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MARIA APARECIDA DE SOUZA
PROJETO - PDE
A REPROVAÇÃO DOS ALUNOS NA 5ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL: RELAÇÕES
COM O ENSINO E A APRENDIZAGEM
ORIENTADORA: Dra. Sandra Regina Ferreira de Oliveira – UEL
Londrina 2011
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PROGRAMA- PDE CADERNO PEDAGÓGICO
A REPROVAÇÃO DOS ALUNOS NA 5ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL:
RELAÇÕES COM O ENSINO E A APRENDIZAGEM
Material Didático apresentado a Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED, como requisito parcial de participação no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, área de Pedagogia na Universidade Estadual de Londrina. Orientadora: Profª. Dra. Sandra Regina Ferreira de Oliveira - Universidade Estadual de Londrina – UEL.
Londrina 2011
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Ficha Catalográfica Produção Didático-Pedagógica Professor PDE/2011
Titulo
A Reprovação dos Alunos na 5ª série do Ensino Fundamental: Relações com o ensino e a Aprendizagem
Autor Maria Aparecida de Souza
Escola de Atuação
Colégio Estadual Professor Dr. Heber Soares Vargas – Ensino Fundamental e Médio
Município da escola
Londrina
Núcleo Regional de Educação
Londrina
Orientador
Profª. Dra. Sandra Regina F. de Oliveira
Instituição de Ensino Superior
Universidade Estadual de Londrina- UEL
Área do Conhecimento
Pedagogia
Produção Didático-Pedagógica (indicar o tipo de produção conforme Orientação (03/2008 disponível na página do PDE)
Caderno Pedagógico
Relação Interdisciplinar (indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)
Pedagogia, Gestão Escolar, Trabalho Docente
Publico Alvo (indicar o grupo no qual o professor PDE desenvolveu o trabalho: professores, alunos, comunidade...)
Grupo formado por professores e Equipe pedagógica do colégio.
Localização (identificar nome e endereço da escola de implementação)
Colégio Estadual Professor Dr. Heber Soares Vargas – Ensino Fund. e Médio Rua: Mª Oliveira Melo, 85 - Jdm San Fernando Bairro Califórnia – Londrina
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Apresentação: (descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação devera conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 espaçamento simples
Este Material pedagógico tem a finalidade de apresentar subsídios teóricos/práticos para facilitar a compreensão sobre a atuação do professor regente nas 5ªs séries (6ºs anos) na escola pública paranaense, com a finalidade de: diminuir os índices de repetência e evasão nessa fase escolar; Organiza-se em dez encontros de grupos de estudos com professores e equipe pedagógica. Objetiva-se fomentar e orientar as discussões sobre o tema em questões a partir de leituras, filmes, palestras e análise de dados estatísticos e respostas aos questionários referentes à reprovação dos alunos na 5ª série (6º ano) do ensino fundamental. . A reflexão e o estudo sobre esse tema perpassam pela compreensão sobre o indivíduo que reprova na 5ª série e o trabalho docente. Esse conhecimento colabora para um maior entendimento da realidade e permite ao professor uma nova ação pedagógica sobre os indivíduos. Ao término de cada grupo de estudo, será realizada uma síntese geral, a qual poderá se constituir em material de apoio para as atividades seguintes e para o cotidiano dos professores nas salas de aula das 5ªs séries (6ºs anos).
Palavras-chave (3 a 5 palavras)
Trabalho docente. Reprovação. 5ª série (6º ano)
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SUMÁRIO
1- IDENTIFICAÇÃO..................................................................................................06
2- APRESENTAÇÃO................................................................................................07
3- OBJETIVOS..........................................................................................................11
4- ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO............................................................12
4.1 – Proposta 1: Estudos de Fundamentação Teórica......................................13
4.2 – Proposta 2: Filme – Esperando Super Homem.........................................14
4.3 – Proposta 3: Questões Para Debate...........................................................14
4.4 – Material .....................................................................................................15
4.5 – Etapas Para o Desenvolvimento do Trabalho............................................24
5- INDICAÇÃO DE OUTRAS LEITURAS..................................................................27
6- CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................28
7- REFERÊNCIAS.....................................................................................................29
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1) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO: PROFESSORA PDE: Maria Aparecida de Souza
ÁREA PDE: Professor Pedagogo
NRE: Londrina
PROFESSOR ORIENTADOR: Sandra Regina Ferreira de Oliveira
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR VINCULADA: Universidade Estadual de Londrina
ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Professor Dr. Heber Soares Vargas –
Ensino Fundamental e Médio
PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: Professores atuantes na 5ª série do Ensino
Fundamental
TEMA: Atuação Docente na 5ª série
TÍTULO: A Reprovação dos Alunos na 5ª série do Ensino Fundamental: Relações com o
ensino e a Aprendizagem
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2- APRESENTAÇÃO:
Este material didático, organizado na forma de Caderno Pedagógico, é
parte integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE e tem
por finalidade estudar a questão da reprovação dos alunos na 5ª série do
ensino fundamental e a relação com o ensino e a aprendizagem.
A temática em questão é relevante para a construção do material
didático o porque o desenvolvimento cognitivo é um processo que perpassa
aspectos maiores que simplesmente o domínio de métodos e técnicas de
ensino; é antes um condicionador para a aquisição de múltiplas informações
as mais diversificadas possíveis na construção do conhecimento.
Nesta fase escolar, o aluno sofre muita transformação Ele se vê diante
de outra matriz curricular em momento no qual sua vida emocional e afetiva
está oscilante. Os alunos não querem se perceber como crianças, mas, por
outro lado, ainda não possuem habilidades em potencial para resolver a
contento os problemas que surgem ao lidar com diferentes disciplinas no dia-a-
dia da escola.
Assim é muito próprio que nessa idade as dificuldades de aprendizagem
não estejam somente relacionadas à compreensão dos conteúdos. Tais
dificuldades devem ser compreendidas a partir de uma série de fatores que
surgem no desenvolvimento pessoal que interferem nas situações de sala de
aula.
Como afirma Costa (1994, p.19) “[...]
“[...] o aluno fracassa não como um indivíduo isolado, mas
situado num contexto, produto de uma classe social. Pretende-se poder fazer uma mediação entre o indivíduo e o social. Pretende-se, portanto, ao se procurar desmistificar o conceito de patologia atribuído a crianças que fracassam, mostrar que ela não só é capaz de aprender, mas também apresenta uma especificidade própria de pensamento, diretamente relacionado
à sua classe social de origem. “[...] .
Por isso propomos, ao procurar caminhos para reverter a situação de
fracasso, que as análises não sejam realizadas somente a partir do aluno. Faz-
se necessário questionar a escola e todo sistema lançando um olhar ao
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ambiente educacional onde o aluno está inserido. Trata-se de um trabalho a
ser desenvolvido em grupo por todos os envolvidos na escola.
Percebe-se claramente que a transição no Ensino Fundamental, da 4ª
para a 5ª série gera em alunos e familiares certa ansiedade e muita incerteza.
Os alunos em geral se perguntam “Prá que turma vou?” "Quantos professores
terei?" , "As tarefas serão as mesmas?", "Como será essa nova jornada escolar
a partir da 5ª série, com muitos professores?"
Muitos alunos chegam a faltar nos dias iniciais de aula por causa do
desconhecido ou para evitar o contato com os alunos mais velhos. Vários
precisam passar também pelas dificuldades no processo de adaptação a uma
escola diferente. Enfim o perfil dos alunos que ingressam na 5ª série é
composto por diversas variáveis: ao mesmo tempo em que se encontram
temerosos, ansiosos e com muitas dúvidas sobre a nova série, eles também
têm uma curiosidade aguçada e demonstram um desejo de aprender que,
muitas vezes é frustrado ao meio de tantas mudanças por parte dos alunos
aliado a incompreensões por parte dos professores.
Nas pesquisas realizadas sobre o assunto, Dias-da-Silva nos diz que a
5ª série é:
[...] uma série que historicamente concretiza a ruptura entre “primário” e “ginásio”, concepção bacharelesca do ensino elementar. Quinta série que centraliza as maiores dificuldades de trabalho para os professores de 5ª a 8ª série. Série que vem sendo apontada como um dos maiores entraves no ensino de 1º grau. Série que concretiza no dia-a-dia da escola, a negação do direito de escolaridade elementar de oito anos de todo cidadão brasileiro”. (DIAS-DA-SILVA, 2010, p.13)
Portanto entende-se que a reflexão e o estudo sobre o indivíduo que
reprova na 5ª série e toda a mudança provocada na passagem da 4ª para a 5ª
série do ensino fundamental, pode colaborar para uma maior compreensão
dessa realidade e permitir ao professor uma nova ação, um novo fazer. Sem
essa reflexão nem sempre se percebe a possibilidade de um olhar de maneira
diferente para os alunos por parte dos professores, condição fundamental para
evitar a situação de fracasso escolar.
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A adequação idade série realizada em anos anteriores pelo governo do
Estado do Paraná, de nada adiantou se durante os anos futuros os altos
índices de reprovação na 5ª série continuar se mantendo.
Percebe-se que, ao reprovar a 5ª série, o aluno sente-se desestimulado
a continuar seus estudos ou enfrenta problemas de adaptação na escola
devido as diferenças em relação à idade série que se prolongam por anos e
muitas vezes levam o aluno à desistência e ao abandono da escola e
fatalmente ao fracasso escolar
Carvalho, apud Aquino, afirma que:
O fracasso escolar, que tem sido concebido como o fracasso
do aluno ante as demandas escolares, é hoje provavelmente o
maior empecilho à democratização das oportunidades de
acesso e permanência da grande massa da população em
nossas instituições escolares. É nesse sentido, o maior sintoma
da crise de nossas escolas. (CARVALHO apud AQUINO,
1997, p.21)
Destarte, conhecer e estudar sobre toda a problemática do fracasso escolar
nas 5ªs séries poderá levar professores a repensar seu papel diante das
rupturas que acontecem no processo ensino-aprendizagem nessa fase escolar.
Considera-se imprescindível o professor conheça de fato os dilemas
cotidianos dessa série e compreenda as ações necessárias para desenvolver e
cumprir o seu papel, realizando um fazer diferenciado, colaborando de maneira
efetiva com um agir para a superação da ruptura que acontece na 5ª série e
possa ajudar a reverter os altos índices de reprovação.
Para Silva ser professor é:
[...] assumir um compromisso com o conhecimento, com a busca incessante de conhecimento. E é fazer com que o aluno participe desse compromisso, dessa busca. Ambos, em processo de interação e envolvimento recíproco, sensibilizam no intuito de melhor
compreenderem os fenômenos da realidade. (SILVA,
2005, p.88)
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Nesse processo, a escola pode colaborar criando grupos em que
o ato de estudo sobre os mais variados problemas no âmbito escolar possa se
estabelecer proporcionando aos professores e às Equipes Pedagógicas novas
soluções para aprimorar o seu saber em busca de muitas alternativas para o
cotidiano das escolas públicas do Paraná.
Propomos neste material didático, situações que podem contribuir para
pensarmos sobre as seguintes questões: Quais são as verdadeiras dificuldades
encontradas pelos alunos nessa série? Qual é a participação da família nesse
processo? Por que tantos professores consideram essa série a mais difícil de
trabalhar? O que o professor espera dos alunos de 5ª série? Como chegam
esses alunos a essa nova fase escolar? São eles já tratados como adultos em
miniaturas? E os alunos o que esperam dos professores da 5ª série? Os
professores são vistos afetivamente da mesma maneira que os da 4ª série?
Os textos e dados apresentados servirão de estudo e aprofundamento
teórico para responder esses questionamentos, bem como outros que com
certeza surgirão no decorrer do trabalho.
Os estudos aqui apresentados estão organizados em três
momentos:
1ª etapa: estudos de fundamentação teórica e levantamento de dados
estatísticos; 2ª etapa: trabalho de campo com observação das aulas
ministradas pelos professores de 5ªs séries aplicação de questionários para
professores e alunos e tabulação de dados; 3ª etapa: grupos de estudos
propriamente ditos com professores de 5ªs séries e Equipe Pedagógica,
palestras, leituras, discussões e análises de livros, exibição de filmes e
socialização da análise dos resultados das pesquisas.
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3- OBJETIVOS:
Para melhor compreender o processo de ensino-aprendizagem na 5ª série e
sua relação com a repetência, faz-se necessário um olhar diferenciado para
questões que nos permitam entender de maneira mais efetiva esse processo.
De início analisando e discutindo dados estatísticos já é possível identificar
quais as disciplinas que mais reprovam o aluno na 5ª série.
Também por meio de conversas com professores e alunos dessa série,
poderemos investigar qual é o conhecimento dos professores sobre o processo
de ensino e a aprendizagem. Galvão e Silva nos diz que, “procurar as
intenções ou os princípios que atribuem significados à prática pedagógica
vigente nas 5ªs séries talvez seja um caminho mais fecundo, que simplesmente
rotular depreciativamente o fazer docente.” (GALVÃO E SILVA 2010, P.35)
Em pesquisas junto aos alunos, também há como verificar as dificuldades
encontradas pelos mesmos na 5ª série e por fim socializando e analisando em
conjunto todos os dados pode-se chegar a conclusões e resultados que
contribuam para um maior entendimento do problema, e assim elencar
procedimentos que auxiliem a diminuir a repetência nessa série.
A intenção final deste material será promover uma grande discussão para
“pensar a passagem” da 4ª série para a 5ª série e então propor intervenções a
nível escolar que possam auxiliar de maneira efetiva e menos drástica nas
mudanças e rupturas ocasionadas nessa fase escolar.
Algumas intervenções propostas são: visitas de alunos de 4ª série a salas
de aula de 5ª série acompanhadas de seus professores, para conhecimento
parcial de uma realidade futura e encontro de professores de 4ª série com
professores de 5ª série para troca de experiências e discussões sobre o
comportamento e atitudes dos alunos.
Dessa forma, esse material didático propõe discussões e trocas de saberes
de uma maneira democrática visando apresentar de fato futuras possibilidades
que facilitem o enfrentamento dos problemas escolares.
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4- ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO:
Tendo como referência a tendência histórico – critica para a organização
do trabalho elencam-se como eixos sustentadores os cinco passos propostos
por Saviani (1991), confirmados e exemplificados por Gasparin (2003): 1o -
Pratica inicial do conteúdo; 2o - Problematização; 3o - Instrumentalização; 4o -
Catarse; 5o - Pratica social final do conteúdo.
Baseando-se no processo teórico – metodológico que tem como base o
materialismo histórico, para a transformação social na “Pratica inicial do
conteúdo”, questiona-se a situação atual. Usa-se o diálogo para integração dos
conteúdos, a problematização e a explicitação dos principais problemas
levantados. Vemos então a sistematização de algumas questões levantadas na
“Pratica social inicial”. Paralelo ao conhecimento teórico, na
“Instrumentalização” há uma comparação entre os conhecimentos do dia-a-dia
e os conhecimentos científicos, produzidos e sistematizados para enfrentar e
questionar problemas levantados na leitura de textos previamente
selecionados.
Numa das fases, a “Catarse” temos a contribuição para a “Prática social
final do conteúdo”, que nada mais é que a mudança do teórico para o prático;
são os objetivos de estudo e os conceitos adquiridos evidenciando o propósito
de uma ação. Esse propósito é o de transformação da realidade escolar, a
partir de outro conhecimento. Neste momento instala-se a proposta de
intervenção, tendo clara a compreensão dos levantamentos feitos no início.
Cada participante do grupo deve fazer sua anotação, de acordo com as
dúvidas, reflexões e sínteses das leituras, bem como das conclusões a que o
grupo chegar. Ao final de cada encontro é importante um tempo para os
professores registrarem suas dúvidas e/ou opiniões. Importante também é a
retomada dessas dúvidas e ou questionamentos do grupo anterior, antes de se
iniciar um novo grupo ou uma nova atividade.
Compreende-se que com esse processo de estudo e reflexão
possamos ampliar o entendimento dos professores sobre o tema desse
trabalho. Esse entendimento se faz necessário, pois muitos professores ainda
têm uma idéia de que o fato de ensinar se dê simplesmente na mera
transmissão de conteúdos, estipulando tarefas e seguindo um programa
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proposto num planejamento. Entre muitos argumentos, ainda está presente a
questão do não conhecimento das dificuldades dos alunos. Assim, os
professores esperam que toda a sala apresente no geral um desempenho
homogêneo.
Evidentemente que as discussões e análises aqui feitas não dão um
diagnóstico suficiente para resolvermos os problemas de aprendizagem e do
fracasso escolar que aparecem na 5ª série do ensino fundamental, mas é
possível apontar alguns dados para que a escola e seus professores entendam
melhor todas as dificuldades e proponham formas de melhorar o desempenho
escolar dos alunos.
4.1-PROPOSTA 1
Estudos de Fundamentação Teórica - Livro: Passagem sem Rito
A passagem da quarta para a quinta série tem sido objeto de estudos de
vários pesquisadores. Selecionamos alguns autores para entendermos um
pouco mais a questão.
Dias-da-Silva em seu livro Passagem sem Rito, descreve como a prática
pedagógica se desenvolve nas salas de aulas e nos corredores, a autora
procura identificar um saber que norteie o fazer docente cotidiano, tendo como
pano de fundo o compromisso com a qualidade de ensino e a democratização
da escola pública. Seu objetivo é discutir alternativas para a prática docente na
5ª série que possibilitem a superação de tal ruptura. A autora conclui que a
escola também precisa mudar. Sem a (re) estruturação pedagógica
indispensável, sem a quebra do isolamento do trabalho dos professores e sem
forças para acreditar na importância do próprio trabalho, dificilmente pode-se
esperar qualquer transformação mais efetiva ou crítica.
Todos os capítulos dessa obra: o caos aparente, a heterogeneidade didática, a
indisciplina, a avaliação, a ruptura, as 5ªs séries: síntese dos dilemas
cotidianos dos professores nos auxiliam a compreender melhor a problemática
que é tema deste material.
A partir dos estudos dos capítulos desse livro, podem-se construir novas
reflexões nos profissionais provocadas pelas discussões em grupo e que com
certeza farão diferença no trabalho docente dos mesmos.
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4.2- PROPOSTA 2
Filme:
O filme aqui proposto para que os professores assistam: Esperando o
Super Homem traz o documentarista Davis Guggenheim que nos lembra que
as “estatísticas” educacionais têm nomes: Anthony, Francisco, Bianca, Daisy e
Emily, cujas histórias são a base de “Esperando o Super-homem”. Enquanto
acompanha um grupo de crianças promissoras por um sistema que inibe, ao
invés de estimular, o desenvolvimento acadêmico, Guggenheim realiza uma
análise exaustiva da educação pública. “Esperando o Super-homem” tem este
nome devido a uma entrevista com o notável Geoffrey Canada, fundador da
Harlem Children Zone. A Harlem Children Zone utilizou uma estratégia ampla,
incluindo um Baby College pré-natal, programas de assistência social e
períodos mais longos nas suas escolas com o objetivo de criar uma nova
estrada para o futuro para um dos bairros mais sombrios de Nova York.
“Esperando o Super-homem” acompanha cinco crianças e os seus pais que
desejam obter uma educação pública decente, mas que acabam tendo que
entrar em uma loteria em formato de bingo para obterem uma boa escola
charter, porque as escolas próximas às suas casas são fracassos estrondosos.
O destino do país não será decidido em um campo de batalha, ele será
determinado em uma sala de aula.
4.3- PROPOSTA 3:
- Questões para debate em grupo:
- É possível identificar semelhanças entre o apresentado pela autora e a
realidade de sua escola? Quais?
- Conhecendo a realidade da escola: levantamento de índices de reprovação,
aprovação, desistência, abandono das 5ªs séries para discussões de questões
como: Qual o índice de repetência e abandono nas quintas séries de sua
escola? Qual o índice de repetência nas quintas séries por disciplina? Quais os
principais problemas levados para Conselho de Classe sobre as quintas
séries? Os alunos das 5ªs séries com problemas de aprendizagem tem aulas
de reforço?
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Fazer todo esse questionamento e levantamento é importante para se
conhecer a realidade da escola e identificar os problemas mais recorrentes nos
anos anteriores. Estudando esse passado pode-se intervir de maneira efetiva
no presente com um trabalho específico para melhorar os índices de aprovação
das 5ªs séries.
4.4- MATERIAL:
- LIVRO: Passagem sem Rito: as 5ªs séries e seus professores.
Maria Helena Galvão Frem Dias. Campinas, SP: Papirus, 1997.
- FILME: Esperando o Super Homem
Título Original: Waiting For Superman
Título Traduzido: Esperando o Super-Homem
Gênero: Documentário
Tempo de Duração: 100 min.
Ano de Lançamento: 2011
Direção: Davis Guggenheim
Tamanho: 324 Mb
- TEXTO: Retenção: afinal, existe culpado?
Falar em reprovação mais do que uma retenção na agenda escolar e
social de um indivíduo, é tocar nas culturas política, escolar e docente do país,
fato que provoca críticas tão relevantes quanto um ritual sagrado. Estatísticas
mostram que o Brasil é o país que mais reprova levando prejuízos a todos os
envolvidos. Mais do que conviver em salas numerosas e com disparidade de
idades, os repetentes perdem o estímulo e a autoestima.
Esse tema tem merecido grande destaque em estudos, seminários e
debates. De um lado está a afirmação de que o sistema educacional falha e
que obrigar o aluno a refazer o ano letivo não ajuda a aprender. Por outro lado
encontra-se a cultura organizativa escolar que força a adaptação de alunos e
professores. Muito raro deu-se prioridades às tentativas de mudanças nas
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engrenagens dos sistemas escolares devido principalmente ao peso que se
estrutura as lógicas escolares conservadoras.
A realidade é que não se sabe a quem atribuir a culpa. O sistema
responsabiliza o aluno pelo fracasso escolar, ora a família, mas raramente a
formação docente ou organização escolar. Quando se culpa o sistema
educacional ou a prática docente fica a impressão de que a escola pode ser
diferente desde que professores e alunos passem por uma espécie de
conversão. Finalmente, os alunos têm de se adaptar à escola e às lógicas
estruturantes, não o contrário. Isso porque a engrenagem escolar vem
predefinida e pouco importa valores sociais, cognitivos e culturais, importa que
todos se adaptem à estrutura organizacional da escola. Esse ponto de vista
sugere a reprovação dos desadaptados, mas acarreta efeitos devastadores em
aspectos fundamentais no processo educacional.
É preciso repensar a prática pedagógica, mas é preciso também
considerar a estrutura escolar, pois as lógicas sociais dos educandos não são
as mesmas que estruturam a escola. Os alunos estão estruturados a partir da
lógica humana e a escola a partir de suas lógicas organizacionais que intitulam
a (in) disciplina e medem a qualidade do ensino.
De fato muitos alunos não compreendem a hierarquia escolar e
consequentemente o ofício de aluno, culminando em resistências que podem
ser um alerta à revisão de práticas e posturas. É conveniente concordarmos
também que existem tantas transgressões docentes quanto discentes.
As reações a favor da retenção estão baseadas, sobretudo, na
impossibilidade de trabalhar com alunos que passam sem dominar habilidades
básicas exigidas. As próprias famílias apóiam a retenção dos filhos em vez de
buscarem alternativas e, além disso, esquecem que a retenção não é somente
um problema do sistema de ensino, do governo, do Estado e das escolas, é um
problema pedagógico, que exige concepção de educação básica, respeito ao
percurso de formação, de direito a não interrupção dos processos
socializadores. A repetência escolar segrega, discrimina, desmotiva e
interrompe o processo de formação e de aprendizagem. Não seria mais fácil
ensinar e aprender com práticas igualitárias e menos seletivas?
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Podemos, portanto, afirmar que a retenção é uma prática que extrapola
a escola e que vem sendo abolida dos sistemas escolares democráticos. Seria
realmente a reprovação uma garantia de conhecimento? Seria uma lógica
democrática e inclusiva? Afinal, por que reprovar? Por que não são capazes de
aprender? Na verdade não. Reprovam porque não aprendem no tempo
instituído e o mais grave é que ouvimos justificativas embasadas nos ritmos de
aprendizagem, valores e condutas. Devemos ao menos criar condições de
aprendizagens, programas que combatam a repetência, políticas de aceleração
de aprendizagem e extinguir a idéia de que o aluno é culpado pelo fracasso
escolar, afinal, a escola existe para ''ensinar''.
ALINE DE PAIVA MORALES é graduada em Letras com especialização em
Língua Espanhola e estudante de Pedagogia em Assis Chateaubriand
Aline de Paiva Morales
Fonte: Folha de Londrina – 20-08-2010
- TABELA DE DADOS ESTATÍSTICOS:
ANO ESCOLAR
2006
2007
2008
2009
2010
APROVADOS
78
82
80
81
52
REPROVADOS
17
15
16
03
17
DESISTENTES
00
01
01
03
02
TRANSFERIDOS
08
12
06
04
12
TOTAL
103
110
103
91
83
18
- QUESTIONÁRIOS:
- QUESTIONÁRIO DOS PROFESSORES- I:
Colégio Estadual Professor Dr. Heber Soares Vargas – E. F. M.
Programa de Desenvolvimento Educacional
Projeto de Intervenção Pedagógica
QUESTIONÁRIO I:
Caro (a) professor(a) Este questionário foi elaborado para obter informações sobre o desenvolvimento de ensino aprendizagem na 5ª série. Será de extrema importância sua participação. Nosso objetivo centraliza-se na identificação de fatores intra-escolares que contribuem para que ocorram índices elevados de reprovação nesta série.
Meu nome é Maria Aparecida de Souza, estou participando do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional). O tema do meu trabalho é: A REPROVAÇÃO DOS ALUNOS NA 5ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL E A RELAÇÃO ENSINO APRENDIZAGEM.
QUESTIONÁRIO I: Destinado a professores da 5ª série do Ensino Fundamental.
1- Defina sua experiência (sucesso, dificuldade, insatisfação,...) de trabalhar com alunos da 5ª série:
2- Por que está trabalhando com a 5ª série?
3- Como ocorreu o processo de distribuição de turmas?
4- Quantos anos você trabalha com esta série?
5- Defina com suas palavras como devem ser suas aulas para alunos da faixa etária entre 10 e 11 anos
6- Em sua opinião, o que vem a ser dificuldade de aprendizagem?
7- Nesta escola existe um número relevante de alunos que apresentam dificuldade de aprendizagem?
8- Você classifica essas dificuldades de aprendizagem como:
( ) dislalia ( ) disgrafia ( ) dislexia ( ) outros
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9- Em sua formação acadêmica foram proporcionados estudos sobre Psicologia da Aprendizagem, Fases do Desenvolvimento e como devemos trabalhar nas diferentes faixas etárias?
10- Quais as soluções a escola buscou ao detectar os alunos com D.A.?
11- Qual foi seu procedimento com o(s) aluno(s) que apresenta(m) D.A.?
( ) Procurou atendimento especializado
( ) Conversou com a família
( ) Encaminhou para o professor pedagogo
( ) Conversou com colegas para obter mais informações sobre o aluno.
12- Quais as conseqüências das dificuldades não trabalhadas ou ignoradas?
( ) retenção ( ) evasão ( ) desistência
13- Em sua opinião, quais fatores contribuem para a dificuldade de aprendizagem e consequentemente eleva os índices de reprovação?*
( ) Transição de uma nova matriz curricular
( ) Transição na vida afetiva e emocional
( ) Mudança de idade, mentalidade e maturidade
( ) Outras Quais: ______________________
*Obs.: sujeita a mais de uma alternativa.
14- Dê algumas sugestões para evitar a repetência na 5ª série:
15- Você tem algo a acrescentar sobre o assunto?
QUESTIONÁRIO DOS ALUNOS- II:
Colégio Estadual Professor Dr. Heber Soares Vargas – E. F. M.
Programa de Desenvolvimento Educacional
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Projeto de Intervenção Pedagógica
Caro aluno, essas perguntas são importantes para que a escola entenda a 5ª
série. Participe, contamos com você!
QUESTIONÁRIO II: Destinado a alunos da 5ª série do Ensino Fundamental.
Dados de identificação:
Nome:________________________________________________________
Idade: _________anos Sexo: ( ) masculino ( ) feminino
Número de vezes em que fez, ou faz a 5ª série: ______________
1- Conte como foi para você chegar á 5ª série:
R:_____________________________________________________________
2- Escreva diferenças relevantes nas aulas de:
4ª série 5ª série
3- Cite três disciplinas em que você está insuficiente. Quais são as dificuldades encontradas?
4- Cite três disciplinas em que seu rendimento escolar está muito bom. Justifique sua resposta.
5- Em que disciplina você reprovou ano passado?
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( ) Arte ( ) Educação Física ( ) Ciências
( ) História ( ) Geografia ( ) Matemática
( ) Língua Portuguesa ( ) Inglês
6- Quais os motivos que contribuíram com sua reprovação no ano anterior?
7- Como é de modo geral, seu relacionamento com: Justifique sua resposta.
a) Professores:
b) Colegas:
c) Funcionários:
8- Qual é a importância da escola em sua vida?
9- Quais os conhecimentos adquiridos em sala que você utiliza em sua vida cotidiana? Como você os utiliza?
10- Você poderia apontar três ou mais sugestões para evitar a reprovação nesta série? Justifique suas sugestões.
11- O ingresso na 5ª série atingiu suas expectativas? Por quê?
Colégio Estadual Professor Dr. Heber Soares Vargas – E. F. M.
Programa de Desenvolvimento Educacional
Projeto de Intervenção Pedagógica
QUESTIONÁRIO III: Observação dos alunos de 5ª série.
Nome:________________________________________________________
Idade: _______________anos Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
COMPORTAMENTO PESSOAL E SOCIAL
1- Cooperação:
( ) participa das aulas respondendo ou fazendo perguntas
( ) perdas frequentes de atenção, frequentes intervenções fora de sua vez
( ) espera sua vez, comportamento adequado à sua escolaridade e idade
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2- Atenção:
( ) nunca está atento
( ) raramente presta atenção às explicações
( ) atenção adequada à sua escolaridade e idade
3- Organização:
( ) bastante organizado
( ) nível médio de organização
( ) boa organização
( ) dificuldade de organizar material conforme horários das aulas
4- Situações novas: (comemorações na escola, mudanças de rotina)
( ) extremamente excitável, perde totalmente o controle
( ) dificuldade em enfrentar novas situações
( ) adaptação adequada para sua escolaridade e idade
5- Aceitação social:
( ) sofre rejeição pelos colegas
( ) bem aceito ( sociável)
( ) respeita às diferenças
6- responsabilidade:
( ) é responsável, cumpridor dos deveres
( ) tem autonomia para realizar as tarefas propostas
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( ) não cumpre suas obrigações no tempo previsto
7- Pontualidade, assiduidade:
( ) é assíduo e pontualidade
( ) é faltoso e chega atrasado
( ) não é faltoso, porém chega sempre atrasado
8- Cumprimento de tarefas:
( ) Nunca termina as atividades, mesmo com auxílio
( ) às vezes termina, mas com auxílio
( ) realização adequada das tarefas, finaliza-as
9- Ajustamento e discernimento:
( ) desrespeita os sentimentos alheios
( ) discernimento médio. Por vezes comportamento social ajustado
( ) adaptado socialmente. Facilidade em relacionar-se com professores, colegas e funcionários
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4.5- ETAPAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO:
1ª etapa: 2º semestre de 2010 e 1º semestre de 2011 - Estudos de
fundamentação teórica;
- Levantamento de dados estatísticos relativos aos índices de reprovação no
Colégio Estadual Professor Dr. Heber Soares Vargas – Ensino Fundamental e
Médio para posterior análise pelo grupo de estudos.
2ª etapa: 2º semestre de 2011
- Trabalho de campo com observação das aulas de professores e
participação dos alunos no processo de ensino-aprendizagem;
- Aplicação de questionários para professores e para alunos;
- Tabulação de dados.
3ª etapa: 1º semestre de 2012
Grupos de estudo propriamente ditos:
a- Reunião geral com professores das 5ªs séries e Equipe pedagógica para
repasse de cronograma, informações gerais e apresentação das atividades a
serem, desenvolvidas com os mesmos com o objetivo de repassar as
informações iniciais dos grupos de estudos a todos os presentes.
- Questionamento inicial: O que faz um aluno não aprender?
- Palestra: Reprovação na 5ª série, com a professora doutora Sandra Regina
Ferreira de Oliveira, docente da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
b- Apresentação de gráficos de dados de aprovação/reprovação, abandono e
desistência dos últimos cinco anos no Colégio.
- Questionamento inicial: A ponte está pronta, é preciso acreditar. O
Obstáculo irá provar o seu valor. Recorte de cena do filme: Indiana Jones e a
última cruzada.
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c- Leitura e análise do 1º capítulo do livro: Passagem sem rito: As 5ªs séries e
seus professores de Maria Helena Galvão Frem Dias-da-Silva. (O Caos
Aparente).
- Questionamento inicial: Citação: (COSTA, 1994, p.24)
Em face da criança que fracassa raramente a escola ou
mesmo os profissionais de instituições especializadas levantam
problemas como: a estrutura da escola e a estrutura social; a
inadequação dessa estrutura em face da situação real de vida
da criança. Questões relativas à classe social e relações entre
classes nem são lembradas. Quando se avança muito, coloca-
se o problema na “relação professor-aluno” (não no sentido de
analisar o fato de serem de classes sociais diferentes, quando
isso acontece) e no “método” de ensino (como, por exemplo, os
métodos de alfabetização).
d- Leitura e análise do 2º capítulo do livro: Passagem sem Rito de Maria
Helena Galvão Frem Dias-da-Silva. (A Heterogeneidade Didática)
- Questionamento inicial: Pensar a mesmice e a rotina da sala de aula pode
nos ajudar a programar aulas diferenciadas e mais motivadoras? A troca de
idéias com outros professores e até com alunos não ajudaria em novas
propostas de atividades e até na mudança do meio ambiente para que a aula
se torne mais prazerosa?
e- Leitura e análise do 3º capítulo do livro: Passagem sem Rito de Maria
Helena Galvão Frem Dias-da-Silva. (A Indisciplina).
- Questionamento inicial: Para você professor, o que é indisciplina? Na sua
opinião, o que causa essa indisciplina?
f- Leitura e análise do 4º capítulo do livro: Passagem sem Rito de Maria
Helena Galvão Frem Dias-da-Silva. (A Avaliação).
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- Questionamento inicial: Texto - Retenção: afinal, existe culpado? De Aline de
Paiva Morales. Folha de Londrina 20/08/2010.
g- Leitura e análise do 5º capítulo do livro: Passagem sem Rito de Maria
Helena Galvão Frem Dias-da-Silva. (A Ruptura)
- Questionamento inicial: - Assistir as entrevistas filmadas com alunos de 4ª
série sobre suas expectativas para a 5ª série: frustrações e/ou superações
possíveis.
h- Leitura e análise do 6º capítulo do livro: Passagem sem Rito de Maria
Helena Galvão Frem Dias-da-Silva. (As 5ªs séries: Síntese dos Dilemas
Cotidianos dos professores).
- Questionamento inicial: Como você professor de 5ª série foi escolhido para
lecionar nesta série? Como se dá a distribuição de aulas das 5ªs séries?
i- Filme: Esperando o super homem
- Questionamento inicial: Se as políticas públicas de educação atendessem
adequadamente a todas as crianças, escolas e professores seria preciso estar
a esperar um super-homem, ou qualquer herói que viesse nos salvar? Que tipo
de alunos o professor espera? Que tipo de professor o aluno espera?
j- Análise dos resultados dos questionários de alunos e professores.
- Palestra final: A reconstrução dos sentidos dos textos: compromisso de
todas as áreas, com o professor Luiz Carlos Migliozzi Ferreira de Melo.
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5- INDICAÇÃO DE OUTRAS LEITURAS E FILMES:
LIVROS:
- O QUE SERÁ DE NÓS OS MAUS ALUNOS? - Álvaro Marchesi. Artmed.
São Paulo, 2006.
O autor analisa o grupo de alunos com problemas escolares, as dificuldades de
seus professores para educá-los e o desajuste de suas famílias. Por que são
como são? O que o professores podem fazer? O que as famílias podem fazer?
Esta reflexão é feita a partir de três aspectos que, em geral, são tratados
separadamente: os problemas de aprendizagem, os problemas de conduta e
os problemas de motivação.
Estes alunos são maus alunos, sim, mas são nossos maus alunos e
temos enorme responsabilidade para com eles.
Destaque da edição: Marchesi dá a palavra tanto aos especialistas como aos
professores e alunos, que falam de suas próprias experiências, assim como
aos adultos que viveram com dificuldade seus anos escolares.
FILMES:
- NENHUM A MENOS: Filme chinês que revela a pobreza da escola no campo,
as contradições entre o socialismo real e os valores capitalistas, o papel
messiânico da televisão e o comprometimento da professora de não perder
nenhum aluno.
- PRIMAVERA DE UMA SOLTEIRONA: Discute qual é a função ética do
professor: ensinar, instruir, educar ou doutrinar.
- OS INCOMPREENDIDOS: Autobiográfico, o diretor questiona a escola
tradicional, seus valores e sua opção de vida.
- ESCOLA DA DESORDEM: Aluno processa a escola por ter sido aprovado
sem saber ler e escrever.
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6- CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Esse caderno pedagógico retoma assuntos relacionados à questão da
reprovação dos alunos na 5ª série do ensino fundamental e a relação com o
ensino e a aprendizagem, buscando a partir de leituras, discussões, e análises
de dados estatísticos intervir no cotidiano do Colégio Estadual Professor Dr.
Heber Soares Vargas – Ensino Fundamental e Médio, nas salas de 5ªs séries
de maneira positiva nos diversos saberes de professores e alunos,
minimizando as rupturas da 4ª para a 5ª série e colaborando na diminuição dos
índices de reprovação nesta série, colaborando para um melhor desempenho
escolar dos alunos.
Percebe-se que cada vez mais cabe ao educador que leciona, que
trabalha com esta fase escolar, observar melhor e com mais afetividade os
sujeitos das 5ªs séries, analisando e propondo a realização de atividades
diversas, valorizando todas as mudanças biológicas, psicológicas e sociais
próprias dessa idade, identificando processos que resultem em baixo-estima e
consequentemente situações de fracasso escolar.
Diante disso é preciso entender que os professores que atuam nas 5ªs
séries necessitam de uma nova competência pedagógica na sua prática que é
sua participação em ações coletivas para a discussão dos problemas de
aprendizagem e dificuldades dos alunos, trocando idéias que permitam o
levantamento do maior número de informações que possam auxiliar o trabalho
docente em sala de aula.
Nesse material temos algumas ações que se não resolvem os variados
problemas aqui apontados, ao menos interferem reflexivamente no trabalho
docente, trazendo à tona discussões que com certeza deixarão mais evidentes
a relação ensino aprendizagem na 5ª série e que irão colaborar com a
diminuição dos índices de repetência nessa série.
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8- REFERÊNCIAS:
- ARENDT Hanna. A crise na Educação: entre o passado e o futuro. São
Paulo: Perspectiva, 2006.
- AQUINO, Júlio Groppa. Erro e Fracasso na Escola. Alternativas Teóricas e
Práticas. São Paulo: Summus, 1997.
- ARROYO, Miguel G. Fracasso e Sucesso: o peso da cultura escolar e do
ordenamento da educação básica. Brasília. 1992, nº 53.
- CARVALHO, S. F. de. Erro e Fracasso na Escola. Alternativas Técnicas e
Práticas. São Paulo: Summus, 1997.
- CHARLOT, Bernard. Da Relação com o saber: elementos para uma teoria;
trad. Bruno Magne. – Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000
- COSTA, Dóris Anita Freire. Fracasso escolar: Diferença ou Deficiência.
São Paulo: Kuarup. 1994.
- DIAS-DA-SILVA, m. Helena G. Frem. Passagem sem rito: as 5ªs séries e
seus professores. Campinas, SP: Papirus, 1997.
- FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
educativa. 39. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2009
- GASPARIN, Joao Luiz. Uma Didática para a Pedagogia Histórico - Crítica.
2.ed.rev. Campinas, SP: Autores Associados, 2003.
- MACHADO, Adriana Marcondes. Avaliação e Fracasso: a produção
coletiva da queixa escolar. São Paulo. 1996.
-MARCHESI, Álvaro. O que será de Nós os Maus alunos? Porto Alegre:
Artmed, 2006
- MEIRIEU, Philippe. O cotidiano da escola e da Sala de Aula: o fazer e o
compreender. Porto Alegre: Artes Médicas, 2005.
-SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórico – Crítica: primeiras
aproximações. 2.ed. Campinas, SP: Autores Associados, 1991.
-THIOLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 5ª ed. São Paulo:
Cortez editora, 1992.
- Conexão Ciência. Disponível em:
http://conexaociencia.wordpress.com/2011/04/17/uma-nova-perspectiva-sobre-
a-aprendizagem-nas-escolas/. Acesso em 01/08/2011.
30
- PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares do
Paraná: SEED, 2004. Disponível em:
:http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/modules/conteudo/conteu
do.php?conteudo=98m Acesso em 24/07/2011;
- Filme: Esperando o Super Homem. Disponível em:
http://filmesbrasilcarpen.blogspot.com/2011/07/download-esperando-o-super-
homem.html. Aceso em 02/08/2011;
- Filme: Indiana Jones e a Última Cruzada. Disponível em:
<http://interfilmes.com/filme_13611_Indiana.Jones.e.a.Ultima.Cruzada-
(Indiana.Jones.and.the.Last.Crusade).html> . Acesso em 06/08/2011.