mãos que transformam: o artesanato é fonte de renda e sinônimo de vida no sertão do apodi
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O artesanato com a palha de carnaúba surge como uma alternativa de fonte de renda para as 78 famílias que moram no Sítio Ponta, em Apodi (RN).TRANSCRIPT
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 9 • nº 2072
Apodi / RN
Março/2015
Mãos que transformam: O artesanato é fonte de renda e
sinônimo de vida no Sertão do Apodi
O município de Apodi, no Rio Grande Norte, é um
importante cenário da agricultura familiar no
Semiárido Brasileiro, com sua base econômica
diretamente ligada a agricultura, o município é rico por ter
sua territorialidade dividida em quatro regiões: várzea,
areia, chapada e pedra.Em todas as regiões de Apodi as famílias realizam algum
tipo de atividade produtiva como o cultivo de hortaliças, a
criação de animais, a produção de poupa de frutas e o
artesanato. No Sítio Ponta, que está cerca 6 km de distância
da zona urbana de Apodi, a realidade não é diferente, a
principal fonte de renda das 78 famílias que vivem na
comunidade é o artesanato com a palha de carnaúba. A carnaúba é adaptada às condições climáticas do
semiárido uma vez que a cera natural da planta evita a perda
d'água mesmo em períodos de estiagem, por isso, as
atividades econômicas decorrentes da carnaúba são uma
excelente alternativa na composição da renda familiar nas
comunidades rurais.De acordo com uma das artesãs do local, Dona Maria de
Fátima Pinto Oliveira, até chegar a sua fase final as
vassouras e chapéus produzidos pelas famílias demandam
um longo processo que vai desde o arrendamento da
carnaúba, passando pela extração das palhas e segue pelas
mãos dos artesãos. “Isso exige uma grande mão de obra e
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Rio Grande do Norte
Realização Apoio
acaba envolvendo todo mundo da família no trabalho, as vassouras são apenas o produto final”, comentou. A
artesã ainda conta que a sua primeira vassoura foi feita na adolescência, sob a supervisão de sua mãe, e desde
então o artesanato é o que dar forma a sua vida. A extração da palha de carnaúba é feita no período de agosto a dezembro do ano e grande parte das famílias
estoca toda palha possível para que a sua produção renda o ano inteiro com aquela colheita. Dona Maria Batista Oliveira, também moradora do Sítio Ponta, conta que 43 anos da sua foram dedicados ao
artesanato, quando começou aos 14 anos para ajudar aos pais na renda de casa. Hoje, aos 57 anos e mãe de quatro
filhos, a mesma conta que ensinou a todos eles como se monta uma vassoura de palha e durante muitos anos eles
seguiram os passos da mãe.Com a família inteira trabalhando, Dona Maria Batista afirma que produzia cerca de cento e cinquenta vassouras
por semana o que gerava uma renda de quase R$ 400,00 (quatrocentos reais) por mês. Segundo ela, os filhos
casaram e hoje ela trabalha praticamente sozinha contando apenas com a ajuda do marido, mas sua produção não
chega a um cento. “Meus filhos casaram e o mais novo foi estudar fora, mas eu não deixo de fazer vassouras
porque isso é minha vida, apesar de produzir menos agora por causa da minha saúde”, revelou. Conforme a artesã existe dois tipos de vassoura feita da palha sendo a tradicional e a vassoura de costa, que é um
pouco mais resistente, cada unidade custa cerca de R$ 0,35 (trinta e cinco centavos). Ainda segundo ela, depois
de prontas, as vassouras são levadas pelo marido que as vende nos supermercados da cidade.“A carnaúba é conhecida como a 'arvore da vida' e nenhum outro nome seria tão apropriado como este, porque
aqui no Sítio Ponta, ela garante a sobrevivência de nossas famílias através do artesanato e embeleza a paisagem
da nossa comunidade”, finalizou Dona Maria Batista.