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Fundamentos do Mercado de Capitais Código de negociação O código de negociação, ou código de pregão de um ativo, é constituído por quatro posições alfabéticas, que representam o nome de pregão da ação, e uma ou duas posições numéricas, que indicam o seu tipo. No caso das ações do Banco do Brasil, o nome de pregão é “Brasil” e as letras são “BBAS”. Veja as principais correlações entre a denominação da ação e seu código de negociação, usando o exemplo de uma ação ABCD. Ativo Tipo Classe Código de Identificação Código Numérico Código de Negociação Direito de subscrição Ordinária 1 ABCD1 Direito de Subscrição 2 ABCD2 Ação Ordinária ON 3 ABCD3 Ação Preferencial PN 4 ABCD4 Ação Preferencial A PNA 5 ABCD5 Ação Preferencial B PNB 6 ABCD6 Ação Preferencial C PNC 7 ABCD7 Recibo de Subscrição Ordinária 9 ABCD9 Recibo de Subscrição Preferencial 10 ABCD10 Bônus de Subscrição Ordinária ou Preferencial 11 ABCD11

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Page 1: Mercado de Capitais

Fundamentos do Mercado de Capitais

Código de negociação

O código de negociação, ou código de pregão de um ativo, é constituído por quatro posições alfabéticas, que representam o nome de pregão da ação, e uma ou duas posições numéricas, que indicam o seu tipo. No caso das ações do Banco do Brasil, o nome de pregão é “Brasil” e as letras são “BBAS”.

Veja as principais correlações entre a denominação da ação e seu código de negociação, usando o exemplo de uma ação ABCD.

Ativo Tipo ClasseCódigo de

Identifi caçãoCódigo

NuméricoCódigo de

Negociação

Direito de

subscriçãoOrdinária 1 ABCD1

Direito de

Subscrição2 ABCD2

Ação Ordinária ON 3 ABCD3

Ação Preferencial PN 4 ABCD4

Ação Preferencial A PNA 5 ABCD5

Ação Preferencial B PNB 6 ABCD6

Ação Preferencial C PNC 7 ABCD7

Recibo de

SubscriçãoOrdinária 9 ABCD9

Recibo de

SubscriçãoPreferencial 10 ABCD10

Bônus de

Subscrição

Ordinária ou

Preferencial11 ABCD11

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O mercado de ações

O mercado de ações é o segmento do Mercado de Capitais onde ocorre a compra e venda de participações no capital das empresas de capital aberto.

A função básica desse mercado é proporcionar liquidez aos títulos emitidos pelas companhias abertas. É formado pelo conjunto de mercados distintos.

Mercados Primário e Secundário – já estudados na UNIDADE I deste caderno.

Mercado de Bolsas – são mercados institucionalizados sujeitos a fi scalização e regulamentação das autoridades, permitindo assim maior divulgação de informações sobre as transações realizadas. É nesse mercado que atuam as bolsas de valores e a bolsa de mercadorias e futuros.

Mercado de Balcão – podemos defi nir o mercado de balcão como simplesmente um mercado de títulos, cuja negociação não se faz em local determinado (como o mercado de bolsa), mas, principalmente, por meio de telefonema entre as instituições fi nanceiras, que fecham negócios para seus clientes. Por não serem de empresas registradas em bolsas, essas ações estão fora do controle e sem as garantias de uma bolsa de valores.

Mercado de Balcão Organizado – a fi nalidade desse mercado é oferecer um ambiente eletrônico para a negociação de títulos, valores mobiliários e demais ativos fi nanceiros. Em março de 1996, a CVM regulamentou o funcionamento desse mercado, objetivando torná-lo mais acessível às empresas de menor porte. Para isso foi criada a Sociedade Operadora do Mercado de Ativos (SOMA), responsável pela administração do Mercado de Balcão Organizado do Brasil.

Depois da compra de ações no mercado primário, ao fi m de um determinado período, o investidor desejará converter novamente em dinheiro as aplicações realizadas, vendendo suas ações. Para realizar esta operação o vendedor deverá procurar uma sociedade corretora, diretamente, ou negociá-las por meio do seu banco de relacionamento.

As corretoras recebem as ordens de compra e venda de seus clientes e executam a operação de fechamento do negócio no “pregão” das bolsas de valores, caso a empresa emissora seja registrada em bolsa. Mas, caso as ações negociadas não estejam listadas em bolsa, o investidor deverá realizar suas operações através do mercado de balcão. A decisão de ter ações negociadas em bolsa só compete à própria empresa.

Page 3: Mercado de Capitais

Fundamentos do Mercado de Capitais

Segmentos do mercado de ações

No mercado secundário de ações, o público pode efetuar a negociação em diferentes modalidades de operação, de acordo com os prazos e condições de liquidação. Assim, o mercado secundário pode ser classifi cado em dois segmentos principais: à vista e os derivativos, que contemplam os mercados swaps, futuro, a termo e de opções.

Mercado à vista

Nesse segmento, os títulos são negociados a um preço estabelecido em determinado momento do pregão diário. O prazo para liquidação fi nanceira das operações à vista é de três dias úteis, ou seja, se a compra ou venda dos títulos for efetuada hoje (D0), o pagamento ou recebimento do valor correspondente será realizado no terceiro dia útil após a operação (D3).

Operações Day-Trade

“É nesse mercado que ocorrem as operações de compra e venda normais e day-trade realizadas nas agências e no site de compra e venda de ações do Banco do Brasil (Home Broker).

Após a confi rmação de uma negociação de compra a ordem de venda já pode ser registrada, ainda que a posição não seja visualizada na carteira.

Nas operações day-trade não há liquidação física, ou seja, não há movimentação de títulos em custódia, uma vez que a posição acionária do investidor permanece inalterada.

Somente será aceito day-trade iniciado com uma operação de venda, se houver saldo de ações sufi ciente na conta de custódia.

Exemplifi cando.

Se um investidor comprou e em seguida vendeu ações de uma empresa “X” em um determinado dia, a um preço superior ao preço de compra, ele receberá um crédito em D+3 na liquidação fi nanceira referente ao saldo positivo da operação, já deduzidas as despesas/taxas. Mas, se o investidor vendeu ações da empresa “X” em um determinado dia a um preço inferior ao

Derivativos são ativos fi nanceiros que derivam, integral ou parcialmente, do valor de outro ativo fi nanceiro ou mercadoria. Este assunto será detalhado mais adiante.

Essa operação envolve a compra e a venda de uma mesma quantidade de um ativo, realizada no mesmo dia, pelo mesmo investidor, por intermédio da mesma sociedade corretora, utilizando a mesma conta de custódia e o mesmo agente de compensação, para a liquidação.

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da compra, ele terá que pagar o prejuízo da operação em D+3, sofrendo um débito na liquidação fi nanceira, incluindo as despesas/taxas.

O mercado à vista divide-se em:

Mercado de lotes-padrão – onde são negociadas quantidades de títulos múltiplas dos lotes-padrão defi nidos pela bolsa de valores para cada empresa. Lote-padrão ou lote de negociação é a quantidade de ações, de características idênticas, considerada ideal para negociação. Em geral, quanto maior for a cotação da ação, menor será o lote-padrão, e vice-versa.

Ex: Lote Padrão de Ações BBAS3 (Banco do Brasil ON) é composto por 100 ações. O lote padrão de Ações TELB4 (Telebrás PN) é composto por 100.000 ações

Mercado de lotes fracionários – onde são negociadas quantidades de ações inferiores a um lote-padrão. Esse mercado possui seu próprio padrão de cotação e liquidez, ou seja, uma fi la de ofertas própria.

Como já vimos, as ações são negociadas nas bolsas de valores por meio de códigos alfa-numéricos5 de pregão, formados por quatro letras — que identifi cam o nome da empresa — e um ou dois algarismos — que identifi cam o tipo do ativo.

No caso das ações ON do Banco do Brasil, o código no mercado de lotes-padrão é BBAS3 e no mercado fracionário é BBAS3F. Ou seja, sempre que se quiser registrar uma ordem de quantidade inferior ao lote padrão de uma ação, ou mesmo consultar a cotação da ação no mercado fracionário, deve-se incluir a letra “F” após o código de negociação.

Como no mercado fracionário a negociação independe de quantidade mínima de ações, as ordens impostadas podem ser atendidas parcialmente, em qualquer quantidade, de acordo com as ofertas e necessidades dos investidores. Caso a quantidade seja pequena e dependendo do preço do ativo negociado, a operação poderá até resultar defi citária.

Vamos analisar um exemplo.

Considere uma ordem de venda de 10 ações ABCD4 a R$ 1,60.

5 Formados por letras e números.

Fator de cotação: indica se a cotação da ação em Reais refere-se a uma ação = unitária (fator de cotação =1) ou refere-se a um lote de 1.000 ações (fator de cotação = 1.000).Se: A ação BBAS3 (Brasil ON) tem fator de cotação 1. Supodo que a cotação do ativo no mercado seja de R$ 50,00. Signifi ca então, neste exemplo, que cada ação vale R$ 50,00, pois o ativo tem fator de cotação = 1. A ação TELB4 (Telebrás PN) tem fator de cotação 1.000. Supondo que a cotação do ativo no mercado seja de R$ 100,00. Signifi ca então, neste exemplo, que 1.000 ações TELB4 valem R$ 100,00, pois o ativo tem fator de cotação = 1.000.

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Fundamentos do Mercado de Capitais

O investidor interessado na compra possui 99 ações da empresa e necessita apenas de 1 ação para completar um lote-padrão. Neste caso, o vendedor que pretendia negociar suas 10 ações, vendeu apenas 1 ação, realizando uma operação defi citária, conforme cálculo abaixo:

Em vez de receber o crédito da venda, o cliente terá que desembolsar R$ 1,10, valor da diferença entre a venda e a corretagem.

Valor bruto da operação R$ 1,60

Corretagem mínima (–)R$ 2,70

Valor líquido (–)R$ 1,10

Derivativos

Derivativo é um contrato ou título cujo valor de mercado está vinculado, deriva ou resulta do preço de outro contrato ou título. Pode também ser entendido como operações fi nanceiras que tenham como base de negociação o preço ou cotação de um ativo — chamado de ativo-objeto — negociados nos mercados futuro, a termo, de opções e demais operações fi nanceiras mais complexas.

No mercado fi nanceiro, as ações, as obrigações, as commodities e outros produtos constituem o que podemos qualifi car de ativos fi nanceiros.

Com o desenvolvimento e a integração dos mercados e a busca constante por aliar ganhos à proteção surgem os chamados derivativos. Estes se apóiam para sua existência sobre os ativos primários ou sobre aspectos dos mesmos, como as taxas de juros, por exemplo.

Exemplo:

Uma ação é um ativo principal. Tem seu preço formado pelas negociações no mercado que reconhece, além do desempenho passado da empresa, a expectativa de resultados futuros. O direito e/ou o compromisso de comprar ou vender essa ação por um preço fi xado em uma data futura é um derivativo. Seu preço depende da expectativa que temos em relação ao preço da ação. Se o direito é de comprar a ação por determinado preço em uma data futura e o preço da ação no mercado à vista cair, esse direito vale menos. Se o preço da ação subir, esse direito vale mais.

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Assim, existe uma relação direta entre o preço do derivativo e o preço do ativo com o qual este está relacionado, ao qual chamamos de ativo-objeto.

Embora algumas das modalidades de operações dos mercados derivativos venham sendo negociadas há muitos séculos, o nome “mercados derivativos” é utilizado há relativamente pouco tempo.

Até 1971, os países desenvolvidos viviam sob o sistema do padrão dólar-ouro, que propiciava uma paridade de câmbio fi xa entre as principais moedas. Com o fi m da conversibilidade do dólar ao ouro, aqueles países ainda tentaram manter as paridades, mas, a partir de 1973, quando houve o primeiro choque do petróleo, as moedas passaram a ter cotações fl utuantes em relação às demais, o que gerou mais instabilidade nos preços praticados em cada economia.

Conseqüentemente, os diversos agentes econômicos mundiais passaram a estar expostos a maiores riscos no desempenho de suas atividades. Desde então, o mundo passou a ter maior necessidade de se proteger da queda de preços dos produtos que produz e da alta nas cotações dos insumos necessários à produção.

Com o crescimento do comércio mundial e a crescente globalização da economia, aumentou também a necessidade de proteção. Exatamente para atender à maior demanda por proteção contra fl utuações adversas de preços, as bolsas, bancos e empresas do mundo inteiro vêm criando uma enorme gama de “produtos derivativos”, cuja principal função econômica é proporcionar redução de risco.

A organização de um mercado de derivativos corresponde à de um sistema no qual cada um tem um papel defi nido, todos eles fundamentais.Sugerimos a classifi cação dividida em hedgers, especuladores e arbitradores.

Hedgers - são aqueles agentes que visam à eliminação do risco de perdas oriundas das oscilações de preço, por meio de operações de compra ou venda a futuro. Sua atividade básica é a produção, distribuição ou estocagem do produto. Dependendo da operação que executem, podem ser classifi cados como hedgers de venda ou de compra. Enquanto os de venda defendem-se de queda nos preços da commodity que querem vender a futuro, os de compra defendem-se contra eventual alta nos preços das commodities que tencionam comprar. Quando eliminam seus riscos por meio de uma operação, estão, na verdade, transferindo o risco para alguém, que pode ser outro hedger (quando então dá-se a permuta, ou não).

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Fundamentos do Mercado de Capitais

Especuladores - geralmente integram um grupo bem maior que o de hedgers e sua presença num contrato futuro é menor. Abrange tanto pessoas físicas quanto jurídicas e ainda distinguem-se dos hedgers pela velocidade com que atuam no mercado (entrando e saindo dele). Geralmente não mantêm posição comprada ou vendida até o vencimento e nem têm muita experiência em relação a commodities. São importantes para o mercado futuro por fornecerem aos hedgers a contrapartida a seus interesses. O especulador chama a si o risco da variação de preços transferido pelo hedger que o repassou.

Arbitradores - garantem o preço justo do negócio a futuro, por meio do atendimento a várias regras. A arbitragem aproveita a variação entre os preços dos ativos ou de mercados, ou ainda das expectativas de mudança futura. O mercado admite várias formas de arbitragem, cada uma atendendo a aspectos próprios e envolvendo mercados futuros e de opções.

Ambiente de negociação

Os derivativos no Brasil são transacionados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), que atualmente é a maior bolsa de futuros da América Latina. Iniciada em julho de 1985 na forma de uma associação civil sem fi ns lucrativos, a BM&F é responsável pela organização, regulamentação e fi scalização dos mercados de liquidação futura. Foi criada pelas corretoras de valores com o objetivo de proporcionar as condições adequadas à realização de suas transações, e teve seu primeiro pregão realizado em 31 de janeiro de 1986.

Existem diversos derivativos negociados na BM&F, que em 2008 foi integrada à Bovespa, criando assim a BM&F Bovespa. Podemos classifi cá-los em derivativos fi nanceiros, futuros de taxas de juros, de moedas, índices de preços ou índices de bolsa ou, então, derivativos não fi nanceiros, como futuro de petróleo, soja, açúcar, álcool, milho, café, algodão, boi gordo etc. No entanto, limitaremos nosso estudo aos instrumentos derivativos mais utilizados no âmbito do mercado fi nanceiro, como o swap, mercado a termo, mercado futuro e o mercado de opções de ações.

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Swap

A palavra swap signifi ca troca ou permuta. Nesse sentido, um contrato de swap representa um acordo no qual as partes trocam fl uxos futuros de caixa, de acordo com uma fórmula preestabelecida, com a fi nalidade de eliminar o risco representado pelo descasamento entre ativos e passivos.

Nesse tipo de derivativo, as partes envolvidas podem ajustar livremente os itens do contrato, sendo, assim, contratos não padronizados. Além disso, a negociação dos contratos de swap ocorre nos mercados de balcão, podendo ser registrados pelas bolsas.

Vários tipos de swap podem ser observados no mercado fi nanceiro brasileiro. O mais importante deles, com maior volume de negociação, é o Swap de Taxa de Juro, que corresponde a um contrato por intermédio do qual dois agentes trocam indexadores associados a seus ativos ou passivos e baseados em duas taxas de juro diferentes.

Veja abaixo algumas combinações de indexadores usualmente utilizados no mercado brasileiro.

▪ Swap DI1 (juros interfi nanceiros) x DOL – trocam-se fl uxos de caixa indexados ao DI por fl uxos indexados à variação cambial mais uma taxa de juro negociada entre as partes.

▪ Swap PRÉ x DI1 – trocam-se fl uxos de caixa indexados a uma taxa prefi xada em reais por fl uxos indexados a uma taxa em DI.

FUTURO

OPÇÕES

A TERMOSWAPS

(Spot)

À VISTA

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UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 71

Vantagens

As vantagens referem-se à maior fl exibilidade, que permite adequar o tamanho e o vencimento dos contratos às necessidades dos agentes que estão negociando. No caso de contratos com entrega física da mercadoria, propiciam ao vendedor a colocação de sua mercadoria e ao comprador a aquisição do produto.

Como não há necessidade de desembolso imediato de caixa, o agente pode realizar apostas direcionais em relação ao desempenho futuro de certo ativo, muitas vezes superior à disponibilidade fi nanceira no momento.

Desvantagens

Como os contratos não são padronizados, se uma das partes, antes do vencimento, tiver o interesse de reversão de sua posição, difi cilmente encontrará um substituto para atender a obrigação, quer seja de compra ou de venda, em virtude das condições assumidas no negócio, tais como: quantidade, local de entrega, forma de pagamento, preço, entre outros. O carregamento da operação até o vencimento pode ser a única alternativa.

Poderá determinar perdas ilimitadas proporcionais ao grau de alavancagem assumido pelo agente e à oscilação no preço do ativo-objeto, tendo em vista o fato de a liquidação fi nanceira da operação somente ocorrer em seu vencimento.

Mercado futuro

Os mercados futuros podem ser vistos como uma evolução dos mercados a termo. Compreende a compra e a venda de ativos a um preço defi nido em pregão para liquidação em data futura específi ca, previamente defi nida e autorizada. Os contratos do mercado futuro são padronizados em relação à quantidade e qualidade do ativo, formas de liquidação, garantias, prazos de entrega e são negociados apenas em bolsas.

O mercado futuro de ações funciona com ajuste diário de posições, ou seja, todas as posições em aberto serão equalizadas com base no preço de ajuste do dia estabelecido para cada papel, com a conseqüente movimentação diária de débitos e créditos nas contas dos investidores, de acordo com a variação negativa ou positiva no valor de suas posições.

O preço de ajuste diário é calculado após o encerramento das negociações do dia, para cada papel e cada vencimento negociado no Mercado Futuro de Ações. Corresponde ao preço médio do papel no Mercado Futuro de Ações apurado no período de negociações da tarde.

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Fundamentos do Mercado de Capitais72

Normalmente, o esperado é que o preço do contrato futuro de uma determinada ação seja equivalente ao preço à vista, acrescido de uma fração correspondente à expectativa de taxa de juros entre o momento da negociação do contrato futuro de ações e a respectiva data de liquidação do contrato, até ocorrer o seu nivelamento com os preços do ativo-objeto no mercado à vista.

As principais características dos mercados futuros que os diferenciam dos mercados a termo e que lhes permitem ser amplamente negociados são:

Operações de Bolsa - as compras e vendas são realizadas tendo por base os preços formados em pregão;

Intercambialidade - compradores e vendedores não fi cam “amarrados” entre si. A posição pode ser transferida a terceiros através da realização de operação contrária à operação original;

Padronização - a fi m de conferir liquidez aos mercados futuros e torná-los intercambiáveis, as bolsas adotam a padronização dos lotes de negociação, das datas de vencimento e do objeto negociado, sendo que no caso de ativos com entrega física, o objeto negociado deve ser padronizado quanto à qualidade (tipo, marca, teor de pureza etc.), ao peso, ao local de entrega, entre outros aspectos;

Garantia - existência de uma instituição que garanta o cumprimento dos contratos, denominada Câmara de Compensação (Clearing House).

As variáveis livres para negociação entre os participantes são a quantidade e o preço. No entanto, a bolsa defi ne limites máximos de posição por participante e de oscilação diária de preço.

Os preços são formados através de um processo transparente entre a pressão de compra versus de venda. Para que um negócio seja fechado é necessário que o preço futuro ofertado pelo vendedor seja igual ao preço futuro ofertado pelo comprador.

Podemos exemplifi car uma operação de hedge no mercado futuro considerando a situação de um produtor de soja que acredita que, de hoje até quatro meses, quando for comercializar sua safra, os preços terão caído e não cobrirão seus custos; então decide vender em bolsa um contrato futuro de soja, cotado ao fi nal do quarto mês a R$ 30,00 a saca, sendo que o valor hoje é de R$ 35,00 no mercado à vista. Ao fi nal do período do contrato, o valor de mercado da saca de soja chega a R$ 22,00.

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UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 73

Vamos verifi car o resultado fi nanceiro obtido pelo produtor, cabendo ressaltar que a cada dia até o vencimento do contrato ou até à zeragem da posição ocorrerão ajustes diários, logo estaremos considerando a soma de todos os ajustes diários ocorridos na vigência da posição vendida do produtor de soja.

Resultado fi nanceiro da operação - venda do contrato futuro de soja a R$ 30,00

Se o produtor não tivesse assumido a posição de venda no mercado futuro, seu resultado fi nal teria sido R$ 6.600,00, valor insufi ciente para cobrir seus custos. Neste caso, o produtor procurou garantir o preço futuro para seu produto, assumindo uma condição de hedge.

Produção total: 300 sacas

Preço Mercado à Vista

no dia do vencimento:

R$22,00

Valor total:

R$ 6.600,00

No de contratos: 300

Preço da soja

contratado

previamente no

mercado futuro:

R$30,00

Ajuste acumulado

por todo o período:

R$8,00 X 300

Valor total recebido:

R$ 2.400,00

Resultado fi nal para o produtor R$ 9.000,00

Resultado fi nal para o produtor que não fez a operação R$ 6.600,00

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Fundamentos do Mercado de Capitais74

Mercado de opções

As operações nesse mercado envolvem negociações de direitos de compra e obrigações de venda de títulos a um prazo de liquidação e preço previamente estabelecido. Logo, uma opção confere ao investidor o direito de comprar ou vender uma quantidade predeterminada de um ativo-objeto, a um preço fi xo (chamado de strike price – preço de exercício) até ou na data de vencimento da opção.

O investidor decidirá na data de vencimento padronizada, de acordo com seu interesse, o exercício ou não de seu direito, dependendo do preço no mercado à vista do ativo-objeto, sendo que o direito representa para o seu detentor uma alternativa e não obrigação de execução.

A opção é um instrumento que dá a seu comprador (titular) um direito futuro e, inversamente, uma obrigação a seu vendedor (lançador) que, pela assunção do risco, percebe o prêmio.

Existem dois tipos básicos de opções:

▪ Opção de compra (call) que dá direito ao comprador ou titular de comprar um ativo principal por determinado preço (preço de exercício);

▪ Opção de venda (put) que dá direito ao comprador ou titular de vender um ativo principal por determinado preço (preço de exercício).

Em cada um dos tipos de opções há alternativa de o agente entrar comprado ou vendido na operação, ou seja, pode assumir uma posição comprada em uma opção de venda (Put); e neste caso, passa a contar com o direito de vender um ativo-objeto por um preço previamente defi nido ou, em outra operação, fi car vendido numa opção de compra (Call) e ser obrigado a vender um ativo-objeto por um preço fi xo. Assim, podemos classifi car o participante da seguinte forma:

Lançador – é aquele que vende a opção no mercado. Recebe o prêmio e assume a obrigação de vender (no caso de opções de compra - Call) ou comprar (no caso de opções de venda - Put) o ativo-objeto, caso o titular decida por exercer seu direito.

Titular – aquele que adquire uma opção de compra ou venda de um ativo. Após pagar o prêmio ao lançador, passa a ter a faculdade de decidir, de acordo com o seu interesse, o exercício ou não de seu direito, dependendo do preço da ação-objeto no mercado à vista.

O prêmio ou preço da opção é negociado entre comprador e lançador por meio de seus representantes no pregão da bolsa. Ele refl ete fatores como a oferta e a demanda, o prazo de vigência da opção, a diferença entre o preço de exercício e o preço à vista da ação-objeto, a volatilidade de preço, bem como outras características da ação-objeto.

Em função dos direitos adquiridos e das obrigações assumidas no lançamento, o titular (comprador) paga e o lançador recebe uma quantia denominada de prêmio.

Page 13: Mercado de Capitais

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 75

Veja na tabela abaixo um resumo do funcionamento do mercado de opções.

As opções apresentam classifi cações distintas conforme o seu período de validade, ou seja, o momento regulamentar em que o direito do comprador da opção (titular) poderá ser executado, sendo:

Americana – quando o direito pode ser exercido pelo comprador (titular) a qualquer momento, após a aquisição da opção de compra (Call) até a data do seu vencimento.

Exemplo:

No dia seguinte ao da aquisição de uma opção de comprar para o vencimento outubro sobre as ações da Petrobras o titular tem o direito de exercício. Isto é, de adquirir uma quantidade “x” de ações da Petrobras, direito que se estende até a data do exercício (vencimento da opção).

Européia - quando o direito só pode ser exercido na data de vencimento da opção.

Exemplo:

O comprador (titular) de uma opção de venda (Put) sobre ouro disponível somente poderá exercer o direito de vender o ativo-objeto pelo preço pactuado na data do vencimento da opção prevista no contrato.

Asiática - quando o direito se refere a uma média de preços durante certo período.

Exemplo:

Um banco pode vender (lançador) a uma empresa importadora o direito de comprar dólares (Call) durante certo período a um preço médio previamente acordado.

Participante

Tipo de OpçãoTitular Lançador

Paga prêmio Recebe prêmio

CALL Direito de comprar Obrigação de vender

PUT Direito de vender Obrigação de comprar

Page 14: Mercado de Capitais

Fundamentos do Mercado de Capitais76

No Brasil, as opções de compra de ações têm o estilo americano e as opções de venda, são negociadas no estilo europeu. Por oferecer maior fl exibilidade ao investidor, o prêmio de uma opção americana será mais caro que o de uma opção européia.

Na BM&F, as opções podem ter seus contratos associados aos ativos-objetos dos mercados de ouro, juros (depósito interfi nanceiro) e dólar comercial. Também existem os contratos de opções que cobrem os mercados futuros do Ibovespa, boi gordo e café, ou seja, no exercício o titular receberá número “x” de contratos futuros de um determinado ativo, commodity ou índice.

Sob o aspecto de se lançar opções sobre algum contrato do mercado futuro, ressaltamos a importância de que as opções negociadas sobre contratos futuros sujeitam-se a menores restrições de liquidez, bem como, para se assumir uma posição, as margens são menores.

A dinâmica das operações realizadas no mercado de opções gira em torno do pagamento ou recebimento do prêmio de uma opção específi ca, de forma que toda a estratégia envolvendo opções refere-se à cotação do prêmio. Dessa forma, o agente que preferir assumir uma posição comprada poderá fazê-lo por intermédio da compra da opção ao preço do prêmio negociado em pregão.

Essa característica representa a principal diferença entre o mercado futuro e o de opções, tendo em vista que o prêmio responde por uma fração do preço do ativo-objeto e, por isso, permite uma maior alavancagem e as perdas fi cam limitadas ao valor desembolsado pelo pagamento do prêmio realizado pelo comprador (titular), enquanto que no mercado futuro para o lançador (vendedor) de uma opção as perdas são ilimitadas. Outra importante diferença relaciona-se com o fato de não existir ajustes diários no mercado de opções.

Outra característica intrínseca às opções diz respeito à classifi cação da opção em relação ao preço do ativo-objeto no mercado à vista e o preço de exercício.

Para facilitar o entendimento iremos trabalhar com um exemplo prático do fl uxo de caixa de um titular de uma call e de um titular de uma put para apresentarmos os conceitos de out of the money (fora do dinheiro), at the

money (no dinheiro) e in the money (dentro do dinheiro). Lembramos que para o vendedor (lançador) o fl uxo é invertido, pois ele recebe o prêmio.

Page 15: Mercado de Capitais

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 77

O investidor decide comprar uma opção de compra (call) com preço de exercício de R$ 105,00 pagando um prêmio de R$ 5,00 no dia 12/06, quando o preço da ação da Petrobras estava em R$ 90,00. Logo, acredita que no dia 20/06 o valor do ativo no mercado à vista estará acima dos R$ 110,00.

O quadro de retorno ao titular de uma opção de compra mostra as hipóteses diante da oscilação do preço do ativo-objeto, que no exemplo vai de R$ 90,00 a R$ 120,00.

No caso de o papel estar cotado no dia do exercício a R$ 95,00, o titular exercerá o seu direito de comprar um ativo por R$ 105,00? A tabela/gráfi co retrata o resultado fi nanceiro diante das oscilações no mercado à vista. No nosso exemplo, o titular NÃO exercerá no vencimento o seu direito, pois há possibilidade de se comprar o ativo no mercado à vista por R$ 95,00 e, portanto, arcará com um prejuízo de R$ 5,00 e assim sucessivamente.

Se atentarmos para este exemplo, as perdas para o titular de uma call

estão limitadas em R$ 5,00 e os ganhos ilimitados, situação que fi ca clara na representação gráfi ca a seguir. A mesma lógica serve para o vendedor (lançador) de uma opção de compra (call), contudo as perdas são ilimitadas e o ganho limitado ao recebimento do prêmio de R$ 5,00, motivo pelo qual há exigência de depósito de garantias na corretora, caso o agente venha a operar descoberto, ou seja, não deter em sua custódia o ativo-objeto como lastro.

Retorno ao titular de uma opção de COMPRA (CALL)

Classifi cação de uma opção de compra (CALL) para o comprador (titular)

EXERCÍCIO EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DA PETROBRAS (PETR4) - EM R$

Posição Tipo Exercicio Prêmio $ 90 95 100 105 110 115 120

Será exercido 0 0 não não não não sim sim sim

Comprado call 105 -5 0 0 0 0 5 10 15

Ganho/Perda -5 0 0 0 0 5 10 15

Retorno total -5,00 -5,00 -5,00 -5,00 0,00 5,00 10,00

Obs: considerado o impacto do prêmio.

Page 16: Mercado de Capitais

Fundamentos do Mercado de Capitais78

Vamos retratar agora o fl uxo para o comprador (titular) de uma opção de venda (put), lembrando que o seu titular tem o direito no exercício de vender um ativo-objeto ao preço de exercício contratado, no exemplo R$ 105,00, portanto, aposta em um mercado baixista e com o lançamento da opção buscará preservar o preço do ativo em questão.

Retorno ao titular de uma opção de VENDA (PUT)

Logo, caso o preço do ativo-objeto no mercado à vista esteja em R$ 90,00 no dia do exercício o titular da opção exercerá o seu direito em vender o ativo ao preço de R$ 105,00, embolsando o diferencial de R$ 10,00 (descontado R$ 5,00 pago pelo prêmio). Mais uma vez o titular tem as suas perdas limitadas ao valor pago pelo prêmio, enquanto que o lançador assume o risco total da operação.

Obs: considerado o impacto do prêmio.

CLASSIFICAÇÃO OPÇÃO DE COMPRA (CALL) OPÇÃO DE VENDA (PUT)

Dentro do dinheiro (In the money)

Preço do exercício MENOR que o preço do objeto

Preço do exercício MAIOR que o preço do objeto

No dinhero (At the money)

Preço do exercício IGUAL ao preço do objeto

Preço do exercício IGUAL ao preço do objeto

Fora do dinheiro (Out the money)

Preço do exercício MAIOR que o preço do objeto

Preço do exercício MENOR que o preço do objeto

Classifi cação de uma opção de venda (PUT) para o comprador (titular)

EXERCÍCIO EVOLUÇÃO DOS PREÇO DA PETROBRAS (PETR4) - EM R$

Posição Tipo Exercircio Premio $ 90 95 100 105 110 115 120

Será exercido 0 0 sim sim sim sim não não não

Comprado Put 105 -5 0 0 0 0 5 10 15

Ganho/Perda -5 0 0 0 0 5 10 15

Retorno total 10,00 5,00 0,00 -5,00 -5,00 -5,00 -5,00

Diante dos exemplos expostos podemos resumir a classifi cação de uma opção da seguinte forma:

Page 17: Mercado de Capitais

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Finalizamos este módulo com uma tabela-resumo das partes que compõem uma operação no mercado de opções:

COMPRADOR

VENDEDOR

PRÊMIO

OPERAÇÃO

R$

R$

LIQUIDAÇÃO

COMMODITY

PUTR$

R$CALL

COMMODITY

MARGEM

to tv

Índices do mercado de ações

A análise do mercado de ações como um todo baseia-se no uso de índices de mercados de valores. Os índices costumam apresentar portfolios teóricos, construídos mediante o emprego de diferentes metodologias.

A fi nalidade básica de um índice representativo do mercado de ações consiste em servir como indicador médio do comportamento do mercado ou de um segmento econômico específi co (índices restritos e setoriais). Para tanto, sua composição deve procurar se aproximar o mais possível da real confi guração das negociações à vista na Bolsa, cujos negócios e operações representa.

Vamos conhecer alguns índices, defi nidos com o objetivo de avaliar a performance das ações mais negociadas, das ações de empresas de energia elétrica, telecomunicações, governança corporativa etc.

Índices Restritos

Os principais índices do mercado, detalhados a seguir, são: Ibovespa, IBrX (Índice Brasil), IBrX-50 (Índice Brasil 50), IVBX2 (Índice Valor Bovespa 2ª Linha), IGC (Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada).

Ibovespa - O Índice Bovespa, principal indicador de desempenho da Bolsa de Valores de São Paulo, retrata o comportamento das principais ações negociadas e atua como um importante indicador do desempenho médio das cotações no mercado brasileiro de ações.

Page 18: Mercado de Capitais

Fundamentos do Mercado de Capitais80

É o valor atual, em moeda corrente, de uma carteira teórica de ações constituída em 02/01/1968, a partir de uma aplicação hipotética. Para seu cálculo supõe-se não ter sido efetuado nenhum investimento adicional desde então. Considera-se somente os ajustes efetuados em decorrência da distribuição de proventos pelas empresas emissoras, tais como reinversão de dividendos recebidos (considerando o reinvestimento dos dividendos distribuídos pela empresa) e do valor apurado com a venda de direitos de subscrição, e manutenção em carteira das ações recebidas em bonifi cação.

Dessa forma, o índice refl ete não apenas as variações dos preços das ações, mas também o impacto da distribuição dos proventos, sendo considerado um indicador que avalia o retorno total de suas ações componentes.

Sua carteira é constituída pelas ações que, em conjunto, representam 80% do volume transacionado no mercado à vista, nos doze meses anteriores à sua formação e é reavaliada a cada quatro meses.

IBrX – Índice Brasil – Índice de preços que mede o retorno de uma carteira teórica composta por 100 ações selecionadas entre as mais negociadas na BM&F Bovespa, em termos de número de negócios e volume fi nanceiro. Essas ações são ponderadas na carteira do índice pelo seu respectivo número de ações disponíveis à negociação no mercado.

A seleção das ações para composição do índice é feita a partir de uma relação de ações classifi cadas por ordem decrescente de liquidez, de acordo com seu índice de negociabilidade medido nos últimos doze meses, e que tenham sido negociadas em pelo menos 70% dos pregões ocorridos no período.

IBrX-50 – Índice Brasil 50 – Índice que mede o retorno total de uma carteira teórica composta por 50 ações selecionadas entre as mais negociadas na BM&F Bovespa em termos de liquidez, apurada nos doze meses anteriores à reavaliação, ponderadas na carteira pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação e que tenham sido negociadas em pelo menos 80% dos pregões nesse período.

Esse índice foi desenhado para ser um referencial para os investidores e administradores de carteiras, e também para possibilitar o lançamento de derivativos ― futuros, opções sobre futuro e opções sobre índice. Tem as mesmas características do anterior, mas apresenta a vantagem operacional de ser mais facilmente reproduzido pelo mercado, pela menor quantidade de ações na carteira.

Page 19: Mercado de Capitais

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IVBX2 – Índice Valor Bovespa 2ª Linha – Foi desenvolvido pela BM&F Bovespa em conjunto com o jornal Valor Econômico, visando mensurar o retorno de uma carteira hipotética constituída exclusivamente por papéis emitidos por empresas de excelente conceito junto aos investidores, classifi cadas a partir da 11ª posição, tanto em termos de valor de mercado como de liquidez de suas ações.

É composto por 50 papéis escolhidos em uma relação de ações classifi cadas em ordem decrescente de liquidez, de acordo com seu índice de negociabilidade medido nos últimos doze meses e que tenham presença em pregão acima de 70% nesse período.

Uma empresa participa da carteira somente com seu tipo de ação mais líquido, isto é, aquele que apresentar o maior índice de negociabilidade no período.

IGC – Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada – Tem por objetivo medir o desempenho de uma carteira teórica composta por ações de empresas que apresentem bons níveis de governança corporativa. Tais empresas devem ser negociadas no Novo Mercado ou estar classifi cadas nos Níveis 1 ou 2 da BM&F Bovespa. Os procedimentos para a inclusão de uma ação no índice obedecem à seguinte regra:

▪ Ações de novas empresas – serão incluídas após o encerramento do primeiro pregão regular de negociação.

▪ Ações de empresas já negociadas na BM&F Bovespa – serão incluídas após o encerramento do pregão anterior ao seu início de negociação no Novo Mercado ou Níveis 1 ou 2.

Uma vez que a empresa tenha aderido aos Níveis 1 ou 2 da BM&F Bovespa, todos os tipos de ações de sua emissão participarão da carteira do índice, exceto se sua liquidez for considerada muito estreita.

ITAG – Índice de Ações com Tag Along Diferenciado – Tem por objetivo medir o desempenho de uma carteira teórica composta por ações de empresas que ofereçam melhores condições aos acionistas minoritários, no caso de alienação do controle.

São passíveis de inclusão na carteira teórica do índice todas as ações para as quais a empresa concede tag along superior em relação à legislação.

Pela legislação, as companhias abertas devem oferecer a todas as ações ordinárias minoritárias tag

along de 80% em relação ao preço obtido pelo controlador, no caso de alienação de controle.

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Fundamentos do Mercado de Capitais82

Dessa forma, são elegíveis ao ITAG:

▪ As ações ordinárias de companhias que ofereçam percentual maior de tag along, que tenham sido negociadas em pelo menos 30% dos pregões ocorridos nos doze meses anteriores à formação da carteira.

▪ As ações preferenciais cuja companhia ofereça tag along em qualquer percentual, que tenham sido negociadas em pelo menos 30% dos pregões ocorridos nos doze meses anteriores à formação da carteira.

ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial - É um índice que mede o retorno total de uma carteira teórica composta por aproximadamente 40 ações de empresas com reconhecido comprometimento com a responsabilidade social e a sustentabilidade empresarial. Tais ações são selecionadas entre as mais negociadas na BM&F Bovespa em termos de liquidez, e são ponderadas na carteira pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação.

Integrarão a carteira do ISE as ações que atenderem cumulativamente aos critérios seguintes.

▪ Ser uma das 150 ações com maior índice de negociabilidade apurado nos doze meses anteriores à reavaliação;

▪ Ter sido negociada em pelo menos 50% dos pregões ocorridos nos doze meses anteriores à formação da carteira;

▪ Atender aos critérios de sustentabilidade referendados pelo Conselho Deliberativo do ISE.

Índices setoriais

Há anos presentes nos mercados internacionais, os índices setoriais têm o objetivo de oferecer uma visão segmentada do comportamento dos mercados de ações. Eles são constituídos pelas empresas abertas mais signifi cativas de setores específi cos, representando uma medida do comportamento agregado do segmento econômico considerado (exemplos: setor de telecomunicações, energia elétrica etc.). São eles o IEE - Índice de Energia Elétrica e o ITEL – Índice Setorial de Telecomunicações.

IEE – Índice de Energia Elétrica – Primeiro índice setorial da BM&F Bovespa, o IEE foi lançado em agosto de 1996 com o objetivo de medir o desempenho do setor de energia elétrica. Dessa forma, constitui-se em um instrumento que permite a avaliação da performance de carteiras especializadas nesse setor.

O Conselho Deliberativo do ISE é formado por um conjunto de instituições ― BM&F Bovespa, ABRAPP, Anbid, Apimec, IBGC, IFC, Instituto Ethos e Ministério do Meio Ambiente ― que decidiram unir esforços para criar um índice de ações que seja um referencial para os investimentos socialmente responsáveis, o ISE. Seu escopo foi defi nido e a seleção das empresas foi aprovada, observando os critérios de relacionamento da empresa com empregados e fornecedores, relacionamento com a comunidade, governança corporativa e impacto ambiental de suas atividades.

Page 21: Mercado de Capitais

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ITEL – Índice Setorial de Telecomunicações – Seguindo experiências mais recentes de índices internacionais, a BM&F Bovespa resolveu adotar para o cálculo do ITEL a ponderação por quantidade de ações em circulação (free-fl oat). A ponderação de um indicador pelo valor de mercado das ações em circulação permite que o índice represente o comportamento dos papéis realmente disponíveis para negociação, o que facilita a montagem de carteiras referenciadas no índice pelo investidor e permite um melhor acompanhamento de seu desempenho.

Além dessa característica, a BM&F Bovespa estabeleceu um limite de capitalização de 20% para cada companhia componente da carteira. Tal critério foi adotado para evitar que uma empresa com elevado valor de mercado tenha papel extremamente preponderante no desempenho do índice, prejudicando o refl exo do desempenho dos demais papéis.

Quantidade de ações “livres”. O free-fl oat pode ser defi nido como a percentagem do capital social que se encontra disperso em bolsa (nas mãos de acionistas minoritários), relativo a uma determinada empresa admitida na cotação desse mercado.

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Fundamentos do Mercado de Capitais84

Participantes do mercado de ações

As operações no mercado de ações são caracterizadas pela presença de diferentes personagens, sendo eles os investidores, os especuladores e os manipuladores.

Investidores

São indivíduos ou instituições que aplicam recursos em busca de ganhos a médio e longo prazos. Operam nas bolsas por meio de corretoras de valores mobiliários, as quais executam as suas ordens de compra e venda de ações e recebem corretagens pelo seu serviço.

Existem dois tipos de investidores: os investidores individuais e os investidores institucionais. Vejamos a diferença entre eles.

Investidores Institucionais – são pessoas jurídicas que movimentam recursos vultosos no mercado fi nanceiro em geral. São considerados os participantes mais importantes dos mercados de dinheiro, em face de suas imensas massas de manobras, que são os recursos captados de seu público. Em síntese, os investidores institucionais podem ser agrupados em:

▪ Sociedades Seguradoras;

▪ Entidades de Previdência Privada;

▪ Sociedades de Capitalização;

▪ Clubes de Investimento;

▪ Fundos de Investimento.

Investidores Individuais – são pessoas físicas ou jurídicas que participam diretamente do mercado, seja comprando ou vendendo ações para si próprios, por sua conta e risco. Eles agem isoladamente, em seu próprio interesse e com seus próprios recursos.

Em se tratando de investidor individual, é importante que a instituição fi nanceira e corretora de valores da qual ele é cliente, procure conhecer bem as suas necessidades (perfi l) para saber o que melhor lhe convém, a fi m de orientá-lo em seus investimentos da melhor maneira possível.

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Existem muitos questionários e testes que procuram defi nir um perfi l de investidor. Entretanto, todas essas ferramentas utilizam os mesmos parâmetros de avaliação para essa defi nição: a idade do investidor, o objetivo de retorno, o prazo para utilização dos recursos e o grau de aversão do investidor ao risco.

Com base nesses critérios, os investidores podem ser classifi cados, segundo seu perfi l, em Conservador, Moderado e Agressivo ou Arrojado. No quadro seguinte temos um resumo das características desses perfi s.

Perfi l Características

Conservador

▪ Investe com o objetivo de preservar o capital.

▪ Investe em ativos de baixíssimo risco.

▪ Busca aconselhamento fi nanceiro especializado para tomar decisões.

▪ Tem pouca informação sobre os mercados e as alternativas de investimento.

▪ Geralmente concentra seus investimentos em renda fi xa.

▪ Abandona imediatamente o investimento em caso de oscilação negativa no

valor investido.

Moderado

▪ Investe buscando crescimento moderado de seu capital.

▪ Tem horizonte de tempo de médio e longo prazos para seus investimentos.

▪ Coloca a maior parte dos investimentos em ativos de baixo risco e uma

pequena parte para diversifi cação.

▪ Pesquisa e busca aconselhamento fi nanceiro para tomar decisões.

▪ Frente à oscilação negativa no valor do investimento, permanece, mas analisa

a situação.

Agressivo ou

Arrojado

▪ Investe com o objetivo de crescimento elevado de seu capital.

▪ Tem horizonte de tempo de longo prazo para seus investimentos.

▪ Pode concentrar até 60% dos investimentos em renda variável.

▪ Entende o funcionamento dos mercados e suas alternativas de investimento,

sentindo-se seguro para tomar decisões.

▪ Aceita as oscilações negativas no valor de sua carteira contando com ganhos

no longo prazo.

Page 24: Mercado de Capitais

Fundamentos do Mercado de Capitais86

Especuladores

Esse participante do mercado representa o investidor que compra e vende ações sem um horizonte temporal claramente defi nido. Tanto pode comprar e vender no mesmo dia, como pode reter a ação por uma semana ou um mês, na expectativa de fatores que, na sua concepção, farão as ações subirem ou descerem de cotação a um curto prazo. Está disposto a correr este risco em busca de rentabilidade. É fi gura presente em qualquer mercado, sendo importante fornecedor de liquidez.

Manipuladores

São participantes geralmente associados a atitudes de má fé, correspondentes a práticas nocivas ao mercado e, portanto, expressamente proibidas em lei, já que essas práticas favorecem um grupo de pessoas em detrimento da maioria do mercado, prejudicando os investidores.

Um exemplo é o uso de informações privilegiadas, acessadas por um grupo seleto de pessoas, desconhecidas do restante do mercado. Elas podem usar diversos meios para criar condições artifi ciais de demanda, oferta ou preços, visando obter ganhos com as oscilações das cotações de determinada ação.

Um tipo de manipulador é o insider (aquele que está por dentro). De modo geral, ele representa um investidor ligado à empresa. Em função de confi ança, e, por força de sua posição, tem acesso a informações antes que elas sejam de conhecimento do público e as usa em proveito próprio.

Riscos do investimento em ações

A rentabilidade dos investidores em ações é composta de dividendos ou participação nos resultados e benefícios concedidos pela empresa emissora, além do eventual ganho de capital advindo da venda da ação no mercado secundário (Bolsa de Valores). Porém, o retorno do investimento dependerá de fatores tais como: desempenho dos mercados globais, da empresa e de suas perspectivas futuras.

A oscilação do preço de uma ação ocorre de acordo com a oferta e a demanda do mercado e também pode ser infl uenciada, pela política econômica, pela queda dos preços no mercado internacional e pelo próprio desempenho da empresa e expectativas que os investidores têm sobre o futuro dela.

Page 25: Mercado de Capitais

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 87

Ou seja, quem quiser ganhar dinheiro investindo em ações tem que se acostumar com o vaivém das bolsas e pensar no médio e longo prazos.

Quem investe em ações busca uma maior rentabilidade de seu investimento, no entanto, a rentabilidade está diretamente ligada ao risco ao qual o investidor está disposto a correr. Ao investidor com maior aversão ao risco não se recomenda investir em ações, pois o preço das ações sofre oscilações e, por esse motivo, elas são consideradas “ativos de renda variável” e, portanto, investimento de risco.

Riscos envolvidos no investimento em ações:

Risco da empresa: depende da sua capacidade fi nanceira e da atratividade econômica do seu negócio. O risco da empresa se identifi ca por:

▪ Risco econômico - ligado à atividade fi m da empresa e às características do mercado em que está inserida. É relacionado ao risco de a empresa não alcançar os resultados esperados.

▪ Risco fi nanceiro - diz respeito à capacidade da empresa em saldar suas dívidas. Empresas com um nível de endividamento baixo apresentam baixo nível de risco fi nanceiro e vice-versa.

Risco de mercado: representa a incerteza em relação ao comportamento dos preços dos ativos em função da oscilações de variáveis como taxa de juros, câmbio, preço das ações, dentre outros.

Risco de liquidez: esse risco assume duas formas: liquidez de mercado e liquidez de fl uxo de caixa. O risco de liquidez de mercado está relacionado a grandes oscilações de preços, que levam uma transação a não ser efetuada ao preço de mercado devido ao tamanho da posição em relação ao volume normalmente negociado. O risco de liquidez de fl uxo de caixa está associado à falta de recursos da empresa para honrar os compromissos assumidos, em função do descasamento entre os ativos e passivos.

Risco político: relacionado a mudança de regime, mudança de dirigentes de órgãos do governo, com impacto direto no desempenho da Bolsa.

Risco operacional: relacionado a falhas nos equipamentos e/ou sistemas utilizados para as operações no pregão. Essas falhas podem ocorrer no sistema da Bolsa, do intermediador ou do próprio investidor que realiza suas operações via Internet. O risco operacional também está ligado à falta de energia, pane no sistema de telefonia, ou nos sistemas integrados de computadores.

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Fundamentos do Mercado de Capitais88

Risco sistêmico: decorre das difi culdades fi nanceiras de uma ou mais instituição ou de países, que provoquem danos substanciais a outros, ou uma ruptura na condução operacional da normalidade do sistema fi nanceiro em geral.

Negociando ações

Conforme mencionado na Unidade I, tem havido um estímulo signifi cativo para as pessoas físicas procurarem investir no mercado de capitais, seja por gestores especializados ou pela prática da autogestão.

O mais importante é orientar o cliente sobre a maneira como ele poderá inserir-se nesse mercado e, antes de escolher o tipo de investimento, efetuar algumas perguntas consideradas importantes para a decisão correta, ou pelo menos, mais próxima de suas expectativas:

1. Qual o meu objetivo com este investimento?

2. Qual é a minha expectativa de rentabilidade?

3. Quanto tenho disponível para investir?

4. Quando precisarei do dinheiro investido?

5. Tenho todas as informações sobre este tipo de investimento?

6. A diversifi cação da minha carteira é coerente com meu perfi l de risco?

O importante para o cliente que deseja aplicar em ações é:

▪ Disciplina.

▪ Atenção às conjunturas nacionais e internacionais.

▪ Compra de ações de empresas com perspectiva de crescimento.

▪ Acompanhamento das notícias, análises setoriais e das empresas.

▪ Investimento em empresas e setores diversifi cados.

▪ Investimento com regularidade, se possível todo mês.

▪ Reinvestimento de lucros e rendimentos.

▪ Tomadas de decisão conscientes, e não ao sabor de dicas.

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É fato que no mercado de ações existem alguns caminhos para se investir, cabendo, a cada investidor, escolher aquele que melhor se ajusta a sua necessidade.

Veja no quadro seguinte as possibilidades que o mercado oferece.

FUNDO DE AÇÕES

CLUBE DE INVESTIMENTO

COMPRA VIA CORRETORA

HOME BROKER

HOME BROKER BB (só p/clientes)

Como funciona

O investidor entrega seu dinheiro ao

gestor de um fundo, que

toma todas as decisões sobre o investimento.

Um grupo de pessoas com interesses em

comum se reúne e, com ou sem ajuda de corretora, investe seu dinheiro em

ações.

O investidor entre em

contato com a corretora e defi ne em quais ações quer aplicar seu dinheiro.

O investidor compra e

vende ações diretamente pela internet, sem a ajuda de corretoras

e sem precisar sair de casa.

O investidor compra e vende

ações diretamente pela Internet, sem a ajuda de corretores

e sem precisar sair de casa.

Difi culdade Baixa Baixa Razoável Razoável Razoável

Quem oferece

Gestores de fundos

Corretoras Todas as corretoras

Corretoras Banco do Brasil

Como fazer

O investidor deverá ir ao gestor, escolher o

fundo e investir o dinheiro.

Deverá acompanhar

o resultado no mínimo uma vez por mês.

Para montar um clube de

investimento é necessário re-

unir pelo menos três pessoas,

se cadastrar em uma corretora

(se a escolha for pela gestão de uma corretora) e fazer o registro

na BM&F Bovespa.

Tornar-se cliente de uma das corretoras que operam na BM&F Bovespa.

Cadastrar-se em uma corretora,

depositar a quantia do

investimento e comprar e vender

ações, sempre estudando o

mercado.

Efetuar o cadastro de investidor na agência ou na

Internet; realizar as operações de compra e

venda de ações com liquidação fi nanceira na

conta corrente de depósitos ou na conta

investimento, sempre

acompanhando o mercado.

Para que um investidor negocie ações na BM&F Bovespa ele precisa seguir três passos iniciais:

1. Escolher a corretora com a qual vai operar (se não optar pelo seu banco de relacionamento) e abrir uma Conta para investimento, se ainda não a tiver;

2. Realizar seu cadastro de investidor;

3. Entrar com o registro de ordem de compra e venda.

Page 28: Mercado de Capitais

Fundamentos do Mercado de Capitais90

O Banco opera por intermédio do BB-BI, BB Banco de Investimentos atuando nos mercados de bolsas e no de mercado de balcão organizado como intermediador das ordens de compra e venda de ações de seus clientes. Por não possuir corretora, essas operações são efetivadas por meio de corretoras habilitadas a negociar na BM&F Bovespa.

Mas o cliente BB pode optar por realizar suas operações por intermédio de qualquer corretora do mercado.

Cadastro de investidor

O primeiro passo para se operar no mercado de ações é a elaboração do cadastro de investidor que pode ser feito por intermédio da agência de relacionamento ou pelo próprio cliente, através do Home Broker. Depois de feito cadastro, o cliente recebe um código de investidor junto à BM&F Bovespa/CBLC, número pelo qual passa a ser identifi cado em operações futuras.

Desde novembro de 2004, todo cadastro realizado gera duas contas de custódia, uma para operações realizadas por meio da conta corrente e outra para as operações realizadas via conta investimento.

Por exigência da CVM ─ Instrução 301/1999 ─ o investidor com operações no mercado de ações deve possuir um cadastro mínimo. No caso dos clientes do Banco do Brasil, o cadastro corporativo precisa estar na situação COMPLETO – NORMAL, para que seja permitida a elaboração do cadastro de investidor com exigência obrigatória de informações a respeito da renda e situação patrimonial do investidor.

Page 29: Mercado de Capitais

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Registro da ordem

A negociação com ações tem início com o registro de uma ordem de compra (ou de venda) junto à corretora. Esse registro não é garantia da realização do negócio, pois essa vai depender de fatores como:

▪ Contraparte – comprador ou vendedor disposto a fazer o negócio.

▪ Preço de negociação – o preço estipulado deve atender aos objetivos do investidor.

▪ Disponibilidade do ativo no ambiente da Bolsa - se as ações estiverem depositadas na instituição depositária deverão ser transferidas para a CBLC para então serem negociadas.

O quadro seguinte mostra uma síntese do fl uxo de negociação de ações, sob o ponto de vista do acionista.

Page 30: Mercado de Capitais

Fundamentos do Mercado de Capitais92

Tipos de ordens

Durante as negociações os investidores podem emitir aos corretores vários tipos de ordens de compra e venda de ações. As mais comuns são:

Dos tipos de ordens apresentados no quadro acima, atualmente o Banco do Brasil disponibiliza ordens a mercado , limitada, start e stop. Não há previsão de disponibilização dos demais tipos.

StartOrdem de compra enviada à BM&F Bovespa, vinculada a um preço máximo. Quando a ordem start é solicitada, o papel em questão é comprado quando o preço no mercado atingir ou ultrapassar o preço predeterminado pelo cliente.

Stop

Ordem de venda enviada à BM&F Bovespa com critérios de validação previamente estabelecidos pelo cliente. Esse tipo de ordem pode ser usado como proteção para o investidor, já que é enviada à BM&F Bovespa quando o preço da ação fi car abaixo do limite determinado pelo investidor.

Exemplo: se um investidor comprar uma ação a R$ 2,00 e quiser limitar sua eventual perda a 10%, poderá determinar uma ordem stop limitada a R$ 1,80. Quando o preço do último negócio for igual ou menor que R$ 1,81 (preço stop), será disparada uma ordem de venda limitada a R$ 1,80 (preço limite).

CasadaTipo de operação constituída por uma ordem de compra de um ativo no mercado à vista da BM&F Bovespa e outra ordem de venda de opção do mesmo ativo. As ordens podem ser executadas no mesmo ou em outro pregão.

De fi nanciamentoO investidor determina a tomada de posições opostas, no mesmo ou em outro mercado, porém com prazos de vencimentos distintos.

AdministradaTipo de ordem que especifi ca somente a quantidade e as características dos ativos ou direitos a serem comprados ou vendidos, fi cando a execução a critério da corretora.

Discricionária

Ordem feita por um administrador de carteira de títulos e valores mobiliários, ou por representante de mais de um cliente que estabelece as condições em que a ordem deve ser executada. Após a execução, o administrador indicará os nomes dos clientes que deverão receber a quantidade de ativos diretos, oriundos da operação, e o respectivo preço.

Tipo Características

A MercadoÉ uma ordem que especifi ca somente a quantidade e as características dos ativos e direitos a serem comprados ou vendidos. Deve ser executada a partir do momento em que for recebida pela corretora.

Limitada

Tipo de ordem que, obrigatoriamente, terá um preço máximo de compra e um preço mínimo de venda. De acordo com as ofertas do pregão pode demorar a ser executada.

Lembramos que uma operação pode ser executada a um preço mais favorável, caso a contraparte tenha inserido uma ordem a um preço superior ao determinado como limite para a venda, ou a um preço inferior, no caso de compra.

Page 31: Mercado de Capitais

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Peculiaridades das ordens de compra

Uma característica das ordens de compra no BB é a ocorrência de bloqueio negocial de recursos na conta do investidor (anotação de débito), de um determinado percentual do valor da operação, no momento do registro da ordem.

E como funciona esse bloqueio negocial?

Se o investimento for via conta corrente – o bloqueio será realizado no momento do registro das ordens de compra, equivalente a um determinado percentual do valor da operação, acrescido do total da corretagem e emolumentos. Caso não exista disponibilidade de recursos no momento do registro da ordem, a mesma não será acatada.

No caso de defi nição de limites operacionais considerando outros recursos, como carteira de custódia do investidor e operações já realizadas e ainda não liquidadas, o bloqueio negocial será realizado pelo valor da operação não coberto por esses recursos.

Serão considerados como recursos o bloqueio negocial, o saldo na conta corrente, o limite de cheque especial (sem cobrança de encargos) e aplicações em fundos de investimento com resgate automático (sem resgate e/ou perda de rendimentos). Esta importância não poderá ser utilizada para saques e/ou pagamentos enquanto estiver bloqueada.

Se o investimento for via conta investimento – será considerado como recurso para aquisição de ações, recursos de vendas efetuadas e ainda não liquidadas, e o saldo disponível na conta investimento.

Peculiaridades das ordens de venda

As ordens de venda de ações “em cautelas escriturais” somente serão recebidas pelas corretoras para execução após a liberação do bloqueio pela Instituição Depositária e do respectivo depósito das ações na Bolsa de Valores. Assim, a agência deverá estabelecer um prazo de validade maior para a ordem, a fi m de evitar que ela já esteja vencida quando a ação for depositada na Bolsa de Valores (no mínimo 15 dias).

Tanto pelo Home Broker, quanto pelo SISBB, ao se optar pelo registro de uma ordem de venda de ações custodiadas, o aplicativo apresenta a relação

“Em cautelas escriturais” signifi ca que as ações do cliente se encontram na respectiva Instituição Depositária. Para efetivar o registro da ordem de venda é necessário que o cliente apresente um extrato atualizado de sua posição acionária.

Page 32: Mercado de Capitais

Fundamentos do Mercado de Capitais94

de papéis da carteira do investidor disponíveis para venda, onde estará identifi cada a conta de custódia onde a posição se encontra depositada.

O crédito da venda será efetuado na conta vinculada à posição de custódia vendida. Assim, caso seja escolhido um papel depositado na conta de custódia investimento, o crédito da operação se dará na conta investimento. O mesmo ocorre caso se escolha um papel depositado na conta de custódia vinculada à conta corrente.

Cancelamento de ordens

Uma ordem pode ser cancelada, a pedido do investidor e a qualquer momento, desde que o negócio não tenha sido realizado na Bolsa. Os negócios já realizados não são passíveis de cancelamento, pois uma vez que o comprador/vendedor registra sua intenção de negócio (ordem) se compromete a honrar a sua oferta junto ao mercado, quando da realização desse negócio.

A BM&F Bovespa poderá cancelar negócios nas seguintes situações:

▪ qualquer falha no sistema, comprovadamente atribuída à Bolsa, no processo de registro de negócios;

▪ a pedido das corretoras, cabendo às partes interessadas comprovarem os motivos da solicitação;

▪ desenquadramento de algum dos parâmetros de negociação constantes da Instrução CVM nº 168/91, cuja constatação somente tenha sido identifi cada a posteriori.

Em razão dessas condições, a indicação de execução de determinada ordem não representa um negócio irretratável, pois caso se constate qualquer irregularidade na transação, a BM&F Bovespa tem poderes para cancelar negócios já realizados.

O BB-BI poderá cancelar uma ordem quando esta representar risco de inadimplência ou infringir normas operacionais do mercado. Neste caso, o investidor será comunicado sobre o cancelamento.

Além disso, quando ocorrem eventos societários que geram mudanças nos preços das ações no mercado, o BB-BI cancela automaticamente as ordens vigentes de seus clientes.

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A BM&F Bovespa não permite o cancelamento de ofertas de compra e de venda que estejam participando de leilões. Estes leilões podem ocorrer durante todo o pregão, principalmente nos seguintes horários: 15 minutos antes da abertura (leilão de pré-abertura) e a partir dos 5 minutos que antecedem o fechamento do pregão (call de fechamento).

O Pregão

As negociações nas bolsas de valores são realizadas em uma sessão, com duração predeterminada, chamada de pregão.

O pregão é uma sessão em que se efetuam negócios com papéis registrados em uma bolsa de valores, diretamente na sala de negociações e/ou por um sistema de negociação eletrônico. Os pregões podem ser:

Viva voz – pregão onde os representantes das corretoras apregoam suas ofertas de viva voz, especifi cando o nome da empresa, o tipo da ação, a quantidade e o preço de compra ou de venda. O pregão viva-voz da Bovespa foi desativado após a sessão do dia 30/09/2005. Na BMF o último pregão viva voz ocorreu em 30/06/2009.

Eletrônico – é realizado através do Mega Bolsa, sistema eletrônico de negociação da BM&F Bovespa no qual a oferta de compra ou de venda é feita por terminais de computador. O encontro das ofertas e o fechamento dos negócios são realizados automaticamente pelos computadores da Bolsa. Esse sistema recebe as ofertas registradas nas mesas de operações das corretoras e as ofertas registradas via Internet pelos investidores, durante o pregão.

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Fundamentos do Mercado de Capitais96

As negociações no pregão são realizadas com base em critérios estabelecidos pela CVM e pelas bolsas de valores.

Como funciona a fi la de ofertas do pregão?

Observando o quadro de cotações abaixo, temos as cinco melhores ofertas de compra e as cinco melhores ofertas de venda, no momento da consulta. A primeira oferta de compra é aquela em que o investidor está disposto a comprar pagando o preço mais alto e, conseqüentemente, a primeira oferta de venda é aquela em que o vendedor está disposto a vender mais barato.

Os negócios são fechados automaticamente quando as duas melhores ofertas são atendidas.

Exemplifi cando.

Digamos que um investidor resolva, neste momento, registrar uma ordem de

compra de 1600 ações BBAS3 limitada a R$ 28,50. Ele fi cará em primeiro

lugar na fi la de ofertas de compra e, tendo em vista seu preço limite ser

superior à primeira oferta de venda (1400 ações a 28,45), sua ordem será

executada nas seguintes condições:

1º) compra de 1400 ações do primeiro ofertante a R$ 28,45;

2º) compra das demais 200 ações do segundo ofertante a R$ 28,47.

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UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 97

After Market – a fi m de ampliar as oportunidades de negócios e atrair novos investidores, a BM&F Bovespa disponibiliza o After Market — negociação fora do horário regular de pregão, ampliando o horário do pregão eletrônico para o mercado à vista. Funciona das 17h45min às 19h00min. Durante o período de horário de verão funciona de 18h45min às 19h30min. Poderão ser negociadas no After Market ordens e ativos que se enquadrem nos seguintes requisitos e com as seguintes características:

▪ Papéis pertencentes às carteiras teóricas dos índices calculados pela Bovespa e que tenham sido negociados, no mesmo dia, durante o horário regular de pregão;

▪ Preço limite das ordens não deverá ultrapassar a uma variação de 2% (positiva ou negativa) em relação à cotação de fechamento do pregão diurno;

Vamos exemplifi car a questão da variação dos 2%.

Digamos que um investidor verifi que que o preço de fechamento das ações

ON do Banco do Brasil, cujo código de negociação é BBAS3, no pregão

regular foi de R$ 31,00.

Ele deseja comprar tais ações durante o After Market e registra uma ordem

de compra estabelecendo um preço limite de R$ 32,00.

Neste caso, mesmo que haja vendedores a R$ 32,00 ou a um preço menor

na fi la de ofertas do pregão eletrônico, o cliente não conseguirá comprar suas

ações durante o After Market, porque o preço limite estabelecido por ele su-

perou a variação máxima permitida para negociação nesse pregão (31,00),

de 2% sobre o preço de fechamento do pregão diurno, ou seja, (0,62).

Liquidação das operações

Liquidação fi nanceira é o processo pelo qual se dá o pagamento ou recebimento do montante fi nanceiro envolvido no negócio, dentro do calendário da CBLC.

Os débitos e os créditos são realizados em conta corrente, ou conta investimento, em D+3 (no terceiro dia útil após a negociação), deduzidos (venda) ou acrescidos (compra) das taxas de corretagem e de Bolsa.

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Fundamentos do Mercado de Capitais98

Como comprovante da operação realizada, o BB-BI envia ao investidor uma Nota de Corretagem com todas as informações referentes ao negócio.

Liquidação física é o processo pelo qual se dá a transferência da propriedade dos títulos, e obedece aos seguintes prazos quanto à sensibilização do saldo da conta de custódia do investidor junto à CBLC:

D - dia da negociação e especifi cação dos compradores e vendedores junto à Bolsa;

D+2 - agentes de custódia dos vendedores autorizam os débitos nas suas contas de custódia;

D+3 - as ações são transferidas das contas dos vendedores para as contas dos compradores;

D+4 - as ações estão disponíveis na conta de custódia para negociação e/ou transferência. Prazo fi nal para entrega das ações pelos vendedores;

D+5 - a CBLC emite ordem de recompra nos casos de atraso na entrega de ações ainda não regularizados;

D+8 - prazo fi nal para execução da ordem de recompra;

D+12 - prazo fi nal para as ações fi carem disponíveis para negociação, em caso de recompra.

Podem ocorrer casos de atraso na entrega dos papéis por parte da corretora vendedora, mas regularizados conforme o cronograma acima. Caso a entrega pelo vendedor se dê em D+4, ou seja, no prazo fi nal, as ações estarão disponíveis para negociação pelo comprador em D+5. Os referidos prazos são estipulados pela CBLC, que tem o controle sobre este processo.