mahabharata (em portugues)

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O Mahabharata A Epópeia dos Pandavas por Swami Krishnapriyananda © Direitos de Copyright SOCIEDADE INTERNACIONAL GITA DO BRASIL GITA ASHRAMA Av. Cel. Lucas de Oliveira, 2884 Porto Alegre, RS - Brasil 2ª ed. 2005 1. Introdução Dentre as obras clássicas da literatura sagrada da Índia, encontramos o Ramaya- na e o Mahabharata. A primeira das "epo- péias" tem Sri Rama como o protagonista e herói, cuja finalidade foi a de restabelecer a ordem, a justiça, ou o sagrado Dharma, corrompido pelo desejo de fama, prestígio e poder. O Ramayana trata-se de um coro- lário da grande cosmologia e cosmogonia védica. Por sua vez, o Mahabharata inaugu- ra uma nova era, a era de Kali-yuga, era em que estamos mergulhados, conhecida como sendo a "era das trevas", uma vez que a ignorância é considerada a pior das escuridões, e esta era é a da ignorância. O Senhor Krishna, o Purna Avatar do Senhor Vishnu, ocupa parte central no Mahabhara- ta, principalmente quando resume, de for- ma muito clara e objetiva, todo o Sanata- na-dharma em mais ou menos 45 minutos, tempo que temos para ler todo o Bhaga- vad-gita, A Canção do Senhor, que se trata do sexto Parva do Mahabharata ou Bhisma- Parva, constitui-se num marco de fé, bem como sinaliza que podemos viver uma vida espiritualizada no aqui e agora do dia-a- dia. Diz nos versos 4.7-8, o seguinte: "To- da a vez que há um declínio do Dharma, o reto agir ou Justiça, e a predominância de Adharma - injustiça e inversão de valores, ó Arjuna, Eu Me manifesto. EU apareço no mundo, de tempos em tempos, para prote- ger os bons, mudar os malvados, e resta- belecer a ordem no mundo ou Dharma". 2. Saga do Espírito O Mahabharata é uma grande obra clás- sica espiritual. O Seu conteúdo é notavel- mente transcendental. Os valores védicos ou a moral do Sanatana-dharma está clara o tempo todo. Podemos dizer, de forma resumida, que o Mahabharata é a história da grande guerra da Índia entre os Panda- vas e os Kauravas, duas facções de uma mesma família que disputaram a legitimi- dade de um trono (no caso, o trono do mundo). Autores renomados como Swami Sivananda, escrevem que, o Mahabharata, "... contém a essência de todas as Escritu- ras. Ele é uma enciclopédia de ética, co- nhecimento, política, religião, filosofia e Dharma. Se você não encontrar qualquer coisa nele, você não poderá encontrá-la em outro lugar além d´Ele". 3. Divisões O Mahabharata é dividido em partes ou capítulos chamados de Parvas. Ele contém dezoito Parvas, ou seções, a saber: Adi Parva, Sabha Parva, Vana Parva, Virata Parva, Udyoga Parva, Bhisma Parva, Drona Parva, Karna Parva, Shalya Parva, Sauptika Parva, Stri Parva, Shanti Parva, Anushasa- na Parva, Asvamedha Parva, Ashramavasi- ka Parva, Mausala Para, Mahaprasthanika Parva e Swargarohanika Parva. Cada um destes Parvas contém muitos sub-parvas ou subsecções. O presente resumo do Mahabharata irá dar uma visão geral desta grande obra vé- dica. O leitor poderá complementar o estu- do do Mahabharata com a leitura do Bhagavad-gita. Apesar de ser uma obra de fácil entendimento, há nuances e deta- lhes que somente podem ser conhecidos através da orientação de uma pessoa expe- rimentada, um mestre espiritual ou Guru, versado nas Escrituras, uma vez que toda a literatura védica é um bloco uno de conhe- cimento. Apesar disso, toda uma vida não seria suficiente para ler e estudar todas as obras védicas. A razão disso repousa na grande variedade de pessoas e suas apti- dões, bem como capacidade.

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Page 1: Mahabharata (Em Portugues)

O Mahabharata A Epópeia dos Pandavas

por

Swami Krishnapriyananda © Direitos de Copyright

SOCIEDADE INTERNACIONAL GITA DO BRASIL GITA ASHRAMA

Av. Cel. Lucas de Oliveira, 2884 Porto Alegre, RS - Brasil

2ª ed. 2005

1. Introdução Dentre as obras clássicas da literatura

sagrada da Índia, encontramos o Ramaya-na e o Mahabharata. A primeira das "epo-péias" tem Sri Rama como o protagonista e herói, cuja finalidade foi a de restabelecer a ordem, a justiça, ou o sagrado Dharma, corrompido pelo desejo de fama, prestígio e poder. O Ramayana trata-se de um coro-lário da grande cosmologia e cosmogonia védica. Por sua vez, o Mahabharata inaugu-ra uma nova era, a era de Kali-yuga, era em que estamos mergulhados, conhecida como sendo a "era das trevas", uma vez que a ignorância é considerada a pior das escuridões, e esta era é a da ignorância. O Senhor Krishna, o Purna Avatar do Senhor Vishnu, ocupa parte central no Mahabhara-ta, principalmente quando resume, de for-ma muito clara e objetiva, todo o Sanata-na-dharma em mais ou menos 45 minutos, tempo que temos para ler todo o Bhaga-vad-gita, A Canção do Senhor, que se trata do sexto Parva do Mahabharata ou Bhisma-Parva, constitui-se num marco de fé, bem como sinaliza que podemos viver uma vida espiritualizada no aqui e agora do dia-a-dia. Diz nos versos 4.7-8, o seguinte: "To-da a vez que há um declínio do Dharma, o reto agir ou Justiça, e a predominância de Adharma - injustiça e inversão de valores,

ó Arjuna, Eu Me manifesto. EU apareço no mundo, de tempos em tempos, para prote-ger os bons, mudar os malvados, e resta-belecer a ordem no mundo ou Dharma". 2. Saga do Espírito O Mahabharata é uma grande obra clás-

sica espiritual. O Seu conteúdo é notavel-mente transcendental. Os valores védicos ou a moral do Sanatana-dharma está clara o tempo todo. Podemos dizer, de forma resumida, que o Mahabharata é a história da grande guerra da Índia entre os Panda-vas e os Kauravas, duas facções de uma mesma família que disputaram a legitimi-dade de um trono (no caso, o trono do mundo). Autores renomados como Swami Sivananda, escrevem que, o Mahabharata, "... contém a essência de todas as Escritu-ras. Ele é uma enciclopédia de ética, co-nhecimento, política, religião, filosofia e Dharma. Se você não encontrar qualquer coisa nele, você não poderá encontrá-la em outro lugar além d´Ele". 3. Divisões O Mahabharata é dividido em partes ou

capítulos chamados de Parvas. Ele contém dezoito Parvas, ou seções, a saber: Adi Parva, Sabha Parva, Vana Parva, Virata Parva, Udyoga Parva, Bhisma Parva, Drona Parva, Karna Parva, Shalya Parva, Sauptika Parva, Stri Parva, Shanti Parva, Anushasa-na Parva, Asvamedha Parva, Ashramavasi-ka Parva, Mausala Para, Mahaprasthanika Parva e Swargarohanika Parva. Cada um destes Parvas contém muitos sub-parvas ou subsecções. O presente resumo do Mahabharata irá

dar uma visão geral desta grande obra vé-dica. O leitor poderá complementar o estu-do do Mahabharata com a leitura do Bhagavad-gita. Apesar de ser uma obra de fácil entendimento, há nuances e deta-lhes que somente podem ser conhecidos através da orientação de uma pessoa expe-rimentada, um mestre espiritual ou Guru, versado nas Escrituras, uma vez que toda a literatura védica é um bloco uno de conhe-cimento. Apesar disso, toda uma vida não seria suficiente para ler e estudar todas as obras védicas. A razão disso repousa na grande variedade de pessoas e suas apti-dões, bem como capacidade.

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Swami Krishnapriyananda Saraswati – O Mahabharata 2

O Mahabharata é um tesouro literário do mundo todo. É o maior poema épico no mundo, originalmente escrito em sânscrito, a linguagem antiga da Índia. Ele foi escrito pos Vyasa Deva, há muitos milhares de anos atrás. O Mahabharata pertence não somente à Índia, mas ao mundo e ao uni-verso. Ele é uma parábola da raça humana, e carrega uma mensagem universal – “a vitória chega para àqueles que seguem o caminho correto”. Ele é um drama da vida real, que permanece como uma força espi-ritual permanente nas pessoas, em todas as fases de suas vidas. 1. Primeiros Passos 1.1. Primeiros passos Sri Vyasadeva, antes de iniciar a narrati-

va do Mahabharata, precisava de alguém para anotar o que fosse dito. Então, Ele recebeu o pedido de permissão de Sri Ga-nesha, o filho do Senhor Siva, que se en-carregou de anotar toda a história enquan-to ela era narrada. Mahabharata significa a “história dos

descendentes de Bharata”; a saga formal do épico Mahabharata, de qualquer forma, a história do Mahabharata começa com o Rei Dushyanta, um poderoso governador da antiga Índia. Dushyanta, casou-se com Shakuntala, a filha adotiva do sábio Kanva. Shakuntala nasceu de Menaka, numa bela da corte de Indra, do sábio Vishwamitra, que secretamente apaixonou-se por ela. Shakuntala deu a luz a um filho honrado de Bharata, que cresceu para ser destemido e forte. Ele governou por muitos anos e foi o fudador da dinastia Kuru. Desafortunada-mente, as coisas não foram bem depois da morte de Bharata, e seu grande império foi reduzido a um reino de tamanho médio, com sua capital em Hastinapura. Nesta ci-dade, viveu o rei Shantanu em Hastinapu-ra, e que bem era conhecido por sua cora-gem e sabedoria. 1.2. O rei Shantanu apaixona-se por

Ganga Um dia Shantanu foi caçar numa floresta

próxima. Chegando até a beira do rio Gan-ges (Ganga), ele ficou impressionado em ver uma donzela indescritivelmente encan-tadora, surgindo da água, e, caminhando na sua superfície. A sua graça e beleza di-vinas sacudiram Shantanu, logo no primei-

ro olhar e ele ficou completamente encan-tado com ela. Quando o rei perguntou quem era ela, a moça retrucou, “Por quê você está me perguntando isso?” O rei Shantanu disse, “Eu fui cativado por sua delicadeza; eu, Shantanu, rei de Hastina-pura, decidi casar-me com você!” “Eu posso aceitar sua proposta de casa-

mento desde que você esteja pronto para agir de acordo com as minhas duas condi-ções”, argumentou a moça. “Quais são e-las?”, perguntou ansiosamente o rei”. “Pri-meiramente, você nunca irá perguntar na-da de minha vida pessoal, como quem eu sou ou de onde eu venho? Segundo, você nunca me impedirá de fazer nada ou per-guntar a razão de qualquer coisa que eu faça”. Shantanu, estava totalmente atraído pela

beleza da moça, agora conhecida como Ganga, e, imediatamente, aceitou as condi-ções d´Ela. Eles então se casaram, (Gan-dharva vivah), e foram para casa. As coisas seguiram sem percalços por al-

gum tempo, e, então, a rainha Ganga deu a luz a um adorável menino. Assim que o rei Shantanu ouviu essas boas novas, ele ficou radiante, e foi rapidamente até o pa-lácio, para parabenizar a rainha. Mas ele ficou surpreso ao ver que a rainha pegara o recém-nascido nos seus braços, indo ao rio, e afogando-o. O rei ficou chocado, e se sentiu miserável, mesmo assim, ele não pode perguntar à rainha sobre sua ação. Porque ele estava obrigado, por uma pro-messa, a não perguntar ou interferir com as ações dela. Shantanu, nem mesmo estava recupera-

do do choque da morte de seu filho, nas mãos da rainha, quando ela ficou grávida de novo. O rei sentiu-se feliz, e pensou que a rainha não iria repetir sua terrível ação de novo. Mas a rainha, novamente, pegou o recém-nascido nos seus braços, e afo-gou-o no rio. Depois de ver a ação apavorante da rai-

nha, o rei estava imensamente triste, mas a sua promessa o barrou-o de dizer qual-quer coisa. Isso continuou, até que a rainha Ganga

deu à luz ao oitavo filho, e, caminhado ao rio como antes, pretendida matá-lo. Shan-tanu perdeu sua paciência, e assim que a rainha estava para afogar o recém-nascido, Shantanu impediu-a. “Eu já perdi sete fi-

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lhos, como esse, e estou sem herdeiros. Eu não posso mais ficar vendo minha carne e sangue sendo dizimados diante os meus olhos”, disse o rei. A rainha Ganga virou-se e disse, “Ó Rei,

você violou sua promessa. Eu não vou mais ficar com você. Todavia, antes de deixá-lo, eu irei mostrar-lhe o segredo que levou à morte dos seus sete filhos. Uma vez, acon-teceu que o santo Vaishishtha ficou ofendi-do com oito semideuses conhecidos como Vasus. Ele amaldiçoou-os, para nascerem como seres humanos. Escutando isso, sete dos Vasus imploraram ao santo para serem perdoados, mas o oitavo, que era o mais perverso, se manteve fixo grosseiramente.” Vashishtha se acalmou e modificou sua

maldição, “Sete de vocês vão morrer e vol-tar ao paraíso celeste, logo que vocês nas-cerem, mas o oitavo terá que viver na terra por um longo período e encarar os sofri-mentos como um humano comum”. E Gan-ga continuou, “Pelo pedido dos Vasus, Eu assumi a forma humana, e me casei com você. Meu trabalho foi agora terminado, e eu devo, agora, retornar para a minha mo-rada suprema. Eu estou levando seu oitavo filho comigo, e irei trazê-lo de volta para você, depois que ele esteja bem crescido.” Depois de dizer isso, Ganga voou para

longe no céu, juntamente com o recém-nascido. O rei Shantanu sentiu-se muito desapontado, e retornou ao seu palácio com seu coração partido. Muitos anos após, quando Shantanu es-

tava passeando na beira do rio Ganges (Ganga), a Deusa Ganga emergiu do rio com um menino. Ganga falou, “Ó Rei! Aqui está seu oitavo filho, Deva Vrata. Eu o trouxe com o objetivo de que ele deva ser capaz de arcar com o que está para acon-tecer com ele em sua vida, nessa Terra”. O rei, felizmente, levou o príncipe ao pa-

lácio, e celebrou sua vinda, dando a ele a coroa do príncipe do seu reino. Deva Vrata era bravo, justo e parecia altamente pro-missor. 1.3. Shantanu e seu filho Vyasa Rei Shantanu estava ficando velho, e a-

nunciou sua retirada. Ele estava só, e sem-pre sentia falta de Ganga. Um dia, ele es-tava dando um passeio na beira do rio Ganges; ele atraiu-se por uma moça bela, Satyavati. Ela era a filha do chefe da tribo

de pescadores. Ela levou os sábios através do rio no seu barco. Ela tinha um aroma divino que vinha do seu corpo. Shantanu, não sabia o segredo que circu-

lava em volta de Satyavati durante seus dias de solteira. Satyavati, uma vez, teve um mau-cheiro de peixe no seu corpo. O sábio Parashar, um dos sábios que ela le-vou em seu barco através do rio, tinha um sentimento especial por ela. Ele a satisfez, e a abençoou, com um aroma suave junto com a bênção de um filho que era chamado Vyasa. Imediatamente após o seu nasci-mento, Vyasa cresceu rápido, através de seus poderes divinos, e foi para a floresta. Vyasa, contudo, prometeu à sua mãe Sat-yavati que ele iria voltar a qualquer hora que ele fosse chamado. Vyasa, mais tarde conhecido como Veda Vyasa, tinha o domí-nio dos Vedas, mas era extremamente feio na aparência, e tinha um cheiro horrível. Veda Vyasa começou a história do Maha-bharata, por causa dos tempos vindouros. É dito que Vyasa dedicou o épico inteiro com continuidade até que o Senhor Gane-sha atuou como escrivão. Além disso, Vya-sa jogou uma diferente função na sua his-tória aparecendo e desaparecendo na cena toda vez que sua mãe ou os membros da família dela procuravam sua ajuda. Ele ti-nha qualidades mágicas raras para resolver seus problemas. Shantanu, desconhecendo os segredos

da vida de solteira de Satyavati, estava encantado com sua beleza. Ele foi ao pai dela, o chefe dos pescadores, e pediu a ele a mão de sua filha. O chefe dos pescadores estabeleceu a condição de que o filho que nasceria de Satyavati seria o sucessor do trono Kaurava, e não Deva Vrata. Shantanu estava chocado de ouvir a condição, e re-tornou à sua casa desapontado e infeliz. Mais tarde, Deva Vrata descobriu a causa da infelicidade de seu pai, e foi até o pai de Satyavati, para defender a posição de seu pai ao querer casar-se com Satyavati. Na volta, ele prometeu abrir mão seu direito ao trono, pelo filho de Satyavati. O chefe pescador pensou por um tempo

e mostrou sua preocupação distante dizen-do, “E seus filhos? Eles não devem cumprir sua promessa?” Ao ouvir isto, Deva Vrata fez um jura-

mento terrível, de que ele nunca se casaria na sua vida; deveria ficar como um Bah-

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machari (celibatário). Desde então, ele fi-cou conhecido como Bhisma; o estável. Bhisma, trouxe Satyavati em sua carrua-gem, levando-a ao palácio, e apresentou-a a seu pai. Shantanu sentiu-se chocado quando ele ouviu tudo o que havia aconte-cido. Ele abençoou Bhisma, com o poder de decidir o dia de sua morte. No devido tempo, a rainha Satyavati tor-

nou-se mãe de dois príncipes, Chitrangad, e Vichitravirya. Após a morte de Santanu, Chitrangad sucedeu o trono, mas foi morto em uma guerra. Vichitravirya era, então, menor, e fora coroado por Bhisma como o rei de Hastinapura. Quando Vichitravirya ficou mais velho, Bhisma e a rainha Satya-vati, casaram ele com duas princesas de Kashi, a saber, Amba e Ambika. Desafortu-nadamente, Vichitravirya morreu sem um sucessor. Bhisma e Satyavati decidiram chamar

Veda Vyasa. Vyasa chegou em um piscar de olhos atendendo o pedido deles. Satya-vati explicou a ele a grave situação a qual a família Kaurava estava enfrentando sem um herdeiro. Ele pediu à Vyasa para aben-çoar Ambika, a mais anciã das viúvas de Vichitravirya, para abençoar com um filho, que pudesse suceder o falecido rei. Diante das circunstâncias, Sri Vyasa aceitou. 1.4. Vyasa Deva, pai de Dhritarashtra

e Pandu Quando Vyasa se aproximou de Ambika,

ela estava assustada com sua cara feia e fechou seus olhos enquanto, o santo ex-pressava a bênção. Como resultado, o filho que nasceu de Ambika e Vyasa era cego. Ele foi chamado de Dhritarashtra. A rainha estava despontada, e pediu a Vyasa para oferecer a bênção para Ambalika, a viúva mais nova. Ambalika não podia agüentar sentir o cheiro dele, e ficou pálida de medo enquanto o santo estava articulando a bên-ção. Como resultado, o filho que nasceu de Ambalika era pálido e foi chamado de Pan-du, significando pálido. A rainha Satyavati estava confusa, o que

poderia ser feito agora? Pedindo ao santo por outra chance, ela mandou para a viúva anciã Ambika, mais uma vez, para receber a bênção do santo. Ambika estava tão as-sustada com o santo que ela não se atre-veu a ir diante dele. Invés disso, sem con-tar à sua sogra, Ambika mandou sua em-

pregada ao homem santo depois de disfar-çar ela com roupas suntuosas. A emprega-da ficou sem medo, e recebeu o santo, Ve-da Vyasa, com grande devoção. Sentindo-se feliz, o santo deu a ela uma bênção, e ela deu a luz a uma criança perfeita cha-mada Vidura. 1.5. Pandu e Dhritarasthra Em seu devido tempo, Pandu subiu ao

trono, uma vez que o seu irmão mais ve-lho, Dhritarashtra, era cego, e, Vidura, tor-nou-se assim o primeiro-ministro, devido a sua esperteza, e ilustre talento. Dhristara-shtra casou-se com Gandhari, a princesa de Gandha, em Beluchistan, (hoje Paquis-tão). Quando Ghandhari soube que seu marido era cego, ela, como uma verdadeira esposa, dividindo suas emoções com seu marido, vendou seus olhos, permanente-mente, com um tecido. Mais tarde, um dia, quando Pandu estava

caçando na floresta, ele atirou uma flecha em um cervo que estava em cerimônia de acasalamento. Após morrer, o cervo amal-diçoou Pandu de que ele iria morrer se ele fosse entrar em contato com qualquer de suas esposas. Pandu estava chocado. De-pois de retornar à sua habitação, ele con-tou o que aconteceu às suas esposas. Elas aceitaram levar a vida de ascetas. Elas es-tavam, porém, tristes que nenhuma chance de elas terem seus filhos para suceder o trono da dinastia Kaurava tinha se perdido. Durante o tempo de Pandu, o reino dos Kurus expandiu-se mais em todo lugar. Pandu casou-se duas vezes, primeiramente com Kunti, e, então, depois, com Madri. Após muitos anos de governo, por causa de uma maldição, Pandu decidiu retirar-se pa-ra os Himalaya,s deixando o reino nas mãos de Dhritarashtra, e seu avô Bhisma. Não havia herdeiro para o trono desde que nenhum dos irmãos tiveram filhos. Em Hastinapura, Gandhari chamou Veda

Vyasa, e pediu a ele a bênção de dar a luz a 100 filhos e filhas. Veda Vyasa, muito gentilmente, aceitou, mas avisou Gandhari que iria demorar um pouco para eles che-garem. Gandhari estava sem pressa desde que ela sabia que Pandu não podia ter fi-lhos por causa da maldição do cervo. No entanto, as coisas se tornaram diferentes.

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1.6. Pandu e Seus filhos Na floresta, Pandu começou a sofrer com

uma profunda depressão, por causa da maldição do cervo, Kunti dolorosamente contou sobre a bênção que recebera. Kunti estava preocupada e queria revelar o se-gredo que ela mantinha em seu coração até então, com o intuito de fazer Pandu feliz. Kunti disse, “Quando eu era uma jo-vem moça, o sábio Durbasha veio à casa de meu pai. Eu servi ao sábio devocional-mente e, como resultado, o sábio me aben-çoou com um mantra pelo qual eu poderia invocar qualquer Deus que eu quisesse pa-ra ter um filho. O mantra, no entanto, pode ser usado somente cinco vezes”. Pandu estava muito feliz. Ele agora podia

ter seus filhos sem nem mesmo tocar em Kunti. Kunti, porém, não revelou a Pandu que ela já havia usado o Mantra uma vez. Isso aconteceu quando, antes de receber o Mantra, ela ficou impaciente para usá-lo, sem mediar devidamente as conseqüên-cias. Ela invocou o semideus do Sol, Sur-yadeva, e ficou abençoada com um filho, usando jóias, desde de nascença. Somente então, ela percebeu que a criança havia nascido fora de um casamento. Com medo de infâmia, ela colocou o recém-nascido em uma cesta, e o colocou flutuando no rio Ganga. Um cocheiro, que não tinha filhos, afortunadamente, descobriu a cesta. Ele pegou a criança abandonada, que mais tar-de seria chamada de Karna, porque ele “nascera de brincos”. Quando então casada com Pandu, Kunti

foi convocada pelo seu rei e marido para chamar Dharma, o semideus da retidão e da justiça. Kunti foi abençoada com o pri-meiro filho de Pandu, Yudhishthira. As notí-cias do nascimento do primeiro filho alcan-çaram Dhritarashtra e Gandhari. Gandhari estava perturbada, porque ela não podia ser a mãe do futuro rei. Ela, imediatamen-te, chamou Vyasa, e pediu a ele para forçar o nascimento dos seus cem filhos. Através de seus poderes mágicos, Vyasa encurtou o período de espera, e os cem filhos de Dhri-tarastra vieram, junto com uma filha, Du-shala. Duryodhan era o mais filho mais ve-lho, enquanto Dushashan era o segundo. Gandhari não estava feliz, apesar dos me-lhores esforços dela, uma vez que o primei-ro filho de Pandu, Yudhishthira, iria ser o

verdadeiro herdeiro ao trono, e não seu filho mais velho, Duryodhana. Para fortalecer a dinastia de Kuru, Pandu

pediu para Kunti ter mais filhos. Kunti chamou o semideus do vento, Pavan, então Bhima, o segundo filho nasceu. Mais adian-te, Indra abençoou Kunti com o terceiro filho, chamado Arjuna. Madri, a outra espo-sa de Pandu, ainda não tinha filhos. Pandu pediu para Kunti que passasse o Mantra a Madri, de forma que ela pôde ter filhos, também. Madri chamou o semideus gêmeo, Ashwins, e foi santificada com dois filhos, Nakula e Sahadeva. Assim, Pandu teve cinco filhos, Yudhish-

thira, Bhima, Arjuna, Nakula e Sahadeva. Estas cinco crianças afortunadas, filhos de Pandu, foram chamadas de Pandavas. Eles cresceram fortes e bem comportados. Eles aprenderam a arte de jogos de guerra, do seu pai, Pandu. Os sábios ensinaram a eles os ensinamentos dos Vedas, e das regras do Dharma. Era um dia de primavera, enquanto esta-

va passeando ao lado do rio, Pandu viu Madri passando. Despertado com a paixão, ele tocou Madri, e morreu imediatamente. Kunti e Madri estavam aniquiladas com o ocorrido. As notícias alcançaram Dhritara-shthra, e ele ficou chocado, também. O corpo de Pandu foi carregado até Hastina-pura, para os ritos de cremação. Madri, decidiu ascender e ir à pira do funeral de Pandu, e apelou à Kunti para cuidar de seus dois filhos, Nakula e Sahadeva, como sendo seus próprios três filhos. Os Panda-vas, os filhos de Pandu, retornaram à Has-tinapura, e uniram-se aos seus primos, Kauravas, os filhos de Dhritarashthra.

7. O treinamento dos Pandavas e Kau-ravas Todos os primos, os Pandavas e Kaura-

vas, cresceram juntos sob a direção do avô deles, Bhisma. Kripacharya, um hábil pro-fessor de artes marciais, treinou-os para jogos de guerra. Kripacharya, em seus dias de infância,

conhecido como Kripa, veio ao rei Shanta-nu, pai de Bhisma, junto com sua irmã Kri-pi, como órfãos de uma família Brahmin. Shantanu era uma pessoa bondosa. Ele educou Kripa e Kripi com os melhores cui-dados. Kripa, com seu melhor esforço, tor-nou-se um mestre em artes marciais, e

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era, desde então, conhecido como Kripa-charya. Kripi era casada com Drona, o filho do sábio Bharadwaj; O sábio Bharadwaj era o melhor arqueiro do seu tempo. Ele dirigiu uma escola para ensinar artes marciais aos príncipes. Seu pai, Bharadwaj, pessoalmen-te, treinou seu filho Drona. Durante a sua vida de estudante, Drona tornou-se um amigo próximo do príncipe Drupada, que prometeu a Drona que ele iria repartir seu reino com ele, quando ele se tornasse rei. Mas quando Drupada tornou-se rei, ele es-queceu tudo o que ele prometeu para Dro-na em sua infância. Depois da morte de Bharadwaj, Drona assumiu todas as res-ponsabilidades de seu pai, e ficou conheci-do como Dronacharya. Nesses dias, o mes-tre providenciou educação gratuita para todos os seus estudantes, e estava satisfei-to com a honra demonstrada por seus es-tudantes, e pela comunidade. Como resul-tado, ele ficou pobre, em ver suas necessi-dades, ao menos que alguma realeza pro-videnciasse suporte financeiro para seus projetos. Drona não tinha exceção. Ele ti-nha um filho chamado Ashwathama a quem ele amava com carinho. Um dia Dronachar-ya testemunhou que seus companheiros de jogos zombaram de seu filho, porque ele era pobre. Ele decidiu ir ao seu colega anti-go Drupada, para pedir ajudas financeiras. Drupada, inundado por sua realeza, igno-rou suas promessas de infância a Drona. Ele insultou Drona abertamente em sua corte. Drona deu a promessa de que um dia ele iria vingar-se de Drupada, e deixou a corte com raiva. Ele, rapidamente, deixou sua habitação, e chegou na residência de Kripa, junto com sua esposa Kripi, e Ash-wathama. 7.1 A habilidade de Drona Drona estava passando, certa feita,

quando os príncipes de Hastinapura esta-vam jogando bola. Ele viu a bola caindo vigorosamente dentro de um poço próximo. Os príncipes estavam confusos de como tirar a bola do poço. Então, Drona veio di-ante deles. Ele escutou os príncipes, e, en-tão, jogou seu próprio anel dentro do poço. Desta feita, ele se gabou que ele iria pegar, ao mesmo tempo, a bola e o anel, com a ajuda da sua habilidade com o arco-e-flecha. Os príncipes estavam impressiona-dos de ver que ele manteve sua promessa.

Todos eles chamaram Drona para ver seu avô Bhisma. Bhisma, o guerreiro veterano, ouviu o que acontecera, e estava impres-sionado com a habilidade de Drona. Ele, imediatamente, nomeou Drona como o pro-fessor de arco-e-flecha dos príncipes. Dro-na estava muito satisfeito com sua posição, que melhorou as condições econômicas de sua família. Ele começou a instruir os prín-cipes com muito cuidado e amor. Ele esta-va confiante de que seus discípulos reais iriam, um dia, ajudar ele a derrotar Drupa-da, e ele iria ser capaz de cumprir plena-mente a sua promessa de vingar-se dele. De todos os discípulos, Drona gostava de

Arjuna como o melhor. Ele era o mais há-bil, e Drona prometeu a Arjuna que ele iria fazer dele o melhor arqueiro no mundo. Um dia, o príncipe Ekalavya, filho do rei Ni-shad, veio a Drona, e pediu para aceitá-lo como seu discípulo. Rei Nishad pertencia à uma baixa casta, e Drona estava estimado a somente aos príncipes reais da dinastia Kuru. Assim, Drona recusou-se a pegar E-kalavya como seu discípulo. Ekalavya esta-va desapontado, mas não perdeu suas es-peranças. Ele foi numa floresta profunda, fez um ídolo de Drona, e considerou ele como seu Guru, praticava arco-e-flecha diariamente. Através de sua devoção, e prática constante, Ekalavya se superou no jogo de arco-e-flecha. 7.2. Ekalaya, um grande arqueiro Um dia, os príncipes Kurus foram caçar

na floresta, onde Ekalavya vivia. Seu cão de caça desgarrou-se do grupo, e eles vi-ram Ekalavya. O cão começou a latir, en-quanto Ekalavya estava ocupado com sua prática de arco-e-flecha. Ekalavya atirou um feixe de flechas no cachorro, de modo que tampou a sua boca aberta. O cão vol-tou correndo para o grupo real, e os prínci-pes ficaram impressionados de ver seu de-sempenho. Eles todos vieram a Ekalavya, junto com Drona, para identificar a pessoa que havia ultrapassado-os na arte de arco-e-flecha. Vendo Drona, Ekalavya caiu aos pés de

seu Guru. Drona estava muito honrado por sua devoção e diligência. Ele, brevemente, reconheceu que Ekalavya iria eventualmen-te tornar-se um invencível rival de Arjuna, e Drona não poderia ser capaz de manter sua promessa. Então, Drona pediu seu po-

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legar direito, como uma recompensa de professor (Guru Dakshina), e Ekalavya o-bedeceu, cortando seu polegar direito e colocando-o nos pés do Guru. Que glorioso exemplo de obediência aos professores! Quando os príncipes haviam completado

seu treinamento, o avô Bhisma arranjou uma competição para demonstrar seu sen-so esportivo. Muitos notáveis foram convi-dados para a grande cerimônia. Arjuna surprindeu a todos por seus feitos de arco-e-flecha. Quando o torneio estava a ponto de terminar, Karna chegou no local da ce-na. Ninguém sabia que ele era o filho bas-tardo de Kunti, educado por um cocheiro. Ele desafiou Arjuna. Nesse ponto, Kripa-charya opôs-se. “A competição tem em vista somente

príncipes reais, e não é aberto à pessoas comuns”. Ouvindo a objeção, Duryodhana, um rival

de Arjuna, veio à frente e ofereceu a Karna o Estado de Anga, fazendo dele um prínci-pe. Karna era tão bom quanto Arjuna, e ninguém poderia decidir a superioridade de um sobre outro. O dia terminou, e os príncipes reais vie-

ram a Drona para prestar respeito e Guru Dakshina (contribuição ao mestre). Drona pediu a eles para capturarem Drupada, o rei de Panchal, e trazê-lo como prisioneiro. Os Kauravas, e os Pandavas, não tinham problemas de correr até Panchal, e conce-der Drupada para Drona. Então, Drona lembrou Drupada dos insul-

tos que ele impôs a ele, e disse, “Drupada, como um amigo eu estou retornando parte do reino a você, mas eu espero que no fu-turo você lembre da lição, e respeite e cumpra as promessas que você faz”. 8. A Conspiração; Os Pandavas, e

Draupadi 8. Conspirando contra os Pandavas Os Pandavas eram superiores aos Kaura-

vas em todos os aspectos como força e in-teligência, exceto no número de soldados que eram menor. Eles eram muito aprecia-dos pelas suas qualidades nobres. Bhishma informou Drhitarashtra para declarar Yudh-shthira como o príncipe coroado de Hasti-napura desde que ele era o mais velho e era favorecido com finas qualidades de um rei.

A inveja de Duryodhana pelos Pandavas aumentou depois de escutar que Yudishthi-ra seria declarado o príncipe coroado. Com raiva, Duryodhana planejou matar os Pan-davas então que ele poderia subir ao trono de Hastinapura. Um dia Duryodhana se a-proximou de seu pai, Dhritarashtra, e pediu a ele para mandar os Pandavas para a feira anual de Pashupati em Varnavat, um lugar longe de Hastinapura. Ignorante de qual-quer delito, Dritharashtra pediu aos Panda-vas para tomar conta da feira. Duryodhana, por outro lado, secretamen-

te ordenou seu parceiro confiante Purocha-na, para fazer um palácio especial, com materiais altamente inflamáveis, para os Pandavas. Seu plano atroz era queimar os Pandavas vivos enquanto dormiam. De a-cordo com o plano, Purochana iria guardar o palácio e iria colocá-lo em chamas na noite escura seguinte. No entanto, Vidura, tio dos Pandavas, e

bem querido por eles, veio para saber do plano maléfico de Duryodhana, e alertou Yudishthira sobre a trama. Yudishthira, não queria fazer um grande alarido deste pro-blema, desde que os Pandavas ainda não estavam prontos para lutar. Então, ele de-cidiu negociar isso de uma maneira secre-ta. Com a ordem de deixar os Pandavas para ganhar tempo, Vidura mandou um escavador a Varnavat para, secretamente, cavar um túnel de fuga do palácio. O túnel deveria levá-los para dentro de uma flores-ta densa próxima, uma área fácil o sufici-ente para os Pandavas se esconderem. Na noite em que a ação terrível estava

para ser executada, Bhima trancou o quar-to de Purochana por fora, e pôs fogo na casa. Então, os Pandavas escaparam atra-vés do túnel na floresta. No local do grande incêndio, as pessoas de Varnavat vieram apressadas para extinguir o fogo. De qual-quer maneira, o palácio altamente inflamá-vel, queimou em cinzas rapidamente. To-dos pensaram que os Pandavas tinham queimado no fogo. Brevemente, as notícias alcançaram Hastinapura. Dhritarashtra e Bhishma estavam chocados de ouvir as no-tícias. Duryodhana estava glorificado de ouvir isso, mas visivelmente agiu como se estivesse triste.

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9. Os Pandavas na floresta Após muitas milhas de caminhada, atra-

vés da floresta, os irmãos Pandavas, e mãe Kunti, deitaram em baixo a uma figueira-de-bengala, famintos e com sede. Bhima, foi pegar a água, mas quando ele voltou, ele viu todos num sono profundo. Bhima ficou acordado para cuidar deles. A floresta era uma reserva de caça de

um demônio atemorizante, chamado Hi-dimba. Ele vivia com sua irmã Hidimbi nu-ma árvore gigante, perto do lugar onde os Pandavas estavam descansando. Logo que Hidimba sentiu a presença de humanos, ele pediu à sua irmã para matá-los para seu jantar. Hidimbi alcançou o lugar, e viu Bhima tomando conta dos Pandavas. De-pois de ver o corpo forte de Bhima, ela, instantaneamente, apaixonou-se por ele. Então, ela se transformou em uma linda moça, e aproximou-se de Bhima. Bhima, também, se apaixonou por Hidimbi no pri-meiro olhar. Na inquirição de Hidimbi, Bhi-ma explicou a razão de sua família escon-der-se na floresta. Hidimbi simpatizou, e prometeu ajudá-los. Enquanto isso, Hidim-ba ficou impaciente, e desceu da árvore à procura de sua irmã. Quando ele viu sua irmã fazendo amor com sua presa, ele ficou furioso. Ele atacou Bhima imediatamente. Bhima empurrou-o longe a uma distância que, então, sua família poderia ficar a sal-vo. Uma luta terrível sucedeu. Finalmente Hidimba foi morto por Bhima. Quando a família dos Pandavas acordou,

Kunti notou uma linda moça de pé perto de Bhima. Ela perguntou, e Hidimbi explicou o que havia acontecido. Ela também pediu a Kunti para permitir seu filho Bhima casar-se com ela. Hidimbi, prometeu devolver Bhima aos Pandavas depois do nascimento de um filho. Kunti e seus quatro filhos es-tavam impressionados com Hidimbi e con-cordaram em aceitá-la como a esposa de Bhima. Seguindo uma cerimônia curta, Hidimbi e

Bhima seguiram para a terra da beleza. Enquanto isso, uma criança havia nascido a qual foi chamada de Ghatotkahca. Ghatot-kacha cresceu num piscar de olhos e, como seu pai, tornou-se um grande guerreiro. Bhima retornou à sua família com seu filho e esposa. Como prometeu, Hidimbi deixou com seu filho depois de uma breve visita e

Ghatotkacha prometeu voltar aos Pandavas não importando a hora q for chamado. Depois de algum tempo de esconderijo

na floresta, os Pandavas começaram a pla-nejar a partida, quando Veda Vyasa che-gou. Ele consolou os Pandavas, e assegu-rou a eles que a justiça iria finalmente atu-ar. Ele avisou-os para terem paciência, e insistir sua dificuldade atual. Pelo aviso de Veda Vyasa, Kunti e seus cinco filhos foram a uma cidade próxima, chamada Ekacha-kra. Eles ficaram com uma família de Brahmins, disfarçados de Brahmins. Os Pandavas viveram como almas miseráveis e cantando preces este lugar.

10. Bakasura atormenta os Brahma-nas Um dia, enquanto Kunti estava descan-

sando à tarde, ela escutou gemidos de dentro da casa dos Brahmins, onde eles estavam residindo. Levando em considera-ção, por ser parte dos deveres deles, de permanecerem junto do seu anfitrião na hora de desgraça, Kunti foi questionar a miséria deles. O Brahmin contou a história de horror

que aquele vilarejo estava amaldiçoado por um demônio chamado Bakasura. Quando ele veio na cidade de Ekachakra de lugar nenhum, ele estava matando pessoas alea-toriamente e destruindo o vilarejo. Final-mente o líder da cidade fez um acordo com Bakasura pedindo à ele para ficar na flores-ta próxima. Todo o dia a cidade mandaria para ele uma marmita de comida puxada por dois búfalos, dirigidos por uma pessoa de acordo com o que puxavam. Bakasura iria comer o alimento, os búfalos e o moto-rista. Kunti imediatamente adivinhou que isto deveria ser a oportunidade para a fa-mília hospedeira aquele dia mandar um motorista. Para a surpresa de todos, Kunti ofereceu sua ajuda. “Eu tenho cinco filhos e eu irei mandar

Bhima para enfrentar o demônio. Ele é for-te o suficiente para matar o demônio e li-bertar a cidade de seu aprisionamento para sempre. O único pedido que eu farei é de manter isso em segredo e não revelar nos-sa identidade.” Bhima encontrou com Bakasura e igno-

rando ele começou a comer sua comida na frente dele. Bakasura ficou furioso e atacou Bhima. Uma temível batalha brevemente

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sucedeu-se e Bakasura estava morto. Bhi-ma secretamente arrastou seu corpo du-rante a noite até a entrada da cidade e dei-xou-o lá para o deleite das pessoas. Na manhã seguinte, os cidadãos estavam

surpresos de ver o corpo morto de Bakasu-ra. Eles regozijaram a felicidade de seus corações. Quando eles chamaram o Brah-min, o hospedeiro dos Pandavas, ele ape-nas disse, “Tudo isso é a vontade de Deus. Deixe-nos agradecer à Ele de remover a ameaça pelo bem.”

11. A bela Draupadi Depois, enquanto em Ekachakra, os Pan-

davas ouviram do viajante que Drupada, o rei de Panchal, estava segurando um Sw-yambara para casar sua linda filha Draupa-di com o melhor dos príncipes. Naqueles dias, Swyambara era a cerimônia real, on-de o pretendente competia em certos even-tos, e o ganhador ganhava a mão da prin-cesa. Os Pandavas, conheciam Drupada, com quem eles humilharam diante de seu Guru Dronacharya. Drupada não tinha fi-lhos. Ele executou um Yajña (adoração com fogo), então, devotadamente, um menino e uma menina saltaram para fora do fogo. O menino era chamado Dhritasthadyumna, e a menina, Draupadi. Draupadi era bem co-nhecida por sua beleza estonteante, e mui-tos príncipes aspiravam por ganhar sua mão. Os irmãos Pandavas, também, decidi-ram atender a cerimônia de Swyambara, disfarçados de Brahmins. 12. Os Pandavas casam-se com Draupadi

e retornam a Hastinapur

12.1. Casando-se com Draupadi De Ekachakra, os Pandavas disfarçados

de Brahmins, chegaram em Panchal para acompanhar a cerimônia de Swyambara de Draupadi. Eles já tinham ouvido falar da beleza divina de Draupadi, a filha do rei Drupad. Na assembléia de Swyambara, os Panda-

vas sentaram próximos aos outros Brah-mins, longe dos dignitários reais. Ninguém na assembléia reconheceu os Pandavas. Krishna, o rei de Dwarka, estava presente como convidado honorário. Na hora apropriada, o rei Drupad cum-

primentou e honrou todos os participantes e anunciou que sua filha Draupadi estava indo à direção ao ponto de encontro. No

meio dos sons de cornetas, tambores e músicas melodiosas, a princesa Draupadi, acompanhada por seu irmão Dhrishtad-yumna, entrou no salão do Swyambara. Logo que ela entrou, todos os olhos se vol-taram para Ela. Ela parecia uma ninfa ce-lestial. Dentro de um curto tempo, Drishtad-

yumna dirigindo-se a assembléia disse: “Honrados príncipes, vocês podem ver um peixe pendurado a uma roda giratória pre-sa no topo se um poste. O reflexo do peixe é visto em uma panela larga e cheia de ó-leo, colocada embaixo do poste. Dos com-petidores, aquele que acertar o olho do peixe olhando o reflexo, deverá receber a mão de minha irmã Draupadi”. Um arco com flechas foi colocado no pal-

co para o ato de coragem. O evento começou e um número de prín-

cipes veio à frente e tentaram sua sorte um após o outro. Mas nenhum deles teve su-cesso. Um por um, eles retornaram aos seus lugares com cara de perdedores. Na volta de Karna, Draupadi se expres-

sou. Ela recusou casar-se com Karna pela falta de linhagem real. Karna era o filho de um cocheiro. Karna deixou o hall em res-sentimento. Drupad e Dhrishtadyumna estavam fi-

cando preocupados desde que todos os príncipes presentes na cerimônia tinham falhado. Finalmente, Arjuna, disfarçado de Brahmin, levantou-se e avançou através do palco. As pessoas estavam impressionadas de ver um Brahmin enfrentando os prínci-pes valentes. Sendo um Brahmin em dis-farce, o qual pertencia a uma casta superi-or aos Kshatrias (príncipes guerreiros), Ar-juna não poderia ser impedido. “Ele deve ter ido à loucura!”, observou um dos Brahmins. Ficando calmo e controlado, Arjuna pe-

gou o arco e a flecha. Ele olhou para baixo, em direção ao reflexo do peixe na panela com óleo e puxou a corda do arco, e lançou a flecha. Num instante, a flecha foi arre-messada com um zunido e acertou o olho do peixe. As pessoas não podiam acreditar que um Brahmin poderia dominar a arte do arco-e-flecha melhor do que qualquer prín-cipe poderia. A princesa sentiu-se insultada e veio à

frente para matar Arjuna. Imediatamente o resto dos Pandavas se agrupou para defen-

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der Arjuna. Logo, todas as pessoas perce-beram a força e a técnica dos cinco irmãos, os Pandavas. Finalmente, Krishna entrou e pediu à princesa frustrada que tomasse graciosamente o erro deles e a luta parou. Duryodhana adivinhou que o vencedor

deveria ser Arjuna, e os outros quatro ir-mãos Brahmins deveriam ser os irmãos Pandavas. Ele estava maravilhado de como eles puderam escapar do fogo em Varna-vat.

12.2. Voltando para Hastinapura Os Pandavas voltaram para casa com

Draupadi sendo a esposa de Arjuna. Kunti estava esperando por eles pensando que seus cinco filhos retornariam para casa logo com a coleta diária deles de esmolas. Yudhishthira, logo que alcançou a casa, falou: “Olhe mãe, o que nós trouxemos ho-je para a senhora!” Kunti estava dentro de casa, e não pode

ver do que Yudhishthira sobre o que estava falando. Então, mesmo sem ter visto, Ela disse: “Dividam igualmente entre todos vocês!”. Mas logo que soube que se tratava de Draupadi, Kunti ficou envergonhada. Então ela arrependeu-se e disse: “Meus filhos, eu tinha a impressão de que vocês haviam trazido alguma esmola de alguma pessoa caridosa. Foi por isso que eu lhes disse para dividir igualitariamente”. Mas uma vez que tinha falado, Srimati Kunti não pode voltar atrás, então os seus cinco filhos tomaram Draupadi como esposa. Draupadi aceitou. Então ela ficou sabendo que Eles eram os irmãos Pandavas. Então ela agradeceu as estrelas por ter se torna-do a noiva da família real de Hastinapura Após o Swayambara, Dhrishtadyumna, irão de Draupadi, furtivamente seguiu os cinco irmãos Brahmans, e descobriu a verdadeira identidade deles. Feliz, ele retornou para casa para informar a seu pai Drupada, que os maridos de Draupadi não eram ninguém mais dos que os Pandavas. A família real, imediatamente, decidiu fazer uma festa para a celebração. Durante a celebração, as identidades dos Pandavas foram revela-das, e o rei Drupada, tornou-se um próxi-mo aliado. As novas alcançaram a cidade de Hasti-

napura. Bhisma avisou Dhritarashtra para dar a metade do reino para os Pandavas. Duryodhana não gostou da idéia, mas ficou

quieto, e estava esperando uma próxima oportunidade para apagar os Pandavas. Dhritarashtra enviou Vidur, o seu primeiro ministro, para o rei Drupada, para que vol-tasse com os Pandavas para Hastinapura. Os Pandavas concordaram, e prontamente retornaram para Hastinapura, junto com Kunti e Draupadi. Nas suas chegadas, uma grande cerimônia de boas-vindas foi dada a princesa, que as pessoas pensavam que tinha morrido numa feira. Eles ficaram ale-gres de ver todos juntos e juntaram-se na celebração. Os Pandavas tocaram os pés de todos os mais velhos, Bhisma, Dhritrarashtra, Vidur, Dronacharya, e outros, e estavam felizes por terem retornado. Dhritarashtra, em consulta com seus membros da corte, ofe-receu Khandavprastha para os Pandavas ocuparem o trono. Yudhishtriha, modesto e obsequioso que era, aceitou a oferta e foi para Khandavprastha, como sendo seu próprio reino. No devido curso do tempo, os Pandavas

fizeram Indraprashtha a capital do Khan-daprastha. Indraprastha tornou-se um belo centro, com um palácio imponente. As pes-soas estavam felizes e amavam seu rei, Yudhishthira. Com o objetivo de evitar um mal entendi-mento, Narada avisou os Pandavas para redigirem um Código de Conduta, no qual, cada um deles pudesse ficar na companhia de Draupadi em completa privacidade. Ca-so alguém fosse interrompido, o violador teria que se exilar pó rum período de 12 anos.

12.3. O exílio de Arjuna Tudo estava indo bem, até que um dia

um Brahmin veio amargurado choramingar para Arjuna. Ladrões haviam roubado as suas vacas. Arjuna o consolou e prometeu-lhe que iria procurar pelos ladrões. Mas ele se deu conta de que as armas estavam de-baixo da cama, onde estava Draupadi, e naquele momento, Yudhishthira esta com Draupadi. Então Arjuna ficou num grande dilema. Mas ele preferiu violar a sua pro-messa e ir para o exílio, em vez que falhar na promessa de ajudar aquele Brahmin. Ele bateu na porta, pediu desculpas, pegou seu arco e flechas e foi atrás dos ladrões. Arjuna retornou após ter recuperado as

vacas do Brahmin. Então ele foi até o seu

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irmão mais velho e pediu-lhe desculpas por ter quebrado o código. Arjuna disse: “Eu violei o acordo que fizemos, e agora eu lhe peço permissão para ir para o exílio por 12 anos”. Yudhishthira tentou persuadir Arjuna para mudar a sua mente, uma vez que ha-via entrado na privacidade do quarto tendo em vista proteger, e não por uma razão pessoal. Mas Arjuna insistiu em obedecer as regras estabelecidas pelo sábio Narada, e que todos os Pandavas em comum acor-do haviam concordado, sem fazer qualquer exceção, e brevemente foi para a floresta. 13. O exílio de Arjuna durante doze anos

13.1. Exílio de Arjuna De Indraprastha, Arjuna primeiro foi para

os Himalayas, e passou seu tempo acom-panhado de sábios, participando dos seus discursos e praticando os rituais religiosos. Um dia Ulupi, filha do rei Naga, que era o

governador do mundo das serpentes debai-xo d’água, viu Arjuna ocupado com seus deveres religiosos. A linda personalidade de Arjuna sempre atraiu as donzelas. Ulupi não era uma exceção. Ela imediatamente se apaixonou por ele e decidiu raptar Arju-na para casar-se com ela. Então, quando Arjuna foi tomar um banho no rio, ela o agarrou e levou ele para o reino submarino de seu pai. Arjuna estava confuso pelo se-qüestro e perguntou Ulupi das suas inten-ções. Ulupi explicou, “Eu sou a princesa do rei-

no de Naga. Me desculpe pela inconveniên-cia causada a você. Eu trouxe você aqui para que se torna-se meu marido. Você não tem como escapar.” Arjuna não tinha escolha. Ele aceitou a

proposta oferecida por Ulupi e ficou com ela por um tempo. Então um dia Arjuna recorreu a Ulupi, dando a razão da impos-sibilidade de ficar com ela enquanto ele estava incubido de viajar durante seu perí-odo de exílio. Ulupi aceitou e levou Arjuna de volta à superfície. Depois de despedir-se dele, ela deu para Arjuna uma bênção de proteção contra a mordida de qualquer cri-atura. Arjuna então seguiu em uma longa jor-

nada pelo leste, e finalmente chegou a Ma-nipur. Chitravahana era o rei de Manipur. Ele concedeu a Arjuna uma calorosa festa de boas-vindas então Arjuna decidiu ficar

com ele por um tempo. Chitravahana tinha uma linda filha, Chitrangada. Arjuna estava fascinado pela beleza de

Chitrangada e decidiu casar-se com ela. Então ele se aproximou de Chitravahana para pedir a mão de Chitrangada em casa-mento. Chitravahana estava feliz, mas ele impôs uma condição para o casamento: “Chitrangada é minha única filha e eu não tenho nenhum herdeiro para continuar mi-nha dinastia. Então, eu decidi adotar o filho dela. Se você pretende se casar com Chi-trangada, você deve me dar o filho dela, que será coroado o príncipe do meu reino.” Arjuna aceitou a condição e se casou

com Chitrangada. Finalmente, um filho nasceu, que depois de três anos foi adota-do por Chitravahana. Então Arjuna conti-nuou sua jornada, como esperado, deixan-do Chitrangada em Manipur. Depois de sair de Manipur, Arjuna foi via-

jando ao sul, alcançando o litoral (próximo ao atual centro de peregrinação de Puri). Lá ele estava novamente na companhia de santos e sábios. Um dia, os sábios reclamaram para Arju-

na de que as águas próximas estavam in-festadas de ferozes crocodilos. Eles tinham que fazer um longo caminho para chegar às águas para tomar banho. Arjuna prome-teu que iria espantar os crocodilos. Consci-ente da bênção de Ulupi, Arjuna pulou nas águas para matar os crocodilos. Logo, um imenso crocodilo pegou sua perna e Arjuna imediatamente arrastou o crocodilo para fora d’água. Para sua total surpresa, o cro-codilo instantaneamente se transformou numa ninfa divina, e Arjuna perguntou, “Quem é você?”. A ninfa respondeu, “Há muito tempo, minhas quatro amigas e eu estávamos brincando na água e ofendemos um sábio. O sábio nos amaldiçoou para que nos tornássemos crocodilos e ficássemos na água para sempre. Nós nos desculpa-mos e imploramos por piedade. O sábio sentiu pena de nós e retirou a maldição, dizendo que nós seríamos resgatados após muitos anos depois quando um virtuoso guerreiro iria nos tirar da água. Nós sería-mos então transformadas de volta no que éramos. Então, por favor, seja bondoso e retire minhas outras quatro amigas tam-bém.” Arjuna aceitou, e um por um tirou os ou-

tros quatro crocodilos. Tal como o primeiro,

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eles também adquiriram sua forma real de donzelas divinas. Todas elas agradeceram muito Arjuna por ter as liberado; então elas partiram para a sua moradia divina.

13.2. Em Dwaraka, casamento com Subhadra Depois de um tempo, Arjuna foi em dire-

ção a Prabhas, localizada na costa oeste da Índia, para tomar seu tempo em medita-ção. Lá ele decidiu ir para Dwaraka para ficar com Krishna, seu melhor amigo. O irmão mais velho de Krishna, Balarama, o rei, realizou uma calorosa recepção para Arjuna e Arjuna ficou em Dwaraka por al-guns dias. Um dia Arjuna prestou muita atenção em

Subhadra, a irmã de Krishna, e se apaixo-nou por ela. Balarama, de qualquer forma, já tinha escolhido Duryodhana como o futu-ro marido de Subhadra. Quando Krishna preveu a situação, Ele indiretamente suge-riu que Arjuna fugisse com Subhadra, di-zendo “Um Kshatriya como você nunca im-plora para ganhar o amor da sua amada. Ele ganha a mão dela à força.” Arjuna entendeu a dica. Ele pegou a car-

ruagem de Krishna e forçadamente pegou Subhadra quando ela estava voltando do templo. Balarama se irritou e chamou Kri-shna antes de entrar em guerra com Arju-na. Ele adivinhou que o rapto teria sido cometido com o apoio de Krishna. Balarama reclamou para Krishna. “É ver-

gonhoso tolerar essa falta de Arjuna, seu melhor amigo. Eu nunca imaginaria que um convidado real como ele retornasse nosso favor através desse ato. O que você tem a dizer antes de irmos atrás de Arjuna?” Krishna ouviu as alegações cuidadosa-

mente e falou pacificamente. “Irmão Balarama, não é um orgulho para

nós termos ligação com os Pandavas? Eles serão nossos fortes aliados. Arjuna é in-vencível, e se nós formos derrotados, será mais vergonhoso. Eu irei sugerir que nós honradamente chamemos Arjuna de volta e arranjemos um casamento real entre Su-bhadra e Arjuna.” Balarama comprindeu a gravidade da si-

tuação e percebeu as chances de ganhar uma luta contra Arjuna. Assim, ele logo organizou tudo para o casamento real e Arjuna foi para Pushkar, perto da atual Aj-

mer. Lá ele passou o resto do seu tempo de exílio.

13.3. Retorno do exílio Depois de completar o período de exílio,

Arjuna retornou para Indraprashtha com Subadra. Enquanto Arjuna foi ver Yudhish-thira para prestar seu respeito, Subhadra foi ver Kunti e tocou seus pés com grande reverência. Draupadi estava muito preocu-pada no começo mas a humildade de Su-bhadra conquistou seu coração num piscar de olhos. “Irmã, por favor, me aceite como sua empregada” disse Subhadra com uma voz humilde. Balarama e Krishna vieram à Indrapras-

tha para participar da celebração pela volta de Arjuna e para fortalecer suas relações com os Pandavas como parentes. Depois de alguns dias Balarama retornou à Dwara-ka e Krishna escolheu ficar por ali. Logo, Subhadra deu a luz a um adorável

filho que foi chamado de Abhimanyu. Draupadi deu a luz a cinco filhos – um de cada um de seus maridos. Aos poucos os príncipes dos Pandavas cresceram e atingi-ram a idade adulta tão fortes que seus pais, tios e todos estavam orgulhosos de-les.

14. Rajasuya Yajña de Yudhishthira 14.1. O pedido de Agni Um dia, enquanto Krishna e Arjuna esta-

vam conversando embaixo de uma árvore na véspera da visita de Krishna com os Pandavas, um Brahmin se aproximou e pe-diu por sua ajuda. “Como posso ajudá-lo?”, perguntou Krishna. O Brahmin respondeu, “Eu sou Agni, o

deus do fogo. Eu estou muito faminto para comer carne. Eu estou cansado de comer somente ghi, que é manteiga concentrada, oferecida a mim pelos sábios. Me ajude a comer os animais da floresta de Khandava. Eu tentei cumprir esta tarefa por mim mesmo muitas vezes, mas desafortunada-mente, Indra, o deus do tempo, protege a floresta de Khandava. Logo que eu tento queimar a floresta, Indra derrama chuva e eu sou extinto. Eu preciso da sua ajuda para parar Indra até eu acabar de consumir a floresta de Khandava.” Krishna e Arjuna aceitaram ajudar Agni.

Entretanto, eles não tinham nenhuma arma celestial para combater Indra. Eles falaram

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a Agni as suas limitações. Então Agni, atra-vés de seus poderes divinos, produziu ar-mas celestiais que Krishna e Arjuna preci-savam. Quando tudo estava pronto, Agni colocou

fogo na floresta e num piscar de olhos a floresta inteira estava em chamas. Indra estava prontamente informado e ele correu com seu exército para proteger a floresta de Khandava. Krishna e Arjuna com suces-so pegaram o exército de Indra na baía. De repente Krishna viu um demônio sair cor-rendo da floresta e Agni estava perseguin-do-o. O demônio procurou o refúgio de Ar-juna. O deus do fogo se voltou para trás e deixou-o com Arjuna. Finalmente, Agni es-tava satisfeito e agradeceu a Krishna e Ar-juna.

14.2. O palácio de Yudhishthira Quando Agni se foi, o demônio se apre-

sentou para Krishna e Arjuna. “Eu sou Ma-ya (ilusão), o arquiteto de Vishwakarma. Eu possuo uma técnica miraculosa na ar-quitetura. Deixe-me fazer algo para vocês em troca por terem salvado minha vida” ele disse. Krishna pediu para Maya construir um

palácio para o rei Yudishthira, o qual seria o melhor do mundo. Maya contente acei-tou. Num instante, um lindo palácio foi cons-

truído em Indraprastha, o reino dos Panda-vas. O sacerdote real sugeriu que uma i-nauguração fosse feita para o palácio antes dele ficar ocupado. Os Pandavas, em reuni-ão com Krishna, decidiram fazer Rajasuya Yajna para sua inauguração. Uma das con-dições do Rajasuya Yajna é que os reinos vizinhos deveriam aceitar a supremacia do executor, os Pandavas. O único que se o-pôs a isso foi Jarasandha, o governador de Magadh. Sob o conselho de Krishna, Yudhishthira

mandou a equipe de Bhima, Arjuna e Kri-shna para Magadh para conhecer Jarasan-dha. Jarasandha prendeu muitos reis e o-cupando seus reinos derrotando-os em um duelo. Ele era abençoado por Shiva e era praticamente invencível. A história diz que o pai de Jarasandha

estava desesperado por um filho e rezou para o Senhor Shiva. O Senhor Shiva esta-va honrado e deu-lhe uma fruta. Shiva dis-se, “Diga a sua esposa para comer a fruta

e em breve ela vai ter um filho”, Mas o pai de Jarasandha tinha duas esposas. Ele ti-nha de ser justo com cada esposa então ele dividiu a fruta, dando uma metade para cada esposa. Como resultado, cada esposa deu à luz a cada metade da criança. Uma feiticeira, chamada Jara, juntou estas duas peças e, portanto, o filho chamou-se Jara-sandha. O corpo de Jarasandha tinha uma junção vertical desde o topo até o final da espinha dorsal. A única maneira que ele poderia ser morto era rasgá-lo e ninguém era forte o suficiente para isso. Entretanto, Krishna sabia o segredo para matar Jara-sandha. Ele revelou esse segredo a Bhima. Jarasandha estava informado da chegada

da equipe de Krishna, Bhima e Arjuna. Co-mo esperado, Jarasandha recusou aceitar a supremacia dos Pandavas. Assim, Krishna pediu para ele escolher um dos Pandavas para resolver o problema. Jarasandha sabia que ele não seria pego por Arjuna por cau-sa das suas técnicas superiores no arco-e-flecha. Então, ele escolheu Bhima e estava confiante que iria derrotá-lo no duelo. Os dois prometeram lutar um contra o outro até a morte. A luta prosseguiu por muitas horas e fi-

nalmente Bhima levantou-o e o arremessou para baixo com um forte ruído. Então ele rasgou o corpo de Jarasandha em duas partes. Jarasandha estava morto. Todos os reis foram libertados da prisão. Eles agra-deceram Krishna e Bhima por terem salva-do suas vidas. Eles tornaram-se amigos dos Pandavas e aceitaram sua supremacia. O filho de Jarasandha, Sahadev, sucedeu o trono de Magadh e tornou-se um dos mais fortes aliados dos Pandavas. Todos os reis, inclusive os Kauravas, fo-

ram convidados para o Rajasuya Yajna e a adoração ao fogo estava completa com grande entusiasmo. Todos os dignitários honraram Krishna. Bhishma, o avô, falou muito dele e declarou-o como a encarnação de Deus num corpo humano. O único que não estava feliz pela presen-

ça de Krishna era Sishupal, primo de Krish-na. Ele invejava Krishna. A mãe de Sishu-pal sabia do defeito de seu filho e do poder de Krishna. Então, ela fez Krishna prometer que ele não iria ter nenhuma ação contra o seu filho até mesmo se Sishupal ofendesse Krishna mais de cem vezes. Sishupal ofen-deu Krishna publicamente na cerimônia e

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com raiva do pedido de Bhishma para pa-rar. Krishna ficou calmo até que os insultos ultrapassassem de cem vezes. Então Krish-na cortou sua cabeça com seu chakra (dis-co). Seguindo a grande cerimônia, todos os

convidados foram embora com uma grande apreciação dos Pandavas. Mas Duryodhana e seu tio materno Shakuni estenderam sua permanência como convidados reais espe-ciais em ordem de apreciar a grandeza do lindo palácio de Yudhishthira. O palácio era cheio de coisas ilusórias. Duryodhana repe-tidamente zombava e sua apreciação logo se tornou claramente invejosa. Ele disse para Shakuni, “Tio, eu não posso trazer a prosperidade aos Pandavas. Eu sinto como se eu estivesse atacando-os e tirando deles toda sua riqueza.” “Eu sei um jeito que eles podem ser ar-

rancados e mandados para o exílio” disse Shakuni com sua voz esperta. Duryodhana estava ficando impaciente

pra saber do truque de Shakuni. Porém Shakuni pediu para ele esperar até eles saírem do palácio fascinante. “Quem sabe, as paredes podem ter orelhas,” disse Sha-kuni agitado.

15. A Perda de Indraprastha 15.1. Uma trama para derrotar os

Pandavas A caminho de Hastinapur, Shakuni reve-

lou seu plano maléfico para Duryodhana. Ele disse, “Yudhishthira é apaixonado por jogos de dados, e ninguém pode me derro-tar neste jogo porque eu uso dados enfeiti-çados. Seu trabalho é persuadir seu pai, Dhritarashtra, a convidar Yudhishthira para jogar dados comigo na presença de todos os dignitários na corte. Deixe o resto comi-go.” Quando Duryodhana chegou a Hastina-

pur, ele foi diretamente para Dhritarashtra e narrou a próspera condição dos Panda-vas. Dhritarashtra era um bom homem e estava muito feliz de ouvir que os filhos de seus irmãos, os Panvadas, estavam indo bem. Encontrando o momento apropriado,

Duryodhana perguntou “Pai, nos deixe ter uma celebração especial para demonstrar nossa amizade com os Pandavas, convi-dando-os para irem até Hastinapur. Nós convidaremos também outros dignitários

para essa ocasião em que o centro das a-tenções e do entusiasmo será o jogo de dados entre Yudhishthira e nosso tio ma-terno Shakuni.” Dhritarashtra não comprindeu o plano

maléfico de Duryodhana e Shakuni. Ele es-tava cego e foi generoso com seu filho mais velho, Duryodhana. Então, ele permitiu Duryodhana ao seu modo. O convite para o jogo de dados foi para

Yudhishthira e ele aceitou. Os Pandavas chegaram no dia anterior juntamente com Draupadi deixando para trás sua mãe Kunti e seus filhos com Subhadra. Os Pandavas descansaram à noite na hospedaria e che-garam à sala de jogos no outro dia, o dia do jogo de dados real. Outros dignitários reais também chegaram e Dhritarashtra e seus cortesões os receberam. Antes do início do jogo, Shakuni desejou

boa sorte a Yudhishthira e disse “Sua ma-jestade! Deixe-nos decidir sobre as apos-tas.” Yudhishthira advertiu, “Tio, deixe-nos manter o jogo justo.” Shakuni era um jogador profissional e ele

sabia o ponto fraco de seu adversário. Ele revidou, “Yudhishthira, deixe os dados de-cidirem a nossa sorte. Jogue sem medo se você tem coragem e aceite o que quer que venha disso. Se você tem medo, você pode recusar e ir embora agora. Não há saída depois disso.” O orgulho de Yudhishthira foi ferido. Ele

não queria desistir na frente dos dignitários que vieram para testemunhar o jogo. Ele orgulhosamente disse, “Você pode exigir a aposta e eu irei aceitar isso.” Duryodhana estava esperando pela opor-

tunidade, ele falou de uma vez, “Eu deverei colocar as apostas e tio Shakuni deverá jogar os dados para mim. Isso é aceitável para você?” Yudhishthira aceitou. Yudhishthira não estava ao nível de Sha-

kuni. Usando seus dados encantados, Sha-kuni ganhou cada jogo, Eventualmente, Yudhishthira perdeu tudo, suas riquezas, seu reino, seus irmãos e finalmente até ele mesmo. No final, ele apostou sua esposa Draupadi e também a perdeu. Duryodhana pediu ao seu irmão Dusha-

shana para trazer Draupadi à corte. Quan-do Dushashana chegou até a hospedaria, Draupadi não sabia da calamidade que ha-via caído sobre sua família. Ela estava im-pressionada por ouvir que Yudhishthira ha-

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via apostado tudo o que os Pandavas ti-nham. Draupadi recusou ir até a corte. Du-shashana, com o pretexto de cumprir as ordens de seu irmão mais velho arrastou ela para dentro da corte pelos cabelos.

15.2. A humilhação de Draupadi Karna tinha sua chance de humilhar os

Pandavas em público e usou até mesmo os insultos que eles haviam usado contra ele no passado. Ele pediu a Duryodhana para ordenar tirarem os trajes reais que os Pan-davas e sua esposa Draupadi estavam ves-tindo. Dushashana não poderia encontrar uma maneira melhor de insultar Draupadi em público. Draupadi olhou à sua volta, mas não ha-

via ninguém que pudesse a ajudar. Ela fi-nalmente chamou por Krishna para salvar sua honra. Enquanto Dushashana puxava o sari dela para desgraçá-la, Krishna invisi-velmente supria os Saris um após o outro e Draupadi não podia ser despida. Quando Dushashana ficou cansado de

puxar o sari, Duryodhana ordenou Draupa-di, “Você agora é minha empregada, sente na minha coxa.” Bhima não podia mais tolerar os insultos

e gritou, “Eu prometo que um dia eu irei beber o sangue do coração de Dushashana e quebrar a coxa de Duryodhana por insul-tar uma mulher casta em público!” Draupadi declarou aos mais velhos com

raiva, “É uma vergonha para a raça dos Kshatriyas, os descendentes de Bharata, aceitarem que uma mulher casta da sua própria família seja desgraçada diante dos seus olhos. Eu condeno os mais velhos, os tão chamados guerreiros, sentados aqui assistindo minha desgraça.” Dhritarashtra estava abalado. Ele pediu

aos seus filhos para pararem e ele se des-culpou com Draupadi com medo da maldi-ção que cairia sobre os Kauravas. Então ele pediu que Duryodhana aceitas-

se uma alternativa para livrar os Pandavas da escravidão. Duryodhana aceitou bani-los por treze anos antes de voltarem a Hasti-napur juntamente com a condição de que eles seriam desconhecidos durante estes treze anos. Se a identidade deles fosse re-velada nesses treze anos, eles teriam que ir para um exílio por mais treze anos. Sob o pedido de Draupadi, Dhritarashtra

devolveu todas as armas aos Pandavas e

disse adeus, desejando o bem deles. Os Pandavas retornaram a Indraprashtra pela última vez para fazer os arranjos para sua mãe ficar com o tio deles, Vidur, e Subha-dra, a esposa de Arjuna, com o irmão dela, Krishna, e com as crianças. Os Pandavas enfrentaram tempos difíceis

quando eles começaram seu exílio. Era difí-cil para os irmãos Pandavas para pegar comida suficiente para saciar sua fome. Yudhishthira rezou para o deus do Sol, Surya, com a maior sinceridade. O deus do Sol veio e presenteou Yudhishthira com um prato de cobre miraculoso. “Dê esse prato para Draupadi. Ele lhe da-

rá quantos pratos você quiser todo o dia até que Draupadi acabe sua refeição.” Depois de retornar para casa da sua ado-

ração diária, Yudhishthira deu a tigela de cobre para Draupadi e contou a ela tudo o que o deus do sol havia dito. Draupadi es-tava muito agradecida de ouvir da bênção e levou a tigela para a sua cozinha com uma grande reverência. Os Pandavas logo convidaram todos os sábios e santos para dividir alimento com eles. Um dia Vyasa chegou para pagar sua do-

ação aos Pandavas. Ele profetizou, “Após treze anos, seguindo seu período no exílio, haverá uma temível guerra contra os Kau-ravas quando vocês retornarem para Hasti-napur. Finalmente vocês serão vitoriosos. A guerra irá deixar somente alguns sobrevi-ventes dos descendentes de Bharata. Será sábio se vocês começarem a se preparar para a guerra que está próxima. Portanto comecem a adquirir quantas armas divinas vocês puderem durante o exílio.” 16. A Busca de Arjuna pelas armas 16.1 Encontro com Siva Seguindo o conselho de Vyasa, Arjuna

começou a procurar pelas armas, iniciando pelo monte Kaikash, a morada do Senhor Siva. Alcnaçando Indrakell, um local habi-tado pelos sábios do Monte Kailash, ele es-colheu um local para meditar. Ele logo entrou numa meditação profun-

da para invocar Shiva. Depois de um longo tempo, Shiva estava satisfeito e decidiu realizar seus desejos. O Senhor Shiva sabia o que Arjuna pediria, mas ele não queria entregar sua arma divina, Pashupat, sem testar a prontidão de Arjuna para recebê-la. Então o Senhor Shiva disfarçou-se de

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caçador e saiu a caminho de Indrakil. Par-vati também o acompanhou como sua es-posa. Os discípulos de Shiva (os Ganas) estavam curiosos e foram adiante disfarça-dos de mulheres caçadoras. Quando eles alcançaram o ponto onde

Arjuna estava meditando, eles viram um javali selvagem atacando Arjuna. Arjuna estava alerta e mirou no javali com seu arco-e-flecha. O Senhor Shiva simultanea-mente mirou no javali selvagem. Logo as flechas, de Shiva e Arjuna, acertaram o javali e ele instantaneamente morreu. Arjuna ficou perturbado por ver que sua

presa fora acertada por outra pessoa. Ele desafiou o caçador sem saber da sua iden-tidade. Isto resultou numa grande disputa entre o caçador e Arjuna. Finalmente Arju-na ficou exausto. Ele pediu ao caçador um tempo para rezar ao Senhor Shiva para recuperar suas forças. O caçador sorriu e deu-lhe o tempo. Arjuna fez uma imagem do Senhor Shiva

e rezou para ele pra reconstituir suas for-ças. Quando ele colocou a guirlanda na i-magem, para sua surpresa, ele viu a guir-landa no pescoço do caçador. Ele percebeu que o caçador era ninguém menos que o Senhor Shiva. Ele caiu aos pés do Senhor Shiva e ofereceu suas sinceras reverências. Tendo ficado muito satisfeito com a de-

voção de Arjuna, o Senhor Shiva disse a ele que ele poderia pedir o que ele quisesse como uma bênção. Arjuna pediu a arma Pashupat de Shiva para ser usada durante a guerra contra os Kauravas. O Senhor Shiva entregou a arma Pashupat para Ar-juna com a graça de adquirir a capacidade de usá-la de acordo com sua vontade. En-tão ele desapareceu com Parvati e seus ganas. Quando Shiva desapareceu, todos os ou-

tros deuses e deusas apareceram para pa-rabenizar Arjuna e oferecer a ele suas ar-mas divinas para lutar pela causa justa contra os Kauravas. Arjuna expressou seus sinceros agradecimentos a todos eles por o terem ajudado. 16.2. A maldição de Urbashi O Senhor Indra convidou Arjuna para vi-

sitar Indarlola, a sua morada celeste. Logo uma carruagem chegou e Arjuna partiu pa-ra Indralopka.

Arjuna chegou no palácio de Indra em Amravati num piscar de olhos e estava ma-ravilhado por sua beleza inigualável. Ele foi recebido com a devida honra como se fosse filho de Indra. Enquanto esteve na corte de Indra, Arjuna aprendeu música e dança de Chitrasen, chefe dos Gandharvas. Quando Arjuna conheceu Urbashi, ele di-

rigiu-se a ela como “Mãe”. Urbashi era uma ninfa celestial e dançarina da corte de In-dra. Ela era perfeitamente linda e eterna-mente jovem. Urbashi tentou fazer amor com Arjuna, mas Arjuna insistiu que ele continuaria como seu filho. Urbashi estava magoada e amaldiçoou Arjuna para que ele se tornasse estéril no meio de mulheres encantadoras durante seu último ano no exílio. Urbashi estava encantada com o au-tocontrole de Arjuna e o abençoou dizendo, “Minha maldição se mostrará uma bênção durante o último ano do seu exílio para o-cultar sua identidade”.

17. A Humilhação de Duryodhana 17.1. A trama de Duryodhana No final da sua estada em Amravati, Ar-

juna se preparou para retornar aos seus irmãos. Indra lhe deu a arma de Bajra, e o ensinou como usá-la. Arjuna voltou para sua família na carruagem de Indra e todos os irmãos Pandava estavam felizes ao ver seu retorno. Através de um mensageiro Duryodhana

soube que os Pandavas estavam na floresta de Dwitavana como ascetas. Eles decidiram ir até lá para uma caçada juntamente com Shakuni e Karna. A idéia era de começar uma briga com os Pandavas e então matá-los. Indra ouviu isto e mandou o chefe dos

Gandharvas, Chitrasen, para dar uma lição a Duryodhana, e então, depois disso, ele ficou humilde e deixou de aborrecer os Pandavas. Os Gandharvas eram bons não somente na música, mas também em jogos de luta. Chitrasen veio para Dwitavana com seu

exército e confrontou Duryodhana. No combate que seguiu, Duryodhana e seu grupo foram presos. Duryodhana foi trazido depois de Yudhishthira. Yudhishthira pediu a Chitrasen que libertasse seu primo, mas Chitrasen insistiu que Duryodhana deveria se desculpar por seu plano atroz. Duryo-

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dhana não tinha escolha. Ele se desculpou e os Kauravas voltaram para Hastinapur. Drhitarashtra e Bhishma ouviram falar do

encontro com os Pandavas, e eles também pediram para Duryodhana fazer as pazes com os Pandavas e dividir o reino com eles. Duryodhana recusou. Como para os Pandavas, eles continua-

ram o exílio em Dwitavana. Num certo pon-to, Yava, o deus da morte, apareceu para testar Yudhishthira por sua leal fé na ver-dade. Yudhishthira ultrapassou sua avalia-ção. Yama estava satisfeito e disse a Yu-dhishthira que lhe pedisse uma bênção. Yudhishthira pediu que Yama protegesse-os no décimo terceiro ano de exílio, porque eles precisavam ficar desconhecidos de a-cordo com a condição do exílio. Yamaraj abençoou Yudhishthira e pediu a ele que fosse até o rei Virata e que ficasse lá du-rante o décimo terceiro ano. Os Pandavas começaram a fazer as preparações para ir ao reino de Virata. 18. O décimo terceiro ano de exílio

incógnito dos Pandavas 18.1. O Final do Exílio Os Pandavas estavam preocupados pelo

final bem sucedido do seu décimo terceiro ano de exílio, o período o qual eles deveri-am passar sem serem reconhecidos. Dur-yodhana foi mandado para que se os Pan-davas fossem reconhecidos durante seu exílio, eles ficariam no exílio por mais treze anos. Seguindo o aviso de Veda Vyasa os Pan-

davas foram ao reino de Virata disfarçados. Em tempo, Duryodhana mandou seus espi-ões para descobrir o esconderijo dos Pan-davas. Escondendo suas armas, os Pandavas

entraram no reino de Virata. Eles não fo-ram reconhecidos pelo rei Virata e ele os recepcionou. Os irmãos Pandava e a prin-cesa Draupadi pediram ao rei para conse-guir alguns empregos para eles. Virata ca-rinhosamente aceitou. Yudhishthira se disfarçou de Brahmin,

tornou-se um dos conselheiros mais confiá-veis do rei. Bhima tornou-se chefe se cozi-nha. Arjuna, que aprendeu a arte da dança e da música de Chirtrasen em Indraloke, estava sob a maldição de Urbashi, uma lin-da dançarina do paraíso, para ficar estéril por um ano. Então Arjuna achou conveni-

ente tornar-se professor de música e dança para a princesa Uttara. Nakula tornou-se tratador real e Sahadeva o vaqueiro real. E Draupadi tornou-se a empregada da rainha Sudeshana. As coisas estavam indo bem até que o

irmão mau da rainha, Kichak, o comandan-te dos exércitos de Virata, ficou interessado em Draupadi. Kichak pediu a mão de Drau-padi em casamento. Draupadi, estando fe-liz de estar casada com os irmãos Pandava, recusou. Kichak, pensando que ela era so-mente uma empregada, se sentiu insultado por ter sido rejeitado. Uma noite ele deci-diu entrar à força no quarto de Draupadi. Logo que Draupadi ouviu seu plano, ela implorou que Bhima a salvasse. Bhima, disfarçado de Draupadi, deitou na cama. Quando Kichak secretamente entrou no quarto de Draupadi, Bhima pulou da cama e matou-o. No outro dia o cadáver de Kichak foi des-

coberto no quarto de Draupadi, sem pista de quem fora o assassino. Para salvar Bhi-ma da raiva da rainha, Draupadi disse a ela que Kichak entrou no seu quarto, sem sua permissão. Quando ela gritou, alguém en-trou e matou Kichak e ela não tinha idéia da sua identidade. A rainha se desculpou pelo crime cometido por seu irmão, mas nunca soube da verdade sobre o ato de Bhima.

18.2. A Grande batalha se aproxima-va Logo, Duryodhana mandou seus homens

a toda parte do mundo para descobrir o esconderijo dos Pandavas. Ele sabia que se ele pudesse localizar os Pandavas, que e-ram homens de honra, eles nunca contradi-riam suas palavras e iriam recomeçar o exílio. Ele estava feliz por saber da morte de Kichak, pois ele era uma grande ameaça para o seu reino. Mas ele sabia que ne-nhum homem qualquer poderia matar o poderoso Kichak então ele suspeitou que Bhima pudesse ser o assassino. Ele decidiu invadir o reino de Virata. Logo o exército de Duryodhana atacou Virata enquanto Duryodhana planejou atacar pessoalmente o palácio de Virata pelos fundos. À medida que a guerra se aproximava,

Yudhishthira ofereceu seus serviços e de sua família para Virata. Essa era a manifes-tação do seu agradecimento diante de Vira-

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ta por ter-lhes concedido abrigo. Todos os seus irmãos, exceto Arjuna, juntaram-se ao exército e num piscar de olhos captura-ram Susharma. Duryodhana, sem saber da captura de

Susharma, atacou o palácio de Virata pelos fundos. O jovem príncipe Uttar era o único homem que havia sido deixado no palácio, sendo que todos os outros já tinham saído para a guerra. Quando as mulheres provo-caram Uttar por estar escondido no palácio, ele veio com a alegação que ele não tinha um cocheiro para guiar a carruagem, por-tanto ele não poderia ir à guerra. Quando Arjuna ouviu isso, ele pronta-

mente ofereceu seus serviços Ele primei-ramente levou a carruagem até a árvore na qual ele tinha escondido suas armas a qua-se um ano atrás. Uttar estava confuso, mas se manteve quieto, pois ele tinha medo de enfrentar o exército dos Kauravas. Arjuna adivinhou a situação e pediu que Uttar to-masse seu lugar como cocheiro enquanto ele lutava. Uttar aceitou. Quando Arjuna tocou seu búzio, o exérci-

to Kaurava imediatamente reconheceu Ar-juna. Duryodhana estava feliz por localizar os Pandavas. Mas para sua total decepção, Duryodhana logo soube que o décimo ter-ceiro ano havia sido completado. Arjuna com as próprias mãos derrotou sozinho o exército e Duryodhana escapou do campo de batalha. Durante a celebração da vitória Yudhish-

thira explicou a Virata os detalhes do déci-mo terceiro ano do exílio dos Pandavas sob sua proteção. Todos os Pandavas expressa-ram sua gratidão a Virata. Virata estava maravilhosamente feliz e aceitou em deixar sua filha Uttara casar-se com Abimanyu, o filho de Arjuna. Subhadra e Abhimanyu foram chamados

e eles vieram com Krishna e Balarama. A festa do casamento durou muitos dias, u-nindo os Pandavas com seus amigos e pa-rentes. 19. A Guerra é Declarada 19.1. Intransigência de Duryodhana Quando o casamento de Uttara e Abhi-

manyu acabou, Krishna pediu que Virata e Drupada fossem até Dhritarashtra com o pedido de retornar ao reino dos Pandavas. Os Pandavas tinham, além de tudo, feito as penalidades impostas a eles por Duryodha-

na. Todos aceitaram e Sanjaya, o sacerdo-te real do rei Drupad, foi mandado como mensageiro para visitar Dhritarashtra. D-hritarashtra chamou Bhishma, Vidur, e os outros anciãos, para um encontro com Duryodhana, e seus defensores. Duryodhana friamente recusou dar até

mesmo um pouco de terra para os Panda-vas. Seus amigos mais próximos, como Karna, decisivamente o apoiaram. Eles de-clararam que eles estariam desejosos de lutar contra os Pandavas em uma guerra em prol de manter o reino. Bhishma, o avô, arrependeu-se por testemunhar tamanho ódio entre os primos, seus netos. Ele podia sentir a aproximação do perigo para os Kauravas. Dhritarashtra não podia ajudar. Ele era cego e seu filho mais velho Duryo-dhana governava o reino. Duryodhana es-tava determinado a ser o imperador do Im-pério Kaurava e não queria dividir o reino com os Pandavas. Sanjay testemunhou os argumentos na

corte de Dhritarashtra. Dhritarashtra final-mente entregou-se e arrependido informou Sanjay que seu filho Duryodhana estava recusando dividir o reino com os Pandavas. Yudhishthira era uma pessoa correta. Ele

queria evitar uma guerra, especialmente contra seus próprios parentes. Ele estava desejoso de desistir da parte do reino que originalmente pertencia a ele. Ele pediu para Krishna transpor seus sentimentos aos Kauravas como último caso. Krishna sabia que a guerra era inevitável, mas apesar disso ele foi até Duryodhana para tentar convencê-lo. 19.2. O lamento da Guerra Chegando a Hastinapur, Krishna ficou

com Vidur. Kunti, a mãe dos Pandavas, que então estava com Vidur, falou da sua preo-cupação de que a guerra mataria os Pan-davas, Krishna a consolou. “Mãe Kunti, seus filhos são invencíveis.

Seja qual for a força dos Kauravas, os Pan-davas no final serão vitoriosos. Eu estou aqui para fazer de tudo para evitar o der-ramamento de sangue o qual irá destruir por inteiro a dinastia Kaurava.” No outro dia Krishna estava dando uma

violenta recepção na corte de Dhritarash-tra. Todos os anciãos estavam do lado de Krishna e pediram para Duryodhana recon-siderar sua decisão e dividir o reino com os

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Pandavas pacificamente. Duryodhana se recusava a ouvir à lógica. Ele respondeu severamente, “Krishna! Você está desne-cessariamente favorável aos Pandavas. En-tenda de uma vez por todas que a única maneira dos Pandavas receberem de volta seu reino é através da guerra.” Então com aversão, Duryodhana deixou

a corte juntamente com Karna. As pessoas que estavam presentes na corte estavam muito preocupadas com as conseqüências. Krishna retornou de Hastinapur desapon-

tado e entregou a mensagem de declaração de guerra a Yudhishthira e a bênção de Kunti aos Pandavas. Todas as esperanças por uma solução pacífica tinham acabado e os Pandavas não tinham outra saída a não ser declarar guerra contra os Kauravas. Krishna pediu que Yudhishthira ficasse no

caminho da justiça, no entanto não abrir mão dos seus direitos, mesmo que isso re-sultasse numa guerra contra os Kauravas. Quando Kunti viu que a guerra estava i-

minente, um dia ela se aproximou de Karna quando ele havia acabado a adoração ao deus do sol, depois de seu banho. Karna era o filho do deus do sol, Surya, que tinha nascido de Kunti, fora do casamento. Isso ocorreu quando Kunti usou o mantra dado por Durbasha antes dela se casar com Pan-du. Como Kunti não havia se casado, ela não tinha outra escolha senão colocar Kar-na no rio. Um cocheiro pegou-o e educou-o até a maioridade. Este era um segredo bem mantido. Karna realmente era um dos Pandavas. Kunti finalmente contou a Karna a verdadeira história da vida dele. Kunti pediu que Karna não matasse ne-

nhum de seus irmãos. Karna prometeu ter misericórdia de todos, exceto Arjuna. Antes da despedida de Kunti, Karna caiu sobre o braço de sua mãe e chorou tristemente, “Mãe, eu tenho que lutar com Arjuna até a morte. Essa foi minha promessa para me vingar dele por ter me insultado em público quando eu o desafiei para competir arco-e-flecha. Você continuará tendo cinco filhos, quem quer que sobreviva.” Kunti abençoou Karna e foi embora com

medo e tristeza. 20. A Guerra Começa 20.1. A batalha do Mahabharata ini-

cia

Os Kauravas e os Pandavas começaram a se preparar para a batalha. Drishtadyumna for escolhido como chefe do exército Pan-dava. Ninguém podia se igualar ao valor de Bhishma que foi justamente escolhido para ser o comandante do exército Kaurava. Mas para Bhishma, não havia diferença entre os Kauravas e Pandavas. Não era a guerra certa e mesmo assim ele era obrigado pelo dever a servir o rei de Hastinapur. Enquanto Duryodhana se aproximava do

avô Bhishma para tomar conta do coman-do, Bhishma lhe deu duas condições, “Em primeiro lugar, eu não vou machucar os Pandavas pessoalmente, mas vou matar somente seus soldados. E em segundo lu-gar, eu não gostaria que Karna viesse ao campo de batalha enquanto eu sou o co-mandante.” Karna e Bhishma se abraçaram com desprezo. Então quando Duryodhana e Arjuna se

aproximaram de Krishna para ele ficar do lado deles, Krishna os deu a escolha. Ele iria oferecer seu exército para um lado en-quanto Ele próprio iria para o outro. Arjuna era mais novo e Krishna deu-lhe a primeira chance de escolher. Arjuna escolheu Krish-na enquanto o exército foi para Duryodha-na. Duryodhana estava feliz de ter o imen-so exército de bravos Yadas de Krishna do seu lado. Quando Krishna perguntou a Arjuna o

porque dele ter escolhido ele e não seu e-xército, Arjuna explicou, “Seus conselhos são mais valiosos para mim do que um e-xército inteiro.” Krishna estava agradecido, de modo que ele amava Arjuna com tanto carinho. Kurukshetra foi escolhido como campo de

batalha. Ambos exércitos marcharam em direção a Kurukshetra. Sem dúvida o exér-cito Kaurava era muito maior do que o dos Pandavas. No dia escolhido, os exércitos dos Kaura-

vas e Pandavas ficaram frente a frente. Karna ficou longe do campo de batalha co-mo mandado por Bhishma. Yudhishthira, o representante do exército Pandava, veio à frente, prestando reverências aos seus an-tecessores, Bhishma, Drona, Ashwathama e todos os outros grandes guerreiros. As regras para a guerra foram finalizadas e os guerreiros de ambos acampamentos pro-meteram obedecer ao regulamento.

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Krishna tornou-se o cocheiro e conselhei-ro de Arjuna. Krishna trouxe a carruagem de Arjuna à frente para uma visão geral. Vendo todos seus parentes, incluindo seu avô, e seu professor Drona no outro lado, Arjuna estava impressionado e triste. Ele não podia matá-los em prol de ganhar a guerra. Ele largou suas armas e se recusou a lutar. Krishna veio e o ensinou a ele como o

caminho certo não era um caminho fácil. Alguém deveria estar desejoso de lutar pa-ra o que um acreditava que fosse certo mesmo que isso significaria sacrificar sua própria vida. Esse sermão mais tarde veio a ser chamado como Bhagavad-Gita. Krishna disse, “Arjuna, será necessário

que você saiba que o dever de um homem é cumprir o dever enquanto os resultados deverão ser deixados para Deus. Oprimir os outros é um pecado, mas tolerar a o-pressão é um pecado muito maior. Qual-quer um destes, que você afirme que se-jam seus parentes, são nada menos que almas individuais, que não estão relaciona-das a você, de forma que o destino deles é de se unir com o Deus supremo, ou Brah-man. Pegue sua arma e lute que é o que lhe foi ordenado. Não pense nas conse-qüências” (na realidade, Sri Krishna ditou todo Bhagavad-gita para Arjuna neste momento). Com a motivação de Krishna, Arjuna pe-

gou sua arma e ficou pronto para lutar. No meio do som do búzio, o relincho de cava-los de guerra, o trombetear dos elefantes de guerra, e o grito de guerra dado pelos soldados, Arjuna foi adiante em nome da justiça. Bhishma moveu com sua tremenda força

matando os soldados do exército Pandava aos milhares. Apesar de todos os seus es-forços, o dia acabou com grandes perdas dos Pandavas. Esse era o início para os Pandavas. À noite Yudhishthtira convocou um encontro do comandante do exército Dhrishtadyumna junto com seus irmãos. Eles planejaram uma nova estratégia e no dia seguinte Bhishma não pode ter muito progresso. Duryodhana esperava que Bhi-shma ganhasse a guerra em poucos dias. Ao invés disso o exército Kaurava estava perdendo território, enquanto Bhishma es-tava totalmente envolvido com Arjuna. Foi assim durante muitos dias e, finalmente,

Duryodhana perdeu sua paciência. Ele zombou de Bhishma dizendo que ele era muito velho para lutar em uma guerra. Bhishma admitiu que os Pandavas eram abençoados com poderes divinos e, diante das circunstâncias, ele estava fazendo seu máximo. Ele prometeu concluir a guerra nos próximos dias ou deixar o campo de batalha. No décimo dia de batalha parecia que eles não tinham o final da guerra à vis-ta. Os Pandavas estavam preocupados. À

medida que eles iam perdendo soldados, eles não conseguiriam agüentar muito tempo contra Bhishma. Bhishma foi aben-çoado com o poder de escolher a hora de sua morte. Então, ele era praticamente in-vencível. Quando os Pandavas estavam prestes a desistir, Krishna veio com um plano. Krishna sabia que Bhishma não luta-ria com Srikhandi, o eunuco. Para Bhishma, um nobre guerreiro como ele iria conside-rar uma desgraça lutar com um eunuco. A um ponto ele tinha orgulhosamente prome-tido largar suas armas se uma situação como essa acontecesse. Krishna sabia do medo de Bhishma e ele queria tirar vanta-gem disso. Então ele pediu que Arjuna mantesse Shrikhandi, um eunuco, na frente da carruagem enquanto lutava com Bhish-ma. Isso iria parar Bhishma, e Arjuna po-deria usar essa oportunidade para imobili-zar ele com um bando de flechas. O plano funcionou e Bhishma caiu numa

cama de flechas. Aquele era o décimo dia de guerra. A luta parou e então todos pu-deram prestar reverências ao herói de to-dos os tempos. Quando caiu no chão, Bhishma pediu pa-

ra Arjuna acertar sua cabeça. Arjuna lan-çou uma flecha para apoiar sua cabeça. Quando Bhishma pediu água para beber, Arjuna atirou uma flecha no chão e a água jorrou para cessar a sede de Bhishma. Até mesmo Karna veio para prestar reverências para o herói dos heróis, o avô Bhishma, e pediu sua bênção. Bhishma declarou que a hora da sua morte seria quando o sol re-tornasse pelo norte ou a chegada do verão no hemisfério norte. Isto acontece na me-tade de Janeiro. 21. A Guerra recomeça 21.1. A batalha recomeça

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Swami Krishnapriyananda Saraswati – O Mahabharata 21

Depois de visitar Bhishma, Duryodhana retornou ao seu campo e estava ansioso para nomear o próximo comandante-chefe. Karna sugeriu o nome de Drona e todos concordaram. Drona tinha um jeito de en-curralar os Pandavas. Ele sabia que a guer-ra era por causa de um mau aviso que Duryodhana havia recebido do seu tio ma-terno Shakuni e seu amigo Karna. Mas ele estava comprometido a servir o Reino. De-pois de tomar o comando, Drona mudou a tática de Bhishma e fez uma formação es-pecial de guerra com a intenção de captu-rar Yudhishthira. Drona subestimava a for-ça e a inteligência de Krishna. Ele falhou ao tentar capturar Yudhishthira. Durante a disputa, de qualquer maneira, ele matou Drupada, o pai de Dhrithadyumna, o co-mandante-chefe. Dhrithadyumna jurou ma-tar Drona. No dia seguinte, Drona começou a matar

os Pandavas vingativamente e a vitória a-inda não estava ao alcance deles. Sob seu retorno no final do dia, Duryodhana decla-rou que Drona falhou no seu dever de cap-turar Yudhishthira. Drona estava enfurecido e prometeu matar um dos grandes guerrei-ros do exército Pandava no outro dia ou então ele desistiria de sua própria vida. Com o fim do dia, ele convocou um en-

contro especial chamando seus melhores comandantes para manter Arjuna ocupado, pois ele era o único que sabia como avan-çar sua ordenada circular, chamada Chakra Beuha. Jaidratha recebeu a ordem de orga-nizar o movimento da Beuha. Drona estava convicto de sua vitória como ninguém sabia como avançar a Chakra Beuha, exceto Ar-juna. Então Drona pediu aos seus coman-dantes para evitar que Arjuna chegasse perto da Beuha. Pareceu um plano perfeito. O exército Kaurava começou a marchar

através do exército Pandava com o avanço da ordenada circular. Era como um muro gigante avançando e derrubando os solda-dos Pandavas. Yudhishithira finalmente pe-diu conselho aos seus irmãos e a Abhiman-yu. Abhimanyu disse, “Eu somente sei co-mo entrar na Beuha, mas eu não sei como sair.” Yudhishthira pediu que seus irmãos, Bhima, Nakula e Sahadeva seguissem A-bhimanyu e que lutassem caminho afora. Quando Abhimanyu começou a avançar o

Chakra Beuha, Jaidratha ordenou que rapi-damente fechassem o Beuha emboscando

Abhimanyu sozinho no interior. Seus tios não podiam entrar no Beuha. Abhimanyu com suas próprias mãos lutou com todos os guerreiros. Duryodhana, Karna, Drona, As-wathama cruelmente mataram o bravo fi-lho de Arjuna. A morte de Abhimanyu envi-ou um pouco de alegria ao campo Kaurava. Quando Yudhishthira soube das novida-

des, ele se sentiu responsável pela morte de Abhimanyu. Arjuna ainda não tinha ou-vido da morte de seu corajoso filho até o final do dia. Ele imediatamente caiu des-maiado no chão. Fora uma luta injusta. O código da guerra pedia por uma luta justa entre dois soldados e não conspirar contra somente um soldado. Arjuna jurou matar Jaidratha, a pessoa que tivera organizado o Chakra Beuha. Ele jurou que iria de qual-quer maneira matar Jaidrata no dia seguin-te, antes do pôr-do-sol, ou então, ele se mataria. Quando Jaidratha soube da promessa de

Arjuna, ele quis sair correndo do campo de batalha. Drona lhe assegurou que ele iria fazer a Beuha no dia seguinte, mantendo-o no centro do Beuha que Arjuna não conse-guiria pegá-lo. Todos os soldados dos Kau-ravas foram também alertados que o dia seguinte iria provar ser a batalha decisiva. Se Arjuna não podia matar Jaidratha, ele iria se matar e então os Kauravas poderiam se livrar de um dos mais poderosos guer-reiros dos Pandavas. 21.2. Krishna intefere A luta recomeçou no dia seguinte. Arjuna

penetrou no Beuha, mas não conseguiria alcançar Jaidratha até que o pôr-do-sol fi-casse próximo. Krishna estava alarmado. “Arjuna, parece que você não conseguirá

pegar Jaidratha antes do pôr-do-sol.” Kri-shna disse, “Deixe-nos trabalhar em con-junto e quando eu lhe dar a pista, você irá ter sua última chance de matar Jaidratha.” Logo Krishna criou uma ilusão pela qual o

sol se punha pelo oeste e o exército Kaura-va começou a comemorar, eles relaxaram na tentativa de manter Arjuna longe. Kri-shna disse para Arjuna não perder sua úni-ca oportunidade de matar Jaidratha. Arjuna não perdeu tempo e Jaidratha fora decapi-tado. Logo Krishna removeu a ilusão e o exército Kaurava se surprindeu ao ver que o sol continuava no céu. Eles perceberam

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que Krishna tinha brincado com eles e o exército Pandava comemorou. Duryodhana estava furioso e reprindeu

Drona por não conseguir manter sua pro-messa e, então, ele deveria se demitir. Drona prometeu terminar a guerra no pró-ximo dia matando Arjuna. Krishna estava alertado. Ele conversou com os Pandavas e revelou um segredo que iria permitir que Arjuna vencesse Drona. “Drona uma vez prometeu a ele mesmo

que ele iria parar de lutar se seu único filho Ashwathama fosse morto no campo de ba-talha. Como Aswathama era praticamente invencível, Krishna teria que enganá-lo pa-ra acreditar nisso. Yudhishthira teria que contar uma mentira de que Ashwathama estava morto. Como Yudhishthira nunca tivera contado uma mentira, Drona acredi-taria nele. Drona pararia de lutar e Dri-thadyumna teria a chance de decapitar Drona.” No dia seguinte, Drona atacou Arjuna,

seu ex-aluno. Arjuna aceitou seu ataque e lutou com ele com forças iguais. Quando o tempo agiu no plano de Krishna Yudhishthi-ra estava hesitando em mentir para Drona. Bhima agiu imediatamente. Ele matou um elefante com o mesmo nome de Ashwa-thama e Yudhishthira informou a Drona que Ashwathama estava morto, sem esclarecer que não era seu filho e sim um elefante. Logo que Drona largou suas armas, Dhrish-thadyumna decapitou Drona, e ele estava morto. No outro lado do campo de batalha, Bhima matara Dushashana, cumprindo sua promessa por ter insultado Draupadi. Ashwathama, sabendo da morte de seu

pai no final do dia, estava furioso e prome-teu matar Dhrishthadyumna no próximo dia, para vingar a morte de seu pai. Karna foi escolhido como o próximo co-

mandante chefe do exército Kaurava, e ele tomou o controle com grande zelo. Suas técnicas superiores de luta destruíram completamente o exército Pandava, isso resultou em grandes perdas para os Pan-davas. Bhima chamou seu filho Gatotkacha para lutar junto com os Pandavas. Gatotka-cha atacou os Kauravas à noite criando uma atmosfera ilusória. Duryodhana pediu ao seu exército que acendessem as luzes e continuassem a lutar durante a noite. O código de guerra, como consentido, fora quebrado. As armas de Gatotkacha esta-

vam vindo os céus, mas ninguém podia localizar Gatotkacha. O exército fugiu em pânico e Karna não conseguia trazê-los de volta à luta. Finalmente, Duryodhana usou sua arma mais poderosa, Brahmastra, a qual ele estava guardando para matar Ar-juna. Quando Bhima soube da morte do seu

valente filho, ele caiu. Krishna disse, con-solando-o, “Bhima, você deve ficar orgu-lhoso da morte do seu valente filho. Sozi-nho com as próprias mãos, ele pressionou o exército Kaurava. Ele também sacrificou sua própria vida para salvar Arjuna, de ou-tra maneira, Brahmashtra teria certamente matado-o.” O exército ficou de luto pela morte de

Gatotkacha e se prepararam para voltar a lutar no próximo dia. Era o dia em que Karna estava no comando do exército Kau-rava. Ele decidiu ter a sua batalha final com Arjuna aquele dia. Arjuna também es-tava pronto para ele. Os exércitos dos Kau-ravas e Pandavas estavam em dúvida das conseqüências, se ambos eram igualmente poderosos. Quando Karna prosseguiu na direção de Arjuna no campo de batalha, Yudhishthira veio e ficou entre os dois e Karna quebrou suas armas em pedaços. Ele teve misericórdia da vida de Yudhishthira, como ele havia prometido a Kunti. Karna logo ficou cara a cara com Arjuna. Repenti-namente o cocheiro de Karna foi morto e uma roda da carruagem quebrara. Karna pediu que Arjuna parasse de lutar enquan-to sua roda era consertada. Karna estava desarmado e Arjuna achava imoral atacar Karna naquela situação. Mas de qualquer forma, Krishna falou, “Karna, essa guerra em si já é imoral. Será ridículo da parte de Arjuna se ele não pegar essa chance de matar você.” Krishna imediatamente encorajou Arjuna

a matar Karna. Então Karna foi morto sem misericórdia nas mãos do seu irmão Arju-na. O exército Kaurava começou a escapar do campo de batalha. Duryodhana estava chocado por saber da

morte de Karna. Ele se sentiu inútil. Ele não podia achar ninguém para substituir Karna ou organizar seu exército. Sua vai-dade não deixou que ele aceitasse derrota. Então ele escolheu correr do campo de ba-talha com seu tio materno Shakuni. Saha-deva localizou Shakuni e matou ele, mas

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Duryodhana escapou. Era o décimo sexto dia de guerra. O campo de batalha não era nada além de pilhas de corpos. No décimo oitavo dia da guerra do Maha-

bharata, Duryodhana estava perdendo e o exército Kaurava escolheu se render. Dur-yodhana estava finalmente dentro de um tanque de onde ele foi retirado. Bhima de-safiou Duryodhana para uma luta com ma-ças. Duryodhana era famoso por suas lutas com maça. Todos testemunharam a grande luta entre Bhima e Duryodhana, a qual du-rou muitas horas até Krishna convencer Bhima a acertar a coxa de Duryodhana com o propósito de vencer. Acertar um inimigo abaixo do umbigo não era aceitável numa justa batalha de maça. Mas Bhima aceitou o aviso de Krishna, desse modo ele mante-ve sua promessa de que iria quebrar a coxa de Duryodhana para puni-lo por ter insul-tado Draupadi, pedindo que ela sentasse em sua coxa depois que ganhou de má fé o jogo de dados. Os Pandavas então deixaram Duryodha-

na no campo de batalha e começaram a voltar para o campo deles. Antes da sua partida, os Pandavas agradeceram Krishna por trazer vitória a eles através de seu va-lioso conselho. Embora a guerra tenha terminado no dé-

cimo oitavo dia, três guerreiros dos Kaura-vas continuavam à solta – Aswathama, Kri-pacharya e Kritaverma. Kripacharya e Kri-taverma aceitaram sua derrota e foram para a floresta para tomar seu tempo com orações. No entanto Ashwathama desejou vingança. Ele planejou eliminar a família Pandava. Os Pandavas estavam no seu caminho para casa depois da guerra. Ash-wathama secretamente entrou no campo à noite, matou o guarda e então matou todos os filhos de Draupadi, um por um, a san-gue frio. Então ele foi até Duryodhana de-pois do amanhecer, em que estava caído em sofrimento. Ele descreveu o horrendo crime que havia cometido. Duryodhana deu seu último suspiro e Ashwathama fugiu pa-ra a floresta. Quando os Pandavas retornaram ao

campo, eles testemunharam o crime cau-sado por Ashwathama. Draupadi estava confusa e com um grande sofrimento e la-mentou em voz alta. Consolando-a, os cin-co Pandavas saíram em busca de Ashwa-thama. Ele logo foi encontrado, mas Drau-

padi pediu que os Pandavas o deixassem ir, como ele era o filho do seu Guru, Drona. Assim ao fim da guerra, não havia nin-

guém para exigir pelo trono de Hastinapur depois dos Pandavas, exceto o filho não-nascido de Uttara, o filho de Abhimanyu. 23. Após a Guerra

23. 1. O retorno para Hastinapura Os Pandavas foram para Hastinapur para

ver Dhritarashtra. Dhritarashtra estava to-talmente a par dos acontecimentos da guerra através de Sanjay, o sacerdote de Drupada. Sanjay era abençoado com o po-der de assistir a guerra de uma certa dis-tância e narrar os acontecimentos para o cego Dhritarashtra, como tivera acontecido. Gandhari e Dhritarashtra estavam muito brabos por Bhima ter matado seus filhos, Duryodhana e Dushashana. Krishna acompanhou os Pandavas para

conhecer Dhritarashtra e Gandhari. Vidur se juntou a eles para ajudar a consolar seu irmão, Dhritarashtra. Krishna disse, “Rei Dhritarashtra, a guer-

ra era inevitável. A guerra machucou a to-dos. Os Pandavas foram deixados sem her-deiros. O fogo da guerra forçou ambos os lados, os Kauravas e os Pandavas, a faze-rem muitos atos desumanos. Agora é a ho-ra de abrir seu coração e aceitar Yudhish-thira como seu filho e abençoar os Panda-vas.” As palavras de Krishna tocaram Dhritara-

shtra e ele caiu em Vidur. Yudhishthira to-cou os pés de Dhritarashtra e Gandhari, eles abençoaram os Pandavas. Yudhishthira foi aceito como rei de Hastinapur. No entanto, Gandhari não podia perdoar

Krishna o qual ela havia acusado de ter sido a causa da exterminação de seus fi-lhos. Ela amaldiçoou Krishna, “Deixe sua família enfrentar o mesmo que os Kauravas e sejam eliminados da face da Terra.” Kri-shna sabia que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria. O grupo então chegou ao local onde Bhi-

shma continuava descansando, esperando pela sua partida da Terra. Bhishma aben-çoou os Pandavas e sua alma foi para o paraíso. Dhritarashtra, Gandhari, Kunti e Vidur foram para a floresta para passar seu tempo em meditação e oração. Sanjay os acompanhou para cuidar das necessidades deles. Desafortunadamente todos eles mor-

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reram num incêndio na floresta e Sanjay voltou para dar as más notícias aos Panda-vas. Yudhishithira declarou que iria executar o

Aswamedha Yajna para estabilizar a su-premacia dos Pandavas sobre os outros que mandavam no local. As pessoas esta-vam honradas de ver a justiça voltando e a paz prevalecendo. Com o desenrolar do tempo, Uttara, esposa de Abhimanyu, o filho de Arjuna e Subhadra, deu a luz a Pa-rikshit. Ele era o único herdeiro que havia restado dos Pandavas e que não fora morto por Ashwathama enquanto ele estivera no útero de sua mãe. Em poucos anos a maldição de Gandhari

sobre Krishna começou a funcionar. O clã dos Yadav começou a lutar entre eles pró-prios. Krishna e Balaram também morre-ram sem deixar ninguém para suceder o trono. 23.2. Retirada para o Himalaia Quando os Pandavas ouviram as notícias

da destruição dos Yadavas e o legado de Krishna, eles decidiram coroar o jovem príncipe Parikshit e se retiraram para os Himalayas. Eles jogaram suas armas no rio e começaram a sua infinita jornada ao topo dos Himalayas juntamente com Draupadi. Para sua surpresa, um cão os acompanhou. Enquanto eles escalavam a montanha,

quatro irmãos Pandavas e Draupadi morre-ram. O único que sobreviveu foi Yudhishi-thira e o cão que estava seguindo o grupo. Quando eles alcançaram o topo da monta-nha do Himalaya, Indra veio em sua carru-agem para levar o piedoso e leal Yudhish-thira ao paraíso. Yudhishthira prestou reve-rências ao Deus Indra e pediu que o seu companheiro cão fosse junto na carrua-gem. Indra estava chocado, “Um cão ao paraíso?” Quando Yudhishthira recusou ir ao paraíso sem o cão, o Deus da Morte, Dhamaraj Yama emergiu do cão e abenço-ou Yudhishthira. Yama estava testando a estabilidade de Yudhishthira. Depois de chegar ao paraíso, Yudhishthi-

ra se juntou à sua família, mas estava sur-preso ao ver que seus primos irmãos esta-vam no paraíso. Quando perguntou o que havia acontecido com os crimes que eles haviam cometido durante a vida, Narada respondeu, “No paraíso todos são iguais, os criminosos ou os piedosos. Os aconteci-

mentos durante a vida não são nada além de ilusões criadas pelo nosso criador”. Assim termina a grandiosa história do

Mahabharata, o épico que as futuras gera-ções de indianos irão apreciar para sempre.

Om Tat Sat