mini haus de marcelo aquino braga
DESCRIPTION
Caderno de projeto final para conclusão do curso da FAU da UnB no segundo semestre de 2015. Este projeto de pesquisa explora soluções inovadoras e sustentáveis no processo de projeto no desenvolvimento de novas habitações. Busca entender o atual panorama da habitação contemporânea, suas novas demandas e usos, além de compreender como os usuários ocupam a sua atual moradia e quais seus novos hábitos, considerando a tecnologia cada dia mais presente no cotidiano das pessoas. Também analisa as tecnologias de informação e comunicação e a sua relação com o homem moderno, que agora além do morar físico habita também em instâncias virtuais. Por fim o projeto alcança e vislumbra futuros possíveis de um modelo da casa híbrida - de matéria física e digital, que atenda a nova realidade do homem cada dia mais conectado.TRANSCRIPT
Autor Marcelo Aquino Braga
Orientadora Raquel Blumenschein
Mini Haus - habitação compacta nômade
Autor: Marcelo Aquino Braga
Orientadora: Raquel Naves Blumenschein
Brasília, 2015
Caderno de projeto final para conclusão do curso da faculdade de arquitetura
e urbanismo da universidade de Brasília no segundo semestre de 2015.
1. habitação 2. inovação 3. sustentabilidade 4. tecnologia 5. ciberespaço
3
2
Resumo: Este projeto de pesquisa explora soluções inovadoras e sustentáveis no
processo de projeto no desenvolvimento de novas habitações. Busca entender o
atual panorama da habitação contemporânea, suas novas demandas e usos, além
de compreender como os usuários ocupam a sua atual moradia e quais seus novos
hábitos, considerando a tecnologia cada dia mais presente no cotidiano das pessoas.
Também analisa as tecnologias de informação e comunicação e a sua relação com
o homem moderno, que agora além do morar físico habita também em instâncias
virtuais. Por fim o projeto alcança e vislumbra futuros possíveis de um modelo da casa
híbrida - de matéria física e digital, que atenda a nova realidade do homem cada dia
mais conectado.
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Abstract: This research project aims to explore innovative and sustainable solutions
in the design process in the development of new housing. It seeks to understand the
current context of contemporary housing, their new demands and uses. In addition to
understanding how users occupy their current houses and what are their new habits,
considering that technology is being more and more present in the daily life. The project
also analyse the information and communication technologies and their relationship to
the modern man, who now live beyond the physical, living also in virtual instances. To infer
and even envision possible futures of a model of the hybrid house - of physical and digital
matter, that meets the new reality of man every day more connected.
4Agradecimentos
A minha orientadora Raquel Blumenschein, que acreditou no meu tema e teve paciência e carinho comigo
durante tanto tempo;
Ao arquiteto, chefe e amigo Ricardo Reis, que me ajudou desde o início do curso e me ensinou muito do que sei
hoje;
A Ana Carolina Moreth, que me deu a luz do tema e despertou o meu interesse nesse assunto que deu vida ao
trabalho, em nossas conversas e devaneios pelas ruas de Roma;
A toda a equipe Esquadra, com a qual trabalhei nos últimos meses, que me ajudaram e me ensinaram tanto em
tão pouco tempo;
A amiga e designer Monique Gasparelli que me ajudou com a criação da marca e com dicas de design;
A minha família, que me deu suporte enquanto ficava trancado por dias no quarto trabalhando;
Aos amigos, Guilherme Floriano, Fernando Longhi, Leticia Loureiro, Juliana Monteiro, Ingrid Ribeiro, Gabriella
Chiarelli, Giulia Igliori, Eduarda Aun, Isabela Brettas, Arthur Vilela, Natália Loose, Nara Cunha, Camila Abrahão,
Laura Camargo, Caroline Albergaria, Christiani Haddad, Elizabeth Tenreiro por toda a ajuda e suporte ao longo
dessa jornada.
Ao Rodrigo Dadamos, que desenvolveu o aplicativo do projeto, mas que infelizmente não ficou disponível a
tempo de ser apresentado.
Aos parceiros, LP Brasil e Ecotelhado que ajudaram nas dúvidas em relação aos seus sistemas;
Aos professores e amigos que deram suporte de todas as maneiras no trabalho e durante a vida.
5
Se a família mudou, se os hábitos mudaram, seu espaço de morar deve acompanhar tais transformações, em busca de conforto e melhor qualidade de vida.”
REQUENA, 2007, p. 44
6 SUMÁ RI O
7
INTRODUÇÃO
C OND IC I ONA NTE S
PA R TIC ULA RIDA DE S
REFERÊ NC IAS
PROJE TO
BIBLI OGRAF IA
9
17
27
31
39
101
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► Tirinha satirizando a evolução da casa nos últimos anos Fonte: www.quadrinhosacidos.com.br
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INTRODUÇÃO
1
o ontem o hoje o amanhã
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O O N T E M | CONTEXTO HISTÓRICO
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► Ilustração homens da caverna Fonte: https://ericwedwards.wordpress.com/category/anthropology/
Graças as casas mais primitivas a espécie
humana foi capaz de se perpetuar. Elas fizeram
o homem um ser mais adaptável e capaz de
resistir as intempéries. As casas foram uma
importante criação para a evolução.
No paleolítico inferior deu-se início ao uso de
cavernas ou grutas como habitações pelos
nossos ancestrais, com o intuito de se abrigarem
de intempéries ou inimigos. Estes abrigos
exibiam porém, certas dificuldades como
serem imutáveis, mal situados e apresentarem
problemas com humidade. Uma realidade no
entanto que não era favorável para o homem
que caçava.
Normalmente se entende que a casa surge como
elemento fundamental da constituição da vida
humana no momento em que o ser humano
abandona o nomadismo e passa a abrigar-se em
sítios específicos. O desenvolvimento do conceito de
casa, assim como o da sua diferenciação do simples
conceito de abrigo, ocorre paralelo à definição por
parte do homem de conceitos como território, lugar
e paisagem: a casa, como propriedade, estabelece
relações entre indivíduos e entre grupos sociais,
passando eventualmente a ser identificada com a
ideia de poder. […] o desenvolvimento do conceito
de casa é fruto de um processo sócio-cultural, de
tal forma que em diferentes locais do mundo e
em diferentes sociedades ele evoluiu de maneiras
diversas. (MASSARA, 2002)
Pode ser encontrado no mesolítico, as
habitações semi subterrâneas mais antigas que
eram feitas de madeira, enquanto no neolítico
encontra-se construções com técnicas de
adobe ou palha trançada. As moradias eram
coletivas e constituíram as primeiras aldeias.
Até então a casa não tinha seu caráter de
propriedade privada de um indivíduo ou de sua
família. Essa ideia foi se desenvolvendo com a
evolução da antiguidade, e com a democracia
na Grécia foi quando se estabeleceu de fato. A
cidade grega estabeleceu modelos urbanos e
de relação entre as casas que permaneceram
vivos na sociedade contemporânea ocidental.
A casa na Grécia voltou-se para um pátio
interno independente do seu tamanho - que
variaram entre 150 e 250 m2, com um ou dois
pavimentos e ocupava todo o espaço possível,
além de apresentar um acesso direto a rua,
Já no período romano, diferente do grego, as
casas variaram em seu formato e tamanho.
Nelas encontravam-se dois pátios, sendo
que um deles era restrito aos homens. Havia
também dois modelos que foram disseminados,
as insulae, que eram basicamente edifícios de
diversos pavimentos usualmente atribuído
as classes mais pobres. Já o outro modelo, as
domus, eram situadas em pontos mais altos,
eram maiores, unifamiliares e destinadas as
classes mais ricas. Foi também os romanos
que criaram o conceito da villa, que eram
residências rurais. No Renascimento este
modelo foi retomado.
Durante o período medieval as questões de
higiene e soluções arquitetônicas sofreram um
regresso. O tamanho das residências ainda era
ligado as classes sociais, embora a estrutura
básica fosse um único espaço, onde todas as
atividades eram realizadas. O principal item
era uma fogueira ou lareira e o mobiliário foi
praticamente extinto dessa residência, foram
reduzidos ao mínimo. Segundo Zabalbeascoa
(2013), deu lugar ao móvel polivalente - a arca,
por exemplo era usada como banco, cama e até
mesmo mesa. O adorno também desapareceu.
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No decorrer deste período, a casa foi sendo
deixada de lado pelos arquitetos e somente a
partir do século XX, foi quando os profissionais
retomaram seu interesse por essa edificação.
Este fato foi uma consequência da Revolução
Industrial e seus consequentes problemas
sociais e urbanos.
Na casa da revolução industrial, que é
principalmente habitada por pessoas com laços
estreitos de sangue, tem-se uma organização
tripartida em social-intimo-serviço, que vem
da habitação burguesa parisiense da segunda
metade do século XIX, divisão que também
era encontrada na villa palladiana, porém de
maneira vertical, em seus três pavimentos - de
serviços, piano mobile e apartamentos. Este
padrão tripartido é o modelo vigente até os
dias atuais.
A partir segunda metade do século XX começam
a vir a tona os novos formatos familiares. A
família nuclear deixa de ser uma hegemonia e
da espaço para casais DINKs - double income, no
kids, uniões livres, casais homossexuais, grupos
sem laços familiares e a própria família nuclear
se reestrutura, tornando-se num grupo onde
cada indivíduo tem mais autonomia, diferente
de outros tempos, onde o autoritarismo dos
pais era muito maior e mais rigoroso.
O modelo de família nuclearizado se firmou no
decorrer das décadas seguintes no mundo ocidental
e teve sua consolidação fortemente amparada com
a vitória dos Estados Unidos da América na Segunda
Guerra Mundial, com a afirmação da cultura norte-
americana, que se consagrou como referência
de costumes a toda a sociedade mecanizada
moderna, disseminando mundo afora o chamado
american way of life, conforme analisa Nicolau
Sevcenko (1998). A máquina cinematográfica de
Hollywood, a partir dos anos 1940, aplicou-se em
exportar o modelo da família nuclear tradicional,
assim como seus hábitos, subúrbios, shopping
centers e automóveis e o cinema mostrou- se como
meio perfeito para divulgar tanto os produtos como
também modos de viver aos quais tais produtos
eram imprescindíveis. (REQUENA, 2007)
Junto a isso, o processo de saída dos centros:
o efeito donut - como chamado por alguns
urbanistas, priorizou a moradia nos subúrbios
e o decréscimo na população dos centros,
acarretando em problemas urbanos dos mais
diversos tipos. Já hoje a situação tende a se
reverter, com o novo panorama das famílias, já
comentado, a população mais jovem prefere
pagar mais caro por um lugar com áreas cada
vez menores, mas situadas em grandes centros
em troca dos grandes deslocamentos diários.
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Página ao lado: ► Foto da família Rockefeller
Fonte: http://paradigmatrix.net/sociedade/conspiracoes/rockefeller/a-familia-rockefeller-introducao-e-origem/ - 8/4 as 17h23
► Imagem de divulgação da série de TV americana, Modern Family Fonte: http://www.moviepilot.de/serie/modern-family/bilder/8044511
► Cena com o casal da série de TV americana, The New Normal Fonte: http://www.hollywood.com/tv
► Retrato de um casal gay Fonte: http://rebloggy.com/post/love-friends-gay-amor- lgbtq-amigos-gay-couple-namorados/76950703212
► Fotos do projeto “Tiny house, giant journey” Fonte: www.tinyhousegiantjourney.com
► Imagem que retrata a casa no desenho dos anos 80, “Os Jetsons” Seria esse o futuro que se encaminha?
Fonte: http://freshome.com/2013/03/22/what-you-can-learn-from-the-jetsons-about-home-automation/
O H O J E | JUSTIFICATIVA
Segundo Zabalbeascoa (2013), a história
demonstra algo de permanente na arquitetura:
a mudança. E se tratando da moradia, não é
diferente, embora ela mantenha a sua premissa
básica de abrigo, com o tempo suas funções e
usos foram alterados ou agregados, seja por
fatores culturais, sociais e/ou tecnológicos.
O entendimento de que se vive atualmente numa
constante revolução tecnológica é essencial
para o desenvolvimento deste trabalho. Hoje,
coisas banais do cotidiano, uma vez já foram
parte de uma revolução na sua devida época.
Faz-se necessário compreender onde o homem
se encontra e quais as mudanças que estão
alterando seu cotidiano, desde sua atividade
mais corriqueira até a mais excepcional.
O advento da internet e sua grande
popularização e expansão nos últimos anos,
proporcionou que as pessoas habitem também
no espaço virtual, mesmo sem perceber. É
totalmente normal que se faça uso deste
espaço para comunicação, socialização, acesso
a serviços, pagamentos de contas, ou seja,
tarefas intrínsecas no dia-a -dia.
Augusto Requena em sua dissertação de
mestrado, Habitar Híbrido: Interatividade e
Experiência na Era da Cibercultura, diz que:
Esta condição leva-nos a refletir sobre o
surgimento recente de um habitar expandido,
já que se ampliaram as fronteiros clássicas do
sujeito psíquico que agora, além de vestimentas,
casa e cidades, habita também instâncias virtuais.
(REQUENA, 2007,p. 21)
Levando este cenário em consideração, a
principal questão é se a residência existente
atende as necessidades atuais da população.
Necessidade essa, que nem mesmo os usuários
tem consciência. Uma vez que, as pessoas
estão acomodadas ao estilo de vida atual,
onde a casa e sua estrutura física muitas vezes
não acolhe seus moradores da maneira mais
eficiente.
Você poderia rearranjar o ambiente para que
pessoas se comportem de maneiras apropriadas.
Como, por exemplo … imagine que exista um rio.
E as pessoas continuam se afogando conforme
tentam cruzá-lo. A coisa certa a se fazer seria
construir uma ponte para atravessar o rio. Você não
precisaria de uma placa dizendo para as pessoas
usarem a ponte. Elas virão. Verão a ponte e irão usá-
la para cruzar o rio… Bem vi que existiam grandes
pontes a serem construídas. (BUCKMINSTER
FULLER, 1969 - tradução livre)
Sendo assim, é hora de repensar o desenho
da casa, que segue atualmente um modelo
burguês parisiense do século XIX - tripartida
em social-íntimo-serviço e o seu método de
construção arcaico e extremamente artesanal,
que ocasiona uma grande desperdício de
material e tempo.
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► Ilustração Fonte: https://www.flickr.com/photos/danmountford/5239110479/
Página ao lado: ► Esquemas realizados na pesquisa “The Evolving Room: Inhabiting
Zero Wasted Space” Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/761952/podemos-viver-sem-desperdicar-espaco-pesquisa-da-tudelft-aborda-o-uso-eficiente-do-espaco
O A M A N H Ã | OBJETIVOS
A partir desta nova compreensão, propõe-
se estudar um novo desenho residencial que
acompanhe o homem moderno e suas novas
necessidades - reconstruindo o que se entende
por casa, atualmente, sem desconstruir o que
se entende por lar.
E ao se falar de uma casa que pensa no futuro,
não poderia deixar de ser uma casa sustentável,
com possível emissão zero e o maior
aproveitamento de água e energia possível.
Além de se preocupar com uma construção
limpa, pre moldada ou até mesmo pré
fabricada. Pensando em todos os subterfúgios
possíveis para amparar esse objetivo maior.
Desde uma torneira que ajude na economia até
um reservatório que armazene agua da chuva.
Outra questão chave nesta residência é a
resiliência, ou seja, deve ser capaz de se adaptar
as mudanças climáticas e suas consequências.
Enchentes, falta de energia, excesso de calor e
assim por diante. E ao se adaptar a tudo isso,
deve se adaptar também ao seu usuário.
E quando se pensa nisso, porque não pensar
numa casa móvel, que possa ser transferida
de um local a outro, caso necessário. O
movimento Tiny Houses já propõe um padrão
de casa compacta em rodas, que repensa de
maneira eficaz o trailer. Fazendo que aquela
casa sobre rodas, tenha sua função de lar
bem clara, e não apenas uma casa de férias. A
ideia deste movimento que começou no EUA,
é que um jovem possa ir aonde quer que as
oportunidades o levem, sem ter nada que o
prenda. Ou seja se tem um trabalho ele pode ir
com sua casa “na bagagem”.
Ser menor é ser mais sustentável. Você gasta
menos matéria prima, seja ela qual for, você
ocupa menos espaço permeável, gera menos
resíduo, consome menos energia, menos
água, tem menos manutenção. Umas das leis
de Newton diz que dois corpos não ocupam
o mesmo lugar no espaço, mas neste caso,
podemos também pensar que um corpo não
ocupa dois espaços distintos. Então para que
uma sala de jantar, quando na maioria das
vezes ela se quer é ocupada para sua função
básica?
Chegamos ao ponto onde deveremos repensar
nossas atitudes e nossas prioridades de uma
vez por todas. No TED talk “What exactly is a ‘tiny
house’?” Amy Henion explica como essa atitude
não é algo novo, pelo contrário, cita que com
a ascensão do subúrbio as casas ficaram cada
vez maiores e segundo o US Censos Bureau
(2010), as casas americanas tem em média,
220m2. Mas isso é muito ou pouco?
O projeto ganhador do prêmio de melhor projeto
de graduação da faculdade de arquitetura, “The
Evolving Room: Inhabiting Zero Wasted Space”
realizado por Stavros Gargaretas, do estúdio
Why Factory da TUDelft, buscou examinar a
questão da eficiência definitiva do espaço,
através da catalogação de nossas atividades
diárias e da análise de nossos movimentos
corporais.
Através de uma série de testes com sensores
e todo um aparato técnico, a pesquisa se
desenvolveu em três etapas, desafiando nossas
percepções do espaço arquitetônico e de nosso
contexto físico, buscando responder a questão
“Podemos viver sem desperdiçar espaço?”
Entre os resultados obtidos cita-se que em um
apartamento de 120m2, com quatro pessoas,
o espaço realmente utilizado são apenas
12m2, ou seja, apenas 10% do espaço total do
apartamento.
Os cômodos sofreram uma grande mudança.
Hoje o quarto de cada usuário de uma casa
funciona como um mini apartamento. O
individuo tem o banheiro, a tv, a escrivaninha
(escritório), e algumas vezes até mesmo
utensílios como frigobar ou cafeteira podem
ser encontrados em um único cômodo. Ou seja,
muitas vezes dentro de um único espaço são
feitas múltiplas funções.
Um aspecto importante da pesquisa de
modelos novos de arquitetura é o processo de
desenvolvimento de projeto que exige cada
vez mais que os gantes e tecnologia sejam
integrados. A partir desta plataforma, é possível
ter um controle com gastos de materiais, preço,
eficiência energética e assim por diante.
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16
17
2
CONDICIONANTES
breeam
o homem e o
ciberespaço
nbr 15575
tic’s no Brasil
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O HOMEM E O CIBERESPAÇO | ESPACIALIDADE VIRTURAL
Invenções como o telégrafo, rádio, telefone,
televisão, celular, computador, entre outras
tantas foi o começo de uma revolução midiática,
comportamental e social. A informação nunca
tinha chegado numa velocidade tão rápido
às pessoas. Essas criações foram então,
facilitadoras no que diz direito a comunicação
direta ou indireta. Deste momento em diante, a
comunicação nunca mais foi a mesma, assim
como as relações interpessoais.
Com a atual presença e evolução constante
da tecnologia de comunicação e informação ,
é possível ter acesso ao cotidiano de qualquer
um, independente da distância que separe
os usuários. Essa troca de informação e
comunicação, dinâmica e em tempo real,
independente de como e onde esteja o espaço
físico no momento, resultou em um espaço
virtual: o ciberespaço1. E quando se fala em um
1 A palavra ciberespaço foi inventada em 1984 por William Gibeson em seu obra de ficção científica Neuromante
novo espaço e a melhoria de seu uso, não seria
o arquiteto o profissional qualificado para esse
trabalho? Pierre Lévy, filósofo e professor no
departamento de Hipermídia a Universidade
de Paris, diz:
Eu defino o ciberespaço como o espaço de
comunicação certo pela interconexão mundial dos
computadores A palavra ciberespaço foi inventada
em 1984 por William Gibeson em seu obra de
ficção científica Neuromante e das memórias do
computadores. (LÉVY, 1999, P. 92)
Com o crescimento do capitalismo, esse cenário
tendeu a crescer cada dia mais e dominar nossa
realidade. Hoje, independente da renda, classe,
gênero ou seja qual for a distinção, é provável
encontrar este indivíduo com pelo menos um
smartphone em mãos. As tecnologias portáteis
e agora tecnologias “vestíveis” (wearable
technology) que já começam também a serem
lançadas - o Apple Watch, por exemplo, um
relógio, que se conecta ao celular e internet e
proporciona funcionalidades, jamais pensadas
para o seu “relógio” - expandindo assim, cada
vez mais, o acesso ao ciberespaço.
(...) a popularização da rede e a ampliação
e diversificação de ferramentas e websites
disponíveis gratuitamente online permitem que,
mesmo sem perceber, partes do habitar das
pessoas se desenvolvam mais e mais no espaço
virtual. Da criação de laços de sociabilidade
ao acesso a serviços públicos, de transações
comerciais ao desempenho de tarefas diárias
diversas, um número crescente de atividades
faz desse novo lugar eletrônico uma extensão
necessária e socialmente aceita dos espaços físicos.
(TRAMONTANO; REQUENA, 2007)
Hoje alguns serviços públicos, como bike
sharing, é inacessível caso não se tenha
um smartphone, por exemplo. Já por outro
lado, segundo matéria do site G1, cerca de
120 orelhões somem nas ruas do país por
dia. Foi uma perda de um terço de seus
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Nossa civilização está passando por uma mudança radical
- de proporções similares à revolução industrial, que criou
um novo ecossistema cultural no qual o modernismo
arquitetônico foi criado - em direção a um mundo digital onde
novas tecnologias são desenvolvidas a taxas exponenciais.”
CHOE, 2014
► ilustração de Boyoun Kim Fonte: http://www.newyorker.com/business/currency/live-forever
► Esquemas realizados na pesquisa “The Evolving Room: Inhabiting Zero Wasted Space” Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/761952/podemos-viver-sem-desperdicar-espaco-pesquisa-da-tudelft-aborda-o-uso-eficiente-do-espaco
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► Relógio dos anos 90 com calculadora Fonte: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-648402879-relogio-casio-ca-53-w-calculadora-alarme-cronmetro-_JM
► Apple Watch, o mais novo lançamento da Apple atualmente Fonte: www. apple.com
► Evolução do Macintosh em 31 anos - Apple de 1984 a 2015 Fonte: http://nourmalasantika.blogspot.com.br/2013/03/sejarah-dan-perkembangan-komputer.html
aparelhos em dez anos, e para evitar o seu
desaparecimento, a peça que já se encontrava
obsoleta, começou a absorver a tecnologia 3G
e wifi. E além, num âmbito ainda mais social,
segundo reportagem da Folha de São Paulo,
o Ministério das Comunicações prepara um
projeto para levar internet com velocidade
de 25Mbps a 98% dos domicílios até 2018. Ou
seja, o acesso ao ciberespaço está se tornando
prioridade de empresas e até mesmo do poder
público, praticamente como um serviço de
infraestrutura, como água, esgoto ou energia.
Uma das preocupações de muitas pessoas, é
o distanciamento que esse novo modo de vida
pode trazer. Mas não seria o caso de entender
o melhor como funciona e de alguma maneira
absorver tudo isso de uma maneira saudável?
Segundo uma reportagem do site Tec Mundo,
o criador da rede social Facebook, Mark
Zuckerberg, respondeu algumas perguntas
enquanto visitava Bogotá para a inauguração
da ONG internet.org2, que busca levar a internet
aqueles que ainda não acesso a rede. Entre as
perguntas, quando questionado sobre sua rede
social daqui há 10 anos, acabou falando em
2 Essa ONG busca levar a internet aqueles que ainda não tem acesso a rede.
um panorama geral da internet, e vale destacar
dois pontos de sua resposta: primeiro, segundo
ele, haverá muito mais gente na internet;
segundo, o futuro da computação será baseado
em realidade aumentada, proporcionando
comunicação sem distrações e com a cabeça
erguida.
Em uma palestra da Campus Party de fevereiro
de 2012 noticiada pelo site olhar digital, o físico
norte americano e professor da Universidade
de Nova York, Michio Kaku também fez uma
previsão para os próximos dez anos. Chegou
a ouvir 300 dos principais cientistas do mundo
para desenvolver sua pesquisa. E dentre
diversas previsões, vale destacar algumas
como o fato do computador estar em todos os
lugares e ao mesmo, em lugar nenhum - como
a eletricidade, no chão, teto, parecer, mas não
é visível.
Além disso, diz ainda sobre poder controlar
aparelhos com da mente, sobre grandes
avanços na área da medicina, sobre inteligência
artificial e o uso da internet com um piscar de
olhos - através de lentes de contato. Reforça
também a previsão de Zuckerberg sobre a
realidade aumentada:
Os computadores que conhecemos hoje deixarão
de existir, e a internet estará em tudo - incluindo os
seus óculos, que serão capazes de reconhecer os
rostos das pessoas e ver suas biografias. Elas vão
falar chinês e você vai ler as legendas do idioma
bem diante dos seus olhos (KAKU, 2012)
Para o progresso desses fatos e tantos outros,
a internet deve suportar tal uso, coisa que
não acontece exatamente nos dias atuais.
Porém já está em discussão e elaboração
a nova tecnologia 5G, com promessas de
experimentação já nas Olimpíadas de inverno
de Pyeongchang, na Coréia do Sul, em 2018.
Esta nova geração de internet dará respaldo
para que essa nova onda de inovações e
transformações possa acontecer.
21
► Grupo de pessoas usando smartphones Fonte: http://www.pfhub.com/year-2020-only-90-of-the-worlds-population-will-be-connected-1411/
► Cena do filme “Vingadores” (2012), com direção de Joss Whedon, onde os personagens Tony Stark (Robert Downey Jr.) e Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) planejam a reforma da torre de sua torre com o auxílio de um holograma interativo Fonte: http://marvelcinematicuniverse.wikia. com/wiki/
► Cena do filme “De Volta para o Futuro 2” (1989), com direção de Robert Zemeckis, temos o personagem Marty McFly (Michael J.Fox) viaja para o futuro, em 2015 e encontra diversas novidades que acreditavam, entre erros e acertos para o ano de 2015, temos esta cena de Marty usando um óculos tecnológico. Fonte: https://www.youtube.com/ watch?v=JKL4q_NeDK4> acesso em 07.06, 15:01
► imagem retirada do vídeo de divulgação do Microsoft Hololens Fonte: https://www.microsoft.com/microsoft- hololens/en-us/experience
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*As informações contidas neste capítulo foram retiradas das pubicações encontradas no site cetic.br]a
Esse capítulo busca entender o atual panorama
brasileiro no que diz respeito as pessoas, seus
domícilios e o uso das TIC’s.
O Centro Regional de Estudos para o
Desenvolvimento da Sociedade da Informação
(Cetic.br) realiza, desde 2005, a pesquisa TIC
Domicílios com o objetivo de medir a posse, o
uso e os hábitos de uso de computador, Internet
e dispositivos móveis da população brasileira a
partir de 10 anos de idade.
Os telefones celulares se consolidam como
o tipo de equipamento TIC mais presente
nos domicílios brasileiros – com crescimento
substancial da utilização como plataforma
para o acesso à Internet. Outros aparelhos
móveis, como tablets e computadores portáteis
também estão mais presentes nos domicílios
brasileiros, reforçando a crescente tendência à
mobilidade.
A presença de computador nos domicílios
segue tendência de crescimento verificada
ao longo dos últimos anos. Em 2013, quase a
metade dos domicílios brasileiros (49%) possuía
computador e 43% tinham acesso à Internet.
Enquanto diminuiu a proporção de domicílios
com computadores de mesa (63% em 2013),
cresceu a proporção de computadores portáteis
(57% em 2013) e a presença de tablets (passou
de 2%, em 2011, para 12%, em 2013).
A pesquisa indica uma ampliação na proporção
de usuários de Internet. É a primeira vez que a
proporção de usuários de Internet ultrapassa
a metade da população. Contudo, há uma
notável diferença etária quanto ao perfil dos
usuários. Entre os indivíduos de 10 a 15 anos a
proporção de usuários chega a 75%. Entre os de
16 a 24 anos, ela é de 77%. Dentre as pessoas de
35 a 44 anos, 47% são usuários, enquanto entre
os indivíduos de 45 a 49 anos essa proporção é
de 33%. A pesquisa mostra ainda que apenas
11% das pessoas com mais de 60 anos são
usuárias da rede. Em números absolutos, mais
de 45 milhões de pessoas de 45 anos ou mais
não usam a Internet.
Aumenta o uso da Internet pelo telefone
celular. Em 2013, a pesquisa TIC Domicílios
estima 52,5 milhões de usuários de Internet
pelo telefone celular no Brasil, o que equivale a
31% da população. Esse percentual era de 15%
há dois anos. A pesquisa aponta ainda que 30%
dos usuários de telefone celular acessaram
redes sociais a partir do aparelho; 26%
compartilharam fotos, vídeos ou textos; 25%
acessaram e-mails; e 23% baixaram aplicativos.
TIC’S NO BRASIL| PANORAMA ATUAL
23
► Fonte: http://allthingsd.com/20120803/apples-case-against-samsung-in-three-pictures/
NÚMERO DE MORADORES EM DOMICÍLIOS PARTICULARES PARTICULARES PERMANENTES
COMPUTADORES EM RESIDÊNCIAS NO ANO DE 2005 COMPUTADORES EM RESIDÊNCIAS NO ANO DE 2011
TIC’S NO BRASIL| PANORAMA ATUAL
24
Desenvolvido e lançado pelo BRE em 1990, o
BREEAM é um método de avaliaçao ambiental
e um sistema de classificaçao para edificaçoes
reconhecido internacionalmente. Esta ativo
hoje, em mais de 50 paises e ja certificou mais
de 250 milhoes de edificios pelo mundo. Se
tornou uma das medidas mais abrangenres e
amplamente reconhecidas de desempenho
ambiental, definindo um padrao para projetos,
construçoes e operaçoes sustentaveis.
Utilizando a análise de critérios cientificamente
embasados que abrangem uma série de
questões que avaliam: energia, uso d’água,
saúde e bem-estar, poluição, transporte,
materiais, resíduos, uso da terra, ecologia e
processos de gestão. A partir deles, os edifícios
são classificados e certificados em uma escala
de: “Aprovado”, “Bom”, “Muito bom”, “Excelente”
e “Proeminente”
Para o protótipo utilizaremos os requisitos
mínimos de desempenho de uma habitação
para a classificação ”Muito bom” do BREEAM,
que são: Gestão, Saúde e bem estar, Energia,
Água, e Inovação. Cada requisito mínimo
possui uma série de questões que devem ser
atendidas minimamente por pelo menos um
dos critérios de avaliação descritos abaixo:
R Gestão
• Sustentabilidade
Garantir a entrega de um ativo funcional
e sustentável projetado e construído
de acordo com as expectativas de
desempenho e de acordo com os critérios
de avaliação: projeto e concepção,
construção e entrega, e pós-ocupação.
• Funcionalidade
Projetar, planejar e entregar edifícios funcionais
inclusivos e acessíveis, de acordo com usuários
atuais e futuros da edificação de acordo com
os critérios de avaliação: design inclusivo e
acessível, manual do usuário, avaliação do pós-
ocupação e divulgação de informação.
R Saúde e Bem estar
• Conforto Luminoso
Iluminação natural, iluminação artificial e
controles dos ocupantes são considerados na
fase de projeto para garantir desempenhos
luminotécnicos melhores, práticas e conforto
para os ocupantes do edifício de acordo
com os critérios de avaliação: pré-requisito
(Lâmpadas fluorescentes de alto desempenho
ou LED), iluminação natural, controle de
ofuscamento, iluminação externa e interna.
• Qualidade interna do ar
Reconhecer e incentivar um ambiente interno
saudável através da especificação e instalação
de ventilação adequada, equipamentos e
acabamentos de acordo com os critérios de
avaliação: pré-requisito (nenhum material
pode conter amianto), minimizar as fontes
de poluição do ar (tintas com componentes
voláteis), e potencial para ventilação natural.
• Qualidade da água
Minimizar o risco de contaminação da água em
edifício de serviços e garantir o fornecimento
de fontes limpas, frescas de água para a
construção de usuários de acordo com os
critérios de avaliação: todos os sistemas de
água do edifício devem ser projetados de
acordo com as medidas definidas nos guias
de saúde e segurança dos regulamentos
nacionais relevantes para minimizar o risco de
contaminação microbiana.
R Energia
• Monitoramento da energia
Reconhecer e incentivar o monitoramento
do consumo de energia operacional
através de sub-medição de acordo com os
critérios de avaliação: Os principais sistemas
consumidores de energia (Aquecimento e
refrigeração de ambientes, Aquecedores de
água, Umidificação, Ventiladores, iluminação)
devem ser monitorados usando um sistema
Building Energy Management (BEMS). Um
BEMS acessíveis são fornecidos abrangendo
o fornecimento de energia a todas as área ou
no caso de edifícios ocupações individuais,
por andar. Quando o edifício tem uma variada
gama de funções com diferentes perfis de
consumo de energia, a medição deve cobrir o
fornecimento de energia por áreas funcionais /
departamentos relevantes.
R Água
• Consumo da água
Reduzir o consumo de água potável para
uso sanitário qualquer tipo de edifícios
através do uso de componentes eficientes
de água e sistemas de reciclagem de
água.• Monitoramento da água
Garantir que o consumo de água possa
ser monitorado e controlado e, portanto,
incentivar a redução do consumo de acordo
com os critérios de avaliação: especificação de
um medidor de água na rede de abastecimento
para cada edifício (Medidor Principal), locais
com grande consumo de água na construção
devem ser equipados com sub-medidores
ou medidores secundários (Ex: Piscinas,
lavanderia, cozinha), cada medidor (principal e
secundário) deve ter a capacidade de apresentar
uma leitura instantânea do consumo.
R Inovação
Um dos objetivos do BREEAM é apoiar a
inovação na indústria da construção civil.
Isso é possível através de créditos adicionais
disponíveis para reconhecer os benefícios
relacionados à sustentabilidade ou aos níveis
de desempenho, que atualmente não são
reconhecidos.
Desta forma, o BREEAM premia edifícios que vão
além das melhores práticas em termos de um
determinado aspecto da sustentabilidade, ou
seja, onde o edifício ou a sua gestão demonstrou
inovação. Assim, conceder créditos para a
inovação permite aumentar o desempenho
de seus edifícios e, além disso, ajuda a apoiar
o mercado para novas tecnologias, design ou
construções inovadoras.
Há duas maneiras pelas quais o BREEAM
concede créditos de inovação:
• Exemplar:
A primeira é por critérios de desempenho
definidos exemplares em uma edição BREEAM
existente, ou seja, indo além dos critérios de
avaliação padrão do BREEAM.
• Inovador:
A segunda é por pedido feito para a BRE
pelo assessor do BREEAM, a fim de que uma
determinada tecnologia de construção ou
recurso, projeto ou processo de construção seja
reconhecido como “inovador”. Se a candidatura
do projeto for aprovada e o cumprimento for
verificado no pós-obra, um crédito de Inovação
pode ser concedido.
Um adicional de 1% pode ser acrescido à
pontuação geral de um edifício para cada
crédito de inovação alcançado. O número
máximo de créditos de inovação que pode ser
concedido por qualquer edifício é de 10%.
BREEAM| Building Research Establishment Environmental Assessment Metodology
25
NBR15575| NORMA DE DESEMPENHO
A NBR 15.575/2013 foi redigida segundo
modelos internacionais de normatização de
desempenho, ou seja, para cada necessidade
do usuário e condição de exposição, aparece
a sequência de: requisitos de desempenho,
critérios de desempenho, e respectivos métodos
de avaliação. Os requisitos de desempenho da
Norma são:
R Requisitos Gerais:
• Saúde, Higiene e Qualidade do ar.
A habitação deve prover condições adequadas
de salubridade aos seus usuários, dificultando
o acesso de animais e propiciando níveis
aceitáveis de partículas em suspensão, micro-
organismos, bactérias, gases tóxicos e outros.
O sistema de água fria deve ser preservado
contra qualquer risco de contaminações.
• Adequação Ambiental.
Em função do estado do conhecimento na área,
e da própria disponibilidade de legislações
específicas, a NBR 15.575 não estabelece
requisitos e critérios específicos de adequação
ambiental. A norma recomenda dispor os
sistemas hidro-sanitários com aparelhos
economizadores de água e estabelece ainda,
que não deve haver risco de contaminação do
solo ou do lençol freático pelos sistemas prediais
de esgoto. Fica determinado também que as
águas servidas provenientes dos sistemas
hidro-sanitários devem ser encaminhadas às
redes públicas de coleta.
R Desempenho estrutural.
A estrutura deve atender, durante a vida útil do
projeto, aos seguintes requisitos:
• Não ruir ou perder a estabilidade de
nenhuma de suas partes;
• Prover segurança aos usuários sob ação
de impactos, vibrações e outras solicitações
decorrentes da utilização normal da edificação,
previsíveis na época do projeto;
• Não provocar sensação de insegurança
aos usuários pelas deformações
de quaisquer elementos da edificação;
• Não repercutir em estados inaceitáveis
de fissuras de vedações e acabamentos;
• Não prejudicar a manobra normal
de partes móveis, tais como portas e
janelas, nem repercutir no funcionamento
anormal das instalações em face das
deformações dos elementos estruturais;
• Atender às disposições das normas NBR 5629,
NBR 11682 e NBR 6122 relativas às interações
com o solo e com o entorno da edificação.
R Segurança contra incêndio
A norma visa, em primeiro lugar, à integridade
física das pessoas e, depois, à própria segurança
patrimonial. Os critérios possuem recursos
para: dificultar o início de incêndio e a sua
propagação; o Tempo Requerido de Resistência
ao Fogo – TRRF de elementos e componentes
da construção; as rotas de fuga; a propagação
de fumaça; os equipamentos de extinção; e
também a facilidade de acesso dos bombeiros
para combate a incêndios já deflagrados.
R Segurança no uso e operação
Nesta parte da Norma ficam determinados
requisitos e critérios visando a minimizar a
possibilidade de ferimentos nos usuários
da habitação, choques elétricos, tropeções,
quedas e queimaduras. Isso inclui, por exemplo,
a quantificação do coeficiente de atrito de
pisos, a resistência mecânica de guarda-corpos,
os cuidados na manutenção de telhados entre
outros.
R Funcionalidade e Acessibilidade
A Norma vai além dos atributos essenciais,
como desempenho estrutural e segurança
contra incêndio, de modo que a habitação
apresente compartimentação adequada e
espaços suficientes para a disposição de
diversos utensílios domésticos como camas
e armários. Além dos espaços e pé-direito
mínimos, são estabelecidos critérios regulando
a acessibilidade de pessoas com necessidades
especiais, como determina a Norma de
Acessibilidade NBR 9050/2004.
• Conforto Tátil e Antropodinâmico
Com base nos princípios da ergonomia, na
estatura média das pessoas e na força física
passível de ser aplicada por adultos e crianças é
que devem ser desenvolvidos os componentes
e equipamentos da construção. Estabelece
ainda a planicidade requerida para os pisos que
limitarão também as vibrações que poderiam
causar desconforto.
R Desempenho Termo-acústico-luminoso
• O adequado desempenho térmico repercute no
conforto das pessoas e em condições adequadas
para o sono e atividades normais em uma
habitação, contribuindo ainda para a economia
de energia. A avaliação de desempenho pode
ser feita com base nas propriedades térmicas
dos materiais das fachadas e das coberturas,
ou ainda por simulação computacional.
• O ruído gerado pela circulação de veículos,
crianças brincando, música alta e a circulação
de pessoas ou queda de objetos no apartamento
vizinho são causas de desconforto. Por
isso, faz-se necessária a adequada isolação
acústica por parte de fachadas, coberturas,
entrepisos e paredes de geminação.
• A Norma de desempenho 15.575 estipula
níveis requeridos de iluminância natural e
artificial nas habitações, reproduzindo, neste
último caso, as próprias exigências da Norma
de Iluminação de Interiores, a NBR 5413.
R Estanqueidade à água
A saúde e higiene dos moradores de uma
habitação podem ser comprometidas por
uma série de fatores, sendo a umidade a fonte
potencial de doenças respiratórias, formação
de fungos e outros. Além disso, a durabilidade
da construção está diretamente associada à
proteção de seus elementos dos efeitos da
água. A NBR 15.575 estabelece critérios para
estanqueidade de fachadas, pisos de áreas
molhadas, coberturas e demais elementos da
construção, incluindo as instalações hidro-
sanitárias.
R Durabilidade e Manutenibilidade
A habitação é o bem mais almejado pelos
seres humanos. Tem significado emblemático,
que, em muito, transcende a posse material.
Particularmente nos casos de financiamentos
prolongados, é extremamente importante que a
construção mantenha características aceitáveis
de desempenho durante prazo denominado na
norma como “Vida Útil de Projeto”. A vida útil
da edificação depende da eficiência do projeto,
da construção, das condições de agressividade
do meio e dos cuidados no uso e manutenção.
A durabilidade prevista em projeto só poderá
ser atingida no caso do seu uso correto e pela
adoção de eficientes processos de manutenção
de acordo com o manual do usuário.
*As informações contidas nestes capítulos foram retiradas de SILVA, Guilherme Garcia Nunes. Protótipo para habitação de interesse social: industrializada e sustentável. Brasília, 2014
26
27
3
PARTICULARIDADES
terrenométodo moderno
de construção
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► Imagem do esquema de construçao do projeto My Micro NY Fonte: www.archdaily.com.br/br/763437/primeiros-microapartamentos-pre-fabricados-de-nova-iorque-serao-concluidos-ainda-este-ano
► Impressora 3D de grandes dimensões criada pelo professor Behrokh Khoshnevis da Universidade da Califórnia do Sul Fonte: http://www.engenhariacivil.com/impressora-3d-constroi-casas
O MMC consiste na produção de habitações
em fábricas, tendo por benefícios: maior
velocidade na produção, melhoria na qualidade
do produto e diminuição de gastos de energia
e geração de resíduos. Geralmente, o MMC é
determinado pela execução de algumas partes
da casa fora do canteiro de obra, numa fábrica
específica.
Os principais produtos do MMC são painéis e
módulos. Os painéis incluem paredes, pisos e
telhados pré-fabricados, que são transportados
para o canteiro e podem ser montados
rapidamente. Já os módulos, chamados de
Ready-made rooms (cômodos prontos), são
ambientes completos que ao serem encaixados,
assim como peças do jogo Lego, conformam a
habitação no local de destino. Esses módulos,
por vezes, são agrupados na própria fábrica,
saindo de lá uma moradia praticamente pronta
para habitar.
O MMC inclui uma série de métodos
construtivos inovadores , como por exemplo,
os painéis de concreto. Uma gama de materiais
podem ser utilizados, porém a madeira, o aço
e o concreto são os materiais mais utilizados.
Em 2003, o UK Housing Corporation publicou
um sistema de classificação que foi adaptado e
utilizado por outras corporações. Este sistema
foi dividido em três principais classificações: (1)
a construção volumétrica, (2) a construção em
painéis e (3) a construção híbrida.
R A construção volumétrica, também
conhecida como construção modular, é
constituída por unidades tridimensionais
produzidas inteiramente em fábrica,
transportadas já prontas para o canteiro de
obras e montadas em cima da fundação. As
unidades são produzidas com materiais ou
métodos inovadores como light steel frame
(estrutura de aço dobrado a frio) e wood
frame (estrutura de madeira). A construção
volumétrica é muito eficiente, principalmente,
quando várias unidades idênticas são
produzidas em larga escala, e sendo
utilizadas em pequenas residências ou flats.
R A construção em painéis é definida pela
produção das partes que constituem as
vedações externas e divisões internas de uma
construção, sendo as mesmas confeccionadas
em fábrica para serem encaixadas no canteiro
de obra formando a estrutura. O sistema pode
incluir paredes, pisos e telhados para criar
a estrutura completa. Os principais tipos de
painel são:
• Painéis abertos: painéis entregues no canteiro
apenas com a estrutura. O isolamento, janelas,
instalações etc são colocados no local da obra.
• Painéis fechados: painéis com a mesma
estrutura do aberto, porém já vêm de fábrica com
isolamento, janela, instalações e acabamentos.
• Painéis de concreto: painéis com mesmas
características dos painéis fechados, porém
sua estrutura é feita em concreto moldado na
fábrica.
R A construção híbrida, também conhecida
como semi-volumétrica, é basicamente
constituída pelas unidades volumétricas
integradas com o sistema em painéis ou com
o sistema tradicional. Ambientes com muitas
instalações e acabamentos, como banheiros e
cozinhas, podem ser construídos utilizando a
construção volumétrica, ao passo que outras
partes são executadas com o sistema em
painéis.
A industrialização da construção com a
utilização de materiais e métodos inovadores,
promovido pela utilização do MMC, demanda
a especialização de toda a cadeia construtiva.
Independente da tipologia escolhida, desde
a produção dos materiais, a logística de
transporte, a modulação, a mão de obra e
as fábricas especializadas até a chegada ao
canteiro de obra, a montagem final precisa ser
adaptada e estar preparada para a utilização
do método.
Sabendo do mmc e suas opções, de acordo
com o desenvolvimento do projeto, será
escolhido um método mais eficaz e condizente
com a realidade disponível. A busca poderá ir
além e propor novos métodos construtivos que
possam vir a sair desse padrão (volumétrico,
painel ou híbrido), mas não deixando perder
a ideia de termos uma obra com o mínimo de
resíduos, rápida e segura, com bons retornos
enquanto características de isolamento térmico
e acústico.
METODO MODERNO DE CONSTRUÇÃO| MMC
29
O CEPAC é resultado de uma parceria entre
agentes públicos, privados e acadêmicos
do Brasil e do Reino Unido com o intuído de
desenvolver, testar e disseminar inovações e
tecnologias na produção e manutenção do
ambiente construído.
É uma instituição com a missão de trabalhar em
rede para fomentar inovações tecnológicas, de
alto desempenho, baixo custo e sustentáveis,
atendendo a atual e futura demandas
enfrentadas pelo setor da construção no
Brasil. Baseado no modelo desenvolvido pelo
Building Research Establishement (BRE) o
CEPAC é uma plataforma que integra pesquisa
ao setor produtivo, onde a própria indústria,
coletivamente, pode investir em ciência,
pesquisa e desenvolvimento, acelerando o seu
processo de evolução. Este modelo amplifica
ainda, o impacto de investimentos públicos e
oferece a oportunidade de fortalecimento do
alinhamento de políticas, metas, programas
e ações do MCTI, MEC, Mcidades, MDIC, MMA
entre outros.
As principais ações do CEPAC são:
1. Atendimento a Estratégia Nacional de
Ciência, Tecnologia e Inovação do MCTI (2012),
que entre outras estratégias, estabelece
fortalecer o desenvolvimento de inovações
tecnológicas para a evolução de projetos de
cidades sustentáveis, em especial nas áreas
de habitação popular, saneamento básico,
redução das emissões de carbono e fontes
alternativas de energia;
2. Integração de redes de pesquisa nacionais
e internacionais a partir de uma demanda
específica do setor produtivo, público, privado
ou academia;
3. Desenvolvimento tecnológico de produtos
a partir de demandas específicas do setor
produtivo, público, privado ou academia;
4. Desenvolvimento de soluções tecnológicas
para melhoria de processos produtivos e
produtos no âmbito do Programa Minha Casa
Minha Vida e/ou outras Políticas de Habitação
de Interesse Social
5. Atendimento das necessidades do setor da
construção de ensaios e inspeções;
6. Teste e certificação de materiais /
componentes / sistemas;
7. Consultorias;
8. Capacitação, treinamentos e eventos
técnicos;
9. Criação de uma plataforma de geração,
gestão, integração e difusão de conhecimento,
composta e apoiada por um conjunto de
instrumentos, ações e ferramentas.
Estão previstos para a infraestrutura do CEPAC:
um edifício de laboratórios para pesquisa,
desenvolvimento e ensaios tecnológicos
visando a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e
a prestação de serviços à indústria; uma praça
de exposição de protótipos de edificações
para demonstração de materiais, tecnologias
e sistemas; um centro de estudo e pesquisa
de energia de baixo carbono; um centro de
visitantes e um edifício sede administrativo.
Por se tratar de uma unidade habitacional que
possa ser replicada e adaptada a cada terreno
em que venha ser inserida. Esse parque de
protótipos foi escolhido como terreno, por ser
um projeto em caráter de pesquisa, que visa
uma experimentação que vai além do terreno
e com o intuito de que de fato possa vir a ser
construído no futuro.
CEPAC| O TERRENO
*As informações contidas nestes capítulos foram retiradas de SILVA, Guilherme Garcia Nunes. Protótipo para habitação de interesse social: industrializada e sustentável. Brasília, 2014
30
31
referências
4
REFERÊNCIAS
apartamento modelo
diogene
my micro ny
casa aph80
kasita
studio brasília 27
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► Cortes esquematicos e o projeto no campus da empresa Vitra Fonte: http://www.gizmag.com/renzo-piano-micro-home-diogene/27923/
O projeto atual, com modestos 2,5x3
metros, é o resultado dessa colaboração.
O projeto conta com captação de agua e
sistemas energéticos, resultando numa casa
inteiramente independente e com tudo aquilo
necessário para se viver num estilo de vida
simples. Construída em madeira e revestida em
alumínio, seu interior conta com um sofá cama,
mesa dobrável, banheiro, cozinha e espaço
para armazenamento.
A ideia vem desde o tempo de estudante
do arquiteto, quando o arquiteto ja pensava no
espaço mínimo no qual uma pessoa poderia
viver. O protótipo é nomeado de Diogene, em
referência ao filosofo grego que dizem ter vivido
em um barril - Diógene de Sinope. O projeto teve
seu primeiro protótipo concebido ha um pouco
mais de 10 anos, sem um cliente em particular,
quando Piano publicou seu resultado em
Being Renzo Piano, uma monografia sobre o
seu trabalho. Apenas em 2010, quando Rolf
Fehlbaum, presidente da Vitra, depois de ja ter
visto o projeto, encontra o arquiteto enquanto
eram membros do juri do Prêmio Pritzker e
acabam concordando em desenvolver juntos o
projeto.
D I O G E N E | RENZO PIANO
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► Imagens da Casa APH80 - Projeto de Abaton Arquictetura Fonte: http://www.detail.de/architektur/themen/kompakt-und-mobil-portable-house-aph80-024601.html
A ideia desta casa é que o proprietário possa
leva-la consigo aonde quer que vá. Este projeto,
foca numa residência econômica, e bonita, que
poder ser transportada facilmente, por um
caminhão, por exemplo.
Com 27m2, este projeto que conta apenas
com materiais recicláveis e é praticamente
autossuficiente, tem sua fabricação concluída
em aproximadamente um mês e sua montagem
final pode ser feita em 24 horas. Sua estrutura é
de madeira certificada e revestida por cimento
e isolantes térmicos.
O atual projeto tem seus espaços divididos em
três ambientes: cozinha/sala de estar, banheiro
com água quente e um dormitório. Suas
paredes são feitas com painéis de madeira
pintados de branco.
Por hora, seu o desenho e fabricação ainda são
feitos apenas na Espanha.
C A S A A P H 8 0 | ABATON ARQUICTETURA
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► Imagens do Studio Brasilia 27 - apartamento do arquiteto Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/756524/studio-brasilia-27-fabio-cherman
Localizado na Asa Sul, esse apartamento é a
atual residência do arquiteto Fabio Cherman. O
projeto multifuncional permite que ele durma,
cozinhe, receba amigos e até mesmo hospede
alguém em apenas 27m2.
Tudo isso devido as soluções espaciais
aplicadas ao pequeno apartamento, como uma
cama que sobrepõe, de maneira fácil o sofá. Ou
a mesa dobrável que ainda esconde uma outra
cama destinada a hóspedes.
Para adicionar uma atmosfera mais acolhedora
foram adicionadas duas peças do arquiteto
Sérgio Rodrigues - a poltrona Diz e o banco
Mocho. Além disso, foi encomendado um
azulejo personalizado para o artista João
Henrique, que traz um pouco de cor para o
projeto que tem materiais e cores neutras.
S T U D I O B R A S Í L I A 2 7 | FABIO CHERMAN
35
► Imagens do Studio Brasilia 27 - apartamento do arquiteto Fonte: www.businessinsider.com/
► Imagens do projeto de Hill para seu apartamento no Soho, NY Fonte: http://www.wired.co.uk/magazine/archive/2013/03/start/your-life-in-39m-squared
Criador de duas empresas que foram vendidas
por US$ 10 milhões cada, o arquiteto, designer
e ambientalista Graham Hill, resolveu não
apenas adotar as moradias compactas, como
também auxiliar no processo de sua difusão.
Projetou esse apartamento para ele, no Soho,
em Nova York, que serviu como modelo para
a empresa que criou - LifeEdited. A proposta é
difundir e auxiliar neste estilo de vida editado.
Com projetos por Las Vegas, Nova York e até
mesmo São Paulo, Hill tem a seguinte filosofia:
We can live happier, healthier and more
sustainable lives with less stuff and less space.
Nomeado pelo New York Times (2012), como
seu apartamento do futuro, o projeto com
aproximadamente 39m2, contempla um único
espaço que pode se transformar em quarto,
sala de estar e até mesmo abrir espaço para
uma mesa de jantar que acomoda 12 pessoas.
Além disso pode ser dividido por uma parede
deslizante, que abriga um quarto de hospedes
para duas pessoas. Segundo ele, em seu video
do TED Talk, “small is sexy”.
A P A R TA M E N T O M O D E L O | GRAHAM HILL
36
Com uma lei de zoneamento atual que
estipula um mínimo de 37m2 por unidade
residencial em Nova York, o projeto
do escritório nARCHITECTS conseguiu
desenvolver um exemplo com área
aproximada de 25m2, para que fosse
possível disponibilizar apartamentos com
preço mais acessível. Medida para facilitar
o acesso de jovens com orçamentos
limitados, que procuram um apartamento
na cidade com um mercado imobiliário
muito inflacionado.
Essa unidades são as moradias reduzidas
mais recentes no mercado em Nova York. O
projeto encontra-se em fase de construção
e suas unidades modulares e pre fabricadas
serão feitas na industria Brooklyn Navy
Yard e empilhadas em Kips Bay ainda antes
de julho deste ano. Segundo o Archidaily
(2015), seus primeiros moradores devem
ocupar as unidades até o final do ano.
► Perspectiva externa, interna e plantas do projeto My Micro NY Fonte: www.archdaily.com.br/br/763437/primeiros-microapartamentos-pre-fabricados-de-nova-iorque-serao-concluidos-ainda-este-ano
M Y M I C R O N Y | NARCHITECTS
My Micro NY oferecerá 55 apartamentos
individuais distribuídos por 9 Pavimentos.
Sua planta conta com basicamente um
cômodo reversível assim como os outros
projetos citados anteriormente, seu pé-
direito varia entre 2,7 a 3 metros.
37
O conceito surgiu durante uma experiência
social que o criador Jeff Wilson, ao habitar
durante um ano num caixote do lixo usado
de 3 metros quadrados, tendo redefinido
a sua definição de “casa”. Apesar de um
caixote do lixo ser uma habitação muito
pouco confortável, segundo o próprio,
existiam várias vantagens: podia mover-
se para qualquer lado, a “renda” era baixa,
podia mudar de “casa” rapidamente, e a
vizinhança passou a ser a sala de estar.
Dessa maneira a Kasita é um conceito de
habitação, em que as casas, completamente
mobiladas e funcionais, podem ser
mudadas de local e de cidade muito
facilmente.
Com as alterações familiares, de trabalho
e de estilo de vida, o conceito de casas
modulares está cada vez mais presente na
nossa sociedade. Voltamos a ser nomades,
o ser humano voltou a querer, ou a ter que,
mudar de casa com maior frequência e as
soluções já são várias, a Kasita é uma delas.
A Kasita é instalada em locais pouco
desenvolvidos, no coração das cidades. O
conceito baseia-se no seguinte: um edifício
é composto por vários módulos, cada um
acolhe uma casa totalmente equipada,
esses módulos podem ser retirados e
mudados para outra cidade, com tudo o
que lá está dentro.
Dentro da casa, o design é adaptável a
vários formatos, consoante as necessidades
e vontades dos habitantes, num esquema
de mosaicos. Por exemplo, pode se ter nas
paredes um mosaico com relógio, outro
com um aquário, uma lareira, prateleiras
para arrumação, um quadro para desenhar,
as possibilidades são quase infinitas!
K A S I TA | JEFF WILSON (PROF. DUMPSTER )
► Imagens de divulgação do projeto Fonte: http://kasita.com
38
We can live happier, healthier and more sustainable
lives with less stuff and less space.”
GRAHAM, 2010
39
5
PROJETO
imagens
concepção desenhosmarca
griddetalhes
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EVOLUÇÃO DO PARTIDO E CONCEITO
inov
ação
eficiência
f lex ibil i
dade
aprove itamento
su s t e n ta b i l id a
d e
sust
entabilidade
Do termo latino innovatio, se refere a uma ideia, método ou objeto que é criado e que pouco se parece com padrões anteriores.
Tem origem no termo latim efficientĭa e refere-se à
capacidade de dispor de alguém ou de algo para conseguir um
efeito determinado.
Ela vem de “a”, mais “proveito”; e esta vem do Latim provectus, “proveito, progresso”, particípio passado de proficere, “conseguir, ter progresso, ser útil”, formado por pro-, “à frente”, mais facere, “fazer”.
Do latim tardio flexibilitare, em seu sentido mais amplo,
capacidade de adaptação, seja a situações voláteis ou na
superação de obstáculos.
Após a vasta pesquisa de referências e do
panorama no qual estamos vivendo. O projeto
da Mini Haus foi elaborado para ser uma
residência compacta, móvel autônoma, flexível
e que se adapta-se a diversas facetas do morar.
Com 27,5m2 de área útil, o projeto foi pensado
para um ou dois moradores (casal).
Além disso a procura por novas tecnologias
se fez presente fortemente no decorrer do
trabalho, trazendo a luz sistemas que já são
utilizados ou alguns outros que ainda estão em
fase de estudo ou lançamento.
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42
M I N I H A U S | MÓDULO MÍNIMO
1
2
3
4
6
5
7
8
9
1. banho O banheiro foi localizado bem na entrada
da casa a fim de liberar o espaço interno
livre. Além de suas funções básicas, abriga
também uma máquina lava e seca.
2. armário serviço 1 O armário de serviço atende a três espaços:
ao banheiro, corredor e chuveiro. No
corredor e chuveiro, encontram-se nichos
para o armazenamento de itens de uso
diário.
3. armário serviço 2 Ainda no armário de serviço encontra-
se um espaço para armazenamento de
produtos de limpeza e higiene, além do
espaço para a máquina lava e seca.
4. cozinha A cozinha contém todos os equipamentos
de ponta necessários para o uso diário. Sua
localização próxima ao banheiro favoreceu
o uso de parede hidráulica.
5. cama Uma cama queen size fica sob o deck coringa,
seu mecanismo leve proporciona uma fácil
manuseabilidade. Seus acessórios podem
ser armazenados no baú localizado em seu
pé.
6. deck coringa Serve como espaço de adaptação. Em cima,
pode ser caracterizado a gosto do morador,
nele também ficam quatro baús. O da frente
serve ainda como sofá e banco.
7. varanda A grande esquadria de alumínio com
pintura preta de correr garante a entrada
de sol e luz e transformam o deck em uma
espécie de varanda.
8. armário principal Do lado esquerdo, a armazenagem de itens
pessoais e no centro um painel com um
vidro especial que serve como tv com o
auxílio de um projetor e também divisória.
9. hóspede Para os dias de festa, foi embutido também
uma cama de solteiro, para abrigar
um hóspede. Atrás desse módulo fica
localizado a parte de bateria dos painéis
solares e ao lado uma mesa se desdobra.
43
44
dia 1
noite 1
PLANTAS
45
dia 2
noite 2
46
Dia 1 - Planta BaixaESC. 1:50
14 100 100 87 150 100 50 61 96 60 14 69 81 55 14
14 199 46 46 441 155 136 14
142191415621043814
1050
1430544129114
1050
1490
112
7014
1490
182
14
300
14212
6014
14272
14
300
+1.00
mesa dobrável150x90cm
bancada em coriancom cuba esculpida
projeção armário alto
lixo seco eorgânico
fogão por induçãoembutido
geladeiraembutida
bateria einversor
cama desolteirobaú 260Lbaú300 Lbaú 300L
painel comprivacy glass
cama queen sizesob deck elevado baú 390L
bancadaem coriancom cubaesculpida
máquinalava e seca
P03J01
AA
EE
DD
CC
BB
FF
P01
P02
1elevação
3elevação
4elevação
2el
evaç
ão
mini haus
+0.50
A=21,85m²
hall entrada
+0.50
A=1,96m²
banheiro
+0.50
A=3,72m²+0.48
Noite 1 - Planta BaixaESC. 1:50
AA
EE
DD
CC
BB
FF
14 100 100 87 150 100 50 61 96 60 14 69 81 55 14
142191415621043814
1050
1490
112
7014
1490
182
14
300
14212
6014
14272
14
300
14 199 46 46 441 155 136 14
1430544129114
1050
painel comprivacy glass
+1.00
mini haus
+0.50
A=21,85m²
hall entrada
+0.50
A=1,96m²
banheiro
+0.50
A=3,72m²+0.48
cama queensize aberta
1elevação
3elevação
4elevação
2el
evaç
ão
47
Dia 1 - Planta BaixaESC. 1:50
14 100 100 87 150 100 50 61 96 60 14 69 81 55 14
14 199 46 46 441 155 136 14
142191415621043814
1050
1430544129114
1050
1490
112
7014
1490
182
14
300
14212
6014
14272
14
300
+1.00
mesa dobrável150x90cm
bancada em coriancom cuba esculpida
projeção armário alto
lixo seco eorgânico
fogão por induçãoembutido
geladeiraembutida
bateria einversor
cama desolteirobaú 260Lbaú300 Lbaú 300L
painel comprivacy glass
cama queen sizesob deck elevado baú 390L
bancadaem coriancom cubaesculpida
máquinalava e seca
P03J01
AA
EE
DD
CC
BB
FF
P01
P02
1elevação
3elevação
4elevação
2el
evaç
ão
mini haus
+0.50
A=21,85m²
hall entrada
+0.50
A=1,96m²
banheiro
+0.50
A=3,72m²+0.48
Noite 1 - Planta BaixaESC. 1:50
AA
EE
DD
CC
BB
FF
14 100 100 87 150 100 50 61 96 60 14 69 81 55 14
142191415621043814
1050
1490
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7014
1490
182
14
300
14212
6014
14272
14
300
14 199 46 46 441 155 136 14
1430544129114
1050
painel comprivacy glass
+1.00
mini haus
+0.50
A=21,85m²
hall entrada
+0.50
A=1,96m²
banheiro
+0.50
A=3,72m²+0.48
cama queensize aberta
1elevação
3elevação
4elevação
2el
evaç
ão
Noite 2 - Planta BaixaESC. 1:50
AA
EE
DD
CC
BB
FF
14 100 100 87 150 100 50 61 96 60 14 69 81 55 14
142191415621043814
1050
1490
112
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1490
182
14
300
14212
6014
14272
14
300
14 199 46 46 441 155 136 14
1430544129114
1050
cama queensize aberta
+1.00
cama solteiraaberta
mini haus
+0.50
A=21,85m²
hall entrada
+0.50
A=1,96m²
banheiro
+0.50
A=3,72m²+0.48
1elevação
3elevação
4elevação
2el
evaç
ão
Dia 2 - Planta BaixaESC. 1:50
mini haus
+0.50
A=21,85m²
hall entrada
+0.50
A=1,96m²
banheiro
+0.50
A=3,72m²+0.48
AA
EE
DD
CC
BB
FF
painel comprivacy glass
mesa dobrável150x50cmcom alturaregulável
mesa dobrável150x90cm
1421914210 15643814
1050
1490
112
7014
1490
182
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300
14212
14
1460
272
14
300
14 199 4646 441
14 100
155
100
136
87
14
14
150
305
100 50
441
61
291
96
14
60
1050
14 69 81 55 14
+1.00
1elevação
3elevação
4elevação
2el
evaç
ão
48
CORTES
49
50
FACHADAS
51
52
S I S T E M A C E S | ESTRUTURA WOOD FRAME
53
Detalhe Wood FrameESC. 1:10
terracor-eco
membranahidrófuga
painel osb 11,1mm1200x3000mm
isolamentotermoacústico
painel osb 11,1mm1200x3000mm
montante e guia em perfil demadeira pinus 44x90mm
placa de drywall12,5mm
painel osb 18,3mm1200x2400mm
isolante termoacústico
painel osb 18,3mm1200x2400mm
viga metálica perfilcaixa
piso laminado
pingadeira
viga metálica perfil caixa
calha
macaco hidráulicoautomatizado
forro de gesso12,5mm
acabamentointerno
reservatório
isolante termoacústico
painel osb 18,3mm1200x2400mm
painel osb 18,3mm1200x2400mm
32.8
1828
217
.715
.1
cantoneira metálica
O Sistema CES, Construção Energitérmica
Sustentável, compreende os sistemas
construtivos Wood Frame e Steel Frame e é
amplamente utilizado em países desenvolvidos
como os Estados Unidos e o Canadá, onde mais
de 90% das casas são construídas em CES.
A principal característica desse sistema é o
uso de uma estrutura de perfis leves de aço
(Steel Frame) ou de madeira (Wood Frame),
contraventadas
com placas estruturais LP OSB Home,
que unidas, funcionam em conjunto,
proporcionando rigidez, forma e sustentação à
edificação.
As estruturas de madeira ou aço em conjunto
com as placas estruturais LP OSB Home
permitem a construção de edificações
leves tão resistentes quanto às de concreto.
Extremamente flexível, o Sistema CES permite
a utilização de qualquer tipo de acabamento
exterior e interior. Pode ser aplicado
em qualquer estilo arquitetônico e é
indicado tanto para edificações unifamiliares
de pequeno ou médio porte como para
construções multifamiliares e com altura de até
cinco pavimentos.
O termo Construção Energitérmica Sustentável
(CES) transmite de forma clara as principais
características da construção:
Energitérmica: pelo ótimo desempenho
térmico da edificação e pela economia de
energia, tanto durante o processo construtivo,
como após a ocupação do imóvel.
Sustentável: devido ao uso de materiais ecológi-
cos, como o OSB, que gera melhor eficiência
energética do sistema, ótimo desempenho
térmico e acústico, redução do desperdício de
materiais, menor geração de resíduos (menos
de 1%), redução de consumo de água e baixa
emissão de CO2.
54
ExplosãoEcotelhado - ESC. 1:10
vegetação
calha/dreno
substrato
membranda de absorção
módulo laminar médio
impermeabilização pvc
Detalhe EcotelhadoESC. 1:5
viga perfil caixa
laje woodframe
O Sistema Laminar Médio é a evolução do
telhado verde convencional. Com uma retenção
de 50 a 60 litros de água por metro quadrado, o
sistema é ideal para ser instalado em cobertura
de prédios ou lajes planas de residências.
Com ele é possível criar uma cisterna em cima
do telhado (com o uso da impermeabilização
de PVC, que tem proteção anti-raízes), retendo
água da chuva e também servindo como
tratamento e polimento das águas residuais
produzidas no edificio. Esse sistema permite
a reutilização de água e nutrientes gerados
no estabelecimento, evitando a irrigação com
água potável – um desperdício gerado com a
criação dos telhados verdes comuns.
Por contar com a irrigação subsuperficial da
planta, o sistema necessita do minimo
possível de substrato, evitando bombas
de aspersão para distribuição da água e
eliminando o contato desta com o ar, o que
evita a proliferação de mosquitos. Criando
abaixo do piso um reservatório de água ou de
ar que faz isolamento termoacústico e permite
a passagem de fios ou tubulações;
O ecotelhado ainda permite a utilização de
placas fotovoltaicas para captação de energia
solar.
ECOTELHADO
N.C: Sphagneticola trilobata
Família: Asteraceae Origem:
Brasil. Meia Sombra/ Sol
pleno. Porte: 10 a 30cm.
Planta nativa, perene.
Multiplicação por divisão de
touceiras. Rústica - tolera
secas e encharcamento.
N.C.: Axonopus compressus
Família: Poaceae Origem:
Brasil. Meia sombra/ Sol
pleno. Porte: Menor do
que 15 cm. Perene. Regas
frequentes - Não tolera secas.
Multiplicação por divisão
dos estolões enraizados.
R Grama São Carlos R Vedélia
55
ECOESGOTOA Ecotelhado se dedica a uma nova geração
de tratamento de efluentes associados a um
design ecológico. A grande inovação desse
sistema é a tecnologia comprometida com a
inclusão biológica resultando em uma maior
eficácia do processo.
O esgoto, papel higiênico, resíduos orgânicos
e águas cinzas são coletados e tratados pelo
Vermifiltro. O efluente tratado é bombeado
para o Ecotelhado, onde funciona um wetland
(banhado construído) onde ocorrerá mais
uma etapa do tratamento. Depois disso, a
água tratada já pode ser utilizada para fins
não potáveis – como irrigação de jardins e
descargas. Dessa maneira, substitui o uso
da fossa séptica e da rede pluvial e cloacal e
diminui o consumo de água potável.
R Benefícios
• Mimetização da ETE no paisagismo;
• Sistemas mais econômicos;
• Maior eficiência no tratamento;
• Digestão de moléculas orgânicas
resistentes a outros processos;
• Sem odor;
• Permite convívio em áreas vizinhas;
• Menor consumo de energia para atingir
mesmos padrões de qualidade;
• Melhor custo benefício;
• Menor custo inicial de instalação quando
a comparada a outras soluções;
• Menor custo de manutenção anual;
• Dispensa uso de produtos químicos;
• Capacidade para atingir níveis de
remoção de N adequados a resolução
do Concema de 128/206;
• Sem necessidade de retirada de lodo;
• Pode ser projetada incorporar resíduos
orgânicos sólidos como papel higiênico , restos
de comida etc. reservatório
300l
reservatório300l
vermifiltro
reservatório300l
reservatório300l
reservatório300l
reservatório300l
reservatório300l
reservatório300l
reservatório300l
reservatório300l
ReservatóriosESC. 1:75
bomba
bomba
bomba
bomba
56
PRAIA
57
DESERTO
58
MONTANHA
59
LAGO
60
CAMPO
61
NEVE
*para climas extremos adaptações no sistema seriam necessárias.
62
ASUA CASA, SUA CARAO espaço do deck elevado foi feito para
ser um espaço de destaque. Um lugar onde
cada um pode por a sua cara no projeto
e tornar a sua casa, realmente sua. Ele foi
pensado para ser um espaço diferente do
restante sem necessariamente termos uma
parede dividindo-o.
63
64
DORMIR, DESCANSAR E AMARO mesmo espaço, funções diferentes. A
cama que se esconde abaixo do deck,
transformando o espaço em quarto quando
revelada. Caso contrário, o báu localizado
no fim do deck pode servir como acento
para a mesa dobrável que fica presa na
parede quando não utilizada. Já na hora de
ver um filme, o painel de vidro articulado
recebe a projeção e o transforma em uma
grande TV. Que pode ser vista de ambos
os lados, caso queira. Nesse cenário ainda
podemos pegar aquele mesmo baú que
serviu como acento e transformá-lo em um
sofá, abrindo sua tampa, que aumenta a
area e adicionando algumas almofas para
deixar o local mais agradável.
65
66
1. cama dobrável
2. mesa dobrável
O QUE TEM?
67
1. luna
4. privacy glass
A Luna é uma capa de cama com
sensores que analisam e aprendem
os hábitos e padrões de sono. Calcula
a regularidade dos horários e aquece
a cama para que a temperatura seja a
mais adequada na hora de ir dormir.
Ao longo da noite, vai ajustando o
aquecimento com a temperatura
corporal e consegue fazê-lo de forma
independente em cada lado da cama.
Esta capa está equipada com
sensores que analisam o ritmo
cardíaco e respiratório, bem como
o movimento e deste modo as
diferentes fases do sono, acordando
o utilizador na altura exata. A
informação recolhida durante
a noite pode ser combinada
com dados obtidos por outras
aplicações durante o dia, tais como
os resultados da atividade física.
Claro que tudo isto é compilado
e controlado através da respetiva
aplicação para o smartphone.
O facto de o Luna usar código
aberto permite que venha a ser
integrado com outros sistemas de
domótica (controlo automatizado
de funções domésticas). Por
exemplo, os sensores de pressão
da capa “sabem” quando a pessoa
se deita e essa informação pode
passar para outros aplicativos, que
automaticamente confirmam se a
porta de entrada está fechada ou
se todas as luzes da casa ficaram
apagadas. E pela manhã, na altura
em que a aplicação do smartphone
“decide” que são horas de acordar,
manda ligar a máquina do café.
68
A cozinha pode ser pequena, mas conta com
tudo que uma grande cozinha poderia ter.
A torneira escolhida, permite o aumentar
a área de bancada quando necessário e
uma máquina de lavar louça embutida se
encontra no lado direito da pia. Enquanto
isso, uma geladeira especial conta com um
grande display em sua porta, facilitando
o dia a dia na cozinha que se torna cada
dia mais inserida no mundo tecnologico
e com o fogão não poderia ser diferente.
Por indução e embutido na bancada, conta
com um jogo de cameras e projetores que
ficam embutidos no armário. Por último,
o forno é um computador que cozinha,
aprende com o tempo a melhor maneira de
cozinhar. Para facilitar o uso no dia a dia,
uma segunda mesa, de acesso mais rápido
foi adicionada. Fica ao lado da área da
cozinha e tem a altura regulável.
COMER, COZINHAR E CONECTAR
69
70
1. table for living A IKEA, em parceria com o laboratório
de inovação IDEO fez a pergunta
” Mas como nos comportaremos
diante da comida em 2025? “ para
estudantes de design e os resultados
estão na Concept Kitchen 2025.
Nos workshops que antecederam o
início dos projetos ficou claro que
os espaços domésticos ficarão cada
vez menores, obrigando as pessoas
a repensarem sua relação com a
casa. Novas formas de consumo e
compra de alimentos, novas formas
de preparação e armazenamento,
novas formas de limpeza e outras
questões foram extensamente
debatidasSegundo os criadores, a
ideia é fazer da cozinha do futuro um
ambiente de maior convívio, maior
envolvimento com os alimentos
e de maior consciência social e
ambiental. Um dos protótipos
apresentados no Concept Kitchen
2025 foi ‘A Table for Living’: uma mesa
que concentra a “alma” da cozinha,
escondendo um fogão de indução
interna. Graças a um sistema de
câmeras e projetores posicionados
no teto, a mesa pode reconhecer
os alimentos e até mesmo sugerir
algumas receitas para combiná-los.
O QUE TEM?
71
3. forno june
Equipado com um processador
quad-core NVIDIA Tegra K1 de 2.3
GHz, camera de alta definição,
Wi-Fi e tela touchscreen de 5
polegadas. June, é um forno
inteligente que vai transformar
a sua cozinha atual em seção de
museu. Através de uma camera
interna ele reconhece a comida que
está sendo feita, identifica o estado
atual e recomenda um programa
de cozimento sob medida.
O June é pura termodinâmica, com
um sistema que calcula e mantém a
temperatura ideal para cada tipo de
alimento. O acompanhamento pode
ser feito pelo smartphone, com um
aplicativo que exibe a imagem da
camera e emite alertas inteligentes.
O aparelho é equipado com o
Tegra K1 (quad-core 32 bits a
2,3 GHz), SoC da nVidia que tem
a missão de aprender com o
tempo (e com as atualizações de
firmware) o gosto das pessoas
com relação ao ponto da comida.
Inclusive sugerindo novos pratos.
2. torneira eloscope-F II
A torneira retrátil permite que a
cuba da cozinha ou banheiro seja
sobresposta por um painel de correr,
aumentando a área de bancada.
72
4. in my fridge
O objetivo dessa geladeira é
simplificar o processo de gestão de
alimentos. Seu foco foi na técnica
e no aspecto comunicativo.
O item técnico central dentro do
conceito é a etiqueta RFID imprimível.
A tecnologia RFID (Identificação de
freqüência de rádio) é conhecida
e tem se provado eficiente no
campo da aquisição de dados. Uma
nova técnica ira em breve permitir
a impressão dos dados destas
unidades de armazenamento. De
um lado irá diminuir os custos de
produçãoe por outro aumentar a
variedade de usos. Nos imaginamos
que supermercados e lojas irão
adotar esta etiqueta RFID imprimível
a fim de ser capaz de determinar seu
estoque de forma rápida e simples.
E como os produtos não precisarão
mais ser digitalizados, o tempo de
fila no balcão de pagamento será
reduzida. Para adquirir os dados das
etiquetas RFID, o equipamento de
uso domestico precisa simplesmente
ser equipado com um leitos de RFID.
Nos integramos esse cenário
futurístico em nosso conceito e
equipamos nosso refrigerador
com um leitor RFID. Portanto, nos
estamos em condição de receber
todos os tipos de informação
de vários produtos. O espaço de
armazenamento para mercadorias
perecíveis - a geladeira - agora
desempenha um papel fundamental
no processo de gestão de alimentos.
Ele coleta todos os dados e visualiza
informações com a ajuda de uma
tela sensível ao toque. Além de
informações básicas como qualidade,
quantidade e data de validade de
alimentos, informações adicionais
como receitas e dietas estão
disponíveis devido a conexão entre as
diferentes áreas de armazenamento.
Além de tudo, A geladeira avisa
sobre alergias alimentares caso
você tenha pego algo impróprio
para comer. A conexão entre nosso
sistema e supermercados locais
permite que você verifique o estoque
disponível no supermercado, os
preços e também a criação de
uma lista de compras digital.
Em conclusão, a tecnologia RFID
alarga o leque de uso das etiquetas
RFID e pode melhorar o processo de
gestão de alimentos. Os exemplos
dados são apenas a ponta do iceberg.
Um forno inteligente, por exemplo,
pode receber as informações da
geladeira. A informação pode conter
o prato escolhido para o jantar
e assim, o forno poderia ajustar-
se as configurações adequadas e
ajudar no processo de cozimento.
debatidasSegundo os criadores, a
ideia é fazer da cozinha do futuro um
ambiente de maior convívio, maior
envolvimento com os alimentos
e de maior consciência social e
ambiental. Um dos protótipos
apresentados no Concept Kitchen
2025 foi ‘A Table for Living’: uma mesa
que concentra a “alma” da cozinha,
escondendo um fogão de indução
interna. Graças a um sistema de
câmeras e projetores posicionados
no teto, a mesa pode reconhecer
os alimentos e até mesmo sugerir
algumas receitas para combiná-los.
73
5. composteira doméstica
A Composteira Doméstica –
Decomposer 2 usa uma serragem
inicial para compostar de forma
limpa e segura seus resíduos
orgânicos em até 24 horas. Ela não
usa químicos ou produtos nocivos, e
pode processar até 5 kg de resíduos
por dia.
O processo automatizado via
sensores de umidade e temperatura
faz a composteira prática e eficiente.
Além do ciclo contínuo, ou seja,
despejo a qualquer hora.
O aquecimento, agitação e fluxo de
ar realizado automaticamente pelo
o Corian é resistente a impactos,
não quebra, não lasca, não amassa
e não risca facilmente. Suas cores
não desbotam, não descascam e
mantêm a aparência de novo mesmo
após anos de uso. Esse material
suporta até 165º C de calor. Não
possui poros e não deixa emendas
aparentes quando uma peça é
colada à outra. É menos suscetível
a riscos do que o aço inox. Os riscos
superficiais, quando ocorrem,
podem ser removidos por meio
da fricção do lado áspero de uma
esponja de cozinha. Já os riscos mais
profundos são reparados por meio
de simples polimento profissional.
6. corian É constituído por, no mínimo, 6
ou 13% (a depender da cor) de
material reciclado, com certificado
pelo Scientific Certification Syste.
Ele contribui para a conquista de
pontos no processo de atribuição
do LEED, que qualifica e valoriza
construções sustentáveis. Conta
com atestados de baixa emissão de
gases como o Greenguard Indoor Air
Quality® e Greenguard for Children
and Schools®, que aprovam o seu
uso em ambientes fechados.
equipamento ativa naturalmente
os micro-organismos presentes na
serragem inicial para compostar os
resíduos orgânicos.
Quaisquer odores ofensivos
provenientes da compostagem
dos alimentos são eliminados pela
unidade de desodorização contida
dentro da composteira, e os vapores
e umidade são expelidos através
do tubo de exaustão. Você pode
sentir um cheiro de “terra molhada”,
e não um odor desagradável
ao abrir e fechar a tampa.
74
DIVERTIR, TRABALHAR E HOSPEDARO espaço quando livre, deixa uma área de
16m2 livre para receber amigos e família.
Outras funções ainda são uma cama de
solteiro dobrável que pode servir como
cama para hóspede. Painel de vidro que
serve como tv, corre e serve também
como uma divisória caso o morador
queira um pouco de privacidade.
A mesa que ja vimos na cozinha, pode
servir também como uma área de trabalho
para coisas mais corriqueiras.
75
76
O QUE TEM?
JIBO tem a proposta de ser um
robô familiar, destinado às casas
das pessoas para ajudá-las em
atividades diárias, ocupando espaços
na sua casa, como um assistente
doméstico para entretenimento
e pequenas tarefas. JIBO, possui
leves traços de emoções que são
exibidos em seu visor de acordo
com as conversas estabelecidas.
O aparelho possui um display
giratório, com base de eixo livre – ele
pode girar 360° sem problemas. O
JIBO possui duas câmeras, sendo
que elas possuem sensores de
rastreamento facial. Desse jeito,
JIBO pode girar e acompanhar o seu
rosto conforme você se move pelos
cômodos. Com aproximadamente
11 centímetro, o robô caseiro deve
pesar pouco mais de dois quilos e
se conectar por WiFi e Bluetooth.
1. jibo - assistente pessoal JIBO poderá fazer lembretes de
mensagens, possibilidade de
registrar vídeos ou fotos, contar
histórias, ler emails, pedir comidas,
gerenciar os serviços inteligentes
de seu lar, entre outros. JIBO
pretende ser um verdadeiro auxiliar
para as pessoas que não possuem
familiaridade com robôs.
Como é esperado de aparelhos
eletrônicos do gênero, outros
desenvolvedores poderão criar
seus próprios aplicativos que
poderão ser instalados em JIBO.
Ele é construído com base no Linux
e, portanto, possui código aberto.
Ele também poderá se conectar
com aparelhos iOS e Android,
além do seu próprio computador.
“Robôs são projetados para serem
parceiros úteis e não ferramentas
úteis”, disse Cynthia Breazeal.
77
Powerwall é uma bateria de casa que
se carrega através da eletricidade
geradas por painéis solares ou
quando as taxas de fornecimento de
energia são baixos e fornece energia
durante a noite. Ela também fortalece
sua casa contra quedas de energia,
proporcionando um fornecimento
reserva de energia. Automatizado,
compacto e simples de instalar,
Powerwall oferece independência da
rede publica e a segurança de uma
reserva de energia de emergência.
As atuais gerações de baterias para
casas são volumosas, caras para
instalar e manter. Em contraste,
a bateria Powerwall de íons
de lítio herda a tecnologia de
baterias automotivas de Tesla que
alimentará sua casa de energia
de forma econômica e segura.
Com sistema completamente
automatizado, ela instala facilmente
e não requer manutenção.
2. tesla powerwall
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ALIVIAR, LIMPAR E LAVAR Banheiro além de suas funções básicas
conta também com um armário de serviço,
onde se encontra uma máquina lava e seca.
e uma área de armazenagem para itens de
higienie e limpeza. Para aumentar também
a área de bancada, foi utilizada a mesma
torneira da cozinha, que permite que a cuba
seja fechada e essa bancada sirva de apoio
para os dias de lavar roupa, por exemplo.
O chuveiro e sanitário escolhidos, utilizam
menos água que sistemas convencionais,
dessa maneira além da economia, o volume
de esgoto e água necessarios e produzidos
pela casa são menores do que de uma casa
tradicional
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Realizado como um projeto final
dos alunos, Gareth Humphreys
e Elliot Whiteley na universidade
de Huddersfied, Inglaterra.
O Iota wc dobrável, reduz seu
tamanho e consumo de água em
mais de 50% durante a descarga.
Buscando encontrar uma solução
para a utilização excessiva de água
utilizada para limpar internamente
e a dificuldade em se ajustar em
banheiros pequenos, foi criado
um mecanismo que permite que o
recipiente sanitário seja dobrado.
O mecanismo abriga um sistema
de fábrica dobrável que sai do cano
de descarga enquanto mantém
a válvula de ar comprimido.
Quando fechado na posição de
descarga, o componente religa
simultaneamente enquanto a
cisterna é liberada. “Iota” oferece
uma pequena pegada quando na
posição normal e o design sem borda
torna fácil manter o cano limpo.
1. sanitário iota
O QUE TEM?
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A companhia australiana CINTEP
desenvolveu uma ducha que é
capaz de poupar até 70% de água,
além de evitar gastos com energia.
O conceito básico é a reciclagem, já
que a água que escorre pelo ralo é
reaproveitada automaticamente no
próprio banho, voltando a molhar a
cabeça do usuário, de acordo com
seus desenvolvedores, usa apenas
três litros de água limpa por banho.
A reciclagem é feita por meio de um
processo de pasteurização, o mesmo
utilizado em leites. A água reciclada
passa por três filtros, por um processo
de pasteurização quente, é diluída com
30% de água potável e imediatamente
reutilizada. O processo todo leva cerca
de 25 segundos. Além de poupar cerca
de 70% de água de um banho normal,
o sistema também economiza energia,
já que gasta menos eletricidade para
canalizar a água até o chuveiro e para
aquecê-la (ela se mantém em alta
temperatura enquanto é reciclada).
Após o desligamento do chuveiro, a
água utilizada é drenada pelo ralo
comum e não mais pode ser reutilizada.
2. chuveiro cintep
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O G R I D | SUPORTE URBANO
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Nos grandes centros urbanos, não há mais
espaço disponível. Logo uma estrutura para
receber o módulo foi necessário. Nasce
então O GRID, que vem como um ensaio
para a solução da mini haus no contexto
urbano.
Essa estrutura pode ser instalada em
qualquer terreno, onde se adaptaria
em cada caso a questões como altura e
comprimento.
Nesse sistema um aplicativo para
smartphone estaria disponível e teria
informações sobre cidades e vagas desse
suporte. A partir dessa mesma plataforma já
seria possível requisitar que um caminhão
vá mudar sua casa e levar para um outro
grid ou qualquer outro lugar onde o usuário
queira ir.
Para viabilizar a questão de mobilidade da
casa, em cada Grid foi instalado uma grua
com corrediças no topo do edifício.
Uma vez dentro do grid, o módulo pode se
ligar a rede pública caso venha a acontecer
alguma eventualidade.
As imagens a seguir são ilustrativos e
tentam mostrar o grid no seu contexto
urbano, não necessariamente o seu sítio.
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SÃO PAULO
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RIO DE JANEIRO
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BELO HORIZONTE
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BRASÍLIA
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Grid - Planta BaixaESC. 1:75
PLANTAS - GRID
Grid - Planta BaixaESC. 1:75
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Grid - Planta BaixaESC. 1:75
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MUNDO AFORACom o crescimento de usuários a
internacionalização é inevitável. Grids
começam a aparecer ao redor do mundo. O
transporte dos módulos podem ser feitos
via navio ou aviões cargueiros adpatados
para o transporte.
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I D E I A
C O R
S Í M B O L O L O G O
M I N I H A U S
L O G O
M I N I H A U S
A marca desenvolvida pela designer Monique
Gasparelli, traduz os pontos principais do
projeto.
Seu aspecto modular e dinâmico é trazido
através de dois grids ortogonais sobrepostos.
Onde foram retiradas as iniciais do nome Mini
Haus.
As cores fortes com um toque de neon remetem
ao aspecto futuristico do projeto.
LOGO
IDEIA
C OR
SÍMB OLO
M I N I H A U S | MARCA
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M I N I H A U SM I N I H A U S
M I N I H A U S
M I N I H A U S
M I N I H A U S M I N I H A U S
M I N I H A U S
M I N I H A U S
M I N I H A U S M I N I H A U S
M I N I H A U SM I N I H A U S
M I N I H A U S
M I N I H A U S
F ONTE C OMBINAÇ ÕE S
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BIBLIOGRAFIA
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