memorial de carreira
TRANSCRIPT
Cláudio Urgel Pires Cardoso
MEMORIAL
Belo Horizonte
Novembro de 2015
Cláudio Urgel Pires Cardoso
MEMORIAL
Memorial apresentado à Comissão Avaliadora como
requisito parcial para a obtenção da promoção à Classe E,
denominada Professor Titular, atendendo ao que
determina a Lei Nº 12.772, a Portaria Nº 982 do Ministério
da Educação, a Resolução 04/2004 do Conselho
Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais e a
Decisão da Congregação da Escola de Música de 01 de
Junho de 2015.
Área de Atuação Principal: Violoncelo
Escola de Música
Universidade Federal de Minas Gerais
Novembro de 2015
À Bernadette e ao
Grupo Diadorim: Tomás, Sofia e Laura
LISTA DE FIGURAS
1 - Carteira de Trabalho e Carteira da Ordem dos Músicos do Brasil .................................... 6
2 - Estudando Violoncelo em 1979 ........................................................................................ 8
3 - Primeiro concerto como músico profissional na Orquestra Sinfônica Municipal de
Campinas ......................................................................................................................... 9
4 - Fragmentos de uma página de jornal sobre turnê de concertos com a OSMC ................ 10
5 - Violoncelo Gand & Bernadell Frères .............................................................................. 11
6 - Foto recente do Professor Watson Clis em confraternização com ex-alunos: ................ 12
7 - Matéria no jornal Estado de Minas em 03 de novembro de 1983 sobre o GEC-FEA .... 13
8 - Programas do recital com piano e do concerto com orquestra realizados em 11 e 13
de junho de 1986 para a formatura ................................................................................ 16
9 - Arvore Genealógica como Violoncelista: Cláudio Urgel, Watson Clis, Iberê Gomes
Grosso e Pablo Casals ................................................................................................... 17
10 - Publicação no Diário Oficial da União da minha nomeação ........................................ 19
11 - Professores de Violoncelo da Escola de Música da UFMG ......................................... 21
12 - Histórico escolar do mestrado e doutorado ................................................................... 25
13 - Lecionando Violoncelo no gabinete - Aluna Suely Guimarães .................................... 31
14 - Quadro comparativo de alunos do Curso de Graduação em Música para a avaliação
do INEP ........................................................................................................................ 32
15 - Encerramento da audição com o Conjunto de Violoncelos em 2006, cartazes de
recitais de V período e formatura em 2015, confraternização após a audição em
2015, oficina de performance em 2015 ......................................................................... 34
16 - Orquestra Sinfônica de Minas Gerais - OSMG e Orquestra Sinfônica da Polícia Milita r
de Minas Gerais ............................................................................................................ 35
17 - Concerto do Conjunto de Violoncelos da disciplina Oficina de Performance no
Auditório da Reitoria, IX Congresso Nacional de Fonética e Fonologia ..................... 39
18 - Laboratório de Apoio às Disciplinas Teóricas ............................................................. 43
19 - Poster sobre o projeto de ensino acima apresentado, 2008 ........................................... 44
20 - Exemplo de obra editada no projeto: "Abertura da Ópera Tiradentes" Manoel
Joaquim de Macedo (1847 -1925) ................................................................................ 45
21 - Exemplo de obra editada no projeto: "La vivion de los vencidos" Eduardo Bértola
(1939-1996), ex-professor da Escola de Música ........................................................... 46
22- Exemplo de consulta ao banco de dados com lista de parte das obras do compositor
Cláudio Santoro editadas no lab. e lista dos arquivos digitados no Finale ................... 47
23 - Organizações da UFOP e UFMG que participaram do evento Empresas Juniores –
Perspectivas para a área de cultura ............................................................................... 49
24 - Projeto "Eu gostaria de ouvir" de Rafael Nassif ........................................................... 50
25 - Programa da Audição de Violoncelo com obras compostas na disciplina
Linguagem do Violoncelo - Orquestração e Prática ..................................................... 53
26 - Capa das apostilas para os assuntos relacionados a esta disciplina ............................... 63
27 - Programas dos concertos de doutorado ......................................................................... 72
28 - Mapa do Espelho e Mapa dos Harmônicos na III posição ............................................ 76
29 - Sobreposição dos mapas na III posição ........................................................................ 76
30 - Manuscrito original de um trecho da obra Esboço de Pavana de Rafael Nassif ........... 79
31- Trecho editado da obra Esboço de Pavana de Rafael Nassif com soluções técnicas
diferentes ....................................................................................................................... 80
32 - Exemplo de consulta ao banco de dados ....................................................................... 82
33 - Gravações de orquestras com repertório do barroco mineiro e como primeiro
violoncelo ...................................................................................................................... 87
34 - Capa de programa de concerto como 1º Violoncelo da OSMG e Camargo Guarnieri
como regente ................................................................................................................. 87
35 - Programa do primeiro concerto do Grupo Experimental de Câmara da FEA .............. 90
36 - Apresentações da obra Pierrot Lunaire de Arnold Schoenberg .................................... 91
37 - Apresentação do GEC-FEA com a Oficina Multimédia ............................................... 92
38 - Variações de Gilberto Carvalho, manuscrito e edição .................................................. 94
39 - Capa do CD do Conservatório à Escola de Música ...................................................... 95
40 - Gravação da primeira versão da obra Um no outro de Eduardo Bértola ...................... 97
41 CD Violoncelo ontem e hoje que inclui obras citadas nesse Memorial .......................... 97
42 - Publicação "Violoncelo ontem e hoje" que inclui obras citadas nesse Memorial ......... 98
43 - Arthur Bosmans - autor da obra Romance para Violoncelo solo e orquestra ............... 99
44 - Foto de concerto com o Flautista Fernando Pacífico .................................................. 101
45 - Grupo Diadorim .......................................................................................................... 104
46 - Concertos do Grupo Diadorim em Escola de PBH ..................................................... 104
47 - Cartaz e programa de concertos em turnê do Grupo Diadorim ................................... 105
48 - Matéria de Jornal de Guanhães, MG, sobre concerto do Grupo Diadorim ................. 106
49 - Foto e programa de concerto no Conservatório UFMG em 2006, 150 anos de
nascimento de Mozart ................................................................................................. 107
50 - Programas de concertos do Quarteto MinasArte ......................................................... 108
51 - Foto do Conjunto de Violoncelos em uma audição, 2005 .......................................... 109
52 - Concerto do Conjunto de Violoncelos da Escola de Música em um Congresso ........ 110
53 - Cellos de Minas ........................................................................................................... 111
54 - Cellos de Minas em concerto no Pró-Música de Juiz de Fora .................................... 112
55 - Concertos do Trio Lorenzo Fernandez ........................................................................ 113
56 - Grupo Líbero no jornal Estado de Minas .................................................................... 114
57 - Programas de concertos com mostra das transcrições ................................................ 118
58 - Capa e contracapa do primeiro Boletim Informativo do CEM-INC ........................... 123
59 - Capa e contracapa do Boletim Informativo do curso NMC- Finale ........................... 124
60 - Fotos com alunos e professores do Festival Internacional de Música Colonial
Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora, MG - 2010 e 2011 ................................. 126
61 - Fotos com professores Festival Nacional de Música de Divinópolis, MG -
2012 e 2013 ................................................................................................................. 126
62 - Fotos com professores e alunos de oficina em Campo Belo/MG ............................... 127
63 - Flyer de recente palestra em centro cultural da PBH .................................................. 128
64 - Fotos com professores e alunos em palestra em Escola Municipal da PBH ............... 129
65 - Duas sedes da Escola de Música da UFMG, o prédio do Conservatório Mineiro de
Música e a sede atual .................................................................................................. 131
66 - Fotos de palestras-concertos realizadas em escolas municipais da PBH .................... 132
67 - Capa e contracapa de Livreto distribuído aos alunos para as palestras-concerto ........ 132
68 - Certificados de auditoria em projetos culturais da LMIC - BH .................................. 148
69 - Posse de Diretor: à esquerda meus filhos, Tomás, Sofia e Laura se apresentam,
à direita eu e meus alunos, Júlio, Afonso e Ana Paula apresentamos um quarteto
de violoncelos ............................................................................................................. 154
70 - Reforma da sala 3003, para grandes grupos instrumentais ......................................... 160
71 - Armários e escaninho para os alunos .......................................................................... 165
72 - Primeira página da Escola de Música na Internet ....................................................... 166
73 - Logomarca da Escola de Música ................................................................................. 167
74 - Sala de Microcomputadores para os alunos ................................................................ 168
75 - Coral de funcionários da Escola de Música ................................................................ 175
76 - CD da Banda Sinfônica e Coral da Escola de Música ................................................ 176
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO, HISTÓRICO, FORMAÇÃO E PRINCIPAIS VÍNCULOS
PROFISSIONAIS ........................................................................................................... 1
1.1 Histórico ....................................................................................................................... 2
1.2 Formação e principais vínculos profissionais .............................................................. 5
1.2.1 Iniciação musical e o primeiro emprego .............................................................. 5
1.2.2 Descoberta do Violoncelo e da Escola de Música da UFMG em 1976 ............... 6
1.2.3 Primeiro emprego de músico e continuidade de estudos em São Paulo .............. 8
1.2.4 Retorno a Belo Horizonte, Curso de Graduação em Música da UFMG,
novos empregos na área de música .................................................................... 12
1.2.5 Professor efetivo da Escola de Música da UFMG, mestrado e doutorado nos
Estados Unidos .................................................................................................. 18
1.2.6 Outros vínculos profissionais mas não empregatícios ....................................... 25
2. DOCÊNCIA, ORIENTAÇÃO E BANCA DE DEFESA ................................................. 27
2.1 Graduação .................................................................................................................. 29
2.1.1 Violoncelo .......................................................................................................... 29
2.1.1.1 Audição pública da classe de Violoncelo ................................................... 33
2.1.2 Orientação para estagiários de Violoncelo ......................................................... 35
2.1.3 Disciplinas optativas do Curso de Graduação em Música ................................. 36
2.1.3.1 Oficina de Performance .............................................................................. 37
2.1.3.2 Instrumento Complementar ........................................................................ 39
2.1.3.3 Excertos Orquestrais para Violoncelo ........................................................ 40
2.1.3.4 Notação Musical no Computador - Programa Finale ................................. 41
2.1.3.4.1 Laboratório de Apoio as Disciplinas Teóricas .................................... 42
2.1.3.4.2 Projeto de ensino: Iniciação a Docência em Disciplinas e
Atividades que Utilizam a Notação Musical no Computador ............. 43
2.1.3.4.3 Banco de dados Laboratório de Edições ............................................. 46
2.1.3.5 Empreendedorismo na Área de Música ...................................................... 48
2.1.3.5.1 Banca de Defesa de Monografia – TCC – Trabalho de Conclusão
de Curso ............................................................................................... 51
2.1.3.6 Didática dos Instrumentos - Cordas ........................................................... 51
2.1.3.7 Linguagem do Violoncelo: Orquestração e Prática .................................... 52
2.2 Pós-Graduação ........................................................................................................... 54
2.2.1 Violoncelo .......................................................................................................... 57
2.2.2 Pedagogia das Cordas ........................................................................................ 59
2.2.3 Recursos Computacionais para a Edição de Partituras e Outros documentos ... 59
2.2.4 Tópicos em Música - Oficina de Performance/Violoncelo ................................ 63
2.2.5 Orientação, estágio docente e banca de defesa .................................................. 64
2.3 Carga didática total ..................................................................................................... 65
3. PRODUÇÃO INTELECTUAL ........................................................................................ 68
3.1 Pesquisa ..................................................................................................................... 71
3.1.1 A Performance dos Sons Harmônicos no Violoncelo ........................................ 73
3.1.2 Guia Analítico de Estudos Selecionados para Violino e Viola .......................... 80
3.2 Cultura ....................................................................................................................... 83
3.2.1 Membro de orquestras ........................................................................................ 84
3.2.2 Música de câmara e solo .................................................................................... 88
3.2.2.1 Envolvimento com a música contemporânea ............................................. 89
3.2.2.2 Solos com orquestra ................................................................................... 98
3.2.2.3 Duos com Piano e outros instrumentos ..................................................... 100
3.2.2.4 Trios, quartetos e outras formações .......................................................... 102
3.2.2.4.1 Grupo Diadorim ................................................................................ 103
3.2.2.4.2 Quarteto MinasArte .......................................................................... 106
3.2.2.4.3 Conjunto de Violoncelos da Escola de Música da UFMG e o
Cellos de Minas ................................................................................. 109
3.2.2.4.4 Outros grupos, formações e música popular ..................................... 113
3.2.3 Transcrições e arranjos ..................................................................................... 115
3.3 Extensão ................................................................................................................... 119
3.3.1 Cursos de extensão e prestação de serviços ...................................................... 120
3.3.2 Festivais de música, masterclasses e oficinas .................................................. 125
3.3.3 Palestras ........................................................................................................... 128
3.4 Outras palestras e comunicações ............................................................................. 133
4. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ACADÊMICA ....................................... 135
4.1 Membro de órgão colegiado acadêmico e administrativo ................................... 137
4.2 Comissões e pareceres ......................................................................................... 139
4.2.1 Comissões administrativas e acadêmicas .................................................... 139
4.2.2 Pareceres administrativos e acadêmicos ...................................................... 144
4.3 Coordenação de projetos de ensino, pesquisa, cultura e extensão ...................... 146
4.4 Chefe do Departamento de Instrumentos e Canto ............................................... 149
4.5 Diretor da Escola de Música ............................................................................... 153
4.5.1 Gestão financeira - Planejamento e prestação de contas ............................. 156
4.5.2 Gestão de pessoal ........................................................................................ 157
4.5.3 Gestão da infraestrutura física e organizacional .......................................... 159
4.5.3.1 Construção do atual anexo que abriga o CMI ..................................... 161
4.5.4 Gestão patrimonial e de almoxarifado ......................................................... 163
4.5.5 Comunicação e divulgação .......................................................................... 166
4.5.6 Informática e Internet .................................................................................. 167
4.5.7 Gestão acadêmica ........................................................................................ 168
4.5.7.1 Graduação ............................................................................................ 169
4.5.7.2 Pós-graduação e pesquisa .................................................................... 171
4.5.7.3 Extensão ............................................................................................... 174
4.5.7.4 Produção artística ................................................................................. 176
4.5.7.5 Eventos artísticos e científicos ............................................................. 177
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS ........................................................ 179
6. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 184
ANEXO A - ENDEREÇOS NA INTERNET (YOUTUBE) COM MOSTRA DE
PERFORMANCES GRAVADAS AO VIVO ............................................................ 188
ANEXO B - PROJETO VIOLONCELO ONTEM E HOJE .............................................. 190
1
1. INTRODUÇÃO, HISTÓRICO, FORMAÇÃO E PRINCIPAIS VÍNCULOS
PROFISSIONAIS
Esse Memorial é uma das exigências para a solicitação de promoção à Classe E, denominada
Professor Titular, da Carreia de Magistério Superior. O curriculum vitae, no modelo Lattes,
também foi apresentado com os devidos comprovantes para todos os itens dos diversos
Módulos da Plataforma. Portanto, esse documento não apresenta comprovantes, apenas
figuras gráficas que ilustram o documento. Procurei redigir um texto que não fosse uma
repetição do curriculum vitae, ou seja, não vou apresentar listas de disciplinas, projetos,
produtos, cargos, comissões e outros itens. Redigi um texto sobre minha carreira com uma
visão crítica sobre os diversos assuntos aqui tratados. Alguns dos itens que compõem o
currículo foram destacados pela sua importância, para exemplificar e para completar as ideias
aqui discutidas. Além da seção atual, completam esse documento a Seção 2, dedicada à
Docência, Orientação e Banca de Defesa; a Seção 3, dedicada à Produção Intelectual; e a
Seção 4, dedicada à Administração Pública e Acadêmica.
A norma que regulamenta esse documento estabelece que o mesmo pode ser complementado,
quando couber, por "outros meios de expressão". Ao invés de colocar diversos anexos com
imagens, vídeos, gravações, publicações e outros documentos relacionados à minha atividade,
optei por colocar diversos links, ou conexões com a Internet. São dezenas de documentos,
imagens e vídeos que podem ser acessados através da minha página pessoal institucional,
http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, e em outros locais na Internet como o Youtube e
Facebook. Esses links estão no texto e nos Anexos.
A norma exige também, entre outras coisas, a entrega de um exemplar digital a ser destinado
à Coleção Memória Intelectual da UFMG. Isso nos sugere que o Memorial contenha relatos
2
que contribuam para o registro de fatos que marcaram a passagem de quem o escreve pela
UFMG. Procurei então apresentar minha trajetória formativa e profissional de forma a
contribuir também para o registro de fatos históricos relacionados a minha carreira e a minha
passagem pela Escola de Música da UFMG. Uma instituição não é feita de edifícios e
equipamentos que são objetos inertes que não têm ação. Uma instituição é feita de pessoas e
suas ações. É a história da passagem dessas pessoas pela instituição que resultará na história
da instituição. É com a ação dessas pessoas que se constrói a sua história.
1.1. Histórico
Durante minha carreira elaborei diversos pareceres sobre os mais variados assuntos da
administração pública e da gestão acadêmica da universidade. Não resisto a iniciar, portanto,
esse meu Memorial, fazendo um histórico dos principais fatos, normas e documentos que
antecederam a redação do mesmo.
Com a recente alteração no Plano de Carreira dos Professores das Instituições Federais de
Ensino, através da Lei Nº 12.772 de 28 de Dezembro de 2012, alterada pela Lei Nº 12.863 de
24 de Setembro de 2013, foi criada a nova Classe E, com a denominação de Professor Titular.
Até então, Professor Titular era um Cargo Isolado, que somente poderia ser preenchido
através de Concurso Público. O Cargo Isolado de Professor Titular foi preservado e destacado
na nova carreira com o nome de Professor Titular-Livre do Magistério Superior e do Ensino
Básico, Técnico e Tecnológico. Para ter acesso a esse cargo é necessário Concurso Público
com, entre outros requisitos, a obrigatoriedade de defesa de Memorial. O Concurso para
Titular-Livre foi a maneira encontrada, na reforma do plano de carreira, para permitir que
aqueles mais capacitados acelerem sua carreira.
3
Para a presente avaliação de promoção na carreira que ora realizamos, o Ministério da
Educação publicou um documento com diretrizes específicas para a promoção à Classe E,
denominada Professor Titular. É a Portaria Nº 982 de 03 de Outubro de 2013. Essa Portaria
determina que o Conselho Superior da Instituição de Ensino Superior regulamente a
realização desse processo.
Considerando que os primeiros Professores Associados IV completariam o interstício de dois
anos em 02 de Maio de 2014, e até essa data a UFMG não tinha regulamentado esse processo,
a Comissão Permanente de Pessoal do Docente - CPPD da UFMG tomou a iniciativa de
enviar para todas as Unidades Acadêmicas da UFMG o Ofício Circular CPPD 04/2014 de 15
de Abril de 2014. O Ofício Circular orienta os primeiros Professores da Classe D,
denominada “Professor Associado”, que completariam o interstício de dois anos em 02 de
Maio de 2014, e que queriam se submeter à avaliação para a promoção à Classe E, a abrirem
Processo Administrativo protocolizando seu Requerimento na Seção de Pessoal de sua
Unidade. Essa foi uma maneira que a UFMG encontrou para preservar o direito desses
Professores a requerem sua avaliação e garantirem a retroatividade da promoção, caso sejam
aprovados. Os processos deveriam permanecer na Seção de Pessoal da Unidade até que a
UFMG e as Unidades Acadêmicas regulamentassem esse assunto, para então, depois de
documentado, o processo seguisse seu andamento.
Apresentei meu Requerimento de Promoção da Classe D, denominada Professor Associado,
Nível IV, para a Classe E, denominada Professor Titular, Nível Único, no dia 23 de Abril de
2014. Foi então aberto o Processo Nº 23072.016491/2014-76.
A Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, por sua vez, publicou em 29 de Setembro
de 2014, a Resolução 04/2014 do Conselho Universitário que dispõe sobre as progressões e
4
promoções dos integrantes das Carreiras de Magistério em seu âmbito. A partir dessa data, as
Unidades Acadêmicas da UFMG poderiam definir se os seus candidatos deveriam apresentar
um Memorial ou uma Tese, exigência do Artigo 34 dessa Resolução. Entendo também que
para o caso dos primeiros processos protocolizados em Abril de 2014, a Congregação deveria
definir também qual o prazo os mesmos teriam para apresentar todos os documentos
requeridos no Artigo 56 dessa mesma Resolução.
Através de email da Secretaria Geral da Escola de Música de 03 de Junho de 2015 foi nos
comunicado que a Congregação da Escola de Música da UFMG, em reunião realizada no dia
01 de Junho de 2015, decidiu que, no caso dos Professores da Escola de Música, será exigida
a apresentação de Memorial. Após consulta verbal que fiz à Diretoria da Escola de Música
sobre qual o prazo teríamos, eu e outros dois professores que abriram esse processo, para a
entrega do Memorial, recebi um email da Direção da Unidade de 17 de junho de 2015
comunicando que, de acordo com consulta a CPPD, o prazo para a entrega dos documentos
deveria ser determinado pela Congregação da Unidade. Em 07 de Julho de 2015 recebi novo
Email da Secretaria Geral da Escola de Música informando que em reunião realizada no dia
06 de Julho de 2015, a Congregação da Escola de Música decidiu que "professores que já
protocolaram seus pedidos de promoção para a Classe E - Professor Titular e que estejam
interessados em realizar os processos de avaliação no segundo semestre de 2015 deverão
entregar o memorial até o dia 31 de agosto, de acordo com a data constante no Artigo 67,
parágrafo 3º da Resolução 04/2014".
Encerro aqui esse histórico dos fatos que antecederam a elaboração desse Memorial, mas não
sem antes observar que pelas datas relatadas acima, o prazo que nos foi dado para elaboração
desse documento, e da preparação dos outros que fazem parte dos requisitos exigidos para
esse processo, foi demasiadamente curto, mas não impossível de ser realizado.
5
1.2. Formação e principais vínculos profissionais
1.2.1. Iniciação musical e o primeiro emprego
Na minha infância e adolescência tive algum contato com a música. O primeiro foi através
das aulas de música e flauta doce no Colégio Estadual de Minas Gerais. Nesse período, final
da década de sessenta e início de setenta, ainda era oferecido nas escolas públicas o ensino da
música como consequência das iniciativas de Villa-Lobos da década de trinta e interrompidas
em 1972 no governo militar. Além das aulas de música regular, fazia aula de flauta doce
depois do horário da escola, como uma atividade extracurricular. O segundo contato foi
através do Violão, tocando pequenas obras de música popular. Tive também algumas aulas na
loja "A Musical" em Belo Horizonte. Tratava-se de uma aula coletiva aos sábados de manhã,
em um salão em que cada aluno tocava ao mesmo tempo músicas diferentes e o Professor,
Nelson Piló, ia de vez em quando na estante de cada um para dar alguma orientação. Não tive
um bom aproveitamento desse período e não me dedicava ao estudo do instrumento porque já
trabalhava oito horas por dia e estudava à noite.
Trabalho e estudo se misturam na minha carreira. Iniciei minha vida profissional com quinze
anos de idade com meu primeiro emprego como Bancário, função de Contínuo, no Banco
Mineiro do Oeste onde fui contratado em Maio de 1972. Com cinquenta e nove anos de idade
estou, portanto, há quarenta e quatro anos no mercado de trabalho. Considerando meu registro
na Ordem dos Músicos do Brasil, 17 de Junho de 1979, atuo como professor e músico há
trinta e seis anos. Portanto apresento no texto que se segue, concomitantemente, minha
Formação Profissional e meus Principais Vínculos Profissionais, porque não há como separá-
los.
6
FIGURA 1 - Carteira de Trabalho e Carteira da Ordem dos Músicos do Brasil
1.2.2. Descoberta do Violoncelo e da Escola de Música da UFMG em 1976
Minha relação com a Escola de Música da UFMG começou em 1976 quando entrei como
aluno de Violoncelo no recém criado Curso de Formação Musical - CFM, o primeiro curso de
extensão da Escola. Tive sorte porque o CFM foi criado exatamente em 1976.
Descobri o Violoncelo ocasionalmente pouco tempo antes de entrar na Escola de Música.
Nunca tinha assistido a um concerto de orquestra, conhecia mais a música popular brasileira.
Fui a um show do músico Gibran Helayel em que, além do seu instrumento Violão, ele era
acompanhado por uma Flauta tocada pelo ator Carlos Vereza, que recitava também poemas, e
um Violoncelista que não me recordo o nome. Foi o meu primeiro contato ao vivo com o
Violoncelo. Belo Horizonte vivia um momento de crise em relação às suas orquestras e existia
pouquíssima ou nenhuma atividade nessa área naquele período. Já estava pensando em
procurar um instrumento de orquestra para estudar e aquele encontro com o Violoncelo não
me deixou dúvidas, é esse o instrumento que quero aprender. O timbre, a postura e não sei
7
mais o que me atraíram para esse instrumento. Há de se notar que já tinha a idade um pouco
avançada para quem pleiteava uma vida profissional como músico. Quando iniciei o
Violoncelo em 1976 já tinha quase completos vinte anos de idade, trabalhava em um banco e
ainda não tinha completado o ensino básico, uma vez que passei também o período de um ano
servindo ao Exército Brasileiro em 1975. Esses primeiros anos de estudo do violoncelo foram
de muito sofrimento e dúvidas sobre a possível carreira de músico.
Após algumas semanas de aulas no curso de extensão da Escola de Música da UFMG
abandonei o emprego de bancário e passei a me dedicar exclusivamente à música, mas
continuei trabalhando, dando aulas de violão, o meu primeiro instrumento, e tocando em
pequenos eventos. Por um período fui até bolsista da orquestra, mas não como violoncelista.
A Escola de Música não tinha professor de percussão e nem percussionista na orquestra. Um
bolsista, que era realmente um percussionista, chamado Bolão, dominava alguns instrumentos
mas tinha muita dificuldade com a leitura. Ele era da música popular e queria tocar na
orquestra. Então fazíamos uma permuta: ele me ensinava os instrumentos de percussão mais
simples para mim e para outra colega, Paula, e em troca dávamos aulas de teoria para que ele
pudesse ler as partes. Era uma verdadeira aventura. Eu me lembro do Professor Arthur
Bosmans dando entrada para eu tocar o prato na Abertura da Carmen de Bizet e ao mesmo
tempo rindo do meu pavor de acertar os pratos e de entrar no momento certo. Ele me dizia,
"não se preocupe que lhe dou a entrada".
Tive os primeiro contatos com o Violoncelo através do Professor José Luiz Musa Pompeu no
CFM. Após poucas semanas de aulas, o Professor Musa faleceu subitamente. O então Diretor,
Ney Parrela, criador do Curso CFM, foi buscar fora de Belo Horizonte o Professor de
Violoncelo. Watson Clis foi o escolhido, um violoncelista de Belo Horizonte que há alguns
anos atuava e morava no Rio de Janeiro. O Professor Watson Clis foi o responsável pela
8
minha formação básica. Morando no Rio de Janeiro ele não dava aulas semanais, vinha a Belo
Horizonte aproximadamente a cada quinze dias. O curso de extensão CFM dava aos alunos
uma formação em cinco anos preparando-os para o curso superior de música, ou mesmo para
iniciar a carreira profissional de músico, como foi o meu caso.
FIGURA 2 - Estudando Violoncelo em 1979
1.2.3. Primeiro emprego de músico e continuidade de estudos em São Paulo
Minha inserção no mercado de trabalho como músico foi um pouco precoce considerando o
tempo de formação que possuía. Antes de completar o Curso CFM, quando estava no quarto
ano, fiz concurso para a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas - SP e fui contratado
como Violoncelista em Outubro de 1979. Com apenas três anos e meio de estudo de
Violoncelo já estava no mercado de trabalho. Isso foi muito importante para mim porque já
estava acostumado a ter minha renda própria trabalhando desde 1972. Para que pudesse entrar
logo no mercado de trabalho como músico, uma vez que iniciei os estudos de violoncelo com
vinte anos, dediquei-me de maneira determinada estudando de seis a dez horas por dia.
9
FIGURA 3 - Primeiro concerto como músico profissional na Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas
No período em que me mudei para Campinas-SP fiz o vestibular para a Unicamp e fui
aprovado para o Curso de Graduação em Música. Era o segundo ano da criação do curso,
1980, e as habilitações oferecidas eram apenas Composição e Regência. Como esses não eram
da minha área de interesse, abandonei logo o curso, frequentando apenas um semestre. Passei
na seleção para frequentar o Curso Técnico da Escola Municipal de Música de São Paulo.
Como já tinha uma formação básica muito boa no Curso CFM da Escola de Música da
UFMG, fui dispensado das matérias teóricas e frequentei apenas as aulas de Violoncelo com o
Professor Zigmund Kubala. Uma vez por semana me deslocava de Campinas para São Paulo
para as aulas. Frequentei esse curso nos anos de 1981 e 1982.
10
FIGURA 4 - Fragmentos de uma página de jornal sobre turnê de concertos com a OSMC
Um instrumento de qualidade é a primeira coisa que um músico precisa adquirir para exercer
a profissão. Graças a esse emprego pude comprar meu segundo Violoncelo, agora um
instrumento profissional. O instrumento não tem confirmação de autoria mas na etiqueta de
identificação está escrito GAND & BERNARDEL FRÈRES - Luthiers du Conservatoire de
11
Musique - Nº 32 - Paris - 1853 - Palais du Trocadero. Foi adquirido de um Violoncelista
Argentino que trabalhava em São Paulo, Flávio Russo, em 1980 e pago com financiamento
em banco de dois anos. É o meu instrumento há trinta e cinco anos.
FIGURA 5 - Violoncelo Gand & Bernadell Frères
Falo sempre em minhas palestras "Encontro com o Violoncelo" que nós, violoncelistas,
acreditamos que somos os proprietários dos violoncelos, mas isso é uma ilusão. Eles, os
Violoncelos, é que são os nossos proprietários. Passamos alguns anos com eles, depois
morremos e eles vão ser proprietários de outros violoncelistas. O Violoncelo mais antigo que
existe, conhecido como The King, foi construído em uma data aproximada, entre os anos de
1538 e 1560, pelo luthier Andrea Amati (Cremona: ca. 1505 – 1577). Imagine quantos
proprietários ele já teve. The King conheceu luthiers, violoncelistas, escravos, reis, nobres,
vassalos, burgueses, chamou-se basso di viola da braccio, violone, ganhou o sufixo cello e
passou a se chamar violoncello, foi cortado para diminuir de tamanho, trocou de braço, de
barra harmônica, ganhou até alma nova, foi tocado até se cansar e hoje está triste em um
12
museu, somente para ser visto e não tocado, mas não morreu. Muito interessante para ler é o
livro "As Aventuras de um Violoncelo" de Carlos Prieto que trata da história de um
instrumento, de todos os proprietários que ele teve e muitos "causos". O violoncelo foi
construído em 1720 por Stradivari e hoje está, "temporariamente", com o autor do livro.
1.2.4. Retorno à Belo Horizonte, Curso de Graduação em Música da UFMG, novos
empregos na área de música
Em 1983 me desliguei da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas e retornei a Belo
Horizonte e à Escola de Música onde, após ser aprovado no Vestibular, iniciei o Curso
Superior de Música, Bacharelado, Habilitação em Violoncelo.
Durante todo o curso de graduação tive novamente a orientação do Professor Watson Clis, a
quem considero o meu principal Professor. Ele continuava a morar na cidade do Rio de
Janeiro e vinha a Belo Horizonte aproximadamente a cada quinze dias.
FIGURA 6 - Foto recente do Professor Watson Clis em confraternização com ex-alunos,
da esquerda para direita: Abel Moraes, Cláudio Urgel,Sheila Ribeiro, Watson Clis, Firmino
Cavazza e Flávia Lanna
13
Durante boa parte desse período exerci a função de Monitor dando aulas de Violoncelo para
os alunos do Curso de Extensão CFM e, às vezes, tocando também na Orquestra Sinfônica da
Escola de Música. Nesse período de estudo de Graduação na Escola de Música da UFMG
atuei profissionalmente também em instituições e grupos musicais em Belo Horizonte.
Meu primeiro emprego no retorno à Belo Horizonte em 1983, ou trabalho porque não tive
vínculo empregatício, foi na Fundação de Educação Artística - FEA. A FEA é uma Escola de
Música e ao mesmo tempo uma Fundação que promove eventos, que nessa época eram
predominantemente voltados para a Música Contemporânea. Ministrava aulas de Violoncelo e
ao mesmo tempo tocava no Grupo Experimental de Câmara da Fundação de Educação
Artística - GEC-FEA. Os trabalhos do GEC-FEA que realizamos nesse período serão
relatados na seção Produção Intelectual. Permaneci na FEA até 1985 quando abriram-se
diversas oportunidades de emprego para mim ao mesmo tempo, que serão relatados abaixo.
Paralelo às minhas atividades na FEA, participei como autônomo de diversos concertos de
grupos de câmara e orquestras de Belo Horizonte.
FIGURA 7 - Matéria no jornal Estado de Minas em 03 de novembro
de 1983 sobre o GEC-FEA
14
Em julho de 1985 fui contratado como Funcionário da Escola de Música para o cargo de
Técnico em Assuntos Culturais. A partir dessa data passei a ter uma atuação profissional na
Escola de Música da UFMG, com vínculo empregatício que existe até hoje. Atuei na
Orquestra Sinfônica da Escola de Música, na disciplina Música de Câmara, tocando com os
alunos sob a orientação do Professor Hely Drumond, lecionando no Curso de Extensão CFM
e também substituindo, em algumas ocasiões, o Professor de Violoncelo na Graduação.
Nesse mesmo ano, 1985, fui contratado também como Técnico em Assuntos Culturais pela
Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP, através do Instituo de Artes e Cultura - IAC.
Nesse período a UFOP não tinha Curso de Graduação em Música: éramos técnicos que
ministravam aulas nos cursos de extensão e ao mesmo tempo tocávamos em projetos de
divulgação da Música Brasileira do Período Colonial. O Núcleo de Música, como era
chamado então, foi a semente do que é hoje o Departamento de Música do Instituto de
Filosofia, Artes e Cultura - IFAC da UFOP, responsável por, entre outros, um Curso de
Graduação em Música.
Minha Graduação em Música estava ainda em curso nesse ano de 1985, trabalhava na Escola
de Música da UFMG e no Instituto de Artes e Cultura da UFOP, quando prestei concurso para
Músico Violoncelista da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais - OSMG e fui aprovado.
Pretendia deixar o emprego da Escola de Música da UFMG, mas a então Diretora, Professora
Vera Nardelli, não aceitou meu pedido de demissão. Passei então a exercer outras funções e
não tocar mais na Orquestra da Escola, que tinha horário concomitante com o da OSMG. Foi
um desafio manter esses três empregos e ao mesmo tempo concluir o Curso de Graduação em
Música. Foram quase quatro anos de muito trabalho, de muito estudo e de muito aprendizado,
nos anos 1985 a 1988, quando acumulei esses empregos. A partir de 1988, passei a ser
15
Professor com Dedicação Exclusiva na Escola de Música da UFMG, o que fez com que
abandonasse todos esses empregos para me dedicar integralmente ao novo cargo.
Durante meu período na Orquestra Sinfônica de Minas Gerais prestei concurso para o cargo
de Spalla dos Violoncelos, Chefe do Naipe, em 1987 e fui aprovado. Exerci essa função de
liderança dos Violoncelos até o ano em que fui contratado pela UFMG como Professor.
Em Julho de 1986 completei a minha graduação em Música, totalmente voltada para o
Violoncelo. Concluí o curso com três anos e meio, e não em quatro como era o currículo
padrão na época, antecipei um semestre, realizando um Recital com Piano e um Concerto com
a Orquestra Sinfônica da Escola de Música no mesmo semestre.
16
FIGURA 8 - Programas do recital com piano e do concerto com
orquestra realizados em 11 e 13 de junho de 1986 para a formatura
Gostaria nesse momento de falar um pouco da minha árvore genealógica como violoncelista.
Já relatei antes que meu principal professor foi Watson Clis. Tive outros professores mas
aquele que é minha referência técnica, modelo de Escola de Violoncelo, é o Professor Watson
Clis. Watson Clis estudou primeiramente com o Professor José Luiz Musa Pompeu (1916 -
1976) na Escola de Formação Musical da Polícia Militar de Minas Gerais e posteriormente no
Rio de Janeiro com Iberê Gomes Grosso (1905 - 1983). O Professor Musa também
especializou-se com Iberê Gomes Grosso no Rio de Janeiro. Iberê Gomes Grosso foi
primeiramente aluno do seu tio, o Violoncelista Alfredo Gomes e se aperfeiçoou com Diran
Alexanian (1881 - 1954) e Pablo Casals (1876 - 1973) na École Normale de Musique de Paris
- França. Iberê foi o principal Violoncelista Brasileiro na primeira metade do Século XX com
dezenas de estréias e obras dedicadas a ele pelos compositores Brasileiros, tais como, Heitor
Villa-Lobos, Francisco Mignone, Radamés Gnattali, Bruno Kiefer e outros. A Classe Casals,
como era conhecida, era divida por Casals e Alexanian. Casals viajava muito e Alexanian
17
ficava responsável pelas aulas na sua ausência. Alexanian sempre foi o defensor das idéias de
Pablo Casals explicitadas em seu livro Theoretical and practical treatise of the cello.
Portanto, podemos dizer que minha Árvore Genealógica como Violoncelista chega a Pablo
Casals, uma das maiores referências, não só para os Violoncelistas, mas para todos os músicos
durante grande parte da Música do Século XX. No nosso meio sempre brincamos que um
Violoncelista é filho, neto ou bisneto de outro no sentido da formação. Ser, portanto, um
bisneto de Pablo Casals na minha formação é motivo de muito orgulho.
FIGURA 9 - Arvore Genealógica como Violoncelista: Cláudio Urgel, Watson Clis, Iberê Gomes Grosso e Pablo
Casals
18
Não posso deixar de mencionar também a minha maior referência teórica. De todos os livros
que li sobre o Violoncelo, o que mais me marcou e que me ajudou a entender a técnica do
Violoncelo é o livro Cello Technique de Gerhard Mantel.
1.2.5. Professor efetivo da Escola de Música da UFMG, mestrado e doutorado nos
Estados Unidos
Em 1988 fui aprovado em concurso público para ocupar o cargo de Professor da Escola de
Música da UFMG. A ilustração abaixo apresenta a publicação no Diário Oficial da União de
minha nomeação para ocupar o cargo de Professor Auxiliar, Área: Violoncelo. A importância
de apresentar aqui a nomeação é para dar ênfase à área para a qual fui contratado, Violoncelo.
Portanto ocupo esse cargo, Professor de Nível Superior, há 27 anos e apresento agora esse
Memorial visando a promoção à Classe E, denominada Professor Titular. Somando o período
como Técnico em Assuntos Culturais são trinta anos de dedicação à Escola de Música da
UFMG, completados em 05 de Julho de 2015.
Ao redigir esse Memorial e sem resistir ao meu interesse pela história da Escola de Música,
fiz uma pequena pesquisa sobre os professores que me antecederam nesse cargo. Nesse
momento em que a Escola completa noventa anos é importante render homenagem a quem
veio antes de nós e assim, respeitar a nossa história.
19
FIGURA 10- Publicação no Diário Oficial da União da minha nomeação
Essa pesquisa sobre os Professores de Violoncelo da Escola de Música ainda não está
completa, mas encontrei documentos que chegam a 1928. Pode ter havido outro professor de
Violoncelo antes dessa data, uma vez que a Escola iniciou suas atividades em Abril de 1925.
Como não terei mais tempo para essa pesquisa, vou relatar o que encontrei até o momento.
Em um documento do Professor Levindo Lambert, que assumiu a Direção da Escola em 1934,
existe uma lista de Professores em atividade naquela ocasião, entre eles o Professor de
20
Violoncelo Raphaël Hardy, como Professor Interino. Outra evidência são as atas de reuniões
da Congregação do Conservatório. O Professor Hardy participa dessas reuniões a partir de
Novembro de 1928. Raphaël François Amédee Marie Hardy (1893 -1968) foi provavelmente
o primeiro Professor do Conservatório Mineiro de Música, antigo nome da Escola de Música
da UFMG. Hardy era de origem Belga, nasceu na cidade Bruges e veio para o Brasil em 1912.
O Professor Musa, citado anteriormente, o sucedeu. José Luiz Musa Pompeu (1916 - 1976) é
natural de Campanha/MG e foi aluno de Raphaël Hardy no Conservatório Mineiro de Música.
Mais tarde se especializou com Iberê Gomes Grosso no Rio de Janeiro. Como relatado antes
tive umas poucas aulas com o Professor Musa, que morreu enquanto estava ainda em
atividade na Escola de Música. Watson Clis substituiu o Professor Musa. Watson Clis (1942)
nasceu em Belo Horizonte mas vive na cidade do Rio de Janeiro. Watson Clis foi Professor da
Escola de Música da UFMG por dois períodos, primeiro período entre 1976 e 1985, quando
teve que deixar o cargo devido à acumulação com outros cargos públicos. Entre 1985 e 1986
continuou a lecionar na Escola de Música mas com outros vínculos. Não estou certo do nome
do cargo que exerceu, deveria ser Professor Colaborador, Palestrante ou Professor Visitante.
Retornou à Escola de Música da UFMG através de Concurso Público em 1990, dividindo
comigo a disciplina Violoncelo e permaneceu até 1993, quando pediu demissão por não ter
condições mais de lecionar em Belo Horizonte. Como relatado antes, a partir de 1988 me
tornei, o que acredito ser, o quarto Professor de Violoncelo da Escola de Música da UFMG
em seus noventa anos de existência.
21
Raphaël François Amédee
Marie Hardy (1893 -1968)
José Luiz Musa Pompeu
(1916 – 1976)
Watson Clis, 1942
Período:1976 - 1985 e
1990 -1993
Cláudio Urgel Pires
Cardoso (1956)
Período: desde 1988
FIGURA 11- Professores de Violoncelo da Escola de Música da UFMG
Em 1990 fui aceito no Curso de Pós-Graduação Mestrado em Música da University of Iowa -
Iowa City - IA, Estados Unidos. Além da Escola de Música, recebi também o apoio para a
realização do curso da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -
CAPES com bolsa mensal e a cobertura de outras despesas. Parti para os Estados Unidos com
toda a minha família, minha esposa Bernadette, meu filho Tomás, então com três anos de
idade, minha filha Sofia, então com dois anos de idade, e com minha filha Laura, que estava
ainda no ventre de minha esposa. Laura nasceu nos Estados Unidos durante meu mestrado em
Maio de 1991 e tem dupla cidadania. Apesar da família numerosa e os filhos muito jovens,
isso não foi empecilho para realizar o mestrado em um ano e meio e o doutorado em mais
dois anos e meio. Assim, em quatro anos obtive os dois títulos. Minha esposa, Bernadette,
realizou também o Mestrado em Fonoaudiologia, com o apoio do CNPq, no Department of
Communication Sciences and Disorders da The University of Iowa, berço da Fonoaudiologia,
obtendo o título de Master of Arts in Speech-Language Pathology.
A bolsa da CAPES não cobria todas as despesas para uma família de cinco pessoas. Dependia
também do meu salário de Professor Auxiliar, mas vivíamos no Brasil o período a
hiperinflação e meu salário era quase nada quando convertido para o dólar. Portanto tinha que
22
fazer pequenos trabalhos nos Estados Unidos para dar conta de todas as despesas. Dava aulas
particulares em casa e tocava em eventos das igrejas presbiterianas. Toquei diversas vezes
obras com orquestra e coral sendo o primeiro violoncelo, tais como, o Messias de Haendel e o
Réquiem de Fauré. Já estava acostumado a estudar trabalhando e isso não foi um problema.
Obtive o título de Mestre em Julho de 1992 e preocupado em melhorar meus rendimentos nos
Estados Unidos para dar continuidade ao Doutorado, solicitei a Revalidação do Título e em
seguida a minha promoção para a Classe de Professor Assistente, para a qual fui
imediatamente promovido.
Cabe comentar aqui as características desse título acadêmico obtido nos Estados Unidos.
Nesse curso fui orientado pelo professor Charles Gustav Wendt. O título tem o nome de
Master of Arts. É um Mestrado com as características do que estamos chamando hoje no
Brasil de Mestrado Profissional, para diferenciá-lo do Mestrado Acadêmico. Na ocasião do
curso não usávamos esse termo. Basicamente a diferença entre os dois está no trabalho de
conclusão de curso. No Mestrado Profissional esse trabalho pode ser uma dissertação mas
também pode ter outros formatos, como um concerto ou uma composição musical. O curso de
Iowa inclui cerca de trinta créditos de disciplinas práticas e teóricas. Em algumas disciplinas
teóricas temos a oportunidade de escrever diversos trabalhos (Papers) sobre assuntos
relacionados à performance, ao ensino do violoncelo e a assuntos relacionados. Outro
requerimento parcial do curso é a realização de um exame escrito intitulado Comprehensive
Examination. O exame é realizado ao final do curso, encerradas as disciplinas. Três
Professores elaboram questões teóricas sobre todo o curso realizado. Completa os
requerimentos para a conclusão do curso o trabalho de conclusão, que nesse caso é um Recital
de Mestrado. É importante descrever esse curso porque ele teve impacto nas atividades que
realizei durante minha carreira na UFMG nos anos seguintes. Portanto, fui aluno de um
mestrado com ênfase profissional, voltado para a formação de um Violoncelista e Professor
23
do instrumento Violoncelo, que por sua vez vai formar outros Violoncelistas para o mercado
de trabalho. Voltarei a essa questão na próxima seção quando tratar da minha relação com a
Pós-Graduação da Escola de Música da UFMG.
Imediatamente após a conclusão do Mestrado em Música em Julho de 1992, iniciei, com o
apoio da UFMG e da CAPES, o Doutorado em Música. O título tem o nome de Doctor of
Musical Arts - DMA. Meu Professor de Violoncelo e Orientador foi o Violoncelista Charles
Gustav Wendt. Novamente o curso tem a ênfase profissional mas é equivalente aquele que
tem a ênfase acadêmica, intitulado Philosophy Doctor. No DMA os alunos têm de cumprir
alguns créditos, cerca de vinte, em disciplinas práticas e teóricas completando os créditos já
obtidos no mestrado. O Comprehensive Examination, exame final escrito, do doutorado é
elaborado por cinco professores e um conteúdo bem mais abrangente, com duração total de
vinte horas de exame. Paralelo às disciplinas, o aluno precisa realizar quatro Recitais de
Doutorado, que são apresentados durante o curso e não no final. O trabalho de conclusão do
curso, no caso do DMA, é a elaboração de um trabalho teórico que pode tanto ser chamado de
DMA Essay ou DMA Thesis, a critério do candidato e do orientador. Diferente do Brasil, nos
Estados Unidos tese é o termo usado para o trabalho de conclusão de curso do mestrado e o
termo dissertação para o trabalho de conclusão do curso de doutorado. Portanto, o documento
DMA Thesis é equivalente a uma Dissertação de Mestrado. Mas a esse documento final do
curso deve-se somar aos quatro Recitais de Doutorado realizados durante o curso para
completar os principais trabalhos do curso. Por isso é muito importante para aquelas pessoas
que pedem a revalidação de mestrado ou do doutorado obtido no exterior de cursos com essas
características, a apresentação de um Portfólio dos Concertos e Recitais realizados durante o
curso. Optei pelo DMA Essay que foi intitulado The Performance of Violoncello Harmonics.
Durante a defesa me foi sugerido mudar para DMA Thesis, mas preferi manter o título de
DMA Essay. Esse trabalho pode ser acessado na minha página institucional como Professor da
24
Escola de Música, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel. Localize o link Pesquisa e depois
o link do trabalho.
Como no caso do Mestrado apresentei a descrição do curso de doutorado como uma maneira
de demonstrar o impacto que o mesmo teve em toda a minha carreira, em minhas atividades
de Professor e de Violoncelista. Acredito que tenho sido coerente com a minha formação
profissional nas atividades que venho exercendo na Universidade e com as posições críticas
que mantive durante minha carreira sobre a formação e carreira de músicos dentro da
Universidade Brasileira. Em Outubro de 1994 obtive o título de Doutor e logo após retornei
ao Brasil. Em Fevereiro de 1995, após a Revalidação do Título, fui promovido à Classe de
Professor Adjunto.
Tenho na parede do meu gabinete meus diplomas. Sempre olho para eles e acho que eu
deveria ter colocado o histórico escolar. É no histórico escolar que podemos ver toda a
dedicação do aluno ao curso. Apresento na próxima página uma ilustração com o meu
histórico escolar do mestrado e do doutorado. São quarenta e quatro avaliações com conceito
A e três avaliações com conceito B nas disciplinas e atividades que participei. Meu Graduate
Point Average - GPA ou Média Global foi 3.89, enquanto que o máximo que um aluno pode
obter em Iowa é 4.0. Tenho orgulho também desses resultados que compartilho aqui nesse
Memorial enquanto relato minha formação.
Com a mudança na carreira de magistério de Ensino Superior introduzida pela Lei I Nº
11.344, de 8 de Setembro de 2006, foi criada a nova Classe denominada Professor Associado.
Após aprovação por uma Banca Examinadora da Avaliação de Desempenho Acadêmico, fui
promovido à Classe de Professor Associado em Maio de 2006, depois de dez anos e alguns
meses como adjunto IV.
25
As atividades realizadas durante a minha carreira de Professor da Escola de Música da UFMG
serão relatadas nas seções que se seguem desse memorial, na Docência, na Produção
Intelectual e na Administração.
FIGURA 12- Histórico escolar do mestrado e doutorado
1.2.6. Outros vínculos profissionais mas não empregatícios
Paralelo a minha carreira na Escola de Música da UFMG tive outros vínculos que não foram
empregatícios, mas que foram importantes para a minha Produção Intelectual. Os Professores
26
com formação e atividades na área artística precisam sair da universidade para realizar sua
produção intelectual. Se não fizermos isso vamos ficar tocando uns para os outros ou
mostrando nosso trabalho somente para nossa pequena comunidade interna. São diversos os
grupos musicais de que participei, uns com maior vínculo e outros mais ocasionalmente,
realizando concertos, gravações, e outras atividades. Cito alguns desses vínculos com
profissionais e grupos. Tive a oportunidade de tocar com alguns pianistas durante a minha
carreira, tais como, Regina Amaral, Magdala Costa, Celina Szrvinsk, Maria Tereza Madeira,
Rafael dos Santos, Mary Beth Barteau, Wagner Sander, Valeria Gazire, entre outros. Entre os
grupos de câmara está o Grupo Diadorim, formado por Laura von Atzingen, Violino, Sofia
von Atzingen, Viola, Tomás von Atzingen, violoncelo e Cláudio Urgel, violoncelo. O Grupo
é formado por uma família de músicos. Tomás, Sofia e Laura são filhos de Cláudio Urgel e
Bernadette von Atzingen. O Quarteto MinasArte é integrado por duas famílias de músicos
mineiros. Fernando Pacífico é primeiro Flautista da OSMG e professor da UEMG e sua filha
Martha Pacífico, Violinista, é integrante da Filarmônica de MG; Sofia von Atzingen, Violista,
é filha de Cláudio Urgel e acaba de concluir o mestrado em música na Alemanha. O fato de
ter na Escola de Música da UFMG o Conjunto de Violoncelos formado por mim e pelos
alunos, associado à prática de realizar constantemente transcrições para essa formação, me
levou a criar o grupo Cellos de Minas. O quarteto “Cellos de Minas” é formado por quatro
violoncelistas destacados do cenário musical de Belo Horizonte: Antônio Viola, Cláudio
Urgel, João Cândido e Sérgio Rabello. O grupo teve origem a partir da convivência de seus
integrantes na Escola de Música da UFMG, onde todos concluíram o bacharelado. Esses são
apenas alguns exemplos dos músicos e grupos com quem realizei parte da minha produção
artística. Durante a seção Produção Intelectual esses grupos e outros serão detalhados e a sua
produção apresentada.
27
2. DOCÊNCIA, ORIENTAÇÃO E BANCA DE DEFESA
A docência completa a atividade do músico instrumentista. Através da docência nós pensamos
a técnica e a interpretação musical. Somos obrigados a questionar a nós mesmos e crescemos
como artistas realizando esse exercício de autoconhecimento técnico-musical. No caso dos
professores que ensinam o repertório dos instrumentos no nível da graduação, a atividade de
ensino não será satisfatória se não tivermos a experiência prática, a vivência com esse
repertório. Por essa razão é muito importante que professores de instrumento no nível superior
sejam também intérpretes, com vida musical ativa, ou que tenham exercido essa vida musical
ativa por muitos anos.
Iniciei minha docência em música, instrumento violoncelo, quase ao mesmo tempo que iniciei
minha atividade profissional de instrumentista de orquestra. Se como músico profissional
contabilizo trinta e sei anos de carreira, como professor de violoncelo contabilizo trinta e
cinco anos de carreira. Foi em Americana, São Paulo, onde obtive meu primeiro trabalho
oficial como professor de violoncelo, ensinando crianças e adolescentes em um projeto da
Prefeitura Municipal de Americana. Isso aconteceu em 1981 quando trabalhava na Orquestra
Sinfônica de Campinas - SP, cidade vizinha à Americana, e desde então não parei mais de
lecionar o Violoncelo em diversos níveis, da iniciação em cursos livres e de extensão ao curso
superior. Lecionei em projetos como esse de Americana, na Fundação de Educação Artística -
FEA em Belo Horizonte, em aulas particulares, como Monitor de Graduação e cursos de
extensão da UFMG, em diversos festivais de música nos períodos de férias, em oficinas e
masterclasses, na graduação e na pós-graduação em música da UFMG.
O Violoncelo tem uma história aproximada de quinhentos anos, isto é, há cerca de quinhentos
anos estamos estudando, pesquisando e procurando as melhores maneiras de tocar esse
28
instrumento. O repertório inclui obras de diversos estilos de época que construíram uma
linguagem idiomática para o Violoncelo. As obras para Violoncelo começam a ser compostas
no final do Renascimento, século XVI, período em que o instrumento era denominado "Basso
di Viola da Braccio", e tinha ainda um papel de acompanhador nos grupos musicais. Já no
início do período Barroco, o Violoncelo passa a realizar um dos papeis do chamado "Baixo
Continuo" e nesse mesmo período, graças ao seu desenvolvimento como instrumento, ganhou
as primeiras obras como solista, em obras solo, sonatas e concertos. É também durante o
período Barroco que recebe o nome que tem até hoje, Violoncello em Italiano. Nos períodos
seguintes o Violoncelo continua sendo agraciado com obras dos principais compositores
Clássicos, Românticos, e de diversos estilos do período chamado Moderno, Século XX, como
o Impressionismo, o Expressionismo, o Neoclassicismo, Música que reúne instrumento e as
novas tecnologias com a utilização do computador, o Minimalismo, entre outras tendências
estéticas, chegando à música contemporânea do Século XXI. Esse repertório inclui música
orquestral, música de câmara e música solo. Portanto são quinhentos anos de repertório e
técnica a se estudar e ensinar. São técnicas as mais variadas, desde as tradicionais e chegando
as novas denominadas técnicas estendidas. Para sermos capazes de lidar com todo esse
repertório e com a linguagem idiomática do violoncelo precisamos pesquisa, praticar muito e
desenvolver materiais para o seu ensino.
Ensinar o Violoncelo sempre foi uma coisa muito natural para mim, uma vez que como
Violoncelista, estou diariamente em contato com o instrumento e buscando a melhor maneira
de resolver os problemas apresentados pelo repertório. Não sou um talento acima da média,
portanto, tudo que aprendi foi graças a minha dedicação e persistência e a minha inteligência.
Digo sempre que o violoncelo me tornou mais inteligente. A paixão e a vontade de aprender
era tanta que tive que estudar sempre tentando entender as minhas limitações e procurando,
através da orientação de meus professores e de meus esforços individuais, entender a técnica
29
do violoncelo para superar os desafios de tocar esse instrumento. Ao lecionar, sempre busquei
desenvolver apostilas que facilitassem o meu ensino, já que temos muito pouco material na
língua portuguesa para usar como livro texto ou material de ensino na sala de aula.
Apresentarei junto às disciplinas, as apostilas criadas para apoio às aulas.
2.1. Graduação
2.1.1. Violoncelo
O ensino no curso de graduação pressupõe que os alunos tenham uma formação básica em
música e no instrumento. Acredito que para uma formação básica de violoncelo sejam
necessários cerca de cinco anos com boa orientação de professor, material adequado e uma
dedicação do aluno de duas à quatro horas diárias de estudo. Complementam essa dedicação
diária ao instrumento, disciplinas como a percepção musical e outras. Infelizmente não é esse
o aluno que recebemos na Universidade. A maioria deles chega na Universidade sem a
formação básica adequada. Essa heterogeneidade dos alunos causa grande transtorno, apesar
de cada aluno ser uma turma e, portanto, poder ter um programa ou conteúdo programático
individualizado e adequado ao seu nível técnico-musical. Alunos que estão em um mesmo
período precisam ter uma correspondência entre as obras e o material técnico que estudam.
Diante da responsabilidade do professor, do curso e da Universidade de formar um
profissional para o mercado de trabalho, não nos resta outra alternativa senão reter esses
alunos e, quando possível, ofertar a disciplina Instrumento Complementar para esses alunos
mais fracos. Por isso muitos alunos não formam dentro dos quatros anos do período padrão de
curso. Sabemos que a retenção é um problema porque incha o curso, mas não temos outra
alternativa diante de nossa responsabilidade formadora de músicos profissionais. Pior que a
30
retenção é a evasão de estudantes, o que provoca um sentimento de incapacidade do professor
em lidar com problemas dessa natureza.
No Curso de Graduação em Música leciono a disciplina Violoncelo oficialmente desde 1988,
mas devido a problemas de falta de professor lecionei também antes dessa data, quando
exercia ainda o cargo de Técnico em Assuntos Culturais, isto é, a partir de 1985. É a minha
principal disciplina, está dentro da minha área de atuação, área de concurso, sendo obrigatória
para todos os alunos da Habilitação Violoncelo. A disciplina é dividida em oito períodos. É a
principal disciplina da Habilitação em Violoncelo da Modalidade Bacharelado do Curso de
Graduação em Música da UFMG. No currículo antigo, a disciplina era seriada do período I ao
VIII. No currículo atual recebe apenas o nome Violoncelo, sem a seriação, mas os alunos
precisam da aprovação em oito períodos dessa disciplina para completar os créditos exigidos
para a mesma no currículo.
O conteúdo da disciplina Violoncelo abrange o repertório descrito acima de cerca de
quinhentos anos de música. Inclui também exercícios de técnica de mão esquerda e arco.
Apesar dos quinhentos anos de existência, a primeira publicação de um material de ensino do
Violoncelo só ocorreu em 1741 por Michel Corrette (1707 - 1795). Hoje trabalhamos com
materiais de ensino de diversos períodos históricos. Alguns muito antigos mas que não
perderam a sua importância. Completam o material de ensino as publicações chamadas
"Estudos", como os de Jean Louis Duport (1749 - 1819), David Popper (1843 - 19013) e
outros. Estudos são obras compostas por Violoncelistas/Compositores que escolhem um ou
mais tópicos técnico-musicais da performance do instrumento e os exploram à exaustão, de
forma a mais criativa possível, para que os instrumentistas desenvolvam essa habilidade.
Dessa maneira, ao encontrar esse problema técnico-musical em uma passagem musical do
repertório, o Violoncelista poderá executá-la sem nenhuma dificuldade. Cada aluno tem seu
31
Diário de Classe e é, portanto, uma turma recebendo aulas individuais. Para cada aluno é
montado um programa semestral, baseado no conteúdo da disciplina.
FIGURA 13 - Lecionando Violoncelo no gabinete - Aluna Suely Guimarães
Outra característica do aluno e do curso Bacharelado em Música é que não se dá ênfase a
trabalhos teóricos ou a pesquisa. O foco de um estudante de graduação em música,
bacharelado em instrumento, é a prática, é a preparação para o mercado de trabalho na área de
performance e a pedagogia do instrumento. Digo sempre para os meus alunos: menos do que
quatro horas de prática diária do instrumento, é melhor pensar no Plano B para a carreira,
porque não vai ter chance no mercado de trabalho como instrumentista de orquestra. Portanto,
com raras exceções, o estudante graduação em Violoncelo não se envolve em programas
como os de Iniciação Científica. Isso é verificável quando analisamos o histórico escolar de
estudantes das habilitações em instrumento e canto da Escola de Música da UFMG. Mesmo
tendo a opção de cursar optativas em outras áreas que não a sua específica, raramente os
alunos fazem isso. Na ilustração abaixo temos o exemplo de três percursos diferentes no
nosso Curso de Graduação em Música. O aluno de Violoncelo é o que faz o menor número de
créditos, o mínimo. Isso é comum nos alunos de instrumento e canto. Volto a essa figura mais
tarde para explicá-la melhor.
32
FIGURA 14 - Quadro comparativo de alunos do Curso de Graduação em Música para a avaliação do INEP
Semestralmente é realizada uma Audição Pública dos alunos da disciplina e ao final de cada
semestre é realizado o Exame com Banca formada por professores da área. No Quinto Período
33
do curso o aluno faz um Recital de pequena duração e no último semestre o Recital de
Formatura com duração mais longa. Para auxiliar o ensino do violoncelo, criei uma apostila
intitulada "Estudo Técnico Avançado do Violoncelo". Essa apostila tem instruções aos alunos
de como realizar os estudos diários e contém diversos materiais para a prática diária do
instrumento, meus e de outros autores. Essa apostila assim como outras informações sobre
essa disciplina podem ser obtidas na minha página pessoal,
http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, localizar a seção Disciplinas e selecionar a
disciplina Violoncelo. Entre outros itens está um Modelo de Cronograma ou Plano de Aulas,
já que o mesmo é Individual. Alguns materiais exigem senha para serem abertos. A senha é a
palavra "casals".
2.1.1.1. Audição pública da classe de Violoncelo
Semestralmente os alunos se apresentam em uma Audição Pública por mim organizada. São
eventos que exigem bastante trabalho de organização por parte do professor como a reserva
de auditório, a escolha de obras, a montagem do programa, os ensaios com pianistas entre
outras ações. Não é uma atividade obrigatória da disciplina instrumento e por isso alguns
professores fazem e outros não. Acho importantíssima essa atividade porque é uma maneira
do aluno verificar o seu desenvolvimento e vivenciar uma situação profissional real, que é a
apresentação para o público. Portanto, na minha disciplina é uma atividade obrigatória e tem
avaliação. As audições são também uma preparação para o Exame com Banca que é realizado
por todos os alunos no final do semestre. A Audição combina atividades da Disciplina
Violoncelo e da Disciplina Oficina de Performance, que será relatada abaixo. Uma das
atividades da disciplina Oficina de Performance que será relatada é o Conjunto de
Violoncelos, que sempre se apresenta no encerramento da Audição. Diversos programas das
audições, fotos, áudio e vídeo podem ser acessados na minha página de Professor,
34
http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, localizando a seção Disciplinas e selecionando a
disciplina Violoncelo. Realizamos também um evento de Confraternização da turma, o que
aproxima alunos e professor para que tenhamos também um bom relacionamento durante todo
o curso.
FIGURA 15 - Encerramento da audição com o Conjunto de Violoncelos em 2006, cartazes de recitais de V
período e formatura em 2015, confraternização após a audição em 2015, oficina de performance em 2015
Fico sempre contente ao saber de alunos que passaram por nossa Escola e que estão
realizando Pós-Graduação no Brasil ou no Exterior em Performance Musical e Ensino do
Violoncelo ou que estejam atuando em Escolas e Orquestras de todo o país. Um exemplo é o
35
Naipe de Violoncelos da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, onde sete dos oito
Violoncelistas que compõem o Naipe de Violoncelos foram meus alunos. São eles: Antônio
Afonso Gonçalves (Graduação e Mestrado), Sheila Sampaio Ribeiro (parte de Graduação e
Mestrado), Sérgio Rabello (Graduação), Paula Thaís Mendes (Graduação), João Cândido
(Graduação), Carlos Márcio Bicalho (Graduação), Demósthenes Júnior (Extensão). Firmino
Cavazza, o oitavo membro, teve aulas eventuais comigo. Outro exemplo é a Orquestra da
Polícia Militar de Minas Gerais que dos cinco violoncelistas que compõem o naipe de
violoncelos, dois foram meus alunos, Maria Tereza Vieira Araújo e Douglas Santiago Penha.
FIGURA 16 - Orquestra Sinfônica de Minas Gerais - OSMG e Orquestra Sinfônica da Polícia Milita r de Minas
Gerais
2.1.2. Orientação para estagiários de Violoncelo
O Violoncelo está nos cursos de extensão da Escola de Música desde que eles existem, isto é,
desde a década de setenta. Na verdade a primeira versão dos cursos de extensão da Escola de
Música, o chamado CFM – Curso de Formação Musical, foi uma adaptação ao modelo
universitário do antigo Curso Básico do Conservatório Mineiro de Música. Aos poucos esse
curso foi sendo modificado e outros sendo criados para se adaptar ainda mais ao modelo
universitário e às mudanças na Escola de Música no que se refere ao Curso de Graduação,
Pós-Graduação e ao seu Corpo Docente. No modelo antigo, CFM, os professores davam aulas
36
e as mesmas eram consideradas parte de sua carga didática. Hoje o professor que leciona seu
instrumento em um desses cursos, e são muito poucos, recebe uma remuneração como
prestação de serviços. Na maioria dos cursos de instrumentos e canto oferecidos na extensão,
e é o caso do Violoncelo, a responsabilidade pelas aulas fica a cargo de alunos da Graduação
ou da Pós-Graduação, como estágio remunerado. Em diversas oportunidades, desde a década
de noventa quando muitas mudanças foram realizadas nesses cursos, tive a oportunidade de
orientar meus alunos para lecionarem tanto no antigo CFM, como nos cursos mais novos
como o CMI e CEM-INC. Sempre recomendo também que frequentem a disciplina Didática
dos Instrumentos - Cordas como auxílio na sua preparação para ser professor.
2.1.3. Disciplinas optativas do Curso de Graduação em Música
Além da Disciplina Violoncelo, leciono também disciplinas optativas relacionadas à minha
área de atuação principal e também de outras áreas não afins. A oferta de disciplinas optativas
em outras áreas teve principalmente o objetivo de atender as demandas do currículo atual do
Curso de Graduação em Música da UFMG abaixo explicado.
O Curso de Graduação em Música da UFMG fez no início dos anos dois mil uma reforma
curricular dentro do espírito da flexibilização curricular proposto pelo Conselho Nacional de
Educação. As Diretrizes Curriculares substituíram o antigo Currículo Mínimo da Área de
Música elaborado na década de sessenta.
Tendo como Relator do Projeto o Professor Flávio Barbeitas, então Coordenador do Curso de
Graduação em Música, foi criada uma estrutura curricular em que praticamente cinquenta por
cento da grade, no caso da área de cordas, pode ser montada pelo aluno, escolhendo uma
trajetória que lhe interessa dentro do curso. Dentre outros aspectos, foram criados cinco
37
grupos de disciplinas optativas nas diferentes áreas de conhecimento musical. Como membro
de uma Comissão da Escola de Música que preparou a documentação do curso para receber a
Comissão de Avaliadores do INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (2008-2009), preparei o documento acima citado, FIG. 14, intitulado
"Exemplo de Três Percursos Possíveis - Baseado em Três Históricos Escolares Reais". Esse
documento demonstra as principais características do nosso Curso de Graduação em Música.
O atual currículo está novamente em fase de mudança, o que provavelmente irá afetar os
grupos de optativas, mas no momento continuam sendo ofertadas as disciplinas nos cinco
grupos. Um dos motivos dessa mudança é que não estamos sendo capazes de ofertar um
número adequado de disciplinas em cada grupo. Os alunos até apelidaram algumas disciplinas
de "Opitatórias". Atuei nos cinco grupos citados acima e apresento abaixo cada uma das
disciplinas que lecionei, da minha área de atuação e de outras áreas não afins, para assim
contribuir para a manutenção de oferta nos cinco grupos.
2.1.3.1. Oficina de Performance
Disciplina pertencente ao Grupo 3: Música de Conjunto e Práticas Interpretativas. A
Disciplina Oficina de Performance complementa as atividades da Disciplina Violoncelo. É
uma aula de instrumento coletiva em que os alunos de Violoncelo apresentam as obras e
"estudos" que fazem parte do seu programa individual. Além da apresentação individual dos
alunos, outros conteúdos são trabalhados, tais como, estudo de excertos orquestrais, estudo
técnico coletivo, grupo de violoncelos, apresentações de vídeos instrucionais e palestras sobre
assuntos relacionados à técnica e performance do Violoncelo. Como não faz parte do quadro
de disciplinas obrigatórias, não é ofertada por todos os professores. Oferto a Oficina
regularmente, todos os semestres. Em todos esses anos de existência da disciplina devo ter
38
ficado apenas um semestre sem ofertá-la. Acredito na aula individual de instrumento para
formar um instrumentista profissional. Isso é fácil de verificar quando recebemos alunos de
escolas e projetos sociais que trabalham somente com a aula coletiva. Alunos com sete ou oito
anos nesse sistema chegam com o desenvolvimento de um que tem dois ou três anos de aula
individual. Mais grave que a lentidão na formação são os problemas ou vícios gerados pela
falta de um acompanhamento individual do professor, muitas vezes irreparáveis. Gerhald
Mantel afirma: “Concepções motoras incorretas são quase que mais destrutivas que a
ignorância dessas complexas relações. Elas contradizem o que o executante faz e sente. A
discrepância entre a concepção do movimento e o movimento propriamente dito levará a uma
atividade muscular errada, desconforto e tensão muscular.” A aula coletiva de instrumento é
complementar e deveria ser obrigatória e não optativa. É uma oportunidade dos colegas
aprenderem uns com os outros e é também uma oportunidade do professor apresentar
conteúdos importantes para todos de uma maneira coletiva. Uma das atividades da disciplina
é o Conjunto de Violoncelos que se apresenta na audição semestral da disciplina e, às vezes,
em eventos da Escola de Música. O Conjunto de Violoncelos executa, além de obras
originais, transcrições e arranjos realizados por mim para essa formação instrumental. Esse
material, além de ser ensino, é também uma importante Produção Intelectual do Professor e
será discutida na seção seguinte. Mais informações sobre essa disciplina e os materiais de
ensino podem ser obtidas na minha página pessoal: http://musica.ufmg.br/claudiourgel.
Depois de acessar a página, procurar pela seção Disciplinas e clicar em Oficina de
Performance. Entre outros itens está o Cronograma ou Plano de Aulas da última vez que a
disciplina foi ofertada. Alguns materiais exigem senha para serem abertos. A senha é a
palavra "casals".
39
FIGURA 17 - Concerto do Conjunto de Violoncelos da disciplina Oficina de
Performance no Auditório da Reitoria, IX Congresso Nacional de Fonética e Fonologia
2.1.3.2. Instrumento Complementar
Disciplina pertencente ao Grupo 3: Música de Conjunto e Práticas Interpretativas. A
Disciplina Instrumento Complementar - Violoncelo é ofertada a alunos de outras Habilitações
e Modalidades do Curso de Graduação em Música (que não seja a Habilitação Violoncelo).
São geralmente alunos das Habilitações Regência, Composição e principalmente para a
Modalidade Licenciatura em Música. É oferecida quando temos carga didática disponível
para atender a essa demanda que é expressiva no caso da Modalidade Licenciatura em
Música. Na UFMG, a Modalidade Licenciatura em Música do Curso de Graduação não
oferece disciplinas regulares de instrumentos de orquestra. Atualmente não tenho carga
horária disponível para essa oferta. Essa é uma demanda histórica dos alunos da Licenciatura
e Professores de Educação Musical. Para que a Escola de Música possa ofertar as disciplinas
de instrumento de orquestra para os Licenciandos teríamos que aumentar muito o quadro de
professores de instrumento ou reduzir vagas do Bacharelado em Instrumento. O Conteúdo
dessa disciplina é a iniciação ao instrumento.
40
2.1.3.3. Excertos Orquestrais para Violoncelo
Disciplina pertencente ao Grupo 3: Música de Conjunto e Práticas Interpretativas. O estudo de
excertos, ou trechos orquestrais, é hoje conteúdo obrigatório para todos os alunos de
instrumento de orquestra. Antigamente os concursos para músico de orquestra no Brasil
exigiam peças de livre escolha do repertório solo do instrumento e leitura à primeira vista de
um trecho orquestral. Essa metodologia de seleção de músicos para orquestra mudou. Hoje
todos precisam saber um concerto que será peça de confronto. No caso do Violoncelo inclui
um dos Concertos de Haydn, Ré Maior ou Dó Maior, outro concerto ou obra para a Livre
Escolha, dois movimentos contrastantes das Suítes de Bach e uma Lista de Trechos
Orquestrais que cada ano aumenta mais. Portanto, os Trechos Orquestrais ou Excertos
Orquestrais precisam estar no conteúdo de alguma disciplina. Já experimentei incluir esse
conteúdo na disciplina principal do instrumento, nesse caso Violoncelo, na optativa Oficina
de Performance e nessa disciplina com conteúdo exclusivo que ora discutimos. Temos
informações de que em alguns cursos da Europa e dos Estados Unidos esse conteúdo tem sido
ministrado em disciplinas próprias para isso, como a que estou relatando, devido a sua
importância profissional na atualidade, isto é, a preparação para os exames de orquestra.
Devido ao impacto que essa disciplina tem na minha carga horária didática, não ofereci mais
essa disciplina separadamente. Atualmente ofereço esse conteúdo em algumas aulas da
disciplina Oficina de Performance. Escolhemos um edital de Concurso para Orquestra e
trabalhamos os trechos que cairão na prova como treinamento para concursos. A formação
técnica e musical para a performance desses trechos orquestrais é a mesma que está nas obras
do programa da disciplina Violoncelo. Mais informações sobre essa disciplina e os materiais
de ensino podem ser obtidas na minha página pessoal: http://musica.ufmg.br/claudiourgel.
Depois de acessar a página, procurar pela seção Disciplinas e clicar em Excertos do
Repertório Orquestral: Violoncelo. Entre outros itens está o Cronograma ou Plano de Aulas
41
da última vez que a disciplina foi ofertada. Alguns materiais exigem senha para serem
abertos. A senha é a palavra "casals".
2.1.3.4. Notação Musical no Computador - Programa Finale
Disciplina pertencente ao Grupo 5: Música e Tecnologia. No caso dessa disciplina distancio-
me da minha área de atuação principal, Violoncelo. Aproveitando conhecimentos adquiridos
como usuário do Programa Finale da empresa Make Music, criei uma disciplina para o ensino
desse aplicativo. Comecei a usar o Finale enquanto era ainda aluno do mestrado em música
nos Estados Unidos em 1991. Como usuário, escrevi diversos materiais de ensino assim como
transcrições e arranjos para grupos de violoncelos e outras formações instrumentais. Percebi
que colegas professores, músicos da orquestra da escola e os alunos tinham dificuldades com
o uso desse programa. Passei então a oferecer cursos para colegas professores, para
funcionários músicos da escola e para os alunos dos cursos de extensão, graduação e pós-
graduação.
Para lecionar esse curso criei uma apostila, primeiro para a versão 2003 e depois para a versão
2008 com o mesmo nome da disciplina. O conteúdo do curso sempre foi basicamente uma
tradução que fiz do Tutorial acrescido de algumas seções criadas por mim para abordar temas
relacionados à música brasileira e contemporânea, a traduções de termos e transcrições não
tratados pelo Tutorial. Faz parte do conteúdo e do trabalho final da disciplina a edição de uma
obra que esteja em manuscrito como parte do trabalho para a avaliação. Mais informações
sobre essa disciplina, a apostila e outros materiais de ensino podem ser obtidas na minha
página pessoal: http://musica.ufmg.br/claudiourgel. Depois de acessar a página, procurar pela
seção Disciplinas e clicar em Notação Musical no Computador. Entre outros itens está o
42
Cronograma ou Plano de Aulas da última vez que a disciplina foi ofertada. Alguns materiais
exigem senha para serem abertos. A senha é sempre a palavra "elanif".
2.1.3.4.1. Laboratório de Apoio às Disciplinas Teóricas
A Escola de Música tem um órgão complementar denominado Centro de Pesquisa em Música
Contemporânea - CPMC. Esse órgão já passou por diversas reformulações e exerceu
diferentes papeis durante a sua existência. Uma de suas funções foi organizar e coordenar
atividades em laboratórios da Escola de Música. Entre eles está o Laboratório de Apoio às
Disciplinas Teóricas. Esse laboratório tem a função de servir a disciplinas do curso de música
que utilizam o computador. É uma sala com diversos computadores, teclados Midi, acesso a
Internet e diversos aplicativos. Com o desenvolvimento da tecnologia, o barateamento dos
notebooks e dos aplicativos, ele tem aos poucos se tornado obsoleto, mas ainda está em uso na
Escola de Música e exerce uma importante função. Diversos conteúdos são ministrados no
mesmo. Entre esses conteúdos destacamos a disciplina que ora discutimos, a Notação Musical
no Computador.
Coordenei por vários anos esse laboratório, apoiando a todos os professores e alunos que
precisavam utilizá-lo, seja para as aulas de suas disciplinas, seja para projetos que dependiam
do computador. O Laboratório foi fundamental para que a disciplina tivesse êxito.
FIGURA 18 - Laboratório de Apoio às Disciplinas Teóricas
43
2.1.3.4.2. Projeto de ensino: Iniciação à Docência em Disciplinas e Atividades que
Utilizam a Notação Musical no Computador
Para que o Laboratório de Apoio às Disciplinas Teóricas tivesse um melhor aproveitamento
por professores, funcionários e estudantes, elaborei projetos de ensino para obtenção de
recursos e bolsas para que monitores mantivessem o laboratório aberto para que outros
pudessem também utilizá-lo.
Durante os anos de 2003 a 2008 mantive projetos de ensino com bolsa de monitoria nesse
laboratório. Primeiro, em 2003, participando do projeto Práticas Musicais com Suporte de
Novas Tecnologias nos Laboratórios do Centro de Pesquisa em Música Contemporânea -
CPMC apoiado pela UFMG e depois, de 2004 a 2008, com o meu próprio projeto, que dá
título a essa seção do memorial. Em todos os anos participamos da Semana do Conhecimento
da UFMG apresentando Posters do Projeto. Abaixo está a ilustração de um desses Posters
apresentados.
Observei, com o passar do tempo, que a demanda pelo uso do Laboratório fora dos horários
das disciplinas foi diminuindo com barateamento do computador e aplicativos. Parei então de
reapresentar o projeto para obter bolsas de monitoria. O Laboratório continua sendo usado
mas não tem mais horário aberto para os estudantes frequentá-lo, a não ser aqueles que estão
trabalhando em um projeto específico e os professores que o utilizam para dar aulas ou uma
atividade com apoio do computador.
Essa atividade de orientação de monitores rendeu vários frutos. Além das obras editadas que
serão relatadas abaixo, monitores como Jônatas de Souza Reis se tornou um Editor respeitado
e muito procurado por compositores. Maiores informações sobre o trabalho de Jônatas pode
44
ser acessado no endereço http://souzareiseditoracaodepartituras.blogspot.com.br. Jonatas tem
participado de vários projetos na Escola de Música e tem se destacado como compositor
recebendo diversos prêmios como o Tinta Fresca da Orquestra Filarmônica de Minas Geais,
Edição 2015.
FIGURA 19 - Poster sobre o projeto de ensino acima apresentado, 2008
45
Outros Monitores passaram pelo projeto nesses anos, entre eles estão: Rafael Nassif (hoje
compositor com vários prêmios acumulados), Willsterman Sottani Coelho (professor da
UFSJ), Daniel Costa de Souza, Lourenço Carvalho Silva e Gustavo Laporte Amaral.
Os Relatórios de Atividades e os outros Posters do Projeto podem ser visualizados na minha
página http://musica.ufmg.br/claudiourgel. Depois de acessar a página, procurar pela seção
Disciplinas e clicar em Projetos de Ensino - Orientação de Graduação. Alguns materiais
exigem senha para serem abertos. A senha é sempre a palavra "elanif".
FIGURA 20 - Exemplo de obra editada no projeto: "Abertura da Ópera Tiradentes" Manoel Joaquim de
Macedo (1847 -1925)
46
FIGURA 21 - Exemplo de obra editada no projeto: "La vivion de los vencidos" Eduardo Bértola (1939-
1996), ex-professor da Escola de Música
2.1.3.4.3. Banco de dados Laboratório de Edições
Depois de anos lecionando essa disciplina construí um banco de dados, juntamente com os
monitores, com informações sobre os meus trabalhos, dos alunos e monitores que
frequentaram a disciplina e realizaram edições no laboratório. Todos esses trabalhos foram
coordenados por mim. São mais de trezentas obras editadas. Para serem usados, seja para a
performance, seja para a publicação, esses materiais precisam de uma boa revisão. Eu mesmo
já usei diversos deles para meus trabalhos de transcrição e performance.
Denominei esse trabalho de Laboratório de Edições. Entre as obras mais importantes que
fazem parte desse banco de dados estão: a Abertura da Ópera Tiradentes de Joaquim Manoel
de Macedo; as obras de Eduardo Bértola, Grandes Trópicos e La visión de los vencidos;
Retratos do Tempo de Gilberto Carvalho, Quarteto de Cordas de Glauco Velasquez, Sonata
47
Violoncelo e Piano de Helza Cameu, e muitas outras obras. Todos os arquivos digitados no
Finale ficam em uma pasta e estão numerados. A consulta ao banco de dados pode ser feita
por compositor ou por formação instrumental. Após consultar o banco de dados e identificar a
numeração do arquivo, o mesmo pode ser consultado nesta pasta.
O Poster da apresentação na XII Semana da Graduação da UFMG disponível na minha
Webpage mostra esse trabalho. O Banco de Dados completo também pode ser acessado em
minha página. Acessando-o sabemos que obras foram editadas, mas o arquivo digitado não
está presente na Internet. Se algum colega quiser utilizar esse material basta entrar em contato
comigo, uma vez que os arquivos não estão disponíveis na Internet. Esse banco de dados pode
ser acessado na minha página pessoal: http://musica.ufmg.br/claudiourgel. Depois de acessar
a página, procurar pela seção Disciplinas e clicar em Notação Musical no Computador e
depois no link Laboratório de Edições para acessar o arquivo com o Banco de Dados e o
Arquivo com instruções para a Consulta no mesmo endereço. A senha para abrir esses
arquivos é "elanif".
FIGURA 22 - Exemplo de consulta ao banco de dados com lista de parte das obras do compositor Cláudio
Santoro editadas no lab. e lista dos arquivos digitados no Finale
48
2.1.3.5. Empreendedorismo na Área de Música
Essa disciplina pertence ao Grupo 2 de Optativas: Teoria e Pesquisa em Música. Basicamente
a disciplina apresenta conceitos básicos sobre o Empreendedorismo e sua aplicação na área de
música, em especial na elaboração de projetos para programas de apoio à cultura. Vários
assuntos foram tratados relacionados à identificação de oportunidades de estudo, trabalho e a
criação de empresas como a Empresa Júnior e o Microempreendedor Individual. Sempre
enfatizamos que uma pessoa empreendedora não é somente aquela que abre um negócio e
ganha muito dinheiro. Podemos ter um professor empreendedor dentro de sua organização, ou
um padre dentro de sua comunidade ou o gerente de uma empresa. Qualquer carreira para ser
bem sucedida precisa de um bom grau de empreendedorismo. Cada um de nós faz as suas
escolhas de carreira, seja montado o próprio negócio, seja trabalhando dentro de uma
organização pública ou privada. Convidamos outros professores e técnicos para falar de suas
carreiras e suas áreas de atuação.
Entre as atividades da disciplina sempre incluí no conteúdo a apresentação da Empresa Junior,
com auxílio de estudantes de outras áreas da UFMG e outras Universidades. Empresa Junior é
uma empresa sem fins lucrativos, formada exclusivamente por estudantes de graduação e que
tem como principal objetivo o de iniciar a inserção de estudantes no mercado de trabalho,
realizando um treinamento real na gestão de um negócio. Em uma das ofertas da disciplina
organizei o evento “Empresas Juniores – Perspectivas para a área de cultura”. O evento foi
uma oportunidade para que estudantes convidados da UFMG e UFOP apresentassem suas
experiências com Empresas Juniores e ao mesmo tempo, realizassem um debate com os
estudantes da Escola de Música, da Escola de Belas Artes e da Faculdade de Letras sobre as
perspectivas de criação de Empresas Juniores na área de Produção Artística. Estudantes do
Curso de Artes Cênicas e Música da UFOP falaram de sua empresa MultiCultural Produções
49
Artísticas. Fundada em 2004, essa é a primeira Empresa Junior da área de artes do Brasil.
Maiores informações sobre essa Empresa Junior podem ser obtidas no endereço
http://www.multicultural.ufop.br. O evento foi documentado em vídeo contendo as palestras e
os debates que foram realizados.
FIGURA 23 - Organizações da UFOP e UFMG que participaram do evento Empresas Juniores
– Perspectivas para a área de cultura
Apesar do esforço que fiz para que os estudantes da área de Música e Artes da UFMG
criassem a sua própria Empresa Júnior, não tive sucesso. Nesse período o Curso de Música
tinha em sua maioria alunos do Bacharelado em Instrumento. Como já demonstrei antes,
alunos do Bacharelado em Instrumento se dedicam exclusivamente à prática diária do
instrumento e deixam para pensar na carreira depois de formados. É uma questão de perfil.
Em uma dessas aulas uma aluna de Canto, assustada, exclamou "Ele quer que a gente crie
uma empresa!" O perfil dos estudantes do curso de música mudou bastante com o projeto
Reuni. A Licenciatura teve uma grande expansão e foram criadas habilitações novas como a
Música Popular e a Musicoterapia. Pode ser que em uma próxima oferta dessa disciplina
tenhamos êxito em criar uma Empresa Junior na área de Artes ou apenas na área de Música na
UFMG.
50
Ser uma Pessoa Jurídica hoje em dia é cada vez mais necessário, inclusive para autônomos ou
freelancers. Ninguém mais quer pagar a Pessoa Física com o tradicional RPA - Recibo de
Pagamento de Autônomo, é preciso ter Nota Fiscal. Por isso o MEI - Microempreendedor
Individual tem se mostrado muito útil para músicos jovens em início de carreira ou mesmo
para aqueles que completam a renda de um emprego fazendo também trabalhos fora de sua
organização.
Outro aspecto importante tratado nessa disciplina e que cobre a maior parte do conteúdo é o
estudo das Leis de Incentivo à Cultura. São apresentadas a Lei Federal, a Estadual de Minas
Gerais e a Municipal de Belo Horizonte. Criamos uma verdadeira Oficina de projetos
culturais onde os alunos, depois de conhecer as leis, elaboram em grupo ou individualmente
projetos e os apresentam para a turma. Alguns projetos elaborados nessa disciplina foram para
o mercado e tiveram êxito. Um exemplo disso é o Projeto "Eu Gostaria de Ouvir" de Rafael
Nassif. Esse projeto teve o seu embrião nessa disciplina. Foi aprovado mais de uma vez na
Lei Municipal de Incentivo à Cultura e estimula o público a apreciar a Música
Contemporânea que utiliza Novas Linguagens.
FIGURA 24 - Projeto "Eu gostaria de ouvir" de Rafael Nassif
Mais informações sobre essa disciplina e os materiais de ensino podem ser obtidos na minha
página pessoal: http://musica.ufmg.br/claudiourgel. Depois de acessar a página, procurar pela
seção Disciplinas e clicar em Empreendedorismo na Área de Música - Ênfase na Elaboração
51
de Projetos Culturais. Entre outros itens está o Cronograma ou Plano de Aulas da última vez
que a disciplina foi ofertada. Alguns materiais exigem senha para serem abertos. A senha é
sempre a palavra "casals".
2.1.3.5.1. Banca de defesa de monografia – TCC – Trabalho de Conclusão de Curso
A disciplina Empreendedorismo na Área de Música despertou interesse não somente no Curso
de Música, mas também em outros cursos como o de Comunicação Social e o de Turismo.
Alunos de outros cursos frequentaram essa disciplina como eletiva. Só não foram ofertadas
mais vagas de eletivas porque a procura no curso de música foi muito grande. Um desses
alunos me convidou recentemente, 2014, para compor a banca de defesa de seu trabalho final
de graduação no Curso de Turismo do Instituto de Geociência. O trabalho tem o título “A
Importância dos Apoios Financeiros no Desenvolvimento do Setor Cultural de Belo Horizonte
- Uma análise a partir do setor da música erudita” e foi defendido pela aluna Bruna Fantini
Silva von Dollinger.
2.1.3.6. Didática dos Instrumentos - Cordas
A Disciplina pertence ao Grupo 4 - Música e Pedagogia. Essa disciplina é ofertada para
diversos instrumentos. Em nosso caso é para a área de Cordas Friccionadas, isto é, Violino,
Viola, Violoncelo e Contrabaixo. Em algumas áreas de instrumentos e canto um professor é o
responsável e em outras todos os professores participam. Os Professores das Cordas se
revezam em aulas sobre tópicos relacionados ao seu instrumento. Cada Professor tem um
Módulo. No meu caso apresento tópicos como os Golpes de Arco, os Princípios da Produção
do Som nos Instrumentos de Corda, Anatomia, História e Linguagem do Violoncelo e por
diversas vezes apresentei a Perfomance de Sons Harmônicos no Violoncelo, tema do meu
52
trabalho final de doutorado. Existe muita confusão e mal entendido a respeito dessa técnica no
meio musical, não somente por parte dos instrumentistas, mas também de regentes,
compositores e pesquisadores. Nesse módulo apresento um pouco da teoria acústica sobre os
sons harmônicos, a história da sua utilização na música, os dois tipos, naturais e artificiais, as
principais técnicas de performance e diversos exemplos do repertório. O aluno é convidado a
apresentar soluções para a perfomance de uma passagem do repertório de seu instrumento,
apresentado-as em aula. Mais informações sobre essa disciplina e os materiais de ensino
podem ser obtidos na minha página pessoal: http://musica.ufmg.br/claudiourgel. Depois de
acessar a página, procurar pela seção Disciplinas e clicar em Didática dos Instrumentos de
Corda. Entre outros itens está o Cronograma ou Plano de Aulas da última vez que a disciplina
foi ofertada. Alguns materiais exigem senha para serem abertos. A senha é sempre a palavra
"casals".
2.1.3.7. Linguagem do Violoncelo: Orquestração e Prática
Essa Disciplina pertence ao Grupo 1 - Tópicos em Estruturação da Linguagem Musical. A
disciplina foi ofertada para os alunos de composição do curso de música, mas matricularam-se
também alunos de outras habilitações e da modalidade licenciatura. Inclui em seu conteúdo a
apresentação do instrumento Violoncelo em todos os seus aspectos, anatomia, história,
princípios da produção do som nos instrumentos de corda e a sua linguagem idiomática. Este
último tópico ocupa grande parte da disciplina como a técnica de arco, a técnica de mão
esquerda, as técnicas estendidas e exemplos do repertório. Uma segunda parte da disciplina
aborda a prática. Os alunos têm algumas aulas práticas com instrumentos da Escola de
Música, onde experimentam tocar pequenas peças para iniciantes inclusive com as técnicas
estendidas. Em uma terceira parte são orientados a compor peças ou fazer uma transcrição de
pequena duração para o violoncelo, solo ou em grupos de até quatro instrumentos.
53
Ao final do semestre o professor e os alunos da disciplina violoncelo apresentam as obras
compostas nessa disciplina na Audição semestral da disciplina Violoncelo. O programa da
audição está na página da disciplina. Mais informações sobre essa disciplina e os materiais de
ensino podem ser obtidos na minha página pessoal: http://musica.ufmg.br/claudiourgel.
Depois de acessar a página, procurar pela seção Disciplinas e clicar em Linguagem do
Violoncelo: Orquestração e Prática. Entre outros itens está o Cronograma ou Plano de Aulas
da última vez que a disciplina foi ofertada. Alguns materiais exigem senha para serem
abertos. A senha é sempre a palavra "casals".
FIGURA 25 - Programa da Audição de Violoncelo com obras compostas na disciplina Linguagem do Violoncelo
-Orquestração e Prática
54
2.2. Pós-Graduação
O projeto de criação do Mestrado em Música da UFMG teve com relator o Professor Fausto
Borém e a implantação do curso ficou a cargo do Professor Lucas Bretas. Participei no PPGM
- Programa de Pós-Graduação em Música da UFMG de diversas maneiras: atuando como
membro da comissão que analisou a proposta inicial contendo duas áreas de concentração e
sua adequação ao quadro docente da Escola de Música; exercendo o cargo de Diretor da
Escola de Música e membro do Conselho Universitário acompanhei a sua apresentação para
os diversos órgãos da UFMG e do MEC para sua aprovação e credenciamento; atuando como
membro do Colegiado de Pós-Graduação da Escola de Música; lecionando disciplinas,
orientando trabalhos e estágio docente e como membro de bancas de avaliação entre outras
atividades.
A criação do Mestrado em Música da UFMG aconteceu em 1999, mas a sua discussão e as
comissões existiram muitos anos antes. Um dos problemas para a sua implantação antes desta
data era a falta de corpo docente com titulação adequada e a irregularidade na distribuição do
corpo docente titulado, muitos docentes na área de performance musical e poucos nas outras
áreas pretendidas. Na sua primeira versão aprovada, o Mestrado possuía apenas uma Área de
Concentração, Performance Musical. Em 2004, o Mestrado em Música abandonou essa forma
de organização, Área de Concentração, e adotou a Linha de Pesquisa como forma de
orientação.
Entre 1999 e 2005 o Mestrado em Música sofreu várias modificações distanciando-se cada
vez mais da ênfase na Performance Musical. Sempre respeitei a opinião alheia e o direito ao
contraditório, mas ao mesmo tempo não abri mão de minhas convicções e de minha formação.
Em 2005 tomei a decisão de me afastar do Mestrado em Música por acreditar que as
55
mudanças realizadas estavam se distanciando do meu perfil de formação, da minha área de
atuação como professor e violoncelista e da área de concurso público realizada por mim
quando fui contratado pela UFMG como Professor em 1988. Acreditei naquele momento que
seria mais útil à Escola de Música atuar na Graduação, criando disciplinas optativas como as
que relatei acima e que a Escola de Música precisava muito.
Desvantagem por um lado e vantagem por outro. Meu afastamento da Pós-Graduação em
Música me permitiu ter uma dedicação muito maior à Graduação em Música. Não pode haver
hierarquização entre essas duas áreas do Ensino Superior. A própria regulamentação de
avaliação publicada pelo Ministério da Cultura, a Portaria Nº 982 citada no Histórico da
primeira seção desse documento, que trata da promoção à Classe E, denominada de Professor
Titular, afirma que o Professor deve atuar na Graduação "e/ou" na Pós-Graduação. Na
Graduação em Música, além da disciplina Violoncelo que ofereço desde a minha contratação,
ofereci nesses últimos anos sete disciplinas optativas nos cinco grupos, contribuindo assim
para o novo currículo do curso.
Espero poder voltar a ter uma atuação plena na pós-graduação, uma vez que hoje participo
indiretamente como membro de Bancas de Defesa de Dissertação e na orientação de Estágio
Docente de alunos do Mestrado, quando seu instrumento é o Violoncelo. Acredito que essa
atuação plena somente acontecerá quando tivermos na Escola de Música da UFMG cursos em
que meu perfil, e de muitos outros professores da Escola de Música, esteja adequado. Isso
poderá acontecer quando criarmos um novo programa com a ênfase Profissional, como vem
acontecendo em outras Universidades Federais Brasileiras. Desde 2009 o Ministério da
Educação publicou a Portaria Normativa No- 17, de 28 de dezembro de 2009 regulamentando
a criação dessa modalidade de curso. Em 2010, quando estávamos discutindo as propostas
para a gestão da Escola de Música, quadriênio 2010 a 2014, propus a criação desse curso, mas
56
não tive o apoio necessário para que começássemos a desenvolver essa ideia. Quando
mexemos na estrutura de uma organização há sempre riscos, mas se não corrermos riscos
vamos ficar parados e ver outras intuições se devolverem. Criamos recentemente novas
habilitações e uma nova licenciatura para o Curso de Graduação em Música. Existem diversos
problemas que surgiram a partir desta ação, como o prédio anexo que está longe de ser
concluído, mesmo tendo já três turmas formadas nas novas habilitações e na licenciatura
noturna. Porque existem riscos não quer dizer que não devemos agir. Existe a demanda e
existe grande número de professores interessados. O Mestrado Profissional é a perspectiva
para que a produção artística esteja presente na Pós-Graduação da Escola de Música da
mesma maneira em que está na Graduação. A vocação para a prática na Escola de Música
pode ser observada na oferta de disciplinas optativas na graduação. Enquanto o Grupo 3 -
Música de Conjunto e Práticas Interpretativas é ofertado em média cinquenta disciplinas, nos
outros grupos é ofertado uma média de cinco disciplinas cada.
Espero poder contribuir para a criação do Programa de Pós Graduação Profissional em
Música na UFMG, independente do atual, e que por isso tem todos os procedimentos para a
sua criação, credenciamento e avaliação diferenciados e independentes do Programa
Acadêmico existente. Outras Universidades Federais já tomaram essa iniciativa. A
Universidade Federal da Bahia -UFBA criou o Programa de Pós-Graduação Profissional em
Música - PPGPROM que já está no terceiro processo seletivo. Maiores informações sobre
esse curso podem ser obtidas no endereço http://www.ppgprom.ufba.br. A Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNRIO também criou o seu programa profissional, é o
Programa de Mestrado Profissional em Ensino das Práticas Musicais - PROEMUS. Mais
informações sobre esse curso podem ser obtidas no endereço http://www.unirio.br/proemus.
Outras instituições estão no processo de criação do programa profissional como é o caso da
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ que promete o edital para 2016. Essa
57
informação pode ser conferida no endereço http://www.musica.ufrj.br, localizar notícias e
pós-graduação.
A Escola de Música da UFMG não pode ficar atrás nesse processo. Para dar início a essa
discussão basta que a Direção da Unidade e a Congregação da Escola de Música formem uma
Comissão de Professores, após a indicação dos Departamentos, para iniciar a Elaboração do
Projeto de mais um Programa de Pós-Graduação para a Escola de Música. A partir desta ação
muitas outras viriam relacionados à Escola de Música, à UFMG e à CAPES. A UFMG está
com sua Resolução sobre esse assunto desatualizada, uma vez que a mesma é de 2008,
anterior a norma do MEC, que é de 2009. Quando fizemos a reforma da Graduação em 2000,
as Normas de Graduação da UFMG, que são de 1990, tiveram que ser flexibilizadas para que
o novo currículo fosse aprovado.
Apresentei acima uma justificativa e esclarecimentos para o meu afastamento da Pós-
Graduação da Escola de Música, seja como Professor Permanente ou Colaborador, mas
continuo vinculado à pós-graduação, uma vez que sou regularmente convidado para participar
de bancas de defesa do mestrado em música e tenho orientado o estágio docente de alunos da
linha de pesquisa em Performance Musical. São alunos Violoncelistas e Bolsistas da CAPES.
Abaixo relato as disciplinas e orientações que realizei no período em que estive na pós-
graduação e outras atividades que ainda exerço hoje.
2.2.1. Violoncelo
A disciplina Violoncelo I, II, III e IV, que mais tarde mudou de nome para Prática
Instrumental I, II, III e IV é obrigatória para a área de Performance Musical e não difere muito
no conteúdo e na metodologia de ensino da Graduação. O que muda realmente é o nível
58
técnico-musical das obras e a ênfase no repertório que irá compor o Recital de Mestrado do
aluno. Os primeiros alunos do Mestrado em Música faziam dois recitais e, portanto,
dependiam mais da aula de instrumento. Quase todos faziam os dois períodos obrigatórios,
Violoncelo I e II, e também os dois optativos, Violoncelo III e IV.
O nível técnico-musical de estudantes de música no Brasil é muito heterogêneo. Isso acontece
pela falta de uma formação básica adequada, da falta de ensino de música nas escolas e da
falta de escolas públicas com ensino técnico em música. Para mim esta errado afirmar que
alunos de pós-graduação não precisam mais de aulas de instrumento porque sua experiência e
formação na graduação são o suficiente para realizar seu recital de mestrado ou doutorado.
Isso pode ter acontecido para alguns alunos devido à demanda reprimida por muitos anos por
uma pós-graduação stricto sensu em música em Belo Horizonte e no Brasil. Por isso tivemos
alguns alunos que já tinham uma carga profissional grande antes de entrar na pós-graduação,
mas isso acontece com poucos alunos. Portanto defendo que os alunos de um Mestrado em
Música na Área de Performance, onde o Recital faz parte do trabalho de conclusão do curso,
tenham aulas de instrumento ou canto com um professor especialista. Por isso afirmo "quem
ministra aulas de violoncelo é um violoncelista". Essa não tem sido a orientação e a prática do
nosso atual Mestrado em Música. Na área administrativa esse princípio é muito importante
porque esse tem sido nosso argumento quando solicitamos a reposição de perda de
professores de instrumento que tem baixa procura. Se tivermos apenas um aluno de harpa ou
oboé ou de fagote, mesmo assim precisaremos sempre de um especialista para dar aula desse
instrumento, por razões que nós músicos entendemos perfeitamente, mas para professores
administradores da Universidade de outras áreas não é tão claro. Um professor de Violoncelo
pode ter carga didática sobrando mas não tem como dar aula de oboé.
59
2.2.2. Pedagogia das Cordas
A disciplina Pedagogia das Cordas foi ofertada algumas vezes no Mestrado em Música. Como
na Didática dos Instrumentos – Cordas da Graduação, a Pedagogia das Cordas da Pós-
Graduação era dividida em Módulos e cada um dos Professores de Cordas (Violoncelo,
Violino, Viola e Contrabaixo) do Mestrado ficava responsável por um Módulo. No Módulo
do Violoncelo apresentei conteúdos como a Técnica de Mão Esquerda e de Arco do
Violoncelo, entre outros conteúdos. O trabalho dos alunos no módulo de minha
responsabilidade era criar um programa de estudos para o seu instrumento específico no nível
Iniciante, Intermediário e Avançado, selecionando exercícios, estudos e obras adequadas para
cada nível.
2.2.3. Recursos Computacionais para a Edição de Partituras e Outros Documentos
O nome completo da disciplina é “Recursos computacionais para a edição de partituras e
outros documentos (relacionados ao trabalho final do Mestrado em Música – recital, artigo e
dissertação)”. É uma disciplina optativa na categoria dos Tópicos Variáveis. O conteúdo
inclui os principais recursos e ferramentas para a editoração de partituras no computador
usando o aplicativo Finale, assim como a formatação no aplicativo Word for Windows do
documento final do Mestrado em Música, seja um Artigo, uma Dissertação ou um Programa
de Concerto Comentado. Foram desenvolvidos vários Modelos (Templates) e uma Biblioteca
de Estilos para a formatação de todas as partes do documento. O conteúdo inclui também o
conhecimento, a utilização e a edição de documentos com vários formatos, tais como, “dot”,
“doc”, “pdf” e “tif”, e outros. Incluem-se instruções de como organizar e converter todos os
documentos editados para o formato "pdf", mas de uma forma bem mais navegável e não a
simples conversão para "pdf".
60
No caso do programa Finale utilizei a Apostila "Notação Musical no Computador - Programa
Finale”. Apenas as principais ferramentas, e não todo o conteúdo da disciplina foram
incluídas nesse caso. O aplicativo oferece, por exemplo, opções de como entrar com as notas
e ritmos. Não apresentei todas as opções, mas apenas a mais utilizada. No caso de outros
tópicos enfatizei aqueles necessários para os trabalhos acadêmicos, tal como, criar um
exemplo musical no Finale, convertê-lo em uma imagem e introduzi-lo como figura no
documento do Word da Microsoft. Desta maneira reduzi o conteúdo do aplicativo Finale para
introduzir outros assuntos relacionados à edição e formatação dos documentos acadêmicos na
área de música. A Apostila pode ser baixada em minha página de professor no endereço
http://musica.ufmg.br/claudiourgel. Localizar a seção Disciplinas e depois Recursos
Computacionais. A senha para abrir a apostila é a palavra “elanif”.
Para a formatação do documento acadêmico no aplicativo Word for Windows criei diversos
Modelos (Templates), que são arquivos “.dot”. Modelos são documentos eletrônicos em que
nos baseamos para criar outros documentos utilizando os padrões instalados neles, como as
margens da página, fontes, estilos de cada tipo de parágrafo, entre outros elementos. O
próprio Word for Windows contém os seus modelos, mas estes não seguem exatamente a
ABNT e o formato Acadêmico. Os modelos foram criados para cada uma das páginas do Pré-
Texto, Texto e Pós-Texto de uma Dissertação, da Capa aos Anexos. Para formatar esses
documentos criei também uma Biblioteca de Estilos. A Biblioteca de Estilos foi inserida
dentro de cada Modelo. Para criar os Modelos e Biblioteca de Estilos usei como referência o
livro Manual para normalização de publicações técnico-científicas de Junia Lessa França et
al., 7ª edição, 2004, que por sua vez é baseado nas Normas da Associação Brasileira de
Normas Técnicas - ABNT.
61
Estilo é um termo técnico do Microsoft Word usado para definir características de formatação
de palavras, títulos, legendas, citação e outros elementos do texto. Uma Biblioteca de Estilos
pode ser aplicada também em documentos criados ou não com o modelo que armazena os
estilos. A minha Biblioteca tem vinte e quatro estilos para a formatação de elementos como o
Título de Seção Primária (Centralizado, Letras Maiúsculas, Quebra de Página, etc.), Texto
Normal, Título de Tabela, e muitos outros.
Para orientar o estudo dos alunos na disciplina criei uma Apostila intitulada “Edição e
Formatação de documentos acadêmicos no computador – Modelos para o Microsoft
Word/Windows”. Acompanham a apostila os arquivos eletrônicos, isto é, os Modelos no
formato “dot” para serem copiados para o computador individual de cada aluno e usados para
a formatação do documento acadêmico. A Apostila e os Modelos (Arquivos “dot”) podem ser
baixados em minha página de professor no endereço http://musica.ufmg.br/claudiourgel.
Localizar a seção Disciplinas e depois Recursos Computacionais. A senha para abrir a
Apostila é a palavra “lenafi”.
É uma exigência hoje que todos os documentos acadêmicos sejam apresentados também no
formato eletrônico para comporem a Biblioteca Digital das Universidades. O formato mais
utilizado é o “pdf”, que quer dizer Portal Document Format (Documento em Formato
Portátil). O aplicativo utilizado é o Adobe Acrobat. Essa é uma maneira de termos, em um
mesmo documento, partes elaboradas em diferentes aplicativos. A Adobe disponibiliza
gratuitamente o Abobe Reader para que esses documentos sejam visualizados. Muitas outras
empresas hoje disponibilizam esses leitores de pdf, mas não têm a capacidade de editar o pdf.
É uma das possibilidades de formato para o que é atualmente chamado e-book.
62
Em consultas que fiz a diversas bibliotecas digitais observei que, na maioria quase que
absoluta das vezes, se fazia apenas uma conversão simples para o “pdf”. Às vezes temos que
lidar com um documento de duzentas, trezentas ou mais páginas sem as ferramentas de
navegação próprias dos documentos eletrônicos. A leitura do documento fica muito incômoda
e muito difícil localizar as seções. Essa foi a minha motivação para incluir esse conteúdo na
disciplina e também criar a Apostila descrita abaixo. Com o uso dos Modelos e Biblioteca de
Estilos que criei, podemos no momento da conversão criar também os Marcadores e Links
que facilitam a navegação pelo documento.
63
FIGURA 26 - Capa das apostilas para os assuntos relacionados a esta disciplina
A apostila para essa parte da disciplina tem o título “Conversão de documentos editados no
Microsoft Word e no Finale para o Formato Adobe PDF”. A Apostila pode ser acessada em
minha página de professor no endereço http://musica.ufmg.br/claudiourgel. Localizar a seção
Disciplinas e depois Recursos Computacionais. A senha para abrir a apostila é a palavra
“lenafi”.
2.2.4. Tópicos em Música - Oficina de Performance/Violoncelo
A disciplina Oficina de Performance foi ofertada como uma disciplina de Tópicos em Música
de Conteúdo Variável em diversos semestres. É uma versão para a Pós-Graduação da
disciplina de mesmo nome da Graduação. Nessa disciplina os alunos têm a oportunidade de
apresentar as obras que estão trabalhando para o seu Recital de Mestrado, em uma aula
coletiva com a presença dos alunos de Violoncelo da Pós-Graduação e da Graduação. Os
64
alunos participam também da Audição Semestral que reúne os de Graduação e Pós-Graduação
em Violoncelo. Na versão atual do Mestrado a disciplina que mais se relaciona com essa é a
Seminários em Performance Musical, com a diferença em que na atual os trabalhos teóricos
sobre as obras estudadas também são apresentados.
2.2.5. Orientação, estágio docente e banca de defesa
Como relatado antes, atualmente não faço parte do corpo docente do PPGM da Escola de
Música, isto é, não tenho o vínculo de professor, seja permanente ou colaborador. Mas
enquanto tive este vínculo pleno orientei alunos de Violoncelo para o Recital de Mestrado e
nos seus trabalhos teóricos também. Foram trabalhos relacionados ao Violoncelo e a área de
concentração Performance Musical. A aluna Ana Paula Faria Ferreira editou e tocou em seu
recital de mestrado a Sonata para Violoncelo e Piano de Helza Camêu. O aluno Antônio
Afonso Gonçalves transcreveu e tocou diversas valsas da obra “16 Valsas para Fagote Solo de
Francisco Mignone” em seus dois recitais e escreveu uma dissertação sobre três dessas valsas.
A aluna Sheila Sampaio Ribeiro apresentou, além de dois recitais de mestrado, o trabalho
“Análise e Classificação de Estudos para Violoncelo”.
Apesar de não estar mais vinculado como professor ao PPGM – Programa de Pós-Graduação
em Música da Escola de Música continuei participando de Bancas Examinadoras de Defesa
de Dissertação. Entre as últimas bancas que participei, podemos citar: Recital de Mestrado e
Defesa de Dissertação da Violoncelista Marie Stephanie Jeanne Bernard com o trabalho de
edição crítica da obra “Sonata Nº 2 para Violoncelo e Piano (1912) de Glauco Velasquez”, em
2012; Recital de Mestrado e Defesa de Dissertação da Violoncelista Paula Thais Malaquias
Mendes Gomes com o título “Cesário Mendes: Vida e Obra de um Compositor
Itapecericano”, em 2014; Recital de Mestrado e Defesa de Dissertação do Violoncelista
65
Carlos Márcio Norberto Bicalho com o trabalho “Considerações sobre Ponteio e Dansa para
violoncelo e piano de Camargo Guarnieri”, 2014. O fato de ser convidado para orientar o
estágio docente de um aluno de Mestrado em Música, cujo instrumento é o violoncelo, mostra
que é preciso um especialista para que o curso receba alunos de um instrumento específico.
Outra participação no Mestrado em Música da UFMG, mesmo depois da minha desvinculação
do curso, foi através de meus Modelos e Biblioteca de Estilos elaborados para o aplicativo
Word da Microsoft que continuaram a ser usados por alunos do curso por muitos semestres,
mesmo depois que interrompi a oferta da disciplina.
Outra participação no PPGM da Escola de Música tem sido através da orientação do Estágio
Docente de alunos do Mestrado em Música, cujo instrumento é o Violoncelo e que têm de
realizar este trabalho por serem bolsistas da CAPES. Os dois últimos orientandos foram:
Gláucia Furtado que fez estágio nas Disciplinas Violoncelo e Oficina de Performance, em
2014 e Carlos Márcio Bicalho que fez estágio na disciplina Instrumento Complementar,
também em 2014.
2.3. Carga didática total
Observando os relatos acima se vê que nos últimos anos ofereci diversas disciplinas optativas
para o Curso de Música, uma vez que não estava ofertando disciplinas na Pós-Graduação.
Além da disciplina Violoncelo, sete outras disciplinas foram ofertadas. Infelizmente isso não
está ocorrendo mais. Além da disciplina Violoncelo, obrigatória, a única optativa totalmente
sob a minha responsabilidade é a Oficina de Performance. Já disse antes que para mim a
Oficina deveria ser obrigatória, tamanha a sua importância. No primeiro semestre letivo de
2015 estavam previstas treze turmas da disciplina Violoncelo, isto é, treze alunos. Desses,
66
doze se matricularam. Somando-se à Oficina de Performance chegamos a quatorze horas-aula.
Durante um mês fico também responsável pela disciplina Didática dos Instrumentos - Cordas.
Nesse mês chego, portanto, a dezesseis horas-aula. As turmas de Violoncelo foram crescendo
aos poucos nos últimos anos. Com esses números na minha área específica fica difícil
continuar contribuindo para a oferta de disciplinas optativas em outras áreas, ou grupos de
optativas. Apresento esses números para justificar a minha falta de oferta de optativas nos
últimos semestres.
Como esse é um espaço para uma visão crítica da minha carreira e da minha inserção na
UFMG, aproveito para tecer alguns comentários sobre essa condição de carga didática no
curso onde atuo. Dezesseis horas-aula na UFMG quer dizer Maximização da Carga Didática.
De acordo com as normas da UFMG que acabam de ser atualizadas, Resolução 02/2014 do
Conselho Universitário, o professor está maximizado quando a sua carga didática está entre
dezesseis e vinte e quatro horas-aulas semanais. Quando isso acontece o professor está
dispensado de outros encargos acadêmicos. Isso é muito ruim para o professor porque sem
outros encargos acadêmicos ele vê a sua carreira na instituição prejudicada. Se ele não tiver o
que relatar de produção intelectual e administração, não terá os pontos necessários para a sua
progressão e promoção na carreira, mesmo que seu relatório individual seja aprovado pela
Câmara Departamental e sua DE, Dedicação Exclusiva, seja mantida.
Outro aspecto negativo da Maximização da Carga Didática na aérea específica do professor é
o fato de não poder ofertar disciplina optativa de outras áreas, prejudicando assim o Mapa de
Ofertas do Curso de Música. Alguns grupos de optativas têm tão baixa oferta que os alunos as
apelidaram de "Optatórias". Não é o caso aqui de discutir uma reforma curricular e mudanças
nas normas da UFMG, mas alguma coisa deve ser feita para que o Curso de Música continue
com a Flexibilização Curricular e que o professor não fique prejudicado na sua Produção
67
Intelectual. Acredito que normas devem ser criadas que limitem a carga de obrigatória dos
professores, limitando vagas por habitação no vestibular, por exemplo, e crie espaço para as
optativas de sua área específica e de outras áreas da música. Acredito também que a
maximização deve ser combatida, já que ela prejudica a carreira do professor. Se for o caso,
precisaremos contratar outro professor de violoncelo para o departamento.
68
3. PRODUÇÃO INTELECTUAL
Antes de fazer o relato efetivo de minha produção intelectual, faço abaixo uma pequena
discussão sobre a atividade do professor da Universidade, em especial do professor que atua
na área de cultura. O meu perfil de formação e atuação estão descritos na primeira parte desse
Memorial.
Como a Universidade é uma instituição que além de transmitir conhecimento, produz
conhecimento, pressupõe que o professor desenvolva atividades de produção intelectual na
sua área de atuação. Na condição de Violoncelista, com formação que vai do ensino básico à
pós-graduação na área de música, performance e pedagogia do violoncelo, procurei nesses
anos de carreira na Universidade atuar na área para a qual fui contratado, desenvolvendo
programas e projetos que contribuíssem tanto para o meu desenvolvimento quanto para minha
atividade de ensino. Portanto, tudo que fiz dentro e fora da universidade teve sempre o
pensamento voltado para a minha atividade de ensino na Escola de Música da UFMG,
buscando o aperfeiçoamento e novos conhecimentos através de minha produção intelectual.
Os documentos que regulamentam a organização e o funcionamento das universidades
preconizam que suas atividades são o ensino, a pesquisa e a extensão. A atividade cultural ou
a produção artística, está presente de várias formas nesses documentos mas sempre de
maneira complementar. Existem pouquíssimos programas de apoio à produção artística nas
universidades e nas chamadas agências de fomento, como CAPES, CNPQ ou FAPEMIG. A
produção artística nesse caso somente terá apoio se ela estiver inserida em um projeto de
pesquisa. Por essa razão acredito que a cultura somente terá o apoio que precisa nas
universidades quando essa área de conhecimento estiver mais claramente institucionalizada,
quando os ordenamentos básicos das universidades afirmarem que suas atividades são Ensino,
69
Pesquisa, Cultura e Extensão. A consequência disso será a existência de programas
específicos para a produção artística nas universidades e nas agências de fomento que as
apóiam. Precisamos colocar a cultura também como uma área indissociável da educação,
assim como a área de pesquisa e de extensão já o são.
Não há produção sem recursos financeiros para financiá-la. A razão para apresentar os
argumentos acima é mostrar que não resta outra opção para o professor/artista que não seja
buscar externamente os recursos financeiros para desenvolver sua produção. As agências de
fomento são voltadas para pesquisa e eventos científicos. Restam-nos as leis de incentivo à
cultura. A disputa por aprovação de projetos e captação de recursos baseada nas leis de
incentivo à cultura tem um número de concorrentes gigantesco, muito maior do que a
concorrência por apoio à projetos de pesquisa e extensão dentro das universidades. Portanto
aprovar e, mais difícil ainda, captar recursos para a execução de um projeto cultural não é
tarefa fácil.
Após anos de dedicação à gestão acadêmica e à administração pública na UFMG decidi me
dedicar à produção artística e buscar no mercado externo esse apoio necessário. A experiência
de administração pública e acadêmica contribuiu para a minha formação nessa nova atividade,
mas não era suficiente. Como afirmei antes, minha carreira sempre teve a UFMG e a Escola
de Música presentes em minhas decisões. Para aprender e poder elaborar e gerenciar projetos
culturais criei a disciplina Empreendedorismo na Área de Música, relatada na seção Docência
desse Memorial. Essa foi a forma encontrada para que eu pudesse estudar esse assunto, e ao
mesmo tempo buscar os recursos necessários para a minha produção, sem nunca me desligar
da Escola de Música. Tornei-me então um Professor de Empreendedorismo e ao mesmo
tempo um Autoprodutor Cultural, elaborando e sendo o gestor dos próprios projetos, e é claro,
70
participando como artista dos mesmos. Digo autoprodutor e não produtor cultural porque até
hoje elaborei e fui o gestor apenas de projetos culturais onde participo como artista.
As leis de incentivo à cultura, federal, estadual ou municipal, possuem duas modalidades, o
incentivo fiscal e o fundo cultural. No primeiro dependemos de empresas privadas para que
haja apoio financeiro para o projeto aprovado. No segundo, os fundos, os recursos vêm
diretamente do tesouro público, federal, estadual ou municipal. No caso da modalidade
Incentivo Fiscal precisam ser projetos que despertem o interesse de empresas privadas, que
tragam o incremento da cadeia produtiva da cultura, que contribuam para a efetiva ocupação
dos espaços culturais, portanto, mais voltados pra o mercado. No caso da modalidade Fundo,
devem ser projetos de caráter inovador, bolsas de estudo na área cultural, projetos
experimentais, projetos de pesquisa na área cultural. Na área de música temos, por exemplo,
os projetos relacionados à criação de novas linguagens musicais.
Em meu caso elaborei projetos para as duas modalidades, mas somente obtive resultado
concreto, quer dizer, executei efetivamente projetos apoiados por fundos culturais. Os
mesmos estão caracterizados para a modalidade fundo por serem projetos na área de música
de concerto e também relacionados às novas linguagens. Foram elaborados diversos projetos
nas três instâncias, Federal, Estadual de Minas Gerais e Municipal de Belo Horizonte. Alguns
não foram aprovados, seja no incentivo fiscal ou no fundo, outros foram aprovados no
incentivo fiscal, mas não houve a chamada captação, que é quando o projeto recebe
efetivamente o patrocínio de uma empresa. Nas próximas páginas alguns desses projetos serão
relatados.
71
3.1. Pesquisa
Como relatado na seção inicial, minha graduação foi voltada para o mercado de trabalho do
músico profissional. Portanto não tive iniciação à pesquisa na graduação. Quase a mesma
coisa posso dizer sobre o mestrado, que também teve a ênfase profissional a despeito de
termos tido a oportunidade de escrever inúmeros trabalhos teóricos (papers) sobre assuntos
relacionados à performance e ao ensino do violoncelo. O trabalho de conclusão do curso foi o
Recital de Mestrado e não uma Dissertação. No doutorado também fiz um curso com a ênfase
profissional com diversos recitais, disciplinas práticas e algumas teóricas. Relato nos
próximos parágrafos um dos trabalhos finais de conclusão do doutorado, que nesse caso é um
trabalho de pesquisa intitulado The Performance of Violoncello Harmonics. Abaixo podem
ser vistos os programas de concerto realizados no doutorado. A pesquisa também será
discutida abaixo.
Tive meus projetos individuais de pesquisa e colaborei como orientador em projetos de outros
professores e músicos, assim como de estudantes de mestrado. No período em estive como
professor permanente na Pós-Graduação da Escola de Música da UFMG orientei alguns
trabalhos de pesquisa de alunos que foram relatados na seção Docência desse Memorial. São
trabalhos relacionados à edição de partituras e transcrição de obras para o Violoncelo. É uma
área que tenho trabalhado há muitos anos e que será mais claramente relatada na seção de
cultura que será apresentada abaixo. Esses trabalhos de transcrição e edição isoladamente não
são considerados pesquisa. Portanto, os projetos de pesquisa relatados abaixo estão mais
adequados para essa seção, Pesquisa, e as transcrições e edições serão relatadas em outra
seção.
72
FIGURA 27 - Programas dos concertos de doutorado
O trabalho The Performance of Violoncello Harmonics pode ser acessado na minha página
institucional como Professor da Escola de Música, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel.
Localize o link Pesquisa e depois o link do trabalho.
73
3.1.1. A performance dos sons harmônicos no Violoncelo
Um assunto que sempre me chamou a atenção e que por iniciativa própria comecei a estudar
mesmo antes do doutorado é a performance dos sons harmônicos no violoncelo. Este se
tornou o tema do meu trabalho teórico do doutorado. A performance de sons harmônicos é
sempre um assunto polêmico entre os músicos em geral, principalmente pela falta de
compreensão desse técnica estendida dos instrumentos de corda. Meu trabalho aborda
aspectos da teoria acústica dos sons harmônicos, o uso histórico dessa técnica, a apresentação
dos diversos tipos de sons harmônicos, a sua utilização e principalmente, o estudo e a
apresentação de soluções para diversas passagens do repertório do violoncelo que utilizam
essa técnica.
Trabalhos como esse não têm fim. Esse trabalho rendeu e está rendendo ainda seus frutos e a
sua continuação. Publiquei um artigo relacionando a esse trabalho "Performance de
harmônicos naturais com a técnica de nodo duplo aplicada ao violoncelo" na revista Per-Musi,
primeiro volume. Esse é apenas um dos assuntos abordados pelo trabalho e muitos outros
podem ser publicados. O artigo completo pode ser acessado na minha página institucional
como Professor da Escola de Música, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel. Localize o
link Pesquisa e depois o link do trabalho.
Outro fruto desse trabalho tem sido a realização de diversas palestras para violoncelistas,
instrumentistas de cordas em geral e compositores. Realizei recentemente uma dessas
palestras no Festival de Violoncelos de Ouro Branco/MG para estudantes de violoncelo do
Brasil e do exterior e para professores do festival presentes como Matias de Oliveira Pinto
(Direção Artística), Fábio Presgrave e Kayami Satomi. Os Slides da palestra podem ser vistos
na minha página na Internet, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, localizar a o link
74
Palestra - Performance dos Sons Harmônicos no Violoncelo. Além dos slides da palestra
muitos outros materiais sobre esse assunto estão disponíveis tais como tabelas de sons
harmônicos, série harmônica para cada corda ou som fundamental, materiais para o Violino, a
Viola e Contrabaixo. Para visualizar esses documentos é exigida senha, que é a palavra
"casals".
Outro resultado desse trabalho sobre os sons harmônicos é o material didático que o mesmo
gerou. Utilizei esse tema diversas vezes no Módulo de minha responsabilidade na disciplina
Didática dos Instrumentos - Cordas. São tabelas e quadros que fizeram parte do meu trabalho
de doutorado e outras que desenvolvi para as aulas desse assunto, inclusive para o Violino, a
Viola e o Contrabaixo. Esse material pode ser acessado na minha página na Internet, como
indicado no parágrafo anterior.
Um dos trabalhos mais recentes que realizei para o ensino da performance dos sons
harmônicos no violoncelo foi o Mapa de Harmônicos Naturais, ou mais especificamente o
Mapa de Sons Harmônicos Naturais no Espelho do Violoncelo. Primeiro tive de criar o Mapa
do Espelho e as Posições do Violoncelo.
O Mapa do Espelho é uma representação gráfica do espelho com a localização das notas e
posições no violoncelo, utilizando o sistema de afinação "Temperamento Igual". É o mesmo
sistema usado para calcular a posição dos trastes do violão. Utilizamos a famosa "regra do
dezoito". Calcula-se o primeiro semitom, ou frete: Comprimento da corda (pestana ao
cavalete) divido por 17,817, que equivale a fórmula logarítmica da regra: a décima segunda
raiz de 2 (elevar 2 a 1/12), depois dividir pelo mesmo número (décima segunda raiz de 2)
menos 1. Próximo semitom, ou frete: comprimento da corda daquele ponto ao cavalete
(comprimento total menos o valor do frete anterior) dividido por 17,817 mais a distância entre
75
a pestana e o frete anterior, ou semitom. O Mapa do Espelho tem sido usado como material de
ensino para que os estudantes visualizem melhor o espelho do violoncelo e criem uma
imagem geográfica mental facilitando assim a identificação das posições.
Na segunda etapa criei o Mapa de Harmônicos: o mapeamento gráfico de localização dos
pontos nodais de cada um dos principais sons harmônicos naturais tocados nas cordas do
violoncelo. Para identificar os locais desses pontos nodais usamos o mesmo comprimento de
corda do Mapa do Espelho. Passamos então a calcular com as frações que indicam cada um
dos pontos nodais de cada um dos harmônicos naturais que compõem o som das cordas soltas
do violoncelo. Por exemplo: o quarto harmônico natural pode ser localizado nos pontos 1/4,
2/4 e 3/4 do comprimento da corda. Se a corda tem 700 mm, os pontos nodais para a
performance desse som harmônio natural estão localizados a cada 175 mm do comprimento
da corda. Partindo da pestana os pontos estarão localizados a 175 mm, 350 mm e 525 mm. O
Mapa de Harmônicos foi então impresso em papel vegetal e sobreposto ao Mapa do Espelho
(notas temperadas) para assim melhor identificar e localizar os pontos nodais e sua relação
com as notas presas ou notas que indicam a localização dos pontos nodais. Novamente esse e
outros trabalhos relacionados à performance dos sons harmônicos no violoncelo não estão
publicados mas podem ser vistos na Internet. Esse material pode ser acessado na minha
página institucional, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, localizar a o link Palestra -
Performance dos Sons Harmônicos no Violoncelo. Para visualizar esses documentos é exigida
a senha, que é a palavra "casals". A ilustração abaixo apresenta um exemplo desses mapas.
Recentemente enquanto procurava obras para violoncelo dentro do projeto "Violoncelo ontem
e hoje", que será relatado nesse memorial, fiz uma encomenda ao compositor Rafael Nassif.
Rafael sugeriu, e eu aceitei, incluir no projeto uma obra que já havia estreado mas que me
interessou muito por ser uma obra toda composta em harmônicos naturais.
76
FIGURA 28 - Mapa do Espelho e Mapa dos Harmônicos na III posição
FIGURA 29 - Sobreposição dos mapas na III posição
77
Harmônicos naturais são aqueles das cordas soltas do violoncelo. Os naturais não devem ser
confundido com os artificiais. Diferentemente dos naturais, nos artificiais não se usa a corda
solta e o instrumentista tem de criar uma pestana artificial com um dos dedos da mão
esquerda e com um segundo dedo tocar sobre um ponto nodal para assim produzir o som
harmônico.
Sempre digo que em música a prática está na frente da teoria, isto é, primeiro compositores e
intérpretes criam alguma coisa nova, depois é que se discute e se escreve sobre isso. No meu
trabalho de doutorado sobre a performance dos sons harmônicos tive que estabelecer alguns
limites. Afirmei então que não era recomendável usar isoladamente sons harmônicos naturais
acima do oitavo, pelas dificuldades de localização. A exceção seria para trechos com a
seqüência da série harmônica, até o décimo sexto. Não encontrei naquela época, início dos
anos noventa, passagens do repertório que utilizassem harmônicos acima do oitavo, a não ser
na seqüência da série harmônica e arpejos. Pois para minha surpresa Rafael usou esses
harmônicos, do nono ao décimo segundo, de forma isolada, com a localização dos sons
harmônicos e ataque muito difíceis de se obter. Rafael me relatou e deu exemplos de obras
atuais que utilizam esses harmônicos naturais. Tive então que refazer as afirmações que fiz
em meu trabalho de doutorado e procurar soluções para a performance da obra Esboço de
Pavana de Rafael Nassif.
Para ser capaz de tocar essa obra fiz um estudo sobre os pontos nodais para a performance de
cada um dos sons harmônicos naturais acima do oitavo. Para cada um desses sons harmônicos
existem diversos pontos nodais onde eles podem ser tocados. Depois desse estudo criei
também várias possibilidades de performance desses sons harmônicos utilizando a Técnica de
Nodo Duplo descrita no meu trabalho final de doutorado e no artigo acima exemplificado.
Uma das finalidades desta técnica é justamente conseguir tocar harmônicos naturais em que a
78
localização dos pontos nodais é muito difícil. De maneira resumida posso descrever a Técnica
de Nodo Duplo como uma técnica em que o violoncelista toca dois pontos nodais adjacentes
de um mesmo modo de vibração da corda para forçar a produção daquele harmônico
específico. Na técnica regular apenas um dedo toca um dos pontos nodais de um modo de
vibração da corda para produzir aquele som harmônico.
Criei duas soluções para a performance dessa obra. Uma em que a obra é tocada nos
chamados Nodos de Som Real.Os Nodos de Som Real são aqueles em que no mesmo local
onde se toca o som harmônico natural pode se tocar uma nota presa da mesma altura. Criei
também uma solução alternativa para a performance dessa obra. Nessa combino o uso da
técnica regular (tocar em apenas um ponto nodal em nodos de som real e em outros nodos do
mesmo modo de vibração) e da técnica de nodo duplo (tocar sobre dois pontos nodais
adjacentes do mesmo modo de vibração). Não cabe aqui nesse trabalho discutir toda a
problemática de performance dessa obra, precisaria de um espaço de pelo menos um artigo
para que tudo fosse explicado. Por outro lado, parte desse estudo e a própria obra estão
disponíveis da seguinte maneira: Acessar minha página na Internet
http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, localizar a o link Palestra - Performance dos Sons
Harmônicos no Violoncelo. Localizar as tabelas e exemplos para a performance de sons
harmônicos naturais acima do oitavo. Para visualizar esses documentos é exigido senha, que é
a palavra "casals". Para ouvir a música é preciso ter acesso ao CD que fazia parte do projeto
"Violoncelo ontem e hoje" e está anexo a esse Memorial. Essa obra não foi publicada ainda,
mas já está editada e espero ter a oportunidade de publicá-la brevemente. Abaixo Exemplifico
essas duas maneiras de tocar a obra. A minha escolha na gravação foi usar, tanto quanto
possível, a técnica de nodo duplo.
79
Como afirmado antes, esse projeto "A performance dos sons Harmônicos no Violoncelo" está
em aberto e muitos trabalhos podem ainda ser realizados.
FIGURA 30 - Manuscrito original de um trecho da obra Esboço de Pavana de Rafael Nassif
80
FIGURA 31 - Trecho editado da obra Esboço de Pavana de Rafael Nassif com soluções técnicas diferentes
3.1.2. Guia Analítico de Estudos Selecionados para Violino e Viola
Esse projeto surgiu da demanda dos professores do Sesiminas, Moisés Guimarães (Viola) e
Luciene Villani (Violino) e foi inicialmente orientado pelo Professor Fausto Borém. Nesse
período não tínhamos ainda o Mestrado em Música na UFMG. Por razões diversas o
Professor Fausto não pôde mais acompanhar o projeto e eu passei a ser o coordenador e
orientador desse, com apoio da FAPEMIG. Esse apoio incluiu recursos de custeio, de material
permanente e bolsas.
O projeto estabeleceu dezenas de tópicos das técnicas de performance dos instrumentos
violino e viola para serem usados como critérios de análises de uma seleção de Estudos.
Estudos são obras compostas por Instrumentistas-Compositores que escolhem um ou mais
tópicos técnico-musicais da performance do instrumento e os exploram à exaustão, de forma a
mais criativa possível, para que os instrumentistas desenvolvam determinada habilidade.
81
Dessa maneira ao encontrar esse mesmo problema técnico-musical em uma passagem musical
do repertório, o instrumentista poderá executá-la sem nenhuma dificuldade. Paralelamente à
criação dos tópicos de análise, realizou-se uma seleção de estudos para violino e viola. Em
uma terceira fase foi feita a análise e ao mesmo tempo criou-se um banco de dados no
programa Microsoft Access, com todas as informações sobre os Estudos, denominado "BD
Violino e Viola". Foram analisados 1256 estudos de 53 publicações para Violino e Viola.
Como resultado professores e estudantes desses instrumentos de corda podem consultar esse
banco de dados para procurar, entre centenas de estudos, aqueles que dão ênfase a uma
determinada técnica necessária naquele momento. Por exemplo, procurar Estudos que
utilizem de maneira enfática o golpe de arco Spiccato assim como outras informações quanto
ao nível desse estudo: se é para um iniciante, intermediário ou estudante avançado. Maiores
informações sobre esse projeto podem ser obtidas com a leitura do Relatório Técnico
Científico apresentado para a FAPEMIG que pode ser acessado na minha página na Internet
http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel. Após acessar a página, localizar o link Pesquisa e
depois o link Relatório Técnico Científico: Guia Analítico de Estudos Selecionados para
Violino e Viola. Belo Horizonte: FAPEMIG - Fundação de Amparo a Pesquisa, 2000. 120p.
O Banco de dados pode ser baixado mas precisa de uma senha para ser aberto. A senha é
"aiug". Para consultar o banco de dados é preciso seguir as instruções que estão em uma seção
do Relatório acima citado.
Esse projeto vem tendo continuidade. Primeiro porque, de tempos em tempos, alguém sabe do
projeto e pede para fazer suas consultas. O banco de dados está na Internet. Mas como é
preciso senha para abri-lo, forneço essa para estudantes e professores interessados em realizar
consultas. Outro exemplo de seu desenvolvimento é o projeto de pesquisa de uma orientanda
do Mestrado em Música, Sheila Sampaio Ribeiro. Sheila adaptou os tópicos técnico-musicais
constantes das Tabelas de Violino e Viola para o Violoncelo, acrescentando alguns tópicos.
82
Ela realizou também a seleção de Estudos para o Violoncelo. Procedeu com as análises, criou
o banco de dados e escreveu a sua Dissertação de Mestrado "Análise e Classificação de
Estudos Selecionados para Violoncelo". A Dissertação e o Banco de Dados estão disponíveis
na minha página na Internet http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel. Após acessar a página
localizar o link Orientação de Pós-Graduação e depois o link Análise e Classificação de
Estudos Selecionados para Violoncelo para ler a dissertação, e o link Banco de dados -
Bdvioloncelo para baixar o banco de dados. O banco de dados pode ser baixado mas precisa
de uma senha para ser aberto. A senha é " sodutse". Para consultar o banco de dados é preciso
seguir as instruções que estão em uma seção da dissertação citada acima. Constantemente
estudantes de violoncelo e professores me pedem essa senha, a qual informo sem nenhum
problema.
FIGURA 32 - Exemplo de consulta ao banco de dados
O projeto está em aberto para novos desenvolvimentos como realizar os mesmos
procedimentos para o Contrabaixo, o único das cordas que ainda não foi ainda incluído nesse
trabalho. Outra possibilidade seria realizar os mesmos procedimentos da análise feita nos
estudos baseada na "Tabela Descritiva dos Tópicos de Análise", em uma Seleção de Obras do
Repertório dos Instrumentos de Corda. Seriam obras como sonatas, concertos, peças com
piano, solo, etc. Após essa seleção, análise e consequente criação do banco de dados, passar-
se-ia ao cruzamento de dados entre os dois bancos de dados, o de Estudos e o de Obras. Esse
trabalho teria então dois resultados importantes. O primeiro seria a criação de uma ferramenta
83
para professores e estudantes na escolha de obras adequadas ao nível de cada estudante. O
segundo, e mais importante, seria possibilitar a identificação precisa de quais estudos seriam
mais adequados para auxiliar no aprendizado de uma determinada obra. Por exemplo, quais
estudos ajudariam o estudante que está aprendendo o Concerto em Lá Menor de Saint-Saëns.
Essas são algumas sugestões de como dar continuidade a esse projeto de pesquisa.
3.2. Cultura
Normalmente a atividade cultural é relatada como atividade inserida em projetos de pesquisa
ou projetos de extensão. Por muitos anos na UFMG tivemos que relatar essa atividade em
formulários preenchidos separadamente do INA - Sistema de Informações Acadêmicas,
sistema que a UFMG usa para que os professores e departamentos relatem suas atividades. Eu
usei a seção de eventos dos formulários eletrônicos diversas vezes para evitar os formulários
externos: cada concerto era um evento e não um produto. Há cerca de 30 anos atrás na UFMG
o Maestro Magnani costumava brincar dizendo que a nossa atividade era vento, "é vento", isto
é, não tinha nenhum ou muito pouco reconhecimento por parte da Universidade. Em meu
Memorial decidi criar uma seção especial para a atividade cultural, da mesma forma que
teremos uma seção dedicada à pesquisa e outra dedicada à extensão. Da mesma forma que
temos projetos de ensino, de pesquisa e extensão, temos projetos culturais. A razão para isso
foi explicada anteriormente e se baseia na minha convicção de que se escolas de música e de
outras artes estão inseridas nas Universidades, a cultura deve ser uma área de conhecimento
tão importante e tão valorizada quanto o ensino, a pesquisa e a extensão. Portanto apresentarei
abaixo relatos de minha produção intelectual nessa importante área do conhecimento humano,
a cultura.
84
No meu Currículo Lattes relato mais de duzentas produções nessa área. Poderia ser muito
mais, mas nem sempre guardamos os programas de concerto que realizamos. Até mesmo
participações em gravações de disco ficaram perdidas, sem registro. Outro aspecto é não ficar
repetindo entradas de um mesmo concerto feito em turnê. Por exemplo, um concerto do
Quarteto MinasArte que percorreu quatro cidades e fez quatro concertos tem apenas uma
entrada no Lattes, com o nome das quatro cidades e o mesmo programa de concerto. Uma
série de concertos da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas tem apenas uma entrada
para uma temporada como 1982, mas foram bem mais que cinquenta concertos entre os
oficiais, didáticos, populares, etc.
3.2.1. Membro de orquestras
Na seção inicial tive a oportunidade de mostrar meus vínculos com orquestras. Muitas vezes
foram orquestras de câmara montadas para um ou mais eventos, orquestras sinfônicas com
vínculo empregatício e orquestras sinfônicas ou filarmônicas em concertos eventuais sem
vínculo empregatício. São exemplos dessas atividades a minha participação em Orquestras de
Câmara como Kamerart, Sesiminas em Belo Horizonte, Leopold La Fosse Barroque
Ensemble nos Estados Unidos com instrumentos de época, Orquestra Sinfônica da Escola de
Música da UFMG, Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, Orquestra Sinfônica de
Minas Gerais, Cedar Rapids Symphony nos Estados Unidos, Orquestra Filarmônica de Minas
Gerais, entre outras.
Essa atividade é muito importante na formação completa de um músico, mesmo que ele se
dedique mais à atividade de música de câmara, solo e ensino de seu instrumento, como é o
meu caso. Na orquestra aprendemos a trabalhar em grupo, respeitando a participação de cada
colega de seção, que no caso do naipe de violoncelos pode chegar até a doze ou quatorze
85
violoncelistas. Aprendemos a controlar nossa afinação, ritmo, dinâmica, articulações, vibrato
de maneira a estar de acordo com o que todo o naipe está realizando. Temos contato com
todos os períodos históricos da música ocidental escrita para o violoncelo, isto é, da orquestra
de câmara barroca a orquestra moderna do século XXI. Temos contato com todo esse
repertório de maneira mais rápida na orquestra do que na música de câmara ou solo porque a
variação ou troca de repertório é bem maior e mais rápida. Temos contato com bons e maus
regentes com quem aprendemos muito. Acho que um músico fica incompleto se não tiver em
seu currículo a experiência de orquestra.
Toquei obras de Orquestra de Câmara como os Concertos de Brandenburgo de Bach e
Oratórios como Paixão Segundo São Mateus e Segundo São João, Oratório de Natal, entre
outras. Nos Estados Unidos toquei inúmeras vezes o Oratório Messias de Haendel e Réquiem
para uma pequena orquestra de Fauré e muitas outras obras barrocas para orquestra de
câmara. Tive a oportunidade diversas vezes de realizar, como primeiro violoncelo em
orquestras de câmara barrocas, o baixo-contínuo e solos, inclusive em óperas barrocas.
Na orquestra sinfônica o número de obras que tive a oportunidade de tocar é incontável. No
período em que tocava na Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas chegávamos a oitenta
concertos por ano. Orquestras precisam ter sala própria e aproveitar mais os programas que
preparam. Na Orquestra de Campinas chegávamos a fazer quatro concertos com o mesmo
programa, de quinta a domingo, sendo que no sábado o concerto acontecia no teatro Cultura
Artística em São Paulo. Toquei diversas Sinfonias de Haydn, não as cento e oito porque vai
ser difícil encontrar quem tenha feito essa façanha. Toquei algumas das de Mozart, mas nem
perto das quarenta e uma que ele compôs. Toquei todas as nove de Beethoven, as quatro de
Brahms diversas vezes, três ou quatro das seis de Tchaikovsky, algumas das de Mahler,
primeira, segunda e quinta com certeza, a número cinco e onze de Shostakovich, a Sinfonia
86
Clássica Prokofiev, Sinfonia Minimalista de Górecki, entre outras. Poemas Sinfônicos de
Liszt, Richard Strauss, Debussy, e outros. Diversas obras para orquestra do Século XX. Na
categoria de Obras Sinfônicas com Coral e Solistas destaco os Réquiem de Verdi, de Mozart,
de Dvorak, o Réquiem Alemão de Brahms e o monumental War Requiem de Britten.
Entre óperas destaco algumas como Turandot de Puccini, Sonho de uma Noite de Verão de
Britten, Carmen de Bizet, A Flauta Mágica de Mozart, entre outras. Toquei também diversos
Balés, mas destaco a oportunidade que tive de, como membro da OSMG, acompanhar o Balé
Bolshoi, com Maestros do próprio Balé, o Lago do Cisne de Tchaikovsky e Spartacus de
Khachaturian.
Entre as obras Brasileiras para orquestra destaco Sinfonia em Sol menor de Alberto
Nepomuceno, Bachianas Brasileiras Nº 2 de Villa-Lobos, Danças Brasileiras como o Batuque
de Lorenzo Fernandez, Mourão de Guerra Peixe, óperas como O Guarani e Los Schiavo de
Carlos Gomes, e muitas e muitas outras obras para orquestra de compositores brasileiros.
Do Barroco Mineiro destaco duas gravações em CD e disco de vinil: a primeira foi em disco
de vinil com a Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFMG com a Maestrina Ângela
Pinto Coelho - A Música das Minas Gerais do Século XVIII, com obras de José Joaquim
Emerico Lobo de Mesquita e Marcos Coelho Neto. A segunda, em CD, com o Coral Ars
Nova e o Maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca - Ars nova - Mestres da Música Colonial
Mineira - Vol. 1, com obras de Manoel Dias de Oliveira, Marcos Coelho Neto e José Joaquim
Emerico Lobo de Mesquita.
Outra experiência de músico de orquestra a destacar é o fato de que após a realização de um
concurso interno passei a exercer a função de Primeiro Violoncelo ou Chefe do Naipe de
87
Violoncelos da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, entre 1987 e 1988, cargo que tive que
deixar após ser aprovado em concurso público para professor da Escola de Música da UFMG
com dedicação exclusiva.
FIGURA 33 - Gravações de orquestras com repertório do barroco mineiro e como primeiro violoncelo
FIGURA 34 - Capa de programa de concerto como 1º Violoncelo
da OSMG e Camargo Guarnieri como regente
88
3.2.2. Música de câmara e solo
É na música de câmara que todo o músico se realiza. Na orquestra muitas vezes nos sentimos
menos importante por dividir a nossa participação com muitas pessoas. Primeiro com o seu
próprio naipe de até doze ou quatorze violoncelistas tocando a mesma parte, segundo por estar
em grupo que pode chegar até a oitenta ou mais pessoas reduzindo assim a importância da sua
participação e terceiro, pela presença do maestro, como diretor, que é quem tem a palavra
final sobre a interpretação musical. A música solo é solitária e exige primeiro um talento
muito acima da média e segundo uma dedicação total a essa carreira. Acredito que mesmo
aqueles que têm talento muito acima da média e habilidade para ser somente solista, não
deixam de fazer a música de câmara. Na música de câmara há um equilíbrio entre a
dificuldade das partes musicais e a responsabilidade entre os participantes. O músico se sente
mais valorizado, mas por outro lado as dificuldades de relacionamento em um ambiente sem
chefe são muitas e poucos grupos resistem por muito tempo.
Infelizmente o mercado de trabalho para a música de câmara é muito restrito e com poucas
oportunidades profissionais. Os músicos precisam ser muito empreendedores para conseguir
oportunidades de tocar e trabalhar com a música de câmara. É sempre uma atividade
complementar para o músico de orquestra ou professor. No Brasil, o único grupo de câmara
institucional que conheço, cujos músicos têm contrato de trabalho para fazer música de
câmara, é o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo. Esse grupo foi criado por iniciativa
de Mário de Andrade em 1935 e está completando agora oitenta anos de existência, com
diversas formações de músicos, é claro. Os outros grupos de câmara em atuação no Brasil
como quartetos de cordas, quartetos com piano, trios com piano, quintetos de sopros,
quintetos de metais, e outras formações instrumentais, são iniciativas próprias e pelo que
89
conheço não são institucionais. Somente grandes grupos, orquestras e bandas, têm apoio
institucional.
Tive a oportunidade de participar de vários grupos de câmara: uns de maior duração, outros
de menor duração e outros montados apenas para um ou mais concertos. Relato abaixo
algumas dessas experiências.
3.2.2.1. Envolvimento com a música contemporânea
Durante meu período de estudos na Escola de Música da UFMG sempre me envolvi com
colegas interessados na música contemporânea e experimental. Por iniciativa própria
realizamos estudos e concertos voltados para esse tipo de música. Devido a esse meu interesse
e formação sempre estive envolvido, em toda a minha carreira, com as novas linguagens e
com a música contemporânea.
O movimento de música contemporânea em Belo Horizonte na década de oitenta foi muito
especial. Trabalhos acadêmicos vêm sendo escritos sobre esse movimento como o de Nelson
Salomé A música contemporânea em Belo Horizonte na década de 80. Outro fato que
demonstra a importância desse movimento esta evento IV Seminário de Música Brasileira da
Escola de Música da UEMG em 2011. Esse evento incluiu uma exposição, Música
Contemporânea dos anos 80 em Belo Horizonte, uma palestra e mesa-redonda, Movimento de
música contemporânea em Belo Horizonte nos anos 80. A exposição do tema foi realizada
por Nelson Salomé com depoimentos e debates por Gilberto Carvalho, Rogério Vasconcelos,
Lucas Raposo, Rogério Bianchi e como moderador Sergio Canedo. Além da Mesa e da
exposição foram apresentados concertos com obras desse período.
90
Um dos mais importantes trabalhos que realizei nessa área está relacionado ao Grupo
Experimental de Câmara da Fundação de Educação Artística. Esse grupo era formado por
Paulo Álvares, Piano, Lindolfo Bicalho, Violão e eu no Violoncelo. Esse três músicos
formavam um núcleo e a cada programa que realizávamos tínhamos quase sempre músicos
convidados. O grupo era vinculado à Fundação de Educação Artística, uma importante
instituição de música de Belo Horizonte, dirigida por Berenice Menegale que sempre apoiou a
Música Contemporânea. Nosso repertório era sempre a música do século XX e obras
encomendadas para o nosso grupo.
FIGURA 35 - Programa do primeiro concerto do Grupo Experimental de Câmara da FEA
A partir do grupo, diversos concertos e eventos foram realizados, sempre sobre a música
contemporânea. Descrevo abaixo alguns desses concertos e eventos.
Cito pelo menos duas montagens que realizamos da obra Pierrot Lunaire de Arnold
Schoenberg que muito bem representa a música contemporânea do início do Século XX e o
expressionismo Alemão. A primeira em 1983, dentro de um evento sobre o Expressionismo
91
Alemão e a segunda no 1º Ciclo de Música Contemporânea de Belo Horizonte em 1983.
Ambas tiveram a participação, entre outros, do Maestro Sérgio Magnani e da cantora Edmar
Ferreti. Outras obras que podem ser citadas são: As Três Pequenas Peças para Violoncelo de
Piano, Op. 11 e a Sonata para Violoncelo e Piano de 1914 sem número de opus, ambas de
Anton Webern; as Oito Bagatelas para Violoncelo e Violão de Gilbert Biberian e a Ten String
Music de Smith Brindle também para Violoncelo e Violão. Foram diversos os concertos com
várias formações instrumentais.
FIGURA 36 - Apresentações da obra Pierrot Lunaire de Arnold Schoenberg
Outro evento que Grupo Experimental participou foi a montagem do espetáculo "KAFKA -
Um espetáculo Cênico Instrumental" em 1984 juntamente com o Grupo Oficina Multimédia.
O trabalho teve Roteiro e Direção de Ione Medeiros. Os Músicos improvisaram durante todo
o espetáculo. O livro “Grupo Oficcina Multimédia – 30 anos de integração das artes no
teatro” traz o relato desse espetáculo. O cartaz do evento está na ilustração abaixo.
92
Importante também relatar na área de música contemporânea é a relação que tive com o
compositor Gilberto Carvalho. Antônio Gilberto Machado de Carvalho (1952) é também
Professor da Escola de Música da UFMG. Desde os tempos de estudantes trabalhamos juntos
em diversos eventos voltados para a Música Contemporânea. Gilberto me confiou obras para
estreiar assim como dedicou uma obra a mim.
FIGURA 37 - Apresentação do GEC-FEA com a Oficina Multimédia
93
Entre obras que estreei de Gilberto Carvalho posso citar: A obra "21" para Violoncelo Solo,
composta em 2010 dedicada a seu filho Gabriel que completou naquele ano 21 anos de idade.
A estrutura da obra é baseada na sequência numérica conhecida como Fibonacci, da qual 21 é
o oitavo termo. Outro recurso utilizado é o uso de quartos de tom na seção central da peça. A
estréia aconteceu no III Seminário de Música Brasileira da EM da UEMG em 2010; a obra
Retratos do Tempo para Violoncelo e Piano que foi apresentada pela primeira vez no XI Ciclo
de Música Contemporânea de Belo Horizonte em 1989 e teve como pianista Celina
Szrvinsky.
A obra dedicada a mim por Gilberto Carvalho é "Variações" para Violoncelo Solo. A
linguagem empregada é a atonalidade, isto é, não há um centro tonal principal ou o emprego
de um tom definido. Outra característica da obra é a economia de material. Essa obra
percorreu toda a minha carreira. Toquei inúmeras vezes em recitais e eventos. Encontrei em
meus programas de concerto quinze apresentações confirmadas, sem contar as apresentações
em palestras e eventos onde não havia programa de concerto. Destaco entre algumas dessas
apresentações da obra, a estreia em 06 de Novembro de 1983 no Teatro Heloisa Guimarães da
Fundação de Educação Artística, no 1º Ciclo de Música Contemporânea de Belo Horizonte
em 1984, no 2º Encontro de Compositores Latino-Americanos de Belo Horizonte no Teatro
Francisco Nunes em 1988, em um dos Recitais de Doutorado nos Estados Unidos em 1993,
no IV Seminário de Música Brasileira da Escola de Música da UEMG em 2011. Em 2014 esta
obra foi gravada dentro do projeto "Violoncelo ontem e hoje" de minha responsabilidade e foi
apresentada no Concerto de lançamento do CD em 2015. Foi também publicada em 2014
dentro do mesmo projeto em parceria com o Selo de Gravação e Edição "Minas de Som" da
Escola de Música da UFMG, quarto volume da série Cadernos Musicais Brasileiros (ISBN:
978-8560488-05-6). A obra pode ser ouvida no CD em anexo a esse memorial assim como no
Youtube no link https://youtu.be/N8mYocaFVU4, apresentada em um dos meus recitais de
94
doutorado, acima citado. Outra apresentação está no Facebook,
http://facebook.com/claudiourgel, linha do tempo, 2011.
FIGURA 38 - Variações de Gilberto Carvalho, manuscrito e edição
Outra obra que estreei e que destaco aqui é Imaguel de Rufo Herrera (1933). A estréia
aconteceu em 1988 no evento V Ciclo de Música Contemporânea de Belo Horizonte e em
seguida foi apresentada no 2º Encontro de Compositores Latino-americanos de Belo
Horizonte. A obra é para Violoncelo Solo e uma Bailarina/Atriz. A Bailarina foi Isabel Costa
e o texto recitado pela mesma foi retirado de um conto do poeta Estefane Mallarmé. Essa obra
pode ser vista através de um vídeo de uma de suas apresentações no Youtube, no endereço
https://youtu.be/iqRzKrdYgs0.
No âmbito da Escola de Música tive a oportunidade de participar de concerto com o Grupo de
Música Contemporânea da Escola de Música. O grupo realizava eventos com compositores
95
convidados como Craig Harris em 1995, concertos com temas como "Articulações - sons da
atualidade" também em 1995.
Participei também de um importante trabalho coordenado pelo Professor Sérgio Freire Garcia
intitulado "Do Conservatório à escola - 80 anos de criação musical em Belo Horizonte", 2006.
O trabalho inclui um livro e dois CDs. Participo junto com Professores e Alunos da Escola de
Música da UFMG de duas obras contemporâneas de compositores que foram alunos da Escola
de Música e que são hoje professores, como Guilherme Nascimento com a obra Baku-Pari e
Guilherme Antônio com a obra Tríptico.
FIGURA 39 - Capa do CD do Conservatório à Escola de Música
Outro trabalho que considero relevante relatar pela importância do compositor e da obra é
"Um no outro - Duo de Violoncelos" de Eduardo Bértola (1939-1996). Sempre estive ligado a
96
esse compositor e Professor da Escola de Música, seja tocando, seja editando suas obras. As
edições realizadas de outras obras já foram relatadas quando falei do projeto de Ensino e do
Laboratório de Edições na seção Docência.
A primeira versão da obra Um no outro é de 1984. Estreei essa obra em um concerto no
Teatro Heloisa Guimarães, antigo teatro da Fundação de Educação Artística. Não tenho o
programa desse concerto, que foi apresentado juntamente com o violoncelista Paulo Cesar
Rabelo. Outra importância dessa obra para mim é o fato da primeira versão ter uma longa
passagem em sons harmônicos e ser exaustivamente discutida em meu trabalho final de
doutorado, que tem como tema a performance dos sons harmônicos. Gravei em 2012 essa
primeira versão da obra no CD Eduardo Bértola - Música de Câmara, dirigido por Rafael
Nassif e tendo como parceiro no duo o violoncelista João Cândido. Eduardo Bértola
reescreveu esse duo e estava prestes a publicá-lo pela editora Musimed quando faleceu em
1996. A Escola de Música da UFMG é a proprietária dos manuscritos de Edurado Bértola que
estão sob a guarda do Professor Sérgio Freire. Essa segunda versão não publicada é de 1994,
dez anos após a primeira. Decidi incluir essa segunda versão no recente projeto "Violoncelo
ontem e hoje". A obra foi gravada novamente com o violoncelista João Cândido. A estréia da
segunda versão dessa obra aconteceu no concerto de lançamento do CD em 09 Março de
2015. O interessante de termos a gravação das duas versões é a possibilidade de estudiosos e
apreciadores da música de Eduardo Bértola de confrontar e compreender melhor a evolução
de seu pensamento musical. A primeira versão pode ser ouvida em meu canal no Youtube no
endereço https://youtu.be/EL5BgVY5oTQ ou no Facebook http://facebook.com/claudiourgel,
linha do tempo, 2012 A segunda versão está no CD do projeto "Violoncelo ontem e hoje" em
anexo.
97
FIGURA 40 - Gravação da primeira versão da obra Um no outro de Eduardo Bértola
Em recente projeto intitulado "Violoncelo ontem e hoje - CD e concerto com mostra de
composições e transcrições da música Brasileira e contemporânea de Belo Horizonte" tive a
oportunidade de gravar, apresentar em concerto e publicar algumas obras contemporâneas de
Belo Horizonte. O CD e a publicação estão em anexo a esse Memorial.
FIGURA 41 - CD Violoncelo ontem e hoje que inclui obras citadas nesse Memorial
98
FIGURA 42 - Publicação "Violoncelo ontem e hoje" que inclui obras citadas nesse Memorial
Tenho certeza que realizei muitas outras estréias de obras mas que não tenho registro e
também não teria espaço para relatar todas aqui. Os trabalhos relatados nesta área
demonstram o meu vínculo com a música contemporânea, as novas linguagens, a música
brasileira, a música nova de Belo Horizonte e com professores, compositores e intérpretes
ligados de alguma maneira à Escola de Música da UFMG.
3.2.2.2. Solos com orquestra
Na área de solo com orquestra não tive muitas atividades. Toquei o concerto de Saint-Saëns
em Lá Menor e Bochechini em Sí Bemol Maior algumas vezes com a Orquestra Sinfônica da
Escola de Música da UFMG, assim como o Concerto em Ré Maior de Joseph Haydn.
99
Buscando sempre minha relação com a Escola de Música da UFMG para o relato desse
Memorial destaco as apresentações que fiz da obra Romance para Violoncelo Solo e
Orquestra de Arthur Bosmans (1908 -1991). Bosmans é de origem Belga, veio para o Brasil
em 1940 e foi professor de composição e regência por muitos anos na Escola de Música da
UFMG. Tive o privilégio de trabalhar com ele como Bolsista da Orquestra da Escola. Formou
uma geração enorme de compositores e regentes que atuam em Belo Horizonte, como Oiliam
Lanna e Marcos Drumond. Toquei a obra Romance sob a regência do compositor. Por ocasião
do aniversário de oitenta anos do compositor fizemos uma homenagem com a apresentação
dessa e de outras obras de sua autoria, com o autor presente. A apresentação foi em 1989 com
a Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFMG sob a regência de Marcio Miranda. O
vídeo desse concerto pode ser visto na Youtube no link https://youtu.be/OCmgrWIQ5uU. Em
um trecho do vídeo a presença do compositor pode ser notada na platéia. Outra maneira de
localizar o vídeo é acessar o meu canal no Youtube http://www.youtube.com/claudiourgel.
FIGURA 43 - Arthur Bosmans - autor da obra Romance para Violoncelo
solo e orquestra
100
Outro destaque dessa área de produção que quero apresentar nesse Memorial é o concerto que
realizei com meu filho Tomás von Atzingen com a Orquestra Sinfônica da Escola de Música
da UFMG em 2000. Tocamos o Concerto em Sol Menor para dois Violoncelos de Antonio
Vivaldi, sob a regência de Silvio Viegas. Tomás tinha então treze anos de idade. O vídeos de
um desses concertos pode ser visto no site Youtube, nos links: https://youtu.be/e-
61zK2RcQY, https://youtu.be/i74JLIRVf8I e https://youtu.be/7yJRGdGuT8A. É possível
também rapidamente localizar os vídeos digitando na área de pesquisa Cláudio Urgel e
Vivaldi.
3.2.2.3. Duos com Piano e outros instrumentos
Tive a oportunidade de tocar com alguns pianistas durante a minha carreira como Regina
Amaral, Magdala Costa, Celina Szrvinsk, Maria Tereza Madeira, Rafael dos Santos, Mary
Beth Barteau, Wagner Sander, Valeria Gazire, entre outros. Toquei sonatas importantes tais
como Beethoven Nº 2 e 4, Brahms Nº 1, Prokovief, Kodally, Debussy, Barber, Guarnieri e
outras. Peças com Piano como o Ponteio e Dança de Camargo Guarnieri, Capricho de Villa-
Lobos, Peça Fantasia de Schumann, Rapsódia Húngara de David Popper, e muitas outras.
Destaco aqui os concertos que fizemos na Escola de Música da UFMG em homenagem aos 70
(1998) e aos 80 (2008) anos de idade do compositor Edino Krieger. O compositor estava
presente nos dois eventos, que foram organizados pela Pianista Celina Szrvinsk.
Apresentamos, também nos dois concertos, a obra Seresta para Violoncelo e Piano.
Toquei diversas vezes em duo com Violão. Obras modernas como as já citadas na seção
anterior com o violonista Lindolfo Bicalho. Com o Violonista Celso Faria toquei, entre outras,
101
a Sonata para Violoncelo e Violão de Radamés Gnattali e Cenas Cariocas de Guerra Vicente -
Transcrição para Violoncelo e Violão de Celso Faria.
A obra que devo ter tocado mais vezes na formação de duo foi o Assobio a Játo de Heitor
Villa-Lobos. Toquei essa obra com diferentes Flautistas, mas na maioria das vezes foi com o
Flautista Fernando Pacífico, com quem tenho um duo desde os tempos de estudante. Foram
dezenas de apresentações, principalmente em concertos do Quarteto MinasArte que será
apresentado abaixo. Poucos compositores têm a criatividade e a coragem de Villa-Lobos para
escrever um duo para flauta e violoncelo, onde os dois instrumentos trocam constantemente
os papeis de solista e de acompanhador. A flauta, um instrumento solista por natureza, se vê
obrigada a realizar material harmônico e melódico típicos de acompanhamento e que são
próprios da linguagem idiomática do violoncelo e vice-versa. O violoncelo, por sua vez, se vê
obrigado a realizar o papel do solista, tocando os mesmos temas executados pela flauta,
dentro de uma linguagem própria da flauta. Essa troca constante de papeis aumenta a
dificuldade para os instrumentistas. Recentemente gravamos essa obra no projeto já citado
"Violoncelo ontem e hoje". O CD está em anexo e a gravação poderá ser apreciada.
FIGURA 44 - Foto de concerto com o Flautista Fernando Pacífico
102
3.2.2.4. Trios, quartetos e outras formações
Antes de fazer alguns relatos de minha atividade nesta área, vou apresentar minha concepção
de música de câmara. Podemos dizer que música de câmara é música para uma pequena sala,
uma vez que é esse o significado da palavra câmara. Nesse entendimento incluiríamos
também um instrumento solo ou até uma pequena orquestra dentro dessa categoria. Outro
entendimento é que a música de câmara é composta de obras para pequenos grupos musicais.
Grupo só começa com dois instrumentos ou canto, o que exclui o instrumento solo. Um outro
aspecto da música de câmara é o grau de dificuldade individual das partes e a demanda por
ensaios do grupo. Entendo que quanto maior o número de instrumentos, mais ensaios serão
necessários em contraposição ao estudo individual das partes; quanto menor o número de
instrumentos, mais estudo individual e menos ensaios do grupo é necessário. Um quarteto
precisa ensaiar mais que um duo. Por outro lado, as partes de um quarteto demandam menos
estudo individual do que as partes de um duo. Um duo precisa menos ensaio mas muito mais
estudo individual.
Pelas razões apresentadas acima, na minha concepção de música de câmara, é na formação
trio que a música de câmara realmente começa. Temos uma parte do repertório de duos de
instrumento ou canto com piano em que o piano tem um papel secundário e acompanha um
solista de canto ou instrumento. Portanto é difícil chamar essas obras de música de câmara, é
solo acompanhado. Outra parte do repertório de duos, seja piano com canto ou instrumento,
seja qualquer outra combinação de instrumentos, as partes têm importância equivalente e são
partes de alto grau de dificuldade, comparáveis aos solos. Nesses dois casos é mais o estudo
individual que trará um bom resultado para o concerto e não tanto os ensaios do grupo.
Apresento abaixo trios, quartetos e outros grupos de que fiz parte.
103
3.2.2.4.1. Grupo Diadorim
O Grupo Diadorim é formado por Laura von Atzingen, Violino, Sofia von Atzingen, Viola,
Tomás von Atzingen, violoncelo e Cláudio Urgel, violoncelo. O Grupo é formando por uma
família de músicos. Tomás, Sofia e Laura são filhos de Cláudio Urgel e Bernadette von
Atzingen. O grupo foi formado em casa, começando com pequenas peças escritas para
crianças e tocadas em duos, trios e quartetos. Aos poucos o grupo foi incorporando peças do
repertório de concerto para instrumentos de cordas, além de arranjos e transcrições. Uma parte
importante do repertório é formada por obras onde cada um dos instrumentos fica em
destaque, dando oportunidade a um caráter didático das apresentações. Algumas dessas
transcrições são: III Movimento do Concerto de Haydn em Ré Maior para Violoncelo e
Orquestra, onde Tomás era o solista, I Movimento do Concerto em Ré Maior de Stamitz para
Viola e Orquestra, onde Sofia era a solista, I Movimento do Concerto em Sol Maior de
Mozart para Violino e Orquestra, onde Laura era a Solista. Além de concertos, muitas outras
obras foram transcritas como as Danças Húngaras de Béla Bartók para Piano Solo, diversos
movimentos do Carnaval dos Animais de Saint-Saëns, partes dos Divertimentos de Mozart
para Quarteto de Cordas, entre outras. Essas transcrições serão melhor apresentadas abaixo
em uma seção dedicada às transcrições.
O Grupo Diadorim realizou inúmeros concertos. Destaco aqui o projeto "Música de Concerto
nas Escolas", em 2007 e 2008. Esse projeto recebeu apoio da Lei Municipal de Incentivo à
Cultura de Belo Horizonte e através dele realizamos vinte e dois concertos didáticos em
Escolas Municipais de Belo Horizonte. Além da música, os concertos eram acompanhados de
pequenas palestras e a distribuição de material gráfico para os estudantes era feita
previamente nas escolas para uma aula preparatória. Tivemos platéias de cinquenta pessoas
em auditórios até cerca de quinhentas ou mais em ginásios. Tocamos em regiões muito
carentes de Belo Horizonte, dentro de favelas. Apresentávamos os instrumentos, a família das
104
cordas, destacando cada instrumento com os solos, a música de concerto e seus compositores,
entre outros assuntos. Trechos dessas apresentações podem ser vistas no Youtube, no link
https://youtu.be/IoxhOKzpL_g (Trenzinho do Caipira de Heitor Villa-Lobos, ou
https://youtu.be/1AaUam-fLso (Hino da Independência de Dom Pedro I), ou
https://youtu.be/4Bf-PHAymSA (Apresentação do projeto). Digitando Claudio Urgel e Grupo
Diadorim na área de pesquisa do site também dará acesso a esses e outros vídeos de concertos
do Grupo Diadorim.
FIGURA 45 - Grupo Diadorim
FIGURA 46 - Concertos do Grupo Diadorim em Escola de PBH
105
Outra série de concertos que gostaria de destacar é uma turnê pelo interior de Minas Gerais
apoiada pela Fundação Clóvis Salgado em 2009. Os concertos tiveram sempre o caráter
didático apresentando nossos instrumentos, a música de concerto e os estilos de época. Foram
seis cidades na região do vale do Rio Doce incluindo a cidade onde nasci, Peçanha. A
ilustração abaixo mostra as cidades e o repertório da turnê. Vídeos desses concertos,
especificamente na cidade de Peçanha podem ser acessados no site Youtube, nos links:
https://youtu.be/UzAd4s9j0mA (Ernest Mahle - Concertino para Violino),
https://youtu.be/sNEFxLu7h2k (Guerra-Peixe - Andante para Viola) e
https://youtu.be/QDVwiuwf4t4 (Guerra-Vicente - Valsa Seresteira para Violoncelo).
Acessando o meu Canal no Youtube também dará acesso aos vídeos:
http://www.youtube.com/claudiourgel.
FIGURA 47 - Cartaz e programa de concertos em turnê do Grupo Diadorim
A ilustração abaixo mostra a passagem do grupo pela cidade de Guanhães.
106
FIGURA 48 - Matéria de Jornal de Guanhães, MG, sobre concerto do Grupo Diadorim
3.2.2.4.2. Quarteto MinasArte
O Quarteto MinasArte é integrado por duas famílias de músicos mineiros. Fernando Pacífico
é primeiro Flautista da OSMG e professor da UEMG e sua filha Martha Pacífico, Violinista, é
integrante da Filarmônica de MG; Sofia von Atzingen, Violista, é minha filha e acaba de
concluir o mestrado em música na Alemanha. A formação instrumental do quarteto com
flauta e cordas tem obras originais mas também depende de transcrições e arranjos para
completar o repertório. Mozart escreveu quatro quartetos para essa formação que foram
tocados diversas vezes pelo Quarteto MinasArte. Faz parte também do repertório do grupo os
quartetos de Antonin Reicha (1770-1836), compositor da República Tcheca e contemporâneo
107
de Beethoven. Entre as transcrições estão diversas obras de Ernesto Nazareth e movimentos
isolados das Bachianas Brasileiras 2, 4 e 5 e Heitor Villa-Lobos.
FIGURA 49 - Foto e programa de concerto no Conservatório UFMG em 2006, 150 anos de nascimento de
Mozart
Destaco também o concerto que fizemos no auditório da Escola de Música da UFMG em
comemoração aos 250 anos de nascimento de Mozart, em 2006. Na ocasião executamos, entre
outras obras, o Quarteto K298 em Lá Maior. O vídeo desse concerto, Primeiro Movimento,
108
pode ser acessado no Youtube através do link: https://youtu.be/4-G0AEk9NsQ, ou digitando
na área de pesquisa Cláudio Urgel e Mozart.
Outra série de concertos importantes no currículo do quarteto são os vinte e cinco concertos
realizados em vinte e cinco cidades do interior de Minas Gerais, sempre com o apoio da
Fundação Clóvis Salgado. Os Programas abaixo mostram algumas das turnês.
FIGURA 50 - Programas de concertos do Quarteto MinasArte
O Quarteto MinasArte participou do projeto já relatado nesse Memorial, isto é, "Violoncelo
ontem e hoje". A faixa do CD em que o mesmo participa é a obra "Apanhei-te, Cavaquinho"
(1914) - Ernesto Nazareth (1863 - 1934); Piano Solo - Transcrição para Quarteto com Flauta,
Violino, Viola e Violoncelo realizada por Cláudio Urgel. Essa gravação está no CD em anexo
a esse Memorial.
109
3.2.2.4.3. Conjunto de Violoncelos da Escola de Música da UFMG e o Cellos de Minas
Durante toda a minha carreira de Professor de Violoncelo realizei com alunos concertos de
grupo de violoncelos, seja nas audições de final de semestre, seja em eventos para o qual
fomos convidados a participar. Nomeamos o grupo de Conjunto de Violoncelos da Escola de
Música da UFMG. Apresentamos obras originais como as Bachianas Brasileiras Nº 1 e Nº 5
de Heitor Villa-Lobos, assim como diversas transcrições e arranjos que realizei para grupo de
violoncelos e quarteto de violoncelos. Exemplos dessas transcrições são: Brejeiro de Ernesto
Nazareth, Libertango de Astor Piazzola, Concerto em Sol Menor de Vivaldi, entre muitas
outras. Praticamente todas as audições de Violoncelo são encerradas com o grupo de
Violoncelos.
FIGURA 51 - Foto do Conjunto de Violoncelos em uma audição, 2005
110
FIGURA 52 - Concerto do Conjunto de Violoncelos da Escola de Música em um Congresso
Vídeo de um dos concertos do Conjunto e Violoncelos da Escola de Música da UFMG pode
ser acessado no site Youtube, link: https://youtu.be/fW5J7KwF5As, ou digitando na área de
pesquisa Cláudio Urgel e Villa-Lobos. A obra é o Primeiro Movimento das Bachianas
Brasileiras Nº 1 de Heitor Villa-Lobos apresentada na abertura do III Congresso Internacional
de Fonética e Fonologia, em 2006, Auditório da Reitoria da UFMG.
Essa minha prática de ter na Escola de Música da UFMG o conjunto de violoncelos de alunos,
assim como de realizar transcrições para essa formação me levou a criar o grupo Cellos de
Minas. O quarteto “Cellos de Minas” é formado por quatro violoncelistas destacados do
cenário musical de Belo Horizonte, Antônio Viola, Cláudio Urgel, João Cândido e Sérgio
Rabello. Todos atuam em Orquestras e Escolas de Música de Belo Horizonte como a OSMG,
SESIMINAS, Filarmônica de Minas Gerais, Escola de Música da UFMG, Escola de Música
da UEMG, CEFAR, entre outras.
111
FIGURA 53 - Cellos de Minas
O eclético repertório do quarteto é formado por obras para conjunto de Violoncelos assim
como obras para outros instrumentos arranjadas ou transcritas para quarteto. São obras de
compositores como Antonio Vivaldi, Heitor Villa-Lobos, Ernesto Nazareth, Ernani Aguiar,
Astor Piazzolla, entre outros. No site Youtube podem ser assistidas performances ao vivo do
quarteto, bastando digitar o meu nome Cláudio Urgel e o nome do grupo Cellos de Minas, ou
através de alguns links como esse: https://youtu.be/x-IRDyAJBMM.
Cellos de Minas está também no projeto "Violoncelo ontem e hoje". Duas faixas são
dedicadas a esse grupo, a saber, Brejeiro (1893) - Ernesto Nazareth (1863 - 1934); Piano Solo
- Transcrição para Quarteto de Violoncelos realizada por Cláudio Urgel e Choros Nº I (1920)
- Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959); Violão Solo - Transcrição para Quarteto de Violoncelos
realizada por Cláudio Urgel. O CD está em anexo e essas gravações podem ser apreciadas.
112
FIGURA 54 - Cellos de Minas em concerto no Pró-Música de Juiz de Fora
113
3.2.2.4.4. Outros grupos, formações e música popular
Nessa seção vou citar outros grupos que duraram menos tempo mas que foram importantes
em algum momento da minha carreira. O Trio Lorenzo Fernández formado por Valéria Gazire
(piano), Edson Queiroz (violino) e Cláudio Urgel (violoncelo) apresentou obras tradicionais e
modernas para a formação musical Trio com Piano, Violino e Violoncelo, assim como as
combinações possíveis com essa formação, duo de Violino e Violoncelo, duo de Violino e
Piano e de Violoncelo e Piano. Um dos programas de concerto abaixo foi totalmente de
dedicado à música brasileira e com as formações possíveis para esse grupo instrumental.
FIGURA 55 - Concertos do Trio Lorenzo Fernandez
114
O Grupo Líbero tem uma proposta de mesclar a música instrumental e vocal, erudito e
popular, com arranjos e transcrições da pianista Ligia Becker com foco no repertório
operístico e canções de caráter mais popular. O repertório inclui obras de Carlos Gomes,
Verdi, Villa-Lobos, Gershwin, Cole Poter, entre outros. Os membros do grupo são: Elizeth
Gomes, Soprano, Alexandre Carvalho, Tenor, Maria Ligia Becker, Piano, Adriana Costa,
Violino e Cláudio Urge, Violoncelo, Arranjos e transcrições de Maria Ligia Becker. A
matéria de jornal abaixo mostra a atuação do grupo.
FIGURA 56 - Grupo Líbero no jornal Estado de Minas
Durante minha carreira participei de muitos outros concertos com as mais variadas formações
instrumentais, principalmente na música do Século XX, onde as formações tradicionais do
115
Quarteto de Cordas e Trio de Piano e Cordas são alteradas para se obter uma maior variação
timbrística. Alguns desses concertos e gravações estão relatados no Currículo Lattes e
poderão ser consultados lá.
Completam as atividades relatadas acima algumas gravações de shows e DVDs de Música
Popular. Destaco o DVD intitulado "Projeto Brasil - de Antônio a Zé Kéti". O trio formado
por Clóvis Aguiar (Piano e Teclado), Milton Ramos (Contrabaixo Acústico) e Célio Balona
(Acordeon) são os responsáveis pelo projeto. Formaram uma orquestra de Cordas para
acompanhá-los com arranjos de Clóvis Aguiar e Regência de Geraldo Viana. A gravação do
DVD foi ao vivo no Teatro Sesiminas em 2007. Realizei gravações de CD de cantoras como
Paula Santoro, Elisa Queiroga e outras, sempre com arranjos de Mauro Rodrigues ou Geraldo
Viana.
3.2.3. Transcrições e arranjos
Como pode ser visto na seção anterior realizei dezenas de transcrições e arranjos para os
grupos musicais em que atuei. A maioria quase que absoluta desse trabalho não está ainda
publicada, mas pode ser comprovado com os próprios arranjos que disponibilizo para esse
Memorial, assim como os programas de concerto e gravações de apresentações em que essas
transcrições foram utilizadas.
Antes de apresentar os destaques dessa área de atuação é preciso uma conceituação entre
transcrição e arranjo. A Plataforma Lattes oferece no Módulo de Produções, Música, a opção
de caracterizar a Natureza da produção. Entre as opções está Arranjo, mas não temos a opção
Transcrição. Acredito que para muitos músicos não há diferença entre esse dois termos. Mas
no meu entendimento é preciso haver essa diferenciação. Entendo que na transcrição
116
trabalhamos com uma partitura original para um determinado instrumento e realizamos a
transcrição para outro ou outros, fazendo pequenas adaptações mas sempre mantendo um
estreito vínculo com a partitura original. Já no arranjo temos uma liberdade maior com
inclusão de instrumentos e acréscimo de outros, com criação de contracantos e até alterações
harmônicas. O trabalho que faço é mais na área da transcrição do que do arranjo, uma vez que
trabalho sempre com a partitura em mãos e com obras que já têm muita riqueza de material, o
que não permite muito espaço para os acréscimos de um arranjo. Com raras exceções me
aventurei no arranjo. Isso ocorreu apenas em obras onde se tem apenas uma melodia e
acompanhamento e que, portanto, requerem em um arranjo para quarteto um pouco mais de
elaboração de novos materiais, respeitando sempre o estilo do compositor.
Transcrevi muito para o Grupo Diadorim: violino, viola e dois violoncelos; para o Quarteto
MinasArte: flauta, violino, viola e violoncelo e para o Grupo de Violoncelo e Quarteto de
Violoncelos. Vou relatar aqui alguns trabalhos na área do grupo de violoncelos porque
acredito serem estes os que têm maior demanda pela falta de repertório para essa formação
instrumental.
Graças à ampla tessitura do violoncelo, cuja extensão ultrapassa cinco oitavas e abrange todas
as vozes humanas, é possível haver grupos formados exclusivamente por violoncelos.
Transcrever música para grupo de violoncelos é desafiante. Os violoncelos têm de fazer ao
mesmo tempo o papel que, em quartetos de cordas, é dividido por dois instrumentos agudos,
os Violinos I e II, um instrumento de registro médio, a viola e um instrumento grave que é o
próprio Violoncelo. Fazer todos esses papeis só é possível devido à grande extensão do
Violoncelo, mas certas passagens se tornam verdadeiros desafios técnicos, equivalente aos
encontrados em concertos de violoncelo. Portanto, no caso do quarteto de Violoncelos as
partes individuais são desafiantes, diferente do que afirmei antes quando discuti a
117
conceituação para música de câmara. Exemplo dessa afirmação está na estréia das Bachianas
Brasileiras Nº 1 de Heitor Villa-Lobos. Essa obra é para um grupo de oito Violoncelos. Em
sua estréia em 1932 foram apresentados dois dos três movimentos da obra e a primeira estante
teve de ser executada por duas Violas ao invés de dois Violoncelos. Hoje temos no Brasil
muitos violoncelistas em condições de fazer essa tarefa, mas em 1932 na Orquestra
Filarmônica do Rio de Janeiro não tinha.
Tenho evitado fazer listas de realizações ou produtos nesse Memorial, mas me rendo nesse
momento a listar algumas dessas transcrições para depois destacar uma ou outra. São para
quatro vozes de Violoncelos e em alguns casos com versões para um grupo maior tendo,
portanto, trechos com mais do que quatro vozes.
Antonio Vivaldi: Concerto para dois Violoncelos e Orquestra em sol Menor - Allegro,
Adágio e Allegro (o próprio nome já diz a formação instrumental)
Astor Piazzolla: Libertango, Adios Nonino e La Muerte del Ángel (Não consegui
definir para qual grupo cada uma dessas peças foi composta, existem muitos arranjos)
Béla Bartók: Danças Húngaras - Original para Piano Solo
Ernesto Nazareth: Apanhei-te Cavaquinho, Brejeiro, Coração que Sente e Odeon -
Piano Solo
Guerra Vicente: Três Cenas Cariocas - Valsa Seresteira, Cantiga e Choro - Violoncelo
e Piano
Heitor Villa-Lobos: Bachianas Brasileiras Nº 2 - original para Orquestra Sinfônica -
mas tem versão do próprio autor para Violoncelo e Piano - Transcrevi três dos quatro
movimentos: I - O Canto do Capadócio, II - O Canto da Nossa Terra e IV - O
Trenzinho do Caipira
Heitor Villa-Lobos: Choros Nº I - Original para Violão Solo.
Todas essas transcrições, apenas a grade sem as partes, estão no meu site institucional
http://www.musica.ufmg;br/claudiourgel. Localizar o link para Transcrições e depois de
entrar na página de transcrições selecionar cada uma das transcrições. Para abri-las é
118
necessária a senha "casals". Abaixo estão alguns programas de concerto onde estas obras
foram executadas.
FIGURA 57 - Programas de concertos com mostra das transcrições
Gravações dessas transcrições podem ser acessadas no site Youtube, no meu canal
http://www.youtube.com/claudiourgel. Como relatado antes, nas atividades do grupo Cellos
de Minas duas dessas transcrições foram gravadas e publicadas no projeto "Violoncelo ontem
e hoje". Ambas, gravação e publicação estão em anexo a esse Memorial.
119
3.3. Extensão
Cada Unidade da UFMG tem uma vocação diferente para a extensão. A Escola de Música tem
uma vocação natural, seja na área de cursos para crianças, adolescentes, adultos e terceira
idade, seja com seus produtos artísticos, assim como outras atividades realizadas na Clínica de
Musicoterapia.
As atividades que realizamos e os produtos que são gerados podem ser atribuídos ao mesmo
tempo às diferentes áreas em que atuamos, ensino, pesquisa, cultura e extensão. Mais
importante do que definir com precisão se uma atividade deve ser relatada aqui ou ali, é ter
para mostrar projetos e produtos de uma carreira. O próprio Currículo Lattes nos permite
relatar a mesma coisa em áreas diferentes. Analisando o Currículo Lattes de colegas de área e
mesmo de outras áreas nota-se bem o que estou afirmando. Cada um entende que seu trabalho
deve estar nesse ou naquele Módulo do Lattes.
Conforme relatado antes, muitas das atividades da área cultural poderiam também estar
mencionadas na área de extensão por mostrar para a comunidade externa da UFMG o que se
faz dentro da Universidade. Não faria mesmo o menor sentido ficarmos tocando somente uns
para os outros. Concerto sem público é para amador. Portanto não repetirei nesta seção todos
os concertos e atividades do gênero que já constam na seção anterior, a não ser aquelas que
foram realizadas dentro de Projetos de Extensão Institucionais. Vou relatar nesta seção
projetos e atividades de extensão que considero mais relevantes em minha carreira.
120
3.3.1. Cursos de extensão e prestação de serviços
Um dos projetos de extensão mais antigo da Escola de Música da UFMG é o Curso de
Formação Musical - CFM. Foi criado em 1976 pelo então Diretor professor Ney Parrela. Já
relatei na seção inicial desse memorial que fui aluno desse curso. Entrei na primeira oferta
desse curso, 1976. O CFM foi criado para atender uma demanda por cursos básicos de música
em Belo Horizonte. Nos primeiros anos do vestibular para o Curso de Graduação em Música
na UFMG não havia provas de aptidão ou habilitação específica em música, gerando um
grave problema para a Escola. Nas mesmas turmas dos primeiros períodos do curso havia
alunos com formação básica e pessoas que nem sabiam ler uma partitura. O outro problema
era como preparar em quatro anos, tempo de um curso de graduação em música, um músico
profissional que por sua vez estava iniciando seus estudos na idade adulta. Digo sempre em
minhas palestras "Encontro com o Violoncelo" que o tempo para a formação de um músico
profissional é aproximadamente dez anos de estudo ininterrupto, com boa orientação,
instrumento adequado, cerca de quatro horas de estudo diário. Afirmo sempre que para formar
um Violoncelista profissional são necessárias pelo menos doze mil e quinhentas horas de
estudo, mais toda a vida profissional se aperfeiçoando. Foi também na gestão do Professor
Ney Parrela que foi criada a prova de Aptidão Específica em Música, como parte do
Vestibular para o Curso de Graduação em Música.
O antigo Conservatório Mineiro de Música oferecia um curso básico de música. Com a
absorção do Conservatório pela UFMG esse curso deixou de existir, provavelmente por ter
perdido o seu suporte legal. A Escola de Música encontrou nos cursos de extensão uma
maneira de voltar a ofertar cursos básicos de música para a comunidade de Belo Horizonte,
em uma época que existiam pouquíssimas escolas de música na cidade.
121
Depois de aluno passei a ser professor do CFM. Primeiro como Monitor da Disciplina
Violoncelo, orientado pelo Professor Watson Clis. Mais tarde, quando contratado como
Técnico em Assuntos Culturais pela UFMG e ainda depois da minha contratação como
Professor de Violoncelo continuei lecionando no CFM. É importante observar que nessa
época a carga horária dedicada ao CFM era considerada na Escola de Música como carga
didática, com o mesmo valor de atuar na Graduação. O conteúdo e material usado nesse curso
é o da formação básica de um violoncelista, o que inclui exercícios, estudos e repertório
adequado. À medida que minhas atividades de Professor foram aumentando, inclusive as
administrativas que serão relatadas na próxima seção desse Memorial, deixei aos poucos de
dar aulas nesse curso e passei a orientar monitores para atuarem no CFM.
Com o passar dos anos diversas mudanças na UFMG, na Escola de Música e no seu quadro
docente provocaram mudanças nas atividades de extensão e em consequência disso no CFM.
Sem entrar em muitos detalhes podemos citar algumas dessas mudanças. Primeiro foi o
entendimento de que carga didática são as horas dedicadas ao ensino de graduação e pós-
graduação stricto sensu sem incluir, portanto, cursos de extensão e especialização. Segundo
podemos citar a regulamentação da UFMG das atividades de prestação de serviços dos
professores e funcionários, Resolução 10/95 do Conselho Universitário e o entendimento de
que essa atividade se caracteriza como atividade de extensão. A utilização das Fundações que
foram criadas para o apoio à pesquisa se estendeu também à extensão e à prestação de
serviços. Dentro desse cenário e com outros problemas enfrentados pelo CFM foi necessária
uma reforma nos cursos de extensão da Escola de Música. Entre os problemas podemos citar:
o distanciamento dos Professores por não ser esse mais considerado como carga didática;
irregularidades em contratos de professores externos pela Fundep para dar aula no CFM,
recebendo bolsa sem vínculo com a UFMG.
122
Participei intensamente desse momento da Escola de Música, por estar exercendo na época a
função de Chefe do Departamento de Instrumentos e Canto. Escrevi inclusive um artigo
intitulado "Prestação de serviços e produção artística na extensão universitária" apresentado
no evento X Encontro Anual da ANPPOM em Goiânia, GO, 1997. Estava representando a
Área de Práticas Interpretativas na Mesa-Redonda "Extensão/Interação com a Sociedade e
Música Brasileira". Esse artigo pode ser baixado e lido na minha página na Internet como
professor da Escola de Música, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel. Localizar o link
como o nome do artigo.
Considerando a situação relatada cima, decidimos encerrar o CFM e criar novos cursos de
extensão dentro da nova realidade. Criamos o Curso de Extensão em Música - Instrumentos e
Canto - CEM-INC. No novo modelo teríamos uma grade bem enxuta, a exclusão dos
professores externos com contratação irregular, a inclusão dos professores da Escola de
música que passaram a ter remuneração com recursos do próprio curso. A mesma coisa foi
feita pelo Departamento de Teoria Geral da Música que criou o CEM-TGM. Desde então
esses cursos e muitos outros foram criados sempre dentro desse novo modelo que associa
extensão universitária e prestação de serviços. Não estou afirmado aqui que toda extensão
universitária tenha que ser remunerada, apenas que a prestação de serviço remunerada é uma
das formas de realizar a atividade de extensão. Os recursos obtidos com esses e outros cursos
muito contribuíram para complementar os recursos financeiros da Escola de música e
importantes projetos receberam apoio com base nesses.
Hoje existe novamente um distanciamento dos professores do CEM-INC devido ao acúmulo
de atividades e funções que os mesmos vêm exercendo na Escola de Música. Aqueles que não
dão aula no CEM-INC orientam estagiários, alunos da graduação, para que o curso continue a
existir. Outra razão que levou ao distanciamento dos professores da Escola desse Curso é o
123
entendimento que professores da UFMG não podem preparar candidatos ao vestibular e ao
mesmo tempo participar das bancas de seleção para os seus cursos. Eu mesmo não leciono
mais nesse curso porque prefiro fazer parte das bancas do vestibular e dessa maneira
participar da escolha dos que irão estar na minha classe de Violoncelo. Prefiro orientar
estagiários. O primeiro Boletim de divulgação do CEM-INC, que ajudei a elaborar, pode ser
visto na ilustração abaixo. Nesse Boletim pode ser observado um grande envolvimento dos
professores do Departamento nesse projeto.
FIGURA 58 - Capa e contracapa do primeiro Boletim Informativo do CEM-INC
Outro Curso de Extensão que tive grande participação foi Curso de Notação Musical - Finale.
Esse curso durou de 2003 a 2009, sua última oferta. Lecionei esse curso para os colegas
Professores, para Funcionários Músicos e para a comunidade externa da Escola de Música.
Esse curso muito contribuiu para a manutenção do Laboratório de Apoio às Disciplinas
Teóricas, que tinha também a minha coordenação. Contribuiu também com recursos para a
124
disciplina de mesmo nome lecionada no Curso de Graduação e Pós-Graduação, especialmente
com material de consumo e permanente para o Laboratório. A última oferta que fiz desse
curso pode ser vista no meu sítio na Internet como professor da Escola de Música,
http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, localizar Curso de Extensão - Notação Musical no
Computador.
FIGURA 59 - Capa e contracapa do Boletim Informativo do curso NMC- Finale
Destaco também três Cursos de Extensão que ajudei a elaborar e fui o Coordenador enquanto
exercia a função de Chefe do Departamento de Instrumentos e Canto. O Curso de Extensão
"Prática da Improvisação na Música Popular Contemporânea" teve apoio também do
Programa Artista -Visitante da UFMG que concedeu bolsa ao Pianista Cláudio Dauelsberg,
professor do curso. Cláudio Dauelsberg lecionou também no Curso de Graduação em Música.
O curso teve como objetivo resgatar e desenvolver uma importante prática para a formação do
músico, a improvisação musical nas escolas de música. O segundo e o terceiro cursos são
"Simbologia do Barroco e" "Órgão". Ambos lecionados pela Professora Elisa Freixo e que
tiveram também a minha coordenação. Elisa Freixo foi Professora Visitante na Escola de
Música e lecionou também no Curso de Graduação em Música. Simbologia do Barroco é um
125
curso que tem como principal finalidade orientar os estudantes na correta interpretação dos
símbolos usados na notação musical dos compositores do período barroco. O curso “Órgão”
tem por objetivo principal implantar e consolidar um núcleo de formação de organistas em
Minas Gerais.
3.3.2. Festivais de música, masterclasses e oficinas
Uma importante atividade dos professores de uma escola de música é participar de festivais e
eventos correlatos como a realização de palestras e masterclasses para estudantes de música.
Nos festivais de música lecionamos e realizamos concertos. Podemos citar aqui dois
importantes benefícios da participação de professores de música nos festivais. A primeira
podemos dizer que é o intercâmbio com professores de outras escolas do Brasil e do exterior,
tocando com estes e trocando informações sobre nossa atividade. A segunda é o recrutamento
de alunos para a nossa escola. Tive a oportunidade de lecionar, tocar, realizar masterclass e
palestras em alguns festivais, entre eles, o Festival de Inverno da UFMG, o Festival
Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora, o Festival
Nacional de Música de Divinópolis, o Festival de Violoncelos de Ouro Branco, a Semana
Interativa de Ouro Branco.
Destaco aqui o Festival de Juiz de Fora - MG. Foram mais de dez participações convivendo e
lecionando para alunos oriundos principalmente de projetos sociais das prefeituras e ONGs de
cidades do interior de Minas Gerais e outros estados. Adolescentes e adultos que vêm de
locais onde não existe a infraestrutura adequada para o aprendizado da música. Esses locais
até têm espaço físico e instrumentos, mas não tem o mais importante que é o pessoal
especializado e com conhecimento para o desenvolvimento desses projetos. Muitos desses
alunos têm aulas somente nos festivais. Experiências como a desse festival me deixaram a
126
impressão de estar cumprindo um importante papel para a extensão universitária, levando o
conhecimento instalado na Universidade para a comunidade externa. Muito investimento
ainda tem de ser feito para que esse conhecimento chegue ao interior de Minas Gerais e de
outros estados Brasileiros.
FIGURA 60 - Fotos com alunos e professores do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música
Antiga de Juiz de Fora, MG - 2010 e 2011
Tocar com os colegas e professores dos Festivais é outro aspecto relevante para nossa
participação nesses eventos. Destaco os concertos que realizei no Festival de Divinópolis.
Abaixo estão fotos com professores e concerto nesse festival.
FIGURA 61 - Fotos com professores do Festival Nacional de Música de Divinópolis, MG - 2012 e 2013
Na área de Oficinas destaco a Oficina de Projetos Culturais oferecida dentro do projeto
"Circuito Musical Estrada Real" em São João Del Rey/MG. O material desse curso foi quase
127
todo retirado da disciplina Empreendedorismo na Área de Música. A oficina consiste de uma
série de palestras sobre as Leis de Incentivo à Cultura, sobre a Identificação de
Oportunidades, sobre a Elaboração de Projetos. Completam a oficina as Atividades Práticas
de elaboração e discussão de mini projetos elaborados pelos alunos e apresentados na sua
conclusão. Mais informações sobre essa oficina pode ser obtida no meu sitio na Internet como
professor da Escola de Música, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, localizar Curso
Oficina de Projetos Culturais.
Em turnê de concertos com grupos de que participei sempre realizamos masterclasses ou
oficinas. Destaco masterclasses que realizamos, eu e o flautista Fernando Pacífico, nas
viagens do Quarteto MinasArtes. Foram diversos concertos e oficinas como a ilustrada
abaixo.
FIGURA 62 - Fotos com professores e alunos da oficina em Campo Belo/MG
128
3.3.3. Palestras
Outra atividade de extensão que realizei por diversas vezes foram Palestras sobre os assuntos
relacionados à minha área de atuação. Algumas dessas palestras já foram relatadas
anteriormente relacionando-as ao ensino.
Destaco aqui a palestra "Encontro com o Violoncelo" apresentada em alguns dos cursos de
extensão da Escola de música como o Curso de Musicalização e Apreciação na Maturidade, o
Curso de Percepção e Apreciação Musical, em Festivais de Música relatados acima, Escolas
Municipais e Centros Culturais da Prefeitura de Belo Horizonte. A Palestra é intercalada com
apresentações de obras para violoncelo solo, composições e estudos técnico-musicais, assim
como demonstrações que ilustram a linguagem idiomática do violoncelo, como os golpes de
arco. Os slides dessa palestra podem ser vistos na minha página institucional na Internet,
http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, localizar Recital-Palestra - Encontro com o
violoncelo.
FIGURA 63 - Flyer de recente palestra
em centro cultural da PBH
129
FIGURA 64 - Fotos com professores e alunos em palestra em Escola Municipal da PBH
Fiz algumas palestras e participei de concertos em um importante projeto da Escola de
Música, o Viva Música. O Viva Música oferece concertos e palestras semanalmente com a
participação de professores, funcionários músicos e alunos. É ao mesmo tempo projeto de
ensino e projeto de extensão. Cito aqui a palestra "Leis de Incentivo à Cultura - Área de
Música" em que apresento as principais características da Lei Federal de Incentivo à Cultura,
A Lei Estadual de Minas Gerais e a Lei Municipal de Belo Horizonte, comparando-as em
cada uma de suas modalidades, Fundo e Incentivo Fiscal. Os slides dessa palestra podem ser
acessados na minha página institucional na Internet, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel,
localizar o link Palestra - Leis de Incentivo à Cultura.
130
Realizei recentemente outra palestra no Viva Música intitulada "Escola de Música da UFMG
- Uma Visão Histórica". A principal motivação dessa palestra é a comemoração dos noventa
anos de criação da Escola de Música. A Escola de Música é uma das instituições mais antigas
nessa área no Brasil. A primeira escola de música oficial criada no Brasil é a Escola de
Música da UFRJ. Foi criada em 1848 por Dom Pedro II com o nome de Conservatório de
Música, mudou de nome em 1889 para Instituto Nacional de Música, em 1937 foi incorporada
pela Universidade do Rio de Janeiro (atual UFRJ) mudando o nome para Escola Nacional de
Música. Em 1965 mudou novamente o nome para o atual que é Escola de Música da UFRJ. A
Escola de Música da UFRJ está comemorando, portanto, 167 anos e faz questão de mostrar
isso em sua página na Internet. A Escola de Música da UFMG seguiu os passos da Escola de
Música da UFRJ. Foi criada em 1925 com o nome de Conservatório Mineiro de Música, em
1950 foi transformada em uma instituição federal tendo uma maior valorização dos salários
do professores, entre outras vantagens da federalização, em 1962 foi incorporada à UFMG e
em 1972 recebeu o nome que tem atualmente, Escola de Música da UFMG. Outros eventos
político-administrativos são mostrados na palestra como a mudança temporária para o campus
da UFMG na década de sessenta, a departamentalização na década de setenta, a difícil
mudança definitiva para o campus da UFMG que envolveu uma grande discussão política na
década de oitenta e a mudança efetiva na década de noventa. Foram cerca de dez anos entre a
decisão do Conselho Universitário da UFMG em 1987 e a efetiva mudança para o Campus em
1997. São tratados também outros assuntos como a criação de cursos, reformas acadêmicas e
a citação de importantes professores e suas contribuições para o desenvolvimento da Escola
de Música. Os slides dessa palestra podem ser acessados no meu sitio na Internet como
professor da Escola de Música, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, localizar o link
História da Escola de Música.
131
FIGURA 65 - Duas sedes da Escola de Música da UFMG, o prédio do Conservatório Mineiro de Música e a sede
atual
Uma das atividades mais prazerosas que realizei nessa área foi a série de palestras-concerto
realizada com meus filhos, Grupo Diadorim, nas escolas municipais de Belo Horizonte
através do projeto Música de Concerto nas Escolas. Falar para crianças e adolescentes sobre a
música de concerto não é tarefa fácil. Mas com muita paciência e estratégias conseguia
prender a atenção dos ouvintes. Por exemplo, depois de apresentar a forma Rondo tocávamos
o movimento Presto do Divertimento em Fá Maior de Mozart, K138, transcrição realizada por
mim. Mas antes pedia às crianças para contar quantas vezes o tema era repetido entre os
episódios. Ao final da apresentação perguntava quantas vezes e eles contavam direitinho.
Abaixo algumas fotos ilustram essas apresentações didáticas da música de concerto.
132
FIGURA 66 - Fotos de palestras-concertos realizadas em escolas municipais da PBH
FIGURA 67 - Capa e contracapa de Livreto distribuído aos alunos para as palestras-concerto
133
3.4. Outras palestras e comunicações
Algumas palestras estão relatadas em outras seções desse Memorial por estarem mais
caracterizadas como atividade de extensão ou mesmo ensino. O Empreendedorismo na área
de Música e as Leis de Incentivo à Cultura tem sido uma das áreas que tenho atuado nos
últimos anos. Fiz palestra em diversos locais sobre esse assunto. Cito aqui o evento da UFMG
"Semana Global do Empreendedorismo na UFMG", em 2010. Dividi a mesa "Professores
Empreendedores os desafios da UFMG" com os professores Francisco Vidal da Ciências
Econômicas, Danielle Cireno da Sociologia e Jorge Tadeu da Ciência da Informação. Fiz uma
comunicação com o título "Empreendedorismo na Escola de Música da UFMG". Nosso
debate levou à conclusão de que a UFMG teve algumas iniciativas mas ainda não incorporou
o Empreendedorismo como acreditamos ser necessário, não só nesse tema, mas também
outros relacionados à gestão de carreira, como forma de ajudar os alunos na sua inserção no
mercado de trabalho.
Fiz palestra no evento I Semana de Iniciação Científica da FAMES - Faculdade de Música do
Espírito Santo "Maurício de Oliveira" em 2011. A palestra denominada "Música e
Empreendedorismo" teve como Tema Norteador: O Profissional da música em foco: desafios
e oportunidades no século XXI. Foram tratados assuntos como o cenário econômico atual, a
valorização dos serviços, a redução do emprego, a economia da cultura e a necessidade de
todos lidarem com a questão empreendedora e outros assuntos. Os Slides dessa palestra estão
disponíveis na minha página institucional na Internet,
http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel. Localizar o link Palestra - Música e
Empreendedorismo. A senha para abrir os slides é a palavra "fames".
134
Realizei recentemente a palestra "A LMIC e o Projeto Violoncelo Ontem e Hoje". Essa
palestra foi feita para alunos da Licenciatura em Música da Escola de Música da UFMG.
Trata da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte e o projeto que acabo de
executar apoiado pela LMIC. Os Slides dessa palestra estão disponíveis na minha página
institucional na Internet, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel. Localizar o link Palestra A
LMIC e o Projeto Violoncelo Ontem e Hoje . A senha para abrir essa palestra é a palavra
"cello".
135
4. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ACADÊMICA
A carreira na universidade pública exige em um momento ou outro a participação de docentes
na sua administração, mesmo que seja através de comissões e órgãos colegiados, sem exercer
cargos ou funções administrativas. Não me furtei a esse compromisso. Em alguns momentos
foi por obrigação do ofício e em outros por querência mesmo, pela vocação que tenho para
gestor. Como estamos em uma instituição pública, essa gestão se torna bem complexa com
dezenas de regras específicas da administração pública que devemos seguir.
Para ser capaz de exercer com plenitude as funções de gestor que me propus durante minha
carreira fiz estudos individuais sobre a administração pública e a universidade com leituras e
consultas a importantes leis como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB, Lei nº
9.394 de 20 de dezembro de 1996, a Lei n 8.112 de 11 de dezembro de 1990, mais conhecida
como Regime Jurídico Único, a recente lei que reestruturou a carreira docente, Lei Nº 12.772
de 28 de dezembro de 2012, entre muitas outras. Decretos e Portarias que regulamentam essas
leis também foram objeto de estudo individual. No âmbito da UFMG cito os ordenamentos
básicos, isto é, o Estatuto que descreve como a UFMG está organizada e o Regimento Geral
que descreve o seu funcionamento. Além dos ordenamentos básicos foram leituras
obrigatórias as Resoluções dos Conselhos Superiores, tais como as Normas Acadêmicas de
Graduação, Resolução 01/90 do CEPE, a Resolução de Concursos Públicos, Resolução
02/2013 do Conselho Universitário, a atual Resolução sobre a Carreira dos Professores,
Resolução 04/2014 do Conselho Universitário, entre outras. No âmbito da Escola de Música
não só estudei suas normas internas como participei da elaboração de muitas delas, como a
Resolução 01/96 de 26 de junho de 1996 e de sua alteração Resolução 01/99 de 10 de Maio de
1999, estabelecendo ambas as normas específicas sobre a prestação de serviços no âmbito da
Escola de Música, entre muitas outras.
136
Fiz também cursos de curta duração que contribuíram para a minha formação para exercer a
função de gestor público. Posso citar o Curso Sobre o Regime Jurídico Único na Fundação
João Pinheiro, 1998, Curso Especial de Formação de Gestores Universitários pela Pró-
Reitoria de Recursos Humanos da UFMG, 1999, Curso Gestão de Recursos Humanos na
Universidade também pela Pró-Reitoria de Recursos Humanos da UFMG, 2001.
Constantemente sou consultado por colegas mais novos para esclarecimentos sobre normas e
procedimentos relacionados à vida universitária, a sua administração pública e acadêmica.
Meu conhecimento histórico da escola de música me ajudou a entender melhor o seu
funcionamento. A principal referência para esse conhecimento sobre a história da Escola de
Música foi o livro da Professora e Ex-diretora da escola, Sandra Loureiro de Freitas Reis,
intitulado "Escola de Música da UFMG - Um Estudo Histórico (1925 a 1970). A partir da
década de setenta passei a fazer parte da Escola de Música, e por isso não foi difícil completar
o trabalho da Sandra com novos fatos que marcaram os noventa anos de existência da Escola
de Música da UFMG, completados no ano de 2015. Realizei palestras sobre esse assunto já
relatadas nesse Memorial.
Minhas decisões e ações nos cargos que exerci e meu voto nos pareceres e órgãos colegiados
de que participei sempre foram pensando nos interesses da Área de Música, da Escola de
Música e da Coletividade. Sempre me orientei pelo pensamento de que se é bom para a Escola
e se é bom para o Servidor, que se aprove. Passo a relatar em destaque algumas das minhas
atividades na área de Administração Pública e Gestão Acadêmica.
137
4.1. Membro de órgão colegiado acadêmico e administrativo
Destaco abaixo alguns dos órgãos colegiados de que participei no âmbito da Escola de Música
da UFMG. Com a criação dos departamentos na Escola de Música na década de setenta,
passamos a ter decisões mais colegiadas e menos centradas em Chefes e Catedráticos.
Participei por diversos mandatos da Câmara Departamental do Departamento de Instrumentos
e Canto, como representante dos Professores e como membro nato, enquanto Chefe e seu
Presidente. A Câmara do Departamento se divide entre assuntos acadêmicos e
administrativos. São exemplos de assuntos acadêmicos a aprovação do Mapa de Oferta de
Disciplinas do Departamento, discussões relacionada à metodologia de ensino e formação de
turmas de algumas disciplinas, a aprovação de programa de concurso de professores, entre
outros. Mas a vocação maior da câmara do Departamento é a parte administrativa, em todos
os assuntos relacionados aos docentes lotados no departamento. São exemplos de assuntos
administrativos questões relacionadas aos afastamentos temporários de professores para
capacitação ou para a participação em eventos, a aprovação do relatório individual dos
professores e o relatório departamental elaborado pelo Chefe do Departamento, entre outros.
Muitas vezes o administrativo e o acadêmico se misturam e não há como separá-los. Enquanto
membro da Câmara Departamental fui responsável pela relatoria de diversos projetos de
modernização do Departamento. Posso citar, entre outros, a elaboração, junto com outros
colegas, do projeto para o novo Curso de Extensão em Instrumentos e Canto - CEM-INC que
juntamente com outros Cursos de Extensão substituiu o antigo Curso de Formação Musical -
CFM e que está funcionado até hoje.
Fui também membro da Congregação da Escola de Música como representante dos
Professores e também como membro nato, tendo sido Chefe do Departamento de
Instrumentos e Canto e Diretor da Escola de Música. A Congregação tem função mais
138
administrativa do que acadêmica, que no âmbito da Unidade fica sob a responsabilidade dos
Colegiados de Cursos. Entre os assuntos de que trata a Congregação estão questões relativas à
prestação de contas do diretor, a remoção de funcionários, normas internas de funcionamento
da escola, a organização da eleição do Diretor da Unidade. Enquanto membro da
Congregação participei da elaboração de importantes normas para a Escola de Música como a
Resolução 01/96 que regulamentou, no âmbito da Escola de Música, a Prestação de Serviço
de Professores e Funcionários.
Fui membro do Colegiado de Pós-Graduação da Escola de Música e indicado pelo Reitor da
UFMG para ser membro do Conselho Curador da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa
- Fundep de 2006 a 2008. Neste período temas importantes como o próprio estatuto da
Fundep foi discutido, assim como a destinação de importantes verbas para o apoio às áreas de
atuação da Fundep. Representei a Escola de Música no Conselho Universitário da UFMG
como indicado da Congregação da Unidade e depois como membro nato no período em que
estive a frente da Diretoria da Escola de Música.
No Conselho Universitário participei de debates importantes como a Reforma do Estatuto da
UFMG aprovada em 1999, atendendo a exigências da Nova LDB de 1996. Outro importante
assunto foi o Projeto Campus 2000 que envolveu a captação e a alocação de recursos para
execução de obras que permitiram trazer para o Campus Pampulha, escolas localizadas no
centro da cidade. Participei também da aprovação da resolução que regulamenta o estágio
probatório de professores, aprovada em 1999, após quase dez anos de tramitação, uma vez
que o Regime Jurídico Único foi sancionado em 1991.
139
Esses foram alguns dos órgãos colegiados de que participei e algumas das decisões
importantes tomadas por esses órgãos em minha passagem pelos mesmos. Outros projetos e
decisões serão relatados abaixo juntamente com os cargos que exerci.
4.2. Comissões e Pareceres
4.2.1. Comissões administrativas e acadêmicas
Participei de diversas comissões institucionais que trataram de assuntos acadêmicos e
administrativos. Posso citar a Comissão de Avaliação de Estágio Probatório de Professores,
Comissão de Seleção de Professores (Concurso Público no âmbito da UFMG e em outras
Universidades), Comissões de Sindicância e Processo Administrativo, Comissão Permanente
de Licitação Pública, Comissão de Criação e Reforma de Cursos e Currículo, Comissão de
Avaliação de Desempenho para Promoção à Classe de Professor Associado, Comissão de
Eleição na Unidade e na Universidade, Comissão de Seleção de Bolsistas para Projetos
Diversos, Comissão do Vestibular para a Graduação em Música, Comissão de Seleção de
Candidatos ao Mestrado em Música, entre muitas outras. Não estão incluídas aqui Comissões
de Defesa de Dissertação, de Apresentação de Recital de Mestrado, e de Monografia de
Graduação, que foram relatadas na seção Docência, Orientação e Banca de Defesa desse
Memorial.
Cito abaixo em destaque algumas dessas comissões e minha visão crítica sobre as mesmas e
sobre os assuntos de que elas trataram.
Comissões não agradáveis de participar, mas um dever do ofício são as de sindicância e
processo administrativo. Participei de algumas e tive que através de carta à Pró-Reitoria de
140
Recursos Humanos recusar a última nomeação que recebi para essa tarefa. Acredito que nós
servidores públicos temos a obrigação de participar desse tipo de comissão, mas não a ponto
de ser identificado pelos colegas como corregedor, cargo que não existe no Plano de Carreira
dos Servidores das Universidades Federais. Somos na UFMG mais de seis mil servidores
entre professores e funcionários técnico-administrativos, portanto não precisamos manter um
mesmo professor ou funcionário permanente nessas comissões. Sempre fiz meu trabalho da
melhor maneira possível, tendo ou não vocação para essa ou aquela tarefa, gostando ou não
do que estou fazendo, mas isso às vezes se torna um problema no serviço público, pois
aqueles que mais se dedicam são os mais solicitados e acabam prejudicados com o excesso de
tarefas. Por outro lado posso dizer que aprendi muito com essas comissões, aprendi sobre o
RJU, as normas e legislação específicas para processos administrativos e até o Código Civil
tivemos que estudar para tomar decisões justas e corretas. Vou fazer um pequeno relato
ilustrativo de duas das comissões que participei.
Um servidor, de nome H, foi sindicado por denúncia de assédio moral, entre outras
irregularidades. Tomamos depoimentos com mais de oito horas de duração de diversas
testemunhas e seu advogado dava gritos e socos na mesa para nos intimidar e provocar
reações que pudessem ser usadas como cerceamento da defesa. Em uma Comissão de
Sindicância ou Processo Administrativo Disciplinar, os membros ao fazerem a investigação se
tornam verdadeiros investigadores juntamente com o presidente da comissão que faz o papel
de um delegado conduzindo as investigações. Muito tranqüilo, o presidente dizia sempre ao
advogado que iríamos relegar seu comportamento e ofensas e daríamos continuidade a
reunião. Esse servidor estava em estágio probatório e foi demitido ao final do estágio sem que
a comissão de inquérito administrativo concluísse seus trabalhos.
141
Em uma outra comissão um professor apresentou denúncia contra colegas de departamento
por diversas irregularidades, entre elas a dupla remuneração pela mesma função. Eram
professores que recebiam gratificações de um curso de especialização da UFMG que arrecada
um volume expressivo de recursos financeiros. Até o momento cursos de pós-graduação lato
sensu podem cobrar taxas e são considerados uma atividade de prestação de serviços dos
professores e da universidade pública através das fundações de apoio. Existem propostas no
Congresso para igualar os cursos lato sensu (especialização e aperfeiçoamento) ao stricto
sensu (mestrado e doutorado) para os quais não se pode cobrar pelos serviços educacionais na
universidade pública. Se isso vier a acontecer não poderá mais haver a cobrança nos cursos de
especialização nas universidades públicas. Como todos os professores e funcionários que
recebiam esses valores davam aulas e exerciam funções de gestão administrava de recursos
provenientes desse curso, não encontramos irregularidades passíveis de punição nesse
processo. Uma observação sobre processos administrativos desse tipo é que após a conclusão
dos trabalhos a comissão faz seu relatório e remete todo o processo à autoridade que a
nomeou e que fará o julgamento final do processo. A partir desse momento a comissão não é
mais informada do que aconteceu com o processo, isto é, qual foi o resultado do julgamento.
Participei de muitas Comissões de Avaliação do Estágio Probatório de Professores. A
Resolução Nº 30-A/99, de 16 de Dezembro de 1999, do Conselho Universitário da UFMG, da
qual participei da aprovação como membro do Conselho é que regulamenta o estágio
probatório de docentes no âmbito da UFMG. O professor deve ser avaliado aos dezoito e aos
trinta meses de contratação e se torna servidor do quadro permanente a partir dos trinta e seis
meses de vínculo com a Universidade. É muita responsabilidade realizar essas avaliações
porque é o único momento em que um servidor público pode ser demitido por insuficiência de
desempenho. A partir do sua efetivação no quadro permanente, as avaliações de desempenho
são apenas para a progressão e promoção na carreira. Não encontrei em nenhum dos
142
processos de avaliação que participei, professores com insuficiência de desempenho que
justificasse sua demissão. O máximo que encontrei foram professores um pouco sem
orientação na carreia na Universidade, utilizando em seus textos conceitos errados e, portanto,
a comissão teve o papel de orientar esses professores. Esse fato indica que os concursos
públicos para a seleção de professores na Escola de Música têm selecionado bons professores,
com o perfil adequado para nossa carreira.
Da mesma forma que agora me apresento para essa Avaliação de Desempenho e Defesa de
Memorial visando a promoção à Classe de Professor Titular, participei também de algumas
Comissões de Avaliação de Desempenho de Professores para a Promoção à Classe de
Professor Associado, como membro titular e como membro suplente. Esse tipo de avaliação
tem causado grande discussão na Escola de Música, sobre qual deve ser o perfil do Professor
Associado. Há inclusive um caso de ação na justiça questionando avaliações já realizadas, da
qual não participei mas que fazia parte como membro suplente. O que a justiça vai decidir não
há como prever, mas quero colocar aqui minha posição crítica sobre os parâmetros de
avaliação para a promoção à Classe de Professor Associado na Escola de Música. Acredito
que na Escola de Música devemos ter parâmetros de avaliação que contemplem pelo menos
dois perfis distintos: o primeiro é aquele mais encontrado nas Universidades, ou seja, de um
professor que além do ensino, graduação e/ou pós-graduação, tenha produção intelectual na
área de pesquisa e/ou extensão; o segundo é aquele que além da atividade de ensino,
graduação e/ou pós-graduação, tenha produção intelectual na área da cultura e/ou extensão.
Como já afirmei em outras seções desse memorial, a cultura não tem de ser um subproduto da
pesquisa ou da extensão e precisa ser colocada como uma atividade própria dos professores da
área de música e artes. Em ambos os perfis a atividade administrativa e de gestão acadêmica,
sendo pelo menos membro de órgãos colegiados e comissões, também é importante para
complementar esse perfil. Espero que com o trabalho da Comissão que cria os novos
143
parâmetros de avaliação para a promoção à Classe do Professor Associado, com base no que
determina à Resolução 04/2014 do Conselho Universitário, reflita esse pensamento. Que
sejam contemplados os diferentes perfis de professores em nossa Unidade, para que assim
cessem os conflitos e possamos ter uma convivência mais harmoniosa no âmbito da Escola de
Música.
Outro tipo de comissão que tive orgulho de participar foram aquelas que selecionaram
Professores de Violoncelo para outras escolas de música de Universidades Brasileiras. Cito
aqui algumas: Seleção de Professor de Violoncelo para a Universidade Federal do Ceará,
2014, Professor de Violoncelo da Universidade Estadual do Amazonas, 2013, Universidade
Federal de Juiz de Fora - UFJF, 2009, Universidade de Brasília - UNB, 2009, Universidade
Estadual do Paraná, Maringá, 2003, entre outras. Participei também de bancas de escolha de
professores, efetivos e substitutos, de outros instrumentos na Escola de Música da UFMG,
como membro titular e como membro suplente. Cito aqui a comissão para a escolha do
Professor Efetivo de Viola, que é também da área de cordas, onde atuo.
Uma comissão que gostaria de citar nesse memorial é a Comissão de Avaliação dos
Anteprojetos de Mestrado em Música em Educação Musical e Performance Musical de 1995.
Cito essa comissão porque, apesar de não ser hoje Professor Permanente ou Colaborador do
Programa de Pós-Graduação da Escola de Música pelas razões já apresentadas em seção
anterior desse Memorial, participei intensamente da criação do Mestrado em Música e dos
primeiros anos de instalação desse curso. Lembro-me bem que essa comissão teve a
importante tarefa de propor que, naquele momento, a única área que teria chance de passar
pelas instâncias de avaliação que aprovariam a criação do curso seria a área de Performance
Musical. A área de Performance Musical tinha naquele momento o número de professores
doutores suficiente para propor o curso, o que não acontecia com nenhuma outra área da
144
Escola de Música. Outra razão para investirmos apenas na área de Performance Musical é que
a Escola de Música já tinha realizado uma tentativa frustrada de criar o Mestrado em Música,
que não foi aprovado pela UFMG. Na ocasião foi sugerido que interrompessem o processo de
criação justamente por não ter ainda o corpo docente adequado para criação desse tipo de
curso. O Mestrado em Música da Escola de Música foi aprovado somente em 1999, período
em que era o Diretor e participei, portanto, da decisão final da Congregação da Escola de
Música e do Conselho Universitário da UFMG.
4.2.2. Pareceres administrativos e acadêmicos
Como membro de órgãos colegiados, comissões, e mesmo sem ser membro, fui por diversas
vezes solicitado a emitir parecer sobre assuntos acadêmicos e administrativos no âmbito da
Escola de Música e da UFMG. Muitos desses são apresentados como pareceres de comissões,
mas há sempre quem realmente elabora o parecer ou relatório final dos trabalhos. Sempre me
propus ser o relator das comissões de que participei, mesmo acumulando também a função de
presidente. Não acredito que seja eficiente elaborar pareceres ou relatórios coletivamente.
Muito mais eficaz é ter o membro que elabora o documento, o qual é depois discutido pelo
grupo e, se for caso, modificado. Foram pareceres sobre a Prestação de Conta do Diretor, o
Relatório Global de Atividades do Departamento de Teoria Geral da Música - TGM, a
Revalidação de Diplomas Estrangeiros de Pós-Graduação, a Remoção de Docente da Escola
de Música, o Estágio Probatório de Docente, a Publicação de Livros para Editora da Unesp e
para a Editora da UFG, o Relatório Individual e a Manutenção de Dedicação Exclusiva de
Docentes, a Aprovação de Projetos de Docentes de Capacitação, Pesquisa, Cultura e
Extensão, sobre o Aproveitamento de Estudos de Alunos Transferidos, e muitos outros
assuntos. Destaco abaixo alguns desses pareceres onde aproveito para apresentar minha visão
crítica sobre esses assuntos.
145
Um dos pareceres mais difíceis que elaborei foi sobre o pedido de uma colega para a remoção
da Escola de Música para outra Unidade da UFMG. Tarefa difícil e de muita
responsabilidade. O documento que elaborei cita normas e procedimentos legais para que um
processo como esse possa ser realizado, orienta tanto o órgão colegiado que avaliaria esse
parecer quanto o solicitante da remoção. Mais uma vez coloquei os interesses da coletividade
e da Escola de Música acima de conflitos e problemas individuais. Fiz meu dever de ofício.
Meu voto foi contrário, naquele momento e naquelas condições, à liberação do professor para
a remoção da Escola de Música para outra unidade da UFMG. O parecer foi aprovado pela
Congregação e infelizmente a professora preferiu pedir demissão a realizar procedimentos que
poderiam viabilizar essa remoção e seguir os tramites legais para que essa remoção pudesse
acontecer.
Destaco também os pareceres de Revalidação de Título de Pós-Graduação obtidos no exterior,
outro assunto polêmico na Escola de Música. Não acredito em uma equivalência disciplina a
disciplina ou crédito a crédito. A equivalência deve ser mais abrangente identificando
diploma, histórico escolar, instituições que realizam curso de pós-graduação e que merecem
ser reconhecidos em nosso país como uma pós-graduação stricto sensu acadêmica ou
profissional. Outro aspecto da revalidação de diplomas estrangeiros são os cursos no exterior
em que o trabalho de conclusão final não seja uma dissertação mas outros formatos como um
concerto, uma composição musical, projetos técnicos, materiais didáticos e instrucionais e
muitos outros. Sempre tive esse pensamento, muito antes da Portaria do MEC, Nº 7 de 22 de
Junho de 2009, que regulamenta os Mestrados Profissionais no Brasil. Na condição de Diretor
da Escola de Música sempre apoiei nossos professores que realizaram curso no exterior cujo
trabalho de conclusão final não era uma dissertação ou tese. O importante mesmo é que a pós-
graduação traga conhecimento e desenvolvimento para a nossa Escola e para o nosso país, em
146
todas as áreas, e não apenas na área acadêmica ou de pesquisa. Meus pareceres nessa área
sempre seguiram essa orientação.
4.3. Coordenação de projetos de ensino, pesquisa, cultura e extensão
Elaborei e coordenei diversos projetos, alguns já citados como o Projeto de Ensino "Iniciação
a docência em disciplinas e atividades que utilizam a notação musical no computador" que foi
realizado por vários anos. Este projeto dava suporte à disciplina Notação Musical no
Computador - Finale. Sempre escolhíamos uma obra importante, que estava em manuscrito
para ser editada. O projeto permitia também que o Laboratório de Apoio às Disciplinas
Teóricas ficasse aberto para que os alunos pudessem realizar seus trabalhos com o
computador. Por uma série de razões interrompemos esse projeto e a disciplina que mais
utilizava o Laboratório. Primeiro a diminuição da demanda de uma sala com
microcomputadores para os alunos desde que esses ficaram acessíveis. Segundo o aumento da
minha carga didática nas disciplinas obrigatórias.
Na área de pesquisa posso citar dois projetos. O primeiro já foi relatado na seção de Produção
Intelectual e é o Guia Analítico de Estudos Selecionados para Violino e Viola, que teve apoio
da Fapemig e da Fundep. Nesse projeto tive uma participação que foi além da questão gestora,
uma vez que o projeto era na área de instrumentos de corda, minha área de atuação. Portanto
tive também o papel de orientador dos trabalhos acadêmicos e do relatório final. O segundo
tive um papel exclusivamente de Coordenador, de gestor mesmo, mas uma função importante
porque não tínhamos na Escola de Música, naquele momento, professor dessa área específica,
a Musicoterapia. Foi o projeto "Estudo e Implementação de um Programa de Atendimento
Musicoterapêutico a Clientes Externos Portadores de Distúrbios Psicóticos no Hospital das
Clínicas da UFMG". O projeto permitiu que trouxéssemos para a Escola de Música, como
147
Pesquisadora Visitante, a Musicoterapeuta e hoje Professora da Escola de Música, Cybelle
Maria Veiga Loureiro. Esse projeto permitiu à Escola de Música apresentar para a UFMG a
Musicoterapia, a elaboração de uma proposta de criação de curso ou habilitação nessa área, a
oferta de disciplinas optativas nessa área e o atendimento de pacientes em hospitais da
Universidade. Cumpri, nesse caso, um papel institucional de coordenador executivo de um
projeto que não era da minha área de atuação. Esse projeto foi o embrião do que é hoje a
habilitação em musicoterapia do curso de graduação em música da UFMG.
Na área cultural elaborei diversos projetos e executei alguns. Como já foi discutido antes, os
projetos culturais precisam ser levados ao mercado, isto é, fora da Universidade ou das
agências de fomento. Eles precisam ser elaborados para as Leis de Incentivo à Cultura,
Federal, Estadual de Minas Gerais e Municipal de Belo Horizonte. Esses projetos enfrentam
uma disputa com centenas ou milhares de concorrentes. Outra observação importante é que os
projetos são apresentados como pessoa física e, portanto, é o proponente o responsável por
todas as ações do projeto, não havendo apoio das Fundações. No caso do Incentivo Fiscal,
Modalidade das Leis de Incentivo à Cultura, depois de aprovado o projeto pela instância
pública, o mesmo é levado às empresas para solicitar o patrocínio. Tive a aprovação de
diversos projetos nessa modalidade, mas não foram captados, tanto na Lei Federal como na
Estadual. Cito alguns da Federal: Quarteto MinasArte comemora Mozart - 250 anos de
Nascimento, em 2006; Música de Concerto nas Escolas - Grupo Diadorim, 2009; Retratos do
Tempo: Composições de Gilberto Carvalho, em 2011. Esse último projeto foi apresentado
para o Petrobrás Cultural, mas não foi aprovado. No caso da Lei Estadual de Minas Gerais
cito: O Violoncelo nas Gerais: Cellos de Minas, em 2012; Nazareth para Violoncelos: Cellos
de Minas, em 2011; Quarteto MinasArte: Concertos e Oficinas, em 2008, entre outros. No
caso da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte tive mais êxito. Mas não
sempre e diversos projetos não foram aprovados também. Cito os que elaborei e executei
148
como Músico e como Gestor. O primeiro é o Música de Concerto nas Escolas - Grupo
Diadorim, em 2007 e em 2008. Fizemos vinte e dois concertos didáticos em Escolas
Municipais de Belo Horizonte para crianças, adolescentes e adultos da EJA- Escola de Jovens
e Adultos noturna. Esse projeto já foi descrito anteriormente como produção intelectual. Toda
a parte administrativa do projeto foi realizada por mim. Abaixo podem ser vistos dois
certificados de aprovação da prestação de contas do projeto, após passar por rigorosa auditoria
da Prefeitura de Belo Horizonte.
FIGURA 68 - Certificados de auditoria em projetos culturais da LMIC - BH
Outro projeto aprovado na LMIC que gostaria de citar por ter exercido a função de
coordenador geral e gestor do projeto é o "Violoncelo ontem e hoje - CD e concerto com
mostra de composições e transcrições da música Brasileira e contemporânea de Belo
Horizonte", Edital de 2012. Esse projeto foi estendido após a sua parovação. Além do CD
gravado e do concerto de lançamento, publicamos também um livro de partituras, com parte
do repertório gravado. O projeto foi descrito na seção de Produção Intelectual. Chamo a
atenção novamente pelo fato de ser um projeto apresentado por pessoa física e ser totalmente
administrado por mim. O projeto já está encerrado, mas não foi ainda auditado pela prefeitura
de Belo Horizonte.
149
O relato acima pretende mostrar os projetos que foram elaborados e coordenados por mim,
como também outros que, embora tivessem qualidade, por diversas razões não foram
aprovados ou captados para a sua execução. A razão para essa colocação é que minha
produção intelectual não foi ainda maior devido às dificuldades da área cultura em obter apoio
dentro da Universidade, das agências de fomento, e da enorme concorrência que enfrentamos
no mercado externo com as Leis de Incentivo à Cultura.
Na área de extensão coordenei alguns projetos. Da mesma forma que mencionei
anteriormente, em alguns fui coordenador e participei da área acadêmica, em outros fui
somente o coordenador executivo. No caso do curso de extensão "Notação Musical no
Computador - Finale", descrito anteriormente, exerci a função de coordenador e de professor.
No caso dos cursos de extensão "Simbologia do Barroco" e " Órgão", ministrados pela
Professora Elisa Freixo, fui somente o coordenador executivo dos projetos. O mesmo ocorreu
com o projeto "Prática da Improvisação na Música Popular Contemporânea, ministrado pelo
Professor Cláudio Dauelsberg e coordenador por mim.
Completando essa parte de coordenação, cito a gestão que fiz do "Laboratório de Apoio às
Disciplinas Teóricas" por vários anos. O Laboratório está vinculado ao Centro de Pesquisa em
Música Contemporânea, Órgão Complementar da Escola de Música da UFMG e dá apoio aos
professores que querem ministrar disciplinas ou executar projetos com auxílio de um grupo de
computadores que está equipado com aplicativos como o Finale, entre outros.
4.4. Chefe do Departamento de Instrumentos e Canto - INC
Logo que retornei do doutorado nos Estados Unidos em dezembro de 1994, me candidatei a
membro da Câmara Departamental do Departamento de Instrumentos e Canto. Logo em
150
seguida me tornei Subchefe, uma vez que esse cargo estava vago. Com a renúncia do Chefe
poucos meses depois, assumi o cargo temporariamente sendo em seguida eleito Chefe para o
mandato de 1995 a 1997. Voltei dos Estados Unidos com muita vontade de trabalhar e ajudar
no desenvolvimento da Escola de Música. Foi também um período de muito aprendizado
sobre o funcionamento da Escola de Música e da UFMG, assim como dos órgãos do MEC
com quem nos relacionamos. Estávamos ainda no antigo prédio do Conservatório Mineiro de
Música, na Avenida Afonso Pena. Como Chefe de Departamento nos tornamos membro nato
da Congregação da Escola de Música e, por conseqüência, nos envolvemos em todos os
assuntos da Escola de Música, administrativos ou acadêmicos.
Durante minha gestão realizei além das reuniões regulares da Câmara Departamental, dezenas
de reuniões da Assembléia Departamental que reúne a representação dos Funcionários e
Estudantes, assim como todos os docentes do departamento, coisa muito difícil de acontecer
nos dias de hoje. A Câmara é quem tem a função gestora do Departamento, enquanto a
Assembléia trata das políticas gerais e da eleição da Chefia. Destaco abaixo algumas das
ações realizadas como Chefe e alguns dos assuntos tratados nesse período.
Uma das tarefas mais importantes do Chefe é organizar os Concursos de Professores. Muitas
normas precisam ser seguidas para que não haja irregularidades e vícios que permitam a
anulação do concurso. Primeiramente realizamos concursos para professor substituto, ou
professor temporário, para os cargos que ficaram vagos por algum motivo que neste período
foram diversos. Depois de autorizado pela UFMG realizamos o concurso para a ocupação
definitiva do cargo. Foram diversas reposições de vagas perdidas por aposentadoria, como os
concurso para as áreas de Piano, Trompete e Violão. Concurso de Professor para as novas
habilitações recém-criadas, Percussão e Viola, nesse caso expansão de vagas. No caso de
Viola tive que elaborar também o Conteúdo Programático da Disciplina, mesmo não sendo
151
Violista, para assim criar a nova habilitação. O Concurso de Professor de Percussão teve de
ser realizado três vezes, até que se encontrasse um Professor com o perfil desejado pelo
Departamento. Outro concurso importante que aconteceu durante essa gestão foi o primeiro
concurso para Professor Titular do Departamento. Nesse caso o Departamento tem um papel
complementar à Congregação da Unidade. Em uma Assembleia Departamental, da qual
participei como membro, foi aprovado que sugeríssemos à Congregação que nesse concurso
fosse exigido dos candidatos a defesa de um Memorial e não de uma Tese. A Congregação da
Escola de Música acatou nossa sugestão.
Um assunto que incomodava a todos os professores era a Resolução de 1992 que tratava dos
parâmetros de avaliação anual do relatório individual dos docentes. Os critérios estavam
desatualizados e não refletiam mais o perfil e as atividades dos docentes. Em Assembléia
aprovamos a Resolução 01/1997 que trata da "Pontuação do Relatório Anual dos Docentes do
Departamento de Instrumentos e Canto da Escola de Música da UFMG". Embora não fosse
mais Chefe, participei ativamente da redação e da aprovação desta Resolução. Essa resolução
está muito desatualizada, com dezoito anos de vigência, mas está em vigor e tem de ser
seguida. Todos os professores reclamam, os que estão sendo avaliados e os que são os
avaliadores. A razão da não atualização não será assunto desse documento. O que posso dizer
é que em determinado momento ela foi atual e importante para o Departamento. O fato é que
para realizar qualquer projeto, qualquer ação dentro de um órgão em que a decisão é
colegiada é preciso muita vontade, muita paciência, muita iniciativa e dedicação à instituição.
Outra questão importante da minha gestão como Chefe do Departamento diz respeito à
captação e organização das finanças do Departamento. Até então essa gestão financeira no
âmbito da Escola de Música era totalmente concentrada na Direção da Unidade. O Conselho
Universitário da UFMG regulamentou através da Resolução 10/95, a Prestação de Serviços de
152
Professores e Funcionários. A Escola de Música não perdeu tempo e logo em seguida
elaborou sua resolução interna que é a Resolução 01/96. Participei da elaboração dessa
resolução que foi aprovada pela Congregação da Escola de Música. A partir dessa
regulamentação e com a criação de novos Cursos de Extensão como o CEM-INC, os
professores passaram a ser remunerados por dar aulas em cursos de extensão e o
departamento passou a receber também uma verba desta prestação de serviços. Tais recursos
ajudaram a equipar o departamento, já que verbas para a aquisição de material permanente,
como computadores e instrumentos eram muito difíceis naquela época. Esses recursos
contribuíam também para a realização de eventos coordenados por professores do INC.
Realizei diversas prestações de contas referentes à gestão financeira desses. Hoje o
Departamento INC não administra diretamente recursos financeiros e estes voltaram a ser
centralizados na Direção da Unidade. Ainda acredito que deveria haver uma distribuição de
recursos aos departamentos para que esses fizessem a sua gestão, principalmente aqueles
recursos diretamente arrecadados.
Um dos mais importantes assuntos naquele momento era a conclusão do novo prédio da
Escola no Campus Pampulha e a nossa mudança. Não participei da elaboração do projeto e
dos primeiros anos de execução da obra porque nessa época estava nos Estados Unidos
fazendo doutorado. Digo sempre em minha palestra sobre a História da Escola de Música que
entre as primeiras reuniões e a mudança efetiva da Escola para o campus passaram-se cerca de
onze anos, 1987 a 1997. Como Chefe do INC participei das discussões finais, principalmente
do Plano de Ocupação do Prédio. Lembro-me de etiquetar os Pianos para determinar para qual
sala cada um deveria ir na véspera da mudança. Era um assunto muito delicado pois se criou
muita expectativa sobre a solução de todos os problemas de espaço físico que tínhamos no
Conservatório. Os professores queriam também os melhores espaços e os melhores
equipamentos. Mas esta ocupação aconteceu de modo tranquilo, apesar de alguns não ficarem
153
satisfeitos. Espaços previstos como gabinete/estúdio tiveram que virar sala de aula coletiva
para atender demandas prioritárias da Escola de Música.
Outra ação que nem deveria estar aqui mas que merece ser relatada pela sua curiosidade é a
aquisição de um Microcomputador para os Professores com recursos captados diretamente
pelo Departamento através da prestação de serviços. Era uma demanda dos Professores não
atendida pela Universidade até aquele momento. Até então, microcomputadores eram apenas
para a administração e a aquisição de material permanente com recurso do tesouro nacional
era muito limitada. A demanda dos professores era tão grande que tivemos de elaborar um
regulamento que recebeu o título de "Normas de Utilização do Computador", aprovado pela
Câmara Departamental em 07 Abril de 1997. Esse foi o primeiro Microcomputador dos
Professores do Departamento de Instrumentos e Canto-INC para ser usado na Escola.
4.5. Diretor da Escola de Música
Durante meu período como Chefe do Departamento de Instrumentos e Canto - INC tive a
oportunidade de conhecer melhor a gestão da Escola de Música e após essa experiência decidi
me candidatar ao Cargo de Diretor da Unidade. Formamos uma chapa, eu e a Professora
Maria do Carmo de Souza Câmpara. Não houve outra chapa e fomos eleitos para o mandato
de quatro anos, de 06 de Outubro de 1998 a 05 de Outubro de 2002, cumprido com muita
dedicação. A ilustração abaixo mostra que até na posse de Diretor, a Música e o Violoncelo
estavam fortemente presentes.
154
FIGURA 69 - Posse de Diretor: à esquerda meus filhos, Tomás, Sofia e Laura se apresentam, à direita eu e meus alunos, Júlio, Afonso e Ana Paula apresentamos um quarteto de violoncelos
O relatório completo da gestão está disponível na minha página institucional na Internet,
endereço http://www.musica.ufmg;br/claudiourgel. Localizar o link Relatório de Gestão e
outras informações - Diretoria da Escola de Música 1998 a 2002. Nesse Memorial vou
apresentar minha visão crítica do cargo e de minha gestão, assim como pontuar algumas ações
que a marcaram. Algumas delas têm repercussão até hoje na Escola de Música.
A Escola de Música da UFMG é uma instituição muito complexa e com pessoal de alto nível
de conhecimento e competência. Conhecer todas as suas peculiaridades, todas as suas
possibilidades, tudo o que ela tem e é capaz de realizar é tarefa quase impossível para uma
única pessoa, o Diretor. Além da Vice-Diretora, existe uma grande equipe de Professores e
Funcionários Técnico-Administrativos que exercem as mais diferentes funções. Entre os
cargos de Professores estão a Chefia dos Departamentos, a Coordenação de Curso de
Graduação, de Pós-Graduação e de Extensão. Entre os cargos de Funcionários podemos citar
a Secretaria Geral, as Secretarias de Departamento e de Colegiado de Curso, as Seções de
Ensino, Contabilidade, Compras, Almoxarifado, Patrimônio, Informática, Serviços Gerais e
outras. Portanto divido com todos aqueles que exerceram esses cargos e funções os resultados
alcançados durante o período em que fui o Diretor. Tudo o que for relatado abaixo teve a
155
participação dessa equipe. São muitos nomes com mudanças durante o período, os quais estão
citados no relatório completo.
Acreditamos ter cumprido nossa tarefa, seja na execução de ações administrativas e
acadêmicas que são próprias dos cargos de dirigentes de Unidade, seja na função de criar as
condições para que as propostas e projetos apresentados a nós por órgãos colegiados,
professores, funcionários e estudantes se realizassem. Gostaria de afirmar aqui o espírito de
equipe que sempre esteve presente em nossa gestão. Trabalhamos sempre para agregar o
maior número de pessoas, as mais envolvidas com a instituição e aquelas dispostas a
contribuir para a gestão da Escola de Música. O Diretor de Unidade acadêmica que não
souber agregar pessoas, não consegue ser um bom diretor. Torna-se apenas um burocrata que
assina ofícios de encaminhamento e paga as contas.
O respeito às normas da Universidade e aos órgãos colegiados foi sempre a nossa
preocupação, sendo todas as decisões da Congregação da Escola respeitadas e cumpridas.
Algumas vezes tive dúvidas em publicar uma portaria ou propor uma resolução. Em alguns
casos a legislação deixa esta margem de dúvida, para que o gestor escolha este ou aquele
caminho. Sempre que possível optei por propor resoluções, ou apenas uma decisão, para que a
congregação pudesse discutir, opinar, propor modificações e aprovar uma norma com uma
maior participação da comunidade. Por outro lado, na função de Diretor posso dizer também
que não hesitei em tomar decisões que são próprias do cargo, algumas solitárias e com o seu
ônus.
No Relatório de Gestão em minha página institucional na Internet podem ser acessados alguns
dos meus discursos durante a gestão. Entre eles: 1998 - Campanha para Diretor, 1998 - Posse
como Diretor, 2002 - Transmissão do cargo. Outros documentos importantes podem ser
156
acessados também como as Principais Resoluções da Congregação, Principais Decisões da
Congregação, Principais Portarias.
4.5.1. Gestão financeira, planejamento e prestação de contas
Essa é uma das principais funções do Diretor. Tarefa de grande responsabilidade e que requer
uma dedicação diária e competente. Trabalhamos com recursos públicos escassos, por isso é
preciso conhecimento sobre a legislação e planejamento. O Governo Federal e a UFMG
controlam todo o orçamento e o gestor que não souber aproveitar e utilizar em tempo hábil os
recursos que a Unidade recebe, pode perdê-los. Em nossa gestão, entre 1998 e 2002,
procuramos fazer uma administração transparente e com decisões colegiadas. Criamos a
Comissão de Orçamento que substituiu o Conselho Departamental, órgão extinto após o novo
Estatuto da UFMG de 1999.
Além de administrar os recursos alocados para a Escola de Música pela UFMG, que tem
como origem o MEC/Tesouro Nacional, o Diretor é responsável pelos recursos diretamente
arrecadados. Esses últimos são depositados na Conta Única do Tesouro Nacional e em
convênios com a Fundação de Apoio, Fundep. Entre as várias medidas tomadas em nossa
gestão está o planejamento anual das receitas e despesas e a prestação de contas anual do
Diretor. Fizemos propostas à Congregação para a regulamentação desse assunto, como as
alterações na resolução interna da Escola de Música que regulamenta a Prestação de Serviços
(Resolução 02/1999 de 25/10/1999). Criamos o Fundo de Obras que permitiu arrecadar
recursos para a Construção do Anexo (CMI), criamos o Fundo de Incentivo aos Funcionários
- FIF, a Taxa Cenex, entre outras ações. Com a colaboração dos órgãos que administram
recursos financeiros e os cursos de extensão, especialização e mestrado, criamos a Cesta
Orçamentária para Projetos Especiais da Escola de Música, a qual permitiu que juntos
157
realizássemos importantes investimentos e eventos na Escola. Algumas ações são decisões da
Congregação e não Resoluções. Relacionadas a esses assuntos são: Decisão 21/06/1999,
Decisão 18/10/1999. Decisão 18/10/1999 – FIF. Todos esse documentos estão disponíveis na
minha página institucional.
Muito importante para quem trabalha com recursos financeiros, principalmente recurso
público e escasso, é fazer um planejamento orçamentário e realizar ajustes quando necessário.
No Relatório de Gestão que pode ser acessado em minha página na Internet,
http://www.musica.ufmg;br/claudiourgel, apresento como exemplo, o planejamento que
realizei para o ano 2001: Planejamento orçamentário para 2001. No mesmo endereço podem
ser consultadas as Prestações de contas anuais do Diretor: Prestação de Contas Financeiras
1998 (Diretor a partir de 06/10/1998), Prestação de Contas Financeiras 1999, Prestação de
Contas Financeiras 2000, Prestação de Contas Financeiras 2001, Prestação de Contas
Financeiras 2002.
4.5.2. Gestão de Pessoal
A parte financeira da Unidade é a que mais ocupa o Diretor. O Reitor Thomaz Haroldo em
uma reunião chegou a dizer brincando: "Reitor só pensa naquilo". “Naquilo”, nesse caso, é
dinheiro. A mesma coisa se pode dizer do Diretor de Unidade Acadêmica. Mas não adianta
dinheiro, não adianta infraestrutura, não adianta equipamento, se não tivermos pessoal.
Pessoal preparado para exercer a sua função e principalmente pessoal motivado e envolvido
com a instituição. São as pessoas que fazem as instituições e não o seu patrimônio material.
Respeitar, valorizar e principalmente motivar as pessoas é tarefa também do Diretor. Uma
Escola cheia de conflitos entre professores, funcionários e alunos não terá bons resultados.
158
A gestão de pessoal docente nas Unidades Acadêmicas é realizada pela Câmara
Departamental e em parte pela Congregação. É regulamentada e acompanhada pela CPPD –
Comissão Permanente de Pessoal Docente e pelo CEPE – Conselho de Ensino, Pesquisa e
Extensão. Já a gestão de pessoal técnico-administrativo em educação é feita diretamente pela
Diretoria, também acompanhada pela Pró-Reitoria de Recursos Humanos e o Conselho de
Diretores. Em ambos os casos, Professores e Funcionários, a Diretoria tem papel muito
importante.
Na área de recursos humanos tivemos uma grande evolução em nosso quadro permanente de
professores entre os anos de 1998 e 2002. Tanto quanto possível apoiamos as iniciativas de
professores e funcionários em suas solicitações de afastamento para capacitação.
Éramos 45 professores permanentes em 1998 e em 2002 passamos para 49, de oito doutores
passamos para 16 e de 15 mestres passamos para 22. Em 1998, 52% dos professores do
quadro permanente tinham título de mestre e doutor; em 2002, 78% dos professores passaram
a ter esses títulos. Entre as ações nessa área destacamos os esforços feitos junto a Pró-Reitoria
de Pós-Graduação no sentido de esclarecer as peculiaridades da área de música. Esta ação
permitiu que três professores obtivessem o reconhecimento de seus títulos (Doutor em
Performance) obtidos em país europeu o que, como todos sabem, é bastante difícil. Outra
participação do Diretor contribuiu também para que um professor obtivesse autorização legal
para realizar defesa direta de tese e assim obter o título de doutor.
Entre os funcionários, 04 obtiveram o título de mestre, 03 concluíram o ensino médio no
programa criado pela Universidade para seus funcionários e o nosso único funcionário não
alfabetizado, cursou o ensino fundamental.
159
Tivemos sempre uma relação de grande respeito com nossos funcionários técnicos e
administrativos, sempre conversando muito sobre as remoções dentro da Escola e entre
unidades e órgãos da UFMG.
Na minha página na Internet já citada existem vários quadros com uma descrição mais
detalhada das condições e evolução do nosso quadro de pessoal entre os anos de 1998 e 2002,
assim como importantes ações de nossa gestão.
Destacamos também a criação do FIF - Fundo de Incentivo aos Funcionários, que distribuía
uma bolsa anual para os funcionários, com recursos de uma taxa percentual sobre o valor total
da prestação de serviços da Unidade.
4.5.3. Gestão da infraestrutura física e organizacional
Sempre tivemos uma relação muito próxima com o Setor de Serviços Gerais da Escola de
Música para ter realmente o controle administrativo de tudo o que acontecia na Escola nessa
área. Em nossa estrutura organizacional e de espaço físico, realizamos mudanças e reformas
para melhor atender às atividades administrativas e acadêmicas da Escola de Música
(Decisões 18 e 25/10/1999). Mudamos salas e seções para ser possível criar e equipar a Sala
de Microcomputadores dos alunos com acesso à Internet, o Laboratório de Musicologia e
Etnomusicologia, a Secretaria do novo Curso de Pós-Graduação, Mestrado em Música e
novos espaços para os acervos da Escola, como o Arquivo Morto (que não tem nada morto,
são acervos permanente de documentos) e a guarda de Material de Consumo. Reformamos a
Biblioteca, em especial a Videoteca e Audioteca e a Sala de Ensaios (3003) para criar
condições térmico-acústicas adequadas para os ensaios de grandes grupos musicais.
Documentos que descrevem essas ações são: Decisão 26/03/2001, Portaria 02/2001 de
160
28/03/2001, 03/2001 de 28/03/2001, 02/2002 de 06/03/2002, 05/2002 de 02/04//2002. Todos
esse documentos estão disponíveis na minha página institucional.
Abaixo está a Sala 3003, antes e depois da reforma que fez tratamento acústico e de conforto
ambiental com a colocação de ar refrigerado.
FIGURA 70 - Reforma da Sala 3003, para grandes grupos instrumentais
A nova sede da Escola de Música no Campus da UFMG nos deu um espaço físico muito
maior do que tínhamos na antiga sede, Conservatório UFMG. Passamos de uma área
construída de cerca de 1.500 m2 para 4.500 m2. Por outro lado, este número maior de salas
exigiu um grande investimento para equipá-las. Cientes deste fato, investimos tanto quanto
possível na aquisição de móveis e equipamentos. Na seção Gestão Patrimonial e de
Almoxarifado podem ser vistos os investimentos realizados nessa área.
Quando assumimos a Diretoria em Outubro de 1998 ainda existiam recursos financeiros
alocados para a obra de construção da nova Escola de Música no Campus, inaugurada em
Abril de 1997. Esses recursos já estavam rubricados e foram usados para a Implantação do
Sistema de Iluminação do Auditório e da Rede de Lógica, interligando os mais de 150 pontos
de rede local existentes na época em nossa Unidade e também a conexão com a Internet.
161
Tentamos com muito esforço captar recursos para a reforma da Sala Multimeios,
transformando-a em uma sala de percussão e criando no segundo pavimento salas para aulas.
Apesar de termos trabalhado muito no projeto, este não foi até hoje executado.
Sempre com a participação da Congregação, criamos diversas normas para a utilização de
todos os espaços da Escola de Música. Até hoje Portarias e Resoluções de nossa época estão
em vigor e afixadas nos painéis e quadros da Escola de Música. Esses documentos podem ser
visualizados no relatório completo disponível na minha página institucional acima citada.
4.5.3.1. Construção do atual anexo que abriga o CMI
Obras de expansão dos prédios da UFMG duram anos. Já disse antes que o novo prédio da
Escola de Música no campus levou cerca de onze anos e passou por três gestões até ser
inaugurado. Na quarta gestão, a minha, ainda foram executadas obras com recursos originais
da construção da nova sede. No caso do atual prédio do Centro de Musicalização Infantil -
CMI, um anexo do novo prédio da Escola, não foi diferente. A discussão sobre esse assunto
começou antes mesmo de mudarmos para o Campus. Não poderíamos ir para o Campus e
deixar o CMI no Centro. Foram necessários também cerca de oito anos e três gestões para a
inauguração do CMI, um anexo para o novo prédio da Escola de Música.
Nesse período, a Escola de Música tinha infraestrutura física e patrimonial para atender aos
cursos de Graduação e Pós Graduação, mas havia carências quanto à área física para os cursos
de extensão. A Escola não foi projetada para receber cursos como os do Centro de
Musicalização Infantil – CMI, que atendia ao público infantil de até 12 anos de idade.
162
Trabalhamos muito para que fosse possível a construção do anexo que permitiu a
transferência para o Campus do CMI. O CMI funcionava em um terreno anexo à antiga Fafich
(Rua Carangola – Bairro Santo Antônio), o qual seria vendido para a execução das obras do
projeto Campus 2000. Infelizmente o projeto de construção do CMI não pode ser concluído
em nossa gestão, mas deixamos para a próxima gestão um caixa de quase 400 mil reais,
captados através de um projeto para o Fundo Fundep, que captou 200 mil reais e da Taxa
Fundo de Obras criada em nossa gestão. O projeto para o Fundo Fundep está disponível no
relatório completo na minha página institucional na Internet. Tínhamos também a promessa
da Fundep de emprestar 100 mil reais (adiantamento de despesas) que seriam pagos com o
Fundo de Obras em alguns anos. O projeto arquitetônico e outros projetos para a obra, alguns
realizados por Professores da Escola de Arquitetura, já estavam comprados, mas foram
lamentavelmente abandonados pela Administração Central da UFMG e substituídos por
outros que foram executados como pode ser visto hoje. O projeto previa um aproveitamento
para o prédio que ia além das necessidades do CMI. Por isso o chamamos de Centro de
Extensão da Escola de Música. O projeto original está acessível em minha página na Internet.
Outras versões foram apresentadas ao Ministério da Cultura e a outros órgãos de fomento.
Veja a Prestação de Contas do Diretor 2002 com o saldo do Convênio Fundo de Obras no
encerramento de nossa gestão acessando minha página na Internet.
Outras informações sobre a Escola de Música e sua Infraestrutura Física e Organizacional
podem ser obtidas no relatório completo da gestão disponível na minha página institucional na
Internet, endereço http://www.musica.ufmg;br/claudiourgel. Localizar o link Relatório de
Gestão e outras informações - Diretoria da Escola de Música 1998 a 2002, em seguida clique
em Gestão da Infraestrutura Física e Organizacional, e depois localize a seção Informações
sobre a Organização e a Infraestrutura da Escola de Música entre 1998 e 2002.
163
4.5.4. Gestão patrimonial e de almoxarifado
Relatamos anteriormente diversas aquisições de bens. Todos os instrumentos, equipamentos e
materiais para as atividades acadêmicas e administrativas da Escola de Música são
controlados por dois setores, Patrimônio e Almoxarifado, que trabalham juntos em nossa
Escola. Este setor tem a responsabilidade de controlar todo o nosso patrimônio, com exceção
do bibliográfico que é de responsabilidade da Biblioteca. Este setor controla também todo o
material de consumo que utilizamos para as nossas atividades acadêmicas e administrativas.
Sempre tivemos uma relação muito próxima com esse importante setor da Escola de Música
que, juntamente com o de Serviços Gerais, fazem com que a Escola funcione adequadamente.
São eles que fazem com que todas as atividades acadêmicas e administrativas aconteçam
dentro das melhores condições. Dezenas de ações foram tomadas para adquirir, armazenar e
controlar todos os materiais, equipamentos e instrumentos. Algumas dessas ações são citadas
abaixo.
Com a nova sede da Escola de Música com 4.500 m2 fomos obrigados a investir, tanto quanto
possível, na aquisição de móveis e equipamentos com recursos próprios. O projeto da nova
sede quase não contemplava aquisições desses. Tivemos sim, com a nova sede, um acréscimo
em nosso orçamento de custeio, não de material permanente.
Alguns móveis foram projetados especialmente para a Escola de Música pelo Departamento
de Planejamento Físico e de Obras da Universidade.
Foram adquiridos diversos aparelhos de som, projetor multimídia, televisões, teclados midi e
muitos outros. Adquirimos também instrumentos e equipamentos específicos da área de
164
música, tais como pianos, banco para pianos, muitos instrumentos de percussão para a nova
habilitação que estávamos implantando, madeira e acessórios para construção e reforma dos
contrabaixos, acessórios para a manutenção e reforma dos pianos, e muitos outros. Só a
reforma do Piano Steinway do Auditório custou, na época, R$12.000,00.
Adquirimos carrinhos e móveis para facilitar o transporte de materiais e instrumentos pela
Escola. Entre os carrinhos de transporte interno de instrumentos e equipamentos estão o
tablado para o segundo piano do auditório, os carrinhos para movimentação no palco dos
pianos, o carrinho da copa, o carrinho da harpa (uma de nossas harpas quebrou durante o
transporte manual de uma sala para o auditório antes da aquisição do carrinho).
Criamos novos espaços para a guarda de materiais de consumo. Sistematizamos a compra de
material de consumo, área onde havia muito desperdício na Escola. Até hoje temos em nosso
almoxarifado materiais solicitados por pessoas e setores da Escola que nunca foram usados ou
materiais de tão baixa qualidade que se tornam inservíveis.
Normalizamos a utilização e empréstimo de instrumentos, a saída de instrumentos e
equipamentos. Resoluções 02/2000 de 15/05/2000, Decisão de 17/04/2000, Decisão de
15/05/2000.
Para atender uma demanda dos alunos para a guarda de seus instrumentos e pertences
pessoais durante as aulas, adquirimos dezenas de armários e escaninhos. Para Organizar e
Regulamentar o uso desses equipamentos criamos o "Regulamentação do Uso de Escaninhos
na Escola de Música" em vigor até hoje.
165
FIGURA 71 - Armários e escaninho para os alunos
Adquirimos e reformamos os quadros para as salas de aula. O veículo e o motorista da Escola
estavam sempre à disposição para eventos, concursos e outras demandas da nossa
comunidade. Equipamentos e instrumentos inservíveis foram adequadamente doados ou
descartados. Os instrumentos ainda em boas condições, mas sem utilização na Escola, foram
encaminhados para leilão. A Escola de Música recebeu como doação dezenas de instrumentos
apreendidos pela Receita Federal. Eram tantos instrumentos que doamos alguns para a UFOP.
Nas Prestações de Contas do Diretor, disponível na página na Internet, podem ser vistas as
despesas realizadas nessa área com aquisições de material permanente, de material de
consumo e com a manutenção de todo esse acervo de instrumentos e equipamentos.
Outras informações sobre a Escola de Música e seu Patrimônio podem ser obtidas no relatório
completo da gestão que está disponível na minha página institucional na Internet, endereço
http://www.musica.ufmg;br/claudiourgel. Localizar o link Relatório de Gestão e outras
informações - Diretoria da Escola de Música 1998 a 2002, em seguida clique em Gestão
Patrimonial e de Almoxarifado, e depois localize a seção Informações sobre o Patrimônio e
Almoxarifado da Escola de Música entre 1998 e 2002.
166
4.5.5. Comunicação e divulgação
Em nossa gestão, o Setor de Divulgação e Comunicação fazia parte do Cenex. Diversas
medidas foram tomadas para melhorar a comunicação na Escola de Música como a instalação
de placas para identificar e sinalizar salas, a criação da atual Logomarca da Escola de Música,
a criação do nosso primeiro Site ou Página na Internet.
A página reuniu informações sobre todos os setores da Escola de Música. Tivemos a
participação da Professora Sandra Loureiro que fez um texto resumo da história dos setenta e
cinco anos de idade da Escola na época. Digitalizamos e colocamos na página dezenas de
fotos históricas. A infraestrutura foi toda fotografada pelo fotógrafo da UFMG, Foca, para que
interessados pudessem conhecer a Escola virtualmente. Todos os cursos e atividades que ela
oferece foram descritos, informações sobre o corpo técnico e administrativo, páginas
individuais dos professores, produção acadêmica da Escola com seus grupos musicais e
revistas científicas. O atual site alterou o layout mas muitas das informações que estão lá
ainda são do período em que a primeira página foi criada em 1999. Na minha página
institucional ainda uso o primeiro layout da página da Escola de Música na Internet.
FIGURA 72 - Primeira página da Escola de Música na Internet
Estabelecemos normas para a Utilização dos Painéis e para Solicitar Serviços de Divulgação.
Apoiamos as demandas do setor com material e equipamento necessário. Oferecemos
167
treinamento do Aplicativo Dreamweaver para as funcionárias para que pudessem atualizar
cada seção da página da Escola de Música.
Realizamos um concurso em que foi escolhida a Logomarca da Escola de Música, que ainda é
a logomarca em uso. A autora da Logomarca, vencedora do concurso, é Sílvia Miccoli.
FIGURA 73 - Logomarca da Escola de Música
Na minha página na Internet está o texto referente a uma pequena solenidade de entrega do
prêmio à vencedora, durante um concerto da orquestra.
Outras ações nessa área podem ser vistas através das Resoluções e Decisões da Congregação,
assim como Portarias do Diretor que estão disponíveis na minha página institucional na
Internet.
4.5.6. Informática e Internet
Como relatado antes, ao assumimos a Direção da Escola havia ainda recurso para investir na
nova sede. Parte deste era para a instalação da Rede de Lógica e acesso à Internet. Criamos a
Comissão de Informática que muito colaborou nessa tarefa de criar a Rede da Escola de
Música, os seus serviços, o acesso e a Página na Internet, a Sala de Microcomputadores para
os alunos.
168
Contratamos profissionais externos para o desenvolvimento do projeto. Adquirimos uma
servidora e acessórios, o que permitiu criar serviços de rede, como o serviço de e-mail, o
serviço de arquivo para professores, o serviço de páginas Web individuais, o diretório de
arquivos com os aplicativos mais usados, entre outros.
Através de um remanejamento do espaço físico e da aquisição de equipamentos, criamos a
Sala de Microcomputadores para os Alunos.
FIGURA 74 - Sala de Microcomputadores para os alunos
Investimos na Sala 2009, Laboratório de Disciplinas Teóricas, com a aquisição de mais
computadores e aplicativos, o que permitiu a oferta de disciplinas que utilizam computadores.
Esta sala foi utilizada também para treinamento de programas de computador para Professores
e Funcionários.
4.5.7. Gestão acadêmica
Dentro de uma instituição como a nossa, os interesses acadêmicos devem ser sempre
prioritários, e a administração deve estar sempre a serviço dos objetivos acadêmicos. É
importante afirmar que nesta área, o Diretor desempenha o papel de criar as condições para
que os projetos e propostas vindas dos Departamentos, Colegiados e Professores se realizem.
169
O Diretor não é, portanto, o executor direto destas ações. O Estatuto da UFMG determina que
entre as atribuições do Diretor e da Diretoria estão a de "supervisionar as atividades didático-
científicas" e também a de "supervisionar os programas de ensino, pesquisa e extensão e a
execução das atividades administrativas, na área da Unidade Acadêmica". O Diretor tem um
papel de motivador e a tarefa de encontrar as pessoas certas para executar determinadas ações.
4.5.7.1. Graduação
Na Graduação, realizamos uma grande mudança curricular. O currículo atual da escola é
moderno e dentro do espírito da flexibilização curricular proposto pelo MEC e pela UFMG.
Foram anos de discussão e diversas comissões que nunca chegavam ao final devido aos
diversos conflitos e interesses em uma grande reforma curricular. A nova Lei de Diretrizes e
Bases da Educação de 1996 ajudou a nossa proposta ao substituir os antigos Currículos
Mínimos exigidos pelo MEC, que no caso da Música eram de 1969, para uma nova
abordagem baseada na ideia da Flexibilização Curricular.
A Diretoria, e tenho certeza que toda a comunidade da Escola, cumprimenta e agradece ao
Professor Flávio Barbeitas, Coordenador do Colegiado de Graduação e Relator do Projeto,
pelo seu trabalho e dedicação na elaboração e implantação do novo currículo. O Professor
Flávio soube reunir as discussões anteriores sobre esse assunto que existiam na Escola de
Música, colocar suas ideias e montar um novo currículo para o Curso de Graduação em
Música que está em vigor até hoje. Até a Resolução que regulamenta as Normas Acadêmicas
de Graduação da UFMG, de 1990, teve de ser flexibilizada para que o novo currículo fosse
aprovado. Algumas normas desta Resolução não foram respeitadas e mesmo assim o
Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFMG - CEPE aprovou o novo currículo.
170
Tivemos papel ativo apresentando sugestões à Pró-Reitoria de Graduação para as novas
Normas de Graduação da UFMG, mas essas até hoje não foram aprovadas.
Tive a oportunidade de discutir anteriormente nesse Memorial o currículo novo. Apresentei
inclusive um estudo que realizei sobre três percursos diferentes no curso de graduação em
música, Fig. 14 na Seção Docência.
As normas do vestibular para a área de música foram modificadas mais de uma vez para
melhorar o processo de seleção. A mudança curricular e estas medidas permitiram aumentar o
preenchimento das vagas do curso. Tínhamos 175 alunos matriculados em 1998, quando
iniciamos a nossa gestão, e em outubro de 2002, quando encerramos o mandato, tínhamos 234
estudantes no Curso de Graduação em Música, um aumento de 34% no número de estudantes.
Cumprimentamos os professores Eduardo Campolina e Rogério Barbosa pelo trabalho
realizado na coordenação do vestibular.
Propusemos a criação do Curso de Graduação em Musicoterapia. Este projeto não foi
concluído durante nossa gestão e somente com o Projeto Reuni o mesmo foi aprovado e
implementado. Entre as ações que podemos destacar estão a contratação, como Pesquisadora
Visitante, da Professora Cybelle Maria Veiga Loureiro, com bolsa por dois anos da
FAPEMIG. Esse projeto já foi relatado na Seção Coordenação de Projetos acima. Apoiamos a
realização do Seminário “Musicoterapia: Uma Proposta Acadêmica da UFMG” em que
debatemos com autoridades da UFMG e com pesquisadores do Brasil e do exterior a inserção
da Musicoterapia na UFMG. Agradecemos a dedicação do Professor Maurício Loureiro e da
Professora Cybele Loureiro a este projeto.
171
Na Música Popular tivemos várias ações que começam no período em que fui Chefe do INC.
Sempre defendi que a Música Popular fosse uma Habilitação do Curso de Graduação em
Música e não um Curso como queriam outros. Não foi possível implementar essa Habilitação
porque não poderia estar na reforma curricular citada acima. Essa Habilitação envolveria a
contração de professores, a alocação de mais recursos financeiros, de espaço físico e outras
questões que estariam fora do alcance do Colegiado de Graduação e da Pró-Reitoria de
Graduação. Tínhamos também alguma resistência entre colegas que defendiam que a Música
Popular fosse oferecida apenas como disciplinas, assim como no caso da Musicoterapia.
Somente com a proposta de disciplinas não conseguiríamos contratar professores. Apoiamos a
contratação de Artista Visitante, de Professor Visitante, a criação de Cursos de Extensão nessa
área, até que chegasse o momento certo de propor essa habilitação para o nosso curso, o que
acabou acontecendo através do Projeto Reuni.
Outras informações sobre a Escola de Música e as atividades do Curso de Graduação em
Música podem ser obtidas no relatório completo da gestão disponível na minha página
institucional na Internet citada anteriormente.
4.5.7.2. Pós-graduação e pesquisa
Depois de anos de discussão, comissões e tentativas, em nossa gestão foi aprovado e
implantado o Curso de Pós-Graduação stricto sensu, Mestrado em Música, com Área de
Concentração em Performance Musical. Cumprimentamos e agradecemos ao Professor Fausto
Borém, por ter sido o relator do projeto, e ao Professor Lucas Bretas que teve a tarefa de
implantar o novo curso.
172
Nesse período tínhamos um único Colegiado de Pós-Graduação que geria tanto o curso de
Especialização quanto o curso de Mestrado. Destacamos a criação de uma nova revista
científica, "Per-Musi", a qual estava vinculada ao Mestrado e, portanto, à área de performance
musical. A revista teve como idealizador e seu primeiro editor o Professor Fausto Borém.
Outras informações sobre a Escola de Música e as atividades dos Cursos de Pós-Graduação
em Música podem ser obtidas no relatório completo da gestão disponível na minha página
institucional na Internet, citada anteriormente.
Apoiamos diversos Projetos para o Programa Artista Visitante da Pró-Reitoria de Pesquisa.
Esse Programa tem como objetivo trazer para a Universidade Artistas sem a exigência de
titulação formal e que podem contribuir para o desenvolvimento das artes em nossa
Instituição. Apoiamos, entre outros, o projeto coordenado pelo Prof. Fausto Borém que trouxe
o artista Gianfranco Lorenzzini Fiorini, Luthier, que realizou atividades de Luteria na
Marcenaria do Colégio Técnico e construiu um contrabaixo para a Escola.
Para atender à exigência da Universidade, Resolução 11/98, criamos um novo Regimento para
o nosso Centro de Pesquisa em Música Contemporânea – CPMC, que entre outras coisas
incorporou os Laboratórios e o Núcleo de Apoio à Pesquisa – NAPq.
Juntamente com o Professor Maurício Loureiro fizemos um projeto para a Fapemig –
Programa Pesquisador Visitante e trouxemos como Pesquisadora Visitante, a Professora
Cybelle Maria Veiga Loureiro, com bolsa por dois anos. O plano de trabalho da Professora
Cybele envolveu um projeto de pesquisa, a participação na comissão de elaboração do projeto
do Curso de Musicoterapia, o ensino em disciplinas e cursos de extensão e a atuação no
173
Hospital das Clínicas. Agradecemos a dedicação do Professor Maurício Loureiro e da
Professora Cybele Loureiro a este projeto.
Sempre respeitamos a autonomia das Bibliotecárias e negociávamos o que era preciso para
que o setor funcionasse de acordo com as demandas acadêmicas de nossa Unidade. Depois de
muita negociação, colocamos o Serviço de Xerox na Biblioteca. Fez parte do acordo que todo
o recurso captado com esse serviço, inclusive o que a Escola pagava à empresa prestadora de
serviços, seria investido na Biblioteca. A Escola pagava as despesas de Xerox com recursos
do Tesouro Nacional e o arrecadado com o serviço de Xerox era depositado em um convênio
com a Fundep e totalmente investido na Biblioteca.
Com os recursos captados fizemos um projeto para novo layout da Biblioteca com
investimento em móveis e equipamentos, em especial na Videoteca e Audioteca. Foram
investidos em 2002 R$21.096,62 em mobiliários (mesas, cadeiras, estantes, estação de estudo,
sofá, estantes para o som), equipamentos (leitora óptica, toca discos mini disc, toca discos de
vinil, toca discos laser, mixer, amplificadores, DVD, entre outros equipamentos), obras
(serviço de marcenaria, carpintaria e elétrico), mídias (CDs, adaptadores, fones) e mão de
obra de auxiliar durante o período de balanço patrimonial.
Apoiamos o projeto de Automação da Biblioteca que estava a pleno vapor e acompanhávamos
as metas de digitalização de todo o material. Adquirimos diversos materiais bibliográficos,
móveis e equipamentos. Colocamos em prática o novo Regulamento da Biblioteca e a Chefe
foi eleita pela Congregação, assim como é feito na Biblioteca Universitária (Resolução
05/2000 de 13/11/2000).
174
Outras informações sobre a Escola de Música e a sua Biblioteca podem ser obtidas no
relatório completo da gestão disponível na minha página institucional na Internet citada
anteriormente.
4.5.7.3. Extensão
Na extensão realizamos reformas aprovando um novo regulamento para o Cenex. Esse
documento pode ser acessado na minha página na Internet, Resolução 04/2000 de 13/11/2000.
Centralizamos a administração de todos os cursos e outros projetos de extensão no Cenex.
Existiam cursos de extensão vinculados a diversos órgãos da Escola. Apoiamos a criação de
diversos cursos de extensão.
Entre os novos cursos de extensão criados em nossa gestão destacamos o Curso de Música
Popular que teve a coordenação do Professor Mauro Rodrigues; o Curso de Bandas,
coordenado pelo Professor Adalmário Pacheco e Anor Luciano. Além dos novos cursos foram
realizadas reformas naqueles que estavam em funcionamento, o que permitiu um grande
aumento da atividade coral na Escola de Música. Trabalhamos muito para que fosse possível a
construção de nosso anexo para a transferência para o Campus do CMI – Centro de
Musicalização Infantil, discutido anteriormente.
Fizemos inúmeras reuniões com os Professores que coordenavam os grupos musicais para
encontrar a melhor maneira de distribuir as bolsas de extensão da Proex. Chegamos a fazer
matrícula de uma única turma de GGI, para depois dividi-la em função da programação dos
grupos. A primeira alocação de bolsas para a Banda Sinfônica foi uma decisão da Diretoria,
quando não tínhamos ainda uma distribuição de bolsas de extensão realizada pela Câmara de
Extensão da PROEX através de edital.
175
Realizamos o "Seminário de Planejamento Estratégico para a Extensão", coordenado pela
Professora Maria do Carmo, Vice-Diretora. O Seminário teve a participação do Professor
Mauro Calixta Tavares da Faculdade de Ciências Econômicas.
Além dos Cursos e Grupos Musicais tivemos, entre os principais projetos de Extensão da
Escola de Música, o Projeto Corais no Campus criado na gestão da Professora Tânia Mara
com a Coordenação da Professora Maria do Carmo, Vice-Diretora em nossa gestão. O projeto
teve como principal objetivo promover a socialização entre a comunidade universitária
através da arte coral. Em 2002 compreendia quatro corais: Coral Cantáridas (ICB), Coral da
Escola de Farmácia, Coral "Vozes do Campus" e Coral da Escola de Engenharia. A
participação era aberta a toda comunidade acadêmica. Tivemos também um coral, apoiado
pela Diretoria, que era composto de funcionários da Escola de Música, dirigido pela
Professora Maria do Carmo, Vice-Diretora e tendo como Monitor o aluno João Tarcísio.
FIGURA 75 - Coral de funcionários da Escola de Música
Outras informações sobre a Escola de Música e as atividades de extensão podem ser obtidas
no relatório completo da gestão que está disponível na minha página institucional na Internet
citada anteriormente.
176
4.5.7.4. Produção artística
A produção artística de professores, funcionários e alunos da Escola de Música sempre foi
uma prioridade em nossa gestão. Apoiamos projetos de grupos musicais, eventos artísticos e
produções diversas. Relatei anteriormente que realizávamos até uma cesta orçamentária para
apoiar projetos e eventos da Escola.
Entre os grupos musicais da Escola, destacamos a criação da Banda Sinfônica. É importante
salientar que a primeira alocação de bolsas para a criação da Banda só foi possível com a
decisão do Reitor de igualar o valor das bolsas de extensão e graduação ao valor da bolsa de
iniciação científica. Esta decisão permitiu fazermos uma redistribuição das bolsas que a
Escola dispunha naquele ano, 1999. Esta primeira alocação foi uma decisão da Diretoria,
quando não tínhamos ainda uma distribuição de bolsas de extensão realizada pela Câmara de
Extensão da PROEX através de edital.
As gravações de CDs realizadas em nosso estúdio neste período tiveram também, de uma
maneira ou de outra, o apoio da Diretoria. Para realizar essas gravações o Estúdio da Escola
sempre recebeu o nosso apoio. O CD Mission Possible da Gerais Big Band, coordenado pelos
Professores Paulo Lacerda e Marcos Albriker, o CD Hino Nacional da Banda Sinfônica e
Coral de Câmara, coordenado pelo Professor Anor Luciano.
FIGURA 76 - CD da Banda Sinfônica e Coral da Escola de Música
177
Outras informações sobre a Escola de Música, os seus Grupos Artísticos e sua Produção
podem ser obtidas no relatório completo da gestão disponível na minha página institucional na
Internet citada anteriormente.
4.5.7.5. Eventos artísticos e científicos
Grandes eventos artísticos e científicos foram realizados na nossa gestão. Tanto quanto
possível, apoiamos a realização de todos. Se não com o apoio direto de recursos, com
orientações para a captação dentro e fora da UFMG. Por outro lado, propomos e a
Congregação aprovou uma resolução para normalizar a realização dos grandes eventos. A
vontade de realizar eventos por parte dos Professores era tanta que começamos a ter conflitos
com as atividades regulares da Escola. A resolução teve também como objetivo garantir que
estes eventos estivessem sempre integrados às atividades acadêmicas regulares da Escola de
Música, que os projetos fossem previamente apreciados pelas principais instâncias
acadêmicas e administrativas da Escola e que se realizassem dentro de uma relação ética e
respeitosa entre todas as pessoas e setores acadêmicos da Escola de Música, Resolução
01/2001 da Congregação da Escola de Música de 25 de junho de 2001.
Abaixo está uma lista de alguns dos eventos realizados nesse período:
• 2000 - Festival Bach - Coordenado pela Professora Iara Matte;
• 2000 - I Seminário Nacional de Pesquisa em Performance Musical Coordenado pelo Professor Fausto Borém;
• 2000 - I Encontro Internacional de Instrumentistas de Sopros e Bandas da UFMG coordenado pelo Professor Anor Luciano;
• 2000 - Comemoração dos 75 anos da Escola de Música com a Cerimônia de Concessão do Título de Professor Emérito da UFMG/Escola de Música à Professora Sandra Loureiro de Freitas Reis e ao Professor Ney de Assumpção Parrela e
178
Funcionários homenageado Sr. Nelson Moreira Santana coordenado pelo Professor Claudio Urgel;
• 2001 - XIII Encontro da ANPPOM – Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música coordenado pelo Professor Lucas Bretas;
• 2001 - Seminário de Planejamento Estratégico para a Extensão coordenado pela Professora Maria do Carmo Câmpara, Vice-Diretora;
• Diversas Óperas tiveram o apoio da Diretoria coordenadas pelo Professor Sílvio Viegas.
Outras informações sobre a Escola de Música e sobre esse seu período podem ser obtidas no
relatório completo da gestão disponível na minha página institucional na Internet, endereço
http://www.musica.ufmg;br/claudiourgel. Localizar o link Relatório de Gestão e outras
informações - Diretoria da Escola de Música 1998 a 2002.
179
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS
Meu Curricumu Vitae e esse Memorial expressam o meu perfil através de minha formação,
vínculos profissionais e atividades na docência, produção intelectual (pesquisa, cultura e
extensão) e administração. Completam esse documento dois anexos com mostras de meu
trabalho. O primeiro é o CD e a Publicação que são resultados do projeto "Violoncelo ontem e
hoje". O segundo é uma série de endereços ou links para acessar vídeos na Internet com
mostra de minhas performances.
Considerando que o que está em discussão nesse processo é exatamente o perfil do Professor
Titular no âmbito das Instituições Federais de Ensino, faço abaixo algumas considerações
sobre o papel do Professor Titular e de outros Professores, quando o assunto é a liderança na
vida universitária.
Os documentos que descrevem a Classe de Professor Titular sempre falam do papel de
liderança do mesmo. Acredito que essa ideia de liderança vem do fato de que a Classe de
Titular é o último degrau da carreira. Nesse sentido poderia se comparar o Titular ao antigo
Catedrático. Na antiga carreira de professores, o Catedrático chefiava um grupo de
professores, distribuía encargos didáticos para os professores, convidava novos professores
para sua cátedra, entre outras funções. Exercia uma liderança própria do cargo. Era como um
chefe de departamento sem câmara ou assembleia de professores para aprovar suas propostas.
Nos tempos atuais, além de não existir mais o cargo de catedrático, as decisões na
universidade são colegiadas. As cátedras foram substituídas pelas câmaras e assembleias
departamentais e outros órgãos colegiados. Na carreira atual estamos organizados em classes,
não existe hierarquia entre elas. Titular não dá ordem ao Associado, que não dá ordem ao
Adjunto e assim por diante. Não somos como os Generais, Coronéis, Majores e assim por
180
diante. Digo isso para afirmar que a Classe de Titular por si só não fará do indivíduo um líder.
A Classe, ou mesmo o cargo de Titular-Livre, por si só não é uma função, como a de um
coordenador de curso ou chefe de departamento. Essa esperada liderança somente existirá se o
Professor Titular coordenar grupos de pesquisa, de projetos culturais e de extensão, participar
de órgãos colegiados, redigir os pareceres difíceis e polêmicos, presidir comissões, exercer
cargos de coordenação de curso, de chefia de Departamento, de direção de unidade, entre
outros. Exercendo essas funções, o Professor Titular terá oportunidade de, com suas ideias e
ações de liderança, influenciar a comunidade no caminho que ele acredita ser o melhor para
todos. Concluindo então posso dizer que na prática, na vida real, e não em Normas e
Resoluções, os Professores Auxiliares, Assistentes, Adjuntos, Associados e Titulares são
Classes de uma Carreira. Em qualquer uma dessas classes o Professor poderá ser um líder
dentro da Unidade Acadêmica, isto é, com suas ideias e ações influenciar as decisões
colegiadas.
Acredito também que em uma Escola de Música ou de Artes dentro da Universidade é preciso
Professores com perfis profissionais diferentes. Estando na academia precisamos dos
professores com perfil de pesquisador. Por outro lado se é nosso papel formar profissionais
para a nossa academia é também, na maioria das vezes, nosso papel formar profissionais para
o mercado de trabalho externo. Precisamos de professores com o perfil de artista, que sejam
bons instrumentistas, cantores, compositores, e que exerçam essas atividades para, desta
maneira, estar atualizados e preparados para o ensino e a sua produção artística. Com todo o
respeito àquele que tem como atividade principal a pesquisa, precisamos apoiar também os
professores que têm como atividade principal a produção artística.
Não estou defendendo aqui o professor que se preocupa apenas com sua produção intelectual,
científica ou artística, e dá as costas à instituição, aos órgãos colegiados e aos cargos de chefia
181
e direção. Pelo contrário, acredito que a Universidade pela sua própria abrangência dá
oportunidade ao professor de exercer em determinados períodos de sua carreira, uma ou mais
das atividades possíveis, ensino, pesquisa, cultura, extensão e administração. Ter um período
mais dedicado ao ensino, outro mais dedicado à produção intelectual e também outro
dedicado à administração. Redigir este Memorial permitiu-me constatar que nestes trinta anos
de carreira estive presente em cada uma dessas atividades. É a diversidade de atividades que
torna o trabalho na Universidade interessante.
Estou atualmente executando um importante projeto que já foi citado de diversas maneiras na
seção Produção Intelectual. É o projeto "Violoncelo ontem e hoje " que apresenta uma mostra
de composições e transcrições da música Brasileira e contemporânea de Belo Horizonte. Os
produtos do projeto, até o momento, incluem a gravação de um CD, a publicação de um livro
de partituras com parte das obras gravadas e o concerto de lançamento. É um projeto que
mostra boa parte do meu perfil como Professor e Músico. Nele exerci diversas funções entre
elas, a de elaborador, de direção e coordenação geral, de gestor, prestador de contas,
violoncelista, transcritor, editor geral e editoração das partituras publicadas, redator dos textos
do livro de partituras. Isso não quer dizer que não tive uma equipe para liderar. Muitos outros
profissionais participam do projeto, compositores vivos e intérpretes, técnicos de diversas
áreas como gravação, edição e mixagem, masterização, designer, fotógrafo e outros. Decidi
anexar uma cópia do CD e da Publicação desse projeto para que os avaliadores possam
conhecer esse trabalho que foi importante para mim e para todos os que estão envolvidos nele.
Tivemos o apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte e do Selo Minas
e Som da Escola de Música da UFMG, sem os quais o projeto não seria realizado.
O projeto abre também novas perspectivas, principalmente de publicação. Procurei
demonstrar nesse memorial os diversos materiais que possuo tais como: apostilas não
182
publicadas sobre os conteúdos das disciplinas que ministrei; transcrições e arranjos não
publicados para os grupos musicais de que participei; um banco dados com mais de trezentas
obras editadas por mim, por bolsistas e alunos. Todo esse material pode ser convertido em
publicações e dependem da captação de recursos e de revisões para chegar à condição
adequada para publicação. A Escola de Música possui o recém criado Selo Minas de Som que
é mais uma oportunidade para os professores divulgarem sua produção intelectual. Pretendo,
portanto, continuar o "Violoncelo ontem e hoje" elaborando novos projetos com a mesma
ideia de organizar mostras de novas músicas e transcrições de música brasileira e de Belo
Horizonte para o violoncelo, assim como materiais de ensino desenvolvido nesses anos de
carreira.
Outro aspecto do projeto que demonstra que ele está vivo e deve continuar é que, como
resultado do mesmo, temos um CD e uma publicação que precisam ser divulgados e
distribuídos. Uma das estratégias já utilizadas foi o envio desse material para diversas
instituições de música e de documentação brasileira bem como para professores de
violoncelo. Tenho recebido cartas e emails de agradecimento de instituições como UNIRIO,
UFRN, UFPB, UBC, UNESP, CIDDIC/CDMC, ABM, UDESC, FAMES, UFU, PRÓ-
MUSICA, além de colegas professores de violoncelo. Outra estratégia que usaremos será
levar os produtos do projeto para concertos e eventos que participarmos. É gratificante ver o
projeto andando e nosso trabalho sendo divulgado e reconhecido.
Sou atualmente, ou novamente, membro da Câmara Departamental do Departamento de
Instrumentos e Canto da Escola de Música da UFMG. Regularmente participo de comissões
diversas e emito pareceres sobre os mais variados assuntos. Estou sempre à disposição da
Escola de Música para exercer funções e cargos em que possa colaborar para o seu
desenvolvimento.
183
Durante minha carreira tomei minhas decisões sempre pensando na Escola de Música. Se
deixei parcialmente uma área de atuação como a Pós-Graduação por motivos já justificados,
compensei me dedicando à Graduação como demonstrado na seção Docência desse
Memorial. Para aprender as Leis de Incentivo à Cultura e ir ao mercado buscar recursos para
realizar minha produção artística, estudei muito, criei uma disciplina optativa
"Empreendedorismo na Área de Música" e realizei palestras. Foi a maneira encontrada para
aprender esse assunto e ao mesmo tempo dividir com a Escola de Música o novo
conhecimento adquirido.
Concluo minhas considerações finais falando dos noventa anos da escola de Música e minha
passagem por ela, que na verdade ainda está em curso. Dos noventa anos, estive aqui nos
últimos trinta e nove, com algumas ausências e retornos, como aluno, funcionário e professor.
Estudando a história da Escola de Música constatamos a importância de professores e
funcionários que se dedicaram a ela e, com suas ações, contribuíram para o seu
desenvolvimento. Espero que minha passagem pela Escola de Música venha a ter um registro
tão positivo quanto desses professores e funcionários. É com a ação dessas pessoas que se
constrói a instituição e a sua história. Reafirmo, portanto, meu vínculo com a Escola de
Música da UFMG e com ações que possam trazer o seu desenvolvimento nas atividades de
ensino, pesquisa, cultura, extensão e administração.
184
6. BIBLIOGRAFIA
ALEXANIAN, Diran. Theoretical and practical treatise of the cello, trans. Frederick
Fairbanks. Paris: A.Z. Mathot, 1922.
AVELAR, Romulo. O avesso da cena – Notas sobre produção e gestão cultural. Belo
Horizonte: Duo Editorial, 2008
AVELLAR, Marcello Castilho, REIS, Glória. Pátio dos Milagres – 35 anos do Palácio das
Artes, um retrato. Belo Horizonte: Secretaria de Estado da Cultura, Fundação Clóvis
Salgado, 2006.
BLUM, David. Casals and the art of interpretation. Los Angeles: University of California
Press, 1977.
BRASIL JÚNIOR. Conceito nacional de empresa júnior. Salvador, 2003.
BRASIL. Lei Nº 12.772, de 28 de Dezembro de 2012. Brasília: Presidência da República,
Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos, 2012. 37 p.
BRASIL. Portaria Normativa Nº 17, de 28 de dezembro de 2009. Brasília: Ministério da
Educação, 2009.
BRASIL. Portaria Nº 982, de 03 de Outubro de 2013. Brasília: Ministério da Educação,
Gabinete do Ministro, 2013. 4 p.
BARBOSA, Valdinha de Melo. Iberê Gomes Grosso - Dois séculos de tradição musical na
trajetória de um violoncelista. Rio de Janeiro: Sindicato dos Músicos Profissionais do
Rio de janeiro, 2005.
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Documento de
Área e Comissão da Trienal 2013 [Área de Avaliação: Artes Música], 2013a.
Ministério da Educação, 2013.
CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Conversão de documentos editados no Microsoft Word e no
Finale para o formato Adobe PDF. Belo Horizonte: Escola de Música da UFMG,
2005, 19p. (Apostila).
CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Edição e formatação de documentos acadêmicos no
computador – Modelos para o Microsoft Word - Windows. Belo Horizonte: Escola de
Música da UFMG, 2005, 69p. (Apostila).
CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Encontro com o Violoncelo. Belo Horizonte: Escola
Municipal Professor Lourenço de Oliveira, 12/02/2014. (Palestra ministrada aos
alunos, funcionários e professores da Escola EMPLO)
CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Escola de Música da UFMG - Uma visão histórica. Belo
Horizonte: Escola de Música da UFMG,22/04/2015. (Palestra ministrada no projeto
Viva Música da Escola de Música da UFMG)
185
CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Estudo técnico-avançado do Violoncelo. Belo Horizonte:
Escola de Música da UFMG, 2011. (Apostila).
CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Introdução Prática ao Violoncelo. Belo Horizonte: Escola
de Música da UFMG, 2011. (Apostila).
CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Leis de incentivo à cultura. Belo Horizonte: Escola de
Música da UFMG,12/03/2014. (Palestra ministrada no projeto Viva Música da Escola
de Música da UFMG)
CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Música e empreendedorismo. Vitória: Faculdade de Música
do Espírito Santo - FAMES, 07/04/2011. (Palestra ministrada para os participantes do
evento I Semana de Iniciação Científica da FAMES)
CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Notação musical no computador – Programa Finale 2003.
Belo Horizonte: Escola de Música da UFMG, 2005, 143p. (Apostila).
CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Notação musical no computador – Programa Finale 2008.
Belo Horizonte: Escola de Música da UFMG, 2008. (Apostila).
CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. A LMIC e o projeto Violoncelo ontem e hoje. Belo
Horizonte: Escola de Música da UFMG, 19/05/2015. (Palestra ministrada aos alunos e
professora da disciplina Projeto de Ensino do Curso de Licenciatura em Música)
CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. O Violoncelo - Anatomia, história e linguagem. Belo
Horizonte: Escola de Música da UFMG, 07/11/2013. (Palestra ministrada aos alunos
do Curso de Apreciação e Musicalização na Maturidade)
CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Performance de harmônicos naturais com a técnica de
nodo duplo aplicada ao violoncelo. Per Musi, Belo Horizonte: Vol. 1, 2000. P.77-88.
CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Performance dos sons harmônicos no violoncelo. Ouro
Branco: Casa de Música de Ouro Branco, 16/04/2014. (Palestra ministrada aos alunos
e professores do Festival de Violoncelos de Ouro Branco)
CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Relatório de Gestão, 1998 - 2002. Belo Horizonte: Escola
de Música da UFMG, 2002. (Relatório).
CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Sistema de escalas. Belo Horizonte: Escola de Música da
UFMG, 2003. (Apostila).
CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. The performance of violoncello harmonics. The University
of Iowa, 1994. 209p. (Trabalho de Conclusão do Curso Doutorado em Música)
CESNIK, Fábio de Sá. Guia do incentivo à cultura. Barueri,SP: Editora Manole, 2007.
(2ªEdição)
COWLING, Elizabeth. The Cello. 2ºed. Nova York: Charles Scribner’s Sons, 1983.
CUNHA, Evandro José Lemos da Cunha. A extensão como estratégia de mudança na
Universidade Pública. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1996. 169p. Tese,
Doutorado em Artes.
186
CUNHA, Maria Helena Melo da. Gestão cultural – Profissão em formação. Belo Horizonte:
Duo Editorial, 2007.
DOLABELA, Fernando. O segredo de Luísa. São Paulo: Editora de Cultura Ltda, 1999.
FRANÇA, Júnia Lessa et al. Manual para normalização de publicações técnico-científicas.
8ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.
FREIRE, Sérgio et al. Do Conservatório à Escola de Música - 80 anos de criação musical em
Belo Horizonte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.
GOULART, Iris Barbosa, FILHO, Sudário Papa. Empreendedorismo e empreendedores. Belo
Horizonte: Editora Newton Paiva, 2004.
MALAGODI, Maria Eugênica, CESNIK, Fábio de Sá. Projetos culturais: Elaboração,
aspectos legais, administração, busca de patrocínio. São Paulo: Escrituras, 2004.
MANTEL, Gerhard. Cello technique, Trans. by Barbara Haimberger Thiem. Blomington and
London: Indiana University Press, 1975.
MEDEIROS, Ione de. Grupo Oficcina Multimédia – 30 anos de integração das artes no
teatro. Belo Horizonte: T. Medeiros, 2007.
MENCARELLI, Fernando Antônio et all . Corpos Artísticos do Palácio das Artes: Trajetória
e Movimentos. Belo Horizonte: Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais,
Fundação Clóvis Salgado, 2006. 252 p.
PRIETO, Carlos. As aventuras de um violoncelo - Histórias e memórias, trad. de Pedro Lyra.
Rio de Janeiro: UniverCidade: Topbooks, 2001.
REIS, Sandra Loureiro de Freitas. Escola de Música da UFMG - Um estudo histórico (1925-
1970). Belo Horizonte: Editora Santa Edwiges, 1993.
ROBATTO, Lucas. Contextos e desafios para o desenvolvimento da Pós-Graduação
profissional em Artes no Brasil: a questão da pesquisa. ARJ. Brasil: V. 2, n. 1, 2015.
p. 95- 111.
SADIE, Stanley, editor. The Violin family. New York: W. W. Norton & Company, 1989.
SALOMÉ, Nelson. A música contemporânea em Belo Horizonte na década de 80. 1999. 135
f. Dissertação (Mestrado em Música Brasileira) Centro de Letras e Artes da
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1999.
UFMG. Ofício Circular CPPD. 004/2014, de 15 de Abril de 2014. Belo Horizonte: Pró-
Reitoria de Recursos Humanos - Comissão Permanente de Pessoal Docentes, 2014.
2p.
UFMG. Resolução Complementar 02/2014, de 10 de Junho de 2014. Belo Horizonte:
Conselho Universitário, 2014. 06p.
UFMG. Resolução Complementar 04/2014, de 09 de Setembro de 2014. Belo Horizonte:
Conselho Universitário, 2014. 19p.
187
UFMG. Email da Secretaria Geral da Escola de Música, de 03 de Junho de 2015. Belo
Horizonte: Congregação, 2015.
UFMG. Email da Diretoria da Escola de Música, de 17 de Junho de 2015. Belo Horizonte:
Diretoria, 2015.
UFMG. Email da Secretaria Geral da Escola de Música, de 07 de Julho de 2015. Belo
Horizonte: Congregação, 2015.
188
ANEXO A
ENDEREÇOS NA INTERNET (YOUTUBE) COM MOSTRA DE
PERFORMANCES GRAVADAS AO VIVO
Se estiver lendo esse documento em formato digital, clique no link abaixo de cada vídeo. Se
estiver lendo a versão impressa, acesse o seguinte Canal do Yuotube:
http://www.youtube.com/claudiourgel.
Egon Wellesz, Opus 31 - Cláudio Urgel, 12:43
https://www.youtube.com/watch?v=vWytPM5Wawk
Rufo Herrera -- Imaguel -- Claudio Urgel
(Violoncelo) Izabel costa (Bailarina e Atriz), 14:59
https://www.youtube.com/watch?v=iqRzKrdYgs0
Eduardo Bértola - Um no Outro - para dois violoncelos -
Cláudio Urgel e João Cândido, 5:55
https://www.youtube.com/watch?v=EL5BgVY5oTQ
Gilberto Carvalho - 21 (para violoncello solo), 6'
https://youtu.be/tiGuI0G9k4A
Gilberto Carvalho - Variações Violoncelista Claudio
Urgel, 1994, 5:21
https://www.youtube.com/watch?v=N8mYocaFVU4
Gilberto Carvalho - Variações – Violoncelista
Claudio Urgel, 2011, 5:37
https://youtu.be/wJTk1exs9cU
Arthur Bosmans 100 anos Epigramas Galharda, 1:57
https://www.youtube.com/watch?v=WMxbAPsF0FY
Arthur Bosmans 100 anos Epigramas Melancolica,
2:57
https://www.youtube.com/watch?v=Gv_zPe7a-oQ
Arthur Bosmans 100 Anos - Epigramas - Giocosa, 2:27
https://www.youtube.com/watch?v=wy5H6LlDOaA
Arthur Bosmans 100 anos Romance para Violoncelo
e Orquestra, 6:13
https://www.youtube.com/watch?v=OCmgrWIQ5uU
189
Mozart k298 Quarteto MinasArte, 6:00
https://www.youtube.com/watch?v=4-G0AEk9NsQ
Grupo de Violoncelos EMUFMG - Bachianas I, 7:33
https://www.youtube.com/watch?v=fW5J7KwF5As
Ernesto Nazareth -- Brejeiro -- Cellos de Minas, 2:07
https://www.youtube.com/watch?v=x-IRDyAJBMM
Vivaldi - Concerto for two Cellos, I - Claudio Urgel, Tomas
von Atzingen - OSEMUFMG - Silvio Viegas, 3:45
https://www.youtube.com/watch?v=e-61zK2RcQY
Vivaldi - Concerto for two Cellos, II - Claudio Urgel, Tomas
von Atzingen - OSEMUFMG - Silvio Viegas, 2:53
https://www.youtube.com/watch?v=i74JLIRVf8I
Vivaldi - Concerto for two Cellos III - Claudio Urgel, Tomas
von Atzingen - OSEMUFMG - Silvio Viegas, 3:31
https://www.youtube.com/watch?v=7yJRGdGuT8A
Guerra Peixe -- Andante -- Sofia Von Atzingen --
Grupo Diadorim, 1:07
https://www.youtube.com/watch?v=sNEFxLu7h2k
Ernest Mahle (Aniversário de 80 anos) Concertino
LauraVon Atzingen Grupo Diadorim, 3:51
https://www.youtube.com/watch?v=UzAd4s9j0mA
Guerra Vicente Valsa Seresteira Tomás Von Atzingen
Grupo Diadorim, 4:04
https://www.youtube.com/watch?v=QDVwiuwf4t4
Música de Concerto nas Escolas - 2007 - Trenzinho,
4:21
https://www.youtube.com/watch?v=IoxhOKzpL_g
190
ANEXO B
PROJETO VIOLONCELO ONTEM E HOJE
Considerando o que determina o Artigo 37, § 1o da Resolução 04/2014 do Conselho
Universitário da UFMG, apresento nesse anexo o CD e a Publicação resultantes do projeto
"Violoncelo ontem e hoje" como mostra de minha produção Intelectual.