manual de técnicas em ressonância magnética
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Editores
Fernanda Guimarães Meireles Ferreira
Marcelo Souto Nacif
7/24/2019 Manual de Técnicas em Ressonância Magnética
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Manual de Técnicas em Ressonância Magnéca
Copyright © 2011 Editora Rubio Ltda.
ISBN 978-85-7771-076-8
Todos os direitos reservados.É expressamente proibida a reproduçãodesta obra, no todo ou em partes,sem a autorização por escrito da Editora.
Produção e CapaEquipe Rubio
Editoração Eletrônica
Trio Studio
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Manual de técnicas em ressonância magnéca / editores Fernanda Guimarães Meireles Ferreira,Marcelo Souto Nacif . – Rio de Janeiro : Editora Rubio, 2011.
Vários colaboradores.Bibliografia.ISBN 978-85-7771-076-8
1. Imagem de ressonância magnéca 2. Ressonância magnéca – Diagnósco.
3. Ressonância magnéca – Técnicas. I. Ferreira, Fernanda Guimarães Meireles.II. Nacif, Marcelo Souto.
10-10584 CDD 616.07548
Índices para catálogo sistemáco:1. Ressonância magnéca : Técnicas : Medicina
616.07548
Editora Rubio Ltda.Av. Franklin Roosevelt, 194 s/l 204 – Castelo20021-120 – Rio de Janeiro – RJTelefax: 55 (21) 2262-3779 • 2262-1783
E-mail: [email protected]
Impresso no BrasilPrinted in Brazil
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γ: razão giromagnéca
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACR: American College of Radiology
ADC: coeficientes de difusão aparente – apparent di ff usion coe ffi cient
AFOV: campo de visão assimétrico – assimetric fi eld of view
AI: ângulo de inclinação
ALNICO: liga de alumínio, níquel e cobalto
Ângio-RM: angiografia por ressonância magnéca
Anvisa: Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AP: anteroposterior
ARM: angiografia por ressonância magnéca
ARM-PC: ângio-RM por contraste de fase – ARM phase contrast
ARM-SD: ângio-RM por subtração digital
ARM-TOF: ângio-RM com tempo de voo – ARM me of fl ight
ATM: arculação temporomandibular
AVE: acidente vascular encefálico
AVEi: acidente vascular encefálico do po isquêmico
B0: potência do campo magnéco
BOLD: contraste dependente do nível de oxigenação do sangue – blood oxigen
level-dependent contrast
BPM: badas por minuto – beats per minute
*Como não há ainda no Brasil um consenso para tradução de termos nessa área, deixamos muitas abreviaturascom o significado apenas em inglês.
Abreviaturas
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CA: agente de contraste – contrast agent
CBR: Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnós
co por ImagemCCIP: cateteres centrais de inserção periférica
CHM: UK Commission on Human Medicines
CHMP: Commiee for Medicine Products for Human Use
Cho: colina
Cine-RM: cinerressonância magnéca
Cr: creana
CSI: imagem do deslocamento químico – chemical shi imaging
CTE: comprimento do trem de ecos
dB: decibel
dB/dt: taxa de mudança no campo magnéco
DIL: declínio (ou decaimento) de indução livre
DP: densidade de prótons
DRC: doença renal crônica
DTI: imagem do tensor de difusão – di ff usion tensor imaging
DTPA: dielenotriamino pentacéco marcado com tecnécio-99mDWI: imagem ponderada em difusão – di ff usion weighted imaging
ECD-99mTc: dímero elcisteinato marcado com tecnécio-99m
ECG: eletrocardiograma
EDR: limite dinâmico estendido (parâmetro que permite operar com 32 bits) – ex-
tended dynamic range
EPI: técnica de imagem ecoplanar – echo planar imaging
EPO: eritropoena
ET: trem de eco – echo train
ETL: espaçamento do trem de ecos – echo train lenght
FASTCARD: ga ng cardíaco rápido – fast cardiac ga ng
FAT SAT: saturação de gordura – fat satura on
FAT SUP: supressão de gordura – fat supression
FC: compensação de fluxo – fl ow compensa on
FDA: Food and Drug Administraon
FEM: força eletromotriz
FFE: GRE ultrarrápida – fast fi eld echo
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FFT: transformada rápida de Fourier – fast Fourier transform
FGRE: gradiente-eco rápido – fast gradient-echoFID: decaimento da indução livre – free induc on decay
FIESTA: fast imaging employing steady state acquisi on
FLAIR: inversão-recuperação com atenuação líquida – fl uid a enuated acquision
in inversion recovery
FLASH: sequência gradiente-eco rápida com pequenos ângulos de excitação – fast
low angle shot
fMRI: ressonância magnéca funcional – func onal magne c resonance imaging
FOV: campo de visão – fi eld of view
FSE: spin-eco rápida – fast spin echo
FSN: fibrose sistêmica nefrogênica
FT: transformada de Fourier – Fourier transform
FWHM: largura máxima a meia altura – full width at half maximum
G: Gauss
Gd: gadolínio
GD-DOTA: gadoterato de meglumina – gadoterate meglumineGD-DTPA: gadopentetato de dimeglumina – gadolinium diethylene triamine penta-
ace d acid
GD-DTPA-BMA: gadodiamida – gadodiamide
GEMS: gradiente-eco de muldetectores – gradiente echo mul slice
Gln: glutamina
Glu: glutamato
GRASE: gradiente-eco e spin-eco – gradient and spin echo
GRASS: gradient recalled acquisi on in steady state
GRE: gradiente-eco
H2: hidrogênio
HASTE: sequência rápida spin-eco de acionamento único – half fourier single shot
turbo spin echo
He: hélio
IEC: Internaonal Electrotechnical Commission
IEP: imagem ecoplanarINMETRO: Instuto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
IR: inversão-recuperação – inversion recovery
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IRC: insuficiência renal crônica
IT: tempo de inversão – inversion meLAVA: liver acquisi on volume accelera on
LCR: líquido cafalorraquidiano
MAV: malformação arteriovenosa
MC: meio de contraste
MCBO: meios de contraste de baixa osmolalidade
MC-Gd: meios de contraste à base de gadolínio
MERGE: mul ple echo recombined gradient echo
MESS: mul ple echo single shot
MHz: mega-hertz
ML: magnezação longitudinal
mI: mioinositol
MIP: projeção de intensidade máxima – maximum intensity projec on
MOTSA: angiografia com cortes finos múlplos superpostos – mul ple overlapping
thin-slab acquisi on
MPGR: (sequência de pulsos que representa a combinação de sequência gradien-te-eco com spin-eco e adquire dados sequencialmente e não de corte a corte) –
mul -planar gradient recalled acquisi on in the steady state
MPRAGE: magne za on prepared rapid gradient echo
MRS: espectroscopia por ressonância magnéca – magne c resonance
spectroscopy
MSMP: obtenção de imagem mulsseção e mulfase – mul -slice, mul -phase
imaging
MSSP: obtenção de imagens mulcorte e de fase única – mul -slice, single phaseimaging
MT: transferência de magnezação – magne za on transfer
mT: militesla
NAA: N-acelaspartato
NEX: número de excitações
Nf : número de codificações de fase
NP: não envolvimento da imagem na direção da fase – no phase
PACS: sistema de comunicação e arquivamento de imagens – picture archiving
communica on systems
PC: contraste de fase – phase contrast
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PCA: angiorressonância por contraste de fase – phase contrast angiography
PD: densidade de prótons – proton densityPE: codificação de fase – phase encoding
PET: tomografia por emissão de pósitrons – positron emission tomography
Pmax: intensidades de pixel máximas
Pmin: intensidades de pixel mínimas
PMRS: espectroscopia de prótons por ressonância magnéca – proton magne c
resonance spectroscopy
ppm: partes por milhão
PRESS: espectroscopia com resolução pontual – point resolved spectroscopy
PROBE: exame do cérebro por espectroscopia de prótons – proton brain
examina on
PSD: base de dados de uma sequência – pulse sequence database
PSIR: inversão-recuperação sensível à fase – phase sensi ve inversion recovery
PWI: imagem ponderada por perfusão – perfusion weighted imaging
rCBF: fluxo sanguíneo cerebral relavo – rela ve cerebral blood fl ow
rCBV: volume sanguíneo cerebral relavo – rela ve cerebral blood volumeRF: radiofrequência
RFG: ritmo de filtração glomerular
RL: direita/esquerda – right/le
RM: ressonância magnéca
RMC: ressonância magnéca cardíaca
RMf : ressonância magnéca funcional
rMTT: tempo de trânsito médio relavo – rela ve mean transit me
RNM: ressonância nuclear magnéca
ROI: região de interesse – region of interest
ROPE: codificação de fase ordenada da respiração – respiratory ordered phase
encoding
RSR: relação sinal-ruído
rTTP: tempo de pico relavo – rela ve me to peak
SAR: taxa de absorção especí fica – speci fi c absorp on rate
SAT: saturaçãoSE: spin-eco – spin-echo
SENSE: sensi vity encoding
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SI: superior-inferior
SPAIR: seleção espectral atenuada de sequência IR – spectral selec on a enuatedinversion recovery
SPECT: tomografia por emissão de fóton único – single photon emission computed
tomography
SPGR: gradiente-eco reduzido – spoiled gradient recalled
SPIR: spectral presatura on inversion recovery
SSFP: precessão livre no estado estacionário – steady state free precession
SSTSE: sequência spin-eco de acionamento único – single shot turbo spin echo
ST: espessura de corte – slice thickness
STIR: inversão-recuperação com tempo de inversão curto – short TI inversion
recovery
SUS: Sistema Único de Saúde
T: tesla
T1: tempo 1 de relaxação
T1WI: imagem ponderada em T1
T2*: tempo 2 estrela de relaxaçãoT2: tempo 2 de relaxação
T2WI: imagem ponderada em T2
TC: tomografia computadorizada
TE: tempo de eco
TEef : tempo de eco efevo
TFE: gradiente-eco rápida – turbo fi eld echo
TFG: taxa de filtração glomerular
TI: tempo de inversão
TOF: tempo de voo – me of fl ight
TOF-2D: tempo de voo bidimensional – me of fl ight bidimensional
TOF-3D: tempo de voo tridimensional – me of fl ight tridimensional
TR: tempo de repeção
TRF: parâmetro de ajuste do pulso de radiofrequência – tailored radio frequency
TSE: turbo spin-eco
U: uniformidade da imagemUS: ultrassonografia
VBw: largura de banda variável – variable bandwidth
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VE: ventrículo esquerdo
VENC: velocidades de codifi
cação do sinal – velocity encodingVIBE: volumetric interpolated breath hold examina on
VIBRANT: volume imaging for breast assessment
VME: vetor da magnezação efeva
Voxel ckness: espessura do corte
W0: frequência de precessão
WL: frequência de Larmor
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INTRODUÇÃO
Desde 1982, o uso da imagem por ressonância magnéca (RM) cresce de ma-
neira exponencial e migra rapidamente de um contexto de pesquisa para um
contexto clínico, superando a rapidez de evolução de qualquer outra técnica
de aquisição de imagens.
Em 1997, o American College of Radiology (ACR) introduziu a cerfica-
ção para as instalações de serviços de RM nos EUA com base nas exigências
condas em suas publicações e, somente em 2001, criou um documento de
orientação para práticas seguras em RM. Este documento foi revisado,
modificado e atualizado em 2007 em decorrência de relatos detalhados
de incidentes adversos envolvendo pacientes, equipamentos e funcioná-
rios de diversos serviços de RM.
No Brasil, não há normas publicadas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) ou pelo Instuto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (INMETRO) acerca de assuntos pernentes à qualidade
da imagem e à segurança em RM. No entanto, de acordo com o Programa
Normavo Brasileiro, na ausência de normas nacionais publicadas são válidas
as normas internacionalmente reconhecidas.
O Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnósco por Imagem (CBR), seguindo
a tendência de cerficação promovida pelo ACR, lançou um programa de quali-
ficação dos serviços de diagnóscos de RM no Brasil que requer o cumprimento
de uma série de exigências para aprovação, tais como: exigências a respeito do
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corpo clínico, do corpo técnico e da avaliação de exames, mais especificamente
de crânio (incluindo espectro, difusão e perfusão), de angiorressonância, de -
gado, de ombro e de coluna cervical, todos com os respecvos laudos e com os
parâmetros das sequências bem discriminados. Além disso, a aprovação ainda
conta com o cumprimento de exigências feitas pela Vigilância Sanitária, ou seja,
o Selo de Qualidade concedido pelo CBR reconhece apenas a estrutura do servi-
ço de RM – clínica ou hospital –, bem como as imagens e os laudos dos exames.
Não há critério estabelecido em relação a testes para avaliação do equipamento
de RM nem regulamento para segurança, não somente do paciente, mas igual-
mente dos acompanhantes e dos profissionais do serviço, mesmo aqueles que,ocasional ou raramente, se encontram sobre os efeitos do campo magnéco.
Assim, observando a importância atribuída à segurança no cenário inter-
nacional e a insipiência desta preocupação na realidade brasileira,fica eviden-
te a necessidade de sistemazar procedimentos de segurança em nosso país.
No intuito de oferecer um panorama da ulização desta tecnologia pelo
Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, os dados obdos pelo Ministério da
Saúde (2001) evidenciam aumento de mais de 200% (de 22.421 para 83.943)na realização de procedimentos de RM no período de 1998 a 2000.
Segundo dados do Instuto Brasileiro de Geografia e Esta sca (IBGE),
em 1999 havia 289 equipamentos de RM instalados no Brasil; em 2005, este
número aumentou para 549, sendo a região Sudeste a detentora da maior
quandade de equipamentos de RM (311), seguida pelas regiões Nordeste
(88), Sul (87), Centro-Oeste (45) e Norte (18). Esses dados comprovam que a
ressonância magnéca está ganhando destaque na área de diagnósco por
imagem; portanto, é fundamental conhecer as propriedades sicas deste
exame e os cuidados básicos em um serviço de RM.
LEITURA RECOMENDADA
American College of Radiology (ACR). MRI Accreditaon Program requirements. ACR Technical
Standart for Diagnosc Medical Physics Performance Monitoring of Magnec Resonance
Imaging (MRI) Equipment, 1999 (hp://www.acr.org).Colégio Brasileiro da Radiologia. Normas básicas para inscrição no programa de selo de qualidade
em ressonância magnéca. Informavo do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnósco por
Imagem. 2002, 177(nov.). São Paulo.
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O mais ango experimento biológico em RM de que se tem no cia foirealizado na Universidade de Stanford (EUA), logo após a descoberta do fenô-
meno, quando Bloch obteve um forte sinal de RM ao inserir o dedo na bobina
de radiofrequência de seu espectrômetro.
No período entre 1950 e 1970, a RM foi desenvolvida e ulizada para aná-
lises moleculares sicas e químicas.
Em 1970, o médico norte-americano Raymond Damadian observou que
havia em ratos diferenças significavas na resposta à excitação magnéca
entre os tecidos normais e aqueles com tumores malignos quando ambos
eram bombardeados por um pulso de RF ressonante, já que emia dois pos
de sinais diferentes à medida que os momentos dos dipolos magnécos dos
tecidos relaxavam para o equilíbrio.
Esses sinais variavam em suas caracteríscas de contraste na imagem, na
dependência de o tecido ser saudável ou não, pois a célula saudável é menos
permeável ao fluxo de água que a célula doente, com movimentos de água
mais abruptos, de modo que as taxas de relaxamento são mais curtas. Já a
célula doente é relavamente maior e tem uma membrana mais fina e mais
permeável à água. O fluxo de entrada e saída da água é geralmente livre e
Figura 2.1 (A e B) Felix Bloch (A) e Edward Purcel (B) receberam o Prêmio Nobel de
Física em 1952 pelo desenvolvimento de novos métodos de medição precisa do
magnetismo nuclear
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Princípios Básicos 19
(equação 3.4)
em que, como mostra a equação 3.1, a razão entre as grandezas vetoriais é a
constante escalar γ.Substuindo a úlma equação, temos:
(equação 3.5)
Além do valor de ω0, a equação 3.5 indica que o sendo da precessão éo mesmo do campo magnéco. Este fenômeno é conhecido como Preces-
são de Larmor1 (Figura 3.2), e ω0 corresponde à frequência de Larmor em
unidades de megahertz (MHz).
Parndo para conceitos quâncos, a direção do campo magnéco estáco,
arbitrada como a direção z do sistema de coordenadas, é a direção na qual está
ω0 = (μ/L) × |B|
ω0 = γ × B
0
1 Precessão de Larmor: demonstrada pelo sico irlandês Joseph Larmor, corresponde à alteração da veloci-
dade do movimento giratório.
Figura 3.2 Precessão de Larmor
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Princípios Básicos 25
Pela relação de Larmor, o campo de indução magnéca experimenta-
do pelos prótons determina a frequência de precessão; portanto, as não
homogeneidades dos campos magnécos locais produzirão frequências
precessionais ligeiramente diferentes, ocasionando perda de coerência ou
defasagem transversa (Figura 3.7). Essa perda de coerência traduz-se na
perda da corrente induzida na bobina receptora de RF; portanto, o sinal de
RF detectado pela bobina será muito menor do que se esvesse em fase,
para uma mesma DP.
Figura 3.6 O decaimento do T2 corresponde à deterioração da magnetização transversal
em razão da interação dos campos magnéticos individuais dos núcleos. Todos
os núcleos giram inicialmente em fase (como indicado pela posição similar das
faixas escuras na parte inferior de cada círculo); em seguida, movimentam-se fora
de fase (com as faixas escuras em posições diferentes)
Figura 3.7 A deterioração de T2* é o decaimento da magnetização transversal por causa
da heterogeneidade do campo magnético, em que alfa = fl ip angle (ângulo de
inclinação) e B0 = campo magnético externo
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Como esse declínio depende de imperfeições do campo magnéco e não
do paciente, esse efeito T2* contém poucas informações úteis a respeito da
amostra e é eliminado com a aplicação de um pulso de RF de 180 graus após
a aplicação do pulso de RF de 90 graus. Esta é uma das razões para a necessi-
dade de se manter alta homogeneidade no campo magnéco principal.
Como dito anteriormente, durante o pulso de 90 graus, perde-se a mag-
nezação longitudinal; em outras palavras, ganha-se magnezação transver-
sa (Figura 3.8) e, após o pulso de 180 graus, o comportamento é inverso, ou
seja, recupera-se a magnezação longitudinal.
Por definição, T2 (ms) é o tempo necessário para reduzir a magnezação
transversa (plano xy) a 37% de seu valor original após o pulso de RF de 90
Figura 3.8 Recuperação do vetor da magnetização longitudinal (pulso de 180 graus)
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Meios de Contraste e Reações Adversas 69
* O Opmark® só é ulizado nos EUA.
FSN: fibrose sistêmica nefrogênica.
Fonte: adaptada de Karam MAH. Risco de fibrose sistêmica nefrogênica com o uso de contraste à base de gado-línio em doença renal crônica. J Bras Nefrol 2008; 30(1):66-71.
NomeEstrutura
química
Vias de
eliminaçãoLigação
Carga
proteica
Relato de
FSNGenérico Comercial
Gadodiamida Omniscan® Linear Renal Não Não iônica Sim
Gadoversetamida Opmark®* Linear Renal Não Não iônica Sim
Gadopentato de
dimeglumina
Magnevist®,
Magnograf®Linear Renal Não Iônica Sim
Gadopentato de
dimegluminaMulHance® Linear
97% renal
3% biliar<5% Iônica Não
Ácido gadoxéco Primovist® Linear50% renal
50% biliar<15% Iônica Não
Gadofosveset Vasovist® Linear95% renal
5% biliar>85% Iônica Não
Gadoteridol ProHance® Cíclico Renal Não Não iônica Não
Gadobutrol Gadovist® Cíclico Renal Não Não iônica Não
Gadoterato de
megluminaDotarem® Cíclico Renal Não Iônica Não
Tabela 4.2 Quelatos de gadolínio autorizados pela União Europeia para uso clínico
O conhecimento atual sobre as propriedades dos diferentes agentes de
gadolínio e a incidência da FSN quando são usados em pacientes de risco
estão sumarizados na Tabela 4.2.
QUESTIONÁRIO PARA A ADMINISTRAÇÃO DOS MEIOS DECONTRASTE EM RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
A Tabela 4.3 apresenta o quesonário para administração de MC em RM. Ele
deve ser respondido e assinado pelo paciente ou responsável e com visto do
médico responsável.
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INTRODUÇÃO
Neste capítulo são descritos os equipamentos necessários para completar o pro-
cesso de produção de imagens por ressonância magnéca (RM). Apesar da va-
riedade de sistemas de obtenção de imagem por RM disponível, os instrumentos
têm os mesmos subsistemas básicos (Figura 5.1), que podem ser divididos em:
■ Magneto principal. ■ Bobinas de gradientes de campo magnéco.
■ Transmissor e receptor de radiofrequências (RF).
■ Processador de imagens.
■ Sistema de computadores.
Figura 5.1 Componentes básicos e a “arquitetura” de um sistema de ressonância magnética
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Instrumentos e Equipamentos 81
Figura 5.4 (A a C) Modelo Symphony ® da Siemens 1,5T (aparelho do Hospital de Clínicasde Niterói – RJ) (A); Verio ® da Siemens de 3T (B) e Achieva ® da Phillips de 3T
(C). (Imagens cedidas pelo Departamento de Radiologia do National Institutes of
Health/Clinical Center [Bethesda, EUA])
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Manual de Técnicas em Ressonância Magnética88
Figura 5.7 (A a C) Bobinas de arranjo de fase são bobinas múltiplas que trabalham de forma
conjugada reproduzindo o sinal de uma região com melhor RSR
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Instrumentos e Equipamentos 89
Bobinas de quadratura
São duas ou mais bobinas de super
cie (Figura 5.8), conjugadas de forma quese obtenha simultaneamente o sinal de uma mesma região. Apresentam RSR
melhor se comparadas às bobinas de super cie comuns.
Unidade de controle de pulsos
As bobinas de gradiente são avadas e desavadas muito rapidamente e em
momentos precisos durante o procedimento de exame do paciente.
Figura 5.8 (A e B) Exemplos de bobinas de quadratura para exames de crânio
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Manual de Técnicas em Ressonância Magnética116
Dessa forma, as regiões fora do campo de visão são erroneamente codifi-
cadas e aparecem “dobradas” e em cima da estrutura examinada, sobrepon-
do-se a esta úlma, como mostra a Figura 7.1.
Uma das maneiras de se suprimir o artefato de dobra é tornar o FOV su-
ficientemente grande para incluir toda a área a ser estudada. Uma segunda
maneira, mostrada na Figura 7.2, é trocar a direção da frequência e da fase,
para que a fase seja codificada na menor direção da dimensão da área de
estudo. A vantagem é que essa orientação possibilita a ulização de uma
matriz retangular com menos codificações de fase e com a mesma resolução
espacial. No entanto, este método também também pode produzir outros ar-
tefatos (imagens fantasmas, artefato de deslocamento químico), o que limita
a sua ulidade.
Em especial no plano coronal, o FOV é menor do que a imagem a ser es-
tudada, e isso pode causar não só o artefato de dobra, mas também criar um
po de interferência conhecido como artefato de moiré ou de franja. A homo-
geneidade do campo principal sobre o FOV degrada as bordas, causando uma
Figura 7.1 Imagem de artefato de dobra
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Como lidar com Artefatos 117
diferença de fase nas mesmas. A sobreposição dos sinais de um lado ao outro
do corpo, com fases mal combinadas, produz o artefato de moiré.
Artefato de ponto (herringbone )
Gradientes aplicados em um ciclo muito elevado, como os gradientes da
imagem ecoplanar, podem gerar pontos de dados ruins, ou um ponto deruído no espaço-k com intensidade muito alta ou muito baixa. A convo-
lução desse ponto com toda a informação restante da imagem durante a
transformada de Fourier (FFT, do inglês fast Fourier transform) resulta em
listras escuras na imagem.
O deslocamento do ponto de ruído do centro do espaço-k determina
a formação angular das faixas e a distância entre as mesmas, ao passo que a
intensidade do ponto determina a rigidez do artefato.
O ponto de ruído geralmente ocorre em razão da perda de conexões elétricas
ou do rompimento das interconexões em uma bobina de RF; normalmente é um
artefato transiente, que pode se tornar crônico se não for reparado.
Figura 7.2 Resultado das trocas de direção da frequência e da fase em artefato de dobra
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Como lidar com Artefatos 121
o campo magnéco resultante, sendo chamada de paramagnéca. No se-
gundo caso, tem suscebilidade magnéca negava e enfraquece o campo
magnéco resultante, sendo chamada diamagnéca.
O artefato de suscebilidade magnéca, mostrado na Figura 7.4, é comu-
mente encontrado na presença de ar, metal, cálcio ou meio de contraste ga-dolínio concentrado; aparece como hipointensidade focal de sinal envolvida
por um halo hiperintenso, e pode estar associada à distorção da anatomia
dos tecidos circunjacentes.
Vários métodos podem reduzir ou modificar os artefatos de suscebilida-
de magnéca:
■ Sequências spin-eco são menos propensas a esses artefatos do que as
sequências gradiente-eco e sequências ecoplanares.
■ Modificar a direção da codificação da frequência e da fase provoca mo-
dificação também na direção dos artefatos de suscebilidade magnéca,
mas sem os eliminar.
Figura 7.3 Exemplo de artefato de excitação cruzada
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Manual de Técnicas em Ressonância Magnética122
■ Um curto TE resulta em menos tempo para a defasagem do sinal e reduz
perdas. Além disso, podem ser empregados um voxel menor, largura de
banda maior, e até mesmo realizar o exame em equipamento com campo
magnéco de menor intensidade.
Artefatos de movimento
A movimentação do paciente durante a aquisição da imagem geralmen-
te produz um artefato considerável na imagem, que aparece como um
borrão ou como a formação de outra imagem no sentido da codificação
da fase.
Fantasmas (ghost ) ou borrões (blurring) nas imagens são os mais frequen-
tes artefatos em RM. Os artefatos de movimento resultam principalmente de
dois efeitos: view-to-view e within-view .
O primeiro efeito (view-to-view ) decorre da movimentação que acontece
durante a aquisição de níveis de codificação de fase, e leva a uma reconstru-
ção da imagem ao longo do eixo de fase. Quando o movimento é periódico
Figura 7.4 Exemplo de artefato de suscetibilidade magnética
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Como lidar com Artefatos 123
(ou seja, ocorre de maneira regular) o resultado é completa ou incompleta
replicação dos tecidos em movimento, sendo este artefato comumente cha-
mado de fantasma.
Movimentos fisiológicos que costumam resultar em artefatos fantasmas
incluem movimentos respiratórios, como mostra a Figura 7.5, e outros, como
bamentos cardíacos e pulsação arterial.
A intensidade dessas imagens fantasmas torna-se mais extrema com a
intensidade e a amplitude dos movimentos.
Figura 7.5 Exemplos de artefato de movimento
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Segurança 141
Os treinamentos devem ser realizados por um sico médico ou por enge-
nheiros do próprio fabricante do aparelho de RM. Funcionários de diferentes
níveis devem ser treinados de acordo com as seguintes especificações:
■ Nível 1: todos os funcionários de uma filial onde haja equipamento
de RM.
■ Nível 2: pessoal de limpeza, de manutenção e de recepção.
■ Nível 3: médicos, anestesistas, profissionais de enfermagem, técnicos de
tomografia computadorizada (TC) e de radiologia.
Figura 8.6 Pacientes com queimaduras resultantes de acidentes em exames de RM
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Segurança 145
distância adequada do sistema de RM pode ser suficiente para proteger a
operação do aparelho e ajudar a evitar que o mesmo seja atraído, provo-
cando o efeito míssil.
Uma fonte primária de interações adversas entre o sistema de RM e os mo-
nitores fisiológicos tem sido a interface entre o paciente e o equipamento, que
geralmente exige um cabo condutor ou outro equipamento que, próximo ao sis-
tema, pode ser uma fonte potencial de queimaduras para o paciente. Em virtude
Figura 8.8 A falta de orientação do pessoal do serviço de RM pode causar acidentes
envolvendo aparelhos e objetos presos no magneto
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Manual de Técnicas em Ressonância Magnética146
disso, podem ser seguidas algumas recomendações para se evitar a ocorrência
de possíveis acidentes:
■ Remover quaisquer disposivos do ori cio do magneto não necessários
para o procedimento.
■ Posicionar o paciente de modo a impedir o contato direto de sua pele
com o ori cio do magneto ou com uma bobina de super cie de RF.
Fazer uso de acolchoamento não condutor com espessura mínima de
0,6cm entre a pele do paciente e o ori cio do magneto, como mostra
a Figura 8.9.
■ Usar somente bobinas de RF aprovadas que não estejam danificadas e
verificar a integridade do isolamento elétrico dos componentes ou dos
acessórios do disposivo.
■ Posicionar todos os cabos e fios de derivações dos aparelhos de monito-
ração que façam contato com o paciente de tal modo que não formem
alças condutoras.
■ Posicionar os cabos de RF descendo pelo centro e diretamente para fora
do ori cio, sem enrolá-los nem dobrá-los. ■ Digitar o peso correto do paciente para prevenir exposição excessiva à RF.
Figura 8.9 Coxins utilizados para prevenir o contato direto do paciente com o orifício do
aparelho, evitando queimaduras e mantendo o paciente em uma posição correta
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Manual de Técnicas em Ressonância Magnética168
PC usam-se os desvios de fase (Figura 9.6) induzidos pela velocidade para
disnguir-se o fluxo sanguíneo do tecido circundante (tecido estacionário).
Como o contraste do fluxo sanguíneo e do tecido estacionário é relacio-
nado com a velocidade do sangue, mais do que com o tempo 1 de relaxação
(T1) desse tecido, este método possibilita supressão dos tecidos estacioná-
rios e condições para medidas quantavas da velocidade do sangue.
Assim como a ARM-TOF, a ARM-PC aplica-se tanto à aquisição bidimensio-
nal quanto à tridimensional. A técnica 2D proporciona tempos de aquisição
de imagens aceitáveis (1 a 3 minutos) e informações sobre a direção do fluxo.
Já a técnica 3D é ulizada para planos finos, con guos ou sobrepostos, o que
reduz a defasagem intravoxel, possibilitando a observação de vasos em qual-
quer direção, com completa supressão do fundo da imagem.
As aquisições 2D às vezes não podem ser reformatadas e vistas em outros
planos de imagem, mas as imagens de aquisições em 3D podem ser reforma-
Figura 9.5 Técnica MOTSA. Vários volumes do tecido de interesse a ser estudado são
excitados separadamente, em sequência, e depois reconstruídos, diminuindo a
saturação indesejada
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Angiografia por Ressonância Magnética 169
tadas em vários planos; a grande desvantagem da ARM-PC em 3D é o tempode exame que pode ser de 15 minutos ou mais.
A ângio-RM por PC pode ser sensível ao fluxo vagaroso em pequenos va-
sos, além de servir para enfazar estruturas arteriais. A escolha do sistema
vascular a ser estudado se faz a parr da escolha de diferentes velocidades
de codificação do sinal (VENC, do inglês, velocity encoding). Velocidades de
codificação altas enfazam estruturas arteriais, e velocidades baixas enfa-
zam estruturas venosas.
Pode-se dizer genericamente que, quando os prótons têm velocidades de
fluxo diferentes em um mesmo voxel , é acumulada uma série de mudanças
de fase ou defasamento.
Existem várias estratégias técnicas para se alterar a representação do sinal
nas ângio-RM, para se obter uma melhora na qualidade das imagens. Um pa-
râmetro importante já mencionado é o VENC, que pode variar em cen metros
por segundo. Outra forma seria a ulização de meio de contraste paramagné-
co. A Tabela 9.2 resume as vantagens e desvantagens da ARM-PC.
Figura 9.6 (A e B) Princípios básicos das aquisições da técnica de PC: são emitidos dois
pulsos de saturação opostos um ao outro, funcionando como um sistema de
resultantes. Nos spins móveis (A), representados pelo sangue, a resultante é
diferente de zero, levando a um vetor que corresponde a um desvio de fase. Já no
tecido estacionário (B) a resultante é igual a zero (ilustração idealizada pelo autor)
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Manual de Técnicas em Ressonância Magnética170
Ângio-RM com gadolínioÉ a principal forma de estudo vascular ulizada atualmente; representa a
imagem do fluxo sanguíneo dentro do vaso, sendo bastante diferente da an-
giografia convencional, que demonstra o lúmen do vaso.
A necessidade de estudo do parênquima de um órgão ou da perfusão, além
do estudo arterial, faz com que alguns conceitos básicos sejam fixados para que se
detecte a presença de lesões focais. Sendo assim, no exame dos rins, por exemplo,e na fase pré-contraste das imagens em T1, o córtex renal é discretamente hipe-
rintenso em relação à medula. Esse sinal elevado, todavia, depende da idade do
paciente e do seu estado de hidratação. Em T2, a medula renal, por conter mais
água do que o córtex, aparece discretamente hiperintensa. Por isso, a técnica
de imagem em T1 com supressão de gordura é atualmente a preferida, pois
tem maior acuidade na detecção de pequenas lesões renais.
Para o estudo arterial, as GRE são especialmente úteis, pois o uso de tem-
pos de repeção extremamente baixos determina melhor supressão do si-
nal tecidual e maior velocidade de aquisição. A aquisição mais rápida torna
possível a obtenção dos dados em formato volumétrico tridimensional, com
grande bene cio nas reconstruções de pós-processamento.
Uma sequência tridimensional GRE ultrarrápida, como a fast fi eld echo
(FFE), é a técnica mais adequada para o estudo de ângio-RM. A potência ou
a capacidade dos gradientes disponíveis e a intensidade do campo magnéco
interferem na redução do tempo de repeção (TR). Equipamentos mais mo-
dernos, com gradientes eficientes, podem levar a tempos de repeção de apro-
ximadamente 3ms.
Tabela 9.2 Vantagens e desvantagens da angiorressonância por PC
Vantagens Desvantagens
Codificação de inúmeras velocidades, o que
possibilita a seleção de fluxos lentos e rápidos
Tempo de eco longo
Excelente supressão no fundo da imagem Efeitos de turbulência
Intensidade de sinal relacionada com a
velocidade de fluxo
Sensibilidade a movimentos
Artefatos e distorção (suscebilidade)
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Ressonância Magnética Cardíaca e suas Principais Técnicas 191
demora a lavar, criando uma concentração diferencial elevada entre os dois
tecidos. Na associação com as diferenças de concentração do contraste, a se-
quência de pulso em que se usa IR demonstra as diferenças de intensidade do
sinal na imagem RM, gerando uma excelente relação contraste-ruído do mio-
cárdio normal e do miocárdio lesionado. Em seres humanos com infarto do
miocárdio, a sequência tardia no estudo do miocárdio após injeção de gado-
línio pode não apenas detectar e quanficar a fibrose miocárdica, como tam-
bém avaliar a viabilidade do miocárdio. Isso pode antever a recuperação fun-
cional das anormalidades contráteis da parede do VE após a revascularização.
O realce miocárdico tardio transformou-se no melhor método não invasivo
para avaliação de fibrose ou necrose miocárdica causadas por infarto do mio-
cárdio, agudo ou crônico, ou por outras doenças não isquêmicas (Figura 10.7).
A análise quantava por planimetria pode ser executada a fim de se ob-
ter em massa do VE e a extensão total do realce tardio, apresentadas como
porcentagens da massa do VE, nas imagens em eixo curto em realce tardio. Uma
análise semiquantava é ulizada para avaliação da transmuralidade do realce
tardio no modelo do segmento padrão 17 do VE. A transmuralidade miocárdicado realce é geralmente classificada como menor que 25%, 25% a 50%, 50% a
75% e menor que 75% da área visual de cada segmento que é realçado. Além
disso, cada segmento pode ser classificado como tendo um de quatro pos
padrões predominantes do realce miocárdico: subendocárdico, mesocárdico,
subepicárdico e transmural.
Figura 10.7 (A a C) Três diferentes imagens de realce tardio. IR sensível à fase (PSIR) no
eixo curto de um coração normal (A); IR fl ash segmentado (B); e IR de pulso
único (single shot ) (C). As imagens B e C mostram um infarto no território da
coronária descendente anterior com sinais de obstrução microvascular
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Manual de Técnicas em Ressonância Magnética192
Figura 10.8 Imagem de fluxo mostrando as variações entre o fluxo na aorta ascendente e na
aorta descendente
Mapa de velocidade
Uma variante do gradiente eco – a técnica de contraste de fase (PC) –, usadapara medir diretamente o fluxo, é úl para se quanficar a gravidade do re-
gurgitamento valvar e da estenose, esmar o tamanho da derivação, e avaliar
a gravidade da estenose vascular arterial. Os pacientes com doença cardíaca
podem beneficiar-se com esta técnica, parcularmente para medidas do vo-
lume regurgitante valvar e da via de saída do VE (Figura 10.8).
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Manual de Técnicas em Ressonância Magnética204
ESPECTROSCOPIA POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (ERM)A ERM mostra a distribuição dos metabólitos cerebrais com base no desvio
químico dos prótons em seu interior, que é uma propriedade determinada
pelo ambiente químico dos prótons em questão.
O histórico da RM está focado no estudo espectral, como podemos obser-
var nestes breves comentários:
■ Com estudos realizados desde 1946, Felix Bloch (da Universidade de Stan-
ford), com a teoria do magnesmo, e Edward Purcell (Harvard), com a
análise química por espectroscopia, ganharam o Nobel de Física em 1952.
Com seus estudos iniciaram-se as pesquisas e os avanços que hoje são tão
Figura 11.4 Perfusão cerebral por RM. Observar o mapa com padrão de perfusão normal e
simétrico em ambos os hemisférios cerebelares. Através desses mapas podemos
calcular os volumes sanguíneos que passam pelo encéfalo e compará-los entre
as diversas regiões do parênquima. Esta sequência é muito útil na análise de
tumores e do acidente vascular encefálico (AVE)
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Manual de Técnicas em Ressonância Magnética206
Figura 11.6 Paciente do sexo feminino com doença de Alzheimer. Espectroscopia mostrando
redução do NAA e elevação do MI. Taxa MI/NAA elevada
Figura 11.5 Espectroscopia por RM normal
■ Colina (Cho): é um marcador de proliferação celular. Em casos de tumores
ou doenças infecciosas, seu traçado espectral estará elevado. Na curva,esse traçado encontra-se localizado em 3,2ppm (Figura 11.7).
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Avanços em Neuroimagem 213
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A neuroimagem é um tópico em constante ebulição e crescimento; o que
torna di ceis a compreensão e o acompanhamento de sua evolução. Muitos
dados são oriundos de pesquisas iniciais e precisam ser validados. No entan-
to, já dispomos de dados que podem ser ulizados no dia a dia com precisão.
LEITURA RECOMENDADABitar R, Leung G, Perng R, Tadros S, Moody AR, Sarrazin J,et al. MR pulses sequences: what
every radiologist wants to know but is afraid to ask. Radiographics 2006; 26:513-37.
Brant WE, Helms CA. Fundamentos de radiologia e diagnósco por imagem. 3 ed. Rio de Janei-
ro: Guanabara Koogan, 2008. p. 3-52.
Dong Q, Welsh RC, Chenevert TL, Carlos RC, Maly-Sundgren P, Gomez-Hassan DM, et al. Cli-
nical applicaons of diff usion tensor imaging. J Magn Reson Imaging 2004; 6(19):6-18.
Edelman RR, Hesselink JR, Zlatkin MB, Crues III JV. Clinical magnec resonance imaging. Phila-
delphia: Saunders Elsevier, 2006.
Meler Jr FA, Guiberteau MJ. Essenals of nuclear medicine imaging. 5. ed.. Philadelphia-PA,
EUA: Elsevier 2006; 4:53-73.
Mitchell DG, Burk DL Jr, Vinitski S, Riin MD. The biophysical basis of ssue contrast in extra-
cranial MR imaging. AJR Am J Roentgenol 1987; 149:831-7.
Pouwels PJW, Frahm J. Regional metabolite concentraons in human brain as determined by
quantave localized proton MRS. Magn Reson Med 1998; 39:53-60.
Vilanova A, Zhang S, Kindlmann G, Laidlaw D. An Introducon to Visualizaon of Diff usion Ten-
sor Imaging and its Applicaons. In: Weickert J, Hagen H (eds.). Visualizaon and image
processing of tensor fields. Springer Verlag, 2006. p. 121-53.
Observação: ler o manual dos aparelhos.
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Manual de Técnicas em Ressonância Magnética218
Siglas, abreviaçõese termos
Inglês Tradução e/ou explicação
ADC apparent di ff usion
coe ffi cient
coeficientes de difusão aparente
AFOV assimetric fi eld of view campo de visão assimétrico
AP – anteroposterior
Bandwidth – largura de banda
BOLD blood oxigen level-depen-
dent contrast
contraste dependente do nível de
oxigenação do sangue
CINE – imagens geradas para visualizações
dinâmicas da anatomia (p. ex., coração)
COR coronal coronal
CSI chemical shi imaging imagem do deslocamento químico
DTI di ff usion tensor imaging imagem do tensor de difusão
DWI di ff usion weighted imaging imagem ponderada em difusão
EDR extended dynamic range limite dinâmico estendido (parâmetro que
permite operar com 32 bits)
EPI echo planar imaging imagem ecoplanar
ET echo train trem de eco
FAT SAT fat satura on saturação de gordura
FC fl ow compensa on compensação de fluxo
Feet First – pés primeiro
FGRE fast gradient-echo gradiente-eco rápido
FLAIR fl uid a enuated acquision
in inversion recovery
inversão-recuperação com atenuação
líquida
Flip angle – ângulo de inclinação
FOV fi eld of view campo de visão
FSE fast spin echo sequência rápida
Gap – intervalo (espaço entre os cortes)
GD-DOTA gadoterate meglumine gadoretato meglubina
GRE gradient-echo gradiente-eco
GRASS Gradient recalled Acquisi-
on in steady state
–
HASTE half-fourier single shot
turbo spin echo
Sequência rápida spin-eco de acionamento
único
Head coil – bobina de crânio
Tabela 12.1 Siglas, abreviações e termos usuais em protocolos de RM
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Manual de Técnicas em Ressonância Magnética220
Encéfalo
Protocolo geral SE T1 axial
TSE T2 axial e COR
FLAIR axial
Difusão axial
GRE T2* axial
Após contraste: SE T1 axial (caso haja lesão, fazer nos 3 planos)
Observação Para protocolos especí ficos de neuroimagem, como abuso de
drogas ilícitas, doença de Alzheimer, ausmo, crise convulsiva,
demência, depressão, doenças dos corpos de Lewi, esquizo-
frenia, hidrocefalia, doença de Parkinson, entre outros, basta
acrescentar outras sequências ao protocolo geral
Exemplo: esclerose
múlpla
FLAIR sagital fino (3mm com gap de, no máximo, 10%)
SE T1 axial e sagital fino com MT pós-contraste
Aspectos técnicos
especí ficos
Posição: head fi rst (decúbito dorsal)
Bobina: head coil
Sequências ulizadas: axial T1; axial T2; axial com transferência de
magnezação SPGR; coronal T1 e coronal T2; sagital T1; sagital T2
(o protocolo será direcionado dependendo do po de patologia
do paciente)
Planejamento de corte: cobrir todo o crânio, com angulação para-
lela ao corpo caloso (joelho, esplênico)
Localizador: 3 planos modo 2D
Espessura de corte: 5mm
Gap: 1mm
FOV: 24 × 18cm
Phase FOV: 1
Autoajuste de frequência: água (water )
No de cortes: 5
Tempo de scan: 19s
Axial FLAIR Sequência de pulsos: IR
Opções de imagens: FC, VBw, Fast
TE: 130
TR: 8.400
TI: 2.100
Bandwidth: 15.63
FOV: 24 × 18cm
Espessura de corte: 5mm
Gap: 2,5mm
CRÂNIO
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Protocolos Básicos 221
Encéfalo
Axial FLAIR
(connuação)
Matriz: 256 × 160
NEX: 1
Direção de frequência: A/P
Autoshim
No de cortes: 20
Tempo de scan: 3:22s
Axial T2 FSE Sequência de pulsos: SE
Opções de imagens: FC, VBw, Fast
TE: 102 TR: 4.500
ET: 22
Bandwidth: 31.25
FOV: 24 × 18cm
Espessura de corte: 5mm
Gap: 2,5mm
Matriz: 320 × 224
NEX: 2
Direção de frequência: A/P
Phase FOV: 0.75 Autoshim Phase Correct
No de cortes: 20
Tempo de scan: 1:17s
Coronal T2 FSE Sequência de pulsos: SE
Opções de imagens: FC, VBw, Fast
TE: 102
TR: 4.500
ET: 22
Bandwidth: 31.25
FOV: 24 × 18cm
Espessura de corte: 5mm
Gap: 2,5mm
Matriz: 320 × 224
NEX: 2
Direção de frequência: S/I
Phase FOV: 0.75
Autoshim Phase Correct
No de cortes: 20
Tempo de scan: 1:17s
Axial T1 SE Sequência de pulsos: SE
Opções de imagens: FC, VBw, Fast
TE: minimum
CRÂNIO
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Manual de Técnicas em Ressonância Magnética266
C R Â N
I O
F l u x o l i q u ó r i c o
F i g u
r a
1 3 . 4
P l a n e j a m e n t o d a i m a g e m t r a n s v e r s a
l a o
a q u e
d u t o .
É n e c e s s á r i o u t i l i z a r o p l a n o
s a g i t
a l . O o
b j e t i v o é t e r a i m a g e m d o
a q u e
d u t o c o m o u m p e r f e i t o c í r c u l o , c
o m o
n e s t e e x e m p l o . N ã o p o d e s e r u m a i m
a g e m
o v a l
o u o b l í q u a
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Miniatlas de Planejamento dos Exames e Anatomia... 267
F i g u
r a
1 3 . 5
P ó s -
p r o c e s s a m e n t o d o fl u x o l i q u ó r i c o .
C u r v
a v e r m e l h a r e p r e s e n t a n d o a v a r
i a ç ã o
d u r a n t e a s í s t o l e e a d i á s t o l e e , e m a
z u l ,
m e d i d a s ó l i d a n a p o n t e m o s t r a n d o n ã o
h a v e
r c o r r e l a ç ã o
7/24/2019 Manual de Técnicas em Ressonância Magnética
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Manual de Técnicas em Ressonância Magnética304
F i g u
r a
1 3 . 4
2
P l a n
e j a m e n t o s a g i t a l . C o r t e s o r i e n t a d o s
p a r a
l e l a m e n t e a o e i x o m e d u l a r , v a r r e n d o
o s c o r p o s m e d u l a r e s , o s f o r a m e s d e
c o n j u g a ç ã o e a m e d u l a
T Ó R
A X
C o l u n a T o r á c i c a ( D o r s a l )
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Manual de Técnicas em Ressonância Magnética324
F i g u
r a
1 3 . 6
2
P l a n e j a m e n t o c o r o n a l
M E M B R O S S U P E R I O R
E S
M
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Manual de Técnicas em Ressonância Magnética332
F i g u
r a
1 3 . 7
0
P l a n
e j a m e n t o r a d i a l d o c o r a ç ã o . B a s
e i a - s e
n o e
i x o c u r t o b a s a l . S ã o r e a l i z a d o s q
u a t r o
p l a n o s d i s t i n t o s . O p r i m e i r o , a m a r e l o
, é
a v i a
d e s a í d a d o v e n t r í c u l o e s q u e r d o .
O s e
g u n d o , a z u l , é o q u a t r o c â m e r a s . O
t e r c e
i t o , v e r m e l h o , é o e i x o l o n g o d u a s
c â m e r a s v e r d a d e i r o , c o m o
f í g a d o e m b a i x o
e o p
u l m ã o e m c
i m a ( i s s o s i g n i fi c a q u e
o p l a
n o c r u z a o s s e g m e n t o s i n f e r i o r e
s e
a n t e
r o l a t e r a l d a b a s e a o á p e x ) . O q u
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7/24/2019 Manual de Técnicas em Ressonância Magnética
http://slidepdf.com/reader/full/manual-de-tecnicas-em-ressonancia-magnetica 47/47
Manual de Técnicas em Ressonância Magnética338
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