manual de cuidador adulto final

88
CUIDANDO DE CUIDADOR GUIA PRÁTICO PARA CUIDADORES INFORMAIS ASSOCIAÇÃO PAULISTA PARA O DESENVOLVIMENTO DA MEDICINA São Paulo - 2011

Upload: gcmrs

Post on 02-Jul-2015

3.290 views

Category:

Documents


13 download

TRANSCRIPT

Page 1: Manual de cuidador adulto final

1

CUIDANDO DE CUIDADORGUIA PRÁTICO PARA

CUIDADORES INFORMAIS

ASSOCIAÇÃO PAULISTA PARA O DESENVOLVIMENTO DA MEDICINA

São Paulo - 2011

Page 2: Manual de cuidador adulto final

2

SPDMAssociação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina

PresidenteProf. Dr. Rubens Belfort Mattos Jr.

Vice-PresidenteProf. Dr. José Luiz Gomes do Amaral

ConselheirosProf. Dr. Angelo Amato Vincenzo de Paola

Prof. Dr. Luc Louis Maurice WeckxProf. Dr. Ronaldo Ramos Laranjeira

Prof. Dr. Valdemar OrtizProfa. Dra. Emília Inoue Sato

SPDM Instituições afiliadasSuperintendente

Dr. Nacime Salomão MansurCoordenadora das Diretorias Clínicas

Prof. Dra. Roseli GiudiciCoordenadora Administrativa

Maria Alice Ferreira LopesCoordenadora das Diretorias de Enfermagem

Elizabeth Akemi Nishio

COLABORADORESAna Maria Silva • Enfermeira

Antonio Carlos V. Vazquez •PsicólogoEliane T. L. Almeida • Assistente Social

Fabiana Dantas • FisioterapeutaJackeline Pillon • Fonoaudióloga

José Carlos Martins • FisioterapeutaMaira Barros Hasemi • Fonoaudióloga

Patrícia A. L. Maciel • NutricionistaTenille G Aguiar • Terapeuta Ocupacional

RevisorDra. Sandra de Oliveira Guaré

CoordenadorDra. Yumi Kaneko

Guia Aprovado pela Comissão de Prontuário do Hospital Geral de Pirajussara em 18/11/2008

Page 3: Manual de cuidador adulto final

A SPDM há 77 anos caracteriza-se pelo empreededo-rismo e inovação na saúde e sente-se muito orgulho-sa com este livro que vem ampliar a ação das equipes de saúde dando ênfase e poder de ação curativa aos familiares e elementos da comunidade. Na sociedade moderna as fronteiras entre especia-listas e profissionais é cada vez mais difusa com a necessidade de criação de habilidades e comporta-mentos resolutivos em benefício do paciente, com respeito a sua cidadania. Um dos grandes desafios da nossa época é a interface das diferentes tecnologias e o interelacionamento entre a tecnologia que depende de máquinas e a tecnologia humana que cuida também da comunicação e segue uma das mais importantes na área da saúde. A equipe da SPDM sob a liderança do Dr. Nacime Salomão Mansur é multidisciplinar e nesse livro que envolve praticamente todas as áreas relacionadas aos cuidados dos pacientes apresenta com maestria, en-sinamentos muito importante sobre a arte de cuidar, amparar, diminuir o sofrimento, aumentar a qualidade de vida e o bem estar. A tecnologia e a quantidade de informações disponí-veis é sem dúvida enorme e cada vez maior. No en-tanto, muitas vezes necessitamos apenas uma peque-na parte dela, para confortar nossos pacientes e não necessitamos de currículos extensos e inúmeros arti-gos publicados para poder ensinar, transmitir e pensar aquilo que é necessário para ajudar as pessoas. Esse guia prático para cuidadores informais preen-che dois dos objetivos mais importantes na área da tecnologia da saúde: A inovação e a Difusão. Pro-fissionais muito bem capacitados e experientes en-sinam o cuidador informal, membro da família e da comunidade a desenvolver as habilidades necessárias para conversar, orientar e até mesmo impor, quando necessário,as condutas ao bem estar do paciente.

PREFÁCIOs

Page 4: Manual de cuidador adulto final

A sociedade moderna, caracterizada por parcelas cada vez maiores de famílias desestruturadas, fratu-radas e desamparadas bem como o número muito grande de idosos precisa cada vez mais dos cuida-dores formados e informais e de Manuais como este.

Prof. Dr. Rubens Belfort Mattos Jr.

Page 5: Manual de cuidador adulto final

5

A arte do cuidador é agregar a um ato de respei-to e solidariedade, alguns conhecimentos técnicos, compromisso e empenho no resgate da dignidade humana e qualidade de vida.Estes atributos separados, por maior que seja a boa vontade, não alcançam o resultado esperado e de-sejado.Assim, é fundamental, além dos estímulos naturais para o ato de cuidar, que a pessoa esteja munida de conhecimentos técnicos básicos para a tarefa, permitindo melhor entendimento sobre as necessi-dades, dificuldades e características dos problemas que acometem o paciente e familiares, bem como, utilizando técnicas e processos de higienização, alimentação, etc, propiciem maior qualidade aos cuidados prestados e, portanto, maior segurança ao paciente. Certamente, somente o ato técnico bem realizado, não comtempla a totalidade das expectativas que cercam a vida de alguém com limitações ou neces-sidades especiais, sendo inestimável uma relação ci-dadã baseada no tratamento respeitoso, na ausência de preconceitos, no carinho e compreensão.Este Manual traz com muita propriedade conheci-mentos importantes para quem tem a nobre missão de ser cuidador.

Dr. Nacime Salomão Mansur,Superintendente das Instituições Afiliados da SPDM

APRESENTAÇÃOs

Page 6: Manual de cuidador adulto final

6

Page 7: Manual de cuidador adulto final

7

INTRODUÇÃOPor que este manual?

O presente manual foi criado a partir da necessidade de registrar as informações que vínhamos fornecen-do aos cuidadores durante as orientações técnicas e nas rodas de conversas que acontecem no grupo “Cuidando de Cuidador”, encontro semanal entre cuidadores, familiares e profissionais de saúde que tem sido uma rotina desde 2007, no Hospital Geral de Pirajussara. Sabemos quão difícil é a função do cuidador. Muitas vezes, deparamos com conflitos entre os familiares e profissionais de saúde no momento da alta hospi-talar por cuidadores não se sentirem seguros para levar e cuidar do seu familiar no domicílio. Além do medo gerado pelo desconhecimento, observamos também o sentimento de desamparo destes familia-res nesta situações.Pensando nesse conjunto de problemas, pedimos a um grupo de profissionais que se dedicam ao aten-dimento de pessoas com incapacidades funcionais temporárias ou permanentes que escrevessem sobre os temas que constam deste manual. Pudemos con-tar com uma preciosa colaboração dessas pessoas, que se esforçaram para comunicar conhecimentos complexos sobre os vários aspectos do cuidar em linguagem simples e direta. Eles procuraram dar também, orientação concreta para que o cuidado ao paciente possa ser realizado de forma a atender as suas múltiplas necessidades, de uma maneira ade-quada e sem prejudicar a saúde física e emocional do cuidador.

A quem se destina este manual?Evidentemente, este manual não substitui a assis-tência profissional e especializada de saúde que os pacientes devem receber nos devidos momentos. Entretanto, os familiares podem consultá-lo a fim de

Page 8: Manual de cuidador adulto final

8

auxiliá-los nas eventuais dúvidas que tiverem durante o ato de cuidar dos pacientes em casa. Assim, este manual é destinado a todos cuidadores, familiares ou não, a ser utilizados em vários momentos:- enquanto paciente estiver internado, os cuidadores podem se preparar para alta hospitalar, recebendo orientações ou treinamentos pelos profissionais ba-seado nos assuntos discutidos neste manual;- após a alta hospitalar, podem consultar o manual para sanar as dúvidas sobre como e o que fazer para cuidar bem do seu familiar com saúde debilitada

Como consultar este manual?Pensando na comodidade para usuários, este manu-al é divido conforme assuntos (banho, alimentação, adaptações domiciliares, etc.). Mais de um profissio-nal contribuiu para escrever os capítulos, de maneira que todos os procedimentos descritos são condutas discutidas entre profissionais de várias áreas. Basta o usuário procurar o assunto de interesse no sumário para encontrar os esclarecimentos que se busca.Esperamos cuidar dos cuidadores através deste ma-nual acolhendo e mostrando os caminhos que po-dem ser seguidos durante a árdua tarefa de cuidar dos outros. Lembramos, porém, que é essencial que cada cuidador cuide de si primeiro para cuidar dos outros nas suas melhores condições.Agradecemos profundamente à liderança da SPDM, diretoria e todos colaboradores do Hospital Geral de Pirajussara que acreditaram na importância deste trabalho e se empenharam para concretizar a elabo-ração deste manual.

Equipe de Cuidadores HGP

Page 9: Manual de cuidador adulto final

SUMÁRIOBANHO ................................................................... 13Cuidados de higiene em pacientes dependentes. 13Quando tomar banho for um problema... ............ 13Indo para o banheiro .............................................. 13Banho propriamente dito ....................................... 14Banho no leito ......................................................... 15Seqüências para o banho ....................................... 16Higiene íntima ......................................................... 17Auto cuidado ........................................................... 17

ÚLCERAS DE PRESSÃO (ESCARAS) .................... 18Locais onde é mais comum o aparecimento de escaras ....................................... 18Prevenção de escaras ............................................. 18Evitar que o paciente durma o dia todo e sempre que possível: ........................................... 19 Acessório improvisado para mudança de posição .............................................. 19Tratamento de escara ............................................. 21Cuidados com pacientes inconscientes ............... 22

SONDA VESICAL DE DEMORA .......................... 23Tratamento de urina ............................................... 24Cateterismo vesical intermitente:técnica limpa............................................................ 25

TREINAMENTO DE INTESTINO .......................... 30O programa de treinamento do intestino inclui os seguintes passos ...................................... 30

CUIDADOS COM A OSTOMIA .......................... 32Vida social e familiar .............................................. 32Hora do banho ........................................................ 33Uso de roupas ......................................................... 33Exercícios físicos e prática de esportes ................. 33Freqüência do esvaziamento da bolsa ................. 33Cuidados com a pele periestomal ........................ 33

CUIDADOS NA SAÚDE BUCAL .......................... 34A importância dos cuidadores na saúde bucal.... 34Dedicação, carinho e orientação correta ............ 34

Page 10: Manual de cuidador adulto final

Escova dental ......................................................... 36Desinfecção de prótese ......................................... 37A Língua .................................................................. 38

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E NUTRIÇÃO......... 39Noções de nutrição ............................................... 39Pirâmide de alimentos ........................................... 40Formas de Alimentação ........................................ 42Dietas hospitalares ................................................ 42Tipos de dietas ( via oral) ...................................... 42Dieta enteral - forma de preparo ......................... 43Dicas importantes para alimentar o paciente ..... 43Adaptações caseiras .............................................. 44

DISFAGIA (DIFICULDADE DE ENGOLIR) .............. 48O que observar e como ajudar durante as refeições ............................................... 48

PACIENTE QUE USA SONDA DE ALIMENTAÇÃO...................................................... 50Técnicas de preparo e higienização de sonda de alimentação ............................................ 53

POSICIONAMENTO NO LEITO ORIENTAÇÕES PARA O PACIENTE ACAMADO .......................... 54

TRANSFERÊNCIAS ................................................... 56

ADAPTAÇÕES AMBIENTAIS ............................... 59Abaixo são citados exemplos de adaptações ..... 59

ESTIMULAÇÃO SENSORIAL ............................... 61

PROTEGER O PACIENTE ...................................... 63

É PRECISO MANTÊ-LO OCUPADO ................... 65

COMUNIÇÃO ....................................................... 66Dificuldades de comunicação após um derrame.................................................... 66

CUIDADOS COM A MEDICAÇÃO ....................... 66

EXERCÍCIOS PARA O PACIENTE ........................ 70

PARA AQUELES QUE CONSEGUEM NOS AJUDAR ........................................................ 71Exercícios respiratórios .......................................... 71Tosse ativa .............................................................. 71Posicionamento ...................................................... 71

Page 11: Manual de cuidador adulto final

PARA AQUELES QUE NÃO CONSEGUEM NOS AJUDAR (pacientes traqueostomizados)............................. 72

CUIDADOS NOS ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO PACIENTE .......................... 74Saiba que o paciente está vivenciando: ............... 74O paciente pode emitir comportamentos como ......................................... 74Diante desses quadros o cuidador pode ter ........ 75Pode vivenciar ......................................................... 75Calma! Procure: ...................................................... 75

CUIDANDO DO CUIDADOR ............................. 77Cuidados com as emoções .................................... 77Cuide do seu corpo ................................................ 79Existem muitas formas de incorporar a atividade física à sua vida.Veja algumas dicas e sugestões :............................. 79

DICAS DE EXERCÍCIOS PARA O CUIDADOR ....... 81Exercícios para o pescoço (coluna cervical): ....... 81Exercícios para os ombros: .................................... 81Exercícios para os membros superiores: .............. 82Exercícios para os membros inferiores: ................ 82

PREVIDÊNCIA SOCIAL PARA O CUIDADOR..... 83Que o paciente ou familiar cuidadorpodem requerer: Amparo assistencial ao paciente ou deficiente LOAS - Lei orgânica de assistência social ........................................................................ 83Aposentadoria por idade: ..................................... 83Aposentadoria por invalidez : .............................. 83Documentações para INSS ................................... 83Acidente de trabalho .............................................. 84Materiais para uso domiciliar ................................ 84Transporte ................................................................ 84Medicação de alto custo ........................................ 84

ÓBITO DENTRO DO HOSPITAL ......................... 85Quando o médico atesta o óbito .......................... 85Quando o médico não atesta o óbito .................. 85Óbito na residência ............................................... 85Importante ............................................................... 86Pensão ..................................................................... 86Seguro ..................................................................... 86Contas bancarias .................................................... 86BIBLIOGRAFIA .................................................... 87

Page 12: Manual de cuidador adulto final
Page 13: Manual de cuidador adulto final

BANHOCuidados de higiene em pacientes dependentes...

A higiene corporal constitui um fator importante para recuperação, conforto e bem estar do paciente, bem como a higiene do ambiente, que deve ser limpo, arejado e com o mínimo necessário para atendimento das suas necessidades. Deixe no quarto do doente somente os móveis necessários.Alguns cuidados deverão ser tomados durante a re-alização da higiene corporal tais como: não permitir a existência de correntes de ar, cuidar para que a porta do banheiro não possa ser trancada pelo lado de dentro e que a temperatura da água esteja ade-quada – em torno de 26 a 30º C.

Quando tomar banho for um problema. Tentar identificar a(s) causa(s) da recusa é um bom começo. O paciente pode estar com dificuldade para caminhar, ter medo da água, medo de cair, pode estar deprimido, com infecções que geram mal estar, dor, tonturas ou mesmo sentir-se envergonhado por expor seu corpo diante do cuidador, especialmente se for do sexo oposto. Respeite seus hábitos!

Indo para o banheiro• Prepare o banheiro previamente e leve para lá todos os objetos necessários para higiene. • Elimine correntes de ar fechando portas e janelas. • Separe as roupas pessoais antecipadamente. • Regule a temperatura da água que deve ser morna. • Se possível, o paciente deve ser despido no quarto e conduzido ao banheiro protegido por um roupão ou toalha; neste momento, evite fixar os olhos em seu corpo (isto pode constrange-lo), observe-o sutil-mente. • Evite deixar o paciente sozinho, para evitar quedas.

13

Page 14: Manual de cuidador adulto final

14

O banho propriamente ditoOriente-o para iniciar o banho e auxilie-o se neces-sário. Não faça por ele. Estimule, oriente, supervisione, auxilie. Apenas nos estágios mais avançados da do-ença o cuidador deve assumir a responsabilidade de dar o banho. Lave a cabeça no mínimo 3 vezes por semana, ob-serve se há lesões no couro cabeludo. Mantenha se possível, os cabelos curtos. Observe se há necessidade de cortar as unhas dos pés e das mãos, em caso positivo, posteriormente, corte-as retas, com todo o cuidado, especialmente nos pacientes diabéticos. Após o banho, seque bem o corpo, principalmente as regiões de genitais, articulares (dobra de joelhos, cotovelos, axilas) e interdigitais (entre os dedos).Para facilitar o banho de chuveiro, você pode alugar, comprar ou improvisar uma cadeira higiênica.

cadeira higiênica

Page 15: Manual de cuidador adulto final

15

Para estimular a autonomia do paciente você pode comprar em casas especializadas, ou improvisar, acessórios que facilitem a realização de pequenas tarefas, como lavar os pés ou as costas

Banho no leitoO banho de chuveiro é o ideal mas, caso haja dificuldades (ou impossibilidade) de o paciente sair da cama, pode ser intercalado, ou mesmo substituído pelo banho no leito. Caso o paciente seja muito pesado ou sinta muita dor na mudança de posição deve-se contar, sempre que possível, com a ajuda de outra pessoa. Isto evita acidentes, previne o cansaço excessivo do cuidador e proporciona maior segurança para o paciente. Material necessário para o banho: comadre, bacia, água morna, sabonete, toalha, luvas, escova de dente, lençóis, forro, plástico e roupas. A higiene deve sempre ser iniciada pela seqüência cabeça – pés. Primeiro os olhos, rosto, orelhas e pescoço. Lavar os braços, tórax e a barriga secando-os e cobrindo-os. Na região sob as mamas das mulheres, enxugar bem para evitar assaduras e micose. Em seguida, passa-se para as pernas secando-as e cobrindo-as. Durante o banho colocar forro plástico e apoiar a bacia com água morna sobre a cama. Lavar os pés com água e sabonete realizando a higiene entre os dedos. As costas devem ser lavadas, secas e massageadas com óleo ou cremes hidratantes para ativar a circulação.

Page 16: Manual de cuidador adulto final

16

A higiene nas regiões genito-urinário e anal deve acontecer diariamente e após cada eliminação evitando assim umidade e assaduras. Você pode comprar, ou mesmo improvisar acessórios que facilitem a higiene no leito. O momento do banho é importante para observar e avaliar a integridade da pele, dos cabelos, unhas e da higiene oral. A análise cuidadosa da pele e a avaliação de aspectos como cor, temperatura, hidratação, inchaço e vermelhidão podem ser os primeiros sinais indi-cativos do aparecimento de escaras (feridas).

1 Cabeça 2 Tórax (peito) 3 Braços e mãos 4 Costas 5 Barriga 6 Pernas e pés 7 Partes íntimas (trocar a água antes)

Seqüências para o banho

1

244

5

3 3

7

6

Dispositivo inflável para lavar os cabelos no leito

Page 17: Manual de cuidador adulto final

17

Higiene íntima É feita após o ato de urinar e evacuar. Para isso é colocada uma comadre sob as nádegas do pacien-te. Em seguida deve-se ensaboar a região genital no sentido da púbis para o ânus, então jogar a água e enxugá-la com um pano. Caso os pêlos estejam grandes e volumosos devem ser aparados com tesoura para facilitar a limpeza. Secar cuidadosamente evitando o aparecimento de lesões e assaduras. Se o paciente realizar sozinho a sua higiene ou auxiliar na realização da mesma, deve-se lavar as suas mãos ao término do procedimento. Durante a higiene é sempre importante observar as eliminações (fezes e urina).

Auto cuidado O cuidador deve saber que ajudar o doente não é fazer as coisas por ele. Para isso é importante observá-lo tentando identificar sua potencialidade e estimulá-lo a ir fazendo sozinho as tarefas em seu próprio benefício. Deve-se elogia-lo em cada tarefa que ele realizar mesmo que para isso seja necessário mais tempo pois isso pode trazer satisfação e melhoras ao doente.

Page 18: Manual de cuidador adulto final

18

Elas surgem quando o corpo, ou parte dele, está paralisado e a pessoa não consegue se mexer, provocando a falta de circulação do sangue e a formação de feridas (“escaras”). Pacientes com alterações cognitivas (esclerose, demência) ou de comportamento, podem ter dificuldade de mudar de posição e assim, permanecerem horas sob parte do corpo, formando escaras em locais de movimentação preservada.

Locais onde é mais comum o aparecimento de escaras

Ombros, omoplata, cotovelos, quadril, base da espinha (região sacral), lateral das nádegas, joelhos, tornozelo e calcanhar.

ÚLCERAS DE PRESSÃO (ESCARAS)

Escara no calcanhar

Escara na região do sacro

OmbrosOmoplata

Cotovelos Quadril

Base da espinha

Lateral das nádegas

Joelhos

Tornozelo e calcanhar

Prevenção de escaras

Page 19: Manual de cuidador adulto final

19

Evitar que o paciente durma o dia todo e sempre que possível:

Mudá-lo de posição de três em três horas e colocá-lo sentado na cadeira ou sofá. Para facilitar a mu-dança de posição pelo próprio paciente você podeimprovisar, ou adquirir, barras de apoio para cabe-ceiras, ou faixas laterais ou inferiores que sirvam de “cordas” para mobilização.

Acessório improvisado para mudança de posição

• Sempre que mudar a pessoa de lugar, fazer isso com cuidado para não raspar a pele no lençol, nos estofados, ou nas cadeiras. Deixar a roupa que fica embaixo do paciente sempre lisa e sem dobras e to-mar cuidado com farelos ou pedacinhos de comida.

Roupas bem folgadas com prendedores elásticos ou fáceis de desatar (por exemplo sutiã com enganche na frente)

Corda com um laço para ajudar a pessoa a sentar-sePlaca acolchoada

para prevenir as escaras

Page 20: Manual de cuidador adulto final

20

• Mobilização no leito usando um lençol para não “arrastar” (Adaptado do Guia de Deficiências e Reabilitação)• Proteger as saliências ósseas com travesseiros, pequenas almofadas ou lençóis dobrados em forma de rolo.

• Levar o paciente aos banhos de sol (utilizar protetor solar), de preferência, antes das dez horas ou após as 16 horas, durante 15 a 30 minutos.• Usar colchão “caixa-de-ovo” que deve ser prote-gido com lençol de um material plástico específico denominado “Vapt Vupt”, encontrado em casas de material cirúrgico e que deve ser colocado em cima do colchão habitual.

• Colocar comadre ou papagaio com cuidado para não machucar a pele do paciente. • Oferecer água, sucos e chá várias vezes ao dia e em pequenas quantidades.• Realizar massagens para conforto.• Manter o paciente limpo; quando ele perder o controle da urina e das fezes, troque-o sempre que necessário e aplique uma camada de creme para proteção.

Rolos de lençois para proteger as saliências ósseas deitadas de lado.

Colchão caixa de ovo.

Rolos de lençois para proteger as saliências ósseas.

Page 21: Manual de cuidador adulto final

21

• Sempre que possível, andar devagar com a pessoa, evitando que ela arraste os pés e calcanhares.• Para os pacientes que ficam em cadeira de rodas ou poltronas recomenda-se que deixem as nádegas livres do peso do corpo durante pelo menos 1 minu-to a cada 15 ou 20 minutos. Se o paciente tem força nos braços ele pode realizar isto sozinho, conforme mostra a seqüencia abaixo. Caso contrário você deve conversar com sua equipe de saúde sobre o melhor procedimento para o caso específico do seu paciente.

Tratamento de escaraA avaliação médica e de enfermagem faz-se neces-sária para a definição do tipo de curativo a ser utili-zado para cada paciente. O curativo deve ser trocado de acordo com o tipo de curativo utilizado, com periodicidade (número

ATENÇÃOLavar a pele sempre com muito cuidado. Não se deve

esfregá-la durante a limpeza pois a pele ressecada pode originar feridas e favorecer o surgimento de escaras.

Lembre-se que uma escara leva 1 hora para surgir e pode levar meses para cicatrizar.

Quando ela faz isto uma das nádegas fica levantada.

Comadre

Papagaio

Page 22: Manual de cuidador adulto final

22

de vezes), definidos pelo médico e/ou enfermeira. É importante evitar a presença de fezes ou urina dire-tamente sobre a ferida.

Cuidados com pacientes inconscientes As causas mais comuns de inconsciência são de na-tureza neurológica como, por exemplo, traumatismo craniano e derrame. Como o paciente é incapaz de deglutir há um acú-mulo de secreções (saliva + catarro) na boca e farin-ge, tornando difícil a respiração. Essas secreções de-vem ser retiradas através de aspirações freqüentes. A elevação da cabeceira do leito a 30 graus (cerca de 3 travesseiros grossos), também ajuda a prevenir a entrada de secreções nos pulmões e brônquios, evitando a pneumonia. Também previne a queda da língua para “trás”, o que dificulta a respiração e a torna ruidosa (barulhenta). Você pode elevar a cabe-ceira com material improvisado, como um pedaço de madeira, ou pode adquirir o acessório para ser adaptado à cama do paciente, ou pode alugar uma cama hospitalar com diferentes inclinações.

Para evitar o ressecamento dos lábios recomenda-se a aplicação de manteiga de cacau.A mudança freqüente de posição é importante para prevenir a formação de escaras. Para prevenir perdas nos músculos e articulações é necessário fazer exercícios e atividades orientados por um fisioterapeuta. Toda a alimentação e medicação oral devem ser ofe-recidas por sonda enteral. Deve-se ficar atento aos sinais de constipação intestinal ou diarréia. Se isto ocorrer procure o médico.

Elevador cabeceira

Page 23: Manual de cuidador adulto final

23

A sonda de Foley, ou sonda vesical de demora pode ser utilizada em pacientes que perderam a capacida-de de urinar espontaneamente, sempre através de prescrição médica. Neste método a sonda é man-tida dentro da bexiga, e a urina flui continuamente. A sonda liga-se a uma bolsa coletora, que pode ser fixada na lateral da cama, da cadeira de rodas, ou na perna do paciente (caso ele ande). Para prevenir complicações como infecções, sangramentos, feridas, é importante que você tenha os seguintes cuidados: 1. Lave as mãos antes de mexer na sonda;2. Limpe a pele em torno da sonda com água e sabão pelo menos duas vezes ao dia para evitar o acumulo de secreção;3. Lave a bolsa coletora uma vez ao dia, com água e sabão ou água e cloro (cândida); quando desconectar a bolsa da sonda, bloqueie a sonda com uma gaze estéril, para que a urina não vaze;4. Mantenha a bolsa coletora sempre abaixo do ní-vel da cama, e não deixe que ela fique muito cheia,para evitar que a urina retorne para dentro da be-xiga;5. A sonda não precisa de nenhum tipo de fixação externa, porque tem um balão (bexiga) interno que a impede de sair do lugar; tenha cuidado para não puxar a sonda, porque você irá ferir a uretra, e pode haver sangramentos;6. Não deixe a perna do paciente apoiada na sonda, porque está estará ocluida, e a urina não sairá da bexiga;7. Sempre que não houver urina na bolsa coletora, verifique se não há dobras ou obstruções no sistema;8. NUNCA troque a sonda vesical; este é um procedimento de enfermagem, e deve ser realizado com técnica específica do profissional.

SONDA VESICAL DE DEMORAU

_

Page 24: Manual de cuidador adulto final

24

Tratamento de urinaO aparelho urinário é composto pelos rins (02), ure-teres (02), bexiga, uretra e meato urinário.Esse conjunto de órgãos é responsável pela elabora-ção e armazenamento da urina até o momento em que é eliminada.• Os rins são os órgãos responsáveis pela filtragem do sangue e elaboração da urina• Os ureteres são tubos que levam a urina dos rins à bexiga.• A bexiga é responsável pelo armazenamento tem-porário da urina.• A uretra é o tubo que liga a bexiga com o meio exterior.• O meato urinário é o orifício de saída da urina.

Tipos de sonda vesical

Bolsa coletora de urina

Rim

Ureter

Bexiga

Meato Urinário

Uretra

Page 25: Manual de cuidador adulto final

25

Algumas situações podem dificultar ou impedir o esvaziamento regular da bexiga, ocasionando uma retenção urinária parcial ou total, temporária ou de-finitiva.Esta quantidade de urina que fica retida na bexiga é chamada de volume residual. Quando isto acontecer, um grande volume a realização do cate-terismo vesical poderá ser indicada pelo seu médico.

Cateterismo Vesical Intermitente: técnica limpa

O que é?É uma técnica de sondagem que retira a urina da bexiga com o auxílio de uma sonda, quando não há eliminação natural da urina em sua totalidade.Para que serve?Permite ao paciente o esvaziamento da bexiga a intervalos regulares, de acordo com a necessidade individual. Esse procedimento pode ser realizado pelo próprio paciente ou por um cuidador.Qual o material necessário?• Água e sabão neutro• Cateter uretral plástico (sonda) com calibre de acordo com a idade:- crianças: nº 6, 8 ou 10- adultos: nº 12 ou 14• Lidocaína gel a 2%• Recipiente para coletar a urina• Um pote plástico com tampa para armazenar a sonda• Um frasco com graduação para mediar a urina• Um espelho (para mulheres).Como se realiza?1º Passo: Lavar as mãos e os genitais com água e sabão neutro;

Page 26: Manual de cuidador adulto final

26

2º Passo: Reunir o material (a sonda, a lidocaína gel e o recipiente para coletar a urina) em um lugar bem iluminado e limpo.3º Passo: Escolher uma posição confortável: deitado, recostado no leito, sentado ou em pé.• Mulheres:- Recostada no leito: dobrar as pernas e acomodar o espelho para visualizar o meato urinário;- Sentada ou em pé - apoiando um pé sobre um degrau (cama, escada, vaso sanitário): acomodar o espelho para visualizar o meato urinário:

- No caso de o procedimento ser realizado pelo fa-miliar, a posição mais confortável é a deitada.

Clítoris

Orifício Uretal

Vagina

Lábios Maiores

Lábios Menores

Ânus

Page 27: Manual de cuidador adulto final

27

4º Passo: Aplicar uma pequena quantidade de li-docaína gel sobre a sonda e introduzi-la no meato urinário até o momento em que a urina comece a drenar.• Homens:- Devem lubrificar bem a sonda com lidocaína gel, segurar o pênis na posição reta e, em seguida, intro-duzi-la.5º Passo: Quando parar de sair urina, puxar lenta-mente a sonda e aguardar o término da drenagem para, então retirá-la totalmente.

6º Passo: Ao finalizar o procedimento, medir o volu-me da urina drenado e anotar na folha de registros.Esse controle permitirá que você programe o nú-mero de sondagens necessário durante o dia (veja a seguir).7º Passo: Lavar a sonda, por fora com água e sabão, deixando correr água por dentro durante 10 segun-dos. Lavar a sonda internamente, injetando a água e sabão neutro com a seringa. Seca-la com uma toalha limpa e guardá-la dentro da geladeira em um pote com tampa, seco e limpo. Não deve ser colocada no congelador ou freezer. Ao encerrar, lavar as mãos.

Page 28: Manual de cuidador adulto final

28

Exemplo de ficha de registro:

Quantas vezes realizar o cateterismo vesical durante o dia?Para estabelecer o número de cateterismo vesicais por dia, você deverá saber qual é a quantidade de urina que fica de resíduo dentro da sua bexiga (volu-me residual), após urinar espontaneamente ou após a tentativa de urinar. Veja a tabela abaixo para ver quantas vezes deve passar a sonda:

Até 100mlNão precisa de sondagem

100 a 200ml 2 vezes ao dia (12/12h)

200 a 300ml 3 vezes ao dia (8/8h)

300 a 400ml 4 vezes ao dia (6/6h)

Mais de 400ml 6 vezes ao dia (4/4h)

Qual foi o volume de urina que saiu pela

sonda depois de tentar urinar

espontaneamente?

OBS. Recomendamos calcular a média de

última 3 micções

Número de vezes que

deve passar a sonda

durante o dia

Data Espontâneo Cateterismo

HoraML

HoraML

HoraML

HoraML

HoraML

Exemplo: 1/04/99espontâneocateterismo

08hmlml

11hmlml

14hmlml

17hmlml

20hmlml

Dia:espontâneocateterismo

Dia:espontâneocateterismo

Dia:espontâneocateterismo

Dia:espontâneocateterismo

Dia:espontâneocateterismo

Page 29: Manual de cuidador adulto final

29

OBSERVAÇÕES• Não é necessário usar luvas ou material antisséptico;• Não usar vaselina como lubrificante de sonda, porque pode levar à formação de cálculo na bexiga;•A mesma sonda uretral pode ser por até 14 dias;• Não forçar a passagem da sonda, quando encontrar resistência.Nessa situação, retire-a e tente introduzi-la nova-mente, girando-a em torno de si mesma.• Pacientes com lesão medular não devem pressio-nar a barriga na altura da bexiga para acelerar o es-vaziamento, sem a autorização de seu médico.• Em caso de sangramentos, calafrios, febre, urina turva, urina com cheiro forte ou dor ao urinar procu-rar atendimento médico.

IMPORTANTE• Procure beber água diariamente, seguindo a orien-tação do seu médico.• Restrinja a quantidade de líquidos após o último cateterismo da noite para evitar acúmulo de urina durante o sono.

Page 30: Manual de cuidador adulto final

30

Os pacientes acamados perdem, com freqüencia, o controle sobre o funcionamento do intestino (não sabe quando vai defecar). O intestino preso ou pre-guiçoso também é comum. Isto torna difícl para o doente permanecer limpo, o que, além de inconve-niente e embaraçoso, também pode causar assadu-ras e feridas (escaras). O ideal é que o paciente consiga evacuar uma vez ao dia, antes do banho. Embora a recuperação do controle normal do fun-cionamento do intestino não seja possível para a maioria dos pacientes, podemos “treinar” o intes-tino para trabalhar em determinada hora do dia.

O programa de treinamento do intestino inclui os seguintes passos

• Faça a massagem abdominal diariamente, um pouco antes do horário programado para a evacu-ação (de preferência antes do banho); a massagem abdominal é feita começando do lado direito e in-ferior da barriga do paciente, em movimentos cir-culares, percorrendo todo o contorno do abdome, como se ele fosse um quadrado, até a região inferior esquerda do paciente; movimentos de flexão (do-brar) as pernas sobre a barriga, se possível, também ajudam no estímulo da defecação e na eliminação de gazes;• Continue o programa estimulando a região do ânus; para isto você pode usar um supositório ou um dedo protegido por uma luva e lubrificado com óleo ou vaselina; introduza o dedo ou o supositório contra a parede do reto (parte final do intestino) uns 2 cm para dentro, e espere uns 2 a 3 minutos e então, suavemente, mexa o dedo em círculo, até que o ânus se relaxe ou as fezes comecem a sair ; depois ajude a pessoa a sentar-se na privada ou penico, ou caso não consiga sentar, coloque-a deitada sobre o

TREINAMENTO DE INTESTINO

Page 31: Manual de cuidador adulto final

31

lado esquerdo; repita isso 3 ou 4 vezes ou até que não haja mais fezes; limpe o paciente e lave as mãos;• Execute o programa todos os dias, no mesmo horário, mesmo quando o intestino já funcionou acidentalmente, ou por causa de uma diarréia;• Se possível usar a privada ou penico, pois o intestino funciona melhor com a pessoa sentada do que deitada;• Ser paciente; às vezes o intestino leva dias ou até semanas para se adaptar ao novo esquema;• Às vezes as fezes iniciais endurecem e você precisa retirá-las com o dedo, para que o doente possa defecar;• Os pacientes com colostomia também podem se beneficiar com o treinamento de cólon.

Page 32: Manual de cuidador adulto final

32

Ostomia Digestiva é uma abertura cirúrgica realiza-da na parede abdominal onde uma porção do intes-tino é levada até a pele. Se a abertura do intestino foi na última porção doente ou lesada do intestino delgado (íleo), a pessoa foi ileostomizada. Se a aber-tura foi no intestino grosso (cólon) a pessoa foi co-lostomizada. As fezes passam pela ostomia para fora do corpo sem o controle da pessoa, e são armazenadas em uma bolsa que fica aderida ao corpo. A ileostomia fica no lado direito do abdômen pouco abaixo da linha da cintura. As fezes neste local são com frequencia mais líquidas e agressivas para a pele. Uma ostomia urinária drenará a urina, diretamente para a parede abdominal através do gotejamento contínuo sem o controle da pessoa. Uma bolsa de urostomia deverá estar aderida a pele para coletá-la. Uma ostomia normal é vermelha ou rosa vivo, brilhante e úmida. A pele ao seu redor deve estar lisa sem vermelhidão, coceira, feridas ou dor.

Vida social e familiarA pessoa pode manter atividade normal: viajar, na-dar, praticar esportes ou passear ao ar livre... A úni-ca precaução é levar uma bolsa extra para troca, caso seja necessário. Para momentos íntimos deve esvaziar e limpar a bolsa previamente para se sentir mais confortável e seguro.

CUIDADOS COM A OSTOMIA

Bolsa de colostomia

Colostomia

Page 33: Manual de cuidador adulto final

33

Hora do banhoNão é necessário retirar a bolsa para tomar banho, quer seja de chuveiro ou de banheira já que ela é impermeável à água. Se for preciso poderá trocar o equipamento durante o banho. O sabão e a água não são perigosos e nem prejudicam a ostomia. Apenas deve-se evitar o jato forte do chuveiro dire-tamente na abertura da ostomia, pois pode provocar sangramento.

Uso de roupas A pessoa pode continuar a usar as mesmas roupas. O importante é a roupa ficar cômoda, bem apresen-tável e a pessoa se sentir bem.

Exercícios físicos e prática de esportesAtividades físicas normais, incluindo esportes aquá-ticos. É desaconselhável a prática de esportes de grupo, como, por exemplo, futebol, pelo risco de trauma local.

Freqüência do esvaziamento da bolsa

Na urostomia o esvaziamento é feito com maior fre-qüência. No caso da colostomia, a bolsa terá que ser esvaziada à medida que for necessário, geralmente uma ou duas vezes ao dia.

Cuidados com a pele periestomal

As fezes e a urina, pela sua composição, são capazes de causar grandes lesões na pele. Portanto é importante que se utilize uma bolsa que proteja bem a pele fixando e adaptando-se bem o ostoma. Na urostomia é indicada uma bolsa que tenha válvula anti-refluxo que direcione o jato, proporcionando um esvaziamento da bolsa sem vazamento.

Page 34: Manual de cuidador adulto final

CUIDADOS NA SAÚDE BUCAL

34

A importância dos cuidadores na saúde bucal

A higiene oral é um hábito saudável e agradável que deve ser mantido ao longo de toda a vida. Alterações da mucosa oral, perda de dentes, prótese mal ajustadas, gengivites (inflamação das gengivas), diminuição do fluxo salivar, são fatores que podem ocasionar infecções na cavidade oral.

Dedicação, carinho e orientação correta Cada grupo necessita de estratégias especiais de mo-tivação, orientadas de acordo com suas habilidades funcionais. Por exemplo, a escova dental pode ter o seu cabo adaptado, acentuando sua curvatura ou pode ser substituído por uma manopla de bicicleta para facili-tar o seu manuseio.

Page 35: Manual de cuidador adulto final

35

Para os pacientes totalmente dependentes, que não consegue realizar a higienização bucal, o cuidador pode utilizar abridores de boca para facilitar a lim-peza, como por exemplo, o gargalo de uma garrafa de refrigerante descartável (tipo PET); a ponta do gargalo é colocada na boca do paciente (na região posterior) para que ele a morda. Dessa maneira ele fica com a boca aberta facilitando o acesso e a higie-nização, evitando uma mordida repentina.

IMPORTANTE• Deve-se ter maior atenção para a higiene oral nos pa-cientes que usam prótese dentária. Estas devem ser retira-das após cada refeição, higienizada fora da boca, e após limpeza da cavidade oral, recolocadas• Pacientes muito confusos, devem ter suas próteses den-tárias retiradas à noite, colocadas em solução anti-sépti-ca, e após higenização, recolocadas pela manhã. Alguns pacientes não devem permanecer com a prótese mesmo durante o dia, pela possibilidade de a engolirem.Nestes casos é recomendado coloca-la somente no momento da refeição.• Para a higienização bucal do paciente parcial ou to-talmente dependente é necessário que ele fique numa posição confortável, com a coluna reta, de maneira que sua cabeça seja facilmente segura durante a limpeza, de frente para a pia com o espelho ou com uma bacia e espelho na mão.

OBSERVAÇÃO A bancada da pia deve ficar com espaço livre para que possa ser encaixada (colocada) uma cadeira de rodas ou cadeira comum* torneira monobloco de fácil acionamento com movi-mento do braço.• O cuidador poderá ficar por trás do paciente e um pou-co de lado, usando sempre luvas. Dentaduras e pontes deverão ser retiradas da boca antes de escovar os dentes naturais.

Page 36: Manual de cuidador adulto final

36

Escova dentalColocar uma pequena quantidade de creme dental em uma escova pequena e macia e, após a limpeza, pedir que realize vários bochechos com água ou na impossibilidade disso, tentar que só cuspa. Se a escovação for impossível, consultar sobre o uso de escova elétrica ou jatos de água.Existe no mercado fio dental adaptado, e descartável podendo ser manipulado com uma mão só.Para os desdentados deve-se utilizar uma gaze ou algo-dão embebido em água, para a limpeza das mucosas.

Essa limpeza deve ser realizada após cada refeição e, principalmente à noite, antes de dormir. Como usar a gaze: Envolver a gaze no dedo indicador e após umedece-la passar por toda cavidade oral, sem esfregar, mas com movimentos firmes para retira-da de todo a sujeira. Se necessário trocar de gaze durante a limpeza. Também pode ser feita a bone-quinha, envolvendo gaze em espátula de madeira e realizar o mesmo procedimento.

Page 37: Manual de cuidador adulto final

37

Desinfecção de prótesePeriodicamente, faça uma limpeza mais rigorosa das dentaduras e pontes móveis em uma solução de meio copo de água comum com três gotas de água sanitária por 30 minutos, duas vezes por semana no mínimo, colocadas em recipiente com tampa. Em seguida lave bem com detergente neutro ou sabão de coco em água corrente.

OBSERVEMuitas vezes, a recusa do paciente em alimentar-se ou sua agitação no horário de refeições deve-se ao fato de próteses mal ajustadas ou significar simples-mente uma dor de dentes. A estabilidade da prótese dentária na boca do pa-ciente: Lembrar que com o envelhecimento ocorre perda óssea, fazendo com que as próteses fiquem frouxas e se desestabilizem. É conveniente neste caso, aconselhar-se com um dentista. A presença de cáries ou dentes quebrados podem causar dor. Existem equipes de profissionais (Den-tistas) que atendem no domicílio pacientes que se encontram impossibilitados de comparecer ao con-sultório.

Page 38: Manual de cuidador adulto final

38

A LínguaA língua deve ser massageada com a escova macia, ou raspador de língua para a remoção de: (sujidade + microorganismo = saburra lingual). Na presença de uma crosta branca sobre a língua – saburra lingual – removê-la utilizando uma solução de bicarbonato de sódio, na proporção de 1 colher de café de bicarbonato de sódio em 1 copo de água. Para executar a limpeza da língua, molhar na solução a escova de dentes, ou uma espátula envolvida em gaze, ou mesmo o próprio dedo indicador envolto em gaze. A limpeza deve ser feita com movimentos suaves, sem esfregar, para não alterar as papilas. Sempre realizar os movimentos no sentido de dentro para fora, nunca com a espátula ou dedo apontando para o final da língua, isto para evitar que machuque a garganta ou amígdalas do paciente.

Page 39: Manual de cuidador adulto final

39

Uma alimentação saudável deve ser equilibrada, ou seja, fornecer energia e todos os nutrientes necessá-rios ao bom funcionamento do nosso organismo. A quantidade de calorias (energia), vai variar de uma pessoa para outra, de acordo com o sexo, a idade, o peso, a altura, a atividade física, o estado fisiológico ou patológico (presença de doenças), condições do paciente (mastigação, deglutição e digestão).Uma alimentação saudável é fator importante para a saúde e conseqüentemente para a qualidade de vida das pessoas, pois exerce influência: no bem estar físico e mental, no equilíbrio emocional, na prevenção de agravos à saúde e no tratamento de pessoas doentes.É através da alimentação que o nosso organismo recebe todas as substâncias (chamadas nutrientes) necessárias ao seu bom funcionamento.

Noções de nutriçãoA alimentação balanceada é importante para manter e/ou recuperar a saúde do paciente.Alimento - é toda substância consumida, digerida e aproveitada pelo corpo humano.Nutrientes - são as substâncias encontradas nos alimentos (proteínas, carboidratos, gorduras, fibras, vitaminas e sais minerais). Alimentos Construtores - têm a função de construir e reconstruir. Esses alimentos contém proteínas. Alimentos Energéticos - têm a função de fornecer calor e energia necessários para as funções do orga-nismo. Esses alimentos contém carboidratos e gor-duras. Alimentos Reguladores - têm a função de regular e auxiliar os processos de circulação, respiração e digestão. Esses alimentos contém vitaminas, sais mi-nerais, fibras e água. A alimentação diária deve ser dividida em 5 a 6 re-feições incluindo, em cada, no mínimo, um alimento

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E NUTRIÇÃO

Page 40: Manual de cuidador adulto final

Oleo

FarinhaArroz

40

de cada grupo para que o paciente tenha todas as funções do organismo reguladas.Ex.: café- da ma-nhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia.

Pirâmide de alimentos

GRUPO 1 - Grupo dos cereais, pães, tubérculos e raízes: ficam na base da pirâmide e são as princi-pais fontes de carboidratos . Recomenda-se em mé-dia o consumo de 5 a 9 porções ao dia, dando pre-ferência aos alimentos integrais, que contêm maior quantidade de fibras. Uma porção eqüivale a: um pão francês, duas fatias de pão de forma, 4 bolachas de água e sal, 4 fatias de torradas, 4 colheres das de sopa de arroz ou 6 colheres das de sopa de macarrão, uma batata gran-de, 3 colheres das de sopa de farinha de mandioca. GRUPO 2 - Grupo das hortaliças: fazem parte des-se grupo as verduras e os legumes que são fontes de vitaminas, sais minerais e fibras. Recomenda-se a ingestão de 4 a 5 porções ao dia. Uma porção eqüivale a: 1 tomate, 3 colheres das de

Óleos e gordurasAçúcares e doces

Grupo 4, 5 e 8Alimento fornecedores de gorduras e açucares

Leguminosas Carnes e ovos

Grupo 1, 2 e 6Alimentos fornecedores de proteínas

Hortaliças Frutas

Grupo 3 e 7Alimentos

fornecedores de vitaminas

e minerais

Cereais, pães tubérculos e raízes

Alimentos fornecedores de energia

Page 41: Manual de cuidador adulto final

41

sopa de cenoura ralada, 1 pires dos de sobremesa de alface , 2 ramos de brócolos cozidos, 3 colheres das de sopa de vagem ou abobrinha ou chuchu. GRUPO 3 - Grupo das frutas: são fontes de vitami-nas, sais minerais e fibras. Recomenda-se a ingestão de 3 a 4 porções ao dia. Uma porção eqüivale a: 1 fruta média (laranja, ba-nana, goiaba, maçã,...); 1 fatia de mamão ou meio mamão papaia, uma fatia de abacaxi, melão ou me-lancia, 1 copo de suco de frutas, 10 unidades de morango ou jabuticaba. GRUPO 4 - Grupo do leite e derivados: fazem par-te desse grupo o leite, iogurte, coalhada, queijos. São fontes de proteínas e cálcio. É recomendada a ingestão de 3 porções ao dia. Uma porção eqüivale a: 1 xícara das de chá de leite desnatado , 1 copo de iogurte desnatado, 1 fatia de queijo fresco ou ricota. GRUPO 5 - Grupo das carnes e ovos: compõem este grupo as carnes bovinas, suínas, aves, peixes e ovos. São fontes de proteínas e ferro. É recomenda-do o consumo de 1 a 2 porções ao dia. Uma porção eqüivale a: 1 filé de carne magra gre-lhada, uma fatia de carne assada, 1 filé de frango grelhado, 1 pedaço de coxa ou sobrecoxa (sem pele), 1 filé de peixe cozido ou 2 ovos. GRUPO 6 - Grupo das leguminosas: fazem parte desse grupo os feijões, grão- de- bico, lentilha, ervi-lha seca. São fontes de proteínas, ferro e fibras. De-vemos consumir de 1 a 2 porções ao dia. Uma porção eqüivale a: 4 colheres das de sopa de feijão, ervilha ou lentilha, 2 colheres das de sopa de grão-de-bico. GRUPO 7 - Grupo dos óleos e gorduras: incluem os óleos de canola, milho, girassol, soja, azeite de oliva, margarinas cremosas, cremes vegetais “light”. Deve ser utilizado sempre em pequenas quantida-des: entre 1 a 2 porções ao dia. Uma porção eqüivale a: 1 colher das de sopa de azeite ou outros tipos de óleos, 1 colher das de so-bremesa de creme vegetal ou margarina cremosa. GRUPO 8 - Grupo dos açúcares e doces: incluem quaisquer tipos de açúcares, balas, bolachas, bolos, chocolates, refrigerantes. São fontes de carboidratos

Page 42: Manual de cuidador adulto final

42

e dão energia ao nosso organismo. Pode ser utiliza-do, no máximo, até 2 porções. Uma porção eqüivale a: 1 colher das de sopa de açúcar. A quantidade de porções de cada grupo que cada pessoa pode utilizar depende da quantidade total da calorias necessárias para o seu organismo. Em cada refeição principal (café da manhã, almoço e jantar) deve estar presente pelo menos um ali-mento do grupo dos energéticos, um dos regulado-res e um dos construtores. Ex: Café da manhã: pão/fruta/ leite Almoço e jantar: arroz/verduras e legumes/ carne/frutas

Formas de AlimentaçãoVia Oral (VO) - quando o paciente pode ser alimen-tado pela boca. Via enteral - para pacientes tanto em tratamento clínico ou cirúrgico, quando os mesmos não podem se alimentar por via oral.

Dietas hospitalaresDietoterapia: é a parte da Nutrição que cuida do tratamento de doenças através da dieta.Dieta: é o conjunto de alimentos utilizados com a finalidade de nutrir o indivíduo em qualquer fase de saúde ou doença.

Tipos de dietas (via oral)1) Geral Destinada a todas as pessoas e aos pacientes sem restrições alimentares. 2) Modificadas São as dietas em que se acresce, diminui ou retira um ou mais de seus nutrientes. Aumento: Hiper (Ex. Hiperproteica, Hipercalórica)Diminuição: Hipo (Ex. Hipoproteica,Hipogordurosa,Hipossódica)3) Específicas Hipossódica - para pacientes com problemas de hi-pertensão, cardíaco e renal. Diminuição do sal, temperos industrializados, frios (presunto, mortadela), embutidos (salsicha, linguiça), queijos amarelos, carnes salgadas, bacon, etc.

Page 43: Manual de cuidador adulto final

43

Diabéticos - para pacientes diabéticos. Alimentação isenta de açúcares e doces e com controle na quan-tidade de pães, cereais, massas e frutas. Hiper Hiper - para pacientes com necessidades ca-lóricas aumentadas e em repouso por tempo pro-longado no leito (escaras). Aumento no consumo de proteínas (carnes, ovos, leite e derivados) e calorias (mingau, vitamina, azeite, etc).

Dieta enteral – forma de preparo• Separar utensílios para uso exclusivo na preparação da dieta (colher, peneira);• Separar e higienizar os alimentos;• Preparar conforme a orientação escrita do nutricionista;• Armazenar sob refrigeração – 24 horas;• Oferecer a dieta ao paciente no horário determinado pelo nutricionista retirando da refrigeração antes de administrar ao paciente (à temperatura ambiente). Oferecer a água filtrada e fervida após cada dieta administrada.

Dicas importantes para alimentar o paciente

Nem sempre alimentar o paciente é tarefa fácil. Ho-rários regulares, ambiente tranquilo, especialmente muita calma e paciência, da parte do cuidador, são fatores imprescindíveis para que a alimentação seja bem aceita pelo paciente.

Adaptador para pratoOPÇÃO: Material anti-derapante sobre a mesa(apoia-se o prato em cima deste material)

Page 44: Manual de cuidador adulto final

44

• O paciente deve estar sentado confortavelmente para receber a alimentação. Jamais ofereça água ou alimentos quando ele estiver deitado;• O paciente que ainda conserva a independência para alimentar-se sozinho deve continuar a receber estímulos para fazê-lo, não importando o tempo que leve; você pode diminuir a sujeira durante a ali-mentação forrando o chão com plástico ou jornal, e utilizando bicos adaptadores para copos, talheres adaptados e outros acessórios.

• Em casos que pacientes apresentem tremores nas mãos ou má coordenação, o cabo engrossado com pêso pode facilitar a função, diminuindo o tremor);• Caso haja a limitação de movimento do braço e dificuldade para levar o alimento do prato à boca, pode-se entortar o colher,• Deve-se procurar oferecer ao paciente os alimen-tos de sua preferência e incentivá-lo a comer no caso de inapetência e se necessário acrescentar em suas refeições: mingaus de aveia, de farinha láctea, de maisena, vitaminas com suplementos e cereais integrais;

Adaptações caseiras

velcro

tira de câmara de ar enrolada

cabo de borracha

cabo de ferramenta velha

colher cortada

bola de borracha

dobre o cabo para se encaixar na mão

Page 45: Manual de cuidador adulto final

45

• Adaptadores com bico de sucção favorece desen-volvimento da musculatura ao redor da boca além de facilitar o movimento de levar o bico á boca,• Alças facilitam a preensão;

• É importante que a refeição seja de fácil digestão,Apresente aspectos agradáveis: cor, sabor, aroma, textura ou seja, que se apresente agradável a todos os órgãos dos sentidos: bonita, aromática, gostosa para estimular as sensações que com o avanço da idade podem diminuir levando à redução do apetite e do prazer de comer; • Que possua poder de saciedade (auxilia nesse aspecto o consumo de alimentos ricos em fibras e alimentar-se calmamente);• No caso de a função mastigatória estar íntegra, não há razão para modificações de consistência e utilização de sopas ou purês. Para que os alimentos sejam melhor aproveitados, precisam ser bem mastigados. No caso da ausência parcial ou total dos dentes e uso de prótese, não deixar de comer carnes, legumes, verduras e frutas. As carnes podem ser picadas, desfiadas, moídas ou batidas no liqüidificador. Os legumes e as verduras cruas podem ser picados ou ralados. As frutas mais “duras” podem ser cortadas em pedaços pequenos, amassadas, raspadas ou batidas no liqüidificador;• Caso haja dificuldade para deglutição, procurar oferecer alimentos cozidos e com molho;

Page 46: Manual de cuidador adulto final

46

• Para manter um bom hábito intestinal deve-se consumir grande quantidade de líquidos e de ali-mentos ricos em fibras: frutas, sempre que possí-vel cruas e com casca, hortaliças, de preferência cruas,(leguminosas secas, cereais integrais, deve-se tomar de 6 a 8 copos de água por dia, de preferência no intervalo das refeições); •É importante evitar o uso de laxantes.;Recomenda-se o consumo de carnes e leguminosas secas. No caso das leguminosas, o ferro é melhor absorvido na presença de alimentos ricos em vita-mina C, como laranja, limão, caju, goiaba, abacaxi, acerola, e outros na sua forma natural ou em sucos. Essa conduta pode prevenir o aparecimento de ane-mia, problema tão freqüente em pacientes, devido à diminuição da produção de glóbulos vermelhos, que pode ser agravada por uma alimentação deficiente em alimentos ricos em ferro; • É fundamental ingerir diariamente alimentos que contenham cálcio e exposição diária ao sol. Com estas práticas, pode-se prevenir o aparecimento da osteoporose que é uma doença comum em pacientes, especialmente em mulheres, devido à mudança hormonal provocada pela menopausa;•Utilizar açúcar, doces, gorduras, alimentos gordu-rosos em pequena quantidade para manter o peso adequado. Isto é importante na prevenção de doen-ças (obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares) e também para prevenir complicações destas, quan-do já existentes; •Deve-se evitar o consumo exagerado de sal (clore-to de sódio). Com o avanço da idade, o organismo pode apresentar dificuldade na utilização de água e eletrólitos (sódio e potássio). Em virtude deste fato, pode haver aumento da pressão arterial e retenção de líquido (inchaço);•É importante que se dê preferência à utilização de óleos vegetais (óleo de soja, de milho, de arroz, de canola, azeite de oliva, girassol e outros), no prepa-ro e cozimento de alimentos, sempre em pequena quantidade. Desta maneira pode-se prevenir a aterosclerose, doença que é cada vez mais comum na população adulta e idosa e está relacionada com o aumento

Page 47: Manual de cuidador adulto final

47

do consumo de alimentos ricos em colesterol e gor-dura saturada. Devemos procurar evitar ou diminuir alimentos ricos em gorduras saturadas e em coles-terol: gorduras animais (das carnes gordas, do leite integral, dos queijos gordos, manteiga, banha, tou-cinho , bacon, creme de leite, preparações à base de ovos, embutidos), gordura hidrogenada, óleo de dendê, óleo superaquecido, reutilizado muitas vezes (principalmente para frituras), pães recheados com cremes, com cobertura de chocolate ou com coco e biscoitos amanteigados. Deve-se consumir no máxi-mo 3 ovos/semana. • Sempre que possível, procure substituir frituras por preparações cozidas, assadas ou grelhadas;• No preparo de carnes, retire toda a gordura visível, assim como a pele das aves e dos peixes; • Recomenda-se a compra de alimentos da época, que têm melhor qualidade nutricional e um custo menor;• Observar atentamente a data de validade dos pro-dutos adquiridos;• Caso o paciente apresente obstipação intestinal evitar oferecer banana-maça, caju, goiaba, maçã, cenoura, chá preto/mate e limão. Deve-se procu-rar oferecer uma vitamina laxativa composto por: 150ml de suco de laranja, 1 ameixa seca, 1 pedaço de mamão, 1 colher de sopa de creme de leite, 1 colher de sopa de farelo de aveia (açúcar ou mel à gosto);• Caso o paciente apresente flatulência (gases) de-vem ser evitados: repolho, pepino, grão de feijão, couve-flor, cebola e alho (principalmente crus, pi-mentão, nabo, rabanete, bebidas gasosas, doces concentrados, queijos amarelos, etc.)

Page 48: Manual de cuidador adulto final

48

A dificuldade para engolir adequadamente o alimento é chamada de disfagia. Por exemplo, quando engasgamos, quando temos dificuldades para mastigar os alimentos ou quando necessitamos de outra via de alimentação como as sondas.O risco de um paciente que apresenta dificuldades para engolir, se alimentar normalmente, é de apre-sentar complicações como a pneumonia de repeti-ção ou mesmo morrer.É importante identificar e ajudar esses pacientes a se alimentar com maior segurança através da identi-ficação de alguns sinais ou sintomas que eles apre-sentam durante as refeições.

O que observar e como ajudar durante as refeições

Se o paciente faz uso de dentaduras, verificar se as mesmas possuem bom encaixe. Se as dentaduras ficarem soltas a mastigação dos alimentos sólidos ficará difícil e o paciente pode engasgar com o ali-mento. Neste caso o paciente se alimentará melhor sem a dentadura.

DISFAGIA (DIFICULDADE DE ENGOLIR)

Figura 1

Page 49: Manual de cuidador adulto final

49

Deve-se acordar bem o paciente e coloca-lo sentado (figura 1) antes de oferecer o alimento. Verificar se o paciente entende que está na hora da refeição e colabora, ajuda com a alimentação. A quantidade de alimento oferecido deve ser ingerida toda ou quase toda, identificar se o paciente está comendo menos do que comia antes para que não fique desnutrido.Na oferta do alimento deve-se oferecer pequenas porções usando colheres pequenas como a colher de chá, oferecer uma porção de cada vez e pedir que engula todo alimento antes de oferecer outra porção.Os alimentos líquidos devem ser oferecidos no copo SEM uso de canudos, um gole de cada vez e nunca oferecer o líquido quando o paciente ainda estiver com algum alimento na boca. Deve-se evitar atividades físicas, exercícios antes das refeições pois se o paciente estiver cansado poderá engasgar com maior freqüência. Quando o paciente acumula alimento da parte pos-terior da boca observamos uma voz diferente que chamamos de “voz molhada”. Ao identificar que o paciente está engasgado, pedir para que ele tussa, pigarreie e em seguida engula ou guspa o alimento.É importante saber qual o alimento e que consistência o paciente apresenta maior difi-culdade ou engasga mais. Alimento líquido é mais fácil de engasgar e por isso devemos ficar atentos. Dê preferência para alimentos mais grossos como a vitamina, pudins e mingau.

água

néctar

mel

pudim

Page 50: Manual de cuidador adulto final

50

O uso da sonda de alimentação é necessário quando o paciente não consegue engolir adequadamente e o risco do alimento da boca ir parar no pulmão é grande.Se o paciente está de sonda de alimentação e sem indicação de comer pela boca, é importante que não seja oferecido alimento pela boca sem o acom-panhamento da Fonoaudióloga. Porém é importan-te que seja fornecido a higiene bucal com freqüên-cia. Manter a boca do paciente sempre limpa evitará que a saliva se acumule na boca e se direcione aos pulmões.O que deve ser feito se a sonda de alimentação sair do lugarProcure um Pronto Socorro mais perto para que um profissional especializado reposicione a sonda.NÃO TENTE REPASSAR A SONDA EM CASA SEM O PROFISSIONAL HABILITADOA sonda deverá ser passada pela equipe de Enfer-magem e a dieta deverá ser prescrita pela Nutricio-nista. A fixação externa da sonda pode ser trocada pelo cuidador, sempre tendo o cuidado de não pu-xar a sonda. Nas áreas de contato com a pele deve--se utilizar micropore; os locais de fixação devem ser constantemente trocados, para evitar feridas na pele ou alergias.

PACIENTE QUE USA SONDA DE ALIMENTAÇÃO

Fixação da sonda enteral

Sonda enteral

Page 51: Manual de cuidador adulto final

51

Há dois tipos de nutrição enteral (o que influencia na forma de preparo e armazenamento da dieta): caseira ou artesanal (é preparada em casa com ali-mentos naturais), e a industrializada (a dieta já está pronta para o consumo e o custo é maior que a pre-parada em casa). As dietas caseiras deverão ter consistência líquida (solução liquidificada e coada) e a validade será de 12 horas após o preparo. As dietas industrializadas possuem maior tempo de validade (geralmente 24 horas) e maior custo. A nutrição enteral é líquida e o fornecimento é feito diretamente no tubo digestivo, sem depender do apetite e da colaboração do paciente. Os materiais necessários para a nutrição enteral são: 1 - Sonda jejunal 2 - Sonda simples 3 - Frasco descartável - recipiente utilizado para infundir a alimentação e água 4 - Equipo descartável 5 - Seringa descartável (20 ml)

Kit para dieta enteral

Page 52: Manual de cuidador adulto final

52

Alguns cuidados são importantes na infusão da dieta enteral, tais como:• Manter o paciente sentado ou com travesseiros nas costas formando um ângulo de no mínimo de 15 graus para receber a dieta, nunca deitado para evitar vômitos e aspiração da dieta para os pulmões (o que é muito perigoso); o paciente deverá ser mantido em decúbito elevado durante toda a infusão da dieta e 30 minutos após o término;• Infundir a dieta lentamente por gotejamento (atra-vés de frasco acoplado ao equipo) gota a gota (é como se fosse uma torneira quebrada que pinga len-tamente) para evitar diarréia, distensão abdominal, vômitos e má absorção. Para facilitar a descida da dieta, o frasco pode ser pendurado em ganchos, pre-go ou suporte de vasos;• Fracionar a dieta durante o dia (de acordo com orientação da Nutricionista); • O volume em cada horário, não deve ultrapassar de 350ml;• Infundir água filtrada e fervida (que deverá ser fornecida em temperatura ambiente) nos intervalos entre os horários da dieta - quantidade a ser definida pelo Médico ou pela Nutricionista – através da serin-ga ou colocada no frasco descartável;• Após administrar cada frasco da dieta, passar pela sonda cerca de 20ml de água filtrada e fervida, para evitar acúmulo de resíduos e entupimento da mesma;• Manter a sonda fechada quando não estiver em uso; • Após o preparo a dieta caseira, esta deverá ser guardada na geladeira e retirar somente a quantidade que for utilizar 30 minutos do horário estabelecido. A dieta portanto, deverá ser oferecida ao paciente em temperatura ambiente;• Não aquecer a dieta em banho-maria ou em microondas;• Caso o paciente puxe a sonda (ou ocorra um acidente na mobilização) e esta saia “para fora”, não tente recolocá-la. Lave-a com água e sabão e guarde-a em lugar seco e limpo, pois ela pode ser reutilizada;

Page 53: Manual de cuidador adulto final

53

• Dependendo do tipo de sonda enteral ela pode ser utilizada por até 6 meses, desde que não obstrua, fure ou vaze.

Técnicas de preparo e higienização de sonda de alimentação

• Lavar as mãos cuidadosamente com água e sabão antes de preparar a dieta.• Lavar o local de preparo com água e sabão e passar álcool. Reservar os utensílios somente o preparo da dieta. • Pesar e medir corretamente todos os ingredientes da dieta. Seguir rigorosamente as instruções de pre-paro. Utilizar sempre água filtrada e fervida.• Os utensílios utilizados deverão ser lavados com água corrente e sabão. • O equipo, a seringa e o frasco deverão ser lavados com água fervente. Para verificar se a nutrição enteral esta ajudando na recuperação do paciente, observar freqüentemente se ele está mais disposto, com o aperto de mão mais forte, se ele consegue caminhar um pouco mais a cada dia e se for possível pesá-lo, leve-o até uma balança. Caso o paciente esteja acamado ou incons-ciente, verifique se o seu rosto, braço e peito estão ganhando massa.

OBSERVAÇÃOA diarréia pode ser uma ocorrência comum:

verifique o gotejamento, verifique os cuidados de higiene do preparo, procure o hospital onde o paciente foi atendido e recebeu as orientações

quanto à alimentação por sonda.

Page 54: Manual de cuidador adulto final

54

O paciente acamado precisa de muita atenção.É importante alterar o posicionamento no leito ou na cadeira de rodas periodicamente evitando assim, o surgimento de úlceras de decúbito (escaras). Particularmente, no paciente que sofreu um Acidente Vascular Cerebral (derrame), é importante que ele fique bem posicionado e que esteja confortável, como mostram as figuras 2, 3 e 4: Figura 2: Posicionamento no decúbito dorsal (barriga para cima). O braço comprometido deve estar sempre estendido e apoiado em um travesseiro. A perna lesada deve ter embaixo do joelho um travesseiro, favorecendo uma flexão discreta; impedindo que todo o membro inferior fique rígido em extensão. Nos casos em que a perna toda está rodada para fora (rotação externa) coloque um apoio deixando-a reta em posição neutra.

Figura 2

POSICIONAMENTO NO LEITO ORIENTAÇÕES PARA O PACIENTE ACAMADO

Page 55: Manual de cuidador adulto final

55

Figura 3: Ao vestir-se, caso o paciente tenha um bom controle de tronco, o ideal é fazer esta atividade em posição sentada com os joelhos à 90º e os pés apoiados, estando bem estavél sua participação será mais efetiva, o membro superior afetado deve ser o primeiro a ser vestido e o último a ser despido.Se a mão estiver fechada, deve ser colocado um rolo feito de tecido ou atadura utilizada para enfaixes, na mão comprometida, estimulando que fique aberta.

Figura 3

Figura 4

Figura 4: A: Acomodação do paciente de lado hemiplégico (paralisado). O cotovelo deve estar bem estendido, a palma da mão virada para cima, membro inferior plégico alinhado evitando manter o pé caido, em apoio planar.B: Paciente em decubito lateral sobre o lado NÃO acometido, colocar travesseiros a sua frente onde possa posicionar o membro superior, com o coto-velo levemente flexionado ou estendido e manter a mão aberta. O membro acometido deve permane-cer sobre um travesseiro entre as pernas e joelhos ligeiramento dobrados.

Page 56: Manual de cuidador adulto final

56

A melhor maneira de auxiliar o paciente a passar de sentado para em pé é apoiá-lo pela cintura e colocar o joelho do cuidador entre os joelhos do paciente (figura 5). Esta orientação é válida para quaisquer ti-pos de dificuldades, independente da doença do pa-ciente, pode ser por uma simples fraqueza muscular decorrente do envelhecimento. Se for possível para o paciente, peça que incline o tronco para frente, no momento de se levantar. Repare que o pé do cuidador apóia os pés do paciente, dando suporte e impedindo que deslize.

TRANSFERÊNCIAS

Figura 5

Page 57: Manual de cuidador adulto final

57

2pt oval

Em casos de pacientes com maiores dificuldades físicas a seqüência abaixo ilustra o melhor manejo. Inicie sentando o paciente na beirada da cama.

No caso de pacientes muito pesados, ou no caso do cuidador estar apresentando quaisquer dificuldades nas transferências, peça ajuda a outra pessoa. Ex-plique ao paciente o que será realizado. Quem for apoiar a parte superior do corpo do paciente deve segurá-lo próximo ao próprio corpo. Levantem o paciente juntos. Dobrar as pernas, não forçar a coluna. Os cuidadores devem sempre usar sapatos baixos, bem ajustados e amarrados.

Figura 6

Figura 7 Figura 8

Page 58: Manual de cuidador adulto final

58

Em um paciente que apresenta dificuldades para an-dar, a melhor maneira de auxiliá-lo é o cuidador ou familiar apoiar o lado que apresenta maiores dificul-dades, colocando uma mão embaixo do braço do paciente, ou da sua axila, segurando com sua outra mão, a mão do mesmo, dando-lhe apoio e segu-rança. Em casos de maior desequilíbrio, o cuidador deve estar à frente do paciente segurando-o firme-mente entre as mãos e os cotovelos e estimulando que olhe para frente ao andar.

Page 59: Manual de cuidador adulto final

59

Essas adaptações são importantes para facilitar a au-tonomia do paciente e para a prevenção de quedas, já que as quedas acarretam conseqüências graves, incluindo fraturas, cirurgias e imobilidade, podendo chegar inclusive à morte. As adaptações são importantíssimas nos casos de Doença de Alzheimer, pois esses pacientes são mais vulneráveis a acidentes domésticos e às quedas.

Abaixo são citados exemplos de adaptaçõesO piso não deve ser escorregadio. Cadeiras, camas e poltronas devem ser mais altas facilitando o acesso. Você pode improvisar com tijolos ou blocos de madeira, ou adquirir “levantadores de cama e cadeiras” em lojas especializadas. Muito cuidado com as cadeiras de plástico, pois podem escorregar e provocar quedas. As camas não devem ser posicionadas embaixo das janelas (evitando correntes fortes de vento). A iluminação e ventilação devem ser adequadas. Devem ser retirados tapetes soltos, tacos soltos, fios, capachos, pois, podem provocar quedas. Os objetos de uso pessoal devem estar em uma altura que facilite o acesso, ou seja entre os olhos e quadris.

ADAPTAÇÕES AMBIENTAIS

Barras de apoio no banheiro Apoio para vaso sanitário

Page 60: Manual de cuidador adulto final

60

Instalar barras de apoio (corrimãos) no banheiro, seja próximo ao vaso sanitário ou dentro do box. Em caso de dificuldade para o paciente levantar-se do vaso sanitário, existe disponível no comércio os elevadores de vaso sanitários e os apoios de vaso sanitário.

Se for identificado risco de queda durante o banho, o cuidador deve proceder o mesmo com o paciente sentado, usando uma cadeira com braços, para que o mesmo tenha apoio ao levantar-se.Deve ser deixada uma luz acesa durante a noite, facilitando a chegada ao banheiro. As escadas devem ter corrimãos dos dois lados, boa iluminação, e terem faixa ou piso antiderrapante. Ao caminhar, o paciente não deve estar usando chinelos e sim um calçado firme e que esteja bem adaptado em seus pés. Há uma altura correta para bengalas e andadores e uma maneira certa de usá-los. Procure a orienta-ção em um serviço de saúde. Estimule caminhada em ambientes arejados. No caso de pacientes com Alzheimer, caminhe sempre no mesmo trajeto, mos-trando a ele pontos de referência.

Elevador sanitário

Acessório para elevação de camas

Andador e diferentes tipos de bengalas

Page 61: Manual de cuidador adulto final

61

O toque no corpo do paciente pode ser feito com a mão (aquecida ou não), espuma, toalha, com creme, etc.Converse com o paciente e oriente os familiares a fazerem o mesmo.Evite quaisquer comentários negativos a respeito do diagnóstico e/ou prognóstico do paciente na presen-ça dele.Leia para o paciente trechos ou crônicas de um livro preferido.Coloque música para ele ouvir.Mostre gravuras, revistas ou fotos que o agrade.Manter um vestuário simples e confortável, criando sempre que possível a oportunidade de escolha pelo próprio paciente é de fundamental importância; essa rotina permite a preservação da personalidade ele-vando a auto-estima e a independência.• Estimular a independência é fundamental.• As roupas devem ser simples, confeccionadas com tecidos próprios ao clima. O paciente pode ter perdido a capacidade de expressar sensações de frio ou calor, dessa forma, nunca esquecer de tirar ou colocar agasalhos, conforme a variação da temperatura.• Deve-se estimular o ato de vestir-se sozinho, dando instruções com palavras fáceis de serem entendidas.• Dê a ele a oportunidade de optar pelo tipo de vestuário e as cores que mais lhe agradem. Apenas supervisione, pois pode ser que haja necessidade de auxilia-lo na combinação de cores.• Para que ele mesmo possa procurar suas roupas, nos armários, cole fotos de peças e ou objetos pes-soais na parte externa da gaveta ou guarda-roupas. Isto o ajudará a encontrar rapidamente o que procura.

ESTIMULAÇÃO SENSORIAL

Page 62: Manual de cuidador adulto final

62

• Roupas como blusas, camisas ou suéteres, deverão ser preferencialmente abertos na parte da frente, para facilitar a colocação ou retirada.• Evite roupas com botões, zíperes e presilhas, elas dificultam o trabalho do paciente para abri-los ou fecha-los. Dê preferência às roupas com elástico ou velcro.• Em casos de dependência mais severa, pode-se dar preferência aos conjuntos do tipo moleton, em função da sua praticidade.• Pacientes limitados às cadeiras de rodas ou pol-tronas, o critério para a escolha do vestuário é ainda mais rigoroso. Deve-se optar por roupas mais con-fortáveis, largas, especialmente nos quadris.• Na medida do possível, deve-se providenciar um roupão, para que o paciente possa se despir no quarto e, protegido, ser conduzido ao banho.• Deve-se evitar o uso de chinelos, pois eles facili-tam as quedas.• Todos os tipos de sapatos devem ter solados anti--derrapantes, os mais indicados são aqueles que pos-suem elástico na parte superior, pois além de serem fáceis de tirar e colocar, evitam quedas que o pa-ciente tropece e caia, caso o cadarço se desamarre.

Page 63: Manual de cuidador adulto final

63

Pacientes confusos, vagantes, com limitações moto-ras, desorientados no tempo e no espaço, necessi-tam de supervisão constante. Algumas medidas, que previnam a ocorrência de acidentes, tanto domésti-cos quanto em ambientes externos devem ser ado-tadas. Desta forma, adaptar o ambiente tornando-o mais seguro é muito importante. Inicialmente analise cada cômodo da casa, a fim de eliminar riscos po-tenciais de acidentes. A cozinha e o banheiro são freqüentemente os dois ambientes mais perigosos. Embora as adaptações sejam necessárias, não de-vem descaracterizar totalmente o ambiente familiar ao paciente e pelo qual ele tem apreço. Assim, mó-veis e objetos familiares a ele devem ser mantidos no mesmo lugar.• Todos os objetos perigosos devem ser removidos, genericamente: os pontiagudos, cortantes, quebrá-veis, pesados. Pequenos objetos como alfinetes, bo-tões, agulhas, moedas (que podem ser engolidos), devem ser guardados em local seguro.• Estimule-o a ajudar em tarefas simples que não ofereça perigo.• Nunca permita que o paciente execute atividade na cozinha quando estiver sozinho.• Manter produtos de limpeza, desinfetantes, deter-gentes ou inflamáveis em armários que devem per-manecer fechados. • O piso da cozinha deve ser preferencialmente antiderrapante. Nunca o encere, o risco de quedas com conseqüente fratura é muito alto.• Banheiros geralmente apresentam pisos lisos e es-corregadios, deve-se providenciar tapetes antiderra-pantes (emborrachados) para evitar quedas.Se possível deve-se colocar barras de segurança na parede do interior do Box e ao lado do vaso sanitá-rio, eles permitem que o paciente se apóie e sinta-se

PROTEGER O PACIENTE

Page 64: Manual de cuidador adulto final

64

seguro e ainda evitam que ele se apóie em suportes falsos, como os de toalhas, cortinas, pia.• Retire do armário do banheiro todos os medica-mentos, lâminas de barbear, etc. Mantenha apenas os objetos pessoais de higienização. • Fechaduras devem possibilitar a abertura da porta pelos dois lados, pois evita que o paciente tranque--se e não consiga abrir a porta. • Deve-se avaliar a necessidade de colocação de te-las ou grades em janelas, principalmente nos casos de o paciente residir em apartamento. • Os sofás, poltronas, cadeiras, devem ser envol-vidos cuidadosamente. Devem ser firmes e fortes, com antebraços que permitam o apoio para o ato de sentar e levantar, devem ainda ser revestidos de material impermeável e lavável, principalmente nos casos de pacientes incontinentes.• Os pacientes agitados devem ter sua cama encos-tada em uma das paredes e possuir grade lateral.• As camas hospitalares com grades laterais e pro-vidas de colchão “casca de ovo” são indicadas para pacientes de alta dependência.• Manter ambientes claros e arejados, a iluminação natural é ideal.• Caso haja escadas, estas devem ser bem ilumina-das e com corrimão em ambos os lados.• Os passeios externos devem ser incentivados, porém estão subordinados ao grau de dependência apresentado.

Page 65: Manual de cuidador adulto final

65

Manter atividades é extremamente importante, po-rém deve-se levar em consideração as preferências anteriores do paciente na tentativa de mantê-las por maior tempo possível, respeitando-se o grau de de-pendência apresentado.• Todas as atividades devem estar subordinadas às habilidades e limitações do paciente.• Observe e considere as preferências do paciente, desde que elas não representem perigo para ele.• Se possível, busque aconselhamento com profis-sionais capacitados – Terapeutas Ocupacionais – que certamente terão condições de avaliar e indicar quais atividades poderão ser executadas pelo pa-ciente, segundo as limitações físicas e/ou mentais apresentadas.• Atividades domésticas simples, como varrer, tirar o pó, devem ser encorajadas, pois irão gerar no pa-ciente, um sentimento agradável de participação e utilidade. No entanto você deve supervisionar estas atividades.• Atividades sociais fora de casa devem ser selecio-nadas, amigos ou parentes que o acompanham de-vem ter plena consciência de suas limitações, para que possam agir transmitindo calma e segurança.• As atividades profissionais (desde que possível) de-vem ser incentivadas e o paciente observado sutilmen-te, ainda que seja preciso que outra pessoa, em um segundo momento, refaça a tarefa executada por ele.

É PRECISO MANTÊ-LO OCUPADO

Page 66: Manual de cuidador adulto final

66

Dificuldades de comunicação após um derrame

• Quando os músculos do rosto são prejudicados com o derrame, o doente pode ter dificuldade ao falar, tornando difícil o entendimento do que ele diz. Isso não quer dizer que ele não entenda o que você diz. Para entender melhor o que ele quer falar, se puder, peça para ele escrever, assim não ficará irrita-do e você poderá entender melhor sua necessidade.• Se ele não puder escrever, faça perguntas que ele possa responder com sinais, fazendo sim ou não com a cabeça, combine os sinais com ele.• Ao falar com o paciente não deixe que nada o distraia, pois, concentrando a atenção, você poderá entende-lo com maior facilidade.• Ao fazer coisas com e para o paciente, ir dando nome a tudo o que está sendo usado, por exemplo: água, banho, sabonete, prato, camisa, etc...

COMUNIÇÃO

CUIDADOS COM A MEDICAÇÃOPacientes usam, em média, 3 a 4 tipos diferentes de medicamentos ao dia, em horários variados. Quanto maior o número de medicamentos usados, maior a chance de erro de dose, de horário e de troca de medicação, tanto por parte do paciente, como por parte do cuidador, geralmente já sobrecarregado com suas múltiplas tarefas.Para evitar problemas maiores, e considerando que o uso correto da medicação é fundamental para o bom andamento dos cuidados, sugerimos algumas medidas: 1. Coloque os medicamentos em uma caixa com tampa (plástica ou papelão), ou vidro com tampa, tomando o cuidado de usar caixas diferentes para

Page 67: Manual de cuidador adulto final

67

medicamentos dados pela boca, para material de curativo e material e medicamentos para inalação. Além de ser mais higiênico, é menos provável que você confunda e dê por boca um medicamento ina-latório, ou que misture um material de curativo de ferida com o de limpeza de sonda ou cânulas; se você for exigente, pode comprar caixas para medi-camentos e materiais de curativo, à disposição em lojas de produtos médico-hospitalares; a caixa or-ganizadora pode ser utilizada para medicação oral e existe em várias opções e formatos; caso você não saiba ler, peça a sua enfermeira para dividir os medi-camentos em envelopes ou saquinhos, com o dese-nho do horário em que deve ser tomado;

2. Converse com o médico ou enfermeira respon-sável sobre a possibilidade de dividir as medicações em horários padronizados, como por exemplo café da manhã, almoço e jantar, e faça uma lista do que pode e do que não pode ser dado no mesmo horá-rio. Para facilitar você pode dividir a caixa em com-partimentos, e colocar os respectivos medicamentos nos respectivos horários; 3. Para facilitar a administração dos medicamentos você pode usar o Plano de Medicação Diária (im-presso com vários relógios desenhados), que com a orientação do médico, enfermeira, ou farmacêutico distribui a medicação em horários padronizados. Este Plano de Medicação deverá ficar em lugar de

Caixa improvisada com divisórias

Caixa com material curativo

Page 68: Manual de cuidador adulto final

68

fácil visualização, como por exemplo, a porta da ge-ladeira. Caso o cuidador não saiba ler, pode-se colar os medicamentos do lado do desenho do relógio, na quantidade correta de comprimidos para cada horá-rio, conforme prescrição médica; 4. Mantenha os medicamentos em local seco, are-jado, longe do sol e principalmente das crianças. 5. Mantenha os medicamentos nas embalagens ori-ginais para evitar misturas e realizar o controle da data de validade;

6. Deixe somente a última receita médica ou de en-fermagem junto à caixa de medicamentos. Isto evi-ta confusão quando há troca de medicamentos ou receitas, facilita a consulta em caso de dúvidas ou quando solicitado pelo profissional de saúde; para evitar confusão, você pode devolver os medicamen-tos que não estão sendo utilizados para o centro de saúde, ou guardá-los em outro local; 7. Lembre-se de solicitar ao médico uma prescrição para caso de necessidade, como vômitos, febre, diarréia, dor, e mantenha uma pequena quantidade destes medicamentos em uma caixa separada, com o rótulo “necessidades especiais”; 8. Não acrescente, substitua ou retire medicamentos sem antes consultar um profissional de saúde; lembre-se que medicamentos prescritos para outras pessoas podem não ter o mesmo efeito, ou não serem indicados para o paciente;

Caixa organizadora

Plano de medicação diária

Page 69: Manual de cuidador adulto final

69

9. Evite o uso de chás e plantas medicinais, pois eles são considerados medicamentos e podem ter efeitos indesejáveis; 10. Caso o paciente utilize vários medicamentos por dia, utilize um calendário ou um caderno onde você possa colocar a data, o horário, e colocar um visto nas medicações já dadas. Isto evita a desagradável pergunta: Será que eu já dei os medicamentos das 10 horas? 11. Evite dar medicações no escuro, para não correr o risco de trocas perigosas; 12. Se o paciente apresentar dificuldades para en-golir comprimidos, ou alimentar-se por sonda, con-verse com o médico ou enfermeira sobre a possibi-lidade de dissolvê-lo em água ou suco, e caso não seja possível, peça para o profissional trocar o me-dicamento; 13. Não use como referência a cor do comprimido, pois esta pode mudar de acordo com o laboratório fabricante. Por exemplo, o captopril existe em com-primidos branco e azul; 14. O cuidador deve sempre avisar o médico ou enfermeira quando o paciente parar de tomar algum medicamento prescrito; 15. Não substituir medicamentos sem a autorização do médico; 16. O cuidador não deve aceitar empréstimos de medicamento quando o do seu paciente acabar. Muitas vezes o medicamento tem o mesmo nome mas a sua concentração é diferente. Seja prevenido e sempre confira a quantidade de medicamento antes de feriados ou finais de semana, para não correr o risco de faltar; 17. Tire suas dúvidas com o o médico ou a enfermeira.

Page 70: Manual de cuidador adulto final

70

Pacientes acamados são mais dependentes, sua movimentação está diminuída, sua respiração é curta e apresentam risco maior de engasgar. Essas características aumentam o risco de desenvolver pneumonia. Além disso, por ficarem muito tempo na mesma posição, associado à diminuição do movimento acabam desenvolvendo encurtamentos e fraqueza muscular. Por este motivo a intervenção da fisioterapia respiratória e motora é tão importante, evitando assim possíveis reinternações.Todos os cuidados são individuais, o que serve para um não serve para outro. Fazer somente o que for orientado para seu familiar.

EXERCÍCIOS PARA O PACIENTE

Page 71: Manual de cuidador adulto final

PARA AQUELES QUE CONSEGUEM NOS AJUDAR

71

Exercícios respiratóriosFacilitam a eliminação de secreções e melhoram a ventilação pulmonar, prevenindo complicações pul-monares.Respiração abdominal - puxar o ar pelo nariz lenta-mente e soltar pela boca, levando o ar para barriga.Respiração profunda - puxar o ar o máximo que conseguir e soltar pela boca devagar.Respiração em 2 tempos - puxa um pouco de ar, segura, puxa tudo e solta devagar pela boca.

Tosse ativaPedir para paciente tossir forte, sozinho, observar a cor da secreção, caso não esteja clara, avisar ao profissional da saúde rapidamente.

PosicionamentoÉ importante alterar o posicionamento no leito ou na cadeira de rodas periodicamente evitando assim, o surgimento de úlceras de decúbito (escaras), fa-cilitando também a respiração. Permanecer maior tempo sentado ou em pé de acordo com a condição de cada um.

Page 72: Manual de cuidador adulto final

(pacientes traqueostomizados)

PARA AQUELES QUE NÃOCONSEGUEM NOS AJUDAR

72

Por serem mais dependentes, não conseguem tossir sozinhos, não tem força, acumulando mais secreção. Normalmente são traqueostomizados necessitando de aspirações freqüentes. A traqueostomia é uma abertura realizada na tra-quéia (tubo que conduz o ar da boca e nariz para os pulmões), para que o paciente possa respirar. É reali-zada no hospital, por indicação médica. Este orifício é mantido aberto e protegido por uma cânula, que pode ser de plástico ou metal, e é fixada ao redor do pescoço com um cordão (cadarço). A cânula de traqueostomia deve ser limpa pelo me-nos uma vez ao dia, porém se houver muita secre-ção pode-se fazer a limpeza várias vezes ao dia.

Page 73: Manual de cuidador adulto final

73

Se a cânula for de metal deve-se retirar a cânula in-terna (mandril) e lavar em água corrente, limpando com uma gaze ou cotonete. A gaze deve passar de um lado para o outro do mandril limpando as secre-ções ressecadas que obstruem o mesmo. Após a limpeza da cânula deve-se verificar se a câ-nula interna está na posição correta e bem fixada. Para proteção do cuidador e do paciente é aconse-lhável o uso de luvas de procedimento para limpeza da cânula. Lembre-se que o orifício da traqueostomia comunica o meio ambiente diretamente com o pulmão; deve-se ter o cuidado de evitar a entrada de “coisas estranhas”, como: água, comida, insetos, perfumes, talcos e etc pelo orifício. Você pode usar uma gaze para proteger o orifício da entrada de insetos. A elevação da cabeceira do leito a 30 graus (cerca de 3 travesseiros grossos), também ajuda a prevenir a entrada de secreções nos pulmões e brônquios, evitando a pneumonia. Também previne a queda da língua para “trás”, o que dificulta a respiração e a torna ruidosa (barulhenta). Você pode elevar a cabe-ceira com material improvisado, como um pedaço de madeira, ou pode adquirir o acessório para ser adaptado à cama do paciente, ou pode alugar uma cama hospitalar com diferentes inclinações.

Page 74: Manual de cuidador adulto final

CUIDADOS NOS ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO PACIENTE

74

O apoio familiar é o suporte do paciente e a segurança dos profissionais que o assistem.Caso você não faça parte da família, não importa, você está exercendo a função de facilitador de uma etapa no caminho do viver de um ser humano.

Saiba que o paciente está vivenciando:•A impotência. •A dependência. • A depressão: as vezes causada por morte do conjuge, aposentadoria, limitações, reação a medicação, etc. • A ansiedade frente a patologia, o medo, etc.

O paciente pode emitir comportamentos como

• Chamar pelo cuidador várias vezes. • Ser teimoso, não obedecendo ordens. • Ficar inativo e ou agressivo. • Ter insônia.

Page 75: Manual de cuidador adulto final

75

• Não ter controle dos esfincters. • Ter coordenação motora inadequada (derrubar objetos, comida, etc.). • Perda de memória. • Perda de orientação espacial.

Diante desses quadros o cuidador pode ter•Tristeza: por vivenciar as perdas do paciente • Raiva: diante das sua recusas, falta de controle dos esfincters. • Ansiedade: por espera de progresso do paciente, para sair da rotina do dia a dia da doença. •Culpa: por ter pensamento e atitudes as vezes ne-gativas.

Pode vivenciar• Cansaço. • Insônia. • Perda de autocontrole. • Impotência. • Depressão.

Calma! Procure: 1 Deixar o paciente sempre ocupado. 2 Assistir à TV. 3 Ler jornais, ver notícias (caso não possa faze-lo, faça por ele). Ofereça-lhe revistas. 4 Ouvir música. 5 Se possível caminhar, tomar banho de sol e fazer alguns exercícios dentro de seus limites.

Page 76: Manual de cuidador adulto final

76

6. Incentiva-lo a rezar (se o paciente for religioso).7. Não responder pelo paciente. 8. Não faça por ele o que ele pode fazer. 9 Sair de perto quando estiver perdendo o autocon-trole e solicitar ajuda de outro cuidador da família ou voluntário. 10 Sempre que possível revezar com alguém. 11 Procurar se informar a respeito da evolução da patologia. 12 Procurar recursos existentes na comunidade. 13 Procurar recursos oferecidos pela saúde. Como: grupos existentes nos centros de saúde (Lian-kung, vivência e cuidadores etc...) 14 Conversar com familiares que também tenham seus doentes. 15 Tente manter as atividades possíveis que o paciente executava como: dobrar roupas, vestir-se e etc. 16 Cuidado com seus gestos ou palavras, o paciente é atento. 17 Revezar entre os membros da família e amigos horário com disponibilidade interna de conversar/dialogar com carinho e ternura com o paciente. 18 O cuidador não deverá esquecer de proporcionar para si próprio: ginástica, grupos de lazer, auto-cui-dado como: não descuidar de sua pessoa (manuten-ção da auto-estima). Cuidador persevere, vivencie atento o seu momento que vai qualifica-lo diante do aprimoramento das emoções que geram nossa vida.

Page 77: Manual de cuidador adulto final

77

Cuidados com as emoçõesO apoio familiar é um importante suporte ao paciente, sendo a parceria principal dos profissionais que o assistem.Se você não faz parte da família, mas está disposto de alguma forma a ajudar nos cuidado, saiba que está exercendo o papel facilitador de uma etapa bastante complexa e importante, no caminho do viver de alguém.Neste momento, o paciente vivencia diversos sen-timentos. Sente-se impotente por não depender apenas de si para melhorar, apresenta muitas vezes um alto grau de ansiedade e/ou irritabilidade, sem motivos aos olhos dos outros.Esta é uma fase dificíl para todos, principalmente para os mais próximos mas podemos tentar vive-la sem que fiquem marcas muito profundas.Por estar sentindo-se limitado e ansioso, é comum ao paciente chamar pelos outros sem muita paciência de esperar. Paciência é um exercicio diário que todo cuidador, dentro das suas possibilidades, precisa treinar para tentar acolher as angustias de quem está se sentindo prejudiado pela vida.Tão comum quanto isso, é que o paciente pode começar a apresentar difildades ao dormir e sua cooredenação motora talvez pela própria doença ou por estar muito ansioso, fica prejudicada. Podem ocorrer pequenos acidentes como derrubar objetos, machucarem-se por qualquer motivo, etc.Por estar muito entristecido ou debilitado, pode não ter ânimo para comer ou realizar cuidados básicos de higiene pessoal.Ser cuidador exige maestria, e ficar atento a esses sinais de entristecimento do ente querido, sem muito exagero, pode lhe proporcionar um grande conforto, sabendo que não está sozinho.

CUIDANDO DO CUIDADOR

Page 78: Manual de cuidador adulto final

78

Diante deste quadro de vida com tantas situações novas e adversas, o cuidador experimenta muitos sentimentos inesperados e desagradáveis também. Pode sentir tristeza e também impotência, por acreditar que sua ajuda não é suficiente para o outro. Pode-se começar a desenvolver certa raiva do ente querido, acreditando que ele é ingrato e não reconheçe seu esforço. Alem disso, assim como o paciente, ficar ansioso ou sentir-se culpado pela situção, pode acontecer.O esforço emocional é bastante intenso, assim como, um grande cansaço no corpo. Às vezes o cuidador pensa que não vai dar conta de lidar com as dificuldades, e também sente-se impotente, com medo de perder o controle da situação ou com o humor entristecido.Diante disso tudo, o que fazer? Parar com os cuida-dos daquele que necessita?Não!!! Calma. Há muito o que fazer...Muitas vezes, arrumar pequenas atividades ao gosto do paciente podem ocupá-lo, diminuindo a ansieda-de dele e a sua. Atividades como por exemplo ler algo agradável, ver programas leves na TV, ouvir músicas, pequenos afazeres domésticos (se possível) como ajudar a dobrar roupas, ajudar a lavar louças, etc.Sempre dentro dos limites da dupla, cuidador e pa-ciente, passear em locais agradáveis e procurar os recursos sócio-culturais da sua comunidade (par-ques, centros de convivência, etc) e de saúde tam-bém ajudam a enfrentar estes momentos.É necessário ao paciente, saber que seu cuidador não está sozinho nos cuidados. Por isso é extrema-mente importante para quem cuida, cuidar de si mesmo.Dividir seus problemas com outras pessoas, parentes ou não, pode ajudar. Nas conversas, o cui-dador tem noção de que o mundo não está contra ele, como imaginava, observando que outras pes-soas também podem estar passando por questões iguais ou piores que a sua. Quando possível, revezar com alguém nos cuida-dos, mesmo que só para tomar um ar, faz-se neces-sário também. Desta maneira, a sobrecargas senti-da, dilui-se para todos.É necessário prestar a atenção em sentimentos

Page 79: Manual de cuidador adulto final

79

como”dó” e/ ou “pena” do outro. Muitas vezes sem perceber, estamos tão penalizados pelo fato, que acabamos fazendo tudo por ele e apenas por ele. Esteja atento a isso, pois agindo assim, não estamos ajudando para que ele possa readquirir através do seu próprio esforço, sua autoconfiança e autoestima.De modo geral, não necessitam que façam POR ele, mas sim JUNTO a ele.Preste a atenção: saber sobre a doença do seu querido é um direito e dever de quem cuida, por isso converse com o profissional responsável pelo paciente. Informe-se sobre a questão, isso o ajudará a ficar menos tenso e ansioso. O Paciente agradeceLEMBRE-SE SEMPRE: SOMOS SERES HUMANOS E NÃO MÁQUINAS, CUIDE-SE TAMBÉM.

Cuide do seu corpoÉ fundamental que o CUIDADOR reserve alguns momentos do seu dia para se cuidar, descansar, relaxar, realizar alguma atividade física ou de lazer como: caminhada, ginástica, lian gong, tricô, crochê, pinturas, desenhos.

Existem muitas formas de incorporar a atividade física à sua vida.

Veja algumas dicas e sugestões :1 Enquanto estiver assistindo TV: •Movimente os dedos das mãos e dos pés para mantê-los flexíveis;•Massageie os pés com as mãos, ou com rolinhos de madeira ou com bolinhas. 2 Quando for às compras, passeie pelo pátio antes de entrar na loja; 3 Ao se levantar pela manhã, alongue os músculos de todas as maneiras possíveis, espreguice todo o corpo, comece o dia bem. 4 Ao sentar-se por longos períodos de tempo, não se esqueça de reservar um tempo para intervalos de “exercícios”. Simplesmente movendo o corpo e as juntas a cada 15 minutos. 5 Incorpore os exercícios de relaxamento a seu dia. Pratique-os quando estiver perturbado, preocupado.

Page 80: Manual de cuidador adulto final

80

6 Ria várias vezes por dia. A risada é um maravilhoso exercício que envolve diversos sistemas e aparelhos do corpo. 7 A atividade física reduz seu cansaço, sua ten-são, seu esgotamento físico e mental. SEMPRE QUE LEMBRAR, MEXA-SE. RELAXE.8 Sempre que possível, aprenda uma atividade nova, leia um livro novo, aprenda mais sobre algum assun-to de seu interesse, participe das atividades de lazer do seu bairro, faça novos amigos e peça ajuda quan-do precisar. Torne a sua vida mais leve e saudável.9 Procure o Centro de Saúde da sua área de re-sidência e se informe sobre as atividades corporais existentes, como Lian Gong, caminhada, etc. 10 Rodizie os cuidados com outros membros da família (ou outro cuidador) para que você possa ter um período de férias!

Page 81: Manual de cuidador adulto final

81

Exercícios para o pescoço (coluna cervical): Faça a flexão (como se fosse encostar seu queixo no tórax), a extensão (olhar para o céu), a rotação (olhar para os lados), e a inclinação lateral (aproximar as orelhas do ombro).

Faça movimentos circulares, rodando os ombros para trás e para frente, como mostra a figura abaixo:

DICAS DE EXERCÍCIOS PARA O CUIDADOR

Exercícios para os ombros:Inspirando, eleve os ombros próximo às orelhas, expirando solte-os bruscamente.

Page 82: Manual de cuidador adulto final

82

Exercícios para os membros superiores: Em pé, com um dos braços apoiando no encosto de uma cadeira, abduzir o membro superior livre até acima da cabeça inclinando lateralmente o corpo. Repetir o movimento com o outro lado.

Exercícios para os membros inferiores... Deite-se em decúbito dorsal (barriga para cima) e apoie os pés na cama com os joelhos dobrados. Apoiando em uma de suas pernas, aproxime seu joelho de seu tronco, fique nesta posição por alguns segundos e volte na posição inicial. Faça o mesmo exercício com a outra perna.

Não fique muitas horas seguidas em pé. Alterne com períodos na posição sentada.Faça caminhadas em locais planos. Compressas quentes (bolsas térmicas, tecidos ume-decidos em água quente) auxiliam no relaxamento muscular.

Page 83: Manual de cuidador adulto final

O QUE O PACIENTE OU FAMILIAR/ CUIDADOR PODEM REQUERER:

83

Amparo assistencial ao paciente ou deficiente LOAS - Lei orgânica de assistência social

Exigências para requerer esse benefício: Renda mensal da família deve ser inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo vigente na data do reque-rimento; Não estar recebendo nenhum outro benefício da Pre-vidência Social ou de outro regime previdenciário; Para o paciente a idade mínima exigida é de 67 anos; Para o deficiente é necessário perícia médica com-provando a deficiência. Para requerer este benefício não é necessário ter contribuído para a Previdência Social.

Aposentadoria por idade Exigências para requerer esse benefício: Tempo mínimo de contribuição é de 15 anos; Os homens tem direito quando completam 65 anos; As mulheres tem direito quando completam 60 anos; Para Trabalhadores Rurais:Os homens tem direito quando completam 60 anosAs mulheres tem direito quando completam 55 anos.

Aposentadoria por invalidez Exigências para requerer esse benefício: Ser considerado total e definitivamente incapaz para o trabalho e comprovado pela perícia médica do INSS;

Documentações para INSS Solicitar relatório médico (paciente de ambulatório, no 1º andar, na Central de Agendamento do Hospital de 2ª a 6ª feira das 7h00 as 18h00);

PREVIDÊNCIA SOCIALPARA O CUIDADOR

Page 84: Manual de cuidador adulto final

84

Solicitar relatório médico para paciente internado (procurar médico responsável ou enfermeiro chefe da Unidade);Documentos pessoais (RG, CPF, Cartei-ra Profissional);Procurar a agência do INSS mais próxima de sua re-sidência.

Acidente de trabalhoSolicitar CAT (Comunicação de Acidente de Traba-lho) à empresa em 6 vias, para ser preenchido pelo médico que atendeu o paciente pela 1ª vez.

Materiais para uso domiciliarO médico deverá prescrever, se necessário, o mate-rial a ser utilizado pelo paciente em domicilio, como por exemplo: cadeira de rodas, muletas, fraldas, oxi-gênio, material para curativo;O familiar deverá procurar o Serviço Social do Hos-pital para obter maiores informações sobre a aquisi-ção do material.

TransporteQuando o paciente receber alta, o familiar deverá procurar o Serviço Social do Hospital para receber orientações de transporte para o tratamento ambu-latorial e reabilitação;Para Carteira de Isenção Tarifaria (carteirinha de ônibus), será necessário relatório médico e procurar o Serviço Social para maior orientação.

Medicação de alto custoLevar a receita médica ao Posto de Saúde mais próximo à residência;Solicitar processo de medicação de alto custo para ser preenchido pelo médico;Procurar o Serviço Social do Hospital.

Page 85: Manual de cuidador adulto final

85

Quando o médico atesta o óbito• Procurar o setor de interação para retirar os papéis;• Procurar o cartório de Taboão da Serra para registrar o óbito;• Procurar a funerária de sua escolha;• Caso não tenha condições financeiras, procurar o cemitério municipal.

Quando o médico não atesta o óbito• Retirar os documentos no setor de internação;• Procurar a delegacia de Taboão da Serra, entregar os documentos para a mesma poder acionar o SVO/IML (Serviço de verificação de Óbito/ Instituto Médico Legal)• O SVO/IML (Serviço de verificação de Óbito/Instituto Mé-dico Legal) se encarregar de retirar o corpo, para averiguar causa morte e emitir o atestado de óbito• Procurar a funerária de sua escolha;• Caso não tenha condições financeiras, procurar o cemitério municipal.

Óbito na residência• Procurar imediatamente a delegacia do municí-pio para que a mesma possa acionar o SVO/IML (Serviço de verifica-ção de Óbito/Instituto Médico Legal)• O SVO/IML(Serviço de verificação de Óbito/ Instituto Mé-dico Legal) se encarrega de retirar o corpo e averiguar causa morte;• De posse do atestado de óbito procurar a funerária de sua escolha;• Caso não tenha condições financeiras, procurar o cemitério municipal

ÓBITO DENTRO DO HOSPITAL

Page 86: Manual de cuidador adulto final

86

IMPORTANTEO atestado de óbito é o documento principal para os seguintes casos:

PensãoEncaminhar o atestado de óbito juntamente com os documentos pessoais e carteira profissional em uma agência do INSS

SeguroProcurar a seguradora, retirar os papeís, encaminhar para o médico responsavél pelo paciente para preenchimento do mesmo. Não esquecer de pedir o cartório para reconhecer firma de assinatura do médico.

Contas bancariasImportante verificar a existência de contas bancárias e regularizar a nova situação, levando os documen-tos e atestados de óbito.

Page 87: Manual de cuidador adulto final

87

BIBLIOGRAFIA1. BAUR, R. & Egeler, R. – Ginástica, Jogos e Esportes para Pa-cientes. Rio de Janeiro, 1983;2. BOBATH, B. - Hemiplegia no Adulto: Avaliação e Tratamento. Editora Manole, 1978.3. BOFF. Leonardo. Saber Cuidar4. BORGES, Márcio F. - Manual do Cuidador – convivendo com Alzheimer 5. BRUNNER & SUDDARTH – Tratado de Enfermagem Médico--Cirúrgica. 9ª edição Ed. Guanabara Koogan – 2002. 6. CASSEL, Christine K. Et all. Geriatric Medicine, Editora Sprin-ger, 1999. 7. DANJANI, I.T. & Yokoo, E.D. - Acidente Vascular Cerebral – Um Guia para Pacientes e Familiares. In Trb Pharma. Ciência e Saúde como Princípio, 1995. 8. DIAS, E,L.F, WANDERLEY, J.S; R.T.(orgs).Orientações para Cuidadores informais na assistência domiciliar. Campinas, Edi-tora da Unicamp, 2002.p.89-1099. FRANK .A..A; SOARES.E. Nutrição no Envelhecer. São Paulo, Atheneu,2002. 300p.10. FREUD, S. – Os Pensadores – editora Abril Cultural, 1978; 11. GARRET, Gill. Adding Health to Years. Edited by Katrina Pay-ne. Helpage Internacional. London.1993 12. GUCCIONE, A.A. et al. Fisioterapia Geriátrica, 2ª Edição, Editora Guanabara Koogan, RJ, 2002.13. HAYFLICK, Leonard, PHD – Como e Porque Envelhecemos – editora Campus, 199814. HOPKINS, A. Reducing the risk of a stroke. London. Edited by the Stroke Association. London. 199315. MANNONI, Maud, A Primeira Entrevista em Psicanálise – editora Campos, 12ª edição, 1992.16. MELMAN Jonas – Família e Doença Mental, editora Trans-versais, 200017. MINISTÉRIO DA SAÚDE – Redes Estaduais de Atenção à Saúde do Paciente – editora MS, Brasília – DF, 2002. 18. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Viver Mais e Melhor- Guia com-pleto para você melhorar sua saúde e qualidade de vida, 2000 ( distribuição gratuita).19. MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GES-TÃO – IPEA – Camarano, Ana Amélia - Envelhecimento da Po-pulação Brasileira: Uma Contribuição Demográfica – Rio de Janeiro, 2002. 20. NELTO, PM – Gerontologia, editora Atheneu, 1996;21. NOBRE, MRC, Domingues, RZL. Doença Vascular Cerebral - In: Unimed. Qualidade de Vida e Medicina Preventiva. SP. 1996

Page 88: Manual de cuidador adulto final

88

22. OMS Organização Mundial de Saúde. CID-10. Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento: descrições clíni-cas e diretrizes diagnosticas. Genebra: Artes Medicas, 1993.23. RODRIGUES, R.A.P. & Diogo, M.J.D. - Como Cuidar dos Pacientes. Editora Papirus, 2ª edição, 1996.24. SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO DE SÃO PAULO – Sorria Toda Vida – Viva com Saúde Bucal - Autocuidados e Cui-dadores - Imprensa Oficial, 2001.25. SECRETARIA NACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS – Po-lítica Nacional do Paciente – Programa Nacional de Direitos Hu-manos, Imprensa Nacional, 1998.26. SILVA, Maria Júlia Paes e GIMENES, Olímpia Maria Piedade V. - O Mundo da Saúde. São Paulo, ano 24, V. 24,n. 24, julho / agosto 2000.27. SIMON, Ryad – Psicologia Clínica Preventiva – editora EPU, 1993.28. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, Faculdade de Saúde Públi-ca. Alimentação na Terceira Idade. GENUTI.SÃO PAULO. 47p.29. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Hospital das Clínicas. Serviços Internos. GAN- Grupo de Apoio Nutricional.Disponível na Internet em HYPERLINK “http://www.hc.unicamp.br/” \n _blankhttp://www.hc.unicamp.br (setembro de 2003)30. VIORST, Judith – Perdas Necessárias – editora Melhoramen-tos, 2002.31. WAGORN, Y.; Théberge, S.; Orban, W.A.R. – Manual de Ginástica e Bem Estar para a Terceira Idade., editora Marco Zero1993. 32. WERNER, David. Guia de Deficiências e reabilitação sim-plificada - Coordenadoria Nacional para integração da pessoa portadora de deficiência, Brasilia 1994;

Fonte ConsultadaManual de cuidados domiciliares na terceira idade. Disponível em < http://www.campinas.sp.gov.br/saude/programas/protoco-los/man_cuid_idosos/adapt_amb.htm>