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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE
CURSO DE PEDAGOGIA
MARIA IVANICE DA SILVA MARIANO
O LUGAR DA PESQUISA CIENTÍFICA NA FORMAÇÃO DO PEDAGOGO
FORTALEZA
2013
MARIA IVANICE DA SILVA MARIANO
O LUGAR DA PESQUISA CIENTÍFICA NA FORMAÇÃO DO PEDAGOGO
Monografia submetida à aprovação
da Coordenação do Curso de
Pedagogia do Centro Superior do
Ceará, como requisito parcial para
obtenção do grau de Graduação.
FORTALEZA
2013
MARIA IVANICE DA SILVA MARIANO
O LUGAR DA PESQUISA CIENTÍFICA NA FORMAÇÃO DO PEDAGOGO
Monografia como pré-requisito para
obtenção do título de Licenciatura
em Pedagogia, outorgado pela
Faculdade Cearense – FAC, tendo
sido aprovada pela banca
examinadora composta pelos
professores.
Data de aprovação: 03/01/2014
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Joyce Carneiro de Oliveira
_________________________________________________
Francisco Nazareno Matos Ribeiro
_________________________________________________
Maria Elia dos Santos Vieira
Para meu esposo João Paulo, com quem construo e aprendo todos os dias.
Para Joyce Carneiro minha orientadora, pelo carinho e amor, com que tem me
ensinado e me impulsionado a um caminhar constante, na busca de novos
conhecimentos e de novas possibilidades. Para todos os “sujeitos”
comprometidos amorosamente com o Ensinar e com o Aprender, nos diversos
saberes, espaços e tempos, de luta por uma educação democrática e
emancipatória.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela presença sempre constante neste caminho me guiado em todos
os momentos e mostrando que Ele pode me levar a lugares altos .
À minha Professora, Mestre, Orientadora e Amiga, Joyce, por me sugerir
caminhos, por me fazer romper limites e me fazer sentir portadora de um
projeto infinito.
A todos os profissionais da educação, meus professores e mestres,
comprometidos, competentes, e responsáveis a fim de construir uma
pedagogia transformativa da sociedade.
Aos professores Jefferson Salles, Dete Adriano, Nazareno, Maria Elia e Luiza
Simões pelos ensinamentos críticos. Pelos exemplos de postura, de
compromisso, ético e profissional, essenciais à nossa formação.
Aos professores Maria Elia e Nazareno que tão gentilmente aceitaram o meu
convite para participar da banca e agregar valores tão importantes à minha
pesquisa.
Ao meu esposo pela força e incentivo, em todos os meus momentos, alegres
ou tristes.
A meus familiares e amigos, pela compreensão nas frequentes ausências, pela
ajuda, incentivo e apoio no decorrer desta caminhada.
Especialmente a Talita Sampaio, Juliana Rocha, Leilane Patrício, Lívia Lopes,
Aline Brandão por todos os gestos e palavras de incentivo, que me
alimentaram a alma e muito me ajudaram nesta caminhada.
“Então, educamos e somos educados. Ao compartilhamos, no dia-a-dia do
ensinar e do aprender, ideias, percepções, sentimentos, gestos, atitudes e
modo de ação, sempre ressignificados e reelaborados em cada um, vamos
internalizando conhecimentos, habilidades, experiências, valores, rumo a um
agir crítico e eficaz, solidário. Tido em nome do direito à vida e à dignidade de
todo ser humano, do reconhecimento das subjetividades, das identidades
culturais, da riqueza de uma vida em comum, da justiça e da desigualdade
social. Talvez possa ser esse um dos modos de fazer pedagogia.”
José Carlos Libâneo.
RESUMO
Esse trabalho tem o objetivo de refletir a importância da pesquisa científica na
formação do pedagogo, bem como as suas contribuições e analisar as
dificuldades que os alunos têm em desenvolver uma pesquisa científica. A
pesquisa se classifica como qualitativa, do tipo bibliográfica e estudo de caso.
Na primeira modalidade, embasou-se a partir de teóricos como Eva Lakatos,
Pedro Demo, Sofia Lerche Vieira, António Nóvoa e Paulo Freire. Na segunda,
teve como foco alunos e ex-alunos da Faculdade Cearense matriculados no
curso de Pedagogia em fase de conclusão da graduação ou já egressos. A
coleta de dados ocorreu a partir da aplicação de 26 questionários,
contemplando as categorias: concepção de pesquisa científica, importância da
monografia, dificuldades em elaborar uma pesquisa científica, aprendizagem a
partir dessa pesquisa. Como resultado, apontamos a dificuldade dos alunos
entrevistados em compreender o conceito de pesquisa, sua função e
aplicabilidade. Além da necessidade do Curso de Pedagogia incluir em suas
ações mecanismos para melhor difundir a prática da pesquisa científica em
suas disciplinas e não somente as disciplinas que tratam do “fazer
monográfico”. Ressaltamos aqui a grande diferença que tem um profissional
que traz para o seu cotidiano a reflexão sobre a prática, pois só assim o
professor poderá avaliar-se e ter condições para rever e modificar suas ações.
Palavras-chaves: Formação de professores, Importância da pesquisa científica
na formação, Reflexão sobre a prática.
ABSTRACT
This work aims to reflect the importance of scientific research in teacher training
as well as their contributions and analyze the difficulties that students have in
developing a scientific research. The research is classified as qualitative, type
of literature and a case study. In the first mode , from theorists like Eve Lakatos
, Pedro Demo , Sofia Lerche Vieira, Antonio Nóvoa and Paulo Freire. In the
second, focused on students and alumni of the Faculty of Ceará enrolled in
pedagogy courses being completed graduation or have graduated. Data
collection occurred from the application of 26 questionnaires, covering the
categories: Design of scientific research, the monograph Importance, Difficulties
in preparing a scientific research, learning from this research. As a result, we
point out the difficulty of the interviewed students in understanding the concept
of research, its function and applicability. Besides the need of the School of
Education include mechanisms in their actions to best spread the practice of
scientific research in their disciplines and not only the disciplines that deal with
the “monographic do." We emphasize here the big difference having a
professional who brings to your everyday reflection on practice, because only
then the teacher can assess themselves and be able to review and modify their
actions.
Keywords: Teacher education, The importance of scientific research in
education , Reflection on practice.
Sumário
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10
CAPÍTULO 1 .................................................................................................... 14
1 Conhecimento e ciência ............................................................................... 14
1.1 Tipos de conhecimentos............................................................................. 15
1.2 Analisando a ciência, seus conceitos, leis, teoria e fatos .......................... 17
1.2.1 Conceituando fatos, leis, e teoria ........................................................... 18
1.2.1.1 Teoria e leis .......................................................................................... 19
1.3 Métodos científicos .................................................................................... 20
1.3.1 Técnicas de pesquisas ............................................................................ 22
1.4 Correntes norteadoras das pesquisas em educação ................................. 23
2 A PESQUISA CIENTÍFICA E OS ELEMENTOS QUE A COMPÕEM: TIPOS,
INSTRUMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ............................... 25
2.1 Técnicas de estudo e de escrita ................................................................ 26
2.2 Tipos de pesquisa quanto a abordagem ................................................... 30
2.2.1 Pesquisa qualitativa ............................................................................... 30
2.2.2 Pesquisa quantitativa .............................................................................. 31
2.3 Tipos de pesquisa quanto ao seu tipo ........................................................ 32
3 O PROFESSOR PESQUISADOR PESQUISADOR/REFLEXIVO ................. 38
3.1 Discutindo Pedagogia e pesquisa ............................................................. 41
4 A PESQUISA CIENTÍFICA E O PEDAGOGO PESQUISADOR : O QUE
FALAM OS DADOS ........................................................................................ 43
4.1 Aluno, Professor e Pesquisador: Compreendendo concepções e
dificuldades ..................................................................................................... 44
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 50
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 52
ANEXO .................................................................................................................
10
INTRODUÇÃO
O cenário educacional necessita de professores que tenham na sua
formação, a prática, a reflexão, ação e teoria para que assim venham contribuir
com a formação de sujeitos críticos, inovadores, participativos, éticos e
capazes de lidar com vários desafios em seu cotidiano.
Nesse caso, não basta só o professor realizar seu trabalho, é
necessário que ele traga também o conhecimento teórico adquirido durante o
tempo em que passou na universidade, pois assim, diante das situações que
irão surgir na sua jornada, ele encontrará soluções cabíveis. Com isso, para
que haja o resultado esperado, a formação desses profissionais precisa
cumprir o processo de formação, preparação, profissionalização e socialização
dos professores através de princípios consolidados com o educar e com o
ensinar.
Segundo Garcia (1999), para que o professor seja reflexivo, ele
precisa estar aberto, ser flexível, capaz de analisar a sua prática, o seu ensino
autocrítico, com um vasto domínio de competências: empíricas, analíticas,
avaliativas, estratégicas, práticas e de comunicação .
Para Schön (1999), o trinômio reflexão-na-ação, reflexão-sobre-ação
e sobre-a-reflexão-na-ação deve ser inserido nas ações do professor, à medida
que traduz a sua própria prática vivida, pensada e refletida. Essa atitude
reflexiva e investigativa se processará antes, durante e após a sua prática
cotidiana, tornando-se assim uma “práxis” docente.
O professor reflexivo nunca se satisfaz com sua prática, ele busca
manter-se atualizado nas mudanças, trocas e experiências com outros
profissionais da sua área. Ele lê, observa, analisa e depois faz a reflexão.
Conforme Sadalla (2006, p.36):
Na medida em que o corpo docente é auxiliado a refletir sobre sua prática, a resignificar suas teorias, a compreender as bases de seu pensamento, tornando-se um pesquisador de sua ação, o professor pode modificá-la com mais propriedade. Quando ele entra em classe, fica sozinho com suas crenças e teorias a respeito dos alunos, as estratégias de ensino e de avaliação, dos seus saberes e dificuldades, suas tomadas de decisão vão depender, fundamentalmente, dos pressupostos que ele tem para subsidiar a sua ação. Ele está considerando e avaliando as alternativas, baseando-se em critérios para selecionar uma ou outra forma de agir. Assim, poderá buscar transformar suas decisões a partir da
11
reorganização de seu pensamento, que deverá estar fundamentado em um corpo sólido de saberes e conhecimentos.
Essa reflexão crítica exige que o professor se coloque dentro da
ação, seja sujeito da história tornando-se assim, autor da sua própria formação
e do seu trabalho. Nessa perspectiva, o professor é considerado elemento
primordial no processo da educação, pois ele é dinamizador e mediador da
aprendizagem.
Para Imbernón (2006), a formação inicial do professor deve
capacitá-lo à profissão em toda a sua complexidade e flexibilidade. Para que
isso aconteça é necessário que o professor esteja preparado para entender as
transformações que vão surgindo, ser receptivo e aberto a concepções
pluralistas. É importante que o profissional introduza na sua formação inicial
uma metodologia baseada na investigação.
Lüdke (2001) tem sido uma das defensoras da pesquisa na
formação de professores.
O futuro professor que não tiver acesso à formação e à prática de pesquisa terá, a meu ver, menos recursos para questionar devidamente sua prática e todo o contexto na qual ela se insere, o que o levaria em direção a uma profissionalidade autônoma e responsável. Trata-se, pois, de um recurso de desenvolvimento profissional, na acepção mais ampla que esse termo possa ter (LÜDKE, 2001, p. 51).
Dessa forma, a pesquisa na formação inicial de professores pode
contribuir para que eles possam formar imagens e conceitos sobre sua
profissão, além de aprenderem a problematizar e investigar sua própria prática,
pois o uso dessa metodologia trará consequências significativas para a sua
práxis docente.
Nesse contexto surgiu o presente trabalho, com o objetivo geral de
refletir sobre a importância da pesquisa científica na formação do pedagogo e
quais as suas contribuições para o curdo de Pedagogia. Os objetivos
específicos desenvolvidos nesse estudo serão respectivamente:
Investigar as principais dificuldades dos alunos em desenvolver uma
pesquisa científica, identificar a natureza dessas dificuldades, analisar
12
as contribuições do Trabalho de Conclusão do Curso para a formação
do pedagogo pesquisador;
Conhecer os novos conhecimentos que foram agregados à sua
formação após o do Trabalho de Conclusão do Curso;
Analisar a concepção de pesquisa científica para alunos em fase de
desenvolvimento do Trabalho de Conclusão do Curso.
A partir dos objetivos elencados, foram eleitas algumas perguntas
que nortearão todo o trabalho como: Quais as dificuldades que os alunos
enfrentar no desenvolvimento de uma pesquisa científica? De onde surgem
essas dificuldades? Qual a importância do Trabalho de Conclusão do Curso na
vida dos alunos que estão elaborando essa pesquisa? Quais os novos
conhecimentos que foram agregados à sua formação depois do Trabalho de
Conclusão do Curso?
Para a realização da pesquisa optou-se pelo estudo de caso.1 Os
sujeitos envolvidos foram escolhidos aleatoriamente sob a condição única de
terem ou estarem vivenciando a elaboração do trabalho de conclusão do curso
de licenciatura em Pedagogia. Como campo específico, escolhemos trabalhar o
caso do Curso de Pedagogia da Faculdade Cearense, pelo fato da
pesquisadora ter acesso aos alunos e demais informações a respeito do curso.
Ao todo, foram aplicados vinte e seis questionários que continham
seis questões abordando as perguntas norteadoras apresentadas acima.
Destes vinte e seis alunos entrevistados, dezoito estão em fase de conclusão
(6º e 7º semestres) e oito já concluíram. Os dados foram agrupados em suas
devidas categorias e compõem o capítulo de resultados desse trabalho.
No geral, essa pesquisa está dividida em quatro capítulos: No
primeiro capítulo podemos ver os conceitos de conhecimento e ciência, os tipos
de conhecimentos, os seus níveis, os métodos científicos e técnicas de
pesquisa, como também o papel da ciência para a sociedade e as correntes
que norteiam a pesquisa em educação.
1 Como o estudo tem na pesquisa científica seu objeto principal, foi decidido que o tipo de pesquisa
adotado será discutido com mais propriedade no Capítulo 2, juntamente com os demais elementos formadores da pesquisa.
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No segundo capítulo fizemos uma abordagem do assunto: Pesquisa
científica e os elementos que a compõe: tipos, instrumentos e principais
características. Nesse capítulo, o leitor verá o que é pesquisa científica, as
técnicas de estudo e escrita e os tipos de pesquisa.
O terceiro capítulo traz uma reflexão sobre a importância do
professor pesquisador/reflexivo, as suas contribuições para a educação e para
a sociedade. Discutimos também pedagogia e pesquisa, mostrando que
ensinar exige pesquisa e reflexão.
No quarto, retomamos a discussão da pesquisa científica e a
questão do pedagogo pesquisador juntamente com a análise de resultados
obtidos através dos questionários aplicados, e por fim temos as considerações
finais obtidas durante a pesquisa.
14
1- CONHECIMENTO E CIÊNCIA
Atualmente vive-se em uma era em que os meios de produção não
estão mais atrelados necessariamente aos grandes latifúndios, às grandes
máquinas ou extensos rebanhos. A pedra de toque da nova era é o
conhecimento. Não um conhecimento enciclopédico, mas algo que seja
pragmático, dinâmico e que se transforme o suficiente para gerar mais
conhecimento. Mas afinal, do que estamos falando quando falamos em
conhecimento?
Inicialmente, é preciso lembrar que o conhecimento pode ser
compreendido como uma tomada da realidade por meio do pensamento e a
capacidade de tornar lúdico ao pensamento o que se apreendeu.
Para Luckesi e Passos (2002, p.15), o conhecimento pode ser
entendido como a “elucidação da realidade”, ou seja, o esforço de enfrentar o
desafio da realidade, buscando a sua verdade e o seu sentido. O conhecimento
refere-se ainda a uma qualidade do homem de interagir ativamente sobre o
mundo ao seu redor e garantir a sua sobrevivência utilizando as suas
capacidades, procurando sempre conhecer e construir novos conhecimentos.
Em outras palavras, conhecer trata-se de uma atividade humana.
Já Paulo Freire (1979), afirma que o conhecimento não é um simples
ato, do qual o sujeito recebe passivamente o que lhe é oferecido, o
conhecimento exige uma posição de enfrentamento e de transformações na
sociedade, onde ele pode inventar e reinventar a realidade de uma forma
crítica.
Nesse caso, conclui-se que o conhecimento é uma atividade
exclusivamente humana e que traz grandes benefícios para a sociedade, pois
através desse conhecimento o homem pode transformar criar, renovar e
interagir ativamente no mundo, contribuindo significativamente para a melhoria
do mesmo.
15
1.1 Tipos de conhecimentos
Compreender o conhecimento é fundamental para o cotidiano, ajuda
tanto no seu dia a dia como no seu crescimento individual e social. É
importante compreender que existem vários tipos de conhecimentos. Da
mesma forma que é necessário ainda compreender seus conceitos,
características, além de sua relevância para a sociedade.
Lakatos e Marconi (2003) ressaltam que o conhecimento pode ser
entendido em quatro tipos: conhecimento popular, conhecimento científico,
filosófico e religioso.
O primeiro deles, conhecimento científico, é na verdade a
comprovação dos fatos através da ciência, sua veracidade acontece por meios
de experimentos e não pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É
formado por um sistema de ideias (teorias) e não de forma desordenada ou
desconexada. Sua principal característica é a sua veracidade e o seu
diferencial é justamente a forma ou método de coleta de dados. Por fim, esse
conhecimento visa entender pelas suas causas, ou melhor, saber
cientificamente os motivos dos fenômenos. É rigoroso, crítico, objetivo, nasce
em meio a uma dúvida, mas em sua solidificação na certeza das leis
demonstradas.
O Conhecimento Popular ou Senso Comum acontecem de forma
espontânea que se adquire através de sua relação com o mundo na intenção
de sobreviver e seguirá enquanto o ser humano existir. É considerado
superficial já que não se aprofunda nos fatos, acredita-se muito no que viu e na
forma como foi visto, é passado de geração a geração. Diferencia-se do
conhecimento científico não pela veracidade, mas sim pelo método de coleta
de dados que se usa para demonstrar um evento. O conhecimento popular
deriva de observação do homem em determinados eventos, já o conhecimento
científico tenta analisar um determinado evento, buscando as origens,
composições e analisa suas particularidades entre si e entre outros eventos. É
assistemático, por não sistematizar as suas ideias, é acrítico porque mesmo
sendo verdadeiro ou não, recebe críticas. (LAKATOS; MARCONI, 2003)
O Conhecimento Religioso ou Teológico tem sua base em doutrinas
que buscam seu sentido em compreender o homem e sua realidade, esse
16
conhecimento não se demonstra e nem experimenta, contêm proposições
sagradas reveladas pelo o sobrenatural, e por esse motivo são consideradas
infalíveis e indiscutíveis, é um conhecimento sistemático do mundo (origem,
finalidades e destino) suas evidências não são verificáveis já que são obras de
um criador divino, estão sempre implícitas na fé perante a um conhecimento
revelado.
Esse conhecimento ainda supõe e exige autoridade somente a uma
autoridade divina, nele se fundamenta tudo e todos devem atender somente a
ele; já a ciência é ao contrario, não se supõe, não se exige, não admite
autoridade, a ciência só admite o que se pode comprovar com experimentos e
fatos.
E por fim, o conhecimento filosófico, como o próprio nome diz, é
filosófico e valorativo, pois consiste em hipóteses que não podem ser
submetidas à observação. Suas hipóteses se baseiam em experiências e não
em experimentação.
Seu propósito é questionar os problemas existentes, usando
unicamente os princípios racionais. Sua procedência se dá por leis formais do
pensamento, tem métodos próprios e realiza dedução em suas colocações
críticas. É sistemático, pois visa mostrar uma representação coerente da
realidade estudada.
Portanto, a filosofia caracteriza-se por questionar, assumir posições,
traçar rumos, discernir entre o certo e o errado, unicamente recorrendo às
luzes da razão humana, ao contrário do conhecimento cientifico que tem sua
fonte baseada em fatos concretos e positivos, através do emprego de técnicas
e observações. (LAKATOS; MARCONI, 2003).
Já para Cervo e Bervian (2007), o homem não age diretamente
sobre as coisas, sempre há um intermediário, na ciência não seria diferente,
não é possível fazer um trabalho científico sem conhecer os instrumentos
como: leis naturais, teorias e conceito. O mesmo ainda afirma que o conhecer é
uma relação entre o sujeito que conhece e o objeto conhecido, para fazer
ciência é necessário imbuir-se de espírito científico.
17
Nossas possibilidades de conhecimentos são muitas e até, tragicamente pequenas. Sabemos pouquíssimo, e aquilo que sabemos sabemo-lo muitas vezes superficialmente, sem grande certeza. A maior parte de nosso conhecimento somente é provável. Existem certezas absolutas, incondicionadas, mas estas são raras (CERVO APUD BOCHENSKY, 1961, p.42).
Cervo e Bervian (2007) ressaltam ainda que o pesquisador deve
mover-se dentro de quatro níveis diferentes de conhecimentos que podem ser
usados como objetos de investigação como: o conhecimento empírico,
científico, filosófico e religioso.
O conhecimento empírico é aquele que é adquirido pela própria
pessoa no ambiente em que vive, ou seja, no meio social. Esse conhecimento
nasce por meio de interação com as pessoas, de experiências vividas no
cotidiano e é fortalecido por vivências de outras pessoas, por tradições da
coletividade.
Por outro lado, o conhecimento científico vai além do empírico, esse
conhecimento procura saber compreender os fatos, os fenômenos, sua
estrutura, sua organização e funcionalidade, sua composição, suas causas e
leis, buscando constantemente explicações e soluções.
Já o filosófico se diferencia do científico pelo objeto de investigação
e pelo método, pois a filosofia é um interrogar, um questionamento contínuo e
inato, não é algo feito e acabado, é uma busca de sentido, de justificação, de
possibilidades, de interpretação a respeito de tudo aquilo que envolve o ser
humano e sobre o próprio ser em sua existência concreta.
Enquanto o conhecimento teológico parte da ideia que o ser humano
recebe suas verdades através de revelações divinas, não por sua inteligência.
Esses conhecimentos são adquiridos através de livros sagrados e aceitos
racionalmente por todos.
Portanto, o homem através do conhecimento penetra nas diversas
áreas da realidade e toma posse dela, podendo assim adquirir conhecimentos
significativos e tornar-se um pesquisador. (CERVO; BERVIAN, 2007).
18
1.2 Analisando a ciência seus conceitos, leis, teoria e fatos.
Após entendermos o que é o conhecimento e os seus níveis e o que
ele representa para a sociedade, precisamos analisar o que é ciência e qual o
seu real papel.
A ciência é um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas
ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à
verificação. (LAKATOS, 2003, p.80 apud TRUJILLO, 1974, p.8).
Já Barros e Lehfeld (2000, p. 41), explicam que a ciência é também
definida como sendo o estudo de problemas formulados adequadamente em
relação a um objeto, procurando para ele soluções plausíveis, através da
utilização de métodos científicos.
Sendo assim, a ciência pode ser entendida por um conjunto de
conhecimentos, que ocorrem em meios a métodos rigorosos, capazes de
controlar os objetos, fatos e fenômenos investigados, visando descrever,
analisar, comprovar, explicar e prever fenômenos na nossa realidade, ela tem
um papel fundamental de proporcionar melhorias, descobertas de novos fatos e
com isso contribui com a sociedade.
1.2.1 Conceituando fatos, leis e teoria.
Quando falamos em Metodologia Científica, não podemos deixar de
mencionar os seus conceitos. Como em qualquer profissão, exigem-se
ferramentas de trabalho e na ciência não seria diferente, as ferramentas que a
compõe são: a lei, a teoria e os fatos.
Conforme Lakatos e Marconi (2003), para o senso comum o fato é
considerado verdadeiro, inquestionável e definitivo, já a teoria como
especulação, ou melhor, ideias que não podem ser comprovadas, mas quando
passam por verificação, e se for comprovadas como verdadeiras passam a
constituir fatos e até leis.
Para o aspecto científico se é fato, é considerado uma observação
verificável, a teoria, no entanto, se refere a fatos ou, em ordenação significativa
desses fatos, consistindo em conceitos, classificados, generalizações,
princípios, leis e regras etc.
19
Então, podemos concluir que teoria e fato não são totalmente
opostos, mas inter-relacionados, os dois consistem em elementos que
procuram o mesmo objetivo. A teoria não é uma especulação, mas um conjunto
de princípios fundamentais que se constitui em procurar e explicar os fatos.
Ambos - teoria e fatos - são objetos que interessam aos cientistas, pois não
existe teoria sem estar baseada em fatos, a teoria serve como orientação para
que os fatos sejam estruturados, entretanto, cada ciência focaliza sua atenção
sobre um determinado aspecto. O fato tanto reformula quanto rejeita teorias já
existentes, além de redefinir e esclarecer teoria previamente estabelecida, no
sentido de que afirmar em pormenores o que a teoria afirma em termos bem
mais gerais. (LAKATOS; MARCONI, 2003).
A teoria serve ainda como um sistema de formar conceitos e de
classificar fatos, um fato não é somente uma observação prática ao acaso, mas
também uma afirmativa empiricamente verificada, dessa forma engloba tanto
as observações cientificas quanto uma de referência teórica conhecido, no qual
essas observações se enquadram.
O papel dos fatos em relação à teoria é, na verdade, concluir que o
desenvolvimento da ciência pode ser considerado como uma inter-relação
constante entre teoria e fato, e desde que verificamos as diferentes formas
pelas quais a teoria desempenha um papel ativo na explicação dos fatos.
(LAKATOS; MARCONI, 2003).
1.2.1.1 Teoria e Leis
Para Lakatos e Marconi apud Kaplan (1975), a teoria pode ser
classificada como um meio que usamos para criticar, interpretar e unificar leis
já estabelecidas, modificando-as para se adequarem a dados não previstos
quando de sua formulação e para orientar a tarefa de descobrir generalizações
novas e mais amplas.
As leis geralmente expressas enunciam classes isoladas de fatos ou
fenômenos, já as teorias se caracterizam pela forma de estruturar as
regularidades e uniformidades, explicadas e confirmadas pelas leis. A teoria
objetiva compreender e explicar fenômenos de uma forma mais ampla, através
de reconstrução de conceitos. Dessa forma, temos de um lado a compreensão
20
e a explicação de um fenômeno e de outro, proporcionam a derivação tanto de
consequências como de efeitos, e como isso possibilitam a previsão da
existência de um comportamento e outros fenômenos.
1.3 Métodos científicos
É importante ressaltar que o método é um caminho pelo qual se
pode chegar a um resultado, permitindo assim alcançar um objetivo desejado.
Todas as ciências utilizam o método científico, mas nem todos os ramos dos
estudos que empregam esse método são ciências.
Segundo Lakatos e Marconi (2003), o método científico pode ser
definido como um conjunto de regras básicas para desenvolver uma
experiência a fim de produzir novo conhecimento ou acrescentar novas
descobertas ao conhecimento já existente. Nesse sentindo, vale afirmar que o
método é um meio de acesso usado para investigação e demonstração da
verdade.
Para entendermos melhor, vejamos os tipos de métodos existentes:
método indutivo, método dedutivo, método hipotético-dedutivo e o método
dialético de acordo com Lakatos e Marconi (2003).
a) Método indutivo
O método indutivo tem como princípio a verificação do particular
para formalizar uma conclusão geral, esse método demonstra as conclusões
através da coleta e análise dos dados particulares e somente através da
experiência e da observação se pode constatar um fato real. Nesse método, o
conhecimento a priori não é aceito como verdade ou premissa para se chegar a
uma verdade universal ou particular, é a comparação das constatações
particulares que se evidencia uma verdade universal.
É necessário consideramos três elementos fundamentais para a
indução: a observação dos fenômenos, a descoberta da relação entre eles, a
generalização da relação.
Portanto, o primeiro passo é observar atentamente os fatos, depois
classificar, ou melhor, agrupar os fatos ou fenômenos da mesma espécie, e
21
finalmente chegar à generalização da relação observada. Vejamos no exemplo
de acordo com Andrade (2009 p.85):
Ex: O calor dilata o ferro;
O calor dilata o bronze;
O calor dilata o cobre;
Logo, o calor dilata todos os metais.
b) Método dedutivo
Seu objetivo é compreendido como aquele que tem como ponto de
partida verdades em geral para chegar a uma conclusão particular, ou seja, é
um método lógico que pressupõe que existam verdades gerais já afirmadas e
que sirvam de premissas para chegar através dele a conhecimentos novos.
Vejamos um exemplo claro nessa afirmação de acordo com Cervo e
Bervian (2007 p.65);
Ex: Todos os animais respiram, ora, o mosquito é animal.
Logo, o mosquito respira.
Nesse exemplo podemos perceber que todas as duas premissas são
verdadeiras, portanto podemos chegar à conclusão que é verdadeira.
c) Método hipotético-dedutivo
Esse método é considerado uma das formas mais importantes do
método científico, fixou-se na vida de muitas pessoas através da filosofia e pela
ciência ocidental. Consiste basicamente em construir de conjecturas (ideias),
que são submetidas aos mais diversos testes, para saber quais hipóteses vão
resistir às discussões críticas e a testes de falseamento e serão consideradas
válidas. É um método que busca soluções por meios de tentativas e erros.
Nasce a partir de observações, daí cria-se uma hipótese de causa, se essa
hipótese levantada for verdadeira, surgirá um efeito secundário.
Segundo Lakatos apud Popper (1975), podemos concluir que o
problema surge, geralmente de conflitos diante expectativas e teorias
existentes, busca-se uma solução numa conjectura (nova teoria),depois
submetemos a testes de falseamento ou tentativas de refutação ,através da
22
observação e experimentação ,caso a hipótese não venha superar os testes
estará falseada ,e exige nova reformulação do problema ,que, se superar os
testes rigorosos, estará confirmada provisoriamente .
Trata-se de uma análise mais crítica da realidade, buscando formas
de conhecê-la e contribuir com a transformação da mesma. Considera que a
natureza é um conjunto de relações em constante transformação, ou seja, tudo
é transitório. Tem seu funcionamento da seguinte forma: emite-se uma tese,
que revigora e evolui de uma forma quantitativa, daí passa a ser examinado
maior rigor científico, dessa forma, aquilo que o pesquisador coloca como
verdade deve ser confrontado com outras realidades e teorias para se chegar a
uma conclusão, uma nova teoria.
Veja como fica o esquema desse método de acordo com Lakatos e
Marconi (2003 p.99):
TESE →ANTÍTESE→SÍNTESE→(NOVA TESE)
Portanto, o método dialético se supera mediante uma antítese,
originando um resultado distinto É a partir desse momento que podemos
afirmar que esse método é um método de movimento, necessitando ser
amadurecido na pesquisa.
1.3.1 Técnicas de pesquisas
As técnicas são procedimentos que servem de mediação prática
para a realização de uma pesquisa. Toda ciência utiliza inúmeras técnicas para
obter resultados em seus propósitos. Toda pesquisa implica um levantamento
de dados de variadas fontes, qualquer que seja o método ou técnicas que
pretendemos empregar. É de extrema importância recolher dados para agregar
ao conhecimento já existente, e, além disso, quando se levantam dados, o
material (fonte) serve ainda para evitar esforços desnecessários, podendo ser
útil para orientar outras fontes de coletas.
Andrade (2009) afirma que as técnicas são conjuntos de normas
usadas especificamente em cada área das ciências, podendo-se afirmar que a
técnica é a instrumentação específica de coleta de dados.
23
Já Cervo e Bervian (2007) ressaltam ainda que podemos chamar de
técnicas aqueles procedimentos científicos utilizados por uma ciência
determinada no quadro das pesquisas próprias dessa ciência. Assim, há
técnicas associadas ao uso de certos testes em laboratórios, ao levantamento
de opiniões de massa, à coleta de dados estatísticos, à técnicas para conduzir
uma entrevista, para determinar a idade por medições de carbono, para
decifrar inscrições desconhecidas etc. Portanto, conclui-se que o método
constitui um procedimento geral, enquanto a técnica abrange procedimentos
específicos.
1.4 Correntes norteadoras das pesquisas em educação
A preocupação de descobrir o novo vem desde os primórdios, onde
se precisava lutar para sobreviver. Com o tempo, o homem percebe que pode ir
mais além e fazer novas descobertas, buscar novos horizontes, ampliando sua
mente.
Somente no século XVI vamos perceber que uma nova linha de
pensamento surge, o homem nota que precisa buscar algo que lhe dê maiores
garantias, que tenha maior embasamento. Não se busca mais as causas
absolutas ou a natureza íntima das coisas, pelo contrário, procura-se
compreender as relações entre elas, assim como a explicação dos
acontecimentos, através da observação científica aliada ao raciocínio. Ao longo
do tempo, muitas modificações precisaram ser feitas nos métodos existentes e
logo novos foram surgindo. (VIEIRA; MATOS, 2001).
Na educação não seria diferente, com o objetivo de pensar a
realidade, a pesquisa surgiu, ganhando espaços cada vez mais fortes,
acrescentando novas questões, proporcionando debates e aprendizagens.
Com o objetivo de trazer ampliação para o conhecimento e da forma de fazer
pesquisa que é necessário analisar as vertentes que norteiam o pensamento
científico, particularmente aqueles que exercem uma influência direta na
educação.
Segundo Vieira e Matos (2001), para a compreensão de como se
localiza a pesquisa educacional no espaço de produção de conhecimento, é
24
importante trazer um mapeamento de algumas vertentes norteadoras, que não
são as únicas, mas que possuem grande importância na discussão sobre
ciência, o sujeito, e o objeto na pesquisa. Vejamos a seguir:
a) Positivismo
A primeira corrente de pensamento que veio exercer uma influência
sobre a pesquisa social foi o Positivismo, predominantemente da França no
Século XIX, tendo como representante Auguste Comte, que acreditava que a
realidade pudesse ser explicada pelas leis naturais, que o indivíduo deveria ser
subordinado à família, à pátria e à humanidade, formando assim uma unidade
social organizada.
Os positivistas acreditavam que a ciência era uma atividade neutra,
constituída sem qualquer julgamento, e sem influências de quem pesquisa.
Defendem a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de
conhecimento verdadeiro. De acordo com os positivistas, somente pode-se
afirmar que uma teoria é correta se ela foi comprovada através de métodos
científicos válidos. Utilizam-se do método comparativo. (VIEIRA; MATOS,
2001).
b) Abordagem interpretativa- idealista
Esse pensamento lançou crítica ao positivismo, reafirmando
diferenças entre as ciências naturais e sociais, justificando que pesquisador e
objeto não podem ser separados. Apontando que o objeto das ciências sociais
seria a compreensão e interpretação dos fatos, a partir das experiências vividas
e da forma como os indivíduos os interiorizam. (VIEIRA; MATOS, 2001 apud
SANTOS, 1997).
Weber, considerado o pai da pesquisa interpretativa, também
recusou grande parte das ideias dos positivistas, mas afirmou que as regras e
normas sociais resultam das ações dos indivíduos. Propõe o método
compreensivo, que tem por objeto de estudo a ação social, onde o homem
orienta suas ações pelas demais, estabelecendo uma relação significativa nas
suas formas de agir. O pesquisador busca o significado do objeto, mas não
25
pode livrar-se de suas promoções, como recomendam os positivistas. (VIEIRA;
MATOS, 2001).
c) Fenomenologia
A proposta da fenomenologia é que o ser humano deve visualizar o
mundo como protagonista, pensar o cotidiano, trazer grandes contribuições,
pondo em pauta o fenômeno, o sujeito e a possibilidade incessante de abertura
a novas interpretações da realidade. Diferencia-se do positivismo por buscar
alcançar e compreender a essência dos fenômenos ao invés de enumerá-las.
d) Materialismo histórico e dialético
Segundo Vieira e Matos (2001), essa corrente rompeu com as
anteriores de forma radical, trazendo em sua proposta o pensamento de que o
homem conhecendo criticamente deveria desenvolver um projeto de
transformação social, política e econômica. Trouxe ainda discussões sobre
desigualdades causadas pelo o capitalismo.
Karl Marx, principal filósofo e pensador do materialismo, vai afirmar
que a ciência não dependia da objetividade, mas de uma consciência crítica,
propondo ainda um caminho prático de ação política e um objetivo claro a ser
atingido.
Portanto, esses pensadores foram de extrema importância para a
reflexão da ciência contemporânea, com contribuições em áreas como a
economia, a política, a sociologia e a educação, entre outras.
26
2 A PESQUISA CIENTÍFICA E OS ELEMENTOS QUE A COMPÕE: TIPOS,
INSTRUMENTOSE E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Inicialmente, podemos considerar que pesquisar significa buscar
respostas para as mais diversas indagações e problemas humanos, sejam eles
individuais ou coletivos. A pesquisa pode ser vista também como uma atividade
eminentemente cotidiana, sendo considerada como uma atitude, um
“questionamento sistemático crítico e criativo, mais a intervenção competente
na realidade, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido
teórico e prático” (DEMO, 1996, p. 34).
Carlos Gil (1999, p.42) acredita que a pesquisa tem um caráter
pragmático, é um “processo formal e sistemático de desenvolvimento do
método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas
para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos”.
A pesquisa científica, em resumo, é um processo que começa
quando se coloca um problema que precisa de solução, e para encontrá-la o
sujeito, ou melhor, o especialista social, deve elaborar um projeto de pesquisa
que lhe permita descobrir, explicar e, se possível, prever determinadas
situações, bem como repercussões que a solução proposta há de ter no social.
SORIANO (2004).
A pesquisa é a atividade principal da ciência que permite a
aproximação e o entendimento da realidade de que investigamos, e, além
disso, fornece alimentos para possibilitar a intervenção no real. Assim,
pesquisar não representa apenas refletir e entender os fenômenos liga-se
diretamente a uma possível ação, que poderá ou não ser realizada. Portanto,
pesquisar é originalmente uma atividade consciente de profunda
sistematização, busca e reflexão sobre aquilo que já foi produzido e todo o
resto que está sendo encontrado. (MATOS; VIEIRA, 2001 p.22).
Nesse sentido, pesquisar exige métodos exclusivos de estudo, de
leitura e de escrita. Métodos esses que podem ser orientados de forma geral,
mas que serão adaptados às características de cada pesquisador. A seguir,
serão apresentadas algumas técnicas de estudo e pesquisa, que marcam todo
o caminho, o fazer do conhecimento científico.
27
2.1 Técnicas de estudo e de escrita
A leitura é considerada um fator decisivo de estudo, pois proporciona
aberturas de novos horizontes, ampliação do conhecimento, o enriquecimento
do vocabulário além é claro de nos ajudar a entender melhor conteúdos e
sistematizar pensamentos. É necessário ler muito, constantemente, pois a
maior parte dos conhecimentos é obtida por intermédio da leitura, ler significa
conhecer, interpretar e decifrar. (LAKATOS, MARCONI, 2003).
Contudo, ler só por ler não é interessante, o leitor deve ficar atento
ao que lê ao que realmente traz uma leitura produtiva e significativa, por esse
motivo, havendo muitas fontes para leitura e não sendo todas importantes, é
necessário fazer uma seleção, pois na busca por um material adequado para a
leitura existem vários elementos auxiliares. Vejamos conforme Lakatos e
Marconi 2003:
a) O titulo: geralmente vem ou não acompanhado de um
subtítulo, estabelece o assunto ou até a intenção do autor.
b) A data de publicação: nos mostra elementos que
demonstram a sua atualização e aceitação (números de edições),
exceto claro, os textos clássicos.
c) A contracapa ou “orelha”: permite verificar as qualificações
do autor, é aonde podemos ter uma apreciação da obra e indicação a
qual público se destina.
d) Sumário ou índice: podemos analisar além dos tópicos das
obras, as divisões a que o assunto está sujeito.
e) Introdução ou prefácio: relata os objetivos do autor e da
metodologia que ele usou.
f) A bibliografia: nos passa uma ideia das obras consultadas
pelo o autor.
Somente a seleção de obras não é suficiente faz-se necessário
conduzir uma leitura com objetivos, avaliando sempre o que se lê , tendo a
preocupação com o conhecimento das novas palavras e por fim pode ainda
discutir o que se leu com os colegas ou professores. Para uma leitura
proveitosa é importante citar os passos que podemos seguir como: atenção,
28
interesse ou propósito, reflexão, espírito crítico, análise e síntese. Portanto
conclui-se que a leitura nunca deve ser realizada de qualquer forma, é
necessário ter um propósito, uma motivação, uma determinação, uma reflexão
e uma discussão.
De acordo com Cervo e Bervian (2007) a leitura tem três tipos: a
leitura formativa, leitura de distração e a leitura informativa.
a) Leitura formativa: visa aprender algo de novo ou aprofundar conhecimentos
anteriores. Exige atenção e concentração e ser efetuada em livros e revistas
especializados.
b) Leitura de distração: visa o divertimento, passatempo, sem maiores
preocupações com o aspecto do saber. Desperta no leitor o hábito da leitura.
Ex: alguns tipos de periódicos e de obras literárias.
c) Leitura informativa: Esta é utilizada na elaboração de um trabalho científico
ou para responder a questões específicas, ou seja, visa a coletas de
informação para um determinado propósito. Para realizarmos esse tipo de
leitura é necessário seguir algumas fases, de acordo com Lakatos e Marconi
(2003):
1. Leitura prévia: trata-se de uma leitura rápida, com a finalidade de procurar
assunto ou informações do assunto escolhido, requer análise do índice ou
sumário, títulos dos capítulos e suas subdivisões.
2. Pré-leitura ou exploratória: é uma leitura sondagem que permite que o
estudante selecione documentos que sejam necessários para fundamentação
do seu trabalho, com isso o estudante terá uma visão global do seu assunto,
examinado o sumário, as notas ao pé da página, as referências bibliográficas, o
prefácio, a introdução e a conclusão.
3. Leitura seletiva: requer uma leitura mais séria, visando à seleção das
informações mais importantes relacionadas com o problema, essa seleção
exclui o supérfluo e concentra em informações mais verdadeiras e relevantes
para o problema em questão.
4. Leitura crítica ou reflexiva: é quando o leitor concentra-se nos aspectos
mais relevantes do texto, sendo capaz de separar as ideias secundárias da
ideia central. Essa é uma fase que requer reflexão que pode ser obtida por
29
meio da análise, comparação, diferenciação, síntese e julgamento das ideias
do autor da obra.
d) Leitura interpretativa: é uma leitura mais complexa e para que ela seja
proveitosa é necessário que se estabeleça critérios como: identificar quais as
intenções do autor e o que ele afirma sobre o tema, suas hipóteses,
metodologia, resultados, discussões e conclusões, relacionar as afirmações do
autor com os problemas para os quais se está procurando equacionar; saber
discernir, de forma imparcial, o que é verdadeiro ou falso.
A leitura informativa ainda é chamada de leitura de estudo. Além
dessas fases existem ainda mais duas técnicas que são necessárias: a de
saber como sublinhar e como fazer os resumos da parte que foi lida.
Muitas pessoas quando estão lendo um livro, texto ou artigo têm o
hábito de sublinhar ou marcar com lápis colorido muitas palavras ou frases de
forma excessiva. Na verdade isto só ocorre porque estes leitores não
conseguem dar destaque as palavras-chave do texto lido. (CERVO; BERVIAN,
2001).
De acordo com Lakatos e Marconi (2003) é necessários realizar
alguns procedimentos para a atividade de sublinhar, vejamos: Nunca assinalar
na primeira leitura, pois o objetivo é organizar o texto na mente de forma
hierarquizada e destacando o que for mais importante. Em seguida sublinhar
apenas as ideias principais e as partes mais importantes, usando dois traços
para o mais importante e um para os pormenores. As passagens mais
significativas do texto devem ser destacadas com linha vertical à margem do
texto, em casos de dúvidas e pontos de discordância devem ser assinaladas
com um ponto de interrogação.
O autor ainda ressalta que cada parágrafo tem que ser refeito a
partir do que foi sublinhando, sua leitura deve apresentar a fluência, sentido e
continuidade. Durante a leitura caso apareçam duvidas sobre as palavras é
necessário a consulta de um dicionário, pois o ideal é que cada palavra seja
esclarecida e compreendida assim facilitará a compreensão do texto ,nunca é
demais repetir uma leitura se necessário. Após assinalar as varias partes do
texto com cores e marcas diferentes seguem com a elaboração do esquema.
O esquema é um processo mais simples de trabalhar o conteúdo de
um texto, pois no esquema as ideias são condensadas e expressadas em
30
palavras-chaves. O processo requer um encadeamento lógico das diferentes
ideias, de modo que se possa ter uma compreensão do texto todo.
Para a realização de um esquema é necessário respeitar algumas
regras como: é preciso ser fiel ao texto, evitando encaixar as ideias deste nos
próprios pensamentos e conhecimentos; Deve-se usar os títulos e subtítulos do
texto como guias para apreensão do tema trabalhado pelo autor. Outro fator
importante é ter clareza e critério na distribuição das ideias essenciais para
manter-se fiel ao texto, além de subordinar as ideias umas das outras.
(LAKATOS; MARCONI, 2003).
Já o resumo exige um esforço maior do leitor, ao contrário do
esquema, o resumo deve formar um texto completo, de modo que garanta a
compreensão do texto original. É um instrumento importante para testar a
compreensão do texto por parte do leitor, pois permite treinar e desenvolver a
escrita.
Para fazer um resumo, o leitor deve ter lido o texto suficientemente
para compreendê-lo e ter feito anotações sobre o mesmo. Deve ser um resumo
breve e compreensível, utilizando sempre palavras sublinhadas e anotações
que foram feitas ao longo do texto. Sempre que for necessário usar uma
transcrição textual é preciso usar aspas e fazer a referência bibliográfica
completa da mesma. Para a finalização do resumo, podem-se usar ideias
integradoras e posicionamentos críticos a respeito do texto. Portanto o resumo
consiste em captar, relacionar, fixar o assunto estudado. (LAKATOS;
MARCONI, 2003).
Todas essas etapas ajudarão o pesquisador a elaborar o produto
final. Elas possibilitam que o estudioso encontre as respostas para indagações
propostas, por meio do emprego de processos científicos que vão se
diferenciar de acordo com o tratamento dado no momento que o investigador
tiver contato com os sujeitos de sua pesquisa, caracterizando inclusive o tipo
de pesquisa escolhido.
2.2 Tipos de pesquisa quanto à abordagem
Gil (2002) afirma que no ato de pesquisar há diversos tipos de fontes
para coletar dados: as de papel, características das pesquisas bibliográficas e
31
documentais, as de dados fornecidos por pessoas, próprias da pesquisa de
campo e as obtidas por meios eletrônicos e através da internet.
Além disso, as pesquisas podem ser uma abordagem quantitativa,
qualitativa ou mútua, quando há uma combinação das duas anteriores.
Vejamos a seguir cada uma delas, conforme Vieira e Matos (2001).
2.2.1 Pesquisa Qualitativa
A pesquisa qualitativa não requer o uso de métodos e técnicas
estatísticas, o ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o
pesquisador é o instrumento-chave. Os pesquisadores tendem a analisar seus
dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de
abordagem. Este tipo de pesquisa se caracteriza por reunir ou abrigar
diferentes correntes de pesquisa. Essas correntes se fundamentam em alguns
pressupostos contrários ao modelo experimental e adotam métodos e técnicas
de pesquisas diferentes dos estudos experimentais.
Nesse tipo de pesquisa o cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o
objeto de suas pesquisas. O desenvolvimento da pesquisa é imprevisível. O
conhecimento do pesquisador é parcial e limitado. O objetivo da amostra é de
produzir informações aprofundadas e ilustrativas, sejam elas pequenas ou
grandes, o que importa é que elas sejam capazes de produzir novas
informações (DESLAURIERS, 1991, p. 58). Assim a pesquisa qualitativa
preocupa-se com aspectos da realidade que não podem ser quantificados,
centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais.
2.2.2 Pesquisa Quantitativa
A pesquisa quantitativa parte do principio de que tudo pode ser
quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para
classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas
(percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de
correlação, análise de regressão etc.). É aplicada quando se deseja conhecer
a extensão do objeto de estudo e aplicam-se nos casos em que se buscam
identificar o grau de conhecimento, as opiniões, impressões, seus hábitos,
32
comportamentos, seja em relação a um produto, sua comunicação, serviço ou
instituição. Ou seja, o método quantitativo oferece informações de natureza
mais objetiva e aparente. (RODRIGUES, 2007).
Fonseca (2002) afirma que a pesquisa quantitativa se centra na
objetividade, influenciada pelo positivismo. A mesma considera que a realidade
só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos
com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros. Esse método recorre à
linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno, as relações
entre variáveis, etc.
Assim como podemos ver, tanto a pesquisa qualitativa como a
quantitativa apresentam seus pontos negativos e positivos. No entanto, se
forem usadas em conjunto permite recolher mais informações do que se
poderia conseguir, se as usamos isoladamente.
2.3 Tipos de pesquisa quanto ao seu tipo
Além da abordagem, as pesquisas podem ser classificadas quanto
ao seu tipo. Essa caracterização vai depender do conjunto de decisões
tomadas pelo autor para viabilizar a coleta e a análise de seus dados. Sendo
assim, os tipos de pesquisa vão ser definidos quanto o envolvimento do autor
com o objeto, sujeitos escolhidos, instrumentos de coleta aplicados,
organização dos dados e análise.
a) Bibliográfica
É desenvolvida a partir de materiais já publicados, ou seja, fontes
secundárias como livros, artigos científicos e atualmente materiais da internet.
Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de
trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir
de fontes bibliográficas. Segundo Lakatos e Marconi (2003), sua finalidade é
colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou
filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de
debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer
gravadas. A bibliografia pertinente oferece meios para definir, resolver, não
33
somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas nas
quais os problemas não se fixaram suficientemente. Tem como objetivo permitir
ao pesquisador o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou
manipulação de suas informações.
Assim, a pesquisa bibliográfica não é apenas repetição do que foi
publicado sobre determinado conteúdo, mas propicia o exame de um tema sob
nova abordagem, chegando a conclusões inovadoras.
Ao organizamos esse tipo de pesquisa o primeiro passo a ser feito é
um levantamento do material que você precisa pesquisar a seguir fazer uma
leitura eficiente, registrando as informações em fichas como: indicações
bibliográficas, resumo, citações transcritas e considerações pessoais,
facilitando assim o que foi lido.
b) Pesquisa Documental
Nesse tipo de pesquisa trabalha-se com material que ainda não
recebeu tratamento prévio analítico e nem foram publicados, encontra-se
muitas vezes em seus locais de origens. É usado frequentemente em museus,
acervos particulares e centros de documentação e registro. Podemos
considerar como fontes documentais: revistas, jornais, diários, filmes,
documentários, documentos adquiridos em igrejas, hospitais, associações,
documentos oficiais, cartas, contratos e relatórios de empresas. (VIEIRA;
MATOS, 2001).
c) Pesquisa de Campo
Pode ser considerada pesquisa de campo aquelas em que se
observa e coleta os dados diretamente no próprio local em que se deu o fato
em estudo, caracterizando-se pelo contato direto com o mesmo,
sem interferência do pesquisador, pois os dados são observados e coletados
tal como ocorrem espontaneamente. Geralmente, a forma de coletar os dados
na pesquisa de campo se dá através da entrevista, observação ou aplicação de
instrumentos. Conforme anunciado na introdução desse trabalho, a Pesquisa
34
de Campo foi a escolhida para a realização do mesmo. (LAKATOS; MARCONI
2003).
d) Pesquisa ex-post-facto
Esse tipo de pesquisa analisa um determinado fenômeno que
acontece após a ocorrência de um fato identificado pelo o autor. De acordo
com Gil (2002) o propósito básico desta pesquisa é o mesmo da pesquisa
experimental: verificar a existência de relações entre variáveis. Seu
planejamento também ocorre de forma bastante semelhante. A diferença mais
importante entre as duas modalidades está em que na pesquisa ex-post-facto o
pesquisador não dispõe de controle sobre a variável independente, que
constitui o fator presumível do fenômeno, porque ele já ocorreu. O que o
pesquisador procura fazer neste tipo de pesquisa é identificar situações que se
desenvolveram naturalmente e trabalhar sobre elas como se estivessem
submetidas a controles.
Vejamos um exemplo de acordo com Vieira e Matos (2001):
Dois bairros próximos com características semelhantes, sendo que
em apenas um deles tem uma escola que foi construída em um determinado
período. A partir daí podemos investigar quais foram as mudanças
significativas que ocorrem nas crianças após a instalação dessa escola e que
melhorias trouxeram para a comunidade.
e) Levantamentos
Esse tipo de pesquisa é muito utilizado em estudos exploratórios e
descritivos. Pesquisas deste tipo caracterizam-se pela interrogação direta das
pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à
solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do
problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-
se as conclusões correspondentes aos dados coletados. (GIL, 2002).
O autor ainda ressalta que os levantamentos podem ser de dois
tipos: por amostra ou população. Nos dois casos usamos a coleta direta
35
através de entrevistas ou questionários. Já quando usamos universo ou
população ao invés de usar amostra usa-se o censo.
f) Pesquisa com Survey
Trata-se de uma pesquisa de opinião pública que pode ser coletada
através de entrevistas, com o objetivo de medir a satisfação dos usuários,
avaliar o grau de conhecimentos, levantar opinião e conhecer comportamento
de determinada comunidade. (VIEIRA, MATOS, 2001).
Iremos vê que esse tipo de pesquisa é muito usado nas áreas de
marketing, ciências sociais, política, através procedimentos estatísticos,
buscando sempre conhecer atitudes, valores e crenças das pessoas
pesquisadas. Geralmente a coleta de dados pode ser feitas por envio de
questionários pelo o correio, de entrevistas por telefone e entrevistas pessoais,
porém há casos que utilizam as três formas.
g) Estudo de caso
Utilizamos esse tipo de método quando selecionamos apenas um
objeto de estudo, trata-se de uma forma de investigação bastante usada em
pós-graduação, pela a facilidade operacional que proporciona.
O estudo de caso é uma pratica simples, que oferece possibilidades
de redução de custos, apresentando como limitação a generalização de seus
dados. (VIEIRA; MATOS, 2001 apud GIL, 1987).
h) Pesquisa participante
A pesquisa participante caracteriza-se pela interação entre
pesquisadores e membros das situações investigadas. Todavia, a pesquisa-
ação geralmente supõe uma forma de ação planejada, de caráter social,
educacional, técnica. (GIL, 2002, p.55 apud THIOLLENT, 1985 p.14).
Vejamos alguns pontos são necessários para a realização dessa
pesquisa de acordo com Vieira e Matos (2001 p.47):
36
...inserção do pesquisador na realidade a que se propõe estudar utilização de um marco teórico de referência explícito, coerência entre o marco teórico de referência e a proposta metodológica; e utilização dos resultados do estudo para instrumentalizar as lutas populares, direta ou indiretamente.
A pesquisa participante rompeu com paradigmas predefinidos e
tradicionais, como o de não envolvimento do pesquisador com o pesquisado,
criticando o positivismo e tendo como questões centrais: a participação que
nega a neutralidade e o papel do informante que passa a ser sujeito do
processo.
i) Pesquisa-ação
De acordo com Gil (2002) apud Thiollent (1985), a pesquisa-ação
pode ser um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada
em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema
coletivo e no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação
ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
O primeiro passo da pesquisa ação é a exploração do local a ser
pesquisado a fim de diagnosticar o problema, a seguir avaliar-se para
identificar uma possibilidade de sanar o problema, após essa avaliação os
envolvidos passar a planejar e discutir ações e medidas.
j) Pesquisa etnográfica
Conforme Vieira e Matos (2001), essa pesquisa trata-se de um tipo
de método que usa a investigação. Inicialmente era usada por antropólogo e
em seguida por outros pesquisadores das áreas das ciências humanas e da
educação. A etnografia é uma metodologia qualitativa que faz análise descritiva
das sociedades, principalmente as tradicionais e de pequena escala.
Teve seu surgimento na área educacional por volta da década de
70, tem como características o uso de observação participante, entrevista
intensiva, interação entre o pesquisador e o objeto a ser pesquisado, a
flexibilidade para mudar o rumo da pesquisa, a ênfase no processo e não nos
resultados finais, a visão dos sujeitos pesquisados sobre as suas experiências,
37
a não intervenção do pesquisador no ambiente, e a variação do período
pesquisado que tanto pode ser de uma semana como de um mês ou até anos.
(VIEIRA; MATOS 2001).
k) Pesquisa etnometodológica
Esse termo surgiu na década de 40 através do autor Garfunkel,
quando o mesmo demonstrou que os procedimentos do raciocínio lógico ao
senso comum são idênticos aos que dirigem a atividade científica.
A pesquisa etnometodológica visa compreender como as pessoas
constroem ou reconstroem a sua realidade social. Para esse tipo de
pesquisa os fenômenos sociais não determinam de fora a conduta
humana. Pois a conduta humana é o resultado da interação social
que se produz continuamente através da sua prática cotidiana. Os
seres humanos são capazes de ativamente definir e articular
procedimentos, de acordo com as circunstâncias e as situações
sociais em que estão implicados. A pesquisa etnometológica analisa
deste modo os procedimentos a que os indivíduos recorrem para
concretizar as ações diárias. (FONSECA, 2002, p.36).
Na área da educação, alguns autores afirmam que as interações
estabelecidas com os diversos sujeitos durante a pesquisa devem fazer parte
da investigação, defendem ainda que sejam abandonadas as hipóteses antes
de pesquisa de campo e que as descrições dos membros passem a ser
consideradas instruções para a pesquisa. (VIEIRA; MATOS, 2001).
l) Pesquisa com história oral, história de vida e depoimento pessoal.
A história oral é um dos mais tradicionais modos de transmissão
cultural, foi criticada pelos positivistas que encontram nela elementos
subjetivos. Ela tem sobrevivido ao longo dos séculos, o que reforça a razão da
sua existência. A história oral resulta de uma cumplicidade entre o
entrevistador e o entrevistado numa produção conjunta. Como em qualquer
outra modalidade envolve um projeto, a realização de uma investigação
exploratória para que se tenha uma definição de quem vai ser entrevistado, e a
38
preparação de um roteiro para a entrevista. Seu objetivo é compreender a
sociedade através do olhar dos indivíduos que nela vivem, provocando um
debate sobre o significado da história para os sujeitos. (VIEIRA; MATOS,
2001).
Já a história de vida estuda acontecimentos históricos, baseada em
relatos de pessoas, privilegiando sua trajetória. Alguns autores julgam que
podem ser somadas aos relatos do investigado, informações narradas por
outras pessoas. Outros, todavia, consideram que só se utiliza história de vida
quando os próprios sujeitos falam sobre a sua trajetória (VIEIRA; MATOS, 2001
apud KUNRATH, 1998).
Por outro lado o depoimento pessoal é um tipo de história de vida
que se limita aos relatos de fatos que foram presenciados pelo o sujeito, o
pesquisador é que direcionará a entrevista ao seu interesse especifico,
enquanto na historia de vida a entrevista é livre.
m) Pesquisa experimental
Geralmente é feita por amostragem (conjunto representativo, parte
de um universo), pois consiste em reproduzir um fenômeno em um espaço
onde o pesquisador, por meio de instrumentos, escolhe variáveis que são
denominadas dependentes e independentes. (VIEIRA; MATOS, 2001).
Para Gil (2002), a pesquisa experimental consiste em determinar um
objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo,
definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz
no objeto.
Esse tipo de pesquisa segue um planejamento bastante rigoroso,
tende-se a adotar métodos quantitativos. Os experimentos são mais facilmente
realizados nas ciências empírico-formais, como a biologia e a química, embora
alguns utilizem também em algumas áreas de conhecimento ligadas a
educação como é o caso das correntes comportamentalistas da psicologia da
aprendizagem.
Portanto como podemos observar temos diferentes formas de
pesquisa, o uso delas vai depender do pesquisador, do objeto de estudo,
tempo, recursos e outras variáveis.
39
3 O PROFESSOR PESQUISADOR/REFLEXIVO
Há tempos vem se discutindo a formação do profissional da
educação e as contribuições que esse profissional pode trazer para a
sociedade. Esse profissional deve ser dotado de conhecimentos que
promovam mudanças significativas na vida das pessoas. Nos dias atuais é
necessário que o mesmo tenha em sua bagagem uma formação inicial através
de cursos de licenciaturas e a permanente, pois só a formação inicial sozinha
não é suficiente para que o profissional aplique uma metodologia eficaz.
A formação inicial do professor deve capacitá-lo à sua profissão.
Para que isso ocorra é necessária uma formação que proporcione
conhecimentos e promova atitudes que valorizem a necessidade de
atualização permanente, frente às mudanças da realidade. Os professores
precisam estar preparados para entender as transformações que vão surgindo,
serem receptivos e abertos a concepções pluralistas.
É preciso, para isso, que os formadores introduzam na formação
inicial uma metodologia que desperte a investigação. Deveriam proporcionar
condições aos futuros docentes de serem capazes de analisar, criticar, refletir
de uma forma sistemática sobre sua prática docente com o objetivo de
conseguir uma transformação escolar e social e uma melhoria na qualidade do
ensinar e de inovar (IMBERNÓN, 1994, p.50).
Um fator importante na capacitação do profissional é a atitude do
professor ao planejar sua tarefa docente não apenas como um técnico infalível
e sim como facilitador de aprendizagem, como um prático reflexivo, capaz de
provocar a cooperação e a participação dos alunos.
O processo de formação deve ainda dotar os professores de
conhecimentos, habilidades e atitudes para desenvolver profissionais
reflexivos, que sejam capazes de refletir sobre a sua própria prática docente,
estabelecer estratégias de pensamento e de percepção.
Na formação permanente dos professores, o momento fundamental
é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de
hoje e de ontem que se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso
teórico, necessário à reflexão crítica, tem que ser de tal modo concreto que
quase se confunda com a prática. (FREIRE, 1996, p. 22).
40
A formação assume um papel que vai além do ensino da atualização
científica, pedagógica e didática e se transforma na possibilidade de criar
espaços de participação, reflexão e formação para que as pessoas aprendam e
se adaptem para poder conviver com a mudança e com a incerteza.
Em uma sociedade democrática é fundamental formar professor na
mudança e para a mudança por meio do desenvolvimento de capacidades
reflexivas em grupo, e abrir caminho para uma verdadeira autonomia
profissional compartilhada, já que a profissão docente precisa partilhar o
conhecimento com o contexto.
Paulo freire (1996) afirma que faz parte da natureza da prática
docente a indagação, a busca, a pesquisa. O que se precisa é que, em sua
formação permanente, o professor se perceba e se assuma como pesquisador.
Diante disso, é necessário fazermos a seguinte indagação: afinal o
que seria um professor- pesquisador-reflexivo?
Segundo Brum e Gasparin (2012) apud Garcia (2007), o professor
pesquisador é aquele que parte de questões relativas à sua prática com o
intuito de melhorá-la. A autora ainda cita que há diferenças entre a “pesquisa
do professor” e a “pesquisa acadêmica ou científica”.
No que diz respeito à finalidade ela aponta que a pesquisa
acadêmica tem a preocupação com a originalidade, a validade e a aceitação
pela comunidade científica. A pesquisa do professor tem como finalidade o
conhecimento da realidade para transformá-la, visando à melhoria de suas
práticas pedagógicas e a de seus colegas de profissão. Em relação ao rigor, a
mesma afirma que como o professor pesquisa sua própria prática ele encontra-
se envolvido com seu objeto de pesquisa, diferentemente do pesquisador
teórico.
Em relação aos objetivos, ela aponta que a pesquisa do professor
tem caráter utilitário, os resultados existem para serem usados na sala de aula.
A pesquisa acadêmica em Educação em geral está conectada com objetivos
sociais e políticos mais amplos.
Portanto “... o professor-pesquisador centra-se na consideração da
prática, que passa a ser meio, fundamento e destinação dos saberes que
suscita, desde que esses possam ser orientados e apropriados pela ação
reflexiva do professor.” (Miranda 2006, p. 135).
41
Para ser um professor reflexivo é importante que esse tenha um
espírito investigador, que seja capaz de avaliar-se, de identificar seus
problemas, questionar valores, observar o contexto, assumir responsabilidades
por seu desenvolvimento e ações. Portanto vale ressaltar que a reflexão sobre
a prática é fundamental, pois assim o professor poderá avaliar-se e ter
condições para rever e modificar suas ações. Refletir é um processo que
ocorre tanto antes, durante e depois da ação do professor, constituindo assim
um processo de reflexão na ação e sobre a ação. Tal atitude, a reflexão,
apareceria como indispensável na prática pedagógica. (Miranda 2006).
Mas qual a relação entre professor pesquisador e professor
reflexivo?
O professor pesquisador e o professor reflexivo, no fundo, correspondem a correntes (conceitos) diferentes para dizer a mesma coisa. São nomes distintos, maneiras diferentes dos teóricos da literatura pedagógica abordarem uma mesma realidade. A realidade é que o professor pesquisador é aquele que pesquisa ou que reflete sobre a sua prática. Portanto, aqui estamos dentro do paradigma do professor reflexivo. É evidente que podemos encontrar dezenas de textos para explicar a diferença entre esses conceitos, mas creio que, no fundo, no fundo, eles fazem parte de um mesmo movimento de preocupação com um professor que é um professor indagador, que é um professor que assume a sua própria realidade escolar como um objeto de pesquisa, como objeto de reflexão, como objeto de análise [...] a experiência por si só não é formadora (NÓVOA, 2001, s/p SP - Entrevista concedida em 13 de setembro 2001 Programa Salto Para o Futuro!) .
Neste sentido, percebe-se a importância da formação de um
professor reflexivo/pesquisador, ou seja, a formação de um profissional capaz
de analisar sua própria prática e através desta análise aprimorar sua prática
pedagógica no sentido de formar cada vez mais pessoas capazes de pensar,
formar para o pensamento e não simplesmente para a recepção de
informações.
3.1 Discutindo Pedagogia e Pesquisa
Na área da educação, discute-se a importância da pesquisa na
formação do pedagogo, formulação presente inclusive nas Diretrizes
Curriculares Nacionais (2010). A proposta divulgada é a transformação do
42
educador em educador pesquisador, pois o mundo contemporâneo, na sua
velocidade de transmissão de informações, cobra uma postura dinâmica de
constante renovação na busca do objetivo de formar profissionais
pesquisadores na sua ação docente. (BRUM; GASPARIN 2012).
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o Curso de
Graduação em Pedagogia, licenciatura (Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de
maio de 2006) define as atribuições legais, princípios, condições de ensino e
de aprendizagem, procedimentos a serem observados em seu planejamento e
avaliação, pelos órgãos dos sistemas de ensino e pelas instituições de
educação superior.
O documento estabelece, no Art. 3º, que para a formação do
licenciado em Pedagogia é central: “[...] II - a pesquisa, a análise e a aplicação
dos resultados de investigações de interesse da área educacional” (2006, p. 1).
No Art. 5º, define que o egresso do curso de Pedagogia, deverá estar apto a:
“[...] IV - realizar pesquisas que proporcionem conhecimentos, entre outros:
sobre alunos e alunas e a realidade sociocultural em que estes desenvolvem
suas experiências não escolares; sobre processos de ensinar e de aprender,
em diferentes meios ambiental-ecológicos; sobre propostas curriculares; e
sobre organização do trabalho educativo e práticas pedagógicas;” (2006 p. 2-
3).
O ato da pesquisa deve ser inerente ao ser profissional, para Nóvoa
(2001), em dada época histórica em que nos encontramos o professor não tem
como afastar-se do perfil daquele profissional que está sempre atento ao que
de relevante pode ser pesquisado e aplicado na área educacional, sendo esse
professor, o próprio pesquisador e autor de metodologias para sua área de
atuação.
Nesse sentido, é importante que o professor prime em sua prática
pela pesquisa como algo pertinente a sua rotina. Demo (1997) define a
pesquisa para esse profissional como condição fatal de sua prática, algo que
deve ser estabelecido como passo primordial não apenas com o ar de
cientificidade, mas sim de um professor que produz saber concreto e elemento
de pesquisa oriundo a sua realidade educacional.
O autor ainda ressalta que quando a pesquisa é comum em sala, o
paradigma que a pesquisa se faz no nível científico é rompido, a pesquisa
43
posiciona o ato educacional como um objeto plausível de ser experimentado,
ainda que à luz de conhecimentos dialéticos, mas que por sua vez, são
carregados de elementos que se somam à formação continuada do professor
que almeja aprimorar sua prática. Assim, o professor que utiliza da pesquisa
como subsídio para o seu amadurecimento profissional vem a refletir sobre sua
prática educativa, buscando analisar constantemente com cautela a sua prática
pedagógica, refletindo sobre a mesma para transformar suas práticas em
pesquisas.
Paulo Freire (1996), ainda afirma que ensinar exige pesquisa, pois
há não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino, os dois andam juntos,
o professor quando pesquisa ele ensina, busca, comprova, conhece e educa. O
autor ainda ressalta que ensinar exige que o pedagogo busque ser crítico em
sua prática, e leve seu aluno a produzir seu conhecimento. Outro ponto
importante é que o professor deve refletir sobre a sua prática de hoje e de
ontem para que possa melhorar a próxima prática.
44
4 A PESQUISA CIENTÍFICA E O PEDAGOGO PESQUISADOR: O QUE
FALAM OS DADOS
Antes de discutirmos os resultados em questão, retomamos aqui as
questões centrais desse trabalho. Inicialmente porque o principal objetivo
desse estudo foi o de refletir sobre a importância da pesquisa científica na
formação do pedagogo e quais as suas contribuições.
Em segundo lugar, que ele trata de um estudo de caso,
considerando o curso de Pedagogia da Faculdade Cearense - FAC como
campo. O referido curso foi criado a partir do Decreto de Nº 40, Art. 63. A
autorização do curso data do ano de 2007, e o mesmo já cumpriu todas as
formalidades de reconhecimento por parte do Ministério da Educação. Como
exige a legislação também discutida nesse estudo no capítulo 3, o curso de
Pedagogia da FaC tem como missão:
Contribuir na formação de professores habilitados para o magistério da Educação Infantil, nas séries iniciais do ensino fundamental bem como nas atividades docentes relativas à organização e gestão dos sistemas de ensino em espaços escolares e não-escolares, atuando de forma ética e responsável”. (FACULDADE CEARENSE, 2009).
Atualmente, o curso possui 241 alunos vinculados, e é formado por
46 disciplinas, distribuídas em 7 semestres. Analisando o Projeto Político
Pedagógico desse curso, observa-se que ele forma um pedagogo para atuar
em diferentes níveis da prática educativa, tendo como campo de atuação
diversas opções devido ao fato da ação educativa na sociedade ser tão
abrangente.
Sendo assim, conforme o PPP do Curso de Pedagogia da FAC, sua
ação pode ser desdobrada no nível escolar e no nível extraescolar, sempre
atentando às demandas propostas pela sociedade e não numa visão unilateral
de mercado. Em âmbito escolar, pode atuar nos níveis centrais e intermediários
do sistema de ensino (planejamento, gestão, supervisão do sistema) ou
diretamente na escola.
45
4.1 Aluno, Professor e Pesquisador: compreendendo concepções e
dificuldades
Conforme já dito, na introdução desse trabalho, foram aplicados 26
questionários com alunos e ex-alunos do curso de Pedagogia da Fac, nosso
foco eram os alunos que já tivessem vivenciado algum momento de pesquisa
sistemático, a partir do currículo do curso. Por conta disso, incluímos no
estudo, 18 alunos em fase de conclusão e 8 alunos que já concluíram.
Baseando-se nas primeiras respostas, encontramos já alguns dados
relevantes. Dois alunos disseram que estão elaborando o projeto ao tempo que
coletam os dados da pesquisa. Isso sinaliza que os mesmos possuem
dificuldade em compreender as fases da pesquisa científica. De acordo com Gil
(2002), as fases da pesquisa precisam ser devidamente obedecidas para não
comprometer os resultados da investigação.
Faz-se necessário que o pesquisador parta de uma pergunta central,
delimitada e pertinente. A partir de então, elabore seu referencial teórico,
baseando-se em estudos já desenvolvidos e em suporte incontestável.
Somente a partir de compreender o fenômeno, o pesquisador deve optar pela
escolha do melhor método e elaboração dos instrumentos para coleta de
dados.
Caso essas etapas sejam desobedecidas, corre-se o risco de não
haver amadurecimento o suficiente para perceber, em campo, todos os novos
conhecimentos que esse problema traz. Sendo assim, o pesquisador precisa
ter claro que é o processo de investigação que constrói o novo saber e não
somente seus resultados finais.
A partir dos questionários aplicados com os 26 participantes da
pesquisa, organizamos os dados em 05 categorias de análise: A primeira
vamos chamar de categoria A: concepção da pesquisa científica. Em seguida
tem a categoria B: importâncias da monografia. Depois vem a categoria C:
dificuldades em elaborar uma pesquisa científica. Logo após, a categoria D:
aprendizagens a partir da pesquisa, e por fim a categoria E: o curso e a
pesquisa científica. Essa informação se faz importante porque elas tanto
contribuíram para a análise dos resultados como também para uma
apresentação mais didática dos mesmos.
46
A primeira delas retrata a concepção de pesquisa que o aluno ou
egresso de Pedagogia possui. Nesse sentido, foi perguntado para eles “O que
é pesquisa científica?”.
Vejamos no gráfico I: Concepção de pesquisa
Fonte: Elaborado pela autora.
No geral, os alunos demonstraram dificuldades de definir,
aparecendo ainda à concepção de pesquisa apenas como um estudo
sistemático da realidade, feita com procedimentos metodológicos; Vejamos o
exemplo do entrevistado 25: “É um ato de coleta, análise, interpretação e
transcrição de um determinado assunto pesquisado em diversas fontes, sejam
bibliográficas ou de campo”.
Analisamos ainda que 10 dos Entrevistados afirmaram que
pesquisar é investigar e construir novos conhecimentos como, por exemplo, o
entrevistado 09, ”É a pesquisa fundamentada em teorias já existentes através
dessa pesquisa, que novas concepções surgem e concordam ou não com as
pesquisas já realizadas. Sempre estou à procura de resultados fundamentados,
etc.”
Esse último depoimento, vai ao encontro da ideia de Matos e Vieira
(2001), que afirmam que a pesquisa é a atividade principal da ciência que
permite a aproximação e o entendimento da realidade de que investigamos, e,
além disso, fornece alimentos para possibilitar a intervenção no real. Assim,
7
2
10
10
Não souberam ou deram respostas vagas
Algo distante da realidade
Investigação e construção de novos conhecimentos
Estudo sistemáticos da realidade
A: Concepção de pesquisa
47
pesquisar não representa apenas refletir e entender os fenômenos, liga-se
diretamente a uma possível ação, que poderá ou não ser realizada. Portanto,
pesquisar é originalmente uma atividade consciente de profunda
sistematização, busca e reflexão sobre aquilo que já foi produzido e todo o
resto que está sendo encontrado.
Já na categoria que indagamos sobre a importância da monografia
para a formação do entrevistado temos os seguintes dados:
Gráfico II: Importância da monografia
Fonte: Elaborado pela autora.
Nesse caso identificamos que os alunos que não souberam definir o
que era pesquisa científica, também não souberam justificar a sua importância
para a sua formação. Porém, observamos um dado bastante relevante 03
alunos afirmaram que veem a monografia como algo de importância
secundária, pois a prática e a experiência é algo mais relativo para eles,
vejamos o exemplo do entrevistado 6, ”Tem um papel importante. Diria para
você que não acho importante, pois defendemos somente o que estudamos
sobre o nosso assunto e os demais não, então para mim o mais importante é a
prática ,a experiência .” Conforme Demo (1997), pesquisa significa diálogo
crítico e criativo com a realidade, culminando na elaboração própria e na
capacidade de intervenção. Em tese, pesquisa é a atitude do ‘aprender a
apreender’, e, como tal, faz parte de todo processo educativo e emancipatório.
O autor ressalta ainda que pesquisa para o professor é condição
primordial de sua prática, algo que deve ser estabelecido como passo
8
4
3
8
4 1
Reconhecem, porém não sabem justificar.
Somente para obter nota e cumprir norma acadêmica
Importância secundária vê a prática com algo mais relevante
Contribui para o desenvolvimento profissional
Capacita a ter novos conhecimentos acerca da temática escolhida
Reconhece a importância e afirma capacitar para ser um pesquisador na área escolhida
B: Importância da monografia
48
imprescindível, não apenas com o ar de cientificidade, mas sim de um
professor que produz saber concreto e elemento de pesquisa oriundo de sua
realidade educacional. Lembramos que negar a pesquisa como instrumento de
construção do novo saber é negar a si mesmo, como produtor de novas ideias.
O que não colabora com o ideal de professor pesquisador.
Quanto à categoria dificuldades, podemos citar: a falta de tempo
para estudar foi a que mais se destacou, pois 15 alunos apontaram essa como
principal dificuldade, logo em seguida, temos 11 alunos sinalizando as
dificuldades que eles tiveram de delimitar o tema para a sua monografia. As
demais dificuldades podem ser vistas no gráfico abaixo.
Gráfico III: Dificuldades em realizar pesquisa científica
Fonte: Elaborado pela autora.
Percebe-se aqui, algo que é sentido pelos cursos de
graduação em geral: o academicismo da pesquisa restringe essa prática a um
grupo seleto de pensadores, fazendo com que os demais, envolvidos no saber
científico não compreendam suas funções e não se reconheçam como tais.
Sabemos que existem normas específicas para a escrita acadêmica, técnicas
de estudo, já apontadas por Lakatos e Marconi (2003), porém, o exercício da
escrita acadêmica firma-se na prática da leitura e da própria escrita. Sendo
15
11 10
3
9
2 3 3
C: Dificuldades
Falta tempo para estudar
Delimitar tema
Ansiedade na apresentação ou as muitas disciplinas atrapalham
Não tem recursos para livros
Escrita acadêmica
Não conseguem contato ou demoraram para um encontrar orientador Encontrar material
Não compreendem o que os autores dizem
49
assim, faz-se necessário pensar em uma escola (básica ou superior) na qual a
prática da pesquisa científica seja difundida e exercitada.
Em relação à categoria saberes que o entrevistado adquiriu com a
sua monografia ou categoria D, temos os seguintes dados.
Gráfico IV: Saberes adquiridos com a pesquisa
Fonte: Elaborado pela autora.
Diante desses dados, observamos que 11 alunos informaram que
adquiriram novos saberes relacionados à temática escolhida como, por
exemplo, o caso do entrevistado 20.
Exemplo: “Aprendi quanto ao tema abordado. Porém, sabe-se que
qualquer estudo sempre está para além dele mesmo”.
Isso reforça o que Paulo Freire (1996), afirma: que ensinar exige
pesquisa, pois não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino, os dois
andam juntos, o professor quando pesquisa ele ensina, busca, comprova,
conhece, aprende e educa. O autor ainda ressalta que ensinar exige que o
pedagogo busque ser crítico em sua prática, e o leve seu aluno a produzir seu
conhecimento reflita sobre a sua prática de hoje e de ontem para que possa
melhorar a próxima prática.
E por fim, a categoria da colaboração das disciplinas para
elaboração da monografia ou categoria E.
Gráfico V: Colaboração das disciplinas: Dos que disseram Sim
6
8
11
2
Não souberam ou deram respostas vagas
Aprenderam a conhecer,pesquisar,criticar e estudar
Saberes relacionados a temática que escolheram
Algo simples e prazeroso
50
Fonte: Elaborado pela autora.
Dos 26 entrevistados, 21 responderam que as disciplinas
colaboram, porém gostaríamos de destacar aqui o exemplo dos 04 alunos que
afirmaram que somente as disciplinas que englobam a pesquisa científica que
os ajudam, nesse caso esquecendo que em todas as disciplinas é possível ter
pesquisa, isso mostra que eles apenas relacionam as disciplinas do Trabalho
de Conclusão I e II, Metodologia do Ensino Acadêmico e Pesquisa em
Educação como disciplinas de pesquisa, como por exemplo, o entrevistado 3,
”Sim, as disciplinas de TCC1,Metodologia do Ensino e Pesquisa em Educação
ajudaram muito “.
Gráfico V: Colaboração das disciplinas: Dos que disseram não
Fonte: Elaborado pela autora.
4
4
7
4
2
21 alunos disseram que sim Sim,porém poucas
Só as de pesquisa científica
Ajudam a ter senso crítico e traz base teórica
Motivam novos estudos
Todas
1
2
1
1
5 alunos disseram não Ausências dos professores
Os professores não apronfundam ou passam rapidamente o conteúdo
Não há tantas exigências nos trabalhos acadêmicos como no TCC
Não colaboram em nada
51
Dos 05 que responderam que as disciplinas não colaboram,
analisaremos o exemplo de dois entrevistados, primeiro o entrevistado 7: ”Não,
pois os professores não se aprofundaram nos assuntos ou foram passados
com rapidez ,foi breve”. E também o entrevistado 10: “Não, porque acabamos
estudando de modo superficial. Na verdade somente tive ideia da magnitude do
TCC na cadeira de TCC1 (6º semestre), véspera da conclusão. Não há tantas
exigências nos trabalhos como as regras postas para o trabalho de conclusão
(TCC). Sendo assim, a instituição deixa falhas em nosso percurso acadêmico e
na compreensão da importância do encerramento de nossa formação”.
Diante disso, afirmamos que 07 dos entrevistados tem ideia vaga ou
não sabem o que é pesquisa científica. Vale ressaltar que os entrevistados em
questão foram alunos que estão elaborando o projeto de pesquisa, nesse caso
alunos do 6º semestre, outros estão no 7º semestre fazendo já o seu TCC e
outros já concluíram o curso. Percebemos também que os alunos quando não
compreendem o que é Pesquisa ficam com uma lacuna e não conseguem dar
respostas satisfatórias nas outras questões abordadas. Outra questão que
precisa ser desarticulada é a ideia de que Pesquisa Científica existe apenas no
Trabalho de Conclusão de Curso, pois pesquisa vai além disso.
Vale ressaltar o que dizem Vieira e Matos (2001), quando afirmam
que a pesquisa é a atividade principal da ciência que permite a aproximação e
o entendimento da realidade de que investigamos, e, além disso, fornece
alimentos para possibilitar a intervenção no real. Assim, pesquisar não
representa apenas refletir e entender os fenômenos, liga-se diretamente a uma
possível ação, que poderá ou não ser realizada.
Outro desafio é analisar o que falta para que esses alunos do curso
de Pedagogia internalizem a ideia de pesquisa. A faculdade deve incentivar e
mostrar aos alunos a importância que a pesquisa tem, mostrando que pesquisa
pode ser feita em todas as disciplinas.
Não podemos deixar de citar que a Faculdade promove um evento
chamado de Semana da Iniciação Científica, que é um bom passo, porém não
está sendo suficiente. Talvez se a instituição promovesse aos alunos em sala,
aulas que incentivassem os mesmos ou até explicasse sobre pesquisa,
palestras. Promovesse rodas de conversas em sala para analisar até que ponto
52
os alunos sabem sobre esse assunto, ou até mesmo promover mais iniciação
de projetos nas disciplinas com o mesmo rigor que se exige nos projetos
científicos, pois talvez com a vivência possa se trazer uma aprendizagem mais
significativa.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados analisados, percebe-se que os alunos
restringem a prática de pesquisa científica a um grupo seleto de pessoas. Eles
compreendem que só quem pode pesquisar é alguém que tem muito
conhecimento, ficando assim claro que pesquisa é algo que eles consideram
distante da sua realidade. Indo dessa forma de encontro à ideia de Paulo Freire
(1996), que afirma que ensinar exige pesquisa, pois não há ensino sem
pesquisa e pesquisa sem ensino, os dois andam juntos, o professor quando
pesquisa ele ensina, busca, comprova, conhece, aprende e educa. O autor
ainda ressalta que ensinar exige que o pedagogo busque ser crítico em sua
prática, e leve seu aluno a produzir seu conhecimento e refletir sobre a sua
prática de hoje e de ontem para que possa melhorar a próxima prática.
Foi percebido também que os alunos não sabem ou confundem
pesquisa científica com o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), chamamos
atenção para o fato dos alunos estarem vivenciando a pesquisa e mesmo
assim terem dificuldade de defini-la. Isso significa dizer que é preciso pensar
em estratégias onde a ideia da pesquisa seja mais bem difundida em todo o
curso e não somente nas disciplinas de TCC. Os alunos precisam entender a
concepção de que em todas as disciplinas seja em sala ou em campo, podem
ser fontes de pesquisa, como por exemplo, a disciplina de Educação
Ambiental. Os alunos sempre participam de aulas de campo, além de
enriquecer os seus conhecimentos eles devem e podem fazer a partir daí uma
pesquisa.
Mesmo com a iniciativa da faculdade de realizar a “Semana da
Iniciação Científica” e de alguns professores incentivarem os alunos a
pesquisar e apresentar projetos, isso não está trazendo grandes mudanças, o
que no nosso entendimento pode ser a falta de compreensão dos alunos sobre
53
o assunto abordado, pois não conhecendo o assunto, como irão participar com
segurança dessa iniciativa?
Outro ponto são as dificuldades citadas pelos entrevistados como:
escrita acadêmica, falta de compreensão sobre o que os autores dizem ,falta
de recursos para livros e o fato de não encontrarem material adequado para a
leitura.
Diríamos que pesquisar exige disciplina e comprometimento, pois a
escrita acadêmica só pode ser aprimorada com leitura, assim como a
compreensão dos textos lidos.
Quanto aos livros e material adequado os alunos podem suprir tais
dificuldades encontrando-os disponíveis na biblioteca da própria Faculdade ou
em outras bibliotecas, além dos diversos artigos de sites confiáveis disponíveis
gratuitamente na internet.
Portanto, vale ressaltar aqui que o estudante deve ter em mente que
pesquisa vai além da vida acadêmica, pesquisa é algo que acompanha o
profissional por toda a vida, como tão bem ressalta Demo (1996), quando fala
que a pesquisa ao se tornar comum em sala rompe o paradigma de que
pesquisa só se faz em nível científico.
Paulo freire (1996) afirma que faz parte da natureza da prática
docente a indagação, a busca, a pesquisa. O que se precisa é que, em sua
formação permanente, o professor se perceba e se assuma como pesquisador.
Diante disso acreditamos que é através da pesquisa que o professor aprende,
ensina, cresce, avalia suas ações, torna-se cada vez mais crítico, rompe
barreiras, amadurece e torna-se sujeito das suas próprias transformações,
melhorando assim as suas ações de hoje, de ontem e de amanhã, bem como a
de seus alunos.
54
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ANEXO