mercado medieval Óbidos - gazeta das caldas · 22 julho, 2016 mercado medieval Óbidos iii gazeta...

Jornal fundado em 1 de Outubro de 1925 ANO XC / Nº5131 SEXTA-FEIRA 22 JULHO DE 2016

PREÇO: 0,80€ ASSINATURA ANUAL: 22,50€ DIGITAL: 15€ www.gazetacaldas.comDirector: José Luiz de Almeida Silva Director Adjunto: Carlos M. Marques Cipriano facebook.com/gazetacaldas

Tel:262870050 / Fax: 262870058/[email protected] / [email protected] / [email protected] / [email protected]

Mercado Medieval Óbidos

Mercado Medieval de Óbidos

14 de Julho a 7 de Agosto 2016

(Aberto de 5ª feira a domingo)

Suplemento patrocinado:

II Mercado Medieval Óbidos 22 Julho, 2016Gazeta das Caldas

�� venha a receber mais de 80 mil pessoas. ��)��*)��#�� $��!��%�#��+��!��+�� )��+��

Texto e fotos: Fátima Ferreiraff [email protected]

Weronika Chrzastek era uma jovem feliz na tarde de quinta--feira. Trajada de princesa, juntamente com as suas amigas polacas, distribuía sorrisos e acenos enquanto desfi lava no cortejo que este ano abriu o Mercado Medieval de Óbidos. As jovens polacas que se encontram a fazer um intercâm-bio no Cencal nunca tinham vivido uma experiência seme-

lhante e também não escondiam o seu entusiasmo. “Adoro os vestidos e as fl ores no cabelo”, confi denciava Weronika Chrzastek, acrescentando que adoraria ter vivi-do nos tempos medievos. Trajados de cavaleiros e damas, um grupo de estudantes oriundos de Macau e a fazer um curso de verão na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, tam-bém acompanhou o cortejo. “É espectacular”, comentava o professor, Fernando Lourenço, acrescentando que com as roupas do século XXI a visita não seria tão in-teressante. “Assim sentimos o espírito de como se vivia no passado”, comentava, depois de já ter provado as fogaças de Santa Maria da Feira que, por estes dias fa-zem as delícias, tão ao nível do cheiro como do paladar, de quem chega à Porta da Vila de Óbidos. A quinta-feira é o dia da guerra no Mercado Medieval, com o cortejo a ser encabe-çado pelos grupos de armas e combatentes que se encontram no recinto. Atrás se-guem todos os outros grupos de animação e representantes das colectividades do concelho. No dia seguinte assinala-se a peste, com andrajosos e médicos a encimar o desfi le, enquanto que no fi m-de-semana, assinala-se o dia das superstições e o dos cristãos. Pelo meio vai a novidade: um alcaide mouro em cima de um camelo, juntamente com vários elementos da sua comunidade, cujo acampamento se situa dentro da cer-ca. As ruas adensam-se de gente durante os cortejos, para ver os participantes e tirar fotografi as. “Sentimo-nos da realeza, toda a gente a sorrir para nós, a acenar-nos e a tirar-nos fotos”, comentava Weronika Chrzastek, que quer “defi nitivamente” voltar numa edição futura.

LUTAS, PESTE E ACAMPAMENTO ÁRABE

Com os medos a pairar sobre o castelo, na encosta da cerca está instalado um acam-pamento militar e civil da Guarda do Alcaide de Óbidos. Ferreiros, carpinteiros, car-voeiros e agricultores, mostram o funcionamento do dia-a-dia de uma aldeia da Idade Média. À noite, e em tempos de confl itos, os mesmos homens lutam ou defen-dem as suas famílias, de espada e arco em punho. Essa luta é feita na liça, uns metros mais abaixo, intercalada com os torneios dos Cavaleiros do Tempo. À entrada poente da cerca, uma “louca” diz rezas e roga pragas a quem ali passa para entrar no recinto. É um dos elementos da Agita – uma associação cultural e juvenil, que anima o evento, juntamente com leprosos, rameiras, camponeses, ou o arauto que vai anunciando a programação. O mendigo e leproso Américo Barros já tem um lugar cativo no mercado. Aos 81 anos, dos quais 10 como fi gurante neste evento, o caldense não esconde o gosto em participar nesta animação. Diariamente demora cerca de duas horas a caracterizar-

-se e, outro tanto, a “despir” a personagem, que este ano tem um adereço extra: uma rede preta a proteger a cara por causa das muitas moscas que se encontram em Óbidos. Os médicos da peste fazem a transição para o Fosso do Breu, um espaço situado no fundo da cerca, cenografado com gárgulas e bonecos fantasmagóricos, que simbo-liza o sitio do medo do desconhecido, da peste e da fome. As tavernas aí existentes estão decoradas a rigor, assim como os seus participantes, com as suas capas escu-ras. Felizmente que os deliciosos petiscos que por ali se encontram trazem algum ânimo ao visitante. Na zona das oliveiras e socalcos vivem-se intensamente as superstições. Por lá é pos-sível encontrar cartomantes e uma diversidade de amuletos, como cornos de ani-mais, olhos turcos e fi tas, sobretudo nas árvores que decoram o recinto. A mouraria é uma novidade. Liderado pelo alcaide Fernandes, o acampamento mos-tra o quotidiano familiar almorávide e berbere medieval. Pelas quatro tendas confec-cionadas artesanalmente em pêlo de dromedário e cabra é representada a cozinha tradicional, os ofícios, a música e dança e também a própria religião, com os parti-cipantes, ajoelhados no tapete, a rezar a Alá. Fechados numa cerca, os dromedá-rios, são um dos maiores atractivos, sobretudo junto das crianças. Duas vezes por dia saem em caravana pelas ruas da vila.

UMA DÉCADA DE ALQUIMIAS

Os cheiros e fumos que se espalham pelo recinto convidam a provar uma diversida-de de petiscos e iguarias cozinhadas pelas colectividades do concelho. Este ano são mais de 20 as colectividades que alimentam o corpo e espírito dos visitantes. O fa-moso porco assado no espeto, o pão com chouriço, as amêijoas e enguias fritas, as pataniscas com arroz de feijão, codornizes, migas e grelhadas de carne e de peixe, são algumas das propostas, bem regadas com vinho, sangria, sidra, cerveja artesanal, bebidas espirituosas ou água. A fi lhós, a par dos crepes, do arroz doce ou do bolo de alfarroba, adoça a boca dos comensais.E, assim que o sol se deita e a lua levanta, está montada a festa nos “Alquimistas”. Situada no primeiro andar de uma casa de madeira frontal ao recinto dos espectá-culos, a taverna das poções não deixa ninguém indiferente e é ver a fi la que fazem para beber o “Bafo de Dragão”, depois de receberem, por parte do “irmão” de ser-viço a reza que os absolve dos pecados. Outros, menos corajosos, podem optar pelo Elixir da Longa Vida ou um Harry Poter (ambos sem álcool), ou ainda um Elixir da Juventude (sangria). Nas escadas, junto ao corrimão, está o aviso: “A descer todos os santos ajudam”... “e o diabo empurra”. Os “Alquimistas” celebram este ano 10 anos de Mercado Medieval, mas os seus men-tores (António Marques e Raquel Antunes) participam no evento desde a sua primei-ra edição. “Estamos um pouco cansados de pregar e abençoar as pessoas mas é um cansaço bom, gostamos de ver o sorriso que levam na cara”, conta o agora monge, mas que nas primeiras edições vinha para o mercado trajado de mendigo e a arrastar uma perna. António Marques destaca que todas as poções ali vendidas, e criadas pelo casal, tra-tam a “sede da alma ou do corpo”, dando como exemplos o poderoso (e alcoólico) Bafo de Dragão, ou o refrescante Elixir da Juventude. Quem os procura vem por todo

o ritual criado em torno da bebida, pois como o “irmão Apos toda a gente o faz, mas neste caso as bebidas são deiras. Nós, acima de tudo, pretendemos dar 10 a 15 màs pessoas que nos visitam”.Os “Alquimistas” começaram por ser seis e agora já exisnir-se todos no último dia de mercado, para celebrar. A mercados fora do país, nomeadamente em Itália, Antónié “um dos melhores eventos medievais da Europa, temtástico”. Refere que actualmente há feiras do género pque a “moda” começou em Óbidos, Santa Maria da Feiraas que continuam a destacar-se ao nível da qualidade. O participante realça ainda o trabalho feito pelas associbem os seus espaços e lembrou que esse rigor foi incutiddo projecto, Francisco Salvador.

OS NOVOS E OS QUE REGRESSAM A C

À 14ª edição, o Mercado Medieval de Óbidos continua a ado casal Maria e João Lopes, de Lisboa, que aproveitounhecer o evento e deixar-se “amedrontar” pelos medoevento “agradavelmente surpreendidos” e querem vopróximos fi ns-de-semana. Já o obidense “de coração”o mercado desde a sua preparação (trabalhava na autcontinua a frequentá-lo. Na tarde de domingo acompanDanças Antigas “O corvo do conde”, de Sesimbra, já o sa Óbidos para actuar. “É uma maneira muito interessante de se aprender Hicentando que o cenário e “magia” de Óbidos é o que oque nas últimas edições tem havido um investimento mque houve uma melhoria ao nível do cenário. “A Óbidos medieval, que é aquilo que toda a gente prvenciado desta maneira”, diz, lembrando que o que lhmeiras edições, foi perceber que para as associações e plo deixou de ser uma abstracção, para ser uma realidadO actual quadro da área da cultura da Câmara de Sesimpara que os responsáveis do evento, invistam mais na pca, destacando que essa é que é a maneira de vivenciar oRicardo Ribeiro, presidente da empresa municipal Óbidoque organiza o evento, enaltece a componente comunevento, que faz dele “único”. “A animação não é feinas por actores e profi ssionais, mas espelha a nossara e forma de estar, dando-lhe cariz diferente e espconclui. Os bilhetes custam sete euros, sendo a entrada gratuitcrianças até aos 11 anos. Os trajados à época pagam cine os munícipes do concelho de Óbidos entrada gratuitaO mercado funcionará à quinta e sexta-feira entre as 17he ao sábado e domingo entre as 13h00 e a 01h00.

Cenografi a, animação e gastronomia p

O acampamento árabe é uma das novidades desta edição A festa é garantida na taverna dos “Alquimistas” O mendigo Américo Barros, uma

IIIMercado Medieval Óbidos22 Julho, 2016Gazeta das Caldas

�� !��"��#�$�� %��&��'#��

��#��)��'�� !��

António” explica, “servir co-um acrescento das brinca-

minutos de boa disposição

stem 16 e estão a contar reu-participar em alguns outros

io Marques destaca que este m um enquadramento fan-or todo o lado, mas recorda a e no Castro Marim, que são

iações, que preparam muito o desde o início pelo mentor

CADA ANO

atrair público novo. É o caso u o fi m-de-semana para co-os e superstições. Saíram do oltar, com amigos, num dos ”, Filipe Pessanha, conhece tarquia na altura) e nhava o Grupo de segundo que traz

stória”, diz, acres-o torna especial. Nota menor, mas este ano acha

rocura, pode e deve ser vi-he deu mais prazer, nas pri-pessoas de Óbidos, o caste-de que lhes pertencia.

mbra deixa o apelo parte pedagógi-o património. os Criativa, itária do ta ape-

a cultu-pecial”,

ta para nco euros .00 e a 01h00

põem em destaque a Óbidos Medieval

Os números do mercado medieval 180 dias em preparação cenográfi ca e planeamento

53 pessoas nas montagens

16 dias

160 horas de evento

63 colaboradores

24 grupos de animação

642 actuações (teatro, música, dança, caravanas, torneios, actividades lúdicas e workshops,...)

5 cavalos, 2 dromedários, 1 burro anão, 3 falcões,

2 póneis, 2 burros, 1 saluki (canídeo), 3 dogue alemão (canídeos)

23 colectividades

700 voluntários envolvidos

72 bancas de artesãos, mercadores e artes da adivinhação

214 mercadores

600 trajes para aluguer

a das figuras mais conhecidas do evento

mercado medieval Óbidos - gazeta das caldas · 22 julho, 2016 mercado medieval Óbidos iii gazeta...

Documents