material prof maria lúcia - módulo 2

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Parte 2 Espa¸ cos vetoriais reais Introduziremos o conceito de espa¸ co vetorial real, com ˆ enfase em espa- ¸ cos vetoriais nitamente gerados, e estudaremos as suas propriedades. Apre- sentaremos os conceitos de subespa¸ cos vetoriais, subespa¸ cos nitamente ge- rados, interse¸ ao de subespa¸ cos, combina¸ ao linear, espa¸ cos vetoriais reais nitamente gerados, conjuntos linearmente independentes ou linearmente de- pendentes, base e dimens˜ ao de espa¸ cos vetoriais reais nitamente gerados, coordenadas numa base e soma e soma direta de subespa¸ cos vetoriais reais. Estudaremos transforma¸ oes lineares entre espa¸ cos vetoriais reais de dimens˜ ao nita, n´ ucleo e imagem de transforma¸ oes lineares, teorema do n´ucleo e da imagem, representa¸ ao matricial de transforma¸ oes lineares entre espa¸ cos vetoriais reais de dimens˜ ao ni ta e sua s proprie dade s; funcion ais lineares e suas propriedades. Finalizaremos com a ´ algebra das transforma¸ oes lineares em espa¸ cos ve- toriais reais de dimens˜ ao nita, apresentando as opera¸ oes de adi¸ ao, multi- plica¸ ao por escalar e composi¸ ao de transforma¸ oes lineares; transforma¸ oes lineares inv ert´ ıveis, isomorsmo e automorsmo de espa¸ cos vetoriais. Instituto de Matem´ atica 37 UF F 

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Parte 2

Espacos vetoriais reais

Introduziremos o conceito de espaco vetorial real, com enfase em espa-

cos vetoriais finitamente gerados, e estudaremos as suas propriedades. Apre-

sentaremos os conceitos de subespacos vetoriais, subespacos finitamente ge-

rados, intersecao de subespacos, combinacao linear, espacos vetoriais reais

finitamente gerados, conjuntos linearmente independentes ou linearmente de-

pendentes, base e dimensao de espacos vetoriais reais finitamente gerados,

coordenadas numa base e soma e soma direta de subespacos vetoriais reais.

Estudaremos transformacoes lineares entre espacos vetoriais reais de

dimensao finita, nucleo e imagem de transformacoes lineares, teorema do

nucleo e da imagem, representacao matricial de transformacoes lineares entre

espacos vetoriais reais de dimensao finita e suas propriedades; funcionais

lineares e suas propriedades.

Finalizaremos com a algebra das transformacoes lineares em espacos ve-

toriais reais de dimensao finita, apresentando as operacoes de adicao, multi-

plicacao por escalar e composicao de transformacoes lineares; transformacoes

lineares invertıveis, isomorfismo e automorfismo de espacos vetoriais.

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Espacos vetoriais e subespacos PARTE 2 - SEC ˜ AO 1

Espacos vetoriais e subespacos

Terminologia:

Espacos vetoriais reais sao

tambem chamados de

R-espacos vetoriais ou

espacos vetoriais sobre  R.

Aqui diremos simplesmente

espacos vetoriais.

Definicao 1 (Espaco vetorial real)

Um  espaco vetorial real   e um conjunto nao vazio  V   munido com operacoes

de adicao e multiplicacao por escalar

+ : V  × V    −→   V 

( v, w)   −→   v + we

  · : R × V    −→   V 

(a, v)   −→   a · v,

tendo as seguintes propriedades, para quaisquer  a, b ∈ R  e  u, v, w ∈ V :

A1 (Associativa):   u + ( v + w) = ( u + v) = w;

A2 (Comutativa):   u  + v =  v  + u ;

A3 (Existencia de elemento neutro aditivo):

Existe  θ ∈ V , tal que  v + θ  =  v, para todo  v ∈ V ;

A4 (Existencia de simetrico):

Para cada  v ∈ V , existe  u ∈ V , tal que  u + v  =  θ;

Me1:   1 · v =  v;

Me2 (Associativa):   a · (b · v) = (a · b) · v;

AMe1 (Distributiva):   a · ( u + v) = a · u + a · v;

AMe2 (Distributiva):   (a + b) · v =  a · v + b · v.

Os elementos de  V   sao chamados de  vetores .

Exemplo 1

V  = R  e um espaco vetorial real com as operacoes usuais de adicao e multi-

plicacao de numeros reais.

Exemplo 2

C   =   {a +  bi   ;   a, b   ∈   R}   com as operacoes usuais de adicao de numeros

complexos e a multiplicacao de um numero real por um numero complexo, a

saber,

(a + bi) + (c + di) = (a + c) + (b + d)i  e  a · (c + di) = (a · c) + (a · d)i,

onde  a, b, c, d ∈ R, e um espaco vetorial real.

Exemplo 3

V   =   Mm×n(R), com as operacoes usuais de adicao de matrizes e multi-

plicacao de um numero real por uma matriz, e um espaco vetorial real.

De fato, ja mostramos a validade de A1, A2, A3, Me1, Me2, AMe1 e AMe2.

So falta verificar   A4. Seja A  = (aij)  ∈  Mm×n(R). Definindo  B  = (bij)  por

bij = −aij, para  i =  1, . . . , m   e  j =  1, . . . , n, temos que(A + B)ij =  aij + bij =  aij + (−aij) = 0,

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´ Algebra Linear I 

Espacos vetoriais e subespacos 

para  i =  1, . . . , m   e  j =  1, . . . , n. Logo,  A + B  =  0m×n.

Verifique as oitopropriedades das operacoes. Exemplo 4R2 = {(x, y) ;   x, y ∈ R}  com as operacoes:

(x, y) + (x′, y′) = (x + x′, y + y′)  e  a · (x, y) = (a · x, a · y),

onde  x, y, x′, y′ ∈ R, e um espaco vetorial real.

Exemplo 5

R3 = {(x,y,z ) ;   x,y,z ∈ R}, com as operacoes:

(x,y,z ) + (x′, y′, z ′) = (x + x′, y + y′, z + z ′)  e

a · (x,y,z ) = (a · x, a · y, a · z ),

onde  x, y, z, x′, y′, z ′ ∈ R, e um espaco vetorial real.Verifique as oito

propriedades das operacoes.

Exemplo 6

Inspirados nos Exemplos 1, 4 e 5, para cada natural  n  ≥  1, vamos mostrar

que

Rn = {(x1, . . . , xn) ;   x1, . . . , xn ∈ R},

munido com as operacoes:A adicao e feita coordenada

a coordenada e a

multiplicacao por escalar e

feita em cada coordenada.

(x1, . . . , xn) + ( y1, . . . , yn) = (x1 + y1, . . . , xn + yn) e

a · (x1, . . . , xn) = (a · x1, . . . , a · xn),para quaisquer x1, . . . , xn, y1, . . . , yn, a ∈ R, e um espaco vetorial.

De fato, sejam   u   = (x1, . . . , xn),   v   = ( y1, . . . , yn)   e   w   = (z 1, . . . , z  n)   e

a, b ∈ R, entao:

A1 (Associativa):Em (1) usamos a definicao

da adicao de   v + w; em (2),

a definicao da adicao de   u e

v + w; em (3), em cada

coordenada, a

associatividade da adicao em

R; em (4) e (5), a definicao

da adicao no  Rn .

 u + ( v + w)  (1)

=   u + ( y1 + z 1, . . . , yn + z n)(2)=

x1 + ( y1 + z 1), . . . , xn + ( yn + z n)

(3)= (x1 + y1) + z 1, . . . , (xn + yn) + z n(4)= (x1 + y1, . . . , xn + yn) + (z 1, . . . , z  n)(5)= ( u + v) +  w

A2 (Comutativa):Em (1) e (3) usamos a

definicao da adicao no  Rn e

em (2), em cada coordenada,

a comutatividade da adicao

em R.

 u + v  (1)

= (x1 + y1, . . . , xn + yn)(2)= ( y1 + x1, . . . , yn + xn)(3)=   v + w

A3 (Existencia de elemento neutro aditivo): A   n-upla   o   = (0 , . . . , 0)   e o

elemento neutro, pois para todo  u  = (x1, . . . , xn)  temos que0 e elemento neutro da

adicao em  R.  u + o  = (x1 + 0 , . . . , xn + 0) = (x1, . . . , xn) = u .

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Espacos vetoriais e subespacos PARTE 2 - SEC ˜ AO 1

A4 (Existencia de simetrico): O simetrico de  u  = (x1, . . . , xn)   e o elemento

 v = (−x1, . . . , −xn), poisO simetrico de  x ∈ R   e  −x,

pois   x + (−x) = 0.

 u + v  = (x1 + (−x1), . . . , xn + (−xn)) = (0 , . . . , 0) = o.

Me2 (Associativa):   Em (1) usamos a definicao

de  b · v; em (2), a definicao

da multiplicacao pelo escalar

a; em (3), em cada

coordenada, a

associatividade da

multiplicacao em  R   ; em (4),

a definicao da multiplicacao

pelo escalar  a · b; em (5), a

definicao de  v.

a · (b · v)  (1)

=   a · (b · y1, . . . , b · yn)(2)=

a · (b · y1), . . . , a · (b · yn)

(3)=

(a · b) · y1, . . . , (a · b) · yn

(4)= (a · b) · ( y1, . . . , yn)(5)= (a · b) · v

AMe1 (Distributiva):Em (1) usamos a definicao

de adicao no  Rn ; em (2), a

definicao de multiplicacao

por escalar no  Rn ; em (3),

em cada coordenada a

distributividade em  R; em

(4), a definicao de adicao no

Rn ; em (5), novamente, a

definicao de multiplicacao

por escalar no  Rn .

a · ( u + v)   (1)=   a · (x1 + y1, . . . , xn + yn)(2)=

a · (x1 + y1), . . . , a · (xn + yn)

(3)= (a · x1 + a · y1, . . . , a · xn + a · yn)(4)= (a · x1, . . . , a · xn) + (a · y1, . . . , a · yn)(5)=   a · u + a · v

Deixamos como Exercıcio mostrar:

Me1:   1 · v =  v  e

AMe2 (Distributiva):   (a + b) · v =  a · v + b · v.

Antes de darmos outros Exemplos de espacos vetoriais reais vamos mos-

trar mais algumas propriedades importantes.

Proposicao 1 (Propriedades adicionais)

Seja  V  um espaco vetorial real. Valem as seguintes propriedades:

(a) o elemento neutro e unico.

(b) o simetrico e unico.

Demonstracao:(a) Sejam  θ e  θ′ em  V  elementos neutros da adicao. Entao,   Em (1) usamos que  θ′ e

elemento neutro e em (2),

que   θ e elemento neutro.θ  (1)=  θ + θ′   (2)

=  θ′.

(b) Sejam  u, u ′ ∈ V  simetricos de  v ∈ V . Entao,  u + v =  0,  u ′ + v  =  0  e

 u  =  0 + u  = ( u ′ + v) + u  =  u ′ + ( v + u ) = u ′ + 0  =  u ′.

Daqui por diante, denotamos o elemento neutro aditivo de um espaco

vetorial  V   por  0V  e o simetrico de  v  por  − v.

Exemplo 7Seja  n ∈ N  fixado e  t uma indeterminada. Definimos

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´ Algebra Linear I 

Espacos vetoriais e subespacos 

P n(R) = {f(t) = a0 + a1t + · · · + antn ;   aj ∈ R,   para cada  j =  0, . . . , n}.

Para  f(t) = a0 + a1t + · · · + antn e  g(t) = b0 + b1t + · · · + bntn em  P n(R)

e  k ∈ R  definimosf(t) + g(t) = (a0 + b0) + (a1 + b1)t + · · · + (an + bn)tn e

k · f(t) = (k · a0) + (k · a1)t + · · · + (k · an)tn.

Com essas operacoes,  P n(R)  e um espaco vetorial.

Exemplo 8

Seja  t  uma indeterminada. Definimos o conjunto dos polinomios com coefi-

cientes reais como

P (R) = {a0 + a1t + · · · + antn ;   n ∈ N  e  aj ∈ R,   para cada  j =  0, . . . , n}.

P (R)  e um espaco vetorial com as operacoes usuais de adicao de polinomios

e multiplicacao de um numero real por um polinomio.

Observamos que  P (R) =

n≥0

P n(R), alem disso,  P 0(R) = R  e

P 0(R) ⊂ P 1(R) ⊂ · · · ⊂ P  n(R) ⊂ P n+1(R) ⊂ · · · .

Exemplo 9

Seja  I ⊂ R  um intervalo. Definimos

F (I) = {f :  I −→ R ;   f  e funcao   }.

F (I) e um espaco vetorial, com as operacoes usuais de adicao e multiplicacao

por um numero real, a saber, para  f, g ∈ F (I) e  k ∈ R,

(f + g)(x) = f(x) + g(x), para todo  x ∈ I e

(k · f)(x) = k · f(x), para todo  x ∈ I.

De fato, para quaisquer  f, g, h ∈ F (I)  e  k, ℓ ∈ R, temos:

A1 (Associativa): Para todo  x ∈ I,

Em (1), (2), (4) e (5) usamos

a definicao de adicao defuncoes e em (3), a

associatividade da adicao em

R.

(f + (g + h ))(x)  (1)

=   f(x) + (g + h )(x)

(2)=   f(x) + (g(x) + h (x))(3)= (f(x) + g(x)) + h (x)(4)= (f + g)(x) + h (x)(5)= ((f + g) + h )(x),

logo  f + (g + h ) = (f + g) + h .

A2 (Comutativa): Para todo  x ∈ R, temos

(f + g)(x) = f(x) + g(x) = g(x) + f(x) = (g + f)(x).

Logo, f + g =  g + f.

A3 (Existencia de elemento neutro aditivo): A funcao   o   :   I  −→ R  definida

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Espacos vetoriais e subespacos PARTE 2 - SEC ˜ AO 1

por   o(x) =  0, para todo   x  ∈  R, e o elemento neutro, pois   o +  f  =  f, para

todo  f ∈ F (I).

A4 (Existencia de simetrico): Dada  f  ∈ F (I)   tomamos  g   :  I −→ R  definidapor  g(x) = −f(x), para cada  x ∈ I. Entao,  f + g =  o.

Me2 (Associativa): Para todo  x ∈ I, temos

Em (1), (2) e (4) usamos a

definicao da multiplicacao de

uma funcao por um numero

real e em (3), a

associatividade da

multiplicacao de numeros

reais.

(k · (ℓ · f))(x)  (1)

=   k · (ℓ · f)(x)(2)=   k · (ℓ · f(x))(3)= (k · ℓ) · f(x)(4)= ((k · ℓ) · f)(x),

logo,  k · (ℓ · f) = (k · ℓ) · f.

Deixamos as propriedades Me1, AMe1 e AMe2 como exercıcio.

Os subconjuntos de um espaco vetorial que interessam sao os subespa-

cos vetoriais.

Definicao 2 (Subespaco vetorial)

Seja V  um espaco vetorial real. Um subconjunto nao vazio W  de  V   e chamado

um  subespaco vetorial  de  V  se, e somente se,  W   e um espaco vetorial com as

operacoes de  V .

Exemplo 10 {0V }  e  V   sao subespacos de  V , chamados de  subespacos triviais .

Quais condicoes   W   ⊂   V   deve satisfazer para ser um subespaco? A

resposta esta a seguir.

Proposicao 2

Seja   V   um espaco vetorial. Um subconjunto nao vazio   W   de   V   e um su-

bespaco de  V  se, e somente se,

(a)  0V  ∈ W ;

(b) se  u, w ∈ W , entao  u + w ∈ W ;

(c) se  w ∈ W  e  k ∈ R, entao  k · w ∈ W .

Demonstracao:

Fez o Exercıcio 1b?

(=⇒:) Suponhamos que   W   =   ∅  seja um subespaco de   V . Entao, pela de-

finicao de subespaco,   W   esta munido com as operacoes de  V   e valem (b) e

(c). Como existe  w ∈ W  e  − w = (−1) · w ∈ W , logo  0v =  w + (− w) ∈ W .

(:

⇐=) Suponhamos que  W  ⊂ V  tenha as propriedades (a), (b) e (c). De (a)

segue que  W  =  ∅. De (b) e (c) segue que as operacoes de  V   estao fechadasem W . As propriedades A1, A2, Me1, AMe1, AMe2 valem em  W  pois valem

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´ Algebra Linear I 

Espacos vetoriais e subespacos 

em qualquer subconjunto de  V . Vale A3, pois  0V  ∈  W   e o elemento neutro

da adicao. Para cada w ∈  W ,  − w  = (−1) · w ∈  W , valendo A4. Portanto,

W   e um espaco vetorial.  

Geometricamente, planos

que passam pela origem sao

subespacos vetoriais do  R3.

Exemplo 11

W  = {(x,y,z ) ∈ R3 ;   x − 2y + 3z  =  0}  e um subespaco do  R3.

De fato:

(a)  0 − 2 · 0 + 3 · 0 =  0, logo,  (0,0,0) ∈ W .

(b) Sejam   u   = (x,y,z ), w   = (x′, y′, z ′)   em   W . Entao,   x −  2y  +  3z   =   0,

x′ − 2y′ + 3z ′ = 0. Como  u + w = (x + x′, y + y′, z + z ′), temos

Em (1) usamos adistributividade em  R; em

(2), a comutatividade e

associatividade da adicao em

R  e em (3), que  u,w ∈ W .

(x + x′) − 2( y + y′) + 3(z + z ′)   (1)=   x + x′ − 2y − 2y′ + 3z + 3z ′

(2)= (x − 2y + 3z ) + (x′ − 2y′ + 3z ′)(3)=   0 + 0 =  0,

logo  u + w ∈ W .

(c) Sejam  u  = (x,y,z ) ∈ W  e  a ∈ R.Em (4) usamos a

comutatividade da

multiplicacao e a

distributividade em  R  e em

(5), que  u ∈ W .

Entao,  x − 2y + 3z  =  0,  a · u  = (a · x, a · y, a · z ) e

(a · x) − 2(a · y) + 3(a · z )  (4)=  a · (x − 2y + 3z )

  (5)=  a · 0 =  0.

Logo, a · u ∈ W .

Geometricamente, retas no

plano que nao passam pela

origem nao sao subespacos

do  R2 , enquanto retas no

plano passando pela origem

sao subespacos do  R2.

Exemplo 12

U =  {(x, y) ∈ R2 ;   2x − y =  3} nao e subespaco do  R2, pois  (0, 0) ∈ U.

W  = {(x, y) ∈ R2 ;   2x − y  =  0}  e subespaco do  R2.

Exemplo 13

Vamos mostrar que  W   e um subespaco de  M2×2(R), onde

W  =   a bc d

∈ M2×2(R) ;   a + b + c =  0  e  2a − b + d =  0.

Primeiramente, escrevemos  A ∈ W  como  A =

  a b

−a − b   −2a + b

, onde

a, b ∈ R.

(a)  E claro que tomando  a =  b  =  0, temos

  0 0

0 0

∈ W .

(b) Sejam A  =   a b

−a − b   −2a + b e A′ =   a′ b′

−a′

− b′

−2a′

+ b′ em

W . Entao,

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Espacos vetoriais e subespacos PARTE 2 - SEC ˜ AO 1

A + A′ =

  a + a′ b + b′

(−a − b) + (−a′ − b′) −2a + b + (−2a′ + b′)

=

  a +

a

b +

b

−(a + a′) − (b + b′) −2(a + a′) + (b + b′)

=

  a′′ b′′

−a′′ − b′′ −2a′′ + b′′

∈ W,  onde tomamos  a′′ = a  + a′

e  b′′ = b  + b′.

(c) Seja  k ∈ R  e  A  como em (b). Entao,

Usamos a distributividade e

a comutatividade da

multiplicacao em  R.

k · A   =

  k · a k · b

k · (−a − b)   k · (−2a + b)

=   k · a k · b

−(k · a) − (k · b) −2(k · a) + (k · b)

=

  a′ b′

−a′ − b′ −2a′ + b′

  esta em  W,   onde

tomamos  a′ = k · a e  b′ = k · b.

Exercıcios

1. Seja  V  um espaco vetorial real. Mostre que:

(a) Para todo  v ∈ V , temos  0 · v =  0V .

(b) Para cada v ∈ V , o simetrico de  v  e  (−1) · v.

2. Mostre que os seguintes conjuntos sao espacos vetoriais reais, com as

operacoes usuais de adicao e multiplicacao por um numero real:

(a)   R2 = {(x, y) ;   x, y ∈ R}.

(b)   R

3 = {(x,y,z 

) ;  x,y,z ∈ R

}.

(c)   M2×2(R).

(d)   P n(R), onde  n ∈ N.

(e)   P (R).

3. Seja  V  = {x ∈ R ;   x > 0}. Para  x, y ∈ V   e  k ∈ R, definimos:

x ⊕ y =  x · y, onde  ·  e a multiplicacao de numeros reais, e

k ⊙ x =  xk, a  k -esima potencia de  x.

Mostre que  V   e um espaco vetorial real com as operacoes  ⊕ e  ⊙.

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´ Algebra Linear I 

Espacos vetoriais e subespacos 

4. Determine, em cada item, se o subconjunto   W   de   V   e um subespaco

vetorial de  V :

(a)   V  = R2 e  W  = { (x, y) ∈ R2 ;   x − 3y =  1 }.

(b)   V  = R2 e  W  = { (x, y) ∈ R2 ;   x − 3y =  0 }.

(c)   V  = R3 e  W  = { (x, 2x, −3x) ;   x ∈ R }.

(d)   V  = R3 e  W  = { (x,y,z ) ∈ R3 ;   2x + y − z  =  2 }.

(e)   V  = R3 e  W  = { (x,y,z ) ∈ R3 ;   2x + y − z  =  0 }.

(f)   V  = P 2(R)  e  W  = { a + bt + ct2 ∈ P 2(R) ;   2a + b − c  =  0 }.

(g)   V  = F (R) = {f : R −

→R ;   f e funcao }  e

W  = {

f ∈ V   ;   f e funcao ımpar}.

(h)   V  = F (R)  e  W  = {f ∈ V   ;   f e funcao par }.

(i)   V  = F (R)  e  W  = C (R) = {f ∈ V   ;   f  e contınua   }.

(j)   V  = F (R)  e  W  = D(R) = {f ∈ V   ;   f  e derivavel   }.

(k)   V  = R4 e  W  = { (x,y,z,w) ∈ R4 ;   2x − y + 3z − w =  0 }.

(l)   V   =  Mn×1(R)  e  W   =  { X ∈  V   ;   AX  =  0 }, onde  A ∈  Mm×n(R)   e

uma matriz dada.

(m)   V  = M2×2(R)  e  W  =   a b

c d ∈ V   ;   a + d =  0, b − 2d =  0 .

W  e chamado um  hiperplano

do  Rn .

(n)   V  = Rn e  W  = { (x1, . . . , xn) ∈ Rn ;   a1x1 + · · · + anxn =  0 }, onde

a1, . . . , an sao numeros reais fixados nem todos nulos, isto e, tais

que  (a1, . . . , an) = (0 , . . . , 0).

(o)   V  = Mn×n(R) e  W  = { A ∈ V   ;   At = −A}.

(p)   V  = Mn×n(R) e  W  = { A ∈ V   ;   At = A}.

5. Sejam  V  um espaco vetorial e  U e  W   subespacos de  V . Mostre que:

(a)   U ∩ W   e um subespaco de  V ;(b)   U ∪ W   e um subespaco de  V  se, e somente se,  U ⊂ W  ou  W  ⊂ U;

(c)   U + W  = { u + w  ;   u ∈ U, w ∈ W }  e um subespaco de  V .

6. Determine  U ∩ W  e interprete geometricamente  U,  W   e  U ∩ W , onde

U =  { (x,y,z ) ∈ R3 ;   2x + y − z  =  0 } e

W  = { (x,y,z ) ∈ R3 ;   x + y + 2z  =  0 }.

7. Determine  U ∩ W , onde  U =  { (x,y,z,w) ∈ R4 ;   x − w =  0 } e

W  = { (x,y,z,w) ∈ R4 ;   x + y + z  =  0, y − w =  0 }.

M.L.T.Villela

U F F    46

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Combinacao linear, dependencia e independencia linear PARTE 2 - SEC ˜ AO 2 

Combinacao linear, dependencia e

independencia linear

Vamos aprender a construir subespacos de um espaco vetorial real. Para

isto introduzimos o seguinte conceito.

Definicao 3 (Combinacao linear)

Seja   V   um espaco vetorial. Sejam   v1, . . . , vm   em   V   e   a1, . . . , am   em   R.

Dizemos que v  =  a1 v1 + · · · + am vm e uma  combinac˜ ao linear   de  v1, . . . , vm.

Exemplo 14

Se   V   =  R   e   v1   =   1, entao para todo   v   =   a   ∈  R   temos   v   =   a · 1   =   av1   e

combinacao linear de  v1.

Exemplo 15

V  = R2,  v1 = (1, 1) e  v = (3, 3) = 3v1  e uma combinacao linear de  v1.

Exemplo 16

Sejam  v1  = (1, 1)  e  v2  = (1, −1)  em  R2. Observamos que dado   (x, y)  ∈  R2

existem  a, b ∈ R  tais que

(x, y) = av1 + bv2 =  a(1, 1) + b(1, −1) = (a + b, a − b), pois   a + b =  x

a − b =  ye um sistema possıvel e determinado, cujas solucoes sao  a =   x+y

2  e  b =   x−y

2  .

Portanto, qualquer vetor do  R2 e combinacao linear de  v1 e  v2, a saber,

(x, y) =   x+y

2  (1, 1) +   x−y

2  (1, −1).

Exemplo 17

Sejam  e1 = (1,0,0),  e2 = (0,1,0) e  e3 = (0,0,1). Para todo  (x,y,z ) ∈  R3,

temos

(x,y,z ) = (x,0,0) + (0,y,0) + (0,0,z )

=   x(1,0,0) + y(0,1,0) + z (0,0,1)

=   xe1 + ye2 + ze3.

Exemplo 18

Sejam  e1 = (1 , 0 , . . . , 0),  e2 = (0 , 1 , 0 . . . , 0), . . . ,  en = (0 , 0 , . . . , 1) em  Rn

Para todo  (x1, x2, . . . , xn) ∈ Rn, temos

(x1, x2, . . . , xn) = (x1, 0 . . . , 0) + (0, x2, . . . , 0) + · · · + (0 , . . . , 0 , xn)

=   x1(1 , 0 , . . . , 0) + x2(0 , 1 , 0 . . . , 0) + · · · + xn(0 , 0 , . . . , 1)

=   x1e1 + x2e2 + · · · + xnen.

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´ Algebra Linear I 

Combinacao linear, dependencia e independencia linear 

Definicao 4 (Subespaco gerado)

Seja  V   um espaco vetorial real e sejam  v1, . . . , vm em  V . O conjunto  W   de

todas as combinacoes lineares de v1, . . . , vm e um subespaco de V  chamado de

subespaco gerado por  v1, . . . , vm e e denotado por  W  = [ v1, . . . , vm ]. Assim,

W    = [ v1, . . . , vm ]

=   {a1 v1 + · · · + am vm ;   a1, . . . , am ∈ R},

e dizemos que  v1, . . . , vm sao  geradores  ou  geram  W .

Precisamos mostrar que, efetivamente,   W   = [ v1, . . . , vm ]   e um su-

bespaco de  V . De fato,

(a) Tomando a1 = · · · = am =  0 ∈ R, temos 0V  =  0v1 + · · ·+ 0vm ∈ W .

(b) Sejam   u   =   a1 v1 + · · · + am vm  e   w   =   b1 v1 + · · · + bm vm  em   W .Entao,

Em (1) usamos a

comutatividade e

associatividade da adicao em

V  e em (2), a

distributividade da

multiplicacao por escalar em

V .

 u + w   = (a1 v1 + · · · + am vm) + (b1 v1 + · · · + bm vm)(1)= (a1 v1 + b1 v1) + · · · + (am vm + bm vm)(2)= (a1 + b1) · v1 + · · · + (am + bm) · vm ∈ W,

pois  aj + bj ∈ R, para todo  j =  1, . . . , n.

(c) Sejam  u  =  a1 v1 + · · · + am vm em  W  e  k  ∈ R. Entao, da distributi-

vidade e da associatividade da multiplicacao por escalar, temos

k · u  =  k · (a1 v1 + · · · + am vm) = (k · a1) v1 + · · · + (k · am) vm ∈ W ,

pois  k · aj ∈ R, para todo  j =  1, . . . , n.

Exemplo 19

Seja  v1 = (1, 1) ∈ R2. Entao,

[ v1 ] =   {a(1, 1) ;   a ∈ R}

=   {(a, a) ;   a ∈ R}

=   {(x, y) ∈ R2 ;   x =  y}.

Exemplo 20

Vamos determinar o subespaco W  do R3 gerado pelos vetores v1 = (1, −1, 0),

 v2 = (1,0, −1)  e  v3 = (−1,2, −1).

 v ∈ W  = [ v1, v2, v3 ]   se, e somente se, existem a1, a2, a3 ∈ R  tais que

 v =  a1 v1 + a2 v2 + a3 v3. Assim,

 v = (x,y,z ) =   a1(1, −1, 0) + a2(1,0, −1) + a3(−1,2, −1)

= (a1 + a2 − a3, −a1 + 2a3, −a2 − a3)

Determinar o subespaco   W   e equivalente a determinar quais as condicoessobre  x, y, z  para que o sistema

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Combinacao linear, dependencia e independencia linear PARTE 2 - SEC ˜ AO 2 

a1 + a2 − a3 =  x

−a1 + 2a3 =  y

−a2 − a3 =  z 

tenha solucao.

Reduzindo por linhas a matriz ampliada associada ao sistema, obtemos:

1 1   −1 x

−1 0 2 y

0   −1   −1 z 

∼1

1 1   −1 x

0 1 1 x + y

0   −1   −1 z 

∼2

1 1   −1 x

0 1 1 x + y

0 0 0 x + y + z 

Fizemos a seguinte sequencia de operacoes elementares:

em  ∼1:   L2

→L2 + L1;

em  ∼2:   L3 → L3 + L2.

O sistema tem solucao se, e somente se,  x + y + z  =  0. Logo,

W  = [ v1, v2, v3 ] = {(x,y,z ) ∈ R3 ;   x + y + z  =  0}.

Exemplo 21

Vamos determinar equacoes para o subespaco   W   de   M2×2(R)   gerado por

 v1 =

  1 1

1 1

,  v2 =

  1 1

0 1

e  v3 =

  1 1

0 0

.

Temos que   v   =   x y

z w

  ∈   W  se, e somente se, existem   a, b, c  ∈  R   taisque  v =  av1 + bv2 + cv3. Assim,

  x y

z w

  =   a

  1 1

1 1

+ b

  1 1

1 0

+ c

  1 1

0 0

=

  a + b + c a + b + c

a + b a

.

Logo, v =   x y

z w ∈ W  se, e somente se, o sistema

a + b + c =  x

a + b + c =  y

a + b  =  z a =  w

tem solucao.

Reduzindo por linhas a matriz ampliada associada ao sistema, obtemos

1 1 1 x

1 1 1 y

1 1 0 z  

1 0 0 w

∼1

1 1 1 x

0 0 0 y − x

1 1 0 z  

1 0 0 w

∼2

0 0 1 x − z 

0 0 0 y − x

0 1 0 z  − w

1 0 0 w

.

Fizemos a seguinte sequencia de operacoes elementares:

em  ∼1: L2 → L2 − L1; e em  ∼2: L1 → L1 − L3;  L3 → L3 − L4.

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´ Algebra Linear I 

Combinacao linear, dependencia e independencia linear 

Portanto,

W    =   x y

z w ∈ M2×2(R) ;   y − x =  0=

  x x

z w

  ;   x,z,w ∈ R

=

x

  1 1

0 0

+ z 

  0 0

1 0

+ w

  0 0

0 1

  ;   x,z,w ∈ R

.

Exemplo 22

Vamos determinar equacoes para   W   = [ (1,1,1,1), (2,1,0,0), (3,2,1,1) ],

subespaco do  R4. Temos que

(x,y,z,w) = a(1,1,1,1) + b(2,1,0,0) + c(3,2,1,1),

x

 y

 w

= a

1

1

1

1

+ b

2

1

0

0

+ c

3

2

1

1

=

1 2 3

1 1 2

1 0 1

1 0 1

a

b

c

.

Reduzindo por linhas a matriz ampliada associada ao sistema, obtemos:

1 2 3 x

1 1 2 y

1 0 1 z  

1 0 1 w

1 2 3 x

0   −1   −1 y − x

0   −2   −2 z − x

0   −2   −2 w − x

1 2 3 x

0   −1   −1 y − x

0 0 0 z  − 2y + x

0 0 0 w − 2y + x

Logo, W  = {(x,y,z,w) ∈ R4 ;   x − 2y + z  =  0  e  x − 2y + w =  0}.

Definicao 5 (Vetores linearmente independentes ou dependentes)

Seja  V  um espaco vetorial real. Dizemos que os vetores  v1, . . . , vn em  V   sao

linearmente independentes  se, e somente se,

se  a1 v1 + · · · + an vn =  0V , entao  a1 = · · · = an =  0.

Caso contrario, existem   a1, . . . , an   em  R, nem todos nulos, tais que

a1 v1+· · ·+an vn =  0V  e dizemos que  v1, . . . , vn sao  linearmente dependentes .

Exemplo 23

0V   e linearmente dependente em qualquer espaco vetorial V , pois 1 · 0V  = 0V .

Exemplo 24

0V , v1, . . . , vn  sao linearmente dependentes em qualquer espaco vetorial   V ,

pois  1 · 0V  + 0 · v1 + · · · + 0 · vn =  0V .

Exemplo 25Se  v = 0V , entao  v  e linearmente independente.

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Combinacao linear, dependencia e independencia linear PARTE 2 - SEC ˜ AO 2 

De fato, suponhamos por absurdo que exista a ∈ R,  a = 0  tal que  a · v =  0V .

Entao,

0V  = a−1 · 0V  = a−1(a · v) = (a−1 · a) · v =  1 · v =  v,

contradizendo o fato de  v = 0V .

Exemplo 26

Os vetores v1 = (1, 2) e  v2 = (2, 4) em  R2 sao linearmente dependentes, pois

como  v2 =  2v1, temos  2 · v1 − 1 · v2 = (0, 0).

Proposicao 3

Seja  V  um espaco vetorial real. Os vetores  v1, . . . , vn em  V , com  n > 1, sao

linearmente dependentes se, e somente se, um deles e combinacao linear dos

outros. Equivalentemente, os vetores  v1, . . . , vn  em  V , com  n > 1, sao line-armente independentes se, e somente se, nenhum deles e combinacao linear

dos outros.

Demonstracao: Faremos a demonstracao da primeira afirmacao.

(=⇒:) Suponhamos que v1, . . . , vn sao linearmente dependentes. Entao, exis-

tem a1, . . . , an em R nem todos nulos, tais que  a1 v1+a2 v2+· · ·+an vn =  0V .

Sem perda de generalidade, podemos supor que  a1 = 0. Logo,   Caso necessario,

reenumeramos os vetores.

a1 v1 = −a2 v2 − · · · − an vn,

 v1  = −(a1−1 · a2) v2 − · · · − (a1−1 · an) vn  e  v1   e combinacao linear de v2, . . . , vn.

(⇐=:) Suponhamos, sem perda de generalidade, que   v1   seja combinacao

linear de   v2, . . . , vn. Entao, existem   a2, . . . , an  ∈  R, tais que   v1   =   a2 v2 +

· · · + an vn. Logo,   1 ·  v1 − a2 v2 − · · · − an vn  =  0V   e uma combincao linear

nula com nem todos os coeficientes nulos. Portanto, os vetores  v1, . . . , vn sao

linearmente dependentes.  

Exemplo 27

Dados dois vetores em qualquer espaco vetorial, para determinar se sao li-nearmente independentes ou dependentes nao e preciso fazer calculos, basta

olhar para os vetores.

 v1 = (1,2,3) e  v2 = (1,1, −1) sao linearmente independentes no  R3.

f1(t) = 1  e  f2(t) = 1 + t  sao linearmente independentes em  P 1(R).

A1 =

  1 0

2 1

e A2 =

  3 0

6 3

sao linearmente dependentes em M2×2(R).

Exemplo 28Vamos verificar se   v1   = (1,1,1,1),   v2   = (1,1,2,1),   v3   = (3,3,4,3),   v4   =

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´ Algebra Linear I 

Combinacao linear, dependencia e independencia linear 

(−1,1, −1, 1)   e   v5   = (−1,3,0,3)  sao linearmente dependentes ou indepen-

dentes. Sejam a1, a2, a3, a4, a5 ∈ R tais que a1 v1+a2 v2+a3 v3+a4 v4+a5 v5 =

(0,0,0,0). Entao,

0

0

0

0

=   a1

1

1

1

1

+ a2

1

1

2

1

+ a3

3

3

 4

3

+ a4

−1

1

−1

1

+ a5

−1

3

0

3

=

1 1 3   −1   −1

1 1 3 1 3

1 2 4   −1 0

1 1 3 1 3

a1

a2

a3

a4

a5

Vemos que obtemos um sistema linear homogeneo de  m  =  4  equacoes com

n   =   5   incognitas. Logo, o numero   r   de linhas nao nulas da reduzida por

linhas da matriz associada ao sistema tem a propriedade

Veja no Exercıcio 8 uma

generalizacao desse

resultado.

r ≤ m  =  4 < 5 =  n.

Portanto, esse sistema tem solucao nao nula. Assim, os vetores sao linear-

mente dependentes.

Exemplo 29

Os polinomios  f1(

t) =

 1 +

 t, f2(

t) =

 t  e  f3(

t) =

 1 +

 t +

 t

2

sao linearmentedependentes ou independentes em  P 2(R)?

Fazemos a combinacao linear nula  a1f1(t) + a2f2(t) + a3f3(t) = 0. Assim,

0  =  a1(1 + t) +  a2t + a3(1 + t + t2) = (a1 + a3) + (a1 + a2 + a3)t + a3t2.

Logo,

a1 + a3 =  0

a1 + a2 + a3 =  0

a3 =  0

Resolvendo o sistema, obtemos  a3 =  0,  a1 = −a3 =  0  e  a2 = −a1 − a3 =  0.

Portanto, os polinomios sao linearmente independentes.

Proposicao 4 (Propriedade da independencia linear)

Sejam  V  um espaco vetorial e  v1, . . . , vm vetores em  V   linearmente indepen-

dentes. Entao, cada  v ∈ [ v1, . . . , vm ]  se escreve de uma unica maneira como

combinacao linear de  v1, . . . ,  vm.

Demonstracao: Sejam  a1, . . . , am e  b1, . . . , bm em  R, tais que

a1 v1 + · · · + am vm =  b1 v1 + · · · + bm vm.

Entao,  (a1 − b1) v1 + · · · + (am − bm) vm =  0V . Como esses vetores sao

linearmente independentes, temos que  aj − bj  =  0, para todo  j  =  1, . . . , m  .Portanto, aj =  bj, para todo  j =  1, . . . , m  .  

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Combinacao linear, dependencia e independencia linear PARTE 2 - SEC ˜ AO 2 

Mais uma propriedade interessante.

Proposicao 5

Seja   V   um espaco vetorial real e sejam   v1, . . . , vm   vetores em   V   tais que vm =  a1 v1 + · · · + am−1 vm−1. Entao,  [ v1, . . . , vm−1 ] = [ v1, . . . , vm ].

Demonstracao:

Essa inclusao independe do

vetor   vm .

(⊂:) Como   b1 v1 + · · · + bm−1 vm−1   =   b1 v1 +  · · · + bm−1 vm−1 +  0vm, para

quaisquer  b1, . . . ,  bm ∈ R, segue que  [ v1, . . . , vm−1 ] ⊂ [ v1, . . . , vm ].

(⊃:) Seja v ∈ [ v1, . . . , vm ]. Entao, existem numeros reais b1, . . . ,  bm, tais que

 v =  b1 v1+· · ·+bm−1 vm−1+bm vm. Substituindo vm =  a1 v1+· · ·+am−1 vm−1,

obtemos:

 v   =   b1 v1 + · · · + bm−1 vm−1 + bm(a1 v1 + · · · + am−1 vm−1)= (b1 + bma1) v1 + · · · + (bm−1 + bmam−1) vm−1.

Logo, v ∈ [ v1, . . . , vm ]. Portanto,   [ v1, . . . , vm ] ⊂ [ v1, . . . , vm−1 ].  

Usando os nossos conhecimentos de vetores no plano e no espaco, vamos

determinar os subespacos do  R2 e do  R3.

Exemplo 30

Vamos mostrar que os subespacos do  R2 sao   {(0, 0)}, retas que passam pela

origem ou  R2.

De fato, e claro que  {(0, 0)}  e um subespaco do  R2.

Seja   W   =   {(0, 0)}   um subespaco do  R2. Entao, existe   v1  = (0, 0), tal que

 v1 ∈  W . Assim,  [ v1 ] =  {kv1   ;   k  ∈  R}  ⊂  W . Se  W   = [ v1 ], entao  W   e a reta

que passa pela origem  O  na direcao de  v1.

   

O      

v1

[v1] = W 

              

          

Caso contrario,  [ v1 ]  W  e existe  v2 ∈  W  tal que  v2 ∈ [ v1 ]. Nesse caso,  v1 e

 v2 sao linearmente independentes e  [ v1, v2 ] ⊂ W .

Cada  v ∈ R2 pode ser escrito como combinacao linear de  v1 e  v2. Por que?

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53 U F F 

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´ Algebra Linear I 

Combinacao linear, dependencia e independencia linear 

   

O      

v1

[v1 ]

                        

       

      

a2 v2

v = a1 v1  + a2v2

            

          

v2  ∈  [v1 ]  

      

      

a1v1

Dado   v  ∈  R2, a reta paralela a   v1  passando pelo ponto   v   intersecta a reta

passando pela origem   O  paralela a   v2   no ponto   a2 v2; assim como, a reta

paralela a v2 passando pelo ponto v  intersecta a reta passando pela origem  O

paralela a  v1 no ponto  a1 v1. Pela regra do paralelogramo,  v = a1 v1 + a2 v2.

Assim, R2 = [ v1, v2 ] ⊂ W . Logo,  W  = R2.

Exemplo 31

Vamos mostrar que os subespacos do R3 sao {(0,0,0)}, retas que passam pela

origem, panos que passam pela origem ou  R3.

De fato, e claro que  {(0,0,0)}  e um subespaco do  R3.

Seja  W  = {(0,0,0)} um subespaco do R3. Entao, existe  v1 = (0,0,0), tal que

 v1 ∈  W . Assim,  [ v1 ] =  {kv1   ;   k  ∈  R}  ⊂  W . Se  W   = [ v1 ], entao  W   e a reta

que passa pela origem  O  na direcao de  v1.

   

O      

v1

[ v1   ] = W 

                        

Caso contrario,  [ v1 ]  W  e existe  v2 ∈ W  tal que  v2 ∈ [ v1 ]. Nesse caso,  v1 e

 v2 sao linearmente independentes e   [ v1, v2 ] ⊂ W .

Se  W   = [ v1, v2 ], entao  W   e o plano  Π  que passa pela origem  O  paralelo as

direcoes de  v1 e  v2.

            

      

    

        

v1

      a1 v1

      

  a1 v1  + a2 v2

O v2  ∈ [v1]

a2 v2

          

          

          

          

Π = [v1 ,v2 ] = W 

M.L.T.Villela

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Combinacao linear, dependencia e independencia linear PARTE 2 - SEC ˜ AO 2 

Caso contrario,   Π   = [ v1, v2 ]     W   e existe   v3   ∈   W   tal que   v3   ∈   [ v1, v2 ]   e,

nesse caso,  [ v1, v2, v3 ] ⊂ W .

Cada  v ∈ R

3

pode ser escrito como uma combinacao linear de  v1, v2, v3.Por que?

            

      

            

v1

      

a1 v1

      

 

 v = a1 v1  + a2 v2  + a3 v3

u = a1v1  + a2 v2

a3 v3

O

  v2  ∈ [v1]a2 v2

v3  ∈ [v1, v2 ]

                        

          

          

          

          

Π = [v1 ,v2 ] W 

A reta paralela a  v3 passando por  v  intersecta o plano  Π = [ v1, v2 ]  no ponto

 u . Assim,  v − u  =  a3 v3, para algum  a3 ∈  R. Como  u  =  a1 v1 + a2 v2, entao

 v =  a1 v1 + a2 v2 + a3 v3.

Portanto, R3 = [ v1, v2, v3 ] ⊂ W , logo  W  = R3.

Exercıcios

1. Escreva   (1,1,2)   como combinacao linear de   v1   = (1,0,1)   e   v2   =

(0,1,1).

2. Escreva   (1,2,3,4)   como combinacao linear de   v1   = (1,1,1,1),   v2   =

(1,1,1,0), v3 = (1,1,0,0) e  v4 = (1,0,0,0).

Mostre que todo  v  ∈  R4 se escreve de uma unica maneira como com-binacao linear de  v1, v2, v3, v4.

3. Mostre que

  1 1

1 1

,

  1   −1

1 1

,

  1 1

0 0

  1 0

0 0

e line-

armente dependente.

4. Mostre que   {1, 1 + t, (1 + t)2}  e linearmente independente em  P 2(R).

5. Mostre que   {(1,1,1), (0,1,1), (0,1, −1)} gera  R3.

6. Sejam  u, v, w vetores nao-nulos de um espaco vetorial real  V .

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´ Algebra Linear I 

Combinacao linear, dependencia e independencia linear 

(a) Mostre que { u, v }  e linearmente dependente se, e somente se,  u  =

av, para algum  a ∈ R  e  a = 0.

(b) Mostre que se   { u, v }   e linearmente independente e   { u, v, w }   elinearmente dependente, entao  w  e combinacao linear de  u, v.

7. Seja  V  um espaco vetorial real e  v1, . . . , vm vetores de  V . Mostre que:

(a) Se   v1, . . . , vm   sao linearmente independentes e   v   ∈   [ v1, . . . , vm ],

entao  v1, . . . , vm, v sao linearmente independentes.

(b) Se  vm  e uma combinacao linear de  v1, . . . , vm−1, entao temos que

[ v1, . . . , vm−1 ] = [ v1, . . . , vm ].

8. Mostre que qualquer subconjunto do  Rm com   v1, . . . ,   vn   vetores tal

que  n > m   e linearmente dependente.Generalizacao do Exemplo

28.

9. Determine equacoes para W  = [ v1, v2, v3, v4 ], onde v1 = (1,1,1,1), v2 =

(1,1, −1, 1), v3 = (1,1,0,1) e  v4 = (1, −1,2,1).

10. Determine equacoes para   W   = [ v1, v2, v3 ], onde   v1   = (1,0,1), v2   =

(0,1,1) e  v3 = (2, −1, 1).

11. Mostre que em  F (R)  :

(a)   {sen x, cos x}  e linearmente independente;

(b)   {1, sen2 x, cos2 x}  e linearmente dependente;

(c)   {ex, e2x, e3x}  e linearmente independente.

12. Mostre que  {2, tg2 x, sec2 x}  e linearmente dependente em  F 

− π2

,   π2

.

13. Encontre um sistema linear homogeneo cujo conjunto das solucoes  W 

seja gerado por  (1, −2,0,3), (1, −1, −1, 4) e  (1,0, −2, 5).

M.L.T.Villela

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Base e dimensao PARTE 2 - SEC ˜ AO 3 

Base e dimensao

Vamos estudar mais detalhadamente apenas os espacos vetoriais finita-mente gerados.

Definicao 6 (Espaco vetorial finitamente gerado)

Dizemos que um espaco vetorial real V   e finitamente gerado se, e somente se,

existem  v1, . . . ,  vm em  V  tais que  V  = [ v1, . . . , vm ].

Exemplo 32

Rn e espaco vetorial finitamente gerado, pois  Rn = [e1, . . . , en ].

Exemplo 33

Para cada  n ≥ 0,  P n(R)  e espaco vetorial finitamente gerado, pois

f(t) ∈ P n(R)  se, e somente se,  f(t) = a0 + a1t + · · · + antn,

para   a0, . . . , an  ∈  R. Logo,   f(t)   e uma combinacao linear de  1, t, . . . , tn e

assim,  P n(R) = [1 , t , . . . , tn ].

Exemplo 34

O espaco vetorial  P (R)  de todos os polinomios com coeficientes reais nao e

finitamente gerado. Nao ha subconjunto finito de polinomios com coeficientes

reais que gere   P (R). Um possıvel conjunto de geradores e  1, t, . . . , tn, . . .,

para todo  n ≥ 0.

Definicao 7 (Base)

Seja   V   =   {0}  um espaco vetorial real finitamente gerado. Um subconjunto

α  =  { v1, . . . , vn} ⊂ V   e chamado uma  base  de  V  se, e somente se,

(i)  V  = [ v1, . . . , vn ];

(ii)  { v1, . . . , vn}  e linearmente independente.

A propriedade (i) significa que  α  gera  V , assim cada elemento  v ∈ V   e

uma combinacao linear dos vetores de  α . A propriedade (ii) significa que a

combinacao linear e unica.

α e chamada de base

canonica do  Rn .

Exemplo 35

α  =  {e1, . . . , en}  e uma base do  Rn. Com efeito, ja mostramos que

 v = (x1, . . . , xn) = x1e1 + · · · + xnen,

logo  α  gera  Rn.

Falta verificar que  α   e linearmente independente.

De fato,   (0 , . . . , 0) =   x1e1 + · · · + xnen   = (x1, . . . , xn)   se, e somente se,

x1 = · · · = xn =  0.

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´ Algebra Linear I 

Base e dimensao 

Exemplo 36

α   =   {1 , t , . . . , tn}   e uma base de  P n(R). Ja mostramos que   α   gera   P n(R).

Agora,

α e chamada de base

canonica de  P n (R).

0 =  a0 + a1t + · · · + antn se, e somente se,  a0 =  a1 = · · · = an =  0,

mostrando que  α   e linearmente independente.

Proposicao 6

Todo espaco vetorial  V  = {0} finitamente gerado tem uma base.

Demonstracao: Como   V   e finitamente gerado existe um conjunto finito de

geradores para V . Entre todos os conjuntos finitos de geradores consideremos

um que tenha o menor numero de geradores, digamos  α  =  { v1, . . . , vn} ⊂ V .

Entao,  V  = [ v1, . . . , vn ]. Afirmamos que  α   e linearmente independente.

De fato, se   n   =   1, entao   V   = [ v1 ]   =   {0}, logo   v1   =   0   e   α   =   { v1}

e linearmente independente. Podemos supor que   n   ≥   2. Suponhamos,

por absurdo, que   α   seja linearmente dependente. Pela Proposicao 3, um

dos vetores de   α   e combinacao linear dos outros. Sem perda de generali-

dade, podemos supor que   vn  =   a1 v1 + · · · + an−1 vn−1. Pela Proposicao 5,

[ v1, . . . , vn−1 ] = [ v1, . . . , vn ] =  V , contradizendo o fato de o numero mınimo

de geradores ser  n. Portanto,  α   e uma base de  V .  

Observacao: Outra demonstracao da Proposicao acima pode ser feita. Como

V   = {0}, todo conjunto com um vetor nao nulo e linearmente independente.

Escolhemos entre todos os subconjuntos finitos linearmente independentes

um que tenha o maior numero de elementos. Basta mostrar agora que esse

conjunto, forcosamente, gera  V .

Portanto, uma base de um espaco vetorial nao nulo finitamente gerado

tem o mınimo de geradores e o maximo de vetores linearmente independentes.

Teorema 1

Seja   V   =   {0}  um espaco vetorial real finitamente gerado. Entao, todas as

bases de  V  tem o mesmo numero de elementos.

Demonstracao: Sejam   α   e   β  bases de   V   com, respectivamente,   m   e   n   ele-

mentos. Como  α   e base  V  e  β gera  V , entao  m  =  mınimo de geradores  ≤ n.

Como   α   e base   V   e   β   e linearmente independente, entao   m   =  maximo de

vetores li  ≥ n. Portanto,  m  =  n.  

E claro que  V  = {0} e um

espaco vetorial real

finitamente gerado.

Definicao 8 (Dimensao)

Seja   V   =   {0}   um espaco vetorial real finitamente gerado. Chamamos de

dimens˜ ao de  V  ao numero de elementos de uma base de  V  e denotamos pordimR(V ). Quando  V  = {0}  definimos dimR(V ) = 0.

M.L.T.Villela

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Base e dimensao PARTE 2 - SEC ˜ AO 3 

Exemplo 37

dimR(Rn) = n, pois  {e1, . . . , en}  e uma base do  Rn.

Exemplo 38dimR(P n(R)) = n  + 1, pois  {1 , t . . . , tn}  e uma base de  P n(R).

Exemplo 39

Seja   V   um espaco vetorial real com dimR(V ) =  n  ≥  1. Todo subespaco   W 

de  V   e finitamente gerado e dimR(W ) ≤ n. Vale que:

W  = V  ⇐⇒   dimR(W ) = dimR(V )

W   V  ⇐⇒   dimR(W ) <  dimR(V )

Exemplo 40

Seja  W  = {(x,y,z ) ∈ R3 ;   x + y − 2z  =  0  e  2x − y + 2z  =  0}.W   e um subespaco do  R3. Vamos determinar a dimensao de  W . Para isto,

vamos determinar uma base de  W . Reduzindo por linhas a matriz associada

ao sistema homogeneo, obtemos:Fizemos a sequencia de

operacoes elementares:

em  ∼1 :   L2 → L2  − 2L1 ;

em  ∼2 :   L2 → −13

L2   e

em  ∼3 :   L1 → L1  − L2 .

  1 1   −2

2   −1 2

∼1

  1 1   −2

0   −3 6

∼2

  1 1   −2

0 1   −2

∼3

  1 0 0

0 1   −2

.

Temos  n =  3  incognitas e posto  r =  2. Logo, o grau de liberdade e  n − r  =

3 − 2  =  1. As incognitas  x e  y  podem ser dadas em funcao da incognita  z .

Logo, x =  0  e  y − 2z  =  0. Portanto,

Geometricamente,   W  e a

reta de intersecao de dois

planos que passam pela

origem.

W    =   {(x,y,z ) ∈ R3 ;   x =  0  e  y − 2z  =  0}

=   {(0,2z,z ) ;   z ∈ R}

=   {(0,2,1)z  ;   z ∈ R},  mostrando que  W  = [(0,2,1)]

Como   {(0,2,1)}  e l.i., entao e uma base de  W  e dimR(W ) = 1.

Exemplo 41

Seja  f(t) = a0 + a1t + a2t2 + a3t3 ∈ P 3(R). Definimos o subespaco  W  por

W  =   f(t) ∈ P 3(R) ;   a0 − a1 + a2 − a3 =  0, a0 + a1 + 3a2 − 3a3 =  0,

3a0 + a1 + 7a2 − 7a3 =  0 .

Vamos determinar a dimensao de  W .

Reduzindo por linhas a matriz associada ao sistema linear homogeneo nas

incognitas  a0, a1, a2, a3, temos:Fizemos a sequencia de

operacoes elementares:

em  ∼1 :   L2 → L2  − 2L1 ,

L3 → L3  − 3L1 ;

em  ∼2 :   L2 →   12

L2 ;

em  ∼3 :   L1 → L1  + L2 ,

L3

 →L3  − 4L2 .

1   −1 1   −1

1 1 3   −3

3 1 7   −7

∼1

1   −1 1   −1

0 2 2   −2

0 4 4   − 4

∼2

1   −1 1   −1

0 1 1   −1

0 4 4   − 4

∼3

1 0 2   −2

0 1 1   −10 0 0 0

.

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´ Algebra Linear I 

Base e dimensao 

Temos  n  =  4  incognitas e posto  r =  2. Logo, o grau de liberdade e  n − r  =

 4 −  2   =   2. As incognitas   a0   e   a1  podem ser dadas em funcao das   r   =   2

incognitas  a2 e  a3. Temos que

f(t) ∈ W  ⇐⇒   a0 + 2a2 − 2a3 =  0  e  a1 + a2 − a3 =  0⇐⇒   a0 = −2a2 + 2a3 e  a1 = −a2 + a3.

Logo, f(t) ∈ W  se, e somente se,

f(t) = (−2a2 + 2a3) + (−a2 + a3)t + a2t2 + a3t3

= (−2a2 − a2t + a2t2) + (2a3 + a3t + a3t3)

=   a2(−2 − t + t2) + a3(2 + t + t3),

Leia de tras para a frente as

igualdades acima e faca

f(t) = 0.

mostrando que   {−2  −  t  +  t2, 2 +  t  +  t3}   gera   W . Esse conjunto e linear-

mente independente, pois fazendo a sua combinacao linear igual a  0, com oscoeficientes  a2, a3 ∈ R, obtemos

0   =   a2(−2 − t + t2) + a3(2 + t + t3)

= (−2a2 + 2a3) + (−a2 + a3)t + a2t2 + a3t3

logo,  a2 =  0  e  a3 =  0.

Exemplo 42

Vamos determinar uma base e a dimensao de

W  = {(x,y,z,w) ∈ R4; x − y + z − w =  0  e   − 2x + 3y + 4z − w =  0}.

Reduzindo por linhas a matriz associada ao sistema, obtemos:Fizemos a seguinte sequencia

de operacoes elementares:

em  ∼1: L2 → L2  + 2L1   e

em  ∼2 : L1 → L1  + L2.

  1   −1 1   −1

−2 3 4   −1

∼1

  1   −1 1   −1

0 1 6   −3

∼2

  1 0 7   − 4

0 1 6   −3

.

Logo, x + 7z − 4w =  0  e  y + 6z − 3w =  0.

Portanto, v = (x,y,z,w) ∈ W  se, e somente se,

 v   = (−7z + 4w, −6z + 3w,z,w)

= (−7z, −6z,z,0) + ( 4w, 3w, 0, w)

=   z (−7, −6,1,0) + w( 4, 3, 0, 1),

mostrando que   { v1  = (−7, −6,1,0), v2 = ( 4, 3, 0, 1)} gera  W . Esse conjunto

e linearmente independente, pois

(0,0,0,0) = zv1 + wv2 = (−7z + 4w, −6z + 3w,z,w) ⇐⇒ z  =  w  =  0.

Portanto,  { v1, v2}  e uma base  W  e a dimensao de  W   e  2.

Proposicao 7

Todo subconjunto de vetores linearmente independentes de um espaco ve-

torial real  V  de dimensao finita  n  ≥  1  pode ser completado a uma base deV .

M.L.T.Villela

U F F    60

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Base e dimensao PARTE 2 - SEC ˜ AO 3 

Demonstracao: Sejam dimR(V ) = n  ≥  1  e  α  =  { v1, . . . , vr} ⊂ V  um conjunto

linearmente independente com   r   ≤   n. Seja   W   = [ v1, . . . , vr ]. Se   W   =   V ,

entao   α   e uma base de   V ,   r   =   n   e nada ha a fazer. Suponhamos que

W     V . Entao,   r   =   dimR(W )   <   dimR(V ) =   n  e existe   vr+1   ∈   V   tal que

 vr+1   ∈   [ v1, . . . , vr ]. Portanto,   { v1, . . . , vr, vr+1}   e linearmente independente.

Se   V   = [ v1, . . . , vr+1 ]   acabamos. Caso contrario, existe   vr+2   ∈   V   tal que

 vr+2   ∈   [ v1, . . . , vr+1 ]. Continuando, esse processo tem de parar, pois nao

podemos ter mais de  n vetores linearmente independentes.  

Exemplo 43

Determine uma base de  W  que contenha  v1 = (0,1, −1, −1), onde

W  = {(x,y,z,w) ∈ R4 ;   x + 2y − z + 3w =  0}.

Como  W   e o espaco das solucoes de um sistema linear homogeneo de posto

r =  1  com  n =  4  incognitas, entao o grau de liberdade e  n − r  =  4 − 1  =  3.

Portanto, dimR(W ) = 3.

Logo, uma base de  W  tem tres vetores de  W   linearmente independentes.

Vamos escolher  v2 ∈ W  tal que  v2 ∈ [ v1 ] = {a(0,1, −1, −1) ;   a ∈ R}. Assim,

 { v1, v2}  e linearmente independente. Por exemplo,  v2 = (0,3,0, −2).

Dando valores a primeira,

segunda e terceira

coordenadas, obtemos a

quarta coordenada dos

vetores de   W .

Agora, devemos selecionar  v3 ∈ W  tal que  v3 ∈ [ v1, v2 ]. Temos que

[ v1, v2 ] = {av1 + bv2 = (0, a + 3b, −a, −a − 2b) ;   a, b ∈ R}.

Tomamos   x = 1,  y = 1 e

z = 0. Logo,  w = −1.

Como toda combinacao linear de   v1   e   v2  tem a primeira coordenada nula,

escolhemos  v3  = (1,1,0, −1). Portanto,  α  =   { v1, v2, v3}  ⊂  W   e linearmente

independente e e uma base de  W .

Definicao 9 (Vetor coordenada)

Sejam   V   um espaco vetorial real de dimensao   n   ≥   1   e   α   =   { v1, . . . , vn}

uma base de   V . Para cada   v   ∈   V , existem   a1, . . . , an   em   R  unicamente

determinados tais que  v  =  a1 v1 + · · · + an vn. O  vetor coordenada de    v  na

base  α , denotado por  v ]α, e a matriz  Mn×1(R)  definida por

 v ]α =

a1

...

an

.

Daqui por diante, as bases serao   bases ordenadas , com a ordem em que

escrevemos os vetores da base. Por exemplo, na base  α  =  { v1, v2, . . . , vn},  v1

e o primeiro elemento,  v2, o segundo, . . . ,  vn, o  n-esimo.

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61 U F F 

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´ Algebra Linear I 

Base e dimensao 

Exemplo 44

Sejam  V   =  Rn e   α  =   {e1, . . . , en}  a base canonica. Entao, para cada vetor

 v = (x1, . . . , xn)  temos que  v ]α =

x1

...

xn

.

Exemplo 45

Sejam  V  = P3(R) e  α  =  {1,t,t2, t3} a base canonica.

Dados f(t) = 2 + 3t − t2 + t3 e  g(t) = −1 + t2 − 2t3, temos que

f(t)]α =

2

3

−11

e  g(t)]α =

−1

0

1−2

.

Exemplo 46

Vamos determinar o vetor coordenada de  v  = (x,y,z ) ∈ R3 na seguinte base

α  =  { v1 = (1,0,0), v2 = (1,1,0), v3 = (1,1,1)} do  R3.

Escrevendo  v como combinacao linear de  v1, v2, v3, temos:

(x,y,z ) = a(1,0,0) + b(1,1,0) + c(1,1,1) = (a + b + c, b + c, c),

logo a + b + c  =  x

b + c  =  y

c =  z 

Reduzindo por linhas a matriz ampliada associada ao sistema, obtemos:

Fizemos a sequencia de

operacoes elementares:

em  ∼1 : L1 → L1  − L2;

em  ∼2 : L2 → L2  − L3.

1 1 1 x

0 1 1 y

0 0 1 z  

∼1

1 0 0 x − y

0 1 1 y

0 0 1 z  

∼2

1 0 0 x − y

0 1 0 y − z 

0 0 1 z  

.

Logo, a =  x − y,  b =  y − z  e  c =  z  e  (x,y,z )]α =

x − y

 y − z 

.

Proposicao 8 (Propriedades do vetor coordenada)

Sejam  V  um espaco vetorial real de dimensao  n ≥  1  e  α  =  { v1, . . . , vn}  uma

base de   V . Valem as seguintes propriedades, para quaisquer   v, w   ∈   V   e

a ∈ R:

(a)  ( v + w)]α =  v ]α + w ]α;

(b)  (a · v)]α =  a ·

 v ]α

.

Demonstracao: Sejam v  =  a1 v1 + · · · + an vn,  w  =  b1 v1 + · · · + bn vn e  a ∈ R.Entao,

M.L.T.Villela

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Base e dimensao PARTE 2 - SEC ˜ AO 3 

 v + w   = (a1 v1 + · · · + an vn) + (b1 v1 + · · · + bn vn)

= (a1 + b1) v1 + · · · (an + bn) vn

e a · v =  a · (a1 v1 + · · · + an vn) = (a · a1) · v1 + · · · + (a · an) · vn. Logo,

Usamos as definicoes da

adicao de matrizes e da

multiplicacao de um numero

real por uma matriz.

( v + w)]α =

a1 + b1

...

an + bn

=

a1

...

an

+

b1

...

bn

= v ]α + w ]α

e  (a · v)]α =

a · a1

...

a · an

= a ·

a1

...

an

= a ·

 v ]α

.  

Exercıcios

1. Encontre uma base e a dimensao do espaco  W   das matrizes simetricas

dois por dois com coeficientes reais.

2. Encontre uma base α  e de a dimensao do espaco das matrizes diagonais

tres por tres com coeficientes reais. Complete   α   a uma base   β   de

M3×3(R).

3. No Exercıcio 4 da Secao 1 (exceto itens (g), (h), (i) e (j)) de a dimensao

de  V  e determine uma base e a dimensao de cada subespaco  W .

4. Seja  W   =  {(x,y,z )  ∈  R3 ;   2x + y − 3z  =  0}. Escolha v1 ∈  W   tal que

 v1  = (0,0,0). Determine   v2  ∈   W  tal que   α  =   { v1, v2}   e uma base de

W , justificando a sua construcao.

5. Complete   {(1,0,1), (1,0,2)}   a uma base   α   do  R3, justificando a sua

resposta.

6. Diga quais das afirmacoes sao falsas ou verdadeiras, justificando a sua

resposta:

(a)   W  = { (x,y,z ) ∈ R3 ;   yz  =  0 }  e um subespaco do  R3.

(b)   (1, −1, 2)  pertence ao subespaco gerado por   u   = (1,2,3)  e   v   =

(3,2,1).

(c)   W  = {(x,y,z,w) ∈ R4 ;   x =  y}  tem dimensao  2.

(d) Sejam u, v, w vetores do espaco vetorial V . Se { u, v} e linearmenteindependente e w = 0, entao { u, v, w} e linearmente independente.

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´ Algebra Linear I 

Base e dimensao 

(e) Sejam u, v, w vetores do espaco vetorial V . Se { u, v} e linearmente

independente e   w  ∈   [ u, v ]   entao   { u, v, w}   e linearmente indepen-

dente.

(f) Se   { v1, . . . , vn}   ⊂   V   e linearmente independente e dim(V ) =   n,

entao   { v1, . . . , vn w}  e linearmente dependente, para todo  w ∈ V .

7. Determine as coordenadas do vetor   ( 4, −5, 3)  ∈  R3 em relacao as se-

guintes bases do  R3:

(a)   α  =  {(1,0,0), (0,1,0), (0,0,1)}, a base canonica.

(b)   β =  {(1,1,1), (1,2,0), (3,1,0)}.

(c)   γ =  {(1,2,1), (0,3,2), (1,1,4)}.

8. Determine as coordenadas do polinomio  f(t) =  4 −  5t +  3t2 ∈ P 2(R)

em relacao as seguintes bases de  P 2(R):

(a)   α  =  {1,t,t2}, a base canonica de  P 2(R).

(b)   β =  {1 + t + t2, 1 + 2t,3 + t}.

(c)   γ =  {1 + 2t + t2, 3t + 2t2, 1 + t + 4t2}.

9. Seja  W  = {(x,y,z,w) ∈ R

4

;   2x − y + z + 3w =  0}.

(a) Mostre que α  =  {(1,2,0,0), (0,1,1,0), (0,0,3, −1)} e uma base de

W .

(b) Determine   v ]α, para cada  v = (x,y,z,w) ∈ W .

10. Seja   V   um  R-espaco vetorial e   α   =   { v1, v2, . . . , vn}   uma base de   V .

Mostre que para todo   m  ≥  1, para todo  a1, . . . , am ∈  R  e para todo

 w1, . . . , wm ∈ V :

(a1 w1 + · · · + am wm)]α =  a1 · w1 ]α

+ · · · + am ·

 wm ]α

.

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Soma e soma direta de subespacos PARTE 2 - SEC ˜ AO 4 

Soma e soma direta de subespacos

A partir de subespacos  U e  W  de um espaco vetorial real  V , podemosconstruir subespacos de V . Por exemplo, ja vimos que U∩W   e um subespaco,

tal que U∩W  ⊂ U e U∩W  ⊂ W . Observamos que U∩W   e o maior subespaco

de  V  contido em  U e em  W .   Lembramos que a uniao de

subespacos nem sempre e

um subespaco.

Faca o Exercıcio 1.

Agora vamos construir o menor subespaco de  V  que contem  U ∪ W .

Definicao 10 (Soma de subespacos)

Sejam   V   um espaco vetorial real e   U  e   W   subespacos de   V . A   soma    dos

subespacos  U e  W   e definida por

U + W  = { v ∈ V   ;   v =  u + w,   tal que  u ∈ U e  w ∈ W }.

De fato,  U + W   e um subespaco de  V , pois

(a)  0V  ∈ U e  0v ∈ W  e  0V  = 0V  + 0V .

Usamos a comutatividade e

associatividade da adicao em

V .

(b) Se  v =  u + w e  v′ = u ′ + w′, com  u, u ′ ∈ U e  w, w′ ∈ W , entao

 v + v′ = ( u + w) + ( u ′ + v′) = ( u + u ′) + ( w + w′) ∈ U + W ,

em virtude de  u + u ′ ∈ U e  w + w′ ∈ W .

(c) Se  v =  u + w  com  u ∈ U e  w ∈ W   e  a ∈ R, entao

a · v =  a · ( u + v) = a · u + a · w ∈ U + W ,

pois  a · u ∈ U e  a · w ∈ W .

Exemplo 47

Sejam U  = [(1, 1)] e W  = [(1, −1)] subespacos do R2. Entao, U∩W  = {(0, 0)}

e

U + W  = {a(1, 1) + b(1, −1) ;   a, b ∈ R} = R2.

Exemplo 48

Sejam U  = [(1,1,1)] e  W  = {(x,y,z ) ∈ R3 ;   x + y + z  =  0} subespacos do R3.

Geometricamente,   U   e a reta pela origem ortogonal ao plano W   que passa

pela origem e  U ∩ W  = {(0,0,0)}.

Sabemos que dimR(W ) = 2. Tomando w1 = (1, −1, 0)  e  w2 = (0,1, −1) em

W  temos uma base de  W  e  u 1 = (1,1,1)  e uma base de  U. Logo,

U + W  = {a(1,1,1) + b(1, −1, 0) + c(0,1, −1) ;   a,b,c ∈ R} = R3,

Como a dimensao do  R3 e  3,

qualquer conjunto com tres

vetores linearmente

independentes do  R3 e uma

base.pois  α  =  { u 1, w1, w2}  e uma base do  R3.

Exemplo 49

Sejam U  =  {(x,y,z ) ∈ R3;   x+ y−z  =  0} e  W  = {(x,y,z ) ∈ R3;   x+ y+z  =  0}.

Geometricamente,  U e W  sao planos pela origem concorrentes, pois seus ve-tores normais  η1 = (1,1, −1)  e  η2 = (1,1,1) sao linearmente independentes.

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´ Algebra Linear I 

Soma e soma direta de subespacos 

Nesse caso,   U ∩ W   = [(1, −1, 0)]   e a reta pela origem, intersecao dos pla-

nos. Faca um desenho para visualizar que a soma de quaisquer dois planos

concorrentes pela origem e  R3. Logo,  U + W  = R3.

Vamos mostrar que ha uma relacao entre as dimensoes dos subespacos

U,  W ,  U ∩ W   e  U + W , sempre que  U e  W  tem dimensoes finitas.

Proposicao 9

Sejam  U  e   W   subespacos de dimensao finita de um espaco vetorial real  V .

Entao,

dimR(U + W ) = dimR(U) + dimR(W ) − dimR(U ∩ W ).

Demonstracao: Suponhamos que   U ∩ W   =   {0V }. Seja  α  =   { v1, . . . , vℓ}  umabase de  U ∩ W . Entao,  α ⊂ U ∩ W   e um subconjunto linearmente indepen-

dente de  U ∩ W ,  U e  W . Podemos completar  α  a uma base  β  de  U e a uma

base   γ   de   W . Escolhemos   { u 1, . . . , u  r}   ⊂   U   e   { w1, . . . , ws}   ⊂   W , tais que

β  =  { v1, . . . , vℓ, u 1, . . . , u  r}  e uma base de  U  e  γ  =  { v1, . . . , vℓ, w1, . . . , ws}   e

uma base de  W .

Vamos mostrar que  δ  =  { v1, . . . , vℓ, u 1, . . . , u  r, w1, . . . , ws}  e uma base

de  U + W , obtendo a formula proposta para as dimensoes,

dimR(U + W ) =   ℓ + r + s

= (ℓ + r) + (ℓ + s) − ℓ

=   dimR(U) + dimR(W ) − dimR(U ∩ W ).

(i)  δ gera  U + W :

Seja   v   =   u  +  w, com   u   ∈   U   e   w   ∈   W . Como   β   e uma base

de   U   e   γ   e uma base de   W , entao, existem   a1, . . . aℓ, b1, . . . , br   ∈   R   e

c1, . . . , cℓ, d1, . . . , ds ∈ R  tais que

 u  =  a1 v1 + · · · + aℓ vℓ + b1 u 1 + · · · + br u r  e

 w =  c1 v1 + · · · + cℓ vℓ + d1 w1 + · · · + ds ws.

Portanto,

 u + w = (a1+c1) v1+· · ·+(aℓ+cℓ) vℓ+b1 u 1+· · ·+br u r+d1 w1+· · ·+ds ws.

(ii)  δ  e linearmente independente:

Sejam  a1, . . . aℓ, b1, . . . , br, c1, . . . , cs ∈ R, tais que

a1 v1 + · · · + aℓ vℓ + b1 u 1 + · · · + br u r + c1 w1 + · · · + cs ws =  0v. ( ⋆ )

Entao,

a1 v1 + · · · + aℓ vℓ + b1 u 1 + · · · + br u r = −c1 w1 − · · · − cs ws ∈ U ∩ W .

Portanto, existem  d1, . . . , dℓ ∈ R, tais que−c1 w1 − · · · − cs ws =  d1 v1 + · · · + dℓ vl,

M.L.T.Villela

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Soma e soma direta de subespacos PARTE 2 - SEC ˜ AO 4 

logo   d1 v1 +  · · · + dℓ vl +  c1 w1 +  · · · + cs ws   =   0V . Como   γ   e linearmente

independente, entao   d1  =   · · ·  =  dℓ  =  c1  =   · · ·  =   cs  =  0. Substituindo em

( ⋆ ), obtemos a1 v1+· · ·+aℓ vℓ+b1 u 1+· · ·+br u r =  0v. Como β e linearmente

independente concluımos que  a1 =  · · · = aℓ =  b1 =  · · · =  br =  0. Logo,  δ  e

linearmente independente.

Quando  U ∩ W  =  {0V }, temos  ℓ =  dimR(U ∩ W ) = 0, comecamos com

β   =   { u 1, . . . , u  r}   e   γ   =   { w1, . . . , ws}   bases de   U   e   W , respectivamente, e

mostramos que  δ =  β ∪ γ  e uma base de  U + W . Nesse caso,

dimR(U + W ) = dimR(U) + dimR(W ).  

Definicao 11 (Soma direta)

Sejam U

 e W 

  subespacos do espaco vetorial V 

. Dizemos que a soma U + W 

e uma   soma direta  se, e somente se,  U ∩ W  =  {0V }. Nesse caso, escrevemos

U ⊕ W .

Exemplo 50

Verifique que no Exemplo 47 temos   U ⊕ W   =  R2 e no Exemplo 48 temos

U ⊕ W  = R3 pois, em ambos os casos,  U ∩ W  = 0V . Enquanto, no Exemplo

49 a soma  U + W  = R3 nao e uma soma direta, pois dimR(U ∩ W ) = 1 = 0.

Exemplo 51

Vamos determinar o subespaco  U + W  do  R4

, ondeU = [ u 1 = (1,1,2,1), u 2 = (1,2,1,0)] e

W  = [ w1 = (1, −1,1,1), w2 = (1,1,2,0)].

Primeiramente, observamos que

 v ∈ U + W  ⇐⇒   v =  u + w, onde  u ∈ U e  w ∈ W ,⇐⇒   v =  a1 u 1 + a2 u 2 + b1 w1 + b2 w2,

com  a1, a2, b1, b2 ∈ R,

⇐⇒  v ∈ [ u 1, u 2, w1, w2 ].

Logo, U + W  = [ u 1, u 2, w1, w2 ].Quando fazemos operacoes elementares nas linhas de um matriz  A, na pratica

fazemos combinacoes lineares com as linhas de   A   e o espaco gerado pelas

linhas de A  e o mesmo espaco gerado pelas linhas nao nulas (sao linearmente

independentes) da reduzida  R a forma em escada equivalente a  A.

Vamos reduzir por linhas a matriz cujas linhas sao  u 1, u 2, w1, w2.

1 1 2 1

1 2 1 0

1   −1 1 11 1 2 0

∼1

1 1 2 1

0 1   −1   −1

0   −2   −1 00 0 0   −1

∼2

1 0 3 2

0 1   −1   −1

0 0   −3   −20 0 0   −1

∼3

Fizemos a sequencia de

operacoes elementares:

em  ∼1 : L2

 →L2  − L1 ,

L3 → L3  − L1 , L4 →   L4  − L1 ;

em  ∼2 : L1 → L1  − L2 ,L3 → L3  + 2L2 ;

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Soma e soma direta de subespacos PARTE 2 - SEC ˜ AO 4 

1 0 0 0

0 1 0 0

0 0 1 0

0 0 0 1

0 0 0 0

0 0 0 0

.

Logo,   U +  W   = [e1, e2, e3, e4 ] =  R4. Como dimR(U) =  3  e dimR(W ) =  3,

entao dimR(U ∩ W ) = 2. Nesse caso, a soma nao e soma direta.

Exercıcios

1. Sejam  V  um espaco vetorial real e  U  e  W   subespacos de  V .

(a) Mostre que  U ∩ W   e o maior subespaco de  V   contendo  U e  W .

(b) Mostre U + W   e o menor subespaco de  V   contendo  U ∪ W .

2. Considere os seguintes subespacos do  R3:

U =  {(x,y,z ) ∈ R3 ;   x =  0},

W  = {(x,y,z ) ∈ R3 ;   y − 2z  =  0}  e

V  = {(x,y,z ) ∈ R3 ;   x =  y  =  z }.

(a) Determine uma base e a dimensao de cada um dos subespacos

U,V,W,U ∩ V, U ∩ W, V  ∩ W, U + V, U + W, V  + W .

(b) Entre as somas de subespacos   U  +  V, U +  W, V  + W   quais sao

somas diretas?

3. Seja   V   um espaco vetorial real e   U   e   W   subespacos de   V   tais que

U ∩ W   =  {0V }. Mostre que se  v  =  u  + w  =  u ′ + w′, com  u, u ′ ∈  U  e

 w, w′ ∈ W , entao  u  =  u ′ e  w =  w′.

4. Considere o espaco vetorial real  V  = M2×2(R)  e os subespacos

U =

  x   −x

 y z 

  ; x,y,z ∈ R

e  W  =

  a b

−a c

  ; a,b,c ∈ R

.

(a) Determine as dimensoes de  U,  W ,  U ∩ W  e  U + W .

(b) Mostre que  U + W  = V .

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´ Algebra Linear I 

Soma e soma direta de subespacos 

5. Consideremos os subespacos de  Mn×n(R),

U =  {A ∈ Mn×n(R) ;   At = A}  e  W  = {A ∈ Mn×n(R) ;   At = −A}.

(a) Mostre que  U ∩ W  = {0}.

(b) De dimR(U), dimR(W )  e dimR(U + W ).

(c) Seja  A ∈ Mn×n(R).

i. Mostre que se   A   =   B  + C, onde   B   ∈   U   e   C   ∈   W , entao

At = B − C.

ii. Mostre que B =   A+At

2  e  C =   A−At

2  .

iii. Mostre que Mn×n(R) = U ⊕ W .