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Manual Sistemas Comunicações II

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  • Conceitos bsicos de anlise espectral 1

    CAPTULO 1 CONCEITOS BSICOS DE ANLISE ESPECTRAL

    1.1 SRIE E TRANSFORMADA DE FOURIER

    Necessidade da Anlise Espectral

    Os sinais utilizados nos sistemas de telecomunicaes possuem uma grande

    diversidade de formas de onda no domino do tempo; no obstante, alguns podem

    apresentar caractersticas comuns no domnio da frequncia. Assim, por exemplo,

    os sinais de udio apresentam uma grande diversidade de formas de onda no tempo

    mas todos tm a propriedade de possuir componentes de frequncias entre 0 e

    2000 Hz. Isto tambm aplicvel aos sinais de vdeo, de dados, etc.

    De acordo ao exposto anteriormente, torna-se necessrio dominar as tcnicas

    que permitem o estudo dos sinais no domnio da frequncia.

    1.1.1 Algumas Classificaes dos Sinais

    Sinais determinsticos e sinais aleatrios

    Alm da classificao dos sinais em analgicos e digitais, possvel classific-

    los em determinsticos e aleatrios.

    Assim, teremos:

    q Sinais determinsticos.

    Os sinais determinsticos so aqueles que podem ser representados

    univocamente por uma funo de tempo. Isto quer dizer que para qualquer

    instante do tempo pode conhecer-se exactamente o valor de voltagem (ou

    corrente) do sinal.

    q Sinais aleatrios

    Os sinais aleatrios pelo contrrio, no podem ser representados univocamente

    por uma funo do tempo, mas sim por um conjunto de funes no tempo

    (montagem). Cada uma destas funes denomina-se realizao ou funo de

    amostragem (sample function).

  • Isto significa que para qualquer instante de tempo no possvel conhecer

    exactamente o valor do sinal e, esta depende de qual realizao ocorreu durante a

    observao do sinal. (Fig. 1.1).

    Fig.1.1 Montagem de realizao de sinais aleatrios digitais

    Os sinais determinsticos podem subdividir-se em sinais peridicos e sinais

    aperidicos.

    Sinal Peridico:

    Um sinal peridico quando os seus valores repetem-se periodicamente no

    tempo num intervalo fixo denominado: To. Se x(t) a funo que representa o sinal,

    ento:

    x(t + nTo) = x(t) (1)

    A definio anterior implica que o sinal existe no intervalo -

  • Conceitos bsicos de anlise espectral 3

    Sinais analgicos e digitais:

    Sinal analgico:

    A magnitude de voltagem que representa o sinal no tempo pode ter um valor de

    um conjunto infinito de valores (subintervalos dos nmeros reais) para um instante

    determinado de tempo.

    Sinal digital:

    A magnitude de voltagem que representa o sinal no tempo pode ter um valor de

    um conjunto finito e discreto de valores para um instante determinado de tempo.

    1.2 SRIE DE FOURIER ESPECTRO DE POTNCIA

    Consideremos um sinal peridico com uma potncia (mdia) finita. Isto :

  • nCCn -= (funo par de n) (7)

    fn = - f-n (8)

    As variaes de nC com nfo denominam-se espectro de amplitude de x(t)

    enquanto que as variaes de fn com nfo denominam-se espectro de fase.

    Ambos espectros constituem o espectro de frequncias de x(t) e um grfico

    discreto.

    Funo Sinc:

    Esta uma funo que permite adoptar uma nomenclatura cmoda para o

    tratamento dos espectros de frequncia e que aparece muito frequentemente no

    tratamento espectral dos sinais digitais. Define-se como:

    uusenuc

    pp

    =sin (9)

    e o seu grfico observa-se na Fig.1.2.

    Fig.1.2 Funo sinc u

    Exemplo:

    Calcule o espectro de frequncias do trem de impulsos que ilustrado na

    Fig.1.3:

  • Conceitos bsicos de anlise espectral 5

    Fig.1.3 Trem de impulsos

    Soluo:

    dtetxTo

    Cn tjwTo

    To

    0

    1/

    2/

    )(1 --=

    0

    02/

    2/

    1 2/sen2nwnw

    ToAdteA tjnwTo o

    tt

    t

    == -

    -

    Utilizando a funo sinc u:

    tt

    onfcToACn sin= fo = 1/To

    e

    -=

    =n

    tjnwo enfsincTo

    Atx 0)( tt

    Espectro de amplitude:

    Cn = tt

    onfsincToA

    com zeros em:

    Hzf ,........4,3,2,1tttt

    =

  • Espectro de fase:

    tf

    on nfsinc

    arctan 0=

    Fig.1.4 Espectro de Amplitude e de Fase do Trem de impulsos rectangulares.

    Observaes:

    1. Quanto mais estreita a durao do impulso (t) mais extenso ser o espectro

    de x(t) e vice-versa.

    2. Quanto maior for o perodo do sinal (To) as linhas espectrais agrupam-se mais entre si.

    3. Cada uma das linhas espectrais que compe o espectro de frequncias

    denominada por componentes de frequncia (primeiro harmnico, segundo harmnico, etc.).

    4. A apario de componentes de frequncias negativas torna-se necessria

    para que x(t) tenha um sentido real, para o qual apoia-se na realizao de Euler.

    ejx + e-jx = 2 cos x

    Se no tomar-se em conta o fasor de frequncia negativa, a composio de x(t) a partir de fasores (serie de Fourier) no resulta ser um sinal real.

  • Conceitos bsicos de anlise espectral 7

    O espectro de frequncia contm um conjunto infinito de componentes de

    frequncia (espectro infinito) mas suas amplitudes diminuem a medida que

    f .

    Teorema de Parseval:

    A potncia (mdia) de um sinal peridico x(t) pode avaliar-se a partir dos

    coeficientes Cn da srie de Fourier de x(t).

    =

    =

    +==1

    22

    1

    2 2nn

    CnCoCnP (10)

    Largura de banda de um sinal:

    Existem diferentes critrios para definir a largura de banda de um sinal. Em

    termos gerais pode-se definir como a banda de frequncia onde esto situadas as

    componentes significativas de frequncia; isto , aquelas componentes de

    frequncia onde concentra-se uma percentagem significativa da potncia do sinal.

    Nenhum sistema real pode transmitir todas as componentes de frequncia do

    sinal a que requerer uma largura de banda infinita.

    Se fmax y fmin representam os limites superior e inferior de frequncia onde esto

    concentradas as componentes significativas de x(t), ento a largura de banda B

    B = fmax - fmin (11)

    Exemplo:

    No trem de impulsos da figura, encontre a percentagem da potncia que est

    associada aos cinco primeiros harmnicos do sinal.

    To = 1 mesa.

  • Soluo:

    t = To/2, logo:

    Cn = sinc n (fo To/2) = sinc (n/2)

    - -

    ====2/

    2/

    4/

    4/

    22 2/12/)1(1)(1To

    To

    To

    To

    wattTo

    TodtTo

    dttxTo

    P

    P (5 primeiros harmnicos) = =

    +5

    1

    22 2n

    CnCo

    )212.0()2/1(,0);637.0()2/1(;2/1 321 ==== CCCCo

    )127.0()2/1(;0 54 == CC

    [ ].483.0

    016.0045.0405.0)2/1(2)2/1( 225watt

    P=

    +++=

    %6.96)100.(5.0

    483.0(%) ==P

    Como pode observar-se, praticamente toda a potncia mdia do sinal est

    contida nestes cinco harmnicos e portanto pode ser tomada como largura de

    banda do sinal.

    Assim,

    B = 5fo - 0 = 5 fo = 5 kHz.

  • Conceitos bsicos de anlise espectral 9

    Exemplo:

    Referindo-nos ao trem de impulsos do exemplo anterior, Qual a largura de

    banda do sinal se somente necessrio tomar 95 % da potncia mdia do sinal?

    Soluo:

    Tomando as 3 primeiras harmnicas tem-se que:

    P3 = (1/2)2 + 2(1/2)2 [0,405 + 0,045] = 0,475

    % P = (0,475/0.5) 100 = 95 %

    B = 3fo = 3 kHz.

    Com o exemplo anterior pretende-se ilustrar que a largura de banda de um

    sinal no uma quantidade rigorosamente fixa, mas sim que pode modificar-se em

    funo de uma aplicao determinada.

    1.3 TRANSFORMADA DE FOURIER

    Definio da transformada de Fourier. Espectro de frequncia

    Teoremas

    Relao entre o espectro contnuo e o espectro discreto

    Teorema de amostragem

    1.3.1 Definio da transformada de Fourier. Espectro de frequncia

    Se x(t) responde a um sinal fisicamente realizvel e um sinal aperidico, ento a descrio no domnio da frequncia proporcionada pela transformada de

    Fourier.

    X(f) = F[ x(t) ] (12)

    E define-se como a seguinte integral:

    -

    -= dtetxfX jwt)()( (13)

    A converso ao domnio do tempo efectua-se por meio da Transformada inversa:

  • [ ] dtefXfXFtx jwt

    -

    - == )()()( 1 (14)

    em geral X(f) uma funo complexa de f, pelo que pode expressar-se como:

    )(arg)()( fXjefXfX = (15)

    mostrando as seguintes propriedades:

    )()( fXfX -= Simetria par (16)

    arg X(f) = - arg X(-f) Simetria mpar (17)

    semelhana com o espectro de frequncia de um sinal peridico, o espectro de

    frequncia de um sinal aperidico ser:

    fvsfX )( espectro de amplitude

    fvsfXArg )( espectro de fase

    O par )()( fXtx denomina-se par transformado A diferena com o espectro de um sinal peridico (que um espectro discreto) o

    espectro de um sinal aperidico contnuo na frequncia.

    Exemplo:

    Calcule o espectro de amplitude do impulso rectangular )/( tt definido por:

    >

    =

    2/0

    2/1)/(

    t

    tt

    t

    tt

    Soluo:

    Graficamente, o impulso rectangular )/( tt :

  • Conceitos bsicos de anlise espectral 11

    Ento

    - -

    -- ===2/

    2/

    )1()()(t

    t

    tt fsincdtedtetxfX jwtjwt e seu espectro

    de amplitude ser:

    Se o impulso tem uma amplitude de A volts, ento:

    ttt fsincAtA )/( 1.3.2 Teoremas (Propriedades)

    Sero dadas seguidamente um conjunto de teoremas (sem demonstrao) que

    so importantes para o trabalho com a transformada de Fourier:

    T-1 Linearidade

    a1 x1(t) + a2 x2(t) a1X1(f) + a2X2(f) (18)

    T-2 Retardamento no tempo

    0)()( 0jwtefXttx -=- (19)

    T-3 Dualidade

    Se )()( fXtx , ento )()( fxtX - (20)

  • T-4 Deslocamento de frequncia (Modulao)

    Se )()( ptjw ffXetx p -

    [ ])()(21cos)( ppp ffXffXtwtx -+-

    1.3.3 Relao entre o espectro discreto e o especto contnuo

    A partir de um ponto de vista formal, impossvel trabalhar qualquer espectro

    de forma unificada a partir da transformada de Fourier. Com efeito, recordando

    que:

    dtetxT

    C

    T

    T

    tjwn

    -

    -=2

    20

    0

    0

    0)(1 e

    dtetxfX

    T

    T

    jwt-

    -=20

    0

    2

    )()(

    ento:

    [ ]00 )(

    0

    1nfftTn xFT

    C == (21)

    onde xTo(t) o sinal peridico limitado a um perodo T0. Por outro lado se x(t)

    peridica:

  • Conceitos bsicos de anlise espectral 13

    dteeCndtetxfX jwtn

    tjnwjwt

    -

    -

    - == )()()( 0

    -=

    -

    --=n

    tnwwj dteCn )( )( 0

    Mas:

    -

    -- -= )( 0)( 0 nffdte twwj

    Portanto:

    )()( 0

    -=

    -=n

    nffCnfX (22)

    A importncia de (21) e (22) pode resumir-se em:

    q Para o clculo de Cn, podem aplicar-se as tabelas de transformadas.

    q Para o tratamento do espectro discreto podem aplicar-se os resultados dos

    teoremas de transformadas.

    A funo (t) chama-se Delta de Dirac ou funo impulso e define-se como:

    -

    = 1)( dtt

    e resulta muito importante na anlise espectral, tendo as propriedades:

    q

    -

    =- AdtttA )( 0

    q

    -

    =- )()()( 0txdttttx o Amostragem

    q )()()( totxtottx -=-* Convoluo

    q )()()()( tottoxtottx -=- Multiplicao

  • A amostragem selecciona um valor particular, enquanto que a convoluo

    repete a funo completamente. A multiplicao equivalente a ponderar os

    impulsos com o valor mostrado.

    Exemplo:

    Considere o trem de impulsos de RF mostrado na Fig.1.5:

    Fig.1.5 Trem de impulsos de RF

    Calcule o espectro de amplitude.

    Soluo:

    [ ]0

    )(1

    0fnTo txFT

    Cn ==

    [ ] -=+= += 00 )/(()/((2cos)/( nffpfnfffpTo tFtFAtwtAx

    pttt

    [ ] ttt fsinctF = )/(

    [ ]tttt )()(2

    )( 000

    0 ppnffTfnfsincfnfsincAtxF ++-=

    =

    [ ])()(2 000

    pp fnfsincfnfsincTACn ++-= tt

    A expresso do espectro de amplitude ser:

    tt

    tt )(sin

    2)(sin

    2 000

    0pp fnfcT

    AfnfcT

    ACn ++-=

    e a representao grfica do espectro de amplitude aproximadamente:

  • Conceitos bsicos de anlise espectral 15

    1.3.4 Teorema de amostragem

    Enunciado:

    Se um sinal x(t) est limitada em banda de tal maneira que no contm uma componente de frequncias maior de W Hz, ento o sinal fica completamente

    determinado pelos seus valores discretos espaados cada 1/2W segundos ou menos:

    tempo de amostragem Ts (perodo de amostragem) :

    segW

    Ts21

    ou

    .2 HzWfs

    onde fs representa a frequncia de amostragem.

    Aproximao do Teorema de Amostragem:

    Amostragem Ideal

  • Consideremos um trem de impulsos:

    -m

    Tsmt )(

    onde Ts o perodo de amostragem. Se x(t) o sinal variando continuamente no

    tempo e limitado (natural o artificialmente) em frequncia a W Hz como frequncia

    mxima, ento o sinal amostrado xs(t) pode escrever-se como:

    -=m

    s mTsttxtx )()()(

    A srie de Fourier de um trem de impulsos pode calcular-se como sendo:

    [ ]Ts

    tFTs

    Cnsnff

    1)(1 == =

    Ento:

    =-m

    tjmw

    m

    seTs

    mTst 1)(

    ss fTsw pp 22 ==

    Logo:

    ==m

    tjmw

    m

    jmws

    sst etxTs

    eTs

    txtx )(1)()(

    transformando ambos membros:

    -=

    -=m

    ss mffXTsfX )(1)(

    A transformada de Fourier do sinal amostrado xs(t) consta de X(f) repetindo-se a

    si mesma indefinidamente a cada mfs Hz, para m=0, 1, 2, 3,.... tal como

    ilustrado:

  • Conceitos bsicos de anlise espectral 17

    Para que no existam intercalamentos no espectro peridico tem de cumprir-se

    que fs W W.

    E portanto fs 2W.

    O sinal x(t) pode reconstruir-se a partir do sinal amostrado xs(t) fazendo-o

    passar atravs de um filtro passa baixo de ganho Ts e largura de banda W. A

    funo de transferncia do filtro ser:

    A resposta ao impulso do filtro h(t) = 2W Ts sinc 2Wt.

    Como 2WTs = 1 ento h(t) = sinc (2 W t)

    Que representa abaixo na mediante uma simulao em MatLab:

    A entrada de um impulso de amplitude x s (mTs) dar uma sada do tipo:

  • xs(mTs) h(t-mTs) = xs (mTs) sinc 2W(t-mTs)

    Logo a sucesso de impulsos ser a sada total, isto ,

    )(2)()( sm

    s mTtWsincmTsxtx -=

    -=

    1.4 SISTEMAS LINEARES

    1.4.1 Funo de transferncia e respostas ao impulso

    Um sistema linear invariante com o tempo aquele no qual cumprem-se duas

    condies:

    a) Cumpre-se o principio de reciprocidade.

    b) A relao entre o sinal de entrada e o sinal de sada vem regida por uma

    equao integro-diferencial com coeficientes constantes.

    Aplicando a transformada de Laplace, a relao entre a sada transformada Y(s)

    e a entrada transformada X(s) define-se como funo transferencial H(s).

    Assim:

    )()(

    )(sHsY

    sH = (23)

    onde s uma frequncia complexa que permite obter o espectro transitrio e o

    estado estacionrio do sistema. Os sinais portadores de informao esto

    compostos por um conjunto infinito de componentes ou fasores pelo que interessa-

    nos conhecer o comportamento do sistema no estado estacionrio para cada

    componente de frequncia em geral. Fazendo s = j2pf, a expresso (1) converte-se

    em:

    )()()(

    fXfYfH = (24)

    e conhece-se com o nome de resposta de frequncia do sistema. Em geral H(f)

    uma quantidade complexa, logo, pode expressar-se como:

  • Conceitos bsicos de anlise espectral 19

    )()()( fjeFHfH q= (25)

    O grfico de fvsfH .)( designa-se resposta de amplitude, enquanto que

    o de fvsf .)(q designa-se resposta de fase. Ambas magnitudes apresentam as seguintes propriedades:

    )()( fHfH -= (26a)

    )()( ff --= qq (26b)

    A forma de calcular H(f) simplesmente avaliando as relaes de entrada/sada

    quando a rede ou sistema esteja excitado por um tom sinusoidal.

    Exemplo:

    Calcular a resposta de frequncia de uma rede RC passa-baixo:

    Solues:

    Se excitarmos o circuito com um tom sinusoidal (fasor ejwt), podem aplicar-se os

    conceitos de impedncia estudados nos cursos de circuitos elctricos:

    Assim,

    RCfjjwC

    R

    jwcfHVenVsal

    p211

    1

    1

    )(+

    =+

    ==

    se fc representa a frequncia de corte, definida por:

    RC21 fc

    p=

    V entrada

    V sada R C

  • ento

    )/f(1)(

    cfjfH =

    Tomando mdulo e ngulo de H(f), obtm-se que:

    )/(arctan)(;)/(1

    1)(2

    cc

    fffff

    fH -=+

    = q

    Resposta ao Impulso:

    A resposta de frequncia H(f) em definitiva uma transformada de Fourier; cuja

    resposta em tempo h(t). Assim:

    [ ] dtefHfHFth jwt

    -

    - == )()()( 1 (27)

    Se a entrada x(t) um impulso, quer dizer X(f) = 1, ento Y(f) = H(f)

    Y h(t) denominada resposta ao impulso. No domnio do tempo, pode expressar-se o produto de convoluto y(t) = h(t) * x(t)

    Definido por:

    -

    -= ttt dtxhty )()()( (28)

    1.4.2 Transmisso sem distorso

    Um sistema de transmisso no distorce o sinal de entrada se o sinal de sada

    resulta:

  • Conceitos bsicos de anlise espectral 21

    y(t) = K x(t t0) (29)

    Se K > 1 o sistema introduz amplificao;

    Se K < 1 o sistema introduz atenuao. O valor t0 uma constante que depende

    dos elementos armazenadores de energia (L y C) que o sistema de transmisso

    possui.

    Aplicando a transformada de Fourier expresso (29), obtm-se:

    Y(f) = K e-j2pfto X(f) (30)

    A resposta de frequncia correspondente :

    ftojeKfXfYfH )2(

    )()()( p-== (31)

    Em termos de mdulo e ngulo obtm-se:

    fftofKfH "-== ;)2()()( pq (32)

    O que pode representar-se em dois grficos:

    Filtros ideais:

    Um filtro uma rede elctrica que deixa passar determinadas componentes de

    frequncia (banda de passagem) e elimina as outras (banda suprimida). Em geral, a

    transformao que produz uma rede ou sistema passagem de um sinal designa-se

    filtragem do sinal.

    Dependendo de onde estiver situada a banda de passagem do filtro, estes

    classificam- se em:

    - filtro passa-baixo

  • - filtro passa-banda

    - filtro passa-alto

    - filtro supressor de banda

    Um filtro ideal aquele que cumpre com as condies de transmisso na banda

    de passagem.

    Assim, um filtro passa-baixo ideal aquele que cumpre com:

    -= jwtoeBffH )2/()( (33)

    Onde:

    >

    = 00

    1)2/(

    f

    BfBf (34)

    De forma semelhante, um filtro passa-banda aquele que cumpre com:

    --

    -= twwje

    BfoffH )( 0

    2)( (35)

    Onde:

    >-

    -=

    - BffBff

    Bff

    0

    00

    0

    12

    (36)

  • Conceitos bsicos de anlise espectral 23

    A largura de banda do filtro passa-baixo ideal B Hz., enquanto que o passa-

    banda 2B Hz.

    Na prtica o corte abrupto que exibe o filtro ideal no pode conseguir-se j que

    estes originam redes e sistemas que no so fisicamente realizveis.

    Os filtros reais tm um corte suave criando assim uma banda de transio

    entre a banda de passagem e a banda de paragem. Para definir nestes casos a

    largura de banda do filtro toma-se como referncia os pontos de metade de potncia

    ou pontos de - 3 dB.

    Exemplo:

    Calcular a largura de banda de uma rede RC passa-baixo.

    Soluo:

    2)/(11

    21)(

    cxx

    fffH

    +==

    fx = fc

    HzRCRC

    Bpp 210

    21

    =-=

    - fo B -fo

    f

    fo B fo

    1)( =fH

    -fo + B

    H (f)

    ( )fq

  • Condies para a transmisso sem distorso:

    Para garantir a transmisso sem distoro necessrio que se cumpram duas

    condies:

    a) Bsinal < Bfiltro A largura de banda do sinal deve ser menor que do filtro;

    b) Na largura de banda do filtro devem cumprir-se o mais aproximado possvel

    as condies ideais de transmisso.

    Exemplo:

    A resposta em amplitude de um circuito simplesmente sintonizado vem dada

    por:

    2

    1

    1)(

    D+

    =

    Qfof

    fH

    onde Df o desvio de frequncia, fo a frequncia de ressonncia e Q o factor de

    qualidade ou selectividade do circuito.

    Determine o mximo de largura de banda de um sinal modulado que possa ser

    transmitido atravs deste filtro.

    Soluo:

    2

    0

    1

    12

    1

    +

    =

    fBQ

    onde B = 2Df nos pontos de metade da potncia.

  • Conceitos bsicos de anlise espectral 25

    Logo BQ/fo = 1, portanto: B (filtro) = fo/Q B sinal modulado.

    1.4.3 Anlise do espectro discreto

    A transformada discreta de Fourier

    Resulta atractiva a ideia de poder calcular a transformada de Fourier em forma

    numrica com o auxilio de computadores digitais.

    Neste caso, devemos considerar somente amostras discretas tanto da funo no

    tempo (sinal) como do espectro, e por conseguinte um nmero finito de amostras.

    Seja a funo do tempo x(t) representada por N amostras: x , 0 n N-1(nT) onde T o intervalo de amostragem no domnio do tempo. Ento seja, de igual

    forma, X(kW ), para 0 k N-1 , o espectro. Onde W o incremento da abcissa entre amostras no domnio da frequncia.

    Se a partir de x(t) se formar-se:

    x (t) = x(n T) ( t - n T)*n = 0

    N-1

    X F x x t nT e dtk t nTn o

    Nj k t*

    ( )*

    ( ) ( ) ( ) .WW= = -

    =

    --

    1

    X x ek nTn o

    Nj T n k*

    ( ) ( )WW=

    =

    --

    1

    k, n = 0............. N-1

    Definio: A transformada de Fourier discreta (ou finita) (TFD) (DFT em ingls) de uma sequncia de N amostras, x(nT) (ou simplesmente Xn posto que T no

    intervm explicitamente nos clculos), define-se como:

    X X x ek k nn o

    Nj T n k= =

    =

    --( )W W

    1

    (37)

    onde W = 2P/NT.

  • W precisamente a separao em frequncia entre duas componentes

    espectrais adjacentes.

    Em geral, xn y Xk so complexas, ainda que para muitos casos de interesse

    xn real. Assim, W t = 2 P/N. Especificando-se W desta forma, somente haver N

    valores distintos computveis para Xk : k=0,1........... N-1.

    Uma notao muito usada :

    W eNn k j T n k- -= W

    W e eNj N j T= =+ 2 p / W peridica em n e em k, com perodo N.

    Note que: W Nk N =1 pois e ej N N k j k k( / )2 2 1 1p p= = =

    Assim: W Nk n m N +( ) m = 0, 1, 2,

    = = = W W W W WNn k

    Nm k N

    Nn k

    NN n k

    Nn k

    Como consequncia desta importantssima propriedade, Xk uma sequncia

    peridica de perodo N. Desta forma apenas existe N valores diferentes (ao fim de

    um perodo comeam a repetir-se).

    Inverso:

    x N X Wn kn o

    N

    Nn k=

    =

    -

    ( / )11

    Esta expresso implica que xn deve ser considerada peridica em N.

    Importncia:

    O grande interesse pela TFD obedece a que foram desenvolvidos os algoritmos

    FFT (Fast Forrei Transform", ou "transformada rpida de Fourier"), que permitem a

    avaliao de (37) de uma forma muito eficiente. Existe abundante software sobre a

    FFT, o qual importante saber como explorar (Cooley e Tukey, 1965).

  • Conceitos bsicos de anlise espectral 27

    Caractersticas dos ndices dos arranjos:

    1. Como j se viu, o arranjo de sinal tal que:

    { xn } 0 n N-1 com

    { Xk } 0 k N-1

    ou seja, devido a periodicidade de xn y Xk, a dimenso dos arranjos N (um

    perodo destes sinais discretos).

    2. Sabe-se que para que no exista perda de informao ao fazer a amostragem

    de um sinal de espectro limitado em banda* ou seja /X(f)/ = 0 para todo

    f W requer-se que a frequncia de amostragem cumpra com a condio

    fs 2 W (Teorema de Nyquist).

    Isto , se W fs /2 e portanto 2 PW 2P/2T =(P/T), ao ser W = 2P/NT, a

    amostra N-sima no eixo de frequncias ter como abcissa N W = 2P/NT, e a

    N/2 sima:

    N W/2 = P/T que coincide com a mxima frequncia significativa no

    espectro. Quer isto dizer: Xk tem N valores diferentes, mas deles so

    significativos s N/2 + 1 (0...... N/2).

    * Estes sinais no existem fisicamente mas so empregues como modelos

    aproximados.

    Efeitos a ter em conta ao usar a TDF:

    a) Selectividade de frequncia nos termos da transformada. Pode demonstrar-se

    que quando xn um exponencial complexo xn = e jq WnT (frequncia qW) e

    portanto um "tom puro", (q pode ser qualquer valor, p.exemplo 0 q N-1).

    Tem-se:

    Xe

    ekj q k

    j q k N=-

    -

    -

    - -

    11

    2

    2

    p

    p

    ( )

    ( ) / onde Xk q

    N k qk=

    --

    sen ( )sen ( / ) ( )

    pp

    E esta expresso ao traar X k vs q, mostra como muda o valor de um

    termo (costumam chamar-se "coeficientes") da transformada ao variar q: por

    exemplo (para N=8) vs. q seria:

  • ou seja, quando q um inteiro (ou seja, se a frequncia da exponencial a

    transformar coincide com kW para um k dado).

    Se q = k, /Xk/ = N

    Se q k (q inteiro) /Xk/ = 0

    Se q k (q no inteiro) obtm-se outros valores (ver o grfico).

    Esta anlise um tanto simplificada (j que abrange s o intervalo 0 < k < N-1

    mostra o que acontece com o espectro calculado para um tom simples: se a

    sua frequncia no coincide com kW para algum k, isto , no coincide com a

    de nenhum coeficiente especfico da transformada, todos os coeficientes

    sero diferentes de zero (ainda que de um valor pequeno).

    No obstante, observa- se que os coeficientes de frequncia adjacentes

    tomam valores maiores (p.ej. k = 4 y k = 5 para q = 4,3).

    Um grfico esquemtico com os diferentes coeficientes mostrado a

    continuao: (N=8).

    A concluso que a TDF possui uma resoluo espectral que caracteriza-se

    por W = 2P/NT (inversamente proporcional durao do sinal no tempo).

  • Conceitos bsicos de anlise espectral 29

    Uma forma de "planar" o espectro obtido com a TDF, ainda que sem

    melhorar a resoluo espectral, estender artificialmente a sequncia xn

    com zeros, em quantidade que seja mltiplo de N. A discusso deste ltimo

    efeito est fora dos objectivos da aula.

    A disperso de uma linha espectral entre vrios coeficientes da TFD recebe

    em ocasies o nome de "efeito de espaamento". ("picket-fence effect).

    b) Selectividade Intercalamento espectral ("aliasing")

    Adiantando conceitos relacionados com o teorema de amostragem, pode-se

    demonstrar que ao proceder amostragem de um sinal x (t) com espectro

    "passa-baixo" como o mostrado, o espectro do sinal amostrado peridico,

    com perodo fs. Como os sinais fsicos no esto limitados em banda, ocorre

    um intercalamento de espectros, como o mostrado, na zona sombreada.

    (est aqui representado esquematicamente a situao em que fs < 2w para

    um sinal com espectro limitado em banda, a qual anlogo apresentada).

    Como se pode ver, o espectro resultante, dentro de um perodo, aparece

    distorcido.

    Este efeito de intercalamento exige que na anlise espectral os sinais estejam

    amostrados a uma fs adequada: suficientemente alta mas o menor possvel

    (porque?).

    c) Efeito de "fuga espectral" ("leakage")

    Este efeito ser compreendido claramente a partir de um exemplo concreto.

    Considere-se que o sinal no domnio do tempo uma cosenusoide pura.

    Neste caso, ter-se- um espectro de frequncias impulsivo, como mostrado

    na figura abaixo:

  • O caso que para obter uma transformada discreta de Fourier requer-se

    uma realizao rigorosamente limitada em tempo do sinal, isto ,

    necessrio tomar N amostras de um intervalo do sinal de durao T = NTs

    O espectro deste segmento de sinal (ELT) como mostrado abaixo:

    Quer dizer, onde teoricamente no espectro deve concentrar- se toda a energia

    em fc, aparece na realidade uma disperso, ou "fuga" da energia para

    outras zonas do espectro.

    Este efeito atenua-se convenientemente quando o truncamento de x(t)

    realiza-se multiplicando-a ponto a ponto por certas funes (chamadas

    "janelas") especialmente destinadas a esse fim.

  • Conceitos bsicos de anlise espectral 31

    1.4.4 A transformada rpida de Fourier (FFT/Fast-Fourier Transform)

    Os algoritmos FFT constituem na realidade actual uma famlia bastante

    extensa, da qual pretendemos somente dar uma ideia introdutria que possibilite a

    sua aplicao e facilite estudos posteriores.

    Seja um sinal do qual tem- se um nmero par N de amostras. til considerar

    a x(t) composta de duas sequncias mais curtas: uma formada pelas amostras

    pares e outra pelas mpares:

    gn = x2n n = 0, 1, 2,........... (N/2 - 1)

    hn = x2n + 1 Ex. g5 = x10 etc.

    Sabe-se que a TDF requer para sua avaliao directa de um nmero de

    operaes da ordem N2.

    X x W W ek nn

    N

    Nn k j N= =

    =

    -- -

    0

    1 2 p

    No obstante, a TDF destas sequncias de N/2 pontos requereria um nmero

    de operaes de ordem de N2/4.

    G g e H h eN T N Tk nn

    N

    j T n kk n

    n

    N

    j T n k= = = ==

    -

    -

    =

    -

    - 0

    21

    2

    0

    21

    2 12 22

    W W W Wp p

    /

    (Nota-se que estas operaes de soma e multiplicao so em geral complexas),

    pode demonstrar-se que Xk = Gk + Wn-k. Hk de modo que para calcular Xk por

    esta via, sero necessrias N2/4 operaes para Gk y Hk e N operaes para o

  • passo final Gk + Wk. Hk (recordar 0 k N-1), de forma que o total da ordem

    de N2 /2 operaes.

    Se N uma potncia de 2, cada nova subsequncia pode por sua vez ser

    considerada uma soma de subsequncias de amostras pares e mpares, e a

    aplicao sucessiva do mtodo conduz a um nmero de operaes da ordem de N log2 N, que sero executadas tal como ilustrado.

    Este o algoritmo conhecido como "dizimado no tempo" ("decimation in time").

    O grfico referido ilustra o caso de N = 8. Observa-se como a aplicao do

    algoritmo, com a decomposio consecutiva em n subsequncias da sequncia xn

    original, conduz a um ordenamento especial das amostras de sinal, conhecido como

    "inverso de bits".

    Pode comprovar-se facilmente que os sub-ndices obtm- se invertendo a ordem

    dos bits na representao binria dos mesmos.

    Por exemplo: 2D =001B 100B = 4D.

    A FFT tem possibilitado a aplicao da anlise espectral de Fourier em

    numerosas aplicaes actuais: analisadores de espectros digitais, sistemas de

    "compresso" da informao, radar, comunicaes digitais, biomedicina, etc.

    Anlise espectral por computadores - generalidades

    Uma aplicao essencial da TFD (e portanto da FFT) a anlise espectral. Uma

    definio ampla do conceito de anlise espectral ou discreto requereria o uso da

    teoria de transformadas Z. Para os nossos efeitos suficiente defini-lo como: "uma

  • Conceitos bsicos de anlise espectral 33

    medio que proporciona o valor da densidade espectral de potncia de um sinal discreto para valores discretos da frequncia".

    As aplicaes so muito variadas, entre elas citaremos:

    - Processamento da fala (espectrogramas).

    - Radar, sonar, telecomunicaes.

    - Instrumentao electrnica.

    - Biomedicina, geofsica, anlise de vibraes, etc.

    Duas consideraes de grande importncia

    1) O nmero de valores de frequncia para a qual se deseja obter o espectro.

    2) O poder resoluto da medio espectral.

    A TFD comporta- se como um banco de filtros. Para ilustrar como se comporta

    a TFD ilustram graficamente os seguintes casos.

    a) N = K = 16

    b) N = 32, K = 16. Nota-se que os lbulos so a metade que no caso anterior em

    largura.

    c) N = 8, K = 16. Neste caso estendeu-se xn acrescentando K-N zeros. Observa-

    se que reduz o "efeito de espaamento".

    O que foi feito em (b) suprimir coeficientes para valores alternos de K (o qual

    reduz a resoluo).

  • Janelas

    Como se sabe, o carcter finito da durao do conjunto de dados de sinal

    produz o chamado "efeito de fuga", que se pode ilustrar a partir da representao

    espectral de um segmento de sinuside o que deveria ser um impulso no espectro,

    converte-se numa forma espectral tipo "sinc x". Sem janelas, a resposta dos

    diferentes filtros elementares da TFD ao responder a um tom de frequncia no

    coincidente com um filtro elementar (v.gr. com a frequncia central deste filtro),

    pode mascarar a um tom de menor energia.

    As janelas so empregues em anlise espectral para atenuar o efeito de fuga

    segundo a qual os lbulos laterais do espectro de um tom afectam as estimativas

    espectrais de tons adjacentes.

    As janelas constituem um factor fundamental que determina a resoluo de

    frequncia no espectro. A convoluto da transformada da janela com o sinal

    determina que a "resposta espectral" mais estreita relacionada directamente com o

    poder resoluto est limitada a largura do lbulo principal da transformada da

    janela. Isto , 2P/NT para a rectangular.

    Janelas Hamming

    uma funo muito usada como janela. A janela Hamming generalizada vem

    dada por:

    212

    cos)1(

    21

    0

    )(

    --+

    -

    =

    NnN

    n

    Nn

    H nW

    paa

    A essncia do mtodo consiste em que, dado um sinal xn, 0 n N-1 formar o

    produto xn' = xn. wn antes de aplicar a TDF.

    (Existem diversas funes de janelas).

    Da janela Hamming derivam-se as janelas:

    Hamming ( = 0,54) = W = Wk(n) [0,54 + 0,46 cos 2Pn/N]

  • Conceitos bsicos de anlise espectral 35

    Hamning ( = 0,5) = W = Wk(n) [0,5 + 0,5 cos 2Pn/N]

    Fig.1.6 Janela Hamming

    Observa-se o truncamento "ligeiro" que introduz a janela.

    Existem outras janelas mais avanadas (p.ex. Kaiser) fora do alcance desta

    conferncia.

    A janela ptima depende do caso particular e seleccionam-se a partir deste.

  • CAPTULO 2 MEIOS DE TRANSMISSO

    2.1 LINHAS DE TRANSMISSO

    Introduo

    Os circuitos de comunicao podem estabelecer-se sobre diferentes meios,

    como seja linhas areas, cabos areos ou subterrneos, todos estes com condutores

    metlicos, fibras pticas ou mediante ligaes de rdio. Estes meios todos levam o

    sinal por ondas electromagnticas.

    No obstante, no caso dos condutores metlicos e as fibras pticas, o meio est

    confinado e pode ser rigorosamente controlado. Nas transmisses por rdio, o meio

    no est confinado e est submetido a variaes devido natureza, pelo que no

    pode ser controlado pelos engenheiros.

    Os sistemas de transmisso devem desenhar-se de maneira que sejam

    compatveis com as propriedades destes meios, temtica que ser tratada

    seguidamente para cada uma delas.

    2.1.1 Sistemas de Transmisso

    As linhas areas consistem em condutores de cobre suportados por isoladores

    montados e suportes que se situam na parte superior dos postes. Comparadas com

    os cabos, estas tm a vantagem de apresentar muito menor atenuao, mas esta

    aumenta com a humidade do ambiente. As linhas areas tambm so susceptveis

    da interferncia elctrica dos rudos naturais e aqueles que so feitos pelo homem.

    Estas linhas esto muito expostas a danos mecnicos produzidos pelas

    trovoadas, o que torna necessrio considerar grandes custos de manuteno. As

    linhas areas todavia usam-se em reas rurais onde requerem-se poucos circuitos

    (aproximadamente menos de 10). Em alguns pases so usados sistemas de

    portadora usando mltiplexer, para conseguir um grande nmero de circuitos de

    longas distncias.

    Os cabos areos requerem menor custo de manuteno que as linhas areas, e

    por sua vez resultam mais susceptveis de sofrer danos pelas trovoadas e acidentes

    criados pelo homem que os cabos subterrneos.

  • Meios de transmisso 37

    Os cabos areos tambm esto submetidos a maiores variaes de temperatura

    que os enterrados, aspecto que deve ter-se em conta na engenharia dos sistemas de

    transmisso.No obstante os cabos areos resultam consideravelmente mais

    baratos que os enterrados no solo, particularmente quando j existe una rota com

    postes ou quando o terreno bastante rochoso, o que torna as escavaes

    geralmente difceis e onerosas.

    Os cabos enterrados tm um custo superior no investimento inicial, comparado

    com os que se instalam nos postes, mas os custos de manuteno so menores. Os

    cabos enterrados no solo podem estender-se directamente debaixo do solo ou

    colocar-se em condutas previamente construdas para esse fim.

    A extenso directa adequado quando requer-se a utilizao somente de um ou

    dois cabos; no obstante este mtodo tem o inconveniente de que se for necessrio

    posteriormente um cabo adicional ter-se- que fazer novamente o processo de

    escavao. Nestes casos resulta mais econmico instalar condutas multivias, que

    tenham capacidade para vrios cabos, com o que se evita os custos de posteriores

    escavaes e reinstalaes. Nas cidades onde requer-se um grande nmero de

    cabos economicamente vivel o uso de tneis.

    Os cabos multipares tradicionalmente utilizaram condutores de cobre com

    isolamento de papel, selado numa capa primria. Ainda que os condutores esto

    separados por um revestimento de papel, o dielctrico fundamental que rodeia os

    cabos o ar, pelo que a capacitncia entre os condutores mnima.

    O isolante de papel tem muito boas propriedades dielctricas, mas o seu

    isolamento diminui com a humidade, algo que pode ocorrer se penetrar gua ou

    humidade do ambiente devido a degradao da capa exterior produto da ou a

    manipulao ou ainda defeitos da instalao. Muitos cabos mantm-se com ar

    pressurizado, com o que se evita a entrada de humidade ao ocorrer alguma falha no

    revestimento e pode-se detectar a falha na planta a partir da presena do escape de

    ar.

    Tambm foi usado alumnio na construo de cabos, devido ao seu menor preo

    no mercado, mas nesses casos os condutores de alumnio devem ter um incremento

    de 25 % no dimetro em relao ao condutor de cobre.

  • Actualmente usa-se polietileno de isolamento nos cabos como uma alternativa

    ao isolamento de papel, assim superior a resistncia humidade, no obstante, o

    polietileno tem superior permitividade que o papel, a espessura das paredes do

    isolante e o dimetro do cabo so superiores para conseguir a mesma capacitncia

    mtua.

    Devido ao elevado custo do chumbo actualmente os materiais

    fundamentalmente usados no revestimento dos cabos so lminas finas de

    alumnio com revestimento de polietileno. O polietileno tem vantagens relativamente

    ao chumbo no referente aos custos e o peso, mas permite a entrada de certa

    quantidade de vapor de gua, o que se compensa com a barreira de alumnio.

    Durante a manufactura dos cabos, primeiramente estes so isolados

    envolvendo-os com uma fita de papel ou com um revestimento de polietileno e

    posteriormente os arrames j isolados so tranados em pares ou em grupos de

    quatro em estrela, empregando diferente tranado para os diferentes pares. Um

    grupo de quatro forma-se tranando 4 fios de tal forma que os dois que esto

    opostos um ao outro formam um par e logo forma-se o cabo situando diferentes

    pares em capas concntricas. Ao tranar os cabos reduz-se o acoplamento mtuo

    entre os circuitos e evita-se a diafonia (Interferncia entre os pares).

    Conseguir retirar o acoplamento entre os pares no mesmo grupo de quatro no

    to fcil como entre pares de diferentes grupos de quatro ou pares tranados

    independentemente, sem no entanto os grupos de quatro ocuparem muito menor

    espao que aqueles ncleos formados por pares independentes.

    A atenuao dos pares balanados aumenta com a frequncia e de igual

    maneira incrementa a diafonia devido ao acoplamento mtuo entre os pares num

    cabo. Ao conseguir diferentes tranados entre os cabos e um esmerado cuidado no

    processo de manufactura pode-se conseguir a mais baixa capacitncia e o no

    balanceamento entre os pares.

    possvel obter cabos multipares para trabalhar a frequncias portadoras, que

    resultam adequados para transmitir sinais at 250 Khz. Os pares balanados

    podem transmitir sinais digitais com contedos de alta frequncia (ex: PCM a 2

    Mbit/s) devido ao sua grande imunidade interferncia. A essas razes de bit altas

    prefervel usar cabos separados para as duas direces de comunicao para

    minimizar a diafonia.

  • Meios de transmisso 39

    Se usar-se um s cabo, as duas direces de comunicao devem situar-se em

    pares de lugares opostos do mesmo, existindo pares no usados entre eles para que

    sirvam de pantalha. De forma alternativa podem empregar-se cabos que tm uma

    pantalha metlica interior que serve de separao entre eles.

    Para altas frequncias necessrio usar uma forma diferente de construo, ao

    que consiste de um conector interior rodeado por uma pantalha concntrica, o que

    se conhece como CABO COAXIAL. Para minimizar as perdas dielctricas o

    isolamento nestes cabos coaxiais essencialmente o ar.

    Isto consegue-se separando os condutores com discos de polietileno

    regularmente espaados ou recheando o espao entre os condutores com polietileno

    com cavidades de ar no interligadas entre si. Quando se trabalha a altas

    frequncias o efeito pelcula (Skin effect) faz com que a corrente no condutor

    interior circule pela sua periferia e no condutor exterior pela sua superfcie interior.

    Desta maneira no h radiao do sinal e qualquer corrente exterior

    interferente flui pela parte exterior do condutor e como resultado no interfere com

    a corrente do sinal. Este efeito de apantalhamento resulta ineficaz a baixas

    frequncias, pelo que os cabos coaxiais no se usam normalmente por baixo de 60

    Khz. O limite superior de frequncia est determinado somente pela atenuao, que

    aumenta aproximadamente proporcional com a raiz quadrada da frequncia, e

    tambm dada pela uniformidade da construo, que decide na gerao de

    reflexes produto das discontinuidades.

    H dois tipos de pares coaxiais de uso frequente:

    q Um tem um condutor interior de 1.2 mm de dimetro e um dimetro interior

    do condutor exterior de 4.4 mm, o que se conhece como par coaxial de

    1.2/4.4 mm.

    q O outro tem 2.6 mm e 9.5 mm nos dimetros correspondentes e conhece-se

    como par coaxial de 2.6/9.5 mm.

    Os fabricantes de cabos coaxiais produzem-nos com 4, 6, 8, 12, 18 e 28 pares

    coaxiais e os espaos entre eles geralmente so recheados com pares ordinrios ou

    grupos de quatro para conseguir um cabo de seco transversal circular. Estes

    pares intercalados podem usar-se para circuitos de frequncia de udio ou para

  • propsitos de controle entre as estaes terminais e os repetidores do sistema do

    cabo coaxial.

    Os cabos submarinos usam geralmente um s par coaxial. Estes cabos esto

    submetidos a presses muito altas quando colocam-se no fundo do mar, pelo que

    usa-se um dielctrico de polietileno slido, no lugar daquele que tem espaos de ar.

    Isto traz como consequncia superior atenuao por km que os cabos de sistemas

    terrestres com similares dimenses. Os primeiros cabos submarinos usavam

    cobertura convencional com arrames para aumentar a sua consistncia, algo que

    muito importante nestes cabos para suportar os esforos gerados no momento da

    sua extenso.

    Posteriormente os cabos transocenicos foram feitos mais ligeiros colocando

    arrames de ao dentro do condutor de cobre que forma o condutor interior. De

    todas formas resulta todavia necessrio o reforo exterior nas pores de cabo que

    esto prximas da costa onde podem existir esforos adicionais.

    2.1.2 Teoria de linhas

    Os coeficientes primrios de uma linha de transmisso homognea so:

    R = resistncia em ohms por unidade de comprimento

    G = condutncia (fugas) em siemen por unidade de comprimento

    L = inductncia em henrios por unidade de comprimento

    C = capacitncia em frades por unidade de comprimento

    Uma soluo para o estado estvel das equaes diferenciais parciais de

    qualquer linha comprida so dadas por:

    )1.3()( aeVxV Px-=

    )1.3()( beIxI Px-=

    onde V(x) e I(x) so as voltagens e correntes a uma distncia x da fonte de

    alimentao linha.

  • Meios de transmisso 41

    )2.3(

    )2.3()])([(2/1

    2/1

    blwCGjwLRZo

    aCjwGLjwRP

    ++=

    ++=

    Aos coeficientes secundrios P e Zo chama-se-lhes coeficiente de propagao e a

    impedncia caracterstica da linha.

    O coeficiente de propagao P complexo, podemos escrever:

    ba jP += A parte real a do coeficiente de propagao da atenuao da linha em neper

    por unidade de comprimento e chama-se coeficiente de atenuao. A parte

    imaginaria b representa a fase em radianos por unidade de comprimento e chama-

    se coeficiente de fase.

    A fase da onda transmitida cambia em p2 numa distncia igual a bpl /2= a

    que representa o comprimento de onda. A velocidade da propagao est dada por:

    bl /wfv == (3.3)

    Em geral, a atenuao e a velocidade variam com a frequncia. A caracterstica

    atenuao/frequncia de um cabo de udio tpico apresenta-se na Fig.2.1.

    Tendo em conta que ZoxVxI /)()( = , se uma linha de comprimento finito termina numa impedncia Zo, a voltagem e a corrente em qualquer ponto da

    linha idntico ao que se teria numa linha de comprimento infinito, dado pelas

    equaes 3.1 a-b. Neste caso diz-se que a linha est correctamente finalizada.

    Na prtica nem sempre possvel conseguir uma impedncia terminal que se

    adapte por completo a Zo na margem de frequncias completa que vai ser

    transmitida. A relao entre a voltagem reflectida e o incidente e a relao entre a

    corrente reflectida e a incidente conhece-se como o coeficiente de reflexo r .

    Quando a impedncia terminal ZL demonstra-se que:

    ZoZlZoZl

    +-

    =r (3.4)

  • O recproco desta relao expressa-se em decibeis, quer dizer, ( r10log20- ) e

    conhece-se como perdas de retorno. Obviamente para Zl = Zo, 0=r e as perdas de

    retorno so infinitas. Para um curto circuito, 1-=r e a onda reflectida estar

    desfasada com a onda incidente e no haver voltagem no extremo da linha. Para

    um circuito aberto 1+=r neste caso a onda reflectida est em fase com a incidente

    e se duplicar a voltagem no extremo da linha.

    Fig.2.1 Caracterstica atenuao/frequncia de um cabo de audio-frequncia

    As reflexes no s podem produzir-se por uma terminao incorrecta, tambm

    podem ocorrer por irregularidade da impedncia em pontos intermdios da linha.

    Isto causa distoro de atenuao e de retardamento. As reflexes tambm aplicam-

    se num importante mtodo de localizao de falhas nas linhas, onde aplicando um

    impulso curto entrada, o que se reflecte nas irregularidade devido a falha causam

    uma reflexo. O intervalo de tempo entre o envio do impulso e o regresso do

    impulso reflectido proporcional ao dobro da distncia `a falha.

    Da equao 3.2.a, os coeficientes de atenuao e de fase so:

    2/122/12222/1222

    2/122/12222/1222

    )(21)()(

    21

    )(21)()(

    21

    --++=

    -+++=

    LGwRGCwGLwR

    LGwRGCwGLwR

    b

    a

    Estas equaes so complicadas, mas podem ter em conta as seguintes

    aproximaes para diferentes margens de frequncia:

    a) Linha no carregada b) Carga de forma continua c) Carga de forma agrupada d) Linha equalizada

    Atenuao em dB/km.

    Frequncia, kHz

  • Meios de transmisso 43

    (a) Para baixas frequncias (por exemplo telegrafia).

    GRZoRG

    GwCyRwL

    /,0, ===

  • Assim, a impedncia caracterstica puramente resistiva e independente da

    frequncia. A velocidade de propagao b/w tambm independente da

    frequncia. A atenuao no independente da frequncia, pois o efeito pelicular

    reduz a profundidade de penetrao da corrente, o que produz um aumento da

    resistncia R com a frequncia. Pode demonstrar-se que R w , de maneira que

    a tambm proporcional a w .

    2.1.3 Correco da atenuao: equalizadores e carregamento indutivo

    A atenuao aumenta com a raz quadrada da frequncia numa ampla margem

    de frequncias (regies b y c). O aumento da atenuao com a frequncia pode ser

    deslocado da banda requerida mediante a utilizao de equalizadores. Assim,

    obtm-se uma atenuao que independente da frequncia, mas tal como a

    atenuao da linha em altas frequncias, ver ilustrao na Fig.2.1(d). Quando

    necessrio preservar a forma de onda do sinal (exemplo em televiso e transmisso

    de sinais digitais) o equalizador deve corrigir tanto a distoro de amplitude como a

    de fase.

    Um caso especial, que foi estudado inicialmente por Heaviside, aquele que

    ocorre quando:

    LG = CR (3.5)

    Se esta condio for substituda na equao 3.2.a. teremos:

    LGvRG /1==a

    Desta maneira a atenuao e a velocidade de propagao so independentes da

    frequncia. A equao 3.5 conhece-se como a condio para que no exista

    distoro.

    Para cabos prticos a parte esquerda da equao. 3.5 muito mais pequena

    que a parte dereita e no resulta possvel reduzir R ou C, pois sempre se tornam to

    pequenos quanto seja possvel, to pouco resulta desejvel aumentar o valor de G,

    pois que aumentaria a atenuao.

    Neste possvel aumentar o valor de L para satisfazer a condio 3.5, operao

    que se conhece como carregamento. Tal como mostrado na Fig.2.1(b) esta aco

    reduz a atenuao a todas as frequncias, ao valor que apresenta um cabo e no

  • Meios de transmisso 45

    carregamento a baixas frequncias (em contraste com isto, a equalizao aumenta a

    atenuao a todas as frequncias at o valor da frequncia mais alta na banda

    requerida, tal como vemos na Fig.2.1(d).

    A operao de carregamento pode fazer-se uniformemente (exemplo: enrolando

    os condutores com uma fita de material magntico); isto reduz a atenuao a um

    valor baixo, o que independente da frequncia, como vemos na Fig.2.1(b). Esta

    tcnica conhecida como carregamento continuo cara e usa-se raramente.

    Na prtica possvel aumentar artificialmente a indutncia dos cabos de udio,

    acrescentando indutores (bobinas) a intervalos regulares. Esta tcnica conhecida

    como carregamento concentrado, j que as indutncias acrescentam-se em

    determinados pontos e no de forma distribuda. Estas inductncias tm o efeito

    similar ao de inserir filtros passa-baixos na linha, tal como se v na Fig.2.1(c).

    Pode demonstrar-se que a frequncia de corte LsCsfo p/1= , onde Ls e Cs

    so os valores totais de indutncia e capacitncia de uma seco de carregamento.

    Para obter uma frequncia de corte adequada para a telefonia resulta possvel

    incrementar a indutncia num valor menor de 100, enquanto que para satisfazer a

    equao 3.5 seria necessrio um incremento de 1000.

    Os cabos de udio comerciais foram usadas extensivamente bobinas de carga

    de 88 mH, espaadas 1,83 Km. Com estes valores obtm-se uma frequncia de

    corte de 3.4 Khz. para condutores de 0.9 mm. e 3.9 Khz. para aqueles de 0.63 mm.

    O carregamento reduz a atenuao a 800 Hz. De 0.72 dB/Km a 0.23 dB/Km e

    de 1.05 dB/km a 0.45 dB/km respectivamente. Actualmente muitos circuitos foram

    convertidos para a transmisso MIC (PCM), substituindo simplesmente as bobinas

    de carregamento por repetidores regenerativos situados no mesmo lugar, de

    maneira que os standard tradicionais do carregamento influenciaram no desenho

    dos sistemas PCM.

    Ainda que a atenuao de um cabo carregado praticamente independente da

    frequncia at a frequncia de corte, a frequncia de corte brusco que apresenta

    introduz distoro de fase. O que tem um efeito deprecivel na transmisso de voz,

    mas inaceitvel na transmisso de dados. A adio de inductncias tambm reduz

    a velocidade da propagao, sendo valores tpicos 220.000 km/s para cabos no

    carregados e 22.000 Kms para os carregados. Como concluso, o incremento no

  • retardamento na propagao torna indesejvel a aplicao dos cabos carregados em

    circuitos grandes.

    2.1.4 Algumas consideraes sobre diferentes meios fsicos

    Par de condutores

    So pares de condutores de cobre isolados, os quais so empregues em quase

    todos os laos locais. Alcanando desde as plantas telefnicas at os locais dos

    subscritores nas redes telefnicas. Ainda que a resposta de frequncia de 4 Khz

    ou menor nas partes analgicas das redes telefnicas, os pares de cobre possuem

    uma largura de banda muito maior a curtas distncias. Para comunicaes

    propriamente digitais comum que se alcancem entre 1 e 10 Mbps e ainda mais em

    distncias menores de 2 km.

    Para a transmisso de dados so preferidos os pares torcidos ou tranados para

    minimizar os efeitos das interferncias electromagnticas e de radiofrequncia,

    assim como outros efeitos indesejveis como a diafonia. Em ambientes muito

    ruidosos utiliza-se um apantalhamento de cobre volta do cabo e ento conhece-se

    como STP (Shielded Twisted Pair) mas na maioria das aplicaes so utilizados os pares tranados sem apantalhar e conhece-se como UTP (Unshielded Twisted Pair).

    Este tipo de cabo tornou-se muito popular nas redes de rea local e redes para a

    automatizao devido ao seu custo relativamente baixo e facilidade de instalao. A

    modo de exemplo, a continuao apresenta-se um resumo de uma especificao sobre

    o desempenho para cabos de par tranado UTP, descrita na norma EIA/TIA-568, de

    uso bastante generalizado:

    q CATEGORIA 1

    Tipicamente cabo N 22 AWG ou 24 AWG sem torcer, com uma ampla margem de impedncia e valores de atenuao, no se recomenda este cabo

    para dados, no serve para velocidades de sinalizao maiores de 1 Mb/s.

    Onde AWG (American Wire Gauge Standard), que se refere ao dimetro dos condutores de cobre.

    q CATEGORIA 2

    Utiliza arrames slidos 22 ou 24 AWG em pares tranados. Deve ser

    verificado para uma largura de banda mximo de 1 MHz, pode-se empregar

  • Meios de transmisso 47

    para a ligaes de computadores IBM 3270 e AS/400 e para redes Apple

    LocalTalk.

    q CATEGORIA 3

    o mnimo nvel de qualidade de cabo que deve empregar-se nas novas

    instalaes, utiliza o cabo slido 42 AWG em pares tranados, possui uma

    impedncia tpica de 100 Ohms e devem ser verificadas sua atenuao e

    interferncia mutua at 16 MHz. A velocidade til de transmisso at 16

    Mb/s. o mnimo necessrio para a especificao 10baseT e para redes

    Token Ring a 16 Mb/s.

    q CATEGORIA 4

    Pode ter cabo de cobre 22 AWG ou 24 AWG em pares tranados. Tem uma

    impedncia tpica de 100 ohms e seu rendimento verifica-se para uma

    largura de banda de 20 MHz, recomenda-se para velocidades de sinalizao

    at de 20 Mb/s.

    q CATEGORIA 5

    Esta a norma que se recomenda para todas as instalaes novas. Est

    formado pelos cabos 22 AWG ou 24 AWG, pares tranados com uma

    impedncia de 100 ohm e verificado para uma largura de banda de 100 MHz.

    Este um meio de alta qualidade, apropriado para a transmisso de vdeo,

    imagens e dados a altas velocidades.

    O par de condutores de cobre o meio mais utilizado nas redes de campo

    devido simplicidade da instalao, em muitos casos, ao modernizar-se um

    sistema aproveita-se a cablagem existente anteriormente para a transmisso

    analgica. Em determinados casos, utiliza-se um nico cabo para a transmisso

    dos dados e para levar a alimentao de corrente directa aos equipamentos de

    campo. Em dependncia dos requisitos de velocidade da comunicao e do nvel de

    rudo existente empregam-se cabos de diferentes qualidades, desde um simples par

    de cobre no tranados, at pares tranados com apantalhamentos (STP).

    Cabo Coaxial

    O cabo coaxial consta de um arrame de cobre rgido no sua parte central, o qual

    encontra-se rodeado por um material isolante. Este material isolante est rodeado

  • por um condutor cilndrico que frequentemente apresenta-se como uma malha de

    tecido tranado. O condutor externo est coberto por uma capa de plstico

    protector. Sua construo permite uma resposta de frequncia de centenas de MHz

    para sinais analgicos.

    Na transmisso digital podem ser alcanados em simples canais at 50 Mbps e muito mais (> 100 Mbps) quando a largura de banda decomposta em mltiplos canais. Estes predominam nas reas metropolitanas, em redes de TV por cabo com

    largura de banda potencial de 300 Mhz.

    H dois tipos de cabos coaxiais que se utilizam com frequncia, um deles o

    cabo de 50 ohms, que se utiliza na transmisso digital (banda base) e outro tipo,

    cabo coaxial de 75 hmios que emprega-se na transmisso analgica (banda larga).

    A construo do cabo coaxial produz uma boa combinao de uma grande

    largura de banda e uma excelente imunidade ao rudo. As possibilidades de

    transmisso sobre um cabo coaxial dependem do comprimento do cabo. Para cabos

    de 1 km., por exemplo factvel obter velocidades de dados de at 10 Mbps, e em

    cabos de comprimentos menores, possvel obter velocidades mais altas. Os cabos

    coaxiais empregam-se amplamente em redes de rea local e para transmisses de

    longas distncias do sistema telefnico.

    Existem duas formas de ligar computadores a um cabo coaxial. A primeira

    consiste em cortar o cabo em duas partes e inserir uma " unio T " que um

    conector que religa o cabo mas ao mesmo tempo, prov uma terceira conexo para

    o computador.

    A segunda forma de conexo obtm-se utilizando um conector de tipo vampiro,

    que um que produz um orifcio com um dimetro e profundidade muito precisas

    que se perfura no cabo e que termina no ncleo do mesmo. Neste orifcio enrosca-se

    um conector especial que leva a cabo a mesma funo da unio em T mas sem a

    necessidade de cortar o cabo em dois.

    Existem muitas discusses sobre as vantagens e desvantagens destas tcnicas

    de conexo. O facto de incluir uma unio em T implica realizar um corte no cabo o

    qual significa desligar a rede por alguns minutos. Para uma rede de grande

    actividade, na que constantemente ligam-se novos usurios, o facto de parar o

    funcionamento da rede ainda por uns quantos minutos, pode ser um acto

    indesejvel.

  • Meios de transmisso 49

    Para alm disso, quanto mais conectores hajam no cabo, existe uma maior

    probabilidade de que algum deles tenha uma m conexo e ocasione problemas de

    quando em quando. Os conectores tipo vampiro no apresentam este tipo de

    problemas, mas devem ser instalados com muito cuidado. Se o orifcio for

    demasiado profundo, pode chegar a romper o ncleo e produzir duas partes sem

    conexo alguma. Se a profundidade do orifcio no suficiente, podem-se obter

    erros intermitentes na conexo.

    Os cabos que se utilizam com a conexo tipo vampiro so mais grossos e de

    maior preo que os utilizados com a unio em T.

    O cabo coaxial foi um dos mais utilizados em redes de rea local, produto do

    sua boa largura de banda, alta imunidade ao rudo e boa resistncia mecnica. Mas

    no entanto que seu custo muito superior ao par tranado e no h dvidas que

    isto conduziu a que a maioria dos Sistemas de Bus de Campo utilizem este ltimo,

    apesar de que isto limite as distncias e as velocidades de transmisso.

    2.2 TRANSMISSO POR FIBRAS PTICAS

    Generalidades

    As ondas electromagnticas podem propagar-se em guias de ondas consistentes

    de um dielctrico rodeado por outro dielctrico de muito mais baixa permitividade,

    em vez de usar um condutor. O uso de tais guias para a propagao das ondas de

    comprimentos de onda pticas em funes de transmisso de telecomunicaes foi

    proposto por KAO e Hockham em 1966.

    A particularidade destes sistemas depende da disponibilidade de materiais para

    conseguir guias com perdas o suficientemente baixas de energia, assim como o

    desenvolvimento de dispositivos optoelectrnicos para aplicar as ondas luminosas

    em guias, assim como para detect-las despis da transmisso.

    O esforo na investigao e desenvolvimento durante os ltimos 20 anos foi

    desenvolvido em fibras pticas com atenuao o suficientemente baixa (tipicamente

    menor que 0.5 dB/km e modernamente valores superiores) e ao mesmo tempo

    dispositivos transmissores de estado slido adequados e receptores (dodos

    emissores de luz LEDs e laseres) (Fotodiodos PIN e de avalancha).

    Como resultado de tudo isto, a transmisso mediante Fibras pticas passou de

    uma curiosidade cientfica a muito variadas aplicaes em sistemas comerciais.

  • Hoje em dia a maioria dos operadores de sistemas telefnicos tm tecnologia deste

    tipo e a maioria dos fornecedores de equipamentos de telecomunicaes produzem

    estes equipamentos.

    Vantagens da fibra ptica

    A transmisso mediante fibras pticas tem diversas vantagens em comparao

    com a transmisso por condutores metlicos:

    (a) Como os sistemas de fibra ptica operam a frequncias muito mais altas

    que os sistemas de cabo coaxial, so potencialmente capazes de oferecer

    maior largura de banda. (Ex: 60,000 GHz.)

    (b) As perdas por km das fibras pticas so na actualidade muito menores

    relativamente s dos cabos operando em alta frequncia. Isto permite que

    as seces requeridas estejam muito mais espaadas e s vezes sistemas de

    larga distncia no requerem repetidores intermdios.

    (c) A fibra garante isolamento elctrico entre o transmissor e o receptor.

    (d) A transmisso no afectada pela radiao elctrica (a fibra ptica pode

    usar-se em meios electricamente ruidosos).

    (e) A energia da luz est confinada dentro da fibra, pelo que no h

    interferncia de fibra a fibra.

    (f) Os cabos de fibra ptica so mais diminutos e ligeiros que os cabos

    elctricos da mesma capacidade de canais.

    Desvantagens das fibras pticas

    (a) As fibras devem ter dimetros muito pequenos (da ordem de um cabelo

    humano) e deve ter-se cuidado de no sobmete-las a grandes esforos

    mecnicos. Adicionalmente, a realizao de conexes com as fibras pticas

    e as ligaes entre elas resulta mais difcil que com os condutores

    metlicos.

    (b) O fornecimento de energia elctrica no pode ser enviado atravs da fibra,

    no obstante isto no conflituoso quando no so necessrios repetidores

    intermdios.

  • Meios de transmisso 51

    (c) A localizao de falhas nos cabos de fibra ptica mais difcil que nos

    condutores metlicos.

    2.2.1 Teoria de fibras pticas

    Uma guia de fibra ptica consiste num ncleo cilndrico de slica ou vidro de

    pequeno dimetro, rodeado por uma capa de menor ndice de refraco.

    Uma forma de fibra tem o cmbio abrupto do ndice de refraco entre o ncleo

    e a parte exterior, tal como mostrado na Fig.2.2(a). Uma fibra tpica tem ncleo de

    slica de 50 micros de dimetro, rodeado por um cilindro de vidro de 125

    micrmetros de dimetro.

    A Fig.2.3 mostra um raio de luz Ri que incide a um ncleo cilndrico com um

    ngulo 1q . Tal como se mostra na equao 3.7 h reflexo total do raio se cqq

  • Fig.2.3 Reflexo do raio dentro da fibra

    rodeiaaquecapadarefracodendicenncleodorefracodendicen

    ==

    2

    1

    (y 12 nn < )

    Toda a potncia do raio R1 reflecte-se no raio R2. No obstante, se cqq >1 ,

    parte da potncia do raio R1 aparecer numa onda externa refractada R3. Portanto

    somente os raios que tenham cqq

  • Meios de transmisso 53

    Onde nD a diferena entre os ndices 21 nn - .

    Fibras Multimodo ndice em Escadaria:

    Se o dimetro do vidro grande comparado com o comprimento de onda da luz,

    vrias trajectrias dos raios podem descrever-se, tal como na Fig.2.2(a). Este caso

    conhece-se como propagao multimodo. O tempo de propagao de um raio com

    um ngulo 1q com o eixo superior ao de um raio paralelo ao eixo num factor:

    1cos/1 q

    e se o extremo da fibra ilumina-se por um impulso curto de luz, esta chegar ao

    extremo longnquo como um impulso cujo tempo de chegada dispersa-se entre

    ccLnycLn qcos// 11 , onde L o comprimento da fibra e c a velocidade de luz

    no espao livre. A durao do impulso recebido ser:

    -=D 1

    2

    11

    nn

    cLnt

    Esta disperso dos impulsos transmitidos aumentam com o comprimento da

    fibra; quer dizer a largura de banda decresce, o que uma desvantagem para o

    desenho de sistemas de banda larga com seces repetidoras muito largas. No

    obstante, as fibras multimodo so teis para sistemas de curtas distncias ou para

    relativamente baixas larguras de banda. Por exemplo, se 01.05.11 =D= nyn ,

    ento 34/ =D LT ns/km.

    Um mtodo para prevenir as grandes quantidades de disperso que se

    produzem nas fibras multimodo consiste em usar uma fibra de ndice gradual.

    Nestes casos o ndice de refraco varia continuamente ao longo do dimetro da

    mesma, como mostra-se na Fig.2.2(b). A luz na parte exterior do ncleo viaja mais

    rapidamente que a que o faz nas proximidades do centro, dessa maneira, a

    diferencia entre os tempos de propagao entre os raios de diferentes ngulos

    muito menor que nas linhas com ndice de refraco uniforme. Pode demonstrar-se

  • que o ndice de refraco n deve variar com a distncia radial de acordo com a

    seguinte lei:

    [ ]21 )/2(1 drKnn -= (lei Parablica) r: Distncia varivel a partir do centro do ncleo

    d: Dimetro da fibra

    Um raio que entra na fibra com determinado ngulo com o eixo oscilar

    sinusoidalmente com a distncia, tal como mostra-se na Fig.2.2(b) e o tempo de

    propagao praticamente independente do ngulo. Na pratica resulta difcil

    adaptar o ndice de refraco exactamente com a lei parablica, mas felizmente

    consegue-se muito bons nveis de reduo da disperso com uma pobre

    aproximao a esta lei.

    As fibras de ndice gradual conseguem uma via de transmisso com um atraso

    praticamente uniforme e com um ncleo de dimetro razovel, pelo que estas foram

    amplamente usadas at tornaram-se prticas as fibras monomodo.

    Fibras monomodo

    Se o dimetro do ncleo da guia to pequeno que comparvel com o

    comprimento de onda da luz (digamos 5 ou 10 micros), somente propagar-se- o

    modo simples, como mostra-se na Fig.2.2(c). A estas fibras chama-se-lhes fibras

    monomodo. Tambm desejvel que a luz seja fornecida por uma fonte coerente

    (um laser), para obter a grande intensidade de luz desejada para poder aplicar a

    potncia requerida numa fibra to estreita.

    Para a propagao monomodo a teoria de raios simples descrita anteriormente

    insuficiente sendo necessrio usar a teoria de campos. Demonstra-se que a

    condio necessria para a propagao monomodo :

    2/122

    2101 )(2/405.2 nnr -< pl

    onde 0l o comprimento de onda no espao livre, 1r o raio do ncleo e

    2/122

    21 )( nn - a abertura numrica da fibra.

    Ainda que agora no h disperso de impulso devido ao efeito multimodo,

    permanecero pequenos nveis de disperso, devido a:

  • Meios de transmisso 55

    (a) A dependncia de 1n e 2n do comprimento de onda 0l , o que se conhece como disperso devido ao material ou disperso cromtica.

    (b) A dependncia da distribuio do campo de 0l , conhecido como disperso de guia de onda.

    Como as fontes prticas emitem luz que no tm um comprimento de onda

    nico, se no que tm uma margem de comprimentos de onda, estas variaes

    fazem com que as componentes de um impulso viagem a diferentes velocidades e

    dispersem-se no tempo. Assim a disperso pode reduzir-se usando fontes de luz

    com um espectro muito estreito. Para um vidro de slica tpico.

    A disperso do material a 0.85 micros pode limitar a largura de banda do sinal

    a 2.4 GHz para um comprimento de um quilmetro e uma fonte tendo uma

    disperso no comprimento de onda de 1 nm. Para um laser que tem uma disperso

    espectral de 2 nm a largura de banda para um km de 1.2 GHz. Para um dodo

    emissor de luz (LED) com uma disperso espectral de 3 nm, a largura de banda

    somente de 70 MHz.

    Ao menos que a largura de banda requerida (ou razo de bits) seja to grande

    que a disperso seja o factor limitante, a distncia permissvel entre repetidores

    est limitada pela atenuao da fibra. A Fig.2.6 mostra a variao de atenuao

    com o comprimento de onda para uma fibra monomodo tpica. Encontroou-se que

    as perdas devem-se a duas causas:

    (a) Flutuaes da densidade na fabricao, que reduz a disperso, que origina perdas que caem rapidamente ao aumentar o comprimento de onda.

    (b) A contaminao com gua, que produz um pico de absoro a um comprimento de onda de aproximadamente 1.4 micros. Tambm h absoro produzida por impurezas de ies metlicos, a que diminui rapidamente ao aumentar o comprimento de onda.

    Fig.2.4 Caracterstica tpica de atenuao/comprimento de onda para fibras de slica

  • Os primeiros sistemas operados na regio infravermelha, com comprimentos de

    onda de aproximadamente 0.85 micros tinham uma atenuao de 2 3 dB/km.

    Actualmente foram desenvolvidas fontes para operar na regio de 1.3 micros onde a

    atenuao de fibras de elevada pureza menor que 0.5 dB/km, o que possibilita

    aos sistemas operar com separao entre repetidores de 40 Km. Como resultado

    requerem-se muito poucos repetidores e estes podem situar-se em edificaes.

    Muitas rotas terrestres no requerem repetidores e resultam de uso prtico os

    cabos submarinos de fibra ptica.

    A reduo da atenuao por disperso com o comprimento de onda representa

    um incentivo para desenvolver sistemas que operem com comprimentos de onda de

    aproximadamente 1.5 micros, para conseguir uma atenuao de somente 0.2 dB

    por km aproximadamente. No obstante, como mostra-se na Fig.2.5, a disperso do

    material por km. aumenta o comprimento de onda mais para l de 1.3 micros.

    Tambm o elevado espaamento entre repetidores, que resulta possvel pela

    reduo da atenuao, posteriormente incrementar a disperso total de uma

    seco repetidora. Felizmente a Fig.2.5. mostra que a distoro de guia de onda

    de sinal oposto (quer dizer, produz incrementos de retardamento com o

    comprimento de onda, em vez de diminu-los).

    Portanto, uma seleco adequada do dimetro do ncleo e da diferena de

    ndices possibilita que as disperses de guia de onda e do material cancelem-se ao

    comprimento de onda de interesse, como vemos na Fig.2.5. Foram construdas

    linhas deste tipo.

    Como a disperso varia com 4-l , os materiais com o pico fundamental de

    absoro a muito altos comprimentos de onda podem resultar possveis, o que em

    teoria pode oferecer atenuao da ordem de 0.001 dB/km.

    Outras possibilidades incluem o uso de multiplexao por diviso em

    comprimento de onda, amplificadores pticos e sistemas de deteco coerente no

    lugar dos transmissores e receptores tradicionalmente usados que so modulados

    em intensidade. Desta maneira, ainda que o bom comportamento dos sistemas

    monomodo os torna atractivos, continuam desenvolvendo-se outras tecnologias

    rapidamente.

  • Meios de transmisso 57

    Fig.2.5 Variaes da disperso do material

    2.2.2 Cabos e Junes

    Os cabos pticos esto cobertos com plstico para dar-lhes a robustez mecnica

    adequada. Eles podem estar dentro de um cabo de forma similar aos condutores

    elctricos. No obstante, geralmente incorpora-se ao cabo algum tipo de arame

    metlico ou cordis de fibra para conseguir que o mesmo tenha suficiente

    resistncia tenso. Tipicamente a cablagem pode acrescentar 0.1 db/km

    atenuao do cabo.

    Os cabos de fibra ptica so to robustos como os de condutores elctricos e

    podem suportar os abusos tpicos da instalao. H cabos preparados para ser

    enterrados directamente e tambm para coloc-los em postes e como eles so mais

    diminutos e ligeiros podem estender-se entre pontos mais distantes e usar menos

    junes, pelo que facilita-se a instalao.

    As conexes permanentes entre as fibras fazem-se juntando (splicing), mas o

    xito depende criticamente da exactido do alinhamento das duas fibras, dado o

    pequeno dimetro das mesmas. Felizmente h algumas tcnicas de juno muito

    efectivas, que requerem a colocao da fibra num canal em forma de V para gui-la

    e logo uni-la, j seja com uma resina ou mediante uma juno que funde

    juntamente aos dois extremos mediante um arco gasoso controlado com muita

    preciso.

    As boas junes devem ter perdas de insero menores que 0.1 dB e uma

    fortaleza tenso de aproximadamente a metade da que apresenta a prpria fibra.

    A tcnica de juno com fuso relegou rapidamente as outras tcnica.

  • No extremo terminal do cabo, onde penetra num equipamento electrnico, a

    ligao no pode ser permanente e requerem-se conectores de preciso. Vrios

    produtores tm componentes que conectam a fibra ptica com umas perdas de

    insero menores de 0.5 dB.

    2.2.3 Algumas consideraes sobre a fibra ptica

    A sua principal vantagem sobre os arrames de cobre a superioridade na

    largura de banda e mnimo rudo. Os primeiros circuitos de fibra ptica operavam a

    45-90 Mbps, enquanto que j hoje em dia fala-se de sistemas a 1.6 e 1.7 Gbps e

    prognostica-se alcanar ordens de Terabits.

    Um sistema de transmisso ptica tem trs componentes:

    q O meio de transmisso,

    q A fonte de luz e

    q O detector

    meio de transmisso uma fibra ultrafina de vidro ou silcio fundido. A fonte

    da luz pode ser um LED (dodo emissor de luz) ou um dodo laser, qualquer

    dos dois emite impulsos de luz quando aplica-se-lhe uma corrente elctrica.

    odetector um "fotododo" que gera um impulso elctrico no momento em

    que recebe um raio de luz. Ao colocar um LED ou um dodo laser no extremo

    de uma fibra ptica e um fotododo no outro, tem-se uma transmisso de

    dados unidirecional que aceita um sinal elctrico, converte e transmite-o por

    meio de impulsos de luz e depois reconverte a sada num sinal elctrico no

    extremo receptor.

    Este sistema de transmisso teria fugas de luz e praticamente seria de pouco

    uso, excepto se no existisse um interessante principio de fsica. Quando um raio

    de luz passa de um meio a outro, por exemplo, do silcio fundido ao ar, o raio

    refracta-se (desvia-se) na fronteira silcio/ar. O ngulo de incidncia "a", emergindo

    a um ngulo "b", no qual a magnitude desta refraco depender das propriedades

    dos dois meios (em particular de seus ndices de refraco). Para ngulos de

    incidncia que se encontrem por cima de um valor critico, a luz refracta-se e

    regressa ao silcio nada dela escapa ao ar.

  • Meios de transmisso 59

    Assim, o raio de luz que incida por cima do mencionado ngulo crtico fica

    absorvido no interior da fibra e pode propagar-se ao longo de vrios quilmetros

    sem ter, virtualmente nenhuma perda.

    A abstraco fizemo-la pensando num s raio, mas dado que qualquer raio de

    luz incidente, por cima do ngulo critico, reflectir-se- internamente, existir uma

    grande quantidade de raios diferentes incidindo com distintos ngulos. A esta

    situao conhece-se como "fibra multimodo".

    No obstante, se o dimetro da fibra reduz-se ao valor do comprimento de onda

    da luz, a fibra actua como uma guia de ondas e a luz propagar-se- em linha recta

    sem reflectir-se produzindo assim uma fibra de um s modo ou "fibra monomodo". As fibras monomodo necessitam dodos laser para sua excitao e no LED mas

    com aqueles assegura-se uma maior eficincia e podem utilizar-se em distncias

    muito largas.

    Na actualidade os sistemas de fibra pticas so capazes de fazer transmisses

    de dados a 1.000 Mbps. Experimentalmente demonstrou-se que os laseres potentes

    podem chegar a excitar fibras de 100 km de comprimento sem necessidade de

    utilizar repetidores, ainda que a velocidade mais baixa.

    As ligaes de fibra ptica esto sendo empregues em diferentes pases na

    instalao de linhas telefnicas de larga distncia, e esta tendncia seguramente

    continuar nas dcadas seguintes e ser cada vez maior a substituio do cabo

    coaxial por fibras, num nmero mais grande de rotas.

    A fibras tambm formam a base de LAN ainda que sua tecnologia mais

    complexa. O problema fundamental consiste em que ainda que nas fibras LAN

    podem realizar-se ligaes vampiro, mediante a fuso da fibra proveniente do

    computador com a fibra LAN, o procedimento para construir um conector resulta

    ser extremamente delicado e em geral perde-se uma fraco considervel de luz.

    Na prtica empregam-se as fibras para redes em anel, onde tem-se um conjunto

    de ligaes ponto a ponto, ou em estrela, utilizando-se um concentrador ou hub

    que actua como repetidor, comutador, ponte ou encaminhador em dependncia da

    tecnologia e o tipo de rede empregues.

  • CAPTULO 3 DIGITALIZAO DA INFORMAO

    3.1 ESTRUTURA DA INFORMAO DIGITAL FUNES BSICAS

    A sequncia de uns e zeros que forma a palavra digital deve ter uma estrutura

    especfica para que o receptor possa extrair a informao correspondente. Esta

    estrutura deve cumprir com as seguintes funes bsicas:

    a) Formato: A palavra digital deve ter uma determinada composio.

    b) Sincronismo: A sincronizao pode definir-se como o alinhamento das escalas de tempo de processos peridicos separados espacialmente. No

    contexto da comunicao digital o problema do sincronismo contm a

    estimativa do tempo (fase) e a frequncia.

    c) Controle de erro: O rudo presente no processo da comunicao torna inevitvel a ocorrncia de erros pelo que na estrutura da informao devem

    definir-se regras que permitam detectar e corrigir os erros que ocorram.

    3.1.1 Comunicao assncrona

    Este um tipo de estrutura na qual o transmissor e o receptor trocam

    informao de acordo ao seguinte formato do conjunto de dgitos designado carcter

    (Fig. 3.1).

    Todos os bits tm a mesma durao (T seg.) a excepo do bit de paragem que

    pode durar 1; 1,5 ou 2 vezes a durao de um bit qualquer.

    Enquanto no haver transferncia de informao a linha entre o transmissor e

    o receptor mantm-se em alto (H) e at que o receptor no encontre uma transio

    de alto a baixo (bit de arranque) que se reconhece o comeo de um carcter.

    Error!

    Fig.3.1 Estrutura de um carcter

    . . . . .

    Dados (5 . 8 bits)

    t H L

    A

    T T

    D1 D2 Dn P

    Bit de arranque Bit de paragem

    Onde T = (1; 1,5 ; 2) T

  • Digitalizao da informao 61

    Para estabelecer a comunicao necessrio dispor do sincronismo de bit. Esta

    uma onda quadrada que se utiliza como base de tempo no transmissor e no

    receptor. No transmissor esta base de tempo designa-se relgio de transmisso (Tx

    C) e no receptor designa-se relgio de recepo (Rx C).

    No (Tx C) utilizam-se os bordes de subida da onda quadrada para definir a

    durao de um bit, enquanto que em (Rx C) utiliza-se o borde de cada para definir

    o instante de amostragem. (Fig.3.2).

    Fig.3.2 Forma de onde de relgio de sincronismo de bit

    Quando o bit de arranque habilita a sada RxC podem suceder duas coisas:

    a) Que a onda quadra da RxC que sai do gerador de razo de baud (GRB) do

    receptor tenha zero desfasamento com referncia a TxC e neste caso a

    margem de cada coincide com o centro do impulso e a recepo se realiza

    correctamente.

    b) Que a onda quadrada a RxC tenha t radianos de esfasamento com referncia

    a TxC e neste caso a margem de cada cai fora do intervalo de durao do

    impulso e a recepo se perca totalmente (veja Fig.3.3).

    Para evitar que o anterior acontea, toma-se o valor do perodo de amostragem

    (frequncia da base de tempo) que seja um mltiplo da razo de baud, garantindo

    com isto que existam vrios perodos de relgio e portanto vrias transies de altos

    a baixo). Isto significa que:

    Fclk = K Rs (1)

    Onde K = 16 64

  • Fig.3.3

    Fig.3.4

    Vantagens da comunicao assncrona

    a) Cada carcter possui a informao de controle relativo ao inicio e fim do

    bloco de informao, portanto no necessrio enviar um sinal externo de

    temporizao (sincronismo) entre p transmissor e o receptor. Isto simplifica a

    realizao do sistema e a operao do mesmo.

    b) adequado para volumes baixos de informao e baixas razes de baud. Se

    utilizarem-se 10 bit por caracter de 8 bit, ento necessitam-se de 10 N bits

    para transmitir um bloco de N bytes.

  • Digitalizao da informao 63

    3.1.2 Comunicao sncrona

    Quando o volume de dados a transmitir significativamente alto e, precisa-se

    de alta velocidade de transmisso (maior de 1200 baud, por exemplo.) opta-se por

    um formato sncrono onde agrupa-se um conjunto de N bytes contguos.

    Este bloco contm um encabeamento e um fecho do conjunto de bytes

    (Fig.3.5).

    Error!

    Fig.3.5

    Existem dois formatos tpicos para este tipo de comunicao: os chamados

    protocolos orientados a caracter e os orientados a bit.

    Um caso tpico dos primeiros o protocolo BISYNC cuja estrutura mostrada

    seguidamente:

    Fig.3.6 Protocolo BISYNC

    Neste protocolo cada comando tem um cdigo reservado e dita combinao de

    bits no pode aparecer no texto ou noutro campo do bloco.

    Outro exemplo correspondente neste caso aos protocolos orientados a bit est o

    HDCL criado por ISO. A estrutura do bloco mostrada seguidamente e designa-se

    trama (frame):

    Fig.3.7 Pacote HDLC

    SYN

    SYN

    SDH

    HEADER

    STX

    TEXTO . . . . . . .

    ETX ETB

    BCC

    SYN: caracter de sincronismo (8 bit) SDH: start of header (8 bit) STX: start of text (8 bit) ETX: end of text (8 bit) ETB: end of transmission block (8 bit) BCC: block check character (para o controle de erros) (16 bit)

    F A C I FCS F

  • Onde:

    F: Bandeira de inicio e fim da trama. (01111110 7EH).

    A: Campo de direco (8 bit). Pode direccionar at 256 estaes distintas.

    C: Campo de controle. (8 bit)

    I: Campo de informao (comprimento varivel).

    FCS: Frame check secuence (para o controle do erro) (16 bit).

    Para assegurar que a combinao 7EH no aparea em nenhum outro campo

    da trama, cada vez que ocorrem 5 uns consecutivos, o transmissor inserta um zero

    enquanto que no receptor elimina-se o prximo bit depois de reconhecer 5 uns

    consecutivos. Esta tcnica designa-se Bit stuffing .

    Na comunicao sncrona no se podem utilizar bases de tempo diferentes e

    isoladas para conseguir o sincronismo de bit devido a alta velocidade com que so

    transmitidos os dados. Para evitar a perda de recepo podem utilizar-se as

    seguintes alternativas:

    1) Enviar para alm do sinal de dados, um sinal independente com a

    informao de sincronismo.

    2) Utilizar sinais de informao autosincronizveis, isto , que contenham a

    informao bsica e a do sincronismo.

    Das duas variantes a segunda a mais factvel desde o ponto de vista

    econmico, pelo que imps-se na prtica. O diagrama de blocos ilustrado na Fig.

    3.8.

    Fig.3.8 Recuperao do sincronismo de bit na comunicao sncrona

  • Digitalizao da informao 65

    3.1.3 Digitalizao de fontes analgicas

    A digitalizao de sinais analgicos implica trs passos:

    a) Amostragem

    b) Quantificao (ou quantificao)

    c) Codificao da fonte

    Amostragem:

    A amostragem deve realizar-se a uma frequncia fs igual (pelo menos) duas

    vezes a mxima frequncia do fim do espectro do sinal analgico. O sinal sada do

    amostrador uma sequncia de impulsos modulados em amplitude. Para um canal

    telefnico de voz fmax = 3400 Hz e fs = 8 kHz. Para um programa de rdio fmax = 15

    kHz. e fs = 32 kHz (CCIR rec. 606).

    Quantificao:

    Cada amostra ento quantificada em um nmero finito M de nveis discretos.

    Esta quantificao introduz um erro que descrito como rudo de quantificao. A

    quantificao pode ser uniforme ou no, de acordo ao passo de quantificao que

    pode ser independente ou no da magnitude da amostra. No caso de quantificao

    no uniforme possvel adoptar a lei de quantificao distribuio de amplitudes

    das amostras para manter uma razo de sinal a rudo de quantificao constante

    para todas as amplitudes das amostras. Esta operao designada compresso.

    Para a voz existem dois tipos de compresso conhecidas como lei m e lei A.

    Codificao da fonte:

    As amostras quantificadas tm um nmero finito de M nveis que podem ser

    representados (cada nvel) por um alfabeto finito de sinais que podem ser

    transmitidos pela ligao (n de bits que podem representar a cada amostra

    quantificada), isto ,

    Amostra quantificada palavra digital.

    Esta operao designa-se codificao da fonte, para distingu-la da codificao

    de canal que proporciona proteco contra erros.

  • No caso do MIC, uma amostra quantificada representa-se por 8 bit, j que

    utilizam-se M = 256 nveis para quantificar as tenses amostradas de voz. Assim, #

    de bits/amostra quantificada = log2 M (2)

    Desta forma, a razo de bit da fonte codificada Rq :

    Rq = fs log2 M (3)

    Exemplo:

    Para um canal telefnico de voz que utiliza 256 nveis de quantificao e que

    possui uma largura de banda de 4 kHz. determine Rq.

    Soluo:

    Rq = 8. 103. log2 256 = 8.8.103 bit/s.

    Rq = 64 k bit/s.

    possvel eliminar a redundncia do sinal analgico e diminuir o valor de Rq.

    Estas tcnicas recebem o nome de