção.
5.1 Conhecer os sinais e sintomas e Planejar e programar ações
multidisciplinares de cuidados paliativos para melhor qualidade
de vida da pessoa idosa;
5.2 Instrumentalizar um plano de ação para avaliação das
atividades da vida diária da pessoa idosa.
6.1 Conhecer e planejar junto a equipe multidisciplinar ações de
promoção de saúde ao idoso e a família.
7.1Conhecer o processo patológico da doença e planejar com a
equipe multidisciplinar ações de cuidados paliativos;
BASE CIENTIFÍCA E TECNOLÓGICA
1.0 Sistema Nervoso, transtornos mentais e comportamentais no processo de envelhecimento.
2.0 Doenças Comuns Sistema Respiratório.
3.0 .Doenças Comuns ao Sistema Circulatório.
4.0 Doenças Comuns ao Sistema Digestório.
5.0 Doenças Comuns ao Sistema Osteomuscular.
6.0 Doenças Comuns ao Sistema Endócrino.
7.0 Doenças Comuns ao Sistema Imunológico.
8.0 Farmacologia e Iatrogenia.
8.1 Conhecer e identificar os medicamentos mais utilizados e
seus efeitos terapêuticos e as reações adversas utilizados por
pessoa idosa.
VALORES/ATITUDES: Ética, Empatia, Iniciativa, Criatividade, Criticidade, Responsabilidade, Organização, Humanização e
Solidariedade
142
EIXO TECNOLÓGICO 04: Assistência Humanizada a Pessoa idosa.
COMPETÊNCIA: Capacidade de identificar os fatores determinantes da qualidade de vida da pessoa idosa, em seu contexto
familiar e social, de forma humanizadora com responsabilidade compartilhada para o desenvolvimento de ações de equipes
multidisciplinar que contribuem para o alcance de uma vida saudável.
HABILIDADES:
1.1 Compreender o significado da promoção a saúde da pessoa idosa e
sua relação com os determinantes da qualidade de vida (sociais,
políticos, econômicos, ambientais, culturais e individuais
2.1 Conhecer as diferenças estruturais e institucionais no contexto do
envelhecimento de forma a dar suporte emocional e instrumental a
pessoa idosa.
3.1 Interagir com a equipe multidisciplinar o planejamento da avaliação
global do idoso
4.0 Identificar os ambientes de risco a pessoa idosa orientando ao
idoso e a família as barreira que podem ser adequada para o ambiente
melhorando a qualidade de vida da pessoa idosa.
5.1 Conhecer as condições de vida e de saúde da pessoa idosa e seu
contexto familiar identificando condições de negligência e maus tratos
ao idoso.
Conhecer ações de reabilitação ao idoso dependente.
6.1 Conhecer e orientar para manejo das doenças crônicas e
incapacidades em vários cenários de atenção a saúde da pessoa idosa;
7.1 Conhecer os parâmetros nutricionais da pessoa idosa para que
possa orientar ao idoso e a famílias o tipo de alimentação adequada
para cada idoso de acordo com sua patologia.
8.1Conhecer as doenças bucais mais comuns no idoso e juntamente
com a equipe interdisciplinar orientar os cuidados necessários de
acordo com o grau de capacidade de cada idoso e orientar a família a
fazer o acompanhamento junto a um especialista.
9.1Conhecer ações de reabilitação ao idoso e o do grau de
dependência da pessoa idosa, para que o mesmo possa ser
acompanhado por um especialista.
BASE TECNOLÓGICA
1.0 Modalidades de Assistência ao Idoso e a Família:
Impactos sobre a qualidade de vida;
2.0 Cuidados em Domicílio: Conceitos e Práticas e
Cuidados ao Idoso Institucionalizado;
3.0 Fragilidades no envelhecimento fenômenos
multidimensionais e Autocuidado na velhice;
4.0 Planejamento e Adaptação do Ambiente para a
pessoa Idosa;
5.0 Negligências e maus-tratos a pessoa idoso;
Aspectos da Reabilitação em gerontologia:
6.0 Fonoaudiologia em gerontologia.
7.0 Nutrição em gerontologia;
8.0 Saúde Bucal do Idoso
9.0 Fisioterapia em gerontologia.
10.0 Terapia Ocupacional na gerontologia.
10.1 Conhecer e identificar as alterações morfofisiológicas para que
possam atuar em grupos junto à equipe interdisciplinar orientando a
família e/ou a pessoa idosa.
VALORES E ATITUDES: : Iniciativa Criatividade, Criticidade Responsabilidade, Organização, Humanização,Solidariedade, compaixão
143
EIXO TECNOLOGICO 05: Atendimento em situações de agravos à pessoa idosa e o Aspecto da Tanatologia.
COMPETÊNCIA: Capacidade para desenvolver ações de caráter individual e coletivo de forma humanizadora à preservação da
vida em situação de emergência e a compreensão da Finitude.
HABILIDADES:
1.1 Conhecer e identificar sinais de alerta nos casos de urgência e
emergência a fim de acionar a equipe de suporte básico de vida e
orientar os familiares e cuidadores da pessoa idosa.
2.1 Identificar os sinais de agravos a pessoa idosa e estabelecer
critérios de acesso de urgência e emergência
3.1 Saber avaliar o grau de dor da perda para a família e os
cuidadores para as devidas intervenções multidisciplinar
4.1 Interagir com a família Junto as redes sociais preparando os
mesmo quanto as dimensões do envelhecimento.
5.1 Compreender o aspecto da tanatologia, a Finitude e orientar o
idoso e a família no adeus a dignidade da vida.
BASE CIENTIFÍCA E TECNOLÓGICA:
1.0 Emergências mais comuns no idoso.
2.0 Bioética e Emergência: Aspectos éticos no atendimento de emergência e a Fisiopatologia da dor
3.0 .Repensando a vida e a morte do ponto de vista filosófico
4.0 Bioética: Envelhecimento humano e dignidade no adeus a vida.
5.0 Finitude e Infinitude: Dimensões no tempo e experiências do envelhecimento.
6.0 Luto, Viuvez na Velhice
6.1 Orientar a família na busca do atendimento de apoio psicológico
para enfrentar a fase do luto e viuvez e a solidão e a saudade do
parceiro e/ou parceira.
VALORES/ATITUDES: Iniciativa Criatividade, Criticidade Responsabilidade, Organização, Humanização, Solidariedade,
compaixão.