Concurso de Redação: Maquiavel e a nossa época10:57  FILOSOFIA NA ESCOLA  5 COMMENTS

 

No terceiro trimestre de 2011 foi realizado um concurso de redação com

os alunos do 2º ano. O tema da redação era “Maquiavel e a nossa

época”. A vencedora do concurso foi Letícia de Sousa Viana do 2ºM6. O

prêmio foi o livro “Elogio da Loucura” do filósofo holandês Erasmo de

Roterdã. Logo abaixo vocês podem ler a redação vencedora.

MAQUIAVEL E A NOSSA ÉPOCA

Nicolau Maquiavel foi um grande pensador italiano que ao ter tido muita

proximidade com a realeza e pessoas poderosas, entendeu o segredo

para se ter e manter o poder e o revelou ao mundo. Como? Escrevendo

um livro! Maquiavel então criou um “Manual de Instruções” chamado “O

príncipe”, sua maior e mais importante obra. Em “O Príncipe”, Maquiavel

relatou os métodos que entendeu serem os mais eficazes para se

alcançar o poder, e se já estivesse nele, os métodos mais eficazes para

mantê-lo.

Maquiavel sabia da influência da Igreja e em seu livro, uma das principais

lições era a de que o Príncipe deveria separar a Política da Religião. O

verdadeiro “Príncipe” deveria passar uma boa imagem, claro, deveria

parecer cheio de virtudes aos olhos do povo, mas não precisava tê-las

totalmente, pois deveria tornar-se feroz para defender seu governo e se

fosse necessário, utilizar-se da crueldade. O pensamento maquiavélico

seguia da seguinte forma: Se um príncipe aparenta ser bom, íntegro,

religioso, e realmente é, não conseguirá manter seu reinado, pois não

será capaz de usar a força que precisará para manter-se. Pessoas boas

demais não são capazes de aplicar a “força bruta”, pois vai contra seus

valores. Já alguém que não é tão religioso e nem tão íntegro assim, será

o que precisar ser. Se ele não misturar sua política com religião, será

capaz da crueldade quando tentarem feri-lo ou a seu governo. Poderá

manter-se no poder, pois saberá ser poderoso. Será melhor ainda se a

pessoa apresentar uma pré-tendência ao poder.

Políticos de várias partes do mundo, que desejavam alcançar o poder,

foram influenciados pelas ideias maquiavélicas. Ao contrário de outros

escritores que criavam um lugar, um príncipe adorável e os demais

habitantes, fazendo uma “Ficção Utópica” do mundo de que falavam,

Maquiavel escreveu seu livro a partir de um lugar real, numa época real e

com pessoas reais. Todos os exemplos citados no livro foram reais e

maior parte deles foram vistos ou tiveram um contato próximo com

Maquiavel. Ele não inventou a história de seu livro, ele relatou a

realidade que viveu em sua época. Isso gerou muita credibilidade,

fazendo com que seu livro se tornasse realmente um manual de

instruções, até mesmo para a política recente. Lembra-se dos fascistas?

Tão populares, bons, lutando pelos descamisados... Eles simplesmente

detonavam com quem tentava tirá-los de seu posto. E Hitler? Penso que

em algum momento de sua vida ele teve contato com as ideias de

Maquiavel. Apesar de ter feito coisas horríveis, para ele, era algo

necessário, já que aquele foi o meio que encontrou para “limpar” seu país

do que julgava “impuro”. Apesar de tudo, ele teve milhares de seguidores

e quem se colocava em seu caminho era morto. Ele e seu exército foram

praticamente caçados, Hitler foi a causa de uma Guerra Mundial e

precisou que forças aliadas internacionais intervissem para que o

holocausto provocado por ele cessasse. Sob esse ponto de vista

podemos dizer que Maquiavel influenciou pessoas que mudaram a

história do mundo. 

Quanto a reflexão de Rosseau, “Maquiavel fingindo dar lições aos

príncipes, deu lições ao povo”, penso que ele não fingiu dar lições aos

príncipes, ele realmente as deu, porém suas lições também seriam úteis

ao povo, que saberia quem realmente eram seus governantes e o que

realmente era feito nos bastidores do trono. Maquiavel trabalhava com

pessoas poderosas, estava sempre muito próximo então de certo modo

as lições de seu livro diziam respeito a essas pessoas, porém Maquiavel

não fazia parte da realeza, era do povo e precisava dar seus alertas

também a essas pessoas.

Enfim, Maquiavel não viveu tempo suficiente para ver o resultado de sua

obra “O Príncipe”, não soube quantos países foram governados sob sua

“póstuma” influência, nem quantos governantes foram depostos sob as

mesmas influências. Também não sabe que se tornou um objeto de

estudo da história, da filosofia, da sociologia e da psicologia. Será que

ficaria orgulhoso por alcançar tal participação na história? Ou

desapontado por saber que ficou reconhecido como uma figura má,

calculista e que não se importa com os meios, apenas com os fins?

Apenas Maquiavel poderia nos dar tais respostas, afinal, somente ele

sabe o verdadeiro motivo de ter escrito o livro, nós temos apenas

hipóteses e pensamentos.