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Geriatria Formação Modular MANUAL Animação em Instituições de Saúde Objectivo: Reconhecer a importância das actividades de ocupação / animação da pessoa idosa Formadora: Inês Mendes Local: Junta de Freguesia Borba de Godim - Lixa Abril, 2012

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Page 1: MANUAL DO

Geriatria

Formação Modular

MANUAL

Animação em Instituições de Saúde

Objectivo: Reconhecer a importância das actividades de ocupação / animação

da pessoa idosa

Formadora: Inês Mendes

Local: Junta de Freguesia

Borba de Godim - Lixa

Abril, 2012

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Formadora: Inês Mendes 2

“A importância da animação social das pessoas mais velhas é facilitar a sua inserção na sociedade, a sua

participação na vida social e, sobretudo, permitir-lhes desempenhar um papel, inclusive, reactivar papéis

biopsicossociais”

(Hervy, 2001)

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Formadora: Inês Mendes 3

Índice

I FUNDAMENTOS TEÓRICOS ……………………………………..…………….…. pág. 4

1. Respostas Sociais para Idosos …………………………………………………. pág. 4

2. Envelhecimento Ativo ………………………………………………….……….. pág. 12

3. Terapia Ocupacional / Animação ……………………………………………… pág. 13

4. O Animador ……………………………………………………………………… pág. 15

II CARACTERÍSTICAS DA ANIMAÇÃO EM IDOSOS…………………..………. pág. 19

1. Animação da Pessoa Idosa …………………………………………..…….. pág. 19

2. Objectivos da Animação …………………………………………….……… pág. 24

3. Planificação …………………………………………………….……………. pág. 25

4. Avaliação ……………………………………………………..……………… pág. 25

III TÉCNICAS DE OCUPAÇÃO ………………………………………………….... pág. 26

1. Rotinas Diárias ……………………………………………………………….. pág. 29

2. Atividades Manuais ………………………………………………………….. pág. 32

3. Atividades Recreativas ………………………………………………..…….. pág. 32

4. Atividades Físicas ………………………………………………………..….. pág. 32

GERONTOPEDAGOGIA ………………………………………………………….… pág. 36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS …………………………………………….… pág. 37

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Formadora: Inês Mendes 4

I FUNDAMENTOS TEÓRICOS

1. Respostas Sociais

O envelhecimento da população é um dos maiores êxitos da

humanidade, porém é também um dos maiores desafios, devido às suas

consequências sociais, económicas e políticas. Segundo Gro Brundtland,

Diretor Geral da Organização Mundial de Saúde «o envelhecimento da

população é, antes de tudo, uma história de sucesso para as políticas de saúde

pública, assim como para o desenvolvimento social e económico de mundo»

(OMS, 2005).

Perante o envelhecimento progressivo da população, a sociedade civil e

o Estado tiveram que se organizar e criar condições para acolher o número

crescente de idosos. As principais respostas para os idosos são de saúde

(hospitais, hospitais de retaguarda ou geriátricos, apoio domiciliário integrado)

e sociais (lares, centros de dia, serviços de apoio domiciliário, etc.), estas

quase todas geridas por IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade

Social). Como refere o Conselho Económico e Social (1994) "Instituições com

vocação social ou instituições com vocação médica? (...), sabemos que as

fronteiras entre as duas se têm tornado cada vez mais ténues, devido à

alteração da procura, os postulantes são cada vez mais velhos e, sobretudo,

cada vez mais dependentes e frágeis."

Em caso de perda de autonomia dos idosos, estes poderão recorrer:

À família, isto é a prestação de cuidados por parte do cônjuge,

descendentes ou parentes colaterais, ou por parte de uma intervenção

conjunta de vários membros da família;

Aos serviços ao domicílio, que são a prestação de serviços

diversificados (alimentação, higiene, tratamento de roupa, outros) por

parte de profissionais ou voluntários especializados em casa do idoso;

Às instituições, que são a prestação dos serviços de acolhimento e/ou

tratamento em instituições especializadas. Este serviço pode ser

Page 5: MANUAL DO

Formadora: Inês Mendes 5

prestado permanentemente (lares e residências) ou parcialmente

(centros de dia, centros de convívio, universidades para a terceira

idade).

Podemos ainda considerar uma quarta via, que é a prestação de

cuidados informais por parte dos vizinhos e/ou voluntários, mas no

universo dos cuidados aos idosos esta solução é ainda residual, embora

para alguns idosos seja a única.

Segundo Hopp (1999) os prestadores de cuidados formais (profissionais

e/ou família) têm uma maior utilidade para as atividades da vida diária simples,

enquanto os prestados de cuidados informais são uma mais-valia para as

atividades instrumentais (compras, lazer, passeios, etc.).

Idealmente estes eixos deviam coexistir e serem desenvolvidos

simultaneamente de forma a permitir ao idoso a escolha ideal. Na realidade

estes três domínios funcionam isoladamente no nosso país, no que resulta que

a resposta que o idoso tem não é a ideal mas a que fica mais próxima ou a que

existe. Entendemos a família como a rede alargada de parentes (que podem

ser de sangue, de direito, de aliança ou de facto) com quem o idoso mantém

relações e interações mais ou menos intensas.

A família vê-se obrigada normalmente a tomar conta do idoso de duas formas:

Através de um acidente súbito (queda, doença, desmaios regulares) ou

Por um processo sub-reptício (mais frequente) lento e progressivo em

função da lenta deterioração das capacidades do familiar idoso.

Segundo Dell’Orto os familiares que cuidam mais frequentemente dos

idosos seguem a seguinte ordem hierárquica:

Cônjuge, filha, nora, filho, outros parentes, outras pessoas (Notando-se

um claro domínio do elemento feminino).

Apesar de 37,6% (INE, 1999) dos idosos portugueses viverem com a

família, existe a convicção muito forte no público em geral de que existe um

grande desinvestimento familiar relativamente aos ascendentes, o que não

corresponde à realidade. Por todo a Europa, a família constitui ainda o grande

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Formadora: Inês Mendes 6

pilar da responsabilidade pelos dependentes idosos, como refere Pimentel

(2001), "Vários estudos que têm sido realizados em Portugal e em outros

países permitem contrariar estas representações. A família contínua a ser uma

instituição significativa para o suporte e realização efetiva do indivíduo" ou "A

instituição familiar é a garantia da solidariedade necessária aos ascendentes

em situação de velhice" (Fernandes, 1997).

No entanto as políticas gerontossociais na Europa apoiam-se apenas em

dois pilares, instituições e apoio domiciliário, olvidando-se totalmente da

família. A ausência quase total de ajudas eficazes destinadas às pessoas que

cuidam dos familiares encontra-se no centro dos problemas relativos às

famílias dos idosos e é a principal razão pela qual as famílias muitas vezes são

obrigadas a recorrer às instituições de apoio aos idosos.

Considera-se institucionalização do idoso quando este está durante todo

o dia ou parte deste, entregue aos cuidados de uma instituição que não a sua

família. Idosos institucionalizados residentes são os que vivem 24 horas por dia

numa instituição, no caso dos lares ou residências. Para Goffman (citado por

Santos e Encarnação, 1998), "As instituições totais ou permanentes consistem

em lugares de residência onde um grupo numeroso de indivíduos em

condições similares, levam uma vida fechada e formalmente administrada por

terceiros. Existe uma rutura com o exterior, dado que todos os aspetos da vida

são regulados por uma única entidade".

Em tempos a resposta a qualquer problema a que a família não pudesse

responder, relacionado com os idosos resumia-se, ao nível do internamento, se

fosse um problema de saúde em meio hospitalar ou num asilo ou albergue se

fosse um problema social. A única resposta para a solidão, isolamento e idade

era a institucionalização em asilos.

Progressivamente a sociedade foi-se apercebendo que era necessário

outro tipo de tratamento para os idosos e desde a década 50 e principalmente

de 60 houve uma tentativa por parte da sociedade e do Estado de melhorar as

condições de acolhimento dos asilos, passando estes a serem chamados de

Lar de Idosos ou com os eufemismos de o "Cantinho do Idoso", a "Casa da

Avozinha" ou "Casa de Repouso". Em 1974 estavam registados 154 lares não

lucrativos e 39 lucrativos, existindo atualmente 769 lares sob gestão das IPSS.

Page 7: MANUAL DO

Formadora: Inês Mendes 7

Os objetivos e serviços executados pelas IPSS têm a sua expressão

física nos equipamentos sociais, dado que alojam as valências tenham estas

uma natureza residencial, ambulatória ou mista. Denomina-se valência à

resposta social desenvolvida no interior ou a partir de um equipamento social.

Nos finais dos anos 60 surgem as primeiras valências de Centros de Dia

(CD), um equipamento aberto, meio caminho entre o domicílio e o

internamento, e ao mesmo tempo local de tratamento e de prevenção. Por esta

altura surgem também os Centros de Convívio (CC), com os mesmos

propósitos dos Centros de Dia, mas mais vocacionados para a animação e

lazer dos idosos.

Em 1976 começou a elaboração de uma política, que ainda hoje se

segue, de prevenção e de manutenção das pessoas no seu domicílio o maior

tempo possível.

No início dos anos 80 surgem com mais intensidade os Serviços de

Apoio Domiciliário (SAD), que têm por objetivo prestar alguns serviços do

centro de dia, não no equipamento, mas no domicílio do utente. Esta é uma

resposta que contínua a expandir-se e se apresenta como a solução ideal para

muitos problemas dos idosos. Porque, para além da qualidade do serviço e de

permitir ao idoso ficar mais tempo na sua própria casa, existe o fator

económico. "A institucionalização é a forma mais cara de prestar cuidados de

longa duração a pessoas idosas e a pessoas com deficiência. (...) Os custos da

institucionalização podem chegar a ser sete vezes superiores aos dos cuidados

ao domicílio" (Bach, Intintola e Alba, Holland, 1992, citado por Quintela).

Na década de 90 surgiu mais uma resposta social, o Acolhimento

Familiar de Idosos (AFI), que prevê o acolhimento em casa de famílias idóneas

de idosos que necessitam de apoio. Esta resposta ainda não tem uma grande

expressão em Portugal devido à dificuldade em angariar famílias.

Nos finais dos anos 90, o Serviço de Apoio Domiciliário é alargado para

o domínio da saúde em conjunto com os centros de saúde, o que origina o

Apoio Domiciliário Integrado (ADI) que une a resposta social com a resposta de

saúde. Também nesta altura são criados os Centros de Noite (CN), as

Unidades de Apoio Integrado (UAI) e os Acolhimentos Temporários de

Emergência para Idosos (ATEI).

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Formadora: Inês Mendes 8

Oficialmente as respostas sociais reconhecidas pela Segurança Social,

para os idosos em Portugal são oito:

- Centro de Convívio (CC) é a resposta social, desenvolvida em equipamento

de apoio a atividades sócio recreativas e culturais, organizadas e dinamizadas

pelos idosos de uma comunidade.

- Centro de Dia (CD) é a resposta social, desenvolvida em equipamento que

consiste na prestação de um conjunto de serviços que contribuem para a

manutenção dos idosos no seu meio sociofamiliar.

Os objetivos do Centro de Dia são:

a) Prestação de serviços que satisfaçam necessidades básicas;

b) Prestação de apoio psicossocial;

c) Fomento das relações interpessoais ao nível dos idosos e destes com

outros grupos etários, a fim de evitar o isolamento.

O Centro de Dia pode organizar-se como:

a) Serviço autónomo, isto é, em espaço próprio e funcionamento

independente;

b) Serviço integrado numa estrutura existente - lar, centro comunitário ou

outra estrutura polivalente.

O Centro de Dia assegura entre outros os seguintes serviços:

a) Refeições:

b) Convívio/ocupação;

c) Cuidados de higiene;

d) Tratamento de roupas;

e) Férias organizadas.

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Formadora: Inês Mendes 9

- Lares para idosos (Lares) são estabelecimentos em que são desenvolvidas

atividades de apoio social a pessoas idosas através do alojamento coletivo, de

utilização temporária ou permanente, fornecimento de alimentação, cuidados

de saúde, higiene, conforto, fomentando o convívio e a ocupação dos tempos

livres dos utentes.

- Residência é a resposta social desenvolvida em equipamento constituído por

um conjunto de apartamento, com serviços de utilização comum, para idosos

com autonomia total ou parcial.

- Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) é uma resposta social que consiste na

prestação de cuidados individualizados e personalizados no domicilio, a

indivíduos e famílias quando, por motivo de doença, deficiência, velhice ou

outro impedimento, não possam assegurar temporariamente ou

permanentemente, a satisfação das suas necessidades básicas e/ou atividades

da vida diária.

O SAD deve proporcionar os seguintes serviços:

a) Prestação de cuidados de higiene e conforto;

b) Arrumação e pequenas limpezas no domicílio;

c) Confeção, transporte e/ou distribuição de refeições;

d) Tratamento de roupas.

O SAD pode ainda assegurar outros serviços, nomeadamente:

_ Acompanhamento ao exterior;

_ Aquisição de géneros alimentícios e outros artigos;

_ Acompanhamento, recreação e convívio;

_ Pequenas reparações no domicílio;

_ Contactos com o exterior;

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- Acolhimento Familiar de Idosos (AFI) é a resposta social que consiste na

integração, temporária ou permanente, em famílias consideradas idóneas ou

tecnicamente enquadradas, de pessoas idosas.

- Centro de Acolhimento Temporário de Emergência para Idosos é a resposta

social desenvolvida em equipamento, de preferência a partir de uma estrutura

já existente, que consiste no acolhimento temporário a idosos em situação de

emergência social, perspetivando-se, mediante a especificidade de cada

situação, o encaminhamento do idoso ou para a família ou para outra resposta

social de carácter permanente.

- Centro de Noite (CN) é a resposta social desenvolvida em equipamento, de

preferência a partir de uma estrutura já existente, dirigida a idosos com

autonomia que desenvolvem as suas atividades da vida diária no domicílio mas

que durante a noite, por motivos de isolamento necessitam de algum suporte

de acompanhamento.

O centro de noite pode constituir para as pessoas idosas uma alternativa

válida à institucionalização, por proporcionar um espaço de apoio durante a

noite, designadamente quando, por razões de isolamento ou solidão, esta é

percebida como um período perturbador do seu bem-estar pondo em risco a

aspiração e efetiva vontade de se manterem no seu domicílio. É, portanto, uma

estrutura cuja lógica de intervenção tem por base o apoio eventual e

temporário, que não deve ser confundida com o lar para idosos, já que

pretende dar resposta a situações de:

Isolamento geográfico ou social por, respetivamente, residirem longe da

comunidade local e pela ausência de redes de suporte informal que

possam dar apoio;

Solidão, sentimento que pode advir de situações de isolamento;

Insegurança, traduzida, nomeadamente pela incapacidade em lidar com

situações perturbadoras como é por exemplo, a morte ou afastamento

da pessoa com quem se residia.

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Formadora: Inês Mendes 11

Para além de todas estas respostas temos as respostas das unidades

de cuidados continuados integrados, que são cuidados de convalescença,

recuperação e reintegração de doentes crónicos e pessoas em situação de

dependência. Estas intervenções integradas de saúde e apoio social visam a

recuperação global, promovendo a autonomia e melhorando a funcionalidade

da pessoa dependente, através da sua reabilitação, readaptação e reinserção

familiar e social.

Quem são os destinatários dos cuidados continuados integrados?

Todos os cidadãos que deles necessitem, nomeadamente:

Pessoas de todas as idades com dependência funcional;

Pessoas com doença crónica;

Pessoas com doença incurável em estado avançado e em fase

final de vida.

Objetivos da RNCCI?

Prestar cuidados continuados integrados a pessoas em situação de

dependência;

Investir no desenvolvimento de cuidados de longa duração, promovendo

a distribuição equitativa das respostas a nível territorial;

Qualificar e humanizar a prestação de cuidados;

Potenciar os recursos locais e apoiar a criação de serviços comunitários

de proximidade;

Ajustar ou criar respostas adequadas à diversidade que caracteriza o

envelhecimento individual e as alterações de funcionalidade.

Quem presta os cuidados continuados integrados?

A prestação dos cuidados de saúde e de apoio social é assegurada pela

RNCCI através de unidades de internamento e de ambulatório e de equipas

hospitalares e domiciliárias:

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Formadora: Inês Mendes 12

Unidades de internamento: unidades de convalescença, unidades de

média duração e reabilitação, unidades de longa duração e manutenção

e unidades de cuidados paliativos;

Unidades de ambulatório: unidade de dia e de promoção de autonomia;

Equipas hospitalares: equipas de gestão de altas, equipas intra-

hospitalares de suporte em cuidados paliativos;

Equipas domiciliárias: equipas de cuidados continuados integrados,

equipas comunitárias de suporte em cuidados paliativos.

2. Envelhecimento Ativo

O termo “envelhecimento ativo” foi adotado pela Organização Mundial de

Saúde, no final dos anos 90, e procura transmitir uma mensagem mais

abrangente do que a designação “envelhecimento saudável”, reconhecendo

que, para além dos cuidados com a saúde, existem outros fatores que afetam o

modo como os indivíduos e as populações envelhecem.

O conceito de envelhecimento ativo aplica-se tanto a indivíduos quanto a

grupos populacionais e permite que as pessoas percebam o seu potencial para

o bem-estar físico, social e mental ao longo do curso da vida e inclui a

participação ativa dos seniores nas questões económicas, culturais, espirituais,

cívicas e na definição das políticas sociais.

O objetivo primordial do envelhecimento ativo é aumentar a expectativa

de uma vida saudável e de qualidade de vida.

Ao tentar definir o conceito de qualidade de vida para idosos, Donald (1997)

formulou cinco classes gerais, que podem servir de referência tanto para os

mais velhos como para os profissionais que os atendem:

A primeira categoria é a do bem-estar físico, cujos elementos são: a

comodidade em termos materiais, saúde, higiene e segurança.

As relações interpessoais são a segunda categoria, que inclui as

relações com familiares, amigos e participação na comunidade.

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Formadora: Inês Mendes 13

A terceira categoria tem a ver com o desenvolvimento pessoal, que

representa as oportunidades de desenvolvimento intelectual, auto-

expressão e empowerment.

As atividades recreativas compõem a quarta categoria que se subdivide

em três partes: socialização, entretenimento passivo e ativo.

A última categoria é as atividades espirituais e transcendentais, que

envolvem a atividade simbólica, religiosa e o autoconhecimento.

3. Terapia Ocupacional / Animação

Vivemos numa sociedade cada

vez mais envelhecida e os valores

projetados para 2009 estão aí para o

demonstrar quando indicam que em

Portugal, nesse ano, existiram 116

idosos por cada 100 jovens e que se

esta tendência não se inverter em

2060 residirão, no nosso país, 271 idosos por cada 100 jovens3. Os principais

fatores deste fenómeno são a baixa natalidade e o aumento da esperança de

vida em que a longevidade aparece relacionada com o aumento da qualidade

de vida.

No entanto o processo de envelhecimento desencadeia mudanças

físicas, funcionais, psicológicas e socioeconómicas que colocam o indivíduo

numa situação precária relativamente à sua autonomia, verificando-se que

viver mais não significa viver melhor.

A estas alterações podemos juntar o frequente abandono familiar

acrescentando assim a toda esta conjuntura feita de limitações o sentimento de

solidão. Quando na família não há espaço para a partilha e surge uma

ausência de relação entre os seus membros, que afeta sobretudo os mais

velhos, evidencia-se nestes o sentimento de desamparo, a perda de

motivações e questiona-se o sentido da vida.

Page 14: MANUAL DO

Formadora: Inês Mendes 14

A animação incorpora muitas potencialidades para favorecer a vida do

idoso numa instituição de saúde: “A estimulação é uma das práticas mais

importantes para manter o velho com vida e com saúde” (Zimerman 2000:33).

A animação e a arte têm, neste sentido, muito a oferecer: são fonte de acção,

de criação e de expressão. Segundo Jacob (2008) “A animação representa um

conjunto de passos com vista a facilitar o acesso a uma vida mais activa e mais

criativa, à melhoria nas relações e na comunidade de que se faz parte,

desenvolvendo a autonomia pessoal”.

Quando se fala de qualidade de vida, fala-se das condições de vida do

ser humano: podemos ter uma boa qualidade de vida quando estas são

favoráveis, ou pouca qualidade quando são más. Estas condições de vida não

devem ser analisadas apenas num nível, mas sim num vasto leque de campos:

saúde mental; saúde física; poder económico; relacionamentos sociais, entre

outros.

Esta expressão remonta-nos a 1964, altura em que foi utilizada por

Lyndon Johnson, presidente dos Estados Unidos, “(…) ao declarar que "os

objetivos não podem ser medidos através do balanço dos bancos. Eles só

podem ser medidos através da qualidade de vida que proporcionam às

pessoas."”. Nesta aplicação, o termo encontra-se apenas com um significado

económico mas, como nos diz Leal (2008), com o decorrer do tempo o conceito

foi evoluindo e na década de 80 já se enquadra na expressão diferentes

perspetivas, ou seja, perde a conotação estritamente económica e passa a ser

vista como multidisciplinar. Assim assume uma perspetiva biológica, cultural;

económica e psicológica. O crescimento do conceito não ficou por aqui, e na

década de 90 juntasse-lhe a subjetividade. Cada indivíduo perceciona a sua

vida, e cada um dos seus domínios (saúde, dinheiro, etc.), de acordo com as

suas perspetivas e aquilo que considera ser importante para si.

M. Lawton (“Estudos e intervenções para a promoção da velhice

satisfatória”, n.d.) é bastante conhecido na gerontologia, o autor desenvolveu

um modelo de qualidade de vida baseado em quatro aspetos: competência

comportamental; condições ambientais; qualidade de vida percebida e bem-

estar subjetivo.

Page 15: MANUAL DO

Formadora: Inês Mendes 15

A competência comportamental está ligada ao desempenho do indivíduo

no quotidiano e à sua saúde e condições físicas, capacidade funcional;

capacidades cognitivas, gestão do tempo e comportamento social. As

condições ambientais estão ligadas a fatores objetivos, como por exemplo as

condições económicas. Estas condições devem de ir ao encontro das

necessidades do idoso promovendo a sua autonomia e independência.

A Terapia Ocupacional ou chamada de Animação é o tratamento de

condições de saúde que afetam o desempenho das pessoas em qualquer fase

da vida através do envolvimento em atividades significativas, com o objetivo de

lhes proporcionar o seu máximo nível de funcionalidade e de independência

nas ocupações em que desejam participar.

Ora, é a avaliação, tratamento e habilitação de indivíduos com disfunção

física, mental, de desenvolvimento, social e outras, utilizando técnicas

terapêuticas integradas em atividades selecionadas consoante o objetivo

pretendido e enquadradas na relação terapeuta/utente; prevenção da

incapacidade, através de estratégias adequadas com vista a proporcionar ao

indivíduo o máximo de desempenho e autonomia nas suas funções pessoais,

sociais e profissionais e, se necessário, o estudo e desenvolvimento das

respetivas ajudas técnicas, em ordem a contribuir para a melhoria da qualidade

de vida.

4. O Animador

Não podemos falar de animação sem falar do animador. O animador é

aquele que conduz a animação e trabalha para que esta siga no bom caminho.

Para isso ele tem que ser uma pessoa otimista, alegre, bem-disposta e tem que

saber agir no momento certo para conduzir o projeto e/ou as atividades da

melhor forma.

Para Jacob (2008) “(…) o animador é aquele que realiza tarefas e

atividades de animação, que é capaz de estimular os outros para uma

determinada ação”. Para completar esta definição passa-se a citar Larrazábal

Page 16: MANUAL DO

Formadora: Inês Mendes 16

(1998) que diz que o animador é um “educador”, um “agente social” e um

“relacionador”:

Um educador, apesar de nem todos estarem de acordo em identificar o

animador com um educador; todavia, há unanimidade na altura de

aceitar que é um dinamizador, um mobilizador, como o seu próprio nome

indica. Neste sentido, pode considerar-se educador, visto que pretende

provocar uma mudança de atitudes, da passividade à atividade.

Um agente social, visto que exerce esta animação não com indivíduos

isolados, mas com grupos ou coletivos os quais tenta envolver numa

ação conjunta, desde o mais elementar até ao mais comprometido.

Um relacionador, capaz de estabelecer uma comunicação positiva entre

pessoas, grupos e comunidades e de todos eles com as instituições

sociais e com os organismos públicos. Na minha opinião, é esta a sua

característica mais definitória e peculiar, a que o diferencia de outras

profissões afins (p.125).

Este mesmo autor acrescenta ainda que “o animador deve ser uma

pessoa dialogante, não autoritária, respeitosa para com os outros, de

mentalidade aberta, tolerante, propícia a estabelecer relações e com uma visão

global dos problemas sociais” (Larrazábal 1998:131).

Dinis (2007) apresenta-nos uma forma peculiar de caracterizar um

animador. Este utiliza metáforas e aproxima assim o animador de um vidente,

um terapeuta, um guia, um técnico, e um mediador:

Vidente (…) Ler a vida mudar o destino. Aquele que vê o futuro, o antecipa, o torna

tangível e urgente; transforma a realidade. Traz a mensagem, a luta, o terramoto.

Assume-se do lado da vanguarda (…). Terapeuta (…) O que ajuda a nascer e

acompanha o crescimento. O que cuida dos distúrbios e sara as feridas. Acredita e faz

acreditar que a esperança é o desenvolvimento. O que integra e acompanha os

processos de recuperação e reintegração (…). Guia (…) O que introduz noutros

mundos e olhares. Indica caminhos, desafiando para o que se esconde e depois se

revela e exprime. Guarda a memória, mas relaciona com o presente. Faz a ligação

com a cultura, a arte e os artistas para permitir a fruição e desafiar o que há de criador

em cada um e no coletivo (…).

Page 17: MANUAL DO

Formadora: Inês Mendes 17

Técnico (….) O que domina os equipamentos e as técnicas. Conhece os processos.

Respeita horários, hierarquias, instituições e compromissos. Lidera, coordena, gere.

Integra, executa e ensina. (…).

Mediador (…) O que põe em contacto, faz a rede. Liga os comentários e as distâncias.

Encontra parceiros. Promove encontro, na construção do coletivo até à comunidade.

Soma sinergias. Desafia os limites interiores. Faz iguais e maiores, únicos. Respeita

diferenças. Integra e autonomiza.” (pp.51-53).

Como em qualquer profissão, o animador tem funções a desempenhar e

segundo Antonio del Valle (1972, citado por Larrazábal, 1998) essas funções

são as seguintes:

Animação global da vida comunitária, desde que o processo esteja

iniciado ou dando-lhe continuidade.

Realização de estudos de situação, de atividades ou de projetos de

transformação.

Promover e orientar grupos de ação e de reflexão.

Suscitar e propor iniciativas que possam transformar a situação social e

cultural.

Programação de atividades e elaboração de planos globais.

Formação de pessoas, dando «conteúdos» e modificando atitudes.

Realizar gestões vinculadas às atividades que se levam a cabo, à vida

associativa ou aos serviços sociais existentes.

Proporcionar assistência técnica diretamente ou através de quem puder

facilitá-la, para a execução e o andamento das atividades que a

requeiram.

Assegurar um relacionamento dinâmico entre as pessoas e os grupos e

as atuações comunitárias.

Controlar e avaliar resultados (p.125- 126).

Ou seja, o animador social tem a função de conduzir projetos de

animação e desenvolvimento de grupos. Nesse sentido, tem de programar

atividades tendo em conta as características do grupo com quem irá trabalhar,

e de reunir recursos para que estas sejam bem-sucedidas. O animador tem

Page 18: MANUAL DO

Formadora: Inês Mendes 18

também de promover um bom ambiente de trabalho e de permitir que as

potencialidades do grupo se sobressaiam. Tem ainda como função a avaliação

dos processos e resultados do projeto e das respetivas atividades.

Para finalizar esta pequena abordagem, assinalamos uma característica

muito própria de um animador de idosos: este técnico é muitas vezes alguém

mais próximo do idoso do que a própria família, e torna-se com facilidade no

“confidente”, no “conselheiro”, e no “amigo” deste (Jacob, 2008). O animador

tem normalmente mais tempo para se dedicar ao idoso, e pode-lhe dar por isso

mais atenção e carinho. Segundo Jacob (2008) é muito importante que um

animador que trabalhe com idosos goste muito daquilo que faz e tenha muita

disponibilidade. O trabalho destes técnicos é compensado não só através de

um salário, mas sobretudo a nível afetivo e emocional. Atrevemo-nos a dizer

que, ou o animador gosta muito do que faz, ou então não é capaz de exercer

esta profissão.

Page 19: MANUAL DO

Formadora: Inês Mendes 19

II CARACTERÍSTICAS DA ANIMAÇÃO EM IDOSOS

1. Animação da Pessoa Idosa

O idoso encontra-se numa fase em que a sua vida mudou muito, em que

se sente com um papel menos útil na sociedade, é então necessário fazer com

que este ocupe os seus tempos livres com alguma tarefa que lhe dê gosto

executar, algo que o faça sentir que afinal não é tão incapaz como poderia

pensar, algo que dê mais vivacidade ao seu final de vida, e mais vontade de

chegar ao dia seguinte. E é nesse sentido que trabalha o animador: cria

projectos e proporciona novos objectivos de vida.

Animação é, segundo o dicionário, “acto ou efeito de animar”;

“vivacidade no falar, no olhar, nos movimentos”; “ alegria geral” (“Animação”,

n.d.). E animar, por sua vez, significa “dar animação a; dar vida a”; “dar alento,

força, coragem. = ENCORAJAR, ESTIMULAR” (idem). A nível social pode-se

falar de animação comunitária, animação cultural, animação de tempos livres,

animação socioeducativa, entre outras. Optamos por nos debruçar, aqui, sobre

a animação sociocultural por acreditar que se trata do termo mais apropriado e

mais completo para este trabalho, e por ser dentro deste conceito que

encontramos a animação artística (foco deste projecto).

Page 20: MANUAL DO

Formadora: Inês Mendes 20

Não se pode falar de animação sem falar de ócio. É neste tempo que

animação ganha espaço. Os indivíduos, sejam crianças, jovens, adultos ou

idosos, depois de realizarem as tarefas que são “olhadas” como obrigações,

têm tempos livres que devem ser ocupados com atividades que lhes tragam

momentos de prazer, satisfação e descontração. Infelizmente “(…) Fomos

preparados demasiado tempo para lutar e não para gozar. As sociedades

capitalistas têm-nos preparado para o trabalho e não para o ócio.” (Cabeza

2007:80). A prática do ócio exige que se tenha aptidões para tal e, é função da

animação sociocultural ensinar os indivíduos a fazer as melhores escolhas

tendo em conta o “eu” de cada um. Porque, embora se pense que sim, deitar-

se no sofá a ver televisão todos os dias, para descontrair e descansar do longo

dia de trabalho, não é a melhor opção. Felizmente hoje há uma maior

preocupação com o tempo de ócio: “(…) afirmou-se reiteradamente que a

civilização ocidental é filha do ócio.” (Cabeza 2007:77). Com a conquista de

tempo livre, da classe operária face à exploração capitalista, acentuou-se a

separação entre tempo de lazer e tempo de trabalho. Assim, hoje surgiu um

maior investimento no campo do ócio. A título de exemplo, passo a citar

Cabeza (2007):

As cidades modernas reestruturaram o seu urbanismo,

convertendo os seus centros históricos em lugares

de contemplação e passeio. Modificando estruturas, proliferam

os jardins, polidesportivos, museus, parques infantis,

bibliotecas, auditórios, teatros e múltiplos espaços de uso

sociocultural (p.84).

Assim, como vimos, a animação intervém no tempo de ócio dos

indivíduos promovendo atividades. Estas atividades podem ser, segundo Jacob

(2007), de: difusão cultural; atividades artísticas não profissionais; atividades

lúdicas, e atividades sociais. Ou seja, a partir da animação sociocultural, os

indivíduos podem aproveitar o seu tempo de forma ativa, participando em

atividades culturais; de desenvolvimento de competências artísticas e criativas;

de entretenimento e convívio, e/ou na participação em movimentos cívicos,

sociais, políticos e económicos. A animação tem, entre outras, a função de

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Formadora: Inês Mendes 21

impulsionar este tipo de atividades e facilitar a inserção dos indivíduos nas

mesmas.

Para o sucesso das atividades, Gómez (2007) diz-nos que é

fundamental que:

(…) os atores profissionais da Animação Sociocultural (…) confiem nas

potencialidades que têm as pessoas para se envolverem desde o seu desenho

(planeamento) até á respetiva avaliação. E que, portanto, não fixa a atenção da

animação exclusivamente nas atividades que se realizam mas também, e

principalmente, na maneira de as realizar, dando a palavra e a ação aos sujeitos, com

todas as suas consequências (p. 69).

Portanto, é essencial que os beneficiários da animação “(…) modifiquem

o seu papel de espectadores, transformando-se em atores (…)” (Gómez

2007:68). E é neste aspeto que reside a finalidade da animação. A animação

deve proporcionar e estimular a participação, pois não podemos conceber uma

Animação Sociocultural que seja indiferente à participação.

Trilla (1998) diz-nos:

(…) trata-se de promover uma participação ativa dos indivíduos ou grupos, ou seja,

não como simples utentes ou clientes de determinadas ofertas de atividade ou

serviços. Trata-se de transformar os destinatários de ação sociocultural em sujeitos

ativos da comunidade a que pertencem e em agentes dos processos de

desenvolvimento em que estão envolvidos (p.29).

Segundo a mesma autora, o grande objetivo da animação sociocultural é

o de fazer surgir nas pessoas e na comunidade uma atitude de abertura e

determinação que as façam aliarem-se e responsabilizarem-se pelas ações

sociais e culturais.

Gómez (2007), baseando em Caride, 2005 e Caride e Vieites, 2006, diz

que: A Animação Sociocultural deve remeter os seus argumentos conceptuais,

axiológicos e metodológicos a princípios e enunciados como os seguintes:

Estar conformada e integrada por um conjunto diversificado de práticas

sociais e culturais de natureza educativa, artística, recreativa, etc.,

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Formadora: Inês Mendes 22

abertas à participação dos indivíduos, grupos, comunidades,

associações, instituições, etc. (…);

Serem práticas que convertem o público-espectador (…) em

protagonista-ator (…);

Uma metodologia participativa e implicativa, ainda que flexível e plural,

da qual se suscitem e/ou consolidem processos de conhecimento-

reflexão-ação que ativem a comunicação e o diálogo social.(…) - Partir-

se do reconhecimento das identidades culturais de cada comunidade ou

país, da sua diversidade e do pluralismo que caracteriza as pessoas e

os seus respetivos estilos de vida. (…);

Uma visão pedagógica e social dos processos que a Animação

desenvolve, desde a capacidade de análise (explicação e interpretação

das realidades sociais nas quais se pretende «atuar animando») até à

organização, implementação e valorização das suas realizações,

procurando refletir de que modo se deu resposta aos direitos e às

necessidades socioculturais que os motivaram. (…);

Uma atuação com diversas, e inclusive, contraditórias funções, no

contexto da sociedade atual (Besnard, 1988), como entre outras: de

integração e adaptação dos indivíduos e grupos sociais, de aculturação

e formação; de recreação e distração; de regulação e de ortopedia social

(terapia social à base de atividades culturais); de comunicação entre

indivíduos e os grupos; de desenvolvimento cultural de grupos e

indivíduos; de promoção das culturas populares e de crítica ao

imperialismo insolente da cultura dominante… E tudo isto na perspetiva

da transformação social (mudanças, mentalidades, atitudes) (pp.70-72).

Quando somos crianças a nossa atividade principal é o “jogo”, “(…) este,

passa a ser secundário na vida do adulto que o interpreta como fútil, pois as

pesadas responsabilidades desviam as energias para assuntos mais

prementes” (Antunes 2005a:32). Depois vem a terceira idade, altura em que

temos todo o tempo livre, e temos necessidade de o ocupar, sobe pena de

surgirem graves consequências a nível físico e psicológico. Nesta fase,

segundo Antunes (2005a), tarefas que antes eram encaradas como

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Formadora: Inês Mendes 23

obrigações, como por exemplo descascar batatas, podem ganhar um sentido

lúdico, se for feito de livre vontade e com gozo. E, um idoso nesta situação

sente que ainda é capaz de ajudar, sente-se útil, o que é muito vantajoso para

o seu bem-estar.

Existem vários programas que são implantados para auxílio dos idosos,

e segundo H. López Cruz (1992, citado por Osorio, 1998):

(…) a necessidade destes programas é insubstituível por diversos motivos: a pessoa

idosa, especialmente a que vive numa instituição, dispõe de muitos períodos de ócio,

permanecendo demasiado tempo desocupada, o que acaba por ser um factor de

tensão na velhice com a consequente repercussão sobre a saúde e o bem-estar; a

depressão e os estados depressivos são fomentados pelo tempo vazio excessivo e

sem sentido, que conduz ao tédio e à apatia, com perda progressiva de identidade,

baixa autoestima e um conceito pessoal negativo; a possibilidade de lutar,

sistematicamente, contra os sentimentos de inutilidade e incapacidade tão enraizados

na vida destas pessoas; a limitação das perspetivas de futuro; a falta de objetividade e

razões para continuar a viver uma vida digna e com sentido, facto que exige uma

rápida e ajustada intervenção (p.258).

É certo que com o adiantar da idade as pessoas idosas têm mais

dificuldades e limitações, e menos perspetivas para o futuro mas, como afirma

Zimerman (2000):

(…) ele está mais próximo do fim da vida e, teoricamente, não tem a etapa seguinte

para querer chegar lá (…) Ainda que não tenha um longo futuro pela frente, a

motivação, o estimulo do velho é viver bem e intensamente no presente, ter satisfação

com a vida que leva agora e mostrar que pode e deve viver bem, deixando um modelo

de velho feliz para os que um dia também serão idosos. (…) (p.135).

O idoso necessita de procurar o máximo de satisfação no seu dia-a-dia,

realizando atividades, buscando sentir-se útil, fazendo parte ativa de grupos,

para que não se torne numa pessoa “de mal com a vida” com a qual ninguém

tem prazer em conviver.

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Formadora: Inês Mendes 24

Segundo Zimerman (2000) a melhor forma para minorar os problemas

da velhice é através da estimulação. A autora define “estimulação” como

“animar” e “encorajar” (entre outros termos). Estimular, ou seja, animar “(…) é

criar meios de manter a mente, as emoções, as comunicações e os

relacionamentos em atividade” (Zimerman 2000:134).

Temos de ter em conta que as atividades de animação sociocultural

necessitam de ser adaptadas de acordo com o grupo que as vai receber. Por

exemplo uma mesma atividade não pode ser proposta a um grupo de idosos da

mesma forma que a um grupo de jovens: “(…) o trabalho com idosos requer

uma adaptação (…) no que concerne à velocidade, à duração, aos locais e às

suas referências culturais e sociais (por exemplo, a criança corre, enquanto o

idoso anda)” (Jacob 2008:31). E existem também ajustamentos que são

necessários quando se transfere determinadas atividades para grupos de

terceira idade diferentes, pois serão certamente encontradas distintas

necessidades.

2. Objectivos da Animação:

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3. Planificação:

A primeira ação a realizar num projeto de animação é fazer o plano de

sessão ou ficha de atividade. Este plano deve conter os dados mais

importantes relacionados com a animação (publico, objetivos, material, tempo,

etc.). Desta forma vamos selecionar o público-alvo, isto é, os idosos que irão

participar na animação para, posteriormente, estabelecer objetivos da

animação, que podem ser contínuos (se fizerem parte do plano de animação

anual ou trimestral) ou pontuais (se forem para uma única atividade).

Após delineados os objetivos, vamos selecionar as atividades a

realizarem, o material necessário e a duração. Por vezes surge a questão e

devemos escolher as atividades de acordo com o material disponível ou,

primeiro, escolhemos as atividades e, a seguir, angariamos o material. Ambas

as soluções são possíveis, tudo depende da administração da instituição poder

(ou querer) disponibilizar os meios necessários e da capacidade criativa do

animador.

O tempo também é muito importante, porque não devemos deixar a

animação prolongar-se no tempo, nem ser demasiado curta. Uma sessão de

animação deve durar entre 60 a 90 minutos. Em instituições de prestação de

serviços a idosos, o aconselhável serão três sessões semanais para cada

grupo. A animação deve ser desejada e ser um momento de lazer e de quebra

da rotina, mas não deve ser um obstáculo à organização pessoal do idoso e da

instituição, partindo do princípio, de novo, de que a rotina da instituição está

centrada no idoso e não no seu próprio funcionamento. Se o idoso participar

regularmente na vida da instituição, não precisa de mais de duas ou três

sessões de animação.

4. Avaliação:

O tema «Envelhecimento» tem sido alvo de estudos por profissionais e

vem desenvolvendo a produção de conhecimentos que contribui em grande

parte para a melhoria da qualidade de vida de pessoas que alcançam esta

etapa da vida, a «3º idade». Estudos recentes demonstram que realizar

atividades estimulantes reduz em 47% a possibilidade dos idosos

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desenvolverem doenças. Antes de pensar num plano de atividades de

animação para idosos em prática, há que realizar uma avaliação psicológica,

social e física de cada um dos indivíduos, no sentido de perceber quais as

capacidades e motivações reais de cada idoso em relação a cada uma das

atividades propostas.

Deve-se também dar oportunidade aos idosos para que eles próprios

possam propor outras atividades que sejam do seu agrado, bem como permitir

que eles participem nas atividades diárias da Instituição, por exemplo, fazendo

as suas camas, limpando o pó dos seus quartos, colaborando na elaboração e

confeção das ementas, regando as plantas, etc., desde que tal seja do agrado

deles. Ao estabelecer uma relação com um idoso, deveremos ter em conta a

nossa comunicação não-verbal e também a dele. Pois só mantendo uma boa

atitude corporal é que poderemos obter bons resultados na sua adesão às

atividades propostas.

Assim teremos de ter em conta algumas regras:

Manter uma certa distância

Falar pausadamente

Referir o que estamos a fazer

Repetir quantas vezes forem necessárias

Ajudar e apoiar

Valorizar qualquer tipo de esforço motor

Manter uma atitude de calma e passividade

Ser paciente e compreensivo

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Formadora: Inês Mendes 27

III TÉCNICAS DE OCUPAÇÃO

Luís Jacob, defende que a

animação de idosos começa quando

respeitamos os mais elementares

dos seus direitos, como sejam o

direito à escolha, o direito à

privacidade e o direito à integração e

à participação ativa. Relativamente à

animação, esta nunca é uma

prioridade nas instituições. Estas

dirigem os seus recursos

principalmente para a higiene, saúde

e alimentação, e só se sobrar tempo

e alguns meios se preocupam com a animação. Esta é sempre considerada

secundária e sem grande validade. A maioria das organizações limita-se a

fazer alguns passeios e duas ou três festas anuais. No entanto, a animação

pode contribuir para o cuidado do idoso e para a melhoria da sua qualidade de

vida. A animação cria acontecimentos, que alteram a rotina diária e ao fazer as

pessoas conviverem umas com as outras, causa uma diminuição efetiva da

conflitualidade. A animação ligada às artes plásticas e à motricidade faz com

que os idosos melhorem ou mantenham a sua autonomia e capacidade de

movimento. Nós consideramos que é muito importante a presença de um

animador nestas instituições, este deveria trabalhar em colaboração com toda

a equipa multidisciplinar e com as próprias famílias dos idosos, no sentido de

proporcionar um vivência digna e de qualidade a todos os seus utentes. Visto

que os idosos dispõem de muito tempo livre é necessário pensar na ocupação

dos mesmos, para que deixem de existir tantos “tempos mortos”. Assim a

animação pode contribuir para uma acentuada melhoria do seu dia-a-dia. Ao

longo dos tempos surgiram vários conceitos de Animação, mas todos com

alguns pontos em comum, tal como o facto de ter uma função social, cultural ou

de estimular à participação. A Animação de Idosos, pretende melhorar a

qualidade de vida destes, tornando-os mais ativos.

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Formadora: Inês Mendes 28

Para compreender a importância que a animação biopsicossocial tem

para os idosos, há que primeiro tomar consciência do que é que motiva o ser

humano. A motivação é aquilo que leva os indivíduos a fazer qualquer coisa

com esforço, dedicação, energia e prazer. A sua intensidade e natureza são

diferentes em cada um de nós, de acordo com diversas influências, em cada

momento.

Se forem dadas condições ao indivíduo para que ele tenha um bom

desempenho na execução de uma determinada tarefa ou actividade e ele tiver

as competências necessárias, o seu grau de eficácia depende apenas da sua

motivação. Todo e qualquer comportamento humano tem uma motivação na

sua base, ou seja, há uma tensão que leva o indivíduo a comportar-se de

determinada maneira, de forma a satisfazer uma ou mais necessidades. As

condições fornecidas pelo meio que envolve o indivíduo mantém-se em

equilíbrio psicológico até que um estímulo rompa esse equilíbrio e crie uma

necessidade, que vai gerar um estado de tensão.

Uma das principais teorias existentes sobre a motivação humana é a

Pirâmide das Necessidades de Maslow, que diz que as necessidades estão

ordenadas segundo o seu valor, e que uma determinada necessidade só se

manifesta quando as necessidades do nível imediatamente inferior estão

totalmente satisfeitas. Segundo esta teoria, o ser humano apresenta cinco

níveis de necessidades – fisiológicas, de segurança, de afeto, de estima e de

autorrealização.

As necessidades fisiológicas e de segurança são primárias, enquanto

que as restantes são secundárias. A teoria de Maslow assenta em dois

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princípios, que são o da dominância e o da emergência; o primeiro diz que

enquanto uma necessidade básica não estiver satisfeita, as restantes não têm

força para dirigir o comportamento; o segundo diz que quando uma

necessidade é satisfeita, imediatamente surge uma nova necessidade.

Diferentes facetas da animação

Podemos dividir a animação de idosos em quatro partes fundamentais:

1. Rotinas Diárias

O envelhecimento é acompanhado por um declínio funcional progressivo

que está associado a quadros de dependência responsáveis por cuidados

específicos. A dependência em si constitui o maior receio dos idosos. Deste

modo, é pertinente a realização de estudos que dêem a conhecer fatores

preditores do alcance das idades mais longevas com independência funcional

assim como delinear as condições de vida e saúde dos idosos residentes no

domicílio. A autonomia funcional também tem sido designada de competência

funcional, e definida como o nível de bem-estar com o qual os indivíduos

pensam, sentem, atuam, ou se comportam em congruência com o seu meio

envolvente (WHO, 2002).

Neste âmbito, a saúde e a capacidade funcional são cruciais para a

qualidade de vida social das pessoas. A capacidade funcional determina a área

da comunidade na qual o indivíduo se mantém independente, coopera e

participa em eventos, visita outras pessoas e utiliza os serviços existentes nas

organizações da sociedade onde se integra, contribuindo para o

enriquecimento da sua vida e daqueles que lhe estão mais próximos.

A avaliação da capacidade funcional/autonomia funcional ou

competência funcional inclui a avaliação das capacidades do indivíduo em

realizar as várias atividades de vida diária, as atividades instrumentais de vida

diária e atividades relacionadas com a mobilidade (WHO, 2002). Nas pessoas

idosas, as respostas adaptativas dos diferentes domínios a agentes adversos

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assumem uma importância crescente. Neste contexto, surge o modelo teórico

do processo de declínio funcional de Hébert (1997) que enquadra os conceitos

de disfunção, incapacidade e deficiência, e em paralelo as diferentes áreas de

intervenção.

A satisfação com a qualidade de vida em idosos com reduzida

capacidade para se auto cuidarem é determinada por diversos fatores, como

aspetos sociais, físicos, mentais e financeiros que interagem entre si, em

especial os sentimentos de solidão, degradação da capacidade para se auto-

cuidar, pobre saúde em geral, sentimentos de preocupação e baixos recursos

financeiros em relação às suas necessidades (Borg et al., 2006). Estes fatores

têm que ser considerados no cuidado a estes idosos para preservar ou

promover a sua satisfação com a qualidade de vida.

A preferência por rotinas nas atividades e comportamentos dos idosos é

um fenómeno complexo de resposta à incapacidade e à

vulnerabilidade/fragilidade. O aumento das rotinas no seu quotidiano permite-

lhes um aumento de sentimentos de controlo e previsibilidade, especialmente

quando confrontados com vulnerabilidade/fragilidade quer física quer

psicológica (Bouisson & Swendsen, 2003).

A diminuição na capacidade para o auto cuidado, que por sua vez

dificulta a realização das atividades diárias, revelou uma correlação negativa

mais elevada com a qualidade de vida do que a presença de doenças crónicas,

diferenciando-se de acordo com o género. Assim, nos homens a necessidade

de ajuda residia na preparação de refeições e em atividades de tarefas

domésticas como arrumar e limpar a casa, enquanto nas mulheres as

necessidades situavam-se na ajuda na mobilidade, como por exemplo, na

deslocação a espaços distantes de casa e fazer compras (Bowling & Windsor,

2001).

Os desafios funcionais que os indivíduos com diminuição ou perda

sensorial na idade avançada enfrentam fizeram surgir a noção da importância

destes no dia-a-dia, nomeadamente na competência de cada indivíduo em

viver de forma autónoma na comunidade. Esta competência e a habilidade em

continuar a se adaptar às mudanças das circunstâncias dependem dos

elementos ativos e passivos de uma variedade de domínios, incluindo o

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Formadora: Inês Mendes 31

sensorial, sensório-motor, cognitivo, personalidade e recursos sociais. Os

recursos sensoriais referem-se estritamente ao processo sensorial, como a

visão e a audição, enquanto os recursos sensório-motores se referem às

funções que estão integradas entre as habilidades motoras e as sensoriais,

como por exemplo o equilíbrio e a marcha (Willis, 1996; Baltes & Lang, 1997;

Diehl, 1998; Lang, Rieckmann & Baltes, 2002; Brennan, Su & Horowitz, 2006).

É, extremamente, importante propiciar situações em que o idoso

aprenda a lidar com as transformações que ocorrem no seu corpo, tirando

proveito da sua condição, conquistando a sua autonomia, sentindo-se sujeito

da sua própria história. No entanto, nem sempre a família está preparada ou

em condições de desencadear esse processo, tendo em vista que as

obrigações diárias, às vezes, dificultam uma dedicação especial ao idoso.

Assim, há que manipular as ajudas ao idosos nas tarefas diárias, auxiliando

apenas em pequwnos pormenores, falando em quatro tarefas principais:

Higiene, Culinária, Costura e Jardinagem, isto é, permitir ao idoso que

mantenha estes hábitos rotineiros.

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Formadora: Inês Mendes 32

2. Atividades Manuais

A animação através de trabalhos manuais visa proporcionar ao idoso a

possibilidade de se exprimir através das artes manuais. Neste tipo de animação

pretendemos que o idoso trabalhe a sua faceta artística e através da moldagem

(de barro, plasticina, pasta de papel ou outro material), bordados, pintura,

desenho, colagem, etc., conseguia exprimir algumas das suas emoções. A

animação por atividades manuais é simultaneamente motora e cognitiva

também.

3. Atividades Recreativas

A Animação de Idosos é uma forma de atuar em todos os campos do

desenvolvimento da qualidade de vida duma comunidade idosa. Representa

um conjunto de passos com vista a facilitar o aceso a uma vida mais ativa e

mais criadora, à melhoria nas relações e comunicação com outros, a que se faz

parte, incentivando o desenvolvimento da personalidade do indivíduo e da sua

autonomia.

4. Atividades Físicas

É aquela em pretendemos que o idoso faça algum tipo de movimento. A

terceira idade não é apenas o último período evolutivo, decadente e regressivo,

da vida do homem, mas antes uma outra fase de evolução, com formas

diferentes de viver e de existir, tanto no campo social como no pessoal.

O principal deficit no idoso, no respeitante á realização de uma tarefa,

incide sobre o ritmo do seu trabalho. Uma certa lentidão nas respostas psico-

motoras parece verificar-se com o aumento progressivo da idade. A

psicomotricidade considera o movimento como uma acção relativa a um

sujeito, isto é, uma acção que só se pode compreender nas estruturas

neuropsicológicas que o integram, elaboram, regulam, controlam e executam.

É um processo relacional inteligível entre a situação e a acção, entre o estímulo

e a resposta, entre o movimento global e a motricidade fina.

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Formadora: Inês Mendes 33

A psicomotricidade visa essencialmente:

Mobilizar e reorganizar as funções mentais

Aperfeiçoar a conduta consciente e o acto mental

Elevar as sensações e percepções a níveis de consciencialização,

simbolização e conceptualização da acção aos símbolos, passando pela

verbalização

Maximizar o potencial motor, afectivo-relacional e cognitivo

Fazer do corpo uma síntese integradora da personalidade

Em psicomotricidade o corpo é o meio através do qual a consciência se

edifica e se manifesta. O nosso corpo é um veículo de sensações. É através

dele que vamos adquirindo a sensibilidade proprioceptiva ou seja as noções de

espaço que não são visíveis, (ex: quando nos sentamos, sabemos sem olhar

onde está a cadeira). Com a idade estas capacidades vão-se perdendo,

chegando ao ponto de se perder o próprio esquema corporal. É possível ajudar

o idoso a adquirir estas noções com exercícios psicomotores. A capacidade de

realizar o movimento real, em caso de paralisia de um membro, utiliza-se o

membro são como auxiliar do movimento. A massagem suave nos membros ou

no tronco também são um bom suporte para a consciencialização das

diferentes partes do corpo, pois as nossas mãos são um estímulo táctil e

sensitivo.

Devemos ajudar o idoso aumentar as suas capacidades de

representação mental do corpo em movimento, mobilizando as extremidades

(braços e pernas), perante o seu olhar e referenciando os seus nomes, (ex:

Sr.........., agora vou mexer no seu braço direito e vou elevá-lo, e assim por

diante....).

Alguns dos problemas do idoso relacionados com o seu corpo:

Desinteresse pelo arranjo exterior e por vezes com a própria higiene.

Dificuldades de adaptação, á imagem corporal.

Lentidão motora, movimentos pouco harmoniosos e de pequenas

amplitudes.

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Diminuição das sensações e da propriocepção.

Medo das quedas e consequentemente as fracturas.

Hipertonia e rigidez muscular.

Exemplo de jogos

1º jogo

Material:- Placa quadrada com várias filas de pregos, elásticos de várias cores

e grossuras diferentes.

Objectivo: - fortalecimento dos músculos das mãos

Modo de jogar: - esticar os elásticos ao longo dos pregos de modo a fazer

desenhos.

2º jogo

Material: - Garrafas de plástico de 1\2 l, ou de 1,5l, cheias de areia, pintadas,

com um cordel atado no gargalo, por sua vez este cordel com um metro de fio

está atado a um pequeno pau.

Objectivo: -fortalecimento dos músculos dos braços

Modo de jogar: - puxar as garrafas, enrolando o cordel num pequeno pau.

3º jogo

Material: - cinco garrafas de plástico de 1\2 l, ou de 1,5l, cheias de areia e

pintadas, uma bola pequena.

Objetivo: - concentração e coordenação óculo-manual

Modo de jogar: - atirar a bola para derrubar os pinos (garrafas) que estão em

pé, a uma certa distância.

4º jogo

Material: - três arcos e três discos ou malhas

Objetivo: - coordenação óculo-manual

Modo de jogar: - tentar acertar com as malhas dentro dos arcos variáveis: -

arcos e malhas com as mesmas cores, alterar as distâncias entre os arcos

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5º jogo

Material: - quadro com vários quadrados (tabela de dupla entrada), com

símbolos, formas ou cores, peças soltas com os mesmos elementos.

Objetivo: - estimular a memória e a concentração

modo de jogar: - fazer a correspondência entre os vários elementos

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Formadora: Inês Mendes 36

GERONTOPEDAGOGIA

A gerontopedagogia ou Gerontologia Educativa centra-se na análise das

mudanças psicossociais, afetivas e cognitivas que ocorrem nas últimas fases

do ciclo vital, para a partir daí poder potenciar os aspetos positivos dessas

mudanças e mesmo se possível diminuir os seus efeitos negativos.

Deste modo o trabalho do educador especializado em Gerontologia

consiste em descobrir o melhor modo de ajudar cada um a reconhecer as

possibilidades oferecidas pelas diferentes fases da vida, para melhor

adaptação e uma maior satisfação vital e a manutenção de níveis óptimos de

qualidade de vida (Requejo Osório, A. y Pinto Cabral, F. (2007, p.56). Um dos

princípios básicos assumidos pela Gerontologia Educativa está relacionado

com o objetivo de positivar o envelhecimento e a velhice, acentuando as

potencialidades do ser humano, seja qual for a sua idade vital. Sendo

necessário dar ênfase à potencialidade, cognitiva, à aprendizagem ao longo do

ciclo vital e a noção de envelhecimento activo.

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Formadora: Inês Mendes 37

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