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CalouroSer a ser compreendidoVenerar os veteranos lhe é incumbido

O sabor da calourada perdidaÉ o mesmo da catuaba não bebida

Se divide entre terminar RMTOu ir pro Krismara dar pt

E ainda acharão que virar a noite por inteiroSerá seu maior pesadelo

Como já dizia um poeta, camarada da genteSabe de nada, inocente!

E apesar de todas as trollagens lindasSeus veteranos te prepararam essas boas vindas!

Nat Tuller

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APRESENTAÇÃO:

Este manual foi feito por alunos, para os alunos, contendo algumas reflexões e informações que são fundamentais para quem caiu nesse curso Absorva,mas não aceite nada sem refletir. Nunca. Aprofunde no que lhe apetecer. Para dúvidas e sugestões: [email protected] Se quiser contribuir para o próximo semestre, junte-se aos colaboradores. Suas ideias serão sempre bem-vindas

SUMÁRIO:Apresentação ................................................O que é Arquitetura? ..........................................Que tipo de problema é a Cidade? ................................Qual o papel da arquitetura como patrimônio cultural? ..........Urbanização em Juiz de Fora ....................................Manual da Calourada .....................................Salada de Siglas ................................................Movimento Estudantil ..........................................MAU ......................................................EREA/ENEA ..................................................Rock de Quinta .............................................. Horários .......................................................

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EQUIPE:Textos:Bernardo RamalhoCarolina AntonucciLudmilla SpagnoloMarina Carrara

Naiara AmorimNatália SouzaManuais do Calouro: 2007, 2008, 2011, 2013

Layout e Edição:Bernardo RamalhoLudmilla Spagnolo

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A PERGUNTA EXISTENCIAL: O QUE É ARQUITETURA?

"A arquitetura é uma ARTE que se realiza na construção, da mesma forma que a música se realiza no som e a literatura na linguagem verbal. Mas música não é o som, nem a literatura é a linguagem, assim como a arquitetura NÃO É a construção." (STROETER: 1986. Pág. 122)

"Diz-me (pois és tão sensível aos efeitos da arquitetura), ao passar por esta cidade, observaste que, dentre os edifícios que a compõem, uns são MUDOS; outros FALAM; e outros enfim, mais raros, CANTAM? (VALERY: 1945. Pág. 53)

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Quem poderia responder, seguramente, “o que é arquitetura?”

Durante o curso de arquitetura e urbanismo – e depois – a questão sobre a identidade da arquitetura permanece em torno da dicotomia FORMA-FUNÇÃO, sendo a forma sua dimensão artística e a função sua dimensão técnica.

Sobre a dimensão artística, principalmente no início do curso, fala-se do impacto e as emoções transmitidas por meio da arquitetura na cidade e nas pessoas, fala-se muito em “minha arquitetura”, do processo criativo, ou seja, a manipulação dos elementos técnicos por meio do projeto e construção de forma a torna-los expressivos.

Ao longo do curso, o ímpeto criativo é gradualmente substituído pelas questões técnicas, funcionais. As questões projetuais são traduzidas em números sempre que possível. Mapas, plantas, diagramas e prazos sufocam a pessoa que sempre ouvia “para de desenhar e presta atenção!”. Nesse momento “o que é arquitetura?” vira uma questão existencial e a busca de um roteiro, um oásis.

O pensamento funcionalista simplifica e aproxima a arquitetura do que é palpável. Porém, a arquitetura é “imortal”, ultrapassa o tempo de sua função. Mesmo quando não construída ou demolida (ou mesmo se efêmera) permanece como memória, documento ou ideia, diluída no imaginário d“o que é arquitetura?”. Então por que não aproximá-la de seus atributos “imortais”, que cantam...

A arquitetura não pode ser ou forma ou função. É UNA. Indissociável de sua dimensão funcional, artística, social, humana, política, temporal, boa, ruim... e, por isso, fluida.

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Fluído, que na busca da exatidão, se esvai entre os dedos. Arquitetura é heterogênea, multidimensional, é influenciada por tantos assuntos quantos interessam à humanidade. A arquitetura contém a humanidade. É atemporal, apesar de filha de seu tempo. Arquitetura é diversa em meios de expressão: a construção, o desenho, a maquete, o texto, o manifesto. A arquitetura é expressiva, é arte. Arquitetura é difícil, complexa, inexata, contraditória.

Por isso “o que é arquitetura?” não pode ser respondido. Seguramente.

...mas deve ser perguntado sempre.

Carol Antonucci

REFERÊNCIAS:

Ÿ ABREU, Pedro. Eupalinos Revisitado. Diálogo Socrático em Torno do Ser da Arquitetura. Revista Eletrônica USJT ISSN 1984-5766 no. 10. Portugal, 2013. [www.usjt.br/arq.urb/numero-10/10-ensaios-pedro-abreu.pdf]

Ÿ PALLASMAA, Juhani. Os olhos da pele: a arquitetura e os sentidos. Artmed, 2011. [pede p'ro colega]

Ÿ STROETER, João Rodolfo. Arquitetura e Teorias. São Paulo: Ed. Nobel, 1986. [Biblioteca UFJF cód: 72.STR.A]

Ÿ VALERY, Paul. Eupalinos ou O Arquiteto. Edição Bilíngue Francês-Português. São P a u l o : E d i t o r a 3 4 , 1 9 9 6 . [www.iar.unicamp.br/…/paul_valery_eupalinos_ou_o_arquiteto.p…]

Ÿ VENTURI, Robert. Complexidade e contradição em arquitetura. Martins Fontes, 1995. IN: NESBITT, Kate. Uma nova agenda para a arquitetura. Editora Cosac Naify, 2006. [Biblioteca UFJF cód: 72.036.NOV]

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QUE TIPO DE PROBLEMA É A CIDADE?

As cidades, espaços em constante construção, são áreas cada vez mais conformadas pela dinâmica das regras do capital e da cultura especulativa. Decisões importantes que afetam o dia a dia dos cidadãos são tomadas, grande parte das vezes, por segmentos que se apoiam em operações lógicas e com pouca ou nenhuma relação com a realidade e o cotidiano da população. Essas manobras, que ocorrem em processos ocultos, conformam a paisagem urbana, que, por consequência, se torna palco de PROCESSOS URBANOS E SOCIAIS CONTROVERSOS.

Segundo Jacobs (1961, p. 491), sob a aparente desordem da cidade, existe uma ORDEM SURPREENDENTE E COMPLEXA nos locais onde ela funciona livremente, que garante a manutenção de várias redes de relação entre as pessoas e os espaços. Nós, enquanto cidadãos e profissionais da área de arquitetura e urbanismo, temos a obrigação de compreender e intervir no espaço urbano tendo conhecimento do funcionamento de tais processos, sendo necessário investigarmos com cuidado o mundo real para que possamos pouco a pouco decifrar o comportamento aparentemente misterioso e caótico das cidades.

O urbanismo brasileiro vem enfrentando nas últimas décadas o desafio de criar ferramentas para deselitizar as propostas urbanísticas que lidam com a dicotomia entre espaço construído e comunidade, instituídos de forma segregadora e tendenciosa (DA SILVA & ROMERO, 2011).

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O projeto urbano sustentável deve associar a história, o sociocultural e o legal às esferas de sustentabilidade econômica e ambiental, vislumbrando sempre a inclusão igualitária das comunidades e do cidadão.

E o que é PROJETO URBANO SUSTENTÁVEL? Por “sustentabilidade”, entende-se como sendo o resultado de esforços para o estabelecimento de uma sociedade harmoniosa baseada em princípios de igualdade e justiça nas relações sociais. Para combater as desigualdades nas cidades, que afetam sistematicamente grupos específicos de pessoas (seja devido a gênero, renda, etnia, origem social ou modo de vida), deve-se buscar uma sustentabilidade aliada à equidade social, sendo isso fundamental para que haja justiça distributiva nas cidades. Segundo Romero (2007 apud DA SILVA & ROMERO) “[...] cidade sustentável é o assentamento humano constituído por uma sociedade com consciência de seu papel de agente transformador dos espaços e cuja relação não se dá pela razão natureza-objeto e sim por uma ação sinérgica entre prudência ecológica, eficiência energética e equidade socioespacial”.

O arquiteto tem o duplo caráter de CIDADÃO e AGENTE SOCIAL a partir de seu trabalho como planejador. Mas é preciso cuidado: no meio acadêmico, nós, estudantes, adquirimos conhecimentos como urbanistas que por vezes não procedem na vida real como alternativas válidas para um bom funcionamento da cidade, e continuamos insistindo nessas atuações sem refletir sobre elas, ignorando o senso comum, o instinto do lugar, e até mesmo dados comprovados (ou seja, o óbvio).

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Há décadas, as cidades têm se comportado como um grande laboratório de tentativa e erro. Em decorrência de resultados adversos alcançados por medidas de planejamento ineficazes e superficiais, hoje em dia conceitos como a INFORMALIDADE, DINAMISMO, PARTICIPAÇÃO POPULAR e FLEXIBILIDADE se fortalecem como formas de resposta mais coerentes com uma possibilidade de atuação real no campo da arquitetura. A cidade é uma CONSTRUÇÃO SOCIAL, e no campo do planejamento, é preciso vê-la como tal para conseguir atuar sobre ela de maneira saudável e consistente.

Marina Carrara

REFERÊNCIAS:

Ÿ JACOBS, Jane (1961). Morte e vida de grandes cidades. 3ª ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011. [leia o livro...]

Ÿ DA SILVA, G. J. A.; ROMERO, M. A. B.. O urbanismo sustentável no Brasil. A revisão de conceitos urbanos para o século XXI (parte 01). Arquitextos, São Paulo, ano 11, n. 128.03, Vitruvius, jan. 2011. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revis…/…/arquitextos/11.128/3724>.

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A CIDADE E A MEMÓRIA: QUAL O PAPEL DA ARQUITETURA ENQUANTOPATRIMÔNIO CULTURAL?

"A cidade se embebe, como uma esponja, dessa onda que reflui nas recordações e se dilata. [...] a cidade não conta seu passado. Ela o contém, como as linhas da palma da mão, escrito nos ângulos das ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos, nas escadas, nas antenas dos para-raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras" . (CALVINO, 1990, p. 14.)

As cidades, estes organismos complexos, vivos e multifacetados nos quais vive mais da metade da população mundial são, em todos os seus aspectos, lugares do encontro das pessoas. As aglomerações urbanas concentram as trocas comerciais, as atividades culturais, as relações sociais – são palco e testemunho da vida humana. Por serem essencialmente esse lugar de encontros, de trocas, de “morar juntos sob a extensão do céu ” (HEIDDEGER apud CARSALADE. 2014. p.151), as cidades são plenas de história e de memória, decorrentes justamente das relações humanas que ali têm lugar, as quais deixam marcas tanto nas pessoas quanto na paisagem.

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Ao percorrermos as ruas de quase toda aglomeração urbana, conseguimos sentir esses vestígios do transcorrer do tempo presentes nas calçadas, praças, edifícios – ou como narra Calvino na passagem transcrita acima, em “cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras ” - percebemos os estratos das diferentes épocas que foram se sobrepondo para conformar os lugares nos quais nossa vida acontece.

É interessante e reconfortante pensar que somos parte de um processo que se iniciou muito antes de nós e que vai se prolongar indeterminadamente. As permanências materiais e imateriais das cidades nos conectam a esse sentido de continuidade temporal e espacial, o qual nos ajuda a dar significado ao mundo a partir do nosso ponto de vista, a nos identificarmos e nos orientarmos a partir destes lugares familiares, processo sobre o qual, como Pallasmaa explicita no trecho abaixo, a arquitetura exerce papel preponderante:

[...] nada dá ao homem mais satisfação do que a participação em processos que ultrapassem o período de uma vida individual. Temos uma necessidade mental de sentir que estamos arraigados à continuidade do tempo e, no mundo feito pelo homem, compete à arquitetura facilitar essa experiência. A arquitetura domestica o espaço sem limites e nos permite habitá-lo, mas ela também deve domesticar o tempo infinito e nos permitir habitar o continuum do tempo .

A dimensão histórica dos objetos é reveladora e materializadora da nossa existencialidade temporal, dessa sensação que Pallasmaa descreve tão bem, de estarmos habitando no continuum do tempo. A dimensão memorial, por sua vez, “traz consigo um conjunto de potenciais significados importantes para a presença, presentificando o passado, tornando-o vivo ” (CARSALADE. 2014. p. 183), ou seja, a memória repensa e reconstrói os fatos históricos (de um passado coletivo ou

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individual) de modo subjetivo, a partir das vivências atuais dos indivíduos, sendo condicionada por elas – a rememoração acontece no presente e para o presente.

Preservar as dimensões histórica e memorial da arquitetura é possibilitar que este processo de fixação e identificação do homem continue a acontecer. Ao entendermos o processo histórico dos bens que chegaram até nós, tendo em mente que eles são receptáculo de memórias coletivas e individuais evitamos, com nossas proposições enquanto arquitetos, uma quebra destas relações tão necessárias ao “habitar”.

Naiara Amorim

REFERÊNCIAS:

Ÿ CALVINO, Ítalo. As cidades invisíveis. 1ª edição. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

Ÿ CARSALADE, Flavio de Lemos. A Pedra e o Tempo: Arquitetura como patrimônio cultural. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.

Ÿ PALLASMAA, Juhani. Os olhos da pele: a arquitetura e os sentidos. Porto Alegre: Bookman, 2011.

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URBANIZAÇÃO EM JUIZ DE FORA

A urbanização atual reflete o desenrolar do desenvolvimento da propriedade privada e sua concentração na mão de poucos, os problemas de ordem urbana têm sua raiz na concentração de terras. O processo de planejamento e ordenamento urbano é uma sequência de erros e acertos pelos quais a sociedade passa para alcançar o sonhado êxito, o problema é o grande conflito de interesses que envolvem toda a sociedade: de um lado, os cidadãos, trabalhadores e usuários do espaço urbano, e de outro, empreiteiras e agentes imobiliários. Eles não têm o mesmo interesse. Onde o primeiro grupo vê aluguéis altíssimos, o segundo vê lucro; onde um vê a falta de espaços públicos para lazer e sociabilidade, o outro vê espaços vazios a se especular. E por aí vai, pela história e desenvolvimento das cidades.

A origem de Juiz de Fora não é diferente, a sua povoação teve origem através da abertura do Caminho Novo, este foi traçado pela região do Vale do Paraibuna, ligando a região aurífera ao Rio de Janeiro. Com o objetivo de trazer mais segurança aos que passavam pelo trajeto, a Coroa Imperial distribuiu sesmarias aos homens livres, descendentes de portugueses, a fim de ocupar essa área. Começou aí a concentração fundiária na cidade.

O surgimento do arraial ocorreu em consequência direta à abertura da Estrada do Paraibuna, por Henrique Halfeld, em substituição ao Caminho Novo, que passava pela região. A partir de então, o arraial progrediu rapidamente, foi elevado à vila em 1850, com o nome de Santo Antônio do Paraibuna e à

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Cidade do Paraibuna, em 1856. Em pouco tempo o lugar se urbanizou: novas ruas foram abertas, novos serviços solicitados e a população e as rendas municipais também aumentaram em consequência. A cidade de Juiz de Fora se polarizou como prestadora de serviços e centro comercial da região. Em 1850, de acordo com a Lei de Terras, a primeira lei a ordenar a propriedade privada no Brasil, “ficam proibidas as aquisições de terras devolutas por outro título que não seja o de compra” (BRASIL, 1850), ou seja, em pleno caminho para abolição da escravatura, as antigas sesmarias (antes terras devolutas distribuídas a homens livres), após a abolição, não deveriam ser ocupadas por ex-escravos. Foi essa a lei que firmou o latifúndio e execrou a distribuição de terras no país. A história de Juiz de Fora, bem de perto, está ligada ao domínio capitalista da propriedade, desde sua fundação.

Anos mais tarde, Juiz de Fora se viu com constantes problemas relacionados a chuvas, enxurradas e o transbordo do rio Paraibuna. No início do século, “os chamados “problemas urbanos” começaram a se agravar crescentemente e nossa classe dominante começou a ser pressionada a abandonar o discurso e a prática do embelezamento urbano” (VILLAÇA, 2000), como aconteceu na cidade em planos como o de Gustavo Dott, em 1860.

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A gestão de Mello Reis, entre 1970 e 1980, uma das mais expressivas com relação a obras de caráter urbano em Juiz de Fora, foi a que efetivou um número expressivo de remoções e praticamente não destinou investimentos em políticas habitacionais. Incorporar as ocupações informais à paisagem urbana, através de urbanização, definitivamente não fazia parte das intenções do poder público municipal e ainda hoje não faz. A gestão de Mello Reis moldou o perfil de ocupação do espaço urbano, com a periferização e a segregação espacial.

Atualmente Juiz de Fora está passando por um processo de valorização imobiliária em algumas áreas, enquanto, porém, o centro da cidade sofre o processo inverso, de desvalorização. Esse perfil só corrobora com o posto que a cidade está tomando, os investimentos estão vindo para cá e essa é uma cidade do futuro. Juiz de Fora caminha firme em direção ao neoliberalismo e ao posto de cidade-mercadoria e, como diria Otília Arantes (2000), a cidade do mercado é a cidade da minoria privilegiada. A redução populacional, residente na área central, terá consequências como a desertificação noturna e a gentrificação. O ideal, considerando o planejamento urbano como plano solucionador para a cidade, seria tomar iniciativas capazes de melhorar essa situação e reverter o decréscimo populacional.

Juiz de Fora foi uma cidade da industrialização e do café e possui localização estratégica. Os planos e projetos urbanos, retratados pela sua história, foram desenhados para os barões e capitalistas, por e para usufruto deles. O povo marginalizado, expropriado, ocupa áreas informais e ilegais, assim como ocupa-se de atividades ilegais. E é isso que sobra para ele, se sua força de trabalho não tiver valor de capital. Juiz de Fora é uma cidade de capitalistas, ela nasceu para servir a esse sistema. E até os dias de hoje, ela não mudou seu

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perfil; pelo contrário, só se agravou. Vide o bairro Dom Bosco, em meio a grandes empreendimentos imobiliários e de entretenimento e serviços, como o Shopping Independência, os hotéis e residências de luxo e o hospital Monte Sinai.

“No contexto desse cenário, o planejamento urbano é possível?” (MARICATO, 2013)

Isadora Abreu

REFERÊNCIAS:

Ÿ ABREU, Christiane Silva de. Favelas em Juiz de Fora: A ocultação do fenômeno. Libertas, Juiz de Fora, v.4, n.1, p. 146-170, jul / 2010 – ISSN 1980-8518.

Ÿ ARANTES, Otília. Uma Estratégia fatal: a cultura nas novas gestões urbanas. In: ARANTES, O.B.F., VAINER, C. e MARICATO, E. A Cidade do Pensamento Único – Desmanchando consensos. Petrópolis: Vozes, 2000.

Ÿ BOTTI, Carlos Alberto Hargreaves. Outro Histórico. In. Companhia Mineira de Eletricidade. Companhia Energética de Minas Gerais, Centro de Pesquisas Sociais, UFJF, pp. 19-20/ Anuário 2004.

Ÿ BRASIL. Lei nº 601, de 18 de setembro de 1850. Lei de Terras. Presidência da República: Casa Civil - Subchefia para Assuntos Jurídicos, 1850.

Ÿ MARICATO, Erminia. Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana. 6ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

Ÿ OLIVEIRA, Paulino de. História de Juiz de Fora. Juiz de Fora: Dias Cardoso, 1966.Ÿ VILLAÇA, Flávio. Perspectivas do Planejamento Urbano no Brasil de Hoje. Campo

Grande, 2000.

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MANUAL BÁSICO DA CALOURADA:

No curso de Arquitetura e Urbanismo da UFJF, o primeiro período desempenha um papel fundamental: organizar a calourada. Seguem aqui algumas dicas:

Ÿ Arrumem grana: utilizem ao máximo o potencial dos seus calouros para angariar fundos. Eles podem vender rifas, tocar violão na rua ou doar o dinheiro do aluguel. Os calouros que arrecadarem no mínimo R$150,00 entram de graça em todas as calouradas da Arq!

Ÿ Arrumem um local: o ideal é conseguir o espaço do galpão ( o que tem que ser decidido em reunião com o Diretor), mas caso não consigam, procurem uma casa de festas baratinha ou aluguem uma granja.

Ÿ Foquem na bebida e na música: quando se organiza uma calourada, o orçamento é bem apertado. Não tentem alugar 15 strobos. A prioriade é arrumar cerveja e catuaba e uma playlist bacana. Caso vocês consigam o espaço do galpão, invistam em segurança e limpeza também!

Ÿ Data: a calourada parte 1 é sempre realizada no fim da semana do calouro, geralmente quinta ou sexta. Por isso, não há a necessidade de divulgar a festa.

Ÿ Se divirtam: Organização de calourada é um inferninho em que vocês irão provar suas capacidades para seus veteranos, então sejam criativos com a festa, se organizem, não briguem e não deixem de adicionar seus toques pessoais.

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SALADA DE SIGLAS:

UFJF - Uinversidade Federal de Juiz de ForaPROGRAD - Pró-reitoria de graduação PROEX - Pró-reitoria de ExtensãoPROPESQ - Pró-reitoria de PesquisaPROAE - Pró-reitoria de Apoio EstudantilDPRT - Departamento de Representação e TecnologiasDPHT - Departamento de História e TeoriaCACAU - Centro Acadêmico do Curso de Arquitetura e UrbanismoDCE - Diretório Central dos EstudantesFeNEA - Federação Nacional dos Estudantes de ArquiteturaC O M O R G - C o m i s s ã o Organizadora dos encontrosENEA - Encontro Nacional de Estudantes de Arquitetura

EREA - Encontro Regional de Estudantes de ArquiteturaPA - Pinto AmigoCONEA - Conselho Nacional dos Estudantes de Arquitetura e UrbanismoCOREA- Conselho Regional dos Estudantes de Arquitetura e UrbanismoCREA - Conselho Regional de Arquitetura, Engenharia e AgronomiaCAU - Conselho de Arquitetura e UrbanismoCRÉU - Tem que ter disposiçãoCDARA - Coordenadoria de assuntos acadêmicosMAU - Mostra de Arquitetura e UrbanismoEMAU - Escritório Modelo de Arquitetura e UrbanismoRUA - Relações Urbanas e Arquitetônicas

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MOVIMENTO ESTUDANTIL

Talvez isso nunca te afete. Talvez não seja mesmo sua praia. Talvez você já tenha conceitos formados. Talvez você esteja buscando outro caminho. Mas essa página é uma opção. Você pode não ler, ou ler e deixar pra lá, ou ler e ficar com alguma pulga atrás da orelha. Você tem a opção. Na verdade, você sempre tem a opção. Você escolhe quem você é, o que vai fazer, com quem vai fazer. Suas escolhas levam aos resultados. As escolhas das pessoas levam a resultados. E tudo depende da atitude delas. Movimento estudantil. Antes de tudo um Movimento Social, que tem o objetivo de agir nas Escolas e na sociedade. Ele depende das pessoas e das atitudes das pessoas. Ele depende de escolhas. O CACAU é Movimento Estudantil. E

teve muitas conquistas desde sua criação. Hoje ele é a entidade que representa os estudantes de Arquitetura da UFJF. Representa você E mesmo que você não tenha dado sua opinião, não tenha se manifestado, ou nem tenha procurado saber o que passou, ele vai decidir coisas por você.

O que queremos dizer é que você pode escolher ser bem ou mal representado. Mas a escolha é sua. E aí?

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Mais uma conquista dos alunos é a MAU. A Mostra de Arquitetura e Urbanismo acontece anualmente e é promovida pelo Centro Acadêmico - CACAU.São exposições, oficinas, palestras, debates, intervenções, e não podemos esquecer a festa!Geralmente o evento dura uma semana. Tem como proposta interagir todo o curso. Conta com o envolvimento de todos que tem uma coisa em comum, a paixão por arquitetura e urbanismo. É um momento de troca de experiências e aprendizagem, muitas vezes não adquiridas em sala de aula.A 17º MAU, mais recente Mostra, teve o tema de «MAU na rua»Houve uma crescente participação dos alunos! Com palestras e oficinas lotadas!Em 2015 teremos a 18º MAU. É com ansiedade que esperamos mais um evento! Com certeza com ótimos debates, festa e claro, sua participação!

MAU

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EREA & ENEA

Sonho, talvez essa definição abstrata seja a melhor para descrever o que é um Encontro de Arquitetura, algo que somente experimentado em sua plenitude pode ser explicado. Existem 2 tipos de encontro de arquitetura, o das regiões do país EREA, e o encontro nacional ENEA. Esses encontros são organizados pela COMORG (estudantes de todos os períodos, de todas as faculdades). A proposta dos Encontros é promover a integração dos alunos de diversas regiões do Brasil, através de conversas de bar, oficinas, visitas guiadas pela cidade sede, festas, mesas redondas e por aí vai. E tudo isso, claro, com muita Arquitetura envolvida através de uma temática. O último EREA Sudeste, EREA MINAS, ocorreu na cidade de São João Del Rei, em junho, e seu tema foi «Resgate às Tradições». Esse ano o Encontro Nacional também foi pertinho da gente. O ENEA RIO aconteceu no Rio de Janeiro, rolou em julho e agosto, e seu tema foi ‘A Cidade Esconde o Processo’. No ano que vem ocorrerão o EREA PONTES e o ENEA SÃO PAULO. Com certeza sairá um ônibus daqui para esses encontros! Comecem a animar e contar os dias que vai ser muito bom! Fiquem atentos que no decorrer do ano vão aparecendo novas informações sobre esses encontros!

S O N H O Q U E S E S O N H A S ÓÉ SÓ UM SONHO QUE SE SONHA SÓMAS SONO QUE SE SONHA JUNTOÉ REALIDADE R A U L

{ }

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ROCK DE QUINTA

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Outra tradição do curso são os rocks de quinta, que sempre rolam nas quintas feiras depois da aula, geralmente no CACAU ou na rua. Traga sua catuaba e dinheiro pro disk breja e teje pronto pra festa com presença de famosos e clima de paquera, cerveja bonita e gente barata!

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HORÁRIOS

Reuniões do CACAU: terça e quinta 13hReuniões de Departamento: quinta 14hReuniões de Colegiado: quinta 16h

nota 1: os horários podem mudarnota 2: podem haver reuniões extraordináriasnota 3: procure saber o que é cada coisa.

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O aborto da borboleta

Toda borboleta se transformaA bela ou a fera ela se tornaUma dúvida então surgiuMandou a ninhada pra puta q pariu

Por prazer, ela errouA podridão da comunhão dos corposCom efemeridade dos casulos mortosPela arte, gozou

O erro certeiroUm bater de asas pro puteiroA prisão-fetoEnterrouououoo

Nat Tuller,Bernardo Ramalho,Mariana Chiclete,

et. al

POEMINHA BÔNUS:

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