mediacao semiotica vygotsky cida e ernani v.6 de 23.11
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Faculdade de EducaçãoDisciplina: O Biológico, o Social e o Cultural na obra de Vygotsky
O Conceito de mediação Semiótica em Vygotsky
Grupo: Cida e Ernani
Páginas: 660 a 679
Prefácio: Linguistas Edward Sapir (1884-1939) - Alemão A linguagem influencia a forma como os indivíduos
pensam; Lingüística como ciência é uma forma de libertação, uma
evidente ruptura da cadeia historicamente construída; A idéia de Sapir foi adaptada e desenvolvida durante a
Década de 1940 por Benjamin Whorf (1897-1941 – Linguista norte-americano), dando origem à Hipótese de Sapir-Whorf.
Afirmava que a percepção de um observador sobre o mundo ao seu redor é controlada de alguma forma fundamental pela linguagem que ele usa.
“Não existe uma fonte universal do pensamento humano. Os falantes das diferentes línguas vêem o Cosmos diferentemente, por vezes de modo aproximado, por vezes de modo bastante diferente” (Whorf).
A linguagem pode restringir o pensamento, ou seja: a linguagem funda a realidade.
Charles Peirce (1914-1940 Cientista Americano)
. É considerado o fundador do
pragmatismo e pai da semiótica moderna.
Seguindo Peirce, a semiótica deveria incluir as demais ciências que tratam dos signos em determinados campos de conhecimento..
Pierce afirma que o signo está no lugar do objeto, mas não em todos os seus aspectos. O signo noão representa um objeto completo, mas sim numa determinada perspectiva, em referencia uma especie de “idea”. Por exemplo, a relação “vento/vela” só leva em conta o aspecto significativo da direção do vento e a orientação da vela, não em outros aspectos de ambos elementos.
Introdução (pág. 661)
Elo epistemológico dos trabalhos de Vygotsky e vários autores da corrente sócio-histórica de Psicologia;
Operador na articulação dos diferentes componentes de um sistema teórico, conferindo a este unidade e coerência lógica.
Introdução
Introdução
Sujeito 1Objeto
Intervenção
relação
O que é mediação semiótica?
Sujeito Linguagem Escrita Grupo Cultural língua
sujeito1
Sociedade
sujeito3
sujeito2
Instrumentos
signos
signosInstrumentos
Apropriação das produções culturais
Processo de Interiorização das funções psíquicas
Atividade social dos indivíduos
(inter-relações)
Introdução (pág. 663)
Mecanismos mediadores das relações entre os indivíduos:
Permite transformar e conhecer o mundo
Comunicar experiências
Desenvolver novas funções psicológicas
Criação de instrumentos e sistemas de signos
A medição dos sistemas deSignos constitui a “mediação
Semiótica”
Da sinalética animal às raízes da semiótica (págs. 663 e 664)
K. Lorenz: existência de mecanismos inatos deslanchadores de ação;
Permitem reagir de maneira sensata aos sinais(visuais, sonoros ou olfativos) emitidos por outros animais;
Sinais eficazes na função de orientá-los nas relações inter/intra-específicas, evitando erros de “interpretação”;
Sistemas sinaléticos especializados na “transmissão de informações”.
Animais caráter fixo e unívoco (natural)
Homem coleta/predação caça início do processo de socialização: abandono definitivo do estado de natureza e a entrada no estado da cultura. Novas habilidades e conhecimentos; Criação e uso de instrumentos; Identificação de pistas (leitura de sinais); Cooperação social e organização de ações; Sistema eficiente de comunicação.
Pistas, marcas e indícios sentir, registrar, interpretar e classificar os fatos da natureza: formas de inteligência prática (capacidade de decifrar);
Signos: (pag. 665)
Distanciam-se das marcas, pistas e indícios (sinais), que guardam relação natural com o objeto, mas já são atividade mental sinalética semiótica; Sinais que remetem ao objeto
sinalizado, estabelecendo relação artificial e variável.
A questão da mediação em Vygotsky (pag. 665)
É instrumento conceitual desse entendimento
Funções Psíquicas
Tem origem nos processos sociais
(são relações sociais interiorizadas)
É resultado da ação da sociedade sobre os indivíduos para integrá-los
na complexa rede de relações sociais e culturais.
Mediação em Vygotsky
“ O característico da concepção de Vygotsky, Leontiev e outros autores da corrente sócio histórica é que a constituição, no indivíduo, das funções psicológicas, pelo mecanismo da internalização, acontece simultaneamente à apropriação do saber e do fazer da sociedade” (Pino, 1985:31)
Marx: o desenvolvimento humano é o resultado do trabalho (pág. 666)
Trabalho implica um projeto (produção)– entendida no sentido de “obra” e não no produto (objetivação desse projeto).
A atividade do trabalho: implica em uma dupla produção:
A dos objetos culturais e a do ser humano no homem.
homem naturezatrabalho
Mediação em Vygotsky (pág. 667)
Há dois tipos de mediadores externos: Os instrumentos ( regulam ações sobre objetos) Os signos (regulam ações sobre o psiquismo)
São reversíveis regulam a atividade mediam a atividade
interna a consciência (experiência das experiências)
“é pela mediação dos signos que a criança se incorpora progressivamente à comunidade humana, internalizando sua cultura e tornando-se um indivíduo social, ou seja, humanizado” (pag. 668)
A questão semiótica em Vygotsky (pag. 668) Linguagem é fundamental na consciência o significado da palavra é o microcosmo da
consciênciasignificado da palavra x significação
Significado: união da palavra e pensamentoPonto culminante: pensamento verbal
Problema semânticoIndissociável da palavra
(seria um som vazio)
Problema PsicológicoGeneralização/conceito
linguagempensamento
Principais funções da linguagem que articulam com o pensamento:
Generalização
Linguagem
Sistema de signos reversíveis , organizado segundo os
princípios da: •Multifuncionalidade
• Comunicação• Generalização
Mediador funcional de situações interativas das
mais diversas
Representação Comunicação
Dois usos diferentes dos signos linguisticos:
Representar
(função simbólica) : implica na ausência
do objetoPresente através do
signo“estar no lugar de”
generalizar (abstrair)
Indicar (mostrar o objeto):
função indexicalSupõe presença do
objeto Significação concreta
e particular
Questão semiótica
“A contextualização (intra/extralinguística) confere aos significados das palavras uma significação concreta e particularizada. A enunciação evoca uma história que confere ao enunciado seu sentido e valor. A descontextualização, ao contrário, torna os significados representantes abstratos de totalidades genérics, expressão da história de cada língua. Cada uma delas constitui um nível diferente da fala” (Pino, 1985:38)
Questão semiótica
Não há relação fixa entre:
Significante significado referente objeto sujeito sinal
Questão semiótica
Sentido X Significado Sentido: soma dos eventos psicológicos que
a palavra evoca na consciência (é fluído e dinâmico - contextual)
Significado: é a zona mais estável e precisa do sentido mais compartilhável é uma construção social (convencional/sócio-histórica)
Sentido X Significado
Sentido
sentido
sentido
Sentido
Significado
O sentido não é o mesmo para diferentes sujeitos na mesma situação;
As palavras adquirem seu sentido no contexto do discurso;
A palavra é sempre carregada de conteúdo sentido ideológico e vivencial (Bakhtin) (polêmico e polissêmico);
"A palavra do outro se transforma, dialógicamente, para tornar-se palavra pessoal-alheia com a ajuda de outras palavras do outro,e depois, palavra pessoal " (Bakhtin,1992, p.405-406);
Suas próprias palavras são um resultado de incorporação de palavras alheias.
Linguagem
“ Pode-se concluir que a linguagem, sistema articulado de signos, construído socialmente ao longo da história, veicula significados instituídos relativamente estáveis, embora mutáveis, o que faz a polissemia das palavras. Entretanto esses significados adquirem sua significação concreta no contexto da interlocução.”
A mediação semiótica: alcance e perspectivas teóricas (pag. 672)
Referente: sentido denotativo – objeto real ao qual a palavra se refere;
Ilusão empirista de uma apreensão direta do referente;
Questões teóricas
apreensão Direta?
referente significado
Relação referente X significado
À semiótica interessa não como o discurso descreve a “realidade” (ilusão do real) mas como a produz, ou seja, como produz seus referentes internos (objetos imediatos de Pierce). A questão do sentido discursivo está ligada à questão das formações imaginárias, a qual, por sua vez, coloca o problema do real. Real e imaginário opõem-se não em termos de verdade e ilusão, como o fazem o idealismo e o realismo empiricista, uma vez que o real não se apresenta de forma direta e imediata, mas na sua representação, a qual é uma formação imaginária. A ilusão reside no desconhecimento das formações imaginarias do discurso, decorrentes da sua natureza sócio histórica. (Pino, 1985:41)
A mediação semiótica: alcance e perspectivas teóricas (pag. 672)
APPLE
A mediação semiótica: alcance e perspectivas teóricas (pag. 672)
Objeto ImediatoVersão da
realidade que o signo
proporciona
Referência e representação
InterpretanteDinâmico de Pierce
SIGNO
Transparência do Discurso – falsa impressão de que o significado traduz o real (referente) de maneira direta e sem mediações semânticas;
Discurso transparente – oculta suas próprias condições de produção;
Perda da densidade semântica do significado transforma-o em IMAGEM (expressão imediata da realidade);
Questões teóricas
“O simbólico só existe a partir do imaginário, e este só se objetiva no e pelo simbólico. A ordem simbólica impõe suas leis ao imaginário, mas não consegue neutralizar seu poder de produção. Isso explica a complexidade da realidade social e cultural da sociedade e as suas múltiplas expressões. A ordem simbólica é constituinte do homem como indivíduo social, mas pode tornar-se uma ameaça para o homem quando se pretende fazer dela a negação do imaginário. É a dialética da lei e do desejo.” (Pino, 1985:42)
Assumindo que o campo da semiótica não se esgota no sistema de signos lingüísticos, fica claro que a função da mediação semiótica extrapola o campo de linguagem;
Isso não fica claro nas análises de Vygostky;
Alcance Sócio-histórico do conceito de sentido
Questão da significação do próprio significado, afirmando o deslocamento deste em função dos contextos;
Vygotsky não avança na discussão; Problema da referência;
“Para compreender a fala de outrem não basta entender as suas palavras- temos que compreender o seu pensamento. Mas nem mesmo isso é suficiente – também é preciso que conheçamos a sua motivação. Nenhuma análise psicológica de um enunciado estará completa antes de se ter atingido esse plano” (Vygotsky, 1989:130)
Natureza do semiótico
O semiótico se constitui a partir de e pela realidade;
Conceito de Mediação semiótica – densidade histórica que explica as características específicas do conceito de mediação nas sociedades;
Simbólico x imaginário; Simbólico só existe a partir do imaginário, e
este só se objetiva no e pelo simbólico.
MEDIAÇÃO SEMIÓTICA
UNIVERSO SIMBÓLICO
CONSTRUÇÃO DO SER HUMANO
PRODUÇÃO IMAGINÁRIA
Psiquismo Humano
Mediação semiótica – instrumento conceitual para se pensar o psiquismo humano como um processo permanente de produção;
Interação indivíduo – meio-cultural
O indivíduo torna-se humano na mediação semiótica com outros seres humanos
Referências utilizadas
PINO, Angel. O conceito da mediação semiótica em Vygotsky e seu papel na explicação do psiquismo humano. Cadernos CEDES n.24. Ed. Papirus. Campinas, São Paulo, 1991: 33-43
Freitas, Maria Teresa de Assunção. Nos textos de Bakhtin e Vygotsky: Um encontro possível. http://www.moodle.ufba.br/file.php/11739/lic/NOS_TEXTOS_DE_BAKHTIN_E_VYGOTSKY.pdf
VYGOSTKY, Lev Semenovich. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1989 (2a. Ed.)
O espelho (Machado de Assis)
"Cada criatura traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro"(...) "a alma exterior pode ser um espírito, um fluido, um homem, muitos homens, um objeto, uma operação...
(...)Está claro que o ofício dessa segunda alma é transmitir a vida como a primeira: as duas complementam o homem, que, é, metafisicamente falando uma laranja. Quem perde uma das metades, perde naturalmente metade da existência: e casos há, não raros em que a perda da alma exterior implica a da existência inteira"