Balneário Camboriú, 22 de maio de 201012 Especial

Casamento com pitadas de modernidade

Sonho, expectativa e uma porção de planos. O casamento é, sem dúvida, um dos passos mais delicados que uma pessoa pode dar em sua vida. Mesmo para aqueles que o esperam e o planejam desde jovens quanto para os desprevenidos, a cerimônia tem uma importância enorme e deve se aproximar o máximo possível da festa perfeita. Apesar da seriedade do passo, cada vez mais noivos têm optado pela

ousadia, locais diferentes e escolhas inusitadas para fazer realmente um casamento inesquecível. Aproveitando o mês de maio, considerado o mês das noivas, o Página3 traz uma reportagem sobre curiosidades e alternativas pra quem sonha com o casamento.

Por Daniele Sisnandes

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Maio é considerado o mês das noivas, mas na prática não é bem assim. De acordo com a secretaria paroquial da Igreja Santa Inês, abril foi o mês deste ano em que houve mais procura, com cerimônias em todos os finais de semana. A organizadora de eventos, Ana Paula Xavier, confirma a prefe-rência por abril. “Geralmente escolhem os meses mais quen-tes, maio nem é muito procu-rado porque as flores encare-cem muito”, disse.

Apesar de não ser confir-mado pelo frei Roberto Carlos Nunes, acredita-se que seja considerado o mês das noivas e das mães, porque é o mês de consagração de Maria, mãe de Jesus Cristo.

Hoje em dia, o mês mais pro-curado para realizar as ceri-mônias é dezembro, em fun-ção das férias, abonos extras e 13º salário. Setembro, segundo dados do IBGE, está sendo considerado o segundo mais procurado. “Realmente no ano passado, setembro ficou em primeiro na escolha dos noivos”, revelou Ana Paula. Agosto, por sua vez, é o menos cogitado. Segundo o IBGE, de cada 100 cerimônias, só qua-tro são realizadas neste mês. Acredita-se que o desprezo seja resquício da Idade Média, quando o mês era considerado a época do celibato. Crendices populares também dizem que é o mês do “cachorro louco” e não traz sorte para a união.

Tendência americana influencia gastronomia

Hotéis de luxo se adaptam para cerimônias

Doces finos com sabores exóticos à mesaNoivos apostam em sessões de fotos diferenciadas

Edson Beline Divulgação

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Edson Beline

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Praticidade: empresas organizam cerimônias completasNão importa se o casal for jovem ou experiente, tradicio-nal ou irreverente, a cerimô-nia de casamento não pode ter falhas. Escolher um local ideal, corrigir os convites, fazer alterações no cardápio, inventar decoração, lembran-cinhas, checar músicos, som, fotógrafo, negociar, negociar e negociar. Como aprovei-tar o momento com tantos detalhes? Para aqueles que desani-mam com a idéia de casar por causa da enorme quanti-dade de pormenores que uma cerimônia exige, atualmente existem empresas especiali-zadas em organizar o evento completo. A Personalité Even-tos, que atua em Balneário há

dois anos, é uma delas e faz a interligação de todos os servi-ços que resultam no dia dos sonhos de muita gente.“As pessoas chegam bem per-didas, não tem noção alguma do que querem. Dependendo dos casos, até a escolha da data fica por nossa conta”, revelou a proprietária, Ana Paula Xavier. “A decisão final será a única preocupação do casal. Nós fazemos toda a parte de linkar os serviços e escolher os melhores e mais confiáveis fornecedores, o que garante a qualidade do pro-duto e tranqüilidade dos noi-vos”, enfatizou.

Valores

Ela revela que o ideal é pelo menos um ano de organi-zação, não só por sua parte, mas para que os noivos se programem financeiramente. O custo do serviço é relativo, mas ela afirma que para um casamento com cerca de 100 pessoas, o serviço pode ficar entre R$ 15 e 20 mil. “Não que não dê pra fazer por R$ 10 mil, mas fica mais simples”, escla-receu. O valor total depende de uma série de variáveis, mas Ana explicou que é possível fazer uma regra de três, com base no custo do local. “Se o local já tiver serviço de bar e restaurante, representa de 30% a 40% do valor total do casamento”, afirmou.

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Hotéis de luxo se adaptam para receber casamentos

Vem crescendo muito a busca de locais que centralizem a cerimônia religiosa, o jantar e a festa. Em Balneário Cam-boriú, ainda são poucos os lugares onde é possível rea-lizar esse tipo de evento, por isso os hotéis de luxo têm se adaptado para atender essas necessidades.A proprietária do Parador Estaleiro Hotel, Daniela Sensi, comemora a grande procura do local para casamentos. “Só para este ano, temos marcados 18 casamentos aqui”, contou.O hotel em frente à praia favo-rece as cerimônias diferen-ciadas, tanto as requintadas, como as mais informais. Com capacidade pra cerca de 400 pessoas, a própria estrutura do Parador dispensa exage-

ros com decoração, já que a proximidade com a praia, o lounge no ambiente térreo e as piscinas servem como pano de fundo para cerimônias cheias de charme.Se necessário, o hotel disponi-biliza serviço de bar e alimen-tação. “Também é o local prá reunir familiares que vivem longe, pois podem se hospe-dar aqui. A noiva passa o dia do casamento relaxando e se arrumando aqui”, completou.Sobre os preços, a proprietá-ria explicou que negocia de acordo com o evento. “Não gosto de falar em valores, até porque sempre analisamos cada situação. Se a pessoa sonha em casar aqui, vamos negociar pra que isso acon-teça”, disse.

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Serviços e diferenciais para agregar valorE os hotéis não ficam somente na oferta de locação para a recepção e cerimônia. O Resort Recanto das Águas investiu em serviços dife-renciados pra conquistar clientes adeptos de pacotes completos. Conforme a gerente de even-tos do Resort, Renata Eccher, a procura por casamentos é bem distribuída ao longo do ano, mas entre novembro e março, meses mais quentes, o hotel recebe muitos pedidos de locação pra casamentos. Além do deck próximo da praia e dos salões cobertos, que dão uma alternativa em casos de chuva, o hotel possui uma estrutura para abrigar eventos de até 650 pessoas. Entre os serviços especiais que podem ou não entrar no pacote, está o Dia da Noiva e o Dia do Noivo. “Como temos o SPA, oferecemos momentos de relaxamento, com mas-sagens, banhos aromáticos,

pedicure, manicure e hidra-tação corporal”, contou. Aos convidados que quise-rem se hospedar no hotel, ainda existe a possibilidade de se aprontar para o evento no próprio Resort, que possui até salão de beleza. “E não é só isso, durante a festa em si, ofe-recemos o SPA na Sua Festa, onde montamos cadeiras de massagens rápidas, perfeitas pra quem já está um pouco cansado”, enfatizou.A noite de núpcias, assim como a lua-de-mel, podem ser passadas no Recanto das Águas. Para a lua-de-mel, especialmente, o hotel pro-move atividades especiais e tratamentos do SPA Lazer e Saúde Praia dos Amores e pro-gramas anti-estresse, além de oferecer suítes de alto padrão, culinária internacional e kits para os recém casados com espumante, frutas e chocolate.

Novidades alcançam até a gastronomia dos casamentos

Os casamentos estão migrando para formatos mais moder-nos até no quesito refeição. Os antigos buffets regados a muito camarão, peixe à Belle Munière e molho madeira podem estar com os dias con-tados. Quem confirma é o empresário Cláudio Numas Gómez, que oferece em Balne-ário Camboriú um serviço de alto padrão de buffet cheio de diferenciais.

O carro-chefe da Farfalle Catering é a finger food, uma espécie de coquetel volante, onde os convidados podem comer com as mãos, sem pre-cisar sentar-se à mesa. Para acompanhar, a empresa faz mini-porções de massas e risotos, que são servidos em mini-cambucas. “Nos grandes centros é um sistema comum, aqui ainda está no começo. Porém, apesar

de novo, foi mais bem aceito do que o esperado nos even-tos de Balneário. Ele acaba com aquele sistema marcado, que separa muito a cerimônia religiosa da festa. Nos even-tos tradicionais, muita gente vai embora logo depois da janta e nesse novo formato, a degustação não tem hora certa prá acabar porque a comida fica circulando”, ressaltou o empresário.

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Cardápios adaptados agradam convidados e bolso dos noivosCláudio Numas Gómez explica que como não traba-lha “com um cardápio enges-sado”, a empresa se adapta às preferências pessoais de cada cliente. “Geralmente as noi-vas vêm muito confusas. Elas querem sair do tradicional, mas não algo muito chocante e exótico. Não querem assus-tar os convidados. Assim adaptamos, por exemplo, uma salada proposta por nós e um acompanhamento que sua tia adora”, contou.Além de toda essa flexibili-dade, a finger food pode ser até mais barata que um buffet

convencional. Os valores par-tem de R$ 18 por pessoa e podem variar de acordo com a escolha do cardápio. O buffet de alto padrão, também ofe-recido pela empresa, pode ser barateado se for baseado em massas por até R$ 18 por pes-soa, já com a inclusão de car-nes, o preço inicial é R$ 29.ImportadaA tendência da comida para comer com as mãos foi tra-zida para cidade pela experi-ência que Cláudio obteve nos 10 anos em que morou nos Estados Unidos. Ele relata que lá existe uma cultura dife-

rente, onde não há exageros, com relação à gastronomia em casamentos. “Nos Estados Unidos, a lista do que será ser-vido no casamento vai no con-vite e na hora da confirmação da presença a pessoa já sinaliza o que vai querer comer. É uma forma de planejar melhor”, pontuou. Hoje a empresa tem capaci-dade para atender eventos com até 350 pessoas. E oferece também degustação para os noivos antes da cerimônia e serviços extras, como equi-pes de garçons, bartenders e cerimonialistas.

Doces finos e sabores exóticos conquistam clientelaDe família portuguesa, desde pequena a empresária Ana Brito foi influenciada pela mãe na produção de doces. Formou-se na primeira turma de Gastronomia da Univali, em 2001 e resolveu abrir, há um ano e meio, um atelier de doces finos devido à grande procura pelos produtos que já fazia desde a universidade.Ela conta que sempre busca se adaptar às tendências através de cursos, viagens e da par-ticipação em eventos como o Salão do Chocolate. Foi assim que criou os 70 tipos de doces que seu ateliê oferece atu-almente. “Para casamento,

geralmente os doces finos são os mais requisitados, até por-que sua aparência delicada

embeleza a mesa”, pontuou. Outro diferencial são os sabo-res exóticos, como maçã verde

e framboesa, que conquistam casais de todas as idades. Mas Ana revelou que apesar dos belos e diferentes atraírem a clientela, os modelos tradicio-nais com sabores conhecidos não podem faltar na mesa de qualquer casamento.O preço de seus doces varia de acordo com as preferências do cliente, mas cada porção de cem doces geralmente custa entre R$ 68 e R$ 300. Além do trabalho e da delicadeza, o custo de doces finos também reflete as dificuldades logísti-cas em oferecer um serviço de alto padrão na cidade. Como os doces são artesanais, sua

equipe com quatro ajudantes possui um limite para atender aos pedidos.

“Estipulamos 3,5 mil doces para servir no final de semana, até porque é muito difícil con-seguir mão-de-obra para auxi-liar na produção de doces, que são delicados e exigem muito cuidado”, revelou. Outra bar-reira que Ana precisa superar é a ausência de distribuidores de produtos de alto padrão na cidade. “Por isso, 80% do material vem de fora, desde os sabores, chocolates, até as embalagens”, afirmou.

Edson Beline

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Novas tendências até nos estilos de fotografiasAs tendências ousadas mudam a cara até do registro fotográfico dos casamentos. Se há décadas as fotos posa-das, com semblantes sérios e sorrisos tímidos imperavam nos álbuns, hoje em dia, noi-vos e noivas colocam lite-ralmente os pés no chão e as roupas prá sujar, tudo em prol da felicidade inerente ao despojamento. O trash the dress, expressão em inglês para suje o vestido, está caindo no gosto das noivas e dos fotógrafos que apreciam a experimentação. O fotógrafo Edson Beline, com mais de três mil casamentos no cur-rículo, apostou no estilo trash the dress e hoje é um dos mais requisitados pra registrar os momentos de descontração. “Esta idéia surgiu nos Estados Unidos, onde os noivos ves-tem-se dias após o casamento com mesmo do traje do evento e vamos para os lugares mais inusitados possíveis sem preo-cupação com o que vai acon-tecer com o vestido ou com o terno. Como estamos no lito-ral e nossas praias sao belís-simas, a maioria dos casais ainda prefere as locações que tenham mar, pedras, lanchas, iates e pôr do sol. Mas tam-bem realizamos muitas fotos

no campo, cachoeiras”, disse. Edson também é adepto do fotojornalismo de casamen-

tos, que captura ângulos e fra-ções de segundo geralmente desperdiçados pela maioria

dos profissionais. Os preços dos pacotes de fotos variam a partir de R$ 2,5 mil. “Temos

condições facilitadas e o casal pode pagar em até dez vezes”, finalizou.

Igreja Católica promove curso para preparar noivosO matrimônio é uma espécie de celebração sagrada, onde a vontade de permanecer juntos por toda a vida é essencial pra superar os obstáculos. Acon-tece que no impulso de casar, muitos casais se deparam com situações inesperadas, e se não estiverem preparados, proble-mas diários podem sim ser decisivos pra por um fim em uma união com tudo prá dar certo.Problemas financeiros, a cria-ção dos filhos, a participação da família, ciúme e a falta de compreensão são só alguns

dos fatores que podem con-turbar o casamento. A Igreja Católica, com o intuito de fortalecer os casais antes do sacramento, mantém todos os anos, um curso de casais, que orienta os nubentes dos mais variados assuntos, desde a importância do sacramento até com informações sobre a parte jurídica.“O curso é essencial princi-palmente para os mais jovens, porque muitos acham que o casamento não tem nada a ver com a família, mas na verdade é uma vocação”, explicou o

frei Roberto Carlos Nunes, da Paróquia Santa Inês.Ele contou que o curso começa abordando o relacionamento, e a importância de se conhecer bem. Em seguida, o casamento e a família, como educar os filhos e por fim o ajuste fami-liar, que engloba a convivência de duas famílias diferentes que depois do matrimônio, serão uma só. A próxima edição do curso de noivos acontece em agosto. Todos os casais inte-ressados ou que realizaram a cerimônia neste ano podem se inscrever.

IBGE aponta aumento de matrimônios entre jovens no país

Segundo estatísticas do Regis-tro Civil de 2007, o último divulgado pelo Instituto Bra-sileiro de Geografia e Estatís-tica (IBGE), o país tem mos-trado uma curva ascendente no quesito casamentos. O aumento de ano para ano é pequeno, mas significativo, considerando os muitos estig-mas que persistem na socie-dade moderna com relação à união contratual.Em 2007, por exemplo, foram oficializados 916.006 casa-mentos no país. Só naquele ano, segundo dados do IBGE, Balneário Camboriú registrou 651 uniões. É um número alto se comparado a outros muni-cípios da região. O Instituto também indica que os nuben-

tes são jovens, mulheres entre 20 e 24 anos e homens entre 25 e 29.O aumento de casamentos no país pode ser creditado a uma série de fatores. O IBGE acredita que os casamentos coletivos, realizados em par-ceria com prefeituras, cartó-rios e igrejas, tenham colabo-rado para o incremento das legalizações de uniões con-sensuais. Balneário faz parte desse grupo de municípios que incentiva a legalização de uniões através da isenção de alguns impostos, concedida através do casamento cole-tivo. Aqui ela ocorre todos os anos, no aniversário da cidade e este ano vai oficializar 46 casamentos.

Fotos Edson Beline

Daniele Sisnandes

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Coincidência ou tradição, casais que optaram por maio

“O motivo por termos casado em maio foi porque era o único mês disponível para mim, trabalho no comércio (Marcelo Sports) de segunda a domingo e este seria um mês mais tranquilo. Casamos dia 8 último, um dia antes choveu muito, ficamos até preocupados...mas que nada foi tudo maravilhoso! Se tivesse que escolher o mês seria este mesmo, pois de fato é o mês das noivas, porque tudo acaba dando certo”. (Fernanda Caroline Gonçalves, que casou com Sérgio Roberto Hos-tins da Silva, em maio de 2010. Na foto, o casal com uma das sobrinhas)

“Escolhemos o mês de maio por ser sim o mês das noivas, gostamos destas tradi-ções, é um momento marcante na vida do casal e casamento é algo tradicional, nada melhor que ser celebrado no mês das noivas”. (Juliana Tedesco dos Santos, que casou com Aristides dos Santos, em maio de 2009)

“Noivamos em janeiro e queríamos marcar a data o mais rápido possível prá ficarmos juntos logo porque o Daniel, meu noivo, está morando no Mato Grosso do Sul. Resolvemos pelo dia 29 porque era o único dia disponível da banda que queríamos e conciliou com o local e outros detalhes. Foi uma coincidência que acabou sendo justamente em maio, que é considerado o mês das noivas”. (Ana Paula Moratelli, que se casa com o defensor público Daniel Radunz no próximo sábado (29), no Parador Estaleiro Hotel).

“Queríamos muito casar na igrejinha da Barra e demorou porque ela estava sendo restaurada. Quando foi possível agendar, havia data para abril ou maio. Na hora decidimos que seria em maio, que é o mês tradicional das noivas. É um simbolismo, uma tradição, acho legal”. (Fábio Hachmann, que casou com Sabrina Paes, em maio de 2009).

Divulgação IMAGECARE

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