manual sei ryuu - tomo do fogo
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Primeiro tomo para a prática de magia oriental do centro sei ryuu de estudos. Aprenda a desenvolver sua força mística pela manipulação da energia vital, o Qi.TRANSCRIPT
1
MANUAL SEI HIU
Tomo I – Livro do Fogo
MANUAL SEI RYUU – Tomo do Fogo. Disponível em tomodofogo.blogspot.com
Sumário
MANUAL SEI HIU ........................................................................................................................... 1
Tomo I – Livro do Fogo .................................................................................................................. 1
Sumário ..................................................................................................................................... 2
Introdução. ................................................................................................................................ 4
Capítulo 一 ................................................................................................................................ 5
OBJETIVO ................................................................................................................................... 5
1. Não somos tão diferentes. ............................................................................................ 5
2. A realidade é subjetiva. ................................................................................................. 6
3. O que é sei hiu? ............................................................................................................. 7
4. O Sei Hiu e a magia. ....................................................................................................... 8
Capítulo 二 .............................................................................................................................. 10
OBJETIVO ............................................................................................................................. 10
1. O que é preciso............................................................................................................ 10
2. As Duas Vias. ............................................................................................................... 11
3. Do Material Humano. .................................................................................................. 11
4. Você está pronto ? ...................................................................................................... 13
5. Os preceitos. ................................................................................................................ 13
Capítulo 三 .............................................................................................................................. 16
OBJETIVO ............................................................................................................................. 16
1. O que é. ....................................................................................................................... 16
2. Origem do termo e uma breve história da magia. ...................................................... 17
3. Magia vs. Religião ........................................................................................................ 18
4. O Oriente e a Magia. ................................................................................................... 19
5. Magia e Ciência ........................................................................................................... 20
6. Magia Moderna ........................................................................................................... 21
Capítulo 四 .............................................................................................................................. 22
OBJETIVO ............................................................................................................................. 22
1. A criação da trama, o abismo e todas as outras coisas. .............................................. 22
2. Teurgia e Taumaturgia. ............................................................................................... 24
3. Funcionamento da Trama Artificial. ............................................................................ 24
4. Ciclo da Magia, Reversão e Contra-Mágica. ................................................................ 25
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Capítulo 五 .............................................................................................................................. 27
OBJETIVO ............................................................................................................................. 27
1. Teoria Evolucionária do Ki. .......................................................................................... 27
2. A forma obedece a função. ......................................................................................... 29
3. Chakras. ....................................................................................................................... 29
4. Pontos e Vasos de Concepção. .................................................................................... 31
5. Portais ou Portões. ...................................................................................................... 31
6. Shibumi. ....................................................................................................................... 31
7. Ryouki. ......................................................................................................................... 32
8. Youkusei. ..................................................................................................................... 32
9. Kiatsu. .......................................................................................................................... 32
10. Advertências para a Prática do Qi. .......................................................................... 33
Capítulo 六 .............................................................................................................................. 35
OBJETIVO ............................................................................................................................. 35
1. Prática respiratória. ..................................................................................................... 35
2. Foco. ............................................................................................................................ 37
3. Circular e Explodir a Energia........................................................................................ 38
4. A tríade. ....................................................................................................................... 41
5. A Onda de Choque. ..................................................................................................... 42
Capítulo 七 .............................................................................................................................. 46
OBJETIVO ............................................................................................................................. 46
1. Guerreiros Iluminados. ................................................................................................ 46
2. Da Iniciação. ................................................................................................................ 47
3. Empoderamento. ........................................................................................................ 47
4. Graus Iniciáticos .......................................................................................................... 48
5. Honoo Shiken .............................................................................................................. 49
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Introdução.
Saudações a todos, namastê!
Primeiramente, gostaria de lhe agradecer por estar lendo meu texto, ele é resultado de bons
16 anos de pesquisa e prática esotérica nas mais variadas áreas, embora boa parte dos últimos
anos tenham sido dedicados a temática oriental.
O documento que tem em mãos não é nenhum trabalho inédito, ele é uma releitura e
compilação de textos que escrevo para os meus aprendizes desde 2007 no nosso blog, para
que o conhecimento gerado das nossas discussões não fique perdido.
Este primeiro volume é, portanto, a primeira parte de um trabalho que será bastante extenso,
na verdade, um esforço para uma vida inteira: transformar a consciência de um indivíduo.
Nós, Sei Ryuu’s, somos magos, pessoas que tem a capacidade de mudar a sua realidade com a
sua força de vontade e utilizamos a partícula vital, o Qi, para reformarmos o nosso interior.
Essa mudança interna provoca um som que ecoa até os confins do universo e atua sobre ele de
forma proporcional a nossa. Isso significa que quando mudamos, tudo que está ao redor se
transforma e quem define aquilo que existe e o que é possível de ser realizado somos nós
mesmos.
Estas anotações são destinadas aos discípulos que ainda não foram iniciados ou esotéricos de
outras doutrinas que gostariam de aprender um pouco mais sobre esoterismo oriental e sobre
o dogma e ritual dos Sei Ryuu’s. Estes escritos, no entanto, não são definitivos e a última
palavra sempre deve ser a dos seus instrutores.
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Capítulo 一
Conhecendo a Doutrina
“Um adolescente japonês chegou perto de
um mestre de artes marciais, grande
especialista na arte do sabre, e lhe
perguntou quanto tempo seria necessário
para aprender essa arte.
- Dez anos – disse-lhe o mestre.
- Dez anos?! Mas é muito! É um tempo
muito excessivo! Jamais terei força para
esperar tanto.
- Então, vinte anos – disse o mestre. ”
Jean-Claude Carrière, Contos Filosóficos do
Mundo Inteiro, p.119.
OBJETIVO Essa lição tem por objetivo preparar o
discípulo para imersão nos conceitos
esotéricos, éticos e filosóficos da doutrina
Sei Ryuu.
1. Não somos tão diferentes.
Bom, provavelmente nós nunca nos
vimos e talvez nunca viremos a nos
conhecer. Não importa sua idade, raça,
sistema de crença, sexo, na verdade não
interessa nem o seu passado e ao menos o
quer que tenha planejado para o seu
futuro, porque você está aqui agora, então
vamos falar do seu presente.
Enquanto escrevemos esse texto,
penso na quantidade de eventos
necessários para me trazer neste ponto.
Coisas que aprendemos, pessoas que
conhecemos e obras que criamos, sejam
elas boas ou ruins. Acho que o mesmo
também vale para você. Nesse momento
gostaríamos que refletisse um pouco sobre
isso também. Como a vida age ao mesmo
tempo de forma tão simples e tão
complexa, como gotas de água que se
propagam no lago.
Somos dois completos estranhos, você
e eu, mas estamos agora, mesmo que
temporariamente, unidos por um único
fato simples, estamos aqui. Você pode
dizer que é o acaso na sua forma mais
corriqueira, mas acho que se chegou até
aqui talvez concorde comigo que o acaso é
uma explicação vazia num momento como
este. Vamos então substituir acaso por
uma explicação mais convidativa: Empatia.
Empatia, caso nunca tenha ouvido essa
palavra, é como os esotéricos chamam a
famosa lei de atração, que reza que
atraímos ou somos atraídos para aquilo
que queremos. Nesse momento eu e você
estamos ligados por essa razão: você
precisa de respostas e acho que talvez
tenhamos algumas das quais precisa no
momento. O que significa que,
provavelmente, só provavelmente, você
esteja avançando em sua busca.
Parafraseando Confúcio, toda grande
jornada precisa começar com pelo menos
um passo, por menor que ele seja. Talvez
essa busca tenha começado antes e ainda
continua ou pode ser que ela tenha sido
esquecida e que agora possa ser retomada.
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Pode não entender, mas ela pode ter
começado nesse exato momento.
O espírito de busca, o desejo de encontrar
aquilo que se deseja, é algo inerente a sua
vontade e te impulsiona. As perguntas o
movem às respostas que lhe levam a mais
perguntas, curiosidades, saberes e
conheceres, como um vaso que nunca fica
cheio, porque o vazio e a inércia te
consomem e a escuridão da ignorância te
oprime. Você olha para os lados e não
entende porque só você se pergunta: O
que sou? Qual o meu papel no mundo? Há
mais coisas do que os meus sentidos
possam detectar? O que há dentro de
mim? Qual o segredo das coisas?
A força dessas perguntas que mais
parecem paredes inescaláveis muito
certamente devem ser a causa do seu
tédio, tristeza ou inquietação. Se você acha
que é uma pessoa fora da realidade ou
maluca tenho boas e más notícias, a ruim é
que essa sensação dificilmente vai embora,
então é melhor que aprenda a transformar
ou reverter isso em algo saudável, já a boa,
bem, você não está sozinho. Se formos
malucos, somos muitos.
2. A realidade é subjetiva.
O Mundo de Mara ou Mundo de Maya,
ou ainda simplesmente Maya, é um
conceito bastante difundido por algumas
tradições esotéricas hindus e é bastante
citado na teosofia, da qual sou
particularmente estudante, sobretudo a
maioria do material gerado pela mestra
Helena Petrovna Blavatsky.
Somos seres sensoriais. Nossa vida é
pautada por aquilo que nossos cinco
sentidos podem captar e principalmente
no que a nossa mente pode interpretar a
partir deles. Sendo assim, todos vivemos
em nossos próprios mundos que às vezes
se tocam com os de outros seres humanos,
afinal, temos sempre algo em comum e
sobre o quanto temos o mesmo ponto de
vista.
Tomemos como exemplo dois pintores que
pretendem retratar a mesma paisagem,
mesmo utilizando os mesmos materiais e
perspectiva, dificilmente a forma como
interpretam a paisagem será a mesma,
porque a paisagem não está fora, mas sim
dentro de cada um dos pintores. O mesmo
na verdade acontece com todas as relações
humanas. Por que duas pessoas
conseguem ser odiadas e amadas ao
mesmo tempo por diferentes pessoas?
Bem, a resposta é simples, são pessoas
diferentes.
Imagine que você se apaixonou
agora, amor a primeira vista. Vocês se
conhecem e ai você se desilude, acabando
com essa relação. A razão da desilusão
nasce com a não conformidade com a
realidade, a sua realidade lógica. Neste
exato momento, existem milhares de
versões de você andando por ai na cabeça
de cada uma das pessoas que você
conhece e que talvez nem você conheça.
Você também tem uma versão de si
mesmo que pode não necessariamente ser
uma expressão do seu eu interior, do seu
eu de verdade.
Esse véu, ou venda sobre as coisas
é o que nos impede de “ver com os olhos”,
ou seja, ver as coisas como elas de fato são
e não algo maquiado pela intervenção do
seu Eu.
Obviamente, Maya não significa
apenas ilusão. Ele é o principio causador da
ilusão. É o Krya Shakti, o princípio da
polaridade feminina, o poder criador que
se modifica numa quantidade infinita de
versões de si mesmo, como o véu de Isis,
que cobre a natureza e representa a visão
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exterior da natureza. Foge ao escopo deste
trabalho elucidar mais a respeito de Maya,
de maneira que é interessante uma
consulta a literatura adequada para
aprofundar conhecimentos relativos a essa
área. Recomendo a Leitura de “Isis sem
Véu” da autora Helena Petrovna Blavatski,
que irá tratar o assunto com mais
propriedade e profundidade do que neste
simples texto.
3. O que é Sei Ryuu?
Verdade, essa é uma palavra
importante para um Sei Ryuu. Vamos falar
melhor sobre eles. Primeiramente, deve
entender que Sei Ryuu é relativo não só a
doutrina, mas também um termo utilizado
para seus estudantes e provavelmente se
chegou a esse texto, muitas das pessoas
que conhecerá, incluso eu, são Sei Ryuu’s.
Sei Ryuu significa Dragão Sagrado e
isso diz alguma coisa sobre essas pessoas.
O Dragão é uma figura mitológica antiga
conhecida pela sua sabedoria e sagacidade,
além de serem dotados de poderes ocultos
e milagrosos que são reverenciados por
diversos povos ao longo da história. Ele é
formado por diversas partes de animais,
como o corpo de serpente, chifre de veado,
bigodes de carpa, garras de águia e etc.
Essa é uma boa metáfora para
também descrever as pessoas. Somos
movidos por nossa inteligência e
criatividade, além de sermos a mistura de
várias coisas, um pouco de coragem, um
pouco de medo, um pouco de amor, um
pouco de ódio, um pouco de alegria, um
pouco de tristeza e etc. Somos a mistura de
vários fatores. Na verdade somos
parecidos com Dragões sob vários
aspectos. Tal quais os mesmos, abrimos
nossas asas e voamos em direção da
imensidão a procura de novos lugares e
novos desafios.
Também não podemos nos
esquecer do principal, somos Sagrados.
Fomos tocados pelas forças criadoras do
universo, pois quando nascemos enquanto
almas recebemos uma partícula
infinitésima do cosmos. A primeira luz da
criação. É por isso que sempre nos
cumprimentamos com a palavra namastê,
uma saudação indiana comum em práticas
como a yoga que significa “O Deus que
habita em mim saúda o Deus que habita
em você”. Esse axioma sempre nos lembra
que em nós há uma parte que pertence ao
criador, assim como essa parte também
habita nos outros animais, nas plantas, no
fogo, na terra, no céu e em todas as outras
coisas que pode contemplar com os seus
sentidos e muito mais. Essa parte é
chamada por vezes de Atma, o coração de
Budha, Anima Mundi, Quasar ou
simplesmente Centelha Divina.
Essa centelha nos dá um propósito
e vibra com o próprio movimento do
cosmos, nos compele a agir, a ser e tomar
a ser conforme suas necessidades. Quando
paramos de falar e passamos a ouvir,
agimos conforme a lei da nossa própria
natureza e evoluímos como seres
humanos, colaborando também para o
avanço espiritual do todo. Sendo assim,
somos prósperos e felizes.
Do contrário, quando não ouvimos essa voz
interior, provocamos desastres e somos
infelizes. Sendo assim, o Sei Ryuu busca
sempre estar em harmonia com o Sagrado,
Figure 1: Ideogramas da palavra SeiRyuu.
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servindo como instrumento para evolução
do cosmos e contraponto as forças que
incentivam a barbárie cometida
diariamente contra a espiritualidade dos
seus irmãos.
Desta forma, tal qual como os Dragões,
somos seres sagrados, buscadores da
sabedoria, protetores da luz da
humanidade. Verdadeiros descendentes do
legado de Prometeu.
4. O Sei Ryuu e a magia.
O universo sempre provê a cada
criatura a ferramenta para desempenhar o
seu trabalho e com os Sei Ryuu’s não seria
diferente. À medida que o estudante
começa seus estudos ele aprende que todo
o universo é construído sob uma partícula
de consciência luminosa fundamental, uma
espécie de “átomo do espírito” que
constitui todas as coisas, e é chamada em
diversas culturas por diversos nomes, mas
nomeada na doutrina como Qi, Chi ou Ki.
Por meio da concentração e da
respiração o adepto consegue canalizar e
moldar essas estruturas alterando a sua
realidade conforme a sua vontade, e por
consequência mudando o que está ao seu
redor e todo um universo de
possibilidades, numa prática mística
tipicamente oriental.
Sei Ryuu é além de uma doutrina
filosófica, uma prática de magia baseada
em antigos princípios da mística, alquímica
e ritualística de todo o oriente. Os aspectos
teóricos e práticos serão explicados mais
atentamente em outros capítulos.
Mesmo que não continue a ler este
livro e mesmo que não entenda tudo que
será falado aqui, mesmo que não aceite e
critique, algumas das palavras aqui
contidas irão causar uma transformação no
seu self (eu interior) e a partir de agora
você se tornará uma pessoa pouco ou
muito diferente do que era minutos atrás.
Este processo é conhecido como
iniciação, ao contrário do que a maioria
dos praticantes de magia pensa,
"Iniciação", não é um ritual (cerimônia)
poderoso que lhe outorga poderes sobre
os mistérios da natureza. Nenhum ritual no
mundo tem o poder de despertar suas
faculdades ocultas ou lhe tornar um Avatar
(uma representação de uma força maior
encarnada) da noite para o dia.
Saint Germain dizia: "Eu nasço e morro
todos os dias.", essa frase ilustra bem o
que é a iniciação, um processo no qual o
adepto morre e nasce como uma pessoa
nova, transformada.
A grande verdade é que estamos
sempre em "iniciação" em nossas vidas,
eternamente mutantes, estamos em
constante modificação, sejam por novas
idéias ou sentimentos, no entanto a
iniciação de modo mais específico ao nosso
contexto se refere a "transformar chumbo
em ouro" na alquimia ou "transformar a
pedra bruta na pedra polida" na
Maçonaria, ou seja, transformar uma
pessoa materialista em uma pessoa
espiritualizada, alguém que só confia
naquilo que seus sentidos lhe orientam ou
que confia somente naquilo que sua mente
é capaz de cogitar, numa pessoa de mente
aberta e confiante de seus instintos, que
consegue conciliar a sabedoria da natureza
com o poder da mente bem dirigida.
Esse processo de "espiritualização" do
homem é algo que leva TEMPO, no sentido
que é gradativo. Em todas as culturas era
necessário ao neófito (aprendiz) um
período de estudo sobre as artes (leia-se
magia) antes de sua entrada na ordem, ou
seja, antes do seu "ritual de iniciação",
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porque este se configurava somente como
uma cerimônia de apresentação aos outros
membros.
Sendo assim, nós, após ler essas
palavras, e começar a revolução de
consciência que culminará no afloramento
da sua espiritualidade, iniciamos a sua
iniciação. Ao final desses escritos espero
formar Sei Ryuu’s em plena capacidade
para servir a humanidade, confortando-a e
se tornando um ponto de luz e farol aos
desencaminhados, embora nenhum de nós
esteja no topo da montanha, podemos
elevar os que estão no nível mais baixo.
Outro ponto que gostaria de deixar
bem claro é "quanto às qualidades que o
adepto deve requerer", citando Eliphas
Levi no seu célebre livro Dogma e Ritual da
Alta Magia. Vou colocar em caixa alta para
que todos entendam: QUALQUER UM
PODE PRATICAR MAGIA, todos somos
canais e fontes de uma energia infinita e
poderosa, no entanto, é verdade que na
maioria das vezes este canal está trancado
e esta energia em muito adormecida, e
este também é um objetivo do presente
manual, despertá-la.
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Capítulo 二
Qualidades do Adepto e a Missão do Sei Ryuu.
“Lao-Tsé, numa frase célebre, disse: “Em
vez de dar um peixe a um homem faminto,
ensine-o a pescar”. Valendo-se deste
preceito, um jovem monge que um dia
voltava da pesca com sete ou oito peixes
em seu cesto encontrou um velho que lhe
pareceu morto de fome estendendo a mão
à beira do caminho.
Então, o monge tratou de lhe explicar
tintim por tintim como escolher um
bambu, como cortá-lo da melhor maneira
como um caniço de pesca, como escolher
uma linha, um anzol, uma isca e em qual
lugar do rio se colocar.
E assim por diante. Estava começando a
explicar quais os vermes preferidos por
determinados peixes, quando o homem
faminto deixou cair a mão estendida,
inclinou a cabeça e morreu.”
Jean-Claude Carrière, Contos Filosóficos do
Mundo Inteiro, p.123.
OBJETIVO
Delimitar o caráter e os valores que
um Sei Ryuu deve conservar. Demonstrar
o papel do adepto enquanto praticante e
ser humano.
1. O que é preciso?
Sempre me perguntam: “O que é
necessário para praticar magia?” ou “Estou
pronto para me iniciar? Qual o tempo
correto?” ou ainda “Qual a melhor senda
ou doutrina para começar?”
Isso envolve uma série de
questionamentos, para os quais se deram
muitas respostas ao longo dos anos, em
toda a trajetória da magia e em várias
culturas diferentes.
Se a magia é a arte de moldar a SUA
realidade conforme a SUA vontade,
acredito sinceramente que todo e qualquer
ser humano que tenha força de vontade
pode e deve estudar magia.
Na verdade todos nós já fazemos
magia todo dia, quando colocamos nossos
objetivos em prática, quando
transformamos nossas idéias em ações e
assim mudamos pouco a pouco aquilo que
somos e aonde estamos.
Aliando a esse fato, com a informação
de que o conhecimento não é realmente
nosso, afinal é uma das poucas coisas que
eu posso compartilhar e não fico sem, é na
verdade algo criminoso descriminar
alguém para aprender magia.
No entanto acredito na proteção dos
outros de si mesmos. Durante toda a
história da humanidade o conhecimento
foi tido como algo precioso, secreto e
decisivo na vida dos outros. Veja que
nenhum conhecimento é neutro, ele
beneficia alguns em detrimento de outros
e ai está a chave do problema: QUANDO
usá-lo?; DE QUE FORMA usá-lo?; PORQUE
usá-lo?
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Estas são questões que estão
diretamente ligadas à ética, filosofia e
caráter de cada magista e é natural que as
sendas definam um perfil aceitável de
adepto com a qual desejam compartilhar
seu conhecimento, já que existe a paranóia
geral de deixar o conhecimento cair em
mãos despreparadas para lidar com ele, o
que apenas faria com que prejudicasse a si
mesmo e aos outros.
O conhecimento deve então ser
resguardado, até que essa pessoa tenha a
experiência de vida necessária para lidar
com essa informação da melhor forma
possível. O conhecimento na hora errada
pode ao invés de construir uma pessoa,
destruí-la. Isso não impede o instrutor de
fazer com que o adepto chegue a esse nível
de aprendizado por meio da instrução
gradativa.
Nesse processo de ensino, o indivíduo
tal qual uma fênix, morre e renasce para
uma outra vida, ou seja, se reinventa. Esse
processo é descrito muitas vezes como
revolução de consciência, onde por meio
dos ensinamentos o iniciante aprende a ver
a vida e tudo que o rodeia por outra ótica,
saindo de uma visão materialista para uma
visão espiritualista. Ele é gradativo e não
ocorre do dia pra noite, por isso em muitas
tradições há um processo iniciático
extenso, que começa com a introdução aos
estudos e culmina numa cerimônia, que
marca o final desse período. É um erro
comum que as pessoas achem que o
objetivo quando começam os estudos é a
iniciação, quando na verdade ela é o meio
em si e não fim.
2. As Duas Vias.
Mais popularmente conhecidas como a
Tradição do Sol e Tradição da Lua, graças
ao livro Brida, de Paulo Coelho, a escola
esotérica e exotérica são chamadas
respectivamente de coração e olhos de
Budha. Isso porque a primeira vem da
emoção (instinto) e a segunda é provida
pela mente (conhecimento).
Muitos magistas podem ser separados
nessa primeira divisão, porém deve ser
entendido que para se obter a real
profundidade da prática mística é preciso
dos dois. O conhecimento abre a porta do
entendimento, porém a prática deve ser
vivenciada com o coração, já que a magia,
como diria Eliphas Levi, é o verbo em
movimento.
Muitos iniciantes, como ainda não
adentraram ou conheceram diretamente
os mistérios e esses, portanto, ainda não
foram lhes revelados, necessitam da leitura
teórica para orientar o seu caminho.
Mesmo aqueles que possuem o dom
latente e não são exatamente adormecidos
ou despertos, mas sim, sonâmbulos,
precisam da informação para que possam
focar sua vontade e liberar suas faculdades
por meio da revelação de certas verdades
que quando absorvidas transformam o
modo como o mesmo percebe e interage
com o mundo, iniciando a revolução de
consciência já descrita acima.
3. Do Material Humano.
O adepto ideal é aquele que tem seu
coração livre de ambição e cobiça. Deseja
aprender magia, não somente para
satisfação pessoal, mas também utilizá-la
para o outro.
Aqueles que procuram poder, força ou
a realização dos seus sonhos, peço que
parem de ler os escritos agora, não porque
esteja errado desejar ser mais forte e
possuir algum tipo de poder. Isto não é
essencialmente ruim, pelo contrário, é
saudável, porém não irão encontrar nada
aqui escrito que possa lhe trazer essas
coisas, e se por ventura acontecer, não
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estará relacionado a isso, pelo simples fato
de que tudo que temos em nossa vida é
ofertado através de condições e
permissões, de forma que, não só esta
forma de magia, como nenhuma outra
pode lhe dar aquilo que só a força criadora
pode oferecer a você por meio do mérito.
O adepto ideal também deve praticar a
caridade, a paciência e a humildade, não
por garantirem a "salvação" segundo o
cristianismo ou porque espíritos elevados
têm essa atitude, mas sim por pura prova
de inteligência. Aquele que ajuda a seu
próximo faz amizades e fecha alianças,
torna-se mais prestigiado e possui uma
gama maior de possibilidades em todos os
aspectos da sua vida.
Da mesma forma ele também deve ter
paciência, porque todo o mundo não foi
criado em um dia e conhecer todas as faces
de um problema é decisivo na melhor
escolha a tomar. Ser humilde também é de
igual importância na medida em que
sempre há algo melhor, mais belo e mais
eficiente. A perfeição é um estado de arte
que não existe, um objetivo inalcançável e
inatingível, afinal se a mesma fosse fácil, a
vida perderia todo o sentido.
Vale ressaltar que da mesma maneira
que o Sei Ryuu deve ser rígido, equilibrado,
reto e enérgico, para que a paciência não
se transforme em comodismo, a humildade
em falta de amor próprio e a caridade em
ingenuidade.
Não importa se você é bruxo, xamã,
feiticeiro, mago ou qualquer outra
classificação de praticante de magia, as
qualidades necessárias para seguir em
frente e obter o sucesso em qualquer
senda mística são poucas e simples, mas
importantes. É bom lembrar que todas as
características não necessariamente
nascem com cada um de nós, mas devem
ser desenvolvidas ao longo da vida. Essas
qualidades foram, são e sempre serão a
base para a formação de qualquer
praticante de uma filosofia ocultista.
1º) NENRIKI (Força de Vontade / Fé): A
capacidade de acreditar em algo e a
vontade para torná-lo realidade são frutos
da determinação interior, que é movida
pela vontade. Um bom mago deve ter a
vontade forte, resultado de agir de forma
alinhada com seus sentimentos e
aspirações. Se a magia é à vontade em
movimento, então ela só pode se
desenvolver quando há a fé dedicada e
sincera. Não adianta querer promover a
cura se não ama seu semelhante e não
pode se lidar com as forças da natureza
senão as respeita como grandezas que são,
sinceramente. Cada um nasceu com seu
Dharma, sua missão a cumprir. O mago
deve então se adaptar a magia, como um
artífice que escolhe cuidadosamente a
ferramenta para o trabalho. De fato, é
procedente o pensamento de que é a
senda que escolhe o praticante e não o
contrário.
2º) ENKATSU (Harmonia/ paz interior): De
nada adianta uma força de vontade forte
se ela é dedicada a algo que prejudica a si
próprio. Como o próprio Yin-Yang, o
mundo é conduzido pela Ordem, que faz
com que as coisas permaneçam como
estão e o Caos que provoca a mudança. As
pessoas também costumam incorporar
esses mesmos princípios e geralmente
podem ser classificadas como pessoas
estáveis ou instáveis. A harmonia se baseia
no fato de incorporar esses aspetos de
forma a estar em equilíbrio consigo mesmo
e com o próprio universo. Uma pessoa que
possui muita ordem dentro de si, pode se
tornar alguém preguiçoso ao invés de
paciente e alguém que possua pouca
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ordem pode se tornar alguém destrutivo
ao invés de alguém inovador. A
incorporação desses aspectos se dá por
meio das experiências positivas ou
negativas que constroem o caráter até esse
momento, mas que devem ser corrigidas
com forte trabalho diário e reeducação
mental, já que a magia pode ser exercida
de forma benéfica quando o indivíduo está
em paz com ele mesmo e com o que está
ao seu redor, sem cobrança, sem raiva e
sem expectativas, tornando-se a própria
magia.
3º) HIGE (humildade): Somos todos
aprendizes, sempre. Isto é sabido pela
maioria dos praticantes, no entanto à
medida que aprendemos e nos
desenvolvemos na arte, costumamos vir
com frases como “isso eu sei”, “isso está
errado”, “minha tradição é mais antiga”,
”minha tradição é mais forte”. Todas as
vezes que essas expressões são
pronunciadas, não é o ensinamento que é
enaltecido e sim o praticante, uma
demonstração clara de falta de sabedoria.
Uma das primeiras coisas que todo
praticante deve se livrar na prática da
magia é o Ka (orgulho) e seu ego, pois isso
prejudica a absorção do aprendizado.
Saber algo não significa que você absorveu
e que assimilou este conhecimento e o
transformou em sabedoria, pois esta só
pode ser desenvolvida pelo exercício da
experiência. Sempre escute seus tutores e
pessoas ao seu redor, mesmo que não
concorde ou ache que já sabe de algo, por
vezes irá se surpreender, que ao refletir
sobre a mesma matéria, algum número de
vezes, sua mente se abrirá a conteúdos
que até então não tinha percebido. Sempre
volte à base, pois ela é quem edificará suas
obras. Ninguém nunca está totalmente
certo, nem totalmente errado, ninguém é
tão burro que nada possa ensinar, nem tão
inteligente que nada possa aprender.
4. Você está pronto ?
A resposta é sempre, por incrível que
pareça, não. A iniciação é um processo que
uma vez começado, leva o indivíduo por
um caminho de autodescoberta e faz com
que repense seus valores, descobrindo
todo um mundo que ele não estava
acostumado até então e isso geralmente é
no primeiro momento algo traumático. No
entanto, esta é uma experiência na maioria
dos casos enriquecedora, que apesar de
tentar ser forçada, sempre ocorre de
maneira natural, na proporção de cada ser.
Cabe aqui o parêntesis de que a
iniciação é um processo, sempre, nunca
uma cerimônia, apesar de estar sempre
associada a uma comemoração da
passagem da perspectiva causada pela
iniciação. Em resumo, fazer uma cerimônia
não lhe capacita como mago ou praticante
de magia, isto é algo de foro íntimo, que é
negociado entre o mundo espiritual e o
inconsciente de cada indivíduo.
A iniciação abre as portas, mas não diz por
quais deve passar, pois cabe a formação do
seu próprio caráter e por isso a magia
possui praticantes realizando as mais
terríveis atrocidades com as faculdades
que lhes foram entregues e destruindo
acima de tudo sua própria integridade
como ser de luz.
5. Os preceitos.
Iremos tratar primeiro o princípio mais
básico pra toda a filosofia, somos animais
que conquistamos, por evolução espiritual,
a oportunidade de escolher de forma
limitadas as nossas decisões. Somos
animais! Ainda temos instinto, mas
podemos tomar nossas próprias decisões,
sermos o que quisermos, fazer aquilo que
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desejamos independente de nossa
natureza.
Segundo o Budismo, o Universo é
composto de uma mente única (Yuishin-
Shogen), isso significa que no princípio do
Universo, quando houve o Big-Bang, a
energia da criação, a força que move todas
as coisas estava reunida completamente
em um ponto, com a separação da origem,
Moto - o princípio, ou em nosso caso uma
abstração maior do que Deus -, espalhou-
se e seus fragmentos constituíram todo o
Cosmos.
Existe uma partícula de alta vibração
resultado da explosão do Big-Bang, esta
partícula é chamada Quasar e
espiritualmente é o nosso pedaço de Deus,
e, portanto, estamos no fundo unidos por
um mesmo material em comum, que vibra
na mesma faixa, estamos todos
interligados pela mente única.
Assim como nós, outros animais
também são influenciados por esse Quasar,
a origem e a base de sustentação do nosso
espírito. Ele capta as correntes do Universo
e transmite para os outros centros
energéticos do nosso espírito, que são
repassados ao corpo de acordo com a
interface mental de cada um. Em resumo
os Quasares em nós garantem que sejamos
regidos por um princípio universal maior.
Esse princípio é o que chamamos de
instinto.
No entanto, há uma problemática,
vivemos no que os Hindus chamam de
mundo de Maya (ou Mara, do sânscrito
ilusão), isso significa que o mundo é uma
ilusão, resultado do inconsciente coletivo e
captação pelos nossos sentidos, aquilo que
de fato existe ou não existe é baseado
naquilo que podemos ou não perceber.
A teoria da terra chata, os micro-
organismos, a radiação solar, o DNA, tudo
isso prova que a nível material, nossas
capacidades nos garantem o conhecimento
pleno e certo sobre as coisas e, no entanto,
quando seguimos nossos instintos somos
presos a correntes que comandam as
nossas vidas e não temos de fato liberdade
de evolução.
De um lado temos Yin, que é o instinto,
e de outro temos Yang, a nossa
consciência, o Tao (caminho) nos alerta
que o melhor ponto entre dois polos é um
equilíbrio entre os dois.
Há também um terceiro método,
quando o ser humano atinge grau
vibratório igual ao do Universo ele é capaz
de receber as ondas emanadas pelo
Cosmos e compartilhado por todas as
criaturas, essa energia é chamada
Reisenshin, a musica das esferas ou como
diriam os árabes, a voz de Alah.
Essa onda está carregada de
informações, tudo que foi, é e será; as
verdades do mundo, as informações mais
puras da natureza do ser. Quando isso
ocorre, o ser e o Universo se mesclam
numa única entidade, esse fenômeno tem
vários nomes, mas o mais difundido deles é
o Nirvana.
A Centelha Divina, ou Quasar, é
reabastecido e tem sua energia renovada,
a Reisenshin é distribuída em todos os
aspectos do ser e o indivíduo tem toda sua
energia sublimada, é de fato a iluminação
do espírito, claro que isso é um estágio
temporário, o mais difícil não é atingir
Nirvana, é manter Nirvana, mesmo que por
um segundo será suficiente tal experiência
renovar totalmente um indivíduo, é ser
Deus em vida e o principal auxiliar
daqueles que ainda não atingiram esse
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grau, contribuir para o desenvolvimento da
humanidade.
Baseado em tudo que já foi dito
chegamos então a 3 princípios:
1 - Magia é um meio e não um fim: a
magia é uma ferramenta para se atingir
esse estágio, ela é simplesmente um
dispositivo, não dá a ninguém reais
poderes ou qualquer faculdade que
compense a iluminação do espírito.
Mahatma Gandhi já dizia que um homem
bom é mais importante do que todas as
bem-feitorias do mundo.
2- A verdadeira força está no equilíbrio
entre razão e coração: ou seja, o equilíbrio
entre a consciência e o instinto, o
exoterismo (a mente de Budha) e o
esoterismo (coração de Budha).
3- O mundo é uma ilusão provocada por
nós mesmos: baseado nessas três
verdades, o discípulo (não gosto de falar
aluno porque vem do latim "sem luz") deve
requerer e cultivas 3 virtudes (San
Shintetsu - 3 qualidades):
Verdade (Shin): o adepto deve sempre
ouvir o Universo, seguir a voz do seu
coração compensada com aquilo que sua
mente acha que deve optar, sempre em
sintonia nunca em desequilíbrio, auxiliando
a humanidade a agindo a favor da sua
própria natureza (note que eu não falo
bem e mal porque se utilizamos tal
raciocínio veremos que mal e bem são
ilusões maniqueístas). Só existe agir com a
sua natureza e agir contra a sua natureza,
ao indivíduo que segue o fluxo, tudo de
bom pra ele, aquele que não só machuca a
si mesmo.
Honra (Yo): o indivíduo deve preservar a
moral e agir com cidadania. A fim de dar
exemplo e contribuir para uma sociedade
igualitária e justa. Durante toda a história
os magos serviram como sábios e
consultores para todas as atividades,
contribuindo para a evolução da
humanidade e conseqüentemente do
planeta.
Justiça (Shoo): o Sei Ryuu deve sempre
pensar na lei da balança. Agir do lado
certo, ser um contra ponto no equilíbrio
entre as forças positivas e negativas.
Isso faz com que nós culminemos
no código de conduta e ética Sei Ryuu:
1 - respeitar toda a forma de vida;
2 - Conservar as 3 virtudes;
3 - Considerar os mais velhos e mais
sábios;
4 - Partilhar com o próximo as vitórias
conquistadas;
5 - Ouvir em demasia, agir com certeza;
6 - Disseminar a doutrina;
7 - Tornar a verdade uma espada, o
coração um escudo e a sabedoria uma
montaria;
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Capítulo 三
Um pouco sobre Magia.
“Três atitudes humanas podem ser
definidas a partir de um cômodo escuro.
Num cômodo escuro, um homem procura
por alguma coisa. É um cientista.
Num cômodo escuro, um homem procura
por uma coisa que lá não se encontra. É
um filósofo.
No mesmo quarto escuro, um religioso
procura por alguma coisa que lá não se
encontra e exclama:
- Encontrei! ”
Jean-Claude Carrière, Contos Filosóficos do
Mundo Inteiro, p.123.
OBJETIVO
Definir o conceito de magia e sua
utilização durante todo o período da
história.
1. O que é?
Primeiramente, vamos tentar definir o
conceito de magia. Vamos utilizar com
base algumas descrições e visões
interessantes sobre o assunto:
“(...) antigamente chamada de Grande
Ciência Sagrada pelos Magos, é uma
ciência oculta que estuda os segredos da
natureza e a sua relação com o homem,
criando assim um conjunto de teorias e
práticas que visam ao desenvolvimento
integral das faculdades internas espirituais
e ocultas do Homem, até que este tenha o
domínio total sobre si mesmo e sobre a
natureza. A magia tem características
ritualísticas e cerimoniais que visam entrar
em contato com os aspectos ocultos do
Universo e da Divindade (...)”. (Wikipedia).
“(...) Magia é o ato de evocar poderes e
mistérios divinos e coloca-los em ação,
beneficiando-nos ou aos nossos
semelhantes (...)” (Colégio da Umbanda).
“(...) magia é o estudo e a prática das
forças da natureza (...)” (Papus).
“(...) o poder do espírito humano para
governar todas as influências exteriores
com o objetivo de fazer o bem (...)”
(Paracelso).
“(...) magia é a grande ciência (...), sagrada
e inseparável da religião (...), é a arte de
utilizar conscientemente os poderes
invisíveis (espirituais) para produzir efeitos
visíveis. A vontade, o amor e a imaginação
são poderes mágicos que todos possuem.
Aquele que sabe desenvolvê-los de modo
consciente e eficaz é considerado um mago
(...)”. (Blavatsky).
Do conhecimento popular aos
grandes magistas, algo se torna claro. A
magia é uma habilidade, uma ação. Algo
que alguém desempenha em algum
momento do tempo, embora também
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possa se referir a um conjunto de
conhecimentos e sabedorias. Ela versa
sobre o poder do ser humano e sobre a sua
própria natureza agindo como um
catalisador pelo qual o mesmo “seja
investido de uma onipotência relativa e se
torne capaz de operar supra
naturalmente”. É o ato de “causar efeitos
no mundo visível a partir do mundo
invisível.”
Comecemos por uma escala
simples, pense em seu braço agora. Mova-
o de um lado para outro. Uma idéia (algo
abstrato, intangível) fez com que seu braço
(algo material e palpável) se movesse.
Estamos sempre transformando nossas
idéias em ações, isso porque pensamos,
mas, mais do que isso, queremos. Nossa
força de vontade impulsiona o Universo ao
nosso redor e valendo-se dos recursos
disponíveis transformamos o nosso interior
e o nosso espaço. O Universo e a Natureza
refletem assim nossos próprios estados de
espírito.
A magia talvez tenha começado na
época das cavernas. As pinturas rupestres
mostram claramente cenas em que os
homens matavam a sua caça, um exemplo
rústico da mentalização, que devia
aumentar a efetividade da caçada. Ao
desenhar o animal sendo caçado, isto
focava a consciência dos homens e ajudava
o seu sucesso na empreitada.
Hoje o ato de magia, apesar de cair
no folclore urbano da civilização moderna,
é um fenômeno corriqueiro e acontece
com as pessoas na maioria do tempo.
Projetos de engenharia, desenhos,
histórias, metas para o ano novo, todos nós
dirigimos a nossa vontade para a conclusão
das nossas obras. Este documento
mostrará como utilizar a mente e outros
recursos do corpo, principalmente a
energia, para auxiliar a moldar a realidade,
realizando assim o ato místico.
2. Origem do termo e uma breve história
da magia.
Na antiga Pérsia, um país que hoje
chamamos Irã, existia altos sacerdotes que
possuíam uma imensa sabedoria e eram
conhecidos por seus dons proféticos,
interpretando sonhos e exercitando a
astrologia. Eles eram discípulos de
Zoroastro, também conhecido como
Zaratrusta e serviam principalmente aos
soberanos, os aconselhando.
A figura do Maegi ou Magi surge a
partir do século VI a.C., e quando essa
figura ficou conhecida no mundo grego sua
fama se tornou mais misteriosa, como uma
figura reservada e com poderes
sobrenaturais, embora não se soubesse
exatamente o que eles faziam e durante
algum tempo, toda vez que alguém morria
misteriosamente ou gaguejava num
discurso importante, atribuía-se o fato a
criação de Magi, uma magia.
É fato que uma única cultura
isolada poderia atribuir a si a alcunha de
“criadora da magia”, já que, os
procedimentos ritualísticos e
conhecimento esotérico está presente em
várias civilizações ao longo de vários
séculos, como os Hindus, Chineses,
Egípcios, Babilônicos, Hebreus e etc.
A magia ocidental, como é
conhecida, se deve principalmente a troca
de conhecimento entre diversos povos e
cresceu enormemente quando Alexandre,
O Grande, conquistou a Síria, Babilônia, o
Egito e a Pérsia e fundou a cidade de
Alexandria, criando um édito que obrigava
cada documento escrito por qualquer
escriba a ter uma de suas cópias enviadas
para sua biblioteca, fazendo com que
documentos de diferentes nações se
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encontrassem no mesmo local e
popularizando os termos Magi e Magia.
Desde então a magia tem passado por
vários altos e baixos durante a história,
falaremos um pouco sobre essas
tendências.
3. Magia vs. Religião
Na maioria das antigas sociedades o
processo místico não estava dissociado da
religião, as duas eram unidas e
inseparáveis, contendo uma forte carga
ritualística. Isso provavelmente aconteceu
porque o homem estava em contato
constante com a própria natureza e
acreditava numa miríade de forças que as
controlavam, desde as que criaram o céu e
a terra, até as que trazem uma boa colheita
ou lhes dá abrigo.
Sendo esses seres responsáveis por
todas as coisas, cabia ao magista a boa
relação e comunicação com eles para
agradá-los a fim de conseguir o seu
objetivo. O mago era então um sacerdote,
um intermediário entre o homem e o
Universo.
Por meio de práticas meticulosas e
especiais o magista fazia preces para obter
ajuda ou uma maldição, inclusive
ameaçando Deuses Menores com a
punição de Deuses Maiores caso seu
pedido não fosse cumprido. Ao final da
cerimônia a divindade seria liberada para
que retornasse novamente ao seu mundo.
Nessa época também era muito
difundido o conceito do que hoje é
conhecido como encantamento. Um
encantamento é uma magia que canaliza
seus efeitos por meio das propriedades das
palavras, se valendo apenas delas.
Era fato aceito que todas as coisas
tinham nomes comuns e nomes secretos.
Aqueles que conheciam o nome secreto de
algo detinham o poder sobre o
objeto/entidade. A lenda de Isis e o nome
secreto de Rá retrata bem o episódio:
"O Deus Sol Rá tinha tantos nomes que
inclusive os Deuses não conheciam todos.
Um dia, a Deusa Ísis, Senhora da Magia,
se pôs a aprender o nome de todas as
coisas, para tornar-se tão importante
como o Deus Rá.
Depois de muitos anos, o único nome que
Ísis não sabia era o nome secreto de Rá,
assim decidiu enganá-lo para descobrir.
A cada dia, enquanto voava pelo céu, Rá
envelhecia e até já começava a babar. Ísis
recolheu sua baba e modelando-a com
terra, deu forma a uma serpente, que
depois colocou no caminho de Rá. Esse foi
mordido e caiu ao solo agonizante.
Ísis disse ao Deus que poderia curá-lo,
desde que ele lhe revelasse seu nome
secreto. Ele se negou, porém ao notar que
o veneno da cobra era potente
suficientemente para matá-lo, não teve
outra opção a não ser revelá-lo. Com esse
conhecimento secreto, Ísis pode apropriar-
se de parte do poder de Rá."
Os egípcios, no entanto não foram
os únicos que tinham os seus nomes
secretos, dizia-se que Moisés havia dividido
as águas do mar Vermelho através das
setenta e duas sílabas do nome de Deus,
que só ele conhecia. Em Roma, o nome da
divindade guardiã era mantido em
absoluto sigilo, a fim de que ninguém a
utilizasse para os seus próprios fins.
Com o tempo e conforme as culturas
entram em contato umas com as outras,
era cada vez mais comum que magos
trocassem informações e que místicos
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tentassem utilizar o nome de Deuses de
outros credos.
4. O Oriente e a Magia.
A origem primordial da forma como o
Sei Ryuu pratica magia surgiu na China por
meio de estudos de observação da
natureza. Os anciãos procuravam aprender
com animais, plantas, elementos da
natureza e as estrelas, muitas vezes
imitando-os numa espécie de mimetismo
(as artes marciais devem sua origem
especialmente a isso) para compreender e
se integrar ao universo.
A alquimia chinesa teve grande papel
no processo de descoberta e
desenvolvimento do Chi (Ki). Também
conhecida como Alquimia Taoísta, a prática
tinha por objetivo a busca simbólica pelo
elixir da imortalidade, também chamado
de elixir dourado (Jindan), uma substância
análoga da alquimia tradicional, que
livraria o ser humano de todas as doenças
e garantiria a longevidade.
Essa prática estava dividida em duas
partes, a alquimia externa, chamada de
Waidanshun ou Waida, que tratava da
ingestão de ervas e minerais medicinais e
a alquimia interna, chamada de
Neidanshun ou Neida, que cuida do cultivo
do elixir dentro do próprio ser, por meio da
manipulação do sopro vital (Chi).
Essas técnicas de manipulação do Chi
(Qi Gong ou Chi Kung) iniciam-se com a
introdução do I Ching (Yi Jing), traduzido
como Livro das Transmutações. O livro é
um clássico Chinês que foi sobreposto por
outras obras ao longo do tempo e discursa
basicamente sobre os fenômenos de
transformação e inercia da natureza. As
oito trigramas de Fo-Hi, extraídos do casco
de uma tartaruga quando combinados
retratariam todos os processos que
ocorreriam entre o Céu e a Terra (Yin-
Yang). Esse acontecimento se deu um
pouco antes da dinastia Chou (1150-249
a.C.) e abriu o espaço para o estudo da
transformação da energia, que já ocorria
anteriormente com os primeiros estudos
alquímicos.
Logo após, na dinastia Han, surgiu o
primeiro livro de medicina interna chinês, o
tratado de medicina chinesa do imperador
do rio Amarelo, o qual expunha
sistematicamente os princípios de
treinamento e efeitos do Chi Kung.
Em 206 a.C. o Budismo foi introduzido
da Índia para a China e as práticas de yoga
e meditação foram incorporadas aos
estudos de respiração e treinamento do
Chi Kung, criando o Chi Kung budista,
também chamado de Chi Kung religioso.
Na dinastia Liang (552 a.C. – 557 d.C.),
Da-mo, também conhecido como
Bodhidharma, um monge budista vindo da
Índia, ensina ao Imperador sobre o
Budismo e se refugia no templo Shao Lim.
Segundo conta a história, o monge teria
verificado que os membros do templo
estavam fracos e sem saúde e ensinou aos
sacerdotes o Yin Jing Shing (Chi Kung dos
músculos e tendões) e o Shi Shoei Jing (Chi
Kung da medula óssea), restaurando sua
saúde. Esses exercícios teriam sido
ensinados a monges guerreiros que
incorporaram suas práticas a doutrina
marcial. Surge nesse período o Chi Kung
marcial.
Entre os séculos VI e VII no Japão, a
teoria taoísta dos cinco elementos
(Wuching) e do Yin-Yang chegaram junto
com o Budismo e o Confucionismo. Este
conhecimento aportou junto com seus
correlatos: astronomia, produção de
calendários e previsão do futuro, que
unidos a estudos de observação da
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natureza se traduziram numa mística
adivinhatória. Animais ou outros
acontecimentos naturais passaram a ser
traduzidos como sinônimos de bom ou
mau agouro, ajudando a prever a boa sorte
e foi amplamente aceita pelos membros da
corte imperial, que acreditavam que a
adivinhação Onmyodo era importante para
a tomada de decisões e devido a isso o
sistema começou a ser aprendido por
leigos. A figura do praticante de Onmyodo,
o Onmyoji, surge então no século VII.
Com a implantação do Ritsuryo (um código
de leis), entre os séculos VII e VIII, as
práticas de Onmyodo foram designadas a
uma secretaria de Onmyo (Onmyo-ryo) no
departamento de Nakatsukasa da
burocracia imperial. O departamento era
responsável por supervisionar as
adivinhações de Onmyodo, as observações
astrológicas e a criação dos calendários.
Por lei, o clero budista foi proibido na
época de realizar a prática de cartomancia
e astrologia, deixando os Onmyojis
monopolizarem as práticas.
No final da era Heian o Ritsuryo se
expandiu e a família Fujiwara subiu ao
poder e a corte assumiu ares mais formais,
aderindo os rituais para aplacar a alma dos
mortos (Goryo Shinko) com a intenção de
combater a criação de fantasmas
vingativos (Onryo). Pelo fato dos magistas
terem conseguido auxiliar na prevenção de
desastres usando suas habilidades de
adivinhação e magia, conseguiram grande
influência sobre o imperador e a corte.
A tradição então evoluiu realizando
sincretismo religioso e importando diversas
práticas como o Katatagae (mudança de
direção), Omoimi, Henbai, cerimônias a
Deuses taoístas, Fong Shui, artes médicas
como o Jukondo e a partir do final do
século oitavo, o Budismo esotérico (seita
Shingon) e astrologia indiana (Sukuyondo).
Cabe nota o penúltimo, já que no
ano 804 d.C. o monge Kukai estudou as
práticas tântricas na cidade de Changang,
na China, e retornou com vários textos e
obras de arte. Esse acontecimento resultou
numa síntese de seus estudos, revelando
uma doutrina esotérica baseada no Buda
Universal (Vairochana).
Esses ensinamentos culminaram no
budismo esotérico japonês, que utilizam
mantras, gestos místicos (Mudra ou Kuji
Yin) em rituais a fim de atingir a iluminação
espiritual. Essas práticas deram origem ao
Shugendo, uma religião mística que busca
entender as relações entre o homem e a
natureza e que por meio de treinamento
místico duro e constante daria aos seus
praticantes poderes sobre humanos.
Toda a junção dessa mística oriental é
base para o desenvolvimento da doutrina
Sei Ryuu e influencia diretamente as
práticas deste livro. No presente momento
serão abordado o Chi Kung e os estados
meditativos.
5. Magia e Ciência
Voltando ao ocidente, no século XV e
XVI uma nova prática mística com ares de
religião começou a ser adotada, com a
crença de que tudo na natureza, plantas,
minerais, animais e os próprios seres
humanos estavam repletos de
propriedades ocultas chamadas “virtudes
ocultas”. Esses princípios advinham de um
estudo de correlações.
Em Roma atribuíram ao panteão locais
no céu, e de forma análoga, cada um
correspondendo a um planeta. Marte era o
deus romano da guerra e seu planeta era
vermelho, assim, no dia em que marte
estava mais destacado no céu era um dia
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consagrado a ele, e a cor vermelha, tal qual
o brilho do planeta, era utilizada para
rituais consagrados a ele.
Assim sendo, os metais, ervas e outros
elementos da natureza teriam um princípio
astrologicamente correspondente. Pedras
preciosas vermelhas ou verdes restituiriam
a saúde e a vigor, por exemplo.
Enquanto nos séculos IX e X uma
pessoa erudita evitaria se envolver com
magia, no período renascentista esta
prática era aceita como área de estudo por
intelectuais, médicos, sacerdotes e todos
que tivessem curiosidade científica.
6. Magia Moderna
Como resultado de todo o movimento
místico no ocidente, entre os séculos XV e
XVIII surgiu em toda a Europa e em vários
idiomas muitos livros chamados de
Grimories (pronuncia-se Grimoás) ou livros
negros, na sua maioria atribuídos a fontes
antigas que continham uma série de
procedimentos para todos os fins, como
amor, sorte, dinheiro, invocar espíritos e
etc. A circulação era secreta já que nesse
período era crime portar esse tipo de livro.
Devido a complexidade dos rituais, que
devem ser seguidos exatamente a risca, a
prática ficou conhecida como magia
cerimonial ou magia ritual. Muitas vezes
eram necessários semanas ou até meses de
preparação antes de qualquer prática. Um
clássico da época era o livro de São
Cipriano e as Clavículas de Salomão.
A magia então se transformou de algo
simples e intuitivo para algo complexo e
cheio de proformas. A intenção desse livro
é voltar à magia ao seu estado primordial,
guiado pela força da vontade e utilizando a
energia bruta do universo para modelar a
realidade. Assim, o Sei Ryuu não só pratica
magia, como se torna a própria magia.
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Capítulo 四
Teoria da Trama e Mecanismo Mágico.
“Nasreddin, que estava adormecido,
acordou bruscamente. Ele se virou, se
revirou e não conseguiu mais retomar o
sono.
Sua mulher, que acordou se mexendo,
perguntou-lhe quais as razões daquela
inquietação incomum.
- Acabo de ter um sonho ruim – ele disse.
- Que sonho? – ela disse.
- Sonhei que uma jumenta do vizinho
acaba de colocar um jumento sem rabo no
mundo. – ele disse.
- E por isso ficou tão agitado? – ela disse.
- Sim. – ele disse.
- Mas por quê? – ela disse.
- Imagine se esse pequeno jumento cair
num buraco ou numa fossa. – ele disse.
- Sim...e daí? – ela disse.
- O vizinho me chamaria para ajudar a
tirá-lo de lá. – ele disse.
- Sim, está bem. – ela disse.
- E por onde eu o agarraria se ele não tem
rabo ?”
Jean-Claude Carrière, Contos Filosóficos do
Mundo Inteiro, p.49.
OBJETIVO
Descrever o funcionamento da Trama
e como ela afeta a magia.
1. A criação da trama, o abismo e todas
as outras coisas.
Yuishin-Shogen, a mente única, é um
conceito bem difundido no budismo. Ela é
o somatório de todas as consciências, na
melhor aplicação da teoria de Gaia, que
reza que todas as formas de vida e seus
ecossistemas formam juntos apenas um
único ser e quando uma parte desse ser
está desequilibrado, toda a Gaia sofre a
influência desse desequilíbrio.
Nessa teoria, existe uma força que nos
liga a todas as outras coisas, formando
uma grande teia que nos envolve e nos
entrelaça, como a tapeçaria das Moiras
(Parcas), seres da mitologia grega que
teciam o destino das pessoas. Essa rede foi,
portanto, chamada trama, sendo essencial
que seja compreendido seu interesse para
a magia, pois é por meio dela que a
realidade é manipulada.
A primeira trama foi criada
quando, não importa de que forma, o
Universo foi formado. O centro do mundo
seria um grande nó de onde os fios da
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trama se desenvolveram para todos os
lados infinitamente.
Por meio de Yuishin-Shogen, a
mente única, ela se desenvolveu e seu
movimento organizou a orbita dos
planetas, combinou os elementos que
formam a matéria-prima básica de todas as
coisas e se desenvolveu, como uma planta
que é regada e aos poucos cresce, se
tornando forte e frutífera. A Telurian
(realidade terrena) estava assim
consolidada e sofria seus ciclos de caos e
ordem de acordo com as leis da natureza e
da harmonia.
O ser humano então surgiu, não só
com o instinto (intuição em harmonia com
as leis da natureza), mas também com suas
próprias ideias e criatividade, reordenando
seu ambiente e adaptando a natureza a
sua vontade. Nesse processo, a mente
humana criou uma nova visão da realidade,
que obedece a leis criadas e impostas por
uma segunda mente única, chamada pela
maioria de inconsciente coletivo, que na
verdade é o conjunto de paradigmas
(conceitos) que regem o cotidiano de todos
e que está em constante mudança. A
medida em que os povos se afastavam do
caminho natural e das leis da natureza,
sobrepondo-as com seus próprios
conceitos criaram uma separação do que
real e do que não é real, impondo a si
próprios um afastamento dos mundos
invisíveis. A essa barreira que separa os
mundos chamamos de véu, abismo ou
fronteira.
Nesses locais a barreira é fina e são
excelentes locais para realizar o
desdobramento (ato de desprender o
espirito do corpo para caminhar pelo
mundo invisível) e treinar a harmonização
do ser com o meio, elevando o
pensamento aos deuses e ao mundo
espiritual superior. É comum que reservas
florestais, templos de todas as religiões e
locais considerados paradisíacos e
sagrados, sejam locais onde o homem está
mais livre das influências da trama artificial
e consegue entrar mais facilmente em
contato com a sua própria natureza. Ao
contrário, grandes centros urbanos,
parques industriais e grandes obras de
engenharia são locais onde a trama natural
é fraca, pois foi povoado massivamente
com as ideias e os conceitos humanos que
moldaram o espaço e transformaram a
realidade, aumentando um abismo e
aumentando a trama artificial.
Ambas as tramas são feitas de
energia (Chi), porém de qualidades
diferentes. A trama natural, como já foi
dita é resultado da energia primordial que
criou e organiza o universo e reside em nós
como o centro de nossas almas, como um
pequeno fragmento de Quasar, a luz mais
pura do universo, nossas Centelhas Divinas.
Essas Centelhas Divinas vibram na
faixa mais sutil do corpo luminoso (ser
espiritual) e ecoam umas nas outras. Esse
movimento de energia que se desprende e
propaga é chamado de “voz de Deus” ou
Reisenshin. Por meio dessa Reisenshin é
que as influencias do universo compelem
nosso ser à vida, à ordem, à harmonia e ao
equilíbrio.
Já a trama artificial é
compartilhada por meio do rastro de Ki
mental e físico que deixamos ao tocar ou
pensar em algum objeto. Como se
fossemos um novelo de lã, da qual
milhares de fios partem em direção à
vários pontos. O conjunto desses
entrelaçamentos que liga coisas e pessoas
são uma rede que carrega as informações e
os parâmetros de realidade individual e
coletiva.
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2. Teurgia e Taumaturgia. A magia pode ser dividida em dois
grupos de acordo com o tipo de trama
sobre a qual atua. Aqueles que realizam
magia para alteração das características da
realidade que conhecem como alterar a
sorte, o sucesso, a saúde (física e mental)
além de percepções materiais (ligadas aos
sentidos) utilizam a trama artificial.
Aqueles que desejam a reforma íntima,
a comunhão com a natureza, a invocação
dos seres do mundo invisível e a cura
espiritual utilizam a trama telúrica para
ascender aos planos superiores e
aproximar o seu eu da existência divina.
Assim sendo, os místicos que utilizam a
teurgia, ou alta magia utilizam a trama
natural e os que se utilizam da taumaturgia
ou baixa magia, utilizam a trama artificial.
O processo místico funciona de duas
formas distintas nesse caso.
A taumaturgia torce, cria e destrói
os fios da trama de acordo com a vontade
do conjurador para gerar o efeito desejado
enquanto que na teurgia exercer a vontade
a faz quebrar e aumentar o véu. Aqueles
que lidam com ela devem, portanto,
utilizar a empatia, ou seja, a habilidade de
sincronizar com um tipo de ideia ou
energia, personificando-a e assumindo-a
para si temporariamente ou
permanentemente. Esse ato faz com que o
ser seja tomado pela energia como uma
onda do mar que leva aquilo que esta ao
seu caminho. A natureza, portanto, não
pode ser domada e o magista não é seu
senhor, mas sim uma amigo que se coloca
como instrumento para que ela atue sobre
ele.
A maioria das Mahou’s (magias) vista
neste livro pertencem ao Mahoutsukai no
Koi (Caminho do Mago), um conjunto dos
processos místicos dos Sei Ryuu’s. Estes
processos utilizam na maioria das vezes a
trama artificial, principalmente no nível de
aspirantes, que é a quem se destina esse
livro. Portanto vamos nos focar
especialmente nela a partir de agora.
3. Funcionamento da Trama Artificial. A trama humana pode sofrer
influências conforme abaixo:
CRIAÇÃO: toda vez que transferimos nossa
consciência ou energia (voltamos a nossa
atenção ou temos contato físico) estamos
criando ligações que partem do nosso
corpo espiritual e se agregam ao objeto;
DESTRUIÇÃO: é natural que à medida que
a transferência de energia acabe (paremos
de pensar ou nos afastemos do contato), a
energia que alimenta os fios acabe e,
portanto, a ligação se desfaça por
completo. Isto também ocorre quando a
ligação é recusada, i. e., ou não é aceita
entre os dois corpos (para que a ligação
seja sustentada, a aura do indivíduos
devem se misturar e compartilhar energia);
MANUTENÇÃO: toda vez que a ligação é
refeita, ou seja, os dois objetos entram
novamente em contato ou um volta a sua
atenção para o outro, a ligação é
realimentada, de forma que quanto maior
a energia alimentada, maior o tempo que
se leva para a destruição do segmento.
Além disso, a rede também possui
"acidentes", que vamos aqui denominar
fenômenos, os quais descrevem
comportamentos de conjuntos de
segmentos em relação à dimensão:
ZONAS DE SILÊNCIO: existem
regiões onde a influência da energia
dirigida pela consciência dos seres ainda
não permeou o espaço, nessas zonas,
existe a carência e até mesmo a ausência
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de toda de rede, isso significa que para
realizar a operação mística é necessário
utilizar a própria energia para recriar a
rede de trama do ambiente.
Isto significa que nesse locais os
efeitos místicos são extremamente
limitados em comparação com os que
possuem a rede já construída.
Em termos práticos, locais de zona
morta são reconhecidos quando sentimos
um grande esforço em desenvolver energia
no ambiente e toda atividade exaure mais
do que o costumeiro. Este tipo de
fenômeno ocorre em locais onde houve o
encontro de grandes duelos de energia ou
efeitos abruptos provocados por radiação
(ataque de bombas atômicas ou
vazamentos de radiação);
ZONAS DISTOCIDAS: quando a
influência humana esta carregada de
sentimentos perniciosos (dor, ódio, inveja,
luxuria, mágoa e outros) durante um certo
período (isso varia de acordo com uma
equação em que adentram variáveis como
o número de pessoas, a intensidade do
sentimento e tempo de exposição a esse
conjunto de energias), os fios adquirem
comportamentos distorcidos e vertem a
energia de maneira incorreta.
De maneira prática esse ambiente
distorce a energia que é gerada no meio
dele, magias conjuradas nessas zonas
quase sempre tomam um funcionamento
diferente do que foi idealizado.
Procedimentos de cura podem disparar
efeitos colaterais, explosões de energia
podem tomar comportamento análogo e
prejudicar o próprio ocultista dentre outros
efeitos semelhantes.
ZONAS DE CONVERGÊNCIA: quando
grandes consciências se unem em um
mesmo ponto por um determinado
número de tempo, trabalhando em
conjunto, a rede aos poucos se deforma de
maneira a convergir para o ponto de mais
alta concentração da energia desprendida
por essas consciências.
Isso significa que distorcer as relações
energéticas e moldar a realidade torna-se
mais simples. É fato conhecido que certas
operações místicas só são possíveis para
neófitos em determinado ambiente devido
ao Kiva (espaço entre fluxos de energia)
imposto pelo local.
4. Ciclo da Magia, Reversão e Contra-Magia.
Toda magia inicia-se com um
pensamento, esse pensamento ganha força
e se propaga pela trama pelo menor
caminho possível, passando pelas ligações
necessárias e carregando energias
semelhantes sendo renovada e repetida
por cada local por onde passa, essa magia
então atinge o seu ápice e conclui o seu
objetivo.
Estudo de caso: uma pessoa deseja
realizar uma magia para provocar danos
físicos ou a morte de uma pessoa. Então
realiza o seu procedimento e coloca toda a
sua intensão de maldade na operação. Esta
energia conjurada então percorre a trama
em busca de seu alvo e passando por cada
ponto da trama reúne mais energia das
pessoas que também desejam o mal
daquela pessoa ou simplesmente não é
simpático a ela, quando ela então encontra
seu objetivo está aumentada infinitamente
em força.
Quando as energias são
combináveis, ou seja, análogas entre si,
elas misturam-se até que haja a saturação
e, portanto, o corte e finalização da magia.
Quando isto não ocorre, quando a energia
do alvo não se mistura com a de emissão
dessa energia, ela é rebatida, ou seja,
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retransmitida como uma bola que se
defronta com o muro e retorna pelo
mesmo caminho em sentido contrário com
sua energia multiplicada sendo agora
contra os seus colaboradores. Esse choque
de retorno, se não houve troca de nível do
usuário se voltará contra ele.
Estudo de Caso: a pessoa recebe a
intenção assassina, é uma pessoa
amargurada e que também deseja mal a
outros semelhantes, sua energia se mistura
a energia da magia e recebe os efeitos
proporcionais ao grau de mistura dessas
energias. Ela fica gravemente doente ou
contrai uma leve gripe.
Caso alternativo: a pessoa recebe a
intenção assassina, mas não possui
nenhum tipo de intenção maléfica, nem
guarda sentimentos negativos e se
encontra num estado de espirito elevado.
A energia então é revertida para o
conjurador que não arrependido de seus
atos fica muito doente.
Diferente do que se imagina, a
contra-magia não é uma reversão de
magia. A contra-magia é um efeito
direcionado contra um fluxo de energia na
trama a fim de estacioná-lo, uma contra
magia contra uma doença provoca a
estagnação da doença, estacionando a
energia em fluxo. Isso ocorre direcionando
uma energia com intenção contrária a fim
de atingir o equilíbrio.
Quando o que deseja é reverter um efeito
já instaurado, ou seja, reverter os efeitos e
desvios nos fios da trama provocados por
uma magia, devolvendo tudo ao seu
estágio anterior, o que se tem é uma
reversão de magia. Para que isso seja feito
é necessário saber que áreas foram
afetadas pela magia e qual o seu estado
anterior, para então invocar um efeito
capaz de devolver tudo a sua forma matriz.
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Capítulo 五
Introdução a Anatomia Oculta.
“Deve haver uma força primordial, mas é
impossível localizá-la.
Eu acredito que ela exista, mas não posso
vê-la.
Vejo os seus sinais, posso até mesmo
senti-la, mas ela não tem forma.”
- Zihuang Zi, Capítulos Internos, seculo IV
A.E.C.
OBJETIVO
Demonstrar o conceito de ki e o seu
funcionamento em todas as estruturas do
ser, responsáveis pela sua canalização,
transformação e distribuição.
1. Teoria Evolucionária do Ki.
Sabendo que o Ki é uma partícula
fundamental da consciência
(luz/sabedoria/livre arbítrio) e inseparável
de todas as coisas, pois todas as coisas
constituem-se dele e possuem vibração,
mesmo que mínima, é importante
compreender então sua origem e porque
somos cercados e construídos com ela.
A filosofia chinesa se refere sempre
a um mar primordial de infinitas
possibilidades chamado Wuji (Wu Chi), que
tal qual a mitologia egípcia seria a mesma
origem para todas as coisas e a fonte da
primeira luz do mundo. Podemos fazer
ainda a mesma alusão a metáfora de luz e
trevas narrada nos trechos bíblicos, bem
como textos sagrados de outras culturas.
“Antes do mundo existir, antes da
infinidade de coisas existirem, o universo
primordial era um vasto oceano indistinto
de possibilidades, um nada ilimitado
conhecido como Wuji.
Wuji (Wuchi) é conhecido como o mundo
perfeito, ou mundo primordial, um
universo onde Qi se encontrava num
estágio primário, sem diferenciação.
Esse cosmo eterno, a origem de todos os
conhecimentos, seres e coisas, é
permeado por um recurso sutil,
penetrante, invisível: o Qi. Profundamente
entranhado nessa piscina infinita e
contínua de nenhuma realidade e
possibilidades infinitas, movimenta-se um
impulso que acabou por excitar o nada até
que este se diferenciasse e se tornasse
algo. De repente, a luz surgiu em
contraste com a escuridão. O vácuo e a
matéria nasceram e foram permeados
pelo onipresente Qi. Até hoje as estrelas,
os planetas, os elementos, as plantas, os
seres vivos e nós mesmos; tudo o que
existe se movimenta dentro daquele
campo original do Qi e é penetrado e
influenciado por ele.
O Qi é que faz com que os planetas
mantenham as suas orbitas ao redor do
Sol. É o Qi que faz com que cada floco de
neve seja diferente e o Qi é que produz as
fases da Lua e as marés. O Qi mantém a
nossa saúde e o Qi é a força que está por
trás da inteligência e das emoções. O Qi é
a vitalidade que causa a evolução de um
embrião minúsculo de células divididas
para amadurecer na forma de um ser
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humano em tamanho natural. O desejo do
Chi da terra de se elevar e fundir com o Qi
do céu é o que leva um pequeno broto a
sair da semente para cima, apesar da
força da gravidade e se tornar uma árvore
gigantesca.
O Qi é conhecido pelas expressões que
encarna: o processo de cura, a criatividade
que produz poesia e arte, a transformação
dos girinos em rãs e das lagartas em
borboletas. O Qi é a força vital, energia e
consciência, é a essência por trás de todos
os efeitos e influências e acontecimentos,
assim como de todos os elementos,
materiais e objetos.”
A filosofia chinesa não é muito
clara sobre o que teria acontecido na
harmonia perfeita do Wu Chi, porém
podemos supor que o desejo de tornar a
ser algo rompeu a harmonia do mundo e
fez com que surgisse uma segunda
potência, criando, portanto, o Tai Chi (o
mundo bipolar). A divisão do Universo foi
estabelecida, portanto como aquilo que é
(Yang) e aquilo que não é (Yin).
Figure 2 - Hotu, símbolo da transformação das energias.
O mundo bipolar teria gerado o
Big-Bang. Nesse contexto, matéria (Yang) e
anti-matéria (Yin) teriam através de suas
colisões gerado tudo que hoje
conhecemos.
O mundo espiritual, portanto, teria
sido criado ao mesmo tempo que o mundo
físico, caminhando em paralelo. As
partículas de Ki nesse período estavam
difusas e flutuavam a esmo carregadas
pelo grande fluxo dessa explosão.
A evolução do Universo deu-se,
portanto, quando o Chi começou a se
reunir, aglomerando-se uns aos outros
pelo principio da sintonia, i. E. Atraindo
aquilo que lhe é simpático, reunindo-se
com as partículas que lhe são semelhantes.
Aos poucos essa reunião de partículas criou
grandes concentrações de ki, que não só
aumentaram seu tamanho, mas sua
consciência e adquirindo comportamentos
específicos.
Esse período teria dado criação à
energia dos elementos (espíritos
elementais), dando luz ao fogo, terra, água
e o ar e outras substâncias para-elementais
(o metal, o gelo, a luz e etc.). Estes tipos de
energia básica tem uma vibração bastante
específica, o que faz com que a eles sejam
atribuídas características simples. A terra
possui um Ki muito denso e de pouco fluxo,
enquanto que o fogo é rapidamente
conduzido e procura absorver a energia do
ambiente em busca do equilíbrio, por
exemplo.
Com o passar das eras esses seres
se combinaram, gerando entidades cada
vez mais complexas, até que da união
perfeita dessas energias surgiu o quinto
elemento ou quinta-essência, chamada por
nós de espírito ou vida. Este tipo de
energia permitia ao seres não só absorver
outras forças, mas também emitir luz
(ideias, pensamentos e ações), ofertando
aos mesmos a capacidade de criar.
Nós, assim como os animais (em escala
menor) possuímos o quinto elemento com
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proporções iguais aos outros elementos
(diferente das plantas, que o possuem em
quantidade muito menor). Este elemento
se manifesta em nós por meio do
empirismo, da criatividade e da inspiração.
A ele também é atribuído à capacidade de
realizar magia, já que a mesma nasce da
vontade, do querer e do desejo de realizar
e ser.
2. A forma obedece a função.
A filosofia oriental diz que todos
nascemos de um Chi original, oferecido
pelos nossos pais e um Chi secundário,
ofertado por nossa mãe. Não nos atendo
ao preconceito da sociedade patriarcal, o
conhecimento nos mostra que um ser é
união de duas metades que se tornam um.
O Budismo costuma chamar essa união de
duas metades para formar uma terceira
dos “três tesouros”: O Céu (Shen), a Terra
(Jing) e a Vida (Qi).
O Céu representa o Yang, o poder
ativo, a Terra compete a Yin, a potência
passiva e da união dessas duas forças nasce
o que é chamado de “A unidade” ou
“Harmonia”. Para nós, o encontro dessas
duas forças representam a formação do
Wu Chi, a energia primordial, que dá à luz a
todas as coisas no cosmos inclusive a si
mesma. Se a Terra representa o nosso
corpo, e o Céu o nosso espírito o Chi
representa a nossa vontade e o coração, a
força do desejo, da vontade e da vida.
Quando falamos do nosso sistema
energético o conceito dessas forças em
formação é muito importante, pois graças
a essa vontade de se combinar ocorre um
movimento cíclico pelo nosso ser no qual a
energia da terra sobe para alcançar o céu e
vice-versa. Elas se encontram em vários
pontos do corpo criando vórtices de
energia. Como somos seres de simetria
bilateral (as duas metades do corpo são
iguais) e vertebrados, a forma obedece a
função e esse fluxo corre ao longo do
centro do corpo numa linha que o divide
exatamente em duas partes iguais. Essa
linha é chamada pelos esotéricos de Linha
do Hara e é o canal principal, onde as
transformações energéticas irradiam para
o resto do ser.
3. Chakras.
Todas as vezes em que uma energia
densa (Yin) se encontra com uma energia
de natureza leve (Yang), desenvolve-se o
fenômeno de vórtice, isto é, a energia
densa empurra a energia leve para cima
num fenômeno análogo as correntes de
convecção que criam tornados e furacões.
O nome esotérico dado a este fenômeno é
Chakra, um termo sânscrito que significa
“roda”. Isso está sempre ocorrendo no
corpo, a toda hora e a todo momento, no
entanto existem regiões, próximas a Linha
do Hara principalmente, onde esse
fenômeno acontece regularmente sem
interrupção criando grandes centros que
movimentam uma grande quantidade de
Qi e auxiliam o fluxo de energia ao longo
do canal de concepção (Linha do Hara) a se
manter estável e constante. Esses centros
de energia constante são conhecidos no
sistema indiano como os sete grandes
Chakras.
Não é intenção do presente trabalho
explicar com detalhes a função de cada um
dos Chakras, suas correspondências, áreas
de influência no corpo e demais
informações porque não concerne ao
estudante este tipo de informação no
momento. Caso exista o interesse, existe
vasta literatura disponível sobre o assunto
na internet ou em outros formatos de
mídia.
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É importante destacar, no entanto, sua
localização no corpo e explicar a
distribuição da sua energia:
Figure 3: Posicionamento dos sete principais Chakras do corpo.
O Chakra Coronário (localizado no
topo da cabeça) é o vórtice de entrada que
absorve a energia do céu, a catalisa e
transforma em uma energia polarizada e
própria para ser absorvida pelo nosso
corpo. Ao mesmo tempo essa energia é
absorvida pelo Chakra do Terceiro Olho
(localizado na testa) que a recebe e
também realiza a especialização dessa
energia para ser novamente absorvida pelo
corpo. Esse funcionamento ocorre não só
de cima para baixo, mas também de baixo
para cima por meio do Chakra Básico
(localizado na região dos genitais) que
absorve o Qi da terra e o distribui para os
Chakras que estão acima dele. Essa troca
de energias é que permite ao sistema
continuar funcionando. Esse fluxo também
propicia a absorção de energia do corpo
que não pode absorver a energia do céu e
da terra sem passar pelos Chakras, que
funcionam como filtro para irradiar essas
forças.
Outros vórtices também merecem
destaque, como a sola dos pés e a palma
das mãos, ambos conectados diretamente
aos sete Chakras, mas que estão
localizados em membros, o que significa
que podem ser direcionados mais
facilmente e de acordo com a vontade do
ser humano. Mãos e pés serão o ponto
focal de várias das práticas destes escritos
exatamente por este motivo.
Cada Chakra também gera um
campo de energia ao redor de si que
estende muito além da dimensão física. O
conjunto desses campos que entrecortam
e permeiam o ser foram chamados de
corpos sutis e reunidos são responsáveis
pela nossa aura, como pode ser visto na
figura abaixo:
Figure 4: Disposição dos Corpos Sutis.
Os corpos sutis estendem a nossa
percepção da realidade sobre os mais
variados aspectos. Considerando que cada
Chakra é um órgão etéreo, ele responde
aos estímulos energéticos que lhe são
impostos, como uma pele espiritual,
atuando cada um sobre a forma de
reconhecer o mundo. De Fato, cada corpo
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sutil existe numa faixa de vibração
específica, de forma que o nosso ser
recebe e envia informações em vários
planos de existência diferentes. As
minúcias de cada campo também não são
objetivo desta literatura no momento.
4. Pontos e Vasos de Concepção.
Como já foi dito, o Chakra é todo e
qualquer ponto onde as energias se
encontram e que, portanto, se torna um
centro de força. Apesar de termos grandes
regiões em que esse fenômeno ocorrem
em larga escala, ele ocorre em todos os
locais do corpo a todo momento na
medida em que a energia é distribuída na
Linha do Hara em direção as extremidades
do corpo. Em certas regiões esses Chakras
menores, chamados pelos Sei Ryuu’s de
Tsubos (pontos) estão alinhados de forma
harmônica e mesmo que pequenos
formam longos fluxos de energia constante
como rios de Qi no corpo. Ainda utilizando
a analogia com os rios, alguns desses fluxos
são sazonais, e, portanto, temos rios
temporários e rios perenes em nosso ser.
A medicina oriental chama esses
fluxos permanentes que conectam a
nascente (Chakras) as várias extremidades
do corpo de vasos de concepção,
Tenketsus, Tandís e vários outros nomes. A
acupuntura é uma ciência que conhece
bem esses vasos e os pontos em que por
meio da estimulação ou supressão
conseguem controlar o fluxo de energia
nesses canais.
Figure 5: Mapa contendo os pontos de acupuntura no corpo.
5. Portais ou Portões.
O encontro dos fluxos de Qi nos
espaços entre os Chakras provoca um
efeito de anulação (cancelamento) que
impede que a energia dos centros de força
flua para outra área que não seja a Linha
do Hara. Esse efeito é chamado de Portão e
efetivamente é o que regula e foca a
energia do Chakra para baixo, mantendo o
canal de concepção coeso. A importância
dos Portões será revelada em matérias
posteriores, porém é necessário o seu
conhecimento prévio para entendimento
dos próximos assuntos.
6. Shibumi.
Este é um dos conceitos mais
complicados que já tive que entender e
você realmente só entende um tempo
depois que te explicam. Shibumi é a
capacidade que nós temos de dotar nossos
atos e criações com a nossa personalidade.
Se dois artistas esculpissem uma estátua
baseados no mesmo desenho, os
resultados seriam sutilmente diferentes,
pois cada um colocou em suas obras o seu
método de trabalho, os seus processos de
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execução e a sua estética de arte, em
resumo o “seu jeito” de fazer as coisas.
Quando uma obra nos inspira e nos chama
atenção e parece tomar natureza própria,
não é nada mais do que resultado de um
artista que a imbuiu de Shibumi, a sua
própria vibração, ou a vibração que
gostaria que ela tivesse. As pessoas mais
bem sucedidas deste mundo inserem em
tudo aquilo que fazem um pouco de sua
própria alma ou natureza, tornando-se
extensões de si mesmas. Na magia isso
também não poderia ser diferente e a
mesma magia pode tomar
comportamentos diferentes, como
pacientes que registram sensações
diferentes quando sofrem tratamento
espiritual por pessoas diferentes.
7. Ryouki.
Ryouki pode ser traduzido ao pé da
letra como: quantidade de energia. Ryouki
é a quantidade total de Ki que temos no
corpo, tanto para as atividades vitais
quanto para outros usos, como magia por
exemplo. A quantidade de Ryouki é
constante no corpo e tende a aumentar se
existe grande esforço mental, espiritual ou
físico do indivíduo e tende a diminuir com
o passar da idade, gerando as doenças. Os
Sei Ryuu’s sempre devem conhecer a
quantidade de Ki que possuem e quanto
desta quantidade estará disponível para
magia sem que prejudique as funções do
corpo. Também precisa aprender a utilizar
a quantidade correta para cada Mahou.
8. Youkusei.
O controle da energia é a capacidade
que um indivíduo possui de direcionar ou
espalhar a sua energia na direção ou nas
direções da forma que ele quiser. Quanto
maior for o controle, maiores serão os
limites de quantidade e distâncias
envolvidas, por isso podemos também
chamar essa habilidade de força espiritual.
Um Sei Ryuu deve sempre treinar a fim
de se tornar mais forte espiritualmente, ou
seja, aumentar os limites da razão entre a
quantidade de energias e distâncias
envolvidas. Essa é a diferença entre limpar
a casa das energias ruins ou um planeta
inteiro!
9. Kiatsu.
Todos os seres animados e inanimados
possuem um princípio energético próprio,
uma vibração pessoal composta de um
conjunto de vários tipos de Ki. Assim como
toda massa possui gravidade, tudo possui
uma vibração, que define uma assinatura
espiritual pessoal, que são como as nossas
digitais: ninguém nunca tem duas iguais.
Assim como nós entramos num lugar e nos
apresentamos e cumprimentamos as
pessoas, quando entramos em algum
recinto a nossa “Presença” diz quem nós
somos e a que viemos, tendo a aura grande
participação nisso, mas não toda.
A presença tem três aspectos, o
tipo de energia, a forma e o
comportamento. Pessoas extrovertidas
têm uma presença ampla, que tendem a
envolver todas as pessoas próximas, como
se tentasse abraçar a todos os presentes,
trocando energia e se fazendo notar. Nas
pessoas tímidas, a forma sempre está
presa junta ao corpo, e evita tocar na
presença de outras pessoas, é recuada e
retraída. Pessoas com a espiritualidade
elevada têm um tipo de energia leve, se
espalha fácil e causa bem estar, sensação
de proteção e impelem todos ao seu redor
a pensamentos construtivos, enquanto
pessoas com espiritualidade baixa ou
movidas por pensamentos nocivos têm um
tipo de energia pesada e intoxicante, que
causa mal estar e desperta reações ruins
nas outras pessoas.
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Quando alguém está apaixonado o
comportamento da Reiatsu(ou Kiatsu) é se
expandir e tocar todas presenças com
suavidade e demonstrar todo o infinito
amor que se está sentindo. Pessoas com
raiva ou ódio, intensões assassinas ou
inveja tornam a sua Reiatsu agressiva,
expandindo e liberando energia
violentamente sobre um grupo específico
de pessoas ou qualquer um que esteja
próximo, fazendo um ataque de energia
em quem estiver despreparado.
Sei Ryuu’s devem controlar a sua
Kiatsu (pressão energética) para funcionar
da maneira que querem. Ameaçador,
benevolente, simpático, poderoso, fraco,
irresistível, execrável ou qualquer outra
forma que queiram.
10. Advertências para a Prática do Qi.
1º) Nunca utilize ki quando estiver doente:
quanto utilizamos uma magia, tenham em
mente que estão desenvolvendo uma
energia que está sendo retirada das suas
reservas vitais. Quando se está saudável é
como gastar energia fazendo exercício,
mas tem que lembrar que quando se está
doente, seus vasos de energia estão
bloqueados o que impede uma correta
canalização de energia. Utilizar Ki nesse
estado pode lhe deixar com as defesas
imunológicas baixas ou simplesmente
piorar o problema de energia interrompida
salvo em caso de uma magia especifica
para restaurar a saúde no próprio corpo, o
que convenhamos não é o caso de quem
está começando (sim, isto é bem mais
difícil do que parece).
2º) Não utilizar o Ki após as refeições:
utilizar Ki em jejum é até válido, mas
praticar magia com Ki após as refeições é
um ato pouco inteligente tendo em vista
que toda a energia do corpo está
concentrada na digestão (ninguém nunca
ficou com sono após as refeições ?!) o que
vai fazer com que você canalize pouca
energia e ainda corra a chance de passar
mal devido a dilatação dos vasos
sanguíneos em função do uso do Ki sob
determinadas formas de técnicas. Não sei
se isso é lenda, mas segundo meu mestre
me contou, um antigo monge do templo
Shaolim teve uma hemorragia interna
depois de longas sessões utilizando
concentrações intensas do Ki na forma de
explosão.
3º) Evite alimentos ou bebidas geladas ou
pesadas antes da prática : lembre-se que a
consequência material do uso do Ki é o
calor (troca de temperatura), se ingerir
alimentos ou bebidas geladas, vai inibir a
percepção do calor e retirar um dos seus
termômetros para medir se está
desenvolvendo bem o Ki ou não. Se comer
alimentos pesados demais antes das
práticas a digestão será mais demorada e
terá problemas (item 2), ou seja , coisa
leve, faça ingestão de proteínas e
carboidratos em pequenas quantidades
antes da prática e evite tomar ou comer
algo gelado até 2 horas após o treino, para
que a energia resultante do treinamento e
que ainda esteja emanando de você possa
ser reabsorvida para o próprio corpo e não
se perca.
4º) Evite praticar quando estiver sob
privação física (esforço e sono) ou
alteração emocional: o sono é algo
importante para nós porque quando
fazemos isso entramos num estágio em
que o espírito se desliga do corpo e nesse
estado absorve em grande quantidade a
energia do mundo espiritual, recuperando-
se, da mesma forma que o corpo também
usa esse estado para se reestabelecer.
Todo Sei Ryuu deve dormir suas sagradas 8
horas ou o suficiente para se sentir
recuperado e não deve praticar se estiver
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proibido de fazer esforço (pode não
parecer, mas utilizar ki é um exercício físico
também). A mente controla o corpo e,
portanto, uma pessoa mentalmente
perturbada pode transformar um simples
exercício num verdadeiro desastre,
remoendo energias que deveriam estar
quietas ou desenvolvendo um novo tipo de
Ki que não deveria estar ai. A vontade está
ligada diretamente ao sentimento e uma
magia de cura pode se transformar num
ataque espiritual a distancia se o coração
não estiver domado.
5º) Respeite o seu limite: praticar magia
gasta muito mais Ki do que uma atividade
normal, como cantar, escrever, pensar ou
caminhar. Se começar a sentir tonteira, mal
estar, dor de cabeça ou até mesmo
desmaiar nos treinamentos é sinal que está
fazendo alguma coisa MUITO ERRADA ou
não está se respeitando. A maioria dos
exercícios aqui não deve ultrapassar os 20
minutos somados e não devem ser
repetidos mais que 1 vez ao dia. No caso
das magias a cada 3 meses de prática
constante (veja bem, constante ) adicione
mais uma Mahou de 1º kyu a sua rotina de
Mahou’s diárias, ou seja, a quantidade
saudável, e claro bom senso, cada um tem
o seu ritmo e disposição, só aprenda a
respeitar o seu corpo.
6º) Lave as mãos ou utilize outro método
para aterrar a energia: a energia gerada
no treino pode fazer mal a outras pessoas
(energia densa) e pode provocar doenças
ao longo do tempo. Lave sempre as mãos
após o treino e evite encostar-se a algo
antes disso. Não é bom praticar durante
muito tempo no mesmo lugar e em
ambientes fechados, a não ser que esse
seja um lugar que você destinou apenas
para esse fim.
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Capítulo 六
Exercícios e Práticas.
“Um jovem atravessou o Japão em busca
da escola de um famoso praticante de
artes marciais. Chegando ao Dojo, foi
recebido em audiência pelo Sensei.
- O que você quer de mim? - perguntou-lhe
o mestre
- Quero ser seu aluno e tornar-me o
melhor karateka do país. Quanto tempo
preciso estudar?
- Dez anos, pelo menos.
- Dez anos é muito tempo. - respondeu o
rapaz. E se eu praticasse com o dobro da
intensidade dos outros alunos?
- Vinte anos.
- Vinte anos! E se eu praticar noite e dia,
dedicando todo o meu esforço?
- Trinta anos.
- Mas, eu lhe digo que vou dedicar-me em
dobro, e o senhor me responde que a
duração será maior?
- A resposta é simples. Quando um olho
está fixo aonde se quer chegar, só resta
um para se encontrar o caminho. ”
Conto Zen.
OBJETIVO
Demonstrar os exercícios e práticas
para o aprendizado dos conceitos
fundamentais que envolvem a canalização
e uso do Ki.
1. Prática respiratória.
Revisando conceitos antigos, para que
um Sei Ryuu possa utilizar uma magia ele
necessita canalizar, modelar e/ou perceber
o Ki em si ou naquilo que está ao seu redor,
mas o Ki é algo intangível e por tanto não
pode ser controlado com a coordenação
motora, a visão, o tato, o olfato, a audição
ou até mesmo a intuição.
A única coisa que move o Ki de acordo
com a nossa vontade é o desejo, no
entanto, é normal que nós, humanos, que
estamos acostumados ao mundo da
consequência e não da causa, não
conseguimos realizar algo que em teoria é
tão simples: querer com a força de vontade
de cada célula do nosso corpo. Sendo
assim dois dispositivos auxiliam no controle
da vontade: a respiração e a
clarisensibilidade ou hipersensibilidade. A
primeira será descrita agora, a segunda no
mais adiante.
A correlação entre a respiração e a
energia já era descrita pelos Hindus em
seus textos sagrados desde tempos
imemoriais, originando técnicas como o
Pranayama, que faz uso da PRANA, a
energia que está contida no Ar. Noção
parecida tem os chineses quando
denominaram Chi, o “sopro vital”, afinal
enquanto respiramos transbordamos de
energia e quando a respiração cessa,
sobrevêm a morte. A grosso modo a
respiração conduz o sangue pelo corpo que
está carregado de células, as unidades
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básicas da vida, de forma análoga aos
Tenketsus, os canais de energia, sendo
assim quando respiramos
inconscientemente estamos circulando a
energia pelo corpo.
Assim sendo, faz-se necessário
aprender a respirar corretamente, pois a
qualidade da respiração, a forma e a
quantidade de ar servem como um
mecanismo primário para conduzir o Ki. As
técnicas de respiração aqui descritas são
herdadas de várias técnicas orientais, como
a yoga, Chi Gong (Chi Kung), Pranayama e
outras.
A forma como a maioria respira
normalmente utiliza apenas ¾ do pulmão,
o que não é interessante para a prática dos
Sei Ryuu’s, pois limita a irrigação do sangue
no corpo e a pressão além de não permitir
alguns fenômenos específico do corpo
como o controle dos órgãos autônomos
(coração, pulmões e outros). Talvez o
maior problema seja conter a respiração de
um Sei Ryuu, pois muitas vezes significa
conter o seu Ryouki e por consequência a
Kiatsu.
A primeira coisa a ser aprendida é a
respiração diafragmática (na verdade uma
versão mais simples e prática) que utiliza
TODO o pulmão e prepara o discípulo para
reunir uma maior quantidade de energia
do que está acostumado a usar.
1º) Sente-se confortavelmente (se
conseguir a postura de lótus melhor ainda).
2º) Detenha seu olhar no horizonte e
coloque a ponta da língua no céu da boca
mas só encostando, sem fazer força.
3º) Inspire e expire pelo nariz bem devagar,
o máximo que conseguir (leva-se tempo
até acertar o ritmo)
Você deve agora colocar a mão no plexo
solar (senão sabe aonde é deve ir até o
capítulo sobre ki) e sentir ele de fato
expandindo-se e contraindo com a sua
respiração. Neste ponto a respiração
diafragmática já está fazendo efeito.
Repita 10 ciclos (um ciclo é uma
inspiração e uma expiração) e pare. O ideal
é que aos poucos você modifique a sua
respiração habitual por esta. Se começar a
sentir dor de cabeça ou outras sensações
estranhas pare o exercício e volte a sua
respiração normal.
Uma vez que já tenha se
acostumado ao exercício vamos complicar
um pouco.
Aprendi esta técnica como “As 21
respirações purificadoras” e não me
recordo no momento se é de origem
tibetana ou hindu, mas ela nada mais é que
um exercício de concentração e
sensibilidade baseado na respiração, será
muito bem de base para o próximo
capítulo sobre exercícios de foco, a
segunda característica importante do Sei
Ryuu e que se torna a maior, uma vez que
ele tenha se livrado do paradigma do
corpo. Refaça todos os passos anteriores e
continue da seguinte forma:
4º) Respire tentando sentir a região das
fossas nasais, mais precisamente o inicio
logo na entrada de ar do nariz, respire
tentando captar as sensações no lugar
(respire 3 ciclos);
5º) Respire agora tentando sentir o início
da cartilagem do nariz na entrada de ar no
crânio, aquela região onde os usuários de
óculos os apoiando (respire 3 ciclos);
6º) Repita agora focando o centro da
cabeça (respire 3 ciclos);
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7º) Faça a mesma coisa na região da glote ,
tentando sentir a região e a passagem de
ar (3 ciclos );
8º) Repita o exercício focando no fim da
traquéia, próximo a clavícula ( 3 ciclos);
9º) Repita o exercício com o centro do
peito, no meio da caixa torácica (3 ciclos);
10º) Repita o exercício com focando no
plexo solar (3 ciclos);
11º) E por último tente focar as 8 partes do
corpo ao mesmo tempo enquanto o ar
entra nos pulmões fazendo todas as etapas
consecutivamente (3 ciclos);
2. Foco.
É esperado que você já compreenda a
respiração baixo ventre e possa fazer o
exercício sem dificuldade. Baseado nele
vamos continuar as práticas,
desenvolvendo sentidos que todos nós
temos, mas não percebemos devido ao
nosso estilo de vida.
As Mahou’s podem ser divididas
em 3 princípios: CRIAR
(invocação/banimento da energia),
CONTROLAR (alteração das propriedades
da energia) e ENTENDER
(captar/interpretar a energia). Para que
possamos trabalhar cada aspecto é
necessário a postura mental correta, pois
como já explicamos, o Ki é controlado pela
concentração mental aliado a respiração.
Existem dois estados mentais
principais para a maioria das práticas:
FOCADO E ATENTO DISPERSO.
O estado FOCADO é utilizado
quando as Mahou’s têm como princípio
CRIAR/CONTROLAR e tem como intuito
manipular o Ki , seja reunindo, dissipando,
ou modificando o seu estado. O estado
DISPERSO é utilizando quando as Mahou’s
têm como requisito ENTENDER.
Os próximos exercícios têm como
objetivo demonstrar essa passagem de
estado.
PARTE I – Desligando a atenção
Sente-se confortavelmente e
relaxe. Inicie a respiração baixo ventre, se
você ainda não a tornou sua respiração
natural. Deixe a sua mente relaxar e pensar
em qualquer outra coisa, problemas de
trabalho, pessoas da sua família, lugares,
lembranças do passado...deixe a sua mente
viajar.
Este tipo de postura mental é
conhecido como DISPERSO porque ele
coloca a mente num estado passivo no
qual a mente se abre para a recepção de
qualquer tipo de energia, incluindo
pensamentos, sentimentos ou imagens
mentais. Baseando-se no conhecimento já
estabelecido em capítulos anteriores onde
comentamos a trama, é como se a mente
começasse a percorrer todos os fios
conectados a nós em ordem aleatória,
captando o tipo de energia sendo
transportada na trama ao nosso redor,
uma energia leva a outra, que leva a outra
e a outra.
PARTE II – Estando Atento
Continue sentado e agora escolha
um objeto ao seu redor. Crie uma imagem
dele em sua mente e não permita que
nenhum outro pensamento ocupe o seu
lugar. Perceba a cor, a textura, o brilho, as
formas e tudo mais nele durante o maior
tempo possível. Se algum outro
pensamento tomar conta, repita o
exercício ou encerre a prática.
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O estado atento tem por objetivo
organizar a mente, que num estado natural
encontra-se agitada, mudando de um
pensamento para o outro, às vezes mais de
um ao mesmo tempo, num único
pensamento que concentra toda a vontade
do corpo e concentra a energia onde a
mente esta focada (Dharana).
PARTE III – A mudança de estado
Vamos agora reunir um pouco os
dois primeiros exercícios para aferir alguns
resultados:
A mente deve estar em estado
disperso e em seguida mudar para o
estado focado nas diversas partes do corpo
abaixo. Mantenha a atenção no local e se
permita perceber as sensações nos locais
indicados:
Orelha Esquerda;
Ponta do Nariz;
Olho Direito;
Cotovelo esquerdo;
Joelho Direito;
Dedo mindinho do pé esquerdo;
Cérebro;
Garganta;
Coração;
Intestino Grosso;
Órgãos Genitais;
Mãos (as duas ao mesmo tempo);
Muito provavelmente você deve ter
sentido um formigamento ou uma
sensação como se algo invisível estivesse
no local onde você se concentrou. Isto se
deve a concentração de Ki no local.
Conclui-se que o Ki flui de acordo com a
força de vontade do conjurador. A energia
que normalmente está presente na
superfície do nosso corpo e constitui parte
da aura foi movida e concentrada num
único ponto para cada ponto de contração
neste exercício.
PARTE IV – Focando intencionalmente
Chegamos agora a uma parte um
pouco perigosa do processo. Não importa o
que ou como, não encoste em ninguém,
nem mesmo em você antes de lavar as
mãos ou tocar o chão quando estiver
fazendo este exercício. A energia gerada no
exercício anterior não é nada comparada
com a energia que você vai concentrar
agora, primeiro porque vai utilizar Chakras
de amplitude semelhante aos que estão na
Linha do Hara, no caso, os Chakras da mão
e segundo porque o tipo de energia que vai
desenvolver não é modulada ou tem fim
específico, o que pode gerar uma energia
que tem qualquer efeito possível.
Continue a com a respiração baixo
ventre e aproxime as mãos como se fosse
bater palmas (as palmas viradas uma pra
outra) separadas a umas distância de 10
cm. Imagine que uma luz dourada no
centro do peito segue pelos braços até as
mãos onde os raios são disparados de uma
mão contra a outra. Apesar da visualização
tentem manter o foco nas mãos.
Provavelmente vocês vão sentir as mãos
ficarem quentes, ocorrer formigamento e a
mão pode começar a ser atraída ou se
afastar (isso depende das polaridades
entre o lado esquerdo e direito do corpo).
Com esses exercícios é fácil concluir
que o Ki é conduzido por meio de uma
disciplina mental e que a prática leva a
percepção da existência dessa energia e os
seus padrões de fluxo no corpo.
3. Circular e Explodir a Energia.
O Ki é gerado nos Chakras quando o Ki
Celeste desce dos planos superiores pelo
Chakra Coronário e é decomposto em
diversas ondas a cada passagem pelos
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outros Chakras. Estas energias
decompostas fluem por meio dos canais
(em algumas pessoas da direita pra
esquerda, para outros da esquerda para
direita, embora se tenha a convenção de
que homens fluem da direita para
esquerda e mulheres o oposto). As técnicas
de circulação de energia (Kekkouki)
permitem que o processo normal de
decomposição e circulação de Ki nos
Tenketsus aumente numa quantidade
supra-natural irrigando o ser com energia
em áreas onde uma pessoa sem
conhecimento e treinamento não possui e
despertando funções que estavam até
anteriormente estavam adormecidas.
Ademais, este procedimento provoca o
incremento natural de acumulação do Ki
nas extremidades do corpo, principalmente
as que possuem Tsubos Maiores (Chakras
que não estão na Linha do Hara) como os
Chakras das mãos e dos pés, o que aliada
as técnicas de concentração de Ki
(Atsumeruki) permitem que o adepto
produza e reúna uma grande quantidade
de energia. Os exercícios de Pequena e
Grande Circulação demonstram esse
princípio.
Exercício – Pequena Circulação
De pé, com a ponta da língua no
céu da boca, e olhar fixo no horizonte,
alinhe seus pés paralelos aos ombros (abra
as pernas até que eles estejam alinhados) e
coloque as mãos em cima das coxas.
1º) vire suas palmas para cima com os
dedos virados um para outro e traga as
mãos até a altura do peito como se
estivesse erguendo um vaso, segurando-o
por baixo. Inspire lentamente até que as
mãos cheguem à altura desejada (é normal
que os braços flexionem nesse exercício);
2º) Uma vez atingida a altura do peito vire
as palmas das mãos para baixo e expire
vagarosamente enquanto as abaixa
lentamente como se estivesse empurrando
algo para baixo. Ao chegar próximo as
coxas vire-a novamente para cima e
recomece. Faça 10 ciclos.
Você deve notar formigamento e
“choques” nas mãos. As palmas
provavelmente estão vermelhas, com
pontos brancos, isso significa aumento no
fluxo de sangue e reunião da energia por
meio do acumulo nas extremidades. Esse
exercício se chama Pequena Circulação que
canaliza o funcionamento dos Chakras do
centro do corpo. O próximo exercício é o
de Grande Circulação.
Exercício 2 – Grande Circulação
Repita o mesmo processo de preparação
do exercício 1.
1º) Ao contrário do anterior não suba as
mãos verticalmente, mas enquanto inspira
lentamente vá abrindo os braços como um
polichinelo, fazendo um longo circulo até
que elas fiquem acima da cabeça;
2º) Vire as palmas das mãos e semelhante
ao exercício anterior traga-as junto ao
corpo, descendo-as verticalmente,
expirando lentamente. Repita 10 ciclos.
Diferente do primeiro exercício ele
não trabalha só a região central do corpo,
mas a região central e superior do corpo.
Este exercício pode alterar um pouco a
pressão dos praticantes, portanto ao
menor sinal de tontura, pare o exercício.
Estes exercícios sempre devem ser
praticados antes das práticas esotéricas Sei
Ryuu’s, pois preparam os canais para
receber a carga de energia decorrente das
explosões de Ki, que iremos discutir agora.
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A explosão de energia
(Bakuhatsuki) é um fenômeno no qual as
partículas de Ki (Mijinki, os átomos de Ki)
são aceleradas com tanta força que saltam
do ser e são disparadas para o infinito. Esse
processo ocorre quando o fenômeno de
transformação do Ki celeste é feito de
maneira abrupta de forma que a energia
não tem tempo de seguir pelo fluxo de
canais e salta para fora do corpo, o corpo
ascende como uma lâmpada e luz
desprende-se para todos os lados. Esse
fenômeno tem mais consequências
negativas do que positivas quando ocorre
em escala generalizada no ser. A energia
explodida é gasta e não pode ser
recuperada, a aura desaparece
temporariamente (ela também foi
projetada junto com o resto da energia) e o
ser fica desprotegido, além de esgotado
(perceberão que é praticamente impossível
explodir toda a energia mais do que 10
vezes no exercício abaixo e se sentir bem),
no entanto se a explosão for controlada
(apenas em algumas regiões do ser) e
direcionada pela concentração mental, é
capaz de gerar efeitos incríveis, afetando
energias que estão no mundo exterior, ou
seja, fora da concepção do ser.
O exercício abaixo tem por objetivo
explodir a energia numa região controlada
(no caso as mãos). Recomendo fortemente
seguir a risca tudo que for escrito, não
praticar quando estiver se sentindo mal e
efetuar uma pausa (2 minutos) entre cada
um dos ciclos. É importante lembrar que
quando estamos praticando com energia é
importante não tocarmos objetos e
pessoas para que a energia não fique
impregnada nelas e possa ser prejudicial
em longo prazo.
Exercício de Explosão - Empurrando o
Armário.
Para este exercício utilizaremos a
mesma posição inicial dos exercícios de
circulação: língua no céu da boca, olhar no
horizonte, pés na altura dos ombros e
mãos apoiadas nas coxas.
1º) Como se estivesse estendendo um
cobertor, enquanto inspira rapidamente
traga as mãos até o peito deslizando acima
do corpo com as palmas viradas para baixo
até a altura do peito prenda a respiração;
2º) Expire o ar rapidamente pela boca
enquanto empurra ambas as mãos para
frente com força como estivesse
empurrando um armário imaginário muito
pesado até que acabe o ar onde você deve
abaixar as mãos com os braços esticados e
repetir o ciclo. Faça 5 ciclos.
Provavelmente você deve estar um
pouco cansado. Isto é normal. O que
ocorreu é que gerou muita energia
rapidamente e aplicou sob uma parte do
corpo que não está acostumada a sofrer
esse stress. E que isto sirva de nota,
praticar magia Sei Ryuu não estressa
apenas o espírito ou a mente, mas o corpo
também.
O método de canalização do Ki,
ATSUMERU KI, KEKKOU KI ou BAKUHATSU
KI são utilizados em determinadas
sequências ou sobrepostos para provocar o
efeito desejado. Todas as Mahou’s têm
como base o primeiro princípio, mas
geralmente sua finalização é enquadrada
nos dois últimos tipos. No geral, doutrinas
do elemento fogo se baseiam em
BAKUHATSU KI(explosão de ki) enquanto
magias do elemento terra se baseiam em
KEKKOU KI(circulação o ki) e elemento
água unicamente em ATSUMERU
KI(absorção de ki).
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4. A tríade.
Segundo a religião japonesa Shinto,
diferente da versão platônica, o Universo
possui três elementos básicos, o Fogo (Hi),
Água (Mizu) e Terra (Tsuchi) que deram
origem ao Universo e os plano físico,
espiritual e divino ou físico, mental e
espiritual.
Na magia Sei Ryuu estes elementos
(fogo, terra e água) representam nessa
ordem os três aspectos da magia
comentados anteriormente e controlar e
demonstrar esses aspectos é o mínimo que
um discípulo proficiente deve fazer antes
de sua iniciação. Estas magias pertencem a
doutrina do corpo (Tai no Oshieru), divisão
entre as Mahou’s que permite manipular
as características do próprio corpo ou dos
de outras pessoas.
Os elementos também versam muito a
respeito das aspirações do praticante,
sendo não raramente associados aos
Dharmas (nossa missão enquanto seres
espirituais). Os regidos pelo elemento fogo
(quando digo regido, me refiro ao talento
nato para uso) pertencem ao Clã dos
Guerreiros (Takeshi) e utilizam sua magia
para defender os seus ideais e valores, no
entanto, seu maior defeito é o
autocontrole, muitas vezes não sabendo
diferenciar justiça de vingança. Ao Clã dos
Sábios (Hijiri) foi consagrado o elemento
água e se dedicam na compreensão de
todas as coisas e os mistérios ainda não
revelados, no entanto seu maior defeito
reside na sua megalomania, quando
querem conhecer todas as coisas sem
antes conhecer a si mesmos. Por último, o
Clã dos Artífices (Takumi), os alquimistas
que a tudo modificam ou fazem
permanecer, inigualáveis na confecção de
itens encantados (adagas, rituais,
mandalas, unguentos e demais objetos de
magia e ritualística) tem seu principal
defeito no perfeccionismo, que os levam a
uma busca interminável ou os deixam na
inercia.
A SANMITAI NO HIU, a tríade do
dragão, um conjunto de 3 magias, cada
qual representando uma dessas forças. É
DEVER do aprendiz refinar essas três
técnicas à fim de misturá-las numa
sequência específica formando uma nova
magia chamada Shougekiha, necessária
para o grau de iniciação no primeiro nível.
A primeira magia se chama CHIKARA
NO HIU, Força do Dragão, e confere ao seu
conjurante temporariamente uma força
três vezes maior do que o normal, isto
ocorre devido ao aumento do fluxo
sanguíneo, que preenche os músculos com
sangue, aumentando temporariamente a
força. Esta magia é alinhada ao principio do
fogo que irradia de cima para baixo em
todas as direções como uma explosão, que
de fato é o principio mais forte desta
magia. Um mestre nessa magia pode
fortalecer vários grupos musculares e
praticamente todo o corpo, mas para este
exercício iremos focalizar um ponto em
específico.
ATENÇÃO: Os exercícios abaixo podem
provocar acidentes, não nos
responsabilizamos pela prática não atenta
e acidente que as práticas possam vir a
provocar, comece devagar, respeite o seu
corpo e aumente a intensidade aos
poucos.
Antes de iniciarmos a prática,
aqueça com os exercícios aprendidos
anteriormente por pelo menos 15 minutos.
1º) Tente suspender um objeto pesado nas
dimensões de um sofá, uma cama ou um
armário, algo que tenha dificuldade de
levantar normalmente;
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2º) Utilizando a respiração de "explosão de
energia" feche o punho e sinta o braço
transpirar o Ki como um fluído imaterial
que emana do seu braço. MUITO
CUIDADO, NÃO PERCA A CONCENTRAÇÃO,
se isso acontecer a energia reunida será
imediatamente liberada e o Mahou
interrompida;
3º) Ainda sentindo a força fluindo pelos
braços, tente novamente suspender o
objeto,verá que ficou muito mais fácil, o
braço parece estar infinitamente leve.
A próxima magia se chama
TSUBASA NO HIU, as Asas do Dragão, ela
permite realizar uma explosão de
velocidade, tornando o indivíduo
momentaneamente mais ágil e rápido, isto
acontece porque ele consegue sincronizar
o estado eletrônico de seus átomos, se
movimentando quando a parte do corpo
em questão está com os seus átomos
mudando do estado estático para
dinâmico, o que ocorre múltiplas vezes por
segundo sem a percepção das pessoas,
mas perfeitamente sensível ao discípulo
que despertou o seu Ki.
1º) Escolha um objeto qualquer, de
preferência oval e de material maleável,
deixe-o em uma superfície plana. Coloque
as mãos próximas ao objeto e repouse-a na
superfície plana.
2º) Feche os olhos e concentre-se. Tal qual
a arquearia zen, onde a flecha é que se
dispara e não o arqueiro, espere até que
do fundo do seu inconsciente uma vontade
terrível lhe acometa de buscar o objeto,
nesse momento libere a sua mão e busque
o objeto o mais rápido que puder. Se fizer
na hora errada, a Mahou não funcionará,
isso depende da sua capacidade de
entender, ou seja, captar a energia que fluí
como uma onda e vibra entre você e todas
as coisas, o próprio fluxo da matéria.
Por último, mas não menos
importante: KUROGANE NO REIKI, a Aura
de Ferro, ela permite contrair a matéria do
corpo, reforçando algumas partes do corpo
com uma dureza não normal.Esta magia é
um pouco complicada e peço que façam
com bastante calma ou vão se machucar.
1º) Abra a palma da mão e faça contato
visual, inspire rapidamente e sinta a
energia sendo retirada da região ao redor
do seu braço, como se ele endurecesse,
ficasse mais duro e pesado.
2º) Golpeie uma parede ou uma pilha de
tijolos, extremo cuidado para não perder o
foco entre a preparação da magia e
golpear a parede, a magia se dispersará
instantaneamente e você pode se
machucar. Sempre mantenha a
concentração e a energia focada.
(Seria interessante falar se cada mahou da
tríade do dragão estivesse relacionada a
algum dos elementos do Wu Xing)
5. A Onda de Choque.
Após treinar bem a Tríade do Dragão é
necessário subir o nível para que possamos
aprender uma magia complexa, ou magia
composta. Magias compostas são formadas
por duas ou três Mahou’s mais simples, e
possuem um comportamento que se
alterna enquanto a conjuração é feita, ou
seja, a dinâmica de energia se modifica
apresentando aspectos onde Fogo, Água e
Terra se alternam a fim de completar a
operação.
Shougekiha, ou Onda de Choque, é
uma Mahou que permite ao conjurador
direcionar parte da energia que circula na
parte superior do seu corpo (em sua
maioria no lado em que o mesmo tem a
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mão dominante, seja destro ou canhoto)
para o Chakra de sua mão e disparar uma
rajada de energia que se dispersa no ar
horizontalmente, interferindo no fluxo de
energia de cima para baixo ou de baixo
para cima. Isto significa em termos práticos
interromper o fluxo de energia dos seres
vivos durante algum tempo (já que o nosso
fluxo fluí de cima para baixo) e diminuir as
emanações de algumas fontes de energia,
que obedecem o mesmo princípio.
Gostaria de lembrar portanto que esta
técnica foi desenvolvida com o intuito de
desintegrar energia negativas e auxiliar nas
práticas de medicina oculta, sendo jamais
utilizadas para fins violentos. Os Sei Ryuu’s
são por definição protetores e doadores de
vida.
Assim sendo, prosseguimos com o
conhecimento necessário. A primeira coisa
a entender são os ciclos. A Mahou passa
por três estágios, no primeiro, o estágio da
Terra, ela concentra a energia no Chakra
das mãos, e em seguida passa para o
estado da Água, onde espera o pico de
energia no corpo para em seguida passar à
fase do Fogo onde é feito o disparo, e
liberando a energia a acumulado junto com
a respiração de explosão.
Antes, porém, de explorar os
pormenores do processo, há a necessidade
de rever alguns aspectos de postura e
movimentação para exercício da magia. A
primeira tem haver com a base (forma de
apoiar o corpo) do conjurador ao executar
a magia e para isso utilizaremos uma base
bem conhecida pelos praticantes de Kung-
Fu, o Gumbu (弓步, pronuncia-se “Kompu”
O Arqueiro).
Nesta postura a perna de apoio
concentra 70% do corpo, deixando a perna
atrás apenas com 30% do apoio. As pernas
estão ligeiramente desalinhadas (a fim de
gerar apoio, do contrário, se cairia), a
coluna deve sempre ereta e a perna atrás
sempre esticada, sendo que o pé sempre
estará apontando para nordeste, não de
frente, nem de lado. A perna flexionada
(flexione o quanto aguentar para ficar
numa posição confortável) deve por estado
de arte ter o seu joelho na mesma altura
da cintura e o seu pé virado ligeiramente
para dentro. Em caso de falta de
informação, melhor buscar em outros
textos e vídeos explicações melhores
acerca dessa postura.
Esta base condiciona algumas
coisas importantes: a primeira é que
ficamos aterrados, ou seja, a energia que
nos alimenta e que vem do Céu, passa pelo
nosso corpo e é enviada para Terra que a
neutraliza, está, agora, a pleno
funcionamento, já que estamos com os
dois pés bem fixos no chão e junto com a
postura bem alinhados com nossos centros
de gravidade, o que faz com que a Linha do
Hara esteja perfeitamente preparada para
receber energia em grandes quantidades.
Outra coisa é que a energia dos Chakra’s
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inferiores, é utilizada especificamente para
o filtro das energias e as energias mais
densas do corpo se concentraram abaixo
da cintura, deixando a parte acima do
tronco apenas com as energias mais leves,
que ainda não foram totalmente
transformadas pelo corpo possam ser
utilizadas. Essas energias são rapidamente
canalizadas e dispersadas no ambiente e
são o principal recurso da técnica.
Assim sendo, continuamos a
explicação da postura com a posição dos
braços, com a postura básica. Tendo em
vista que o conjurador estará na base do
arqueiro, observe as mãos:
Na postura inicial as mãos deverão
estar uma a frente da outra com os dedos
um pouco espaçados que como se
estivesse apoiando uma câmera ou o braço
esticado de alguém (a foto é só um modelo
conceitual, não o siga a risca). A partir das
mãos alinhadas, à medida que se inspira o
braço de força (geralmente o braço que
você escreve) deve vir para trás enquanto
o outro se estica para frente. Aos expirar, o
braço de força deve se estender para
frente enquanto o braço oposto se contrai,
formando um movimento de vai e vem
enquanto se respira. Esta movimentação
cria um Kiva, um ambiente
energeticamente modificado entre as mãos
onde a energia circula numa velocidade
espantosa no qual a cada passada de mãos,
mais energia se concentra em ambas, por
isso é necessário nesse estágio uma
respiração lenta e profunda, sentindo a
energia entrar no braço de força e
preenchê-lo (da mesma forma que a
Mahou Kurogane no Reiki).
A cada novo ciclo nos braços, o
braço sai do seu estado mais carregado
para o estado menos carregado e nesse
processo sempre acaba retendo mais um
pouco de energia. Em determinado
momento o braço estará totalmente
carregado pela energia gerada no Kiva e é
necessário saber exatamente quando a
energia estará no ponto máximo para
interromper o ciclo. Se for demasiado cedo
não haverá energia suficiente, se for
demasiado tarde a energia já terá deixado
o braço, por isso sentir a energia nesse
ponto é o mais importante e o ponto
crucial para que isso funcione. Qualquer
desvio de concentração nesse momento
fará com que a magia se disperse e o
processo precise recomeçar. O princípio
que rege esse sentido intuitivo dos estados
da energia é o mesmo das Asas do
Dragão/Tsubasa no Ryuu.
Por último, quando é chegado o
momento, ou seja, quando há o maior nível
de energia possível no braço, o conjurador
deve explodir a energia numa única
respiração forte (expire pela boca)
direcionando a energia para o alvo, como
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na Mahou Força do Dragão/Chikara no
Ryuu, encerrando a magia.
O segredo está na passagem
ritmada desses três passos a fim de
concluir a técnica. A medida em que a
acuidade melhora, a velocidade também,
principalmente na necessidade de tantos
ciclos com as mãos a fim de se obter o
maior nível de energia possível.
Agora que a técnica foi
desmistificada, vamos ao exercício. Assim
como nos mosteiros antigos, os praticantes
dispunham ao redor de si velas, as quais
deveriam ser apagadas com o Shougekiha.
Dessa forma 4 velas deverão ser dispostas
nos 4 cantos cardeais na altura do peito do
praticante e dispostas a uma distância igual
de pelo menos 1 braço e meio a fim de que
a vela não seja apagada com a própria
respiração ou só o movimento de ar
causado pelas mãos na última etapa da
magia.
Quando o mago se preparar para
magia e realizar o Gumbu, a sua cintura
deve estar mais ou menos na mesma altura
da vela e deve apagá-la apenas com um
único movimento dos braços, o movimento
final. Após apagar a primeira, deve sair da
base e girar em sentido horário para ir para
a próxima vela até que tenha apagado
todas com um único movimento. Isto
significa que deve terminar o exercício
apenas com 4 Shougekihas, caso esse
limite seja ultrapassado, deve-se fazer
novamente. Essa magia irá consumir
inicialmente muita energia do praticante,
de maneira que não se deve inicialmente
executar este exercício mais de 10 vezes
num mesmo dia. A cada 3 dias de
treinamento intenso é possível aumentar
este número em 1, ou seja, em 3 dias de
treinamento, o limite sobe para 11, com 6
dias 12 e assim por diante, não devendo
ultrapassar o limite saudável de 20
repetições.
O círculo deve ser percorrido em
no máximo um minuto, o que significa que
em media, cada Shougekiha deve ser
efetuada em menos de 15 segundos, o que
é um tempo bastante razoável e já foi
considerado inaceitável em tempos
passados.
Apesar de todo o procedimento de
concentração com energia é importante se
focar na chama da vela para que a energia
não se disperse em todo o ambiente como
uma foice ao invés de se comportar como
uma flecha, que é o comportamento da
energia focada. Como última
recomendação, isto deve ser feito em
ambientes abertos sem nada inflamável
em volta, para evitar o risco de acidentes.
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Capítulo 七
Kyus, Dans e os Orokushiken.
“NOUMAKU SANMANDA BAZARADAN
SENDA MAKAROSHADA SOWATAYA UM
TARATA KANMAN. HOMENAGEM AOS
VAJRAS QUE TUDO PENETRAM! OH
VIOLENTO DE GRANDE IRA! DESTRUA!
HÛM TRAT HÂM HÂM”
PRECE A FUDO MYO
OBJETIVO
Discorrer sobre os graus iniciáticos dos
Sei Ryuu’s e seus objetivos bem como
explicar o primeiro rito de iniciação e
empoderamento.
1. Guerreiros Iluminados.
De fato, parece estranho que após
tudo que foi falado aqui, fale-se de ira e
violência. Não seja rápido em seu
julgamento, Fudo Myo ou “O rei radiante e
imóvel”, como é conhecido, é uma
entidade irada. Ele possui uma espada na
qual corta a ignorância das mentes e uma
corda onde amarra as paixões e os vícios
dos homens. Seu fogo azul queima o mal e
direciona os seres no caminho correto.
Essa deidade é um dos arquétipos Sei
Ryuu mais importantes. Ela nos mostra que
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a bondade e a evolução espiritual não se
fazem com palavras ou orações, mas sim
com atitudes reais e sinceras, oriundas de
uma mente disciplinada e focada em seus
objetivos. Se a mente é fraca, o objetivo
não é claro e o motivo não é sincero, a luz
que afasta a ilusão, os vícios e as paixões
apagam-se e o discípulo se perde do
caminho, a chama imperecível deve,
portanto, ser conservada e direcionada por
meios das práticas e ensinamentos, que
devem ser aplicados a todos os instantes
da nossa vida. Adotar essa forma de
pensamento é imprescindível se o
praticante deseja alcançar de fato o
objetivo esotérico da iluminação. O zen
chama essa chama de Joriki, que é a força
de vontade materializada.
Desde o início deste texto você,
discípulo, veio se preparando, aprendendo
e praticando os ensinamentos enquanto o
tempo passava e a sua consciência se
transformava, em algum momento, algo
em você mudou e você passou a perceber
o mundo de forma diferente, as árvores e o
céu, os prédios e as pessoas, todas elas
adquiriram um significado especial, algo a
mais que você não tinha notado até então,
você pode estar despertando para esse
fato neste exato momento, se isso não
aconteceu ainda, deve acontecer em
breve, aguarde e espere este momento
para continuar a ler este livro, porque no
meio dessa epifania ou catarse, você será
atingido por várias compreensões súbitas
sobre a realidade e nada será mais como
antes.
Neste momento, você passa uma
revolução de consciência que deve abrir
sua mente e espírito para algo que vai além
dos sentidos, quando isto acontece,
dizemos que está sendo iniciado.
2. Da Iniciação.
Dentre todas as cerimônias místicas,
talvez nenhum rito tenha importância
maior para o adepto do que esta
celebração de passagem: o ritual de
iniciação. O evento marca a vida do
praticante de arte de várias formas e tem
uma importância diferente para cada um.
Iniciar significa começar, adentrar um novo
caminho, um novo ciclo, uma nova jornada.
Tal qual uma Fênix, que morre para
renascer novamente de tempos em
tempos, nós, como indivíduos devemos
mudar para nos adaptar. Só há vida
quando há mudança, evolução.
Transformar a pedra bruta na pedra polida,
o chumbo em ouro, a ignorância em
sabedoria, fazer mais e melhor. O
discípulo, portanto, deve morrer para uma
vida material guiada apenas pelos seus
sentidos, instintos e paixões e deve tornar-
se um indivíduo espiritualizado,
fortemente pautado pela ética, honra,
companheirismo e acima de tudo o
verdadeiro bem e harmonia com a
verdadeira natureza das coisas.
O rito por si só não lhe oferta essas
conquistas, mas a labuta diária, lidando
com os paradoxos e situações práticas da
vida. Neste ponto o acontecimento é
apenas uma apresentação formal aos
outros membros da Sanga (comunidade de
discípulos) de que essa revolução de
consciência se instalou no indivíduo, por
meio das aulas práticas e teóricas, por
meio da magia e do doutrinamento.
3. Empoderamento.
Algumas cerimônias de iniciação
complementam o ritual de passagem com
a apresentação de alguns mistérios
internos aos discípulos, como um presente
de boas-vindas. Essa revelação é chamada
de empoderamento, onde o discípulo
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recebe uma revelação que de outra forma
não poderia ser obtida. Isto tem haver
diretamente com a tradição em que está
inserido e tem haver com os segredos de
sua própria arte, não lhe conferindo
habilidade que não possa ser conquistada
pelo esforço próprio. Os Sei Ryuu’s
recebem durante cada cerimônia de
graduação (seis ao todo) uma chave.
Chaves são símbolos que nos conectam a
idéias ou conceitos. Em resumo, elas são
um veículo para se ligar a algo ou poder
manipular tal coisa, já que não podemos
agarrar ou manipular idéias com as nossas
mãos. A primeira chave recebida pelos
neófitos na sua primeira cerimônia de
iniciação é o Cunlum, símbolo que recebe o
nome da montanha dos imortais na
mitologia chinesa, o “monte olimpo”
chinês. Esse símbolo se liga ao Chakra Raiz
e causa sua expansão, dando ao
praticamente maior virilidade, disposição e
Ki para realizar suas magias. Quando
desenhado em objetos ou simplesmente
no ar ele invoca o poder purificador do
fogo, que neutraliza a energia negativa. É o
símbolo mais importante entre os Sei
Ryuu’s, por diversos motivos, do ponto de
vista dos guerreiros, a força para vencer as
adversidades, do ponto de vista dos sábios,
a vontade a favor da harmonia, do ponto
de vista dos artesãos, um coração que não
se cansa. Cunlum é conhecido como a
chave que derruba obstáculos e faz
milagres, foi o primeiro símbolo iniciático
recebido dos mestres do mundo invisível
para os fundadores do círculo iniciático.
4. Graus Iniciáticos
Os Sei Ryuu’s trabalham com graus
iniciáticos pequenos e por isso de duração
um pouco longa, os primeiros três graus
iniciáticos são chamados Kyus (graduações)
e compõem o curso básico, o que significa
que um Sei Ryuu não está de fato formado
senão os cumpre. Após sua formatura
como membro ativo da ordem ele tem a
opção de iniciar um treinamento mais
profundo dos valores que regem os ideais
dos clãs e se dedicar ao cultivo de sua
harmonia interior, bem como reverter todo
o aprendizado para orientar os demais
discípulo na própria ordem, coordenando
atividades, esses graus são chamados de
Dans (Honras ou préstimos) e não são
obrigatórios, mas geralmente são
realizados logo após o treinamento básico
para completar a jornada de
autoconhecimento e despertar da
espiritualidade, abandonando a prática
mística para contemplação do eu e do
Universo por meio da comunhão com a
Reiseinshin.
No Kyu zero, o discípulo é
apresentado aos conceitos da ordem e a
descoberta do Ki e outras formas de
encarar os fenômenos do Universo
provocam uma mudança interna que se
reflete no externo e ele se ilumina. Quando
ocorre esse despertar ele está pronto para
demonstrar essa compreensão da arte
realizando um dos Orokushiken, os grandes
testes, o Honoo Shiken, a prova da chama.
O adepto então é apresentado à
linguagem dos símbolos e aos conceitos de
realidade relativa. Também é apresentado
ao Mahoutsukai no Koi, o caminho dos
magos, onde aprende as doutrinas e
efetivamente as operações místicas típicas
de um Sei Ryuu. Ele também faz um voto
de aperfeiçoamento íntimo a fim de se
tornar apto a utilizar bem o que aprendeu,
neste ponto ele está pronto para a prova
do espelho. Este nível é caracterizado pelo
aperfeiçoamento da arte.
Após o segundo Kyu, o discípulo
recebe uma carga teórica de
conhecimentos místicos diversos, que
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incluem Anatomia Oculta, Alquimia,
Herbologia, Cristalogia, Metalogia,
Filosofia, Ciências Adivinhatórias, Auto
Defesa Espiritual, Ritualística para criação
de itens místicos ou consagrados e
Domínio dos conceitos de cada doutrina do
Mahoutsukai no Koi. Ele também é
apresentado à simulações de batalha, que
são cenários hipotéticos formulados por
seus mentores para que apliquem aquilo
que aprendem na prática. Após todo esse
ciclo o mentor pede ao praticante que
realize uma grande provação íntima, algo
que ele não se acha capaz de fazer (ser
uma pessoa mais calma, realizar uma
atividade por puro altruísmo e etc.), pois
envolve um esforço interior enorme. Essa
atividade visa mostrar ao próprio discípulo
a ilusão de seus próprios limites e a
demonstração do poder da crença e é
chamada de Prova do Abismo. O
treinamento básico está oficialmente
terminado a partir deste ponto e o Sei
Ryuu é considerado membro ativo e
independente, realizando as mais diversas
atividades dentro da ordem.
Ao terceiro Kyu, inicia-se assim o
Quisar, a busca de algo maior que a magia,
ele entende que a mesma era somente
uma ferramenta de demonstração da
realidade ilusória e parte em busca da
verdade e da essência das coisas, é iniciado
na prática interna da contemplação e na
absorção da Reisenshin. Esse período de
treinamento é relativo e opcional, podendo
durar vários anos ou não. Quando de fato o
discípulo se alinha ao Universo e torna-se
um ponto focal da manifestação do divino
ele é considerado um Sei Ryuu em plena
posse de suas capacidades físicas, mentais
e espirituais, é sagrado como mestre
(primeiro Dan) e tem autorização para
iniciar seu próprio núcleo de estudos e
realizar iniciações.
O mestre inicia então um
treinamento específico na ritualística da
ordem e aprende sobre os mestres
invisíveis e como buscar seus conselhos.
Ele também realiza um voto de abnegação,
só realizando magia para auxiliar outros
indivíduos, nunca para si. Nesse período
ele deve “viver três encarnações”, o que
significa que ele deve treinar um guerreiro,
um sábio e um artesão até que todos se
tornem mestres, quando todos esses pré-
requisitos são atendidos, ele se torna um
Shishou (grande mestre, segundo Dan).
O terceiro Dan é atingido ao longo
de alguns anos de trabalho devocional a
arte, quando o discípulo do discípulo do
discípulo se torna mestre. Também é um
estado bodisátvico, onde o Shishou doa de
si tudo para a arte e a arte fluí por ele
como o Sol irradia com seus raios. Um
estágio geralmente atingido na velhice,
quando as atividades do cotidiano se
acalmam e ele pode se dedicar apenas a
arte.
5. Honoo Shiken
Honoo shiken (炎試験) é a primeiro
dos grandes testes e visa à demonstração
do despertar do discípulo com o Ki,
resultado de todo o seu treinamento
teórico e prático. A prova consiste em
apagar 4 velas, utilizando a Mahou
Shougekiha em menos de um minuto.
As velas estão dispostas nos pontos
cardeais a um metro de distância do
praticante que está no meio delas. As velas
devem ser apagadas em sentido horário.
A cerimônia incluí a apresentação dos
presentes, a apresentação do discípulo que
será iniciado, a prova e o conselho ao
recém formando, além da entrega e
aterramento dos símbolos.
MANUAL SEI RYUU – Tomo do Fogo. Disponível em tomodofogo.blogspot.com
O aterramento é uma Mahou que vista
vincular o símbolo ao Chakra
correspondente, para isso é necessário que
o discípulo se visualize numa sala escura,
onde um conde de luz branca parte do teto
e ilumina apenas a ele. Após isso o
discípulo deve imaginar uma esfera de
energia contendo o símbolo na cor definida
pelo mentor e fazer com que a esfera de
luz passe pelo Chakra Coronário, no alto da
cabeça, e siga para cada um dos Chakra’s,
percorrendo toda a Linha do Hara, de cima
para baixo, até chegar ao Chakra alvo,
onde deve explodir a esfera de luz e
visualizar essa luz se espalhando pelo seu
ser e para tudo que está ao seu redor.
Após o empodeiramento, o discípulo
recebe sua assinatura e nome iniciático,
renascido para uma nova vida, como outro
ser.