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KAMILA FERNANDA BARUSSO
MÁ OCLUSÃO SEGUNDO EDWARD HARTLEY ANGLE
São José do Rio Preto
2010
KAMILA FERNANDA BARUSSO
MÁ OCLUSÃO SEGUNDO EDWARD HARTLEY ANGLE
Trabalho de conclusão de curso para
obtenção do titulo de técnico em
Prótese Dentaria da escola técnica
Philadelpho Gouvêa Netto.
Prof. orientador: Gustavo Cosenza B.
Nogueira.
São José do Rio Preto
2010
Dedico meu trabalho a meus pais que sempre
apoiaram-me e incentivaram-me, não somente
durante todo o curso, mas também
durante toda a minha vida, sempre me ensinaram
a caminhar por minhas próprias pernas
para conseguir meu objetivos, superando os obstáculos.
Agradeço primeiramente a Deus por me dar
o dom da vida todos os dias, e a força para seguir
em frente superando as dificuldades, agradeço também
a minha família que nunca teve duvida de que eu seria
capaz de alcançar meus objetivos. Não posso deixar
também de dizer meu obrigado a todos os meus
professores que durante esses dois anos não
ficaram somente no ensino das matérias curriculares,
mas tornaram-se amigos e exemplos de vidas.
“Tudo posso naquele que me fortalece.” Fl 4,13
RESUMO
Edward Hartley Angle nascido no dia 01 de junho de 1855, falecido no dia 11 de
agosto de 1930, foi um cirurgião dentista norte americano, mundialmente conhecido
como o “Pai da ortodontia Moderna”.
Criador da classificação de má oclusão baseada nas relações ântero-posteriores da
maxila e da mandíbula.
Sendo Classe I, neutro-oclusão. Neste grupo, a relação mesio-distal está correta, a
cúspide mesio-vestibular do primeiro molar superior oclui no sulco vestíbulo-mesial
do primeiro molar inferior.
Classe II, disto-oclusão, caracteriza-se pela posição distal dos primeiros molares
inferiores em relação aos superiores, onde possui duas divisões.
Classe III, o primeiro molar inferior encontra-se mesialmente ao primeiro molar
superior.
Palavras-Chave: Má oclusão, Primeiro molar, Angle.
ABSTRACT
Edward Hartley Angle born on June 1, 1855, died on August 11, 1930, was an
American dentist, worldwide known as the “Father of Modern Orthodontics.”
Creator of the classification of malocclusions based on the anteroposterior
relationship of the maxilla and mandible.
Being the Class I, neutral occlusion. In this group, the mesio-distal relationship is
correct, the mesiobuccal cusp of maxillary first molar occludes in the buccal-mesial
groove of the first molar.
Class II, disto-occlusion, is characterized by the position of the distal first lower
molars in relation to superiors, which has two divisions.
Class III, the first molar is mesial to the maxillary first molar.
Key-Words: malocclusions, first molar, Angle.
LISTA DE FIGURAS
Fig.1: Edward H. Angle. Disponível em:
http://www.marao.com.br/profissional/ortodontia.htm. Acesso em: 01/10/2010
Fig.2: Arco E. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-54192006000300013.
Acesso em 04/10/2010
Fig.3: Amarrilhos de latão das coroas até o arco pesado. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-54192006000300013.
Acesso em 04/10/2010
Fig.4: O aparelho desmontado vendido em cartelas. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-54192006000300013.
Acesso em 04/10/2010
Fig.5: O aparelho de pino e tubo. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-54192006000300013.
Acesso em 04/10/2010
Fig.6: O aparelho de arco cinta. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-54192006000300013.
Acesso em 04/10/2010
Fig.7: Aparelho edgewise. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-54192006000300013.
Acesso em 04/10/2010
Fig.8: braquetes edgewise. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-54192006000300013.
Acesso em 04/10/2010
Fig.9: Oclusão normal. Disponível em: http://www.carolinasaran.com. br/inicial.htm.
Acesso em 08/10/2010
Fig.10: Dentes posteriores em oclusão normal. Disponível em:
http://www.tanaka.com.br/art1_07.html. Acesso em 08/10/2010
Fig.11: Oclusão normal em dentes posteriores. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2176-94512010000300004&script=sci_arttext.
Acesso em 10/10/2010
Fig.12: Dentes anteriores em oclusão normal. Disponível em:
http://www.tanaka.com.br/art1_07.html. Acesso em 31/10/2010
Fig.13: Oclusão normal em dentes anteriores. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2176-94512010000300004&script=sci_arttext.
Acesso em 10/10/2010
Fig.14: Classe I de Angle. Disponível em:
http://www.acbo.org.br/revista/livro_cefalometria/html/cap14/. Acesso em 27/10/2010
Fig.15: Classe I de Angle, com dentes anteriores mal posicionados. Disponível em:
http://www.cleber.com.br/curriculo_2/formacao_especializacao/casos.html. Acesso
em 29/10/2010
Fig.16: Classe I de Angle. Disponível em:
http://www.acbo.org.br/revista/livro_cefalometria/html/cap14/ Acesso em 27/10/2010
Fig.17: Má oclusão Classe II de Angle. Disponível em:
http://www.bbo.org.br/manual.html Acesso em 08/10/2010
Fig.18: Perfil facial de má oclusão Classe II. Disponível em:
http://www.colucci.odo.br/site/classeIII.htm Acesso em 31/10/2010
Fig.19: Classe II divisão 1. Disponível em:
http://www.acbo.org.br/revista/livro_cefalometria/html/cap14/. Acesso em 27/10/2010
Fig.20: Classe II divisão 1. Disponível em: http://www.cleber.com.br/extracoe.html
Acesso em 29/10/2010
Fig.21: Classe II divisão 1. Disponível em:
http://www.acbo.org.br/revista/livro_cefalometria/html/cap14/ Acesso em 27/10/2010
Fig.22: Classe II divisão 1 subdivisão. Disponível em:
http://www.tanaka.com.br/art1_07.html Acesso em 08/10/2010
Fig.23: Classe II divisão 2. Disponível em:
http://www.acbo.org.br/revista/livro_cefalometria/html/cap14/. Acesso em 27/10/2010
Fig.24: Classe II divisão 2. Disponível em: http://ortodontia-
contemporanea.blogspot.com/2010_06_01_archive.html Acesso em 29/10/2010
Fig.25: Classe II divisão 2. Disponível em:
http://www.acbo.org.br/revista/livro_cefalometria/html/cap14/ Acesso em 27/10/2010
Fig.26: Classe II divisão 2 subdivisão. Disponível em:
http://www.tanaka.com.br/art1_07.html Acesso em 08/10/2010
Fig.27: Má oclusão classe III de Angle. Disponível em:
http://www.bbo.org.br/manual.html Acesso em 08/10/2010
Fig.28: Perfil facial de má oclusão Classe III. Disponível em:
http://www.colucci.odo.br/site/classeIII.htm Acesso em 31/10/2010
Fig.29: Má oclusão classe III de Angle. Disponível em: http://ortodontia-
contemporanea.blogspot.com/2010_08_01_archive.html Acesso em 08/10/2010
Fig.30: Má oclusão classe III de Angle. Disponível em:
http://www.acbo.org.br/revista/livro_cefalometria/html/cap14/ Acesso em 27/10/2010
Fig.31: Má oclusão classe III subdivisão. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-54192009000100013
Acesso em 29/10/2010
Fig.32: Pseudomaloclusão Classe III. Disponível em:
http://www.acbo.org.br/revista/livro_cefalometria/html/cap14/ Acesso em 27/10/2010
LISTA DE ABREVIAÇÕES
SUMARIO
Resumo............................................................................................................. 06
Abstract ............................................................................................................. 07
Lista de figuras .................................................................................................. 08
Lista de abreviações ......................................................................................... 09
Introdução ......................................................................................................... 12
Definição de Oclusão Normal............................................................................ 20
Classificação de Angle ...................................................................................... 23
Classificação de Má Oclusão...............................................................................23
Classe I.................................................................................................................24
Classe II................................................................................................................25
Divisão 1...............................................................................................................26
Subdivisão............................................................................................................28
Divisão 2...............................................................................................................28
Subdivisão............................................................................................................30
Más oclusões Classe II Dentárias........................................................................31
Más oclusões Classe II Esqueléticas...................................................................31
Classe III..............................................................................................................31
Subdivisão...........................................................................................................33
Má oclusão Classe III Dentoalveolar...................................................................34
Má oclusão Classe III Esquelética.......................................................................34
Pseudomaloclusão Classe III...............................................................................34
Conclusão............................................................................................................36
Referencias Bibliográficas...................................................................................37
12
INTRODUÇÃO
Edward Hartley Angle nasceu em 1 de junho de 1855, em Herrrick,
Pensilvânia viveu por 75 anos, tornando-se conhecido mundialmente como Pai da
ortodontia, definindo Ortodontia com “aquela ciência que tem como objetivo a
correção de má oclusão dos dentes". Angle morreu em 11 de agosto de 1930.
Fig. 1: Edward H. Angle
Por volta de 1876 Angle tornou-se aprendiz de Odontologia (como era
costume na época), e matriculou-se alguns meses depois, na Faculdade de Cirurgia
Dentária da Pensilvânia, onde se formou em 1878.
Durante alguns anos praticou odontologia em Minneapolis, onde
interessou-se pelo alinhamento dos dentes mal colocados e na correção de
deformidades dos maxilares.
Em 1886 foi convidado para participar da escola dentária da Universidade
de Minnesota. Ao aposentar-se da Universidade de Minnesota, mudou-se para
Chicago, onde passou a ser professor de Ortodontia na Faculdade de Odontologia
Northwestern.
13
Em 1895, mudou-se para St. Louis, onde se juntou à equipe de
Odontologia da Faculdade de Medicina Marion Sims (hoje Universidade de St.
Louis). Como membro de um Departamento protético, ao qual a Odontologia estava
ligada, imaginou que os alunos, sendo pressionados com as demandas de outros
departamentos, não eram encorajados a prestar atenção ao seu trabalho. A partir
dessa época até a sua morte, ele lutou pelo estabelecimento de instalações
educacionais separadas para a Ortodontia.
Quatro anos depois, publicou na Dental Cosmos um artigo intitulado The
Classification of Malocclusion, o qual continha sua definição de má oclusão.
Em 1900, Angle foi procurado por quatro jovens, Thomas B. Mercer,
Henry A, Lindas, Milton T. Watson e Herbert A. Pullen, que pediram a ele que os
instruísse nos princípios que ele ensinava. Estes homens passaram três semanas
em seu consultório e foram considerados como sendo a primeira classe treinada em
uma escola de Ortodontia ou em qualquer especialidade dentária. Ele não aprovava
o que era então o habitual método de extensas palestras em sala de aula, seguidas
de exames formais. Suas turmas eram pequenas, geralmente as aulas duravam três
horas ou mais e eram obras que jamais seriam esquecidas. Ele começou
restringindo sua própria prática ao tratamento da maloclusão, tornando-se assim o
primeiro especialista dental.
Começou então a construção de uma faculdade, para treinamento em
Ortodontia de membros que tivessem treinamento em ciências básicas. Entre eles
estavam Milo Hellman, um paleontologista, Frederick B. Noyes e Albin Oppenheim.
Com eles, tanto ele quanto os alunos aprenderam sobre tolerância de tecido, o efeito
de forças mecânicas no osso e na estrutura do dente e a fisiologia e
desenvolvimento anatômico do complexo dento facial.
Como o conhecimento de Angle aumentou, ele desenvolveu uma quase
"assombrosa percepção dos princípios fundamentais que embasam todos os
procedimentos ortodônticos mecânicos e biológicos”. Seus aparelhos tornaram-se
menos incômodos, mais delicados, e refinados, o que pode ser observado no
desenvolvimento de seus quatro maiores aparelhos; o arco de expansão E,
introduzido em 1899; o aparelho pin-and-tube, em 1911; o arco de ribbon, em 1913;
e o mecanismo edgewise, em 1925.
O Arco E consistia de um arco vestibular pesado de expansão unido por
soldas a duas bandas parafusadas nos dois primeiros molares. Ele fazia uso de
14
ancoragem simples e realizava movimentos de coroa dos dentes. Amarrilhos de
latão das coroas até o arco pesado eram usados para conduzir os dentes até a
oclusão.
Fig. 2: Arco E
Ele fazia uso de ancoragem simples e realizava movimentos de coroa dos
dentes. Amarrilhos de latão das coroas até o arco pesado eram usados para
conduzir os dentes até a oclusão.
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Fig. 3: Amarrilhos de latão das coroas até o arco pesado
Tal aparelho era vendido montado em cartões, deste modo, o dentista, por
soldagens simples, instalava-o no paciente.
Fig. 4: O aparelho desmontado vendido em cartelas
No seu desenho original, o arco pesado do arco E foi removido, para que
cada dente pudesse ser movimentado através do pino e tubo, adaptados a cada
elemento dentário.
16
Os arcos deviam ser alterados cada vez que os dentes sofressem
movimentações; essas alterações modificavam progressivamente o formato do arco
aproximando-o de uma forma ideal.
O pino e tubo foi o primeiro aparelho que detinha algum controle do
movimento de raízes.
Fig. 5: O aparelho de pino e tubo
Caracterizava-se por possuir braquetes com encaixes verticais no sentido
ocluso-gengival. O arco, que inicialmente se moldava à má oclusão, era preso aos
braquetes por pinos de latão.
Fig. 6: O aparelho de arco-cinta
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Modificou a forma dos braquetes, posicionando o encaixe ou slot numa
posição central, e mudou o sentido da canaleta de seu aparelho, que antes era
vertical e passou a ser horizontal. O arco era preso aos braquetes por amarrilhos de
latão e posteriormente por delicadas ligaduras de aço. O novo braquete consistia em
uma caixa retangular com três paredes internas, com dimensões de 0,022
polegadas de altura e 0,028 polegadas de profundidade, com o seu slot aberto
horizontalmente.
Fig. 7: Aparelho edgewise
18
Fig. 8: Braquetes edgewise
Angle também Introduziu os tubos ortodônticos em 1899. Foi um defensor
da técnica sem exodontia. E desenvolveu a técnica Edgewise em 1928.
Muitos se referiram a Angle como um gênio da Mecânica. Se ele o era, foi
por causa de sua habilidade em aplicar os princípios simples da Mecânica aos
procedimentos requeridos no movimento dos dentes. Seus aparelhos eram
projetados para satisfazer os princípios de fisiologia, mecânica e arte, nessa ordem.
Simplicidade e eficiência eram os requisitos essenciais de qualquer mecanismo
ortodôntico que viesse de encontro com sua aprovação.
Em 1907, Angle mudou sua escola para New York e, em 1908, para New
London, Connecticut, onde foram ministradas aulas regulares até 1911. Onde ele
deixou a prática clínica de Ortodontia para dedicar sua vida ao estudo e ao
desenvolvimento de melhores e mais refinados aparelhos ortodônticos. Em 1916,
por causa de sua saúde, Angle achou necessário mudar-se para um clima mais
quente onde ele pudesse evitar os rigorosos invernos da costa leste. Com isso foi a
Pasadena, Califórnia, onde melhorou rapidamente.
Por causa das limitações físicas do laboratório e sala de estudos de
Angle, onde as aulas eram ministradas, somente três alunos podiam ser aceitos de
cada vez. Em 1922, alunos das classes anteriores na escola em Pasadena, junto
com alguns dos formados da antiga escola, doaram fundos suficientes para construir
e equipar um prédio que permitiria o treinamento de um número maior de alunos e
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proporcionaria instalações clínicas para o tratamento de pacientes. Este prédio, em
um lote adjacente à casa de Angle, foi o primeiro prédio a ser dedicado
exclusivamente ao ensino de Ortodontia, bem como o primeiro a ser habilitado para
esse propósito por qualquer estado ou governo nacional. A habilitação foi concedida
pelo Estado da Califórnia, em 1924, sob o nome oficial de Faculdade de Ortodontia
Edward H. Angle. O curso de treinamento era fundamentalmente estendido a um
calendário anual completo. Aulas regulares foram ministradas na escola até 1927,
quando Angle anunciou que não poderia mais assumir as responsabilidades
referentes ao ensino por causa de sua fraca saúde, com isso a escola foi fechada.
É interessante notar que onde quer que Angle tenha conduzido uma
Escola, os que completaram o curso com sucesso logo se organizavam no que hoje
seria conhecido como grupos de estudo de continuação. Os formandos de 1900 da
escola em St. Louis organizaram a primeira sociedade ortodôntica do mundo, com o
nome oficial de Society of Orthodontists. Em 1901, a palavra American foi
acrescentada, tornando-se a Associação Americana de Ortodontistas agora uma
organização representativa com aproximadamente 4000 membros.
Esta primeira sociedade estabeleceu uma revista quadrimestral chamada
The American Orthodontist, a primeira publicação dedicada exclusivamente à
disseminação de material ortodôntico, publicada de 1907 a 1912.
Foi dito que as instituições humanas são a extensões das sombras de um
homem. Visto por essa luz, Angle projetou muitas sombras. Como o primeiro
especialista dentro da Odontologia, ele iluminou o caminho para a especialização.
Como o primeiro professor pós-graduado, ele iluminou o caminho para todo o
treinamento dentário de pós-graduação. Todas essas sombras se combinaram para
formar a sombra maior, conhecida pelo nome que ele lhe deu: Ortodontia.
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DEFINIÇÃO DE OCLUSÃO NORMAL
Para definir adequadamente a má oclusão, deve-se ter primeiramente o
conceito de oclusão normal.
Fig.9: Oclusão normal
Angle descreveu a oclusão normal como uma fileira de dentes
posicionados uniformemente, disposto em uma curva graciosa com harmonia entre
os arcos superior e inferior. De acordo com Angle, a chave para a oclusão normal
nos adultos é a relação ântero-posterior entre os primeiros molares superiores e
inferiores.
Pode-se dizer que o conceito de Angle sobre a oclusão normal é a
descrição de uma oclusão ideal.
Angle acreditava que os primeiros molares e caninos eram os dentes
mais estáveis. A sua descrição das relações dos primeiros molares e caninos na
oclusão normal, era e ainda é uma observação fundamental sobre a qual os
diagnósticos dentários e ortodônticos se baseiam. Angle afirmou o seguinte:
“Na oclusão normal, a cúspide mesiovestibular do primeiro molar inferior
oclui no sulco entre as cúspides vestibulares mesial e distal do primeiro molar
inferior. A vertente mesial e distal da cúspide mesiovestibular do primeiro molar
superior oclui entre as cúspides vestibulares medial e distal do primeiro molar
inferior. As vertentes cúspide ditovestibular do primeiro molar superior ocluem entre
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a cúspide distovestibular do primeiro molar inferior e a cúspide mesiovestibular do
segundo molar inferior. a vertente mesial do canino superior oclui com a vertente
distal do canino inferior; a vertente distal do canino superior oclui com a vertente
mesial da cuspide vestibular do primeiro pré-molar inferior. Cada um dos dentes de
ambos os arcos dentários tem dois antagonistas ou apoios no maxilar oposto, com
exceção do incisivo central inferior e do terceiro molar superior”.
Fig. 10: Dentes posteriores em oclusão normal
Fig. 11: Oclusão normal em dentes posteriores
22
Fig. 12: Dentes anteriores em oclusão normal
Fig. 13: Oclusão normal em dentes anteriores
Angle enfatizou a importância da intercuspidação para o estabelecimento
da oclusão normal durante a irrupção dos dentes, e para a conservação de uma boa
oclusão. Ele afirmou que a oclusão normal dos dentes é conservada primeiro pelos
planos oclusais inclinados das cúspides, em segundo lugar pelo suporte fornecido
pela harmonia no tamanho dos arcos superior e inferior, e em terceiro pela influência
dos músculos nos planos vestibulares e linguais. Ele conclui também que esses
mesmos três fatores também são poderosos na preservação de uma má oclusão.
23
CLASSIFICAÇÃO DE ANGLE
O sistema de classificação das más oclusões proposto por Angle é
amplamente usado e serve como uma forma excelente de descrição geral, que tem
facilitado a comunicação sobre as diferentes más oclusões entre os profissionais. O
sistema descreve basicamente as relações ântero-posteriores dos primeiros molares
e caninos permanentes.
Angle incluiu na sua descrição da má oclusão não apenas as posições e
relações dos dentes, mas também informações sobre a largura do arco, a retrusão
ou protusão da mandíbula, os efeitos da má oclusão sobre a face, a função labial
anormal e a associação entre a obstrução nasal e a respiração bucal com a má
oclusão.
Angel descreveu as más oclusões mais de 30 anos antes do advento das
radiografias cefalométricas. As medidas cefalométricas ajudam os clínicos a
diferenciar as más oclusões de Classe II e III mais precisamente naqueles pacientes
que têm relações esqueléticas normais entre a maxila e a mandíbula daqueles que
têm relações anormais. Alem disso, a localização da discrepância em um ou em
ambos os maxilares é facilitada com as radiografias cefalométricas.
CLASSIFICAÇÃO DE MÁ OCLUSÃO
A má oclusão é uma anormalidade morfológica, onde nem todos os
indivíduos de uma determinada classe ou tipo de má oclusão compartilham da
mesma etiologia.
Esta anormalidade ocorre com muita freqüência nos pacientes e causa
um impacto importante na função e estéticas da oclusão como um todo. Também
causa um grande impacto negativo na auto-estima de muitas crianças, adolescentes
e adultos.
24
CLASSE I
Pode ser chamada também de Neutro-oclusão. A posição entre os arcos
dentários é normal, com os primeiros molares permanentes em geral em oclusão
normal, embora um ou mais dentes possam estar mal posicionados para lingual ou
vestibular, com as más oclusões normalmente confinadas aos dentes anteriores.
Com isso pode-se dizer que um paciente com classe I não terá necessariamente
uma oclusão normal.
Neste grupo a cúspide mesio-vestibular do primeiro molar superior oclui
no sulco vestibular mesial do primeiro molar inferior.
Fig. 14: Classe I de Angle
25
Fig. 15: Classe I de Angle, com dentes anteriores mal posicionados
Fig.16: Classe I de Angle
CLASSE II
Chamada também de disto-oclusão. As relações mesiodistais entre os
arcos dentários são anormais, com todos os dentes inferiores ocluindo distalmente
ao normal, produzindo desarmonia acentuada na região do incisivo e no perfil facial.
Na Classe II completa, a cúspide disto-vestibular do primeiro molar superior
permanente encaixa-se no sulco vestibular mesial do primeiro molar inferior. A
mandíbula encontra-se retrusiva, em posição mais posterior que o normal.
26
Fig. 17: Má oclusão Classe II de Angle
Fig.18: Perfil facial de má oclusão Classe II
Divisão 1
Uma má oclusão Classe II Divisão 1 é caracterizada pela atresia do arco
dentário superior, incisivos superiores alongados e protruidos, função anormal dos
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lábios e por alguma forma de obstrução nasal e respiração bucal. Os pacientes
dessa Divisão possuem incisivos com overjet acentuado.
Fig. 19: Classe II divisão 1
Fig. 20: Classe II divisão 1
28
Fig.21: Classe II divisão 1
Subdivisão
Uma má oclusão Classe II Divisão 1 Subdivisão apresentam uma relação
oclusal normal em um lado dos arcos e uma oclusão de Classe II do lado oposto.
Pacientes com essas características também respiram pela boca.
Fig.22: Classe II divisão 1 subdivisão
Divisão 2
As más oclusões Classe II Divisão 2 são caracterizadas por uma discreta
atresia do arco dentário superior, pelo apinhamento dos incisivos superiores com
29
sobreposição e inclinação para lingual e pela função nasal e labial normal. Os
pacientes dessa Divisão apresentam incisivos com overbite acentuado.
Fig.23: Classe II divisão 2
Fig.24: Classe II divisão 2
30
Fig. 25: Classe II divisão 2
Subdivisão
Uma má oclusão de Classe II Divisão 2 Subdivisão em uma relação
oclusal normal em um lado dos arcos e uma oclusão Classe II do lado oposto.
Fig.26: Classe II divisão 2 subdivisão
Durante seus estudos, com base nos inúmeros casos que examinou,
Angle sugeriu no seu livro que uma estimativa de 27% das más oclusões poderiam
ser classificadas como pertencentes à Classe II.
31
Más oclusões Classe II Dentárias
Embora a maioria das más oclusões Classe II sejam causadas por uma
discrepância ou deformidade esquelética, é possível ter uma relação esquelética
normal associada uma má oclusão dentária Classe II. Nessas condições, os molares
superiores se moveram para frente mais do que o normal durante o desenvolvimento
dentário, enquanto os molares inferiores permaneceram em uma posição mais
posterior em relação aos superiores. As causas dessas más oclusões dentarias
Classe II podem ser: protrusão dentaria superior ou mesialização dos primeiros
molares superiores permanentes.
Más oclusões Classe II Esqueléticas
As discrepâncias esqueléticas associadas às más oclusões Classe II
foram denominadas de Classe II Esquelética. Esse termo indica que a má oclusão
Classe II é aquela resultante da discrepância sagital em tamanho ou em posição das
bases apicais, e não da má posição dos dentes em relação das bases apicais
(retrusão dos dentes inferiores ou protrusão dos dentes superiores, ou ambos).
As más oclusões Classe II Esqueléticas podem ser subdivididas entre as
que compreendem deficiência mandibular ou prognatismo maxilar.
CLASSE III
As relações mesiodistais entre os arcos são anormais, com todos os
dentes inferiores ocluindo mesial ao normal, produzindo desarmonia acentuada na
região dos incisivos e no perfil facial. Na Classe III completa, a cúspide vestibular do
segundo pré-molar superior encaixa-se no sulco entre as cúspides vestibulares
mesial e média do primeiro molar inferior. A disposição dos dentes varia de um
alinhamento uniforme até o apinhamento e sobreposição, especialmente no arco
dentário superior. Os incisivos e caninos inferiores são inclinados para a lingual por
causa da pressão do lábio inferior na tentativa de fechar a boca. A mandíbula
32
encontra-se protrusiva (em uma posição mãos anterior que o normal). O
comprometimento do perfil facial é perceptível, em alguns casos tornando-se uma
deformidade pronunciada.
Fig. 27: Má oclusão classe III de Angle
Fig.28: Perfil facial de má oclusão Classe III
33
Fig.29: Má oclusão Classe III de Angle
Fig.30: Má oclusão Classe III de Angle
Subdivisão
A desarmonia tem menor gravidade, com oclusão normal em um lado dos
arcos e uma oclusão de Classe III no lado oposto.
34
Fig.31: Má oclusão Classe III subdivisão
Má Oclusão Classe III Dentoalveolar
Chama-se má oclusão Classe III Dentoalveolar, a má oclusão onde não
existe discrepância esquelética sagital aparente. O problema é principalmente
causado pela inclinação dos incisivos superiores para lingual e a inclinação dos
incisivos superiores para a vestibular.
Má oclusão Classe III Esquelética
A má oclusão Classe III Esquelética pode ser ocasionada por protrusão
mandibular, retrusão maxilar ou ambas. A inclinação dos incisivos nesse tipo de má
oclusão é o oposto da má oclusão Classe III Dentoalveolar. Na má oclusão Classe III
Esquelética os incisivos superiores são inclinados para a vestibular e os incisivos
inferiores são inclinados para a lingual.
Pseudomaloclusão Classe III
A maioria dos estudos sugeriram que a Pseudomaloclusão Classe III, ou
desvio funcional da mandíbula para frente, é uma má oclusão intermediaria entre a
má oclusão Classe I e a má oclusão Classe III esquelética.
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Por uma acomodação a mandíbula é projetada o que ocasiona uma
oclusão invertida dos incisivos.
Fig.32: Pseudomaloclusão Classe III
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Conclusão
Com a elaboração do trabalho foi possível concluir que Edward Angle foi
e ainda é de grande importância para a odontologia mundial. Conhecido
mundialmente como “Pai da Ortodontia”, Angle foi o primeiro a ministrar aulas em
uma escola de ortodontia, confeccionou os aparelhos mais refinados e menos
incômodos, da época para, os seus pacientes. Com doações de seus ex-alunos foi
construído o primeiro prédio dedicado exclusivamente para o ensino da ortodontia,
onde Angle ministrou aulas por alguns anos. Alunos seus formados em 1990
organizaram a primeira sociedade ortodôntica do mundo, que nos dias atuais possui
aproximadamente 4000 membros.
Durante sua vida Angle publicou uma de suas maiores obras, The
Classification of Malocclusion, Classificação de má oclusão, que ainda é usada
atualmente. A classificação de má oclusão é de grande importância para a
comunicação dos profissionais da área odontológica de todo o mundo.
É essencial que um técnico em prótese dentaria conheças as três classes
de má oclusão de Angle. Este precisa também conhecer as variações de cada
classe de má oclusão, e o que ocasiona cada uma das discrepâncias existentes,
para que possa se comunicar com os cirurgiões dentistas e desenvolver
corretamente seu trabalho, sem que ocorram falhas quanto a comunicação.
É importante que até mesmo o técnico em prótese dentaria que não se
especializa em ortodontia, conheça essa classificação de má oclusão estando
sempre atentos a oclusão de cada paciente, para que possam tratar corretamente
os casos nos quais os cirurgiões dentistas os encaminha, sem que haja problemas
posteriores a adaptação da prótese nos pacientes.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Bishara, Samir Ortodontia. Cap. 09. p. 98-106; 163-165; Cap. 20 p. 327-329; Cap.
21 p. 378. Editora Santos. 1ª Edição. 2004
Pereira, Cleber Bidegain Introdução à Cefalometria Radiográfica 5 Edição. C.15
Disponível em: http://www.acbo.org.br/revista/livro_cefalometria/html/cap14/ Acesso
em 27/10/10.
Tanaka, Orlando Edward Hartley Angle: o homem, o profissional e o professor
Rev. de Clín. Pesq. Odontol., v.1, n.4, abr./jun. 2005 Disponível em:
http://www.orthodontics.com.br/Conteudo/orthodentails/Angle%20EH%20-
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______________ Edward Angle Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Edward_Angle Acesso em: 20/05/2010