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MELISSA ZENI STUEPP
A ESCOLHA PROFISSIONAL E AS EXPECTATIVAS DE DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA DOS ESTUDANTES DOS CURSOS
DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS CONTABÉIS
ITAJAÍ (SC)
2017
UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI
Vice -Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura Programa de Pós- Graduação em Educação – PPGE
Curso de Mestrado Acadêmico em Educação
MELISSA ZENI STUEPP
A ESCOLHA PROFISSIONAL E AS EXPECTATIVAS DE DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA DOS ESTUDANTES DOS CURSOS DE PSICOLOGIA E
CIÊNCIAS CONTABÉIS
Dissertação apresentada ao colegiado do PPGE como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Educação – área de concentração: Educação – (Linha de Pesquisa - Práticas Docentes e Formação Profissional. Grupo de Pesquisa: Educação e Trabalho).
Orientadora: Dra. Tânia Regina Raitz
ITAJAÍ (SC)
2017
DECLARAÇÃO DE APROVAÇÃO
A acadêmica Melissa Zeni Stuepp, foi aprovada pela banca por sua dissertação intitulada:
A ESCOLHA PROFISSIONAL E AS EXPECTATIVAS DE DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA DOS
ESTUDANTES DOS CURSOS DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS CONTABÉIS
Prof. Dra. Tania Regina Raitz
Prof. Dra. Veronica Gesser
Prof. Dr. Iuri Luna.
AGRADECIMENTOS
A trajetória para a conclusão desta dissertação tem uma história marcante em minha
vida, e muitas são as pessoas responsáveis por seu início e conclusão, todos de uma
forma ou outra tiveram participação especial nesta pesquisa.
Agradeço de ante mão a meus pais queridos, Roseli Baldisserotto Zeni e Heitor Zeni que
muito me auxiliaram em todo o caminho na vida, sempre contribuindo com o melhor que
possuem, agradeço a ajuda moral, emocional, financeira e o suporte que me dão ao longo
destes trinta e oito anos.
Minha filha amada, Beatrice Zeni Stuepp que ficou de lado inúmeras vezes enquanto eu
estava ao computador, tudo é e sempre será em prol de um futuro melhor para ela, a
razão de todo meu esforço e dedicação.
Meu companheiro querido, Eduardo Filgueiras dos Reis que muitas vezes se mostrou
mais motivado que eu em terminar esta dissertação, não para eu me livrar do trabalho,
mas para meu crescimento pessoal e profissional, aquele que vibra a cada nova linha
escrita, que liga para perguntar como está meu trabalho, que torce a cada nova
conquista. Muito obrigada meu amor, por todo carinho, paciência e atenção.
Uma família grande e feliz é repleta de pessoas especiais, agradeço minha sogra querida
Gigi, que com todo seu conhecimento contribuiu de forma especial, meu irmão Felipe
Zeni e seu amigo Luiz Eduardo Stein que com muito boa vontade me auxiliaram em uma
das coletas de dados.
Aquela, ah! aquela que possibilitou junto comigo o desenvolver desta pesquisa, que foi
meio mãe, mais que professora e uma parceira presente em todos os momentos nestes
dois longos anos, minha mais que querida Orientadora Dra Tânia Regina Raitz, um poço
de conhecimento e mais que isto, de humildade.
Por vezes acredito que a vida nos coloca em lugares determinados não apenas para o
fim esperado, mas para acontecimentos inusitados e que podem mudar ou mesmo
acrescentar algo importante e de valor em nossas vidas. O mestrado me proporcionou
muito mais que o conhecimento e o título, tive o prazer de conhecer uma amiga daquelas
que poucas pessoas tem a sorte de ter, amiga de todas as horas, que ajuda, que
compartilha, que divide e ao mesmo tempo soma, Jessica Pereira Cardozo.
Agradeço a banca, profa. Dra. Verônica e prof Dr. Iuri que aceitaram meu convite e
muito me honraram com todas suas considerações para uma pesquisa de qualidade.
E por fim aos meus queridos parceiros de trabalho que abriram as portas da instituição
para realização da pesquisa.
RESUMO
Esta investigação faz parte da linha de pesquisa “Práticas Docentes e Formação Profissional” e se insere no Grupo de Pesquisa “Educação e Trabalho”, do PPGE, da Universidade do Vale do Itajaí-SC. Trata-se de um estudo que tem como objetivo compreender e analisar as escolhas profissionais e as diferenças da inserção profissional para jovens universitários dos cursos de Psicologia e Ciências Contábeis da UNISOCIESC. A investigação é de abordagem qualitativa, faz uso de informações estatísticas para aprofundamento dos dados através da utilização e aplicação de um questionário e entrevistas por meio de grupo focal. Este não é um estudo comparativo, porém demonstra a percepção dos jovens a partir das escolhas e como as semelhanças e diferenças dos cursos interferem na inserção profissional dos jovens universitários. Autores como Paixão e Melo (2005); Borges (2007); Pais (1993), Sposito (2003); Soares (2009); Bock (2010); Rocha-de-Oliveira (2011); Tolfo et al (2016); Ourique e Teixeira (2012); Lima (2007); Cattani (2000); Coutinho (2009); Lakatos e Marconi (2015) e Raitz (2014) foram fundamentais, pois contribuíram para as conexões e arranjos dos pressupostos teórico-metodológicos do estudo. Os resultados da investigação mostram que os alunos do curso de Ciências Contábeis estão todos praticamente empregados em sua área, em função de já terem experiência profissional na área antes mesmo de iniciar o curso de graduação, a prática fez com que fossem em busca da teoria, a experiência precedeu a academia, a escolha se dá em virtude do trabalho já executado. Em contrapartida quanto aos alunos da Psicologia que participaram da pesquisa, nenhum atua ou já atuou na área de formação. Além desta questão, quando se analisa sobre os sentidos do trabalho para estes jovens universitários, independentemente das diferenças, todos concordam que o trabalho está mais relacionado ao seu papel social e de importância para o crescimento individual do que atrelado à sobrevivência, apesar da importância que esse tem em suas vidas. .
Palavras Chave: universitários; inserção profissional; escolha profissional
ABSTRACT
This investigation is part of the line of research “Teaching Practice and Professional
Education”, which is part of the Research Group “Education and Work” of the
Postgraduate Program of the University of the Itajaí, Santa Catarina. This study aims to
understand and analyze young university students’ professional choices and differences
in professional insertion in the job market among university students of courses in
Psychology and Accountancy at UNISOCIESC. This research uses a qualitative
approach, using statistical information to extend the data, through a questionnaire and
interviews with a focal group. This is not a comparative study, although it shows young
people’s perceptions of their choices, and how course differences and similarities
interfere with their professional integration. Some authors such as Paixão and Melo
(2005); Borges (2007); Pais (1993), Sposito (2003), Soares (2009); Bock (2010); Rocha-
de-Oliveira (2011); Tolfo et al (2016); Ourique and Teixeira (201112); Lima (2007);
Cattani (2000); Coutinho (2009); Lakatos and Marconi (2015); Raitz (2014) were of great
importance for their contribution to the connections and arrangements of the theoretical
and methodological premises of the study. The results of the research show that
Accountancy undergraduates are nearly all employed in their area, due to the fact that
they had professional experience in the area even before starting the graduation course. It
can be said that work experience was what led to the search for theoretical knowledge i.e.
the experience came before the academic studies, and the choice was influenced by the
jobs they had. On the other hand, none of the Psychology students work worked in the
area of their training. In addition, when it comes to the concepts of work, irrespective of
the course taken, all the students agreed that work is closely related to their social role,
and to the importance of individual growth, which is linked to survival, despite the
importance of this in their lives.
Key words: University Students, Professional Insertion, Professional Choice
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 – Índices do INEP para o decênio até 2013 ............................................... 28
Quadro 02 – Teorias Psicológicas em Orientação Profissional ................................... 29
Quadro 03 – Inserção Profissional ............................................................................. 33
Quadro 04 – Indicadores de Desenvolvimento de Carreira ......................................... 34
Quadro 05 – Alocação por Semestre .......................................................................... 42
Quadro 06 – Perfil dos jovens participantes do Grupo Focal ...................................... 48
Quadro 07 – Eixos Temáticos e Categorias de Análise ............................................... 50
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 – Curso dos participantes da pesquisa. ...................................................... 42
Gráfico 02 – Sexo dos participantes da pesquisa ......................................................... 43
Gráfico 03 – Idade dos participantes da pesquisa ........................................................ 44
Gráfico 04 – Estado Civil dos participantes da pesquisa ............................................. 45
Gráfico 05 – Escolha do Curso ................................................................................... 56
Gráfico 06 – Influência da Família ............................................................................. 57
Gráfico 07 – Orientação Profissional .......................................................................... 58
Gráfico 08 – Satisfação com o Curso .......................................................................... 60
Gráfico 09 – Mudança de Escolha. ............................................................................. 63
Gráfico 10 – Sentido do Trabalho. .............................................................................. 65
Gráfico 11 – Centralidade do Trabalho ....................................................................... 66
Gráfico 12 – Universidade e Mercado ........................................................................ 67
Gráfico 13 – Conhecendo o Mercado ......................................................................... 68
Gráfico 14 – Situação Profissional ............................................................................. 72
Gráfico 15 – Principais Dificuldades de Ingresso no Mercado .................................... 73
LISTA DE ANEXOS
ANEXO A - Termo de Autorização da Instituição .................................................. 84
ANEXO B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (questionário) ............. 85
ANEXO C - Questionário de Pesquisa .................................................................. 86
ANEXO D - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (grupo focal) ............. 91
ANEXO E - Roteiro de Entrevista Grupo Focal ..................................................... 92
LISTA DE SIGLAS
BDTD – Banco de Teses e Dissertações
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
EAD - Ensino à Distância
ETT - Escola Técnica Tupy
FGV – Faculdade Getúlio Vargas
FURB – Fundação Universidade Regional de Blumenau
INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
LDB – Lei de Diretrizes e Base
MEP – Mapa Estratégia Profissional
OP – Orientação Profissional
PNE – Plano Nacional de Educação
UFG – Universidade Federal de Góias
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina
UFRGS – Universidade Federal Rio Grande do Sul
UNB – Universidade de Brasília
UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí
UNISOCIESC- Universidade Sociedade Educacional de Santa Catarina
RBOP – Revista Brasileira de Orientação Profissional
RH – Recursos Humanos
Sumário
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................... 19
1.1 Juventude, Educação e Trabalho. .................................................................. 19
1.2. Escolha Profissional. ..................................................................................... 25
1.3. Inserção Profissional. .................................................................................... 30
1.4. Sentido e Significado do Trabalho ................................................................ 35
2. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA ................................................................. 38
2.1 Caminho Percorrido ...................................................................................... 38
2.2. Cenário da Pesquisa ...................................................................................... 40
2.3. Sujeitos e Instrumentos da Pesquisa .............................................................. 41
2.4. Procedimentos para coleta dos dados. ........................................................... 45
2.5. Tratamento e sistematização dos dados quantitativos e qualitativos: análise de conteúdo. ................................................................................................................. 49
3. RESULTADOS DA PESQUISA: ESCOLHA PROFISSIONAL, SENTIDOS
DO TRABALHO E INSERÇÃO PROFISSIONAL. ............................................... 52
3.1 EIXO 1 - Escolha Profissional .................................................................... 52
CATEGORIA 3.1.1 - Fatores que influenciaram na escolha do curso .................. 53
CATEGORIA 3.1.2 – Orientação Profissional (OP) ............................................. 57
CATEGORIA 3.1.3 - Satisfação com o curso/ escolha. ........................................ 60
3.2 EIXO 2 – Sentidos e Significados do trabalho ........................................... 63
CATEGORIA 3.2.1 – Sentido e Significado ......................................................... 64
CATEGORIA 3.2.2 - Centralidade do Trabalho ................................................... 65
3.3 EIXO 3 – Inserção profissional .................................................................. 66
CATEGORIA 3.3.1 - Conhecendo o Mercado ...................................................... 68
CATEGORIA 3.3.2 - Situação Profissional .......................................................... 71
CATEGORIA 3.3.3 - Dificuldades de Ingresso no Mercado ................................. 73
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 75
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 79
ANEXOS ................................................................................................................... 85
11
INTRODUÇÃO
O objeto de estudo desta pesquisa está interconectado com minha área de
atuação, há um desejo e curiosidade em buscar conhecimento e aprimoramento para
trabalhar com os jovens que ingressam em cursos superiores e esta ponte graduação/
mercado de trabalho, a qual chamamos inserção profissional. Como psicóloga, professora
e profissional na área de Gestão Pessoal trabalhando em organizações, área na qual um
dos maiores focos é escolher, eleger quem aparentemente tem mais competência,
identificar talentos através de conhecimentos e habilidades técnicas, a busca constante
pelo profissional completo.
Para uma mudança no prognostico atual dos profissionais que se apresentam ao
mercado, podemos pensar em uma cultura profissional, compreender que não basta
apenas uma boa base acadêmica, mas sim ter diferencial, ser um profissional de iniciativa,
que se qualifica e busca seu desenvolvimento, se prepara para o mundo além das salas de
aula. Nesta perspectiva Tardif, (2008, p.77), menciona que "um profissional deve ser
capaz de emitir um julgamento crítico sobre sua própria prática, a fim de corrigi-la, se
necessário, e de melhorá-la de maneira contínua". No momento em que nos enxergamos
como profissionais e conseguimos nos avaliar com autocrítica demonstramos
amadurecimento profissional, e, com certeza, nos tornamos pessoas mais confiáveis no
ponto de vista do mercado.
Contudo para essa premissa é necessário preparar-se para enfrentar os desafios
que serão lançados, pois o mercado de trabalho não procura mais profissionais com uma
"grande habilidade" e sim, com "grandes habilidades" e com diversos conhecimentos.
Minarelli (1995) acrescenta "para aumentar a própria empregabilidade, os profissionais
precisam estar aptos do ponto de vista técnico, gerencial, intelectual, humano e social”,
empregabilidade entendida como qualificação para contratação. Esses fatores são
colocados como soluções rápidas de problemas cada vez mais sofisticados e específicos.
Portanto, como explica Paixão(2005); Melo e Borges (2007) um bom profissional é
aquele de iniciativa, que sabe vender seus serviços, que não espera a demanda, ou seja,
que sabe administrar seus talentos. Este deverá ser proativo, dinâmico, ágil, maleável,
capaz de criar, resolver problemas, flexível e com capacidade de adaptar-se.
Com base nestas reflexões, conectando com o que faço em minha trajetória
acadêmica no curso de Psicologia e depois com a minha trajetória profissional, posso
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pontuar que não fiz nenhum tipo de trabalho de orientação vocacional para a escolha do
curso que frequentei, a Psicologia. Foi um processo não por preferência, mas sim por
exclusão, de cursos que em nada me atraiam. Depois de ingressar no ensino superior, não
tive nenhuma informação sobre acesso ao mercado de trabalho, valores médios de
remuneração pagos nas diversas áreas que o psicólogo pode atuar, maior número de vagas
e demanda do mercado. Assim quando terminei minha formação superior não tinha um
planejamento de carreira e fui levada a trabalhar no que consegui como primeiro emprego.
Minha primeira experiência profissional como psicóloga foi em uma
contabilidade no município de Blumenau. Minha função era estruturar uma área de
Recursos Humanos e os desafios foram enormes para alguém recém-formada, porém, a
paixão pelo trabalho, pela realização e a possibilidade de auxiliar na concretização dos
sonhos de outras pessoas foram se tornando objetivos em minha carreira e, assim, segui
na área de Recursos Humanos, Gestão de Pessoas, Desenvolvimento Humano
Organizacional. Em síntese, tantas são as nomenclaturas que a área tem hoje em dia.
Entretanto, não contente em trabalhar apenas como analista coordenadora em RH estava
disposta a formar profissionais mais preparados para o mercado, mais assertivos, surgiu,
então, a possibilidade de ministrar aulas para diversos cursos superiores, para o Pronatec
e Cursos Técnicos.
Portanto, em 2012 comecei a ministrar aulas, como anteriormente surgiu a
vontade de auxiliar os jovens como professora, emergiu a vontade de pesquisar, me
aprimorar e me formar mestre. Participei do processo seletivo pela primeira vez no
segundo semestre de 2014, no Mestrado em Educação da Univali, passei na prova,
contudo, minha intenção de pesquisa estava em desencontro ao então grupo que tinha me
inscrito. Recebi a orientação das professoras para entrar como aluna especial, sendo o que
fiz. Frequentei um semestre como aluna especial e fiz a seleção novamente, agora para o
grupo que havia maior identificação para meu objeto de estudo e orientado pela professora
Dra. Tânia Regina Raitz.
Minha inserção no grupo de pesquisa oportunizou desenvolver um melhor
entendimento da perspectiva que esse desenvolvia e as pesquisas na área, muitos foram
os temas e os problemas de pesquisa que poderiam ser abordados aqui, visto que não há
hoje uma cultura profissional, pelo contrário, ocorre que estamos formando mais e mais
pessoas com pouca consciência de suas competências para o desenvolvimento das
atividades laborais e sem o preparo necessário para o mercado. Muito pouco se trabalha
com orientação profissional no âmbito do ensino médio e, posteriormente com a inserção
13
profissional do universitário, muito se pesquisa a inserção profissional do egresso, no
entanto pouco se discute o assunto com o acadêmico. No cerne desta questão, com a
observação em diversas pesquisas, evidencia-se que, por vezes, os jovens, sem a menor
orientação, buscam o caminho oposto as suas habilidades, por não conseguirem
identificar suas verdadeiras competências anteriormente ao momento de escolha e se
veem mergulhados em tarefas e atividades que não lhes provocam o menor interesse.
Obviamente desenvolvemos e reconhecemos nossas habilidades no decorrer da
vida, elas não nascem da noite para o dia, são um processo de construção dos interesses
dos sujeitos, segundo Paixão (2005) são processos constituídos ao longo do
desenvolvimento escolar, contexto sociocultural, através de escolhas, notas, relações
interpessoais, habilidades cognitivas (raciocínio lógico e abstrato, resolução de
problemas, criatividade, capacidade de compreensão, julgamento crítico e conhecimento
geral), técnicas (informática, língua estrangeira...) e, por fim, as habilidades
comportamentais, como a cooperação, iniciativa, empreendedorismo, motivação,
responsabilidade, participação, disciplina e ética. Estes são alguns indicadores que podem
ser mensurados para analisar e possivelmente validar sua vocação
Analisam-se estes fatores refletindo que é necessário voltarmos o olhar para a
orientação profissional deste indivíduo que fez suas escolhas e em breve ingressará ao
mercado, sendo importante entender qual o sentido do trabalho para este jovem, como ele
entende e qual papel o trabalho tem em sua vida.
Durante séculos o trabalho vem assumindo diferentes formas, sendo configurado
a partir de diferentes paradigmas. Na Revolução Industrial, marco onde o trabalho passa
a ser remunerado como tal, porém longe de uma forma justa e honesta, homens, mulheres
e crianças, exerciam suas atividades laborais com jornadas de até 16 horas diárias de
trabalho. A sociedade experimenta efetivamente o capitalismo e com isto alguns
processos no mundo do trabalho vão sendo alterados. Tal momento, mais tarde, adota os
processos do taylorismo/fordismo, que tem como base a produção em massa, os
indivíduos trabalhando incessantemente para cumprir a programação da produção, época
mecanicista, em que o trabalho era baseado na produção independente das formas como
seria conseguida e a que esforço dos trabalhadores, as relações empregado x empregador
não existiam.
O trabalho só assume um processo mais adequado quando surgem os sindicatos
e estes instituem horários de trabalhos e regras primárias para que as pessoas continuem
a produzir sem adoecer. Assim, começam, então, mais uma vez, as transições no mundo
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laboral. Recentemente, mais precisamente no Brasil na década de noventa, século XX,
com a reestruturação produtiva nas empresas mais modernas, uma nova organização do
trabalho, com o avanço da tecnologia e outros processos, adota-se um novo modelo de
gestão, o Toyotismo. Nesse processo as pessoas passam a ser mais valorizadas no
trabalho, os objetivos de produção aumentam e se tornam mais complexos, agora não é
apenas produzir, mas produzir com o mínimo de desperdício e otimizando ao máximo o
tempo.
Coutinho (2009) aponta que o trabalho assume caráter de sustento material e
toma a forma de emprego – ou trabalho assalariado na sociedade capitalista industrial – a
partir do século XVIII. Com as crises do mercado de trabalho capitalista surgem o
desemprego e, mais recentemente, depois de meados do século XX, o subemprego ou
emprego de baixa qualidade. Partindo deste contexto, busca-se compreender acerca da
tríade juventude, educação e trabalho na atualidade. Desta forma, a questão norteadora
deste estudo é a seguinte: Quais as expectativas de desenvolvimento de carreira dos
estudantes dos cursos dos cursos de Psicologia e Ciências Contábeis? A problemática em
questão toma proporções expressivas quando se reflete sobre a inserção profissional de
estudantes já inseridos no mercado de trabalho e outros que só estarão inseridos na sua
área de trabalho quando estiverem no final do curso ou já formados, além disto a questão
da escolha e do sentido do trabalho para estes jovens, visto as mudanças na significação
do trabalho contemporâneo, como entender e o que buscar como emprego, as dificuldades
e desafios da escolha, como vislumbrar um futuro profissional se não há a compreensão
do sentido do trabalho e sua significação para este público que enfrenta ou enfrentará o
mercado de trabalho em sua área de atuação,
Pensar sobre o trabalho hoje é também assumir uma postura teórica sobre a sociedade atual. A opção pela categoria contemporaneidade supõe a compreensão das mudanças expressivas por que passam as sociedades capitalistas ocidentais, desde as últimas décadas do século XX, mas se opõe à ideia de ruptura com a sociedade moderna do século passado.( COUTINHO, 2009,p.191)
A revisão bibliográfica desta pesquisa foi sustentada pelas bases da BDTD (
Banco de Teses e Dissertações) compreendida entre os anos de 2010 a 2016, totalizando
(seis) anos de pesquisas voltadas a inserção profissional de acadêmicos não egressos.
Contudo, encontrou-se naquilo que chamamos de estado da arte um número significativo
de trabalhos devido aos descritores buscados: universitários, escolha e inserção
profissional, temas muito abordados em pesquisas. Num total volumoso, com mais de
15
200 pesquisas, refinou-se a busca para as aproximações ao objeto de estudo desta
investigação a partir da leitura dos resumos das diversas dissertações e teses existentes
referentes ao tema proposto nesta dissertação e foi interessante constatar um número bem
reduzido de pesquisas sobre a inserção profissional dos estudantes universitários
regulares. Desta forma, a intenção foi identificar a existência de pesquisas sobre os alunos
matriculados em cursos superiores que conseguem atuar na sua área de formação antes
de se formarem, apresenta-se a seguir as teses e dissertações que mais se assemelham a
presente temática.
Ourique (2010), traz em sua pesquisa de mestrado um estudo que tem como
objetivo principal avaliar as relações da personalidade e da autoeficácia profissional com
o comportamento de planejamento de carreira de universitários e, posterior, inserção no
mercado de trabalho. Participaram do estudo 213 (duzentos e treze) alunos de graduação,
de ambos os sexos, com idade média de 24,8 (vinte e quatro e oito) anos. A pesquisa
apresenta dados quantitativos obtidos através de questionário sociodemográficos, as
Escalas de Desenvolvimento de Carreira de Universitários e a Bateria Fatorial de
Personalidade. Para a análise dos dados, a autora correlacionou Pearson e análises de
regressão. Os resultados indicaram que a autoeficácia profissional e os fatores de
personalidade desempenharam papéis específicos na predição do planejamento de
carreira e como consequência da inserção profissional, segundo a autora, a autoeficácia
profissional esteve positivamente correlacionada com o planejamento de carreira. Esta
pesquisa foi importante para conhecer as possibilidades metodológicas de estudos que
tratam de planejamento de carreira, mas distoa quando desenvolve sobre bateria fatorial
de personalidade.
Na tese “As Mudanças na corporeidade/subjetividade durante a formação
universitária: estudantes de Pedagogia e Psicologia”, Siqueira (2010) teve como objetivo
interpretar e analisar o processo contraditório da formação profissional da
corporeidade/subjetividade em estudantes dos cursos de Pedagogia e Psicologia em uma
das Universidades de Goiânia, que buscam na educação superior educação/conhecimento
para melhor inserção no mercado de trabalho e melhores condições de vida. A pesquisa
investigou: quem são esses sujeitos sociais alunos (as) do curso de Pedagogia e
Psicologia; que conceito ou conceitos de corporeidade seriam considerados nesse estudo;
que corporeidade/subjetividade esses (as) estudantes possuem; e as modificações que
ocorreram em relação a sua corporeidade/subjetividade.
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Esta pesquisa de caráter quantitativa e qualitativa envolveu a abordagem
fenomenológica para interpretar a percepção do próprio corpo, do corpo do outro, a
vivência da corporeidade e o materialismo histórico dialético para analisar o corpo
educado/profissionalizado e a suas relações sociais. O público participante da pesquisa
foram 142 (cento e quarenta e dois) alunos de ambos os cursos. Os instrumentos utilizados
para realização da pesquisa foram um questionário com 21 (vinte e uma) questões
objetivas e subjetivas, bem como entrevistas que englobavam aspectos ligados à
identificação do sujeito; territorialidade; aspectos socioeconômicos do estudante e
família; aspectos da escolha do curso; as questões de gênero; a formação da identidade
profissional; mudanças na lógica de raciocínio; formas de comportamento; valorização
do corpo; modo de se vestir e a relação desses aspectos com a formação para o trabalho.
Como resultado da pesquisa a pesquisadora apresentou que os estudantes do curso
de Pedagogia demonstraram que o curso os tem levado ao desenvolvimento do
pensamento mais organizado e entendimento das situações propostas pelo professor, com
perspicácia. Entretanto, as difíceis condições de trabalho/sobrevivência propiciam uma
formação aligeirada, ainda que mudanças no modo de ser, após a entrada na universidade,
fossem apontadas como positivas.
No curso de Psicologia, no que se refere ao desenvolvimento do raciocínio, os
alunos (as) informaram uma ampliação da visão de mundo em primeiro lugar, depois o
pensamento tornou-se mais organizado; e em terceiro lugar houve o desenvolvimento
intelectual. Eles (as) constataram que passaram a se perceberem com maior
responsabilidade, com necessidade de estudar e liberdade de agir. Com base nos
resultados, concluiu que houve mudanças na corporeidade/subjetividade dos estudantes
dos cursos de Pedagogia e Psicologia. Entretanto, tais mudanças foram insuficientes para
que os alunos (as) dos dois cursos compreendessem a educação como processo de
formação e de aprendizagem socialmente elaborado e destinado a contribuir na promoção
da pessoa humana enquanto sujeito da transformação social, que transforma e é
transformado e que prepara para o mercado de trabalho. Apesar de interessante essa tese
se distancia do objetivo central da presente dissertação.
A dissertação de Ferreira (2015) com o tema “A Inserção de jovens no mercado
de trabalho: o que eles têm a dizer”, trata do processo do primeiro emprego e inserção no
mercado. Nesta dissertação foi analisada a inserção no mercado de trabalho de jovens que
participaram de programa de formação profissional e os sentimentos por eles
experimentados, a partir de seus discursos sobre essa experiência. Buscou-se identificar
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os locais de primeiro emprego desses jovens, conhecer suas aspirações e os motivos que
os levaram a essas ocupações, bem como sua vivência nessa trajetória de inserção
profissional. Foi uma pesquisa de abordagem qualitativa mediada pela técnica de
entrevistas individuais, aplicada a 5 (cinco) jovens, 3 (três) homens e 2 (duas) mulheres,
entre 18 (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos.
O estudo concluiu nos discursos dos/as participantes, todos/as eles/as jovens
atuantes, de iniciativa e condutores, não apenas expectadores, da própria vida - a presença
do protagonismo juvenil. Ao mesmo tempo, mostrou o reforço ao discurso neoliberal de
oportunidades para os/as competentes, esforçados/as e talentosos/as e de
responsabilização do indivíduo pelo seu fracasso, destacando que o seu sucesso
profissional depende de sua dedicação aos estudos, no tocante à sua capacitação e
qualificação para entrada no mercado de trabalho.
A tese de Ramos (2014) intitulada “Formação para o Trabalho: cursos superiores
de tecnologia” traz o tema da formação para o trabalho no contexto do ensino superior.
Entre os objetivos da pesquisa, estão: a investigação das características socioeconômicas
dos estudantes das instituições coparticipantes; a verificação da inserção e ascensão
profissional desses estudantes no mercado de trabalho; o confronto dos resultados obtidos
na instituição pública e na instituição privada; a avaliação dos motivos para a escolha dos
cursos superiores de tecnologia; a verificação do interesse do estudante na continuidade
dos estudos após a conclusão do curso superior de tecnologia; a avaliação da contribuição
do curso para formação integral do estudante; e o aprofundamento da organização
pedagógica dos cursos.
A pesquisa consistiu na revisão bibliográfica de documentos pertinentes à análise
do tema e na coleta de dados na perspectiva dos alunos e coordenadores de curso das
instituições. A pesquisa, a partir da coleta de dados nas instituições públicas e privadas
focalizadas, localizadas na região metropolitana da cidade de São Paulo, demonstra que
os resultados são representativos em relação aos dados censitários da Educação Superior
no Brasil. O trabalho ainda avalia a contribuição do curso na formação integral dos
estudantes e a organização pedagógica destes cursos superiores.
Esta revisão possibilitou verificar a incipiência dos estudos na área da inserção
profissional dos estudantes regulares de cursos superiores, a necessidade de
aprofundamento da temática, a ampliação de pesquisas que tenham como preocupação a
questão das escolhas e inserção profissional, ao mesmo tempo, demostrou que nenhuma
destas encontradas tem os objetivos do presente estudo. Ao mesmo tempo oportunizou
18
lançar o seguinte problema de investigação: Quais as expectativas de desenvolvimento de
carreira de jovens universitários dos cursos de Psicologia e Ciências Contábeis da
UNISOCIESC? Desta forma, o objetivo central desta pesquisa foi compreender a escolha
profissional e as expectativas de desenvolvimento de carreira de jovens universitários dos
cursos de Psicologia e Ciências Contábeis da UNISOCIESC. Por sua vez, formularam-se
os objetivos específicos que contribuíram para dar conta de responder a problemática
inserida: a) Identificar a percepção de estudantes do curso de Psicologia e Ciências
Contábeis sobre os fatores que influenciaram sua escolha profissional; b) Verificar o nível
de satisfação dos estudantes em relação ao curso escolhido; c) Identificar o sentido e
significado do trabalho para estes jovens.
Assim, a presente pesquisa tem como enfoque primordial contribuir social e
cientificamente com a comunidade, que obtenha relevância para as considerações de se
fazer ciência frente a um tema efetivamente relevante pautado nas questões de escolha
profissional, inserção profissional, significados e sentidos em constantes mudanças na
educação e no trabalho e na relação que os jovens universitários estabelecem com eles,
seus diferentes perfis e seus anseios frente ao mercado de trabalho.
Na estrutura desta dissertação o primeiro capítulo trata-se da fundamentação
teórica, contextualização do problema de pesquisa, discussão dos principais conceitos e
teorias que possibilitaram os arranjos e conexões que contribuíram para a triangulação na
análise da pesquisa. São discutidos os temas referentes a juventude e sua relação com o
trabalho, a escolha profissional, a inserção profissional e planejamento de carreira.
No segundo capítulo discute-se a trajetória metodológica que norteou a pesquisa e os
desdobramentos para sua realização, o esclarecimento do cenário da pesquisa, os sujeitos
e instrumentos adotados, como se deu a coleta, o tratamento e análise dos dados que
possibilitaram a construção do terceiro capítulo, a análise de conteúdo propriamente dita,
com os resultados da pesquisa sobre a influência no processo de escolha, os sentidos do
trabalho e a inserção profissional no mercado de trabalho e finalmente apresenta-se as
considerações finais.
19
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo apresentam-se reflexões acerca dos conceitos principais sobre
juventude, educação e trabalho, bem como sobre escolha e inserção profissional,
desenvolvimento de carreira e sentido e significado do trabalho que se configuram os
assuntos chave para a condução da presente pesquisa.
1.1 Juventude, Educação e Trabalho.
Quando o assunto é adolescência/juventude as primeiras palavras associadas a
esta fase de nossa existência são dúvida, incerteza, insegurança... Mas quando falamos
juventude, estamos falando em que contexto? A pergunta em questão surge quando na
literatura encontramos termos diferentes para designar algo aparentemente com o mesmo
sentido, falamos nos termos adotados pelas áreas da saúde/ médicas, psicologia e
sociologia. Groppo (2000) afirma que, durante o período de transição da fase de ingresso
na sociedade para a maturidade, três termos aparecem com frequência: juventude,
adolescência e puberdade. As ciências médicas criaram a concepção de puberdade,
referente à fase de transformações no corpo do indivíduo que era criança e que está se
tornando maduro; a psicologia, a psicanálise e a pedagogia criaram a concepção de
adolescência, relativa às mudanças na personalidade, na mente ou no comportamento do
indivíduo que se torna adulto. Por fim, a sociologia costuma trabalhar com a concepção
de juventude quando trata do período transitório entre as funções sociais da infância e as
funções sociais do homem adulto. Adotaremos o termo juventude, no decorrer deste texto,
por entender que falamos de um ser social que ingressará na vida adulta e no mercado de
trabalho cheio de obrigações, direitos e deveres, comuns ao homem que vive em
sociedade, em um contexto sociocultural.
Muitos são os conceitos e concepções a cerca do tema juventude, Sposito (1999);
Chiesi e Martinelli (1993) afirmam que a juventude tem se estabelecido em momentos e
estruturas cada vez mais diferenciadas, manifestando-se no prolongamento de sua
permanência com os pais como uma prática habitual. A nomenclatura utilizada para
designar os jovens que tem esse hábito é geração canguru, uma denominação
contemporânea para uma sociedade em constantes mudanças, esta geração refere-se
aquele jovem/adulto que mesmo capaz de desenvolver suas atividades laborais prefere
permanecer na casa dos pais por conforto, segurança ou mesmo ter mais tempo e
20
aprimorar suas qualificações sejam elas acadêmicas ou profissionais. Dolto (1988) afirma
que antigamente os pais ansiavam pela saída e independência dos filhos e estes sentiam
suas obrigações, o que hoje já não produz efeito inibidor que antes exercia. Se por um
lado os pais apresentavam aos filhos essa necessidade de sair de casa como parte do
processo de seu amadurecimento, por outro, hoje os pais estão acomodados e preferem
manter seus filhos por perto, ao alcance da vista onde eles se sentem mais seguros;
obviamente há um contexto financeiro envolvido neste processo referente à geração
canguru, identifica-se mais este jovem em famílias de classe média/ média alta que
consegue manter seus filhos em casa por um período maior de tempo.
Pais (1993), Sposito (2003), Melucci (2001), Peralva (1997) e Abramo (1997)
mencionam acerca dos jovens: são sujeitos sociais que se desenvolvem e se constituem
em diferentes contextos e realidades. Em concordância as menções de Groppo (2000), o
jovem seria uma construção social, ou mesmo como afirma Pais (2003) a juventude é
uma delimitação social, entre o término da infância e início da vida adulta, com todas as
suas responsabilidades e obrigações.
Com base nos conceitos de juventude, pretende-se fazer uma breve análise dos
processos de transição pelos quais o jovem passa, partindo do momento onde opta por um
curso em detrimento de outro, momento onde se finda o período do ensino médio e se
iniciam outros desafios, como ingresso no ensino superior e a transição e inserção no
mercado de trabalho.
Como ponto de partida surge a escola e os processos por ela adotados como
aspecto fundamental de atenção a este jovem. A escola tem como função social construir
conhecimentos, atitudes e valores que permitam ao estudante ouvir, pensar, analisar,
questionar, opinar, entender, decidir, resolver, ser ético e participativo, o que lhe permitirá
ir ao encontro de seus anseios futuros.
Porém, este papel, por vezes, se perde e a escola mostra-se pouco focada e sem
interesse real nesta construção o que afeta diretamente a próxima etapa vivida pelo jovem,
a saída da escola e a escolha profissional. Sobre isso, Sposito (2003) acrescenta que o
desencontro entre o “mundo da escola” e o “mundo dos jovens” traz perdas para todos os
atores escolares, já que eles acabam imersos numa rotina desinteressante e pouco
motivadora, num ambiente pouco propício para os aprendizados e vivências que a escola
pode e deve promover.
Esta não promoção citada pela autora, falando em termos de jovens, pode ser
notada pelo total desconhecimento e desinteresse destes frente ao mercado de trabalho.
21
Este descaso é constatado por diversas pesquisas na área que apontam a insatisfação na
carreira escolhida, dificuldade de inserção no mercado, despreparo deste jovem ou
adolescente para uma escolha pautada em argumentos reais do mundo laboral, dentre
outros fatores, questiona-se o fato de a escola exercer seu papel como ente isolado e não
como elo no processo jovem, ensino superior e mercado de trabalho.
A escola entende seu papel até o término do ensino médio como obrigação de
ensino cumprida, porém não auxilia e pouco incentiva na formação deste aluno cidadão
apto e capaz de escolhas. Pouco se discute a orientação profissional no âmbito escolar e
as dúvidas começam a emergir nos jovens devido às cobranças externas. Mas porque
tantas dúvidas e questões emergem nesta fase da vida? Segundo Lisboa (1977) é porque
neste período o jovem começa a vislumbrar o futuro, é nesta fase que começam as
indagações advindas dos pais, parentes e amigos sobre o que fazer e qual carreira seguir.
Os anseios, até então subjetivos, começam a tomar forma e vêm à tona com uma série de
incertezas e buscando a objetivação e concretização, o jovem precisa construir sua
identidade e definir sua profissão. Este momento é tão difícil, porque, como afirma
Rappaport (1998), o final da infância é sinalizado pela primeira grande escolha
praticamente individual deste jovem, a escolha profissional e a entrada na vida adulta, um
passo bastante significativo para um indivíduo que se torna responsável por inúmeras
coisas de uma hora para outra, tal escolha, passo bastante significativo para um indivíduo
que se torna responsável por inúmeras situações e escolhas muitas vezes implicadas no
desconhecido
Por imaturidade, desconhecimento, inexperiência e falta de apoio, o jovem
brasileiro tem sérias dificuldades na escolha de sua carreira. A influência da família e de
amigos, aliada à falta de informações são os fatores que pesam na tomada de decisão por
parte do jovem. Na dúvida, cheio de insegurança, a maioria deles opta pelas carreiras
tradicionais, já totalmente saturadas no mercado, conforme afirma Bortolozzi (2014).
Caberia à escola o papel orientador? Imagina-se que sim, com o intuito de assegurar seu
papel social na constituição de indivíduos mais seguros e preparados para escolhas frente
ao seu futuro profissional.
A facilidade da transição escola-trabalho dependeria, então, não apenas de
características do indivíduo, ou da estrutura e funcionamento do mercado de trabalho,
mas também, e em grande medida, do modo como estão organizados os sistemas
educativos nas diferentes sociedades. Modelos que promovam a formação específica e
técnica se tornam um caminho possível e permitem um tipo de engajamento profissional,
22
provavelmente serão diferentes grandemente de modelos de sistemas escolares que
almejam dotar os jovens de uma formação generalista, a ser completada fora da escola,
por novos diplomas específicos.
Valore (1999) assinala considerações significativas, afirmando que esta etapa de
escolha é uma das tantas que o jovem terá que encarar que envolvem o processo
profissional, processo este que não é engessado, ao contrário, é contínuo e o jovem precisa
estar apto a fazer sempre novas escolhas e a cada nova escolha se reconhecer e se
aprimorar, identificar suas melhores habilidades para futuramente torná-las
competências.
O jovem escolhe sua profissão, baseado no que acha melhor e mais interessante,
estuda por muitos anos com afinco e quando finda esta etapa se depara com um mercado
ocioso de seus serviços, com menos demanda que mão de obra, vem então o segundo
desafio a ser vencido, trabalhar com a frustração de estar pronto para o mercado, porém
este não o absorve por inúmeros motivos, um dos mais comuns é que o mercado busca
hoje por habilidades e competências, está baseado no ser e não apenas no saber, para
exemplificar isto podemos citar o exemplo de McClelland (1995, p 129), que há tempos
atrás já mencionava:
Meu exemplo clássico é o do Frentista de posto de gasolina. Você pode medir a habilidade de que ele precisa para desatarraxar a tampa do tanque de gasolina e colocar a gasolina, mas estas habilidades não irão influenciar na quantidade de gasolina que essa pessoa vai vender. Porém, algo que mais tarde viemos a chamar de ‘Orientação para Servir o Cliente’ - basicamente, se o Frentista se mostra simpático e limpo o para-brisa - tem mais influência na venda da gasolina do que as habilidades específicas de encher o tanque. Assim, chamamos de Competência essa Orientação para servi-lo o Cliente - uma característica humana ou uma habilidade que está associada com o sucesso no trabalho.
Dutra (2001) relata que no fim da Idade Média a expressão competência era
associada basicamente à linguagem jurídica, à faculdade atribuída a alguém ou a uma
instituição para apreciar e julgar certas questões; posteriormente o termo veio a designar o
reconhecimento social sobre a capacidade de alguém se pronunciar a respeito de
determinado assunto; mais tarde o conceito de competência passou a ser utilizado de forma
mais genérica para qualificar o indivíduo capaz de realizar determinado trabalho.
Muitas são as definições para o conceito de competência, diversos autores
pontuam as formas como as competências são expressas e as diversas formas de categorizá-
las. Segundo Teixeira (2004) existem as seguintes formas de expressão de competência:
23
1. Conhecimentos sobre normas e procedimentos específicos (competência
para executar);
2. Capacidade para planejar cada passo do processo (competência para planejar).
3. Poder intuitivo (conhecimento intrínseco) para prever fatores imponderáveis
(competência para prever);
4. Experiência acumulada na solução de desvios na continuidade do processo
(competência para decidir).
Fleury e Fleury (2000) e Dutra (2001) procuraram, em sua proposta conceitual
Sobre competência, ir além das definições tradicionais da vertente norte-americana: que
propõe a somatória de conhecimentos, habilidades e atitudes proposta na qual a
competência somente se dá se houver conhecimento, habilidade e atitude (C + H + A)
englobando não somente as questões técnicas, mas também de cognição, necessárias à
execução de um determinado trabalho. A junção das três iniciais (CHA) seria o que uma
função/cargo de uma empresa exige para que o serviço/produto seja bem administrado e
de boa qualidade. Os autores acima desenvolveram um modelo focado na escola francesa,
com a abordagem mais comportamental para a noção de competência nas organizações,
onde os resultados estão atrelados ao desenvolvimento profissional e pessoal dos
indivíduos, como a aptidão que um indivíduo tem em ser proativo, de ir além do que está
previsto, relaciona a competência com o desempenho extra.
Para Resende (2003), as competências podem ser categorizadas da seguinte
forma:
• Técnicas: Domínio apenas de determinadas especialidades;
• Intelectuais: Aplicações de aptidões mentais;
• Cognitivas: Misto de capacidade intelectual com domínio de conhecimento;
• Relacionais: Envolvem atividades práticas de relações e interações;
• Sociais e políticas: Relações e participações na sociedade;
• Didático-Pedagógicas: Voltadas a educação e ensino;
• Metodológicas: Técnicas e meios de organização de atividades e trabalhos;
• Lideranças: Habilidades pessoais e conhecimentos de técnicas de influenciar e conduzir
pessoas;
• Organizacionais: Competências de organização e gestão empresarial. Todas elas são
levadas em consideração na avaliação de desempenho dentre da realidade e cultura da
organização.
24
Assim, competência não é apenas o conhecimento do que fazer, não é apenas a
habilidade necessária, nem mesmo apenas a aptidão, o que faz o diferencial é o conjunto
de tudo isto atrelado a comportamentos que fazem a diferença. O profissional deverá ser
proativo, dinâmico, ágil, maleável, flexível, versátil, capaz de criar, resolver problemas,
adaptar-se, muito mais do que apenas um bom “fazedor” (PAIXÃO, 2005; MELO;
BORGES 2007). Silva (2013) afirma que ingressar no mercado de trabalho seria a
continuidade de uma trajetória de saída do sistema escolar, faces de uma mesma moeda,
a do processo de individualização, pensando do ponto de vista da autonomização do
jovem em relação à família; ou, pensando num sentido mais amplo, do seu processo de
autonomização de status, se tomarmos o ponto de vista dos elos entre indivíduo e estrutura
social.
Quando este processo de individualização não funciona como deveria, o jovem
sente-se totalmente incapaz e não consegue atingir o que para Pappámikail (2010) seria a
autonomia e liberdade, que estão intrinsecamente relacionadas a fatores sociais e
econômicos desta fase. Estes interferem fortemente no ingresso da vida adulta e permeiam
o sucesso ou fracasso deste jovem frente à sociedade, a dependência material de muitos
jovens das suas famílias pode inibir o reconhecimento público da sua autonomia, mas não
impede a sua construção. Muitos jovens reagem, justamente, reivindicando a autonomia
como um dos principais pontos de amadurecimento, além disto, tem a liberdade que diz
respeito à capacidade de agir sem constrangimentos e com os recursos e o poder
necessários para objetivar as intenções que motivam a ação em primeiro lugar e sustentam
a vida em sociedade.
Assim, feita a escolha, ingressado no mercado, a busca pela realização, tanto
profissional quanto pessoal perante a sociedade, torna-se um dos objetivos finais do
homem moderno, como sinal de sucesso e status. Neste aspecto, entende-se que o estar
jovem é um momento crítico, pois se espera o apoio da escola ou instituições de ensino
superior subsidiando as informações necessárias para que este indivíduo possa tomar
decisões balizadas em fatores reais e estar ciente do que o espera no momento final de
seu período como discente. Cabe às instituições fomentar o desejo do jovem por mais
conhecimento, auxiliar no desenvolvimento e reconhecimento de suas competências,
propiciar o autoconhecimento de suas habilidades para que consiga, assim, tomar
decisões assertivas frente a seu futuro. Quando se tem auto eficácia todas as demais ações
que virão se tornam mais fáceis e a busca pelos caminhos adequados passa a ser muito
mais acertada.
25
O trabalho é, em primeiro lugar, um processo do qual participam igualmente o homem e a natureza, e no qual o homem espontaneamente inicia, regula e controla as relações materiais entre si próprios e a natureza. Ele se opõe à natureza como uma de suas próprias forças, pondo em movimento braços e pernas, as forças naturais de seu corpo, a fim de apropriar-se das produções da natureza de forma ajustada a suas próprias necessidades. Pois, atuando assim sobre o mundo exterior e modificando-o, ao mesmo tempo ele modifica a sua própria natureza (MARX, 1989, p.149).
Podemos entender o trabalho como uma experiência social, atividade de
produção de bens ou serviços que nos garante a sobrevivência, bem como nos dá alguma
posição dentro do grupo social no qual estamos inseridos. Segundo Cattani (2000) o
trabalho explica a sociedade capitalista nas situações laborais e relações sociais ali
produzidas, contextualizando o autor e estimulando o jovem quanto a sua inserção no
mercado, entende-se como um momento crucial, envolto por subjetividade e surpresas
que o mercado oferece para os jovens.
1.2. Escolha Profissional.
Nesta seção temas atuais que se tornam preocupações dos jovens, porque não
dizer, que assustam, serão abordados: o processo de escolha profissional, a contribuição
da orientação profissional neste momento e a inserção no mercado de trabalho. Soares
(2009) afirma que não é fácil escolher, neste sentido baseia sua afirmação no fato de os
jovens se depararem com um mundo de possibilidades, uma sociedade com
ambiguidades, pessoas de muito sucesso, felizes, infelizes e aquelas que mesmo inseridas
permanecem na incerteza. Isso quer dizer que há dúvidas quanto a saberem se o que fazem
é mesmo o que gostam.
Diante de tantos altos e baixos o jovem julga esta como uma fase decisiva em sua
vida, aquilo que desenhará seu futuro, uma decisão que, muitas vezes, não é única e vem
acompanhada com uma bagagem significativa de expectativas da família, amigos e a
cobrança natural de chegado o momento de saber o que fazer agora. Bauman (2001) já
dizia “A infelicidade decorreria, então, não da falta de escolhas, mas do excesso de
possibilidades e desejos nunca saciados”, o autor fala em infelicidade associada às muitas
possibilidades. É natural do ser humano a busca constante, a manivela motora para nossa
motivação é a busca insaciável por aquilo que nem sabemos bem o que é.
26
Vivemos em uma sociedade de consumo de todos os tipos e para nos sentirmos
incluídos precisamos consumir, o dinheiro na maioria das vezes vem como consequência
do trabalho, a não ser em salvos casos de herança, ganhar na loteria e aplicações
financeiras. Excluindo estas possibilidades, é com o trabalho que conseguimos prover
nossas necessidades e alcançar suprir os desejos de consumo. Por estes e outros motivos
a escolha de uma profissão parece fundamental.
Bock (2010) afirma que uma boa escolha é a que consegue refletir sobre o maior
número de significações para eleger o projeto de vida, estas significações estão atreladas
ao que é importante para o indivíduo, além de determinantes externos, advindos da
situação e contexto social de cada um. .
Portanto, vamos entender o sujeito que é ao mesmo tempo único e singular, mas também social e histórico como aquele que transforma o social em psicológico, como aquele que vive a unidade contraditória do simbólico e do emocional e como aquele que vive a unidade contraditória do simbólico e do emocional e como aquele que produz sentidos subjetivos. Por isso, com certeza, ele escolhe. Colocadas tais ressalvas, voltamos a afirmar que o sujeito escolhe e que o ato de escolher é uma das expressões únicas, singulares, sociais e históricas (AGUIAR, 2006, pg.98).
Assim, a todo e qualquer processo de escolha, seja ele baseado na escolha
profissional ou nas escolhas que fazemos em todos os momentos de nossas vidas, estas
nunca estão embasadas apenas na escolha de um ou outro, no que gosto ou me atrai mais,
mas sim no contexto que cada escolha representa para o sujeito, carregadas de cargas
simbólicas, singulares, sociais e históricas, as quais não se dissociam. Aguiar (2006)
menciona, sobre a qualidade das escolhas, que o processo de orientação profissional pode
auxiliar este sujeito a entender o conhecimento que tem sobre si e sobre o que quer, ou
melhor, o que acha que tem de conhecimento sobre si e sobre o que quer. Este é o papel
fundamental do processo da orientação, promover estas indagações ao sujeito, questionar
sobre os porquês, auxiliar o jovem mediando suas afirmações e as contrapondo, bem
como questionando as suas justificativas. Portanto, proporcionar,
[...] que o sujeito aprenda a identificar o que terá de buscar para construir uma carreira que lhe traga essa satisfação, bem como favorecer a aprendizagem necessária à realização de escolhas e ao desenvolvimento de estratégias que permitam o alcance dos objetivos desejados (LUNA et al, 2014 p. 277).
27
Um questionamento fundamental deve ser feito quando falamos de escolhas, de
onde vem esta construção da necessidade de escolha, busca incessante para suprir nossos
desejos de consumo. É necessário retomar a história na Grécia antiga, por exemplo,
aqueles que trabalhavam eram os menos afortunados e não havia escolha, era preciso que
alguns pensassem e outros produzissem, o trabalho era visto como algo degradador, com
o passar do tempo a necessidade foi fazendo com que novas atitudes surgissem. Bock
(2001) afirma que na idade média as experiências laborais passavam de pai para filho,
uns eram nobres, outros trabalhadores. Dessa maneira, neste modo de produção não havia
escolha de uma profissão por parte dos sujeitos, os laços de sangue é que determinavam
e explicavam a estrutura social.
Com a Revolução Industrial e a institucionalização do capitalismo, o trabalho
não tinha apenas a função de servir as necessidades e sim de gerar renda, o que mudou
as formas de trabalho e fez com que se criassem novas possibilidades, uma delas foi a
introdução das mulheres no mundo laboral. Novas profissões foram tomando forma e a
princípio algumas foram rotuladas como atividades masculinas e outras femininas, mais
ou menos promissoras, mas que levaram a ter também a inserção do tema sobre questões
de gênero na escolha profissional, assunto amplamente discutido na literatura e com
origem enraizada sócio historicamente.
Partindo de uma base privada, como diria Bonelli (2008), a mulher tem, ainda,
o papel de assumir as responsabilidades do lar, do núcleo familiar, por isto o termo
privado, já o homem, apesar das mudanças, ainda é visto como o responsável pelo
público, no sentido de suprir as necessidades da família. Lassance e Sparta (2003)
contribuem para esse entendimento quando mencionam sobre a atividade feminina,
Mesmo com atividade profissional regular, mulheres com carreiras, muitas vezes não se descrevem como trabalhadoras, mas como mães-esposas-donas-de-casa-que-trabalham.O trabalho passa a ser possível ou justificado e analisado em função das possibilidades de gerenciamento eficiente da esfera doméstica, pois mesmo que estas mulheres não o realizem, elas mesmas, o trabalho doméstico, são por ele responsáveis.
Assim, as diferenças que a princípio são gritantes, diferenças estas entre homens
e mulheres assumem papel importante quando da decisão da escolha profissional. Esta
pesquisa não tem por base discutir centralmente a questão de gênero, nem tão pouco
aprofundar sobre o assunto, uma vez que não é o foco principal, no entanto, não se pode
ignorar as marcas pertinentes que foram facilmente identificadas e emergiram no campo
da investigação. Como já se ponderou tem-se por fundamento que as mulheres buscam
28
atividades mais relacionadas à área do cuidado, atividades culturais e de ensino, saúde,
em contrapartida os homens buscam com mais frequência áreas das ciências exatas, por
exemplo. Convém ressaltar que este fato não é uma regra que se segue, mas são apenas
números que contribuem para este segmento pesquisado, que são jovens universitários de
dois cursos, de Contabilidade e Psicologia. Como referência, temos no questionário
aplicado nesta pesquisa, 35 alunos do curso de Psicologia, (30 mulheres e 5 homens), no
curso de Contabilidade 23 alunos, (20 homens e 13 mulheres), vem de certa forma
corroborar com o exposto acima, demonstrando que em um curso em que se discutem
mais as questões de relações humanas as mulheres predominam, em contabilidade há um
equilíbrio maior, o que reforça também o fato das mulheres buscarem mais a formação
superior que os homens. Tal informação pode ser observada nos índices do INEP
apresentados no Portal Brasil. Como podemos verificar o número de mulheres que
ingressam no ensino superior supera o de homens.
Quadro 01 – Índices do INEP para o decênio até 2013
Fonte: (Portal Brasil)
Quando o assunto é escolha profissional, parafraseando Bock (2010), muitos
determinantes e significações são levados em consideração, não é apenas o que se quer e
o que se conhece que o mercado impõe, não importa se é homem ou mulher, mas toda
escolha é difícil, é um conjunto de variantes que interferem, e para auxiliar na organização
destas variantes que se fala em orientação profissional. Quando falamos nestes termos,
primeiro em “Orientação Profissional” e, posteriormente, “inserção profissional” se torna
1. O percentual médio de ingresso de alunas até 2013: 55% do total em cursos de
graduação;
2. No último ano do decênio, do total aproximado de 6 milhões de matrículas, 3,4
milhões foram de mulheres, contra 2,7 milhões do sexo oposto;
3. Na conclusão dos estudos, 491 mil alunas formaram-se, enquanto 338 mil homens
terminaram seus cursos em 2013.
4. Essa forte presença feminina está mais atrelada aos cursos de humanas. No ano de
2011, por exemplo, 64% dos bolsistas do CNPq na área de ciências exatas da terra
eram homens; em engenharia e computação, 66%.
29
necessário antes de tudo definir a nomenclatura que utilizamos, visto a gama significativa
de expressões para definir esta área de trabalho. As definições mais comumente
utilizadas, segundo a Revista Brasileira de Orientação Profissional (ABOP), são
orientação vocacional, orientação profissional, orientação ocupacional e
orientação/aconselhamento de carreira.
Entretanto, no que consiste a prática de orientação profissional? Importante
mencionar e fazer um breve relato sobre o tema. Segundo Lima (2007), o trabalho da
orientação profissional é um processo de facilitação, baseado no autoconhecimento e
conhecimento de atividades laborais para uma escolha mais acertada referente à futura
profissão. Já Levenfus (1997) apresenta a questão da orientação vocacional a partir de
diversas perspectivas psicológicas.
Quadro 02 – Teorias Psicológicas em Orientação Profissional
TEORIA PROPOSTA AUTORES
Traço e Fator Método mais utilizado
entre 1900 a 1950
Análise das ocupações, conceito de aptidões inatas.
Utilização de Testes
Frank Parsons
Psicodinâmicas
Abordagem que utiliza a concepção dos instintos
acredita na continuidade de nossos desejos primários
que se atendidos na profissão terá êxito.
Anne Roe (1956) Bordin (1963) Nachmann (1963) Segall(1963) Meadow (1963)
Tipológicas
Interesses pessoais unificam com as
possibilidades ambientais. Elege tipos de
personalidade Ex: social convencional, artístico,
intelectual...
Holland (1966)
Desenvolvementista
Processo com início na infância e término na fase
adulta. Desejo x Possibilidades.
Eli Ginzberg (1951) Super (1953) Tieelman e O’Hara (1963)
SocioCognitiva
Autoconhecimento Análise Situacional
Busca de informações
Gellat (1962) Hilton (1962) Hershenson e Roth (1966)
Fonte: ( Levenfus, 1997)
30
As teorias servem de esteio para a base de trabalho dos psicólogos e dos
orientadores, tomam o indivíduo em suas mais diversas perspectivas e levam em
consideração diversos fatores, que, como já mencionado anteriormente, é o que propicia
o processo de escolha.
Segundo Luna et al (2014) diversos estudos sobre jovens de escolas públicas e
privadas referente a escolha profissional foram realizados e os resultados apontam para
escolhas incertas, imaturidade, baixo conhecimento das profissões e dificuldades em
identificar seus interesses e desejos, fatos estes que podem justificar a evasão das
universidades e estudantes descontentes com suas escolhas.
Vivemos hoje questões da contemporaneidade que muito influenciam nos
resultados citados por Luna et al (2014), estamos envoltos em um momento da
modernidade líquida como comentam os autores, em que as coisas são efêmeras e
passageiras, com objetivos definidos, porém sem planejamento de ação. Os autores
também observam que o pouco engajamento e retorno em curto prazo são fatores
socioeconômicos que muito interferem nos processos de escolha pelos quais os jovens
passam. Diante da atual sociedade, de como se apresenta, reforçam a importância de
processos de orientação profissional, pois além de tratar as questões subjetivas do
indivíduo, também auxilia no entendimento das necessidade apresentadas pelo mercado
de trabalho, que exigem hoje as competências tão comentadas.
1.3. Inserção Profissional.
Nesta seção é importante destacar sobre a inserção profissional que é entendida,
como o próprio nome sugere, como a entrada no campo laboral, as primeiras experiências
profissionais, é o início da vida produtiva e porque não dizer, remunerada do indivíduo.
Segundo Rocha-de-Oliveira (2011) a expressão inserção profissional surge na década de
80, do século XX, utilizada em textos legais para expressar a dificuldade dos jovens
recém-formados de ingressar no mercado de trabalho, ingresso este, relacionado ao
término das atividades acadêmicas e acesso às atividades laborais propriamente ditas.
Muitas são as perspectivas de autores com entendimentos diferentes sobre este
assunto, com a finalidade de explicarem as facilidades ou dificuldades, de acordo com
pontos de vista a priori observados. Dubar (2005), por exemplo, sinaliza que há todo um
contexto social sobre as buscas de inserção, e estas estão, sim, relacionadas a contextos
familiares e escolares, cheios de carga subjetiva sobre o que se espera de tal indivíduo
31
nas mais diferentes culturas e crenças compartilhadas. Para cada área, grupo, esfera,
escolhas e expectativas há um tipo de inserção, seja ela pública ou privada, que tantas
possibilidades surgem devido às diferentes juventudes e que para cada uma destas há uma
forma de inserção diferente, não podemos falar em generalização com a questão da
inserção, neste sentido, o autor questiona a respeito das políticas públicas e sobre a
construção desta força de trabalho para a adequada e ágil inserção do jovem no mercado.
Se retomarmos algumas décadas atrás e pensarmos na inserção profissional do
jovem no Brasil, trazendo a tona às questões de políticas públicas e o que se menciona no
Plano Nacional de Educação PNE (2013), será possível entender que a inserção do jovem
no mercado de trabalho dava-se devido à situação sócio política do país, uma sociedade,
ainda, muito cindida em classes, em que os filhos dos mais abastados, da elite, iam estudar
fora do Brasil e os que aqui permaneciam precisavam ser mais bem aproveitados como
mão-de-obra. Assim, nas Leis de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1961,
aparecem objetivos da formação para o trabalho, em breves linhas, surge o ensino
profissionalizante como alternativa para suprir as necessidades.
Este fato mais tarde é inserido como discurso de manobra na LDB, de 1996,
quando surge uma nova nomenclatura para o ensino que até então era formador de
trabalhadores, o de preparar para a vida também, assim o que era ensino profissionalizante
entendido como ensino médio, torna-se obrigatório e o último estágio da educação básica.
Os processos vão se desenvolvendo e evoluindo dentro do PNE, são propostas melhorias
no currículo e nas políticas públicas com o objetivo de preparar melhor este jovem para
a vida, sociedade e, consequentemente, tornando-o mais apto a se inserir no mundo do
trabalho. A meta 3 (três) do PNE (2013), aborda questões pertinentes que podem interferir
positivamente, se bem administradas, para a formação do jovem e sua inserção acadêmica
e profissional. Entre elas universalizar o ensino, política curricular guiada pelo trabalho,
ciência e cultura, além de reconhecer o estágio como oportunidade de contextualização,
tende a ser benéfica aos jovens.
Este sucinto retorno à história nos remete apenas à questão da inserção atrelada
ao jovem e sua formação escolar ou acadêmica, no entanto, Cordeiro (2002) diz que a
inserção profissional está vinculada aos jovens e adultos, principalmente, porque trazem
estas questões muito associadas às instituições e suas formas de contratação, como lidam
com as mudanças do mercado e como os setores de Recursos Humanos sentem a equipe,
bem como o que é necessário para dados momentos da organização como, por exemplo:
renovação do quadro, busca por novas competências, contratações temporárias,
32
terceirizadas, etc. Trata a inserção profissional não apenas pela ótica dos jovens
universitários em processo transitório academia/trabalho recém-formados, mas sim de
todos aqueles que pretendem ingressar ou se reinserir no mundo laboral.
Efetivamente todas as perspectivas têm sustentação para propiciar a costura desta
enseada de conceitos e nos fazer entender que o processo de inserção profissional conta
com a situação financeira e econômica do país, além de que sofre grande influência da
família e do contexto social de cada indivíduo, bem como a necessidade de ações das
instituições de ensino para preparar melhor este jovem, ou melhor, para alertá-lo sobre o
mercado, os programas institucionais, governamentais, programas de Trainee das
empresas que surgem para buscar esta nova força de trabalho.
O quadro a seguir exemplifica e resume bem os fatores que envolvem e
desenvolvem a inserção profissional citada pelos autores, os fatores sócios históricos
como pontos relevantes, a estrutura demográfica em que este indivíduo está inserido, a
conjuntura econômica e o desenvolvimento regional, dentre os aspectos individuais,
como a forte influência da família, das representações sociais e das expectativas
profissionais que irão refletir nos aspectos institucionais e nestes grupos anteriores, por
meio das políticas públicas, das organizações de um contexto mercadológico, que é todo
costurado em torno deste “eu” e a inserção profissional
33
Quadro 03 – Inserção Profissional
Contexto Sócio histórico Estrutura Demográfica e ocupacional
Conjuntura Econômica
Níveis de formação da mão-de-obra
Desenvolvimento tecnológico e industrial
Inserção Profissional Aspectos Individuais Origem Familiar
Representações do trabalho
Experiências Profissionais
Expectativas Profissionais
Estratégias de Inserção
Aspectos Institucionais Regulamentações Estatais
Políticas Públicas
Políticas de Gestão de RH
Organizações Profissionais
Agentes Intermediários
Instituições de Ensino
Fonte: Rocha-de-Oliveira, 2011.
Outro aspecto importante relacionado aos fatores que envolvem a inserção no
mercado de trabalho através das constantes mudanças é que se percebe um movimento
em prol das competências comportamentais inventariadas ao ser e não apenas ao saber ou
saber fazer, o que de certa forma pode auxiliar o jovem se analisarmos isto como uma
tendência da contemporaneidade em buscar mais do que apenas a prática. Como
referência a este fator Barlach; Limongi-França; Malvezzi (2008) assinalam que a
resiliência é uma das competências mais importantes da atualidade, esta capacidade de
superar desafios e os jovens podem ser bons nesta habilidade de superação, por exemplo.
As competências, conforme comentado anteriormente, interferem
significativamente na facilidade ou não de inserção profissional, além das competências
um bom planejamento de carreira pensado no desenvolvimento desta ajuda muito na
inserção profissional acertada.
34
Quando falamos em desenvolvimento de carreira Silva, Coelho, e Teixeira
(2013) salientam que as vivências acadêmicas são muito importantes neste processo,
durante a formação os estudantes têm oportunidade de conhecer a profissão, adquirir
conhecimentos, desenvolver as competências necessárias e repensar a escolha do curso,
verifica-se que o desenvolvimento de carreira é um processo que influencia mudanças
sistemáticas que podem ser observadas no comportamento.
Umas das principais teorias do desenvolvimento de carreira é a de Super (1980),
este autor entende que desenvolvimento de carreira ocorre por meio de cinco grandes
estágios: crescimento, exploração, estabelecimento, manutenção e desengajamento.
Segundo Ourique e Teixeira (2012), discutindo sobre a teoria, atentam que é difícil
determinar o conjunto de variáveis que compõe o desenvolvimento de carreira, com
base na multiplicidade de aportes teóricos e na importância de se avaliar o
comportamento vocacional.
Quadro 04 – Indicadores de Desenvolvimento de Carreira
Comprometimento Decisão Exploração Lócus de
Controle
Autoeficácia
Motivação,
Envolvimento
Satisfação
Referentes a
escolha
profissional
(Teixeira, 2010),
Objetivos
Interesses
Talentos
Busca de
ações para
alcance
(Teixeira
& Gomes,
2005
Auto reflexão
Monitoramento
de carreira
Networking
(Ourique &
Teixeira,
2012)
Relacionados
à crenças.
(Lent,
Brown, &
Hackett,
1994)
Capacidade
para
desempenhar
sua profissão.
Bandura
(2008)
Fonte:Teixeira, 2010
Considerando a importância dos indicadores de desenvolvimento de carreira, o
estudo de Ourique e Teixeira (2012) constatou que os construtos de vivência acadêmica,
o bem estar físico e psicológico, bem como as perspectivas sobre o curso e a carreira são
os aspectos que exercem efeito mais expressivo no desenvolvimento de carreira. Vale
35
ressaltar ainda que a satisfação com o curso aparece muito relacionada com os
indicadores de desenvolvimento de carreira. Esses achados podem fornecer subsídios
para a atuação na área de orientação profissional, propiciando a escolha adequada do
curso.
Assim, quando pensamos em desenvolvimento de carreira, orientação
profissional, escolha profissional e inserção no mercado de trabalho, percebemos um
fluxo de processos que podem ser trabalhados para a auxílio nas escolhas e posterior
maior índice de sucesso dos futuros profissionais.
1.4. Sentido e Significado do Trabalho
Falar em sentido e significado do trabalho não seria possível sem mencionar o
que é o trabalho, este movimento contínuo de transformação entre o homem e a natureza
que resulta na produção de algo como menciona Marx(1989). Então, poderíamos supor
que trabalho e emprego, assim como sentido e significado todas seriam palavras
sinônimas? A resposta para esta pergunta é não, para ambas as comparações.
Partindo do pressuposto sobre o trabalho sendo a transformação da natureza pelo
homem para a satisfação de suas necessidades, sejam elas básicas ou não, temos a
conceituação do que seria o trabalho. No entanto, segundo Raitz (2008), o emprego
constitui uma relação diferente, que surgiu na Revolução Industrial, século XIX, quando
o homem percebeu as relações de troca, ou seja, a venda e a compra desta força de
trabalho. Segundo Coutinho (2009) o trabalho é componente central na vida do sujeito,
ao passo que permite aprimorar a subjetividade, construir identidade, agir, produzir, ter,
pensar, transformar. Avançando para a discussão do sentido do trabalho, destaca-se a
dimensão da subjetividade humana, pois o sentido que o trabalho tem para cada indivíduo
é construído por meio da compreensão da subjetividade individual. Pensar a subjetividade
relacionada ao trabalho implica pensar os modos como as experiências do trabalho
contribuem para formar modos de agir, pensar, sentir e trabalhar (LIMA et al, 2013).
Ao longo dos anos o trabalho vai se modificando de acordo com as necessidades
do homem e da sociedade onde está inserido, se o trabalho é mutante seu sentido e
significados acompanham este processo de remodelação. Assim o sentido que o trabalho
tinha séculos atrás pode não ser o mesmo de agora. Entendendo que sentido e significado
não são a mesma coisa, Tolfo et al (2016) afirma que as diferenças entre os dois termos
36
está relacionada a forma como são entendidos pelo indivíduo, ou seja, o sentido do
trabalho é um termo de acepção individual e subjetivo que cada um carrega consigo a
partir de fenômenos epistemológicos e empíricos sobre o trabalho, enquanto que o
significado está atrelado há um contexto pré-estabelecido e coletivo.
Tolfo et al (2016) citam o MOW - Meaning of Work, um grupo de pesquisas
internacionais, sediado no Canadá, que investiga o sentido e a centralidade do trabalho
em diversos países, desde a década de 1970. Este tem dado suporte às pesquisas nacionais
no quesito sentido e significado do trabalho. Pesquisadores estabeleceram, a partir de
estudos empíricos, as seguintes dimensões: centralidade do trabalho (importância
atribuída a ele na vida da pessoa), normas sociais sobre o trabalho (derivadas de valores
morais relacionados ao trabalho) e resultados valorizados do trabalho, o que os levam a
trabalhar. Essa perspectiva consiste nos significados “como produtos históricos de um
grupo social, que, no âmbito do sujeito, remetem a um sentido, relacionado com a
realidade, com a própria vida e com motivos individuais” (TOLFO et al, 2016, p.114).
É pela inserção nas organizações e pelo exercício do seu trabalho que o homem
expressa suas ações e revela suas subjetividades. Lima et al. (2013, apud HELLER,
2004) explicam que o homem expressa sua subjetividade na vida cotidiana, anuncia sua
individualidade, os sentidos, as capacidades intelectuais, habilidades, sentimentos e
ideologias. Na perspectiva histórico-cultural Vygostky (1991) revela a diferença entre
significado e sentido, em que o primeiro é da ordem do público e o segundo é da ordem
do privado. A possibilidade de acessar a subjetividade de sujeitos acontece a partir do
sentido, tão logo, esta tem um caráter social, construído e determinado pelos grupos em
que se está inserido, pelo contexto cultural que está permeado, pela compreensão de
situações e fenômenos à sua volta.
Os significados podem ser compreendidos pela internalização de normas e
práticas sociais que afetam os processos psicológicos e são produtos das interações
sociais. Conhecer os significados que permeiam o sujeito é o início, pois por meio desta
apropriação pode-se mergulhar nas zonas de sentido. É a interpretação do mundo que
cada pessoa faz. Em relação dialética com a realidade, o sentido exprime uma produção
pessoal decorrente da apreensão individual das experiências cotidianas e dos significados
coletivos (RAITZ; SILVA, 2014).
Entendendo sentido e significado, o primeiro é sempre para alguém, e este
alguém produz significações a partir das relações que estabelece no mundo. Estas
significações, fazem parte de todo ato humano e se apresentam na história e pela história,
37
fluindo em um movimento que transforma e supera novas significações, traduzindo
histórias passadas, em expectativas futuras e também no cotidiano, o segundo expresso
pelo contexto geral, pela união dos vários sentidos para a formação do significado.
38
2. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA
Neste capítulo apresentam-se informações referentes ao caminho percorrido na
pesquisa de campo, as conexões realizadas com dados estatísticos e qualitativos, os
instrumentos de coleta de dados, assim como o contexto e os sujeitos que participaram da
investigação.
A pesquisa encontra-se pautada na percepção dos participantes e para efetivar a
sua significação a abordagem qualitativa foi utilizada, não obstante utilizei dados
quantitativos coletados por meio de questionário aplicado e para análise qualitativa como
ferramenta foi utilizado o grupo focal.
Abordaremos as conceituações dos métodos, como se deu a aplicação de
questionário e o desenrolar do grupo focal referente à coleta de dados, como estes foram
tratados e por fim as observações possíveis através da análise de conteúdo pautada nas
categorias elencadas. Convém ressaltar que esta investigação não se configura como
estudo comparativo, no entanto, traz as semelhanças e diferenças que existem entre os
cursos e os sujeitos participantes apenas como reflexões analíticas compondo aquilo que
Pais (2005) menciona sobre o perfil heterogêneo e as situações vividas pela juventude na
atualidade.
2.1 Caminho Percorrido
Neste item será abordado o caminho percorrido para obtenção dos resultados
posteriormente apresentados, entendendo inicialmente a importância da conceituação do
que é uma pesquisa quantitativa e qualitativa, deixando claro de antemão que ambas se
complementam quando na análise dos dados, tanto no viés estatístico como na análise do
conteúdo. A pesquisa quantitativa faz uso de um número maior e mais genérico de
informações de modo geral, como o próprio nome já diz nos remete a interpretar números,
dados e percentuais com exatidão, objetividade, não subjetivos. A pesquisa qualitativa
considera como relevantes às formas individuais de entendimento do mundo social e
informações mais da subjetividade dos sujeitos.
Nesta perspectiva, Minayo (2010) trabalha com uma gama significativa de
motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes para fundamentar a pesquisa qualitativa.
Ainda, segundo esta autora, este tipo de investigação se divide em três partes, a primeira
é a fase exploratória, em que o pesquisador delimita seu objeto de estudo, a segunda está
39
associada à pesquisa no campo, neste sentido, o pesquisador utiliza as técnicas que são
mais adequadas ao objetivo da pesquisa e aos agentes a serem pesquisados e, por fim, a
análise dos dados obtidos no campo, que ela chama de análise e tratamento do material
empírico.
Com adoção de ambas as técnicas de coleta, o questionário e a condução do
grupo focal, é importante descrever como foi o processo lançando reflexões significativas
sobre atribuições e o olhar sensível na relação pesquisador-pesquisado. A aplicação do
questionário foi muito prática, um contato apenas, sem o diálogo aprofundado com os
participantes, apenas transmitindo orientações sobre a pesquisa: objetivos, como
preencher o questionário e questões éticas da pesquisa. Em contrapartida, a condução do
grupo focal, proporcionou-me um contato maior com o grupo entrevistado, contribuiu
para minha compreensão de como os jovens universitários enxergam a situação referente
ao trabalho, escolha e todo o processo de inserção, tanto acadêmica quanto laboral ou
profissional.
Foi fundamental experimentar esse processo, inclusive perceber o timbre de voz
mudar e aumentar de acordo com a intensidade e significado da pergunta elaborada para
eles. A postura individual mediante o grupo, a visibilidade ao dar voz a estes sujeitos
opinantes sobre um tema tão expressivo na atualidade, foram extremamente gratificantes.
As duas técnicas foram essenciais no processo de pesquisa, porém como tudo e todos
divergem em seus papéis no mundo, eu como pesquisadora e psicóloga não poderia deixar
de pontuar as nítidas diferenças que senti na aplicação e utilização dos dois métodos.
Neste aspecto, como assinala André (2005, p.47), exemplifico meus relatos como
pesquisadora quando trata-se do contato com os sujeitos da pesquisa,
As abordagens qualitativas de pesquisa se fundamentam numa perspectiva que valoriza o papel ativo do sujeito no processo de produção de conhecimento e que concebe a realidade com uma construção social. Assim, o mundo do sujeito, os significados que atribui às suas experiências cotidianas, sua linguagem, suas produções culturais e suas formas de interações sociais constituem os núcleos centrais de preocupação dos pesquisadores.
Minayo (2010) baliza que o campo da pesquisa social não é transparente e livre
de interferências. Segundo ela, tanto os pesquisados quanto o pesquisador, influenciam
no conhecimento da realidade, que no trabalho de campo sempre há uma construção em
parceria.
40
Independentemente da metodologia e dos instrumentos para realização e alcance
dos objetivos delimitados pela pesquisa, é de suma importância que o pesquisador tenha
o pleno consentimento de todos os envolvidos no processo de obtenção de dados, sejam
os indivíduos pesquisados, seja a instituição que abriu as portas para a realização do
estudo. A ética do pesquisador, o sigilo e o comprometimento no tratamento das
informações coletadas também constituem aspectos pontuais para o sucesso da pesquisa.
Neste sentido, cumprimos com todos os requisitos do comitê de ética da pesquisa, que
compreendem a apresentação e explicação dos documentos anexos (A e B), bem como o
recolhimento da assinatura dos participantes da pesquisa.
2.2. Cenário da Pesquisa
A pesquisa foi realizada com os alunos do ensino superior dos cursos de
Contabilidade e Psicologia da UNISOCIESC, unidades Blumenau e Balneário Camboriú.
A escolha da instituição se deve ao vínculo empregatício da pesquisadora com a
universidade em questão. Esta universidade foi fundada em 1959, inicialmente com o
nome de Escola Técnica Tupy – ETT, que surgiu como uma ideia do Sr.Hans Dieter
Schmidt, na época presidente da Fundição Tupy, que adotou o modelo da indústria suíça
da George Fischer com a proposta de capacitar e formar jovens para o promissor mercado
de trabalho de Joinville. Os primeiros cursos técnicos foram Máquinas e Motores,
transformando-se posteriormente em Mecânica e Metalurgia, pioneiros no país.
Durante anos muitos foram os processos de desenvolvimento da organização que
contou com apoio alemão aqui no Brasil, havendo intercâmbio de profissionais para o
aprimoramento da ETT em Joinville. Porém na década de 80, devido à grande crise
econômica no país, a Tupy Fundição precisou passar por reestruturação afetando a ETT
e para não acabar com a ideia de manter a escola técnica e o bom trabalho que estava
sendo desenvolvido, criou-se a Sociedade Educacional de Santa Catarina– SOCIESC,
apoiada por um conselho empresarial com representantes das principais empresas de
Joinville, a Escola técnica deixa de ser apenas do grupo Tupy e passa a ser gerida por
outros representantes.
Hoje a universidade está presente em Joinville, Blumenau, São Bento do Sul,
Balneário Camboriú e Florianópolis, em SC, e em Curitiba no PR. Atua no ensino
fundamental, fundamental bilíngue, médio, técnico, graduação, pós-graduação lato sensu
41
e stricto sensu, cursos de extensão e capacitação empresarial na modalidade do ensino à
distância – EAD.
Cada unidade tem suas particularidades, cursos específicos e gestores
responsáveis. As unidades de Balneário Camboriú e Blumenau foram escolhidas, pois
ambas têm o curso de Contabilidade, porém somente Blumenau tem o de Psicologia
devido à infraestrutura para comportar o curso. Vale ressaltar que a instituição
representada por seu reitor e o responsável pelas unidades de Blumenau e Balneário
Camboriú incentivaram a pesquisa e mostraram-se solícitos em colaborar, bem como os
coordenadores dos cursos de Psicologia de Blumenau e Contabilidade de Balneário
Camboriú.
2.3. Sujeitos e Instrumentos da Pesquisa
Nesta parte da investigação destaca-se o perfil dos alunos. A pesquisa foi
realizada com todos os estudantes regulares dos cursos de Psicologia e Contabilidade das
unidades de Blumenau e Balneário Camboriú que não se opuseram em participar da
pesquisa e que se encontravam em sala no dia do questionário, independentemente do
semestre que estavam cursando e que estavam presentes em sala de aula no dia da
aplicação do questionário. Todos os alunos foram convidados a participar devido a
universidade não contar com um grupo significativo de alunos por turma, isto é válido
para ambos os cursos, seja Psicologia ou Ciências Contábeis. Ao todo foram 58
(cinquenta e oito) alunos participantes da primeira etapa da pesquisa que consistia na
aplicação de um questionário com vinte e duas perguntas, três perguntas abertas e
dezenove perguntas fechadas conforme anexo C. Deste montante total de 58 alunos, 35
(trinta e cinco) do curso de Psicologia e 23 (vinte e três) do curso de Ciências Contábeis.
Na segunda etapa, no grupo focal, técnica detalhada no próximo item desta
pesquisa, participaram 8 (oito) alunos, 4 (quatro) de cada curso. A proposta inicial seriam
10 alunos (dez), entretanto, dois se negaram a contribuir com a pesquisa, alegando falta
de tempo. A escolha dos alunos participantes foi aleatória e como mencionado
anteriormente, de acordo com presença em sala de aula no dia da realização do grupo
focal e interesse dos alunos em colaborar para o desenvolvimento da pesquisa.
Durante análise dos questionários observou-se que muitos dos alunos não se
identificaram, não preenchendo o campo dos dados de identificação, sendo esta uma das
primeiras orientações da pesquisadora, ressaltando a importância e o sigilo que envolvem
42
a pesquisa. Conforme o gráfico 1 pode-se visualizar o percentual da população dos
acadêmicos dos dois cursos.
Gráfico 01 – Curso dos participantes da pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora
No quadro que segue, observa-se como os alunos estão distribuídos nos
respectivos semestres:
Quadro 05 – Alocação por Semestre
Curso 1°Semestre 3°Semestre 5°Semestre 7°Semestre 9°Semestre Amostra
Psicologia xx 15 07 11 02 35
Contabilidade 02 xx xx 21 xx 23
Fonte: Dados da pesquisa e quadro elaborado pela pesquisadora
Os dados do quadro 5 denotam a diversidade no que se refere aos semestres.
Optou-se por trabalhar com semestres diversos para contrapor opiniões dos alunos
iniciantes com aqueles que já estão nos semestres finais dos respectivos cursos. A escolha
dos alunos, bem como dos cursos e da universidade foram por conveniência e pelo fácil
acesso aos estudantes.
40%60%
Cursos
Contabilidade Psicologia
43
Gráfico 02 – Sexo dos participantes da pesquisa
Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora.
No gráfico 2, referente ao sexo dos participantes da pesquisa ora apresentada,
visualiza-se os percentuais gerais de homens e mulheres nos cursos Psicologia e Ciências
Contábeis. Obtivemos um percentual maior de mulheres correspondendo a 73% dos
participantes da pesquisa e 27% de homens cursando o ensino superior, o que significa
dizer que as mulheres tiveram mais acesso à universidade, bem como predominam.
Para tal afirmação Raitz (2008) observa que após a década de 90, no século XX,
com as transformações no mercado de trabalho (reestruturação produtiva, avanço das
tecnologias, novas mudanças organizacionais), muitas incertezas e inseguranças
assolaram os trabalhadores, alguns fatores como a informalidade do emprego e o
desemprego em massa foram visíveis no país.
Esse processo atingiu especialmente os jovens e adultos trabalhadores, o que
propiciou com que as mulheres fossem em maior número para o mercado com o objetivo
de contribuir com seus companheiros na manutenção dos salários e da casa, mas também
para obter maior independência e autonomia. Para tanto, novas exigências no mundo do
trabalho se fizeram presentes, uma delas foi o aumento da escolaridade para facilitar a
inserção e permanência no mundo do trabalho, as mulheres entendendo a necessidade e
demanda acabaram em grande número buscando a qualificação para atender as
necessidades do mercado.
Neste aspecto, conforme a literatura já explanada e também constatada, há
diferença significativa de estudantes do gênero feminino e masculino e à ocupação
significativa das mulheres nos cursos superiores. Reflete-se este fato, além dos já
27%
73%
SexoMasculino Feminino
44
mencionados a analisarmos os dados de um curso teoricamente com predominância
feminina, a Psicologia, o que de certa forma também resulta do que foi estudado até o
momento ao se tratar do perfil feminino, a busca por profissões atreladas ao cuidado,
sendo 30 (trinta) as mulheres do total de 35(trinta e cinco) alunos pesquisados nos mais
diversos semestres do curso do Psicologia, não menos importante, porém menos
expressiva a diferença estatística no curso de Ciências Contábeis, onde novamente as
mulheres ocupam a maioria das vagas, dos 23(vinte e três) estudantes de contabilidade,
13 (treze) são mulheres e 10 (dez) homens.
Gráfico 03 – Idade dos participantes da pesquisa
Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora
De acordo com o gráfico 3, a porcentagem mais expressiva foi dos estudantes
entre 18 e 24 anos, idade em que coincide com término do ensino médio e ingresso no
Ensino Superior se avaliarmos que a maioria dos estudantes já passaram do segundo
semestre conforme informação visualizada no quadro 5, em sua maioria solteiros como
aparece nos dados da pesquisa.
A partir dos dados obtidos até o momento, podemos comprovar o que foi
constatado na literatura até então, a presença feminina mais significativa nos cursos
superiores, o índice de idade e estado civil condizente com a realidade da sociedade em
que os jovens buscam por formação para posteriormente ir de encontro com a
independência e quem sabe realização financeira.
41%
24%
19%
16%
Idade
18 - 24 25 -31 31-37 mais de 37
45
Gráfico 04 – Estado Civil dos participantes da pesquisa
Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora
2.4. Procedimentos para coleta dos dados.
A primeira etapa da pesquisa aconteceu no dia 02/05/2016 na UNISOCIESC/
Unidade de Balneário Camboriú, neste dia foram aplicados 13 (treze) questionários com
os alunos do curso de Ciências Contábeis. O processo de aplicação do questionário
começou às 19hrs e 15min.
Inicialmente justifiquei a interrupção, visto que o questionário foi aplicado no
horário de aula com prévia autorização do professor que se encontrava em sala naquele
dia. Foi explicado que todos que não se opusessem participariam de uma pesquisa;
expostos os objetivos da mesma e a forma como seria composta por duas etapas, a
primeira um questionário com 22 (vinte e duas) questões, sendo 19 (dezenove) questões
fechadas e 3(três) abertas conforme anexo C, em um segundo momento, seguindo um
roteiro de entrevista com um grupo reduzido de participantes que seria o grupo focal,
solicitei a todos que preenchessem todas as perguntas, bem como a identificação ao final
do questionário.
O questionário foi entregue e os alunos iniciaram o preenchimento, a parte
inicial foi tranquila e transcorreu sem maiores problemas, alguns alunos demonstraram
dificuldade de compreender a questão 17(dezessete) referente ao sentido que o trabalho
tem e solicitava que classificassem os itens pré estipulados por importância de 1 até 15
em ordem crescente. O questionário demorou em média 20 (vinte) minutos para ser
respondido e todos concordaram em preenchê-lo.
69%
19%
5% 7% 0%
Estado Civil
Solteiro Casado Divorciado União Estavél Viuvo
46
No dia 09/05/2016 a aplicação do questionário ocorreu com o segundo grupo
participante da pesquisa na UNISOCIESC/ Unidade Blumenau, nos cursos de Psicologia
e Ciências Contábeis, onde foram aplicados 35 (trinta e cinco) questionários para turmas
de Psicologia e 10 (dez) com estudantes de Ciências Contábeis.
A turma de Psicologia começou a responder o questionário às 19hrs e 30 min e
levaram em média 30 (trinta minutos) para finalização. Ao término da aplicação esperei
o intervalo e às 20hrs fui para a turma de Ciências Contábeis, o processo teve início às
20hrs e 15 min e término às 20hrs e 30min. A orientação para responder o questionário e
o motivo deste, seguiu todas as regras adotadas com a turma de Balneário Camboriú. Em
Blumenau os alunos não tiveram dúvidas no preenchimento do questionário, porém
mostraram-se menos receptivos que os alunos da mesma instituição da unidade de
Balneário Camboriú.
Realizada a aplicação do questionário, a segunda etapa da coleta de dados para
a pesquisa foi a realização do grupo focal que ocorreu em Blumenau no dia 06/06/2016,
com início previsto para as 18hrs e 30 min. A realização do grupo focal estava marcada
para 30/05/2016, porém não obtive sucesso nesta data, devido aos compromissos
acadêmicos dos alunos e assim foi preciso postergar a realização para a data em questão,
06/06/2016.
A escolha da unidade de Blumenau para realização do grupo focal se deu pela
concentração dos alunos de ambos os cursos e a escolha dos alunos foi aleatória e de
acordo com disponibilidade e vontade destes em colaborar com o desenvolvimento da
pesquisa, a única condição para a participação do grupo focal foi que estes alunos
deveriam ter participado da primeira etapa preenchendo o questionário de pesquisa.
O grupo focal segundo Gaskel (2002) é uma técnica de pesquisa qualitativa,
derivada de entrevistas grupais, que coleta informações por meio das interações entre os
participantes, seu principal objetivo é reunir informações detalhadas sobre os objetivos
específicos (sugerido por um pesquisador, coordenador ou moderador do grupo). O grupo
focal busca colher informações que possam proporcionar a compreensão de percepções,
crenças, atitudes sobre um tema determinado pelo pesquisador.
Para a realização do grupo focal, bem como qualquer outro procedimento de
entrevista, é necessário um espaço adequado, o mesmo autor pontua que para a realização
do grupo o ideal é um espaço reservado, de fácil acesso para os participantes e organizado
de forma que todos se sintam parte do processo. Sugere-se que o grupo fique em mesa
circular ou oval e, caso não seja possível que façam uma formação em U ou V, ressalta a
47
importância de bons equipamentos para a filmagem e gravação para auxiliar nas
posteriores transcrições. Com relação ao número de participantes nos grupos focais,
encontramos na literatura uma variação entre 6 (seis) a 15 (quinze). O grupo focal ideal é
aquele que permite a participação efetiva dos componentes e fomenta a discussão
adequada dos temas (PIZZOL, 2004), há uma variação de tempo entre 90 (tempo mínimo)
e 110 minutos (tempo máximo) que deve ser considerada para um bom emprego da
técnica.
Com base nas orientações dos autores foi estruturada a segunda etapa da
pesquisa, grupo focal. A chegada na UNISOCIESC se deu 30 (trinta) minutos antes do
início combinado com o coordenador do curso de Psicologia, combinamos a realização
do grupo na semana em que apliquei os questionários e pedi autorização, a qual foi
concedida sem nenhum problema.
Na primeira data combinada para realização do grupo focal não consegui fazer
a aplicação, mudamos a data e durante as semanas que seguiram mandei dois e-mails
comunicando/ relembrando o encontro e questionando se estava tudo certo com os alunos.
Sempre recebi retorno positivo, entretanto, para minha surpresa no dia da realização do
grupo nenhum dos alunos havia sido comunicado. Mediante a situação, o coordenador da
Psicologia e eu fomos até as salas de aula, convidamos e explicamos aos alunos a segunda
etapa da pesquisa, que poderiam participar aqueles que responderam o questionário da
etapa anterior. Prontamente os alunos se interessaram em participar. Contudo, com os da
Contabilidade precisei conversar com diversos professores e com a coordenadora que se
mostrou pouco disposta em contribuir com a pesquisa, sendo que anteriormente também
havia concordado. Essa alegou que não podia obrigar os alunos a participar de nenhuma
pesquisa, mediante muita argumentação da importância da pesquisa no meio acadêmico
um dos professores prontamente cedeu espaço com seus alunos, os quais também foram
selecionados mediante participação no processo anterior de preenchimento do
questionário.
Passadas as intempéries do início do processo, começamos a organizar a sala
para receber os alunos, dos 10 (dez) alunos confirmados dois desistiram porque não
quiseram sair da sala, alegando não terem tempo. Portanto, o grupo contou com a
participação de 8 (oito) alunos, 5 (cinco) do curso de Psicologia e 3 (três) do curso de
Ciências Contábeis. A sala, por ser bastante grande e somente com cadeiras de braço, foi
organizada de modo que as cadeiras formassem um V, com o objetivo de ver todos os
participantes e estes fossem filmados. O encontro com o grupo ocorreu em horário de
48
aula para que conseguíssemos juntar todos. Devido à complexidade da técnica do grupo
focal contei com a ajuda de dois voluntários que prontamente me auxiliaram no processo,
enquanto eu mediava o grupo um dos voluntários filmava e o outro fazia considerações
relevantes. O processo de pesquisa do grupo focal teve início às 18hrs e 50 min e se
estendeu até as 20hrs e 10 min.
O quadro abaixo representa os números e perfil dos alunos que participaram da
pesquisa no grupo focal, todos os nomes utilizados são fictícios para preservar a
identidade dos acadêmicos.
Quadro 06 – Perfil dos jovens participantes do Grupo Focal
Nome Idade Gênero Curso Semestre Trabalha Área
Beatrice 19 Feminino Psicologia 3 Sim Não
Isabele 21 Feminino C.Contábeis 5 Sim Sim
Sofia 23 Feminino Psicologia 3 Não Xxx
Felipe 23 Masculino Psicologia 3 Não Xxx
Gabriele 24 Feminino C.Contábeis 9 Sim Sim
Eduardo 26 Masculino C.Contábeis 9 Sim Sim
Heitor 33 Masculino Psicologia 3 Sim Não
Rose 53 Feminino Psicologia 3 Sim Não
Fonte: Dados da pesquisa e quadro elaborado pela pesquisadora
Depois de respondidas as 13 (treze) questões que compunham o roteiro de
entrevista, conforme anexo E, e o término do grupo os alunos foram liberados para que
voltassem a sala de aula conforme orientações de seus coordenadores de curso.
Infelizmente nenhum café foi oferecido aos estudantes após participação no grupo,
justamente pela cobrança de retorno as suas atividades acadêmicas. Entendendo a
importância do retorno às aulas agradeci a participação de todos e os liberei.
49
2.5. Tratamento e sistematização dos dados quantitativos e qualitativos: análise
de conteúdo.
Na análise de dados partiremos da análise de conteúdo que segundo Bardin
(1977) é uma análise da comunicação, uma forma para investigar o conteúdo da
comunicação através da categorização e classificação de elementos que a compõe, assim
segundo a autora,
[...] descrever a história da análise de conteúdo é essencialmente referenciar as diligências que nos Estados Unidos marcaram o desenvolvimento de um instrumento de análise de comunicações é seguir passo a passo o crescimento quantitativo e a diversificação qualitativa dos estudos empíricos apoiados na utilização de uma das técnicas classificadas sob a designação genérica de análise de conteúdo; é observar a posteriori os aperfeiçoamentos materiais e as aplicações abusivas de uma pratica que funciona há mais de meio século (BARDIN, 2009, p.15)
A autora classifica que a análise de conteúdo é possível através de três etapas:
1) Pré-análise: que consiste na escolha de documentos, elaboração de objetivos
e indicadores; 2) Exploração do material: consiste em codificar, recortar, contar,
classificar e enumerar tudo o que ocorreu no decorrer do processo de pesquisa; 3)
Tratamento dos resultados e interpretação:análise dos dados obtidos na pesquisa em
contrapartida aos dados teóricos citados. Segundo Lakatos e Marconi (2015) o conteúdo
da comunicação expressa é analisado segundo uma pré-categorização e nos é possível
verificar o produto da ação humana voltada não para as palavras em si, mas para a
construção de ideias.
Tal afirmação vem ao encontro de Franco (2008) quando afirma que a análise de
conteúdo se firma na linguagem e, nesta, se constrói toda expressão da existência humana,
é por meio da análise de conteúdo que o pesquisador pode e deve fazer inferências, que
surgem a partir do resultado obtido transversalmente dos instrumentos utilizados na
pesquisa em construção ou conexão com a parte teórica descrita no trabalho. Nesta
investigação, no entendimento da necessidade de categorização para análise das
informações e resultados encontrados, 3 (três) eixos foram estabelecidos conforme os
objetivos da pesquisa, e nestes suas respectivas categorias.
50
Como mencionado anteriormente a primeira etapa da pesquisa foi a aplicação de
questionário com perguntas abertas e fechadas, as questões fechadas foram tabuladas com
a ajuda do Excel e os resultados apareceram em forma de gráficos, tal qual expostos neste
capítulo, para as perguntas abertas foram analisadas uma a uma e tabuladas da mesma
forma, o que facilitou a visualização dos resultados de forma ampla e possibilitou então
algumas análises.
Após a realização e tabulação da primeira parte da pesquisa quantitativa, elaborei
junto com minha orientadora um roteiro de perguntas semi-estruturadas para o grupo
focal, com o objetivo de nortear o início do trabalho e para manter o direcionamento da
pesquisa.
Dos jovens interessados em participar do grupo focal, tomou-se o cuidado para
termos um grupo no mínimo equilibrado em número de participantes de ambos os cursos,
a preocupação em relação ao semestre não foi levada em consideração, visto que
queríamos efetivamente a heterogeneidade de pontos de vista e vivências.
Os relatos obtidos no grupo focal foram obtidos mediante dois dias de
visualização e transcrição das filmagens e gravações realizadas pelos voluntários que
acompanharam e auxiliaram nesta etapa da pesquisa.
Quadro 07 – Eixos Temáticos e Categorias de Análise
Fonte: Dados da pesquisa e quadro elaborado pela pesquisadora
• Fatores que influenciaram a escolha;
• Satisfação ou não;
• Contaram com auxílio da OP?
Eixo 1
Escolha Profissional
• Sentido e Significado do Trabalho;
• Centralidade do Trabalho;
Eixo 2
Sentidos do Trabalho
• Situação Profissional;
• Mercado de Trabalho;
• Dificuldades ou não de inserção.
Eixo 3
Inserção Profissional
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Os eixos e categorias foram definidos de acordo com os objetivos da pesquisa,
com o propósito de conseguir uma melhor análise do processo pelo qual a pesquisa se
deu. A construção das categorias foi desafiante, porque cabe ao pesquisador organizá-las
de forma que venham como auxiliares no processo de análise de conteúdo.
Desta forma, para o primeiro eixo referente às escolhas profissionais e
acadêmicas dos universitários, os estudantes foram questionados sobre sua situação atual
de trabalho e os fatores que envolveram sua escolha.
Já o segundo eixo perguntas referentes ao significado e o sentido do trabalho no
âmbito de importância que este exerce na vida de cada um foi a tônica central, para
abordarmos o eixo três segundo a inserção profissional foi considerado tudo que o jovem
já experienciou em sua vida profissional, se é que teve alguma experiência anterior e se
esta teve influência em sua escolha na graduação.
Os eixos remetem ao entendimento da visão de passado quando trata das
questões voltadas às escolhas profissionais e as motivações que levaram a estas escolhas
que foram pautadas em experiências e vivências reais ou subjetivas dos indivíduos. Trata-
se das questões atuais, do presente quando remete os alunos a questionarem sobre o
sentido individual que o trabalho assume e o conjunto destes sentidos emanados no
significado e na centralidade do trabalho frente ao mercado de trabalho. Neste aspecto
com a finalidade de compreender e discutir suas competências e o conhecimento que
possuem do trabalho na atualidade, o que nos leva a pensar no último eixo voltado a
inserção profissional e a efetividade de suas expectativas, bem como no planejamento de
carreira, como este pode auxiliar no futuro ingresso ao mercado partindo da premissa que
tudo pode mudar em decorrência das experiências e maturidade que irão adquirir no
decorrer do curso.
52
3. RESULTADOS DA PESQUISA: ESCOLHA PROFISSIONAL, SENTIDOS
DO TRABALHO E INSERÇÃO PROFISSIONAL.
Este capítulo traz os resultados da pesquisa propriamente dita, conforme os eixos
estabelecidos e as respectivas categorias, a finalidade é dar conta de responder os
objetivos da investigação e aprofundar os dados das duas técnicas de coleta dos dados.
3.1 EIXO 1 - Escolha Profissional
Este assunto foi bastante abordado com os jovens que participaram da pesquisa,
tanto no preenchimento do questionário, como no grupo focal, as falas que seguem são
referentes ao grupo focal e obtidas mediante horas de transcrição e se encaixam na
categoria fatores que influenciaram a escolha. É importante salientar que mediar este
grupo foi muito interessante, os alunos de ambos os cursos têm visões distintas em muitos
pontos e o diálogo entre eles fluiu muito bem, todos devido às diferenças entre as opiniões
se interessaram e puderam perceber o outro no discurso.
Foi possível perceber no grupo o que Bock (2010) afirma que uma boa escolha
é a que consegue levar a refletir sobre o maior número de significações para eleger o
projeto de vida, estas significações estão atreladas ao que é importante para o indivíduo,
além dos determinantes externos, advindos da situação e contexto social de cada um, ou
seja, uns foram levados pela influência da família, outros pela possibilidade de emprego
rápido e, ainda, aqueles outros por refletir sobre si e seus desejos, assim entendemos que
os desdobramentos para as escolhas são muitos particulares. . Soares e Dias (2009)
sustentam as colocações acima e apontam que as escolhas se dão entre o que gostamos de
fazer, o que gostamos muito de fazer e aquilo que nos é conveniente fazer, além daquilo
que podemos fazer, que não há escolha certa, que é importante perceber as diferentes
motivações que podem mudar no decorrer do percurso.
É necessário que se considere a trajetória que o jovem vem realizando, as variáveis psicológicas, afetivas, sociais e econômicas presentes em seu processo; porém, o fator crucial para a definição profissional é o modo como a pessoa se posiciona frente a todas essas variáveis, ou seja, o que ela faz disso, como se apropria das influencias e para que o futuro escolhe se lançar. (SCHEIBE citado por LEVENFUS; NUNES, 2010, p.39)
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CATEGORIA 3.1.1 - Fatores que influenciaram na escolha do curso
Nesta categoria visualizam-se os fatores que contribuíram na escolha do curso e
os caminhos que se seguiram nestas opções dos jovens de ambos os cursos, notam-se as
influências da família e também o interesse próprio.
Para mim foi à busca de conhecimento mesmo, foi algo que sempre me interessou e que tinha estudo por fora, eu queria conhecer mais a fundo e como consequência disto, trabalhar na área que eu gosto (Felipe).
Acho que para mim foi adquirir conhecimento e porque Psicologia foi o único curso que me interessou, na verdade estava em dúvida entre Psicologia e Direito porque minha mãe é advogada, mas optei por psicologia e foi um teste, hoje não me vejo em outro curso, Psicologia tem tudo a ver comigo, eu me encaixo totalmente em psicologia (Beatrice)
Quando questionada se foi difícil esta escolha, visto que sua mãe queria que ela
fizesse outro curso, Beatrice responde,
Foi um pouco, ela me influenciou e eu gosto da área jurídica, então fiquei muito tendenciosa e fui porque pensei, a minha personalidade, meu jeito, acho que vai fazer sentido e deu certo, mas foi meio complicado, eu estava com a inscrição na mão, eu vou fazer direito ou vou fazer psicologia? Vou fazer Psicologia.E sua mãe?? A minha mãe ficou bem tranquila, porque eu era mais por mim, minha mãe se formou faz 5 anos aqui na UniSociesc em Direito e como eu vivi muito esta fase com ela, eu super me interesso e fui me influenciando e ela gostava claro, quem não quer ver os filhos seguindo seus passos, daí fui me interessando, mas no fim eu vi, vai muito contra quem eu sou, não faz sentido para a minha pessoa. Mas na psicologia eu gosto da área jurídica, é uma área que me interessa muito, mas também já me interesso pela parte da docência, muda muito do inicio e no decorrer do curso.
Os depoimentos seguintes mostram decisões que tiveram a ver com observação
no ensino técnico e também influência familiar,
...eu fiz o curso devido há experiências anteriores, eu fiz o técnico em administração e eu não sabia o que queria a princípio, só que no técnico tinha uma cadeira de contabilidade e a partir daí eu me interessei e me apaixonei, fiz o técnico em contabilidade, e tive certeza que era o que queria, terminei o técnico e estou cursando o superior. Desde que comecei o técnico trabalho na área, sempre me preocupei em unir o teórico com o prático. (Gabriele)
...comigo também foi meio parecido, fiz técnico em administração, depois fui trabalhar em contabilidade, então uma coisa levou a outra, além disto, meu pai e meu irmão trabalham com contabilidade e foi meio instintivo, eu via que meu pai sempre trabalhou com isto. (Eduardo)
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Interessante que no decorrer do diálogo, muitas observações são feitas a partir
de sentidos particulares, de conceitos próprios e do entendimento que cada um tem das
decisões tomadas, Felipe ouvindo a fala dos colegas, percebe como o campo de exatas e
de humanas, neste caso a Psicologia, divergem no que se refere ao mercado de trabalho e
prontamente coloca sua opinião, demonstra nitidamente o que pensa sobre ambas as áreas,
...parece que contabilidade é uma área mais estável, que você parece ter maior garantia de renda e a outra é mais na área da paixão, você quer algo que te complete, como uma forma de vida que seu trabalho não seja apenas sua fonte de renda, mas sua paixão. (Felipe)
Nesse sentido, conforme ponderam Soares e Dias (2009, p. 40) percebe-se
vivemos num mundo em que “cada sujeito proclama a sua verdade sobre as escolhas, ou
melhor, proclama ao mundo verdades e uma verdade particular...”. Porém, como bem diz
a citação, a forma de ver a vida e fazer suas escolhas, ainda, conforme as autoras têm a
ver com a maneira como o indivíduo interpreta e se apropria do real e do vivido por ele,
isso sim pode delimitar porque uma escolha em detrimento de outra. A seguir pode-se
entender perfeitamente na fala do Felipe, no entanto, se diferencia da de Eduardo e
Gabriele.
...a contabilidade também é algo apaixonante, não é só financeiro, é muito interessante, pode parecer que é só 1 mais 1, um mais exato e outro mais humano, mas no final das contas é praticamente a mesma coisa. (Eduardo)
...é bastante reflexiva, a contabilidade (Gabriele)
Outra jovem universitária participante do grupo focal tenta interpretar a fala dos
seus colegas e explicita,
Acho que ele quis dizer é que a parte de exatas te dá uma garantia, a sociedade vai buscar o pessoal da área porque é obrigado pela lei, já a psicologia não. Por exemplo, em empresas são n pessoas trabalhando no financeiro, mas psicólogo quando tem é um trabalhando para a empresa toda, então acho que ele quis dizer isto, que é uma paixão particular do que pelo ganho de vida, e que é preciso aliar os dois para se ter sucesso, tu vem pela pegada que na psicologia tu vai ser bem sucedido, verá que não é bem este o caminho. Dos psicólogos que estão estudando, apenas uns 2 ou 3 atuam, contabilidade é mais fácil. (Sofia)
55
Após as colocações dos colegas, Rose, explica seu motivo para a escolha,
Eu sempre fui uma apaixonada pela psique humana, desde criança, sempre quis entender o que passa na cabeça das pessoas, os comportamentos, muito ligada no sofrimento sempre, própria historia da minha vida me levou a isto e agora nesta idade me aposentei na área de beleza e estética, mas sempre preocupada com interior das pessoas, do ser humano, é um mistério muito grande e isto sempre foi muito forte em mim analisando as pessoas, porque elas se comportam assim, o que acontece, o que leva o ser humano a tantos extremos em um contexto geral. Sempre ouvi mais do que falei e chegou um momento que houveram trocas, então pratiquei muito, mas faltava a teoria uma coisa mais embasada.(Rose)
Já Isabele que é do curso de Contabilidade diz “a escolha veio por que meu tio
tem um escritório e trabalho lá no departamento de pessoal, mas não é o que gosto ou o
que quero, quero ser veterinária, só preciso juntar dinheiro para conseguir”. Assim de
acordo com as informações passadas pelo grupo focal e tabulação dos questionários
conforme gráficos abaixo as principais causas para as escolhas dos jovens universitários
foram em ordem de importância: 1) Por gostar da área; 2) Interesse Pessoal; 3) Devido ao
mercado de trabalho; 4) Como forma de aquisição de conhecimento.
Levenfus e Nunes (2010) esclarecem que o jovem avalia além do seu desejo e
preferência por determinada área a realidade do mercado de trabalho e reforçam que a
preocupação precisa ir além do que se apresenta no mercado, os profissionais precisam
saber aprender, ser flexíveis as novidades e mudanças, utilizar suas habilidades e
competências sem esquecer das atitudes e trabalhar de forma coletiva.
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Gráfico 05 – Escolha do Curso
Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora
Nas informações contidas no gráfico 5 os alunos apontam o que os motivou a
escolher os cursos em detrimento dos outros. Na realização do grupo focal eles colocaram
que suas escolhas foram pautadas em seus desejos pessoais e que a família pouco
interferiu, e as que o fizeram (família), deram apenas sua opinião, sem forçar ou interferir
na decisão individual dos jovens, tal fato pode ser constatado no gráfico apresentado.
Pode ser notado ainda, o fato de gostar da área, o curso ter um fator social e
contribuir de alguma forma positiva com a sociedade, foram determinantes significativos,
principalmente, para os alunos do curso de Psicologia que representam um número maior
da amostra. Na realização do grupo focal eles colocaram que suas escolhas foram
pautadas em seus desejos pessoais e que a família pouco interferiu, e as que o fizeram
(família), deram apenas sua opinião, sem forçar ou interferir na decisão individual dos
jovens, tal fato pode ser constatado no gráfico apresentado.
Vale ressaltar que o maior índice de jovens influenciados por seus familiares
foram oriundos do curso de contabilidade. No questionário não foi feito este
questionamento do por que ou de que forma a família interveio, apenas se houve a
influência, porém no grupo focal os alunos participantes do curso de contabilidade
afirmaram que seguiram a orientação de seus familiares por já possuírem uma empresa
que trabalha com contabilidade. Também porque verificaram junto à família como é fácil
a alocação no mercado. Mediante minha experiência como professora universitária do
curso de Ciências Contábeis, consigo validar no dia a dia as palavras dos acadêmicos
participantes, os fatores apontados pelos alunos conferem efetivamente com o que é
vivenciado e relatado pelos acadêmicos em sala de aula quando questionados sobre o
33%
18%20%
15% 14%
Gostar da área Mercado de trabalho Interesse pessoal
Adquirir conhecimento Ajudar pessoas
Motivos para Escolha do Curso
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porquê da escolha. Abaixo as falas dos alunos do curso de Ciências Contábeis que
participaram do grupo focal e no gráfico 6 quantos acreditam terem sofrido a influência
da família,
[...] eu também fui meio parecido, fiz técnico em administração, depois fui trabalhar em contabilidade então uma coisa levou a outra, além disto, meu pai e meu irmão trabalham com contabilidade e foi meio instintivo, eu via que meu
pai sempre trabalhou com isto. (Eduardo) ...a contabilidade veio porque meu tio tem um escritório e trabalho lá no departamento de pessoal, mas não é o que gosto ou o que quero, quero ser
veterinária, só preciso juntar dinheiro para conseguir. (Isabele)
Gráfico 06 – Influência da Família
Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora
Muitos são os fatores que influenciam na decisão de um ou outro curso, trabalho,
em toda escolha há uma preferência ou predisposição a algo , Dias e Soares (2009, p.44)
afirmam que:” Várias circunstâncias criam desafios e oportunidades de sucesso ou
insucesso nas escolhas profissionais”, assim mediante as mudanças constantes no mundo
do trabalho, a multiplicidade das opções de escolha, a influência direta ou indireta da
família, amigos e meio social, tudo contribui e se faz presente no momento da escolha
sobre que carreira seguir.
CATEGORIA 3.1.2 – Orientação Profissional (OP)
26%
72%
2%
Sim Não Não sabe
Sua família influenciou na escolha do curso?
58
Nos gráficos que seguem de acordo com os resultados do questionário
aplicado na investigação, pode-se perceber o quanto o trabalho de orientação
profissional é pouco aproveitado, discutido e mesmo divulgado.
Gráfico 07 – Orientação Profissional
Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora.
Enquanto transcrevia a fala de Isabele, uma das jovens universitárias que
participou do grupo focal, achei importante mencionar sua pouca participação, não que
ela fosse tímida e quando questionada sobre seu entendimento acerca do grupo, esta
afirmou que o pouco interesse se justificava ao fato de cursar uma faculdade que não era
o que gostaria, que não tem interesse, faz apenas para ganhar melhor no local em que
trabalha. Associado a este fator lembrei prontamente de todos os jovens que estão em
cursos que não almejam, seja por influência dos pais, seja por poucas condições
financeiras para custear o curso dos sonhos, seja pela falta de informação na escolha do
curso, inúmeras podem ser as hipóteses e para algumas delas o processo de OP poderia
ser de grande valia se mais difundido e mais trabalhado no Ensino Médio.
Uvaldo e Silva (2010) citam uma pesquisa de Lehmann referente à evasão
universitária e esta vem de encontro ao mencionado, 76% dos alunos que pretendiam
abandonar o curso afirmaram que não refletiram muito a respeito da escolha, não
procuraram se informar ou foram influenciados pela família. Alertam que no ensino
médio não há este trabalho, obviamente não é possível generalizar, mas na maioria das
escolas o que acontece são feiras, ações, programas e acontecimentos pontuais para tratar
da orientação profissional, o que auxilia de forma paliativa a questão.
5%
95%
Recorreu a algum serviço de Orientação Profissional?
Sim Não
59
Dados do grupo focal e dos questionários dão conta que os alunos afirmaram ter
participado de qualquer tipo de orientação profissional para a escolha do curso, nos
questionários 95% dos participantes afirmaram nunca ter feito nenhum processo de
orientação profissional e os que informaram positivamente quando questionados sobre
como foi o processo, comentaram ter realizado testes online ou que responderam
inventários isolados, como pontuam os acadêmicos participantes do grupo focal quando
questionados sobre em algum trabalho de Orientação Profissional, como Felipe “ não, eu
estudava no Universitário e os estudantes de psicologia fizeram o teste, mas nunca deram
retorno, risos..., também a jovem Beatrice “só os testes do Google, que dá se você é de
humanas ou exatas”. Rose menciona que aos trinta anos iniciou Pedagogia e lá tinha um
teste e já aparecia a Psicologia. Sofia disse não também, assim como os demais.
Dos 58 (cinquenta e oito) acadêmicos que realizaram o preenchimento do
questionário, apenas 3 (três) afirmaram ter participado de algum tipo de orientação
profissional, entretanto, quando questionados qual foi o tipo de orientação que receberam,
estes disseram ser feito um teste, ou seja, não podemos entender que o teste, muito
utilizado em processos de orientação constitui efetivamente a orientação profissional,
porque como discutido e já apresentado o processo de orientação profissional está
atrelado ao conhecimento, ao questionamento de si, de seus desejos e interesses, aptidões,
bem como apresentação de cursos e discussão do mercado de trabalho. O gráfico 8,
representa a satisfação dos alunos nas escolhas que fizeram, sugere-se que esta satisfação
está associada ao encontro do que almejavam e o que entendiam de cada curso com a
efetividade dos mesmos. A qualidade do ensino prestado também pode ser um agente de
satisfação, visto que a instituição de ensino muito pode contribuir para o interesse ou
desinteresse de seus alunos, dependendo da qualidade do ensino ofertado.
Entre aqueles que fizeram testes apareceu a crença de que o teste representa
importante ferramenta, se não a mais importante do processo de orientação profissional,
Lisboa (2000) afirma que uma das maiores distorções dos processos de orientação
profissional estão relacionados à aplicação de inventários, que se aplicados isoladamente
pouco contribuem para o processo de escolha. Lima também ajuda quando diz (2007,
p.149) “O “teste” surge, então, como um recurso mágico, idealizado, que aliviara a
pessoa, devolvendo-a a sua “zona de conforto”, no entanto, isso não necessariamente se
dá desta forma...”.
Assim, retomando o que foi discutido anteriormente, a questão da orientação
profissional transcende alguns processos como aplicação de testes, está muito mais ligada
60
ao autoconhecimento, autodesenvolvimento e apropriação de cada profissão para uma
escolha mais assertiva e reflexiva.
CATEGORIA 3.1.3 - Satisfação com o curso/ escolha.
Os universitários, de acordo com os resultados obtidos na tabulação dos
questionários, bem como no grupo focal, sinalizaram que estão satisfeitos com o curso
que escolheram; 95% dos alunos que preencheram os questionários afirmam estar muito
satisfeitos ou satisfeitos com o curso; no grupo focal da mesma forma, além disso, um
número significativo de alunos não faria escolha diferente. Mediante os resultados
obteve-se um percentual considerável de satisfação.
Gráfico 08 – Satisfação com o Curso
Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora
Pelas falas dos acadêmicos do grupo focal a universidade tem-se mostrado muito
parceira e atende as necessidades dos alunos, seja em relação à grade curricular, seja em
relação aos professores. O grupo de estudantes da Psicologia inclusive afirmou auxiliar
na construção do curso, contribuem com opiniões e são levados em consideração, os
alunos do curso de contabilidade não se mostraram tão satisfeitos no que tange a
sugestões.
A seguir apresentamos o diálogo que se observou no grupo focal acerca do
assunto e as opiniões dos jovens universitários,
52%43%
5%
Muito satisfeito Satisfeito Pouco satisfeito
Satisfação com o Curso
61
Eu acho que a Psicologia aqui é bem legal, traz os estágios para frente do curso e conseguimos agregar a teoria à prática e nos faz enxergar como está o mercado lá fora;( Beatrice) Nós na Psicologia falamos sobre a iniciação cientifica, em como escrever artigos científicos, ( Felipe) Esta questão dos artigos é bem legal porque nos abre uma nova perspectiva acadêmica, par mestrado e tal, é muito bom o currículo e este tipo de preparação nós temos psicologia esta 10. ( Beatrice) As produções acadêmicas, não temos, os estágios acontecem só no final e eu percebo que quem não tem experiência tem dificuldade em entender algumas coisas.( Gabriele) Nós temos o trabalho institucional, que é só a partir do terceiro semestre, tivemos que constituir uma empresa, para nós que já estamos na área foi um pouco difícil imagina para quem nunca trabalhou? Percebo e tiro por mim como base, no inicio quando não trabalhava pensei até em desistir do técnico, só permaneci porque comecei a trabalhar, senão teria desistido e acho que é isto que acontece quem não conhece a área ou teve qualquer experiência tende a desistir. ( Eduardo) Eu sinto que em Psicologia os alunos contribuem muito para a construção do curso, acho que todos que estão aqui são bastante dedicados, porém tem muita gente no curso que se limita ao que os professores falam, que não pesquisa fora, falta, não presta atenção...( Felipe) Tem gente que não consegue linkar a teoria com a prática;( Beatrice) No nosso curso por ser exatas, não tem como ter a teoria sem a prática, ( Gabriele) Engraçado que para nós não existe prática sem teoria; ...( Felipe) Mas no curso de vocês os professores conseguem colocar na prática? ;( Beatrice)
Sim, eles colocam, mas se você não esta vivenciando se torna muito difícil, de onde vem isto, como chegamos a estes valores? Acredito que um estágio ante, assim como Psicologia seria bem interessante, porque em contábeis estágios só no oitavo semestre. (Gabriele, Eduardo e Isabele) Ás vezes a questão passa pela elaboração da grade, eu analisei bastante a grade daqui e da Furb, na Furb os estágios são só no final, tu tem que ter uma noção básica, porque não adiante jogar toda a teoria, e no final fazer o link, tu esquece toda a teoria, tem que ir praticando, é o que algumas pessoas precisam, para conseguir entender. Todo o curso precisava ter, vai ver que por isto tenha tanta absenteísmo no curso de contábeis, (Beatrice)
Este diálogo dos alunos foi riquíssimo, porque conseguem identificar pontos que
podem ajudar na retenção dos alunos, bem como enriquecer seu processo acadêmico.
Independente do curso os alunos ao invés de promoverem críticas, como é usual,
percebem alternativas para o sucesso. Este olhar positivo frente às adversidades e a
62
conquista de alternativas para a solução dos problemas é uma das competências mais
interessante das novas gerações, estes tendem a não se apegar a quem ou o que, mas sim
em como podemos resolver. Os alunos seguem com sugestões para o êxito e proposta
para a satisfação dos demais,
Quem sabe estágios extracurriculares, para ajudar a compreensão? Nós o que temos alguns poucos e estes não são remunerados, não interferimos só observamos. (Sofia) O que é complicado é o seguinte, se você trabalha em outra área e ganha R$ 2.000,00 mas estuda contábeis, uma hora terá que entrar na sua área e o salário base é R$ 930,00 salário inicial, quem vai querer trocar R$ 2.000,00 por R$930,00?( Gabriele) Bom, mas ai é hora da pessoa escolher, quem escolhe o salário é imediatista, não pensa em longo prazo e quando você opta por uma formação precisa ter em mente que chegara um momento que terá que começar naquilo que escolheu. justamente, tem pessoas que não fazem um planejamento, não pensam que agora R$ 930,00 é pouco, mas que no futuro breve, tende a ser bastante e na sua área de formação e conhecimento, eu tenho que ter ciência que o inicio será difícil; Comigo aconteceu, pedi demissão do meu emprego onde era feliz e ganhava R$ 1.200,00 para ganhar R$ 545,00 (salário mínimo) na época porque eu precisava ingressar na área. (Sofia)
Estes depoimentos ou falas dos alunos demonstram realidades bem diferentes
referente à inserção profissional de ambos os cursos. No eixo 3, que trata da inserção
profissional será possível identificar com clareza as facilidades e dificuldades dos alunos
no ingresso ao mercado. No gráfico 9 visualiza-se que 86% não fariam algo diferente de
sua escolha, apenas 14% apontaram que sim.
63
Gráfico 09 – Mudança de Escolha.
Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora.
No grupo focal os acadêmicos foram questionados se o curso atende as suas
expectativas, sete dos oito participantes mencionam que sim e complementam que a
composição da grade curricular foi um agente de escolha da universidade, bem como um
ponto de satisfação dos alunos,
Eu trabalhei tanto nas exatas e agora estou nas humanas, eu sou técnico telecomunicações, trabalho na área, antes de fazer psicologia eu lia muito sobre filosofia, psicologia e tal, na minha cabeça era assim, primeiro vou me profissionalizar e depois procurar algo que me dê prazer e conhecimento, então fiz esta regra, quem sabe no futuro eu venha a trabalhar como psicólogo, mas o futuro é nebuloso. Não sei dizer onde teria mais sucesso financeiro, se em telecomunicações ou em psicologia. (Heitor)
[...] às vezes a questão passa pela elaboração da grade, eu analisei bastante a grade daqui e da Furb, na Furb os estágios são só no final, tu tem que ter uma noção básica, porque não adianta expor toda a teoria, e no final fazer o link, tu esquece toda a teoria, tem que ir praticando, é o que algumas pessoas precisam, para conseguir entender. Todo o curso precisava ter, vai ver que por isto tenha tanta absenteísmo no curso de contábeis... (Beatrice).
3.2 EIXO 2 – Sentidos e Significados do trabalho
Abordando o segundo eixo proposto nesta pesquisa a respeito do sentido e o
significado do trabalho para os universitários participantes é que este eixo foi estruturado.
14%
86%
sim não
Se pudesse escolher faria algo diferente?
64
CATEGORIA 3.2.1 – Sentido e Significado
Considerando as diferenças entre sentido e significado, bem como o fato de esta
pesquisa ter sido realizada com um grupo pré-estabelecido de indivíduos, no caso de
jovens universitários, estes com objetivos e interesses em comum, optou-se por tratar, de
forma generalizada, quando estes expõem o sentido do trabalho a partir dos dados
estatísticos obtidos através de questionário com perguntas abertas e fechadas e a
apreensão na parte qualitativa no grupo focal quando foi possível chegar ao significado
do trabalho para este grupo especifico. O termo significado é proveniente das interações
sociais, de conceitos e normas existentes e o sentido exprime uma produção pessoal
decorrente da apreensão das experiências cotidianas (RAITZ; SILVA, 2014). O gráfico a
seguir demonstra o sentido que o trabalho tem para os jovens que participaram da
pesquisa para a obtenção dos dados quantitativos, que consistiu na resposta ao
questionário, aqui todos os universitários que responderam à pesquisa são representados,
inclusive aqueles do grupo focal.
O trabalho que os realiza é, no entendimento desses jovens, o que dá sentido ao
trabalho, seguido por aquilo que podem aprender e se aperfeiçoar e que respeite sua vida
pessoal, todos estes com percentuais muito aproximados, assim como aquele trabalho que
permita a este jovem ter influência no meio no qual está inserido. As questões básicas de
sobrevivência são por eles as menos consideradas.
65
Gráfico 10 – Sentido do Trabalho.
Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora
CATEGORIA 3.2.2 - Centralidade do Trabalho
Interessante verificar os resultados apontados pelos estudantes para o sentido do
trabalho e o quanto este realmente vem mudando e se remodelando no decorrer dos anos.
Algumas décadas atrás o trabalho aparecia com um cunho de sobrevivência, sendo sua
primordial função de prover a subsistência humana, hoje aparece com uma roupagem de
realização pessoal, cunho social daquilo que sou capaz de fazer por mim e pelos outros.
Tolfo et al (2016) cita o MOW - Meaning of Work, um grupo de pesquisas
internacionais, sediado no Canadá, que investiga o sentido e a centralidade do trabalho
em diversos países, desde a década de 1970. Estes tem dado suporte às pesquisas
nacionais no quesito sentido e significado do trabalho, os pesquisadores estabeleceram, a
partir de estudos empíricos, as seguintes dimensões: centralidade do trabalho
(importância atribuída a ele na vida da pessoa), normas sociais sobre o trabalho (derivadas
de valores morais relacionados ao trabalho) e resultados valorizados do trabalho, o que
os levam a trabalhar. No gráfico, a seguir, podemos perceber que o trabalho ocupa a
terceira posição no que tange a centralidade, ficando atrás da família e da saúde, neste
quesito a perspectiva utilizada para análise dos dados foi a sócio- histórica, entendendo o
31%
19%18%
14%
18%
Um trabalho que tem sentido é aquele que:
Que eu possa me realizar e fazer o que gosto
Que me permite aprender e me aperfeiçoar
Que respeita minha vida pessoal
Que garante minha sobrevivência
Que me permite ter influência no meio em que vivo
66
homem e suas vivências ao longo da história. Essa perspectiva consiste nos significados
“como produtos históricos de um grupo social, que, no âmbito do sujeito, remetem a um
sentido, relacionado com a realidade, com a própria vida e com motivos individuais”
(TOLFO et al, 2016, p.114).
Gráfico 11 – Centralidade do Trabalho
Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora
3.3 EIXO 3 – Inserção profissional
Este sem dúvida foi o eixo mais importante e concreto da pesquisa, os estudantes
puderam colocar o que entendem do mercado, a perspectiva que possuem referente a seu
planejamento ou mesmo projeto de carreira, o que a universidade passa e a marcante
diferença entre o mercado para o curso de Psicologia e Ciências Contábeis.
Neste eixo as categorias serão discutidas associadas. Nesse sentido, serão
tratadas as situações profissionais dos alunos, como percebem o mercado de trabalho e as
dificuldades que entendem como mais evidentes para inserção profissional. Uma das
perguntas importantes foi se o curso ou a universidade informa como está o mercado,
conforme o gráfico 12, 60% afirmou ter um retorno da instituição referente a como estão
as oportunidades de trabalho referente a futura profissão, 35% respondeu que
24%
20%
17%
15%
13%11%
O que é mais importante para você?
Família Saúde Trabalho Educação Lazer Religião
67
eventualmente e 5% que não, que a instituição não apresenta como está o mercado de
trabalho.
Gráfico 12 – Universidade e Mercado
Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora
No grupo focal foi possível aprofundar as razões dos percentuais que aparecem
no gráfico, conforme os depoimentos,
Para nós sempre aparecem informações sobre o mercado, temos alguns professores que trabalham com auditoria e tem seu próprio escritório de contabilidade, eles estão sempre passando uma ideia como estão as coisas; (Eduardo) No nosso curso, principalmente o Marcelo (professor) ele coloca muito a questão do empreendedorismo para o psicólogo, para não ficar preso as opções de mercado, para buscar alternativas próprias que isto na verdade é o grande nicho que a gente tem; (Felipe)
Segundo as informações repassadas pelos alunos a universidade constantemente
informa sobre o mercado, mesmo no curso de Psicologia quando antes o foco era mais
acadêmico, hoje a universidade (partimos da instituição em questão) informa e trabalha
uma grade curricular interessante, discutindo sobre a prática de iniciação a ciência bem
como estágios antecipados.
Vale ressaltar a questão dos estágios antecipados, a possibilidade de estágios no
decorrer no curso e não apenas nos semestres finais, esta experiência, acredito, possibilita
um planejamento de carreira melhor estruturado, visto a possibilidade de experienciar a
68
prática muito antes de sair para o mercado de trabalho. Referente a questão dos estágios
Caires & Almeida, (2001, p. 189) apontam:
...uma boa oportunidade para, num meio relativamente protegido (na medida em que ainda continua ligado à universidade e tem um supervisor a acompanhá-lo), ensaiar o seu novo papel e construir os alicerces básicos que sustentarão a sua 'sobrevivência' no mundo do trabalho.
CATEGORIA 3.3.1 - Conhecendo o Mercado
Gráfico 13 – Conhecendo o Mercado
Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora
Com base na análise do gráfico entende-se que 64% dos estudantes sabem e
conhecem as possibilidades de mercado que o curso oferece, em contrapartida, quando
no grupo focal a pergunta surge se eles têm auxílio do curso em relação a diagnóstico do
mercado, ofertas de emprego na área, parcerias com empresas, etc, podemos perceber que
faltam informações e conhecimentos sobre o assunto e a visão que possuem da
universidade:
Isto falta, eu já procurei e não achei, podia ter mais parcerias com hospitais, instituições... A faculdade aparece muito pouco. (Rose) Acho que o nome da faculdade tem muito peso nisto, acho que firmar parcerias com a Furb por exemplo deve ser muito mais fácil, (Sofia)
64%
0%
36%
Você sabe todas ou pelo menos a maioria das possibilidades e áreas que seu curso proporciona como oportunidade de trabalho?
sim parcialmente
69
Acho que nome não é lá estas coisas, já foi, mas hoje não é mais, mas vamos pensar, pessoal estudamos em uma universidade nacional, muito maior que a FURB.(Beatrice) Instituições mais renomadas e antigas tipo a Furb, só tem dinossauro, aquele pessoal que não se renova e estes sim, não informam do mercado, dão sempre as mesmas coisas; (Gabriele)
Na continuidade do diálogo surgem questionamentos sobre a visão que possuem
do mercado e a relação com o curso,
Eu não faço ideia, e assim, pegando a clínica por exemplo, eu não sei como pode ser, quanto se pode ganhar, qual o salário do psicológico, se eu me formasse hoje eu irei trabalhar com a clínica, então estou meio assustado assim, ( Heitor) É que nós estamos no começo assim, não sabemos muito bem, (Felipe) A clínica na verdade é uma incógnita, tu pode ter paciente como pode não ter, é complicado, muito complicado (Beatrice) Pode não ser como quero; primeiro tem que se formar e depois ver o que vale para a nós.( Rose) E tem outra coisa assim que já ouvi outros professores falando, que só ter clinica não dá, precisa complementar a renda de alguma outra forma, aulas à noite, concurso público. (Beatrice) Precisa pensar, quantas pessoas buscam mesmo o serviço do psicólogo? (Felipe)
Eduardo ouvindo o discurso da Psicologia ponderou,
Diferente, mas para nós também parte de um princípio parecido, se quisermos ter uma remuneração diferente, precisamos ter algum diferencial, ou quem sabe abrir nosso próprio negócio, também não é fácil, demora algum tempo até obter um retorno financeiro bom, mas no final das contas não foge muito, hoje trabalhamos de empregados. (Eduardo)
Transcrevendo as falas e analisando as informações repassadas por estes alunos,
pode-se pensar que no curso de Ciências Contábeis existe um mercado com muita
demanda de emprego, porém pouca mão de obra qualificada como menciona Gabriele em
sua fala transcrita abaixo. Em contrapartida os estudantes de Psicologia pontuam que
existem muitos profissionais no mercado, porém acreditam que não tenha tanta demanda
de emprego como há profissionais.
Em contábeis nós já podemos dizer que é diferente, tem mercado, há muitas vagas de emprego, muita empresa procurando, porém a falta de mão-de-obra,
70
não ter profissionais qualificados é um problema, nossa turma, por exemplo, nós iniciamos com 17 alunos hoje nós somos em 13; (Gabriele) É menos que psicologia, nós estamos com 20 e poucos; (Beatrice) Minha turma de contábeis iniciou com 8 alunos e juntou com a turma deles (Gabriele) dos 8 ficaram uns 2. (Eduardo)
A pesquisadora neste momento quis entender melhor e questiona se algum deles
já fez planejamento de carreira, ou pelo menos já pensou nele?
Tem muita gente formando que não sabe, que não sabe o que vai fazer, porque não parou para pensar antes...( Felipe) Eu tenho ideia de trabalhar com as crianças eu quero trabalhar no que gosto e tirar tempo para mim e para minhas filhas. Eu tenho duas filhas adotivas, eu preciso me formar, pensar em trabalhar, quem sabe em escola, conseguir um espaço onde tem espaço infantil, mas agora é uma fase bem complicada, a vida cobra muito de mim tem 11 anos. Eu conheço bastante escolas, amigas que tem clinicas, mas ainda não sei direito. (Rose) Acho que não tão no começo, porque estou só no terceiro semestre, eu entrei com uma cabeça e já estou com outra e durante o curso vamos mudar de opinião, tenho certeza que é em todos os cursos, não só psicologia. ( Beatrice) Sim concordo, mas você tem um norte, mesmo que não seja tão certo, mas você já tem que ter uma meta. ( Felipe) Concordo, não é só no final que tem que pensar, tanto que nós temos bastante a questão de estágios, que você consegue experienciar, no final temos bastante estagio em clínica e já conseguiremos ter uma ideia, mas agora é muito difícil. (Beatrice)
Naturalmente que os alunos tem suas preferências e alguma noção do que os
interessará desenvolver no percurso acadêmico que tem a seguir e por este motivo pensar
no planejamento de carreira é importante, eles terão que administrar o conhecimento, as
aprendizagens, as transições que sofrem no decorrer da vida, para Ourique e Teixeira
(2012) é a forma com que cada indivíduo é protagonista de sua vida em direção a um
estado futuro desejado. O indivíduo tem inúmeras possibilidades e alternativas que podem
influenciar a sua vida relacionada ao trabalho
Perguntados novamente a partir das respostas, eles respondem a que atribuem
esta falta de mão de obra,
Eu não sei o que as pessoas acham, que contábeis é matemática? As pessoas acham que é cálculo, cálculo, cálculo, mas é muito prática, muita teoria, muito raciocínio, calculo, nós temos bem pouco na verdade, para ser bem sinceros para vcs, se a pessoa não gosta de matemática ela nem cogita fazer o curso porque imagina que são apenas cálculos.( Gabriele)
71
Eu acho, desculpe, mas é a impressão que eu tenho, (Beatrice) Sei lá, eu quando fui procurar um curso presencial para fazer eu pesquisei o que cada um tinha para oferecer antes de descartar pra justamente não ter esta visão distorcida assim. (Sofia) acho que a falta de pessoas é justamente isto, só faz ou busca o curso só quem já está na área, ninguém se joga para fazer o curso, porque tem medo que seja muita matemática, quem não gosta de matemática nem cogita a possibilidade de fazer o curso porque acha que são só cálculos . (Gabriele)
Ou seja, podemos entender que há um certo desconhecimento acerca dos cursos,
os alunos mesmo tendo acesso a diversos meios de informação, como eventos
promovidos pelas universidades para divulgação dos cursos, acesso à internet entre outros
e ainda assim, pouco sabem do que efetivamente se tratam e a demanda que o mercado
oferece.
Todos os alunos do curso de ciências contábeis que participaram do grupo focal
trabalham na área desde o início do curso, dos estudantes de psicologia nenhum atua na
área, ainda, e pontuam:
Para psicologia só conseguimos começar a trabalhar se for no RH, assistentes de Rh...eu trabalho em um consultório médico e não tem nada a ver com a minha área. Acaba que somos levados pelo mercado porque é a opção que temos, porém tem muitas alternativas, pode ser hospitalar, jurídica, não é tão pobre como parece. (Beatrice) É bem difícil, não existem nem estágios remunerados na nossa área, a maioria é para outras áreas, direito, adm... (Felipe) É que não tem como você ser auxiliar de psicólogo, ou você é ou não é. ( Rose)
CATEGORIA 3.3.2 - Situação Profissional
Especificamente sobre a situação profissional, visualiza-se no gráfico 14, que 74%
dos estudantes que participaram da pesquisa trabalham e apenas 26% não estão
trabalhando no momento.
72
Gráfico 14 – Situação Profissional
Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora.
Em relação a todos os relatos dos alunos, chama a atenção suas respostas quando
se trata das diferenças no mercado de trabalho para os estudantes de ciências contábeis e
de psicologia.
A maioria dos estudantes trabalha, porém, nenhum dos alunos participantes do
grupo focal do curso de Psicologia, afirmou trabalhar na área. Estes mencionaram que
são poucas as oportunidades, de maneira geral, as vagas para Psicologia em grande parte
é para área de Recursos Humanos das empresas. Salientam que devido à situação
econômica e política do país no momento, afeta, ainda, mais a falta de oportunidades,
obviamente isto é pertinente ao curso de Ciências Contábeis também, que mesmo tendo
um prisma diferente da Psicologia e um campo com mais oportunidades, também sofre
com os reflexos da economia.
A escolha do curso e posterior a isto, a decisão de carreira segundo Silva (2010)
pode, de fato, não ter uma relação direta com uma percepção positiva do mercado e das
chances de inserção, visto que muitos são os fatores que interferem na construção de uma
carreira, uma delas como mencionado pelos alunos do grupo focal podem ser as questões
econômicas e a saúde financeira do país o que segundo Koen et al (2012) pode levar os
recém-formados a ter como preocupação principal conseguir se inserir de alguma forma
no mercado, o que pode os tornar menos criteriosos na busca de oportunidades e mais
sujeitos a empregos menos interessantes.
74%
26%
Situação Profissional
73
CATEGORIA 3.3.3 - Dificuldades de Ingresso no Mercado
Para os alunos de maneira geral, conforme aponta o gráfico a seguir, as causas
mais significativas de dificuldade no ingresso no mercado são a concorrência e a falta de
oportunidade, levando em consideração o primeiro item e revisitando a teoria quando
tratamos do conceito de competência, podemos pensar no CHA, que é o conjunto dos
conhecimentos, habilidades e atitudes que o indivíduo adquire ou desenvolve e que
ajudam a diferenciar um profissional do outro e a torna tão importante no mercado de
trabalho atual.
Gráfico 15 – Principais Dificuldades de Ingresso no Mercado
Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora
Para profissionais atuantes no mercado é muito fácil falar em competências,
atitudes, identificar o que se precisa desenvolver para ter sucesso profissional ou mesmo
realização profissional, no entanto para os universitários este discurso não é tão simples,
visto o fato de muitos nem terem ingressado no mercado ainda. Bardagi et al (2006)
afirmam que a preocupação com o futuro profissional é comum entre os acadêmicos e
que os temores nesta fase podem desencadear maneiras diferentes de encarar o mercado
de trabalho, uns de forma mais passiva outros buscando tudo que lhe foi apresentado
durante a formação acadêmica como ferramenta para o alcance de seu planejamento ou
projeto, trabalhando com isto para desenvolver as competências necessárias,
31%
7%
7%
31%
24%
Concorrência Momento econômico do país
Idade Falta de oportunidade
Falta de experiência
74
... a correlação positiva encontrada entre o comprometimento com a carreira e a avaliação positiva do mercado de trabalho sugere que a identificação com a profissão escolhida e a motivação para o exercício da mesma podem contribuir para o desenvolvimento de uma visão mais favorável sobre o mercado de trabalho ( OURIQUE E TEIXEIRA, 2012, pg.316)
Resgatando os autores que discutem a inserção no mercado de trabalho, bem
como as questões de planejamento de carreira podemos fechar este eixo entendendo o
quão importante é pensar no futuro, traçar metas e objetivos, entender de si e do mercado,
correlacionar os interesses pessoais as necessidades apresentadas com as tendências do
mercado de trabalho, a percepção de boas oportunidades perpassam e se sobrepõe as
eventuais dificuldades que podem aparecer.
75
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No término deste estudo conclui-se como o conhecimento não tem fim, muitas
outras considerações poderiam ser ditas ainda sobre a temática, entretanto, destacam-se
as mais relevantes desta investigação. A pesquisa permitiu comprovar e demonstrar
pontos importantes da visão e do posicionamento dos universitários frente às escolhas, o
entendimento sobre os cursos e os sentidos do trabalho ou mercado de trabalho que os
espera após a conclusão do ensino superior.
A troca de experiências proporcionada no decorrer da coleta dos dados da pesquisa
qualitativa por meio da realização do grupo focal ou na relação pesquisador-objeto-
pesquisado apontou diferenças e semelhanças significativas na interação com os
estudantes. A cada diálogo, a cada nova pergunta propiciou-se um espaço para reflexão e
por que não dizer os instigou a planejar e pensar enquanto ainda estudantes no seu
ingresso ao mercado de trabalho, daqueles que ainda não atuam na área e a reflexão do
que efetivamente almejam aqueles que já trabalham em sua futura formação acadêmica.
O quanto o planejar suas carreiras pode ser decisivo para o sucesso e realização
profissional de cada um.
A revisão da literatura contribuiu com informações para trabalhar o tema
apresentado na pesquisa, bem como evidenciou que trabalhar com a proposta de inserção
profissional para alunos regulares dos cursos de Psicologia e Ciências Contábeis seria
muito instigante e produtivo, visto que a maioria das pesquisas trata apenas da inserção
de estudantes egressos. As considerações foram apresentadas sempre relacionadas à
fundamentação teórica e aos resultados da pesquisa pautados nos eixos temáticos
estabelecidos.
A proposta inicial desta dissertação de mestrado era trabalhar com o sentido do
trabalho, no entanto no decorrer do processo de desenvolvimento da pesquisa a questão
norteadora tornou-se a inserção profissional, o que fez com que o pesquisador se
surpreendesse, mas também refletisse o respeito do que pondera Soares (2002) a respeito
das escolhas, que ao longo de nossa vida fazemos muitas escolhas e estas não são
definitivas. Portanto, não existe uma escolha certa ou errada e para o resto de nossas vidas,
tudo muda constantemente, as pessoas mudam, as vontades mudam, o mercado muda,
evolui e, nestas mudanças e evoluções, os atores sociais precisam acompanhar este
movimento de aprendizagens e aperfeiçoamentos. O que hoje está no auge amanhã pode
não estar mais e outras novas oportunidades surgirão. Assim, a curiosidade e o interesse
76
em entender como os cursos e seus alunos se encontram estruturados e se inserem no
mercado tornou-se maior e o objetivo da pesquisa e foi alterado para entender, então, as
expectativas de carreira destes dois grupos distintos de alunos frente ao mercado de
trabalho.
No que tange as questões ainda referentes à escolha constata-se que os jovens
participantes da pesquisa afirmaram estarem satisfeitos com suas escolhas de curso,
Segundo Soares (2002) o melhor é pensar em fazer a melhor escolha de acordo com o
momento e as condições estabelecidas, nem todos têm consciência de suas escolhas,
limitações e determinantes, no entanto, elas acontecem e podem mudar.
Os estudantes universitários participantes da pesquisa pouco puderam contar com
o apoio de uma ferramenta bastante eficaz para auxiliá-los no processo de escolha
profissional, a orientação profissional, percebeu-se a partir das falas a inexistência deste
tipo de trabalho no processo de suas escolhas no que diz respeito ao curso, o
desconhecimento sobre o que é efetivamente e como se dá uma orientação profissional
feita adequadamente. Dos 58 (cinquenta e oito) alunos entrevistados, menos de 5 (cinco)
disseram que recorreram ao serviço e estes quando questionados sobre como se deu a
orientação profissional, mencionaram que fizeram testes on-line, o que obviamente não
caracteriza o trabalho desenvolvido no processo de orientação profissional.
Abramo (2008) contribui com a percepção que os jovens têm em relação ao
trabalho, sintetiza basicamente o que universitários participantes da pesquisa
responderam quando questionados sobre o que compõe o sentido e significado trabalho.
A autora comenta que o tipo de trabalho que realizam, a capacidade de realização, o
crescimento que este pode vir a proporcionar, bem como a forma como se encaixa nas
demais dimensões da vida é o que levam em conta. Segundo os acadêmicos participantes
do grupo focal, muitas palavras respondem a esta questão, todas estão ligadas ao
reconhecimento e realização profissional, as quais só podem acontecer se atreladas à
educação, que no conceito geral deles é a base de nossa evolução. É por meio dela que se
consegue constituir uma estrutura que nos propicia o desenvolvimento pessoal e,
consequentemente profissional. Não obstante do que então era a centralidade do trabalho
e sua função para nossa sobrevivência, hoje assume uma roupagem mais individual e, ao
mesmo tempo social, atrelada como já mencionado a realização mais do que a
sobrevivência.
A compreensão do sentido do trabalho e a realização profissional para estes jovens
participantes da pesquisa mostraram-se importantes, quando se evidenciaram as
77
diferenças na inserção profissional dos alunos regulares do curso de Ciências Contábeis
e a facilidade com que ingressam no mercado de trabalho. Dentre as semelhanças e
diferenças entre os cursos, a pesquisa propiciou a saída do campo hipotético e abre
perspectiva para novas pesquisas no entendimento de que, os alunos do curso de
contabilidade procuram a formação superior por já estarem incluídos no mercado de
trabalho, ou seja, a inserção profissional precede a escolha do curso superior; todos os
participantes do grupo focal pontuaram que começaram a trabalhar na área antes de
escolher o curso, e optaram por Ciências Contábeis para agregar teoria.
Em contrapartida os estudantes de Psicologia somente estarão no mercado de
trabalho na sua área de formação, após terem concluído o curso e somente podem atuar
como psicólogos após registro no órgão regulador da profissão. Também o equívoco no
conceito que se tem sobre o Curso de Ciências Contábeis, e a falta de orientação dos
jovens em relação às profissões ficaram evidentes. No curso de Ciências Contábeis os
acadêmicos planejam suas carreiras por preferência de atuação, já no curso de Psicologia
os universitários avaliam além a preferência se haverá mercado para supri-los. Ao mesmo
tempo, assinalaram que sabem que mesmo depois de formados enfrentaram um mercado
com menos oportunidades e mais competitivo devido à grande demanda de profissionais
já no mercado e os que saíram das universidades e a baixa oferta de emprego, o oposto
ao curso de Ciências Contábeis. Estas informações foram obtidas pelos estudantes que
participaram do grupo focal.
A partir dos diversos discursos dos alunos tanto de ciências contábeis quanto de
psicologia é de fundamental importância que tenhamos o entendimento que as profissões além
das conhecidas diferenças, há o fato da necessidade e obrigatoriedade frente à sociedade de
uma e outra. O que isto quer dizer? Que as profissões assumem obrigatoriedade distintas.
Segundo Almeida (2002) o contador é o profissional responsável pela organização
financeira de uma empresa, controla receitas, despesas e lucros da organização, cabe entre suas
responsabilidades registrar todas as atividades financeiras, escrever relatórios e elaborar o
balanço patrimonial. Basicamente, toda a movimentação de ativos e passivos de uma
organização deve ser de conhecimento do contador, para que assim exista um controle seguro
do dinheiro que entra e sai da empresa.
Além disto o contador também pode trabalhar na regulamentação, sendo responsável
por verificar quais impostos a empresa deve pagar. E ainda, deve cuidar para que todos os
contratos estejam de acordo com a lei, do ponto de vista econômico e fiscal, seu trabalho diz
respeito a orientar o empresário sobre as questões contábeis, ou seja, é impossível que uma
78
empresa exista sem a existência de um contador, este é de fundamental importância para a
saúde financeira das organizações o que faz com que o mercado se mantenha aquecido e com
oportunidades frequentes.
Em contrapartida a Psicologia assume uma postura de prestação de serviço em
diversas áreas nas quais o psicólogo pode atuar, no entanto, em todas elas há certa dificuldade
de inserção, seja pela falta de demanda, seja pela pouca necessidade criada para a profissão.
Desta forma, conseguem se manter na profissão somente aqueles que têm condições de
investir alto para continuar competindo no mercado de trabalho e, claro, manter a
expectativa de que poderão se realizar profissionalmente. Considerando-se que a
psicologia guarda certas características muito específicas, estas, quando confrontadas
com a realidade, formam o quadro certo para deixar um profissional indeciso e sujeito a
aceitar qualquer oferta independente se o desejo real e de acordo com o planejamento de
carreira desenhado pelo sujeito.
Tendo estas alusões frente às profissões esclarecidas, podemos concluir que os
resultados foram muito significativos e mostraram que os estudantes vivem um
movimento circundante, transitório e heterogêneo na sociedade e no mundo do trabalho,
considerando o que se trouxe nos objetivos alcançados na investigação. Muitas outras
vertentes poderiam se incluir quanto a esse objeto, no entanto, se deixa para futuros
pesquisadores ou quem sabe num futuro doutorado, por ora chega-se ao final. Essa
pesquisa se torna relevante do ponto de vista científica e socialmente, uma vez que por
meio da revisão da literatura, ainda, são poucas as pesquisas na área de estudos. Este
estudo não é conclusivo e inúmeras outras considerações seriam possíveis e que sugere
continuidade e aprofundamento das pesquisas num próximo alçar voos.
79
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84
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ANEXOS
84
ANEXO A
Universidade do Vale do Rio Itajaí – UNIVALI Programa de Pós – graduação em Educação – Mestrado Eixo: Educação e Trabalho Pesquisador: Melissa Zeni Stuepp Orientadora: Drª Tânia Regina Raitz
AUTORIZAÇÃO
A Coordenação do Programa de Mestrado Acadêmico em Educação da Universidade do
Vale do Itajaí – UNIVALI – Campus Itajaí – autoriza a realização da pesquisa com o
título: “OS SENTIDOS DO TRABALHO PARA JOVENS UNVERSITARIOS,
ESCOLHA E INSERÇÃO PROFISSIONAL”, a ser realizado pela mestranda Melissa
Zeni Stuepp, sob a orientação da Profª Drª Tânia Regina Raitz. Durante o
desenvolvimento da pesquisa, o acadêmico e sua orientadora estão autorizadas a
frequentar a instituição para realização de coleta de dados. Os horários e organização da
coleta serão negociados previamente com a direção e os professores responsáveis pelos
estudantes dos cursos de Contabilidade e Psicologia da UniSociesc. Todos os dados
coletados serão mantidos em sigilo e utilizados somente para objetivos de pesquisa. O
acadêmico e sua orientadora estarão disponíveis para esclarecimentos de dúvidas a
respeito da pesquisa, sempre que for necessário.
Mestrando: Melissa Zeni Stuepp. (47) 9181-2844
Orientadora: Profª Drª Tânia Regina Raitz (47) 33417516
Local de pesquisa: Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI
Validade desta autorização: maio de 2016 a Dezembro de 2016
Responsável pela Instituição (assinatura e carimbo)
Itajaí, 04 de maio de 2016.
85
ANEXO B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
A sua participação no preenchimento deste questionário é parte da Pesquisa de Mestrado,
intitulada “OS SENTIDOS DO TRABALHO PARA JOVENS UNVERSITARIOS,
ESCOLHA E INSERÇÃO PROFISSIONAL”, sob orientação da Professora Doutora
Tânia Regina Raitz, e da Pesquisadora Participante do Mestrado: Melissa Zeni Stuepp. O
projeto busca a participação dos alunos da graduação dos cursos de Contabilidade e
Psicologia da Unisociesc unidade Blumenau.
Informo que o participante poderá ou não aceitar participar da pesquisa, bem como ter a
liberdade de, a qualquer tempo, deixar de participar, sem que isso traga qualquer tipo de
prejuízo ou problema. Enfatizo que poderá, a qualquer momento, pedir informações e
esclarecimentos sobre a pesquisa.
Abono a garantia de sigilo e à confidencialidade das informações coletadas nesse estudo
e seu conhecimento caberá apenas aos pesquisadores. Serão divulgadas apenas as análises
realizadas a partir das respostas obtidas. Reenterro que sempre será respeitada sua
autonomia e dignidade.
Informo a não existência de benefícios diretos, no entanto, com a participação na pesquisa
contribuirá para o fomento dos temas educacionais.
Enfatizo que não haverá nenhum tipo de despesa para o participante, bem como nada será
pago na participação da pesquisa.
Coloco à disposição ao participante da pesquisa os nomes e os telefones dos
pesquisadores.
Nome do (a) estudante: __________________________________________________
Contato /Fone :__________________ e-mail:_________________________________.
Melissa Zeni Stuepp Tânia Regina Raitz
Mestranda em Educação Profa. Dra. em Educação
86
ANEXO C
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO E DOUTORADO EM EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Mestranda: Melissa Zeni Stuepp Orientadora: Dra. Tânia Regina Raitz
QUESTIONÁRIO A SER APLICADO AOS ALUNOS (AS) UNIVERSITÁRIOS
As informações obtidas a partir deste instrumento permitirão reconhecer e identificar sua
escolha profissional, além do sentido do trabalho que atribui.
LOCAL: UNISOCIESC
CURSO: ( ) CONTABILIDADE
( ) PSICOLOGIA
Semestre:_________________.
1.Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )
2.Idade:________ anos.
3.Estado Civil:
Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado ( ) União Estável ( ) Viúvo ( )
4.Situação de Trabalho atual:
( ) Trabalha ( ) Não trabalha ( ) Nunca Trabalhou
5.Trabalha na sua área de formação?
( ) Sim ( ) Não
6.Se trabalha, qual sua situação de trabalho?
( ) autônomo
( ) Trabalho remunerado com CTPS assinada
( ) trabalho remunerado para terceiros de forma irregular, sem CTPS assinada;
( ) negócio familiar;
( ) servidor publico;
87
( )trabalhador eventual;
( ) membro de associação;
( ) membro de ONG;
( ) trabalho voluntário;
( ) estagiário;
( ) menor aprendiz
( ) outro. Qual? ____________________________________________
7.Qual sua renda?
( ) menos de um salário mínimo;
( ) de 1 a 2 salários mínimos;
( ) 3 a 4 salários mínimos;
( ) 4 a 5 salários mínimos;
( ) 5 ou mais.
8.Se mora com a família, qual a renda familiar mensal:
( ) menos de um salário mínimo;
( ) de 1 a 2 salários mínimos;
( ) 3 a 4 salários mínimos;
( ) 4 a 5 salários mínimos;
( ) 5 ou mais.
9.Em relação a sua faculdade, quem custeia as mensalidades:
( ) você
( ) sua família
( ) possui bolsa de estudos
( ) financiamento estudantil ( FIES)
10.Qual seu meio de locomoção:
( ) carro ( ) moto ( ) ônibus ( ) bicicleta ( ) andando ( ) outro. Qual?
_______________________
11.Quais motivos levaram a escolha do curso? Liste 3 em ordem de prioridade.
______________________________________________________________________;
88
______________________________________________________________________;
______________________________________________________________________.
12.Sua família teve influencia na escolha do curso?
( ) sim ( ) não ( ) não sabe responder
13.Você esta satisfeito com sua escolha ?
( ) muito satisfeito
( ) Satisfeito
( ) pouco satisfeito
( ) Insatisfeito
Justifique:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
14. Se pudesse escolher novamente, faria algo diferente?
( ) sim
( ) não
O que?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
15. Fez algum teste ou recorreu a algum serviço de orientação vocacional para
auxiliar na escolha de sua futura profissão?
( ) sim
( ) não
Se sim, o que?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
89
16.Qual o sentido do trabalho na sua vida? Liste 3 aspectos em ordem de
importância
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
17 . Um trabalho que tem sentido para mim é aquele: Coloque em ordem crescente
de importância para você:
( ) Que corresponde aos meus interesses e desejos
( ) Que me permite aprender e me aperfeiçoar
( ) Que eu possa ajudar os outros
( ) Que permite vislumbrar o futuro
( ) Que faz um trabalho útil para a sociedade
( ) Que me permite ter influência no meio em que vivo
( ) Que garante minha sobrevivência
( ) Que respeita minha vida pessoal
( ) Que reconheça minhas competências
( ) Cuja carga de trabalho é ajustada
( ) Que assegure minhas necessidades básicas ( alimentação, vestuário...)
( ) Que respeita as minhas convicções pessoais
( ) Que é feito em um local de justiça e igualdade
( ) Que me torne independente da família
( ) Que eu possa me realizar e fazer o que gosto
18.O curso lhe orienta ou discute sobre sua inserção no mercado de trabalho?
( ) Sim ( ) não ( ) eventualmente
19 . Você acredita que encontrara dificuldades para ingressar no mercado de
trabalho?
( ) Sim ( ) não ( ) eventualmente Quais são estas dificuldades, enumere?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________.
90
20. Quais são as competências que acredita ter e que o diferenciam dos demais com o
mesmo grau de instrução que você na conquista de uma vaga de emprego. Liste 3
competências.
1. ______________________________________________________________________
2. ______________________________________________________________________
3. ______________________________________________________________________
21. Em relação ao mercado de trabalho, você sabe todas, ou pelo menos a maioria das
possibilidades e áreas que seu curso proporciona como oportunidade de trabalho?
( ) Sim ( ) não ( ) parcialmente
22. O que é mais importante na sua vida? Enumere por ordem de importância.
( ) Família ( ) Trabalho ( ) Lazer ( ) Educação ( ) Religião ( ) Saude
Muito obrigada por sua participação e colaboração, por favor, deixe seu contato com
telefone caso necessite conversar futuramente ou para participar da segunda etapa da
pesquisa.
Nome:
Endereço:
Telefone
Melissa Zeni Stuepp Tânia Regina Raitz
__________________________ __________________________________ Mestranda em Educação Prof. Dra. Orientadora
91
ANEXO D
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
A sua participação neste Grupo Focal é parte da Pesquisa de Mestrado, intitulada “OS
SENTIDOS DO TRABALHO PARA JOVENS UNVERSITARIOS, ESCOLHA E
INSERÇÃO PROFISSIONAL”, sob orientação da Professora Doutora Tânia Regina
Raitz, e da Pesquisadora Participante do Mestrado: Melissa Zeni Stuepp.
O projeto busca a participação dos alunos da graduação dos cursos de Contabilidade da
Unisociesc unidade Balneário Camboriú e Psicologia da Unisociesc unidade Blumenau.
Informo que o participante poderá ou não aceitar participar da pesquisa, bem como ter a
liberdade de, a qualquer tempo, deixar de participar, sem que isso traga qualquer tipo de
prejuízo ou problema. Enfatizo que poderá, a qualquer momento, pedir informações e
esclarecimentos sobre a pesquisa.
Abono a garantia de sigilo e à confidencialidade das informações coletadas nesse estudo
e seu conhecimento caberá apenas aos pesquisadores. Serão divulgadas apenas as análises
realizadas a partir das respostas obtidas. Reenterro que sempre será respeitada sua
autonomia e dignidade.
Informo a não existência de benefícios diretos, no entanto, com a participação na pesquisa
contribuirá para o fomento dos temas educacionais.
Enfatizo que não haverá nenhum tipo de despesa para o participante, bem como nada será
pago na participação da pesquisa.
Coloco à disposição ao participante da pesquisa os nomes e os telefones dos
pesquisadores.
Nome do (a) estudante: __________________________________________________
Contato /Fone :__________________ e-mail:_________________________________.
Melissa Zeni Stuepp Tânia Regina Raitz
_____________________ ____________________
Mestranda em Educação Profa. Dra em Educação
92
ANEXO E UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO MESTRANDA: Melissa Zeni Stuepp ORIENTADORA: Dra. Tânia Regina Raitz
ROTEIRO DE ENTREVISTA GRUPO FOCAL SOBRE SENTIDOS E SIGNIFICADOS DA EDUCAÇÃO E TRABALHO COM
FOCO NA ESCOLHA E INSERÇÃO PROFISSIONAL COM JOVENS UNIVERSITÁRIOS
1)Comente quais foram os fatores que influenciaram sua escolha do curso universitário?
2) Como se deu essa escolha? Fale em detalhes se teve dificuldade ou não?
3) Quando entrou no curso se sentia seguro da profissão escolhida?
4) Em seu processo educacional você passou por algum tipo de serviço ou programa de
orientação vocacional profissional ou apoio educacional nesse sentido?
5) Comente se está ou não satisfeito com o curso escolhido? Quais eram as expectativas
que tinham antes de entrar no curso e se estas foram atendidas?
6) Você acha que os conhecimentos que tem adquirido no curso, na grade curricular, são
suficientes para atuar no mercado de trabalho ou na área específica de atuação? Fale sobre
isso.
7) Você está trabalhando na área de atuação ou está desempregado? Fale de sua
experiência profissional.
8) Você teve ou tem dificuldades para se inserir na área ou no mercado de trabalho? Quais
são elas?
9) Você se sente preparado pela universidade para atuar na área escolhida ou no mercado
de trabalho? Comente sobre o assunto.
10) O curso lhe auxilia nessa transição da academia para o mercado de trabalho? Se sim,
fale como oferece estas oportunidades? Se não, mencione em sua opinião por que isso
não ocorre?
11) Dê sua opinião se o curso lhe traz diagnósticos do mercado de trabalho que possa
contribuir com as competências e exigências necessárias pelos empregadores na
atualidade?
93
12) Comente qual o sentido de educação para você ?
13) Comente qual o sentido do trabalho para você?