mercado de capitais: as diversas fontes de … correa dos reis.pdf · interessados sobre as...

42
MERCADO DE CAPITAIS: AS DIVERSAS FONTES DE CAPTAÇÃO MANOEL CORRÊA DOS REIS UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES Curso de Pós- Graduação Gestão Estratégica e Qualidade PROFESSORA YASMIN RIO DE JANEIRO Agosto/2001

Upload: hathuy

Post on 02-Dec-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

MERCADO DE CAPITAIS: AS DIVERSAS FONTES DE CAPTAÇÃO

MANOEL CORRÊA DOS REIS

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

Curso de Pós- Graduação Gestão

Estratégica e Qualidade

PROFESSORA YASMIN

RIO DE JANEIRO

Agosto/2001

*“Uma missão coerente é um instrumento

poderoso para ajudar os que decidem a

encontrar o caminho em meio ao

ambiente confuso e complexo”.

Alvin Tofler

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 3

2. ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL .......................................... 4

3. ABERTURA DE CAPITAIS............................................................................................ 5

3.1 Emissão de Ações .................................................................................................... 5

3.2 Underwriting............................................................................................................ 5

3.3 Procedimentos ......................................................................................................... 7

3.4 Block Trade ............................................................................................................. 8

3.5 Eventos e Benefícios ............................................................................................... 8

3.5.1 Dividendos...................................................................................................... 8

3.5.2 Bonificações ................................................................................................... 9

3.5.3 Desdobramentos ........................................................................................... 10

3.5.4 Grupamentos................................................................................................. 10

3.5.5 Subscrições ................................................................................................... 10

4. DEBÊNTURES............................................................................................................... 11

4.1 Debêntures Simples ............................................................................................... 11

4.2 Debêntures Conversíveis ....................................................................................... 11

4.3 Características básicas das emissões ..................................................................... 11

4.4 Vantagens Comparativas das Debêntures para a empresa..................................... 12

4.5 Desvantagem ......................................................................................................... 13

4.6 O processo de emissão........................................................................................... 13

5. FINANCIAMENTO ATRAVÉS DO BNDES ............................................................... 14

5.1 Sistema BNDES .................................................................................................... 14

5.1.1 Linha de Financiamento ............................................................................... 15

5.1.2 Programas Especiais de Financiamento ....................................................... 16

6. CAPTAÇÃO DE RECURSOS NO EXTERIOR............................................................ 17

6.1 Bônus / Eurobônus................................................................................................. 19

6.2 Títulos Conversíveis em ações .............................................................................. 23

6.3 US$ - Commercial Papers ..................................................................................... 25

6.4 Certificado de Depósitos ....................................................................................... 26

6.5 Lei n.º 4131............................................................................................................ 26

6.6 Resolução 63.......................................................................................................... 26

6.7 Asset Backed Securities......................................................................................... 28

6.8 Securitização de Empréstimos .............................................................................. 28

6.9 Operações de Empréstimos Sindicalizadas ........................................................... 28

6.10 Operações com ADR/GDR ................................................................................... 29

6.11 BDR – Brazilian Depositary Receipts ................................................................... 34

7. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 35

8. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 37

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho procura orientar aos alunos, empresários e demais

interessados sobre as diversas fontes de captação de recursos

existentes no Mercado de Capitais brasileiro e no exterior, sinalizando

as principais diferenças entre os variados tipos de fontes disponíveis

no intuito de facilitar a tomada de decisão que melhor se enquadra na

política econômica e financeira das empresas.

De acordo com os autores consultados (Ver bibliografia), há

diversas fontes de captação de recursos que devem ser avaliadas

antes de qualquer decisão da Administração Financeira .

Considerando que a Administração visa obter o máximo de lucro

possível com o mínimo de investimentos, faz-se necessário analisar

todas as possibilidades de captação de recursos existente para

buscar dinheiro com o menor preço possível. As Fontes internas

envolvem a negociação de Lucros Retidos; Rotatividade dos Créditos

; Proteção Fiscal e outras. As fontes externas se subdividem em

Recursos de Terceiros e Recursos Próprios . Este envolve o Capital

Acionário (Capital Social ) enquanto aquele envolve: Debêntures,

Commercial Paper, Empréstimos bancários, Crédito subsidiado ,

Empréstimo de Capital estrangeiro, e os Fornecedores.

Normalmente o empresário se endivida para investir , porque acredita que os

negócios vão prosperar . É preciso que as instituições financeira sintam-se seguras em

emprestar dinheiro para a organização em prazos maiores aos menores custos financeiros

possíveis ou que os acionistas sintam-se seguros quanto ao rumo dos negócios para

exigirem menor retorno sobre seu investimento, inclusive se dispondo a reinvestir lucros

que possibilitem manter a empresa permanentemente capitalizada . Assim, a empresa pode,

manter estrutura de capital sadia, equacionando o balanceamento ideal entre o investimento

e capitalização.

Espero contribuir com informações relevantes que possam facilitar a estratégia

moderna de desenvolvimento das empresas no novo cenário mundial.

2. ESTRUTURA ATUAL DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

3. ABERTURA DE CAPITAIS

Decisão sobre a abertura de capital de uma empresa está vinculada, na grande

maioria das vezes, a necessidade, que esta vem a apresentar, de captar recursos para

investir em novos projetos, como ampliação do seu parque industrial, proceder a um

saneamento financeiro, eventualmente, trocando devedores por novos sócios, ou alongando

o prazo de suas dívidas, trocando dívidas bancarias por debêntures, ou, ainda, captando

recursos para capital de giro, a fim de fazer frente as suas necessidades de financiar

clientes, aumentar a produção, atender ao encurtamento do prazo de pagamento aos

fornecedores e etc.

3.1 Emissão de ações

Ação é a menor fração do capital social da Sociedade Anônima. A empresa

que emite ações capta recursos estáveis, cuja devolução não é compulsória. O

lançamento de ações é uma operação de aumento do patrimônio líquido de uma

empresa. Pode-se emitir ações de duas formas: Underwriting e Block Trade.

3.2 Underwriting

Significa subscrição, emitir ações para captar novos recursos junto à

acionistas. A operação de underwriting faz parte do mercado primário1 pois existe uma

transferência de recursos diretamente do investidor para o caixa da empresa.

Expressão como : aumento de capital, emissão de ações, subscrição de capital,

subscrição de ações, aporte de capital de risco, entre outras, têm o mesmo significado:

Emitir novas ações que serão subscritas ou compradas, por acionistas atuais ou novos.

A empresa para emitir ações precisa se adequar as regras das Companhias

abertas. Há quatro tipos de underwriting: Garantia Firme, Melhores Esforços, Stand-by2,

BooK Building.

• Garantia Firme – É a operação na qual a Instituição Financeira

1 Mercado Primário é aquele onde a empresa lança suas ações pela primeira vez.

coordenadora da operação garante a colocação de um determinado lote de

ações a um determinado preço previamente pactuado com a empresa emissora,

encarregando-se por sua conta e risco de colocá-las no mercado.

• Melhores esforços – Caracterizam-se pelo compromisso assumido pela

Instituição Financeira de desenvolver os melhores esforços para revender o

máximo de uma emissão junto a seus clientes nas melhores condições possíveis

e por um prazo determinado. Não existe um compromisso formal de viabilizar

a colocação.

• Stand-by – Caracteriza-se pelo compromisso assumido pelo banco

quanto a subscrição, após determinado prazo, das ações que se comprometeu a

colocar no mercado, mas que não encontraram interessados.

• Book Building – Trata-se da oferta global das ações de uma empresa

visando a colocação de seus papéis no país e no exterior. Exige uma maior

transparência de informações sobre a empresa emissora e sobre a operação de

subscrição. Não há uma definição prévia do preço pelo qual a ação será

vendida, ou o volume final de operação mas sim a definição do quanto se vai

alcançar de preços justos que os coordenadores da emissão e a empresa

emissora acordam ser viável para atrair os investidores nacionais e estrangeiros

e garantir uma boa liquidez do título na colocação. Assim, por este sistema ,

as taxas de remunerações dos papéis ( renda fixa) ou o preço das ações são

definidos previamente de acordo com as ofertas dos investidores, o que

normalmente acontece após a apresentação de lançamento pelo emissor e/ou

bancos líderes do lançamento.

3.3 Procedimentos:

Descrevemos abaixo os dez principais ajustes necessários para a colocação de

ações no mercado conforme as leis das Companhias Abertas:

2 Stand-by – Tradução : Aguardando

1. Adaptação dos Estatutos Sociais, eliminando privilégios a certos tipos

de ações em detrimento dos minoritários, definição do percentual de

distribuição de dividendos, entre outras mudanças;

2. Reordenação da Estrutura Societária a fim de evitar favorecimento de

uma empresa do grupo para outra;

3. Criação do Conselho de Administração e Eleição de seus membros;

4. Designação do Diretor de Relações com o Mercado que será a pessoa

autorizada a falar pela empresa diante do Mercado e Investidores. É comum

que seja o Diretor Financeiro;

5. Acerto de pendências fiscais, trabalhistas ou débitos de qualquer

natureza que possam comprometer a imagem da Companhia junto ao público;

6. Estabelecimento de acordo de acionistas.;

7. Contratação de auditoria independente para auditar as demonstrações

financeiras, preferencialmente profissional reconhecido no Mercado, o que

confere maior credibilidade;

8. Organização do Departamento de acionistas;

9. Profissionalização da Administração e de práticas administrativas;

10. Adaptação do posicionamento da administração para o espírito de uma

empresa de capital aberto.

3.4 Block Trade (Ações pertencentes a um ou mais acionistas negociadas

em leilão).

A empresa pode abrir seu capital lançando ações junto ao público através de

uma operação de Block Trade. Ela consiste em colocar no mercado um lote de ações,

geralmente de certa magnitude, pertencente a um acionista ou a um grupo de acionistas.

Os recursos captados são canalizados para o caixa dos acionistas em vez de ir para o caixa

da empresa. É uma operação de mercado secundário3.

Esta operação pode fazer parte de uma estratégia maior de abertura de capital

de uma empresa. Se a empresa necessitar, no futuro, de grandes investimentos para sua

expansão e pretender lançar ações para obter os recursos necessários , de imediato ela

poderá fazer uma operação de Block Trade, para torná-la conhecida no Mercado, podendo,

na hora de fazer um underwriting tradicional conseguir melhor preço na colocação de suas

ações.

3.5 Eventos e benefícios

Neste item será abordado os eventos societários como dividendos,

bonificações, desdobramentos, grupamento de ações e subscrições.

3.5.1 Dividendos

É o montante em dinheiro pago pela empresa a acionista proporcionalmente a

quantidade de ações possuídas por estes.

As empresas através de seus estatutos, determinam a forma de pagamento de

dividendos que podem ser calculados por um percentual anual aplicado sobre o lucro

líquido ou sobre o capital social conforme emana o estatuto.

Conforme a lei da sociedades anônimas, o dividendo mínimo a ser distribuído é

de 25% do lucro líquido ajustado apurado em cada exercício social. Caso esses dividendos

sejam inferior a 25%, os acionistas terão direito a recesso e a empresa será obrigada a

4 Mercado Secundário é onde transaciona ações diretamente entre investidores.

comprar suas ações pelo valor patrimonial caso a cotação do mercado seja inferior a esse

valor.

É através da AGO4, que as empresas anunciam o pagamento de dividendos. A

AGO é realizada após o encerramento de cada exercício para aprovação das demonstrações

financeiras.

3.5.2 Bonificações

É uma distribuição de ações realizadas pela empresa gratuitamente a seus

acionistas. Esta distribuição é proveniente do aumento de capital realizado pela

incorporação de reserva.

O aumento de capital por incorporação de reservas e lucros acumulados pode

ser efetuado das seguintes formas:

• Empresa com valor nominal: Através da emissões de novas ações e

distribuição gratuita aos acionistas na proporção do número que cada um

possui, de modo a não alterar o valor nominal da ação.5

• Através da alteração do valor nominal da ação6, refletindo aumento

do valor do capital: A alteração do valor nominal da ação se dá pela reserva

de correção monetária que será capitalizada obrigatoriamente por deliberação

de assembléia geral, porém sem distribuição de ações .

• Através da prática de emitir ações sem valor nominal: Nesses casos a

quantidade emitida pela empresa permanece inalterada, elevando-se

unicamente o montante do capital social.

3.5.3 Desdobramento

No desdobramento de ações, da mesma forma que a bonificação, é distribuído

gratuitamente ações aos acionistas da empresa, sendo, que no desdobramento o aumento do

5AGO – Assembléia Geral Ordinária. 6 Valor Nominal da Ação – Significa o capital social dividido pelo número de ações.

número de ações é feito pela simples alteração do valor capitalizado ou valor nominal e

não através da incorporação de reservas e lucros acumulados como na bonificação.

3.5.4 Grupamentos

Corresponde a redução do número de ações e aumento do valor capitalizado ou

valor nominal da ação .

3.5.5 Subscrição

É uma emissão de títulos realizada por parte da empresa no qual é estabelecido

um preço ( preço de subscrição ) que é cedido pelo Conselho de Administração ou

Assembléia Geral.

A subscrição representa uma elevação do capital social da empresa através da

entrada de dinheiro novo, proporcionando um aumento do patrimônio líquido da empresa

conforme o montante arrecadado com a emissão.

Os recursos oriundos da subscrição, podem ser aplicados pela empresa para

aumento do capital de giro, pagamentos de dívidas ou aquisições de novos maquinários.

4. DEBÊNTURES 7

7 Alteração do valor nominal da ação – é o aumento do valor da ação sem nova distribuição. 7 Lameira, Valdir de Jesus. Mercado de Capitais. Editora Forense. Pág. 118 e 119.

São títulos de dívidas emitidos por sociedades anônimas de capital fechado ou

de capital aberto com ações negociadas nas Bolsas de Valores.

Quando uma empresa lança debêntures, ela está contraindo uma dívida de

longo prazo, sobre a qual incide juros e correção monetária através de algum tipo de

indexador. A classificação de uma emissão de debêntures está no exigível de longo prazo.

É um título de dívida cuja a devolução é compulsória.

Existem dois tipos de debêntures: Simples e Conversível em ações.

4.1 Debêntures simples

Nasce e permanece para sempre como um título de dívida clássico, ou seja,

pagam-se os juros e amortiza-se o principal até o encerramento da dívida.

4.2 Debêntures conversíveis em ações

Nasce como um título de dívida e à partir de um determinado momento o

debenturista (credor) tem direito de converter o título em ações. Podemos assim dizer, que

as debêntures conversíveis fazem parte de uma estratégia de lançamento futuro de ações

num momento mais apropriado, ou seja após sua valorização.

4.3 Características básicas das emissões

A Assembléia Geral, na qual os acionistas deliberam sobre a emissão das

debêntures, cria o título mediante a aprovação das suas principais características, como

espécie, montante da emissão, tipo de garantia oferecida, entre outras.

Pode ser delegada competência ao conselho de administração para estabelecer,

de acordo com as condições do mercado, a oportunidade ideal de colocação e os valores de

remuneração da instituição financeira.

Devem ser observadas as remunerações de outros papéis de renda fixa, com o

propósito de se estabelecer os níveis de remuneração da debênture emitida. Esta prática se

deve a volatilidade que o mercado de capitais apresenta.

Portanto, as condições de remuneração do título e todas as suas características,

além de constarem, em sua maioria, da ata da assembléia geral que deliberou sobre o

assunto, deveram estar incluídas nos termos da escritura de emissão de debêntures.

4.4 Vantagens comparativas das debêntures para a empresa

Custo baixo: uma emissão de debêntures pode ter custo menor que vários

financiamentos bancários de curto prazo. Para concluirmos, basta compararmos o fluxo de

caixa de uma debênture com o fluxo de caixa com vários empréstimos de curto prazo,

renovados continuamente até os vencimentos da debêntures, que perceberemos essas

vantagens.

Custo dedutível: as despesas com pagamento de juros são deduzidas como

despesa financeira na apuração do resultado do exercício. Já os dividendos, por sua vez,

não são classificados como despesas e, portanto, não dedutíveis na apuração do resultado

anual da empresa. Além disso em diversos exercícios fiscais, os dividendos são tributados

ao serem recebidos pelos investidores.

Controle: a emissão de debêntures não altera a situação patrimonial relativa ao

controle acionário da companhia, salvo se houver cláusula de conversibilidade dessas

debêntures em ações ordinárias.

Diluição do lucro: se as debêntures não contiverem cláusula de participação

nos lucros, a sua emissão poderá não diluir o lucro dos acionistas, exceto se a empresa não

conseguir gerar os mesmos níveis de lucro devido a necessidade de pagamento dos

encargos desse financiamento.

Justificativa da aquisição: a compra de debêntures é mais facilmente

justificável do que a compra de ações. Isto acontece especialmente se a instituição tiver

preferência em ceder crédito ao invés de participar da administração do negócio da

empresa (por exemplo, as entidades de previdência privadas ou pública).

Fluxo adequado aos projetos: as debêntures são oferecidas aos investidores

de forma a adequar os pagamentos de juros e amortizações ao fluxo de recursos

disponíveis pelas empresas e as características dos projetos que estejam atrelados. A

emissão pode ser dividida em séries a serem integralizadas nas épocas de preferência da

empresa.

4.5 Desvantagem

Nível de risco: por ser título de divida, a classificação do nível de risco da

empresa sobe em face do endividamento. Caso a empresa não cumpra com os

compromissos assumidos na emissão das debêntures, tornando assim inadimplentes, o

debenturista pode pedir sua falência.

4.6 O processo de emissão

Para que as emissões de debêntures das companhias abertas sejam ofertadas ao

público investidor ( emissão pública ), e necessário que sejam contratados os serviços de

uma instituição financeira para, além da intermediação, elaborar, em parceria com esta, o

prospecto de venda.

Após a contratação do intermediário, a empresa deverá cumprir as exigências

relacionadas na instrução CVM n.º13/80, que prevê o envio, para a CVM, dos seguintes

documentos:

• Ata da assembléia geral extraordinária ( AGE ) em que foi deliberada a

emissão;

• Escritura de emissão inscrita no registro de imóveis da sede da empresa

e, caso exista garantia em imóveis, no registro de imóveis do local do bem;

• Se a oferta for pública, o pedido de registro na CVM com o respectivo

pagamento da taxa de fiscalização;

• O contrato entre a empresa e instituição financeira;

• A atualização do registro da companhia aberta;

• Prospecto contendo todas as informações necessárias ao atendimento das

exigência legais.

5. FINANCIAMENTOS ATRAVÉS DO BNDES

A permanente preocupação com a inflação faz com que as

instituições financeiras limitem sua concessão de

financiamentos, preferencialmente aos prazos mais curtos, até

porque, a exceção dos recursos externos, é impossível se obter

internamente quem esteja disposto a aplicar recursos a prazos

mais longos e, portanto, tais características, as fontes são, por

via de conseqüência, as entidades e instituições governamentais.

5.1 Sistema BNDES

O Sistema BNDES formado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social – BNDES e suas subsidiárias Agência Especial de financiamento

industrial – Finame e BNDES Participações S/A – BNDESpar tem como objetivo prestar

colaboração financeira as empresas sediadas no país cujos projetos sejam considerados

prioritários no âmbito das “Políticas Operacionais do Sistema BNDES”, que estabelecem

as linhas gerais de ação e os critérios para atuação do sistema.

O Sistema BNDES opera direta ou indiretamente, neste caso através da rede de

agentes financeiros públicos e privados credenciados, que compreendem os Bancos de

Desenvolvimento, Bancos de Investimento, Bancos Comerciais, Financeiras e Bancos

Múltiplos.

As solicitações de financiamento ao BNDES devem ser iniciadas com uma

consulta prévia, na qual são especificadas as características básicas da empresa solicitante

do seu empreendimento necessárias ao enquadramento da operação nas Políticas

Operacionais do Sistema BNDES. Esta consulta prévia deve ser encaminhada diretamente

ou por intermédio de um dos agentes financeiros a Carteira Operacional de Enquadramento

da Área de Crédito do Sistema BNDES.

5.1.1 Linha de financiamento

• FINEM – Financiamentos a Empreendimentos. Financiamentos

superiores a R$ 7 milhões, inclusive com aquisição8 e leasing9 de

equipamentos, diretamente com o BNDES ou através de instituições

financeiras credenciadas.

• BNDES AUTOMÁTICO – Financiamentos de até R$ 7 milhões,

inclusive com aquisição10 e leasing de equipamentos, através de instituições

credenciadas pelo BNDES.

• FINAME – Financiamentos, sem limite de valor, para aquisição de

máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional, e leasing de

equipamentos nacionais através de instituições credenciadas.

• FINAME AGRÍCOLA - Financiamentos sem limites de valor para

aquisição, manutenção / recuperação de qualquer tipo de máquinas e

implementos agrícolas ou pecuários novos, de fabricação nacional através de

instituições credenciadas.

9 Aquisição de equipamentos importados somente havendo disponibilidade de recursos captados para esse fim. 10 Locação de equipamentos com a opção de compra ao fim do contrato, pagando a diferença residual, se houver. 11 Importação de equipamentos somente havendo disponibilidade de recursos captados para esse fim.

• BNDES Exim - Financiamento à exportação de bens e serviços através

de instituições credenciadas, em diversas modalidades.

• LEASING FINAME – Operações de financiamento feitas sem

intermediação de agentes financeiros ( exceção no FINAME), sendo feita

diretamente com as empresas de Leasing cadastradas no Finame.

• GARANTIA DE SUBSCRIÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS –

Este produto tem como objetivo viabilizar, mediante prestação de garantia

firme, operações de subscrição de valores mobiliários. O volume e as

condições da garantia serão estabelecidas em conjunto com os participantes da

operação – instituições financeiras e empresas, respeitados os limites de

subscrição .

• FINANCIAMENTO AO ACIONISTA – FINAC - O Finac pode ser

operado através do BNDES ou da BNDESpar. Quando a operação tiver como

objetivo o financiamento ao acionista controlador, visando à subscrição de

aumento de capital de empresa privada nacional de capital fechado, será

realizada pelo BNDES e as condições operacionais para este produto serão as

mesmas do FINEM.

Quando a operação com acionistas e investidores (novos acionistas) for

realizada através de intermediários financeiros com o objetivo de viabilizar a

subscrição, emissões públicas garantidas pelo BNDES, de ações decorrentes de

aumento de capital e debêntures conversíveis, será realizada pela BNDESpar.

5.1.2 Programas especiais de financiamento

Periodicamente, de acordo com as políticas econômicas e sociais do governo federal, o

Sistema BNDES cria programas de atendimentos específicos para determinadas regiões do

País ou setores de atividades específicas.

• Programas de apoio à industria de auto peças – Objetivando o

fortalecimento das empresas de autopeças, visando sua adequação, ao novo

modelo de relações na cadeia produtiva, através de ações voltadas para o

aumento da competitividade.

• Programa de apoio ao desenvolvimento de software – Estimular o

fortalecimento da indústria nacional de software em bases competitivas em

nível internacional, através do apoio a investimentos voltados para o

desenvolvimento, localização e comercialização de software.

• Programa nacional de fortalecimento da agricultura familiar –

PRONAF – Apoio a atividades exploradoras mediante emprego direto da forca

de trabalho dos produtores e de sua família, através do financiamento de

projetos de investimento agropecuário.

• Programa de apoio à modernização da administração tributária

municipal – Modernização das administrações tributárias municipais e,

complementarmente, aperfeiçoamento da gestão fiscal, financeira e patrimonial

dessas unidades da federação, visando a lhes proporcionar mais recursos

estáveis e não inflacionários e sua utilização mais eficiente no financiamento

das despesas públicas.

6. CAPTAÇÃO DE RECURSOS NO EXTERIOR

Com o processo de globalização abriu-se as fronteiras para a expansão do

comércio mundial e com isso se desenvolveu uma nova dinâmica do mercado, quer seja na

disputa de mercados consumidores ou por fontes de suprimentos globais.

Qualquer que seja o enfoque, trata-se de um processo em acelerado curso e

cabe aos países e agentes econômicos se posicionarem da melhor maneira possível no

cenário, para defenderem seus interesses e maximizarem seus ganhos. Cumpre também

estabelecerem os limites, controles e regulamentações de suas economias.

Ressaltamos que o mercado brasileiro, alem de ser insipiente, os custos de

captação são bastante elevados fazendo com que as grandes empresas busquem alternativas

de investimentos no exterior.

A necessidade de investimentos para aumentar a competitividade das empresas

pode superar a capacidade de geração de recursos internos, obrigando a captação de

recursos junto aos acionistas e/ou a terceiros. O caminho natural e a abertura do capital da

empresa habilitando-a a levantar funding11 no mercado de capitais.

A captação de recursos pode se dar através de instrumentos como lançamentos

de ações, depositary receipts12 , debêntures, commercial papers 13, eurobonds etc.,

diversificando as fontes de financiamentos da empresa, ou em novos mercados.

Naturalmente, o acesso ao mercado internacional dependerá do volume da emissão, da

exposição da empresa, qualidade do crédito e outros fatores que viabilizarão as operações.

Outro impacto diz respeito a necessidade de viabilizar instrumentos financeiros

capazes de compatibilizar os prazos de maturação dos investimentos e de captação. Em

outras palavras, o cronograma de amortização do financiamento deve ser adequado ao

fluxo de caixa do empreendimento, que em alguns casos, só começam a gerar caixa após

longo período de maturação.

A globalização implica em ter investidores

estrangeiros como eventuais financiadores dos projetos de

investimentos. Uma das conseqüências e que o nível de disclosure

passa a ser fundamental no processo de captação, influenciando no

seu custo ( empresas mais conhecidas tem melhor rating14) bem

como atuando na facilidade de levantar os recursos. A empresa passa

a ter a necessidade de elaborar demonstrativos financeiros

obedecendo a padrões contábeis de outro pais, ou ter seu crédito 11 Funding- recursos 12 depositary receipts- recibo de depósito 13 commercial papers- papéis comerciais 14 rating- risco

avaliado por uma agencia especializada. No custo do financiamento

que dependerá da nota obtida, deve-se somar o risco do país, que

pode ser interpretado como o prêmio exigido pelo investidor para

compensar o risco em função de fatores de estabilidade econômica e

política, risco cambial, nível de reservas , balanço de pagamentos etc.

As taxas de juros internas passam a ser influenciadas pelo custo de

captação no exterior.

Outro aspecto é a comparação de performance com

empresas similares de outros paises, na disputa de preferência dos

investidores. Em um processo de mão dupla, os investidores locais

passam também a acompanhar as empresa estrangeiras. As análises

passam a ser globais e não mais regionais.

O processo de globalização incentiva também as

fusões e aquisições. Fatores como necessidade de ganhar escala de

produção, atuar em outras regiões geográficas, aumentar o leque de

produtos, busca de sinergia financeiras e tecnológicas, justificam o

surgimento de conglomerados empresariais do porte de países. No

Brasil, os setores financeiros e de auto peças foram mais atingidos

nos últimos anos.15

6.1 Bônus / Eurobônus

São títulos lançados no exterior, para captação de

recursos em valores elevados, por empresas nacionais com

penetração internacional.

Em função dos volumes, tais lançamentos são feitos

através de bancos sindicalizados.

15 CAVALCANTE FILHO, Francisco Silva, Mercado de Captais, editora CNBV, 1998, pagina 318.

Podem ser lançados títulos com taxas de juros fixas

ou flutuantes. No primeiro caso, são as Fixed Rate Notes 16e, no

segundo, as Floating Rate Notes 17.

O Banco Central determina o prazo mínimo de

captação no mercado internacional por meio da emissão de títulos (

bônus ou commercial papers ), operações de empréstimos entre

empresas e das operações 63, pelas quais um banco no país contrata

empréstimo no exterior e repassa internamente para as empresas,

tendo fixado em oito anos o praza mínimo para que tais títulos

possam beneficiar-se da isenção fiscal do Imposto de Renda de 25%

sobre os ganhos de capital.

Normalmente, as notes são vendidas com descontos

em relação ao valor de face. O cálculo em sistema de fluxo de caixa

de acordo com o prazo de título, levando em consideração o desconto

e o juro prometido, resulta no retorno obtido pelo investidor.

Assim,quando se diz que um título foi emitido com 300

pontos- base acima do Tesouro norte americano ( Treasure Bill ) do

governo americano de prazo equivalente, significa que o spread entre

a emissão de um bônus no mercado internacional é uma operação

cara, a saber:

• Comissão pela administração e venda dos títulos

variando de 1,125% a 1,25% do total da operação. O

pagamento é de uma vez só, assim que os títulos são

vendidos;

• Custo fixo mínimo de emissão em nível de US$ 100

mil a US$ 200 mil, incluindo: 16 Fixed Rate Notes- títulos com taxas fixadas.

X Serviços legais nos locais de emissão;

X Confecção do prospecto de lançamento;

X Impressão do prospecto;

X impressão dos títulos, incluindo os cupons de juros;

X remuneração do agente da coleta dos pagamentos

dos investidores e entrega para a empresa emissora;

X registro da emissão a uma bolsa internacional.

O termo bônus é usado tradicionalmente, no exterior, para

título com dez anos de prazo. Para os títulos com menos de dez anos,

utiliza-se o termo notes.

Eurobônus e Euronotes caracterizam a emissão dos

referidos títulos, denominados em dólar, mas fora dos Estados

Unidos.

Exemplo.: A Cia. Vale do Rio Doce fez, em 09/91, o

lançamento de 200 milhões de dólares em Eurobônus sindicalizados pelo Citicorp, com

prazo de 3 anos, com uma opção de recompra pelo investidor ao final de 2 anos.

Compondo o cupom semestral de juros de 10% ao ano com o deságio no lançamento do papel

– lançado a 96,404 do valor de face - , o rendimento para o investidor ficou em 11,46%.

• Alguns Eurobônus são lançados com opções

específicas, a saber:

- Opção Put – permite a devolução do título pelo investidor

ao emissor, antes do prazo final ( decisão do investidor ) e

protege o investidor contra a subida das taxas de juros;

17 Floatig Rate Note- títulos com taxas flutuantes.

- Opção Call – permite o resgate antecipado por parte do

emissor, antes do prazo final ( decisão do emissor ) e

protege o emissor contra queda das taxas de juros. Exemplo.:

• A Cia. Petróleo Ipiranga, em 02/04/94, lançou um eurobônus de 8 anos com as seguintes

características: X Paga cupom ( juros ) de 8,625% ate a

opção Put em 02/07, semestral; X A empresa tem uma opção Call, na mesma

data, ou seja, 02/07, a 100,37% do valor de face, que corresponde a um retorno de

8,89% para o investidor; X Após 02/07, paga cupom semestral

aumentado para 10,625%; X O papel foi lançado a 99,06% do valor de

face, o que da um retorno corrente de 9,764%;

X Foi colocado numa base diversificada de investidores internacionais da Europa e dos E.U.A e pessoas físicas da América Latina;

X Eurobônus saiu em denominação de US$ 1.000,00 e será listado na bolsa de valores de Luxemburgo, incluindo um tranche 144A

para a colocações privadas nos E.U.A; X Seu código comum no Euroclear- Cedel (

Câmara de Compensação eletrônica européia ) e 4877047;

X A empresa pagou comissões totais de 1% ao sindicato dos bancos colocadores

São chamados steps up bonds/notes quando pagam cupom (

juros periódicos ) crescentes ao longo do tempo de vida do título.

A captação de recursos no exterior sofria a incidência de IOF

sobre o volume captados nas seguintes condições ( 11/96 ) :

Prazo ( anos ) IOF ( % )

< 3 3

= > 3 < 4 2

= > 4 < 5 1

> 5 0

A partir de 25/04/97, com o objetivo de aumentar a atração,

do capital externo, pelo Brasil o governo reduziu a zero o IOF nos

empréstimos e captação em moeda, qualquer que seja sua fórmula,

com exceção dos fundos de renda fixa. Em 01/99, os novos recursos

captados no exterior via emissão de títulos poderiam ter limite mínimo

de 90 dias para resgate, renovação ou prorrogação.

Os passos para acessar o mercado de Eurobônus são

descritos a seguir:

X Em primeiro lugar, é preciso escolher uma instituição

financeira de confiança. É o banco coordenador que vai

levar as condições do mercado internacional para a

empresa. A confiança de que o banco tem condições de

obter os melhores preços e a vontade de repassar o

máximo para a empresa tomadora são fundamentais.

X O segundo passo corresponde a fase do chamado

trabalho preparatório. Um bom escritório de advocacia no

exterior tem que ser contratado. É dele o trabalho de

preparação a ser distribuído no mercado. Nessa fase,

advogados, bancos e os principais executivos se reúnem

para discutir a estratégia e as perspectivas de lançamento

dos papéis. Apesar de haver um parâmetro de taxa, esta

só é definida quando os bônus chegam ao mercado.

X A terceira fase é do lançamento propriamente dito, e aqui

quem trabalha é o coordenador, que faz uma última leitura

do mercado antes de colocar efetivamente os papéis.

Antes disso, o líder forma um sindicato de co-líderes e co-

manages para distribuir o bônus. Aqui, só resta o tomador

esperar e torcer para que o custo do dinheiro que vai

entrar nos seus cofres seja o mais barato possível.

Pela resolução número 2.148 do BC, de 05/95, foi permitida

a emissão de um eurobônus específico para repasse em

financiamentos agrícolas, em termos similares a da resolução 63 com

prazo mínimo de 6 meses.

6.2 Títulos conversíveis em ações

O Banco Central, através da circular número 2.199, melhorou

as condições para captação de recursos externos por empresas

brasileiras, através da colocação de títulos que possam ser

transformados em ações pelo investidor estrangeiro. Foram criados

três títulos:

Bônus conversíveis – A empresa emissora oferece ao

investidor a possibilidade de trocar os títulos por ações de sua própria

emissão negociando em bolsas de valores, transformando o que era

empréstimo em investimento.

Bônus Cambiáveis – Por meio deles, a empresa emissora

oferece ao investidor a chance de trocar os títulos por ações de outra

empresa, também negociada em bolsa de valores, mantidas em sua

carteira.

Bônus com Garantia ( Bônus com Warrants ) – os

warrants são como cupons anexados aos títulos e que dão o direito ao

investidor de comprar ações da empresa emissora a um determinado

preço, independentemente do recebimento dos juros e do principal do

título. Eles ajudam a baratear o custo da emissão do bônus. Em

alguns casos os warrants podem permitir obter ações que façam

parte da carteira de investimentos da empresa emissora.

Com estas alternativas, o investidor deixa de ser credor e

passa a ser acionista.

Caso haja o exercício de opção do warrants, teremos:

• Para o investidor, na realidade, ele está

participando de uma operação que combina uma renda fixa (

juros ) com um potencial de ganho de capital na conversão e

futura venda das ações;

• Para empresa emitente, é uma operação de

empréstimo em que paga os juros do bônus, mais o

pagamento do principal se dá através da emissão de ações,

transformando ao automaticamente débito em capital de

risco.

É claro que tal exercício só ocorrerá se o preço de

mercado das ações for maior do que o preço de conversão. Nesse

caso, o investidor terá aplicado em um título com juros mais baixos,

enquanto a empresa terá feito um empréstimo de longo prazo em

condições melhores do que os empréstimos normais.

Exemplo:

Em 21/12/93, o Governo de Minas Gerais lançou, no mercado internacional, US$ 200 milhões em Eurobônus de sua emissão, com warrants representativos de opção de compra

de 48 bilhões de ações preferenciais da Companhia Energética de Minas Gerais (

Cemig ). Tal opção poderá ser exercida no prazo de 1.100 dias, a partir de 61 dias de sua

emissão.

Quando a troca deixa de ser uma opção e passa a ser uma

obrigação do investidor o titulo passa a ser caracterizado como

Bônus Mandatório Conversível.

6.3 US$ - Commercial Papers

Como o bônus, são títulos que definem uma obrigação direta do

emissor em relação ao portador do papel. Também tem havido

emissão de commercial papers no exterior por grandes empresas

exportadoras ou bancos, mas com características diferentes das

acima.

Tais títulos são emitidos com prazos mínimos de até dois / três

anos, respectivamente, por uma empresa / banco.

Os títulos atingem custos diferenciados, dependendo da

garantia. Sem garantia, o custo para o emissor é maior. Com a

garantia de um banco vai ser emitido commercial papers pagando

uma taxa de juros menor. Os sem garantia, pelas taxas, permitem a

captação de volumes maiores.

É um título interessante para atrair investidores multinacionais

no exterior, como fundo de pensão, seguradoras e fundos de

investimentos.

Quando captados via banco, assemelham-se a antiga operação

63, pois a divisa acaba sendo repassada a tomadores internos em

reais, mais com as prestações sendo corrigidas pela correção cambial

e dentro do mesmo prazo de captação no exterior.

No Brasil, cai como uma luva em termos de prazos e juros para

empresas com carência de recursos, sem acesso ao mercado de

ações e debêntures, e que queiram efetivar seus planos de

investimentos.

Para as subsidiárias multinacionais aqui instaladas, tem ainda um

ganho fiscal em relação aos empréstimos tipo intercompany, pois,

quando colocam esses títulos junto as suas matrizes lá fora, ficam

isentas do imposto de renda sobre o pagamento dos juros, ao invés

dos 25% pagos nas intercopanies, para prazos inferiores a cinco

anos.

Exemplo:

O Banco Pontual fez a primeira emissão de commercial papers de um banco brasileiro no exterior e captou 30 milhões de dólares nos

EUA, com prazo de três anos e resgate único na data do vencimento. O juros foram

calculados pela variação semestral da LIBOR mais 0,625% a.a, contados da data de cada

desembolso e pagos semestralmente. O repasse para os tomadores no Brasil foi na

forma de um empréstimo em moeda indexada a variação cambial em relação ao dólar, com

base na resolução número 63.

6.4 Certificado de Depósitos São títulos emitidos no exterior com prazos variando entre 90

e 360 dias. É um título ao portador, negociável em mercado

secundário.

6.5 Lei n.º 4.131

Regulamentada em 03/09/62, disciplina a aplicação do capital

estrangeiro e as remessas de valores para o exterior. No jargão de

mercado, um empréstimo pela 4.131 ocorre quando um banco

estrangeiro empresta recurso diretamente a uma empresa brasileira.

6.6 Resolução 63

As contratações de empréstimos externos diretamente pelos BC

/ BI / BD / BNDES / BM com carteira comercial ou de investimento

desde que autorizados a operarem cämbio para repasse as empresas

no país são reguladas pela resolução 63, de 21/08/67, do Conselho

Monetário Nacional. O prazo médio mínimo para os bancos é de 90

dias. O repasse ao mutuário final, poderá ser feito por prazo

mínimo de três meses ou menor, para compatibilização dos

vencimentos internos e externos. Por meio de contratos de repasse

de empréstimo externo, os bancos repassam ao mutuário final, desde

que não seja para: pessoa física, firma individual, CTVM18, DTVM19,

empresa de administração ou participação ( inclusive cartão de

crédito ), companhias de seguro, de capitalização e instituições

financeiras. Por meio de contratos de repasse de empréstimo

externo, os bancos repassam ao mutuário final, desde que não seja

pessoa física, firma individual, os reais por eles obtidos com a venda

da moeda estrangeira correspondente, cobrando do tomador, além

da correção cambial, os custos da captação, o imposto de renda

incidente sobre a remessa dos juros para o exterior, que é de 15%

sobre o valor bruto dos juros comissões e outros valores remetidos, o

IOF que, a partir de 24/04/97, foi estabelecido com alíquota zero e a

comissão de repasse.

Os recursos no exterior enquanto não empregados nos repasses

de que trata a resolução 63 somente podem ser aplicados em:

• Repasses interbancários;

• Operação de arrendamento mercantil;

• Aquisição de direitos creditórios oriundo de operações de

crédito e de leasing decorrentes de contratos celebrados no

mercado interno, com lastro em recursos captados no

exterior e com cláusula de variação cambial; 18 CTVM – Corretora de Valores Mobiliários.

• NTN-D, NTN-I e NBC-E;

• Depósitos remunerados constituídos em US$;

• Depósitos em R$ no Bacen sem remuneração.

Pelas regras da resolução 63, podem ser captados

recursos externos com finalidades específicas a saber:

• Resolução 2.170/95 – para repasses a pessoas

físicas ou jurídicas destinados a financiar a construção ou

aquisição de imóveis novos com prazo de repasse interno

mínimo de 360 dias e amortização no exterior mínima de 720

dias.

• Resolução 2.312/96 – para repasses no país a

empresas exportadoras com prazo mínimo interno e externo

de 90 dias;

• Resolução 2.483/98 – para repasse a atividades

rurais e agroindustriais com prazo mínimo interno e externo

de 90 dias.

6.7 Asset Backed Securities

São títulos emitidos pelas empresas e lastreados em

posições de seus ativos, tais como contas a receber ou estoques a

comercializar. Em resumo, trata-se da securitizacão de seus ativos,

que é a transformação desses ativos em títulos negociáveis,

transferíveis e resgatáveis em prazos e condições previamente

determinados. Para fazer uma operação destas é necessário criar

uma empresa de propósito específico que é a que capta recursos no

19 DTVM – Distribuidora de Valores Mobiliários.

mercado, pela emissão dos títulos que são lastreados nas receitas

futuras da empresa que deseja o crédito.

6.8 Securitização de Empréstimos

Trata-se de transformação de empréstimos em títulos

negociáveis e revendidos a investidores interessados em aplicações

com prazos menores do que os dos Bônus / Eurobônus.

O conceito global de securitização vale para toda uma família

de operações de transformação de empréstimo em títulos. Por

exemplo, pegar um empréstimo normal, tipo 63 ou 4.131, cortar em

pedaços, transformar em títulos negociáveis e vender os títulos a

investidores. Um banco emite os títulos, outro custodia o empréstimo

original e cuida de transferir o pagamento de juros e principal para os

donos dos títulos. É uma operação de empréstimo semelhante a

emissão de ADR.

6.9 Operações de Empréstimos Sindicalizadas

Envolvem um grupo de bancos estrangeiros que assumem o

duplo papel de credores – investidores. Eles correm o risco de crédito,

ao contrário do procedimento, mais freqüente, no qual os bancos

financiam como intermediários repassando o risco aos investidores

institucionais o papel representativo de captação de recursos. Um

banco lidera o sindicato distribuindo para as demais instituições

financeiras as parcelas de crédito adicionais.

A empresa que toma empréstimo leva vantagem em relação

ao prazo e taxa, pois a operação tem mais flexibilidade do que a

simples colocação de papéis em mercado.

Os jornais publicam, periodicamente, os volumes em dólares

captados externamente em suas diferentes formas.

6.10 Operações com ADR/GDR20

O Governo, com o intuito de alavancar o mercado de ações,

autorizou as empresas a lançar ADR e GDR no exterior. O assunto

está regulamentado como DR ( Depositary Receipts ), nos termos da

regulamentação do ANEXO V da Resolução 1.289, de 20/03/87, com

redação aprovada pela resolução 1.927, de 18/05/92.

O ADR ou GDR são papéis emitidos e negociados no

mercado exterior ( ADR só nos E.U.A ), com lastro em ações de

outros países.

Todos os direitos adquiridos pelos acionistas do país de

origem, como dividendos, direitos de subscrição e desdobramentos

também são oferecidos pelo ADR / GDR.

Para lançar ADR ou GDR, a empresa deve emitir ações ou

comprá-las no mercado secundário, depositando os papeis em um

banco local, que atuará como custodiante.

Com lastro nessas ações, um banco no exterior, ou

depositário, emite os ADR ou GDR.

Nos E.U.A, existem três níveis de ADR, cada um com

exigências crescentes de transparência e adequação as normas da

SEC ( Securities and Exchange Comission ), a CVM americana, das

bolsas locais e da USGAAP ( United States Generally Accepted

Accouting Principles )21, que estabelece os princípios contábeis

americanas.

20 ADR – American Depositary Receipts / GDR – Global Depositay Receipts. 21 Órgãos reguladores do Mercado de Capitais Norte Americano.

• ADR nível I – permite o pedido de isenção de

adequação as regras da SEC, embora não permita a

captação de recursos pela empresa emissora. As ações que

vão lastrear os ADR já devem existir no mercado secundário.

Esses ADR são negociados no mercado de balcão

americano e colocados junto aos investidores institucionais

qualificados ( fundos de pensão, seguradoras,

administradoras de carteiras com patrimônio mínimo de US$

100 milhões ).

Tem a vantagem de ser mais barato do que os outros, pois

não exige taxa de underwriting nem alterações no balaço

para atender as exigências. Além disso, da liquidez para a

ação e amplia sua base de acionista. É nomeado um banco

custodiante no Brasil para a guarda das ações.

• ADR nível II – apesar de não permitir a captação de

dinheiro, habilita a empresa a se listar nas bolsas

americanas ( NYSE, AMEX ), acarretando, portanto, as

exigências da SEC e da USGAAP.

• ADR nível III – é idêntico a o anterior, mas permite

o levantamento de recursos, pois é lastreado em ações

novas. Os custos para atender os critérios da SEC e da

bolsa de Nova York são elevadas.

• ADR emitido segundo as normas da 144A – é a

alternativa que regula as colocações privadas nos E.U.A

Ele, também, não trás as exigências da adaptações da SEC,

pois é destinados a investidores institucionais qualificados,

mas tem uma grande vantagem de permitir a captação de

novos recursos.

Tem a desvantagem de se tornar a empresa conhecida

apenas por um universo restrito. São negociadas no sistema

PORTAL ( Private Offerings, Resales and Trading Trough

Automated Llinkage ),que realiza negociação das emissões

privadas com liquidação via DTC ( Depositary Trust Co ).

Os GDR, por sua vez, são emitidos, apenas, por investidores

institucionais em mercados, como, por exemplo, a bolsa de Londres.

As suas exigências em termos de abertura são menores que para

emitir ADR. Por exemplo, não há a necessidade de alterar o balanço

para as normas contábeis internacionais, mas apenas de explicar as

peculiaridades da nova contabilidade. Assim, o custo de emissão de

um GDR é bem menor do que do ADR, cerca de um terço a um

quarto.

O investidor poderá, também, transformar seus ADR/GDR

em ações e negociá-los no país de origem. A essa operação dá-se o

nome de inflow.

Os ADR/GDR são isentos de tributação sobre os ganhos de

capital e só pagam 15% de imposto de renda sobre os dividendos

recebidos.

Já sabemos que os ADR são certificados negociáveis que

representam a propriedade de ações emitidas por empresas não

americanas, no nosso caso específico seriam empresas brasileiras.

Quando, por exemplo, um investidor americano, em função

das oportunidades de mercado, pede ao seu corretor que compre um

ADR, o corretor pode adquirir um já existente em bolsa ou a um banco

depositário que procure uma nova emissão.

Para emitir um novo ADR, o banco americano contrata um

corretor no Brasil e compra ações ordinárias de uma empresa não

americana, através de bolsa de valores no Brasil. As ações ordinárias

são, então, depositadas em um banco custodiante no Brasil. O banco

custodiante instrui o banco depositário americano a emitir os ADR que

representam as ações ordinárias recebidas. O banco depositante

emite os ADR e os entrega ao corretor, que inicia a comercialização.

O corretor entrega o ADR a um investidor americano.

• ADR / GDR

Cada programa de ADR recebe um certificado de registro

que é um instrumento em que serão registradas as

movimentações cambiais referentes as operações

envolvendo os ADR.

Se um investidor estrangeiro compra ações em bolsa

brasileira para conversão em ADR, ocorre uma entrada de

recursos em dólar, mediante a fechamento de um contrato

de cämbio.

Se ocorre uma venda de ações em bolsa brasileira

decorrente do cancelamento de ADR, um investidor

estrangeiro envia os recursos para o exterior, também

mediante o fechamento de um contrato de câmbio.

• Emissão e cancelamento dos ADR

A possibilidade de a qualquer momento converterem-se

ações em ADR ou ADR em ações, abre um enorme campo

a realização de arbitragem entre o mercado de ações no país

de origem no mercado norte-americano, o que contribui para

o sucesso do ADR no mercado internacional.

Ocorrendo diferencial de preços entre as ações locais e os

ADR, o investidor estrangeiro atua no sentido de emitir ADR

para o mercado americano, através de compras nas bolsas

brasileiras ou no sentido de cancelar os ADR, convertendo-

os em ações locais que podem imediatamente serem

vendidas em bolsa.

• Conversão de ações em ADR ( emissão )

A emissão dos ADR é facultada não só a estrangeiros, mas

também a brasileiros que devem contudo, negociá-lo

imediatamente no mercado americano, trazendo para o

Brasil os recursos apurados com a venda.

X Compra de ações em bolsa de valores para a emissão

de ADR:

Um investidor estrangeiro compra ações no Brasil, através

de uma corretora local para receber ADR emitidos pelos

Bancos depositários no exterior.

Para efetuar liquidação financeira no Brasil, o investidor

efetua remessa de moeda estrangeira mediante o registro de

contrato de câmbio, de forma a liquidar financeiramente a

operação de bolsa.

X Emissão de ADR pela transformação da

modalidade de investimento Anexo IV em Anexo V:

Este tipo de operação deve ser comunicada previamente ao

Banco Central que, por sua vez, notifica através da rede

Sisbacen 22, ao banco custodiante no Brasil, sobre a

transformação da modalidade de investimento de Anexo IV

para Anexo V.

• Conversão de ADR em ações ( cancelamento )

X Cancelamento de ADR seguido de venda de ações em

bolsa brasileiras.

Optando por efetuar a venda no mercado brasileiro, o

investidor estrangeiro deve devolver os ADR ao banco

depositário, cancelando-os. Ao mesmo tempo, o investidor

transmite ordem de vendas das ações através de uma

corretora brasileira, na quantidade de ações

correspondente.

• Cancelamento de ADR, Seguido de Mudança no

Registro do Investimento pela Transformação de Anexo

V para Anexo IV

Nestes casos, o investidor estrangeiro cancela os ADR mas

ao invés de vendê-los no mercado brasileiro, solicita o

resgate das ações correspondente para seu portfólio

acionário custodiado no país, na modalidade de investimento

Anexo IV.

Para que esta operação se concretize, é necessário que o

banco custodiante do investidor estrangeiro no Brasil

notifique o BC, no sentido de atualizar o registro do capital

estrangeiro.

Os ADR também permitem o lançamento de opções de

compra ( produto derivado de ações ). Um exemplo foi o

22 Sisbacen – sistema integrado do Banco Central

lançamento em 09/03/93 do warrants securitizados dos ADR

da Cia Vale Do Rio Doce, que são opções de compra de seis

meses de prazo, do tipo americano, em que o detentor da

opção pode exercê-la a qualquer momento do prazo a

decorrer do papel.

Esses warrants são negociados no Cedel-Euroclear, que

vem a ser a câmara de compensação européia, e é por essa

razão que eles podem ser considerados securitizados.

6.11 BDR - Brazilian Depositary Receipts

A instrução CVM 255 autorizou a emissão dos BDR com lastro

em valores mobiliários lançados por companhias abertas ou

assemelhados com sede no exterior. Tal fato vai permitir o acesso de

investidores brasileiros as ações de empresas estrangeiras. A

empresa estrangeira que quiser ter títulos negociados no mercado

nacional terá que atender as exigências de nossa legislação.

Os procedimentos e classificação ( BDR níveis I, II, III ) são

idênticos aos dos ADR, que lhes serviram de modelo. O mais

crítico é o BDR nível III que equipará a empresa emissora a uma

empresa nacional, pois obterá da CVM o registro de capital aberto e

poderá levantar recursos através de distribuição pública de ações no

país.

7. CONCLUSÃO

Com a infinidade de possibilidades de captação de recursos existentes tanto no

mercado interno quanto no mercado externo, podemos concluir que todas essas fontes vem

sendo desenvolvidas a fim de viabilizar o processo de crescimento das empresas e

consequentemente o desenvolvimento econômico, financeiro e social dos países,

alavancando cada vez mais o processo de globalização.

É importante ressaltarmos que os recursos captados interferem nos resultados

das empresas, e, por esse motivo os administradores precisam analisar cuidadosamente

todas as fontes disponíveis de captação para que possam escolher àquela que realmente se

enquadre melhor aos interesses da empresa.

Do ponto de vista do investidor, os riscos que estão embutidos nas operações,

variam de empresa para empresa e de país para país. Estes fatores de risco interferem no

custo de captação, ou seja quanto maior o risco da empresa ou do país de origem da

mesma, maiores serão as taxas de juros cobradas. Os administradores precisam equacionar

essas questões para viabilizarem seus projetos.

Os fatores de riscos mais relevantes são: nível de estabilidade macroeconômica

dos países, fatores políticos e a classificação de risco da própria empresa.

Os países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como por exemplo o

Brasil, são classificados como países de risco elevado, pois possuem certa instabilidade

econômico-financeira e são bastante dependentes do capital externo aumentando a

desconfiança do investidor que só aceita investir nesses países caso ofereçam vantagens

bem superiores as que oferecem os países desenvolvidos, tais como, Estados Unidos e

Inglaterra.

Atualmente as empresas brasileiras de grande porte assim como Vale do Rio

Doce, Petrobrás e Aracruz, tem buscado recursos no exterior através de programas de

ADRs (American Depositary Receipts), pois os custos de lançamento são mais baratos que

no mercado de capitais brasileiro e a empresa adquire visibilidade mundial facilitando a

negociabilidade dos papéis.

8. BIBLIOGRAFIA

MELLAGI FILHO, Armando. Mercado Financeiro e de Capitais: uma introdução. Armando Mellagi Filho – 3 ª

ed. – São Paulo: Atlas, 1998. HESS, Geraldo. Investimentos e Mercados de Capitais.

Geraldo Hess e outros. Centro Técnico Científico - Departamento Engenharia Industrial- Rio de Janeiro:

PUC, 1971. APOSTILA DE MARKETING II – Rio de Janeiro – 03/2000. Apostila de Marketing II

fornecida para a turma de Executivos Financeiros, Universidade Estácio de Sá.

CAVALCANTE FILHO, Francisco Silva. Mercado de

Capitais. Francisco Silva Cavalcante Filho. Jorge Yoshio Misumi. 4ª edição Ver.e Aum. – Belo

Horizonte: CNBV, 1998. PEREIRA, Luiz Carlos. Apostila de Análise das Demonstrações Financeiras

fornecida para a turma do 3º período do Curso para Formação de Executivos para Instituições Financeiras, fornecida pelo professor Luiz Carlos Pereira.

FURTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro: Produtos Bancários. Eduardo Furtuna. 13ª edição. Editora. Qualitymark, 1999.

LAMEIRA, Valdir de Jesus. Mercado de Capitais. Valdir de Jesus Lameira. Editora. Forense Universitäria.2000.