metodologia do estudo
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Introdução à Pesquisa
Introdução à Pesquisa
1. Introdução
Ao tomar conhecimento do conteúdo desta unidade você vai perceber que o
desenvolvimento da ciência é resultado da atividade humana; o homem cria as suas
necessidades e, para resolvê-las, produz um conhecimento; vai perceber também
os modos de aquisição do saber, em especial, o conhecimento do senso comum e o
conhecimento científico.
Você vai perceber, ainda, que a história da ciência demonstra que as coisas não são
exatamente o que os sentidos nos revelam. Assim, podemos considerar a ciência
como um método de pesquisa baseado na faculdade racional do ser humano e na
comprovação experimental do fato pesquisado.
Por outro lado, a humanidade há muitos séculos, indaga:
• Como se sabe que uma nova informação, uma nova teoria ou conhecimentos é
correto?
• É possível utilizar algum critério para distinguir o que é correto do que não é?
A questão do método científico está interligada à necessidade de o homem ter
procedimentos e caminhos seguros para alcançar ou produzir um conhecimento
verdadeiro e de ter critérios que garantam a possibilidade de distinguir entre o
conhecimento verdadeiro e o falso.
Assim, vamos abordar os seguintes tópicos:
• O homem e o conhecimento.
• A evolução da ciência.
• O método científico.
Ao final da unidade, esperamos que você seja capaz de:
• elaborar um conceito sobre ciência e destacar alguns aspectos importantes da
natureza do saber científico comparando-os com o conhecimento proveniente da
intuição ou da tradição;
• construir uma linha do tempo identificando a evolução da ciência e o como se situa
o conhecimento científico em cada época;
• identificar as etapas que fazem parte do método científico bem como, identificar os
tipos de métodos.
2. O Homem e o Conhecimento
Ao longo dos tempos, o homem, num processo lento, vem reunindo extensas
informações que foram denominadas conhecimento. A necessidade levou o homem
primitivo a observar as coisas que estavam próximas de si: as plantas, os animais, os
fenômenos da natureza etc; passou a criar objetos simples, a praticar a cura. E, por
meio da imaginação e interpretação, criou mitos que explicavam certos acontecimentos.
A partir de experiências cotidianas, criou cultos mágicos para se comunicar com os
espíritos que, segundo suas concepções, controlavam as forças do mundo.
Dica
O conhecimento constitui o entendimento,
a averiguação e a interpretação sobre a
realidade, é o que nos guia como ferra-
menta central para nela intervir, portanto,
é resultado de um processo e este não está
isento de equívocos; é relativo à história e
à sociedade, ele não é neutro.
Foram produzidos conhecimentos de astrologia, astronomia, numerologia etc;
o homem, por intermédio da observação e da experimentação, aos poucos foi
desvendando os fenômenos que estavam ao alcance de sua inteligência.
Os métodos foram aperfeiçoados e o conhecimento dos povos antigos foi aprimorado
até chegar ao conhecimento contemporâneo. Os cientistas modernos provocaram um
grande avanço nos métodos de pesquisa, nas técnicas, na ordenação formal da coleta
de dados, produzindo novos conhecimentos em todas as áreas do saber.
Em um curto espaço de tempo, os conhecimentos foram completamente alterados,
portanto, o conhecimento não nasce pronto, ele é histórico; nada se apresenta como
definitivamente pronto, sem que antes tenha sido “germinado no tempo”.
Assim, o desenvolvimento da ciência, de maneira geral, é resultado da atividade
humana; o homem cria as suas necessidades e, para resolvê-las, produz um
conhecimento. A esta sequência permanente de acréscimos de conhecimentos racionais
e verificáveis da realidade, denominamos ciência.
A ciência, analisando sua evolução histórica, demonstra ser uma busca, uma
investigação contínua e incessante de soluções e explicações para os problemas
propostos. Como busca sistemática, ela revisa as teorias fundamentais em evidências
do passado, reformuladas pela análise de sua coerência interna, submetendo-as com
outras teorias, formulando novas hipóteses e propondo condições com o máximo de
segurança para sua testabilidade. O resultado crítico do confronto empírico dirá se há
ou não um novo conhecimento, que terá uma aceitação provisória.
Por relacionar-se com o mundo de várias formas, o homem utiliza-se de diversas formas
de conhecimentos, por intermédio dos quais evolui e faz evoluir o meio em que vive.
O conhecimento, dependendo de como é representado, pode ser, de modo geral,
classificado nos seguintes tipos: mítico, artístico, filosófico, teológico, senso comum,
científico, dentre outros.
3. O conhecimento do senso comum
Também é chamado de conhecimento ordinário, comum ou empírico, o conhecimento
do senso comum é a forma mais simples que homem utiliza para interpretar a si mesmo,
o seu mundo e o universo como um todo, está fundamentado apenas em experiências
vivenciadas ou transmitidas de pessoas para pessoas, podendo também ter origem em
experiências casuais, por meio de erros e acertos, sem a fundamentação metodológica.
O conhecimento do senso comum tem as seguintes características:
O senso comum surge em consequência da necessidade do homem em resolver
problemas com os quais defronta em seu cotidiano pelo contato direto com os fatos
e fenômenos que são percebidos principalmente através da percepção sensorial. Ele
é, quase sempre, ligado à vivência, portanto, é elaborado de maneira espontânea e
instintiva, sem seguir uma metodologia, permanecendo num nível superficial sem um
aprofundamento crítico e racionalista. É utilizado sem a preocupação da explicação dos
fundamentos teóricos que demonstram sua correção ou confiabilidade transformando-se
assim, em convicções e crenças que são incorporadas a uma determinada cultura.
Espontaneidade1
Dica
Empírico: baseado na experiência; é,
muitas vezes, um movimento pré-lógico do
pensamento, da ordem da intuição.
Dica
A produção do fogo, a invenção da roda,
a construção de instrumentos mais eficazes
de caça e tantos outros...
O conhecimento do senso comum, por estar ligado à vivência, à ação e à percepção
orientadas pelo imediatismo e pelas crenças pessoais, é subjetivo e limitado,
estabelecendo relações vagas e superficiais com a realidade, não existindo sobre
ele, uma crítica sistemática. As interpretações são definidas pelos interesses, crenças
convicções pessoais e expectativas presentes no sujeito que as elabora, fazendo
com que as explicações e informações produzidas tenham um forte vínculo subjetivo
estabelecendo relações vagas e superficiais com a realidade.
A linguagem usada no conhecimento do senso comum contém termos e conceitos vagos,
que não delimitam a classe de coisas, ideias ou eventos designados. O significado
dos conceitos é resultado do uso individual, subjetivo e espontâneo que se enriquece
e se modifica paulatinamente em função da convivência num determinado grupo. As
palavras adquirem sentidos diferenciados de acordo com as pessoas e grupos que as
utilizam, os termos têm significado dependendo do momento e do contexto no qual são
utilizados e ainda da intenção de quem os utiliza.
Quase sempre as técnicas e informações são utilizadas desconhecendo-se as razões
que justificam as suas corretas aplicação ou aceitação. O senso comum é útil, eficaz
e correto quando as informações acumuladas aplicam-se ao mesmo tipo de fatos que
se repetem e se transformam em rotina e quando as condições e fatores determinantes
destes fatos forem constantes. Porém, quando as circunstâncias ou condições são
alteradas, fica-se sem saber explicar as causas do insucesso.
Subjetividade2
Linguagem vaga3
Validade4
Dica
É muito comum a mãe de um recém-nascido
retirar um fiapo de sua manta, molhar na
saliva e colocar em sua testa para que a
criança pare de soluçar.
Dica
Quando afirmamos que a água está fria ou
quente, estamos utilizando uma linguagem
vaga.
Dica
O boldo, por exemplo, é utilizado para aliviar
os males do fígado, no entanto, poucas
pessoas sabem quais as suas propriedades
ou componentes químicos estão presentes e
como eles atuam no organismo.
Podemos, então, dizer que o senso comum orienta o cotidiano; constata a continuidade
ou similaridade entre eventos e objetos, de onde se conclui as relações sem qualquer
atividade intermediária que amplie o grau de certeza. Assim, ele é ametódico,
assistemático, oral, subjetivo e heterogêneo, caracterizando-se também como
um conjunto desagregado de ideias e opiniões difusas e dispersas, não refletindo
criticamente sobre a totalidade, uma vez que ele é construído de modo imediato, a
partir de experiências, vivências, crenças, valores; por isso, de tendência conservadora,
conformista e ideológica.
Contudo, é um conhecimento histórico e ajudou a criar a cultura, mas sem uma relação
causal segura constituindo-se no ponto de partida para o conhecimento científico.
4. O conhecimento científico
O homem verificou que o saber fundamentado na intuição, no senso comum ou na
tradição era muito frágil o que o levou a construir um conhecimento mais confiável, que
fosse metodicamente elaborado: o conhecimento científico.
Todo conhecimento representa uma relação entre o sujeito e o objeto conhecido.
Assim, o conhecimento pode significar tanto o processo de conhecer como o produto
deste processo.O conhecimento científico é um produto resultante da investigação
científica; surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para problemas de
ordem prática da vida cotidiana - senso comum, mas também do desejo de fornecer
explicações sistemáticas que possam ser testadas e criticadas através de provas. Exige
demonstrações, submete-se à comprovação, ao teste; consiste no conhecimento causal e
metódico dos fatos, dos acontecimentos e dos fenômenos; estabelece a relação sujeito-
conhecimento, colocando uns em relação aos outros de modo que é possível descobrir a
uniformidade das suas causas e de seus efeitos.
Portanto, o conhecimento científico se caracteriza pela presença do acolhimento
metódico e sistemático dos fatos da realidade. Por meio da classificação, comparação,
da aplicação dos métodos, da análise e síntese, o pesquisador extrai do contexto social,
ou do universo, princípios e leis que estruturam um conhecimento rigorosamente válido
e universal.
Podemos citar as seguintes características para o conhecimento científico:
- corresponde à sistematização coerente do conhecimento presente em todas as
suas leis e teorias, expressa através dos enunciados que confrontados entre si. Tais
enunciados devem apresentar um elevado nível de consistência lógica entre suas
afirmações que proporcione a sua aceitação ou rejeição por parte da comunidade
científica.
- fundamenta em dois fatores, a possibilidade de um enunciado, construído
mediante hipóteses fundamentadas em teorias, ser testado através de provas factuais e
a possibilidade desta testagem e seus resultados poderem passar pela avaliação crítica.
Portanto, a objetividade garante que uma teoria seja verdadeira, evidente, impessoal
e aceita pela comunidade científica como provada em sua veracidade. Ao contrário
do senso comum, o conhecimento científico não aceita a opinião ou o sentimento de
convicção como fundamento para justificar a aceitação de uma afirmação.
Racionalidade1
Objetividade2
Ao contrário do senso comum, a linguagem do conhecimento científico utiliza
enunciados e conceitos com significados bem específicos e determinados. Os conceitos
são definidos à luz das teorias que servem de marcos teórico da investigação,
proporcionando-lhes, desta forma, um sentido único, universal e consensual.
O conhecimento científico é produzido a partir de uma metodologia rigorosamente
articulada que permite que se chegue às mesmas conclusões quando reproduzido nas
mesmas condições se orienta na direção da localização e eliminação do erro, através
da discussão objetiva de suas explicações, dos seus enunciados e de suas teorias. É
construído através de procedimentos que demonstram atitude científica e que, por
proporcionar condições de experimentação de suas hipóteses de forma sistemática,
controlada e objetiva e ser exposta à crítica, oferece maior segurança e confiabilidade
nos seus resultados e maior consciência dos limites de validade de suas teorias.
Linguagem específica3
Validade4
5. A Evolução da Ciência
A história da ciência demonstra que as coisas não são exatamente o que os sentidos
nos revelam. Assim, podemos considerar a ciência como um método de pesquisa
baseado na faculdade racional do ser humano e na comprovação experimental do fato
pesquisado.
Embora não seja unânime entre os pesquisadores, na evolução da ciência podemos
identificar três períodos: a Ciência Antiga (ou Grega), a Ciência Moderna e a Ciência
Contemporânea.
A ciência grega
O período da ciência grega se estende do século VIII aC até o final do século XVI,
também conhecida como Ciência Antiga, tinha como única preocupação a busca do
saber, a compreensão da natureza das coisas e do homem. Não havia distinção entre
ciência e filosofia; o conhecimento científico era desenvolvido pela filosofia.
Os dois grandes filósofos deste período são Aristóteles e Platão. Embora Aristóteles
tenha sido bastante influenciado por Platão, havia uma enorme diferença entre eles:
Aristóteles era obcecado pela natureza e por seu estudo, enquanto que, Platão era
obcecado com as formas eternas, ou “ideias” e mal prestava atenção nas mudanças da
natureza. Aristóteles, ao contrário, interessava-se justamente pelas mudanças - ou o que,
atualmente, chamamos de processos naturais. Enquanto Platão usava apenas a razão,
Aristóteles usava também o sentido.
Na época de Aristóteles, a filosofia ainda era essencialmente uma atividade oral.
A importância de Aristóteles na cultura europeia está também no fato de ele ter criado
boa parte da terminologia que os cientistas empregam até hoje. Ele foi o grande
organizador que fundou e classificou as diversas ciências.
Aristóteles achava que a ideia não constituía realidade separada; a realidade para ele é
de indivíduos concretos e só neles existe a ideia, a quem chama de forma; criou a lógica
com seu silogismo.
Podemos dizer que a ciência ocidental efetivamente teve início com Aristóteles. Para
Platão o mundo das ideias seria um mundo transcendente, de existência autônoma, que
está por trás do mundo sensível. As ideias são formas puras, modelos perfeitos eternos
imutáveis, paradigmas. O que pertence ao mundo dos sentidos se corrói e se desintegra
com a ação do tempo. Mas tudo que percebemos, todos os itens são formados a partir
de ideias.
Ele reconhece que qualquer especulação sobre o vir-a-ser do mundo não pode
ser considerada verdadeira, mas isto por uma questão de princípio e não por
falta de evidência. Os problemas da física não podem ser resolvidos por métodos
observacionais: tal atividade não passaria de mera “recreação”.
Platão deu um passo a mais no atomismo antigo ao introduzir uma descrição
geométrica precisa dos átomos e ao descrever as mudanças por meio de fórmulas
matemáticas.
Na ciência grega não se dá destaque ao processo de descoberta, toda racionalidade
da ciência estava sustentada na ideia de que o mundo era dotado de uma ordem e
estrutura natural que governava o cosmos e que regia os acontecimentos, na qual todo
o ser adquiria sentido.
O conhecimento científico era demonstrado como certo e necessário através dos
argumentos lógicos, especialmente da distinção entre sujeito e objeto: de um lado,
o sujeito que procura conhecer, e, de outro, o objeto a ser conhecido, bem como as
relações entre ambos. O valor de uma explicação estava no seu poder argumentativo
que justificava sua aceitação. Não havia o tratamento do problema que levasse à
investigação. Com base nestes fundamentos é que nasceram e se desenvolveram a
física, a biologia, a matemática, a medicina, a política dentre outras ciências.
A ciência moderna
A Ciência Moderna abrange o período que vai do século XVII até o início do século
XX. Inicia-se com o Renascimento, que correspondeu à revolução científica moderna,
quando foi introduzida a experimentação científica, modificando totalmente
a compreensão e a concepção teórica de mundo, de ciência, de verdade, de
conhecimento e de método.
Opondo-se à ciência grega e ao dogmatismo religioso que imperava na época, os
renascentistas, principalmente Galileu e Bacon, rejeitaram o modelo aristotélico.
Foi a partir do século XIII, por influência do uso da matemática, da observação e da
experimentação na tecnologia que nascia na Idade Média, que a exigência de métodos
precisos de investigação e explicação no campo das ciências naturais conduziu ao uso
de métodos matemáticos experimentais, provocando a mudança da teoria da ciência e,
consequentemente, a revolução científica.
Bacon dá início ao empirismo que corresponde à preocupação em se proceder à
observação empírica do real antes de interpretá-la pela mente, depois, eventualmente,
de submetê-la à experimentação, recorrendo-se às ciências matemáticas para
fundamentar suas observações e explicações.
Assim, no século XVII, o pensamento científico moderno começa a se objetivar; um saber
racional, em que se pensa cada vez mais, constrói-se a partir da observação da realidade
(empirismo) e coloca esta explicação à prova (experimentação). O raciocínio indutivo
conjuga-se então com o raciocínio dedutivo, unido por esta articulação que é a hipótese:
é o raciocínio hipotético-dedutivo.
Dica
Dogmatismo: doutrina que afirma a
existência de verdades certas; adesão
irrestrita a princípios aceitos como
indiscutíveis; atitude sistemática de afirmação
ou de negação.
Dica
Indução: é a forma de raciocínio
em que se tira uma proposição geral
do relacionamento de dados particulares.
Dedução: é a forma de raciocínio que parte
de uma proposição geral para verificar
seu valor por meio de dados particulares.
Especulação: é a criação do saber apenas
pelo exercício do pensamento, geralmente
sem qualquer outro objetivo que o próprio
conhecimento.
A partir de então, o saber não repousa mais somente na especulação, ou seja, no
simples exercício do pensamento. Baseia-se igualmente na observação, experimentação
e mensuração, fundamentos do método científico em sua forma experimental.
Galileu foi o responsável pela revolução científica moderna ao introduzir a matemática
e a geometria como linguagens da ciência e o teste quantitativo-experimental das
suposições teóricas como o mecanismo necessário para avaliar a veracidade das
hipóteses e estipular a verdade científica.
O grande desenvolvimento da ciência moderna ocorreu a partir de Galileu que
questiona e rejeita as principais verdades defendidas pela concepção aristotélica de
ciência, principalmente as da física e as da cosmologia.
Para Galileu, os fenômenos da natureza se comportavam segundo princípios que
estabeleciam relações quantitativas entre eles. Os movimentos dos corpos eram
determinados por relações quantitativas numericamente determinadas. A visão de
universo era de um mundo aberto, mecânico, unificado, determinista, geométrico e
quantitativo, contrário à concepção aristotélica de cosmos, impregnada das crenças
míticas e religiosas.
Assim, as concepções de Galileu iniciaram um novo paradigma que culminaria com o
sucesso da física newtoniana.
Durante o século XVIII, chamado de Século das Luzes, os princípios da ciência
experimental desenvolveram-se através das descobertas, principalmente no campo
dos conhecimentos de natureza física, o pensamento científico moderno começa a
se instalar. É o saber racional, no quel se pensa cada vez mais; constrói-se a partir da
observação da realidade, o empirismo, submete-se esta explicação à experimentação.
Dica
Século das Luzes: nome da corrente de
pensamento, Iluminismo, elaborada e
difundida pelos filósofos, no qual os saberes
construídos pela razão deveriam nos liber-
tar daqueles transmitidos pelas religiões ou
dos que não são construídos através de um
procedimento racional.
A partir de então, o saber não se sustenta apenas na especulação, mas na observação,
experimentação e mensuração, fundamentos do método científico em sua forma
experimental. Assim, nasce o método científico apoiado na especulação e no empirismo.
No século XIX, a ciência triunfa; no domínio das ciências da natureza, o ritmo e o número
das descobertas são enormes, saindo dos laboratórios para terem aplicações práticas:
ciência e tecnologia encontram-se. A pesquisa fundamental, cujo objetivo é conhecer
pelo próprio conhecimento, é acompanhada pela pesquisa aplicada, a qual visa a
resolver problemas concretos.
Assim, neste século, a ciência tem o seu grande avanço com as ciências da natureza
com as quais quase todos os domínios da atividade humana são atingidos.
Assim, o método experimental ou científico, apoiado nos postulados do positivismo,
assumiu o mesmo método das ciências da natureza, tido como exemplares na construção
de conhecimentos rigorosamente verificados e cientificamente comprovados. Este
método consiste em submeter um fato à experimentação em condições de controle
e apreciá-lo coerentemente, com critérios de rigor, mensurando a constância das
incidências e suas exceções a admitindo como científicos somente os conhecimentos
passíveis de apreensão em condições de controle, legitimados pela experimentação e
comprovados pela mensuração.
Desta forma, o homem começa a produzir o conhecimento, tendo como modelo de
acesso à realidade o procedimento do experimento científico, que estipula critérios para
julgar quando esse acesso é realmente alcançado e quando não: o positivismo, cujas
características principais são apresentadas a seguir.
• Empirismo: o conhecimento positivo parte da realidade como os sentidos a
percebem e ajusta-se a ela. Qualquer conhecimento com origem em crenças,
valores ou que resulte de ideias inatas, parece suspeito.
• Objetividade: o conhecimento positivo deve respeitar integralmente o objeto do
qual trata o estudo, devendo reconhecê-lo tal como é. O pesquisador não deve,
de modo algum, influenciar este objeto; deve intervir o menos possível e dotar-se
de procedimentos que eliminem ou reduzam, os efeitos não controlados destas
intervenções.
• Experimentação: o conhecimento positivo repousa na experimentação. A
observação de um fenômeno leva o pesquisador a supor algo: a hipótese. Somente
o teste dos fatos, a experimentação, pode demonstrar sua precisão.
• Validade: a experimentação é rigorosamente controlada para afastar os elementos
que poderiam nela interferir e seus resultados são mensurados com precisão,
permitindo que se chegue às mesmas medidas reproduzindo-se a experiência nas
mesmas condições.
• Determinismo: as leis e previsões estão inscritas na natureza, portanto, os seres
humanos estão, inevitavelmente, submetidos a elas. O conhecimento destas leis
permite prever os comportamentos sociais e geri-los cientificamente.
No domínio do saber sobre o homem e a sociedade desejava-se que conhecimentos tão
confiáveis e práticos quanto os desenvolvidos para se conhecer a natureza física fossem
aplicados com sucesso ao ser humano. Desta forma, o positivismo também é adotado
nas ciências humanas que se desenvolve a partir da segunda metade do século XIX.
A pesquisa de espírito positivista aprecia números; pretende tomar a medida exata dos
fenômenos humanos e do que os explica. É, para ela, uma das principais chaves da
objetividade e da validade dos saberes construídos. Consequentemente, deve escolher com
precisão o que será medido e apenas conservar o que é mensurável de modo preciso.
A ciência contemporânea
A Ciência Contemporânea surge no início do século XX e se estende até os dias atuais.
Os postulados do espírito positivo: a investigação da constância, da estabilidade, da
ordem e das relações causais explicativas dos fenômenos orientava as pesquisas em
todos os domínios das ciências da natureza. A procura da estrutura permanente e das
leis invariáveis dos eventos naturais, assim como as conclusões previsíveis dos fatos
observados, imprimiu uma orientação que aparece como marco da ciência moderna.
O determinismo mecanicista e o mecanicismo da física de Newton, que inspiraram o
espírito positivo, fizeram supor que, conhecendo os impulsos e as posições dos corpos e
das partículas, poder-se-ia, pelo cálculo, estabelecer predições infalíveis ou extrair as leis
mecânicas da evolução anterior e futura.
Entretanto, o desenvolvimento da física atômica, as teorias da relatividade, da
termodinâmica e da cosmologia revelaram a complexidade imprevisível dos fenômenos,
a mutabilidade, a fluência e a instabilidade dos eventos naturais. A matemática
moderna, especialmente a geometria não-euclidiana e a teoria dos conjuntos
demonstraram que certezas deduzidas de postulados evidentes e inquestionáveis
decorriam da estrutura axiomática dos sistemas matemáticos.
Tanto o desenvolvimento da física quanto o da matemática puseram em crise o conjunto
de certezas seguras do cientificismo, questionaram a infalibilidade das ciências,
demonstraram a inviabilidade de previsões absolutas e recuperaram a validade da
interpretação dos fenômenos.
Einstein, em 1905, inicia a ciência contemporânea, com suas teorias da relatividade,
quebrando o mito da objetividade pura, isenta de influência das ideias pessoais dos
pesquisadores, demonstrando que, mais do que uma simples descrição da realidade, a
ciência é a proposta de uma interpretação.
Na visão contemporânea, por maior que seja o número de provas acumuladas em
favor de uma teoria, ela jamais poderá ser aceita como definitivamente confirmada.
Os esquemas explicativos mais sólidos podem ser substituídos por outros melhores. O
progresso científico deixa de ser acumulativo para ser revolucionário.
Assim, o critério até então adotado para distinguir a ciência da não-ciência, o da
confirmação pelo uso do método experimental indutivo, é superado.
6. O Método Científico
Antes de definirmos o que é método científico, vamos definir o que é método.
Método, entre outras coisas, significa caminho para chegar a um fim ou pelo qual se
atinge um objetivo.
Não devemos confundir método com metodologia; a metodologia são os procedimentos
e regras utilizadas por determinado método.
É importante salientar que métodos e técnicas se relacionam, mas não são distintos.
O método é um plano de ação, formado por um conjunto de etapas ordenadamente
dispostas, destinadas a realizar e antecipar uma atividade na busca de uma realidade,
enquanto a técnica está ligada ao modo de realizar a atividade de forma mais
hábil, mais perfeita.
O método está, portanto, relacionado à estratégia e a técnica, à tática; o método refere-
se ao atendimento de um objetivo, enquanto a técnica operacionaliza o método.
O método é, portanto, uma forma de pensar para se chegar à natureza de um
determinado problema, quer seja para estudá-lo, quer seja para explicá-lo.
Que dizer então do método científico? Poderia dizer que é o caminho trilhado pelo
cientista quando em busca de “verdades” científicas.
Quando Galileu se recusou a aceitar a observação pura e as conclusões filosóficas
arbitrárias propondo a necessidade de elaborar hipóteses e submetê-las a provas
experimentais, deu os primeiros passos na direção do método científico
moderno.
A partir daí, o homem começa a trabalhar tendo como modelo de acesso à realidade o
procedimento da experimentação científica, que estabelece critérios para julgar quando
este acesso é realmente atingido ou não. Isto é, descrever com exatidão como é que
a realidade funciona e como ela se relaciona. Este procedimento passou a se chamar
método científico e teve várias interpretações no decorrer dos tempos.
A história da ciência nos mostra que não há critérios estabelecidos como normas ou
preceitos e sim critérios utilizados e adotados na prática da pesquisa pela
comunidade científica como uma espécie de código prático consensual que pode ser
alterado.
Os critérios têm uma dimensão histórica e cultural, influenciam a prática da
pesquisa e também são influenciados por ela, sem, contudo, servirem de preceitos ou
bloqueadores do caráter crítico, inventivo e inovador, próprio da ciência.
Dica
O raciocínio é algo ordenado, coerente e
lógico, podendo ser dedutivo ou indutivo.
Portanto a indução e a dedução são, antes
de mais nada, formas de raciocínio ou de
argumentação.
O método científico implica a forma adequada do proceder quanto à reflexão, à
indagação, à interpretação e à explicação. Daí dizer que se deve levar em consideração
o conjunto de atividades sistemáticas e racionais de que fazem parte, em linhas gerais,
todas as pesquisas, como sendo o procedimento que, ao longo da trajetória, envolva a
pesquisa de cunho científico.
O método serve de guia para o desenvolvimento do procedimento com a finalidade de
obter novas descobertas. É indiscutível que, para chegarmos ao acontecimento de uma
comprovação científica, desde os primórdios da civilização, notamos o emprego dos
métodos, ainda que rudimentar.
Percebe-se que a evolução do método científico foi a precursora do enriquecimento da
ciência em todos os campos da atividade humana.
Na pesquisa, podemos utilizar dos seguintes métodos:
Método indutivo
Indução é um processo mental pelo qual, partindo de dados ou observações particulares
constatadas, podemos chegar a proposições gerais ou universais, não contidas nas
partes examinadas. Assim, o objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões
cujo conteúdo é muito mais abrangente do que o das premissas iniciais nas quais
se fundamentam. Isto é, a indução é entendida como o argumento que passa do
particular para o geral, ou do singular para o universal, ou ainda, do conhecido para o
desconhecido.
O raciocínio indutivo tem sua origem com Aristóteles e está muito presente em nosso
cotidiano.
Dica
Por exemplo, eu observei que o cachorro de
meu vizinho tem quatro patas, observei que
outros cachorros existentes em meu prédio
também têm quatro patas, observei, ainda,
que todos os cachorros que eu já vi têm
quatro patas. Assim, pela lógica indutiva,
posso afirmar que todos os cachorros têm
quatro patas.
A indução se realiza em três etapas: na primeira, observamos os fatos ou fenômenos e
os analisamos com o objetivo de descobrir as causas de sua manifestação. Em seguida
procuramos, por intermédio da comparação, aproximar os fatos ou fenômenos, com
a finalidade de descobrir a relação existente entre eles. Finalmente, generalizamos a
relação encontrada entre os fenômenos e fatos semelhantes.
Percebe-se que a indução trabalha com a regularidade, isto é, nas mesmas
circunstâncias, as mesmas causas produzem os mesmos efeitos, ou o que é verdade de
muitas partes suficientemente enumeradas de um fenômeno, é verdade para todo este
fenômeno.
Portanto, a indução, toma como pressuposto a validade do empirismo, pois acredita no
valor da observação e na fidedignidade do testemunho dos sentidos, quando rigorosa
e ordenada. Esta crença postula que a ciência deve utilizá-la de forma metódica para
produzir a descrição e a classificação dos fatos. A explicação científica, suas teorias ou
leis seriam decorrentes dos julgamentos fundamentados nesta classificação.
A contestação feita à indução se refere ao fato de não se poderem observar todos os
fenômenos ou coisas, para deles fazer surgir uma explicação, uma vez que os fatos não
explicam por si só o problema que é objeto da investigação científica, pois há muitas
formas de observá-los e classificá-los que dependem de critérios de ordem subjetiva ou
do tipo de referencial teórico que é utilizado.
Método dedutivo
Dedução é a forma de raciocínio que parte de uma proposição geral para verificar seu
valor por meio de dados particulares.
Veja um exemplo de um argumento dedutivo:
Todo mamífero tem um coração.
Ora, todos os gatos são mamíferos.
Logo, todos os gatos têm um coração.
No raciocínio dedutivo, se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão deve ser
verdadeira. Assim, no exemplo apresentado, para que a conclusão “todos os gatos têm
um coração” fosse falsa, uma das ou as duas premissas teriam de ser falsas, isto é, ou
nem todos os gatos são mamíferos ou nem todos os mamíferos têm um coração.
Por outro lado, no raciocínio dedutivo, toda informação ou conteúdo factual da
conclusão já estava, pelo menos implicitamente, nas premissas. Veja no exemplo:
quando a conclusão afirma que todos os gatos têm um coração, está dizendo alguma
coisa que, na verdade, já tinha sido dita nas premissas. Portanto, todo argumento
dedutivo, reformula ou enuncia de modo explícito a informação já contida nas
premissas; desta forma, se a conclusão não diz mais que as premissas, ela tem de ser
verdadeira se as premissas o forem.
Os argumentos dedutivos também podem ser formulados de outras maneiras:
A média mínima para aprovação é 6,0.
A média de Alberto foi superior a 6,0.
Alberto será aprovado.
Ou, ainda:
Se a água atingir a temperatura de 100ºC, então ela ferve.
A água não ferveu.
Então, á água não atingiu a temperatura de 100ºC.
Método hipotético-dedutivo
O método científico indutivo via o processo do conhecimento como consequência do
simples registro das impressões sensoriais que, com auxílio da lógica, dava origem às
leis e teorias. Identificava fatos a serem investigados e não problemas, colocando a
observação do fato ou fenômeno como ponto de partida para a investigação e para o
surgimento das hipóteses que seriam posteriormente testadas e generalizadas.
As ciências contemporâneas, percebendo que o conhecimento era teoricamente
inconsistente, incompatível com outras teorias, ou mesmo, inadequado para explicar
os fatos, apresenta-se o processo do conhecer como resultado de um questionamento
elaborado pelo sujeito.
Assim, a investigação científica se desenvolve em função da necessidade de construir e
testar uma possível resposta ou solução para um problema, decorrente de algum fato ou
de algum conjunto de conhecimentos teóricos, surgindo o método hipotético-dedutivo.
Podemos sintetizar as etapas do método hipotético-dedutivo, da seguinte forma:
Problema: toda investigação tem origem em algum problema teórico/prático percebido,
que dirá o que é relevante ou não para ser observado, determinando os dados que
devem ser selecionados. A seleção dos dados exige uma hipótese, conjectura e/ou
suposição, que servirá de conduta ao pesquisador.
Hipóteses: também chamadas de conjecturas, são soluções propostas em forma de
proposição passível de teste, direto ou indireto, sempre dedutivamente no formato: “se...
então...”.
A hipótese é lançada para explicar ou prever aquilo que despertou a curiosidade
intelectual ou dificuldade teórica-prática.
Teste das hipóteses: planejamento e realização das operações para por à prova as
predições, a partir tanto das observações, medições, experimentações quanto das
demais operações instrumentais.
Conclusões: correspondem à adição ou introdução novos elementos às teorias existentes,
é o contraste dos resultados da prova com as consequências deduzidas do modelo
teórico.
Portanto, a pesquisa científica com abordagem hipotético-dedutiva inicia-se com o
descobrimento de um problema e com sua descrição clara e precisa, a fim de facilitar
a obtenção de um modelo simplificado e a identificação de outros conhecimentos e
instrumentos, relevantes ao problema, que auxiliarão o pesquisador em seu trabalho.
Após este estudo preparatório, o pesquisador passa para a fase da observação. Na
verdade, esta é a fase de teste do modelo simplificado. É uma fase meticulosa em que é
observado um determinado aspecto do universo, objeto da pesquisa. A fase seguinte é a
formulação de hipóteses, ou descrições-tentativas, consistentes com o que foi observado.
Estas hipóteses são utilizadas para fazer prognósticos, os quais serão comprovados ou
não por meio de testes, experimentos ou observações mais detalhadas. Em função dos
resultados deste testes, as hipóteses podem ser modificadas, dando início a um novo
ciclo, até que não haja discrepância entre a teoria e os experimentos e/ou observações.
O método hipotético-dedutivo é um dos mais utilizados atualmente, principalmente nas
ciências naturais, nas quais sua utilização normalmente aparece ligada à experimentação.
Método dialético
Parte da premissa de que, na natureza, tudo se relaciona se transforma e há sempre
uma contradição inerente a cada fenômeno. Neste tipo de método, para conhecer
determinado fenômeno ou objeto, o pesquisador precisa estudá-lo em todos os seus
aspectos, relações e conexões, sem tratar o conhecimento como algo rígido, já que tudo
no mundo está sempre em constante mudança.
A dialética, enquanto metodologia tem várias interpretações, entretanto, identificam-se
nela alguns princípios:
• Princípio da unidade e luta dos contrários: que afirma que todos os objetos e
fenômenos apresentam aspectos contraditórios, que são organicamente unidos e
constituem a indissolúvel unidade dos opostos.
• Princípio da transformação das mudanças quantitativas em qualitativas: afirma
que qualidade e quantidade são características inerentes a todos os objetos e
fenômenos, e estão inter-relacionadas.
• Princípio da negação da negação: o desenvolvimento de um fato ou fenômeno
ocorre em espiral, isto é, as suas fases repetem-se, mas em nível superior.
A dialética é contrária a todo conhecimento rígido, acabado, tudo é visto em constantes
mudanças; sempre há algo que nasce e se desenvolve e algo que se desagrega e se
transforma. Portanto, para conhecer realmente um objeto, na perspectiva dialética, é
preciso estudá-lo em todos os seus aspectos, em todas as suas relações e todas as suas
conexões.
Síntese
Nesta unidade vimos que o conhecimento científico distingue-se do senso comum,
pelo rigor metodológico, teórico e livre de preconceitos, condições necessárias para se
captar mais adequadamente a realidade. Isto não quer dizer que a realidade possa ser
conhecida assim como ela é, no sentido total e absoluto, pela ciência ou por qualquer
outra forma de discurso (filosófico, comum, religioso, mítico, simbólico, etc.), mas que
a realidade, que sempre se apresenta diante do observador por meio de obstáculos,
por isso é que ela é inesgotável, pode ser descoberta, compreendida e interpretada na
medida em que a observação, a pesquisa, o conhecimento ou a ciência avança em direção
ao aperfeiçoamento dos instrumentos, dos métodos e da própria linguagem.
Bibliografia
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1987.
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 1997.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos e metodologia
científica. São Paulo: Atlas, 1996.
LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construção do saber. Porto Alegre: Artes Médicas,
Belo Horizonte: UFMG, 1999.
RICHARDSON, Roberto Jarry e Colaboradores. Pesquisa social: métodos e técnicas. São
Paulo: Atlas, 1999.
Definindo a Pesquisa
Definindo a Pesquisa
1. Introdução
Para que desenvolver uma pesquisa?
Quais os passos a serem dados para se desenvolver uma pesquisa?
Por onde começar uma pesquisa?
Nesta unidade, você terá algumas respostas para estas questões; vamos iniciar a
construção de um projeto de pesquisa para posteriormente desenvolvê-la.
O conteúdo será desenvolvido a partir dos seguintes tópicos:
• A pesquisa científica
• O processo de uma pesquisa
• A definição da pesquisa
Esperamos que, ao final da unidade, você tenha clareza dos procedimentos que
caracterizam uma pesquisa científica e seja capaz de elaborar a definição de uma
pesquisa, isto é, definir uma temática, problematizá-la, elaborar as justificativas e os
objetivos da pesquisa.
2. A Pesquisa Científica
O termo pesquisa faz parte de nosso cotidiano e se tornou tão popular que chega, por
vezes, a comprometer seu verdadeiro sentido.
De um modo geral, pesquisa é realizada para perceber um problema teórico ou prático
a ser resolvido, formular hipóteses, testá-las e tirar conclusões. Portanto, o pesquisador é
alguém que, identificando um problema em seu meio, pensa que a situação poderia
ser melhor compreendida ou resolvida se fossem encontradas explicações ou soluções
para ela. Quase sempre já se tem algumas ideias a respeito das possíveis explicações,
traduzidas pelas hipóteses, resta verificar se elas são válidas, tirar as conclusões
apropriadas a partir das observações.
Dessa maneira, a pesquisa científica distingue-se pelo método, pelas técnicas, por estar
voltada para a realidade empírica e pela forma de comunicar os resultados obtidos.
Como forma de adquirir conhecimento, a pesquisa pode ter os seguintes objetivos:
• Resolver problemas específicos;
• Gerar novas teorias;
• Avaliar ou testar as teorias já existentes.
Pesquisa para resolver problemas: este tipo de pesquisa geralmente tem como objetivo
resolver problemas práticos interessa ao pesquisador apenas descobrir a resposta para
um problema específico ou descrever um fenômeno da melhor forma possível.
Pesquisa para formular teorias: é a pesquisa exploratória, na qual o pesquisador tenta
descobrir as relações entre fenômenos, quando os pressupostos teóricos não estão claros
ou são difíceis de encontrar.
Pesquisa para testar teorias: é a pesquisa que proporciona a formulação clara de teorias
confirmadas repetidas vezes e fornece informações empíricas consistentes a respeito do
fenômeno.
Podemos dizer que são exigências de uma ciência e pré-requisitos para a sua
constituição:
• Delimitar ou definir os fatos a investigar, separando-os de outros semelhantes ou
diferentes;
• Estabelecer os procedimentos metodológicos para observação, experimentação e
verificação dos fatos;
• Construir instrumentos técnicos e condições de laboratório específicas para a
pesquisa;
• Elaborar um conjunto sistemático de conceitos que formem a teoria geral dos
fenômenos estudados, que controlem e guiem o andamento da pesquisa, além de
ampliá-la com novas investigações; permitem, ainda, a previsão de fatos novos a partir
dos já conhecidos.
Assim, a ciência distingue-se do senso comum porque este é uma opinião baseada em
hábitos, preconceitos, tradições, crenças, enquanto a ciência baseia-se em pesquisa,
investigações metódicas e sistemáticas e na exigência de que as teorias sejam coerentes
e retratem a verdade sobre a realidade. A ciência é conhecimento que resulta de um
trabalho racional.
O pesquisador em sua atividade de pesquisa deve agir criticamente, com senso de
realidade, buscando conhecer a realidade como ela é e despojando-se, para tanto, de
preconceitos, tabus e imposições de qualquer ordem.
Orientar-se pelo espírito crítico significa analisar rigorosamente as circunstâncias e
fenômenos, buscando observar se as conclusões ou afirmações feitas são consistentes,
isto é, se resistem a um confronto com os dados.
Para agir criticamente, o pesquisador, deve buscar o sentido da prova que o conduzirá
a um conhecimento fidedigno, fazendo com que se enxergue a realidade como ela é e
não como se quer vê-la ou como os interesses a impõem.
Para tanto, o pesquisador deve se opor ao dogmatismo, deve desenvolver a capacidade
de ver e interpretar a realidade diferentemente da indicada pelos esquemas, interesses,
valores e conveniências pessoais.
O senso de realidade consiste no esforço do indivíduo no sentido de manter
constante e perene a sua abertura ao real e, por conseguinte, não impor seus esquemas
à realidade, deve ser também, uma preocupação do pesquisador. É esta abertura que o
tornará capaz de não somente superar seus próprios esquemas, preconceitos
e interesses, como também de constatar se suas verdades possuem ou não um
fundamento real.
Nenhum conhecimento é definitivo, bem como, nenhum resultado é exaustivo, por esta
razão é que dizemos que o conhecimento é histórico. Para produzirmos a compreensão
de um impasse que se nos apresenta hoje, utilizamos múltiplas contribuições do passado,
mesmo que se manifestem como entendimentos de partes isoladas do nosso presente
objeto de discussão.
Dica
Fenômeno: é tudo o que é percebido pelos
sentidos ou pela consciência. É um fato de
natureza moral ou social. Tudo o que é ob-
jeto de experiência possível, que pode se
manifestar no tempo e no espaço com
características próprias, segundo as leis do
entendimento.
Dica
De um modo geral, o dogmatismo é uma
espécie de fundamentalismo intelectual. Os
dogmas expressam verdades certas,
indubitáveis e não sujeitas a qualquer tipo
de revisão ou crítica. Dogmatismo é uma
atitude natural e espontânea que temos
desde muito crianças. É nossa crença de
que o mundo existe exatamente da
forma como o percebemos.
Na verdade, todo e qualquer conhecimento obtido nos revela apenas uma faceta
e um aspecto da realidade estudada. O conhecimento nos mostra que, em nossa busca,
chegamos a um enfoque, a um ponto de vista, a uma determinada interpretação da
realidade.
Todo e qualquer conhecimento é realizado dentro de determinados tempos e espaços; é
efetuado por sujeitos determinados e com objetivos determinados. Por esta razão, todo e
qualquer conhecimento é relativo e, deste modo, insuficiente e imperfeito.
É o questionamento criativo que provoca as dinâmicas do conhecimento: a retomada de
questões para o aprofundamento e modificação da realidade.
3. O Processo de uma Pesquisa
Toda pesquisa é desenvolvida a partir de um conjunto de operações sucessivas e
distintas, mas interdependentes, ligadas de maneira lógica, sequencial e dinâmica, a fim
de coletar sistematicamente informações válidas sobre um fenômeno observável para
explicá-lo ou compreendê-lo.
Este processo impõe uma organização sistemática de trabalho, uma aplicação metódica
à pesquisa e o domínio de algumas técnicas de trabalho científico.
Por outro lado, o desenvolvimento de uma pesquisa não é um procedimento linear,
estanque e mecânico, é um processo que exige observações, análises, relações
e sínteses.
Para efeitos de organização, uma pesquisa, pode se dividida em fases e etapas:
Definição da pesquisa:
• Seleção do assunto, tema ou área;
• Elaboração das justificativas de pesquisa;
• Formulação, determinação ou constatação de um problema de pesquisa;
• Definição dos objetivos da pesquisa;
• Reunião e seleção da bibliografia;
• Elaboração da fundamentação teórica.
Organização da pesquisa:
• Estabelecimento das questões de pesquisa e/ou formulação das hipóteses;
• Definição das estratégias;
• Estabelecimento das necessidades de dados e definição das variáveis e de seus
indicadores;
• Determinação das fontes de dados;
• Determinação da população e da amostra;
• Determinação do processo de amostragem;
• Determinação de métodos e técnicas de coleta de dados;
• Construção dos instrumentos de coleta de dados.
Execução da pesquisa:
• Construção, pré-teste e reformulação dos instrumentos de coleta de dados;
• Impressão dos instrumentos;
• Formação da equipe de campo;
• Distribuição do trabalho de campo;
• Coleta de dados;
• Conferência, verificação e correção dos dados;
• Tabulação e análise dos dados;
• Apresentação dos dados.
Elaboração do relatório de pesquisa:
• Elaboração das conclusões e/ou considerações;
• Elaboração do relatório de pesquisa;
• Apresentação da pesquisa.
4. A Definição da Pesquisa
As justificativas da pesquisa
As justificativas devem responder à pergunta: por que se deseja fazer a pesquisa? É
a parte do projeto onde são explicitados os motivos de ordem teórica e prática que
justificam a pesquisa, como foi escolhido o tema e como surgiu o problema levantado
para o estudo. É onde são apresentadas as razões da escolha do tema e do problema;
é a defesa do projeto, onde são enumeradas as possíveis contribuições do estudo para o
conhecimento humano e para a solução do problema em questão.
Nas justificativas, também se faz referências aos autores e publicações relacionados
ao tema e ao problema proposto, além de considerações sobre a escolha do local que será
pesquisado.
Assim, as justificativas da pesquisa devem conter:
• Os motivos que levaram à escolha do tema ou assunto;
• Especificação do nível de abrangência da pesquisa;
• Definição clara do que será abordado e que aspectos serão considerados;
• Explicação sobre a viabilidade da execução da pesquisa;
• Indicação dos aspectos originais e inovadores da pesquisa;
• Importância e contribuições da pesquisa.
O problema de pesquisa
Um problema é algo que mobiliza a mente humana na busca de um maior
entendimento de questões postas pela realidade, ele reflete a busca de soluções para
problemas nela existente, com o propósito de provocar modificações para melhor.
Um problema de pesquisa é um problema que se pode resolver com conhecimentos e
dados já disponíveis ou com aqueles passíveis de serem produzidos, portanto, algo cuja
compreensão forneça novos conhecimentos para o entendimento ou tratamento de
questões a ele relacionadas.
Um problema de pesquisa impõe que outras informações podem ser obtidas a fim de
delimitá-lo, compreendê-lo, resolvê-lo ou contribuir para a sua solução. Portanto, é algo
que pode ser testado cientificamente, que envolve variáveis que podem ser observadas
ou manipuladas.
É claro que nem todas as indagações podem ser consideradas problemas de pesquisa.
Assim, não é um problema de pesquisa algo que se pode resolver pela intuição, pela
tradição, pelo senso comum ou pela simples especulação.
Dica
Variável: elemento, grandeza ou fator que
entra em jogo em uma pesquisa e pode
ter mais de um valor, interpretação ou se
encontrar em mais de um estado. A
variável pode ser independente quando
está relacionada à causa e cujas variações
influenciam os valores de uma outra
variável ligada ao feito, chamada de
variável dependente.
Dica
Intuição: tipo de saber espontâneo é uma
forma de conhecimento imediato que não
recorre ao raciocínio.
A escolha de um problema de pesquisa nunca se dá de maneira aleatória, ela é
sempre influenciada por fatores internos do pesquisador: conhecimentos de diversas
ordens, curiosidade, ceticismo, imaginação, experiência, filosofia, consciência de seus
limites, entre outros, etc. e por fatores externos à realidade próxima ou, ainda, à instituição
à qual o pesquisador está ligado.
O problema de pesquisa está sempre inscrito em um assunto ou tema e um dos
primeiros passos da pesquisa é exatamente a delimitação e formulação do problema de
pesquisa.
De um modo geral podemos dizer que um problema de pesquisa pode ser definido de
duas maneiras:
• O problema é definido a priori pelo pesquisador, com pouco ou nenhum contato
com a realidade na qual ele se apresenta.
• O problema é determinado pelo pesquisador em conjunto com as pessoas
envolvidas no estudo em diferentes níveis de participação.
A delimitação do problema define os limites da dúvida, deixa claro quais as variáveis
envolvidas na investigação e como elas se relacionam; corresponde a uma pergunta que
contenha as possíveis relações de uma possível resposta.
Assim, para determinação de um problema, devemos observar:
• O problema deve ser concreto e estar formulado de maneira clara, objetiva,
compreensiva e operacional.
• Como o problema reflete a dificuldade com a qual defrontamos e queremos
resolver, deve ser formulado de maneira interrogativa.
• Um problema de pesquisa não pode estabelecer juízos de valor.
• O problema deve referir-se a fenômenos observáveis, passíveis de verificação
empírica.
• O problema deve ser representativo e passível de ser generalizado; não deve
referir-se a casos únicos ou isolados.
• O problema deve apresentar certa originalidade.
Os objetivos da pesquisa
Os objetivos de uma pesquisa refletem as intenções do pesquisador, definem, de
modo mais claro e direto, que aspecto da problemática constitui o interesse central da
pesquisa, o que o pesquisador quer atingir com a realização do trabalho de pesquisa.
São determinados de maneira a trazer as informações que solucionam o problema; são
amplos, quando gerais ou restritos, quando específicos.
A especificação dos objetivos de uma pesquisa responde às questões: para quê? e para
quem?.
Os objetivos podem também abranger as questões do estudo, que correspondem à
questões gerais os específicas relativas ao assunto investigado.
Síntese
Vimos que o que difere fundamentalmente uma pesquisa científica de uma simples
especulação são os procedimentos adotados na investigação aos quais denominamos:
métodos.
Você deve ter percebido que para se desenvolver uma pesquisa passamos por vários
momentos, distintos, dinâmicos e alguns interdependentes.
Bibliografia
CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1991.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1987.
RICHARDSON, Roberto Jarry e Colaboradores. Pesquisa social: métodos e técnicas. São
Paulo, Atlas, 1999.
O Jovem e o Consumo
1. Introdução
Veja a seguir um exemplo:
(Pesquisa realizada pelo Instituto Akatu e pela Indicator Opinião Pública. Texto adaptado pelo Prof. Carlos Honório Pinheiro para as aulas de Metodologia na Universidade Anhembi Morumbi.)
A presente pesquisa aborda o jovem e o consumo; foi desenvolvida com o intuito de
conhecer melhor os hábitos de consumo e a visão de mundo dos jovens, segmento
decisivo para garantir que o consumo seja exercido de forma sustentável nos
próximos anos. Afinal, para investir no futuro do planeta é imprescindível a cooperação
daqueles que irão desfrutá-lo.
Sem a pretensão de traçar um perfil exaustivo do jovem consumidor, a pesquisa busca
estabelecer um primeiro contato com essa geração, despertando sua sensibilidade e
consciência da finitude dos recursos naturais e de sua responsabilidade com relação ao
futuro da saúde do planeta.
O interesse em desenvolver tal investigação leva em consideração que a juventude
marca presença expressiva no mercado consumidor, seja no papel de compradores
diretos ou influenciando as decisões de compras dos adultos. O mundo dos adultos
raramente percebe os jovens como compradores e usuários de bens e serviços e, menos
ainda, os reconhece como consumidores conscientes das implicações e repercussões de
suas atitudes.
Justificativas
Apresentação tema
Interesse pelo tema
Nos tempos que correm, as sociedades passam por transformações quase instantâneas.
O clima de permanente mudança é parte da vivência de um mundo frenético, onde o
mercado competitivo – e, em grande medida, excludente – impacta a ação e o
comportamento de milhões de jovens.
A juventude dá sinais de que sabe o que quer. Mesmo sob a influência de uma mídia
capaz de construir ou impulsionar estilos de vida, hábitos e costumes – o comportamento
juvenil costuma revelar a busca do protagonismo e da afirmação de sua personalidade.
É possível detectar, em qualquer quadrante do planeta, o crescimento entre os jovens
de uma consciência ecológica, ligada à preservação da vida e das condições de
coexistência da humanidade e a natureza.
Entretanto, só o conhecimento aprofundado de cada situação concreta vivida pelos
jovens pode permitir entender como essa consciência se traduz em suas ações,
especialmente no âmbito do consumo. É certo que grande parte deles não consegue se
desvencilhar da chamada ditadura das grifes e do sonho de possuir os símbolos
dos avanços tecnológicos (aparelhos de som, computadores, videogames, entre outros.).
A exacerbação destes sentimentos, por vezes, faz do consumismo um verdadeiro vício.
O mundo do mercado e da propaganda que impulsiona o consumo, acentua também
as diferenças sociais. Ao mesmo tempo em que define um estilo de vida que propõe a
satisfação de todas as necessidades, pode transformar-se em germe da violência para
grande parcela da juventude ao estimular seu desejo sem possibilitar condições de
acesso ao consumo. A frustração daí decorrente pode tornar-se mais um fator a
empurrar o jovem para a criminalidade.
Por já constituírem um importante segmento do mercado consumidor, os jovens são o
público-alvo de boa parte das ações de publicidade. É uma parcela da população que,
Situando o tema
nos últimos anos, tem aumentado significativamente o peso relativo de suas compras,
movimentando bilhões de dólares e tornando-se importante fonte de negócios. Além das
roupas e calçados de marcas globais, os carros esportivos, aparelhos de som, telefones
celulares, DVDs, lap tops, entre outros, fazem parte dos sonhos de consumo de muitos
jovens. E, para o mundo dos negócios, os jovens valem não só pelo que podem realizar,
agora uma vez que nessa fase consolidam comportamentos de consumo que vão manter
por toda a vida.
As publicações que relacionam o jovem e o consumo são raras; existe uma pesquisa
desenvolvida pelo Instituto Akatu e pela Indicator Opinião Pública, em 2001, que trata
deste tema.
A pesquisa tem como problema: Quais os hábitos e a visão de mundo dos jovens em
relação ao consumo?
A pesquisa tem como objetivos:
• Conhecer melhor os hábitos e consumo dos jovens.
• Conhecer a visão de mundo dos jovens em relação ao consumo.
• Verificar como a propaganda interfere nos hábitos de consumo do jovem
• Traçar um primeiro esboço das percepções dos jovens sobre o consumo sustentável.
• Investigar os aspectos como as implicações e o impacto sócioambiental que
suas ações provocam em sua vida e no mundo, e os grandes desafios para a
humanidade nos próximos anos.
Importância do trabalho econtribuições da pesquisa
Publicações
Problema da pesquisa
Objetivos da pesquisa
Bibliografia
ANDRÉ, Maristela Guimarães. Consumo e identidade. São Paulo: DVS, 2007.
CHIAVENATO, Julio José. Ética globalizada e sociedade de consumo. São Paulo: Moderna,
2004.
CORTEZ, Ana Tereza Cáceres. Consumo sustentável: conflitos entre necessidade e
desperdício. São Paulo: UNESP, 2007.
VOLPI, Alexandre. A história do consumo no Brasil. Rio de Janeiro: Campus: 2007.
Bibliografia inicial
Fundamentando a Pesquisa
Fundamentando a Pesquisa
1. Introdução
Toda pesquisa deve conter o esquema conceitual, isto é, os pressupostos teóricos sobre
os quais o pesquisador fundamentará sua interpretação, considerando que nenhuma
pesquisa parte da estaca zero e que o conhecimento sempre é construído a partir de
conhecimentos já existentes.
Nesta unidade, vamos tratar exatamente da Fundamentação Teórica da Pesquisa; como
desenvolver; como fazer a referência de uma fonte de informação em um trabalho
científico e, também, como fazer citações de outros autores em meu trabalho. Vamos
abordar os seguintes tópicos:·
• A fundamentação teórica • Referenciação • Citações
Ao final da unidade, você deverá estar apto a:
• elaborar a Fundamentação Teórica do trabalho, ou seja: fazer o levantamento
bibliográfico das obras que tratam do assunto e a sua seleção e, em seguida,
elaborar o texto da fundamentação;
• fazer corretamente a referenciação de fontes de informações conforme estabelecem
as normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas;
• fazer corretamente citações de outros autores em trabalhos científicos;· identificar e
elaborar trabalhos científicos.
2. A Fundamentação Teórica
A pesquisa científica não tem como única finalidade um relatório final ou a descrição de
fatos relevantes do cotidiano, mas sim o desenvolvimento de um caráter interpretativo,
no que se refere aos dados obtidos. Para tal, é fundamental relacionar a pesquisa a
um referencial teórico que servirá de embasamento à interpretação do significado dos
dados e fatos colhidos ou levantados.
Todo projeto de pesquisa deve conter o esquema conceitual, isto é, as premissas ou
pressupostos teóricos sobre os quais o pesquisador fundamentará sua interpretação,
o que muitas vezes é chamado de Revisão da Literatura ou Quadro Teórico ou ainda,
Fundamentação Teórica. Este quadro referencial clarifica a lógica de construção
do objeto da pesquisa, orienta a definição de categorias e dá suporte às relações
antecipadas nas hipóteses, além de constituir o principal instrumento para a
interpretação dos resultados da pesquisa.
Na pesquisa qualitativa, onde se desenvolve um estudo teórico-crítico, os pesquisadores
usam a literatura para discutir conceitos e justificar categorias de análise, enquanto
os estudos experimentais ou quantitativo buscam formular indutivamente suas teorias
com base na análise dos dados.
Assim, a Fundamentação Teórica é uma simples transcrição de pequenos textos, mas
uma discussão sobre as ideias, fundamentos, problemas, sugestões dos vários autores
pertinentes e selecionados.
T
p
o
F
d
a
N
u
c
A
u
p
Alguns autores indicam que o quadro teórico seja apresentado em um capítulo
separado, enquanto outros consideram isto desnecessário, indicando que a
discussão teórica seja feita ao longo da análise dos dados.
Nos Cursos de Graduação, é mais usual nos trabalhos de pesquisa, considerar a
Fundamentação Teórica como um capítulo à parte.
Para desenvolver a Fundamentação Teórica, o pesquisador deverá proceder ao
levantamento das várias fontes documentais disponíveis e a partir daí, à medida que se
realiza a leitura os elementos importantes vão surgindo, vai se construindo a
fundamentação.
Portanto, a documentação refere-se ao registro dos apontamentos feitos durante a
leitura das obras selecionadas. Tais apontamentos correspondem ao primeiro estágio
da fundamentação.
Na elaboração da Fundamentação Teórica do trabalho, não basta enumerar vários
itens, é necessário que haja subtítulos que contenham sentido. Em trabalhos científicos,
todos os títulos de capítulos, ou de outros itens, devem ser temáticos e expressivos, isto é,
devem dar a ideia exata do conteúdo.
Em trabalhos científicos é necessário utilizar um estilo sóbrio, preciso e claro de modo
que o leitor entenda o raciocínio e as ideias do autor. Assim, para desenvolver a
Fundamentação Teórica de um trabalho de pesquisa, você deve seguir os seguintes
passos:
• Fazer o levantamento das fontes de informações sobre o tema escolhido;
• Fazer a seleção das fontes identificadas;
Dica
Documentação é toda informação
sistemática, comunicada de forma oral,
escrita, visual ou gestual, fixada em
um suporte material, como fonte de
comunicação.
• Definir, a partir das fontes de informações selecionadas, os tópicos que irão
compor a Fundamentação Teórica do trabalho;
• Definir o conteúdo de cada tópico;
• Desenvolver cada um dos tópicos.
Veja um exemplo:
• No trabalho de pesquisa:
CERETTA, Paulo Sérgio; LIMA, Sidarta Ruthes de e LIMA, Michael Ruthes de.
Controle de incidentes através da tecnologia da informação. Disponível em:
http://www.ead.fea.usp.br/semead/7semead/paginas/artigos%20recebidos/mqi/
MQI04_-_Controle_de_incidentes_TI.PDF
Acesso em 23/01/2008, os autores elaboraram sua fundamentação teórica a
partir dos seguintes tópicos:
1. Introdução
2. Tecnologia da informação: aspectos gerais
3. O prevencionismo e a engenharia de segurança de sistemas.
4. O papel do sistema de informações no relato de incidentes.
3. Referenciação
As informações sobre o tema ou problema investigado podem provir de observações,
de reflexões pessoais, de especialistas na área ou ainda do acervo de conhecimentos
reunidos em bibliotecas, centros de documentação bibliográfica ou de qualquer registro
que contenha dados.
Dica
Documento é qualquer informação sob
a forma de textos, imagens, sons, sinais
entre outros, contida em um suporte
material (papel, madeira, tecido, fita
magnética, disco, entre outros), fixados
por técnicas especiais como impressão,
pintura, incrustação, gravação, etc.
A busca de informações documentadas acompanha o desenvolvimento de toda a
pesquisa e visa responder às necessidades objetivas da investigação mostrando
situação atual do tema tratado na pesquisa em relação:
• ao que já foi bem investigado,
• ao que falta investigar,
• aos problemas ainda controvertidos, obscuros, inadequadamente estudados ou
que ainda persistem.
Os documentos são armazenados em centros de documentação, bibliotecas, museus,
bancos de dados, arquivos etc, que se especializam na sua conservação e classificação.
Todo documento utilizado na pesquisa: livros, revistas, jornais, gravações sonoras,
audiovisuais e aquelas provenientes da Internet devem ser referenciados no relatório de
pesquisa.
A referenciação bibliográfica é feita com base em normas que definem os elementos
que permitem a perfeita identificação de um documento, no todo ou em partes. Como
padrão, utilizamos a norma NBR 6023 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
É importante ressaltar que existem várias outras normas de referenciação e que os livros
de Metodologia Científica, muitas vezes, estão desatualizados, visto que elas são revistos
periodicamente.
Em uma referência bibliográfica temos:
• Elementos essenciais: são aqueles indispensáveis para a identificação de
qualquer documento, são eles: autor, título, local de publicação, editora e data.
Dica
NBR 6023: especifica os elementos a serem
incluídos em referências. Fixa a ordem
dos elementos da referência e estabelece
convenções para transcrição e apresentação
da informação originada do documento e/ou
outras fontes de informação.
Destina-se a orientar a preparação e
compilação de referência de material utilizado
para a produção de documentos e para
inclusão em bibliografias, resumos, resenhas,
recensões e outros.
Aplica-se às descrições usadas em bibliotecas e
não as substitui. ABNT – Associação Brasileira
de Normas Técnicas – fundada em 1940, é o
órgão responsável pela normalização técnica
no país.
Para tomar conhecimento da norma NBR 6023,
você pode consultar o site:http://www.abnt.org.
br
• Elementos complementares: são aqueles que fornecem informações
complementares a respeito do documento que, acrescentados aos essenciais,
podem melhorar a caracterização do documento. Os elementos complementares
podem ser omitidos; os principais são: tradutor, ilustrador, organizador, ISBN,
descrição física, série ou coleção número da edição etc.
Alguns elementos complementares podem se tornar essenciais é o caso do número de
edição, quando uma determinada edição é diferente da anterior, neste caso é necessário
especificar.
3.1 - Exemplos de Referenciação
LIDERANÇA BASEADA EM PRINCÍPIOS Autor: COVEY, STEPHEN R.
Editora: CAMPUS
Assunto: ADMINISTRAÇAO-LIDERANÇA
ISBN : 8535211314
ISBN-13: 9788535211313
Livro em Brochura
- 16 x 23 cm 3ª Edição - 2002 - 370 pág.
Livro com um autor:COVEY, Stephen R. Liderança baseada em princípios. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
COVEY, Stephen R. Liderança baseada em princípios. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
Edição atualizada com novo prefácio do autor.
CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL 3 RESUMO TEORICO, EXERCICIOS RESOLVIDOS E PROPOSTOS Autor: LORETO, ANA CELIA DA COSTA
Autor: LORETO JUNIOR, ARMANDO PEREIRA
Autor: PAGLIARDE, JOSE EMILIO
Editora: LCTE
Assunto: CIENCIAS EXATAS-MATEMATICA
ISBN : 8598257311
ISBN-13: 9798598257319
Livro em Brochura
1ª Edição - 2006 - 160 pág.
Livro com até três autores:LORETO, Ana Célia da Costa; LORETO JÚNIOR, Armando Pereira; PAGLIARDE, José
Emilio. Cálculo diferencial e integral 3. São Paulo: LCTE, 2006.
LORETO, Ana Célia da Costa; LORETO JÚNIOR, Armando Pereira; PAGLIARDE, José
Emilio. Cálculo diferencial e integral 3.Resumo teórico, exercícios resolvidos e propostos.
1.ed. São Paulo: LCTE, 2006. 160 pág.
FORMAÇAO CONTINUADA E GESTAO DA EDUCAÇAO Autor: FERREIRA, NAURA SYRIA CARAPETO
Editora: CORTEZ
Assunto: PEDAGOGIA
1ª Edição - 2003 - 318 pág.
Livro com mais de três autores:FERREIRA, Naura S. Carapeto et al. Formação continuada e gestão da educação. São
Paulo: Cortez, 2003.
VALORES E COMPORTAMENTO NAS
ORGANIZAÇOES
Autor: TAMAYO, ALVARO
Editora: VOZES
Assunto: ADMINISTRAÇAO-RECURSOS
HUMANOS
Livro em Brochura
1ª Edição - 2005
Livro com responsabilidade destacada: Organizador – Org.; Coordenador – Coord.
TAMAYO, Álvaro e PORTO, Juliana Barreiros (Orgs.). Valores e comportamento nas
organizações. Petrópolis: Vozes, 2005.
SCHWARTZ, Shalom H. Valores humanos básicos: seu contexto e estrutura intercultural.
In: TAMAYO, Álvaro e PORTO, Juliana Barreiros (Orgs.). Valores e comportamento nas
organizações. Petrópolis: Vozes, 2005. 21-55.
bilid d d
Teses, Dissertações, Monografias:
PORTILHO, Evelise Maria Labatut. A psicopedagogia na universidade: possibilidades de
reflexão e atuação – proposta de institucionalização. 1995. Dissertação (Mestrado em
Educação)- Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 1995.
FILHO, Armando. A maquiagem teatral ou a máscara no rosto nos últimos 15 anos na
produção teatral de São Paulo. 2007. Monografia (Pós-Graduação em Arte Integrativa)-
Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2007.
Artigo em revista:
KÜCHLER, Adriana e FIORATTI, Gustavo. Chove chuva.
Revista da Folha. São Paulo, 20/01/2008. p.21-25.
KÜCHLER, Adriana e FIORATTI, Gustavo. Chove chuva.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/revista/
rf2001200808.htm Acesso em 23/01/2008.
Artigo em jornal:
PINHO, Ângela. Mortalidade de crianças no Brasil caiu 65% desde 1990. Jornal Folha
de São Paulo. São Paulo, p.C-1, 23 de Janeiro de 2008. Caderno Cotidiano.
PINHO, Ângela. Mortalidade de crianças no Brasil caiu 65% desde 1990. Disponível
em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2301200801.htm Acesso em:
23/01/2008.
Publicação institucional:
DIRETRIZES E NORMAS PARA APRESENTAÇAO DE TRABALHOS
ACADEMICOS, DISSERTAÇOES E TESES - NBR14724/2002
Autor: ANHEMBI MORUMBI
Editora: ANHEMBI MORUMBI
Assunto: METODOLOGIA DE PESQUISA
ISBN : 8587370421
Livro em Brochura
1ª Edição - 2007 - 90 pág.
UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI. Diretrizes e normas para apresentação de
trabalhos acadêmicos, dissertações e teses. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2007.
Documentos eletrônicos disponíveis em CD, DVD, Vídeo, Disquete
O SEGREDO. TS Production LLC. Dolby Digital. 2006. DVD. (91 min), NTSC, Colorido,
em Português.
Obs. sempre que necessário à identificação
da obra, podem ser incluídas notas com
informações complementares, ao final da
referência.
4. Citações
Em um trabalho científico devemos ter sempre a preocupação de fazer referências
precisas às idéias, frases ou conclusões de outros autores, isto é, citar a fonte (livro,
revista e todo tipo de material produzido gráfica ou eletronicamente) de onde são
extraídos esses dados.
As citações podem ser:·
• diretas, quando se referem à transcrição literal de uma parte do texto de um
autor, conservado-se a grafia, pontuação, idioma etc, devem ser registradas no
texto entre aspas;
• indiretas, quando são redigidas pelo(s) autor(es) do trabalho a partir das
idéias e contribuições de outro autor, portanto, consistem na reprodução do
conteúdo e/ou idéia do documento original; devem ser indicadas no texto com a
expressão: conforme ... (sobrenome do autor).
As citações fundamentam e melhoram a qualidade científica do trabalho, portanto, elas
têm a função de oferecer ao leitor condições de comprovar a fonte das quais foram
extraídas as idéias, frases ou conclusões, possibilitando-lhe ainda aprofundar o tema/
assunto em discussão.
Têm ainda como função, acrescentar indicações bibliográficas de reforço ao texto.
As fontes podem ser:
• primárias: quando é a obra do próprio autor que é objeto de estudo ou
pesquisa;·
• secundária: quando trata-se da obra de alguém que estuda o pensamento de
outro autor ou faz referência a ele.Conforme a ABNT (NBR 6023), as citações
podem ser registradas tanto em notas de rodapé chamadas de
Sistema Numérico, como no corpo do texto, chamado de Sistema Alfabético.
É mais comum fazer o registro de citações pelo Sistema Alfabético, que coloca,
imediatamente após as aspas finais do trecho citado, os elementos entre parênteses no
corpo do texto, pois a leitura torna-se mais confortável.
Os elementos são:
• sobrenome do autor em letras maiúsculas;
• data da publicação do texto citado;
• página(s) referenciada(s)
Citações diretas
Curtas: são aquelas com até 3 linhas; deverão ser apresentadas no texto entre aspas e
ao final da transcrição, faz-se a citação.
Exemplo 1: para indicação do autor fora do texto, usa-se caixa alta
É neste cenário, que “[...] a AIDS nos mostra a extensão que uma doença pode tomar
no espaço público. Ela coloca em evidência de maneira brilhante a articulação do
biológico, do político, e do social.” (HERZLICH e PIERRET, 1992, p.7).
Exemplo 2: para indicação do autor no texto, usa-se caixa baixa
Segundo Paulo Freire (1994, p. 161), “[...] transformar ciência em conhecimento usado
apresenta implicações epistemológicas porque permite meios mais ricos de pensar sobre
o conhecimento [...]”.
Exemplo 3: Nóvoa (1992, p.16) se refere à identidade profissional da seguinte forma:
“A identidade é um lugar de lutas e conflitos, é um espaço de construção de maneiras de
ser e de estar na profissão.”
Exemplo 4:
O papel do pesquisador é o de servir como ‘’veículo inteligente e ativo’’ (LÜDKE e
ANDRÉ, 1986, p.11) entre esse conhecimento acumulado na área e as novas evidências
que serão estabelecidas a partir da pesquisa.
Longas: são aquelas com mais de 3 linhas; deverão ser apresentadas separadas do
texto por um espaço. O trecho transcrito é feito em espaço simples de entrelinhas, fonte
tamanho 10, com recuo de 4 cm da margem esquerda. Ao final da transcrição, faz-se a
citação.
Exemplo 1:
O objetivo da pesquisa era esclarecer os caminhos e as etapas por meio dos quais
esta realidade se construiu. Dentre os diversos aspectos sublinhados pelas autoras, vale
ressaltar que:
para compreender o desencadeamento da abundante retórica que
fez com que a AIDS se construísse como ‘fenômeno social’, tem-
se frequentemente atribuído o principal papel à própria natureza
dos grupos mais atingidos e aos mecanismos de transmissão. Foi
construído então o discurso doravante estereotipado, sobre o sexo,
o sangue e a morte. (HERZLICH e PIERRET, 1992, p.30).
Exemplo 2:
A escolha do enfoque qualitativo se deu porque concebemos a pesquisa qualitativa na
linha exposta por Franco (1986, p.36), como sendo aquela que
assentada num modelo dialético de análise, procura identificar as
múltiplas facetas de um objeto de pesquisa (seja a avaliação de
um curso, a organização de uma escola, a repetência, a evasão,
a profissionalização na adolescência, etc.) contrapondo os dados
obtidos aos parâmetros mais amplos da sociedade abrangente e
analisando-os à luz dos fatores sociais, econômicos, psicológicos,
pedagógicos etc.
Citações indiretas:Reproduz-se a ideia do autor consultado sem, contudo, transcrevê-la literalmente.
Neste caso, as aspas ou o itálico não são necessários, todavia, citar a fonte é
indispensável.
Exemplo 1:
De acordo com Freitas (1989), a cultura organizacional pode ser identificada e
aprendida através de seus elementos básicos tais como: valores, crenças, rituais,
estórias e mitos, tabus e normas.
Exemplo 2:
A cultura organizacional pode ser identificada e aprendida através de seus elementos
básicos tais como: valores, crenças, rituais, estórias e mitos, tabus e normas. Existem
diferentes visões e compreensões com relação à cultura organizacional. O mesmo
se dá em função das diferentes construções teóricas serem resultantes de opções de
diferentes pesquisadores, opções estas que recortam a realidade, detendo-se em
aspectos específicos (FREITAS, 1989).
Exemplo 3:
É na indústria têxtil de São Paulo que temos o melhor exemplo da participação da
família na divisão do trabalho. A mulher, neste setor, tem uma participação mais
ativa na gestão dos negócios e os filhos um envolvimento precoce com a operação
da empresa da família. (DURAND apud BERHOEFTB, 1996, p. 35). A expressão
latina apud que significa: citado por, conforme, segundo é utilizada quando se faz
referência a uma fonte secundária.
5. Trabalhos Científicos
Os trabalhos científicos se caracterizam por:
• serem elaborados de acordo com normas preestabelecidas;
• serem originais,
• contribuírem para a ampliação do conhecimento e compreensão de certos
problemas,
• servirem de modelo ou oferecer subsídios para outros trabalhos.
Assim, os trabalhos científicos consistem em:
• Observações ou descrições de fenômenos naturais, novas espécies, estruturas e
funções, mutações e variações, dados ecológicos etc.
• Trabalhos experimentais abrangendo os mais diversos campos.
• Trabalhos teóricos de análise ou síntese de conhecimentos, proporcionando a
produção de novos conceitos.
Os trabalhos científicos mais comuns são:
• Informe Científico:
Consiste na divulgação de resultados de uma pesquisa através de um relato
escrito. É o mais sucinto dos trabalhos científicos se restringindo à descrição
de resultados obtidos através da pesquisa de campo, de laboratório ou
documentais.O informe científico deve ser redigido de maneira que a
comprovação dos procedimentos, técnicas e resultados obtidos, possam ser
repetidos por outros que se interessem pela investigação.
Exemplo:
Krymchantowski AV, Tavares C, Penteado Jd Jde C, Adriano M. Enxaqueca. Disponível em: http://www.cartaosaudeagora.com.br/htm/materia.
asp?materia=472#Acesso em: 21/01/2008
• Artigo Científico: Um artigo científico consiste em pequenos estudos, porém completos, que tratam
de uma questão científica no qual são apresentados os resultados de estudos ou
pesquisas, distinguindo-se dos demais trabalhos científicos pela sua reduzida
dimensão e conteúdo.Os artigos científicos normalmente são publicados em
revistas ou periódicos especializados, permitindo ao leitor repetir a experiência
descrita.
O conteúdo de um artigo científico pode abranger os mais variados aspectos,
apresentando temas ou abordagens novas, atuais e diferentes e está dividido em:
• Apresentação: título, autor e suas credenciais.
• Resumo: a síntese do artigo.
• Corpo do artigo: que compreende a apresentação do assunto, metodologia,
exposição, explicação, demonstração do material e avaliação dos resultados e
referências a outras publicações.
• Parte referencial: bibliografia, anexos, agradecimentos.
Exemplo 1:
BORGUINI, Renata Galhardo e TORRES, Elizabeth A. Ferraz da Silva. Alimentos
orgânicos: qualidade nutritiva e segurança do alimento. Disponível em:http://
www.unicamp.br/nepa/arquivo_san/Alimentos_organicos.pdf
Acesso em: 21/01/2008
Exemplo 2:
LIMA, Maria Cristina Vidigal de e DEBS, Mounir Khalil. Análise da instabilidade
lateral de duas vigas pré-moldadas protendidas. Disponível em:http://www.set.
eesc.usp.br/cadernos/nova_versao/pdf/cee37_71.pdf
Acesso em: 21/01/2008.
Dica
Visite o site da CAPES e veja outros
exemplos de revistas eletrônicas e
artigos científicos (requer acesso à
internet).http://periodicos.capes.gov.
br/portugues/index.jsp
Resenha: É a apresentação do conteúdo de uma obra com o objetivo de informar o leitor
sobre o assunto tratado através de uma síntese das ideias fundamentais da obra.
A resenha pode ser feita de duas maneiras:
Resenha Informativa: Também chamada de fichamento é, praticamente, um resumo do texto.
Entretanto, ela não é somente um resumo, é o conteúdo do texto, resumido e
classificado conforme a necessidade do pesquisador.
Ela contém todas as informações relevantes do texto organizadas através de suas
categorias.
Para se elaborar uma resenha informativa é necessário:
• a leitura integral do texto, para conhecimento do assunto, identificando as
ideias importantes e os detalhes relevantes;
• elaborar um esquema para a redação a partir das principais partes do texto;
• redigir o texto da resenha.
Resenha Crítica: Consiste na avaliação crítica de uma obra abrangendo o seu resumo, a crítica
propriamente dita e a formulação de um conceito. É claro que para se fazer um
resenha crítica é necessário ter o conhecimento completo da obra e competência
na área para fazer a análise crítica.
A Resenha Crítica é composta das seguintes partes:
• referência bibliográfica,
• credenciais do autor,
• conclusões da autoria, digesto (descrição sintetizada do conteúdo dos
capítulos);
• metodologia da autoria;
• quadro de referência da autoria;
• quadro de referência do resenhista;
• crítica do resenhista; e
• indicação do resenhista (a quem se destina a obra).
Exemplo:
MARICATO, Ermínia. Um mundo dominado pelas favelas. Disponível em: http://
www.vitruvius.com.br/resenhas/textos/resenha163.asp
Acesso em: 21/01/2008. Resenha da obra: DAVIS, Mike. Planeta Favela.
Tradução de Beatriz Medina. São Paulo, Boitempo, 2006.
Monografia: Segundo a ABNT, Monografia é o “documento que apresenta a descrição
exaustiva de determinada matéria, abordando aspectos científicos, históricos,
técnicos, econômicos, artísticos etc.”
Portanto, Monografia significa a abordagem de um único (mono) assunto,
ou problema, de maneira sistemática e completa, que resulte de investigação
científica.
Tem como características:
• é um trabalho escrito, sistemático e completo;
• o tema é específico ou particular de uma ciência ou parte dela;
• consiste em um estudo pormenorizado e exaustivo, abordando vários aspectos
e ângulos de um fenômeno;
• dá um tratamento extenso em profundidade, mas é limitado;
• utiliza de metodologia específica;
• apresenta uma contribuição importante, original e pessoal para a ciência.
Como todo trabalho científico, a Monografia tem a seguinte estrutura:
• Introdução: formulação clara e simples do tema da investigação; é a
apresentação sintética da questão, importância da metodologia e referência a
trabalhos anteriores;·
• Desenvolvimento: é a fundamentação do trabalho de pesquisa, cuja
finalidade é expor e demonstrar;
• Conclusão: é o resumo completo, mais sintetizado, da argumentação dos
dados e dos exemplos constantes das duas primeiras partes do trabalho.
Constam também, as relações existentes entre as diferentes partes da
argumentação e a união da ideias bem como o fechamento da introdução e a
síntese de toda reflexão.
Exemplo:
FERREIRA, Kátia Gomes. Teste de usabilidade. 2002 Monografia (Especialização
em Informática)- Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte: 2002.
Disponível em: http://homepages.dcc.ufmg.br/~clarindo/arquivos/disciplinas/
eu/material/referencias/monografia-avaliacao-usabilidade.pdf Acesso em
21/01/2008.
6. Síntese
Nessa unidade vimos que todo trabalho científico está fundamentado em uma
Teoria de Base que é elaborada a partir das fontes de informações que tratam do
fenômeno objeto da investigação.
Vimos também que tais fontes devem ser reunidas, selecionadas e referenciadas
no trabalho conforme normas estabelecidas pela ABNT e/ou pela Instituição. Você
viu também que na Fundamentação Teórica do trabalho usamos de citações, que
correspondem às menções feitas a outros autores com o propósito de reafirmar ou
contrapor as ideias defendidas.
Todas as citações devem ser cuidadosamente elaboradas para permitir ao leitor
identificar os autores e obras citadas. Deve ter ficado claro também para você
que em todos os trabalhos científicos, dos mais simples, como o informe científico,
ao mais complexo, as teses, iremos encontrar: a fundamentação teórica, as
referências e citações.
Bibliografia
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Informação e documentação –
referências – elaboração: NBR 6023. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Informação e documentação –
apresentação de citações em documentos: NBR 10520. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.
LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de
metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1991.
LAVILLE, Christian e DIONNE, Jean. A construção do saber. Porto Alegre: Artes
Médicas; Belo Horizonte: UFMG, 1999.
UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI. Diretrizes e normas para apresentação de
trabalhos acadêmicos, dissertações e teses. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2007.
Organizando a Pesquisa
Organizando a Pesquisa
1. Introdução
No primeiro momento, a história da ciência pode parecer como uma descrição
resultante do desenvolvimento dos conhecimentos científicos, anteriores e atuais.
De tal modo que o último conhecimento aparece como o mais evoluído e,
consequentemente, o mais perfeito.Isso nos faz pensar a história da ciência como uma
história que se caracteriza por uma continuidade e evolução, o que não é verdade; a
história da ciência não segue uma linha linear, acumulativa, mas dá-se por meio de
cortes que muitas vezes rompem com os conhecimentos anteriores, principalmente os
conhecimentos do senso comum.
Um conhecimento obtido permanece até ser contestado por outras interpretações
dos fatos. Reforça-se, pelo contrário, se os saberes obtidos por novas manipulações
o confirmam. A busca da compreensão e de explicações universais cada vez mais
abrangentes a respeito da realidade, conduzida por um processo de investigação
científica, pode levar à formulação de leis e teorias.
Com a presente unidade, iniciamos a segunda etapa da pesquisa: sua organização.
Vamos analisar a natureza das leis e teorias, como surgem, quais seus objetivos, suas
características e funções na ciência e qual o papel das hipóteses e variáveis em sua
construção.
Vamos tratar também das estratégias da pesquisa, ou seja, como a investigação será
conduzida, seu nível de aprofundamento e abordagem.
No projeto de pesquisa, as estratégias são definidas quando se descreve a metodologia.
Assim, vamos abordar os seguintes tópicos:
• As hipóteses e variáveis
• As estratégias de pesquisa.
Esperamos, ao final da unidade, que você seja capaz de
• identificar as características de uma lei, de uma teoria e de uma hipótese e de
como elas estão relacionadas.
• elaborar as hipóteses para uma pesquisa;
• definir as estratégias para uma pesquisa.
2. As hipóteses e variáveis
Leis e Teorias
De modo simples, pode dizer-se que as leis são hipóteses gerais que foram testadas e
receberam apoio experimental e que pretendem descrever as relações ou regularidades
encontradas em certos grupos de fenômenos.
Por exemplo, as Leis de Kepler, referentes às trajetórias dos planetas em torno do sol,
indicam que estas se apresentam em forma de elipse, pois os planetas estão sujeitos à
atração gravitacional do sol. As leis surgem da necessidade que se tem de encontrar
explicações para fenômenos ou fatos da realidade.
Dica
De uma forma geral, além do seu uso específico como termo de filosofia, Fenômeno é a definição de qualquer evento observável. Existem fenômenos em praticamente qualquer campo de pesquisa. Por exemplo, a agressividade, resistência, analfabetismo, violência...
Os fatos ou fenômenos são apreendidos por meio de suas manifestações e o seu
estudo visa conduzir à descoberta de aspectos invariáveis, comuns aos diferentes
fenômenos, por meio da classificação e da generalização.
As leis têm duas funções específicas:
• Resumir grande quantidade de fatos.
• Permitir e prever novos fatos, pois se fenômeno ou fato se enquadrar em uma lei, ele
se comportará conforme o estabelecido por ela.
Uma lei científica que descreve uma regularidade de coexistência, isto é, um padrão
de coisas, geralmente é formulada da seguinte forma: sempre que tiver a propriedade
x, então terá a propriedade y. Por exemplo, a água ferve, quando aquecida a 100º, em
recipientes abertos, no nível do mar.
Uma lei que descreve uma regularidade de sucessão, ou seja, um padrão nos eventos,
afirma que sempre que uma coisa, tendo x, se encontra em determinada relação com
outra coisa de certa espécie, esta última tem y. Por exemplo, sempre que uma pedra é
jogada na água, produzirá na superfície da mesma uma série de ondas concêntricas que se
expandem de igual forma do centro à periferia.
A partir de certo estágio, no desenvolvimento de uma ciência, as leis deixam de estar
isoladas e passam a fazer parte de teorias.
Uma teoria é formada por uma reunião de leis, hipóteses, conceitos e definições
interligadas e coerentes. As teorias têm um caráter explicativo ainda mais geral que
as leis. Por exemplo, a Teoria da Evolução, explica a adaptação individual, a formação de
novas espécies, a sequência de fósseis, a semelhança entre espécies aparentadas e vale
para todos os seres vivos do planeta.
Dicas
FATO:
Refere-se à realidade, ocorrência,
acontecimento. Por exemplo, minha
idade é um fato; também é um fato o
grau de escolaridade.
LEI DE MURPHYVocê já deve ter ouvido falar da Lei de Murphy que: se há duas ou mais formas de fazer alguma coisa e uma das formas resultar em catástrofe, então alguém a fará.
Portanto, uma teoria é um meio para interpretar, criticar e unificar leis estabelecidas,
modificando-as para se adequarem a dados não previstos quando de sua formulação e
para orientar em a tarefa de descobrir generalizações novas e mais amplas.
As teorias caracterizam-se pela possibilidade de estruturar as uniformidades e
regularidades, explicadas e confirmadas pelas leis, em um sistema cada vez mais amplo
e coerente, relacionando-as, concentrando-as e sistematizando-as, com a vantagem de
corrigi-las e de aperfeiçoá-las.
Por outro lado, à medida que as teorias se ampliam, passam a explicar, no universo
dos fenômenos, cada vez mais uniformidades e regularidades, mostrando a
interdependência existente entre elas. Por exemplo, a Teoria da Gravitação Universal de
Newton é muito mais ampla e abrangente do que as leis de Kepler, pois estas,
referindo-se especificamente às trajetórias dos planetas, indicaram que são
determinadas não apenas pela influência gravitacional do Sol, mas também de outros
planetas; a teoria de Newton explica também a Lei de Galileu, ao postular uma força
gravitacional, que especifica um modo de funcionamento.
Uma teoria nos fornece dois aspectos relacionados com os fenômenos: de um lado, um
sistema de descrição e, de outro, um sistema de explicações gerais. Portanto, a teoria
não é mera descrição da realidade, mas uma abstração, ela fornece significado aos
fatos, dando direção à busca de fatos.Tanto as leis como as teorias devem cumprir os
seguintes requisitos:
• Devem ser gerais, não devem explicar apenas casos particulares de um
fenômeno.
• Devem ser comprovadas, estar alavancadas (avalizadas, corroboradas ou
assentadas) pela experimentação;
• Devem, quando possível, expressar-se mediante funções matemáticas.
As teorias científicas têm validade até que sejam incapazes de explicar determinados
fatos ou fenômenos, ou até que algum descobrimento novo comprovado se oponha a
elas.
A partir de então, os cientistas começam a elaborar outra teoria que possa explicar
estes novos descobrimentos, o que faz da Ciência um conhecimento evolutivo e não
estacionário.
HipótesesUma hipótese expõe o que procuramos em uma pesquisa.
Os vários fatos em uma teoria podem ser logicamente analisados e outras relações
podem ser deduzidas além daquelas estabelecidas na teoria. Neste ponto não se sabe
se essas deduções são corretas; a formulação da dedução, contudo, constitui uma
hipótese, que se verificada, torna-se parte de uma construção teórica futura.
Assim, uma teoria expõe uma relação entre fatos; se esta relação existe, outras
proposições que deveriam ser verdadeiras podem ser deduzidas desta teoria.
Tais proposições deduzidas são as hipóteses. A hipótese é uma proposição que pode
ser colocada à prova para determinar sua validade; pode parecer contrária, ou de
acordo com o senso comum, pode ainda ser correta ou errada. Em qualquer caso, uma
hipótese conduz a uma verificação empírica, independentemente do resultado, ela é uma
questão proposta de tal maneira que uma resposta de algum tipo pode estar próxima a
aparecer.
Portanto, obedecendo a um raciocínio lógico, a hipótese consiste na passagem dos fatos
particulares para um esquema geral, ou seja, são supostas respostas para o problema
em questão.Como outras formas de conhecimento, a hipótese é o reflexo do mundo
Proposição é uma afirmação
suscetível de ser verdadeira ou
falsa, é algo que vai ser discutido ou
defendido.
material na consciência do homem, isto é, uma imagem subjetiva do mundo objetivo.
Na pesquisa, a hipótese passa por dois processos importantes: a sua correta formulação
e o seu teste. Com o intuito de encontrar soluções para o estudo em questão, as
hipóteses poderão ser comprovadas ou refutadas. Contudo, mesmo refutada é uma fonte de conhecimentos sobre o problema estudado.mesmo as mais bem estabelecidas, são para predizer e explicar os fenômenos.
O que as tornaria científicas é sua falseabilidade, ou seja, o poderem, em princípio, ser refutadas pela experiência. É claro que as teorias de fato aceitas num dado momento não podem já ter sido refutadas. Mas é importante que sejam refutáveis, pois caso contrário, não teriam pontos de contato com a realidade.
O progresso da ciência seria, assim, o resultado de um processo constante de conjeturas e refutações, de substituição de hipóteses falseadas por hipóteses melhores e não falseadas, porém sempre falseáveis. Embora essa visão da ciência aparentemente rompa de forma radical com a noção original, há aí um elemento importante o realismo.
Essa posição filosófica é, em termos simples, a de que, embora falíveis, as teorias científicas devem ser entendidas como tentativas sérias, e cada vez melhores, de descrever uma realidade objetiva, ainda quando transcenda o nível dos fenômenos, ou seja, aquilo que é diretamente perceptível aos sentidos.
A construção científica do conhecimento continua, nessa perspectiva realista, dando vazão, da melhor forma possível, ao nosso arraigado desejo de compreender o mundo real, de descobrir como e por que funciona.
Para saber mais sobre Popper, você
poderá consultar:
http://afilosofia.no.sapo.
pt/10popper.htm
http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/
popper5.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_
Popper
Conjetura ou conjectura é um
juízo ou opinião sem fundamento
preciso, é uma suposição ou hipótese.
O Realismo é um movimento artístico surgido na França, cuja influência se estendeu a numerosos países europeus. Esta corrente aparece no momento em que ocorrem as primeiras lutas sociais, sendo também objeto de ação contra o capitalismo progressivamente mais dominador. O engajamento ideológico faz com que muitas vezes a forma e as situações descritas sejam exageradas para reforçar a denúncia social.
Segundo Popper, as leis e teorias científicas,sempre hipóteses, inventadas livremente para
Características das Hipóteses:A hipótese deve ser clara: a clareza se refere ao modo como foi enunciada, isto é,
constituída por termos que ajudam realmente a entender o que se pretende afirmar e
indiquem de modo compreensível os fenômenos a que se referem.
• A hipótese deve ser verificável pelos processos científicos: não deve conter
julgamentos morais, embora possa estudar julgamentos de valor.
• A hipótese deve ser específica: o enunciado deve ser especificado, dando as
características para identificar o que deve ser observado e incluindo uma referência
aos indícios que serão usados.
• A hipótese deve ser plausível: isto é, deve indicar uma situação possível de ser
admitida, de ser aceita.
• A hipótese deve ser consistente: a consistência indica que o enunciado não está em
contradição nem com a teoria e nem com o conhecimento científico mais amplo,
bem como que não existe contradição dentro do próprio enunciado.
Uma hipótese não é enunciada em forma interrogativa e nem em forma condicional,
mas é uma afirmação, provisória, que se faz, em forma de sentença declarativa.
A formulação da hipótese está relacionada com o problema da pesquisa e
correlacionada com as variáveis, estabelecendo uma união entre teoria e realidade
com o sistema referencial e a investigação. Tal condição exige que seja elaborada com
evidências e sem ambiguidades.
Enquanto o problema é uma questão a investigar e o objetivo é um resultado a alcançar,
as hipóteses são as respostas antecipadas ao problema.
Exemplo 1
Em uma pesquisa que se propunha
estudar a viabilidade e as condições
de execução de cursos à distância, via
Internet, foram formuladas as seguintes
hipóteses:
• A infraestrutura da Internet no
Brasil possibilita o desenvolvimento
de cursos à distância.
• Existe demanda por cursos
a distância via Internet para
profissionais da área de
Comunicação.
• As ferramentas da Internet
possibilitam a realização de cursos
à distância interativos.
Exemplo 2Em uma pesquisa com o título “Modas e modismos em gestão: pesquisa exploratória sobre a adoção e implementação de ERP”, disponível em http://www.anpad.org.br/enanpad/1999/dwn/enanpad1999-ols-02.pdf foram formuladas as seguintes hipóteses:·
• O contexto e os mecanismos que permeiam as decisões sobre a adoção e a estratégia de implementação de sistemas integrados de gestão correspondem àqueles relacionadas à adoção de modas e modismos gerenciais.
• Os critérios para adoção de sistemas integrados de gestão estão mais ligados a mimetismo que a análises do tipo “custo-benefício”. O processo decisório correspondente é inconsistente.
• A forma de implantação de sistemas integrados de gestão não considera fatores-chaves relacionados à transformação organizacional e gestão da mudança. A estratégia de implantação correspondente é inadequada.
• Os resultados obtidos com a implantação de sistemas integrados de gestão são decepcionantes e ficam abaixo das expectativas das empresas. Tais resultados são consequência de decisões erradas quanto à adoção e quanto à forma de implantação.
Variáveis
As variáveis são aspectos, propriedades, características individuais ou fatores,
observáveis ou mensuráveis de um fenômeno. Alguns exemplos de variáveis são:
• na física: massa, peso, velocidade, energia, força, impulso, atrito etc.
• nas ciências sociais: inteligência, classe social, sexo, salário, idade, ansiedade,
preconceito, motivação, agressão, frustração e muitas outras
• na economia: custo, tempo, qualidade, produtividade, eficiência, desempenho etc.
Segundo a relação que expressa, uma variável pode ser classificada em:
• Variável independente: é aquela que é fator determinante para que ocorra um
determinado resultado; é a condição ou causa para um determinado efeito ou
consequência; é o estímulo que condiciona uma resposta.
• Variável dependente: é aquele fator ou propriedade que é efeito, resultado,
consequência ou resposta de algo que foi estimulado; não é manipulada, mas é o
efeito observado como resultado da manipulação da variável independente.
• Variável de controle: é aquele fator ou propriedade que poderia afetar a variável
dependente, mas que é neutralizado ou anulado, através de sua manipulação
deliberada, para não interferir na relação entre a variável independente e a
dependente.
• Variável interveniente: é aquele fator ou propriedade que teoricamente afeta o
fenômeno observado. Este fator, no entanto, ao contrário das outras variáveis, não
pode ser manipulado ou medido.
Como as variáveis se referem aos aspectos observáveis ou mensuráveis, elas podem ser
classificadas, segundo o tipo:
• Variáveis qualitativas: são caracterizadas pelos seus atributos ou aspectos
qualitativos e relacionam aspectos não somente mensuráveis, mas também definidos
descritivamente. Os elementos do conjunto original são agrupados em classes ou
categorias (classificação) distintas, obedecendo a determinado critério classificatório.
Nas variáveis qualitativas não existem ordem, hierarquia ou proporção.
Por exemplo: sexo, estado civil, raça, nacionalidade, histeria, psicose etc.·
• Variáveis quantitativas: são determinadas em relação aos dados ou proporção
numérica; são os atributos ou aspectos que podem ser quantificados. As variáveis
quantitativas são sempre resultados de um processo de contagem ou mensuração. Por
exemplo: peso, altura, idade, temperatura, volume, massa, renda familiar etc.
As variáveis são propriedades que podem variar entre indivíduos, objetos ou coisas e
outros.
Veja o exemplo abaixo: na pesquisa que se propunha estudar a viabilidade e as
condições de execução de cursos a distância, via Internet, foram identificadas as
seguintes variáveis:
• Existência de infraestrutura de rede adequada para atendimento das necessidades do
curso à distância.
• Demanda por cursos a distância por parte dos profissionais de Comunicação.
• Capacidade das ferramentas Internet produzirem um ambiente interativo que assegure
o aproveitamento do curso pelos participantes.
Veja um exemplo de variável qualitativa:
As crianças que foram bloqueadas
em suas ações mostram-se mais
agressivas do que aquelas que não
o foram.
• Variável independente: ter ou não
ter o bloqueio;
• Variável dependente: grau de
agressividade;
• Variável interveniente: a
frustração (o bloqueio
conduz à frustração e esta à
agressividade).
Na pesquisa científica, a variável correlaciona-se em dois níveis: o conceitual e o
empírico. No primeiro caso, enumeram-se as propriedades de interesse imediato para o
estudo e estabelecem-se as relações entre elas.
No segundo, a análise estabelece as associações existentes entre as variáveis, tal como
ocorreu nos dados ou fatos observados, e deve-se verificar se estas relações se ajustam
ao modelo conceitual.
Os níveis de pesquisa
Como forma de adquirir conhecimento, a pesquisa científica pode ser desenvolvida de
acordo com seus objetivos. Assim, é possível distinguir três níveis de pesquisas:
• Pesquisas Exploratórias: Têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e
modificar conceitos e ideias, com vistas na formulação de problemas mais precisos
ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. De todos os tipos de pesquisa,
estas são as que apresentam menor rigidez no planejamento. São desenvolvidas
com o objetivo de proporcionar visão geral acerca de determinado fato e
constituem a primeira etapa de uma investigação mais ampla.
• Pesquisas Descritivas: Têm como objetivo a descrição das características de
determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre
variáveis a partir da observação, descrição e classificação dos fenômenos
3. As estratégias de Pesquisa
Para saber mais sobre a pesquisa exploratória e verificar um exemplo, você pode consultar:PIOVESAN, Armando e TEMPORINI, Edméa Rita. Pesquisa exploratória: procedimento metodológico para o estudo de fatores humanos no campo da saúde pública.
Disponível em:http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89101995000400010Acesso em: 22/01/2008.
Veja um exemplo de pesquisa descritiva: ROSÁRIO, Nísia Martins do. A estética da tevê e a (des)configuração da informação.
Disponível em: http://reposcom.portcom.intercom.org.br/dspace/bitstream/1904/18170/1/R0206-1.pdf Acesso em: 23/01/2008.
observados. Dentre as pesquisas descritivas, estão aquelas que têm por objetivo
estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo,
procedência, nível de escolaridade, estado de saúde etc. Algumas pesquisas
descritivas vão além da simples identificação da existência de relações entre
variáveis, pretendendo determinar a natureza dessa relação. Neste caso, tem-
se uma pesquisa descritiva que se aproxima da explicativa. Por outro lado, há
pesquisas que, embora definidas como descritivas, a partir de seus objetivos
acabam servindo mais para proporcionar uma nova visão do problema, o que as
aproximam das pesquisas exploratórias.
• Pesquisas Explicativas: são aquelas que têm como preocupação central
identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos
fenômenos. Este é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da
realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas.
As abordagens de pesquisa
Uma pesquisa pode ser realizada com dados criados ou com dados existentes.
No primeiro caso, os dados são coletados após uma intervenção com o objetivo de
provocar uma mudança e no segundo, os dados estão presentes na situação em estudo
e que o pesquisador, através das técnicas de pesquisa, faz aparecer sem a intenção de
modificá-los através de uma intervenção.
Os especialistas usam diferentes nomenclaturas para as metodologias empregadas
na realização de pesquisas, porém não diferem basicamente em seu conteúdo. Tais
metodologias se distinguem de acordo com as fontes de dados utilizadas, a amplitude
Veja exemplos de pesquisas
explicativas:SILVA, Leopoldina
Inocêncio A. Lopes da. União
estável: qual a estabilidade
dessa união? 2006. Monografia
(Graduação em Direito)- Centro
Universitário de João Pessoa. João
Pessoa, 2006.
Disponível em: http://www.
correioforense.com.br/anexos/
publicacoes/f1176988426882.doc
Acesso em: 23/01/2008.
GONÇALVES, Elizabeth Moraes
e GUIMARÃES, André Sathler.
Jornalismo econômico: uma
análise do discurso. Disponível
em: http://www.jornalismo.
ufsc.br/redealcar/cd3/jornal/
elizabethmoraesgoncalves.doc
Acesso em: 23/01/2008.
do estudo conforme os objetivos, o tipo de análise que pretendem fazer e ainda de
acordo com o controle das variáveis em estudo. Em qualquer projeto de pesquisa
é necessário definir as estratégias de pesquisa que melhor permita ao pesquisador
responder suas questões ou verificar a validade de suas hipóteses.
Não existe uma estratégia que seja sempre a melhor para responder a uma pesquisa de
um determinado fenômeno, o que existem são estratégias que otimizam a qualidade da
pesquisa em relação a certos contextos.
A escolha de uma estratégia de pesquisa tem que ser feita considerando, entre outros
elementos, a natureza da questão da pesquisa, o contexto no qual a pesquisa se
realizará, a formação e a experiência do pesquisador.
Os especialistas classificam as estratégias de pesquisa de várias formas, em nosso curso
vamos considerar que a definição das estratégias ocorre em dois momentos:
• na escolha da abordagem de pesquisa;
• na escolha de um modelo de pesquisa.
Na Pesquisa Experimental ou Quantitativa, o pesquisador parte de um fenômeno
delimitado a priori sobre o qual formula hipóteses passíveis de serem verificadas,
determinando os métodos de verificação a ser utilizado, através do qual procurará
controlar as condições do experimento; submete o fenômeno à experimentação em
condições de controle, tendo a preocupação com a validade interna das hipóteses a
fim de extrair leis, fazer generalizações e elaborar teorias que expliquem o fenômeno
observado.
Na pesquisa experimental podemos distinguir dois modelos: a pesquisa provocada e a
pesquisa invocada.
Experimentação: forma de
aquisição de conhecimento em
que o pesquisador fixa, manipula
e introduz variáveis no objeto do
estudo.
Pesquisa Experimental Provocada: é aquela na qual o pesquisador tem um controle
muito grande sobre a variável independente; quando o pesquisador decide qual a
intervenção a ser aplicada, as modalidades de sua aplicação, o momento da aplicação
e também escolhe quem recebe a intervenção. Aqui estão as pesquisas que envolvem,
necessariamente, experimentação ou testes.
Pesquisa Experimental Invocada: o pesquisador não pode manipular a variável
independente, assim ele utiliza variações naturais ou acidentais desta variável para
medir os efeitos sobre uma ou mais variáveis dependentes.
A Pesquisa Qualitativa é uma abordagem que valoriza os aspectos qualitativos
dos fenômenos, abrigando diferentes correntes, cujos pressupostos são contrários
à abordagem quantitativa e os métodos e técnicas de pesquisa são diferentes dos
adotados nos modelos experimentais.
Parte do princípio de que não existe um padrão único de pesquisa para todas as ciências
e que há uma relação dinâmica entre a realidade e o sujeito. Isso significa que, à medida
que o pesquisador aprofunda ou alarga seus conhecimentos sobre a realidade, ele se
modifica, assim como modifica a própria realidade.
Os modelos mais comuns de pesquisa qualitativa são: Estudo de Caso, Pesquisa-Ação,
Pesquisa Participante e História de Vida.
Estudos de Caso: referem-se, evidentemente, ao estudo de um caso, seja ele simples e
específico ou complexo e abstrato; consiste na observação detalhada de um contexto,
um indivíduo, uma única fonte de documento ou um acontecimento específico, portanto,
ele pode focar um local específico, um grupo específico ou qualquer atividade.
Variável Independente: a
característica principal de uma
variável independente é sua
autonomia em relação a outra
variável com a qual mantenha
relação.
É como se, em relação à outra
variável, tivesse um comportamento
próprio, que não dependesse
dela, dessa forma, a variável
independente comanda o
comportamento da variável
dependente.
Numa relação de causa e efeito,
a variável independente é sempre
parte da causa, quando não
é a própria causa e a variável
dependente é sempre o efeito.
Os estudos de caso têm como características:
• visam à descoberta através da busca constante de novas respostas e novas
indagações;
• enfatizam a interpretação em contexto do fenômeno estudado para uma apreensão
mais completa;
• buscam retratar a realidade de forma completa e profunda procurando revelar a
multiplicidade de dimensões presentes numa determinada situação ou problema;
• usam uma variedade de fontes de informação, o pesquisador recorre a uma
variedade de dados coletados em diferentes momentos, em situações variadas e
com uma variedade de tipos de informantes;
• permitem generalizações naturalísticas de experiências vividas por outros, o
pesquisador procura relatar as suas experiências durante o estudo de modo que o
leitor ou usuário possa fazer as suas generalizações;
• procuram representar os diferentes e às vezes conflitantes pontos de vista, isto é, a
realidade pode ser vista sob diferentes perspectivas, não havendo uma única que
seja a mais verdadeira;
• utilizam uma linguagem e uma forma mais acessível, podendo-se utilizar
dramatizações, desenhos, fotografias, colagens, slides, discussões, mesas redondas,
entre outros e os relatos escritos apresentam um estilo informal, narrativo, ilustrado
por figuras de linguagem, citações, exemplos e descrições.
No desenvolvimento do estudo de caso são evidenciadas três fases que se superpõem
em diversos momentos:
• Exploratória: especificar as questões ou pontos críticos; estabelecer os contatos
iniciais; localizar os informantes e as fontes de dados; definir de maneira mais
precisa o objeto de estudo;
• Delimitação do estudo: coletar sistematicamente as informações; determinar os
focos da investigação; estabelecer os contornos do estudo;
• Análise sistemática: reunir as informações coletas; transcrever as entrevistas;
elaborar os relatórios com a análise de fatos; elaborar os registros de observações.
Pesquisa-Ação: é um tipo de pesquisa social com base empírica, concebida e realizada
em estrita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo.
Com a pesquisa-ação, o pesquisador pretende desempenhar um papel ativo na própria
realidade dos fatos observados, a participação das pessoas implicadas nos problemas
investigados é absolutamente necessária.
Na pesquisa-ação, o pesquisador desempenha um papel ativo no equacionamento
dos problemas, no acompanhamento e na avaliação das ações desencadeadas com
ampla e explícita interação com os envolvidos, não se limitando a uma forma de ação,
mas também com o objetivo de aumentar o conhecimento e a consciência dos atores.
Evidentemente que a pesquisa-ação exige métodos e técnicas de grupo para lidar com a
dimensão coletiva e interativa da investigação.
Pesquisa Participante: visa estabelecer uma participação adequada dos observadores
dentro dos grupos observados de modo a reduzir as barreiras entre pesquisador e
pesquisados, sem se voltar para o agir.
Neste sentido, a participação se concentra, sobretudo, no pesquisador cuja preocupação
maior é a captação de informações e os grupos investigados permanecem nas suas
atividades rotineiras. Assim, a pesquisa participante é uma modalidade de pesquisa
qualitativa através da qual o pesquisador é levado a compartilhar, pelo menos de
maneira superficial, os papéis e os hábitos dos grupos pesquisados, sem que estes
grupos sejam mobilizados em torno dos objetivos da pesquisa, mas deixados em suas
atividades normais. Portanto, a pesquisa participante se presta ao entendimento crítico
da realidade para a sua transformação, à valorização do saber popular, à investigação
da percepção que os grupos têm de sua situação existencial.
O método de investigação participante se compõe de estratégias e técnicas diversas,
entre elas a observação, e apresenta as seguintes fases:
• investigação para recolhimento de informações iniciais que permita a apreensão
do conjunto de contradições que caracterizam a realidade;
• codificação, que, partindo do conjunto de contradições que representa a realidade,
escolherá aquela que vai servir à investigação;
• decodificação, que procura desvendar o fenômeno observado.
História de Vida: uma estratégia criada por volta de 1920, mas que somente a partir
da década de 60 é que se desenvolve; pode ser definida como a narração, por uma
pessoa, de sua experiência vivida, é a autobiografia.
Pode ter a forma literária biográfica tradicional como memórias e crônicas. Ao
pesquisador cabe registrar a narrativa e em seguida, proceder a sua análise.
4 . Síntese
Vimos que a teoria é que fundamenta a direção da pesquisa, estabelecendo um elo en-
tre o que é conhecido e o desconhecido, ou da própria teoria tiram-se deduções lógicas
que representam outros tantos problemas e hipóteses.
Por outro lado, as teorias nunca atingem a totalidade de aspectos dos fenômenos da
realidade. Estabelecem relações entre aspectos não diretamente observáveis, geralmente
expressas por vários enunciados sistematizados. É a finalidade da ciência descobrir umarelação sistemática dos fenômenos e somente seus aspectos comuns e invariáveis sãolevados em consideração, estabelecendo-se com eles os elos da estrutura existente.
As propriedades individuais e próprias de cada fenômeno, isoladamente, são desconsid-
eradas pelas teorias. À medida que as teorias se ampliam, mais uniformidades e regu-
laridades explicam o universo dos fenômenos, mostrando a interdependência que há
entre eles.
A teoria se manifesta como uma eterna hipótese que mantém viva a necessidade da
indagação, da investigação, fazendo da ciência um edifício em permanente construção,
é aí que reside a importância das hipóteses na pesquisa.
Nesta unidade, abordamos também as estratégias de uma pesquisa, que consistem na
integração e articulação do conjunto das decisões a serem tomadas, para apreender
de maneira coerente a realidade empírica, a fim de testar de maneira as hipótese ou
questões da pesquisa. Enfatizamos que um mesmo problema de pesquisa pode permitir
questionamentos diferentes que, por sua vez, levam a hipóteses diferentes.
Por conseguinte, a verificação dessas hipóteses exige que a coleta de dados seja feita de
forma diferenciada, para o caso de dados que já existem e para aqueles cujo apareci-
mento deve ser provocado.
No Relatório de Pesquisa, as estratégias fazem parte do capítulo Metodologia, no qual
são definidos os procedimentos metodológicos da pesquisa. Tal capítulo inicia-se com a
definição das estratégias.
Bibliografia
CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1991.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1987.
LAVILLE, Christian e DIONNE, Jean. A construção do saber. Porto Alegre: Artes Médicas;
Belo Horizonte: UFMG, 1999.RICHARDSON, Roberto Jarry e Colaboradores. Pesquisa
social: métodos e técnicas. São Paulo, Atlas, 1999.
Pesquisa de Campo
Pesquisa de Campo
1. Introdução
Os dados de uma pesquisa nada mais são que informações a respeito do fenômeno
investigado.
Necessitamos de tais dados para que possamos confrontar as teorias relativas ao
fenômeno estudado e como ele se evidencia na realidade. Por esta razão é que uma
pesquisa sempre envolve a coleta de dados. Para que possamos desenvolver tal processo,
necessitamos definir um universo e muitas vezes, coletar os dados apenas com parte
deste universo.
Outra questão que surge na coleta de dados é como escolher os elementos de um
universo para a coleta de dados? Por outro lado, para coletar as informações a respeito
do fenômeno investigado, o pesquisador pode consultar documentos, observar o próprio
fenômeno, ou ainda interrogar pessoas.
A seleção do instrumental metodológico está diretamente relacionada com o problema
a ser pesquisado; a escolha dependerá dos vários fatores relacionados com a pesquisa,
isto é, a natureza do fenômeno, o objetivo da pesquisa, os recursos humanos e
financeiros disponíveis, o tempo disponível e outros elementos que possam surgir no
campo da investigação.
Nas pesquisas, de um modo geral, nunca se utiliza apenas um método e uma técnica e
nem somente uma fonte de dados; na maioria das vezes, há uma combinação de dois
ou mais deles.
Então, nessa unidade vamos desenvolver os conteúdos que dizem respeito: com quem
e com quais instrumentos a pesquisa será desenvolvida. Assim, na presente unidade,
vamos apresentar os conceitos relacionados com:
•Ateoriadasamostragens
•Astécnicasdepesquisa.
Com isto, esperamos que ao final da unidade você seja capaz de:
•definircomprecisãoapopulação,amostraeamostragemdeumapesquisa.
•elaborarcomclarezaosinstrumentosdecoletadedadosparaumapesquisa.
2. A Teoria das Amostragens
O termo população, na linguagem popular, refere-se ao número de habitantes de uma
determinada região. Assim, falamos a população da cidade de Campinas.
Na Estatística, define-se ou , como sendo o conjunto dos elementos
que têm características comuns que pode ser contada, pesada, medida, ordenada de
alguma forma e que sirva de base para as propriedades que se quer investigar.
Podemos, então, falar na população:
•formadapelosalunosmatriculadosnaUniversidadeAnhembiMorumbi,no1º
semestre de 2008,
•constituídadospregosfabricadosporumaindústrianomêsdeJaneiro/08,·
constituída dos leitores da Revista
•constituídapelosusuáriosdotransportepúbliconaCidadedeSãoPauloetc.
Saiba Mais
População Finita: é aquela na qual se pode enumerar ou identificar todos os seus elementos.
População Infinita: é aquela quepossui um número indeterminado de elementos (por exemplo, as jogadas com um dado) ou um número tão grande que admitimos como infinita (o número de peixes existentes no mar).
população universo
Veja,
A amostra é um subconjunto, representativo da população, isto é, a parte do todo que
servirá de base para o seu estudo, portanto, que apresenta as mesmas características da
população da qual foi extraída.
Exemplo:
A Credicard fez uma pesquisa que publicou com o título “O profissional do futuro”.
Definiu para tal pesquisa:
•Problema:os jovensestãosepreparandoesendoestimuladospara
desenvolver as competências solicitadas pelo mercado de trabalho?
•Objetivo:identificaro existenteentreoensinoformaleasreais
necessidades da Empresa.
•População:UniversitáriosdeSãoPaulo
•Amostra:Alunosnafaixaetáriaentre19a26anos,dasUniversidades
Mackenzie,FGV,PUC,FAAP,FEA,POLIeESPM.
Quando todos os elementos de uma população são considerados na pesquisa,
diz-se que foi realizado um censo; quando a análise é realizada com uma parte desta
população (amostra), diz-se que a pesquisa foi realizada por amostragem (ou por
amostras).
Realizamos censo:
•quandoapopulaçãoforrelativamentepequenaeconcentrada;
•quandoosdadosarespeitodapopulaçãopuderemserobtidoscomfacilidade;
•seosrequisitosdofenômenoimpõemaobtençãodedadosespecíficosdecada
elemento da população;
•quandosenecessitadainformaçãocompletaeprecisa.
gap
Por outro lado, usamos amostras:
•porque existem populações infinitas;
•quandoapopulaçãoétãograndeque,parafinspráticospodemosadmitircomo
infinitas;
•poreconomia;
•paramaiorprecisão;
•quandooestudoresultaemdestruiçãooucontaminaçãodoselementospesquisados.
Amostragem se refere aos procedimentos utilizados para a escolha ou seleção de
amostras em uma população. Tal procedimento pode considerar a probabilidade de um
elemento qualquer da população ser incluído na amostra ou privilegiar a inclusão na
amostra de apenas alguns elementos.
A escolha do tipo de amostragem a ser utilizado vai depender muito do problema de
pesquisa e de seus objetivos.
3. Tipos de Amostragens
A Teoria das Amostragens constitui-se, hoje, por um campo bastante desenvolvido e amplo
da Estatística com vários elos, como por exemplo: a Teoria das Probabilidades e a
InferênciaEstatística.
Em nosso estudo vamos nos deter a uma visão mais ampla e simplificada da Teoria das
Amostragens.
Podemos distinguir dois tipos amostragem: a probabilística e a não probabilística.
Podemos dizer que probabilidade
é a possibilidade de ocorrência de
um determinado fenômeno.
Amostragem Probabilística é aquela em que todos os elementos da população
têm probabilidade conhecida, diferente de zero, de ser incluídos na amostra, portanto,
garante a representatividade da amostra em relação à população.
Pode ser: aleatória, sistemática, estratificada e por conglomerado.
Amostragem aleatória: também chamada aleatória simples, é aquela na qual todos os
elementos da população têm a mesma probabilidade de ser escolhido como elemento
da amostra. Neste caso, os elementos da amostra são escolhidos por qualquer tipo
sorteio. É claro que, para que o sorteio possa ser realizado, é necessário que os
elementos da população estejam identificados.
Amostragem sistemática: os elementos que constituirão a amostra são escolhidos
segundoumfatorderepetição(umintervalofixo).Suaaplicaçãorequerquea
população esteja ordenada segundo um critério qualquer, de modo que cada um de
seus elementos possa ser unicamente identificado pela posição (uma lista que englobe
todos os seus elementos, uma fila de pessoas etc). O fator de repetição é determinado
dividindo-se o tamanho da população (N) pelo tamanho da amostra (n). O primeiro
elemento é escolhido por sorteio dentre os elementos da população que ocupam
aposiçãoigualouinferioraN/n(fatorderepetição),emseguida,seleciona-seos
elementosacadaintervaloN/n.
Veja um exemplo:
Suponhaquetenhamosaseguintesituação:
•Tamanhodapopulação:N=3.200elementos
•Tamanhodaamostra:n=100elementos
•Fatorderepetição:N/n=3200/100=32
Istosignificaqueoselementosserãoescolhidosde32em32.
Oprimeiroelementoéescolhidoporsorteioentreos32primeiros.
Amostragem estratificada: quando a população está dividida em estratos, a amostra
também será estratificada, de tal modo que o tamanho dos estratos na amostra seja
proporcional ao tamanho dos estratos correspondentes na população.
Veja o exemplo abaixo:
EmumaUniversidade,osalunossãoagrupadosporÁreaAcadêmicacomomostraa
tabela abaixo. Deseja-se fazer uma investigação por amostragem, para traçar o perfil
dosalunos,tomando-seumaamostrade100alunos.
Estratos: são subdivisões da
população em agrupamentos
homogêneos, por exemplo, sexo,
raça, idade, escolaridade, leitores
e não leitores de uma revista,
osalunosdeumaUniversidade
separados por curso etc.
DadosFictícios
Observe que, neste caso, o tamanho da amostra em cada estrato é proporcional ao
tamanho do respectivo estrato na população.
Amostragem por conglomerado: consiste em subdividir a população que se vai
investigar em grupos fisicamente próximos, independente de eles serem homogêneos ou
não. Em tais conglomerados, são agregados os elementos populacionais com estreito
contato físico (como casas, quarteirões, bairros, cidades, regiões etc).
Por exemplo:
Em um levantamento da população de uma cidade pode-se dispor de um mapa
indicando cada um dos quarteirões de um bairro. Assim é possível colher uma
amostra de quarteirões e fazer a contagem de todas as pessoas que residem naqueles
quarteirões e a partir dessa contagem, selecionar os elementos que comporão a
amostra.
Pesquisas eleitorais e muitas pesquisas de opinião pública são feitas por conglomerado.
Amostragem não Probabilística a escolha dos elementos da amostra é feita de forma não-aleatória, justificadamente ou não, a escolha é intencional ou por conveniência, considerando as características particulares do grupo em estudo ou ainda em função do conhecimento que o pesquisador tem daquilo que está investigando.
Porexemplo,aofazerumapesquisajuntoaosprofessoresdaUniversidadeAnhembi
Morumbi,umalunooptouporentrevistar50professoresescolhidosporconveniência.
Na amostragem não probabilística também é possível utilizar quotas, iguais ou
diferentes.ConsidereoexemplodosalunosdeumaUniversidadequeestãoagrupados
por área acadêmica (caso anterior) e veja a seguir como poderia ser uma amostragem por quotas.
Dados Fictícios
Observe agora que todos os estratos têm o mesmo tamanho na amostra.
O tamanho da amostraA teoria estatística estabelece o uso de fórmulas bastante so�sticadas para o cálculo do tamanho da amostra em uma pesquisa, que não vamos entrar em detalhes em nossa disciplina. Mas é fundamental que você saiba que para que uma amostra represente
tamanho adequado.
O tamanho da amostra depende dos seguintes fatores:• Tamanho da população: Os universos de pesquisa são classi�cados em:
• Finitos – quanto têm até 100.000 elementos • In�nitos – quando têm mais 100.000 elementos
com �dedignidade as características da população da qual será retirada, deverá ter um
•Nível de confiança: a teoria das probabilidades indica que, as distribuições
das informações colhidas a partir de amostras, geralmente, seguem a curva
deGauss(curvanormal),queapresentavalorescentraiselevadosevalores
extremos reduzidos.
• Erro máximo tolerado: os resultados obtidos em uma pesquisa por amostras
sempre apresentam erros em relação à população de onde foram extraídas.
Este erro é inversamente proporcional ao tamanho da amostra, isto é, quanto
maior for o erro admitido, menor será o tamanho da amostra.
• Percentagem com que o fenômeno ocorre: é a estimativa com que o
fenômeno investigado ocorre na população; tal erro interfere diretamente no
tamanho da amostra.
• Percentagem complementar: é a estimativa da não-ocorrência do fenômeno
na Mas,comodeterminarotamanhodaamostra?Existemoutros
procedimentos que não sejam os fundamentados em cálculos estatísticos?
Sim,alguns autores afirmam que podemos utilizar de outros procedimentos para se
determinar o tamanho da amostra, tudo depende do grau de precisão com o qual se
deseja desenvolver a pesquisa. Assim, podemos utilizar:
•ocritériodosensocomum:umvalorrazoávelsitua-seentre30e110elementose
um bom valor, acima deste patamar, considerando que quanto maior o tamanho
da amostra melhor.
•ocritérioempírico:baseia-senaexperiênciadeoutrosestudossimilaresounas
recomendações consensuais de outros autores que, praticamente, estabelecem o
mesmolimiteacima(30a115elementos)
CurvadeGauss
Saiba Mais
Veja por exemplo:
APPOLINÁRIO,Fabio.Metodologia
da ciência.SãoPaulo:Thomson,
2006.
HILL,ManuelaMagalhãese
HILL,Andrew.Investigação por
questionário.Lisboa:Silabo,2002.
COZBY, Paul C. Métodos
de pesquisa em ciências do
comportamento.SãoPaulo:Atlas,
2003.
população.
3. Ferramentas Específicas do Mercado
3. 1 - ObservaçãoA observação é o ato de apreender coisas e acontecimentos, comportamentos e
atributos pessoais e concretas inter-relações. É mais do que ver e ouvir: é seguir
atentamente o fenômeno, selecionando o que o torna mais importante e significativo, a
partir de intenções específicas.
Na observação, procura-se avaliar o que ocorre e como ocorre de maneira sistemática
e objetiva. É um elemento básico em qualquer processo de pesquisa científica, podendo
serempregadadeformaindependentee/ouexclusivaouconjugadaaoutrastécnicas.
A observação apresenta características variadas em decorrência de sua flexibilidade,
determinadas pelo objeto de estudo e pelo objetivo da pesquisa. Entretanto, para que a
informação obtida através da observação seja válida, é necessário que sua busca seja
organizada com rigor e ser criteriosamente orientada pelos objetivos definidos para a pes-
quisa.
Planejar a observação significa estabelecer:
• Onde: em que local e situação a observação será realizada;
• Quando: em que momento ela será realizada;
• Quem: quais serão os sujeitos a serem observados;
• O que: que comportamentos e circunstâncias ambientais devem ser observados;
• Como: qual a técnica de observação e registro a ser utilizada.
A objetividade na observação significa ater-se aos fatos efetivamente observados.
Istoé,fatosquepodemserpercebidospelossentidos,deixandodeladotodasas
impressões e interpretações pessoais.
Podemos classificar a observação, segundo o quadro abaixo:
Vantagens e desvantagens da observação:
A observação permite ao pesquisador obter a informação relativa ao fenômeno
investigado no momento em que ocorre o fato, possibilitando verificar detalhes da
situação que, após algum tempo, poderão não mais existir.
Por outro lado, temos que considerar que existem fatos que nem sempre possibilitam
a presença do observador e aqueles que, a presença do observador tende a criar
impressões favoráveis ou desfavoráveis por parte do observado.
Como já dissemos, a observação constitui o elemento básico de qualquer processo
de pesquisa constituindo-se de meios diretos e satisfatórios para estudar uma ampla
variedade de fenômenos, permitindo a coleta de dados sobre um conjunto de atitudes
comportamentais. Entretanto, a ocorrência espontânea não pode ser prevista fazendo
com que fatores imprevistos interfiram na tarefa do pesquisador.
A observação exige menos do sujeito observado, objeto de estudo, dependendo menos
de sua introspecção ou reflexão. Considerando que a duração dos acontecimentos é
variável e que os fatos podem acontecer ao mesmo tempo, a observação torna-se difícil.
Exemplo: na pesquisa abaixo, as autoras definiram a observação da seguinte forma:
KAMADA,IvoneeROCHA,SemíramisMMelo.Assistênciadeenfermagememunidade
de internação neonatal: medidas para prevenção de infecções hospitalares. Disponível
em:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010411691997000100005&script=sci_
arttext&tlng=ptAcessoem:24/01/08.
“UmProtocolodeObservaçãofoielaboradocontendonaprimeiracolunauma
descrição dos procedimentos prescritos na literatura e na segunda um espaço em
aberto para anotação dos mesmos procedimentos observados na coleta de dados,
contendo os seguintes itens: planta física e distribuição dos berços, cuidados relativos
ao ambiente, métodos de higienização, cuidados relativos ao pessoal contactante,
métodos de limpeza e cuidados relativos ao recém-nascido.”
3. 2 - QuestionárioO questionário constitui uma das mais importantes e usuais técnicas para a obtenção de
dados em uma pesquisa; geralmente são utilizados com o objetivo de obter informações
sobre opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas, ou
ainda, para descrever as características e medir determinadas variáveis.
Assim, podemos utilizar o questionário para obter as características de um indivíduo ou
grupo, como por exemplo: sexo, idade, estado civil, nível de escolaridade, estilo de vida
etc. Podemos também utilizar questionários para medir diversos fenômenos atitudinais,
tais como religiosidade, autoritarismo, alienação etc.
O questionário é a técnica de investigação composta por um conjunto ordenado
de questões apresentadas e respondidas por escrito pelo pesquisado. Os questionários
são classificados em função do tipo de pergunta formulada, a classificação mais usada é:
• Questionário de perguntas abertas: perguntas abertas são aquelas que admitem
respostas diferentes dos pesquisados, isto é, cada pesquisado poderá responder
livremente à pergunta. Este tipo de pergunta normalmente é utilizado para obter
opiniões, sentimentos, crenças e atitudes por parte do pesquisado.
Por exemplo:
Qual sua opinião sobre as invasões de terras feitas pelo MST?
Quais foram as dificuldades que você teve no curso de Metodologia da Pesquisa
Científica on-line?
As perguntas abertas também podem investigar comportamento (presente ou passado).
Por exemplo:
Como você se atualiza para atuar no mercado de trabalho?
•Questionário de questões fechadas:
Perguntas fechadas são aquelas para as quais o pesquisador fixa as alternativas que
podem ser apontadas pelo pesquisado, que deve assinalar a(s) alternativa(s) que mais
se ajusta(m) às suas características, ideias ou sentimentos.
As perguntas fechadas podem ser:
•Dicotômicas:aquelascujasrespostasseopõem.
Vocêéfumante?()Sim()Não
Emrelaçãoàreduçãodaidadepenal,vocêé:()afavor()contra·
•Demúltiplaescolha:sãoapresentadasváriasalternativaseopesquisadopode
assinalar apenas uma (resposta simples) ou mais de uma (respostas múltiplas).
Qual a sua idade?
( ) até 20 anos
()de21a25anos
()de26a30anos
()de31a35anos
()maisde35anos
Para você quais são as principais características do bom professor?
( ) Expressa com clareza o conteúdo que desenvolve
( ) Desenvolve as aulas integrando teoria e prática
( ) Relaciona os conteúdos da disciplina à realidade
( ) Promove atividades de pesquisa com os alunos
()Utilizarecursosdidáticosparafavoreceraaprendizagem
( ) Promove aulas dinâmicas e produtivas, com bom aproveitamento do
tempo
( ) Estimula a criatividade e a produção individual
( ) Estimula o questionamento e a crítica sobre os temas propostos
( ) Valoriza a participação do aluno nas aulas
( ) Promove clima favorável às atividades acadêmicas
( ) Cumpre rigorosamente o plano de curso
( ) Relaciona sua disciplina com as demais do curso
( ) Elabora as avaliações com objetividade, clareza e equilíbrio.
()Utilizatrabalhoscomplementaresparanota
( ) Demonstra coerência entre o que diz e o que faz em classe
( ) Respeita o aluno como pessoa
( ) Cumpre seus horários de aula com pontualidade
( ) Estabelece acordos de trabalho com a turma e cumpre o estabelecido
( ) É rigoroso e intransigente
• Em escala: quando as alternativas são apresentadas em escala.
Como você avalia o seu curso?
( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) péssimo
• Em escala de Likert: as alternativas têm uma escala definida.
VocêconsideraoJornalaFolhadeSãoPaulo,umjornal
independente?(Indiqueoníveldeconcordânciaassinalandoonúmero
quemelhorexprimesuaopiniãode1a5,sendo
(1)demaiordiscordânciae(5)maiorconcordância).
1-discordototalmente
2 - discordo parcialmente
3-indiferente
4-concordoparcialmente
5-concordototalmente
Na elaboração dos questionários podem ser combinadas perguntas abertas e fechadas.
O primeiro passo a ser dado na elaboração do questionário é ter clareza do problema
a ser investigado, considerando que ele vai depender da forma como será aplicado,
do tema em estudo, da amostra a ser atingida, do tipo de análise e interpretação
pretendida.
Na sua elaboração, estabelecem-se categorias para o tema e para cada uma delas
elaboram-se as perguntas, limitando-se sua extensão e objetivos.
Por exemplo, em uma pesquisa para traçar o perfil dos alunos de um determinado
curso, foram considerados os seguintes aspectos: estilo de vida, informações
acadêmicas, informações profissionais e situação econômica.
Vantagens e limitações do questionário:
O questionário possibilita obter informações de um grande número de pessoas, mesmo
que estejam dispersas numa área geográfica extensa, implicando em menores gastos
com pessoal, uma vez que pode ser enviado pelo correio e não exige treinamento dos
pesquisadores.
Por outro lado, pode-se não atingir toda a amostra, afetando a representatividade dos
resultados. oanonimatodospesquisados,fazendocomqueaspessoasse
sintam mais à vontade para expressar suas opiniões. No entanto, nem sempre é possível
ter certeza de que a informação corresponde à realidade.
Permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente,
não se expondo à influência das opiniões e do aspecto pessoal do entrevistado. É claro
que este aspecto impede o auxílio do pesquisador para o entendimento das questões.
3. 3 - Entrevista
É a técnica de coleta de dados na qual as perguntas são formuladas e respondidas
oralmente, trata-se de uma conversação metódica que proporciona ao entrevistador as
informações solicitadas.
Enquanto técnica de pesquisa, a entrevista é utilizada para a obtenção de informações
a respeito do que as pessoas sabem, creem, esperam, sentem ou desejam, pretendem
fazer, fazem ou fizeram e também acerca das suas explicações ou razões a respeito de
coisas anteriores.
Garante
Em decorrência de sua flexibilidade, a entrevista é adotada como técnica principal de
investigação nos mais diversos campos das ciências sociais ou de outros setores de
atividades.
As entrevistas são classificadas levando-se em consideração o seu grau de flexibilidade.
• Entrevista estruturada: também chamada padronizada, o entrevistador segue um
roteiro de perguntas previamente estabelecido que não deve ser alterado ou adaptado.
Como no questionário, a entrevista estruturada poderá conter perguntas abertas e
fechadas.
Por exemplo: em uma pesquisa sobre a avaliação da aprendizagem no curso superior, o
pesquisador utilizou-se da seguinte entrevista estruturada para investigar os alunos:
1. vocêéavaliadopeloseuprofessor?
2. Quando o professor faz a avaliação?
3.Oqueéavaliadopeloprofessor?
4.Oquesignifica,paravocê,seravaliado?
5.Oqueoprofessorcostumaavaliar?
6.Paraqueservemasavaliaçõesdosprofessores?
7.Qualéopapeldoprofessornaavaliação?
8. Qual é o papel do aluno na avaliação?
9.Oqueacontecequandovocêtiranotasbaixas?
10.Equandotiranotasaltas?
11. que vocêachaquetiranotasbaixas?
• Entrevista não estruturada: é chamada também de não padronizada, corresponde
ao modelo mais flexível de entrevista, caracterizada pela liberdade que o
Como
Por
entrevistador tem para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere
adequada.Geralmente,nestetipodeentrevista,asperguntassãoabertasesão
respondidas no âmbito de uma conversação.
Este tipodeentrevistaapresentatrêsmodalidades:·
• Por pautas: o entrevistador se guia por uma relação de pontos de interesse
(pauta) que vai explorando no decorrer da entrevista; tem a liberdade explorá-los
fazendo as perguntas que julgar necessárias, na ordem e profundidade que quiser.
As entrevistas por pautas são utilizadas quando os pesquisados não se sentem à
vontade para responder a perguntas formuladas com maior rigidez. Por exemplo:
EmumaentrevistajuntoaoprofessordematemáticadoEnsinoFundamental,
o entrevistador utilizou-se das perguntas abaixo para conhecer a opinião do
professor sobre a matemática e seu ensino:
O que é matemática para você?
Como você “vê” ou percebe a matemática?
Para você o que é ensinar matemática?
Qual sua opinião sobre o ensino da matemática hoje?
Noexemploacima, outrasperguntaspoderiamtersidofeitaspeloentrevistador.
• Focalizada: há um roteiro de tópicos relativos ao problema que se vai estudar e
o entrevistado fala livremente à medida que se refere a eles. Ao entrevistador cabe
conduzir a entrevista não deixando que o entrevistado se desvie do assunto. Por
exemplo: Em uma entrevista na qual o pesquisador queria investigar a opinião das
mulheres sobre o aborto, foram utilizados os focos:
O aborto como direito da mulher.
O aborto e o direito à vida.
• Não Dirigida: o entrevistado fala livremente a respeito do tema, expressando
suas opiniões e sentimentos; o entrevistador tem a função de incentivar a entrevista,
levando o informante a falar sobre o assunto, sem, entretanto, fazer-lhe perguntas.
Este tipo de entrevista é o menos estruturado possível e é utilizada nos estudos
exploratórios, que visam abordar realidades pouco conhecidas pelo pesquisador.
Porexemplo:os alunosdeArquiteturadeumaUniversidade,nodesenvolvimento
de uma pesquisa que tinha como objetivo identificar os diferenciais de vários
bairrosresidenciaisdeSãoPaulo,dopontodevistadomorador,utilizarama
seguinte entrevista não dirigida:
Dê sua opinião sobre o bairro onde você mora.
O registro da entrevista deve ser feito no momento em que ela acontece, mediante
anotações por parte do entrevistador ou com auxílio da gravação.
Na entrevista, não cabe ao entrevistador concordar ou discordar das opiniões emitidas
pelo entrevistado ele deve apenas ouvir procurando guiá-lo, levando-o a precisar,
desenvolver e aprofundar os pontos abordados, mantendo-se interessado em sua fala.
Da mesma forma que o questionário, a entrevista apresenta limitações e uma das
principais é a possibilidade do entrevistado ser influenciado, de maneira consciente ou
não, pelo entrevistador.
Outra limitação é o tempo necessário para se desenvolver uma entrevista, comprada
com o questionário, o que implica em um custo maior.
4 - Síntese
Vimos na presente unidade que uma pesquisa sempre diz respeito a um universo, à
população, e que nem sempre podemos ou queremos desenvolver a pesquisa com todos
os elementos desta população, podemos então desenvolver a pesquisa utilizando-se de
amostras.
Ao desenvolver a pesquisa por amostras, temos que definir como iremos selecionar a
amostra, ou quais serão os procedimentos de amostragem. A escolha do melhor método
de amostragem passa pela correta interpretação do problema em questão e pela forma
como as informações serão extraídas dos elementos selecionados. Assim, podemos
utilizar de procedimentos estatísticos ou empíricos.
Abordamos também nesta unidade as técnicas de pesquisa e nos referimos à
observação, ao questionário e à entrevista como instrumentos de coleta de dados em
umapesquisa. ditoqueaopçãoporumaououtratécnicadependebasicamentedo
problema a ser investigado, dos objetivos e condições da pesquisa e que elas poderão
ser utilizadas isoladamente ou em conjunto. As técnicas de pesquisa são descritas e
justificadasnocapítulodaMetodologia.
Foi
Bibliografia
GIL,AntonioCarlos.Métodos e técnicas de pesquisa social. SãoPaulo:Atlas,1987.
KÖCHE,JoséCarlos.Fundamentos de metodologia científica.Petrópolis:Vozes,1997.
LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos e metodologia científica.SãoPaulo:Atlas,1996.
LAVILLE,ChristianeDIONNE,Jean.A construção do saber. Porto Alegre: Artes Médicas;
Belo Horizonte: UFMG, 1999.RICHARDSON, Roberto Jarry e Colaboradores. Pesquisa
social:métodosetécnicas.SãoPaulo,Atlas,1999.
RICHARDSON,RobertoJarryeColaboradores.Pesquisa social: métodos e técnicas.São
Paulo:Atlas,1999.
Desenvolvendo a Pesquisa de Campo
Pesquisa de Campo
1. Introdução
Com essa unidade, iniciamos mais uma etapa da pesquisa: a execução da pesquisa.
Na unidade anterior, você viu com que instrumentos se podem coletar os dados de uma pesquisa e como elaborá-los. Já com os instrumentos definidos e elaborados, o próximo passo é desenvolver o trabalho de campo, isto é, aplicar na população e amostra definidas tais instrumentos e em seguida, analisar os dados obtidos.
A análise corresponde à interpretação das informações coletadas de modo a dar um sentido aos dados fazendo a ligação entre eles e o conhecimento existente.
O conteúdo dessa unidade é exatamente este:
• A coleta dos dados• A tabulação e análise dos dados
Portanto, após o desenvolvimento dos conteúdos da presente unidade, espera-se que você seja capaz de
• desenvolver corretamente uma pesquisa de campo;• fazer a tabulação e análise dos dados de uma pesquisa.
2 . A coleta de dados
A coleta dos dados inicia-se com a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas estabelecidas na etapa anterior. Portanto, nesta etapa da pesquisa, já se tem os instrumentos de coleta de dados elaborados, a população e amostras definidas.
Na investigação, de maneira geral, os dados são coletados pela observação ou pelas respostas e declarações de pessoas capazes de fornecer informações que sejam úteis aos propósitos da pesquisa. As técnicas utilizadas para a coleta de dados garantem o registro das informações, o controle e a análise dos dados coletados.
A coleta de dados constitui uma etapa muito importante da pesquisa de campo, mas não deve ser confundida com a pesquisa propriamente dita. Assim, todas as etapas devem ser esquematizadas, a fim de facilitar o desenvolvimento da pesquisa, bem como assegurar uma ordem lógica na execução das atividades. Os dados coletados serão posteriormente elaborados, analisados, interpretados e representados graficamente.
Posteriormente, será feita a discussão dos resultados da pesquisa, com base na análise e interpretação dos dados.
Já dissemos anteriormente que uma pesquisa pode ser caracterizada pelo tipo de dados coletados e pela análise que se fará de tais dados. Assim, temos a pesquisa:
• quantitativa: que prevê a mensuração de varáveis preestabelecidas, procurando veri-ficar e explicar sua influência sobre outras variáveis mediante a análise da frequên-cia de incidência e de correlações estatísticas. Neste tipo de pesquisa, o pesquisador descreve, explica e prediz;
• qualitativa: fundamenta-se em dados coletados nas interações interpessoais, nacoparticipação das situações dos informantes, analisadas a partir da significação que estes informantes dão aos seus atos. Neste tipo de pesquisa, o pesquisador participa, compreende e interpreta.
Após a coleta, antes da análise e interpretação, os dados são elaborados e classificados de forma sistemática.
Considerando que os dados brutos não fornecem espontaneamente muitas informações, é necessário colocá-los em ordem, transformar sua apresentação, reunindo as informações de maneira organizada a fim de permitir sua análise e interpretação.
Essa primeira parte do tratamento constitui a elaboração dos dados que se compõe das seguintes fases:
SeleçãoDe posse do material coletado, o pesquisador deve submetê-lo a uma verificação crítica, a fim de detectar falhas ou erros, evitando informações confusas, distorcidas, incomple-tas, que podem prejudicar o resultado da pesquisa. É o exame detalhado dos dados coletados, também chamado crítica dos dados.
A seleção cuidadosa pode apontar tanto o excesso como a falta de informações e con-tribui para evitar posteriores problemas de codificação.
CodificaçãoÉ a técnica utilizada para categorizar os dados que se relacionam, isto é, os dados são agrupados em categorias e depois codificados.
Codificar pode significar também transformar o que é qualitativo em quantitativo para facilitar não só a tabulação dos dados, mas também sua comunicação.
TabulaçãoConsiste na disposição dos dados em tabelas, possibilitando maior facilidade na verifi-cação das inter-relações entre eles o que facilita a sua compreensão e a interpretação.
Os dados são classificados pela divisão em subgrupos e reunidos de modo que as hipó-teses possam ser comprovadas ou refutadas.A tabulação pode ser feita manualmente ou com o auxílio do computador.
3 . Tabulação e análise de dados
Tabulação é a padronização e codificação das respostas obtidas através dos instrumen-tos de coleta de dados. É a maneira ordenada de dispor os resultados numéricos para que a leitura e análise sejam facilitadas.
A análise dos dados é a descrição do quadro de tabulação referente aos valores rel-evantes. Na análise, deve-se dar ênfase nos pontos relacionados ao problema, às hipó-teses e aos objetivos da pesquisa.
Tabulação de questões fechadas com respostas simples
O pesquisado só pode dar uma resposta, assim, o número de respostas é igual ao número de pesquisados.
Exemplo
Fonte: pesquisa Os jovens e o consumo sustentável – Construindo o próprio futuro?, realizada pelo Instituto Akatu e pela Indicator Opinião Pública.
A manipulação não é um sentimento decorrente do esforço de venda das empresas.
Somente 27% declaram sentir-se manipulado ou muito manipulado.
A maioria (66%) diz sentir-se livre ou muito livre para escolher os produtos que compra e 61% consideram-se consumidores informados.
Do total, 39% sentem-se maravilhados com a propaganda das empresas.
Os jovens pesquisados parecem não se incomodar com a publicidade que as empresas fazem de seus produtos, considerando-a importante para obter informação e garantir-lhe a liberdade para escolher os produtos que mais lhe convierem, segundo critérios que priorizam qualidade e preço.Tabulação questões fechadas com respostas múltiplas
O pesquisado pode indicar mais de uma alternativa como resposta, neste caso, o núme-ro de resposta é diferente do número de pesquisados.
Exemplo:
O que você considera importante na escolha do supermercado para fazer compras mensais? preços baixos variedade de produtos localização atendimento outros ____________
O item considerado de maior importância na escolha de um supermercado para a real-ização de compras mensais pelos pesquisados é preços baixos (45%), seguido da varie-dade de produtos (25%). O atendimento correspondeu a apenas 9% das respostas.
Os pesquisados apontaram como outros motivos (8%): existência de estacionamento e de manobristas, aceitar cheque pré-datado, aceitar cartão de crédito e qualidade dos produtos hortifrutigrangeiros.
Tabulação de perguntas abertas
Padronizam-se as respostas por categoria e procede-se à tabulação como a tabulação simples ou múltipla.
Exemplo 1Por que você compra roupas da marca “Y”?
Número de pesquisados: 100
A análise dos dados demonstra que a maioria dos pesquisados (45%) compra roupa da marca “Y” em função de sua qualidade. Dos respondentes, apenas 20%, compram roupas marca “Y”, em função da grife.
As perguntas abertas também podem ser analisadas de maneira descritiva (qualitativa) sem que haja a preocupação com a quantificação.
Exemplo 2
Em um questionário aplicado aos alunos do Curso de Design com o objetivo de traçar o seu perfil, foi formulada a seguinte pergunta aberta:
Quais as razões que o levaram a escolher a Universidade Anhembi Morumbi e o Curso de Design?
Após a análise de todas as repostas dadas pelos alunos a esta pergunta foi elaborado o seguinte texto:
Os alunos do Curso de Design têm bastante clareza das razões que os levaram a es-colher o curso e a Universidade Anhembi Morumbi: a proposta do curso e o gosto e/ou interesse pela área de criação artística e informática, ou ainda, por já ter feito algum curso na área.
Os alunos apontam também como fator de decisão pela escolha do curso a valoriza-ção do profissional no mercado de trabalho ou por já estarem atuando no mercado de trabalho.
A imagem da Anhembi Morumbi no mercado, sua localização e infraestrutura oferecida também foram fatores preponderantes na escolha, entretanto existiram alguns poucos alunos que afirmaram ser a Anhembi a única Universidade na qual foi aprovado no processo seletivo.
Poucos são aqueles que escolheram o curso sem ter clareza do perfil profissional de seu egresso, afirmando simplesmente: para obter seu diploma de curso superior.
Se o pesquisador tivesse a intenção de quantificar as respostas, ele deveria primeiro estabelecer as categorias para as respostas dadas. Assim, poderia ter chegado aos seguintes resultados:
Tabulação de perguntas com escala de Likert:
A tabulação é feita ponderando as respostas.
Exemplo
Indique o nível de concordância para cada item assinalando o número que melhor exprime a sua opinião a respeito das condições oferecidas pela Universidade.
Tabulação do item Biblioteca:
Utilizei com frequência a biblioteca.
Média: 4,18 (é obtida dividindo-se a soma de f.p 820, pelo total da amostra 196)
Os serviços prestados pela Biblioteca satisfizeram minhas necessidades.
Média: 3,95
O acervo da Biblioteca atendeu às minhas necessidades.
Média: 2,89
Análise dos resultados:
O item Biblioteca foi bem avaliado pelos alunos, se destacando na utilização (4,18), seguido dos serviços prestados (3,95); a pior avaliação foi dada ao acervo (2,89).
Análise a partir da observação:
Como já foi dito anteriormente, a pesquisa sempre é um processo intencional. Desta forma, a coleta de dados, independentemente do instrumento a ser utilizado, deve ser sempre planejada. Portanto, ao realizar uma observação, o pesquisador deve ter clareza do que será observado, em outras palavras, deve ter elaborado o roteiro da observação.
Exemplo
Em uma pesquisa que envolvia a observação de uma aula de Matemática na 5ª. série, o pesquisador fez o seguinte registro:
Após o sinal os alunos se dirigem para a sala e aguardam o professor, que, ao entrar, cumprimenta-os, dirigindo-se à mesa. Os alunos estão sempre conversando na turma de 5ª. série, eles nunca estão em suas carteiras, a desordem é maior.
O professor senta-se e aguarda o silêncio, que na maioria das vezes demora, até que os próprios alunos pedem aos colegas que parem de conversar.
Somente depois que todos os alunos estão em suas carteiras e em silêncio é que se inicia a chamada.
A sistemática de trabalho destes professores em sala de aula é normalmente a mesma: explicam a matéria (definições, conceitos, propriedades, regras etc.), basicamente tran-screvendo para o quadro-negro o que consta no livro-texto, dão alguns exemplos re-forçando o que fora explicado, em seguida resolvem uma série de exercícios para os alunos.
Quando resolve os exercícios, o professor sempre dirige perguntas para a classe e não para um determinado aluno, o que impede as respostas individuais e dá margem às brincadeiras e consequentemente provoca distrações.
4 . Síntese
A coleta de dados é a etapa da pesquisa que exige tempo e trabalho para se reunir informações que venham atender aos objetivos da pesquisa e comprovar as hipóteses formuladas inicialmente.
Na pesquisa quantitativa, a análise dos dados implica na quantificação dos fenômenos para submetê-los à classificação, mensuração e análise. O que se busca é uma explica-ção do conjunto de dados reunidos a partir de uma conceitualização da realidade per-cebida ou observada.
Já na pesquisa qualitativa, todos os fenômenos e sujeitos são igualmente importantes,
;
assim, procura-se compreender as relações existentes entre eles.
Você deve ter percebido pelo conteúdo dessa unidade que é através da análise dos da-dos que fazemos o confronto entre a teoria (desenvolvida na Fundamentação Teórica) e a realidade (definida na Metodologia).
5 . Bibliografia
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1987.
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 1997.
LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos e metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1996.
LAVILLE, Christian e DIONNE, Jean. A construção do saber. Porto Alegre: Artes Médicas, Belo Horizonte: UFMG, 1999.
RICHARDSON, Roberto Jarry e Colaboradores. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.
Organizando Dados
Organizando Dados
1. IntroduçãoApós os dados terem sido adequadamente elaborados, codificados e tabulados, o passo seguinte no seu tratamento é a sua organização em tabelas e gráficos que irão permitir uma visão mais global da variação do fenômeno observado.
Assim, na presente unidade, vamos abordar como organizar os dados de uma pesquisa em tabelas e gráficos.
No desenvolvimento do conteúdo, vamos tratar das tabelas e gráficos de uma maneira mais geral, visto que tal assunto é conteúdo da disciplina de Estatística.Então, ao final da unidade você deverá ser capaz de organizar os dados de sua pesquisa em tabelas e gráficos.
2 . Tabelas e séries
Uma tabela corresponde a um quadro que contém um conjunto de informações.
Exemplo 1:
RELATIVOS AO
PROFESSORCONTEÚDO
Mostra a avaliação do professor por disciplina.
É o relatório que contém os tópicos da avaliação, emitido por professor.
Mostra a avaliação do professor por disciplina que ele ministra.
É o relatório que agrupa as disciplinas de um mesmo curso, constando a avaliação do professor, avaliação do aluno e o desvio.
Mostra a avaliação do professor em relação aos seus pares de uma mesma Faculdade ou Curso.
É o mesmo relatório anterior só que, neste caso, os professores
estão agrupados por Faculdade e/ou Curso.
Mostra a avaliação do professor em relação a todos os professores da Instituição.
Constam todos os professores avaliados da Instituição em ordem alfabética, com a avaliação do professor, avaliação do aluno e o desvio.
RP4Relatório Individual do
Professor
RP3Relatório por Disciplina
RP2 Relatório Geral dos
Professores por
Faculdade/Curso
RP1 Relatório Geral dos
Professores
RELATÓRIOS DA AVALIAÇÃO INSTITUCIONALUNIVERSIDADE MILLENIUM1º.
Exemplo 2
Quando uma tabela apresenta a distribuição de um conjunto de dados em função da época, do local ou da espécie, ela é chamada de SÉRIE.
As séries têm um formato especial, observe:
Exemplo 3
Não possuem o fechamento lateral (bordas) nem linhas horizontais.
MATRÍCULAS NAS ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE MIRASOL2002
Elementos de uma tabela ou série:
• Título: é o conjunto de informações que respondem às perguntas: o quê? quando? onde? localizado no topo da tabela/série.
• Cabeçalho: determina o conteúdo das colunas
• Corpo: conjunto de linhas e colunas que contêm informações sobre a variável em estudo.
• Coluna indicadora: parte da tabela/série que especifica o conteúdo das linhas.
• Linhas: retas imaginárias que facilitam a leitura, no sentido horizontal, de dados que se inscrevem nos seus cruzamentos com as colunas.
• Casa ou célula: espaço destinado a um dado.
• Rodapé: contém informações complementares – fonte, notas e outras chamadas.
Algumas observações:
• Se existir mais de uma tabela no texto, elas devem ser numeradas: Tabela 1, Tabela 2 etc.
• Se for preciso dar definições, destacar algum dado ou fornecer alguma informação adi-cional deve ser utilizado o rodapé.
• Se o dado não existe, deve ser feito um traço no lugar da tabela em que deveria estar.
• Como a principal finalidade da tabela a facilitar a visualização dos dados, normal-mente as tabelas utilizadas em jornais e revistas são apresentadas na forma mais simples possível.
3. Tipos e Séries
• Séries históricas: são aquelas cujas colunas indicadoras se referem a tempo (ano, dia, semana, mês etc.)
• Série geográfica: quando a coluna indicadora se refere a local (cidade, região, zona, bairro etc.)
• Série Específica: quando a coluna indicadora for específica, isto é, for outra categoria que não seja local ou tempo.
• Série de conjugada: quando a série conjuga dois ou mais tipos.
3 . Gráficos
Correspondem à representação dos dados sob diferentes formas gráficas, com o objeti-vo de permitir uma visão rápida e global do fato estudado. De um modo geral, podemos dizer que os gráficos devem ser confeccionados de maneira simples e clara, de tal modo que o observador entenda perfeitamente aquilo que o gráfico busca evidenciar.
Hoje, com o auxílio do computador, podemos construir com muita precisão qualquer tipo de gráfico.
Os gráficos mais utilizados são:
Gráficos lineares:
São gráficos em duas dimensões,baseados na representaçãocartesiana dos pontos no plano. São utilizados quando se quer mostrar a evolução de um fenômeno.
Gráficos em colunas simples e justapostas:
São representados por retângulos de base comum e altura proporcional à magnitudedos dados, colocados na posição vertical.
Quando queremos representar mais de um fenômeno, utilizamos retângulos um ao lado do outro, constituindo o gráfico em colunas justapostas.
Os gráficos em colunas normalmente são utilizados para estabelecer comparações.
Gráfico em barras simples e justapostas:
São semelhantes aos gráficos em colunas, diferindo apenas na posição, que é horizon-tal. Também são utilizados para estabelecer comparações.
Exemplo 1
Exemplo 2
Gráficos de setores ou pizza: são representados por meio de setores em um círculo, são utilizados para mostrar a importância relativa das proporções, isto é, mostrar a composição das partes no todo.
Exemplo 1
Exemplo 2
Pictogramas: São gráficos que utilizam figuras para simbolizarem o fenômeno e os dados estatísticos,ao mesmo tempo em que indicam as proporcionalidades.
São gráficos que não possuem muita precisão, mas são muito atrativos e por esta razão, são largamente utilizados pela mídia.
4 . Síntese da Aula
Você deve ter percebido que os dados em uma pesquisa são extremamente importantes, pois é através deles que estabelecemos a relação existente entre a teoria e a realidade.
Por esta razão, é fundamental o rigor, não baseado apenas no procedimento metodológico utilizado na pesquisa, desde o enunciado do problema até a conclusão, passando pelos fundamentos teóricos que regem seu desenvolvimento e o tratamento dos dados.
Na presente unidade, você teve a oportunidade de tomar conhecimento, mesmo que de maneira mais geral, das formas que dispomos para apresentar os dados de uma pesquisa.
5 . Bibliografia
CRESPO, Antônio Arnot. Estatística fácil. São Paulo: Saraiva, 1994.
MARTINS, Gilberto de Andrade e DONAIRE, Denis. Princípios de estatística. São Paulo: Atlas, 1985.
Apresentando os Resultados da Pesquisa
Apresentando os Resultados da Pesquisa
1. IntroduçãoO Relatório de Pesquisa compreende a expressão escrita do trabalho e tem como finalidade comunicar os resultados obtidos em uma investigação e como eles foram obtidos, isto é, os processos desenvolvidos. Um relatório de pesquisa bem escrito faz o leitor sentir-se conduzido, quase como um participante da pesquisa, acompanhando a linha de raciocínio, fatos, evidências, dados e informações que conduziram à solução ou à explicação do problema.
A formatação do relatório de pesquisa varia de acordo com os padrões próprios de cada instituição não existem regras rígidas estabelecidas, mas o seu conteúdo é padrão.
Na presente unidade vamos tratar desta formatação e usaremos o padrão determinado pela Anhembi Morumbi.
Ao final da aula, você deverá ser capaz de elaborar com exatidão, sobriedade e clareza o relatório de uma pesquisa.
2 . O formato do relatório
Um relatório de pesquisa é constituído de três partes ou elementos:
•Elementos pré-textuais•Elementos textuais•Elementos pós-textuais
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Os textos devem ser apresentados em papel branco, formato A4 (21,0 cm x 29,7 cm), digitados na cor preta no anverso da folha, utilizando-se a fonte Arial ou Times New Roman, justificados e com o recuo de parágrafos.
Recomenda-se, para digitação, a utilização de fonte tamanho 12 para o texto e 10 para citações longas e notas de rodapé.
Margem
margem superior: 3,0 cm
margem inferior: 2,0 cm
margem esquerda: 3,0 cm
margem direita: 2,0 cm
EspacejamentoTodo texto deve ser digitado, com espaço 1,5 de entrelinhas.
As citações longas, as notas de rodapé, as referências e os resumos em vernáculo e em língua estrangeira deverão ser digitados em espaço simples.
O título deve ser separado do texto que os precede, ou que o sucede, por uma entrelinha dupla.
Indicativos de seçãoO indicativo numérico de uma seção precede seu título com alinhamento esquerdo, separado por um espaço de caractere.
Não devem ser utilizados ponto, hífen, travessão ou qualquer sinal após o indicativo de seção ou de seu título.
Todas as seções devem conter um texto relacionado com elas.
Os títulos, sem indicativo numérico (sumário, resumo, referências e outros) devem ser centralizados.
PaginaçãoTodas as folhas do trabalho, a partir da folha de rosto, devem ser contadas sequencialmente, mas não numeradas. A numeração é colocada a partir da primeira folha da parte textual, em algarismos arábicos, no canto superior direito da folha.
Se o trabalho tiver mais de um volume, deve ser mantida uma única numeração das folhas do primeiro ao último volume.
Os apêndices e anexos devem ter suas folhas numeradas de maneira contínua, seguindo a paginação do texto principal.
Abreviaturas e siglasQuando aparecerem pela primeira vez no texto, deve-se colocar seu nome por extenso e, entre parênteses, a abreviatura ou sigla.
Ex. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
IlustraçõesFiguras (organogramas, fluxogramas, esquemas, desenhos, fotografias, gráficos, mapas, plantas e outros) constituem unidade autônoma e explicam, ou complementam visualmente o texto, portanto, devem ser inseridas o mais próximo possível do texto a que se referem.
Sua identificação deverá aparecer na parte inferior precedida da palavra designativa (figura, desenho etc), seguida de seu número de ordem de ocorrência, em algarismos arábicos, do respectivo título e/ou legenda e da fonte, se necessário.
Fig. 1 - PRIMEIROS CLONES PRIMATAS
Fonte: LEITE, Marcelo. Primeiros clones primatas.
Disponível em: http://cienciaemdia.zip.net/index.html.
Acesso em: 14/11/07
TabelasAs tabelas são elementos demonstrativos de síntese que apresentam informações tratadas estatisticamente constituindo uma unidade autônoma.
Em sua apresentação, deve ser observado:
• se há numeração independente e consecutiva;
• o título deverá ser colocado na parte superior, precedido da palavra e de seu número de ordem em algarismos arábicos;
• as fontes e eventuais notas aparecem em seu rodapé, após o fechamento, utilizando-se o tamanho 10;
• evem ser inseridas o mais próximo possível do trecho a que se referem.
Tabela
TítuloSão destacados gradativamente, usando-se racionalmente os recursos de negrito e caixa alta.
Deve ser adotado o seguinte padrão:
• Título de capítulos: impressos em letra maiúscula, negrito, fonte tamanho 14, sem parágrafo, utilizando-se algarismos arábicos.
• Os itens (partes secundárias): devem ser impressos em letra maiúscula, fonte tamanho 14.
• Todos os capítulos devem ser iniciados em páginas próprias, ainda que haja espaço útil na folha.
3 . Elementos Pré - Textuais
Os elementos pré-textuais são aqueles que antecedem o texto com informações que contribuem para a identificação e utilização do trabalho.
Capa
A capa, elemento obrigatório que identifica o trabalho, deve conter as informações na ordem estabelecida pela NBR 14724. Nos trabalhos de graduação, por uma questão de praticidade, usa-se os elementos identificadores na seguinte ordem:
• Nome da Universidade: localizado na margem superior, centralizado, letras maiúsculas, fonte 14 e em negrito.
• Nome do curso: logo abaixo do nome da Universidade, em letras maiúsculas, centralizado, fonte 14 e em negrito.
• Título do trabalho: em letras maiúsculas, centralizado, fonte 14, negrito.
• Nome(s) do(s) autor (es): nome e sobrenome do(s) autor (es), em ordem alfabética, em letras maiúsculas, centralizado, (considerando o alinhamento horizontal), fonte 14 e em negrito.
• Local e ano: na última linha da folha, em letras normais, centralizado, fonte 12, negrito.
Tais elementos devem ser distribuídos de maneira equidistantes na folha.
Folha de rostoA Folha de Rosto, elemento obrigatório, é a repetição da capa com a descrição da natureza e objetivo do trabalho, portanto, contém detalhes da identificação do trabalho na mesma ordem.
• Natureza e objetivo do trabalho: trata-se de uma nota explicativa de referência ao texto. Deve ser impresso em espaço simples, fonte 10, com o texto alinhado a partir da margem direita.
Folha de aprovaçãoEsta folha deve ser impressa, a partir da metade da página. Grafado em letras maiúsculas, fonte 14, em negrito, BANCA EXAMINADORA. Abaixo desta, imprimir quatro linhas para as assinaturas dos membros da banca examinadora.
É utilizada como elemento obrigatório nos trabalhos que são avaliados por bancas, como, por exemplo, nos TCC’s.
DedicatóriaEsta é a folha em que o(s) autor (es) dedica(m) o trabalho e/ou faz(em) uma citação ou ainda, presta(m) uma homenagem. É um elemento opcional, porém, se utilizada, o texto é impresso em itálico, fonte 10, na parte inferior da folha, à direita e a folha é encabeçada pela palavra “Dedicatória”, centralizado, em letras maiúsculas, fonte 14, em negrito.
AgradecimentosEsta folha é opcional. Quando utilizada deve privilegiar, àqueles que merecem destaque por sua contribuição ao trabalho. Deste modo, agradecimentos e contribuições rotineiras, não são, em geral, destacados.
Esta folha é encabeçada pela palavra AGRADECIMENTO, em letras maiúsculas, centralizada, fonte tamanho 14, em negrito. Em geral, os agracedimentos incluem: ao coordenador e/ou orientador, professores, instituições, empresas e/ou pessoas que colaboraram de forma especial na elaboração do trabalho.
O texto é composto utilizando-se a fonte tamanho12.
Resumo em língua vernáculaÉ a condensação do trabalho, enfatizando-se seus pontos mais relevantes de modo a passar ao leitor uma ideia completa do teor do trabalho. Deve ser desenvolvido, apresentando de forma clara, concisa e objetiva, a informação referente aos objetivos, metodologia, resultados e conclusões do trabalho. O título RESUMO deve estar centralizado, letras maiúsculas, fonte 14, em negrito.
O texto será apresentado três espaços abaixo do título, em espaço simples entrelinhas, sem parágrafo. O resumo deverá conter entre 150 e 500 palavras. É redigido na terceira pessoa do singular, com o verbo na voz ativa e não deve incluir citações bibliográficas.
É um elemento obrigatório e deverá conter também as palavras representativas do conteúdo do trabalho, isto é, palavras-chaves ou descritores.
Veja um exemplo de resumo
O GESTOR ESCOLAR COMO ARTICULADOR DA FORMAÇÃO DE PAIS
Levando-se em consideração que os pais querem o melhor para seu filho, mas nem sempre sabem como fazer e que o gestor pode articular uma integração família-escola em busca de uma educação de qualidade aliada à formação moral e um apurado senso de responsabilidade social dos indivíduos, o presente trabalho aborda a formação de pais a partir de ações desenvolvidas na escola, tendo o gestor como líder participativo e democrático e articulador dessa ação. A pesquisa procurou identificar o conceito de participação praticado na instituição e em seus segmentos, os anseios e dificuldades quanto à participação da comunidade na escola, as dificuldades encontradas pelo gestor em envolver os pais na vida escolar e na formação de valores dos filhos. Em poucos anos a sociedade mudou muito, a educação das crianças, que tradicionalmente cabia aos pais, hoje está sendo dividida com a escola. Em revolução silenciosa a família vem transferindo para a escola o papel de formar ética e moralmente as crianças, atribuições anteriormente garantida pela família. Porém, na sociedade contemporânea, a responsabilidade da formação do indivíduo compete aos dois sistemas – familiar e escolar – quase que intrinsecamente. A pesquisa desenvolvida na instituição, uma escola de Ensino Fundamental da rede Municipal de Ensino, teve uma abordagem qualitativa, assumindo a forma de estudo de caso, iniciando-se com uma investigação exploratória para conhecer a realidade da instituição em suas fragilidades, potencialidades e concepções. Os dados coletados evidenciaram a enorme carência dos pais no sentido de conhecerem como se dá a educação de seus filhos e de que forma eles podem participar deste processo assim, foram propostas ações de orientações no intuito de formar os pais para que participem efetiva, consciente e constantemente da educação dos filhos.
Palavras chaves: Gestão: Participação: Formação de pais.
Trabalho elaborado pela aluna do
Curso de Pedagogia Lucélia Santos
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Resumo em língua estrangeiraO resumo deve ser, necessariamente, apresentado em pelo menos mais um idioma, além do original utilizado na língua vernácula. Deste modo, temos: em inglês ABSTRACT, em espanhol RESUMEN, em francês RÈSUMÉ, por exemplo; é apresentado em página separada.
Nos TCC’s, trata-se de um elemento obrigatório.
SumárioÉ um elemento obrigatório, constituído pela enumeração das principais divisões, seções e outras partes do trabalho, na mesma ordem em que aparecem no seu desenvolvimento, ou seja, deve conter exatamente os mesmos títulos, subtítulos que constam no trabalho e as respectivas páginas em que aparecem.
O título SUMÁRIO deve estar em letras maiúsculas, fonte 14, centralizado e em negrito. Após três espaços, serão grafados os capítulos, títulos, itens e/ou subitens, conforme aparecem no corpo do texto.
Lista de ilustraçõesÉ um elemento opcional que se destina a identificar os elementos gráficos, na ordem em que aparecem no texto, indicando seu título e o número da página em que estão impressos.
É grafado o título: LISTA DE ILUSTRAÇÕES no centro da página, em letras maiúsculas, fonte 14, negrito.
Lista de tabelasÉ um elemento opcional, utilizada, se necessária, para dar ao leitor as melhores condições de entendimento do trabalho. É elaborada como a lista de ilustrações.
4 . Elementos TextuaisSão considerados elementos textuais a parte do trabalho em que se apresenta o assunto.
Introdução
O título INTRODUÇÃO deve estar escrito à esquerda, na margem normal (sem parágrafo), em letras maiúsculas, fonte 14 e em negrito.
A introdução é a primeira parte do “corpo do trabalho” e dela devem fazer parte:
• Antecedentes do problema, tendências, pontos críticos; caracterização do tema e da organização.
• Formulação do problema que inclui: dados e informações que dimensionam a problemática.
• Objetivos: que traduzem os resultados esperados com a pesquisa.
• Justificativas: corresponde à defesa da pesquisa quanto a sua importância, relevância e contribuições.
Desenvolvimento do trabalhoO desenvolvimento corresponde à parte principal do trabalho na qual se faz a exposição ordenada e pormenorizada do assunto; pode ser dividida em seções e subseções; compreende a contextualização do tema e abrange:
• A revisão da literatura: abordagem de teorias e/ou conceitos que fundamentam o trabalho, podendo constituir um ou vários capítulos.
• Os métodos e procedimentos utilizados para coleta de dados: é a descrição da metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho, os procedimentos adotados nas etapas do trabalho no que se refere ao diagnóstico e/ou estudo de caso.
• A apresentação e análise dos dados: nesta parte, são apresentados/descritos os dados e a análise dos mesmos bem como os resultados alcançados, relacionando-os à revisão bibliográfica, dispondo ao leitor as deduções e conclusões pertinentes ao trabalho com o objetivo de reforçar ou refutar as ideias defendidas.
• As conclusões e/ou considerações finais: referem-se aos dados e resultados encontrados, compreende o fechamento do trabalho com as indicações e/ou recomendações.
5 . Elementos Pós - TextuaisOs elementos pós-textuais são aqueles que complementam o trabalho.
BibliografiaÉ um elemento obrigatório, constituído pela relação de todas as fontes consultadas e apontado no texto. As fontes deverão ser relacionadas em ordem alfabética, após três espaços do título BIBLIOGRAFIA que vem grafado em letras maiúsculas, fonte 14,centralizado e em negrito.
As referências deverão ser feitas com base nas Normas da ABNT.
ApêndiceElemento que consiste em um texto ou documento elaborado pelo autor, com o intuito de complementar sua argumentação, sem prejuízo ao trabalho. São identificados por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelos respectivos títulos.
Os Apêndices devem ser enumerados, identificados e referenciados no texto.
Exemplo: Apêndice A – Questionário aplicado aos professores.
AnexosElemento opcional, não elaborado pelo autor, que documenta, esclarece, prova ou confirma as ideias expressas no texto.
Os anexos são identificados por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelos respectivos títulos, devem ser enumerados, identificados e referenciados no texto.
Exemplo: Anexo A – Plano de Carreira da Empresa.
GlossárioElemento opcional que deverá ser empregado sempre que for necessário relacionar (em ordem alfabética) as palavras de uso específico (termos técnicos ou jargão da área), devidamente acompanhado de suas definições de modo a garantir a compreensão exata da sua utilização no texto.
6 . Síntese da aulaDeve ter ficado claro para você que o Relatório de Pesquisa compreende a expressão escrita do trabalho e tem como finalidade comunicar os resultados obtidos em uma investigação e como eles foram obtidos, isto é, os processos desenvolvidos.
Você deve ter percebido em todo o nosso curso que existem determinadas normas aceitas como convenções em função de seu uso acadêmico, literário e científico que devem ser seguidas. Assim, um texto científico deve ter exatidão, isto é, ater-se às palavras justas para medir, comentar, expor os fatos, as análises e as conclusões. Os adjetivos qualificativos devem ser evitados, pois na maioria das vezes, são carregados de subjetividade.
A sobriedade é outra característica do texto científico; dizer o que precisa ser dito de maneira direta e objetiva, sem divagações.
Finalmente, o relatório de pesquisa deve ser claro não se deve perder de vista a quem se destina, os seus leitores em potenciais.
Estas foram as ideias principais que abordamos nesta aula.
7 . Bibliografia
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Informação e documentação – trabalhos acadêmicos – apresentação: NBR 14724. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Numeração progressiva das seções de um documento: NBR 6024. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.
LAVILLE, Christian e DIONNE, Jean. A construção do saber. Porto Alegre: Artes Médicas; Belo Horizonte: UFMG, 1999.
LUCKESI, Cipriano e outros. Fazer universidade: uma proposta metodológica. São Paulo: Cortez, 1995.
UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI. Diretrizes e normas para apresentação de trabalhos acadêmicos, dissertações e teses. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2007.
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