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Eficácia de diferentes abordagens terapêuticas no tratamento da Obesidade Effect of different therapeutic approaches on Obesity treatment Miguel Garcês Orientado por: Prof. Doutora Flora Correia Tipo de documento: Trabalho de Investigação Porto, 2012

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Eficácia de diferentes abordagens terapêuticas no tratamento da Obesidade

Effect of different therapeutic approaches on Obesity treatment

Miguel Garcês

Orientado por: Prof. Doutora Flora Correia

Tipo de documento: Trabalho de Investigação

Porto, 2012

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Agradecimentos

A todos aqueles que fizeram com que mais uma etapa no meu percurso

académico fosse ultrapassada, fica estre trabalho como uma forma de

agradecimento por me ajudarem a atingir mais este objetivo.

Um agradecimento especial,

À minha família, nomeadamente aos meus pais e irmãos.

À Sara. Obrigado por estares sempre lá, tão disponível, conselheira,

companheira. Mais uma etapa contigo sempre ao lado. Mais se seguirão, e com a

certeza que estarás lá…

À professora Sílvia. Sempre disposta a ajudar, em partilhar a sabedoria e

momentos alegres. Obrigado pela paciência e pelo carinho.

Por fim, e nunca em último, à Professora Flora. Não existem palavras para

descrever aquilo que representa para mim não só enquanto profissional, mas

como pessoa. O exemplo que pretendo seguir, não apenas pela sabedoria, mas

pelo carácter, a destreza, o trabalho. Mais uma etapa como orientadora, espero

que mais se sigam. Sem dúvida que todo o meu percurso académico a tem como

referência. Obrigado por tudo.

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Índice

Agradecimentos ................................................................................................... i

Lista de Abreviaturas .......................................................................................... iii

Lista de Gráficos, Ilustrações ou Tabelas .......................................................... iv

Resumo ............................................................................................................. vi

Abstract ............................................................................................................ viii

Introdução........................................................................................................... 1

Objetivos........................................................................................................... 11

Amostra e Métodos .......................................................................................... 11

Amostra ............................................................................................................. 11

Instrumentos e Procedimentos ......................................................................... 13

Análise de dados .............................................................................................. 15

Resultados ........................................................................................................ 17

Discussão dos resultados ................................................................................. 25

Considerações gerais ....................................................................................... 32

Referências Bibliográficas ................................................................................ 34

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Lista de Abreviaturas

cm - centímetros

c-HDL – Colesterol HDL

DGS – Direção geral de saúde

dp – Desvio Padrão

EPE – Entidade Pública Empresarial

EUA – Estados Unidos da América

HPA – hipotálamo-hipófise-suprarrenal

IMC – Índice de Massa Corporal

Kg - quilogramas

kg/m2- quilogramas por metro quadrado

OMS – Organização Mundial de Saúde

Máx - máximo

MC-SDS – Marlowe-Crowne Social Desirability Scale

MG – massa gorda

Mín - mínimo

p- Nível de significância crítico para rejeição da hipótese nula

Pa – Perímetro de anca

Pc – Perímetro de cinta

R – coeficiente de correlação de Pearson

sd – standard deviation

SM – Síndrome Metabólica

SPCNA – Sociedade Portuguesa de Ciências da Nutrição e Alimentação

SPEO – Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade

WHO – World Health Organization

ρ – coeficente de correlação de Spearman

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Lista de Gráficos, Ilustrações ou Tabelas

Quadro 1 – Classificação de IMC e risco de comorbilidades. Adaptado de

“Obesidade muito peso, várias medidas”(5) ............................................................ 1

Gráfico 1 - Evolução da prevalência da Obesidade nos EUA (1960-2000).

Adaptado de “Plano Nacional de Combate à Obesidade”(7) ................................... 2

Tabela 1 - Percentagem de população portuguesa com pré-obesidade (IMC 25-

29,9) e obesidade (IMC≥30) por género. ................................................................ 3

Tabela 2 - Caracterização sociodemográfica da amostra. ................................... 13

Tabela 3 - Caracterização antropométrica da amostra. ........................................ 17

Tabela 4 - Percentagem de tentativas prévias de perda de peso e sua distribuição

pelos métodos usados. ......................................................................................... 18

Tabela 5 - Caracterização da variação nas variáveis antropométricas avaliadas

nos 3 grupos. ........................................................................................................ 19

Tabela 6 - Variação dos dados antropométricos analisados dentro dos próprios

grupos. ................................................................................................................. 20

Tabela 7 - Médias totais e Comparação entre grupos da Diferença de Peso

máximo alguma vez atingido e o peso atual, do Peso a perder e da Percentagem

da perda peso efetiva dos participantes de acordo com o peso que desejavam

perder. .................................................................................................................. 20

Tabela 8 - Desejabilidade social da amostra. Relação entre desejabilidade social e

peso perdido por género. ..................................................................................... 21

Tabela 9 - Diferenças na perceção da dificuldade no cumprimento do plano

alimentar e da melhoria no estado de saúde entre os grupos 1 e 2 e entre os

grupos 1 e 3. ......................................................................................................... 22

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Tabela 10 - Relação entre desejabilidade social, perceção da dificuldade no

cumprimento do plano e perceção da melhoria do estado geral de saúde. ......... 23

Tabela 11 - Comparação entre a atividade física inicial e final entre os 3 grupos. 24

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Resumo

Introdução: Segundo a OMS, a obesidade é tida como uma pandemia global e, é

definida como um excesso de massa gorda que representa um risco para a

saúde. Globalmente, estima-se que aproximadamente 500 milhões de pessoas

sejam obesas, sendo que em Portugal a prevalência de excesso de peso ou

obesidade nas mulheres e nos homens seja de, respetivamente, 38,2 e 64,5%.

A causa fundamental desta doença é o sucessivo balanço energético positivo.

São vários os fatores que contribuem para esse balanço, como o sedentarismo e

o consumo de alimentos de elevada densidade energética. Além disso, níveis

crónicos de stresse são associados ao consumo deste tipo de alimentos, via

ativação do eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal (HPA) e a consequente

libertação de corticoides.

Os alimentos conforto, normalmente ricos em gordura/açúcar, parecem reduzir a

resposta ao stresse como uma via de resposta compensatória.

Objetivo: Avaliar a eficácia de diferentes abordagens terapêuticas no sucesso do

tratamento da obesidade, nomeadamente a inclusão de alimentos conforto no

plano alimentar e o contacto periódico com os doentes, via contacto telefónico.

Métodos: A amostra foi constituída por 57 doentes obesos, divididos em 3

grupos. O grupo 1, controlo, foi constituído por 20 doentes, com uma média de

idades de 42,6 anos, sendo 75% do sexo feminino; o grupo 2, experimental onde

se efetuava o contacto telefónico semanalmente entre as avaliações, foi

constituído por 19 obesos, com uma média de idades de 40,4 anos, sendo 74%

do género feminino; o grupo 3, experimental com a inclusão de alimentos

conforto, era constituído por 18 doentes obesos, com uma média de idades de

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39,9 anos, sendo 72% do género feminino. Os doentes foram avaliados 2 vezes,

com um espaço entre consultas de 6 semanas.

Resultados: No grupo 1, controlo, houve uma perda média de peso de 2,59Kg

(dp=3,64kg) e uma perda média de massa gorda de 0,56% (dp=1,23%). No grupo

2 houve uma perda, em média, de peso de 1,55Kg (dp=2,79kg) e massa gorda de

0,43% (dp=0,92%), não tendo estes resultados diferenças estatisticamente

significativas. No grupo 3 houve uma perda média de peso de 3,83Kg (dp=2,46kg)

e uma perda média de massa gorda de 1,51% (dp=0,90%), tendo este último

significado estatístico.

No grupo experimental com o alimento conforto o sucesso foi maior, atingindo as

pessoas deste grupo uma perda de peso de 12,9% em relação àquilo que

pretendiam atingir no total. Além disso, a perda de massa gorda neste grupo foi

significativamente maior que no grupo controlo e, a prática de atividade física

passou a ser rotina para mais indivíduos. Por fim, os doentes deste grupo

relataram ter tido menos dificuldade no cumprimento do plano alimentar.

A desejabilidade social dos doentes da nossa amostra foi associada

negativamente com a perda de peso, de forma fraca, embora significativa. Este

efeito era mais evidenciado nos homens, onde existe uma correlação moderada

entre estas duas variáveis.

Conclusões: Verificou-se o maior sucesso na perda de peso no grupo onde se

inclui o alimento conforto no plano alimentar. Este facto pode ser devido ao efeito

compensatório no stresse crónico, além de poder permitir a menor perceção de

restrição alimentar, implícita num programa de perda de peso

Palavras-Chave: Obesidade; stresse; alimento conforto

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Abstract

Introduction: According to WHO, obesity is considered a global pandemic, and is

determined as an excess body fat that represents a risk to health. Globally, it’s

estimated that approximately 500 million people are obese. In Portugal, the

prevalence of overweight or obesity in women and men are 38,2 and 64,5%,

respectively.

The fundamental cause of this disease is the successive positive energy balance.

There are several factors that contribute to this balance, such as sedentary

lifestyle and consumption of high energy density foods. Furthermore, chronic

levels of stress are associated with the consumption of such foods, via activation

of the hypothalamic-pituitary-adrenal (HPA) axis, and the consequent release of

corticosteroids. Comfort foods, usually rich in fat/sugar, appear to reduce the

stress response as a compensatory response pathway.

Objective: Evaluate the efficacy of different therapeutic approaches for successful

treatment of obesity, particularly the inclusion of comfort foods in the diet and

regular contact with patients via telephone contact.

Methods: The sample consisted of 57 obese patients, divided into three groups.

Group 1, control, consisted of 20 obese patients with a men age of 42,6 years,

75% female; group 2, trial where regular contact was made via telephone contact,

consisted of 19 obese patients, with an average age of 40,4 years, while 74%

females; group 3, including the experimental comfort food, consisted of 18 obese

patients with mean age 39,9 years, 72% female. Patients were evaluated at two

times, with a space between queries of 6 weeks.

Results: In group 1, control, there was a mean weight loss of 2,59 kg (sd=3,64 kg)

and an average fat mass loss of 0,56% (sd=1,23%). In group 2 were lost an

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average weight of 1,55 kg (sd=2,79kg), and a fat mass loss of 0,43% (sd=0,92%).

Comparing group 1 with group 2, the differences obtained weren’t statistically

different. In group 3, there was a mean weight loss of 3,83 kg (sd=2,56kg), and an

average loss of fat mass of 1,51% (sd=0,90%), this last having statistical

significance.

In the experimental group with the comfort food, success was higher, reaching

people of this group a weight loss of 12,9% compared to what they want to reach

in total. Furthermore, the fat mass loss in this group was significantly higher than

control group and physical activity is common to most people. Finally, patients in

this group reported having less difficulty in adherence to diet.

The social desirability of the patients in our sample was negatively associated with

weight loss (weak correlation, despite statistical significance). This effect was

evident in men, where there is a moderate correlation between these two

variables.

Conclusions: There was a great success in losing weight in the group which a

comfort food was included in the diet. This effect may be due to the compensatory

effect in chronic stress, and can allow a lower perception of food restriction,

implicit in weight loss program.

Keywords: Obesity; stress; comfort food

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Introdução

Foi apenas em 1997 que a OMS (Organização Mundial de Saúde) aceitou a

Obesidade como um problema global(1) e, no seu relatório sobre “dieta, nutrição e

a prevenção de doenças crónicas” de 2003 os peritos destacaram a Nutrição

como o maior determinante modificável das doenças crónicas, e que alterações

na dieta surtem um efeito forte, quer positivo quer negativo, na saúde ao longo da

vida(2).

Segundo a OMS, a obesidade é tida como uma pandemia global. É determinada

como um excesso de massa gorda que representa um risco para a saúde(3),

sendo definida como um IMC (Índice de Massa Corporal) superior a 30 kg/m2(4). A

distinção do IMC por classes ou categorias surge de acordo com o risco de

complicações ou comorbilidades para a saúde associadas à Obesidade (Quadro

1)

Classificação OMS IMC (kg/m2) Risco de comorbilidades

Défice de peso <18,5 Baixo (mas aumenta o risco de outros problemas)

Peso normal 18,5 a 24,9 Médio

Excesso de Peso 25,0 a 29,9 Ligeiramente aumentado

Obesidade ≥30

Grau I 30,0 a 34,9 Moderado

Grau II 35,0 a 39,9 Intenso

Grau III ≥40,0 Muito intenso Quadro 1 – Classificação de IMC e risco de comorbilidades. Adaptado de “Obesidade muito peso, várias

medidas”(5)

Ainda, de acordo com a OMS, perímetros de cinta superiores a 80 cm, nas

mulheres, e 94 cm nos homens implica aumento do risco para saúde e,

perímetros de cinta superiores a 88 cm e 102 cm para mulheres e homens,

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respetivamente, acarreta um aumento substancial do risco para a saúde(5). Além

disso, estando o perímetro de cinta fortemente relacionado com o IMC, quanto

maior o valor do Pc, maior o IMC, com as complicações para a saúde associadas

a este(6).

Segundo uma ficha técnica da OMS(3), a prevalência de Obesidade a nível

Mundial mais do que duplicou desde 1980, sendo que em 2008 mais de 200

milhões de homens e aproximadamente 300 milhões de mulheres eram obesos.

Ainda, a obesidade mata mais pessoas que a desnutrição e que esta patologia

tem prevenção(3).

Nos EUA (Estados Unidos da América), o aumento da prevalência da Obesidade

é bem demarcada nas últimas décadas, como demonstrado no gráfico 1. De

facto, o aumento da prevalência entre o início dos anos sessenta e o ano de 2000

foi de 13,4% para 30,9%, respetivamente (gráfico 1).

Gráfico 1 - Evolução da prevalência da Obesidade nos EUA (1960-2000). Adaptado de “Plano Nacional de Combate

à Obesidade”(7)

Em Portugal, segundo um estudo realizado entre 2003 e 2005, 15% dos homens

adultos e 13,4% das mulheres adultas têm Obesidade(8). A Sociedade Portuguesa

para o Estudo da Obesidade (SPEO), nos estudos sobre a prevalência da

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patologia nos anos de 1999 e 2004 mostra que se juntarmos à obesidade a pré-

obesidade (IMC 25-29,9 kg/m2), no ano de 2004 a prevalência destas era de

58,6% nos homens adultos portugueses e de 46,5% das mulheres adultas

portuguesas (tabela 1). Dados da Sociedade Portuguesa de Ciências da Nutrição

e Alimentação (SPCNA), de 2009, mostram que a prevalência de excesso de

peso e obesidade na população portuguesa é de 38,2% para as mulheres e

64,5% para os homens(9).

Homens [IMC (kg/m2)] Mulheres

Estudo Pré-Obesidade Obesidade Pré-Obesidade Obesidade

C. Afonso 38,8 7,3 28,1 10,8

ONSA 37,6 10,9 30,5 10,7

SPEO, 1999 41,1 12,9 30,8 15,4

SPEO, 2004 44,1 14,5 31,9 14,6

ONSA: Observatório Nacional da Saúde; SPEO: Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade. Adaptado de “Plano Nacional de

Combate à Obesidade”(7).

Tabela 1 - Percentagem de população portuguesa com pré-obesidade (IMC 25-29,9) e obesidade (IMC≥30) por

género.

Nas crianças, a problemática do excesso de peso e obesidade também é bem

patente, sendo que a direção geral de saúde (DGS) evidenciou que, em 2006,

18,1% das crianças portuguesas tinham pré-obesidade, 13,9% eram já obesas e,

em termos médios, 32% tinham excesso de peso (mais evidente nos meninos do

que nas meninas, 32,9 e 31%, respetivamente)(10). Este tema assume maior

relevo já que as crianças obesas têm 20 vezes maior probabilidade de se

tornarem adultos obesos(11).

Além disso, o aumento do IMC durante a infância até níveis de obesidade parece

estar relacionado com o desenvolvimento e aceleração de diversos fatores de

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risco cardiometabólicos, como a hipertensão, dislipidemia (hipertrigliceridemia),

redução do c-HDL, hiperinsulinemia e intolerância à glicose, conhecida como

síndrome metabólica (SM)(12).

Nos EUA estimou-se que em 2008 os custos para o serviço nacional de saúde da

Obesidade, quer direta ou indiretamente, foram de 147 biliões de dólares ano(13).

Em Portugal, estimativas apontam que no ano de 2002 os custos da Obesidade,

direta ou indiretamente, foram de aproximadamente 500 milhões de euros,

repartidos entre 82,3 milhões de euros para o tratamento em ambulatório da

obesidade e comorbilidades, 87 milhões de euros para o internamento, 128

milhões de euros para o consumo de medicamentos, 83 milhões de euros em

perdas de produtividade associadas a incapacidade temporária e 116,6 milhões

de euros em perdas económicas relacionadas com a mortalidade prematura(14).

Como custos indiretos atribuídos à obesidade destacam-se o absentismo ao

trabalho, o desemprego mais marcado em obesos ou maior dificuldade para ter

emprego assim como a diminuição na produtividade e morte prematura(15). Além

disso, surgem como custos indiretos também aqueles destinados ao tratamento

de outras patologias atribuídas à obesidade.

De facto, com o aumento da prevalência da Obesidade, também se tem assistido

ao crescimento da prevalência de outras doenças crónicas, entre as quais as

doenças cardiovasculares(2), a primeira causa de morte no Mundo(16). Ainda,

existe uma relação direta entre o aumento do IMC e a prevalência de diversas

doenças crónicas, como a diabetes e diversos tipos de cancro (endométrio, cólon

e mama, por exemplo)(3).

Efetivamente, é atribuída uma relação causal à obesidade e ao excesso de peso

do surgimento de 44% dos novos casos de diabetes, 23% dos casos de doença

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isquémica cardíaca e entre 7 a 41% de certos tipos de cancro. Assim, a

obesidade é tida como o 5º maior fator de risco de morte no Mundo, contribuindo

anualmente com 2,8 milhões de mortes(3). De outras patologias frequentemente

associadas ao excesso de peso e obesidade destacam-se: hipertensão, doença

hepática ou biliar, apneia do sono, osteoartrite, etc. Esta associação faz com que

a esperança de vida dos obesos seja significativamente menor em relação a

indivíduos saudáveis(17).

Por conseguinte, a perda de peso é importante para reduzir o risco de diabetes

Mellitus tipo 2, na homeostase da glicose, assim como na melhoria do perfil

lipídico e na redução da pressão arterial, em indivíduos obesos(18). A maioria das

estratégias nutricionais para a perda de peso conduz a uma perda razoável em 6

meses (aproximadamente 8-10% do peso corporal inicial). No entanto, o

verdadeiro desafio do tratamento da obesidade é a manutenção do peso perdido

a longo prazo, mais ainda na medida em que os indivíduos obesos têm uma

perceção errada da quantidade de peso que podem perder, o que poderá ter um

impacto dramático na terapia nutricional, levando à desistência(19).

Case e colaboradores demonstraram que uma perda moderada do peso corporal

(aproximadamente 6,5%) conduziu a uma melhoria significativa na saúde dos

indivíduos em estudo. Mais concretamente, esta perda de peso acarretou uma

redução substancial na pressão arterial sistólica e diastólica, na glicemia,

triacilgliceróis e colesterol total(20). Um outro estudo mostrou que uma perda

moderada do peso corporal (aprox. 8 kg) resultou numa redução significativa da

prevalência de síndrome metabólica e, por cada kg de peso perdido o risco de

desenvolver este síndrome era reduzido em 8%(21).

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A motivação do doente e o seu maior acompanhamento pelo profissional de

saúde poderá levar a uma maior adesão à terapêutica nutricional instituída,

conduzindo a melhores resultados e, consequentemente, a mudanças efetivas no

estilo de vida(22).

A causa fundamental do excesso de peso e obesidade é o sucessivo balanço

energético positivo entre aquilo que é consumido e o que é despendido.

Genericamente, há um aumento do consumo de alimentos de elevada densidade

energética, ricos em gordura e/ou hidratos de carbono, tradicionalmente simples,

e de baixa densidade nutricional (pobres em vitaminas e minerais), associado a

um decréscimo na prática de atividade física, também atingida pela natureza

sedentária dos empregos, da atual forma de transporte e do aumento da

urbanização(3). Efetivamente, as alterações marcadas que aconteceram na dieta

e no estilo de vida das populações, preconizadas pela industrialização,

urbanização, desenvolvimento económico e globalização acarretaram um impacto

demarcado na saúde e no estado nutricional das populações(2).

No entanto, existem diversos fatores que contribuem para o comportamento

alimentar e, consequentemente, para o consumo de alimentos. Um conjunto

complexo de fatores, internos e externos, influencia o apetite e, posteriormente, a

qualidade e quantidade de alimentos consumidos(2). Os fatores internos incluem

fenómenos fisiológicos que regulam o apetite, como o Neuropeptídeo-Y, que o

estimula(23) e a leptina, que reduz a ingestão alimentar(24). Muitos fatores externos

podem, também, influenciar o consumo alimentar. Estes incluem fatores

ambientais (por exemplo, a disponibilidade alimentar, o poder socioeconómico)(25),

fatores sociais(26), a palatabilidade dos alimentos(26) e o stresse(27). Já em 1958,

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Kaplan sugeriu que um dos fatores que contribuía para a obesidade era a

ingestão alimentar associada ao stresse, principalmente a apetência para o

consumo de alimentos ricos em açúcar e gordura(28).

Diariamente experimentámos determinados acontecimentos e circunstâncias que

percecionámos como ameaçadoras ou perigosas e que, consequentemente,

provocam sentimentos de desconforto ou situações de tensão. Estes

fatores stressores podem variar ao longo da evolução da vida das pessoas,

contudo, experimentar situações de stresse pode existir em qualquer altura da

vida. O stresse pode surgir de uma interminável variedade de

fontes como problemas laborais, ruído, dor, restrições, competição desportiva,

exames, andar de avião, estar em situações de multidão, entre outras(29).

Além disso, o próprio ato de restrição energética consciente quando, por exemplo,

se está a tentar perder peso através de uma dieta restritiva é, por si só, um fator

stressor crónico, podendo levar à ingestão associada ao stresse ou à ingestão

emocional(30), o que, aliado ao facto de a sociedade ocidental vivenciar níveis

ambientais elevados de stresse e disponibilidade abundante de alimentos muito

energéticos, pode conduzir ao aumento da ingestão energética(31).

O cérebro é o órgão chave na resposta ao stresse, na medida em que determina

o que é ameaçador e, portanto, potencialmente stressor, assim como a resposta

fisiológica e comportamental que pode ser adaptativa ou prejudicial(32). As reações

aos stressores podem surgir de diversas formas(33), mas as mais importantes são

a via “luta ou fuga” (ativação do sistema medular simpático-adrenal) e a via

“passiva” envolvendo o eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal (HPA)(27).

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A ativação do sistema medular simpático-adrenal envolve a libertação de

adrenalina e noradrenalina e, é típica de períodos de stresse agudo(27). A

hiperativação do eixo HPA, com a libertação de corticosteroides (cortisol) é

associada ao stresse crónico(27). As hormonas libertadas em resposta ao stresse

podem afetar diretamente o apetite. A noradrenalina, por exemplo, é reportada

como suprimindo o apetite em períodos de stresse, ao passo que o cortisol é

conhecido como estimulando o apetite(27).

Quando é vivenciado um stresse agudo, como uma ameaça à sobrevivência,

ocorre de imediato uma resposta do tipo “fight or flight” (isto é, luta ou fuga) que

resulta na supressão do apetite(34). Por outro lado, a exposição a stressores

crónicos, como a pressão laboral, pode levar a respostas que ao invés de

suprimirem a ingestão alimentar reforçam o consumo de alimentos de elevada

densidade energética(35).

Ainda, embora 20% da população não altera os seus padrões de consumo

durante os períodos de stresse, a maioria faz alterações. Aproximadamente 40%,

ou mais, aumenta e os restantes 40% diminuem o consumo energético enquanto

em stresse(27, 36). Um estudo mostrou que a tristeza favorece o consumo de

alimentos ricos em gordura/açúcar, tradicionalmente caracterizados como

alimentos de compensação ou conforto(37).

De facto, tem sido sugerido na literatura que o consumo de alguns alimentos

promove a redução da resposta ao stresse como uma via de resposta

compensatória(38). Dallman e colaboradores mostraram, através de um modelo

animal, que a ingestão de alimentos conforto reduz a atividade da via HPA,

diminuindo assim a resposta ao stresse(39). Recentemente, um estudo em mais de

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1000 voluntários mostrou que o consumo frequente de uma pequena quantidade

de chocolate foi associado com uma redução do IMC(40).

Outro fator a ter em conta é que quando se questiona um indivíduo acerca dos

seus hábitos de consumo, este tende a responder de acordo com aquilo que

perceciona como socialmente desejável ou aceite(41). De facto, mesmo que não

intencionalmente estamos sempre a comunicar algo de nós ao Mundo,

transmitindo uma imagem de nós mesmos em função do contexto. Quando se

realiza uma investigação com seres humanos é essencial ter em conta que o ser

humano é um ser social que tende a responder em conformidade com a cultura e

o meio onde se insere(42).

A tendência para transmitir uma imagem favorável, socialmente aceite, para

procurar a aprovação e evitar críticas pode ser entendida como desejabilidade

social. Assim, a desejabilidade social é um parâmetro que pode enviesar os

resultados de um estudo, devendo por isso ser estudada numa investigação cuja

avaliação contempla parâmetros de auto relato de comportamentos. Deste modo,

indivíduos que apresentem maior necessidade de aprovação tenderão a

evidenciar maior número de respostas socialmente aceites(43-44).

Outro fator a considerar na terapêutica nutricional da Obesidade é o

acompanhamento regular dos doentes por parte do Nutricionista. De facto, o

contacto regular com doentes obesos, quer com o menor distanciamento entre

consultas quer através de contacto telefónico entre elas, tem sido associado com

melhores resultados na perda de peso(44).

Já desde os anos de 50 que Stunkard evidencia que a maioria dos doentes

obesos não se mantém nos programas de perda de peso e, daqueles que se

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10

mantém a maioria não perde peso e, dos que perdem peso as recidivas e o

consequente ganho de peso acontece na maioria desses(45). Além disso, são

vários os fatores elencados na literatura como preditores do maior insucesso num

tratamento de perda de peso e que pode levar à desistência dos doentes, tais

como: maior IMC no começo do tratamento(46), história de tentativas prévias de

perda de peso(46), expectativas irrealistas de perda de peso(47) ou falta de

motivação para o tratamento(48). Alguns hábitos de consumo são também

associados ao abandono do tratamento da obesidade, como o baixo consumo de

fruta e o consumo de bebidas alcoólicas durante as refeições(49).

Assim, esta investigação pretende verificar de que forma o maior

acompanhamento do doente obeso e a inclusão de um alimento conforto como

parte integrante da terapia nutricional instaurada condiciona o sucesso da

terapêutica.

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11

Objetivos

Tendo em conta as diferentes abordagens terapêuticas para o tratamento da

Obesidade, os objetivos desta investigação são:

1) Caracterizar a amostra quanto aos dados antropométricos;

2) Caracterizar a amostra quanto a tentativas anteriores de perda de peso e aos

métodos utilizados;

3) Descrever e comparar a variação nos dados antropométricos nas diferentes

abordagens;

4) Descrever e comparar a relação entre a desejabilidade social e a perda de

peso;

5) Descrever e comparar a perceção de dificuldade no cumprimento do plano

instaurado bem como na melhoria do estado geral de saúde nas diferentes

abordagens;

6) Descrever e comparar a relação entre a desejabilidade social e a perceção da

dificuldade no cumprimento do plano instaurado bem como na melhoria do estado

geral de saúde nas diferentes abordagens;

7) Descrever e comparar a prática inicial e final de atividade física nos diferentes

grupos.

Amostra e Métodos

Amostra

A amostra foi recolhida no Hospital de São João, EPE, Porto e, é constituída por

indivíduos obesos adultos que frequentariam pela primeira vez a consulta de

Nutrição no hospital em epígrafe e, mais concretamente no serviço de

endocrinologia. Foram critérios de inclusão um IMC inicial igual ou superior a 30

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12

kg/m2 e a inexistência de qualquer patologia que obrigasse a uma terapêutica

nutricional específica e diferente da preconizada para o tratamento da Obesidade.

Da população de 63 doentes avaliados na primeira consulta, 6 não compareceram

à segunda avaliação. Assim, a amostra final é constituída por 57 doentes obesos,

tendo sido dividida em três grupos. Em todos eles foi prescrito um plano alimentar

estruturado e de acordo com as especificidades individuais, como gostos e

preferências.

No grupo 1 (grupo controlo) foi realizada a terapêutica nutricional clássica, com a

prescrição de um plano alimentar estruturado e individualizado; o grupo 2 (grupo

experimental) além do plano alimentar era efetuada uma chamada telefónica uma

vez por semana e, o grupo 3 (grupo experimental) no plano alimentar instaurado

foi incluído um alimento conforto, no caso chocolate ou barra de cereais (de

acordo com o desejado pela amostra de entre um alimento doce ou salgado).

O grupo 1 é constituído por 20 indivíduos com uma idade média de 42,6 anos

(dp=13,3 anos), sendo que 75% (n=15) são do sexo feminino e 25% (n=5) do

sexo masculino. O grupo 2 é constituído por 19 sujeitos com uma idade média de

40,4 anos (dp=12,8 anos), sendo que 73,7% (n=14) são do sexo feminino e

26,3% (n=5) do sexo masculino. O grupo 3 é constituído por 18 sujeitos com uma

idade média de 39,9 anos (dp=11,8 anos), sendo que 72,2% (n=13) são do sexo

feminino e 27,8% (n=5) do sexo masculino.

No que se refere à escolaridade dos participantes, quer do grupo 1, como dos

grupos 2 e 3, esta encontra-se descrita na tabela 2.

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13

Tabela 2 - Caracterização sociodemográfica da amostra.

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3

Características n M dp n M dp 2 P n M Dp 2 P

Géneroa 20 19 0,925 18 0,846

Feminino 15 14 13

Masculino 5 5 5

Idadeb 42,6 13,3 40,4 12,8 0,614 39,9 11,8 0,529

Escolaridade

1º ciclo 2 3 3

2º/3º ciclos 12 11 9

Secundário 3 2 2

Superior 3 3 4 a Teste qui-quadrado; bTeste T-student

Na análise das variáveis “Género” e idade não se encontraram diferenças

estatisticamente significativas entre os grupos.

.

Instrumentos e Procedimentos

Nesta investigação foi utilizado um questionário de dados sociodemográficos e

clínicos e o questionário de desejabilidade social MC-SDS (“the Marlowe-Crowne

Social Desirability Scale”(50)).

A Escala de Desejabilidade Social de Marlowe-Crowne (MC-SDS) é a escala

atualmente mais utilizada para avaliar a desejabilidade social(51). A MC-SDS

consiste em 33 itens, a cada um dos quais corresponde uma afirmação. Cada

afirmação deve ser classificada como verdadeira ou falsa, consoante descreva ou

não o respondente. Dezoito dos itens são pontuados com um ponto caso a

afirmação seja classificada como verdadeira, enquanto os restantes 15 pontuam

se a afirmação for classificada como falsa. A pontuação da escala corresponde à

soma das pontuações obtidas nos 33 itens(43).

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14

O protocolo de avaliação contemplava o recurso a um questionário de dados

sociodemográficos e clínicos e um inquérito de desejabilidade social (MC-SDS),

realizado na primeira consulta. O questionário de dados sociodemográficos e

clínicos estava organizado da seguinte forma:

1. Caracterização sociodemográfica (idade, grau de escolaridade, género),

antecedentes clínicos relevantes e prática de atividade física;

2. Peso máximo e peso mínimo enquanto adulto, peso desejado;

3. Avaliação antropométrica (peso, estatura, perímetros da cinta [Pc] e da

anca [Pa]) e da composição corporal, por impedância bioelétrica;

4. Hábitos de consumo;

A classificação da desejabilidade social, pela escala MC-SDS, era realizada

posteriormente ao questionário supracitado.

O peso teórico de referência foi calculado através da média aritmética das

fórmulas de Butheau e da Metropolitan Life Insurance Company(52). O peso e a

composição corporal foram avaliados pela balança Inbody-230.

O protocolo aplicado foi de administração indireta, excepto a caracterização da

desejabilidade social, que foi feita através de um questionário de administração

direta (MS-CDC).

Os doentes foram reavaliados ao fim de 6 semanas relativamente aos pontos 2; 3

e 4. Ainda, foram questionados a classificar a dificuldade no cumprimento do

plano alimentar instaurado e da perceção de melhoria do estado de saúde em

geral através de uma escala do tipo Likert (1= muito fácil / piorou muito; 2= fácil /

piorou; 3= razoável / sem alteração; 4= difícil / melhorou; 5= muito difícil /

melhorou muito, respetivamente).

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15

O peso desejado corresponde ao peso que os doentes gostariam de ter. O peso

máximo é o mais elevado alguma vez atingido enquanto adulto, enquanto o

mínimo é o mais baixo nas mesmas condições. A diferença entre o peso na

primeira consulta e o peso desejado designa-se por peso que deseja perder

(“peso_perder”), o peso perdido pelos doentes foi também verificado em

percentagem do peso total que deseja perder (“peso_perder”), através do

quociente entre o peso perdido pelo que deseja perder e multiplicado por 100

[(“Peso_P”/”peso_perder”) x 100].

Por último, foi necessária a aprovação do desenho experimental por parte da

Comissão de Ética do hospital em questão. Após a aprovação, foi pedido a todos

os indivíduos da amostra para assinarem as declarações de consentimento

informado, e foram prestados todos os esclarecimentos necessários.

Todos os dados foram anonimizados e inseridos numa base de dados para

posterior análise.

Análise de dados

A análise de dados foi realizada através do programa de computador SPSS

(Statistical Package for the Social Science) do Windows, versão 17.0.

Para a análise descritiva foi calculada a média (M), o desvio padrão (SD) o

máximo (Máx) e o mínimo (Mín) para variáveis cardinais e a frequência para

variáveis nominais e ordinais.

Para avaliar a normalidade da distribuição das variáveis cardinais usou-se o teste

de Kolmogorov-Smirnov, verificando que apenas o perímetro de cinta inicial

(“Pcinta_I”) não tinha uma distribuição próxima à normal.

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16

Para comparar as médias das amostras paramétricas (independentes ou

emparelhadas) foi usado o teste t-Student e, o teste de Mann-Whitney para as

não paramétricas. A independência entre pares de variáveis foi verificada com o

teste do qui-quadrado.

O grau de associação/correlação entre pares de variáveis foi quantificado com o

uso do coeficiente de correlação de Pearson (R) (variáveis paramétricas) e do

coeficiente de correlação de Spearman (ρ) (correlações não paramétricas)

Considerou-se:

- Correlação muito forte quando |R| ou | ρ| pertence ao intervalo [0,9;1,0];

- Correlação forte quando |R| ou | ρ| pertence ao intervalo [0,75;0,9[;

- Correlação moderada quando |R| ou | ρ| pertence ao intervalo [0,5;0,75[;

- Correlação fraca quando |R| ou | ρ| pertence ao intervalo [0,25;0,5[;

- Correlação muito fraca quando |R| ou | ρ| pertence ao intervalo [0,0;0,25[;

Foi rejeitada a hipótese nula sempre que o nível de significância crítico (para

rejeição da hipótese nula) assumia um valor inferior a 0,05 (p<0,05).

Para a análise dos resultados entende-se como “Grupo 1” o grupo controlo, o

“Grupo 2” como o grupo experimental em que foi realizada a chamada telefónica

semanal e, o “Grupo 3” como o grupo experimental onde foi incluído o alimento

conforto no plano alimentar.

Os níveis de significância para rejeição da hipótese nula são apresentados

comparando os grupos 1 e 2 e os grupos 1 e 3 e, surgem à direita do grupo

experimental em questão (2 ou 3).

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17

Resultados

Os resultados obtidos serão descritos na sequência dos objetivos previamente

definidos.

1. Caracterização da amostra quanto aos dados antropométricos:

Relativamente às características antropométricas dos grupos em estudo (1, 2 e

3), estas encontram-se descritas na tabela 3.

Tabela 3 - Caracterização antropométrica da amostra.

Grupo 1 Grupo 2

Grupo 3

M dp Mín Máx M dp Mín

Máx P M Dp Mín

Máx P

Pesoa 109 21,7 85,3 178,4 107,8 21,5 83,6 155,9 0,871 110,4 15,2 142 142,0 0,811

Estaturaa 1,63 0,09 1,50 1,92

1,63 0,09 1,50 1,79

0,817 1,68 0,10 1,54 1,85

0,167

IMCa 40,9 5,71 32,2 54,0

40,6 5,82 32,9 54,0

0,872 39,4 4,79 32,4 46,6

0,384

MGa 47,3 4,63 38,5 53,6

46,4 5,68 35,4 52,6

0,616 44,6 5,76 33,6 52,6

0,133

Pcintab 118,2 14,0 97,0 155,0

114,3 14,9 93,0 155,0

0,292 115,9 14,1 97,0 143,0

0,447

Pancaa 127,0 8,89 104,0 146,0

125,9 9,56 109,0 146,0

0,734 130,6 9,76 112,0 148,0

0,243

a Teste T-student b Teste U-Mann-Whitney

Não existem diferenças estatisticamente significativas entre os grupos no que diz

respeito às variáveis antropométricas (ver tabela 3).

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18

2. Caracterização da amostra quanto a tentativas anteriores de perda de

peso e aos métodos utilizados:

Na tabela 4 é possível verificar que 71,9% (n=41) da amostra tentou pelo menos

uma vez perder peso e 28,1% (n=16) dos participantes nunca tentou perder peso.

A forma e respetiva distribuição de como estas tentativas prévias para a perda de

peso foram realizadas estão descritas na tabela 4.

Tabela 4 - Percentagem de tentativas prévias de perda de peso e sua distribuição pelos métodos usados.

Sim Não Tentativa prévia de perda de peso 41 (71,9%) 16 (28,1%) Método Auto-prescrição 7 (12,3%) Medicamento 9 (15,8%) Dieta Médico 5 (8,8%) Nutricionista 30 (52,6%)

Pela análise da tabela percebe-se que o recurso a um Nutricionista foi a forma

mais referida pelos doentes na tentativa de perda de peso.

3. Descrição e comparação da variação nos dados antropométricos nas

diferentes abordagens;

A variação nas variáveis antropométricas entre as duas avaliações realizadas,

pode ser visualizada na tabela 5.

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19

Tabela 5 - Caracterização da variação nas variáveis antropométricas avaliadas nos 3 grupos.

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3

M dp Mín Máx M dp Mín

Máx P a M dp Mín

Máx P a

Peso_P 2,59 3,64 -2,3 13,4 1,55 2,79 -4,3 4,2 O,331 3,83 2,46 -2,3 7,5 0,242

IMC_P 1,09 1,20 -0,8 3,6 0,68 1,12 -1,6 2,0 0,289 1,35 0,87 -0,8 3,0 0,474

MG_P 0,56 1,23 -1,9 2,7 0,43 0,92 -0,5 3,0 0,730 1,51 0,90 -0,1 2,9 0,014*

Pcinta_P 2,94 2,53 -2,0 8,0

0,95 3,44 -6,0 6,0

0,53 3,11 2,13 -1,0 6,0

0,832

Panca_P 1,72 2,37 -3,0 5,0 0,89 2,07 -3,0 4,0 0,265 2,97 2,19 -3,0 6,0 0,110

a Teste T-student ; *p < 0,05 Nota: “P”=perdido

É possível constatar que não existem diferenças estatisticamente significativas

entre os dois grupos experimentais e o grupo de controlo (grupo1) relativamente

ao peso, IMC, perímetros de cinta e anca perdidos. No que diz respeito à

percentagem de massa gorda perdida, verifica-se que não existem diferenças

com significado estatístico entre os grupos 1 e 2, mas existem diferenças

estatisticamente significativas entre os grupos 1 e 3 (ver tabela 5).

Apesar das diferenças entre grupos se registarem apenas ao nível da

percentagem da massa gorda perdida pelos grupos 1 e 3, importa analisar se

existem diferenças significativas entre os dados antropométricos iniciais e finais

dentro de cada um dos grupos.

Assim, na tabela 6, pode-se analisar as variáveis antropométricas dentro de cada

um dos grupos entre as 2 avaliações realizadas, inicial e final.

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20

Tabela 6 - Variação dos dados antropométricos analisados dentro dos próprios grupos.

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 M dp P a M dp P a M Dp P a

Peso_I 109,1 21,9 0,008*

107,8 21,5 0,027*

110,4 15,2 <0,001** Peso_F 106,5 19,8 106,3 21,9 106,6 14,8

IMC_I 41,3 5,65 0,001**

40,6 5,81 0,016*

39,4 4,79 <0,001** IMC_F 40,2 5,41 40,0 6,31 38,1 4,72

MG_I 47,4 4,77 0,089

46,4 5,68 0,066

44,6 5,76 <0,001** MG_F 46,8 4,88 46,0 5,76 43,1 5,96

Pcinta_I 119,4 13,4 <0,001**

114,3 14,9 0,245

115,9 14,1 <0,001** Pcinta_F 116,4 12,8 113,4 15,8 112,8 14,2

Panca_I 127,2 9,10 0,007*

125,9 9,58 0,076

130,6 9,76 <0,001** Panca_F 125,4 8,94 125,1 10,1 127,6 10,2

a Teste T-student para amostras emparelhadas; *p <0 ,05; ** p<0,01 NOTA: I=Inicial ; F=Final

É importante também relacionar a perda de peso efetiva dos participantes em

relação ao peso que estes desejavam perder bem como analisar a diferença entre

o peso máximo alguma vez atingido e o peso atual. Estes resultados encontram-

se descritos na tabela 7.

Tabela 7 - Médias totais e Comparação entre grupos da Diferença de Peso máximo alguma vez atingido e o peso

atual, do Peso a perder e da Percentagem da perda peso efetiva dos participantes de acordo com o peso que

desejavam perder.

n M dp M ín Máx Pa

Total Diferença_Peso (kg) 57 4,89 6,38 -1,40 18,8 Peso_Perder (kg) 57 35,1 14,5 9,70 78,4 %_Perda_Peso (kg) 57 8,76 8,98 -9,86 26,6

Grupo 1 Diferença_Peso (kg) 20 4,81 6,65 0,00 18,8 Peso_Perder (kg) 20 38,3 14,3 15,6 78,4 %_Perda_Peso (%) 20 5,42 7,14 -6,97 17,1

Grupo 2 Diferença_Peso (kg) 19 5,33 6,75 0,00 18,4 0,810 Peso_Perder (kg) 19 35,3 18,3 9,7 75,9 0,585 %_Perda_Peso (%) 19 7,82 10,4 -9,86 23,7 0,432

Grupo 3 Diferença_Peso (kg) 18 4,53 6,04 -1,4 16,0 0,895 Peso_Perder (kg) 18 31,7 9,56 16,4 49,8 0,111 %_Perda_Peso (%) 18 12,9 7,63 -5,75 26,6 0,005*

a Teste T-student; * p<0,05; NOTA: “Diferença_Peso” significa a diferença entre o peso máximo alguma vez atingido e o peso actual dos doentes; “Peso_Perder” significa o Peso que os doentes querem perder de acordo com a diferença entre o peso actual e o peso desejado; “%_Perda_Peso” significa a percentagem de peso perdida pelos doentes da amostra de acordo com o peso que desejavam perder

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21

Observando a tabela, verifica-se que a percentagem de peso efetivamente

perdida em relação àquilo que se pretendia perder é significativamente diferente

no grupo 3 (em comparação ao grupo de controlo). As outras variáveis em análise

não têm diferenças estatisticamente significativas (ver tabela 7).

4. Descrição e comparação da relação entre a desejabilidade social e a

perda de peso;

A tabela 8 apresenta os valores obtidos pela amostra no MC-SDS em termos

totais bem como de acordo com o género. É possível verificar que a amostra

apresenta um score médio de Desejabilidade Social de 21,1 (dp=4,27), sendo

mais elevada no género feminino.

Na análise da variável desejabilidade social importa ainda compará-la com o peso

perdido pela amostra. Assim, verifica-se que existe uma correlação fraca entre

estas variáveis em termos totais. Contudo, quando se analisa a correlação entre

estas variáveis por género, verifica-se que existe uma correlação moderada com

significado estatístico para os homens, ao passo que nas mulheres não se verifica

nenhuma associação entre estas variáveis (ver tabela 8).

Tabela 8 - Desejabilidade social da amostra. Relação entre desejabilidade social e peso perdido por género.

N M dp Mín Máx Peso Perdido (M, kg) Ra P

MC-SDS 57 21,1 4,27 9,0 28,0 2,64 -0,269 0,047*

Género

Feminino 42 21,1 3,97 11,0 28,0 2,39 -0,009 0,954

Masculino 15 20,9 5,15 9,0 27,0 3,29 -0,661 0,007*

a Correlação de Pearson *p <0 ,05;

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22

5. Descrição e comparação da perceção de dificuldade no cumprimento

do plano instaurado e na melhoria do estado geral de saúde nas

diferentes abordagens;

A perceção de dificuldade no cumprimento do plano alimentar seguido nas

diferentes abordagens bem como a perceção da melhoria do estado geral de

saúde são dois fatores que importam ser analisados.

Comparando os resultados obtidos na perceção de dificuldade de cumprimento do

plano alimentar, observa-se a menor dificuldade no grupo 3, com significado

estatístico. Relativamente à perceção da melhoria do estado de saúde, verifica-se

que o grupo 1 apresenta scores mais elevados que o grupo 2 e que o grupo 3, no

entanto estas diferenças não têm significado estatístico.

Tabela 9 - Diferenças na perceção da dificuldade no cumprimento do plano alimentar e da melhoria no estado de

saúde entre os grupos 1 e 2 e entre os grupos 1 e 3.

Dificuldade no cumprimento Melhoria no estado de saúde

M dp Pa M dp Pa

Grupo 1 3,22 0,94 0,290

3,06 1,11 0,340

Grupo 2 2,84 1,17 2,63 1,30

Grupo 1 3,22 0,941 0,002*

3,06 1,11 0,452

Grupo 3 2,22 0,81 3,17 0,71 a Teste U-Mann-Whitney; *p <0 ,05

6. Relação entre a desejabilidade social, perceção da dificuldade no

cumprimento do plano instaurado e perceção da melhoria do estado

geral de saúde nas diferentes abordagens;

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23

Na análise dos resultados obtidos no autorrelato dos participantes acerca da sua

perceção da dificuldade no cumprimento do plano alimentar e na melhoria do seu

estado geral de saúde, é necessário ter em conta o efeito da desejabilidade

social. Assim, analisando a tabela abaixo apresentada pode-se verificar que não

existe nenhuma associação significativa entre a desejabilidade social e a

perceção de dificuldade no cumprimento do plano bem como entre a

desejabilidade social e a perceção da melhoria no estado geral de saúde (ver

tabela 10).

Tabela 10 - Relação entre desejabilidade social, perceção da dificuldade no cumprimento do plano e perceção

da melhoria do estado geral de saúde.

Total Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3

MC-SDS Ra P Ra P Ra P Ra P

Dificuldade

cumprimento plano

-0,049 0,721 0,048 0,851 -0,182 0,455 -0,188 0,454

Melhoria estado saúde 0,023 0,868 0,116 0,646 0,150 0,540 -0,291 0,241

a Correlação de Spearman;

7. Descrição e comparação da prática inicial e final de atividade física

nos diferentes grupos:

Importa também analisar a variação na prática de atividade física pelos diferentes

grupos antes da intervenção e após a intervenção. Na tabela 11 é possível

verificar esta variação, assim como a comparação entre os grupos experimentais

(2 e 3) e o grupo 1.

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24

Tabela 11 - Comparação entre a atividade física inicial e final entre os 3 grupos.

Atividade Física Inicial (%) Atividade Física Final (%) Praticava Não Praticava Pa

Praticava Não Praticava Pa

Grupo 1 26,3 73,7 31,3 68,8 Grupo2 31,6 68,4 0,721 57,9 42,1 0,115 Grupo 3 38,9 61,1 0,495 70,6 29,4 0,038* a Teste qui-quadrado; p<o,o5

Em relação às diferenças existentes entre os grupo, verificámos não existirem

diferenças estatisticamente significativas ao nível da atividade física inicial. Na

atividade física final, registam-se diferenças estatisticamente significativas no

grupo 3, grupo do alimento conforto (ver tabela 11).

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Discussão dos resultados

Após a análise dos dados obtidos é possível desenvolver duas linhas de

discussão dos resultados, uma relacionada com o que foi obtido com a presente

investigação e, outra relacionada com a relação entre o que foi obtido e o que se

encontra descrito na literatura.

Com os resultados obtidos podemos verificar que o objetivo principal traçado para

esta investigação foi cumprido, uma vez que os resultados dão resposta ao nosso

objetivo primordial, isto é, verificar a eficácia de diferentes abordagens para o

tratamento da obesidade.

Os resultados desta investigação permitem, antes de mais, caracterizar a amostra

relativamente a diferentes aspetos.

Da análise da tabela 3, podemos verificar que os dados antropométricos

avaliados [peso, estatura, índice de massa corporal (IMC), massa gorda (MG),

perímetro de cinta (Pc) e perímetro de anca (Pa)] não eram significativamente

diferentes entre os grupos, podendo então os resultados a partir da primeira

avaliação ser comparáveis, na medida em que os grupos não apresentavam

diferenças significativas entre eles à partida.

A nossa amostra tinha, em termos totais, uma média de idades de 41 anos. O

fator idade tem sido referido, em vários estudos, como um dos determinantes que

levam ao abandono no tratamento da Obesidade(49). No entanto, os dados na

literatura são inconclusivos, isto é, enquanto uns estudos demonstram que quanto

maior a idade maior a adesão à terapêutica(53), outros evidenciam que a idade não

está relacionada consistentemente com a adesão ao tratamento(46).

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Constatámos que, na amostra total, a diferença entre o peso atual e o peso

máximo alguma vez atingido é de apenas 4,89 kg, em termos médios (se

verificarmos dentro de cada grupo, estas diferenças são de 4,81 kg, 5,33 kg e

4,53 kg, entre os grupos 1, 2 e 3, respetivamente). Além disso, muitos dos

doentes (46,4%) referiram que o peso no momento da primeira avaliação era o

seu peso máximo enquanto adulto. Verificámos, ainda, que 71,9% da nossa

amostra referiu já ter tentado perder peso através de variados métodos, o que

leva a supor que a eficácia desses tratamentos não foi a desejada.

Esta ineficácia nas tentativas prévias de perda de peso é bem descrita na

literatura como um dos determinantes que leva a um novo insucesso no

tratamento(46), na medida em que conduzem à desmoralização dos doentes e à

consequente perceção de baixa auto eficácia para a terapêutica nutricional(48).

Quando questionámos acerca do método a que os doentes recorreram nas

tentativas prévias de perda de peso, apenas 52,7% deles já tinha sido seguido por

um Nutricionista. Este resultado é consideravelmente superior ao alcançado por

Poínhos e colaboradores que, em 2004, verificou que apenas um quarto dos

doentes tinham sido seguidos por um nutricionista(22). Além disso, 15,8% da nossa

amostra referiu já ter recorrido a fármacos para perder peso. De facto, o recurso a

fármacos para emagrecimento é comum na sociedade, sendo que nos EUA entre

os anos de 1996 e 1998 cerca de 5 milhões de adultos recorreram a este tipo de

fármacos(54).

O abandono da terapia nutricional e dos programas de perda de peso tem sido

bem reportado pela literatura, variando entre os 10 e os 80%, dependendo do

desenho experimental(55). São vários os fatores que conduzem ao abandono,

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devendo o profissional de saúde, nomeadamente o nutricionista, procurar

desenvolver novas ferramentas que auxiliem o doente obeso a manter-se na

terapêutica instaurada, assim como atingir uma perda de peso satisfatória, e

mantê-la no tempo.

A diferente abordagem aplicada aos grupos experimentais (2 e 3) em comparação

ao grupo controlo (1), teve como intuito facilitar a adesão dos doentes obesos à

terapêutica, assim como aumentar a motivação para o cumprimento do plano

alimentar.

Pela análise da tabela 5, que caracteriza a variação nas variáveis antropométricas

analisadas, verificámos que, em termos estatísticos, não houve diferenças entre o

grupo 1 (controlo) e o grupo 2 (experimental, contacto telefónico semanal). De

facto, em termos médios, apesar de no grupo 1 ter ocorrido uma maior perda de

peso (e consequentemente IMC), massa gorda, perímetros de cinta e anca, as

diferenças não foram estatisticamente significativas. Estes resultados não vão ao

encontro do obtido por Poínhos e colaboradores que verificaram um maior êxito

terapêutico em doentes obesas, com recurso a um método terapêutico que

contemplava um contacto regular com as mesmas, por via telefónica semanal

entre consultas(22).

Os autores desse estudo explicam estes melhores resultados pelo facto de os

doentes se sentirem mais acompanhados, por poderem esclarecer regularmente

dúvidas(22) e, desse modo adquirir maiores conhecimentos e confiança na

terapêutica e, consequentemente melhorar a auto eficácia(44).

Um estudo, em mais de 1000 participantes e com a duração de 30 meses,

mostrou ainda que o acompanhamento mais próximo após a perda de peso

acarreta melhores resultados na manutenção do peso perdido(56).

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Quando verificámos a variação nas variáveis antropométricas entre o grupo 1

(controlo) e o grupo 3 (experimental, alimento conforto), constatámos que apenas

existiram diferenças significativas ao nível da massa gorda perdida. No entanto,

em termos médios, houve maior perda no grupo 3 em relação ao grupo 1 em

todas as variáveis analisadas. Pensámos que a inexistência de resultados com

significado estatístico se prenda, fundamentalmente, com o tempo reduzido de

estudo, sendo de prever que em maiores tempos de estudo o efeito dos alimentos

conforto no sucesso terapêutico fosse mais significativo. Esta constatação foi

também descrita num outro estudo de investigação acerca da inclusão de

alimentos conforto no plano alimentar(57).

Ao avaliarmos a variação entre o início, isto é, a primeira avaliação e o final,

segunda avaliação, das variáveis antropométricas analisadas e dentro do mesmo

grupo, verificámos que houve sucesso em todos os grupos, ou seja, aconteceram

perdas com significado estatístico. Mais pormenorizadamente, observámos que

no grupo 1 houve perdas significativas no peso (e, consequentemente, no IMC),

nos perímetros da cinta e da anca. No grupo 2, as diferenças significativas

verificaram-se no peso (e IMC) e, no grupo 3 a diferença entre as avaliações,

inicial e final, aconteceram em todas as variáveis antropométricas, e com

resultados significativos. Um outro estudo, realizado em 2012, mostrou que numa

amostra de mulheres obesas que seguiram um protocolo de investigação

semelhante ao nosso, todos os grupos em estudo tiveram uma perda de peso,

acompanhada de uma melhoria no bem-estar psicológico(58).

Ainda, ao analisar a perceção da dificuldade no cumprimento do plano alimentar e

da melhoria no estado de saúde em geral, constatámos que os indivíduos do

grupo 3 (grupo do alimento conforto) reportaram menor dificuldade no

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cumprimento do plano em relação ao grupo controlo. Estes dados podem ser

compreendidos pelo efeito dos alimentos de conforto no stresse e,

consequentemente no humor(38).

Efetivamente, o consumo de alimentos ricos em gordura/açúcar é evidenciado na

literatura como capaz de reduzir a resposta ao stresse, através da diminuição da

resposta do eixo HPA e, consequente libertação de corticoides que potenciam a

apetência para alimentos de elevada densidade energética(59-61). Além disso, o

próprio ato de restrição energética consciente aquando, por exemplo, se está a

tentar perder peso através de uma dieta restritiva é, por si só, um fator stressor

crónico, podendo levar à ingestão associada ao stresse ou à ingestão

emocional(30). Ainda, é normalmente reportado por doentes que estão em

programas de restrição alimentar para perda de peso a obrigatoriedade de

deixarem de ingerir os seus alimentos preferidos(57) além disso, um estudo da

sociedade portuguesa de ciências da nutrição e alimentação (SPCNA) mostrou

que o sabor dos alimentos é o fator mais relevante na escolha dos mesmos(62).

Logo, pensámos que a inclusão de alimentos conforto no plano alimentar fez

diminuir a perceção da restrição exigida em programas de perda de peso e, desse

modo, diminui a resposta ao stresse em geral e, especificamente ao stresse

provocado pela imposição de cumprirem um plano alimentar.

A prática de atividade física é um determinante importante do peso corporal e,

assume uma extrema importância num programa de perda de peso, pois permite

alcançar o balanço energético negativo essencial para que ocorra uma diminuição

no peso corporal(2).

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Na nossa amostra, foi bem patente o sedentarismo dos doentes, já que a maioria

não praticava atividade física aquando da primeira avaliação. Na segunda

avaliação, verificámos que ocorreu um aumento da prática de atividade física em

todos os grupos, no entanto, apenas no grupo 3 esta diferença era significativa.

A prática de atividade física após o início de um programa de perda de peso é

apontada na literatura como um bom prognóstico na perda e manutenção do peso

a longo termo(63).

Um fator usualmente avaliado em investigações que envolvem o recurso a dados

reportados diretamente pelos doentes é a desejabilidade social(43). Este facto

reside na intenção dos inquiridos transmitirem uma imagem desejável para certos

comportamentos(42). Na nossa amostra, o score médio obtido de desejabilidade

social, pela escala MC-SDS, foi de 21,1. Este resultado é semelhante ao obtido

por Poínhos e colaboradores, que em 2008 ao avaliar a desejabilidade social em

mulheres com excesso de peso obteve um score médio de 20,9(43).

Quando avaliámos de que forma a desejabilidade social se relacionava com a

perda de peso, verificámos que existe uma correlação fraca entre estas duas

variáveis, sendo que à medida que o score de desejabilidade social aumenta, o

peso perdido pelos doentes diminui. Dividindo a amostra por géneros, verificámos

que este efeito era evidenciado nos homens, onde existe uma correlação

moderada entre estas duas variáveis, ao passo que nas mulheres não se

encontraram resultados com significado estatístico. Carels e colaboradores, em

2006, num trabalho experimental em que avaliavam como poderia a

desejabilidade social interferir no sucesso de um programa comportamental de

perda de peso, concluíram que a uma maior desejabilidade social se associava,

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significativamente, uma menor perda de peso e a menor autoeficácia(64). Ainda, os

indivíduos com maior desejabilidade social sobrestimam a sua capacidade de

sucesso num programa de perda de peso e, apresentam mais dificuldade na

automonitorização relacionada com o cumprimento da dieta(64).

Ao verificarmos a existência de algum tipo de associação entre a desejabilidade

social e o relato da perceção da dificuldade no cumprimento do plano alimentar e

na melhoria do estado geral de saúde nos diferentes grupos, verificámos que não

existiram associações significativas. O resultado mantém-se mesmo avaliando a

amostra como um todo.

Com este trabalho de investigação procurámos verificar de que forma o maior

acompanhamento dos doentes, com maior tempo e frequência de contacto e a

inclusão de um alimento conforto no plano alimentar aumentaria a eficácia do

tratamento da obesidade.

Apesar dos resultados nos parecerem promissores, nomeadamente no grupo em

que se incluiu o alimento conforto no plano alimentar, o curto período de tempo do

estudo, aliado ao número da amostra (57 doentes) são limitações que

gostaríamos de ultrapassar numa próxima investigação.

Salientámos ainda a necessidade de se desenvolverem mais trabalhos e com

novos métodos para se contornar todos os obstáculos enumerados na literatura

como preditores no insucesso da terapêutica da obesidade.

De facto, o tratamento desta patologia assume diversas especificidades obrigando

ao desenvolvimento de novas abordagens para aumentar a eficácia e o sucesso

na perda de peso.

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Considerações gerais

O excesso de peso e obesidade são considerados a segunda maior causa

prevenível de morte, principalmente pelo seu efeito nos fatores de risco

cardiovasculares(65). No entanto, perdas moderadas de peso melhoram estes

fatores de risco e, esta melhoria é sustentada desde que a perda de peso seja

mantida(66).

Contudo, um dos problemas no tratamento da Obesidade é, de facto, a

manutenção do peso perdido e, a fraca adesão do doente obeso à terapêutica

instaurada. São vários os fatores que condicionam a adesão do doente obeso à

terapêutica nutricional, como por exemplo, as tentativas prévias de perda de peso

sem sucesso ou objetivos irreais de perda de peso(46).

Na nossa amostra, verificámos que no grupo experimental com o alimento

conforto o sucesso foi maior, atingindo as pessoas deste grupo uma perda de

peso de 12,9% em relação àquilo que pretendiam atingir no total. Além disso, a

perda de massa gorda neste grupo foi significativamente maior que no grupo

controlo e, a prática de atividade física passou a ser rotina para mais indivíduos

deste grupo. Por fim, os doentes deste grupo relataram ter tido menos dificuldade

no cumprimento do plano alimentar.

A desejabilidade social dos doentes da nossa amostra foi associada

negativamente com a perda de peso, isto é, maiores scores de desejabilidade

social implicavam menor perda de peso (correlação fraca). Dividindo a amostra

por géneros, verificámos que este efeito era evidenciado nos homens, onde existe

uma correlação moderada entre estas duas variáveis, logo, existe uma

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associação moderada entre a desejabilidade social e a perda de peso, sendo que

à medida que a primeira aumenta, a segunda diminui.

O número de participantes no estudo, assim como o tempo do estudo, deveriam

ser maiores, conduzindo a mais avaliações e a melhores condições para o

tratamento estatístico. Numa futura investigação, seria interessante elencar logo à

partida os fatores preditores para o insucesso do tratamento da obesidade, assim

como dosear os níveis séricos de cortisol ao longo do estudo, procurando

evidenciar a relação destes com a ingestão alimentar e a eficácia da inclusão de

alimentos conforto.

Cabe aos profissionais de saúde, nomeadamente Nutricionistas, desenvolver

novas abordagens que permitam a maior adesão dos doentes obesos à terapia

nutricional e alcançar, consecutivamente, maior sucesso na perda de peso. O

sucesso da terapia passa não só pela perda efetiva de peso, mas também pela

manutenção do peso perdido no tempo, assim como a mudança efetiva de

comportamentos menos saudáveis.

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