melhoria do ensino de dança na educação física nas escolas
TRANSCRIPT
MAESTRIA EN CIENCIA DE LA EDUCACIÓN
MELHORIA DO ENSINO DE DANÇA NA EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS
MUNICIPAIS DE ANÁPOLIS, GOIÁS, E NAS UNIVERSIDADES
FORMADORAS DE PROFESSORES DIANTE DAS DIFICULDADES QUE
ENFRENTAM NA ATUALIDADE
FLAVIA REGINA LEITE
Asunción – Py
2013
FLAVIA REGINA LEITE
MELHORIA DO ENSINO DE DANÇA NA EDUCAÇÃO FÍSICA NAS
ESCOLAS MUNICIPAIS DE ANÁPOLIS, GOIÁS, E NAS
UNIVERSIDADES FORMADORAS DE PROFESSORES DIANTE DAS
DIFICULDADES QUE ENFRENTAM NA ATUALIDADE
Dissertação apresentada à Faculdade Educacion Universidade Americana para obtenção de título de Mestre em ciências da Educação.
Orientador: Prof. Dr. Diosnel Centurion
Asunción – Py
2013
L533 LEITE, Flávia Regina
Melhoria do ensino de dança na educação física nas
escolas municipais de Anápolis, Goiás, e nas
universidades formadoras de professores diante das
dificuldades que enfrentam na atualidade / Flávia Regina
Leite, 2012.
nº de folhas: 106
Disertación de Maestría en Ciencias de la Educación. Universidad Americana - Asunción - Paraguay.
1. Educação. 2. Processo de ensino. 3. Educação Física. 4. Dança.
CDU
377
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
MELHORIA DO ENSINO DE DANÇA NA EDUCAÇÃO FÍSICA NAS
ESCOLAS MUNICIPAIS DE ANÁPOLIS, GOIÁS, E NAS
UNIVERSIDADES FORMADORAS DE PROFESSORES DIANTE DAS
DIFICULDADES QUE ENFRENTAM NA ATUALIDADE
por
FLAVIA REGINA LEITE
Asunción, de de
Aprovado com o grau: _______
Banca Examinadora:
_________________________________________
Prof. Dr. Nome do Presidente da Banca
________________________________________ Professor (a) Dr (a). Nome do 2º componente da banca
_______________________________________ Professor (a) Dr (a). Nome do 3º componente da banca
AGRADECIMENTOS
Agradeço inicialmente a DEUS, a quem devo tudo o que sou. Ao meu orientador, Professor Dr. Diosnel Centurion, pela paciência, pelas sugestões, por ter acreditado na realização desta pesquisa e confiado em meus ideais. À Universidade Americana e ao Instituto IDEIA. Aos professores, colegas e todos os integrantes do curso de ME 1.1/11 de Ciência da Educação, que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão desse trabalho. Aos colaboradores da prefeitura municipal da cidade de Anápolis, Goiás, pela oportunidade de realização da pesquisa e pela colaboração na coleta de informações. À minha família, pelo eterno orgulho de nossa caminhada, pelo apoio, compreensão, ajuda e, em especial, por todo carinho ao longo deste percurso. Ao meu namorado pela paciência pelo carinho, compreensão e pela grande ajuda. Aos profissionais e amigos da Educação Física pela cumplicidade, ajuda e amizade por querer sempre estar desenvolvendo grandes projetos para melhoria das aulas na rede municipal de ensino. Aos amantes das artes em especial a Dança, que foi por essa grande paixão que me fez acreditar na possibilidade de realização deste projeto. Sobretudo, muito obrigada, Mateus Miranda, pela quase coautoria desta pesquisa.
RESUMO
Com este trabalho, pretendeu-se determinar o que deve ser melhorado no ensino de dança, na Educação Física, nas escolas municipais de Anápolis, Goiás, e nas universidades que preparam os professores, diante das dificuldades que enfrentam na atualidade. Foi realizada uma pesquisa descritiva de abordagem mista, entrevistando-se professores de Educação Física e alunos para se conhecer o interesse em ensinar e aprender dança e no que essa modalidade de atividade pode auxiliar no desenvolvimento do aluno no ensino fundamental. Verificou-se que a dança é uma ferramenta educativa que ajuda no desenvolvimento dos movimentos corporais, oferecendo autonomia e concentração aos educandos, tornando o processo ensino-aprendizagem mais prazeroso e criativo, melhorando as relações sociais e havendo, por parte dos alunos, grande interesse. Com relação aos professores, eles ressaltaram as dificuldades enfrentadas, uma vez que durante o curso de graduação a dança é pouco explorada, havendo necessidade de buscar formação complementar. Concluiu-se que esta análise indica a insuficiência na formação dos profissionais da área de dança afetando a modalidade dentro da educação física escolar. No entanto, o presente estudo pode servir como diagnóstico para ações das escolas da rede municipal da cidade. Palavras-chave: Dança; Educação Física; Escola; Ensino Aprendizagem. .
RESUMEN
El objetivo general del presente estudio fue “Determinar que aspectos mejorar en la enseñanza de la danza y la educación física en las escuelas de Anápolis, Goiás y las dificultades que enfrentan las universidades formadoras de profesores. Para ello, se siguió el diseño no experimental, tipo descriptivo y enfoque mixto, entrevistando a profesores y estudiantes de Educación Física para conocer su interés por el baile en el proceso de enseñanza aprendizaje, asimismo, destacando que este tipo de actividad puede ayudar en el desarrollo del estudiante en la escuela primaria. Los resultados mostraron que la danza es una herramienta educativa que ayuda en el desarrollo de los movimientos del cuerpo, ofreciendo a los estudiantes autonomía y concentración, haciendo que el proceso de aprendizaje sea más divertido y creativo, mejorando las relaciones sociales, despertando en los alumnos un gran interés. Los profesores, por su parte, acentuaron las dificultades que enfrentan en la enseñanza, ya que la danza es poco explorada durante el curso de pregrado, por lo que es necesario buscar formación adicional. En conclusión, este estudio indicó una falla en la formación de profesionales de la danza, el cual afecta a la enseñanza de la educación física. Sin embargo, este estudio puede servir como un diagnóstico de las acciones de las escuelas municipales de la ciudad. Palabras clave: Danza; Educación física; Escuela; Enseñanza Aprendizaje.
LISTA DE GRÀFICOS
PÁG.
Gráfico 1 - Sexo dos professores de Educação Física pesquisados ........................ 61
Gráfico 2 - Idade dos professores ............................................................................ 62
Gráfico 3 - Sexo dos alunos ..................................................................................... 62
Gráfico 4 - Faixa etária dos alunos ........................................................................... 63
Gráfico 5 - Ano que frequenta .................................................................................. 64
Gráfico 6 - Tempo em anos que trabalha com Educação Física .............................. 64
Gráfico 7 - Modalidades trabalhadas nas aulas de Educação Física ....................... 65
Gráfico 8 - Frequência das aulas de Educação Física na escola ............................. 66
Gráfico 9 - Modalidades praticadas nas aulas de Educação Física na escola ......... 66
Gráfico 10 - Gosto pela dança .................................................................................. 67
Gráfico 11 - Tipo de dança que conhece ................................................................. 68
Gráfico 12 - Dança na Educação Física ................................................................... 69
Gráfico 13 - Dança para o corpo e para a mente ..................................................... 70
Gráfico 14 - Benefício da dança ............................................................................... 71
Gráfico 15 - Quem pode dançar ............................................................................... 72
Gráfico 16 - Conhecer culturas através da dança .................................................... 73
Gráfico 17 - Apresentação de dança na escola ........................................................ 74
Gráfico 18 - Matéria de Dança ................................................................................. 74
Gráfico 19 - Frequência de aulas de dança no ano .................................................. 76
Gráfico 20 - Gêneros/Modalidades de dança trabalhados ....................................... 76
Gráfico 21 - Dificuldades para ensinar dança na escola .......................................... 78
Gráfico 22 - Tipos de Conflitos ................................................................................. 79
Gráfico 23 - Arte reconhecida como disciplina ......................................................... 81
LISTA DE QUADROS
PÁG.
Quadro 1 - Porque trabalhar a Dança nas aulas de Educação Física ...................... 75
Quadro 2 - Qual a motivação para trabalhar tais modalidades? ............................... 77
Quadro 3 - Limitações com relação à Dança na formação de Educação Física ...... 79
Quadro 4 - A formação acadêmica possibilita trabalhar de forma teórica e prática
nas escolas de maneira crítica, fundamentada e significativa? ................................. 80
Quadro 5 - O que representa a obrigatoriedade do ensino da Arte nas escolas? .... 81
Quadro 6 - Nos PCNs a arte faz parte do currículo e a dança foi formalizada como
linguagem artística. Pode explicar se você acredita que a dança nas suas várias
qualidades e diversas formas pode ajudar na educação das crianças do ensino
fundamental? ............................................................................................................. 82
Quadro 7 - Qual sua opinião se a dança fizesse parte da Educação Física escolar
no ensino fundamental? ............................................................................................ 83
Quadro 8 - Inclusão da realidade escolar do aluno aos conteúdos de dança
trabalhados na escola ............................................................................................... 83
Quadro 9 - Relação Dança-Ensino-Sociedade? ....................................................... 84
Quadro 10 - As danças populares resgatam a identidade cultural de um país? Por
quê? .......................................................................................................................... 85
Quadro 11 - Dança fazendo parte do currículo escolar no ensino fundamental ....... 86
LISTA DE SIGLAS
LDB Lei de Diretrizes e Base
MEC Ministério da Educação e Cultura
PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais
s.d. Sem Data
SUMÁRIO
PÁG.
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12
CAPÍTULO I – O PROBLEMA .................................................................................. 14
1.1 Situação-Problema .......................................................................................... 14
1.2 Objetivos .......................................................................................................... 14
1.3 Justificativa ...................................................................................................... 15
1.4 Questões de Estudo ........................................................................................ 15
1.5 Hipótese ........................................................................................................... 18
CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA ........................................................... 19
2.1 A Dança ........................................................................................................... 19
2.1.1 A dança na história .................................................................................... 20
2.1.2 A dança no Brasil ...................................................................................... 20
2.1.3 Características .......................................................................................... 21
2.2 A Importância da Educação Física .................................................................. 26
2.3 A Dança na Escola .......................................................................................... 31
2.3.1 Dançando na Escola ................................................................................. 37
2.4 O Papel do Professor....................................................................................... 39
2.4.1 Os Parâmetros Curriculares e o Professor ................................................ 39
2.5 Rudolph Laban ................................................................................................ 45
2.5.1 Separação entre arte e educação ............................................................. 46
2.5.2 Propostas educacionais ou método Laban? ............................................. 48
2.5.3 Teorias e Práticas desenvolvidas por discípulos de Laban ....................... 49
2.5.4 A Dança Educativa .................................................................................... 52
2.6 A Dança: Repensando o Ensinar e o Aprender ............................................... 53
2.7 A Dança nos Documentos ............................................................................... 54
CAPITULO III - METODOLOGIA .............................................................................. 57
3.1 Delimitação do estudo ..................................................................................... 57
3.2 Modelo, Tipo e abordagem da pesquisa .......................................................... 57
3.3 População e amostra ....................................................................................... 58
3.4 Instrumentos .................................................................................................... 59
3.5 Coleta de dados ............................................................................................... 60
CAPITULO IV - ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................. 61
4.1 Análise descritiva dos dados ........................................................................... 61
4.1.1 Características gerais dos professores e alunos ....................................... 61
4.1.2 Conhecimento da área de estudo ............................................................. 64
4.1.3 Interesse pela Dança ................................................................................ 67
4.2 Análise inferencial dos dados .......................................................................... 86
CAPITULO V – CONCLUSÕES E ECOMENDAÇÕES ............................................ 93
5.1 Conclusões ...................................................................................................... 93
5.2 Recomendações ............................................................................................ 100
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 101
APÊNDICES ........................................................................................................... 106
APÊNDICE A – Questionário Professores ........................................................... 107
APÊNDICE B – Questionário Alunos ................................................................... 112
ANEXOS ................................................................................................................. 116
ANEXO A –Termo de Consentimento Livre Esclarecido ..................................... 117
12
INTRODUÇÃO
A criança, ao entrar na escola, traz um conhecimento amplo a respeito de
seu corpo, mas nem sempre despertado. A criança nasce, desenvolve-se e
cresce, vivenciando experiências através do próprio corpo, que é o meio para
explorar e conhecer o espaço em que vive, interagindo com as pessoas que a
cercam. Em todas as fases de seu desenvolvimento, observa-se a importância do
corpo para expressar emoções. Não é possível ouvir uma música sem que seu
corpo a traduza em movimentos. Antes de o homem falar, ele dançou. Através do
movimento ele se comunicou com os seus e com a natureza. A dança ligada à
música foi a primeira manifestação humana, pois já na pré-história era uma forma
de comunicação, religião, divertimento e conhecimento. Assim, a dança não
poderia ser uma forma de educação?
Entre os professores pesquisados, percebeu-se, em sua maioria, que
acreditam ser importante a introdução da dança como uma forma de educação,
por proporcionar a socialização entre alunos e professores; favorecer a
interdisciplinaridade; despertar o interesse dos alunos pelas aulas, entre outras
razões.
Este trabalho está subdividido em cinco capítulos, para facilitar o
desenvolvimento do tema.
No primeiro capítulo deste trabalho, descreveu-se o problema encontrado
com relação ao ensino da dança no ensino fundamental nas escolas da cidade de
Anápolis, Goiás; e o porquê da importância deste estudo e as hipóteses
levantadas sobre como a dança pode ajudar no desenvolvimento do processo
ensino-aprendizagem.
No segundo capítulo, através de pesquisa bibliográfica, procurou-se fazer
um breve histórico da dança, sua origem, seus estilos e características. Analisou-
se, também como ela pode ajudar no desenvolvimento motor do educando, no
desenvolvimento das aulas de educação física e demais disciplinas. Além disso,
como a dança pode ajudar a superar preconceitos e aceitar o diferente.
No terceiro capítulo, através da metodologia utilizada, será mostrada a
delimitação do estudo, o tipo de pesquisa, a população e amostra, além dos
instrumentos utilizados para a pesquisa e a coleta de dados.
13
No quarto capítulo será apresentada a análise dos resultados obtidos na
pesquisa, com apresentação de gráficos e tabelas, a interpretação desses
resultados alicerçados na revisão bibliográfica e dos próprios resultados.
No quinto capítulo serão apresentadas as conclusões e recomendações, a
partir do tema desenvolvido, em resposta aos objetivos propostos, se confirmando
ou não a hipótese de a dança ser uma forma de educação.
14
CAPÍTULO I – O PROBLEMA
1.1 Situação-Problema
É no ensino fundamental que se desperta e desenvolve de forma mais
concreta a linguagem, a criatividade na criança. Seu lado crítico também deve ser
despertado, para que venha a se tornar um indivíduo bem inserido em sua
comunidade, sabendo defender seu ponto de vista fazer valer sua opinião. E, para
isso, os educadores vêm buscando formas mais atrativas e dinâmicas para o
desenvolvimento da linguagem, da expressão e do raciocínio.
Sabe-se que a dança é uma maneira das mais divertidas para ensinar, na
prática, o potencial do corpo humano. Enquanto se movimentam, os alunos
aprendem sobre a noção de espaço, sobre o desenvolvimento físico, a se
sociabilizar, pois cada um precisa respeitar o espaço do outro, além da linguagem
corporal como outra forma de expressar seus sentimentos, rompendo, muitas
vezes, com a timidez.
Diante disso, quais os aspectos que devem melhorar no ensino de dança, na
Educação Física, nas escolas municipais de Anápolis, Goiás, e nas universidades
que preparam os professores, diante das dificuldades que enfrentam na
atualidade?
Diante desses questionamentos, e pela pouca bibliografia encontrada sobre o
tema decidiu-se por esta pesquisa, para se buscar subsídios entre alunos e
professores, para saber como utilizar o ensino da dança nas aulas de Educação
Física das escolas municipais de Anápolis, Goiás.
Para a pesquisa foram entrevistados professores de Educação Física e alunos
para se conhecer o interesse em ensinar e aprender dança e o quanto essa
modalidade de atividade auxilia na sociabilização entre alunos e professores e na
interdisciplinaridade.
1.2 Objetivos
Determinar os aspectos que devem melhorar no ensino de dança na
Educação Física nas escolas municipais de Anápolis, Goiás, e das Universidades
que preparam os professores, diante das dificuldades que enfrentam na
atualidade.
15
Os objetivos específicos são:
1) Identificar os limites existentes no processo de ensino da dança na
Educação Física das escolas municipais da cidade de Anápolis – GO.
2) Verificar o nível e preparação dos professores que lecionam aulas
de dança.
3) Verificar os métodos e técnicas de ensino, utilizados pelos
professores.
4) Descrever a infraestrutura onde se desenvolvem as aulas e práticas
de dança.
5) Identificar a relação entre dança-ensino-sociedade.
1.3 Justificativa
Por que inserir a dança como matéria curricular? Como trabalhar a dança
dentro de um contexto escolar? Basta ter dança escolar na escola? Como
transformar o aluno do ensino fundamental através da dança em um indivíduo
criador e pensante de posse de uma linguagem transformadora?
Dançar é uma das maneiras mais divertidas e adequadas para ensinar a
expressão corporal. Quando movimentam o corpo, as crianças aprendem a se
socializar com o grupo, quebrando a timidez. A criança toma consciência do corpo
e tem relação com o espaço.
Este estudo é relevante, pois desde que a dança passou a ser obrigatória,
de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), busca-se entender
o porquê da dificuldade de se colocar essa determinação em prática. Se a
resistência era por parte dos alunos, dos professores ou das escolas.
Assim, com esta pesquisa pode-se ter um maior esclarecimento do que
ocorre no dia-a-dia e quais a dificuldades que deverão ser superadas, para que tal
determinação, efetivamente, faça parte da grade escolar.
1.4 Questões de Estudo
A dança enquanto um processo educacional, não é apenas aquisição de
habilidades, mas pode contribuir para o aprimoramento do movimento, no
desenvolvimento das potencialidades humanas e sua relação com o mundo.
16
O uso da dança como prática pedagógica favorece a criatividade, o
processo de construção de conhecimento. Sabe-se que a dança é um conteúdo
da cultura corporal de movimento, um conteúdo da Educação Física. Mas, por
meio da literatura e de pesquisas realizadas, observou-se que na formação dos
professores de Educação Física este conteúdo tem apresentado dificuldades,
prejudicando seu futuro ensino nas escolas.
A dança enquanto conteúdo escolar está presente na legislação brasileira,
nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), inseridas na área tanto de
Educação Física quanto de Artes, mas não como uma disciplina à parte, no caso
de aula apenas de dança, ministrada por um profissional, cuja formação se dê na
Licenciatura de Dança. E, no que está determinado nos Parâmetros Curriculares
Nacionais, sendo a dança um conteúdo da Educação Física, é necessário que
essa formação seja garantida aos profissionais, para que se estabeleça a
presença e a qualidade da dança como conteúdo escolar. Além da Dança ser
estudada em sua própria graduação, "ela é compartilhada pela Educação Física e
por outras áreas do conhecimento" (EHRENBERG, 2003: 46), ou seja, ela pode
ser estudada em outras graduações, como é o caso das Artes Cênicas, Educação
Física e Artes Plásticas. O que significa que além dos graduados especificamente
em Dança, os licenciados em Educação Física, Artes Cênicas e Artes Plásticas
também são capacitados para ministrar aulas de dança no ambiente escolar.
“Mestres experientes sabem que a pratica da Educação Física nas escolas
completa e equilibra o processo educativo, o que nem sempre sabem é que, entre
todas as formas de exercício, para esse resultado as mais completas se
apresentam pela dança” (GIFONI, 1973: 13).
A aplicação da dança pelo professor devera ser feita através de suas
experiências criativas ou pela redescoberta da expressão estética do movimento,
pelas possibilidades de comunicação não verbal com seus semelhantes através
da dança, o que possibilitará tornar a dança disponível para o máximo possível de
pessoas, sem o caráter elitista fazendo que cada um possa dançar dentro dos
limites de sua capacidade (NANNI, 1995,133).
O professor, fundamentado nos princípios da dança criativa, proporciona
ao aluno atividades que podem estimular, motivar, desenvolver e comunicar
ideias e movimentos; fazendo uma interação entre as crianças e o ambiente.
17
Estas atividades estimulam a capacidade de solucionar problemas de maneira
criativa; desenvolvem a memória; o raciocínio; a socialização; autoconfiança e
autoestima; fazendo com que o indivíduo tenha uma melhor relação com ele
próprio e com os outros.
Os conhecimentos obtidos dentro desta sala de aula são levados para a
vida, pois o indivíduo é resultado de sua genética, do meio em que vive e das
atividades que executa (GALLAHUE e OZMUN). João Francisco Duarte Jr. (1988)
também argumenta que "através da arte o homem encontra sentidos que não
podem se dar de outra maneira senão por ela própria" (p. 16), ou seja, o
sentimento e a emoção contidos nas artes permitem-nos encontrar significados
naquilo que vivemos sem intermediação da linguagem falada ou das experiências
refletidas. Para o autor, a arte não diz, ela mostra e, por isto, sua importância no
mundo de hoje: ela nos permite exprimir aquilo que sentimos e queremos.
A linguagem corporal humana é uma forma de expressão que abarca
múltiplos planos. É comunicação espontânea e instintiva, mas ao mesmo tempo
calculada. A linguagem corporal acompanha a toda expressão verbal (HALL,
1991).
A linguagem do corpo pode ser independente da linguagem das palavras
quando atua conscientemente com gestos mímicos na vida cotidiana ou no
âmbito artístico; também pode exercer a função de ação intencionada ou
movimentos que fazem abstração do gesto mímico, como na dança.
Na vida diária às vezes se utilizam os gestos mímicos esquemáticos,
técnicos, codificados ou simbólicos. A linguagem corporal é material noticiário real
e fictício, ao mesmo tempo. Por uma parte, é fisicamente concreto, mas também,
pode desprender-se do corpo.
Os elementos fundamentais da linguagem corporal: espaço, tempo,
energia, comunicação, efetuam-se num momento determinado e não são
recuperáveis com um gasto energético no espaço.
Quando se penetra no espaço do outro, sem seu devido consentimento, o
outro se vê forçado a soltar seus braços na dança ou a jogar-se para trás para
evitar contatos corporais e processos de sincronia como unidade. Também se
produzem efeitos na orientação dos corpos, pois uma coisa é um corpo frente a
outro corpo (face to face) e outra coisa é quando o corpo gira para outro lado e só
18
ocasionalmente se conecta com o outro, voltando sua cabeça a sua posição
original. Quando existe rejeição corporal no baile, a mudança do corpo de sua
postura se faz evidente, isto é atua como um mecanismo sutil de interromper uma
relação espacial e afetuosa que não se quer dar.
Quando se compartilham culturalmente pontos de vista, costuma-se
produzir algumas mesmas posturas inconscientes na dança. No entanto, nas
danças coletivas de massa ou grupais em que não há coordenação ou ensaio de
movimentos, existem muitas pessoas com grande variedade de posturas, mas, o
curioso é que rapidamente sucede um fenômeno em massa de reacomodação
postural. Se um grupo de pessoas se sincroniza com o ritmo e a melodia, seja
qual for, os outros membros desse grupo também imitarão as posturas. Estes
comportamentos coletivos demonstram a necessidade que têm os organismos de
colaborar de forma simbiótica em qualquer tipo de atividade tal como fazem os
peixes e as aves quando se juntam para seu processo de deslocamento, isto é,
fazem-no como uma unidade sincronizada para poder sobreviver (RIBEIRO,
1997).
Nas danças, com surpreendente frequência, as pessoas envolvidas nestes
processos lúdicos imitam suas atitudes corporais como o movimento das mãos e
do corpo. Os corpos desta forma se movem sincronicamente ao compasso do
discurso da música e ao compasso do discurso gestual e rítmico do outro.
A complexidade deste tipo de atos corporais atravessados por uma série
de comportamentos comunicativos e lúdicos faz-nos pensar a necessidade de
sistematizar uma série de códigos comportamentais não só desde os atos de
comunicação do corpo, senão desde uma série de relações existentes entre as
mensagens das mesmas canções e a cultura do movimento do corpo.
1.5 Hipótese
Ho: “Não há melhoria do ensino de dança na educação física nas escolas
municipais de Anápolis, Goiás, e nas universidades formadoras de professores
diante das dificuldades que enfrentam na atualidade”.
19
Hi: “Há melhoria do ensino de dança na educação física nas escolas
municipais de Anápolis, Goiás, e nas universidades formadoras de professores
diante das dificuldades que enfrentam na atualidade”.
CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA
2.1 A Dança
A Dança é forma de expressão artística, tendo objeto de culto aos deuses
ou como simples entretenimento. Dança é a arte de movimentar expressivamente
o corpo seguindo movimentos ritmados, em geral ao som de música. É
considerada a mais completa das artes, pois envolve elementos artísticos como a
música, o teatro, a pintura e a escultura, sendo capaz de exprimir tanto as mais
simples quanto as mais fortes emoções.
O significado da dança vai além da expressão artística, podendo ser vista
como um meio para adquirir conhecimentos, como opção de lazer, fonte de
prazer, desenvolvimento da criatividade e importante forma de comunicação.
A dança teve forte influência nas sociedades ao longo dos tempos. Como
via de socialização e disseminação de cultura, proporcionou ao mundo o
conhecimento sobre a diversidade cultural dos diferentes povos em todo mundo,
especialmente através das danças folclóricas.
Nas escolas, a dança faz parte da área de Educação Física. Como
disciplina acadêmica, a dança integra diferentes cursos universitários ligados às
Artes e Humanidades.
Também é uma modalidade amplamente praticada em academias e clubes
para manutenção da saúde física e mental.
É uma manifestação cultural intrínseca ao homem, uma linguagem da qual
o individuo se utiliza para expressar e comunicar seus sentimentos, emoções e
valores, refletindo as relações sociais e culturais.
Scarpato (1999) diz que a dança e a música são as primeiras
manifestações humanas, sendo que na pré-história são consideradas como forma
de comunicação, de religião, de entretenimento e de conhecimento.
20
Para Jorosky (s.d.) antes de o homem falar, ele dançou. Foi por meio dos
movimentos que o homem se comunicava com o grupo, com a natureza e até
mesmo com o sobrenatural.
2.1.1 A dança na história
Vicente (1986) narra que, na Antiguidade, a dança acontecia de duas
formas, sagrada e hierática, participando das cerimônias religiosas e outra
profana, dedicada aos divertimentos públicos e particulares. Na Bíblia, há relatos
que a dança era muito usada entre os hebreus e que Davi dançou diante da arca.
Silva et al. (2010) afirma que entre os egípcios também a dança era muito
utilizada. Mas foi entre os gregos que atingiu a sua mais alta magnificência, pois
fazia parte de todas as cerimônias solenes, religiosas ou civis, também de todos
os regozijos, de todos os jogos públicos, tomando todas as formas e prestando-se
a todos os assuntos.
Dos gregos, como continuam a explicar Silva et al. (2010), a dança passou
para os romanos, porém entre eles, perdeu o seu encanto e sua poesia. Sem
nenhum caráter particular, os romanos a mesclavam com a pantomima. E, com a
invasão dos bárbaros, a dança desapareceu só ressurgindo na Renascença.
Reapareceu, primeiro na Itália e em seguida na França sob formas
diversas. Datam desse período as danças chamadas Minueto, Gavota, Quadrilha
ou Contradança, Polca, Valsa e outras. Entre as antigas danças espanholas
figuram o Turdion, a Gibidana, a Pavana, a Sarabanda, a Chorona, a Seguilha, o
Fandango e o Bolero.
No início do século XX, conforme Silva et al. (2010), as danças antigas
foram suplantadas por danças de caráter internacional como o Bosto, o
Charleston, o Tango, o Samba o Foxtrote.
2.1.2 A dança no Brasil
A dança, no Brasil, originou-se dos mais variados lugares, recebendo
muitas influências de outros países, segundo Silva et al. (2010). Somado as
danças, encontram-se uma mistura de ritmos e som, que fazem as pessoas
criarem cada vez mais passos e modos diferentes para dançar.
21
“As danças no Brasil são diversas em cada região, sendo as mais
conhecidas, o Samba, o Maxixe, o Xaxado, o Baião, o Frevo e a Gafieira”
(BRASIL, 2003, p. 24).
Muitos são os derivados dessas danças, conforme Verderi (1998), que
recebem influências principalmente africanas, mouriscas, europeias e indígenas.
E ainda inclui espaço para as danças folclóricas e tradicionais que vão de acordo
com cada região e localidade no Brasil como Forró, Axé entre outras. No Brasil,
também há danças mais modernas como o Funk, e de influências estrangeiras
como Rock, Pop, Pop Rock e Heavy Metal. “São muitas porque uma simples
variação de ritmo pode mudar o título do estilo” (VERDERI, 1998, p. 12).
De acordo com Silva et al. (2010), pela evolução que a dança teve ao longo
dos tempos, pode-se usufruir de seus movimentos, de sua magia, de sua
expressão e plasticidade para aprimorar esses movimentos com os alunos. A
Dança aplicada ao conteúdo escolar não pretende formar bailarinos, mas
proporcionar ao aluno um contato mais efetivo e intimista com a possibilidade de
se expressar criativamente através do movimento.
2.1.3 Características
A dança é um meio de expressão natural e espontâneo em que o corpo,
integrado com o ritmo e a música, ocupa a dimensão espaço – tempo. E veremos
que ela não é para ser entendida e sim sentida:
[...] a expressão corporal é tomada como linguagem, conhecimento universal, um patrimônio cultural humano que deve ser transmitido aos alunos e por eles assimilado a fim de que possam compreender a realidade dentro de uma visão de totalidade, como algo dinâmico carente de transformações (COLETIVO DE AUTORES, 2004).
De acordo com Steinhilber (2000, p. 8) “[...] criança que participa de aulas
de dança [...] se adapta melhor aos colegas e encontra mais facilidade no
processo de alfabetização”.
Ferreira (2005, p. 59), quando fala da importância da dança na escola,
afirma que:
A aprendizagem dos movimentos complexos da dança e de outros esportes faz com que cresçam mais conexões entre neurônios, aprimorando a memória; assim ficamos mais aptos a processar informações e aprender.
22
A criança precisa de experiências que permitam o desenvolvimento de sua
criatividade, atividades que beneficiem a sensação de alegria para que ela possa
retratar e canalizar o seu humor, seu temperamento, através da liberdade de
movimento, explorando-o e permitindo que suas fantasias aflorem em seus
movimentos, numa corporeidade plena e consciente.
É através do corpo, conforme explicam Silva et al. (2010), especificamente
do corpo em movimento, que agimos no mundo, nos comunicando, trabalhando,
aprendendo e sentindo o que nos rodeia. O movimento corporal possibilita ao
indivíduo que ele sinta o mundo e, com isso, que ele também seja sentido.
De acordo com Jorosky (s.d.), existe muito preconceito contra o
movimento, pois embora conscientes de que é através do corpo que o indivíduo
se expressa, quando chegam aos bancos escolares os movimentos corporais
ficam restritos a momentos apenas nas aulas de educação física e ao horário do
recreio. Para o professor desenvolver conteúdos, os alunos devem permanecer
sentados em suas carteiras em silêncio, prestar atenção e sempre olhar para
frente. Tal atitude pode resultar numa aprendizagem empobrecida, pois é preciso
ver o aluno como um ser total e único que quer aprender de forma dinâmica,
prazerosa e envolvente.
Strazzacappa (2001, p. 23) afirma que “observa-se, porém, um preconceito
em relação a isso, um preconceito em relação ao movimento, no qual adultos são
reprimidos e consequentemente as crianças também”.
Segundo Strazzacappa (2001), mesmo as pessoas tendo consciência de
que é através do movimento que elas se expressam, este fica limitado apenas ao
horário do recreio e às aulas de Educação Física, tendo a criança pouca liberdade
de movimentação.
A postura acadêmica do professor não está garantindo maior mobilidade ao
aluno. Assim, é preciso trabalhar o aluno como uma pessoa completa, com sua
afetividade, suas percepções, sua expressão, seus sentidos, sua crítica e sua
criatividade (FUX, 1983).
O trabalho da dança educacional, de acordo com Fernandes (2009),
quando focado em deixar fluir do educando suas emoções, seus anseios e
23
desejos através dos movimentos, permitirá que ele se revele e desperte para o
mundo, numa relação consigo e com os outros, de forma consciente.
Ao fazer referência ao movimento consciente, Oliveira (2001, p. 96)
ressalta ser:
[...] importante que as pessoas se movimentem tendo consciência de todos os gestos. Precisam estar pensando e sentindo o que realizam. É necessário que tenham a 'sensação de si mesmos', proporcionada pelo nosso sentido sinestésico [...] normalmente desprezado. Caso contrário, estaremos diante da 'deseducação física.
Com a dança, a criança se desenvolve quanto ao seu domínio corporal,
amplia e aprimora suas possibilidades de movimentação, descobre novos
espaços, novas formas, supera suas limitações e condições para afrontar novos
desafios.
A dança na escola, associada ou não à Educação Física, terá um papel
fundamental enquanto atividade pedagógica e levará o aluno a perceber a relação
concreta sujeito-mundo. As atividades desenvolvidas irão estimular na criança sua
capacidade de solucionar problemas de maneira criativa; desenvolver a memória;
o raciocínio; a autoconfiança e a autoestima; melhorando sua relação com ela e
com os outros e ampliando o seu repertório de movimentos.
A Dança-Educação pode ser um referencial para as questões que
circundam a educação de nossos tempos, apresentando novos olhares para o ser
humano, mostrando o quanto ele pode criar, expressar, aprender, socializar e
cooperar, se educado também pela dança.
A dança no ensino escolar é um tema ainda pouco divulgado, mas vem
ganhando espaço em pesquisas de autores como Isabel Marques (2002), Márcia
Strazzacappa (2001) entre outros, que procuram evidenciar como se dá a prática
da dança na educação formal. O que se percebe é que a dança ainda é pouco
compreendida em suas potencialidades educativas pelos sujeitos da escola, como
professores e alunos.
A dança, muitas vezes, é vista superficialmente dentro dos espaços
escolares, deixando a ideia de que a dança na escola é boa somente “para
relaxar”, para “soltar emoções”, “expressar-se espontaneamente” (MARQUES,
2002). Dessa forma, seu espaço tem sido apresentações em datas
comemorativas, ocasiões festivas, shows de talentos, onde é oferecido às
24
crianças um tempo do período escolar, comumente Educação Física, para o
ensaio de uma coreografia relacionada a determinada cultura ou tema da festa.
Na realidade, a dança favorece o aprofundamento ou ampliação do
contexto cultural e histórico dos alunos, quando traz para dentro da escola
tradições de diferentes povos ou momentos históricos dos países.
Mesmo sendo importante para a formação dos educandos, a dança tem
sido desconsiderada em seu caráter educativo quando praticada fora de um
contexto, sem que sejam conferidos significados ao seu aprendizado. Nesse
sentido, o que se omite é a potencialidade que está inscrita na forma de se
trabalhar elementos da linguagem, permitindo a ampliação do conhecimento do
corpo em movimento e da construção sociocultural e histórica da sociedade.
Marques (2002) fala da presença da dança nos Parâmetros Curriculares
Nacionais, apontando como momento ‘tão esperado’ por significar o
reconhecimento da dança pela educação como conteúdo estruturante das áreas
de conhecimento de Arte e Educação Física. As Diretrizes Curriculares Nacionais
(1998) também contemplam o ensino da dança e oferece subsídios teóricos aos
professores.
A dança, a partir desses documentos, é entendida como “manifestação
artística e da cultura corporal”, como “movimento expressivo”, como “forma de
conhecimento” e “percepção de liberdade e vida”, ou ainda usando, mais
especificamente, as palavras dos Parâmetros de Arte, a dança é:
[...] forma de conhecimento que envolve a intuição, a emoção, a imaginação, a capacidade de comunicação [...] o uso da memória, da interpretação, da análise, da síntese e da avaliação crítica (BRASIL, 1998, p.73,74).
Verderi (1998) afirma que muitas coisas mudaram no ensino nos últimos
anos, mas a educação rítmica nas aulas de Educação Física continua não tendo
relevância. A atividade musical, o contato com o som, o ritmo, o movimento, o
incentivo às artes, unidos aos jogos recreativos, faz parte do desenvolvimento da
formação do ser humano.
Conforme exposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais, existem danças
que estão desaparecendo, pois não há quem as dance, quem conheça suas
origens e significados. Conhecê-las por meios das pessoas mais velhas da
25
comunidade, valorizá-las e revitalizá-las é algo possível de ser feito dentro da
comunidade do educando, ou na qual a escola está inserida.
Resgatar as manifestações culturais da coletividade, principalmente pelas
pessoas mais velhas, é de fundamental importância. Pesquisas sobre danças e
brincadeiras cantadas de regiões distantes, com característica diferente das
danças e brincadeiras locais, podem tornar o trabalho mais completo. Dança é
muito mais do que sua própria palavra inspira para muitos. “Ela deve ser
descoberta, vivenciada, pensada e sentida” (VERDERI, 1998, p. 30).
Silva et al. (2010) explicam que a identificação da estrutura corporal e a
formação de uma imagem corporal são as principais características da dança,
uma vez que ela possui valores e finalidades fundamentalmente educativas.
Através de uma ação pedagógica na qual se inclui o desenvolvimento do
organismo enquanto complexidade biofísico-social, assegurando um bem-estar
físico e mental, procurando suprir as eventuais deficiências que o educando
possa apresentar em sua constituição ou no decorrer do seu desenvolvimento,
pode-se dar condições para originar processos corporais mais complexos no que
se referem os fatos, conceitos, procedimentos, valores e atitudes.
São surpreendentes os movimentos observados quando as crianças são
deixadas a vontade, com seus corpos livres para o som, para o espaço e para o
tempo. São corpos vivos, cheios de anseios, de energia e, sobretudo de
esperança.
A criança precisa de experiências que possibilitem o desenvolvimento de
sua criatividade e interpretação, atividades que beneficiem a sensação de alegria,
e que ela possa retratar e canalizar o seu humor e temperamento através da
liberdade de movimento, da livre expressão e do desenvolvimento de outras
dimensões contidas no nosso inconsciente (VERDERI, 1998).
Segundo Silveira (2009), apenas quando os educadores reconhecem e
respeitam o fato de que as crianças são indivíduos com uma ampla bagagem de
características e vivências e que, tornar-se fisicamente educado, envolve
complexas influências mútuas dos domínios cognitivo, afetivo e psicomotor, a
Educação Física na área da dança assumirá o seu lugar nas escolas.
Enquanto as crianças se envolvem na alegre e animada tarefa de
aprenderem a movimentar-se mais efetiva e eficientemente, elas estão
26
desenvolvendo uma variedade de destrezas motoras fundamentais e melhorando
seus níveis de aptidão física, aprendendo a movimentar-se com alegria, eficiência
e controle.
O desenvolvimento da criança acontece a partir da exploração do meio que
a rodeia, onde ela vivencia experiências através do próprio corpo e assim,
interativamente o desenvolvimento da motricidade influencia e é influenciada pelo
desenvolvimento neurológico, bem como quanto maior a estimulação da
experiência motora, maior a inter-relação entre motivações pessoais e o mundo
(BERTAZZO, 2004).
O corpo como sujeito no mundo é criativo e se humaniza a partir de sua
existência (VERDERI, 1998). A riqueza da linguagem corporal apresenta um
universo a ser explorado, vivenciado, conhecido, com prazer e alegria. Criança é
quase sinônimo de movimento, e movimentando-se ela se descobre e descobre o
outro, descobre o mundo a sua volta e as suas inúmeras linguagens (BERTONI,
1992).
A dança na escola deve ter um papel fundamental enquanto atividade
pedagógica e despertar no educando uma relação concreta, reforçando sua
autoestima, autoimagem, autoconfiança e autoconceito.
Para Bertoni (1992), a expressão corporal é caracterizada como uma das
linguagens fundamentais a serem trabalhadas na infância. A riqueza de
possibilidades da linguagem corporal revela um universo a ser explorado,
vivenciado, conhecido, com prazer e alegria. E movimentando-se ela se descobre
e descobre o outro, descobre o mundo a sua volta e as suas inúmeras
linguagens.
2.2 A Importância da Educação Física
Bittencourt (2003) declara que estudos sobre as disciplinas escolares vêm
procurando compreender como se constituem os saberes escolares em diferentes
momentos históricos, através de fontes que permitam reconhecer a dinâmica
desse processo.
Em um movimento de conhecer o processo de escolarização da educação
física alguns autores identificam que os exercícios físicos, as ginásticas, foram
27
marcantes, porém também identificam a presença da dança inserida nessa área,
como no estudo de Vago (2002) e Soares (1998).
A dança, segundo Brasileiro (2008), o conhecimento presente no processo
de escolarização brasileiro está associado à inserção dos exercícios físicos, das
ginásticas e, com a implementação da tríade educação moral, intelectual e física,
veremos a entrada da dança nesse conjunto de conhecimentos necessários à
educação das crianças e jovens brasileiros.
Brasileiro (2008) continua sua explicação ao afirmar que:
[...] não é uma entrada marcante, algo que consta como necessário e obrigatório, mas dá as primeiras pistas de existência, de associação a outros conhecimentos, ou seja, de entrada pelas brechas do processo de enraizamento escolar de outro conhecimento, qual seja a ginástica, que ora se denomina educação física.
Dessa forma, a educação física e a dança acompanharam os processos
iniciais de escolarização do nosso país, especialmente nos espaços de
exercitação, descanso, controle e festividades escolares. E, a partir do início do
século XX é possível identificar alusões à sua presença enquanto conteúdo de
ensino nas escolas.
Para Chaves (2002) a dança foi incluída nos conteúdos dos exercícios
físicos pela sua compreensão como prática corporal, na busca de um corpo
eficiente, frente ao processo de modernização da sociedade, porém para compor
os conteúdos ligados ao ensino das mulheres, por entender que eram gestos
feminilizantes, gestos suaves, belos, não viris, uma vez que para os homens
estavam previstos os exercícios militares, que eram ritmados através da
contagem.
O trabalho com dança dentro dos conteúdos de Educação Física que é
caracterizada em seu bloco de conteúdos com Atividades Rítmicas e Expressivas
e em Artes, sendo que esta se divide em quatro grandes áreas que são: artes
visuais, dança, teatro e música, como explica Jorosky (s.d.).
A ginástica, estudada com base na anatomia e na fisiologia, ganha,
conforme explica Soares (1998), estudos sobre o aperfeiçoamento dos gestos, na
busca de um gesto harmônico e econômico.
Dessa forma, segundo Brasileiro, caberia às exercitações, para a melhoria
da postura e a eficiência de seus gestos, a dança feita pelos militares, danças de
28
organização de combates ou as danças reconhecidas na sociedade, as danças
oriundas dos salões da nobreza, sendo desconsideradas todas as danças de rua,
as que chegavam aos palcos públicos, que buscavam o riso, o inoportuno, o
desgaste do movimento, que abusavam do uso dos gestos, as saltitantes, nas
quais se desperdiçavam energia. Assim, limitava-se à exercitação, à ginástica,
como algo controlado, observado em sua organização gestual.
Com o tempo, a compreensão de ginástica é ampliada, cabendo a ela
jogos, danças, corridas, saltos, esgrima, equitação, canto, evoluções militares,
exercícios físicos. Dessa forma, nas escolas entra a dança através da ginástica e
dos exercícios físicos que buscavam a harmonia dos movimentos para homens e
mulheres.
Percebeu-se que através dos exercícios físicos e da dança era possível
formar hábitos, garantir atitudes corretas e corteses em busca de qualidades
morais. Os exercícios físicos compõem a tão esperada educação moral, física e
intelectual e a dança é chamada à auxiliar nesse processo. Já a música, o canto,
as marchas, as danças, buscam dar ao corpo dos alunos uma ordem, um lugar de
postura e atitudes corretas, em busca de um homem civilizado, cortês, educado
que representasse este país em processo de crescimento.
De acordo com Brasileiro (2008), o jogo, o canto e a dança na escola
aparecem como elementos da educação dos gestos, da conduta, sempre
presentes na exposição pública da mesma. A escola, através das festas
escolares, mostra-se para a comunidade, entra num espaço de exaltar-se, de
manifestar seu diálogo com a mesma, de demonstrar que vive a cultura de seu
povo.
Brasileiro (2008) explica que as festas escolares:
[...] vão ser atreladas às datas comemorativas, desde as datas cívicas até as mais populares. Eram espaços de educar os modos das crianças e de expor sua conduta. Era de responsabilidade das escolas promover festas nas datas de maior representação nacional ou local, bem como no encerramento do ano.
Tais eventos representavam para a escola um momento máximo, onde a
mesma recebia representações de governo, apresentava seus alunos e
professores, bem como suas condições a toda a comunidade. Cabiam nas festas
os cantos, especialmente os hinos. As saudações cívicas, as manifestações
29
patrióticas, as condutas de moral e civismo eram emblemáticas nas mesmas.
Apresentação de evoluções militares, pelos meninos, com seus respectivos
fardamentos e armamentos; de marchas com uma condução ordenada de todos
os executantes; de hino nacional ou estadual em grande coro de vozes infantis,
que ao longo do ano ensaiaram todos os dias sob o comando da professora;
sequências de exercícios para meninas e meninos com suas roupas brancas e
higienizadas; e as danças ou bailados. Estas eram atividades presentes nas
festas escolares.
Brasileiro (2008) afirma que as festas cívicas, nas décadas de 1930 e
1940, com a participação intensiva de trabalhadores, sindicatos, escolas, jovens e
crianças e a população em geral, lotavam os estádios de futebol, as praças e as
escolas e contavam com uma programação rica em discursos, apresentações
artísticas e esportivas, declamações, desfiles laudatórios e outros. Com ênfase
especial nas escolas, essas festas invadiram o cenário escolar, estando
presentes tanto nos espaços físicos das escolas, como os pátios, salas de aulas,
quanto no material didático, como as cartilhas, manuais, cartazes, etc.
Brasileiro (2008) continua, ao relatar que:
Vivemos as décadas seguintes com esse tipo de referência festiva escolar marcadamente presente em todas as escolas brasileiras. Diminuíram as referências ao Dia do Trabalho, mas a Semana da Pátria, especialmente, era a maior festa de mobilização social, com as escolas indo às ruas em marchas e evoluções junto a representações civis e militares. Até hoje presente nas cidades brasileiras, mas com crescente diminuição da participação das escolas.
Conforme Brasileiro (2008) é evidente a presença da dança nas escolas,
especialmente nos espaços festivos. Apesar de caracterizada, nos documentos
curriculares, como um conteúdo da arte e da educação física, sendo
conhecimento a ser ensinado no espaço de formação de crianças e adolescentes,
a mesma aparece e desaparece em programas escolares. As festas escolares
acontecem em inúmeras datas, sejam festas carnavalescas, festas juninas, festas
folclóricas, festas natalinas, festas das mães, dos pais, de formatura, de abertura
de jogos escolares etc. Entre falas, hinos, dramatizações, entrega de presentes,
lembranças, aparecem as danças. Dançam crianças da educação infantil,
crianças e jovens do ensino fundamental, do ensino médio. A dança presente nas
festas é quase sempre a mesma ausente dos componentes curriculares.
30
Marques (1999), Brasileiro (2001, 2003, 2007), Fiamoncini (2003) indicam
que a dança vem acontecendo na escola na forma de apresentações em datas
comemorativas, quando alguém, geralmente professora de educação física, traz
uma porção de passos aleatórios para que as crianças repitam até decorarem a
sequência.
Como explica Brasileiro (2008), aprender passos não é do que se está
falando, e sim repeti-los de forma a mecanizá-los e conseguir apresentá-los
dentro de uma métrica estabelecida. A preocupação central encontra-se no que
os professores e "os pais querem ver nos filhos, prevalecendo o olhar do adulto e
dificultando qualquer experimentação mais espontânea" (Fiamoncini, 2003, p.21).
Brasileiro (2001, p.78) ao analisar os argumentos para a não presença da
dança como conteúdo da educação física identificou que apesar dos professores
apresentarem os seus limites para com o trato com esse conhecimento em suas
aulas, reconhecem que quando da realização de eventos na escola eles
trabalham com a dança, o que nos permite afirmar que "apesar da Dança estar
presente no espaço escolar ela é apenas um elemento decorativo sem reflexão
como conhecimento para a formação dos alunos".
Silva (2010) afirma que o estudo do corpo em movimento deve ser
trabalhado de forma a atingir a consciência, o domínio corporal através do
movimento expresso na ginástica, dança e jogos historicamente colocados. As
aulas de educação física têm como objeto de ensino as manifestações corporais e
suas potencialidades formativas que podem produzir um espaço pedagógico
repleto de significados, ao ter como conteúdo estruturante as manifestações
estético-corporais na dança e no teatro.
Conforme Sampaio (1998, p. 10) a Educação Física tem por objetivo
pesquisar:
[...] o movimento humano, estando voltado para a educação do e pelo movimento, abrangendo conhecimentos teóricos e práticos de atividades físicas, possuindo a tarefa de formar e de informar o educando, despertando sua consciência para a necessidade do corpo a fim de conquistar uma qualidade de vida melhor resgatando os três níveis de conhecimento: sócio afetivo, cognitivo e motor [...].
Dessa forma tem-se que buscar o desenvolvimento do aluno, seja na sala
de aula, na quadra ou em qualquer outro lugar, aliados a flexibilidade quanto à
31
atuação do professor ao operacional, determinada pela Educação Física Escolar.
É fundamental que a Dança, na escola, se realize através de um professor
incentivador das experiências, que oriente os alunos para uma descoberta
pessoal de suas habilidades.
A Educação Física, tem como objeto de conhecimento as manifestações
que compõem a cultura corporal de movimento, ou seja, trabalha com as formas
de representação e compreensão do mundo expressas por meio do corpo.
2.3 A Dança na Escola
A dança, na escola, busca o desenvolvimento das capacidades motoras
das crianças e adolescentes e de suas capacidades imaginativas e criativas, uma
vez que o corpo expressa suas emoções podendo ser compartilhadas com outras
pessoas, como explica Fernandes (2009).
Soares et al. (1998) afirma que a dança está ligada às capacidades
criativas e motoras do indivíduo e composta pelas relações estabelecidas entre o
dançarino, seu instrumento (corpo) e a sociedade, através de um processo que se
desenvolve conscientemente a partir de elementos existentes ou descobertos.
Alguns estudiosos afirmam que, para ocorrer a aprendizagem, é preciso
que o aluno esteja sempre sentado e quieto, dessa forma privilegiar a mente e
relegar o corpo leva a uma aprendizagem empobrecida. Scarpato (2001) afirma
ser necessário ver o indivíduo como um ser total e único, com desejo de aprender
de forma dinâmica, prazerosa e envolvente.
Fernandes (2009) explica que o aluno imóvel nem sempre está envolvido
com o que ocorre na sala de aula. Pode estar internamente inquieto, querendo se
movimentar, tornando-se essencial desenvolver a corporeidade em todas as
aulas, não apenas nas áreas afins.
Freinet (1991, p.42) afirma que:
[...] infeliz educação a que pretende, pela explicação teórica, fazer crer aos indivíduos que podem ter acesso ao conhecimento pelo conhecimento e não pela experiência. Produziriam apenas doentes do corpo e do espírito, falsos intelectuais inadaptados, homens incompletos e impotentes.
De acordo com Fernandes (2009), o uso da dança na sala de aula não visa
apenas proporcionar a vivência do corpo e diminuir tensões decorrentes de
32
esforços intelectuais excessivos. Favorecendo a criatividade, pode trazer muitas
contribuições ao processo de aprendizagem, se integrada com outras disciplinas.
O trabalho com o corpo gera a consciência corporal. O aluno questiona-se e
começa a compreender o que se passa com e ao seu redor, torna-se mais
espontâneo, expressando seus desejos de modo mais natural.
Segundo Delors (2000) o aprendizado da dança deve integrar o
conhecimento intelectual e criatividade do aluno, desenvolvendo os pilares da
educação:
Aprender a conhecer;
Aprender a fazer;
Aprender a viver juntos;
Aprender a ser.
A escola, espaço de formação de crianças e jovens, tem, ao longo da
história da humanidade, levado conhecimentos para garantir uma formação ampla
aos cidadãos, de forma sistematizada. Assim, de acordo com Brasileiro (2008) a
escola sempre foi reconhecida como um espaço do ler, escrever e contar, um
espaço da palavra escrita e oral, bem como dos números.
Com o tempo, esse conceito de escola vai se modificando mostrando
outros saberes, também importantes à formação humana, que são os
conhecimentos geográficos, físicos, artísticos, biológicos, filosóficos, corporais e
etc.
Esse novo ambiente de ensino foi pensado como um espaço de civilização,
onde a formação intelectual, física e moral vai ser pressuposto fundamental à sua
constituição, como explica Brasileiro (2008). Novo mobiliário e material
pedagógico foram necessários para atender de forma mais organizada e
higienizada.
Jorosky (s.d.) afirma que a “dança é uma das maiores catalisadoras da
manifestação da expressão humana do movimento”. Na área educacional, ela é
pedagógica e ensina tanto quanto os esportes, os jogos e as brincadeiras,
podendo ser usada para estimular o aluno a realizar críticas sociais, questionar
valores preestabelecidos, padrões repetitivos e modismos que podem influenciar
as pessoas a terem uma concepção errônea a respeito da dança.
33
Existem, de acordo com Jorosky (s.d.), “trabalhos com dança que servem
ao propósito de trabalhar a coordenação motora e ter experiências concretas nas
outras áreas de conhecimento”.
O movimentar do corpo alivia o stress diário e a tensão escolar, quando
uma atividade prazerosa, porém o corpo não deve ser tratado como instrumento,
mas sim uma forma de comunicação. Pois não adianta ensaiar exaustivamente
uma coreografia se a atividade for apenas mecânica e alienante (BRASIL, 2001).
A dança na escola tem papel essencial nas atividades lúdicas e
pedagógicas, despertando no aluno uma relação concreta do sujeito com o
mundo. A dança no ambiente escolar não deve priorizar a realização de
movimentos corretos e perfeitos como técnicas impostas, mas incentivar a
improvisação e a busca do movimento livre.
De acordo com Jorosky (s.d.), à medida que o aluno torna-se consciente do
movimento,
[...] ele cria passos de sua própria dança, as expressões e as significações de seus movimentos. Assim, ele cria sua própria linguagem e aprende a organizá-la ao entrar em contato com os outros. Dominando o próprio movimento e sendo capaz de se expressar por meio dele.
Machado et al. (2006) afirmam que quando o ser humano questiona o seu
meio para satisfazer suas necessidades básicas, ele está modificando a si
mesmo. Quando o homem modifica o ambiente através de seus próprios
comportamentos, essas mudanças possibilitarão o seu saber fazer no futuro.
Para desenvolver uma educação pelo corpo inteiro, a proposta da dança
como um recurso pedagógico do processo de aprendizagem decorre da
compreensão da necessidade de desenvolver a dimensão psicomotora e sócio
construtivista, numa relação lógica entre o corpo e a mente.
A mudança educacional pede um novo olhar sobre os modelos a serem
trabalhados com dança em sala de aula. O ensino desenvolvido a partir de
projetos didáticos permite um trabalho onde o professor pode inserir nas suas
atividades pedagógicas a interdisciplinaridade e a transversalidade.
A transversalidade é fundamental nesse processo para se estabelecer
conexões entre as diversas formas de conhecimento, evitando a fragmentação do
saber e trabalhar adequadamente eixos temáticos como a sexualidade, gênero,
34
identidade, autoestima entre muitos outros na disciplina Educação Física por
serem temas de interesse dos alunos.
Dessa forma, é importante que o trabalho com temas transversais não seja
adicionado aos conteúdos específicos dessa área de conhecimento, mas amplie
sua prática e reflexões de modo a abranger os aspectos sociais, afetivos, culturais
e políticos da dança em sociedade.
Para Machado et al. (2006) a dança é uma forma de interação e expressão
tanto individual quanto coletiva, onde:
[...] o aluno exercita atenção, a percepção, a colaboração e a solidariedade. A dança é também uma fonte de comunicação e de criação informada nas culturas. Como atividade lúdica a dança permite a experimentação e a criação, no exercício da espontaneidade.
Contribui também para o desenvolvimento da criança no que se refere à
consciência e à construção de sua imagem corporal, aspectos que são
fundamentais para seu crescimento individual e sua consciência social (BRASIL,
1997 p.58).
É importante que a escola recuse modelos que compreendem a dança
somente como uma atividade a ser apresentada nas datas festivas, abandone a
ideia de que a dança é desprovida de conteúdos e mensagens culturais, e ser
capaz de,
[...] desempenhar papel importante na educação dos corpos e do processo interpretativo e criativo [em] dança, pois dará aos alunos subsídios para melhor compreender, desvelar, desconstruir, revelar e, se for o caso, transformar as relações que se estabelecem entre corpo, dança e sociedade (BRASIL, 1998, p.70).
Assim, o professor, nesse processo, passa a ser responsável pela
mediação entre os saberes sistematizados do ensino escolar e os saberes
adquiridos pelo aluno no dia a dia. O professor precisa considerar o contexto
social e cultural, partindo das escolhas de ritmos e estilos, bem como dos
conhecimentos que esses alunos já possuem. Para isso, o professor deverá
buscar orientações didáticas envolvidas com a realidade sociocultural brasileira e
com valores éticos e morais para construção de uma cidadania plena e
satisfatória.
35
Silva (2010) afirma ser necessário se trabalhar a história, contextualizando
as danças para que os alunos compreendam e entendam o significado de cada
tipo de dança, como surgiu, qual o sentido que ela tinha em determinada época e
sociedade, e que danças existem hoje na cultura jovem e quais foram os
contextos.
Assim, como explica Marques (1997).
[...] o conhecimento da história da dança, portanto, também fornece parâmetros para que a criação dos alunos em sala de aula não seja etnocêntrica, racista e/ou sexista. [...] o aluno poderá perceber a multiplicidade de concepções de corpo, tempo e espaço dos diversos movimentos artísticos, trabalhando-as e articulando-as as suas criações.
Dessa forma, trabalhar as diferentes manifestações de danças no decorrer
dos anos sugere, conforme os Parâmetros Curriculares (1998) em:
[...] primeiramente vencer as barreiras impostas pela sociedade [de forma que] ultrapassada, discutida e problematizada a necessidade de códigos externos, pode-se trabalhar com outros processos criativos em dança (PCNs, 1998, p.73).
Portanto o professor, em suas aulas, deve trabalhar os movimentos aliados
aos conceitos e contextualizá-los tomando por base as experiências cotidianas de
seus alunos.
Silva et al. (2010) afirmam que ao estudar a vida de diferentes povos,
desde as civilizações mais antigas até as atuais, comumente se encontra o jogo,
o desporto e a dança, como forma de manifestações culturais e de educação das
crianças analisando-a especificamente.
Nanni (1995) explica que a dança entre os diversos povos representam seu
estado de espírito, emoções, formas de expressar e se comunicar através de
gestos e movimentos, acompanhado ou não de música, de canto, ou de ritmos
peculiares.
Através da dança, de acordo com Silva et al. (2010), o aluno readquire a
confiança no ser humano que é, pleno e capaz devolver a capacidade de se
movimentar criativamente, pois a dança é uma das expressões que suscita o
sentido de ser. Sentido que implica não só na compreensão psicológica da
vivência corporal, mas, também, numa experiência física que se torna ponto de
referência para o qual se pode retornar espontaneamente, a qualquer momento
36
que se deseje fazê-lo. Isto permitirá que o aluno se torne mais receptivo às
solicitações exteriores, seja para acolhê-las ou para delas se defender.
De acordo com Cunha (1992), quando se vivencia práticas corporais como
fenômeno cultural, é possível contribuir para formar homens capazes de serem
sujeitos na construção de uma sociedade, uma vez que a prática dos esportes,
dos jogos e das danças é, também, uma forma de se apropriar do mundo e não
apenas fugir dele.
Assim, uma vez que a escola sempre reflete os conflitos e contradições
presentes na sociedade, permitindo que sejam compreendidos os interesses
dominantes que articulam a organização, a administração e a definição de meios
e fins na estrutura escolar, pode possibilitar que sejam situados os compromissos
políticos pedagógicos do dia-a-dia.
A dança trata do resgate da própria personalidade, do contato com o lado
mais humano através da expressão artística, pois o indivíduo se expressa e se
torna capaz, uma vez que a arte lhe devolve toda a sua potencialidade de viver e
de se realizar plenamente.
A dança na educação permite criar no educando uma consciência crítica
exigente e ativa em relação ao ambiente que a cerca e estabelecer parâmetros de
qualidade de vida do seu cotidiano. Através do domínio do seu corpo e de seus
movimentos, como explicam Silva et al. (2010), o educando poderá entender
melhor o sistema de objetos naturais e artificiais, o conjunto de estímulos
sensoriais, perceber as formas e cores, os cheiros, os sabores, as formas de
ruídos e movimentos.
Segundo Trindade (s.d.) a dança, como área de conhecimento, permite
uma leitura e uma releitura diferenciada de nós mesmos, dos outros e do mundo.
Por meio do corpo que dança são estabelecidas relações com os sons e imagens,
as palavras e as narrativas que nos circundam e podemos dialogar com elas.
Assim, a dança cumpre um importante papel na educação do indivíduo/cidadão
crítico e transformador.
As crianças que conhecem, saboreiam e aprendem as possibilidades do
corpo em movimento poderão sem dúvida estabelecer uma forma pessoal e
diferenciada de estar no mundo (TRINDADE, s.d.). As sensações, o prazer, o
desprazer, os gostos e desgostos também estão no corpo e, conhecê-los e
37
reconhecê-los, saber fazer escolhas, comunicar-se com os outros, fazem parte da
educação do corpo, pois o corpo é fonte de autoconhecimento.
Seria muito ingênuo pensar que o papel da dança no ensino fundamental
hoje somente sob o ponto de vista do indivíduo, uma vez que ele se constitui
como sujeito a partir das relações sociais que estabelece com o mundo, no plano
cultural, político e social estabelecendo relações diretas com o ser, construindo
seu corpo, seus hábitos, atitudes e significados.
As relações que se estabelece entre as pessoas são carregadas de
valores, princípios, atitudes e afetos que, incorporadas ao longo da vida,
constituem a forma de ser e estar no mundo.
Do mesmo modo, de acordo com Trindade (s.d.), as atividades corporais
que são experimentadas na infância vão construindo esse corpo fazendo com que
os indivíduos se relacionem com a vida de formas diferentes.
2.3.1 Dançando na Escola
Silveira (2009) salienta que, muitas vezes, quando se trabalha com dança
na escola, percebe-se a diferença de pensamentos e atos entre professores e
direção da escola acerca da maneira como era conduzida a aula de dança para
crianças no ensino infantil e fundamental.
O corpo pode realizar ações como rotar, dobrar-se, esticar-se, saltar e
girar. Se combinarmos estas atividades físicas com uma dinâmica diferente, os
seres humanos podem criar um número indeterminado de movimentos e é aí
onde é importante a cultura, já que é o corpo o elemento que permite distinguir os
diferentes tipos de danças.
Sempre o corpo atingirá um maior nível nos movimentos desta arte, para o
que são necessários longos períodos de treinamento especializado. Por exemplo,
no ballet, o bailarino se exercita para rotar ou girar para fora as pernas à altura
dos quadris, fazendo possível o movimento conhecido como arabesque. Na Índia,
alguns bailarinos o fazem inclusive com os olhos e sobrancelhas de seu rosto. O
vestuário também aumenta as possibilidades físicas: sapatilhas de pontas, zancos
e arneses para voar, são alguns dos elementos que se usam para dançar, e que
ademais outorgam um atrativo visual ao espetáculo aumentado pelo mero prazer
da estética.
38
A linguagem corporal humana é uma forma de expressão que abarca
múltiplos planos. É comunicação espontânea e instintiva, mas ao mesmo tempo
calculada. A linguagem corporal é um paralinguagem e acompanha a toda
expressão verbal. (HALL, 1991)
Muitas vezes não se ressalta a preocupação com a criança em si, nem qual
a melhor maneira de abordar a dança e como desenvolver a criança de maneira
global.
Para o pesquisador da dança, fica sempre a perspectiva de acertar, pois
está lidando com corpos em desenvolvimento, com o movimento de criação da
dança, atitude da criança frente às nuances estéticas e políticas que envolvem a
formação de um futuro intérprete-criador, desenvolvendo as relações sociais,
psicológicas e culturais na vida e na organização da criança e as influências em
seu pensamento.
Para isso, o professor deve criar condições para que se estabeleçam
relações com as pessoas e com o mundo. As atividades com as crianças devem
ser naturais envolvendo o andar, correr, saltar, saltitar, equilibrar, rodopiar, quicar,
rolar, trepar, pendurar, puxar, empurrar, deslizar, rastejar, galopar e lançar.
Desenvolver noções de tamanho, forma, agrupamento e distribuição e atividades
que estejam voltadas para uma sequência pedagógica que se inicia do simples
para o complexo, do concreto para o abstrato, do espontâneo para o específico,
das atividades de menor duração para as de longa duração e de um ritmo lento,
progredindo para um mais alegre. As aulas devem evoluir ricas em variações de
estímulos tanto na parte musical, como na parte corporal (SILVEIRA, 2009).
Um dos preconceitos mais fortes em relação à dança na sociedade
brasileira está relacionado ao gênero. Dançar, em uma sociedade machista, é
sinônimo de “coisa de mulher”, “efeminação”, “homossexualismo”.
As danças que a sociedade e os alunos se permitem ou não experimentar,
por exemplo, o rebolado, pode ser uma afronta e um motivo de vergonha para os
rapazes que associam esse movimento à feminilidade. Muitos ainda consideram
dança coisa de mulher.
Existe, também, um preconceito vinculado à própria arte, que é em muitos
casos sinônimo de excentricidade, de loucura. Uma dança que não seja o balé, o
flamenco, uma dança popular, ainda está relacionada à libertinagem, à
39
irracionalidade. Existe, ainda, a ideia de que, através da expressão corporal,
segredos, traumas, perversões da vida seriam obrigatória e incondicionalmente
desnudos. Assim, a ideia errada de que trabalhar com o corpo artisticamente
significa abrir os porões do inconsciente sem a menor possibilidade de domínio da
consciência, ainda prevalece nas mentes de muitos pais e educadores.
2.4 O Papel do Professor
De acordo com Brasileiro (2008) é o professor de Educação Física que
vem assumindo a função de ensinar dança no interior da ginástica. É a dança que
acompanha ritmicamente os exercícios físicos e ginásticos, que acompanha as
marchas nos desfiles cívicos, nos festivais escolares, até as dancinhas presentes
nas festas escolares de hoje.
Como afirma Marques (1999, p.107)
[...] o professor, desamparado, e muitas vezes altamente despreparado, exige dos alunos que reproduzam, copiem e sigam aquilo que arduamente criou ao assumir suas funções impostas de diretor coreógrafo.
2.4.1 Os Parâmetros Curriculares e o Professor
Na segunda metade do século XX assistimos a grandes avanços tanto no
campo socioeconômico e político quanto no setor educacional. Pode-se verificar a
adoção de medidas governamentais, visando à adequação dos sistemas
educacionais ao processo de globalização dos mercados.
As novas tecnologias de comunicação associada a um crescente número
de informações contribuíram imensamente para que tais medidas ocorressem.
Dentre estas, destaca-se a proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais para
as quatro séries iniciais do ensino fundamental.
O Ministério da Educação e do Desporto (MEC), numa tentativa de instituir
um currículo padronizado para todo o país, apresentou a discussão pública dos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), começando com as quatro primeiras
séries do ensino fundamental.
O Ministério de Educação e do Desporto (MEC), criou o Projeto Estratégico
Integrador, denominado Profissionalização do Magistério, que procura otimizar as
40
articulações e interfases políticas e operacionais em todas as ações relacionadas
com a formação de professores de Educação Básica.
Este Projeto procura identificar, articular, coordenar e desenvolver ações
para reformular a formação inicial e continuada dos professores desde a
Educação Infantil até o Ensino Médio.
O Projeto se inscreve nas políticas do MEC, orientadas a melhorar a
qualidade da educação. Serve de apoio à implementação dos Parâmetros
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, para o Ensino Médio e é
coerente com o Sistema de Avaliação da Educação Básica, SAEB, o Exame
Nacional de Cursos de Ensino Médio, ENEM e o Exame Nacional de Cursos de
Graduação.
O movimento de profissionalização dos docentes, orientado pela busca de
concorrência profissional, implica mudanças nas práticas de formação de
professores que incluem a reorganização das instituições formadoras, a
metodologia, a definição curricular e a própria formação dos formadores de
professores considerando:
- A criação de sistemas de formação nos quais se articulam a
formação inicial e continuada dos formadores.
- O avanço das investigações relacionadas ao desenvolvimento
pessoal do professor.
- A transformação das formas de pensar, sentir e atuar das novas
gerações em função da evolução das sociedades.
- O incremento acelerado e as rápidas mudanças no conhecimento
científico, na cultura, nas artes e nas tecnologias da comunicação.
A Secretaria de Educação Fundamental do MEC elaborou o Documento
“Lineamentos para a Formação de Professores (Referenciais para Formação de
Professores)” que recolhe os principais problemas e assinala políticas e
estratégias no campo. O documento é o resultado de uma ampla discussão
realizada em 1998 sobre uma primeira versão apresentada para o debate de
diferentes setores em dezembro de 1997.
No Brasil, as discussões do âmbito nacional sobre currículos é um
fenômeno recente. Os programas nacionais obrigatórios em vigor, nas primeiras
décadas do século XX foram substituídos por propostas, de caráter não
41
obrigatório, elaborados pelas secretarias estaduais e municipais de educação, ao
longo das décadas de 70 e 80.
Essa descentralização, justificada pelo gigantismo e pela diversidade
característica do sistema nacional brasileiro, tinha aspectos positivos, em termos
de flexibilização curricular que possibilitava atender às demandas regionais.
Ainda, ao deixar esta atribuição aos estados e municípios, o reflexo das
desigualdades regionais nos currículos se torna evidente: regiões mais
desenvolvidas econômica e socialmente, com mais acesso à produção de
conhecimentos científicos, reuniam melhores condições para elaborar projetos
curriculares contemporâneos, incluindo os avanços das investigações tanto de
áreas de conhecimentos específicos, como de áreas didático-pedagógicos.
Em contrapartida, nos demais, continuavam reproduzindo listas de
conteúdos sem melhor reflexão sobre a relevância dos mesmos e sem discutir
questões referentes a sua abordagem.
Uma investigação realizada em 1996, que procurava identificar o que se
ensinava nas diferentes regiões brasileiras a partir da análise de documentos
curriculares oficiais, evidenciou que a profunda segmentação social em nosso
país, que sempre funcionou como um impedimento para que a população pobre
fizesse valer seu direito à educação, era também um obstáculo para que esta
população tivesse acesso a um ensino atualizado e de qualidade.
Foi por força da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996,
que se estabeleceu a competência da União, em colaboração com os Estados,
Distrito Federal e municípios, de definir diretrizes para sortear os currículos, para
assegurar uma formação básica comum. Este dispositivo legal conduziu à
elaboração de Parâmetros e Diretrizes Curriculares Nacionais.
Como construir referências nacionais de modo de confrontar antigos
problemas da educação brasileira e ao mesmo tempo, confrontar novos desafios
colocados pela conjuntura mundial e pelas novas características da sociedade,
como a urbanização crescente? Como compatibilizar tarefas como as de indicar
pontos em comum do processo educativo em todas as regiões mas, ao mesmo
tempo, respeitar as diversidades regionais, culturais e políticas existentes – no
quadro de desigualdades da realidade brasileira?
42
Como comparar problemas referentes à possibilidade de acesso aos
centros de produção de conhecimento, tanto de áreas curriculares como da área
pedagógica, e que refletem na formação dos professores as ideias curriculares
que se utilizarão em prática?
Pode-se afirmar que a cultura geral de uma população depende, em parte,
da cultura que a escola torna possível, bem como dos condicionamentos positivos
e negativos que se separam dela. A realidade cultural de um país, sobretudo para
os mais desfavorecidos, cuja principal oportunidade cultural é a escolarização
obrigatória, tem muito a ver com a significação dos conteúdos e do uso dos
currículos escolares.
A discussão sobre o currículo permite um conhecimento mais profundo
sobre a realidade escolar: o fracasso escolar, a desmotivação dos alunos, as
relações entre alunos e professores, entre outros aspectos. São preocupações de
conteúdo psicopedagógicos e social que têm simultaneidade com o currículo que
se propõe aos estudantes. O currículo é um dos instrumentos mais potentes,
estrategicamente falando, para analisar como a prática docente se sustenta e se
expressa de uma forma peculiar, dentro de um contexto escolar.
Para compreender a centralização curricular proporcionada pelos PCNs em
sua verdadeira dimensão é importante sublinhar que não foi possível o
estabelecimento de currículos neutros, senão que o mesmo sempre é uma
elaboração histórica e socialmente construída. Portanto, subjacente ao currículo,
há um modelo de sociedade que oferece atenção a determinados interesses
socioculturais. Nesse plano adquiriu uma dimensão importante à participação que
constituiu a condição para o desenvolvimento dos projetos históricos sociais
regionais.
Nessa perspectiva a Centralização Curricular se orientou basicamente ao
protagonismo dos atores sociais, à construção de espaços que possam assegurar
a participação de grupos e pessoas, à assunção de identidade enquanto a
liberdade que se ganharia para decidir o currículo regional e que permite a
indivíduos e grupos conjugar os valores e conteúdos envolvidos em seus próprios
projetos de vida. A centralização curricular se encontraria mais vinculada com os
direitos pessoais e a ética da democracia que com uma mera racionalização dos
meios para maximizar resultados.
43
Nesta mesma ordem de ideias, o desafio se encontraria em abrir espaços a
uma reflexão em torno de conceitos onde o reconhecimento da diversidade e da
heterogeneidade facilitaria a identidade das pessoas como entes providos de
individualidade por sua relação com a realidade local e regional e/ou sua função
social.
Os objetivos da centralização curricular proporcionada pelos PCNS
significam, portanto, sustentar consensos básicos às intencionalidades gerais e
abrangentes, o deslocamento do poder para determinar objetivos e conteúdos
educativos para os órgãos intermediários e de base da vida da comunidade, ao
tempo de contribuir a imprimir no Currículo de cada centro educativo o selo dos
traços e motivações culturais de seus respectivos meios. Porém, a partir das
diretrizes centralizadoras que permitem que toda a estrutura de um país
continental como o Brasil se mantenha, ademais permite convergir mais
facilmente às vontades ao redor dos valores centrais do que por ser parte da
tradição comum, devem permear todos os planos e programas a serem aplicados.
Aqui nos encontramos frente à autonomia escolar com suas variantes:
autonomia pedagógica e autonomia administrativa. Em segundo lugar, a
descentralização do poder da tomada de decisões sobre a estrutura e conteúdos
dos planos e programas de estudo devesse atingir até cada uma das escolas que
compõem em sistema. Os efeitos seriam:
Em primeiro lugar se geraria um autêntico sentido de compromisso das
escolas e suas respectivas comunidades externas com um grande projeto
nacional, participativo e consensual de desenvolvimento.
Em segundo lugar, se mobilizariam ao máximo as forças operativas e os
recursos de apoio ao ensino.
Em terceiro lugar, cada centro educativo estaria numa situação mais sólida
para calibrar necessidades, expectativas e possibilidades de seu meio, o qual
redundaria num maior atendimento à dinâmica e sentido das mudanças culturais.
Finalmente, se ganharia maior agilidade para atuar e se reduziriam os
efeitos negativos da burocracia estatal. A tudo isso, é importante agregar a
consciência da identidade institucional e o exercício da autonomia escolar.
Em seguida, se realizaria o desenho e aplicação de uma qualidade do
ensino que, comparativamente com a produzida pelo Desenho Curricular Básico
44
e/ou Estrutura Curricular Básica nacional única, seja socialmente relevante,
culturalmente pertinente e pessoalmente mais significativa. Nessa perspectiva
foram e são muito importantes as reflexões sobre a construção do currículo
comum porque dali nasce a noção do currículo básico que hoje dentro das
intencionalidades curriculares tem acolhida nas mudanças educacionais que
experimentam os países de América Latina e, em destaque, o Brasil.
Os Parâmetros Curriculares apontam estratégias de ensino frente às
dificuldades que os professores podem encontrar diante do trabalho com
determinados tipos de danças.
Para a área de Artes, o ensino deverá desenvolver no educando um senso
crítico da história, cultura e valores, possibilitando o processo de humanização,
sendo capaz de criar, refletir e produzir ao expressar-se em diversas linguagens
artísticas, ou seja, a plástica, a dança, a música e o teatro.
Os elementos básicos que envolvem o ensino da dança são: movimento,
espaço, dinâmica, ritmos, relacionamento e manifestações artísticas.
Para os professores, as maiores dificuldades encontradas em trabalhar a
dança é a própria limitação de sua formação. Entretanto, não usam este fato para
não desenvolver a atividade, fazendo-os buscar parâmetros que orientem sua
prática educativa tendo o cuidado de não ultrapassar seus limites acadêmicos.
A proposta curricular tem por objetivo formar um aluno capaz de construir
conhecimento e refletir sobre suas ações e sua função na sociedade, dando
novos significados às relações que estabelece em sua comunidade.
A escola reconhece a importância da formação cultural e estética de seus
alunos e entende que pode favorecer o senso crítico do aluno sobre a história, a
cultura e os valores da sociedade.
As perspectivas apresentadas mostram os elementos do pensamento
oficial da escola em seu currículo, que tem por base a realidade sociocultural da
comunidade escolar, os documentos oficiais relacionados ao papel dos
professores de Educação Física e Arte, revelando amplamente como o ensino de
dança se efetivas nesta escola.
A relação com os sujeitos do universo escolar, os documentos oficiais e a
teoria utilizada possibilita o reconhecimento dos elementos do pensamento de
professores e alunos, sobre a prática da dança no espaço escolar.
45
A escola deve criar parâmetros para uma sistematização e assimilação
crítica, consciente e transformadora dos conteúdos específicos da dança, uma
vez que nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), 1996, ficou estabelecido
que a dança é algo obrigatório no currículo escolar.
O ensino da dança, valorizado e proposto nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs) de 1996, que são as bases norteadoras da educação por todo
o Brasil, tem como fundamento os pressupostos de Laban.
2.5 Rudolph Laban
Para Rudolf Laban, (1978) o movimento humano é sempre constituído dos
mesmos elementos: o corpo, o espaço, a força e o tempo. O corpo é o
instrumento da dança, compreende as partes internas e externas, os movimentos
e os passos. O espaço é um local dentro do qual o movimento se apresenta como
um fluxo contínuo. A força é a mudança, é como o movimento pode ser alterado.
O tempo é a duração cronológica de uma ação ou evento e está relacionado ao
ritmo.
Rudolf Laban, como mais tarde ficou mundialmente conhecido, começou
seu trabalho de pesquisa e criação na Europa, no início do século XX. Seu
carisma, senso de humor, dedicação e entusiasmo, aliados à sua intuição, avidez
intelectual e observação, fizeram dele não somente um grande ‘mestre’ da dança,
mas uma pessoa muito querida e admirada por seus contemporâneos
(MARQUES, s.d).
Porém, o trabalho e as contribuições de Rudolf Laban para as áreas de
arte e ensino ainda são abstrações de ideias inacabadas, de conceitos mal
definidos. Método e técnica, dança e educação contrapõem-se e confundem-se;
os caminhos percorridos pelos princípios e ideias de Laban no Brasil desde a
década de 1940 precisam ser analisados e contextualizados.
Os estudos e as propostas de Laban trazem marcas de uma época, de um
modo de pensar e de agir próprios da modernidade europeia. Para a ‘pós-
modernidade’, é necessário que seja revisto para compreendê-lo em seu contexto
sócio-político-cultural, e ser inserido no contexto artístico e educacional brasileiro.
O estudo aprofundado e minucioso sobre o movimento humano explorado
por Laban oferece importantes contribuições para as áreas de Dança, Teatro,
46
Psicologia, Antropologia, Sociologia, Saúde, entre outras, até hoje. Suas
contribuições para a área de Educação foram as mais reconhecidas e difundidas
mundialmente.
Laban foi um professor intuitivo, dedicado e observador, um artista
preocupado com as questões de sua época, com a expressividade do ser
humano, com a espiritualidade da arte, dedicando-se ao estudo da arte do
movimento sem finalidades explicitamente educacionais ou escolares.
No Brasil, Laban, o artista, também chega às prateleiras antes do
educador. Em 1978, mesma data em que Lisa Ullmann, discípula de Laban por
mais de vinte anos, veio ao Brasil, o livro Domínio do Movimento, publicado pela
primeira vez em 1950, é traduzido e publicado em português. Somente em 1990,
com 42 anos de atraso em relação à Inglaterra, o público brasileiro pôde conhecer
o educador Laban, com a publicação de Dança educativa moderna (MARQUES,
s.d.).
A divulgação e desenvolvimento dos trabalhos e das ideias de Laban no
Brasil ocorreram principalmente pelo corpo-a-corpo, pelos contatos e buscas
individuais de artistas e educadores.
2.5.1 Separação entre arte e educação
O trabalho educacional de Rudolf Laban começa a ser sistematizado em
livro em 1926, sendo suspenso pelo governo Nacional Socialista da Alemanha em
1930. Nessa época, várias escolas baseadas nos princípios de Laban já existiam
em toda a Europa. Laban visitava suas escolas no máximo uma vez por mês,
confiando a seus ex-alunos a continuidade de seu trabalho. Em 1936, as
propostas de Laban contra os treinamentos ginásticos e a padronização de
corpos em prol da expressão individual do ser humano são consideradas
adversas às do regime nazista, resultando no fechamento de suas escolas e na
partida de Laban para a Inglaterra (MARQUES, s.d.).
Somente em 1948, de acordo com Marques (s.d.), dez anos antes de sua
morte, já na Inglaterra, Laban escreve Dança educativa moderna, sistematizando
melhor suas ideias e conhecimentos para pais e professores, onde deixa clara
sua devoção e crença na educação através da arte da dança associada à
liberdade de comunicação e expressão, como fonte e caminho para a vida.
47
Em meados de 1940, Maria Duschenes chega ao Brasil após breve estada
na Inglaterra, onde tomou contato com os princípios de Laban (de 1937 a 1939),
difundindo-o essencialmente nos meios educacionais que frequentava. Assim,
mesmo tendo sido utilizado na produção de espetáculos na década de 1970 e na
educação de alguns profissionais de dança, Laban acaba entrando no Brasil
através de Maria Duschenes, pela porta da Educação, criando alianças profundas
com o ensino-aprendizado e com os processos escolares e terapêuticos (NAVAS;
DIAS, 1992), talvez por isso, ainda hoje Laban está ligado à Educação,
principalmente, educação para crianças (MARQUES, s.d.).
Porém, o próprio Laban em Dança educativa moderna, estabelece a
dicotomia entre a Arte e a Educação, reforçadas por Lisa Ullmann. No posfácio de
1963, os dois afirmam com intensidade que a função da dança na escola não é
formar artistas, mas pessoas livres e capazes de expressar em atitudes criativas e
conscientes o fluxo natural do movimento humano (ULLMANN, 1990, p. 108-10).
Laban e seus seguidores enfatizavam o processo nas questões para o
ensino de dança nas escolas. Acreditavam que o papel da educação era ensinar
pessoas, ajudando o ser humano através da dança a encontrar uma relação
corporal com a totalidade da existência (ULLMANN, 1990, p. 107).
O discurso de Laban, combinado com o dos pensadores de sua época, não
o permitia perceber a estreita e indispensável relação entre a arte profissional e a
arte trabalhada com leigos, principalmente em se tratando de crianças. A
separação entre a arte e a educação era perfeitamente admissível e até mesmo
louvável, pois o mundo da dança apresentava-se até então altamente codificado,
pronto, inabalável, indo contra seus ideais de criação e transformação do ser
humano por meio da dança. Para Laban, assim como para muitos educadores da
época, processo criativo e apreciação e produção eram reciprocamente
excludentes (MARQUES, 1997).
Não é apenas Laban que acreditava na dissociação entre o mundo da
produção artística profissional e o mundo da educação escolarizada. Grande
parte do professorado, da classe artística e do público brasileiro ainda hoje
defende essas ideias. As experiências inocentes em dança que ainda hoje
ocorrem em nossas escolas, como jogos com panos, cores, nariz de palhaço,
“dance e seja feliz”, estão provavelmente alicerçadas nos argumentos arcaicos de
48
Laban sobre a educação, na falta de uma visão mais crítica em relação à dança e
à educação nos dias de hoje (MARQUES, s.d.).
Para Laban, a articulação de conteúdos específicos atua como elemento
gerador do processo criativo, concluindo que a compreensão corporal e intelectual
da linguagem da dança é elemento crucial no processo de educação, quer do
indivíduo, quer do profissional de dança.
Educar-se em dança, de acordo com Marques (1999), implica conhecer e
apropriar-se corporalmente de suas estruturas formativas e não somente
reproduzir seus estilos, códigos, passos, princípios anatômicos e cinesiológicos.
O conhecimento da linguagem da dança possibilita um entendimento da dança
que compreende a performance, a criação, a apreciação e suas relações com a
sociedade.
Para se introduzir as propostas de Laban para o contexto educacional
atual, é importante que se entenda seus princípios filosóficos e educacionais,
contextualizados em sua época, para assumirem a relevância como linguagem e
conteúdos educacionais (MARQUES, s.d.).
2.5.2 Propostas educacionais ou método Laban?
Método é um caminho, um caminho pelo qual se chega a um resultado,
esperado ou não, previsto ou não; é um meio, um atalho, uma forma estabelecida
de caminhar, de direcionar uma ação, de olhar adiante rumo a um objetivo
palpável (MARQUES, s.d.).
Pode-se falar de métodos de ensino, de métodos de observação, métodos
de análise e interpretação, mas, definitivamente, não podemos falar de método
Laban, que inclusive, era avesso aos métodos e aos caminhos pré-estabelecidos,
pois procurava estimular cada pessoa de uma forma diferente, incentivando o
movimento, a descoberta pessoal, o desenvolvimento da personalidade de cada
um.
Laban não ensina como observar o movimento humano, aponta o que deve
e pode ser observado para compreensão da dança, dos movimentos de trabalho,
da personalidade dos indivíduos (MARQUES, s.d.). O desejo de Laban era que as
pessoas continuassem investigando e experimentando de forma fluida,
49
descobrindo formas pessoais de dançar, de ensinar, de observar e de pesquisar o
fluxo do movimento humano e, assim, permitindo o fluxo da vida.
Mesmo assim, Laban acaba discutindo em seu livro para pais e
educadores algumas posturas metodológicas, consideradas por ela como
benéficas ao desenvolvimento integral da criança, em suas múltiplas
possibilidades de criação, sem especificar métodos de ensino. Laban aconselha
pais e professores sobre atitudes adequadas ao desenvolvimento e cultivo da
sensibilidade, da percepção, dos impulsos internos e da expressão individual de
cada um, sugerindo que sejam atentos, que observem, aprendam junto com os
alunos e que, principalmente, não julguem ou interfiram na criação individual de
cada um (MARQUES, s.d.).
Laban oferece aos pais e professores os temas de movimento, como
ferramenta de trabalho, que ele chama de coreologia, oferecendo os elementos
da linguagem para que cada um crie sua aula, seu programa, seu currículo, sua
dança, sua vida, enfim.
Para Laban, de acordo com Marques (s.d.), conhecer o uso de energia, de
peso, das possibilidades do fluxo do movimento no espaço, era como adquirir
uma habilidade que abre portas e diferencia as pessoas, pois permite a expressão
e a comunicação pessoal e intransferível de cada um.
Dessa forma, os estudos de Laban permitem a observação, análise e
percepção corporal e intelectual dos elementos de movimento nos diferentes
estilos de dança e, consequentemente, dos aspectos sócio-políticos e culturais
dessa dança. Assim, ao estudar, vivenciar e compreender a linguagem da dança
compreende-se também suas mensagens subliminares, pois a linguagem tem
significação. Portanto, não se fará apenas uma aula de dança, mas se tem a
possibilidade de possuir uma maior consciência de como essas técnicas
constroem os corpos e sugerindo que tipo de cidadania.
2.5.3 Teorias e Práticas desenvolvidas por discípulos de Laban
A proposta de Laban permite ao aluno expor-se através de seus próprios
movimentos. Não ensina apenas a forma ou a técnica, mas educa conforme o
vocabulário de movimento de cada um, contribuindo para o desenvolvimento
emocional, físico e social do participante (FERNANDES, 2009).
50
Fernandes (2001) em seu artigo chama a atenção para algumas categorias
referentes à teoria e práticas corporais desenvolvidas por discípulos de Laban. O
autor fala que a forma dos movimentos, refere-se à expressividade, onde
qualidade dinâmica expressa a atitude interna do indivíduo com relação a quatro
fatores, apontados de acordo com seu desenvolvimento na infância: fluxo,
espaço, peso e tempo.
A categoria Expressividade refere-se às qualidades dinâmicas do
movimento presente tanto na dança, como na música, pintura, escultura, objetos
do cotidiano. Esses fatores estão sempre presentes no movimento como
quantidades. Qualquer movimento sempre envolve certa quantidade de tensão e
peso; demora algum tempo e viaja ou ocupa uma quantidade de espaço
(FERNANDES, 2001). Ao movimentar-se, continua o autor, o corpo concentra-se
em mudar a qualidade de qualquer um desses fatores, você observa esta
mudança como o surgimento das qualidades expressivas. Dessa forma, a
mudança no fluxo de tensão pode ser livre ou contida; a qualidade de peso pode
tornar-se leve ou forte; a qualidade de tempo pode tornar-se desacelerada ou
acelerada e a qualidade de foco espacial ou atenção, indireta ou direta.
A categoria Forma, isto é, com quem nos movemos, refere-se a mudanças
no volume do corpo em movimento, em relação a si mesmo ou a outros corpos.
Criando formas sempre em movimento, tal relação pode ser classificada em:
Forma Fluida, Forma Direcional e Forma Tridimensional. Estas Formas são
vivenciadas pelo bebê, que passa gradativamente de uma para a outra, sendo a
forma anterior um suporte para a seguinte. As três Formas estão presentes na
vida adulta, podendo as preferências de movimento impedir a expressão de uma
delas, o que pode ser trabalhado. Esta Forma desenvolve-se quando a criança
passa a interessar-se por seu meio e a esticar o volume de seu corpo em direção
a objetos ou pessoas e seu corpo começa a se relacionar com seu meio
ambiente, buscando ou puxando em movimento linear reto ou curvilíneo
(FERNANDES, 2001).
A categoria Espaço, onde nos movemos, é uma arquitetura do espaço do
movimento humano, envolvendo o alcance do movimento, o padrão axial, as
formas cristalinas, o percurso espacial, a tensão espacial, escalas de Espaço,
entre outros (FERNANDES, 2001).
51
Todos os quatro fatores têm seu desenvolvimento na infância, pelas
experiências cotidianas de percepção e relacionamento com a família, com seu
espaço e com o mundo, consistindo no desenvolvimento das qualidades
expressivas na criança e presentes na vida adulta.
De acordo com Fux (1983) dançar faz fluir sensações de alegria originárias
de forma lúdica de movimentar-se livremente. Segundo a autora, a dança na
infância produz efeitos terapêuticos, pois “ao dançar o corpo entra em atividade,
favorecendo a comunicação de pensamentos e emoções”.
Para Schinca (1991), o desenvolvimento da psicomotricidade e expressão
corporal, associados ao ensino da dança, são favorecidos através da tomada de
consciência e controle corporal e da aquisição da percepção do tempo e do
espaço.
Silveira (2009), em sua pesquisa, afirma que algumas escolas já estão
procurando incorporar a dança na grade curricular, um exemplo disso são as
danças educativas, desenvolvidas em uma escola particular de São Paulo. Ela
está inserida na Grade Curricular da Educação Infantil, fundamentada nas ideias
de Rudolf Laban, procurando desenvolver a sociabilidade de poder criar,
expressar, aprender, socializar e cooperar, se educando também pela dança.
Segundo observa Sayão (2002) nem todas as escolas priorizam o
desenvolvimento do educando, estando preocupadas apenas em aumentar a
quantidade de alunos. A crítica à escola para a educação infantil, feita por vários
autores, que no caso da pré-escola no Brasil, a ideia de educação física e de
outras disciplinas surge muito mais no setor privado do que no público, com a
propagação de escolinhas infantis, principalmente entre as décadas de 70 e 80,
[...] as quais se utilizaram elementos como o balé, jazz, inglês, artes marciais e, mais recentemente da informática como estratégia de marketing para atrair os pais que podiam pagar por isso (SAYÃO, 2002).
Entendendo-se a dança como uma manifestação da cultura corporal, ligada
à educação institucionalizada, se compreenderá que aquilo que a escola
necessita para trabalhar com a dança está associado aos conhecimentos para
toda a prática pedagógica. Na perspectiva da atuação profissional condizente com
a escola, as vivências de movimentos rítmicos, as explorações e interpretações
da música através da dança, a contextualização dos tipos de danças trabalhadas
52
e a interação dos alunos através da dança pode e deve fazer parte das aulas
trabalhadas no ambiente escolar (SILVA, 2005).
2.5.4 A Dança Educativa
Dança educativa: terminologia utilizada por Laban em seu livro Dança
Educativa Moderna (1990). Essa terminologia indica que o movimento seja
utilizado como um instrumento de expressão, sendo importante para que o aluno
conheça as várias articulações do corpo e seu uso na criação de padrões
espaciais e rítmicos, mas principalmente perceba o estado de espírito e a atitude
interna produzida pelas ações corporais (JOROSKY, s.d.).
Essa proposta é uma importante ferramenta para o autoconhecimento, mas
educar, atualmente, é confundido com fazer a criança controlar-se fazê-la parar,
movimentar-se bem pouco.
Não se pode esquecer que ao se restringir os movimentos à educação
restringe-se também a inteligência, os sentimentos e a construção do
conhecimento.
Para Laban, o corpo expressa a relação do indivíduo com o seu meio. O
corpo é o veículo e conteúdo do aluno das relações que estabelece, tendo acesso
ao conhecimento pela experiência.
Assim, o trabalho da dança educativa busca o desenvolvimento
harmonioso da criança por meio da relação corpo-mente, considerando também
os aspectos afetivos e sociais.
Com a experiência corporal no processo educacional, o aluno estabelece
relações entre os significados simbólicos criados por ele e o aprendido no
processo educacional, e a partir dessas relações desenvolve seu repertório
expressivo e aprimora suas habilidades motoras.
Além disso, a dança contribui também no processo de elaboração da
imagem corporal da criança e do jovem, gerando conhecimentos sobre anatomia
e sistemas corporais como muscular, ósseo, etc.
Toda a metodologia para esse tipo de trabalho é baseada nos conceitos
elaborados por Rudolf Laban, que acreditava que as diferentes mensagens que
cada ser humano traz dentro de si são as maiores riquezas de uma sociedade,
que depende e vive para e do grupo (JOROSKY, s.d.).
53
Para Laban (1990), a criança realiza naturalmente movimentos similares
aos da dança, cabendo à escola fazer com que ela tome consciência dos
princípios do movimento. Preservando sua espontaneidade e desenvolvendo a
expressão criativa.
Ainda de acordo com Laban (1990), o trabalho com o corpo leva à
consciência corporal, o aluno questiona-se e começa a compreender o que passa
consigo e ao seu redor, tornando-se mais espontâneo e expressando seus
desejos de forma mais natural. Isso, porém, pode criar dificuldades para a prática
pedagógica autoritária, que ainda acredita que o aluno só aprende quando
sentado em sua carteira.
2.6 A Dança: Repensando o Ensinar e o Aprender
De acordo com Rego (2001), Vygotsky acentua a dimensão sociocultural
do desenvolvimento humano, tendo como pressupostos básicos a ideia de que o
ser humano se constitui enquanto sua relação com o outro e sua comunidade.
Quando o individuo questiona o seu meio para satisfazer suas
necessidades básicas, ele está modificando a si mesmo, possibilitando pensar no
seu futuro (MACHADO et al., 2006). Através da expressividade, o individuo atua
sobre o outro. Esse contato com outro nunca é direto, sendo intermediado pelo
social, tanto em sua dimensão interpessoal quanto cultural.
Assim, para desenvolver uma educação pelo corpo inteiro, a proposta da
dança como recurso pedagógico facilitador do processo de aprendizagem
transcorre pela necessidade de desenvolver a dimensão psicomotora e sócia
construtivista, numa relação lógica entre o corpo e mente.
A mudança educacional ocorrida ao longo dos tempos exige um novo olhar
sobre como se trabalhar a dança em sala de aula. O ensino pautado no
desenvolvimento de projetos didáticos possibilita um trabalho onde o professor
pode inserir nas suas atividades pedagógicas a interdisciplinaridade e a
transversalidade, a partir da identificação das dificuldades encontradas na sua
prática educativa, pois os princípios norteadores do MEC de que a Pluralidade
Cultural, a Ética, a Orientação Sexual, a Educação para a Saúde e o Meio
Ambiente passem a compor explicita e intenciona nossas práticas artístico-
educativas (MACHADO et al., 2006).
54
Machado et al. (2006) explicam que a transversalidade é fundamental
nesse processo, pois estabelece conexões entre as diversas formas de
conhecimento, evitando a fragmentação do saber, trabalhando eixos temáticos
como sexualidade, gênero, identidade, autoestima entre muitos outros na
disciplina Educação Física, constituindo temas de interesse dos alunos.
É importante que o trabalho com temas transversais não se sobreponha
aos conteúdos específicos dessa área de conhecimento, mas amplie sua prática e
reflexões, abrangendo os aspectos sociais, afetivos, culturais e políticos da dança
em sociedade. Uma das contribuições dos movimentos artísticos da dança para
uma educação voltada para pluralidade cultural está nas diversas concepções de
corpo e gênero (MACHADO et al., 2006).
A dança é uma forma de intercâmbio e expressão tanto individual quanto
coletiva, onde o aluno exercita atenção, a percepção, a colaboração e a
solidariedade. É fonte de comunicação e de criação informada nas culturas.
Como atividade lúdica a dança permite a experimentação e a criação, no
exercício da espontaneidade, contribuindo para o desenvolvimento da criança
com relação à consciência e à construção de sua imagem corporal, aspectos
fundamentais para seu crescimento individual e sua consciência social (BRASIL,
1998 p.58).
2.7 A Dança nos Documentos
Marques (1997 p.20) afirma que tem percebido que no Brasil, nos últimos
anos, existema preocupação dos educadores e legisladores em acrescentar a
dança em seus trabalhos e programas.
A dança deveria fazer parte não apenas das aulas de Educação Física
como das aulas de Artes. De acordo com Barreto (2004, p.56):
[...] a dança não sendo disciplina do currículo escolar, não pode ser ministrada nas escolas por licenciados em dança, como um campo de conhecimento autônomo que tem características, estrutura, conteúdos e metodologias próprios. Ela somente pode ser trabalhada em função de outros campos do conhecimento, assumindo um papel de conteúdo de disciplinas, como a Educação Artística e a Educação Física.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), ao tratar das atividades a
serem desenvolvidas em Educação Física, percebe-se que a dança está inserida
dentro de um bloco de conteúdo chamado Atividades Rítmicas e Expressivas, que
55
de acordo com Barreto (2004) deve estar relacionada aos conteúdos do corpo,
esporte, lutas e ginásticas.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais estes conteúdos irão
contemplar que:
[...] as manifestações da cultura corporal que tem como características comuns a intenção de expressão e comunicação mediante gestos e a presença de estímulos sonoros como referência para o movimento corporal. Trata-se das danças e brincadeiras cantadas (BRASIL, 1997b, p.51).
Entretanto, quando os PCNs tratam da questão da dança no caderno de
Artes, ela tem suas especificidades, com a definição do que é dança e justificando
sua presença na escola, ao afirmar que:
[...] a arte da dança faz parte das culturas humanas e sempre integrou o trabalho, as religiões e as atividades de lazer. Os povos sempre privilegiaram a dança, sendo esta um bem cultural e uma atividade inerente à natureza do homem (BRASIL, 1997a, p.67).
Assim, o espaço da dança na escola justifica-se na compreensão de sua
importância para o desenvolvimento do movimento, sendo consequência do
conhecimento do seu próprio corpo, fazendo com que suas ações sejam
carregadas de expressão, inteligência, autonomia, responsabilidade e
sensibilidade.
Percebe-se que o entendimento da dança como manifestação da Cultura
Corporal e de expressão e comunicação, para os Parâmetros Curriculares
Nacionais faz parte tanto do eixo de Artes como de Educação Física. Sendo que
primeiro foca a dança na expressão e na comunicação humana, na intenção de
expressão e comunicação através dos gestos. Na Educação Física, o foco
consiste no entendimento da dança como uma expressão da diversidade cultural
de um país, se tornando um maravilhoso recurso para aprendizagem. Assim, é
um conteúdo que pode variar de acordo com o local no qual a escola está inserida
(BRASIL, 1997b, p.53).
Mas, de qualquer maneira, a dança na Educação Física deve incluir
cantigas de roda, brinquedos cantados, danças populares, dança elementar,
dança folclórica e recreação, percebendo-se que estas formas de dança também
56
estão presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais tanto relacionadas à
disciplina de Educação Física quanto Artes.
57
CAPITULO III - METODOLOGIA
3.1 Delimitação do estudo
Para coleta de dados deste trabalho, foi realizada uma pesquisa do tipo
descritivo e de abordagem qualitativa e quantitativa. Neste estudo foram
entrevistados docentes com vivência em dança escolar e em educação física
escolar da UniEvangélica e cinco escolas municipais da cidade de Anápolis-Go.
Estas mesmas escolas foram escolhidas pelo critério de uma educação física
escolar mais assídua.
3.2 Modelo, Tipo e abordagem da pesquisa
O presente estudo se enquadra no modelo não experimental, tipo descritivo
e abordagem mista. O modelo não experimental não manipula variáveis.
De acordo com Rodrigues (2007), o método quantitativo, contribui para a
ampliação do conhecimento sobre área escolhida. Deve ser considerado como
uma opção importante a ser adotada, constituindo-se numa base confiável para
outros pesquisadores, pois fornece um grau de generalidade útil ao pesquisador.
Já a abordagem qualitativa pode ser solicitada para um levantamento preliminar-
piloto, como base para a elaboração de um questionário, ou como suporte para
explicar as relações identificadas na pesquisa quantitativa. Pode, ainda, ser
utilizado como único método, dependendo da natureza do problema de pesquisa.
Dantas e Cavalcanti (2006) afirmam que a pesquisa qualitativa tem caráter
exploratório, estimulando os entrevistados a pensarem livremente sobre algum
tema, objeto ou conceito, expondo aspectos subjetivos espontaneamente. É
utilizada quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de
uma questão, abrindo espaço para a interpretação. É uma pesquisa de caráter
indutiva, na qual o pesquisador desenvolve conceitos, ideias e entendimentos a
partir de padrões encontrados nos dados, ao invés de coletar dados para
comprovar teorias, hipóteses e modelos pré-concebidos.
Com relação à pesquisa quantitativa, Dantas e Cavalcanti (2006) explicam
que é mais adequada para apurar opiniões e atitudes explícitas e conscientes dos
entrevistados, utilizando-se de questionários. Deve ser representativa de um
determinado universo, para que os dados obtidos possam ser generalizados e
58
projetados para aquele universo. Tem por objetivo mensurar e permitir o teste de
hipóteses, já que os resultados são concretos e menos passíveis de erros de
interpretação. É adequada na possibilidade de medidas quantificáveis de
variáveis e inferências a partir de amostras numéricas, ou buscar padrões
numéricos relacionados a conceitos cotidianos.
Assim, diante do exposto, decidiu-se pela pesquisa quantitativa e
qualitativa para este trabalho, para que se pudesse entender e confirmar o
interesse dos alunos pelo aprendizado da dança e sua importância no
desenvolvimento cognitivo e social dos mesmos no ensino fundamental, bem
como a relação dos professores com a dança.
3.3 População e amostra
A pesquisa foi realizada junto aos alunos, no período de abril 2012 a junho
de 2012 aplicados na parte da manhã e da tarde com duração de quarenta e
cinco dias com um universo de 64 pessoas.
Conforme os cálculos estatísticos propostos por Subeldia (2010), foi
considerada uma população de 64 alunos, com grau de confiabilidade 95%,
probabilidade “q” de 10%, probabilidade “p” de 90% e um erro de 5%, para se
obter um resultado com maior confiabilidade. Assim, a amostra em estudo é
identificada a partir do seguinte cálculo probabilístico:
N = 120
Z = 95% ou 1,96
, pois N = 120
q = 0,1, pois 80 < N <=159 (10%)
p = 1 – q = 0,9
59
A amostra assumida para a pesquisa foi de 64 alunos.
A pesquisa também foi realizada junto a quatro professores de Educação
Física da UniEvangélica, para conhecer como pensam e veem a importância do
ensino da dança no ensino fundamental.
3.4 Instrumentos
Aplicaram-se questionários para o levantamento de dados, conforme
Apêndice A e B com medidas quantitativas e qualitativas, objetivando-se a
obtenção de índices numéricos correspondentes ao problema em questão, que
foram resumidos e registrados sob a forma de relatórios. Assim, a qualidade das
medidas influiu diretamente nos resultados.
O questionário, numa pesquisa, é um instrumento ou programa de coleta
de dados. Se sua confecção é feita pelo pesquisador, seu preenchimento é
realizado pelo informante.
O questionário é um conjunto de perguntas, que a pessoa lê e responde
sem a presença de um entrevistador. O tipo de questionário foi o estruturado não
disfarçado onde o respondente sabe qual é o objetivo da pesquisa. (MATTAR,
1996)
A técnica para a aplicação do questionário foi a abordagem direta dos
questionários aos entrevistados. Foram enviados 130 questionários para alunos
(Apêndice B), e respondidos 64 que foram considerados para a pesquisa.
60
Também houve a aplicação de um questionário para quatro professores
(Apêndice A).
Para a elaboração do questionário contou-se com a participação do
orientador da dissertação para se redigir um questionário objetivo e que gerasse o
maior número de informações possível.
Os tipos de questionários aplicados foram de tipo misto que, tal como o
nome indica, são questionários que apresentam questões de diferentes tipos:
resposta aberta e resposta fechada. Questões abertas proporcionam respostas de
maior profundidade, ou seja, dá ao sujeito uma maior liberdade de resposta,
podendo esta ser redigida pelo próprio. Questões fechadas permitem obter
respostas que possibilitam a comparação com outros instrumentos de
recolhimento de dados. Este tipo de questionário facilita o tratamento e análise da
informação, exigindo menos tempo. (MATTAR, 1996)
3.5 Coleta de dados
Doxsey e De Riz (2003) afirmam que pesquisar é procurar conhecer a
realidade através de levantamento de informações significativas e representativas
dessa realidade que, por sua vez, são os dados coletados. Quando esses dados
podem ser observados, contados e medidos diretamente, passam a ser
informações tangíveis. Outras vezes, esses dados não podem ser medidos ou
observados diretamente, devendo ser interpretados e analisados a partir das
informações coletadas para discernir padrões de respostas, tendências e
associações. Assim, se faz necessário utilizar ferramentas que permitam coletar,
organizar e analisar os dados. Na coleta de dados é ainda necessário garantir a
uniformidade de aplicação do instrumento de unidade de análise, para isso o
questionário, ficha de observação ou outro instrumento deve ser organizado de
forma que sua aplicação não altere a natureza dos dados registrados.
Doxsey e De Riz (2003) ainda explicam que uma pesquisa precisa ter bem
claro o problema. E, durante a realização do estudo, o pesquisador procura
respondê-lo através da coleta dados, buscando informações que possam dar
essa resposta.
61
CAPITULO IV - ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os resultados da pesquisa são apresentados em:
Análise descritiva dos dados, onde serão apresentados os
resultados da tabulação dos dados levantados no questionário.
Análise inferencial dos dados, onde se mostrará as inter-relações
existentes entre os dados, e análise dos resultados obtidos e sua comparação
com o embasamento teórico.
4.1 Análise descritiva dos dados
Doxsey e De Riz (2003) explicam que a partir dos dados coletados, se faz
a análise dos mesmos. Na fase de análise, o pesquisador vai verificar, entre os
dados obtidos, informações tais como: Quais as informações que aparecem com
mais frequência? Quais as possíveis razões para serem mais frequentes? Quais
as informações que aparecem com menos frequência? Quais as possíveis razões
para serem menos frequentes?
4.1.1 Características gerais dos professores e alunos
Entre os professores de Educação Física que responderam a pesquisa,
como se pode notar, todos são do sexo feminino.
Gráfico 1 - Sexo dos professores de Educação Física pesquisados
Fonte: Elaboração Própria
62
O Gráfico1 indica que os professores entrevistados são todos do sexo
feminino, isto é, 100% deles.
Gráfico 2 - Idade dos professores
Fonte: Elaboração Própria
O Gráfico 2 indica a faixa etária dos professores, que estão todos
próximos, tendo a média de 26 anos.
Com relação às características gerais dos alunos, entre os que
responderam ao questionário, 69% são do sexo feminino, isto é, 44 alunos, 30%
do sexo masculino, 19 alunos e 2% não responderam, 1 aluno.
Gráfico 3 - Sexo dos alunos
Fonte: Elaboração Própria
63
O Gráfico 3, assinala que a maioria dos alunos entrevistados são do sexo
feminino.
Como se pode verificar, buscou-se entrevistar alunos de várias faixas
etárias do ensino fundamental, para a opinião e conhecer os interesses sobre o
assunto.
Dentre os entrevistados, 8% tem 10 anos, isto é 5 alunos, com 11 anos,
também 8% dos alunos, com 12 anos, 33% dos alunos, a maioris dos
entrevistados, 20% dos alunos tem 13 anos, isto é 13 deles, 22% dos
entrevistados tem 14 anos, 4 alunos, representando 6%, tem 15 anos e dosi
alunos tem 16 anos, representando 3% do total entrevistado.
Gráfico 4 - Faixa etária dos alunos
Fonte: Elaboração Própria
O Gráfico 4 exibe de forma bastante clara a faixa etária dos alunos
entrevistados, como explicado anteriormente, buscando-se representantes de
todas as idades, para conhecer seus interesses com relação à dança.
Dentro do universo dos alunos entrevistados, 4 frequentam o 5º ano,
representando 4%, 9 frequentam o 6º ano, sendo 9%, 17 frequentam o 7º ano,
sendo um percentual de 17%, 18 frequentam o 8º ano, representando 18%, 15
frequentam o 9º ano, sendo 15% do total entrevistado e 1 não respondeu, sendo
1% do total.
64
Gráfico 5 - Ano que frequenta
Fonte: Elaboração Própria
O Gráfico 5 esclarece que a maioria dos alunos que respondeu a entrevista
cursa o 7º, 8º ou 9º ano.
4.1.2 Conhecimento da área de estudo
O Gráfico 6 demonstra a quanto tempo os professores entrevistados atuam
na área, como professores de Educação Física, sendo que a média é de seis
anos e meio. Assim, pode-se ver que são bem recentes e confirma a questão da
faixa etária, demonstrando que são professores jovens.
Gráfico 6 - Tempo em anos que trabalha com Educação Física
65
Fonte: Elaboração Própria
O Gráfico 7 mostra quais as modalidades que são ou não trabalhadas por
cada professor nas aulas de Educação Física. E, a dança tem um destaque
positivo, no gráfico, sendo que 75% dos professores disseram que trabalham a
dança em suas aulas.
Gráfico 7 - Modalidades trabalhadas nas aulas de Educação Física
Fonte: Elaboração Própria
Quando os alunos foram questionados a respeito das aulas de Educação
Física na escola, 77% responderam que tem aulas com frequência, 22% quase
sempre, 2% raramente têm aulas de Educação Física, conforme mostra o Gráfico
8.
Para Cunha (1992, p.11), a dança merece destaque junto à Educação
Física complementando as atividades de "ginástica, lúdicas, esportivas e
recreativas". Também para Claro (1988, p.67) “a dança e a Educação Física se
completam", em que "a Educação Física necessita de estratégias de
conhecimento do corpo e a dança das bases teóricas da Educação Física".
66
Gráfico 8 - Frequência das aulas de Educação Física na escola
Fonte: Elaboração Própria
O Gráfico 9 mostra a prática de modalidades nas aulas de Educação
Física. Apenas 8 alunos responderam que já praticaram dança durante as aulas,
representando 13% do universo pesquisado. Isso de certa forma contradiz o que
os professores responderam, quando 75% afirmam já ter trabalhado a dança nas
aulas de Educação Física.
Faz-se importante ressaltar que apesar dos benefícios comprovados, as
práticas da dança nas aulas de Educação Física ainda se realizam de forma muito
restrita. Isto se dá de acordo com reflexões de Vargas (2003, p.9) devido ao
despreparo na formação dos profissionais.
Gráfico 9 - Modalidades praticadas nas aulas de Educação Física na escola
67
Fonte: Elaboração Própria
4.1.3 Interesse pela Dança
Quando os alunos foram questionados se gostavam de dançar, qualquer
estilo de dança, 41% respondeu que sempre, isto é, 26 alunos, 16 alunos
responderam que quase sempre gostam de danças, representando 25%, 17
alunos disseram que raramente gostam de dançar, isto é, 27% e 5 alunos,
representando 8% dos entrevistados, responderam que nunca dançam, como
mostrado no Gráfico 10.
Gráfico 10 - Gosto pela dança
Fonte: Elaboração Própria
De acordo com Silva (2010), para cada vivência e etapa da vida do
indivíduo, existe alguma forma de dança e até para aqueles que afirmam não
gostar dela, porém sem perceber, acompanham o som de alguma música
batendo os pés ritmicamente. Todos são capazes de criar um tipo de dança que
lhes permitam falar por meio dos movimentos, pois a dança é linguagem corporal.
Há nas sociedades uma diversidade de ritmos, movimentos, sons,
expressões, que se encaixam nas variadas formas de relações com o meio
sociocultural em que se vive, e que repercute sobre o indivíduo, que atua e
modifica sua realidade. Assim, encontramos danças como a valsa, forró, ballet e
hip-hop, quadrilha de festas juninas, jazz, funk, entre outras (SILVA, 2010).
68
Gráfico 11 - Tipo de dança que conhece
Fonte: Elaboração Própria
O Gráfico 11 exibe o tipo de dança que os alunos entrevistados conhecem,
percebendo-se que o forró é o mais comum entre eles, seguido do balé, hip hop e
funk.
É a partir do movimento, que podemos perceber as primeiras realizações
das crianças e a manifestação do desenvolvimento do sistema perceptivo
sensório-motor (VERDERI, 1998).
Assim, como explica Strazzacappa (2001), mesmo cercados por variadas
manifestações de dança, atualmente as pessoas possuem uma compreensão
restrita do que realmente ela significa, uma vez que, quando são questionadas
sobre o que entendem por dança, as pessoas estabelecem relações com os
ritmos mais difundidos pela mídia ou associado ao pensamento ao passado
69
quando a dança era compreendida como ballet, principalmente o ballet clássico,
aparecendo nas primeiras posições.
A autora ainda destaca que o ballet é seguido:
[...] de perto pelas danças de rua (também conhecidas por hip hop, break, street dance) e pelas manifestações populares como a capoeira, o funk e o axé. Por vezes, encontramos algumas manifestações ligadas a danças étnicas, como a dança do ventre, o tango e o forró, estes últimos também vistos como danças de salão (STRAZZACAPPA, 2001).
Quando questionados sobre a inclusão da dança, além dos outros esportes
na Educação Física, 84% dos alunos aprovam, isto é, 54, 4 não aprovam,
representando 6% dos alunos, 8% não Têm certeza, sendo 5 alunos 1 não
respondeu, representando 2% dos entrevistados, ficando evidente o interesse dos
alunos pelo ensino de dança nas aulas de Educação Física.
Gráfico 12 - Dança na Educação Física
Fonte: Elaboração Própria
Ao serem questionados se a dança traz benefícios para o corpo e mente,
67% dos alunos concordaram, sendo 43 dos entrevistados, 19 alunos
concordaram plenamente, representando 30% e apenas 2 alunos ficaram incertos
quanto aos benefícios da dança, representando 3% do universo entrevistado,
como ilustra o Gráfico 13.
70
Gráfico 13 - Dança para o corpo e para a mente
Fonte: Elaboração Própria
O Gráfico 14 exibe a opinião dos alunos sobre em que a dança pode ajudar
no dia-a-dia. Em sua maioria afirmou que ela pode beneficiar muito na
autoestima, concentração, socialização, memorização, criatividade, ritmo,
coordenação, disciplina.
Uma arte não só para ser contemplada e admirada a distância, mas para
ser aprendida, compreendida, experimentada e explorada, numa tentativa de
levar o indivíduo a vivenciar o corpo em todas suas dimensões, através da
relação consigo mesmo, com os outros e o mundo. No que diz respeito aos
conteúdos que visem uma educação do/e pelo movimento para compreensão da
dança, Marques (2002, p.31), ressalta que:
[...] os conteúdos específicos da dança são: aspectos e estruturas do aprendizado do movimento (aspectos da coreologia , educação somática e técnica), disciplinas que contextualizem a dança (história,estética,apreciação e crítica, sociologia, antropologia, música, assim como saberes de anatomia, fisiologia e cinesiologia) e possibilidades de vivenciar a dança em si (repertórios, improvisação e composição coreográfica).
Neste sentido Marques (2002, p.32) aborda que, para se fazer escolhas
significativas seria interessante levarmos em consideração o contexto dos alunos,
respeitando suas próprias escolhas, opiniões e criações.
71
Gráfico 14 - Benefício da dança
Fonte: Elaboração Própria
Strazzacappa (2001) explica que a dança está presente na vida das
pessoas, consistindo em movimento que parte de seu próprio corpo, porém surge
antes de tudo em sua mente, criada ou recriada por representações sobre a vida,
sentimentos e necessidades, sobre a sociedade em que vive. É quando se age no
mundo através de seu corpo, mais especificamente através do movimento. É o
movimento corporal que possibilita às pessoas se comunicarem, trabalharem,
aprenderem, sentirem o mundo e serem sentidos.
O Gráfico 15 ilustra a questão sobre quem pode dançar, onde 100% dos
alunos responderam que todos, meninos e meninas, podem dançar. E, nas
justificativas, afirmam que não há distinção de sexo, idade, condição física, etnia,
sendo necessário apenas ter disposição.
No país em que vivemos onde a mídia coloca em foco as lindas mulheres
dançando nas TVs como sendo lindo e sensual, a cultura foi sendo criada e
transformando a dança como sendo “coisas de mulher” fazendo com que cada
vez mais alunos do sexo masculino tomem certa distância do conteúdo nas
escolas (MARQUES 1997). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) indicam
que somos um país riquíssimo em manifestações artísticas, e Marques (1997)
72
também complementa dizendo que os grupos e trios elétricos dançantes tem em
suas formações a grande prevalência de homens, que levam à força, a virilidade,
a identidade cultural e racial do nosso povo.
Gráfico 15 - Quem pode dançar
Fonte: Elaboração Própria
Ao serem questionados sobre o conhecimento cultural e as diversidades do
país e do mundo através da dança, 91% dos alunos, isto é 58, disseram que se
sentiriam mais motivados a estudar e praticar essa modalidade. Nas justificativas
das respostas, nota-se que para os alunos, além de deixar a rotina da sala de
aula mais descontraída, a dança ajudaria na concentração e memorização, na
autoestima, relaxaria e, também, daria um maior conhecimento do país e do
mundo.
Segundo NANNI (1995) a dança contribui para o desenvolvimento das
funções intelectuais como: atenção, memorização, raciocínio, curiosidade,
observação, criatividade, exploração, entendimento qualitativo de situações e
poder de crítica.
Fica bastante evidente no gráfico 16, quando se visualiza que 91% dos
alunos se sentiriam incentivados pelo conhecimento da cultura e das diferenças
entre os estados do país e do mundo, através da dança e, apenas, 9%, isto é, 6
alunos do universo pesquisado, afirmam que não se motivariam a partir disso.
73
Gráfico 16 - Conhecer culturas através da dança
Fonte: Elaboração Própria
Medina et al. (2008) afirmam que a dança é uma forma de movimento
elaborado, que fornece elementos da cultura dos povos, revelando os hábitos e
costumes de uma determinada sociedade.
Cunha (1992, p.13) também ressalta a importância do processo de
escolarização da dança:
Acreditamos que somente a escola, através do emprego de um trabalho consciente de dança, terá condições de fazer emergir e formar um indivíduo com conhecimento de suas verdadeiras possibilidades corporal expressiva.
Strazzacappa (2001) esclarece que a dança é um patrimônio cultural
imaterial, principalmente quando pensado nas dimensões de um país como o
Brasil, com todas as diversidades de cores, sons e gestualidades, com todas as
misturas, heranças e criações.
O Gráfico 17 mostra que 26 alunos, representando 41% do universo
pesquisado disseram que várias vezes ocorreram apresentação de dança na
escola; 52% disseram que algumas vezes, sendo 33 alunos e 5, não sabem,
representando 8% dos pesquisados. Percebe-se com isso, que as escolas
utilizam da modalidade da dança, em alguns tipos de eventos e, até com certa
frequência.
74
Assim, fomentar a educação através da dança escolar não se resume em
buscar sua execução em "festinhas comemorativas" (VERDERI 1998, p.33);
tampouco oferecer a ideia de que "dançar se aprende dançando" (MARQUES
2002, p.19). Para esta autora o estudo e a compreensão da dança corporal e
intelectualmente falando, "vão muito além do ato de dançar”.
Gráfico 17 - Apresentação de dança na escola
Fonte: Elaboração Própria
Ao serem questionados sobre a possibilidade de a dança deixar de ser
modalidade da Educação Física de sua escola e passar a ser a matéria “Dança”,
34 alunos acharam ótima ideia, isto é, 53%; 16 alunos, 25%, acharam bom; 6
alunos, 9%, acreditam que é razoável e 8 alunos, 13% acham a ideia ruim, com o
demonstrado no Gráfico 18.
Gráfico 18 - Matéria de Dança
Fonte: Elaboração Própria
75
No Quadro 1, os professores, ao serem solicitados a explicar o porquê de
se trabalhar a dança nas aulas de Educação Física, destacaram que através
dessa atividade, a criança aprende a lidar com as diferenças, a cooperar, amplia a
cultura corporal, trabalha a coordenação motora, desenvolve o aspecto físico-
motor, congnitivo e afetivo, facilitando o processo de socialização.
Cunha (1992, p.13) também ressalta a importância do processo de
escolarização da dança:
Acreditamos que somente a escola, através do emprego de um trabalho consciente de dança, terá condições de fazer emergir e formar um indivíduo com conhecimento de suas verdadeiras possibilidades corporais-expressivas.
Vargas (2003, p.13) completa que a atividade da dança na escola "[...]
engloba a sensibilização e conscientização dos alunos tanto para suas posturas,
atitudes, gestos e ações cotidianas como para as necessidades de expressar,
comunicar, criar, compartilhar e interatuar na sociedade”.
Quadro 1 - Porque trabalhar a Dança nas aulas de Educação Física?
Professora
01
Porque é uma forma lúdica da criança aprender a lidar com as diferenças, a
dança é um conjunto é cooperação.
Professora
02
A dança faz um trabalho que envolve todo o apoio, com isso , a criança que
a faz, possui uma cultura corporal maior.
Professora
03
Porque além de trabalhar a coordenação motora e desenvolver o físico,
proporciona o desenvolvimento social e o conhecimento a cultura.
Professora
04
Pois, proporciona aos alunos desenvolvimento físico-motor, cognitivo e
afetivo facilitando assim o processo de socialização.
Fonte: Elaboração Própria
O Gráfico 19 demonstra a opinião dos professores, quando entrevistados
sobre a frequência das aulas de dança no decorrer do ano letivo, dividiram-se,
como pode ser visto no gráfico 19, sendo que 2, isto é, 50%, afirmam que deve
ser desenvolvida atividade de dança duas vezes no ano e 2, 50%, afirmam que a
frequência deve ser de mais de duas vezes ao ano.
76
Gráfico 19 - Frequência de aulas de dança no ano
Fonte: Elaboração Própria
Quando questionados quais as modalidades/gêneros de dança que foram
trabalhadas nas aulas de Educação Física, pelas respostas dos professores
pode-se observar que as modalidades mais trabalhadas foram dança criativa,
jazz, expressão corporal e o balé clássico, além da dança escolar.
Conforme mostra o Gráfico 20, jazz e dança criativa foi trabalhado por
100% dos professores, balé clássico, expressão corporal e dança escolar foram
trabalhados por 75% dos professores.
Gráfico 20 - Gêneros/Modalidades de dança trabalhada
Fonte: Elaboração Própria
77
O professor não deve ensinar o aluno como se deve dançar, mas sim
favorecer a aprendizagem. Não deve demonstrar os movimentos, mas sim criar
condições para que o aluno se movimente. Aqui, a dança não tem regras, não
existe o fazer certo ou errado (FERREIRA, 2005).
Quadro 2 - Qual a motivação para trabalhar tais modalidades?
Fonte: Elaboração Própria
Quando os pesquisadores perguntaram aos professores qual a motivação
que tiveram para trabalhar os gêneros/modalidades de dança citados na questão
anterior, responderam que o interesse dos alunos em conhecer o novo,
vivenciando as possibilidades de movimento corporal, foram razões que os
incentivaram.
O Gráfico 21 demonstra quais as maiores dificuldades enfrentadas pelos
professores no ensino da dança. Os mais citados foram: a falta de planejamento
por parte da escola e a falta de infraestrutura adequada, demonstrando inclusive
que a desmotivação dos alunos e a dificuldade com horários também são
questões que dificultam a inclusão da dança, entre as atividades escolares.
Os professores que aplicam aulas de dança devem se atentar ao deparar-
se com situações em que os pais inibem o comportamento de seus filhos, porque,
estes estão formulando sua base de pensamento. Os professores têm que atuar
como incentivadores da prática da dança e promover experiências conjuntas entre
meninos e meninas.
Strazzacappa (2003) ressalta que é praticamente impossível evitar as
influências advindas da mídia na escola, mas isso pode acontecer na hora do
recreio ou do intervalo, e não como proposta de ensino de dança. Isso nos leva à
Professora
01
O interesse de cada aluno em conhecer o novo.
Professora
02
Por eu dançar desde pequena, tomei gosto, pois todo o corpo se mexe e seu
cognitivo também.
Professora
03
Proporciona aos alunos o conhecimento de cada modalidade e fazê-los
vivenciar as inúmeras possibilidades de lhe dar com o corpo.
Professora
04
Melhor conhecimento nas modalidades citadas acima.
78
problemática de que devemos rever nossos valores culturais, de forma que
evidenciem políticas de estimulação a aprendizagem e apreciação da dança.
Gráfico 21 - Dificuldades para ensinar dança na escola
Fonte: Elaboração Própria
O Gráfico 22 mostra que o maior problema enfrentado pelos professores,
que pode gerar conflitos, é a questão de idade, onde 75% dos professores
afirmam ser questão de conflito, já quanto a gênero e classe social, 50% afirmam
que geram conflitos e 50% afirmam que não geram. Segundo os professores, na
questão de etnia 100% afirmaram que não gera qualquer tipo de conflito.
79
Gráfico 22 - Tipos de Conflitos
Fonte: Elaboração Própria
Quadro 3 - Limitações com relação à Dança na formação de Educação Física?
Professora
01
Na minha graduação tive a oportunidade de conhecer mais a história da dança,
mas acho que faltou bastante na parte prática, o que realmente é trabalhado
após o término da graduação.
Professora
02
A flexibilidade e o entendimento e preparo do professor que era extremamente
ruim, só passava coreografias nada de teoria.
Professora
03
Acredito que a faculdade não é suficiente para se trabalhar com a dança, é
necessário buscar cursos, livros e informações com atuantes do meio.
Professora
04
Cada pessoa sabe o limite do seu corpo, durante minha formação em alguns
momentos problemas no joelho atrapalharam.
Fonte: Elaboração Própria
De acordo com as respostas dos professores entrevistados apresentadas
no Quadro 3, a base para dança na formação durante a faculdade é falha,
apresentando pouca possibilidade para a prática da dança, sendo necessário
buscar formação complementar extracurricular.
Este é sem dúvida um dos pontos mais críticos para Marques (1999),
quando afirma que: o ensino universitário nessa área não vem sendo capaz de
suprir as demandas do mercado, deixando em aberto as suas responsabilidades.
80
Tanto o professor de Educação Física como os Pedagogos vêm trabalhando com
a dança sem ter uma contextualização para isto.
Marques (1997) coloca que na maioria das vezes professores de Educação
Física não trabalha a dança pelo simples fato de não terem tido este conteúdo na
sua grade curricular, ainda completa que na maioria das instituições de ensino
superior a dança não está inserida na formação dos alunos de Educação Física e
quando são vista é de forma bem superficial.
Quadro 4 - A formação acadêmica possibilita trabalhar de forma teórica e prática nas
escolas de maneira crítica, fundamentada e significativa?
Professora
01
Não. Como citei a cima falta muito na parte prática, é necessário buscar alguns
conhecimentos fora para se aperfeiçoar.
Professora
02
De forma alguma, a matéria dança na grade curricular passou de forma
superficial, a professora não tinha experiência em dança.
Professora
03
Ainda não, necessito de mais conteúdo teórico e prático.
Professora
04
Não, pois o ensino teórico vai além das matérias oferecidas em sala. É
necessário interesse pessoal para buscar outras fontes.
Fonte: Elaboração Própria
Pelas respostas elencadas no Quadro 4, percebe-se que todos os
professores sentiram e sentem necessidade de buscar uma formação
complementar, para trabalhar a dança de maneira completa e satisfatória com
seus alunos.
É importante ressaltar que para muitos pedagogos, professores de
Educação Física, Artes e outras áreas do conhecimento, se tornar apto para o
ensino de dança é uma questão que vai além da oferta de parâmetros, pois o
trabalho de professores mais ou menos preparados para trabalhar com a dança
implicará sempre numa formação mais ou menos artística e/ou cultural para seus
alunos. O que entendemos é que, os PCNs e as Diretrizes Curriculares Estaduais,
ao incluírem o ensino de dança como componente curricular a ser trabalhado nas
áreas de conhecimento de Artes e Educação Física realiza um movimento de
avanço para mudanças em relação ao senso comum presente na cultura escolar
81
sobre a dança como elemento educativo, mas insuficiente perante outras
questões como a própria formação dos professores (SILVA 2010).
Gráfico 23 - Arte reconhecida como disciplina
Fonte: Elaboração Própria
O Gráfico 23 demonstra claramente o que apenas 75% dos professores
tem conhecimento da LDB nº 9394/96, na qual o ensino de arte é disciplina
obrigatória na escola.
Na LDB 9.394/96, o Art. 1º, esclarece que:
Art. 1º - A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
Quadro 5 - O que representa a obrigatoriedade do ensino da Arte nas escolas?
Professora
01
Não respondeu.
Professora
02
Excelente, o ser humano não vive sem arte e sem dança e essa modalidade
inclusa na escola fazem que os alunos cresçam culturalmente.
Professora
03
Foi reconhecido, mas ainda é preciso muitas mudanças para esta efetivação.
Professora
04
É apenas uma lei, pois para que a arte possa ser vista como disciplina
essencial e significativa, várias mudanças precisam acontecer.
Fonte: Elaboração Própria
82
O Quadro 5, a partir das respostas dadas pelos professores, demonstra
que o ensino da dança é uma conquista importante, mas que são necessárias
muitas mudanças na grade curricular e conscientização por parte dos alunos,
professores e diretores das escolas, para que se torne realidade.
Quadro 6 - Nos PCNs a arte faz parte do currículo e a dança foi formalizada como
linguagem artística. Pode explicar se você acredita que a dança nas suas várias
qualidades e diversas formas pode ajudar na educação das crianças do ensino
fundamental?
Professora 01
Com toda certeza a dança é capaz de motivar, educar, sensibilizar e até mesmo
na formação da personalidade dos alunos.
Professora 02
A dança auxilia no desenvolvimento das habilidades motoras, essa começando
mais cedo o desenvolvimento é maior.
Professora 03
Sim. Porque proporciona o conhecimento de várias culturas, coisa que no seu
meio ele nunca teria visto.
Professora 04
Sim, pois oferecem vivência de socialização de cooperativismo favorecendo no
envolvimento com a diversidade cultural criando respeito com o "diferente".
Fonte: Elaboração Própria
O Quadro 6 mostra que 100% dos professores entrevistados acreditam que
a dança pode ajudar os alunos do ensino fundamental, proporcionando
conhecimento cultural, nas diversidades de estilo, desenvolver habilidades
motoras e, ajudar na socialização.
Marques (2002) afirma que houve um avanço quando a dança foi incluída
nos PCNs, em 1997, ganhando reconhecimento nacional como forma de
conhecimento a ser trabalhado na escola. Para a autora,
Os PCNs são, portanto, uma alternativa para que professores que por ventura desconheçam as especificidades da dança como área de conhecimento possam atuar de modo a ter alguns indicativos para não comprometer em demasia a qualidade do trabalho artístico educativo em sala de aula. Não se trata, obviamente, de querer instrumentalizar, capacitar e até mesmo formar professores de dança a partir desses documentos, mas como o próprio nome já diz, indicar parâmetros (MARQUES, 2002,p.36).
83
Quadro 7 - Qual sua opinião se a dança fizesse parte da Educação Física escolar no
ensino fundamental?
Professora
01
Seria mais uma opção para as crianças se motivarem nas aulas de Educação
Física, e também uma forma de embelezar as datas comemorativas nas escolas.
Professora
02
Ao início dessas aulas já nas escolas particulares, podemos ver excelentes
resultados em questão de cultura corporal, localização, organização espacial e
desenvolvimento das habilidades motoras.
Professora
03
Acho de extrema importância, porque a dança desenvolve a parte motora o físico
e o cognitivo, e toda criança precisa desenvolver essas capacidades.
Professora
04
Favorece um melhor relacionamento entre os alunos podendo ser utilizada de
forma interdisciplinar, pois não está ligada somente a arte mas também entre
todas as outras disciplinas.
Fonte: Elaboração Própria
Pelas respostas dadas no Quadro 7, percebe-se que 100% dos
professores entrevistados aprovam que a dança faça parte da Educação Física
escolar no ensino fundamental, pois segundo eles, auxilia a criança a desenvolver
suas habilidades, além de facilitar o relacionamento entre alunos/alunos e
alunos/professores, podendo também auxiliar na interdisciplinaridade.
Quadro 8 - Você acha interessante incluir a realidade escolar do aluno aos conteúdos
específicos da dança que são trabalhados na escola?
Professora
01
Não
Professora
02
Sim, a dança pode auxiliar se interdisciplinar na arte, história, geografia, línguas
estrangeiras e nas exatas.
Professora
03
Sim. É possível trabalhar a dança com disciplinas como arte, história e geografia.
Professora
04
Em sala há alunos de diferentes lugares quando o professor sabe utilizar essas
diversidades culturais que incluem a geografia, a história e outros, cada aluno
possui a sua identidade.
Fonte: Elaboração Própria
75% dos professores acham importante incluir a realidade do aluno aos
conteúdos desenvolvidos no conteúdo da dança, aproveitando e valorizando seus
84
conhecimentos anteriores. Quanto a interdisciplinaridade, é possível correlacionar
a dança com história, geografia, artes, entre outras.
De acordo com Silva (2010), sendo o professor responsável pela mediação
entre os saberes sistematizados do ensino escolar e os saberes adquiridos pelo
aluno em seu cotidiano, este precisa considerar o contexto social e cultural,
partindo das escolhas de ritmos e estilos, além dos conhecimentos que esses
alunos já possuem. Assim, o professor deverá procurar orientações didáticas
comprometidas com a realidade sociocultural brasileira e com valores éticos e
morais para formar cidadãos participativos em sua comunidade. Contudo, a dança
ao ser inserida ao conteúdo escolar não pretende formar bailarinos, antes disso,
consiste em oferecer ao aluno uma relação mais efetiva e intimista com a
possibilidade de aprender e expressar-se criativamente através do movimento.
Nessa perspectiva, o papel da dança na educação é o de contribuir com o
processo ensino-aprendizagem, de forma a auxiliar o aluno na construção do seu
conhecimento. E também, assistir o professor enquanto recurso pedagógico.
VERDERI (2009) declara que:
a dança na escola deve proporcionar oportunidades para que o aluno desenvolva todos os seus domínios do comportamento humano e, por meio de diversificações e complexidades, o professora contribua para a formação de estruturas corporais mais complexas.
Quadro 9 - Relação Dança-Ensino-Sociedade?
Professora
01
É uma relação totalmente sociável, é preciso, necessário adotar as danças
como grade curricular na Educação Física podendo assim abrir espaço para
comunidade é o ensino a favor do esporte e da igualdade social através do
mesmo.
Professora
02
A dança faz com que todos se incluam na sociedade de uma só forma,
indistintamente. A dança é espelho do desenvolvimento.
Professora
03
A união das três complementa o conhecimento cultural do indivíduo, sendo
este capaz de conviver em todos os meios, da classe baixa a classe média e
alta.
Professora
04
Uma completa a outra, pois através da dança o aluno alcança um aprendizado
favorecendo no seu próprio processo educativo e capaz de se tornar um
cidadão participativo.
Fonte: Elaboração Própria
85
Conforme as respostas dadas pelos professores, verifica-se que eles
acreditam que DANÇA-ENSINO-SOCIEDADE se complementam, criando-se uma
situação onde as diferenças desaparecem e a criança se sente incluída,
participando da comunidade, e com seu desenvolvimento tornando-se um cidadão
participativo.
Para MARQUES (2005), nos conteúdos trabalhados em sala de aula a
dança tem que estar vinculada com o contexto dos alunos:
o contexto dos alunos é um dos interlocutores para o fazer-pensar a dança, pois garante a relação entre o conhecimento em dança e as relações sócio, político e culturais dos mesmos em sociedade.
Marques (2010) fala dessas transformações da sociedade contemporânea
sobre o ensino de dança, explicando que:
Não se trata de lamentar a globalização da sociedade que está fazendo com que marcas regionais desapareçam, mas de perceber e conviver com essas transformações, identificando para nós mesmos quais valores e atitudes queremos e podemos adotar [...].
Se há uma dificuldade de aceitação pelos alunos sobre determinados tipos
de dança, é justamente pela falta de compreensão sobre elas e articulação com
as danças mais presentes no cotidiano destes alunos. De forma que entendemos
como pertinente esta preocupação de Marques (2010) que ainda diz:
Danças populares brasileiras de vários tempos e lugares também perdem o sentido se não relacionadas aos temas reincidentes nas danças preferidas dos nossos alunos.
Quadro 10 - As danças populares resgatam a identidade cultural de um país? Por quê?
Professora
01
Sim. Porque as raízes de um local devem ser sempre lembradas independente da
forma, e a dança consegue resgatar isso e o interesse dos jovens por este meio
em conhecer a história do seu país.
Professora
02
Sim, se estas passadas por gerações, culturalmente todos conheceram seus
passados e culturas, aprendendo a respeitar a diversidade de um país tão grande
como o nosso.
Professora
03
Sim. Porque é através da cultura que eles apresentam possibilidades em
conhecer um pouco do país ou estado, assim suas tradições e costumes.
Professora
04
Sim. Pois cada lugar possui uma diferente forma de expressão, através da dança
a tradição é repassada de geração a geração fortalecendo o laço cultural de cada
país.
Fonte: Elaboração Própria
86
100% dos professores concordam que as danças populares ajudam a
resgatar a identidade cultural do país, pois retoma as raízes e a história de um
povo e, quando se tem conhecimento dessa história, se respeita e se aprende a
respeitar o próximo.
Quadro 11 – Qual é a opinião sobre a dança fazendo parte do currículo escolar no
ensino fundamental?
Professora
01
Seria ideal a dança é uma linguagem corporal bem vista e aceita universalmente
e ela consegue ajudar no desenvolvimento cognitivo pessoal formação de caráter
e na cooperação, porque na dança é preciso respeitar o limite do outro.
Professora
02
A dança iria auxiliar as crianças no seu aumento de conhecimento e habilidades,
tanto motora como cognitivas dentro da sala de aula. Um grande passo para
conhecimento do ensino fundamental.
Professora
03
Seria o ideal e acredito que está caminhando para isso. A sociedade já percebe o
quanto a dança pode transformar uma criança.
Professora
04
No ensino fundamental ela poderia ajudar ainda mais na aprendizagem cognitiva
e afetiva, pois quando está ligada as outras disciplinas seus benefícios são
inúmeros.
Fonte: Elaboração Própria
100% dos professores entrevistados afirma ser muito interessante, uma
vez que a dança ajuda no desenvolvimento social e cognitivo da criança,
auxiliando na formação do caráter, no respeito ao próximo, e respeito aos limites
de si mesmo e do outro.
4.2 Análise inferencial dos dados
No Gráfico 1 verifica-se o sexo dos professores de Educação Física, que
foram entrevistados, sendo 100% do sexo feminino. Gráfico 3, verifica-se o sexo
dos alunos entrevistados, onde se constata que 69% são do sexo feminino, 30%
masculino e 2% não responderam.
Quanto à idade dos professores, analisando o Gráfico 2, constata-se que a
média etária é de 26 anos.
Já em relação à idade dos alunos entrevistados, vê-se no Gráfico 4 que 8%
tem 10 anos, 8%, 11 anos, 33%, 12 anos, 20%, 13 anos, 22%, 14 anos, 6%, 15
87
anos e 3%, 16 anos. Assim, a maioria dos alunos entrevistados tem entre 12 e 14
anos.
Observando o Gráfico 5, verifica-se qual ano do ensino fundamental os
alunos estão frequentando, sendo que do universo pesquisado, 4% estão no 5º
ano, 9% no 6º ano, 17% no 7º ano, 18% no 8º ano, 15% no 9º ano e 1% não
respondeu. Nota-se que a maior parte dos entrevistados cursa entre o 7º e o 9º
anos.
No Gráfico 6, os professores responderam a quanto tempo trabalham com
Educação Física, chegando-se a uma média de 6 anos e meio. Conclui-se que os
professores entrevistados são jovens (de acordo com a média do gráfico 2) e
atuam a pouco tempo na área de Educação Física.
No Gráfico 7 pode-se observar o resultado da questão sobre as
modalidades trabalhadas nas aulas de Educação Física pelos professores,
chegando-se ao seguinte resultado: 50% exercita o vôlei, 25% o futebol, 25% o
basquete, 50% o handebol, 50% a queimada, 75% a dança. Porém com relação à
dança, 25% dos professores entrevistados não responderam nem se sim ou não a
exercita em suas aulas.
O Gráfico 8 refere-se à frequência das aulas de Educação Física e 77%
dos alunos disseram que sempre tem aulas, 22% disseram que quase sempre,
2% disseram que raramente tem aulas de Educação Física na escola.
Com relação às modalidades praticadas nas aulas de Educação Física,
88% dos alunos disseram que praticam vôlei e 13% disseram que não; 77%
praticam futebol e 23% não; 45% praticam basquete e 55% disseram que não
praticam; 48% responderam que praticam handebol e 52% não praticam; 73%
disseram que praticam queimada e 27% disseram que não; 13% disseram que
praticam dança e 88% disseram que não praticam dança nas aulas de Educação
Física, como demonstrado no Gráfico 9.
Foi perguntado aos alunos se eles gostam de dançar, qualquer tipo de
música. O Gráfico 10 mostra as respostas, sendo que 41% responderam que
gostam de dançar sempre, 25% disseram que quase sempre, 27% disseram que
raramente e 8% responderam que nunca gostam de dançar. Pode-se notar que,
entre os alunos existe interesse pela dança e, existindo a possibilidade a grande
maioria pratica a dança, qualquer que seja o estilo.
88
No Gráfico 11, tem-se o resultado da questão feita aos alunos, sobre os
tipos de dança que conheciam. Os mais citados foram forró, 63%, Balé 42%, Hip
Hop 36%, Funk 33%, Axé 19%, Lambada 11%, Valsa e Tango 9%, Samba,
Country, Carimbó 8%. 3% não responderam e 3% disseram não conhecer
nenhum tipo de dança. Pode-se notar que, entre os alunos pesquisados, existe
um conhecimento variado de tipos de dança.
No Gráfico 12 pode-se observar as respostas à questão da inclusão da
dança nas aulas de Educação Física. E, as respostas dos alunos foram 84%
aprovam plenamente a inclusão da dança, 6% não aprovariam, 8% não têm
certeza e 2% não responderam. Diante dessas respostam pode-se verificar, mais
uma vez que os alunos têm grande interesse em praticar a dança nas aulas de
Educação Física, no ensino fundamental.
Diante da afirmação que a dança faz bem para o corpo e para a mente,
demonstrado no Gráfico 13, 67% dos alunos concordam, 30% concordam
plenamente e 3% não têm certeza.
No Gráfico 14 pode-se verificar as respostas dadas às opções
apresentadas aos alunos sobre como a dança pode ajudá-los nos dia-a-dia. 81%
disseram que a dança pode ajudar muito na autoestima, 14% pouco, 2% quase
nada e 3% acham que a dança ajuda nada na autoestima. Sobre concentração,
66% disseram que ajuda muito, 33% pouco, 2% quase nada. Quanto à
socialização, 42% responderam que ajuda muito, 39% responderam pouco, 17%
quase nada e 2% nada. Com relação á memorização, 63% responderam que
ajuda muito, 28% pouco, 8% quase nada e 2% nada. Sobre criatividade, 84%
acham que a dança ajuda muito, 9% pouco, 5% quase nada. 86% dos alunos
responderam que a dança melhora muito o ritmo, 13% pouco, 2% quase nada.
Sobre a coordenação, 72% acham que melhora muito, 23% pouco, 5% quase
nada. Quando perguntados sobre a sensação de alegria que a dança dá, 86%
responderam que muito, 13% pouco, 2% quase nada. Quanto à disciplina, 56%
acham que ajuda muito, 34% pouco, 6% quase nada e 3% nada.
Pelas respostas representadas nos Gráficos 13 e 14, verifica-se que os
alunos tem conhecimento de que a prática da dança pode ajudar o
desenvolvimento do corpo e da mente em vários aspectos.
89
No Gráfico 15, identifica-se a resposta dos alunos, quando questionados
sobre quem pode dançar, sendo que 100% responderam que todos podem
dançar, sem qualquer tipo de exclusão.
Foi perguntado aos alunos se, conhecer através da dança a cultura e a
diversidade de cada estado do país e do mundo os incentivaria mais a estudar e
por quê. A representação das respostas está no Gráfico 16, onde 91%
responderam que sim e 9% não se sentiriam incentivados a estudar. E, os
motivos mais citados que incentivam os jovens foram que a dança deixa a rotina
da sala de aula mais descontraída, ajuda na concentração e memorização, ajuda
na autoestima, ajuda a relaxar, além de trazer maior conhecimento sobre o
próprio país e sobre o mundo.
O Gráfico 17 mostra que 41% dos alunos já teve alguns tipo de
apresentação de dança na escola várias vezes, 52% algumas vezes e 8% não
sabe.
Perguntou-se aos alunos o que pensavam em ter a matéria Dança, ao
invés de ser apenas uma modalidade na aula de Educação Física. De acordo com
o gráfico 12, têm-se as respostas dadas, que foram 53% acham a ideia ótima,
25% boa, 9% razoável e 13% ruim.
Conforme as respostas dadas pelos alunos, percebe-se que a grande
maioria gostaria de praticar mais a dança na escola e, se fizesse parte do
currículo escolar, seria bastante interessante, pois assim, não seria apenas uma
modalidade dentro das aulas de Educação Física. Verifica-se também, que têm
interesse pela dança, pois através dela eles podem conhecer outras culturas,
outros costumes. Além disso, como citado por eles mesmos, a dança ajuda na
concentração, memorização, socialização, uma vez que todos podem dançar,
sem qualquer tipo de distinção ou preconceito.
Os professores foram questionados sobre o porquê de trabalhar a dança
nas aulas de Educação Física. Segundo suas respostas, através da dança a
criança aprende a lidar com as diferenças, aprende a cooperar, amplia a cultura
corporal, trabalha a coordenação motora, desenvolve o aspecto físico-motor,
cognitivo e afetivo, facilitando o processo de socialização (Quadro 1).
90
Quando questionados a respeito da frequência das aulas de dança durante
o ano letivo, 50% dos professores responderam que ministram aula de dança
duas vezes no ano e 50% mais de duas vezes (Gráfico 19).
Perguntou-se aos professores quais modalidades de dança eram
trabalhadas nas aulas. E, conforme gráfico 20, nota-se que 100% trabalha o jazz,
75% o balé, 25% trabalham danças folclóricas, 100% trabalham com a dança
criativa, 75% expressão corporal, 25% trabalham a dança de salão, 50%
trabalham quadrilha, 25% trabalham street dance, 75% dos professores trabalham
a dança escolar.
A partir dessas respostas, os professores foram questionados sobre o
motivo de se trabalhar essas modalidades. Conforme Gráfico 15, a motivação dos
professores partiu do interesse dos alunos em conhecer o novo, tendo a
possibilidade de desenvolver e descobrir os movimentos corporais.
No Gráfico 21, foram apontadas pelos professores, as principais
dificuldades encontradas para a prática do ensino de dança nas escolas. As mais
apontadas foram: a falta de planejamento e infraestrutura por parte das escolas. É
necessário que as aulas de dança sejam previstas no cronograma escolar, e para
que elas ocorram é necessário que se tenha na escola um espaço adequado.
No Gráfico 22, os professores apontam os conflitos diagnosticados entre os
alunos, em relação á dança. Verificou-se que 50% se referem à relação de
gêneros, 75% em relação à idade, 50% classe social, 25% corpo e 25% se
referem à deficiências físicas. Verificou-se também que não existem conflitos em
relação à etnia.
Quando questionados sobre os limites encontrados em relação à dança na
formação acadêmica de Educação Física, os professores disseram que a
formação é falha, com pouca possibilidade para a prática da dança, havendo a
necessidade de se buscar uma formação complementar (Quadro 3).
Questionados se a formação acadêmica possibilita trabalhar de forma
teórica e prática nas escolas de maneira crítica, fundamentada e significativa,
conforme Quadro 4, verifica-se que todos os professores tiveram uma formação
em dança na grade curricular de forma bastante superficial e, como respondido na
questão anterior, para trabalhar satisfatoriamente com os alunos, necessitam
buscar aperfeiçoamento complementar.
91
Com relação ao conhecimento da LDB nº 9394/96, na qual Arte é
reconhecida como disciplina escolar obrigatória, conforme gráfico 23, 75% dos
professores afirmaram ter conhecimento e 25% disseram que não sabiam.
Partindo-se dessa questão relativa à LDB nº 9394/96, perguntou-se aos
professores o que pensavam a respeito dessa obrigatoriedade. 25% dos
professores não responderam e, os 75% que deram sua opinião, conforme
Quadro 5, disseram que acreditam que seja muito importante, porém são
necessárias muitas mudanças tanto na grade curricular quanto nas escolas para
sua efetivação.
No Quadro 6, pode-se conhecer a opinião dos professores sobre como a
dança pode ajudar na educação do ensino fundamental. O que eles mais
destacam foi o desenvolvimento nas habilidades motoras, ampliação da cultura
geral, além de motivar, sensibilizar, vivenciando o cooperativismo e o respeito
pelo outro e pelo diferente.
Quando questionados sobre a dança fazer parte da Educação Física, os
professores aprovaram, afirmando que além de enriquecer as datas
comemorativas da escola, a dança faz parte do desenvolvimento motor, físico e
cognitivo, além de poder ser utilizada de forma interdisciplinar, conforme Quadro
7.
Perguntou-se aos professores se a inclusão da realidade escolar do aluno
aos conteúdos da dança é interessante, e com quais disciplinas seria possível a
interdisciplinaridade (Quadro 8). Conforme pode ser verificado no quadro 8, 25%
dos professores acreditam não ser interessante a inclusão da realidade do aluno.
Os 75% que acreditam ser importante, afirmam que esse fato faz com que todos
conheçam realidades diferentes, culturas e locais distintos, valorizando a
identidade de cada um. Essas atividades podem ser desenvolvidas em disciplinas
como artes, história, geografia, entre outros, ampliando a capacidade de pesquisa
do aluno e sua cultura.
No Quadro 9 tem-se as respostas sobre a relação dança-ensino-sociedade,
onde os professores explicam que a dança é uma modalidade social e sociável,
onde não há distinção de qualquer tipo, que favorece a convivência com os
outros, com o diferente, desenvolvendo no aluno a capacidade de integração,
tornando-o um cidadão participativo.
92
Ao falar sobre as danças populares, conforme as respostas no Quadro 10,
todos os professores entrevistados disseram que ajudam a resgatar a identidade
cultural do país, pois pelo seu conhecimento, resgata-se também a história da
região e do povo, resgatam-se tradições, formas de expressão, além de
desenvolver o respeito por uma cultura e região diferente da própria.
De acordo com a opinião dos professores, apresentadas no Quadro 11,
sobre a dança fazer parte do currículo escolar com um espaço maior, todos se
mostram de acordo, pois ajudaria no desenvolvimento dos alunos tanto motor,
físico, cognitivo, como social.
93
CAPITULO V – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1 Conclusões
Neste trabalho, falou-se de corpo, movimento, expressão, música, ritmo,
dança. A dança na escola é que proporciona às crianças o contato com o novo,
onde é possível se trabalhar a imagem, expressão, sentimentos que podem
contribuir nas necessidades individuais e sociais, a partir das vivências que são
oferecidas.
Os alunos, quando livres para o tempo, para o espaço descobrem que
linguagem corporal é natural e é envolvido por uma grande expressão de
movimentos que contagia a cada gesto, despertando, assim, o interesse para que
experimentem a dança e vivenciem a oportunidade que ela pode proporcionar,
que pode ser única e estar contribuindo para um novo pensar e para novas
formas de agir e de se movimentar.
A dança deve potencializar sua linguagem às mudanças ideológicas, a
consciência, ao conhecimento de outras narrativas, como meio de inclusão na
história e no mundo. Deve ter reconhecida sua importância na educação,
fortalecendo as formas de subjetividade, sobretudo nos campos da formação da
afetividade, contemplando-se os elementos individuais e coletivos.
Através desse trabalho, percebeu-se que uma atitude crítica em relação ao
ensino da dança abrange conteúdos bem mais amplos e complexos do que uma
simples coreografia ou a reprodução de uma dança popular. É questionar pré-
conceitos, pensamentos e ideias, costumes e culturas diferentes.
Através da dança é possível romper fronteiras, mudar paradigmas,
questionar a reprodução de modelos estereotipados, na interdisciplinaridade de
temas como cultura, sociedade e corporeidade. Desenvolvendo-se um
pensamento próprio, com opinião alicerçada em questionamentos, tendo um
entendimento de que não é pelas vias da facilitação, da categorização, da
classificação que se compreende a expressão humana no todo. Através de
questionamentos é que se consegue transpor fronteiras, gerando um
aprofundamento da dança, conhecendo seus princípios, a contextualização
histórica, sobre a sexualidade e a dança para que valores não sejam incutidos,
incorporados, até impostos, inocentemente.
94
O corpo é um instrumento de manifestação do contexto histórico em que
vive e um reflexo deste. E, na atualidade, com os espaços delimitados ao redor do
corpo, não se consegue criar propostas de movimentos. A dança, enquanto
prática pedagógica associada ao processo criativo pode vir a resgatar a
consciência corporal.
Fazendo uso do corpo, o aluno pode mostrar que além de razão, é também
imaginação, consciência e inconsciência. Pela aprendizagem o educando pode
modificar seu comportamento, resultante de estímulos ou situações. Na medida
em que o aluno absorve uma nova aprendizagem, aumenta seu conhecimento,
modifica sua percepção, muda seu comportamento.
Nesse contexto, a dança é uma forma de comunicação e expressão,
estabelecendo íntima relação com as emoções e sentimentos humanos,
antecedendo como forma de comunicação à própria linguagem falada,
característica escassa ao cidadão contemporâneo.
Foi possível constatar que a dança é num instrumento pedagógico,
importante no cotidiano escolar, pois favorece o equilíbrio entre corpo e mente e
possibilita uma educação pelo corpo inteiro, trazendo uma aprendizagem mais
criativa e participativa entre os alunos do ensino fundamental. Porém, pela
pesquisa pode-se notar que, apesar de os professores concordarem com os
benefícios proporcionados pela prática da dança, devido ao cronograma escolar,
falta de espaço, entre outras questões, podendo-se citar inclusive o pouco
treinamento dado a eles na formação, a dança, muitas vezes, acaba se limitando
às festas escolares e algumas apresentações.
Percebeu-se, durante o desenvolvimento e execução do trabalho, que a
dança na escola não está voltada apenas para ao prazer, uma vez que o esforço
criativo em dar forma estética, artística e psicomotora nos espaços de ensino-
aprendizagem faz com que os alunos a desenvolvam a criatividade e a
percepção, favorecendo a interpretação e a compreensão do mundo atual. A
dança consente, também, com a vivência da dimensão de transcendências, isto é,
quebra de limites levando os alunos a expressarem, imaginarem e construírem
novas formas de viver e existir, mediada pelo professor, desenvolvendo a questão
psicomotora, sócio construtivista, interdisciplinar e transversal, através do
95
processo de construção do conhecimento tanto na disciplina Educação Física
como em outras áreas do saber.
Pela entrevista feita com os professores foi possível identificar os limites
existentes no processo de ensino da dança na Educação Física das escolas
municipais da cidade de Anápolis, Goiás, entre eles a falta de infraestrutura,
dificuldade com horários disponíveis na grade curricular e falta de material.
Os professores, em sua maioria, afirmaram que o nível e a preparação
para o ensino da dança, apenas dado na graduação é muito fraco, havendo
necessidade de se buscar complementação e especialização.
Através desse trabalho percebeu-se que relação entre dança-ensino-
sociedade é bastante forte, uma vez que a dança é uma modalidade social e
sociável, não havendo distinção de qualquer tipo, favorecendo a convivência com
os outros, com o diferente, desenvolvendo no aluno a capacidade de integração,
levando-o a ser um cidadão participativo.
Esses limites, como apresentados no decorrer deste trabalho, encontrados
no processo de ensino da dança na Educação física das escolas municipais da
cidade de Anápolis-GO, inclui vários fatores, como falta de infraestrutura, falta de
apoios, falta de projetos, planejamentos, além da preparação dos professores em
suas respectivas formações. Nesta análise notou-se que a dança está pouco
presente na Educação Física pois: os alunos da graduação têm pouca vivência
dentro e fora do ambiente escolar; em virtude do preconceito de muitos pais,
professores e alunos com a dança, e; por não se sentirem preparados para lidar
com este conteúdo no ensino escolar.
Conclui-se que isso talvez se deva à hegemonia do esporte na educação
física e a alguns equívocos quando se pensa nos objetivos e conteúdos da dança
na educação física. Além disso, mencionaram se imaginar ensinando apenas o
básico da dança, o que nos faz pensar que realmente não se sentem preparados
para desempenhar tal papel. A prática corporal amplamente divulgada e
incentivada pela mídia; à escassez no trato com as Artes e com a cultura na
escola; e à predominância e valorização do aspecto técnico sobre o artístico, só
para citar alguns. Para solucionar tais questões pode-se pensar em algumas
alternativas.
96
Uma delas seria o comprometimento do aluno em entender o papel da
dança na Educação Física. Entendendo o sentido, as características e objetivos
da dança na Educação Física escolar, o aluno da graduação se sente mais à
vontade e mais preparado para elaborar seus conteúdos e ensiná-la
posteriormente na escola. Já pensando no papel da universidade, pode se sugerir
um empenho maior por parte desta em promover mais reflexões e discussões dos
alunos acerca do que é dança e de seu papel na Educação Física e na
sociedade. Pode-se pensar também em uma maior articulação do conteúdo
dança com outros conteúdos da cultura corporal de movimento, bem como com
as outras disciplinas (fisiologia, antropologia, aprendizagem motora, etc.).
Esse tripé que relaciona as afinidades multifacetadas de dança-ensino-
sociedade ajuda no diálogo com o mundo, com o conhecimento sobre si mesmo,
com o intuito de sairmos de nossas conchinhas individuais, individualista e
egoísta.
Os professores identificaram quais as dificuldades encontradas para
ministrar as aulas de dança na Educação Física e responderam que o que
dificulta seu trabalho é ministrar sem planejamento por parte da escola, falta de
material e falta de infraestrutura. Em sua maioria fazem aulas na quadra, ficam
expostos aos olhares de todos e muitos sentem vergonha, sendo que suas
práticas depararam-se com o sexismo. Diante de todas as dificuldades, o
professor deve contornar essas questões com métodos e técnicas de ensino
corporais e de educação somática buscando animar os alunos, colocando de lado
o preconceito, inserindo-o e incentivando-o, pois é aí que está o papel do
professor ao resgatar seu aluno e ajudá-lo a se expressar, superando suas
dificuldades. Na dança são determinantes as possibilidades expressivas de cada
aluno, o que exige habilidades corporais que, necessariamente, se obtêm como
treinamento. Em certo sentido, esse é o aspecto mais complexo do ensino da
dança na escola. A decisão de ensinar gestos e movimentos técnicos prejudica a
expressão espontânea ou ainda imprime no aluno um determinado
pensamento/sentido/ intuitivo da dança para favorecer o surgimento da expressão
espontânea, abandonando a formação técnica necessária à expressão certa.
Ratifica-se que o professor não “saber dançar” não deve ser empecilho para seu
ensino. Não estamos propondo domínio da técnica do jazz clássico ou moderno.
97
A noção do espaço, por exemplo, é mais que o piso que serve de apoio, mas ele
possui volume e densidade. Tem comprimento, largura e altura. É possível ocupar
esse espaço tomando várias direções, desviando, utilizando níveis diferentes.
Portanto, a dança entendida como linguagem artística, tão necessária ao
desenvolvimento do ser humano, parece ser uma atividade que ainda está
nascendo nas escolas e, como tal, necessita de investigação e reflexão constante
para tornar-se efetiva em seu âmbito escolar.
Com este estudo objetivamos compreender o conceito de dança numa
dimensão pedagógica de muita importância, acreditando nos benefícios da dança
para o desenvolvimento do homem consciente e atuante da cultura enquanto
produto coletivo; da educação que se realiza em diferentes práticas sociais; da
própria dança como manifestação cultural inerente ao homem e uma linguagem
que o indivíduo dispõe por expressar e comunicar seus sentimentos emoções e
valores, refletindo as relações sociais e culturais, ficando para nós, a proposta ou
o desafio de integrar a dança neste contexto, com propostas diferenciadas,
buscando atingir bens pessoais, sociais ou educativos.
Nos resultados preliminares desta pesquisa foi evidente a necessidade de
criarmos mecanismos mais eficientes de acessibilidade à dança. Acreditamos que
a continuidade deste estudo permitirá um olhar mais amplo para os paradigmas
metodológicos que fundamentam a aplicação prática do ensino da dança nas
escolas da rede municipal de Anápolis/GO. O mapeamento da realidade poderá
favorecer o desenvolvimento de análises efetivas dos segmentos sociais
comprometidos com o fazer artístico, norteando ações fundamentadas nas
necessidades das instituições pesquisadas, de maneira a contribuir com a
diminuição das lacunas ainda existentes entre os saberes individuais e coletivos e
permitindo a aproximação entre as proposições teóricas da dança na sua prática
no ambiente escolar.
Pelos dados e informações obtidos a partir da pesquisa e entrevistas
realizadas com os professores e alunos, percebeu-se que ambos gostariam que a
determinação do PCN fosse cumprida, havendo aulas de dança nas escolas.
Porém, para que isso venha a ocorrer de maneira satisfatória, é necessário que
as escolas invistam em infraestrutura, material adequado e reciclagem para os
professores. Para a formação dos professores, ainda na graduação, é preciso que
98
as universidades invistam mais nessa área, aumentando a carga horária,
valorizando a disciplina dança, não só na teoria, mas, principalmente, na prática.
Sem dúvida, a dança é de fundamental importância no contexto da
Educação Física. Nós professores temos que estar cientes disto, que ela pode
nos possibilitar aplicar um conteúdo bem diversificado. Cientes ainda que a escola
não esteja preocupada em formar bailarinos, mas sim possibilitar ao aluno a
conhecer a si próprio podendo proporcionar isto e muito mais e a componente
principal da dança na escola está libertando o professor do conceito de que o
único lugar ideal para se dar uma boa aula seja na quadra.
Estas discussões apontam para o compromisso que se deve ter enquanto
educador, assumindo uma atividade consciente na busca de uma prática
pedagógica coerente com a realidade, em que a dança leva o indivíduo a
desenvolver sua capacidade criativa numa descoberta pessoal de suas
habilidades contribuindo de maneira decisiva para a formação de cidadãos
críticos autônomos e conscientes de seus atos, visando a uma transformação
social. Foi possível constatar que a dança é um instrumento pedagógico
importante no cotidiano escolar, pois favorece o equilíbrio entre corpo e mente e
possibilita uma educação pelo corpo inteiro, trazendo uma aprendizagem mais
criativa e participativa entre os alunos de ensino fundamental.
Porém, pela pesquisa pode-se notar que, apesar de os professores concordarem
com os benefícios proporcionados pela prática da dança, devido ao cronograma
escolar, falta de espaço, entre outras questões, podendo-se citar inclusive o
pouco treinamento dado a eles na formação, a dança, muitas vezes, acaba se
limitando às festas escolares e algumas apresentações.
De acordo com a análise do que foi alcançado nos objetivos específicos e para o
objetivo geral, a resposta para o problema é apontada na hipótese de nulidade da
pesquisa, “ho”, que não há melhoria do ensino de dança na educação física nas
escolas municipais de Anápolis, Goiás, e nas universidades formadoras de
professores diante das dificuldades que enfrentam na atualidade”.
Percebeu-se, durante o desenvolvimento e execução do trabalho, que a dança
na escola não está voltada apenas para ao prazer, uma vez que o esforço criativo
em dar forma estética, artística e psicomotora nos espaços de ensino-
aprendizagem faz com que os alunos desenvolvam a criatividade e a percepção,
99
favorecendo a interpretação e a compreensão do mundo atual. A dança consente,
também, a vivência da dimensão de transcendências, isto é, quebra de limites
levando os alunos a expressarem, imaginarem e construírem novas formas de
viver e existir, mediada pelo professor, desenvolvendo a questão psicomotora,
sócio-construtivista, interdisciplinar e transversal, através do processo de
construção do conhecimento tanto na disciplina Educação Física como em outras
áreas do saber.
Pela entrevista feita com os professores foi possível identificar os limites
existentes no processo de ensino da dança na Educação Física das escolas
municipais da cidade de Anápolis, Goiás, entre eles a falta de infraestrutura,
dificuldade com horários disponíveis na grade curricular, falta de material. Os
professores, em sua maioria, afirmaram que o nível e preparação para lecionar a
dança, apenas dado na graduação é muito fraco, havendo necessidade de se
buscar complementação e especialização. Através desse trabalho percebeu-se
que relação entre dança-ensino-sociedade é bastante forte, uma vez que a dança
é uma modalidade social e sociável, não havendo distinção de qualquer tipo,
favorecendo a convivência com os outros, com o diferente, desenvolvendo no
aluno a capacidade de integração, levando-o a ser um cidadão participativo.
Esses limites, como apresentados no decorrer deste trabalho, encontrados no
processo de ensino da dança na Educação física das escolas municipais da
cidade de Anápolis-GO, inclui vários fatores, como falta de infraestrutura, falta de
apoios, falta de projetos, planejamentos, além da preparação dos professores em
suas respectivas formações. Nesta análise notou-se que a dança está pouco
presente na Educação Física porque os alunos da graduação têm pouca vivência
dentro e fora do ambiente escolar, porque muitos pais, professores e alunos têm
preconceito com a dança, e porque não se sentem preparados para lidar com
este conteúdo no ensino escolar.
100
5.2 Recomendações
Este trabalho possibilitou um maior conhecimento da realidade da dança no ensino
fundamental, sob a ótica dos professores e dos alunos, que apresentaram suas opiniões e
expectativas concernentes ao assunto.
Tanto professores como alunos, tem interesse na prática da dança, por ser uma
atividade prazerosa, que socializa alunos e professores, combate diferenças, desenvolve
corpo e mente, desperta interesses culturais e ampliando o conhecimento dos alunos.
É importante que se reflita sobre o assunto, uma vez que para que se faça cumprir a
determinação da LDB nº 9394/96, sobre a dança, serão necessárias mudanças e adaptações
tanto nos espaços físicos das escolas como na grade curricular. Isso, ainda requer muito
estudo e discussão, tanto entre os professores, como direção e coordenação escolar.
A dança é uma ferramenta terapêutica e educativa que ajuda na mudança dos
movimentos corporais, que oferecem autonomia e concentração aos educandos, fazendo
com que o processo ensino-aprendizagem se torne prazeroso e criativo. A análise feita a
partir da pesquisa para este trabalho não está encerrada, uma vez que se percebeu, por parte
dos alunos, em sua maioria, o interesse pela dança.
Diante disso, é interessante ressaltar que a dança motiva o aluno, pois enquanto
instrumento pedagógico beneficia uma aprendizagem expressiva que foge às práticas
rotineiras em sala de aula, amplia seus horizontes, fazendo-o conhecer novas culturas,
povos e cós
tumes. Para isso, é importante que se incentive a interdisciplinaridade, motivando a
participação de todos os professores das diversas disciplinas.
Durante a pesquisa foi possível perceber que algumas questões ao se falar de dança
desafiam a compreensão e se relacionarão entre eles, como a importância que o aluno do
ensino fundamental dá à identidade étnico-social, utilizando a dança e a musicalidade com
estilos relacionados à sua região. Por isso a importância de trazer a realidade do aluno para
as aulas, fazendo com que se identifiquem, conheçam e respeitem uns aos outros.
Percebeu-se, também, que este trabalho pode ser aplicado a outros grupos, outras
fases escolares e fases da vida, como crianças, jovens, adultos e idosos, ganhando
integração nas questões de gênero, idade, etnia.
Acredita-se que para que se alcance um bom nível no ensino de dança na
Educação Física nas escolas municipais de Anápolis e em todo país, as
101
universidades deverão se adaptar às determinações da LDB nº 9394/96 e
procurar preparar de forma mais aprofundada os professores, para que possam
exercer satisfatoriamente essa atividade.
A partir deste trabalho, é possível ainda, desenvolver outros trabalhos que
tratem especificamente da formação do professor de Educação Física, com
especialização em Dança. Analisar a questão dos alunos, não só no ensino
fundamental, mas também no ensino médio. Outra possibilidade pode ser um
estudo das escolas que já integraram a aula de dança em sua grade curricular,
como conseguiram adaptar espaço e carga horária, entre outras possibilidades.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARRETO, D. Dança... Ensino, sentidos e possibilidades na escola. São Paulo: Autores Associados, 2004. BERTAZZO, J. Espaço e corpo: guia de reeducação do movimento. São Paulo: SESC, 2004. BERTONI, J. G. A dança e a evolução; o ballet e seu conteúdo teórico; programação didática. São Paulo: Tanz do Brasil, 1992. BITTENCOURT, C. M. F. Disciplinas escolares: história e pesquisa. In: OLIVEIRA, M. A. T.; RANZI, S. M. F. (Org.) História das disciplinas escolares no Brasil: contribuições para o debate. Bragança Paulista: EDUSF, 2003. p. 9- 38. BRASIL. Lei n° 9.394. Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 26 de dezembro de 1996. Brasília, MEC, 1996. BRASIL, a. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Artística / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, DF: MEC/ SEF, 1997. BRASIL, b. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, DF: MEC/ SEF, 1997. ______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental: Arte. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998.
102
______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental: Educação Física. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998. BRASILEIRO, L. T. Onde está o ritmo? Dança, ginástica, jogo, esporte! In: Fórum internacional de ginástica geral, 3., 2005, campinas, sp. Anais... Campinas, SP: SESC, UNICAMP/FEF, 2005a. p. 198-200. ______. Dança e expressões rítmicas: conceitos, conteúdos escolares e formação de professores. In: SOUZA JÚNIOR, M. (Org.) Educação física escolar: teoria e política curricular, saberes escolares e proposta pedagógica. Recife: EDUPE, 2005b. p. 109-124. ______. Diálogos necessários sobre dança e educação física. In: Congresso Espírito-Santense de Educação Física, 7., 2007, Vitória. Anais... p. 18-28. BRASILEIRO, L. T. O ensino da dança na Educação Física: formação e intervenção pedagógica em discussão. Artigo de Revisão. Motriz, Rio Claro, v.14 n.4, p.519-528, out./dez. 2008. Disponível em: www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/motriz/.../1912. Acesso em 27/04/2012. CLARO, E. Método dança-educação física: uma reflexão sobre consciência corporal e profissional. São Paulo: E. Claro, 1988. CHAVES, E. A escolarização da dança em Minas Gerais (1925 – 1937). 2002. 160 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, 2002, Belo Horizonte. CUNHA, M. Aprenda dançando, dance aprendendo. Porto Alegre: Record, 1992. DANTAS, M; CAVALCANTE, V. Pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa. Trabalho apresentado no curso de Biblioteconomia, para a disciplina Métodos e Técnicas de Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Artes e Comunicação, Ciência da Informação. Recife, 2006. Disponível em http://pt.scribd.com/doc/56988122/Pesquisa-qual-quant. Acesso em 21/09/2012. DELORS, J. Educação: Um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI. Rio Tinto: Asa, 1996. DOXSEY, J.R.; DE RIZ, J. Metodologia da pesquisa científica. ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil, 2002-2003. Disponível em http://pt.scribd.com/doc/7033418/Metodologia-Da-Pesquisa-Cientifica. Acesso em 21/09/2012.
103
FERNANDES, F. Memória de menina. Artigo publicado em Caderno Cedes, 22, p. 81-102, abril, 2001. FERNANDES, Marcela de Melo. Dança escolar: sua contribuição no processo ensino-aprendizagem. Trabalho publicado na Revista Digital - Buenos Aires - Ano 14 - Nº 135 - Agosto de 2009. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd135/danca-escolar-no-processo-ensino-aprendizagem.htm. Acesso em 27/04/2012. FERREIRA, Vanja. Dança escolar: um novo ritmo para a Educação Física. Rio de Janeiro: Sprint, 2005. FIAMONCINI, L. Dança na educação: a busca de elementos na arte e na estética. 2003. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, 2003, Florianópolis. FREINET, C. Pedagogia do bom senso. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991. FUX. Maria. Dança, Experiência de Vida. 4º ed. São Paulo: Summus, 1983. HALL, Stuart. Identidade Cultura na Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: DP & A Editora, 1999. JOROSKY, Narda Helena. Dança educativa no ambiente escolar a luz da proposta de Rudolf Laban. Artigo de revisão. Revista Hórus – Volume 4, número 1, Sem Data (s.d.). Artigo disponível em: www.faeso.edu.br/horus/cienciasdasaude/5.pdf. Acesso em 27/04/2012. LABAN, R. Domínio do Movimento. São Paulo, Summus, 1978.
______. Dança educativa moderna. São Paulo, Ícone, 1990. MACHADO, Dayane Leitão; NUNES, Elzi Maria de Sousa; SILVA, Maria do Socorro Borges da. Dança: ensino e aprendizagem pelo corpo inteiro. Faculdade do Vale do Itapecuru – FAI/Caxias-MA, 2006. Artigo disponível em: www.ufpi.edu.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/.../GT8_2006_04.PDF. Acesso em 27/04/2012. MARQUES, I. Dançando na escola. In: Revista Motriz, v.3, n.1, jun.1997. Revisado em 2002. MARQUES, I. A. Ensino de dança hoje: textos e contextos. São Paulo: Cortez, 1999. MARQUES, I. A. Linguagem da Dança Arte e Ensino. São Paulo: Digitexto, 2010. ______. Revisitando a dança educativa moderna de Rudolf Laban. Artigo sem data (s.d.), disponível em:
104
www.eca.usp.br/salapreta/PDF02/SP02_038_marques.pdf. Acesso em 27/04/2012. ______. Dançando na escola. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2007. ______. Ensino de dança hoje: textos e contextos. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2007. ______. Educação e cultura: reflexões sobre a dança na cidade. In: XAVIER, J; MEYER, S.; TORRES, V. (orgs). Coleção dança cênica: pesquisas em dança. v.1, Joinville: Letradágua, 2008. MATTAR, F. N. Pesquisa de marketing: edição compacta. São Paulo: Atlas, 1996. NANNI, D. Dança-Educação: pré-escola à universidade. Rio de Janeiro: Sprint, 1995. OLIVEIRA, V. M. de. O que é educação física. São Paulo: Brasiliense, 2001. REGO, Teresa Cristina. VYGOTSKY: Uma perspectiva histórico-cultural da
educação.12 ed. Petrópolis: VOZES, 2001.
RODRIGUES, W.C. Metodologia Científica. FAETEC/IST. Paracambi, 2007. Disponível em http://professor.ucg.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/3922/material/Willian%20Costa%20Rodrigues_metodologia_cientifica.pdf. Acesso em 21/09/2012. SAMPAIO, M. I. S. Movimento, educação, dança. In: RAMOS, R.C.L. (Org). Danças circulares sagradas. São Paulo: TRIOM/Faculdade Anhembi Morumbi,1998. SAYÃO, D. T. Corpo e movimento: notas para problematizar algumas questões relacionadas à educação infantil e a educação física. Artigo publicado na Revista Brasileira de Ciências do Esp. Campinas: Autores e assoc. V.23 n.2, p.55-67, Janeiro, 2002. SCARPATO, Marta Thiago. Dança Educativa: um fato em escolas de São Paulo. Cadernos Cedes, ano XXI, n. 53, abril/2001. ______. Faculdade de Educação Física/Unicamp, Campinas, 1999. SCHINCA, M. Psicomotricidade, ritmo e expressão corporal: exercícios práticos. Trad. Elaine Cristina Alcalde. São Paulo; Manole Ltda, 1991. SILVA, J. Dança na escola: benefícios e contribuições na fase pré-escolar - (trabalho de licenciatura) UNIFIL (Brasil), 2005.
105
SILVA, Jéssica Pistori. A dança no contexto da cultura escolar: Olhares de professores e alunos de uma escola pública do ensino fundamental. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina, como requisito para a conclusão do curso. Orientador: Profª. Drª. Magda Madalena. Londrina, 2010. Disponível em: www.uel.br/ceca/pedagogia/.../JESSICA%20PISTORI%20SILVA.pdf. Acesso em 27/04/2012. SILVA, Wilney Fernando; ALVES, Darjane Silva; RIBEIRO, Gersiane Franciere Freitas. Aplicabilidade do conteúdo dança nas escolas da rede estadual de ensino fundamental na cidade de Porteirinha, MG. Artigo publicado em EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 149, Octubre de 2010. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd149/aplicabilidade-do-conteudo-danca-nas-escolas.htm. Acesso em 27/04/2012. SOARES, A. et al. Improvisação e dança: conteúdos para a dança na educação física. Florianópolis: Impressa Universitária, 1998. SOARES, C. L. Imagens da educação no corpo: estudo a partir da ginástica francesa no século XIX. Campinas: Autores Associados, 1998.
STRAZZACAPPA, M. A educação e a fábrica de corpos: a dança na escola. Cadernos Cedes, v. 21, n.53, 2001. STRAZZACAPPA, H. O sentido ético estético do corpo na cultura popular. Libdigi. Unicamp.Br, 2001. STEINHIBER, J. Dança para acabar com a discussão. Conselho Federal de Educação Física - CONFEF, Rio de Janeiro, n. 5, nov/dez. 2000. SUBELDIA, A. Estadística aplicada a La Educación. Asunción: Universidade Americana, 2010. TRINDADE, Patrícia dos Santos. As relações de corpo, gênero e dança no ensino fundamental. Artigo disponível em: www.educacaofisica.com.br/.../as-relacoes-de-corpo-genero-e-danca-.... Acesso em 27/04/2012. ULLMANN, L. Posfácio. In: LABAN, R. Dança educativa moderna. São Paulo, Ícone, 1990. VARGAS, L.A. A dança na escola. Revista Cinergis, Santa Cruz do Sul, v.4, n.1,p.9-13, jan/jun., 2003. VAGO, T. M. Cultura escolar, cultivo de corpos: educação physica e gymnastica como práticas constitutivas dos corpos de crianças no ensino público primário de Belo Horizonte (1906-1920). Bragança Paulista: EDUSF, 2002. VERDERI, Érica Beatriz L. P. Dança na Escola. Rio de Janeiro: Sprint,1998. ______. Dança na escola, 2 ed. Rio de janeiro: Sprint, 2000.
106
VICENTE, O. Enciclopédia Didática de Informações e Pesquisa Educacional. Rio de Janeiro: Ediouro, 1986.
APÊNDICES
107
APÊNDICE A – Questionário Professores
QUESTIONÁRIO Nº 1
ATENÇÃO:
- As informações fornecida por você professor(a) desta escola, através deste
questionário, servirão para a avaliação do conteúdo dança dentro das aulas de
Educação Física escolar do Ensino Fundamental nas escolas municipais da cidade
de Anápolis-GO.
- Todos os dados são confidenciais e você não precisa se identificar.
- É importante que responda com máxima exatidão e muita sinceridade a este
questionário.
108
- Não há respostas erradas! Você deve apenas procurar ser coerente em suas
repostas.
- Se você sentir dificuldades para responder qualquer questão, por favor, peça
auxílio!
1. Qual o seu sexo?
( ) Feminino
( ) Masculino
2. Qual sua idade?
__ __
3. Há quanto tempo trabalha com a Educação Física?
4. Quais modalidades você trabalha nas aulas de Educação Física?
Modalidades Sim Não
Vôlei
Futebol
Basquete
Handebol
Queimada
Dança
5. Pode explicar o porquê de trabalhar a Dança nas suas aulas de Educação
Física?
6. Quantas vezes no decorrer do ano letivo?
Uma vez ( ) Duas vezes ( ) Outro:__________
7. Quais modalidades foram trabalhadas?
MODALIDADES SIM NÃO
JAZZ
BALÉ CLÁSSICO
109
DANÇAS
FOLCLÓRICAS
DANÇA CRIATIVA
EXPRESSÃO
CORPORAL
DANÇA DE SALÃO
QUADRILHA
STREET DANCE
DANÇA ESCOLAR
8. O que motivou você a trabalhar uma dessas modalidades citadas acima?
9. Quais desses motivos abaixo se aproximam das suas dificuldades ao ensinar a
dança na escola e por quê? (havendo outros motivos os mesmos podem ser
listados).
( ) Dificuldades com horários;
( ) Falta de infraestrutura;
( ) Desmotivação por parte dos alunos;
( ) Despreparo por parte do professor;
( ) Dificuldade de relacionar-se com outras matérias e outros professores;
( ) Falta de material;
( ) Falta de planejamento por parte da escola;
( ) Falta de planejamento por parte do professor.
10. Quais conflitos geralmente são diagnosticados em seus alunos em relação à
dança?
PRECONCEITOS SIM NÃO
RELAÇÕES DE
GÊNEROS
ETNIA
IDADE
CLASSE SOCIAL
CORPO
DEFICIÊNCIA FÍSICA
110
11. Quais os Limites que você teve no ensino da Dança dentro da sua formação
de Educação Física.
12. Poderia nos explicar se apenas com sua formação seria possível trabalhar de
forma teórica e prática nas escolas de maneira crítica, fundamentada e
significativa?
13. Você sabia que na LDB nº 9394/96, a arte é reconhecida como disciplina
escolar obrigatório?
( ) Sim ( ) Não ( ) Mais ou menos
14. O que você pensa sobre essa conquista citada acima?
15. Nos PCNs a arte faz parte do currículo e a dança foi formalizada como
linguagem artística. Pode explicar se você acredita que a dança nas suas várias
qualidades e diversas formas pode ajudar na educação das crianças do ensino
fundamental?
111
16. Qual sua opinião se a dança fizesse parte da Educação Física escolar no ensino
fundamental?
17. Você acha interessante incluir a realidade escolar do aluno aos conteúdos
específicos da dança que são trabalhados na escola? Se sim, cite algumas
matérias possíveis para essa relação interdisciplinar.
18. Como você vê as relações entre DANÇA-ENSINO-SOCIEDADE?
19. Você acredita que as danças populares ajudam a resgatar a identidade cultural
de um país? Por quê?
20. Qual sua opinião em relação à dança ganhar um espaço ainda maior e fizesse
parte do currículo escolar no ensino fundamental?
112
Obrigado pela sua participação nesta pesquisa!
APÊNDICE B – Questionário Alunos
QUESTIONÁRIO Nº 2
Prezado/a aluno/a:
- As informações fornecidas por você, aluno/a desta escola, através deste
questionário relacionado a uma pesquisa, servirão para a avaliação do conteúdo
“Dança dentro das aulas de Educação Física escolar do Ensino Fundamental nas
escolas municipais da cidade de Anápolis-GO”.
- Todos os dados são confidenciais e você não precisa se identificar. Mas, é
importante que responda com máxima exatidão e muita sinceridade a este
questionário. Não há respostas erradas! Você deve apenas procurar ser coerente em
suas repostas. Se você sentir dificuldades para responder qualquer questão, por
favor, peça auxílio!
113
21. Qual o seu sexo?
( ) Feminino
( ) Masculino
22. Qual sua idade?
__ __
23. Qual ano que você esta fazendo?
__ Ano
24. Na sua escola tem aulas de Educação Física?
( ) Sempre ( ) Quase sempre ( ) Raramente ( ) Nunca
25. Quais os tipos de modalidade que você já praticou nas aulas de Educação Física de
sua escola? (marque um x na sua resposta).
Modalidades Sim Não
Vôlei
Futebol
Basquete
Handebol
Queimada
Dança
26. Você gosta de dançar (inclui qualquer estilo de dança)?
( ) Sempre ( ) Quase sempre ( ) Raramente ( ) Nunca
27. Qual tipo de dança você tem conhecimento?
114
28. Se tivesse a modalidade dança, além dos outros esportes na Educação Física da sua
escola, você aprovaria?
( ) Aprovaria plenamente ( ) Não aprovaria ( ) Não tenho certeza
29. Você acha que a dança faz bem para o corpo e para a mente?
( ) Concordo ( ) Concordo Plenamente ( ) Discordo ( ) Não Tenho Certeza
30. A dança pode te ajudar no dia-a-dia como: (MARQUE UM X NA RESPOSTA QUE
VOCÊ CONSIDERA CORRETA)
BENEFÍCIOS MUITO POUCO QUASE
NADA
NADA
AUTOESTIMA
CONCENTRAÇÃO
SOCIALIZAÇÃO
MEMORIZAÇÃO
CRIATIVIDADE
MELHORA
RITMO
MELHORA
COORDENAÇÃO
SENSAÇÃO DE
ALEGRIA
DISCIPLINA
31. Quem você acha que pode dançar?
( ) Meninos ( ) Meninas ( ) Meninos e Meninas
115
Outros:
32. Conhecer através da dança um pouco da cultura e da diversidade de cada estado do
nosso país e do mundo, te deixaria mais incentivado a estudar?
( ) Sim
( ) Não
Por que?
33. Já teve algum tipo de apresentação de dança em sua escola?
( ) Várias vezes ( ) Algumas vezes ( ) Não sabe
34. Ao invés de ter a dança como modalidade da Educação Física de sua escola e tivesse a
matéria Dança o que você acharia?
( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Razoável ( ) Ruim
Obrigado pela sua participação nesta pesquisa!
116
ANEXOS
117
ANEXO A –Termo de Consentimento Livre Esclarecido
Título do estudo: Melhoria do ensino de dança na educação física nas escolas municipais
de Anápolis, Goiás, e nas Universidades formadoras de professores diante das
dificuldades que enfrentam na atualidade
Pesquisador responsável: Flávia Regina Leite
Telefone para contato: ( )
Local da coleta de dados:
Prezado(a) Senhor(a):
Você está sendo convidado(a) a responder às perguntas deste questionário de
forma totalmente voluntária. Antes de concordar em participar desta pesquisa e
responder este questionário, é muito importante que você compreenda as informações e
instruções contidas neste documento. O pesquisador deverá responder todas as suas
dúvidas antes que você se decidir a participar. Você tem o direito de desistir de participar
da pesquisa a qualquer momento, sem nenhuma penalidade.
Objetivo do estudo: Determinar os aspectos que devem melhorar no ensino de
dança na Educação Física nas escolas municipais de Anápolis, Goiás, e das
Universidades que preparam os professores, diante das dificuldades que enfrentam na
atualidade.
Procedimentos. Sua participação nesta pesquisa consistirá apenas no
preenchimento deste questionário, respondendo às perguntas formuladas que abordam
sobre o ensino de dança na Educação Física.
Benefícios. Esta pesquisa trará maior conhecimento sobre o tema abordado, sem
[A1] Comentário: Flávia, eu não sei se vc elaborou algum termo de consentimento livre (TCLE). O modelo deve entrar como anexo. Caso não tenha elaborado nenhum, poderá utilizar este.
118
benefício direto para você.
Riscos. O preenchimento deste questionário não representará qualquer risco de
ordem física ou psicológica para você.
Sigilo. As informações fornecidas por você terão sua privacidade garantida pelos
pesquisadores responsáveis. Os sujeitos da pesquisa não serão identificados em
nenhum momento, mesmo quando os resultados desta pesquisa forem divulgados em
qualquer forma.
Ciente e de acordo com o que foi anteriormente exposto,eu
_________________________________________________, estou de acordo em
participar desta pesquisa, assinando este consentimento em duas vias, ficando com a
posse de uma delas.
Góias, ____, de _____________ de 20___ __________________________________________________ Assinatura
___________________________ Pesquisador responsável