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Conexões de Saberes no PET Educomunicação: novas interfaces no Programa de Educação Tutorial Adriana C. Omena Santos Diélen dos Reis B. Almeida Ricardo Ferreira de Carvalho DUCOMUNICAÇÃO E PET C ONEXÕES DE SABERES

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Seis capítulos produzidos pelos bolsistas, voluntários e tutora do PET Conexões de Saberes - Educomunicação, falam sobre encontros, desencontros, possibilidades e perspectivas nas experiências desses participantes. Relatos das diferentes ações que pretendem transpor muros e minimizar as barreiras entre Universidade e Comunidade. A troca de conhecimentos e o fortalecimento da extensão acontece em movimento de mão dupla onde instrutor torna-se aprendiz e espaços se ampliam auxiliando a formação dos estudantes como futuros profissionais. A conexão está feita solidificando a sabedoria.

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Conexões de Saberes no PET Educomunicação:novas interfaces no Programa de Educação Tutorial

Adriana C. Omena SantosDiélen dos Reis B. AlmeidaRicardo Ferreira de Carvalho

DUCOMUNICAÇÃOEPET CONEXÕES DE SABERES

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Adriana Omena SantosDoutora em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo ECA/USP (2006). Atualmente é coordenadora do Programa d e P ó s - g r a d u a ç ã o e m Tecnologias, Comunicação e Educação, docente no curso de Comunicação Social e Tutora PET- Conexões de saberes E d u c o m u n i c a ç ã o n a Universidade Federal de Uberlândia - UFU. Foi membro da Executiva Nacional do Programa Conexões de S a b e r e s j u n t o a o M E C / S E C A D / S E S U (representação sudeste), e m e m b r o d a C o m i s s ã o Nacional de Avaliação do PET junto ao MEC/SESU. Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Comunicação Política, Novas Tecnologias e Comunicação, Propaganda, Políticas Públicas e Cultura, principalmente nos seguintes temas: comunicação púb l ica , tecno log ias de informação e comunicação, opinião pública, políticas de comunicação, mídia e política, meios de comunicação e processos políticos. Tendo em vista sua experiência, possui publ icações nacionais e internacionais em revista e eventos científicos correlatos à sua formação.

Diélen dos Reis Borges AlmeidaGraduada em Comunicação S o c i a l : h a b i l i t a ç ã o e m Jornalismo (2013) e em L e t r a s ( 2 0 0 6 ) p e l a Universidade Federal de Uberlândia (UFU). É aluna do M e s t r a d o P r o f i s s i o n a l I n t e r d i s c i p l i n a r e m Tecnologias, Comunicação e Educação da UFU. Trabalha como jornalista na Diretoria de Comunicação da UFU. Pesquisa jornalismo literário, gênero e memória. Foi bolsista d o P E T C o n e x õ e s Educomunicação (2010-2013) e hoje é colaboradora do grupo.

Ricardo Ferreira de CarvalhoGraduado em Comunicação S o c i a l : h a b i l i t a ç ã o e m Publicidade e Propaganda e Especialização em Marketing, ambos pela Universidade Metodista de São Paulo. Aluno do Mestrado em Educação na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia - UFU, na linha de pesquisa Trabalho, Sociedade e Educação. Técnico em Editoração na Faculdade de Jornalismo da UFU. Membro d a e q u i p e g e s t o r a d o Programa Conexões de Saberes e colaborador do PET Conexões Educomunicação. Pesquisa o uso e políticas públicas para o software livre no Curso de Jornalismo.

O PET Conexões de Saberes Educomunicação (PET CNX) é um Programa d e E d u c a ç ã o T u t o r i a l interdisciplinar, que envolve os cursos de Jorna l i smo , Pedagogia e Licenciaturas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). A temática do grupo é a Educomunicação: educação para e pela mídia, apropriação das ferramentas midiáticas pelo indivíduo em busca de ações que viabilizem efetivamente a cidadania. O programa objetiva propiciar a alunos de origem popular uma formação superior envolvida com po l í t i cas púb l i cas relacionadas às suas áreas de formação e promover a interação entre universidade e comunidade para uma efetiva troca de saberes.

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Conexões de Saberes no PET Educomunicação:novas interfaces no Programa de Educação Tutorial

Adriana C. Omena SantosDiélen dos Reis B. Almeida

Ricardo Ferreira de Carvalho

Uberlândia

Minas Gerais

2014

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Santos, Adriana Cristina Omena

Conexões de Saberes no PET Educomunicação: novas interfaces no Programa de Educação Tutorial / Adriana Cristina Omena Santos; Diélen dos Reis Borges Almeida; Ricardo Ferreira de Carvalho -- Uberlândia, 2014

88 p

ISBN 978-85-99765-50-0

1. PET. 2. Educação tutorial. 3. Extensão. 4. Conexão de Saberes. 5. Educomunicação. I. Santos, Adriana Cristina Omena. II. Almeida, Diélen dos Reis Borges. III. Carvalho, Ricardo Ferreira. IV. Título.

Conexão de Saberes no PET Educomunicação: novas interfaces no Programa de Educação TutorialPublicação de artigos e relatos das ações no PET Conexões de Saberes Educomunicação, Programa de Educação Tutorial Interdisciplinar que envolve os cursos de Jornalismo, Pedagogia e Licenciaturas da Universidade Federal de Uberlândia - UFU

Capa: Ricardo Ferreira de Carvalho

Revisão: Diélen dos Reis Borges Almeida

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

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SUMÁRIO  

  ∙PREFÁCIO.......................................................................................................................  

    ∙APRESENTAÇÃO.............................................................................................................  

    1 REFLEXÕES SOBRE EDUCAÇÃO TUTORIAL E SEUS DESAFIOS: DOS ASPECTOS JURÍDICOS À BUSCA DA APRENDIZAGEM AUTÔNOMA ................................................... ▪ A educação como direito e o Programa de Educação Tutorial ▪ O surgimento do PET Conexões de Saberes Educomunicação e o processo de criação da autonomia na aprendizagem dos petianos

 11 

   2 EDUCOMUNICAÇÃO: INTERFACE DE CAMPOS DE CONHECIMENTO E CONCEPÇÕES  .... ▪ Educação e comunicação na contemporaneidade ▪ Educomunicação como campo de estudo ▪ A Educomunicação e o PET Conexões ▪ Educomunicação como práxis 

23 

   3 AS CONEXÕES DE SABERES NA EDUCAÇÃO TUTORIAL: O PET EDUCOMUNICAÇÃO NA UFU ................................................................................................................................ ▪ Políticas públicas de acesso e permanência: três caminhos, dois programas e uma mesma proposta ▪ Conhecendo o Programa Conexões de Saberes  ▪ A paradoxal relação do Conexões de Saberes com o Programa de Educação Tutorial ▪ A troca de saberes entre os PET e o Conexões: o caso de Uberlândia 

 34 

   4 O PET CONEXÕES DE SABERES EDUCOMUNICAÇÃO: INTERDISCIPLINARIDADE EM FOCO.............................................................................................................................. ▪ O diálogo interdisciplinar ▪ O olhar para as minorias ▪ A família PET 

 49 

   5∙ PESQUISA CIENTÍFICA NO PET CONEXÕES: NOVOS OLHARES ...................................... ▪ Diferentes caminhos científicos 

57 

   6 O PET EM CONEXÃO COM OS SABERES DAS COMUNIDADES POPULARES URBANAS .... ▪ A extensão como práxis de conhecimento entre universidade e sociedade 

▪ Ações extensionistas desenvolvidas e seus resultados  

65 

   ∙POSFÁCIO......................................................................................................................  

85 

   

    

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2

PREFÁCIO 

   

As  configurações  de  saberes  são  sempre,  em  última instância,  configurações  de  práticas  sociais.  A democratização da universidade mede‐se pelo respeito do princípio  da  equivalência  de  saberes  e  pelo  âmbito  das práticas que convoca em configurações de sentido.  

Boaventura Santos1 

 Desnecessário  dizer  – mas  seja  dito,  de minha  satisfação  em  prefaciar  pela 

segunda  vez  um  livro  organizado  por  professores  do  Curso  de  Comunicação 

Social/Habilitação  Jornalismo  da  Faculdade  de  Educação  (FACED)  da  Universidade 

Federal  de  Uberlândia  (UFU).  Desnecessário  repetir  –  mas  seja  repetido,  que  no 

primeiro  prefácio  ao  livro Múltiplos Olhares, que me  é muito  caro,2  já  explicitava  a 

cumplicidade e confiança  relativamente à criação e aos caminhos promissores deste 

curso de Graduação da UFU: 

A meu  ver,  a  confiança  é  um  afeto  fundamental  e minha  relação pessoal profissional com o Curso de Comunicação Social/Habilitação Jornalismo é, antes de  tudo, pautada na questão afetiva. O que  se justifica  pelo  fato  de  que  coube  à minha  gestão  como Diretora  da FACED desde 2008, após um  longo percurso de criação do curso em nossa Unidade Acadêmica, cuidar por sua implementação, já que em 2009 teve início a primeira turma dos pioneiros quarenta alunos [...].3 

  

  No  caso  do  presente  livro,  contudo,  sua  relevância  está  no  vínculo  com  o 

Programa  de  Educação  Tutorial  (PET)  Educomunicação. Mas  não  só. O  livro  remete 

também  ao  Programa  Conexões  de  Saberes  (PCS)  da UFU  que,  como  uma  ação  do 

Ministério da Educação (MEC) ligada à Diretoria de Extensão (DIREX) da Pró‐Reitoria de 

Extensão  (PROEX)  da  UFU,  não  só  precedeu  como  deu  origem  ao  próprio  PET 

Educomunicação. 

1  SANTOS,  Boaventura  de  S.  Pela mão  de  Alice  ‐  o  social  e  o  político  na  pós‐modernidade.  Porto: Afrontamento, 1994, p. 198. 2 SANTOS, Adriana C. O. dos; SOUSA, Gerson dos; TONUS, Mirna. (Org.). Múltiplos olhares:  jornalismo, educação e tecnologias. Uberlândia: EDUFU, 2012, 190 p. Volume 1. 3 MARQUES, Mara R. A. Prefácio.  In: SANTOS, Adriana C. O. dos; SOUSA, Gerson dos; TONUS, Mirna. (Org.). Múltiplos olhares: jornalismo, educação e tecnologias. Uberlândia: EDUFU, 2012, 190 p, Volume 1, p. 7‐8.

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Das  evidências  desse  interessante  processo  de  vínculo  e  desdobramento 

institucional  acadêmico,  mantenho  com  carinho  em  minha  estante  o  caderno 

Diálogos, comunidade, cidadania, com artigos e relatos sobre o PCS na UFU em 2010 e 

2011.4  Tenho  especial  apreço  pela  simples  e  significativa  mensagem  inscrita 

pessoalmente nesta publicação pela professora Adriana Omena Santos, a título de uma 

espécie de dedicatória: “Para Mara, o resultado é mérito da sua Direção, que acreditou 

na  possibilidade  de  um  projeto  como  este,  interdisciplinar,  voltado  para  as 

comunidades populares e que permite a  interface entre os saberes [...].” Mérito que, 

naturalmente,  compartilho  com  todos  os  parceiros  daqueles  tempos  na Direção  da 

FACED. 

  Todavia, avancemos... 

   No caso do presente livro, As conexões de saberes no PET: novas interfaces no 

Programa Tutorial,5 os principais princípios e processos do PCS mantidos e ampliados 

no PET dão o tom aos seus seis capítulos, para além do já clássico suposto da relação 

entre ensino, pesquisa e extensão na universidade, que é destacado: 

Exatamente  neste  ponto  é  que  surgem  dados  para  as  reflexões iniciais apresentadas, que partem do pressuposto de que o direito à informação,  à  comunicação,  à  educação  com  vistas  à indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão viabilizam uma formação  cidadã.  Assim,  iniciativas  que  contemplem  a  inserção  do educando  com  diferentes  conceitos  e  valores  merece  olhar  mais atento, como é o caso do Programa de Educação Tutorial. (SANTOS et al, 2014).6 

 

O  suposto básico da  relação ensino, pesquisa e extensão  toma,  contudo, um 

aspecto especial e menos formal na questão teórico‐prática da  interdisciplinaridade. 

Aliás, não é esse o sentido dos termos “conexões de saberes” e “interface de campos 

de conhecimento e conexões”? 

4  SANTOS,  Adriana  C.  O.  dos;  SANTOS,  Antonio  C.  dos;  CARVALHO,  Ricardo  F.  de.  (Org.).  Diálogos, comunidade e cidadania: o Programa Conexões de Saberes na UFU. UFU/PROEX, 2011, 179 p.  5 A partir deste ponto, e para o que tenho em vista, tomo como referência o primeiro capítulo do livro, que tende a expressar, a meu ver, o teor geral do livro. Nas citações a indicação das páginas é omitida, devido a que o material que tenho em mãos não estar, evidentemente, publicado.  6  SANTOS,  Adriana  C.  O.  dos;  CASTILHO,  Andressa  G;  TAVARES,  Norberto  de  J.; MELO,  Rita  de  C. Reflexões  sobre  Educação  Tutorial  e  seus  desafios:  dos  aspectos  jurídicos  à  busca  da  aprendizagem autônoma.  In: SANTOS, Adriana C. O. dos; SOUSA, Gerson dos; TONUS, Mirna.  (Org.). As conexões de saberes no PET: novas interfaces no Programa Tutorial. Uberlândia: EDUFU, 2014.

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As  conexões  e  interfaces  são múltiplas  e  se  expressam  ao menos  em  dois 

âmbitos principais. No âmbito  interinstitucional: nas relações entre a universidade, a 

comunidade externa escolar (instituições públicas e privadas de ensino) e não escolar 

(“comunidades populares urbanas”), bem como modalidades de educação em espaços 

não  escolares  (“EJA”).  No  âmbito  intrainstitucional:  nas  relações  entre  alunos, 

docentes e técnicos de diferentes cursos de graduação da UFU (Jornalismo, Pedagogia, 

Educação  Física,  Enfermagem,  Engenharia Civil, Ciências  Sociais, entre outros).  Tudo 

isso,  claro, mediado  por  vários  recursos  culturais  e  comunicativos  (Teatro,  Cinema, 

Telecentro, Boletim Informativo). 

Particularmente nesse último aspecto, em termos de perspectivas e a despeito 

de considerações ainda vagas no ponto do capítulo a que me refiro, cabe destacar: 

A  constituição  de  um  grupo  de  discentes  vinculado  a  um  ou mais cursos de  graduação para desenvolver  ações de ensino, pesquisa e extensão  sob  a orientação por um professor  tutor  visa oportunizar aos  estudantes  participantes  a  possibilidade  de  ampliar  a  gama  de experiências  em  sua  formação  acadêmica  e  cidadã.  Assim,  o Programa de Educação Tutorial objetiva complementar a perspectiva convencional  de  educação  escolar,  oferecendo  uma  formação acadêmica de excelente nível, visando a formação de um profissional crítico  e  atuante,  orientada  pela  cidadania  e  pela  função  social  da educação superior.  

Algumas atividades desenvolvidas possibilitam essa formação, dentre elas: o desenvolvimento de ações coletivas e capacidade de trabalho em grupo; a facilitação do domínio dos processos e métodos gerais e específicos  de  investigação,  análise  e  atuação  da  área  de conhecimento acadêmico‐profissional; o envolvimento dos bolsistas em  tarefas  e  atividades  que  propiciem  o  aprender  fazendo  e refletindo  sobre a promoção da  integração da  formação acadêmica com  a  futura  atividade  profissional,  especialmente  no  caso  da carreira  universitária,  através  de  interação  constante  com  o  futuro ambiente profissional. (SANTOS et al, 2014).7   

 

Em  minha  perspectiva  o  ajuntamento  institucional  de  pessoas,  respectivos 

cursos  e  correspondentes  disciplinas  (!)  por  si  não  configura,  necessariamente,  a 

possibilidade  de  um  trabalho  interdisciplinar. Num  artigo  de  2001,8 minhas  análises 

7  SANTOS, Adriana C. O. dos,  et  al. Reflexões  sobre  Educação  Tutorial  e  seus desafios: dos  aspectos jurídicos à busca da aprendizagem autônoma. In: SANTOS, Adriana C. O. dos, et al. (Org.). As conexões de saberes no PET: novas interfaces no Programa Tutorial. Uberlândia: EDUFU, 2014.   8 VERÍSSIMO, Mara R. A. M. Do paradigma disciplinar ao paradigma interdisciplinar: uma questão para a universidade. Educação & Filosofia. Uberlândia: EDUFU, v. 15, n. 9, jan./jun. 2001, p. 105‐127.

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indicam que a interdisciplinaridade diz respeito, sobretudo, à valorização dos discursos 

discriminados que anseiam por “relevância simbólica”. A  interdisciplinaridade está no 

real.  Conhecimentos  e  saberes  estão  entranhados  nas  práticas  sociais,  o  locus  do 

exercício da cidadania (seja nos movimentos sociais clássicos, nos novos movimentos 

sociais  ou,  neste  caso,  nas  “comunidades  populares  urbanas”).  É  a  forma  como 

olhamos e permitimos que estes saberes (que são também poderes) se manifestem, é 

que  pode  definir  nossas  práticas  interdisciplinares.  Tecnologias  e/ou  técnicas, 

metodologias  e/ou  didáticas  são  apenas  meios  a  serem  submetidos  a  finalidades 

educativas  específicas  de  posturas  interdisciplinares  diante  de  uma  realidade 

interdisciplinar. Em termos de interdisciplinaridade, cidadania é um dos poucos termos 

ou noções que permitem  vincular  as  três principais dimensões da práxis humana:  a 

histórica  ‐ o homem e o  social; a epistemológica  ‐ o homem e o  conhecimento; e a 

pedagógica ‐ o homem e a educação. (VERÍSSIMO, 2001, p. 122‐124).   

O  livro As conexões de saberes no PET, a meu ver, aponta na direção  indicada 

acima  e  ainda  acresce  outro  importante  aspecto  concernente  ao  conhecimento,  ou 

seja, o da questão teórico‐prática da autonomia. Aliás, não é esse o sentido do termo 

“aprendizagem autônoma” – ainda que a expressão a princípio pareça paradoxal?  

A  propósito,  é  avocado  o  famoso  e  não  menos  polêmico  Artigo  207  da 

Constituição Federal (CF): 

Outro ponto que merece atenção diz respeito á autonomia, haja vista que  a  Constituição  estabelece  que  “as  universidades  gozam  de autonomia didático‐científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial,  e  obedecerão  ao  princípio  de  indissociabilidade  entre ensino,  pesquisa  e  extensão.”  (BRASIL,  1988  apud  SANTOS  et  al, 2014).9 

 A meu ver, porém, não se trata de enfatizar essa prerrogativa de autonomia, a 

não ser por princípio evidentemente, por ser ela tão somente da ordem da autonomia 

institucional.  Digo  isso,  pois  a  levar  em  conta  o  ponto  de  vista metodológico  e  as 

categorias  identificadas  por  Hipolyto  (1991),10  que  considerei  em  um  texto  que 

9  SANTOS, Adriana C. O. dos,  et  al. Reflexões  sobre  Educação  Tutorial  e  seus desafios: dos  aspectos jurídicos à busca da aprendizagem autônoma. In: SANTOS, Adriana C. O. dos, et al. (Org.). As conexões de saberes no PET: novas interfaces no Programa Tutorial. Uberlândia: EDUFU, 2014.   10  HIPOLYTO,  Álvaro M.  Processo  de  trabalho  na  escola:  algumas  categorias  para  análise.  Teoria  e Educação. Porto Alegre: Pannonica, n. 4, 1991, p. 3‐21. 

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publiquei em 2000:11 

[...] pressupomos que  as discussões  sobre  a questão da  autonomia institucional  e/ou  subjetiva‐profissional  possam  e/ou  devam considerar isoladamente ou em conjunto: 1) a questão da identidade do professor; 2) a questão pedagógica; 3) a questão das  formas de organização e participação. (MARQUES, 2000, p. 222).  

 Fica claro que no livro As conexões de saberes no PET o sentido predominante 

das  práticas  do  Programa  é  o  que  articula  autonomia  e  pedagogia,  ou  a  ênfase  na 

autonomia  enquanto  questão  pedagógica,  ou  ainda  a  autonomia  referenciada  ao 

trabalho pedagógico, se entendo que “O trabalho pedagógico se refere às relações dos 

docentes  com  o  aluno,  com  o  saber  e/ou  conhecimento, mediadas  pelos meios  de 

trabalho  e  pautadas  em  determinadas  finalidades  educativas.”  (MARQUES,  2000,  p. 

227).   

Vejamos: 

Para  que  a  aprendizagem  ocorra  dentro  do  sistema  utilizado  pelo projeto é necessário desenvolver junto aos petianos a curiosidade e a autonomia  com  relação  ao  seu  próprio  processo  de  ensino‐aprendizagem. Autonomia  é  compreendida  aqui  como  liberdade,  e na educação com o significado da capacidade de autoorganização dos estudos, sem que haja uma dependência total do professor, em que o discente  seja  capaz de administrar o  seu  tempo de dedicação no aprendizado e realizar as escolhas sobre as fontes de informação. 

  [...]  A  compreensão  é  de  que  a  autonomia  está  diretamente  ligada  à decisão.  Assim,  quando  o  petiano  se  torna  autônomo  consegue definir  quais  suas  preferências,  capacidades  e  habilidades,  a educação  cumpre  o  seu  papel  de  formar  indivíduos  que  saibam tomar  suas  próprias  decisões,  pensando  e  executando.  Na importância de se respeitar a autonomia e a identidade do discente, está  implícita a necessidade de transformar uma educação bancária, assistencialista, que enche o educando de um  falso  saber dialógico, em uma educação problematizadora em que as pessoas percebam o mundo criticamente. (SANTOS et al, 2014).12 

 

  Se  reitero,  neste  ponto,  que  “A  compreensão  é  de  que  a  autonomia  está 

diretamente  ligada à decisão”, é compreensível a necessidade de  fazer convergir, no 

11  MARQUES,  Mara  R.  A.  Autonomia  ou  flexibilização:  o  atual  dilema  profissional  docente.  In: SGUISSARDI, Valdemar.  (Org.) Educação superior – velhos e novos desafios. São Paulo: Xamã, 2000, p. 219‐234. 12 SANTOS, Adriana C. O. dos, et al. Reflexões  sobre Educação Tutorial e  seus desafios: dos aspectos jurídicos à busca da aprendizagem autônoma. In: SANTOS, Adriana C. O. dos, et al. (Org.). As conexões de saberes no PET: novas interfaces no Programa Tutorial. Uberlândia: EDUFU, 2014.

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PET  Educomunicação,  a  possibilidade  formal  da  autonomia  institucional  e  a 

perspectiva da autonomia pedagógica, de vez que: 

Identificamos  a presença  de uma  tensão histórica  entre o  controle estatal e a autonomia da profissão docente  frente aos excessos das investidas interventoras do próprio Estado, bem como relativamente à  ingerência  de  outras  instituições  sociais.  Trata‐se  de  uma contradição  na  medida  [em]  que  o  Estado  representa, simultaneamente,  uma  condição  de  autonomização  e  de  regulação social  sobre  o  sistema  educativo  e  seus  profissionais.  (MARQUES, 2000, p. 230).      

  Para  concluir,  no  sentido  de  sintetizar  o  conteúdo  do  livro  As  conexões  de 

saberes  no  PET,  faço minhas  as  palavras  da  então  Diretora  de  Extensão,  Cultura  e 

Assuntos  Estudantis da UFU, professora Geni Costa,13  a propósito do então PCS, no 

Prefácio ao já mencionado caderno Diálogos, comunidade, cidadania: 

Os textos abordam os diferentes relatos, considerações, ponderações e  interlocuções  que  permitiram  a  transposição  das  barreiras existentes entre a universidade e a comunidade, o fortalecimento da extensão  e  da  pesquisa  e,  principalmente,  a  conexão  entre  os diversos saberes e conhecimentos existentes. (COSTA, 2011, p. 5).  

Ainda  considerando  palavras  do  texto  supramencionado,  retrospectiva  e 

prospectivamente  fico  a meditar,  a propósito do PET  Educomunicação,  sobre  a que 

ponto  foi  feliz e de certa  forma premonitória a afirmação: “[...] esperamos que esta 

iniciativa  possibilite  novas  reflexões  sobre  o  tema  e  constitua  um  referencial  para 

novos desafios e realizações.” (COSTA, 2011, p. 5).  

      

  Mara Rúbia Alves Marques 

Outono de 2014    

13  COSTA, Geni  de  A.  Prefácio.  In:  SANTOS,  Adriana  C. O.  dos,  et  al  (Org.).  Diálogos,  comunidade  e cidadania: o Programa Conexões de Saberes na UFU. UFU/PROEX, 2011, 179 p. 

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APRESENTAÇÃO 

  

Diélen dos Reis Borges Almeida14 

 

  De que matéria é  feito um Programa de  Educação  Tutorial  (PET)?  Em 

quais  esquinas  a  universidade  e  a  comunidade  se  encontram?  Em  que  práticas  se 

cruzam Comunicação e Educação? Quem são os 26 petianos conexistas e o que fizeram 

em três anos de PET Conexões de Saberes Educomunicação? Parte das respostas para 

essas perguntas está nos seis capítulos que compõem este livro, escritos por bolsistas, 

voluntários, colaboradores e tutora.  

  O  primeiro,  Reflexões  sobre  Educação  Tutorial  e  seus  desafios:  dos 

aspectos  jurídicos  à  busca  da  aprendizagem  autônoma,  discorre  sobre  o  direito  à 

educação e de que  forma o PET Conexões  se  insere em uma proposta de educação 

para  a  autonomia. Os  autores  –  a  tutora  do  PET  CNX  Educomunicação,  Adriana  C. 

Omena dos  Santos, um professor  colaborador da  área do Direito  e duas petianas – 

refletem sobre a educação tutorial: “a partilha de informação/conhecimento pode ser 

considerada como o principal capital das organizações e encontra‐se, efetivamente, no 

conhecimento  individual  dos  colaboradores  e  na  capacidade  em  aprender  e  inovar 

coletivamente. Assim,  é  possível  afirmar  que,  para  uma  aprendizagem  autônoma,  é 

imprescindível o papel de colaborador/facilitador. Da mesma maneira, nos grupos PET, 

é  valiosa  a  contribuição  do  tutor,  por meio  de  uma  comunicação  correta  e  de  um 

adequado esforço de reconhecimento”. 

Educomunicação: interface de campos de conhecimento e concepções, o 

segundo capítulo, cujos autores são  três petianos e uma professora colaboradora da 

Educação,  apresenta  o  conceito  de  Educomunicação,  com  expressões  como  “a 

educação para a comunicação” e “a educação pela comunicação”, de Ismar Soares. A 

explicação  se  completa  com o  relato de experiências educomunicativas do PET CNX 

Educomunicação,  como  as  aulas  de  software  livre  no  Telecentro  Comunitário,  o 

14 Aluna do Mestrado Profissional  Interdisciplinar  em  Tecnologias, Comunicação  e Educação da UFU. Graduada em Comunicação Social:  Jornalismo e em Letras pela UFU. Foi bolsista do PET Conexões de Saberes Educomunicação durante a graduação em Jornalismo. E‐mail: [email protected]

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minicurso sobre o uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação na Educação, 

a produção de informativos com comunidades e os eventos com foco no debate. 

Na sequência, o terceiro capítulo, intitulado As Conexões de Saberes na 

Educação Tutorial: o PET Educomunicação na UFU, escrito pela  tutora do PET e  três 

coordenadores  de  ações  do  antigo  Programa  Conexões  de  Saberes  (PCS),  narra  o 

nascimento dos grupos PET Conexões,  começando a história  com  seu antecessor de 

origem, o PCS. São debatidos  temas “sensíveis”, como a permanência qualificada no 

ensino  superior  de  estudantes  de  origem  popular  e  o  encontro  entre  a  filosofia 

meritocrática dos PET tradicionais e a proposta inclusiva do Conexões de Saberes, que 

culminaram nos PET Conexões. 

  O  quarto  capítulo,  O  PET  Conexões  de  Saberes  Educomunicação: 

interdisciplinaridade em foco, é de autoria de cinco petianos e conta como tem sido o 

diálogo entre estudantes de  Jornalismo, Pedagogia,  Letras, Educação  Física, Ciências 

Sociais  e  Enfermagem,  os  cursos  de  origem  dos  integrantes  do  PET  CNX 

Educomunicação. “As distintas áreas do conhecimento contribuem [...] para discutir e 

propiciar  perspectivas  e  análises  sobre  temáticas  derivadas  de  diferentes métodos 

científicos.  As  diversas  concepções  filosóficas  da  vida,  experienciada  pelos  petianos 

inseridos em grupos sociais diferentes, proporcionam ao grupo não o conflito, mas o 

diálogo  entrelaçado  a multiplicidades  que  hoje, mais  abertamente,  devem  chegar  à 

universidade”.  

O perfil dos pesquisadores em formação se refletiu nas suas pesquisas. 

No quinto capítulo, Pesquisa científica no PET Conexões: novos olhares, assinado por 

quatro  petianos,  são  caracterizados  os  estudos  desenvolvidos  pelos  integrantes, 

individual  ou  coletivamente.  O  olhar  interdisciplinar  e,  sobretudo,  a  atenção  às 

minorias sociais – o negro, o pobre, a mulher, o velho, a pessoa com deficiência – têm 

marcado  a  investigação  científica  e  a  produção  de  conhecimento  dos  petianos 

conexistas.  “Os  estudos  estão  imersos  no  processo  de  busca  por  superações  de 

paradigmas  midiáticos  e  educacionais  e  objetivam  o  entendimento  social  para  a 

efetivação  de  uma  contribuição  que  promova  o  retorno  à  sociedade,  o 

desenvolvimento  social,  e  a  continuidade  do  processo  de  empoderamento  também 

por parte das comunidades populares.” 

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Finalmente,  O  PET  em  Conexão  com  os  Saberes  das  comunidades 

populares  urbanas,  cujas  autoras  são  quatro  integrantes  de  diferentes  gerações  do 

PET,  evidencia  as  atividades  de  extensão  do  PET  CNX  Educomunicação:  o  Ciclo  de 

Ideias, o Choque Cinematográfico, a Educação de  Jovens e Adultos, as atividades de 

inclusão  digital,  a  produção  de  informativos  com  professores  da  rede  pública  e 

comunidade  terapêutica  de  atendimento  a  dependentes  químicos  e  outra  ações.  A 

perspectiva é uma extensão como “via de mão‐dupla, em que o mais  importante é a 

troca de saberes e não uma  imposição de conhecimentos de apenas umas das partes 

envolvidas”. 

Os  seis  capítulos podem  ser  lidos  em  sequência,  como  a narrativa de 

uma  história  com  pouco  mais  de  três  anos  e  muitas  particularidades,  ou 

separadamente, como o registro de um ângulo de quem olha devagar para reparar na 

paisagem. Em todos os ângulos, o leitor perceberá o registro da história do nascimento 

do PET CNX Educomunicação, como um fio condutor que permeia todos os capítulos, 

como uma necessidade de resgate por parte de todos os autores. 

São capítulos que trazem respostas para parte das perguntadas listadas 

no  começo  desta  apresentação  e  para  outras  que  o  leitor  possa  ter.  A  parte  não 

respondida  não  é  projeto,  não  é  plano  de  trabalho,  não  tem  definição  nem 

cronograma. Dificilmente vira publicação. São encontros de vivências e empatias, sem 

agenda, que só a permanência qualificada em determinado espaço pode proporcionar. 

Conexões de saberes que compõem identidades, unem lugares e empoderam sujeitos. 

   

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1 REFLEXÕES SOBRE EDUCAÇÃO TUTORIAL E SEUS DESAFIOS: DOS ASPECTOS JURÍDICOS À BUSCA DA APRENDIZAGEM AUTÔNOMA 

  

Adriana C. Omena Santos15 

Andressa Garcia Castilho16 Norberto de J. Tavares17 

Rita de Cássia Melo18  

 A educação como direito e o Programa de Educação Tutorial  

 

Do  ponto  de  vista  jurídico  é  possível  verificar  na  Constituição  Federal  da 

República Federativa do Brasil de 1988, que a educação é direito fundamental. Desse 

modo,  é  certo  que:  “a  educação,  primeiramente,  foi  assegurada  como  direito 

fundamental tanto nos documentos Internacionais como nos Nacionais [...] [e] em um 

segundo momento a educação passa a um instrumento garantidor de outros direitos" 

(EMILIO, 2014, s. p.). 

Uma possibilidade de entendimento aceito em pesquisa acerca do assunto se 

pauta  na  análise  de  instrumentos  legais  de  cunho  internacional,  uma  vez  que,  na 

Declaração Universal  dos  Direitos  do  Homem,  de  1948,  em  seu  artigo  26,  inciso  I, 

encontra‐se a defesa de que “todos têm direito à educação”.  

Tal  configuração  se  confirma  com  o  fato  de  que  a  educação  como  direito 

fundamental também se encontra assegurada no Pacto Internacional sobre os Direitos 

Sociais e Culturais, de 1966, que, no  artigo 13.º, dispõe que:  “os  Estados partes no 

presente pacto reconhecem o direito de toda pessoa à educação […]” (EMILIO, 2014, s. 

p.).  Assim,  é  possível  afirmar  que  “todos”  têm  direito  à  educação,  segundo  esses 

instrumentos internacionais. 

De  igual modo,  na  Convenção  sobre  os  Direitos  da  Criança,  de  1989,  assim 

15  Doutora  em  Comunicação  pela  Escola  de  Comunicações  e  Artes  da  Universidade  de  São  Paulo (ECA/USP), coordenadora Geral do Programa Conexões de Saberes na UFU e tutora do PET Conexões de Saberes Educomunicação da Faculdade de Educação da UFU. E‐mail: [email protected] 16  Estudante  de  graduação  em  Pedagogia  na  UFU  e  membro  do  PET  Conexões  de  Saberes 

Educomunicação. E‐mail: [email protected]. 17  Bacharel  e mestre  em  Direito  pela  Universidade Metodista  de  Piracicaba  (Unimep),  professor  na Universidade Presidente Antonio Carlos (Unipac/Uberlândia) e professor colaborador do PET Conexões de Saberes Educomunicação. E‐mail: [email protected]. 18  Estudante  de  graduação  em  Pedagogia  na  UFU  e  bolsista  do  PET  Conexões  de  Saberes Educomunicação. E‐mail: [email protected].

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como  na  Declaração Mundial  sobre  a  Educação  para  Todos,  de  1990,  o  direito  à 

educação  está  manifestado  preambularmente:  “considerando  que  cabe  preparar 

plenamente a criança para viver a vida  individual na sociedade e ser educada  […]” e 

“relembrando  que  a  educação  é  um  direito  fundamental  de  todos,  mulheres  e 

homens, de todas as idades, no mundo inteiro” (EMILIO, 2014, s. p.).  

Em suma, no âmbito internacional, a educação é tida como premissa de direito 

de  cunho  fundamental.  No  ordenamento  jurídico  brasileiro,  é  assegurada  na 

Constituição Federal, sob a insígnia dos direitos e garantias fundamentais, alcunhados 

doutrinariamente por cláusulas pétreas (SILVA, 2013), como no Capítulo III, Seção I, em 

que se afirma que: “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será 

promovida  e  incentivada  com  a  colaboração  da  sociedade,  visando  ao  pleno 

desenvolvimento  da  pessoa,  seu  preparo  para  o  exercício  da  cidadania  e  sua 

qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988, Art. 205).  

Desse modo, além de garantir direito a todos, o Estado deve ainda promover o 

pleno  desenvolvimento  da  pessoa,  seu  preparo  para  o  exercício  da  cidadania  e  de 

qualificação  para  o  trabalho,  compreendendo‐se  que  o  desenvolvimento  da  pessoa 

educanda deverá ser total, absoluto, completo e  inteiro. Demonstra‐se que a cultura 

intelectual deve se encontrar em  tal condição que possa dar entendimento à pessoa 

educanda de  seu exercício para a cidadania em  todos aspectos de gozo dos direitos 

civis e políticos de um Estado. 

Nesse  contexto,  é  possível  discorrer  que  o  direito  à  educação  se  insere  no 

conceito  primordial  de  direito  fundamental.  Cabe  ressaltar,  contudo,  que  não  se 

reconhece o direito à educação apenas para as primeiras letras. Ao contrário, o direito 

à  educação  superior  encontra  respaldo  e  está  expresso  na  Constituição  Federal  do 

Brasil  e  disciplinado  em  lei  própria,  a  Lei  9394/96,  denominada  Lei  de  Diretrizes  e 

Bases da Educação (LDB), que contempla o sistema educacional como um todo, desde 

o ensino infantil até a pós‐graduação (BRASIL, 1996). Outro ponto que merece atenção 

diz  respeito  à  autonomia,  haja  vista  que  a  Constituição  estabelece  que  “as 

universidades  gozam  de  autonomia  didático‐científica,  administrativa  e  de  gestão 

financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, 

pesquisa e extensão” (BRASIL, 1988, Art. 207).  

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Exatamente  neste  ponto  é  que  surgem  dados  para  as  reflexões  iniciais 

apresentadas,  que  partem  do  pressuposto  de  que  o  direito  à  informação,  à 

comunicação,  à  educação  com  vista  à  indissociabilidade  entre  ensino,  pesquisa  e 

extensão  viabilizam  uma  formação  cidadã.  Assim,  iniciativas  que  contemplem  a 

inserção do educando com diferentes conceitos e valores merece olhar mais atento, 

como é o caso do Programa de Educação Tutorial (PET). 

O PET é uma iniciativa do Governo Federal que estimula atividades de pesquisa, 

ensino  e  extensão  universitária  em  nível  de  graduação,  com  vista  à  excelência  na 

graduação  e  na  pós‐graduação.  O  incentivo  à  pesquisa  é,  também,  um  aspecto 

abordado nos princípios e finalidades da educação brasileira. De acordo com a LDB, em 

seu artigo 43, capítulo IV, inciso III, é importante “incentivar o trabalho de pesquisa e 

investigação  científica,  visando  ao  desenvolvimento  da  ciência  e  da  tecnologia  e  da 

criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e 

do meio em que vive”. A  lei ressalva que é  importante o ato de pesquisar para o ser 

humano, pois isso possibilitaria ao ser humano aprender e perceber sua relação com o 

mundo em que está inserido.  

Neste contexto, cabe ressaltar que o PET é um programa que  tem entre seus 

objetivos incentivar todos esses aspectos e ainda apresentar a seus ingressantes o que 

é  a  universidade  –  seu  funcionamento,  suas  finalidades  e  seus  princípios  –,  com  o 

intuito de contribuir com a formação qualificada e cidadã do discente. 

 O  funcionamento  do  programa  é  explicitado  por  meio  de  um  Manual  de 

Orientações Básicas do Ministério da Educação (MEC). O MEC é subdivido em diversas 

secretarias e subsecretarias que coordenam as ações da educação nacional. O PET é 

subordinado  à  Secretaria  de  Ensino  Superior  (Sesu),  que  é  o  setor  responsável  por 

orientar,  planejar,  coordenar  e  supervisionar  o  processo  de  formulação  e 

implementação da Política Nacional de Educação Superior. Além disso,  tem a  função 

de  manter  e  supervisionar  o  desenvolvimento  das  Instituições  Federais  de  Ensino 

Superior  (Ifes)  e  fazer  a  supervisão  das  instituições  privadas  de  educação  superior, 

conforme a LDB.  

Para participar de um grupo PET é necessário, primeiramente, que a instituição 

de  ensino  superior  (IES)  concorra  aos  editais  do MEC  voltados  para  a  formação  de 

novos grupos. O  tutor elabora o projeto e encaminha para o MEC revisar e avaliar a 

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pertinência  e  o  financiamento  da  proposta  elaborada.  Após  a  aprovação,  com  os 

recursos disponibilizados, os tutores efetuam uma chamada pública para seleção dos 

discentes que serão novos membros do projeto, os petianos, que poderão ser bolsistas 

ou voluntários. 

O PET foi criado em 1979, no governo do general de João Baptista de Oliveira 

Figueiredo, com o nome original de Programa Especial de Treinamento. Até 1999, o 

programa esteve submetido à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível 

Superior (Capes), passando depois para o MEC. Entre 1995 e 2003, quando o ministro 

da  Educação  era  Paulo  Renato  de  Souza,  o  governo  tentou,  por  diversas  vezes, 

extinguir  o  programa,  sob  a  alegação  de  que  era  oneroso  aos  cofres  públicos, mas 

esbarrou em forte oposição da comunidade acadêmica. Em 2004, na gestão de Tarso 

Genro no MEC, o nome  foi  alterado para Programa de  Educação  Tutorial  (MÜLLER, 

2003). 

A  constituição  de  um  grupo  de  discentes  vinculado  a  um  ou mais  cursos  de 

graduação para desenvolver ações de ensino, pesquisa e extensão sob a orientação de 

um  professor  tutor  visa  oportunizar  aos  estudantes  participantes  a possibilidade  de 

ampliar a gama de experiências em sua  formação acadêmica e cidadã. Assim, o   PET 

objetiva  complementar a perspectiva  convencional de educação escolar, oferecendo 

uma  formação acadêmica de excelente nível, visando à  formação de um profissional 

crítico e atuante, orientada pela cidadania e pela função social da educação superior. 

Algumas  atividades  desenvolvidas  no  programa  possibilitam  essa  formação, 

dentre  elas:  ações  coletivas  que  aprimoram  a  capacidade  de  trabalho  em  grupo;  a 

facilitação do domínio dos processos e métodos gerais e específicos de  investigação, 

análise e  atuação na  área de  conhecimento  acadêmico‐profissional; o  envolvimento 

dos bolsistas em  tarefas e atividades que propiciem o aprender  fazendo e  refletindo 

sobre  a  promoção  da  integração  da  formação  acadêmica  com  a  futura  atividade 

profissional,  especialmente  no  caso  da  carreira  universitária,  por meio  de  interação 

constante com o futuro ambiente profissional.  

É  imprescindível,  neste  processo,  uma  das  particularidades  do  programa,  a 

educação  tutorial, no que  se  refere  à  figura do  tutor, uma  vez que, de  acordo  com 

Koltermann (2006, p. 2), 

  

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15

A atividade de Tutoria, especialmente dentro do âmbito da educação, diz respeito ao acompanhamento próximo e à orientação sistemática de grupos de acadêmicos  realizada por profissionais experientes na área  de  formação.  O  processo  de  aprendizagem,  para  ser  efetivo, implica  a  presença  de  alguém  que  tenha  o  papel  de mediador  e facilitador para o  aprendiz, do novo  a  ser  conhecido,  enfrentado  e assimilado. Tutorar  significa  cuidar, proteger, amparar,  representar, defender e assistir.  

 Com base nesta figura catalisadora que é o tutor, o grupo tende a  integrar‐se 

dentro  de  propostas  relacionadas  a  sua  área  de  formação  e  dotada  de  elevados 

padrões  científicos,  técnicos,  tecnológicos,  culturais  e  éticos,  garantindo  o  melhor 

desempenho dos alunos e a apreensão de novos conhecimentos em sua área, áreas 

correlatas e afins. 

O tutor tem a missão de estimular o aluno em uma aprendizagem por meio de 

vivências,  reflexões,  discussões  e  cooperação.  Ele  também  é  responsável  pelo 

planejamento  e  supervisão  das  atividades,  por  orientar  os  petianos  no  caminho  de 

uma  aprendizagem  adequada  às  necessidades  do(s)  curso(s)  como  um  todo,  bem 

como  pelo  bom  desempenho  do  grupo.  Esse  sistema  colaborativo  que  permeia  as 

ações dos petianos  facilita a construção do processo de autonomia deles mediante a 

busca de conhecimento e de fortalecimento do programa. Tal situação se aproxima do 

que defende Freire (2010, p. 24‐25), quando afirma que "quanto mais criticamente se 

exerça a capacidade de aprender tanto mais se constrói e se desenvolve o que venho 

chamando  'curiosidade epistemológica', sem a qual não alcançamos o conhecimento 

cabal do objeto". 

O tutor, em seu processo de intervenção para a viabilização de novos saberes e 

desafios,  permite  aos  petianos  criar  uma  relação  de  aprendizagem  baseada  na 

concepção  de  Paulo  Freire  de  buscar  a  práxis  a  todo  instante  para  instaurar  novos 

saberes reflexivos mediante outras práticas. Cabe, ainda, acrescentar a este contexto 

que, para Martins (2008, p. 15), 

 

A tutoria proporciona ao aluno assumir responsabilidades sobre a sua própria aprendizagem e desenvolvimento pessoal, além de ampliar a sua visão de mundo e dimensionar o seu papel social. O manejo de conflitos e o exercício de comunicação entre colegas e responsáveis pelo  ensino  são  também  valores  educacionais  inerentes  e significativos a tutoria. 

 

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16

Em  suma,  o  PET  é  uma  ferramenta  enriquecedora  no  âmbito  acadêmico  e 

contribui  para  a  melhoria  dos  cursos  de  graduação  nos  quais  está  inserido.  Essa 

contribuição  se  dá  por  meio  da  realização  de  eventos  que  proporcionam  ampla 

socialização dos conhecimentos produzidos, da produção de pesquisas que auxiliam no 

aprofundamento  das  mais  diversas  áreas  que  os  cursos  abrangem  e,  ainda,  da 

interação com a comunidade por intermédio dos projetos e atividades de extensão. 

 

 

O surgimento do PET Conexões de Saberes Educomunicação e o processo de criação 

da autonomia na aprendizagem dos petianos 

 

O  PET  Conexões  de  Saberes  surgiu  com  uma  proposta  idêntica  ao  descrito 

tradicionalmente, contudo, possui fundamentalmente um recorte em relação à classe 

social a que o aluno pertence19. Tal situação caracterizou uma nova configuração do 

perfil dos  ingressos, que, neste  grupo,  são  selecionados entre  alunos de  famílias de 

baixa classificação socioeconômica, advindos de comunidades urbanas periféricas com 

recorte na renda salarial familiar de, no máximo, três salários mínimos. 

A  origem  do  PET  Conexões  de  Saberes  está  no  ano  de  2010,  quando  o 

Programa  Conexões  de  Saberes  (PCS)  foi  inserido  no  PET,  sendo  lançado  um  edital 

conjunto.  O  PCS  consistia  em  um  programa  de  ação  afirmativa,  criado  em  2003, 

voltado para a permanência qualificada de alunos de comunidades populares urbanas 

e com vista a atividades bastante similares às desenvolvidas no PET20. 

A  inserção do PCS no PET, para André Luiz de Figueiredo Lázaro, secretário da 

Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) em 201021, só 

veio a contribuir com o sistema de ensino, pois, a intenção do PET Conexões passaria a 

ser a “formação de uma elite de alunos de origem popular que mantenha seus vínculos 

19 Informações detalhados do grupo PET Conexões de Saberes Educomunicação pode ser encontrado no capítulo quatro da presente obra. 20  Informações mais detalhadas sobre o programa Conexões de Saberes são apresentadas no capítulo três. 21  Em  2011,  foi  transformada  em  Secretaria  de  Educação  Continuada,  Alfabetização,  Diversidade  e Inclusão (SECAD).

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17

com  as  comunidades  de  origem”22,  algo  aparentemente  ignorado  pelos  PET 

tradicionais.  

Na  Universidade  Federal  de  Uberlândia  (UFU),  atualmente,  existem  e 

funcionam  três  grupos  de  PET  Conexões:  o  Educomunicação,  grupo  interdisciplinar, 

que envolve os cursos de Licenciaturas, Pedagogia e Comunicação Social: habilitação 

em  Jornalismo;  o  (Re)conectando  saberes,  fazeres  e  práticas:  rumo  à  cidadania 

consciente; e o Saúde,  cultura e  saberes:  resgate dos direitos humanos,  cidadania e 

pluralidade. 

O objetivo do grupo PET Conexões Educomunicação é desenvolver um diálogo 

interdisciplinar  entre  os  cursos  envolvidos  e,  por meio  das  atividades  de  extensão, 

promover  a  troca  de  saberes  com  as  comunidades  populares,  ou  seja,  os  locais  de 

origem dos participantes dos grupos PET Conexões.  

A programação do PET Conexões Educomunicação contempla outras propostas 

e  atividades,  como  o  Ciclo  de  Estudos  sobre  Educomunicação,  feito  a  partir  de 

demandas  oriundas  de  projetos  que  trabalham  a  interdisciplinaridade  entre 

comunicação e educação nas comunidades populares e na rede pública de ensino de 

Uberlândia/MG;  o  Ciclo  de  Oficinas  Educomunicativas,  com  professores,  alunos  da 

rede pública de ensino e comunidades populares urbanas, para refletir sobre o uso das 

mídias  na  educação;  a  mostra  de  cinema  Choque  Cinematográfico;  um  curso  de 

extensão  com  formação e apropriação em mídias digitais; grupos de estudo  com  as 

comunidades  acerca  do  tema  Educomunicação  e  meio  ambiente,  entre  outras 

atividades. Sendo assim, o PET Conexões Educomunicação busca promover a troca de 

saberes entre a universidade e comunidades populares urbanas para que a construção 

de um pensamento mais crítico na sociedade seja viável. 23 

Para  que  a  aprendizagem  ocorra  dentro  do  sistema  utilizado  pelo  projeto  é 

necessário desenvolver,  junto aos petianos, a curiosidade e a autonomia com relação 

ao  seu  próprio  processo  de  ensino‐aprendizagem.  Autonomia  é  compreendida  aqui 

como liberdade e, na educação, com o significado da capacidade de auto‐organização 

dos  estudos,  sem  que  haja  uma  dependência  total  do  professor, mas  sim,  que  o 

22  Informação  verbal  via  Videoconferência  MEC/  SECAD  acerca  da  junção  do  PCS  e  PET  CNX,  em 23/08/2010 23  Nos  capítulos  seguintes  são  disponibilizadas  informações  detalhadas  acerca  das  atividades  de pesquisa e de extensão desenvolvidas pelo grupo PET CNX Educomunicação.

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18

discente seja capaz de administrar o seu tempo de dedicação no aprendizado e realizar 

as escolhas sobre as fontes de informação. 

Para Freire  (2008) é essencial que se respeite a autonomia do educando para 

que a prática educativa seja ética. Não é, portanto, um favor que se faz ao outro, e sim 

uma premissa imprescindível da nossa própria natureza humana. O tutor, no processo 

de construção da autonomia do grupo em suas aprendizagens, deve compreender que  

 

O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, a sua sintaxe  e  a  sua  prosódia;  o  professor  que  ironiza  o  aluno,  que  o minimiza, que manda que “ele se ponha em seu lugar” ao mais tênue sinal de sua rebeldia legítima, tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de propor limites à liberdade do aluno, que se furta ao dever de ensinar, de estar respeitosamente presente à  experiência  formadora  do  educando,  transgride  os  princípios fundamentalmente éticos de nossa existência. (FREIRE, 2008, p. 59). 

 

A compreensão é de que a autonomia está diretamente ligada à decisão. Assim, 

quando  o  petiano  se  torna  autônomo  e  consegue  definir  quais  suas  preferências, 

capacidades e habilidades, a educação cumpre o seu papel de  formar  indivíduos que 

saibam  tomar suas próprias decisões, pensando e executando. Na  importância de se 

respeitar  a  autonomia  e  a  identidade  do  discente,  está  implícita  a  necessidade  de 

transformar uma educação bancária, assistencialista e que enche o educando de um 

falso  saber  em  uma  educação  problematizadora,  em  que  as  pessoas  percebam  o 

mundo criticamente. 

Resgatamos, neste ponto, as considerações de Paulo Freire ao esclarecer que a 

educação bancária se refere ao treinamento do aluno, em que o professor conhece e 

lhe oferece/deposita os conhecimentos. Esse  tipo de educação é um  instrumento de 

opressão na medida em que deixa o diálogo de  lado e trata o aluno como se ele não 

tivesse nenhum tipo de conhecimento. Por isso, os grupos PET, normalmente, tomam 

as decisões de suas atividades de maneira coletiva em reuniões periódicas, em que se 

definem, inclusive, quais seriam as pesquisas contempladas, os projetos de extensão e 

demais atividades com que todo o grupo se envolverá. 

Nessa relação é importante que o tutor viabilize junto ao grupo uma autonomia 

para que os estudos e o desenvolvimento de projetos sejam naturais, evitando que se 

Page 23: Livro conexoes de saberes no pet educomunicacao novas interfaces

19

constituam  apenas  como  obrigações  do  petiano.  Em  nosso  grupo,  a  liberdade  de 

criação, escolha e tomada de decisão teve seu progresso ao  longo de cada atividade, 

pois  a  educação  tutorial  é  uma  contemplação  de  nossas  próprias  aprendizagens  e 

busca  enquanto  pesquisadores.  Para  Freire  (1996),  “não  é  possível  a  educação 

bancária  se  tornar  uma  prática  da  liberdade  sem  superar  a  contradição  entre  o 

educador‐educando, pois a partir disso surge uma nova relação, onde se é considerado 

que  o  educador  ao  educar  está  sendo  também  educado  por  seu  educando”.  Há  a 

importância  do  diálogo,  do  ouvir  o  outro,  da  problematização  por  parte  dos 

educandos,  de modo  a  promover  investigadores  críticos  sempre  em  diálogo  com  o 

educador, o que, no caso em questão, pode ser considerado o processo de tutoria. 

 

Desta maneira, o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado,  também  educa.  Ambos,  assim,  se  tornam  sujeitos  do processo  em  que  crescem  juntos  e  em  que  os  “argumentos  de autoridade”  já,  não  valem.  Em  que,  para  ser‐se,  funcionalmente, autoridade,  se  necessita  de  estar  sendo  com  as  liberdades  e  não contra elas. (FREIRE, 1987, p. 39, grifos do autor).   

Cabe  acrescentar  às  reflexões  as  considerações  de  Zatti  (2007,  p.17),  para 

quem a autonomia é uma condição. Sua construção envolve aspectos como o poder 

para determinar a própria lei, ligado à liberdade, e o poder ou a capacidade de realizar 

este  aspecto,  relacionado  com  a  capacidade  de  fazer.  Para  que  possa  existir  a 

autonomia  é  necessário  que  esses  dois  aspectos  estejam  presentes,  pois  o  pensar 

autônomo também precisa fazer autônomo. Outro pensador que fez da autonomia um 

dos  principais  objetivos  da  educação  foi  Piaget,  que,  apud  Kamii  (1988  apud  Zatti 

(2007, p.68), afirma que  

 

a  partir  da  teoria  de  Piaget  podemos  dividir  a  autonomia  em  dois aspectos,  o  moral  e  o  intelectual.  Para  a  autonomia  moral,  é importante que as crianças tornem‐se capazes de tomar decisões por conta  própria,  que  sejam  capazes  de  considerar  os  aspectos relevantes  para  decidir  o  melhor  caminho  a  seguir.  Isso  implica aprender a  levar em conta os pontos de vista das outras pessoas,  já que para este autor, a autonomia moral se alcança a partir da  inter‐relação  com  as  demais  pessoas.  Autonomia  intelectual  é  a capacidade de  seguir a própria opinião, enquanto a heteronomia é seguir  a  opinião  de  outra  pessoa. Nessa  obra  não  discutiremos  as 

Page 24: Livro conexoes de saberes no pet educomunicacao novas interfaces

20

contribuições  de  Piaget  quanto  ao  tema  autonomia  e  educação devido à delimitação necessária.  

Zatti  (2007)  fala  a partir da pedagogia  kantiana: para que  a  educação  forme 

sujeitos autônomos, ela deve unir a experiência e a razão, pois se o indivíduo se basear 

somente pelo raciocínio puro, ele estará alheio à realidade e não haverá a superação 

da heteronomia. Caso  se guie só pela experiência  também não haverá a autonomia, 

pois,  segundo  Kant,  a  autonomia  acontece  quando  o  indivíduo  segue  a  lei  que  sua 

própria razão proporciona.  

Contribuições  importantes  à  reflexão  são  as  considerações de Pistrak  (2000), 

que  também  afirma  que  se  quisermos  desenvolver  a  vida  coletiva  devemos  formar 

entre  os  jovens  não  somente  a  aptidão  para  esse  tipo  de  vida,  mas  também  a 

necessidade de viver e trabalhar coletivamente na base da ajuda mútua. Esse aspecto 

está  fundamentalmente  ligado  às  atividades  que  desenvolvemos  no  PET  Conexões 

Educomunicação,  tanto  de  pesquisa  quanto  de  extensão,  na  construção  de  um 

trabalho grupal, com vistas a uma cultura da aprendizagem. 

Franco e  Ferreira  (2007  apud BARRETT, 1995)  afirmam que uma organização 

com uma  cultura de  aprendizagem possui  várias  características. Primeiro,  apresenta 

processos  de  aprendizagem  ao  longo  da  vida,  abrangendo  a  aprendizagem  e  a 

formação contínua, assim como  incentiva e/ou facilita aos membros que aprendem e 

experimentam  Segundo,  é  uma  organização  com  um  ambiente  de  aprendizagem, 

demonstrado pela  liberdade que as pessoas têm em fazer algo e de não terem medo 

de falhar, pois existe a aceitação dos erros e da falha sem punição (BARRETT, 1995). 

De  acordo  com  o  artigo  de  Franco  e  Ferreira  (2007),  para  se  alcançar  um 

processo de aprendizagem  contínua, é necessário mudar algumas atitudes  como: as 

organizações que aprendem necessitam de uma cultura em que  todos os  indivíduos, 

sem exceção, compartilhem dos valores organizacionais. Um clima de confiança e de 

respeito  entre  todos  os  intervenientes  e  aspectos  como  a  mudança/adaptação, 

inovação  e  criatividade  são  fatores  a  ter  em  consideração.  Esses  são  aspectos  que, 

além  de  contribuir  para  uma  cultura  de  trabalho,  também  estiveram  presentes  no 

decorrer de nossa autonomia que o tutor desenvolveu ao longo dos anos. 

Segundo  as  autoras,  para  que  isso  ocorra  é  necessária  uma  estrutura  da 

organização  que  aprenda  a  ser  flexível,  adaptável  e  descentralizada.  Em  tal 

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21

configuração, o tutor pode ser visto como um elemento central de todo esse processo 

de  deixar  livre  a  criação  do  grupo,  mas  se  manter  vigilante  de  suas  funções  e 

intervenções que são necessárias. 

 Para  Franco  e  Ferreira  (2007),  a  partilha  de  informação/conhecimento  pode 

ser  considerada  como  o  principal  capital  das  organizações  e  encontra‐se, 

efetivamente,  no  conhecimento  individual  dos  colaboradores  e  na  capacidade  em 

aprender  e  inovar  coletivamente.  Assim,  é  possível  afirmar  que,  para  uma 

aprendizagem  autônoma,  é  imprescindível  o  papel  de  colaborador/facilitador.  Da 

mesma maneira, nos grupos PET, é valiosa a contribuição do tutor, por meio de uma 

comunicação correta e de um adequado esforço de reconhecimento, que precisa estar 

constantemente  preocupado  em manter  a motivação  e  o  foco  grupo,  pois  quanto 

maior  a  participação  dos  integrantes, maior  é  o  seu  compromisso  com  relação  ao 

trabalho,  com  a  organização  e  com  uma  postura  de  aprendizagem  e  atividades 

desenvolvidas de maneira autônomas.  

 

 

Referências  

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Page 26: Livro conexoes de saberes no pet educomunicacao novas interfaces

22

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23

2 EDUCOMUNICAÇÃO: INTERFACE DE CAMPOS DE CONHECIMENTO E CONCEPÇÕES   

Ana Gabriela Faria Silva24 Diva Souza Silva25 

Neimar da Cunha Alves26 Paula Nohanna Macedo Guimarães27 

 

  Educação e comunicação na contemporaneidade     Na Modernidade, em particular no  inicio do século XX,  imperava na sociedade 

um modelo de educação formal que enxergava o aluno como um simples receptor de 

conhecimentos  previamente  escolhidos  pela  escola.  Contudo,  diante  dos  vários 

desafios da sociedade atual e das transformações sociais, culturais e educacionais, nos 

deparamos  com  algumas  vertentes,  como:  desconsiderar  a  influência  dos  meios; 

incorporá‐los  sem  empenhar‐se  em  explicá‐los;  explicá‐los  sem  atentar‐se  para  a 

contextualização;  ou  empregar  a  Educomunicação.  Esta  última  refere‐se  ao  fato  de 

que os estudantes também estão levando novos conhecimentos à sala de aula. Diante 

disso, faz‐ se necessário compreender o que é a Educomunicação. 

  A  partir  do  momento  em  que  consideramos  a  informação  como  um  fator 

fundamental  para  a  educação,  reconhecendo  a  inter‐relação  entre  comunicação  e 

educação como um novo campo de  intervenção social e de atuação profissional, este 

artigo se faz necessário para fortalecer teoricamente os conceitos da Educomunicação 

e estabelecer a importância desse campo frente a essa realidade que não se trata mais 

de meramente transmitir‐lhes conhecimento. Para  isso, é preciso capacitar os alunos 

para  que  saibam  o  que  estão  recebendo  e  para mediar  essa  apreensão  de  novos 

24 Estudante do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e bolsista do PET Conexões de  Saberes  Educomunicação  da  Universidade  Federal  de  Uberlândia.  e‐mail [email protected]  25 Doutora em Educação pela Universidade Federal de Meninas Gerais (UFMG), docente no Programa de Pós‐Graduação  em  tecnologias, Comunicação  e  Educação da UFU  e  colaborado do  PET Conexões de Saberes Educomunicação da Faculdade de Educação da UFU. E‐mail [email protected] 26 Estudante do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e bolsista do PET Conexões de Saberes Educomunicação da Universidade Federal de Uberlândia. e‐mail [email protected] 27  Estudante  do  Curso  de  Pedagogia  e  bolsista  do  PET  Conexões  de  Saberes  Educomunicação  da Universidade Federal de Uberlândia. e‐mail: [email protected]

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dados, visto que o discente é, agora, o protagonista e que o mais  importante não é 

simplesmente receber, mas construir o significado sobre a informação. 

  Segundo Soares (2009), em meados dos anos 1940, limitava‐se o conhecimento 

à informação e a comunicação a um processo unidirecional. Somente a partir de 1980 

a  comunicação  passou  a  reconhecer  que  o  público  também  é  responsável  pela 

construção  das mensagens.  Da mesma  forma,  aconteceu  com  a  educação,  a  qual 

notou  que  seu  papel  ultrapassava  o  de  transmissora  e  tornava‐se  também  o  de 

mediadora, o que se dá pela interação do receptor/co‐construtor com outros atores e 

com o contexto que o envolve.  

No  fim  do  século  XX,  aconteceu  o  boom  tecnológico  e,  com  ele,  houve  o 

fortalecimento  desse  cenário  devido  à  disponibilidade  de  ferramentas  que,  para 

Rodrigues (2009, p. 4), “devem ser usadas para melhorar a performance de todos”. É 

importante  ressaltar  que,  segundo  a  autora,  a  tecnologia  não  é  completamente 

responsável por esse processo, mas contribui para a aprendizagem. Soares  (2000, p. 

19), citando Gomez, complementa: “a comunicação é vista como um componente do 

processo educativo e não através do recorte do ‘messianismo tecnológico’”. 

Diante da convergência de objetivos entre a comunicação e a educação, torna‐

se possível desconstruir a crítica sobre a nova  inter‐relação, que diz ser  impossível a 

união entre esses campos que “jamais poderiam integrar‐se, sob a suspeita de estarem 

perdendo  sua  identidade  e  razão  de  ser”  (GARCIA  apud  SOARES,  2000,  p.  19). 

Entretanto,  “a  Educomunicação  se  apresenta  com  autonomia:  tem  filosofia  própria, 

história e reconhecimento da sociedade” (RODRIGUES, 2009, p. 2).  

Ainda  de  acordo  com  Soares  (2008,  s.  p.),  quando  o  termo  –  até  hoje 

estranhado  por  quem  acredita  que  “toda  comunicação  deveria,  por  si mesma,  ser 

adjetivada como comunicativa” – começou a ser utilizado, era restrito no que tange a 

identificar a educação para a comunicação, destinada a construir um senso crítico em 

relação à mídia. Hoje,  já  se  firma como “educação pela comunicação”. É  importante 

ressaltar que esta, para Freire (1976), citado por Soares (2000), incorpora o diálogo no 

processo educativo.  

A partir de 1960, o aparecimento de uma nova  cultura, denominada de pré‐

figurativa,  reconheceu que os adultos  também poderiam aprender  com os  jovens, e 

esse fator foi determinante para consolidar o surgimento da Educomunicação. A partir 

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desse  momento,  buscavam‐se  novos  modelos  pedagógicos  em  que  “os  adultos 

ensinem não o que os  jovens devem aprender, mas como devem  fazê‐lo.”  (SOARES, 

2000,  p.  21).  Esse  pensamento  é  essencial  para  que  o  profissional  da  nova  área, 

conhecido  como  educomunicador,  reconheça  um  novo  referencial  para  a  relação 

educador‐educando.  

 

Educomunicação como campo de estudo 

  

 Para  desenvolver  projetos,  antes  de  tudo,  é  preciso  compreender  a 

Educomunicação que irá norteá‐los. O maior expoente brasileiro no assunto é Ismar de 

Oliveira Soares. Ele elaborou pesquisas e estudos a respeito da construção do conceito 

de Educomunicação na sociedade, não apenas nacional, mas fazendo paralelos com a 

América Latina, os Estados Unidos e outros países considerados de melhor estrutura 

tecnológica e educacional. Soares apresenta exemplos retirados da Venezuela, em que 

há, no Estatuto da Criança e do Adolescente, direitos específicos ao alinhamento entre 

pedagogia  da  educação,  meios  de  desenvolver  a  criticidade  da  sociedade  e, 

consequentemente,  sua melhor  expressão  comunicativa.  Outros  exemplos  vêm  da 

Colômbia, onde há metas para a gestão comunicativa em seus projetos educativos, e 

de São Paulo, em que existe o projeto de usar o rádio e outros meios de comunicação 

nas atividades escolares. O autor, então, agrupa o uso das tecnologias na educação, a 

educação  para  a  comunicação  e  a  gestão  comunicativa  sob  o  nome  de 

Educomunicação, um objeto das políticas educacionais que veio ganhando força com a 

sua presença constante em fóruns como os que aconteceram na Colômbia e no Brasil 

(ambos em 1999), reforçando que informação é uma das bases da educação. 

Na busca de informação aliada à educação através das mídias e das tecnologias, 

os profissionais da educação e os estudantes devem estar preparados para usá‐las de 

maneira  adequada,  pois  a  educação  e  a  comunicação  caminham  rumo  ao 

reconhecimento dos mecanismos midiáticos como interdiscursivos. Esses mecanismos 

transitam  como  formas  de  aprendizagem  e  saber  implicados  na  formação  de  um 

cidadão que se atualiza, que busca por adaptar‐se a uma realidade, que se preocupa 

com a satisfação do ser em aprender a aprender e também em aprender a conhecer.  

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Ainda em  relação à comunicação e à educação, existe a preocupação com os 

custos para  implantação desse sistema pelo governo. Há a alteração do estilo de vida 

da  sociedade  e  das  empresas  de  comunicação,  além  do  provável  choque  entre  a 

educação  formal e  a mídia que nem  sempre  conserva  valores  como  a ética. Muitos 

desprovidos  de  condições  financeiras  podem  ficar  à  margem  da  tecnologia  –  e  a 

desigualdade social seria mais evidente em países como o Brasil –, oum nos casos mais 

gravesm sequer conseguir entender e usufruir dos benefícios de informações.  

Tanto  na  América  Latina,  quanto  nos  Estados  Unidos  o  estudo  das 

transformações  devido  a  introdução  de  novas  tecnologias  e  manuseio  de  novos 

equipamentos para educar na sociedade (sejam homens de negócios ou crianças que 

serão alfabetizadas), é a chamada “mediação tecnológica na educação”. 

Soares cita as  importantes contribuições de Jesus Martín‐Barbero (1999) e seu 

conceito de ecossistema comunicativo, que reforça a ideia de que as tecnologias estão 

cada vez mais intrínsecas no dia a dia dos jovens, mas sem se esquecer dos meios que 

já existem e dos que são tão tradicionais. Soares  (2002), com base no que diz Daniel 

Pietro,  explica  que  não  existe  apenas  um  ecossistema  comunicativo, mas  vários. O 

autor ainda convida educadores, engenheiros, comunicadores, etc. para  trabalharem 

juntos na busca da introdução da tecnologia na educação, pois somente um indivíduo 

conectado pode ter uma boa aprendizagem. 

Em  Educação  para  a  Comunicação,  Soares  (2002)  apresenta  a  definição  que 

analisa os produtores de conteúdo, o processo de produção e a recepção do material, 

além da pedagogia aplicada para instigar a criticidade dos receptores de informações. 

Boa  parte  desses  projetos  começaram  a  serem  aplicados  em  centros  de  educação 

popular,  universidades,  organizações  não  governamentais,  et.c;  como  estudado  por 

Pablo Ramos. 

Ainda  segundo  Soares,  em  seus  estudos  sobre  educação  para  os meios,  são 

apresentadas  três  tendências  analisadas  nos  últimos  trinta  anos  no  continente 

americano: a vertente moralista  (que parte da defesa contra o  impacto negativo dos 

meios),  a  vertente  culturalista  (que  objetiva  ensinar  aos  educandos  como  se  portar 

diante  dos meios)  e  a  vertente  dialética  (que  propõe  análise  dos  receptores  e  dos 

meios de comunicação). 

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Nos Estados Unidos, também, nos últimos trinta anos, aconteceram três fases: 

a defensiva  (anos 1970), a de desautorização de programas na área  (anos 1980) e a 

retomada  (anos  1990).  A  primeira  trata  dos  efeitos  negativos  da  televisão,  por 

exemplo, na vida dos estudantes. Na segunda, o Partido Republicano parou de destinar 

verbas  para  pesquisas  e  programas  nessa  área.  Nos  anos  1990,  o  surgimento  da 

internet veio para  reacender o debate em  torno da mídia, os professores ganharam 

mais suporte e os alunos também. Para Kathellen Tyner, os promotores da educação 

ainda discordam entre eles sobre o que é ser crítico com relação à mídia e esse debate 

deve perdurar por muito tempo. 

As  empresas  de  comunicação,  como  CNN,  Discovery  Channel  e  outras, 

passaram a investir em programas educativos. A Organização das Nações Unidas para 

a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) vem financiando pesquisas e projetos sobre 

o tema. No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN n. 9394/96) 

abriu espaço para a educação e a comunicação e os Parâmetros Curriculares Nacionais 

(PCNs) salientam essa  importância. Entretanto, segundo Soares (2002), ações práticas 

ainda são muito isoladas a ações de ativistas, ao passo que faculdades e planejadores 

educacionais desconhecem o tema, dentre outros obstáculos.  

Soares (2002, s. p.) traz a definição de Educomunicação: “o conjunto das ações 

inerentes  ao  planejamento,  implementação  e  avaliação  de  processos,  programas  e 

produtos  destinados  a  criar  a  fortalecer  ecossistemas  comunicativos  e  espaços 

educativos  presenciais  ou  virtuais”.  A  gestão  comunicativa  é  tida  como  fonte  do 

trabalho  para  a  Educomunicação  e  é  apresentado  um  novo  especialista,  o 

educomunicador. 

Na educação, a comunicação contribui de  forma  imensa para que o processo 

educativo se  fortaleça. Esse conhecimento, atualmente, não é originário somente da 

educação tradicional, mas de diversas  formas de educação, como aquelas que direta 

ou  indiretamente  envolvem  as  Tecnologias  da  Informação  e  Comunicação  (TIC),  a 

mídia e os ecossistemas interdisciplinares.  

Para  melhor  esclarecer  como  se  dá  o  processo  de  Educomunicação, 

apresentaremos a seguir o trabalho desenvolvido pelo Programa de Educação Tutorial 

(PET)  Conexões  de  Saberes  Educomunicação  (PET  CNX  Educomunicação),  o  qual 

trabalha, em uma de suas vertentes, com a seguinte Educomunicação: educação para 

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e pela mídia, apropriação das ferramentas midiáticas pelo indivíduo em busca de ações 

que  viabilizem  efetivamente  a  cidadania.  Além  disso,  o  grupo  tem  a  intenção  de 

incentivar  a  interação  entre  universidade  e  comunidade  para  uma  efetiva  troca  de 

saberes,  como  preconiza  Soares  (2006  s.  p.):  “Isto  quer  dizer  que  o  domínio  da 

Educomunicação, mais do que um objeto a ser investigado, é um campo de relação de 

e  entre  saberes.  É  um  espaço  de  questionamentos,  de  busca  de  conhecimentos  e 

construções de saberes”.  

   A Educomunicação e o PET Conexões     O  PET  Conexões  de  Saberes  Educomunicação  nasceu  com  uma  proposta 

interdisciplinar envolvendo estudantes de cursos de Licenciatura e Pedagogia, voltados 

à  formação  de  educadores,  e  do  curso  de  Comunicação  Social:  habilitação  em 

Jornalismo. A educação por meio da mídia e a mídia sendo  instrumento de educação 

são os motes principais que movem a equipe em torno de leituras e compartilhamento 

de  conhecimentos  sobre  duas  frentes  que  podem  e  devem  dialogar:  a  prática 

jornalística  e  a  educação.  Tal  troca  de  saberes  é  fundamental  para  que  os  futuros 

profissionais  possam  pensar  em  estratégias  educomunicativas  desde  a  academia  e 

desenvolver diferentes projetos envolvendo a Educomunicação. 

O  ensino  de  Educomunicação  ocorre  dentro  da  equipe  por meio  de  leituras 

sobre  o  assunto  e  da  troca  de  conhecimento  e  experiências  entre  a  tutora  e  os 

petianos e entre os próprios petianos.  É  importante destacar que  a participação de 

membros colaboradores e convidados ajuda a fomentar novas ideias sobre o assunto, 

possibilitando  a  expansão  de  discussões  com  a  comunidade  externa  por  meio  de 

projetos de extensão. 

O  trabalho  ligado  à  Educomunicação  possibilita  ao  grupo  PET  desenvolver 

diversas atividades que aliam educação e comunicação, dentre os quais destacamos o 

Telecentro  comunitário  da  Universidade  Federal  de  Uberlândia,  coordenado  pela 

Faculdade de Educação  (Faced). É uma das ações do programa de  inclusão digital do 

Governo Federal idealizado pelo Ministério das Comunicações. 

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O Telecentro  foi utilizado pelo grupo PET para execução de projeto de extensão 

tendo  em  vista um  recorte de dois públicos  com demandas  em    conhecimentos de 

informática:  professores  da  rede  pública  e  idosos.  Foram  ofertados  cursos  de 

informática  básica  com  duração  total  de  três  meses,  sendo  que  a  seleção  dos 

participantes se deu por meio de edital divulgado na mídia da cidade de Uberlândia. 

A interdisciplinaridade e a pluralidade do grupo foram fundamentais para realizar o 

recorte do público‐alvo do  curso. Os  licenciandos que  integram o PET  conhecem de 

perto as necessidades dos professores da educação básica e as dificuldades inerentes à 

capacitação deles, como  falta de tempo e  impossibilidade de pagamento para algum 

curso  deste  tipo.  Os  idosos  também  estão  inseridos  em  um  cotidiano  que  exige 

crescentemente o uso de tecnologias como formas de acesso à informação, programas 

de assistência e redes sociais. 

O grupo PET passou por capacitação ofertada pelos responsáveis pelo Telecentro 

antes de  receber os alunos. Além disso, os petianos  compartilharam  conhecimentos 

entre  si  sobre  as  Tecnologias  da  Comunicação  e  Educação  (TICs),  software  livre  e 

inclusão digital. Houve ainda necessidade de aprofundamento no assunto por meio de 

pesquisa  teórica para a confecção dos materiais disponibilizados aos alunos e para o 

planejamento das aulas. 

Formaram‐se duas turmas de idosos, com dez alunos cada, e uma turma composta 

por dez professores.  Foram ensinados princípios de edição de  texto, apresentações, 

manuseio do computador, software, hardware, utilização da web, etc. As abordagens 

das aulas variavam de acordo com o público. No curso para professores procurava‐se 

destacar  a  utilização  da  informática  na  vida  escolar,  na  utilização  de  diferentes 

metodologias e nas pesquisas sobre conteúdos a serem trabalhados, enquanto que as 

aulas para os idosos exemplificavam exigências cotidianas. 

As  atividades  do  grupo  PET  relacionam‐se  à  Educomunicação  e  estão 

diretamente  ligadas  à  convivência  social,  visto  que,  segundo  Soares  (2006),  os 

participantes  dos  grupos,  ao  elaborarem  e  realizarem  um  novo  discurso, 

experimentam, na verdade, uma outra forma de convivência social, pautada, antes de 

tudo, no profundo  respeito a cada um dos  seus  integrantes”. O autor ainda  ressalta 

que  “esses,  por  sua  vez,  compreendem  que  se  os  pensamentos  e  as  decisões  são 

individuais, os debates e as ações são sempre coletivos”. A Educomunicação, sob uma 

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visão  política,  pode  ser  entendida  e  desenvolvida  no  grupo  PET  como  o  lugar  de 

encontro que possibilita debates acerca da diversidade de posturas, das diferenças e 

semelhanças,  das  aproximações  e  distanciamentos,  uma  vez  que  uma  de  suas 

propostas  é  dar  visibilidade  e  atender  as minorias.  Por  excelência,  é  uma  área  de 

transdiscursividade e, por isso, multidisciplinar e pluricultural. 

Outra  frente de atividades educomunicativas  são os eventos, dentre os quais 

destacamos  o  projeto As  TICs  na  Educação,  no  qual  foi  ofertado  um minicurso  aos 

professores  da  Educação  Básica  ministrado  pelos  próprios  petianos,  no  intuito  de 

subsidiar  novas  aplicações  de  tecnologias  em  sala  de  aula.  A  apropriação  de 

tecnologias é uma  tarefa árdua e que demanda  tempo, de modo que o  interesse da 

comunidade  externa  em  aprender  mais  demonstra  que  a  popularização  da 

Educomunicação faz‐se necessária. 

Uma  forma  de  divulgação  da  Educomunicação  tem  sido  a  “Semana  da 

Educomunicação”,  que,  por  sua  vez,  consiste  em  um  espaço  aberto  de  reflexão  e 

partilha  de  saberes  com  a  comunidade  acadêmica  interna  e  externa  em  mesas‐

redondas  com  especialistas,  além  dos  relatos  de  experiência  de  projetos 

educomunicativos práticos que se mostraram eficazes. 

O PET não somente chama a comunidade para dentro da universidade; o grupo vai 

até  a  comunidade.  O  informativo  “TransformAção”  foi  uma  das  mídias 

educomunicativas  elaboradas  pelo  PET  CNX  Educomunicação,  junto  à  comunidade 

terapêutica  “Nova  Criatura  de  Uberlândia”,  que  trata  de  dependentes  químicos  de 

drogas  lícitas e  ilícitas. O  grupo  capacitou os  interessados para  construir uma mídia 

que  tratasse  da  prevenção  às  drogas  e  do  protagonismo  de  quem  faz  parte  da 

comunidade.  Os  primeiros  números  foram  realizados  com  a  colaboração  dos 

coordenadores e, posteriormente,  já munidos de conhecimento, eles puderam “alçar 

voo” e continuar com as publicações sem a interferência dos petianos. 

  Regularmente, o PET reúne convidados no Ciclo de  Ideias para debater temas 

pouco abordados pela grande mídia e nas salas de aula, que se relacionam a minorias 

sociais  como  homossexuais  e  transexuais,  questões  de  gênero,  racismo,  etc.  No 

Choque  Cinematográfico,  após  a  exibição  de  um  filme  de  curta  metragem,  os 

especialistas ou pessoas com experiência no tema tecem seus comentários e debatem 

com a plateia assuntos controversos e ainda considerados tabus. 

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  Sendo  assim,  na  perspectiva  de  Soares,  podemos  definir  que  o  próprio  PET 

caracteriza  um  campo  educomunicativo,  porque  a  partir  da  transversalidade  de 

saberes entre os integrantes do grupo gera‐se uma ação e vários produtos. Em outras 

palavras, o próprio grupo é, em si, um movimento educomunicativo, como esclarece o 

conceito de Soares, o qual vai ao encontro do que assumimos como grupo: 

 

Como  um  tabuleiro  no  qual  se  lançam  pedras  para,  com  elas, construir grandes lances – assim se apresenta esse novo campo. Não importa  a  origem  das  peças,  assim  como  não  se  privilegia  quem possa colocá‐las ali. Seja qual for o tipo ou a forma de conhecimento, o campo não somente tem condições de recebê‐lo, mas, sobretudo, de promover o diálogo com ele e dele com os outros.  Isto é:  se há   –  ou  tem  de  haver  –  algo  que  particulariza,  caracteriza  ou  é específico  desse  campo  chamado  de  Educomunicação  é  a  sua capacidade de entrecruzar saberes, promovendo a interlocução ou a conversa  entre  os  que  constroem  e/se  utilizam  desses  saberes. (SOARES, 2006. p.3). 

  

  E  assim  é  o  PET  Conexões  Educomunicação,  desde  sua  origem,  durante  sua 

construção, até os dias atuais. Não  importa a origem de qualquer aluno. Os  saberes 

são múltiplos e unem alunos que cursam Enfermagem (Licenciatura), Educação Física, 

Letras, Comunicação Social e Pedagogia. Há conhecimentos de muitas áreas, trocados 

a  cada  roda de  conversa, a  cada encontro –  seja ele por acaso ou em um grupo de 

estudos – em diversos cantos da Universidade, dentro da sala do PET, entrecruzando 

saberes por meio dos mais diversificados tipos de relações.  

  Da mesma  forma  como  configura  o  grupo  PET  Conexões  Educomunicação,  a 

Educomunicação 

trata‐se, portanto, de um campo de ação política, entendida como o lugar de encontro debate da diversidade de posturas, das diferenças e semelhanças, das aproximações e distanciamentos. Por excelência, uma  área  de  transdiscursividade  e,  por  isso,  multidisciplinar  e pluricultural.  […]  É  um  espaço  político  entendido  também  como campo de ação prática. (SOARES, 2006, p.4).  

 

  Essa  tem sido a prática de nossos estudos e  incursões em diferentes meios e 

projetos, enxergando o campo de inclusão e ações políticas na diversidade. 

 

 

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32

Educomunicação como práxis   

Os  estudos  em  Educomunicação  possibilitam  aproximar  áreas  de 

conhecimentos e diminuir fronteiras de saberes, articulando educação, comunicação e 

cultura de forma significativa e contextualizada. Evidenciar os sujeitos protagonistas de 

suas  experiências  de  vida  e  formação  foi  um  dos  objetivos  do  presente  artigo  ao 

divulgar as experiências do PET Conexões Educomunicação e ampliar os estudos nessa 

área.  Experiências  como  essas  merecem  ser  mais  divulgadas  e  popularizadas  na 

academia  para  que  o  aprofundamento  em  novas  pesquisas  aconteça.  A 

Educomunicação  está  se  consolidando  como  campo  de  intervenção  educativa,  no 

entanto, trata‐se de um campo aberto a ser explorado.  

Destarte,  não  se  deve,  simplesmente,  tratar  a  união  entre  comunicação  e 

educação  como  um  grupo  de  pessoas  ao  redor  de  equipamentos  midiáticos,  por 

exemplo,  nem  abordar  a  temática  como  somente  como  transmissão  de  tais 

conhecimentos. Produzir peças de comunicação não significa fazer Educomunicação. O 

entrelaçamento entre Comunicação e Educação vai além, como processos de formação 

e de possível intervenção na realidade. É uma práxis social.  

  Referências   BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN N. 9394/96. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em 12 fev. 2014. 

BRASIL.  Secretaria  de  Educação  Fundamental.  Parâmetros  curriculares  nacionais: introdução  aos parâmetros  curriculares nacionais. Brasília, DF: MEC/SEF, 1997.126p. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf>. Acesso em 18 fev. 2014. 

FREIRE. P. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976. 

MARTIÍN‐BARBERO,  J.  Sujeito,  comunicação  e  cultura.  Revista  Comunicação  & Educação. São Paulo: Moderna / ECA‐USP, n. 15, maio/ago. 1999. Entrevista concedia a Roseli Fígaro e Maria Aparecida Baccega. 

RODRIGUES, G. F. É educomunicação? A descoberta do termo e de elementos  

Page 37: Livro conexoes de saberes no pet educomunicacao novas interfaces

33

educomunicativos. Disponível em <http://www.usp.br/nce/aeducomunicacao/saibamais/textos/>. Acesso em 6 dez. 2009. 

SOARES, Donizete. Educomunicação, o que é  isto?.  In: Gens  Instituto de Educação e Cultura. São Paulo, mai. 2006.  

SOARES,  I.  O.  Gestão  comunicativa  e  educação:  caminhos  da  Educomunicação.  In: Comunicação & Educação. São Paulo: ECA/USP [23], jan./abr. 2002, p. 16‐25. 

______. Educomunicação: um campo de mediações. In: Comunicação & Educação. São Paulo: ECA/USP, n. 20, set/dez 2000, p. 12‐24.  

______.  Uma  educomunicação  para  a  cidadania.  Disponível  em <http://www.usp.br/nce/aeducomunicacao/saibamais/textos/>.  Acesso  em  04  mai. 2009. 

______. Sociedade da informação ou da comunicação? São Paulo: Cidade Nova, 1996. 

SOARES, I. O.; ROMANINI, Vinícius. A Educomunicação na luta pelo meio ambiente. O Estado de São Paulo. São Paulo, 28 out. 2008.  

    

   

Page 38: Livro conexoes de saberes no pet educomunicacao novas interfaces

34

  3 AS CONEXÕES DE SABERES NA EDUCAÇÃO TUTORIAL: O PET EDUCOMUNICAÇÃO 

NA UFU    

 Adriana C. Omena Santos28 

Antonio Carlos dos Santos29, Rodrigo M. de Faria30 

Mirna Tonus31   

 

Políticas públicas de  acesso e permanência:  três  caminhos, dois programas  e uma 

mesma proposta 

Ainda que, atualmente,  seja possível  compreender o  tema políticas de  ações 

afirmativas como um dos matizes do amplo  tema de políticas públicas, é  importante 

ressaltar que não existe uma única, nem melhor, definição  sobre o que  seja política 

pública. Na verdade, é ainda um conceito  impreciso, pois admite muitas definições e 

abordagens  e  passou  por  diversas  teorizações  ao  longo  da  história.  São  de  Souza 

(2006,  p.  5)  as  afirmações  de  que Mead  (1995)  define  política  pública  como  "um 

campo dentro do estudo da política que analisa o governo à  luz de grandes questões 

públicas  e  Lynn  (1980),  como  um  conjunto  de  ações  do  governo  que  irão  produzir 

efeitos  específicos".  Já  para  Peter  (1980),  ainda  segundo  a  autora,  é  a  soma  das 

atividades  dos  governos,  que  agem  diretamente  ou  por  meio  de  delegação,  e 

influenciam a vida dos cidadãos, e “Dye (1984) sintetiza a definição de política pública 

28 Doutora em Comunicação pela ECA/USP, coordenadora Geral do Programa Conexões de Saberes na UFU, e  tutora do PET Conexões de Saberes: Educomunicação da Universidade  Federal de Uberlândia (UFU). E‐mail: [email protected] . 29 Doutor em Engenharia Civil pela  POLI/USP, coordenador adjunto do Programa Conexões de Saberes na  UFU,  e  coordenador  da  ação  Canteiro  Escola  junto  ao  Conexões  de  Sabres/UFU.  E‐mail: [email protected] 30 Técnico em Audiovisual no Curso de Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo da Universidade Federal  de  Uberlândia  (UFU)  e  coordenador  da  ação Mídia  e  Informação  na  Comunidade  junto  ao Conexões de Sabres/UFU, e‐mail [email protected] . 31 Doutora  em Multimeios pela Unicamp, docente no Curso de Comunicação  Social: Habilitação  em Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e coordenadora da ação Mídia e Informação na Comunidade junto ao Conexões de Sabres/UFU. E‐mail: [email protected] .

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35

como  o  que  o  governo  escolhe  fazer  ou  não  fazer"  (SOUZA,  2006,  p.  1).  Para  essa 

autora,  

[...] a maior parte das definições enfatizam o papel da política pública na solução de problemas [...] e  ignoram a essência da política pública, isto é, o embate em torno de idéias e interesses [...] deixam de lado o seu  aspecto  conflituoso  e  os  limites  que  cercam  as  decisões  dos governos  [...]  deixam  também  de  fora  possibilidades  de  cooperação que podem ocorrer entre os governos e outras  instituições e  grupos sociais (SOUZA, 2006, p. 2).  

 A  autora  compila  tais  contribuições  ao  afirmar  que  política  pública  pode  ser 

conceituada como 

[...] o campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, 'colocar o governo em ação' e/ou analisar essa ação  (variável  independente) e, quando  necessário,  propor mudanças  no  rumo  ou  no  curso  dessas ações  (variável  dependente).  A  formulação  de  políticas  públicas constitui‐se  no  estágio  em  que  os  governos  democráticos  traduzem seus  propósitos  e  plataformas  eleitorais  em  programas  e  ações  que produzirão  resultados  ou  mudanças  no  mundo  real  (SOUZA,  2006, s.p.). 

 

No  contexto da  educação,  temos  assistido, nos últimos  anos,  à  emersão das 

políticas  públicas  voltadas  para  as  ações  afirmativas,  que  são  “medidas  especiais  e 

temporárias  que  buscam  compensar  um  passado  discriminatório,  ao  passo  que 

objetivam acelerar o processo de igualdade como alcance da igualdade substantiva por 

parte de grupos vulneráveis como as minorias étnicas e raciais” (SANTOS, 2009, p. 54). 

Embora existam vários tipos de ações afirmativas, como os cursos preparatórios para 

vestibular e concursos públicos voltados para a população de baixa renda e a reserva 

de vagas para deficientes em empresas com mais de cem funcionários, as cotas para 

estudantes pobres e/ou negros nas universidades foi a que ganhou maior repercussão 

na  sociedade. Em parte, a polêmica  resulta da  suposta contrariedade à meritocracia 

causada  por  ações  afirmativas,  direcionadas  para  a  transformação  da  realidade  em 

duas  vertentes:  uma  direcionada  ao  fortalecimento  dos  vínculos  entre  instituições 

acadêmicas e comunidades populares; outra destinada à permanência qualificada dos 

estudantes  universitários  de  origem  popular  nos  cursos  de  graduação  das 

universidades públicas brasileiras, sendo estes seus objetivos principais. 

No Brasil, de maneira geral, destacam‐se as políticas públicas desenvolvidas nos 

governos de Luís Inácio Lula da Silva (2003 – 2010): Programa Universidade para Todos 

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(ProUni); Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI); 

Universidade  Aberta  do  Brasil  (UAB);  e  programas  da  Secretaria  de  Educação 

Continuada,  Alfabetização  e  Diversidade  (SECAD/MEC)  voltados  para  a  Educação  e 

Diversidade Étnico‐Racial. Nestes últimos, ressalta‐se o Programa Conexões de Saberes 

(PCS), transformado em Programa de Educação Tutorial (PET) em 2010, sob gestão da 

Secretaria  do  Ensino  Superior  (SESu/MEC).  Tais  iniciativas  redirecionam  o  foco  e  a 

intervenção pública no que  tange  à democratização do  acesso  ao ensino  superior e 

objetivam,  ainda,  a  permanência  qualificada  das  camadas  populares  advindas  do 

ensino público no ensino superior. 

 

Conhecendo o Programa Conexões de Saberes  

O Programa Conexões de Saberes foi uma iniciativa do MEC, por intermédio da 

Secretaria  de  Educação  Continuada,  Alfabetização  e  Diversidade  –  SECAD,  com 

execução  financeira  do  Fundo Nacional  de Desenvolvimento  da  Educação  (FNDE)  e 

instituído  no  âmbito  do Ministério  da  Educação  por meio  da  Portaria  nº  01/2006. 

Tratava‐se  de  um  programa  de  Ações  Afirmativas,  cujos  projetos  institucionais 

estavam  vinculados  ás  Pró‐reitorias  de  Extensão  ou  órgãos  semelhantes  nas 

Instituições  Federais de  Ensino  Superior, destinadas  à democratização no  campo de 

Acesso  e  Permanência,  com  qualidade,  de  estudantes  de  origem  popular  nas 

universidades  públicas,  criando  oportunidades,  a  todos  os  envolvidos,  da  UFU 

(coordenadores  e  bolsistas)  e  pessoas  da  comunidade  escolhida,  de  adquirir 

conhecimentos  relativos  tanto  às  questões  do  papel  da  universidade  para  com  a 

sociedade, quanto às questões relativas à  indissociabilidade entre ensino, pesquisa e 

extensão. 

Do ponto de vista da aprendizagem, considerando o processo preconizado por 

Jean  Piaget,  podemos  concluir  que  foram  plenamente  concretizados,  tanto  por 

bolsistas e coordenadores das ações, quanto pelos jovens membros das comunidades 

envolvidas. 

De acordo com Silva, Avendaño e Carvalho (2008), a iniciativa foi formulada em 

2003,  a  partir  de  uma  experiência  pioneira  do  Observatório  de  Favelas,  sendo 

implementada  em  2004,  em  projetos  pilotos  pela Universidade  Federal  Fluminense 

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37

(UFF) e pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro  (UERJ). O Programa Conexões 

de Saberes  

[...]  é  instituinte de uma  rede  socioeducacional para  a  ampliação de vínculos entre as instituições acadêmicas e as comunidades populares, através da  inserção qualificada de estudantes de origem popular nas práticas de pesquisa e extensão universitária em cursos de graduação nas  instituições  federais  de  ensino  brasileiras  (SILVA;  AVENDAÑO;  CARVALHO, 2008, p.1). 

 

Os  objetivos  previstos  pelo  programa  estavam  relacionados  ao 

desenvolvimento de projetos que avaliassem o  impacto de  intervenções públicas nas 

comunidades  populares,  principalmente  as  relacionadas  à  infância  e  a  juventude; 

formassem  cidadãos  conscientes  dos  problemas  sociais  e  aptos  a  atuarem  como 

líderes  em  seu  próprio  território,  modificando  tal  realidade;  estimulassem  maior 

articulação entre a instituição universitária e as comunidades populares, com a devida 

troca de  saberes, experiências e demandas; e propusessem  condições para o maior 

acesso e permanência, com qualidade, dos estudantes oriundos das favelas e periferias 

nas  instituições  de  ensino  superior.  Para  Piaget  (1977),  a  aprendizagem  pode  ser 

favorecida  ao  se  adotarem  atividades  ou  situações  que  envolvam  os  aprendizes  e 

requeiram  adaptação,  facilitando  o  desenvolvimento  cognitivo,  ou  seja,  ambientes 

dentro da comunidade que proporcione a aprendizagem. 

A gestão do Programa Conexões de Saberes constituía‐se de uma coordenação 

local,  composta  por  coordenadores  ou  representantes  de  Instituições  Federal  de 

Ensino Superior (IFES), e uma coordenação nacional, composta pela CGDI/SECAD/MEC. 

O Programa nas  IFES era constituído por  sua coordenação  local e grupo de bolsistas 

estudantes  de  graduação,  como  também  por  voluntários  que  se  integravam  às 

atividades previstas. 

A  coordenação  era  formada  por  um  coordenador  geral,  professor  da 

universidade, preferencialmente com a titulação de doutor e experiência de trabalho 

em projetos de extensão e/ou pesquisa na temática do Programa. A coordenação local 

deveria oferecer aos bolsistas uma formação acadêmica ampla e plural nos campos: 

a) da teoria e metodologia de extensão e pesquisa; b) do domínio de técnicas instrumentais e discursivas;  c) da estruturação e desenvolvimento de políticas públicas; d)  experiência  curricular  e  autoconhecimento  que  visavam  a  melhorias  em 

diversos aspectos: cultural, social, econômico para bolsitas e comunidade.   

Page 42: Livro conexoes de saberes no pet educomunicacao novas interfaces

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O grupo de estudantes era composto por, no mínimo, 30 alunos de graduação 

inseridos como bolsistas do Programa, permanecendo por um período de dois anos, 

com  possibilidade  de  prorrogação  por  mais  um  ano.  O  eixo  fundamental  do 

PCS/SECAD/MEC  foi  a  criação,  no  interior  das  universidades,  de  uma  rede  de 

articulação  entre  os  estudantes  oriundos  de  espaços  populares  em  torno  de  três 

objetivos principais: 

 1)  criar  condições para  a  realização de um processo  regular de  avaliação do impacto das intervenções públicas nas comunidades populares, sobretudo as dirigidas para a infância e juventude; 

2)  formar  novos  quadros  técnicos  sociais  nesses  territórios,  capazes  de  se constituírem como lideranças comunitárias com perfil diferenciado. 

3)  Permanência  qualificada  dos  estudantes  universitários  de  origem  popular nos cursos de graduação das universidades públicas brasileiras. 

A  rede de articulação entre os estudantes oriundos de espaços populares  foi 

construída a partir do desenvolvimento de projetos específicos nas comunidades, de 

estudos orientados de metodologia de pesquisa e de  formação  técnica. Esse projeto 

embrionário de permanência de estudantes de origem popular na Universidade serviu 

como  referência  para  que,  no  final  de  2004,  a  SECAD/MEC,  em  parceria  com  o 

Observatório de Favelas,  iniciasse o Programa Conexões de Saberes: diálogos entre a 

universidade  e  as  comunidades  populares  em  cinco  universidades  federais:  UFF; 

UFMG; UFPA; UFPE e UFRJ32.  

Em  maio  de  2005,  mais  nove  universidades  foram  incluídas  no  Programa: 

UFAM; UFBA; UFC; UFES; UFMS; UFPB; UFPR; UFRGS e UnB33. No exercício de 2006, 

mais 18 universidades foram convidadas a ingressar: UFAC; UFAL; UFG; UFMA; UFMT; 

UFPI; UFRN; UFRPE; UNIVASF, UFRR; UFRRJ; UFS, UFSC; UFSCar; UFT; UNIFAP; UNIR e 

UNIRIO34,  totalizando  32instituições.  Em  2007,  ingressou  na  rede  a  Universidade 

32  Universidade  Federal  Fluminense,  Universidade  de  Minas  Gerais,  Universidade  Federal  do  Pará, Universidade Federal de Pernambuco e Universidade Federal do Rio de Janeiro. 33 Univ. Fed. do Amazonas, Univ. Fed. da Bahia, Univ. Fed. do Ceará, Univ. Fed. do Espírito Santo, Univ. Fed. do Mato Grosso do Sul, Univ. Fed. da Paraíba, Univ. Fed. do Paraná, Univ. Fed. do Rio Grande do Sul e Universidade de Brasília, Univ. Fed. de São Carlos, Univ. Fed. do Tocantins,  34 Univ. Fed. do Acre, Univ. Fed. de Alagoas, Univ. Fed. de Goiás, Univ. Fed. do Maranhão, Univ. Fed. do Mato Grosso, Univ. Fed. do Piauí, Univ. Fed. do Rio Grande do Norte, Univ. Fed. Rural de Pernambuco, Univ. Fed. do Vale do São Francisco, Univ. Fed. de Roraima, Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro, Univ. Fed. de Sergipe, Univ. Fed. de Santa Catarina, Univ. Fed. Univ. Fed. De Rondônia, Univ. Fed. Do Estado do Rio de Janeiro.

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Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), uma das mais recentes instituições federais de 

ensino superior brasileiras. 

O programa beneficiou seis novas instituições em 2009: UFERSA, UFCG, UNIFEI, 

UFU,  UFRA  e  UFSM35.    Ao  seu  término  o  Programa  mantinha  parceria  com 

aproximadamente 50  universidades públicas federais.  

Na UFU, o PCS foi implantado já na sua fase final, apenas em 2010, a partir de 

uma  iniciativa da Diretoria de Extensão e várias unidades acadêmicas. A coordenação 

geral  e  coordenação  adjunta  foram  assumidas  por  professores  da  Faculdade  de 

Educação e Faculdade de Engenharia Civil, respectivamente, por  já terem experiência 

com o programa em outra  IFES. Nessa  instituição, o PCS envolveu aproximadamente 

dez  unidades  acadêmicas36  e  14  ações  junto  às  comunidades  populares  urbanas, 

conforme indicado no Quadro 1. 

 

Quadro 1 – Unidades acadêmicas e ações do Conexões de Saberes na UFU 

 

UA/setor  Subprojeto/ação  Coordenador  Bolsas 

NEAB Levantamento da democratiza‐ção acesso/permanência/cotas na UFU 

Guimes Rodrigues Filho  02 

FECIV  Canteiro escola: construindo cidadania  Antonio Carlos Santos  02 

NEAB Capoeira Angola na Educação Especial e Curso/Geração 

de renda Bonecas Pretas Guimes Rodrigues Filho  00 

FAFCS/Soc.  Cultura política e mulheres de comunidades populares  Claudelir C. Clemente  02 

FACIP  Diálogos culturais – tijucanos e migrantes nordestinos  José Josberto M.Sousa  08 

FACED/Ped.  Educação de Jovens/ Adultos ‐ espaços não escolares  Sonia Maria dos Santos  01 

FAMED/ Nut.  Educação Nutricional  Luana Padua Soares  02 

35 Univ. Fed. Rural do Semi Árido, Univ. Fed. de Campina Grande, Univ. Fed. de Itajubá, Univ. Fed. Rural da Amazônia e Univ. Fed. de Santa Maria. 36 Núcleo de Estudos Afro Brasileiros, Faculdade de Educação  (Jornalismo e Pedagogia), Faculdade de Engenharia Civil, Instituto de Ciências Sociais, Faculdades Integradas do Pontal, Faculdade de Medicina (curso Nutrição),  Instituto de Artes,  Faculdade de Matemática, Escola  Técnica de  Saúde,  Instituto de Letras e Linguística, Faculdade de Educação Física e Instituto de Geografia.

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FAFCS/Artes  Fachadas Humanizadas  Raquel M. Salimeno Sá  01 

FACED/Jor.  Mídia e inFORMAÇÃO na comunidade  Mirna Tonus  02 

FAMAT  Mídias na educação: inclusão digital criativa  Arlindo J.  Souza Junior  02 

ESTES / Prót.  Multidisciplinaridade na atenção à saúde bucal idoso  Terezinha R. C. Oliveira  02 

ILEEL  Narrativas de vida: identidade e idosos  Maria Ap. R. Ottoni  02 

FAEFI  Teatro Sócio‐educativo “Troupe EnCENA”  Gabriel H. M. Palafox  02 

IG  Dialogando e Matutando/ Const. Cidade  Luiz G. Falcão Vasconc  02 

Fonte: Coordenação geral do Programa Conexões de Saberes/PROEX/UFU (2011) 

 

Ao  final  de  2010,  não  foi  publicado  novo  edital  específico  do  PCS  pela 

SECAD/MEC, para criação de novos grupos para 2011. Foi, por outro  lado, publicado 

um edital conjunto com o Programa de Educação Tutorial (PET)  junto à Secretaria de 

Educação  Superior  (SESU) do MEC, em que o Conexões de  Saberes  foi oferecido na 

forma de um PET Conexões de Saberes  (PET CNX). Segundo  informações obtidas via 

Videoconferência MEC/ SECAD acerca da  junção do PCS e PET CNX, em 23/08/2010, 

com o então secretário André Luiz de Figueiredo Lázaro, a informação é que tal junção 

foi  feita  para  melhor,  a  fim  de  resolver  a  necessidade  de  institucionalização  do 

Programa Conexões nas Universidades. 

A  realização do PCS na UFU  aproximou  as dez unidades  acadêmicas, mas os 

bolsistas das 14 ações não  tinham  contato diário, devido à distância das unidades e 

locais  de  execução  das  atividades  de  planejamento  estratégico  para  execução  das 

ações, problema que só pode ser resolvido com a transformação do PCS em PET, que 

recebeu espaço físico apropriado, para desenvolvimento dos trabalhos em equipe. 

Na  visão  do  antigo  secretário  André  Lázaro  (SECAD/MEC),  deveria  ser 

considerado uma vitória o fato de o Conexões ter se tornado o PET CNX, pois, em sua 

visão, "o PET CNX é o PCS sem tirar nem por e com o PET CNX o PCS deixa de ser uma 

iniciativa SECAD e passa  também pela SESU, duas  secretarias  comprometidas  com a 

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natureza  do  PCS,  e  aborda  o  PCS  rigorosamente  como  ele  foi  criado"37.    Para  o 

secretário,  a  portaria  redefinia  a  natureza  do  PET  e  do  olhar  ao  qual  estava 

acostumado.  

 

A paradoxal relação do Conexões de Saberes com o Programa de Educação Tutorial 

A  inclusão da  filosofia do Programa Conexões de Saberes  (PCS), por meio da 

criação dos grupos PET/Conexões de Saberes, a partir de 2010, para  implantação em 

2011,  refere‐se a uma ação afirmativa no ensino  superior que busca a permanência 

com  qualidade  de  alunos  oriundos  de  comunidades  populares.  Esta  proposta  se 

concretiza  devido  ao  recorte  socioeconômico  na  seleção  de  integrantes  dos  novos 

grupos do PET.  

De acordo com Vilhena et al. (2010), a iniciativa de desenvolver estratégias que 

visassem  à  redução  das  desigualdades  sociais  decorrentes  de  exclusões  históricas 

surgiu  nos  Estados  Unidos  em  meados  da  década  de  1930.  A  partir  disso,  países 

asiáticos,  latino‐americanos,  africanos  e  europeus,  viram‐se  pressionados  a  criar 

programas  de  inclusão,  que  efetivassem  a  participação  de  mulheres,  deficientes, 

negros, etc. Para a autora,  

[...] as Ações Afirmativas constituem medidas especiais e temporárias que  buscam  remediar  um  passado  discriminatório,  objetivam acelerar o processo com o alcance da igualdade substantiva por parte dos  grupos  socialmente  vulneráveis,  como  as  minorias  étnicas  e raciais, entre outros grupos (PIOSEVAN apud VILHENA et al., 2010, p. 316). 

 

Em resumo, a proposta das ações afirmativas é permitir, por meio de políticas 

públicas  de  inclusão,  que  indivíduos  de  grupos  socialmente  excluídos  possam 

participar das instâncias sociais enquanto agentes históricos. Trata‐se de uma medida 

temporária na tentativa de amenizar as discrepâncias (sociais, econômicas, ideológicas 

e históricas) entre os sujeitos de uma comunidade. 

37  Informação  verbal  via  Videoconferência  MEC/  SECAD  acerca  da  junção  do  PCS  e  PET  CNX,  em 23/08/2010 

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Nesse sentido, para Höfling (2001), no que tange à educação, as ações públicas 

devem  estar  articuladas  com  as  demandas  da  sociedade  no  intuito  de  promover  a 

construção de direitos sociais.  

Penso  que  uma  administração  pública  –  informada  por  uma concepção  crítica  de  Estado  –  que  considere  sua  função  atender  a sociedade como um todo, não privilegiando os interesses dos grupos detentores do poder econômico, deve estabelecer como prioritários programas de ação universalizantes, que possibilitem a incorporação de conquistas sociais pelos grupos e setores desfavorecidos, visando à reversão do desequilíbrio social (HÖFLING, 2001, p. 8).  

Neste contexto, no Brasil, merecem atenção no campo das políticas públicas de 

inclusão, acesso e permanência, os diferentes programas da  Secretaria de Educação 

Continuada, Alfabetização e Diversidade  (SECAD/MEC)38, voltados para a Educação e 

Diversidade  Étnico‐Racial.  Entre  eles,  podemos  destacar  o  PCS,  que,  em  2010,  foi 

transformado em um PET e passou a ser gerido pela Secretaria de Educação Superior 

(SESu/MEC).  Tais  iniciativas  redirecionam  o  foco  e  a  intervenção  pública  no  que  se 

refere  às  questões  de  democratização  do  acesso  ao  ensino  superior  e  objetivam 

promover  a  permanência  qualificada  das  camadas  populares  e  advindas  do  ensino 

público.  

As reflexões acerca das políticas públicas representam uma missão difícil, pois 

exigem  relacionar  programas  que  aparentam  particularidades  distintas.  Sustentados 

na iniciativa da democratização de ingresso e permanência do Programa Conexões de 

Saberes, os novos grupos do PET, os grupos PET/Conexões de Saberes, desencadearam 

desde sua criação debates frequentes sobre a existência ou não de semelhanças entre 

estas  duas  propostas  de  acesso  com  excelência  na  universidade.  É  necessário, 

portanto,  refletir  acerca  dos  objetivos  traçados  por  estes  programas,  suas 

similaridades e diferenças.   

A  Coordenação  de  Aperfeiçoamento  de  Pessoal  de  Nível  Superior  (CAPES) 

fundou o PET, em 1979, e, até 2003,  intitulou‐se Programa Especial de Treinamento. 

Em  1997,  havia  328  grupos  distribuídos  em  60  universidades,  com  a  proposta  da 

aprendizagem sob a supervisão de um professor‐tutor que auxiliasse os discentes no 

desenvolvimento de  atividades  extracurriculares.  Segundo o Manual  de Orientações 

38  Em  2011,  foi  transformada  em  Secretaria  de  Educação  Continuada,  Alfabetização,  Diversidade  e Inclusão (SECADI). 

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Básicas do PET  (2006),  transferido da CAPES para a SESu, em 1999, estas atividades 

visam a muito mais do que melhorias na graduação, pois assumem “a responsabilidade 

de contribuir para sua melhor qualificação como pessoa humana e como membro da 

sociedade” (MANUAL, 2006, p. 5).   

O  programa  passou  por  inúmeras  dificuldades  durante  alguns  anos,  o  que 

impediu a criação de novos grupos. No período conhecido como “década perdida”, o 

“Ministério da  Educação,  sob  a  administração do Prof. Paulo Renato de  Souza e do 

Presidente da CAPES, Prof. Abílio Baeta Neves,  iniciaram um sistemático processo de 

desmantelamento do Programa” (XAVIER, 2007, s. p.).  

Após a crise, surgiu a proposta de expansão dos grupos PET, evidenciando que 

a formação cidadã dos petianos coincidia com os projetos de inclusão social previstos 

pelo governo, mediante melhor formação dos participantes e das influências diretas e 

indiretas por eles promovidas na sociedade. Assim, é a partir dessa crença na educação 

enquanto  ferramenta de reconstrução da realidade social que o projeto apresentado 

se apoia para justificar a necessidade de ampliação e junção com o PCS. 

Três anos após a apresentação deste projeto pela Comissão Executiva Nacional 

do  PET  (CENAPET),  uma  nova mudança  surgiu  para  o  PET.  A  Portaria MEC  n°  975 

estipulava,  nas  IFES,  a  criação  de  grupos  vinculados  à  correção  de  desigualdades 

sociais. Esses novos PET, voltados para discentes oriundos de comunidades populares, 

seriam  denominados  PET/Conexões  de  Saberes  e  funcionariam  sob  a  mesma 

regulamentação dos antigos grupos. 

O  PCS,  no  entanto,  já  estava  em  andamento  desde  2004,  apresentando 

também uma alternativa para potencialização de talentos na universidade. Criado no 

âmbito  da  SECAD/MEC,  entretanto,  o  programa  foca  novos  protagonistas.  Os 

estudantes de origem popular são, no espaço acadêmico, produtores de conhecimento 

técnico, científico e cultural e  interlocutores desse processo com  suas comunidades, 

agora território de ação pública.  

Uma das metas do PCS é, assim como a do PET, a permanência qualificada do 

discente,  só que, agora, os estudantes de baixa condição  socioeconômica  tornam‐se 

sujeitos  e  objetos  da  tríade  da  universidade:  ensino,  pesquisa  e  extensão.  Os 

estudantes  conexistas  são  pesquisadores/extensionistas  que  atingirão  seus  espaços 

sociais de origem,  também vistos pelo programa como detentores de conhecimento 

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bem como o espaço acadêmico. Os discentes participantes do PCS são  interlocutores 

de  saberes entre a comunidade e a universidade e  líderes  sociais. Esta proposta, ao 

contrário  dos  projetos  de  extensão  assistencialistas  que  são  oferecidos  às 

comunidades  pela  academia,  é  capaz  de  diagnosticar  as  reais  necessidades  sociais 

existentes e oferecer a formação inclusiva de seus integrantes. 

 

A troca de saberes entre os PET e o Conexões: o caso de Uberlândia 

De  acordo  com  as  informações do MEC, o PET está  sustentado em um  ideal 

ainda  maior,  o  de  transformar  os  discentes  petianos  em  profissionais  dotados  de 

padrões científicos para que sejam capazes de atuar no sentido da transformação da 

realidade  nacional.  Propõe‐se  o  desenvolvimento  da  formação  acadêmica  dos 

petianos, amparado nas habilidades críticas, cidadãs e de compromisso social.  

O  Programa  Conexões  de  Saberes  foi  um  programa  acadêmico  de  ações 

afirmativas que visava a manutenção, acesso e permanência de estudantes de origem 

popular na universidade pública. Nessas  instituições, a  iniciativa esteve  vinculada as 

Pró‐reitorias  de  Extensão  ou  órgãos  semelhantes.  Apesar  de  existir  desde  2004, 

somente em 2009 a UFU adotou o programa, desenvolvendo com as comunidades 14 

ações com 30 bolsistas das mais diversas áreas. 

À medida que a metodologia para execução do projeto foi dividida em etapas, 

buscamos  apresentar  e  refletir  sobre  as  experiências  envolvidas  e  as  dificuldades 

encontradas  no  processo  de  aprendizagem  desenvolvido  e,  consequentemente,  os 

resultados obtidos. 

  Conforme  exposto,  em  2010,  com  o  objetivo  de  ampliar  a  relação  entre  a 

universidade e a  comunidade, o  item 2.3 do Edital nº 9 PET 2010‐MEC/SESu/SECAD 

possibilitou  a  criação de  grupos PET/Conexões de  Saberes. Adotando  a  iniciativa de 

aprofundar  a  formação  dos  jovens  oriundos  destas  comunidades  no  intuito  de 

estimular  a  formação  de  novas  lideranças,  a  UFU  apresentou  três  propostas  de 

trabalho, sendo todas aprovadas pelo MEC. 

No  mesmo  ano,  os  novos  grupos  iniciaram  suas  atividades,  trabalhando 

diretamente  com  a  filosofia  do  PCS.  O  PET/Conexões  de  Saberes  (PET  CNX) 

Educomunicação  apresentou  uma  proposta  interdisciplinar  entre  os  cursos  de 

Comunicação Social: habilitação em Jornalismo, Pedagogia e Licenciaturas, que nasceu 

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voltada para as ações afirmativas com o  intuito de contribuir para a permanência do 

aluno de origem popular na universidade. 

O objetivo consistiu em contemplar, com êxito, as diretrizes do programa, que 

indica, entre outros fatores, uma troca de conhecimentos entre estudantes de cursos 

distintos.  Apesar  de  propor  um  considerável  momento  de  formação  política  e  de 

resposta  às  deficiências  trazidas  pelo  aluno  oriundo  de  comunidades  populares  no 

tocante  às  demandas  do  ambiente  acadêmico,  os  experimentos  a  respeito  da 

consolidação  de  um  PET,  com  a  relação  entre  Comunicação  e  Educação,  têm  se 

demonstrado enriquecedores. 

Os projetos de pesquisa e extensão do PET CNX Educomunicação propõem a 

troca de saberes entre a sociedade e o espaço acadêmico no que se refere às áreas de 

Comunicação e Educação, buscando o crescimento e a  interação entre estes espaços. 

As  atividades  pretendem,  ainda,  propiciar  aos  petianos  de  origem  popular  uma 

formação de nível  superior crítica e envolvida com políticas públicas  relacionadas às 

suas áreas de formação, além de promover, por meio da Educomunicação, o diálogo e 

a reflexão crítica sobre diferentes leituras de mundo e implicações subjacentes.  

Após  o  período  de  ambientação  proposto  pelo  PET  CNX  Educomunicação, 

iniciou‐se  um  processo  de  troca  de  experiências  e  conhecimento,  realidade  que  se 

aprimorou  com  a  realização  das  atividades  previstas.  Conforme  observado  nas 

reuniões  do  InterPET  na  UFU,  o  mesmo  quadro  aparentemente  ainda  não  se 

concretizou entre os demais grupos PET, vistos como tradicionais na UFU. 

O  InterPET  consiste  em  um  grupo  que  se  reúne  periodicamente  com 

representantes de cada grupo PET e objetiva a integração entre estes grupos por meio 

de  conhecimentos  partilhados.  A  proposta  é  “compartilhar  conhecimentos  dos 

projetos realizados pelos mesmos, além de organizar e executar em conjunto diversas 

atividades  internas,  direcionadas  tanto  à  comunidade  acadêmica  quanto  à 

comunidade externa”39. 

Inicialmente,  a  participação  dos  PET  CNX  não  foi  bem  vista  pelos 

representantes dos PET  tradicionais, pelo  fato de os discentes  integrarem um grupo 

39 Informações obtidas no site do InterPET da Universidade Federal de Uberlândia (http://www.interpet.ufu.br/) 

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novo, apresentando recorte social e racial. A possibilidade de participação dos PET CNX 

no InterPET foi discutida por meio de uma reunião. 

Diferentemente das relações com os PET tradicionais, os três PET CNX da UFU 

não encontram dificuldades em trabalhar de forma conjunta. Ao lado dos 30 bolsistas 

e 14 coordenadores do PCS, os atores PET/CNX participam de reuniões e palestras que 

visam à formação política e outras atividades de trocas de saberes.    

É  notável  que  a  filosofia  do  Programa  Conexões  de  Saberes,  vista  agora  no 

PET/CNX, dá  continuidade ao  trabalho de valorização da  inclusão, das vivências, das 

leituras críticas de mundo e das diferenças socioculturais apresentadas pelos alunos de 

origem  popular.  Os  petianos  conexistas,  com  essas  diversas  interpretações  e 

representações  dos  espaços  vividos,  são  capazes  de  resignificar  sua  vivência  nesses 

espaços,  modificando,  social  e  culturalmente,  a  comunidade,  a  universidade  e  a 

sociedade.     

  Referências 

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49

4 O PET CONEXÕES DE SABERES EDUCOMUNICAÇÃO: INTERDISCIPLINARIDADE EM FOCO 

 Gabriel Rodrigues Alves Santos40 Deisiane Maria Moreira Cabra41l 

Gabrielle Carolina Silva42 Monalisa França da Silva43 Valquíria Cristina Amaral44 

    2010.  Abrindo  espaço  primordialmente  para  estudantes  cotistas  e  de  baixa 

renda, em contrapartida à oportunidade vivenciada normalmente por alunos que não 

enfrentam  as mesmas  dificuldades  econômicas  e  educacionais,  o  PET  Conexões  de 

Saberes Educomunicação  chega  à Universidade  Federal de Uberlândia  (UFU),  com  a 

aprovação no edital n° 9 PET 2010‐MEC/SESu/Secad. A partir de uma nova perspectiva 

não presenciada em outros programas de Educação Tutorial, o programa calca‐se na 

interdisciplinaridade. 

  Importante,  em  primeiro  lugar,  esclarecer  a  confusão  antiga  e  que  até  hoje 

perdura, entre  inter e multidisciplinaridade, que segundo Barbosa  (1979, p. 60‐64) é 

um problema evidenciado desde a  implantação do ciclo básico no currículo mínimo, 

que,  para  a  autora,  poderia  tornar  as  propostas  dos  cursos  no  mínimo 

multidisciplinares.  Para  embasar  a  discussão,  ela  retoma  a  base  conceitual  sobre 

interdisciplinaridade,  buscando  significá‐la  sob  o  ponto  de  vista  da  integração  do 

conhecimento a partir de um processo de análise‐síntese. Para Ana Mae Barbosa, a 

interdisciplinaridade exige níveis de cooperação conscientizados ou dialetizados pelos 

participantes  e  não  um  “agrupamento  intencional  de  disciplinas  onde  as  diversas 

contribuições são feitas em função de uma superestrutura, em geral autoritária [...]”. É 

um  caminho  que  deve  ser  trilhado  cotidianamente  por  quem  busca  a  desejada  40 Estudante do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e bolsista do PET Conexões de Saberes Educomunicação da Universidade Federal de Uberlândia. e‐mail [email protected] 41 Estudante do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e bolsista do PET Conexões de  Saberes  Educomunicação  da  Universidade  Federal  de  Uberlândia.  e‐mail [email protected] 42  Jornalista,  mestranda  em  Educação  e  ex‐petiana/bolsista  do  PET  Conexões  de  Saberes Educomunicação da Universidade Federal de Uberlândia. e‐mail [email protected] 43 Estudante do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e bolsista do PET Conexões de  Saberes  Educomunicação  da  Universidade  Federal  de  Uberlândia.  e‐mail [email protected] 44 Estudante do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e bolsista do PET Conexões de Saberes Educomunicação da Universidade Federal de Uberlândia. e‐mail [email protected]

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interdisciplinaridade e marca a porposta do PET Conexões de Saberes Educomunicação 

  A  tutora Adriana Cristina Omena dos  Santos, desde a  idealização do projeto, 

buscou  enfatizar,  nos  princípios  do  programa,  o  contato  dos  alunos  com  as  demais 

áreas  do  conhecimento.  Partindo  disso  e  entendendo  que  o  grupo  estaria  ligado  à 

Faculdade de Educação, evidenciou a importância de possibilitar aos alunos dos cursos 

de  Pedagogia,  Comunicação  Social:  habilitação  em  Jornalismo  e  licenciaturas  uma 

interação  que  rumasse  à  Educomunicação,  voltada  aos  eixos  de  ação  político‐

institucional,  à  formação  acadêmica  e  política,  bem  como  à  interação  entre 

universidade  e  comunidades  populares  urbanas.  As  Licenciaturas  contribuem  nesse 

processo, considerando que partilham das técnicas de propagação de conhecimento e 

trazem as visões de outras áreas.  

  Com  a  abertura  do  edital  de  seleção  01/2010  –  Turma  01/2010,  foram 

selecionados dezesseis  (16) petianos conexistas: doze  (12) bolsistas e quatro  (4) não 

bolsistas. Os primeiros selecionados enfrentaram um novo desafio: além do  início da 

experiência no PET, os alunos foram incitados a interagirem com cursos de diferentes 

formações.  Jornalismo,  Pedagogia,  Educação  Física  e  Letras  começaram  a  tecer  os 

laços da  interdisciplinaridade dentro de uma ótica voltada para as minorias. Divididos 

em grupos de trabalho de acordo com a disponibilidade de horário em relação à grade 

do curso de cada  integrante, os novos petianos se organizaram nos turnos matutino, 

vespertino e noturno.  

  As  principais  atividades  realizadas  pelo  novo  grupo  caracterizaram‐se  pela 

busca da essência desse novo PET. Partindo da incorporação da filosofia do Programa 

Conexões de Saberes  (PCS), os alunos mergulharam em  leituras e se apropriaram da 

identidade popular desse projeto e de temáticas relacionadas a políticas públicas com 

recorte socioeconômico e étnico‐racial. Os estudantes oriundos deste perfil puderam 

participar de encontros oferecidos pelo programa na UFU para discutir a  inserção de 

grupos minoritários no ambiente acadêmico, proporcionar formação complementar e 

facilitar a interação entre as diferentes áreas.  

 

 

 

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O diálogo interdisciplinar 

   

  A  interdisciplinaridade é experienciada no PET CNX Educomunicação por meio 

do diálogo entre as diferentes áreas do conhecimento, seja científico ou empírico. Essa 

troca  acontece  no  cotidiano  das  práticas  dos  petianos  conexistas,  nas  interações 

estabelecidas  em  cada  atividade  exercida,  além  das  vivências  pessoais  em  que 

conflitam as visões de mundo que partem de diferentes experiências periféricas. 

  É  importante entender que este diálogo permite ao petiano compreender – a 

partir  de  novas  possibilidades  educomunicacionais,  da  utilização  de  métodos  e 

tecnologias de comunicação e educação e do fomento à conscientização – o seu papel 

acadêmico  e  social. As  distintas  áreas  do  conhecimento  contribuem,  dentro  do  PET 

CNX Educomunicação, para discutir e propiciar perspectivas e análises sobre temáticas 

derivadas de diferentes métodos científicos. 

  As  diversas  concepções  filosóficas  da  vida,  experienciada  pelos  petianos 

inseridos em grupos sociais diferentes, proporcionam ao grupo não o conflito, mas o 

diálogo  entrelaçado  a multiplicidades  que  hoje, mais  abertamente,  devem  chegar  à 

universidade. 

  No  início das atividades do grupo,  lidar com as diferentes áreas e perspectivas 

foi um desafio para todos. O convívio, as leituras críticas, as tarefas, as formações dos 

grupos  por  turno  e  as  reuniões  gerais  permitiram  que  os  petianos  conexistas 

estreitassem os laços e aprendessem a se apropriarem do conhecimento do outro em 

benefício do próprio conhecimento. 

A  efetiva  troca  de  saberes  acontece  por meio  da  interação  com  o  público 

externo  à  universidade.  Este  caráter  extensionista  advém  da  participação  de  forma 

ativa nos processos de  formação dos  indivíduos, sejam eles os  integrantes do grupo, 

seja a comunidade assistida. Essa abertura da universidade permite que aqueles fazem 

parte ainda de uma “maioria excluída” possam participar, mesmo que  indiretamente, 

da  produção  científica.  Essa  troca  não  é  de  via  única,  uma  vez  que  a  inserção  e  o 

trabalho  com  a  comunidade  permitem  uma  vivência  do  cotidiano  social  além  dos 

muros da universidade. O  conhecimento não é produzido unicamente na  academia, 

pois os saberes populares  também contribuem para uma  formação ampla do grupo, 

por trazerem olhares não enviesados pelo ambiente acadêmico. 

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O olhar para as minorias 

 

  A  Educomunicação  é  o  que  nos  une  e  nos  norteia.  Por  meio  de  suas 

possibilidades,  nos  apropriamos  da  discussão  que  tange  os  processos  educacionais, 

comunicativos  e midiáticos  para  aplicá‐lo  às  discussões  sobre  os  grupos  que  vivem 

marginalizados:  pobres,  mulheres,  negros  e  negras,  velhos  e  velhas,  pessoas  com 

deficiência,  LGBTs  (lésbicas, gays, bissexuais,  transgêneros),  estrangeiros,  vítimas  de 

conflitos armados, entre outros. Pessoas que somos. Pessoas com quem convivemos.  

  Essas  temáticas orientam grande parte de nossas atividades: Ciclo de  Ideias e 

Choque  Cinematográfico  (hoje  realizamos  conjuntamente  como  Choque  de  Ideias), 

reuniões  de  discussões,  minicursos  e  oficinas,  telecentro45  para  inclusão  digital, 

Semana da Educomunicação, eventos  conjuntos  com o  Interpet,  grupos  internos de 

inclusão em  línguas estrangeiras, produção científica,  informativos para comunidades 

e demais grupos, entre outras. 

  Esse  olhar  para  as minorias  também  contagiou  as  pesquisas  individuais  dos 

petianos  conexistas  que  resultaram,  inclusive,  em  trabalhos  de  conclusão  de  curso: 

Diélen  Borges  pesquisou  os  invisíveis  sociais  retratados  no  livro O Olho  da  Rua,  da 

jornalista Eliane Brum. Gabrielle Silva abordou a representação do negro e do pobre no 

jornal Folha de São Paulo. Suzana Arantes analisou a mulher na revista TPM. Deisiane 

Cabral  discutiu  sobre  a  reprodução  da  imagem  do  sujeito  idoso  na  revista  Sempre 

Jovem. Valquíria Amaral identificou as estratégias de comunicação nos canais online de 

Médicos  Sem  Fronteiras  para  sensibilizar  os  brasileiros  em  relação  ao  continente 

africano. Marcos Reis, a partir da análise crítica, investigou a representação do sujeito 

no  livro‐reportagem  Hiroshima.  Brunner Macedo  estudou  as memórias  da  ditadura 

civil‐militar  brasileira  no  jornalismo  contemporâneo.  Cíntia  Sousa  pesquisou  a 

representação dos paratletas nos conteúdos do site Globo Esporte.  

  O PET Conexões Educomunicação continua desenvolvendo atividades voltadas 

para essas  temáticas, em atividades  internas ou estabelecendo parcerias com outros 

grupos/setores da universidade e com a comunidade externa. O grupo busca não ser 

apenas mais um, mas fazer a diferença dentro da universidade.  

45 Programa do Governo Federal que visa combater a exclusão da população analfabeta digital. 

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A família PET 

  Em três anos de programa, diversos petianos vivenciaram a experiência do PET 

Conexões de Saberes Educomunicação. A partir do primeiro edital, em 2010, alunos de 

diferentes cursos formaram o primeiro grupo. As múltiplas personalidades e áreas de 

formação dos petianos, que contribuíram para a constituição da  identidade do nosso 

PET, podem ser conhecidas a seguir por meio da apresentação dos primeiros membros 

da equipe:  

 

Quadro 1 ‐ Membros do PET Conexões de Saberes Educomunicação em 2010 

Petianos  Curso 

Abadia Adenísia Rocha e Silva  Educação Física 

Adriana Carolina Soares do Santos  Pedagogia 

Andressa Garcia Castilho  Pedagogia 

Brunner Macedo Guimarães  Comunicação  Social:  Habilitação  em Jornalismo 

Cíntia Aparecida de Sousa  Comunicação  Social:  Habilitação  em Jornalismo 

Deisiane Maria Moreira Cabral  Comunicação  Social:  Habilitação  em Jornalismo 

Diélen dos Reis Borges Almeida  Comunicação  Social:  Habilitação  em Jornalismo 

Gabrielle Carolina Silva  Comunicação  Social:  Habilitação  em Jornalismo 

Jéssica Alessandra de Jesus Marques  Comunicação  Social:  Habilitação  em Jornalismo 

Lorraine Cássia Silva Oliveira  Pedagogia 

Marcos Vinícius Reis  Comunicação  Social:  Habilitação  em Jornalismo 

Monica Karine da Silva  Letras 

Rita de Cássia Melo  Pedagogia 

Suzana Rosa Arantes  Comunicação  Social:  Habilitação  em Jornalismo 

Thais Rodrigues Martins  Pedagogia 

Valquíria Cristina Amaral  Comunicação  Social:  Habilitação  em Jornalismo 

fonte: arquivo do grupo PET 

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Como parte natural de um ciclo acadêmico, alguns alunos saem do programa 

para novos projetos e outros ingressam. Em 2012, foi lançado outro edital para ocupar 

as vagas ociosas e três novos petianos passaram a fazer parte do programa:  

Quadro 2 ‐ Membros do PET Conexões de Saberes Educomunicação em 2012 

Petianos  Curso 

Kênia Leal Pimenta  Comunicação  Social:  Habilitação  em Jornalismo 

Neimar da Cunha Alves  Comunicação  Social:  Habilitação  em Jornalismo 

Valdiney Rodrigues da Silva  Ciências Sociais 

fonte: arquivo do grupo PET 

 

Em 2013, novos alunos entraram no PET Conexões de Saberes Educomunicação 

pelo edital 1/2013: 

Quadro 3 ‐ Membros do PET Conexões de Saberes Educomunicação em 2013/1 

Petianos  Curso 

Ana Gabriela Faria Silva  Comunicação  Social:  Habilitação  em Jornalismo 

Gabriel Rodrigues Santos  Comunicação  Social:  Habilitação  em Jornalismo 

Maria José Rocha e Silva  Enfermagem 

fonte: arquivo do grupo PET 

 

Ainda  em  2013,  novos  petianos  ingressaram  no  nosso  PET  a  partir  do  edital 

2/2013: 

Quadro 4 ‐ Membros do PET Conexões de Saberes Educomunicação em 2013/2 

Petianos  Curso 

Monalisa França da Silva  Comunicação  Social:  Habilitação  em Jornalismo 

Paula Nohanna Macedo Guimarães  Pedagogia 

Talita Vital Gonçalves  Comunicação  Social:  Habilitação  em Jornalismo 

Vinícius Silva de Oliveira Ribeiro  Comunicação  Social:  Habilitação  em Jornalismo 

fonte: arquivo do grupo PET 

 

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Vale  ressaltar  que  não  temos  um  olhar  unidirecional.  No  PET  Conexões  de 

Saberes Educomunicação há o entrecruzamento de diversas áreas e todas contribuem. 

As  áreas  conversam.  Comunicam‐se.  Assim,  acontece  uma  verdadeira  conexões  de 

saberes. 

 

 

 

 

Abaixo, seguem imagens do grupo PET Conexões de Saberes Educomunicação. 

 

 

Figura 1 ‐ Primeira reunião do grupo PET CNX Educomunicação, em 2010 

 

fonte: arquivo do grupo PET 

 

 

 

 

 

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Figura 2  ‐ Grupo PET CNX Educomunicação em confraternização de  final de ano, em dezembro de 2013 

 

fonte: arquivo do grupo PET 

  

 

Referências  

BARBOSA, A. M. A questão da  interdisciplinaridade na escola de comunicação. MELO, J. M. M.; FADUL, A.; SILVA, C. E. L.  Ideologia e poder no ensino de comunicação. São Paulo: Cortez e Moraes, 1979. 

   

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5 PESQUISA CIENTÍFICA NO PET CONEXÕES: NOVOS OLHARES 

 

Brunner Macedo Guimarães46 Marcos Vinícius Reis47 Suzana Rosa Arantes48 

Adenísia Abadia Rocha e Silva49  

 

 Diferentes caminhos científicos  

  As  pesquisas  desenvolvidas  no  grupo  PET  Conexões  de  Saberes: 

Educomunicação        têm  por  característica  a  variedade  de  áreas  do  conhecimento, 

objetos e metodologias. Esse caráter interdisciplinar se deve à composição do grupo e 

perfil de seus  integrantes, os quais realizam cursos de graduação diferentes. Contudo, 

devido à maior presença de discentes dos cursos de Pedagogia e Comunicação Social 

com habilitação em Jornalismo no grupo, grande parte das pesquisas está relacionada 

às áreas da Comunicação e da Educação, especialmente à intersecção dos dois campos, 

justificando o propósito educomunicativo deste PET. 

  Inicialmente, o grupo desenvolveu pesquisas relacionadas às políticas públicas 

em  relação  a minorias,  com  foco  na  política  de  cotas.  Em  2011,  primeiro  ano  de 

existência  do  PET  Conexões  de  Saberes:  Educomunicação,  foram  realizados  estudos 

acerca  do  sistema  de  ações  afirmativas  adotado  pela  Universidade  Federal  de 

Uberlândia  (UFU),  articulando  a  experiência  do  processo  de  implementação  e 

estabelecimento  do  PAAES  (Programa  de  Ação  Afirmativa  de  Ingresso  no  Ensino 

Superior), os desafios e a importância dessas políticas. 

Outro projeto coletivo, intitulado Comunicação pública e difusão/popularização 

da ciência na Universidade Federal de Uberlândia integrou a tutoria e os participantes 

46 Estudante do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e bolsista do PET Conexões de Saberes Educomunicação da Universidade Federal de Uberlândia, email [email protected]. 47 Estudante do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e bolsista do PET Conexões de Saberes Educomunicação da Universidade Federal de Uberlândia, e‐mail [email protected]. 48  Jornalista  graduada  no  Curso  de  Comunicação  Social  com  habilitação  em  Jornalismo  e,  enquanto estudante,  foi  bolsista  do  PET  Conexões  de  Saberes  Educomunicação  da  Universidade  Federal  de Uberlândia, e‐mail [email protected]. 49 Estudante do Curso de Educação Física   e bolsista do PET Conexões de Saberes Educomunicação da Universidade Federal de Uberlândia, [email protected].

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deste  PET.  O  projeto  objetivou  acompanhar  e  analisar  as  atividades  de  difusão  e 

popularização  da  ciência  oriundas  da  UFU.  Foram  acompanhadas  as  produções  da 

Diretoria  de  Comunicação  (DIRCO)  acerca  de  Ciência  e  Tecnologia  na  universidade, 

bem como a inserção desse conteúdo na mídia local. A pesquisa viabilizou um trabalho 

de catalogação das fontes e alimentação de um banco de dados. 

Idealizado  no  ano  de  2013  e  com  início  no  ano  de  2014,  o  projeto  A 

educomunicação  e  a  literatura  marginal  como  possibilidades  de  diálogo  entre 

universidade e as comunidades populares: os desafios de (re)descobrir as diferenças e 

similaridades  também  envolve  todo  o  grupo  PET  e  propõe  –  a  partir  do  tema 

educomunicação e ações afirmativas – entender e discutir os eixos de ação político‐

institucional, formação acadêmica e política, além da produção cultural e popular dos 

indivíduos  participantes.  Este  projeto  tem  em  vista  a  necessidade  de  acesso  à 

informação  e  o  empoderamento  das  comunidades  populares  urbanas,  bem  como  a 

permanência  do  aluno  de  origem  popular  urbana  na  universidade  e  a  participação 

ativa nos processos de formação desses indivíduos com vistas a uma constante ligação 

da  instituição de ensino com as necessidades sociais emergentes. O projeto pretende 

ser um possível e sofisticado  instrumento de  inclusão social qualificada. Associando a 

educomunicação à produção  literária marginal, ele propicia também aos discentes de 

origem popular uma formação de nível superior de qualidade, preocupada e envolvida 

com  políticas  públicas  relacionadas  às  suas  áreas  de  formação,  além  de  promover 

diferentes  leituras  de  mundo  e  implicações  subjacentes  aos  indivíduos  das 

comunidades populares parceiras do projeto. 

  As  pesquisas  em  Comunicação  realizadas  pelos  integrantes  do  grupo  PET 

possuem como característica marcante o viés social e de estudo de minorias. Sob  tal 

aspecto,  entre  2012  e  2013,  discentes  do  grupo  desenvolveram  estudos  acerca  da 

representação  da mulher,  do  negro,  do  pobre,  do  para‐atleta  e  do  idoso,  além  de 

pesquisas relacionadas à África, ao Jornalismo Literário e à memória. A maioria desses 

trabalhos foram escritos em forma de monografia e apresentados como Trabalhos de 

Conclusão de Curso dos respectivos discentes, conforme explanado a seguir. 

  “A representação midiática e discursiva da mulher nas capas da revista TPM” é 

um estudo sobre a mulher que se  insere no contexto das questões de gênero. Ele foi 

desenvolvido por Suzana Rosa Arantes, estudante do curso de Comunicação Social, sob 

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orientação  do  Prof.°  Dr. Marcelo Marques.  A  pesquisa  analisou  como  a mulher  é 

representada nas chamadas e  fotos de capa da revista TPM  (Trip Para Mulher), para 

identificar, simbolicamente, qual e como é a mulher de TPM. O periódico tem em sua 

linha  editorial  o  objetivo  de  representar  a mulher  de  forma  diferente  das  revistas 

femininas convencionais, rompendo com aquilo que as leitoras estão acostumadas em 

magazines  do  gênero  para  ser  uma  alternativa  à  imprensa  feminina  tradicional.  A 

proposta é diversificar seu conteúdo para não ficar restrita ao que Dulcília Buitoni, em 

seu  livro  Mulher  de  papel,  de  2009,  identificou  como  o  trio  de  sustentação  das 

publicações para mulheres: moda, casa e coração. A identidade, o gênero, a imprensa 

feminina e a análise do discurso  francesa  foram os alicerces teóricos dessa pesquisa. 

Os  principais  autores  utilizados  foram  Stuart  Hall  (representação  social), Mary  Del 

Priore  e Michellet  Perrot  (gênero  e  construção  social,  religiosa,  política  da mulher), 

Dulcília Buitoni  (imprensa  feminina), além de Dominique Maingueneau e Cleudemar 

Fernandes (análise do discurso). 

  “A realidade construída: o negro e o pobre na Folha de São Paulo”, pesquisa da 

discente Gabrielle Carolina, do curso de Comunicação Social, orientada pela Prof.ª Dra. 

Adriana  Cristina  Omena  dos  Santos,  também  tutora  do  grupo  PET  CNX 

Educomunicação,  analisa  os  conteúdos  acerca  do  negro  e  do  pobre  em  edições 

consecutivas  do  jornal  Folha  de  São  Paulo,  com  o  objetivo  de  refletir  sobre  a 

representação midiática dos personagens encontrados. O estudo faz uso da teoria da 

construção  social  da  realidade  para  entender  o  lugar  do  negro  e  do  pobre  na 

sociedade, observando  sua visibilidade. O estudo de Gabrielle  também questiona as 

contingências  da  cultura  jornalística  e  sua  responsabilidade  frente  às  inclusões  e 

exclusões de atores sociais, na escolha e veiculação das matérias. A autora realiza tais 

análises  abrangendo  os  meios  de  comunicação  como  produtos  e  produtores  do 

chamado universo simbólico dominante, edificado socialmente e ao longo da história. 

Além  de  analisar  o  conteúdo  sobre  atores  das  minorias  encontrado  no  jornal,  a 

pesquisa  também discute uma  reinterpretação do  fazer  jornalístico na busca da  real 

representação  plural  da  realidade,  a  partir  de  autores  como  Boaventura  de  Sousa 

Santos, atento à necessidade de produção e valorização de novos conhecimentos. 

O estudo “Os  invisíveis n’O Olho da Rua: o Jornalismo Literário e a visibilidade 

midiática  dos  socioeconomicamente  excluídos”,  produzido  por  Diélen  Borges  sob 

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orientação do Prof.º Dr. Gerson de Sousa, também busca compreender realidades de 

pessoas marginalizadas a partir da mídia. Utilizando‐se da análise do discurso, a autora 

analisa reportagens do livro O Olho da Rua,  da jornalista Eliane Brum, protagonizadas 

por sujeitos e temas que não estão nos holofotes da chamada grande mídia: pessoas 

excluídas social e economicamente. Partindo deste caso, então, Diélen discorre sobre a 

capacidade do  Jornalismo  Literário de  conceder  visibilidade  aos excluídos e o modo 

como o faz. 

Outro estudo  com viés  social desenvolvido por uma  integrante do grupo PET 

refere‐se à representação midiática dos idosos na revista Sempre Jovem. O trabalho foi 

realizado por Deisine Cabral, também sob orientação do Prof. Dr. Gerson de Sousa, e é 

intitulado  “A  idade  (in)visível:  uma  análise  da  representação  do  idoso  na  revista 

Sempre Jovem”. A pesquisa investiga a representação do idoso na revista especializada 

Sempre  Jovem,  publicada  pela  Brasil Data  Sênior.  Selecionou‐se  e  analisou‐se  nove 

reportagens de  três edições, veiculadas nos anos de 2011, 2012 e 2013, e o projeto 

editorial  do  primeiro  número  da  revista.  A  definição  do  objeto  de  estudo  pelo 

jornalismo  especializado  é  consequência  da  análise  da  invisibilidade  dos  idosos  na 

grande  mídia.  O  problema  levou  à  proposta  da  monografia:  verificar  se  a  revista 

especializada  concede  visibilidade ao público  idoso e  como esse público é  retratado 

nas  páginas  das  editorias  Estilo  de  Vida,  Estética,  Comportamento,  Tecnologia, 

Atualidades  e  Dicas  Sempre  Jovem.  O  trabalho  discute  visibilidade  e  invisibilidade 

midiática,  representação  do  idoso,  lógica  de mercado  e  responsabilidade  social  no 

jornalismo.  A  pesquisa  é  embasada  na  teoria  funcionalista,  utiliza‐se  da  análise  de 

conteúdo  e  busca  responder  a  seguinte  questão:  Será  que  a  imagem  do  idoso 

disseminada na Sempre Jovem é diferente ou ratifica ao defrontado na grande mídia? 

Já  em  “A  Comunicação  Organizacional  'Sem  Fronteiras':  as  estratégias  de 

comunicação nos canais on‐line da ONG MSF para sensibilizar os brasileiros em relação 

à África”, Valquíria Amaral investiga estratégias de comunicação digital e analisa a ONG 

Médicos  Sem  Fronteiras  e  seu modo  de  sensibilização,  no Brasil,  da  causa  africana. 

Tendo  como orientadora a  tutora do PET Adriana Omena, a pesquisadora objetivou 

identificar as estratégias de  comunicação utilizadas no  site e  fan page brasileiros da 

ONG Médicos Sem Fronteiras para sensibilizar e  informar os brasileiros em relação à 

África.  Para  isso,  explorou‐se  conceitos  relacionados  à  área  de  Comunicação 

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Organizacional no Terceiro Setor, principalmente sobre a comunicação externa voltada 

para  a  mobilização  social  do  indivíduo.  Apresenta,  ainda,  reflexões  acerca  das 

possibilidades da Comunicação Digital para organizações e discorre brevemente sobre 

a história antiga e  contemporânea da África, para mostrar a  realidade assistida pela 

ONG.  A  partir  da  análise  descritiva  do  material  coletado  por  meio  de  critérios 

estabelecidos  conforme  a  revisão  bibliográfica  deste  trabalho,  apresentam‐se  as 

estratégias  de  comunicação  dos  canais  de  comunicação  online  de  Médicos  Sem 

Fronteiras e reflexões sobre as estratégias identificadas. 

Também orientada por Adriana Omena Santos, a petiana Cíntia Aparecida de 

Souza desenvolveu a pesquisa “A mídia e o paradesporto: A  representação do para‐

atleta no site Globoesporte.com”. O trabalho analisa a representação do paradesporto 

(a  prática  de  atividades  físicas  por  pessoas  com  deficiência)  e  do  para‐atleta  no 

jornalismo  esportivo  brasileiro.  O  corpus  do  estudo  foi  constituído  de  reportagens 

publicadas no site esportivo Globoesporte.com entre os dias 01 e 07 de dezembro. O 

recorte  temporal  levou  em  consideração  o  Dia  Internacional  da  Pessoa  com 

Deficiência,  comemorado  no  dia  03  de  dezembro. A  partir  dos  dados  coletados,  os 

quais  foram  devidamente  analisados  por meio  de  análise  de  conteúdo,  a  pesquisa 

investiga qual é a representação do para‐atleta e se o paradesporto possui espaço de 

manifestação  no  veículo  midiático.  Os  resultados  da  pesquisa  mostraram  que  a 

representação mais  recorrente  é  a  da  superação,  na  qual  o  esporte  funciona  como 

meio  para  a  superação  da  deficiência.  O  espaço  do  paradesporto  ainda  está 

relacionado  à  divulgação  dos  resultados  das  competições  paradesportivas.  O  tema 

pesquisado esteve presente em artigos realizados pela discente no âmbito do PET em 

conjunto  com  Adenísia  Rocha  do  curso  de  Educação  Física  e,  desenvolvido 

posteriormente, também como proposta de seu Trabalho de Conclusão de Curso. 

  A  pesquisa  “Ogivas  no  Papel:  A  Crise  da  Razão  e  o  Jornalismo  Literário  nas 

páginas  de  Hiroshima”,  desenvolvida  pelo  estudante  Marcos  Vinícius  Reis  sob 

orientação do Prof.º Dr. Gerson de Sousa, investiga o Jornalismo Literário expresso na 

reportagem  Hiroshima,  de  autoria  do  norte‐americano  John  Hersey,  à  luz  dos 

pressupostos  teóricos  dos  pensadores  da  Escola  de  Frankfurt.  O  objetivo  geral  foi 

avaliar  se  a  prática  jornalístico  literária  viabiliza  a  emancipação  do  sujeito  em 

detrimento de um  jornalismo objetificante e de  feições  industriais. As narrativas dos 

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sobreviventes à explosão da bomba atômica sobre a cidade japonesa de Hiroshima se 

configuram  como  possibilidades  de  alcance  da  autonomia  do  jornalista  e  de  suas 

personagens no contexto da Crise da Razão.  

  O  estudo  “Entre  Mármores  e  o  Revés:  A  memória  da  ditadura  nos  perfis 

humanizados de Moreira  Leite”,  realizado pelo discente Brunner Macedo e  também 

orientado  pelo  Prof.º  Dr.  Gerson  de  Sousa,  discute  e  analisa  a  possibilidade  de 

reconstrução  histórica  da  ditadura  civil‐militar  brasileira  a  partir  das  reportagens 

presentes no livro‐reportagem A mulher que era o general da casa, do jornalista Paulo 

Moreira  Leite.  As  diferentes  reportagens,  apresentadas  na  forma  de  perfis 

humanizados, permitem identificar a influência de aspectos ideológicos, identitários e 

políticos  na  construção  dos  textos,  e  contrapor  as  metodologias  adotadas  pelo 

jornalista  frente  aos  personagens  da  resistência  civil  ao  regime  e  o  personagem 

“avesso” à posição dos demais. A análise, calcada nos Estudos Culturais, revela como o 

conflito  das  memórias  está  codificado  no  texto  jornalístico  e  como  o  jornalismo 

continua  a  refletir  as  relações  de  resistência  presentes  no  período  ditatorial  e  que 

compromete a própria humanização dos sujeitos proposta. 

Sobre as questões de memória, outro projeto desenvolvido no interior do curso 

de Jornalismo da UFU com participação de três petianos conexistas – Brunner Macedo, 

Cintia Sousa e Marcos Vinícius Reis – é a pesquisa “Memória do cinema em Uberlândia: 

relação entre comunicação e cultura”. O estudo, sob orientação de Gerson de Sousa, é 

desenvolvido por meio de depoimentos de velhos moradores da cidade e de análises 

de documentos e notícias divulgadas na mídia para entender a relação do progresso do 

cinema com a sociedade no período que compreende o inicio do século XX até o início 

do século XXI. O trabalho não pretendeu simplesmente contar a história do cinema. A 

proposta foi construir um trabalho de pesquisa nesta interface “memória do cinema” e 

contribuir para construção de identidade de Uberlândia a partir de um novo olhar nas 

áreas de Comunicação e Cultura. 

Ainda no  campo da  comunicação e memória, os petianos Brunner Macedo e 

Talita Vital iniciam em 2014 um projeto junto ao professor Gerson de Sousa intitulado 

“As  implicações  da  cultura  no  processo  de  construção  de  identidade  do  jornalista: 

Memória de formação teórica e experiência profissional no cotidiano de Uberlândia”. 

Este projeto de pesquisa,  com duração de 24 meses,  tem por objetivo  identificar as 

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implicações  da  cultura  na  construção  de  identidades  do  jornalista  a  partir  de  dois 

aspectos  fundantes:  a  memória  da  formação  teórica,  seja  educação  formal  ou 

informal, e a experiência vivida na atividade profissional no  cotidiano de Uberlândia 

(MG).  A  proposta  é  identificar  os  conflitos  vivenciados  por  esses  profissionais  no 

mercado de trabalho em um contexto em que a cultura como política passa a definir o 

contexto de pós‐modernidade. A análise deverá considerar o atual currículo dos cursos 

de jornalismo e avaliar as discussões de mudanças nos programas de disciplinas.  

Na outra perspectiva disciplinar do PET, com estudos voltados para o campo da 

educação, as pesquisas desenvolvidas pela  tutora e discentes do curso de Pedagogia 

abordam  temas  como a precarização do  trabalho do  tutor no ensino à distância e a 

importância  da  leitura  na  educação  infantil  e  nos  primeiros  anos  do  ensino 

fundamental. Na pesquisa intitulada “A precarização do trabalho do tutor que atua na 

educação  a  distância  e  a  relação  com  a  imagem  na  Universidade  Federal  de 

Uberlândia”,  a  tutora do PET, Prof.ª Dr.ª Adriana Omena,  e  a petiana Paula Macedo 

pesquisam  o  trabalho  do  tutor  que  atua  nos  cursos  ofertados  na  modalidade  de 

educação  a  distância  (EaD)  no  ensino  superior  e  suas  particularidades,  como  a 

precarização do trabalho do tutor EaD na UFU e a imagem atribuída a este profissional 

na  Instituição  em  que  atua.  Além  disso,  também  enumeram  características  que 

ilustram  a  questão  do  paradoxo  da  necessidade  de  qualificação  contínua  que 

caracteriza o  sistema de  tutoria utilizado na Educação a Distância. Ao  final, o estudo 

proporá um modelo de  tutoria  capaz de  contemplar  as  reais  funções exercidas pelo 

docente e que possibilite a valorização do tutor na atividade. Trata‐se de uma pesquisa 

aplicada, descritiva, documental, de natureza qualitativa e que prevê a realização em 

campo  que  contemplará  uma  pesquisa  de  opinião  acerca  da  imagem  do  tutor  na 

Universidade e a relação desta com a precarização do trabalho na EaD.   

Outra  pesquisa  desenvolvida  junto  ao  PET  no  campo  da  Educação  discute  a 

prática da  leitura na educação  infantil. Ela  foi  realizada pelas pesquisadoras Adriana 

Carolina  Soares  dos  Santos  (petiana)  e  Adriana  Pastorello  Buim  Arena  (docente)  na 

disciplina “Monografia”, entre os anos de 2011 e 2013. O estudo  teve como objetivo 

analisar  como  o  professor  alfabetizador  utiliza  a  literatura  infantil  no  processo  de 

aquisição  do  código  escrito  pela  criança.  Como metodologia,  as  autoras  realizaram 

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coleta de dados em turma do 1º ano do Ensino Fundamental durante 3 meses, a partir 

de  observação  das  aulas,  realização  de  entrevistas  e  execução  de  um  projeto  de 

intervenção. Também nesta  linha, a pesquisa da petiana Andressa Castilho  (também 

sob orientação de Adriana Pastorello) buscou investigar como a escola utiliza diferentes 

espaços para a formação de alunos leitores. Foram acompanhados professores do 2º e 

5º  ano  da  Escola  Municipal  de  Uberlândia,  a  qual  oferece  Educação  Infantil  e  os 

primeiros  anos  do  Ensino  Fundamental.  A  relevância  do  estudo  está  em  analisar  a 

formação leitora nas escolas. 

Conforme  afirmado  anteriormente  a  multiplicidade  de  objetos  e  de 

procedimentos metodológicos nas pesquisas desenvolvidas e em  andamento dentro 

do  PET  CNX  Educomunicação  reflete  a  interdisciplinaridade  do  grupo  e  trajetória 

acadêmica  dos  participantes.  A  preocupação  com  questões  sensíveis  intrínsecas  à 

comunicação,  à  educação  e  às  políticas  publicas,  são  marcas  do  processo  de 

empoderamento dos petianos  frente às  temáticas e de  formação científica e política 

do grupo.  

É possível estabelecer similaridades temáticas após esse breve balanço, como a 

forte recorrência às minorias, à subjetividade e à educomunicação. Os estudos estão 

imersos  no  processo  de  busca  por  superações  de  paradigmas  midiáticos  e 

educacionais,  e  objetivam  o  entendimento  social  para  a  efetivação  de  uma 

contribuição  que  promova  o  retorno  à  sociedade,  o  desenvolvimento  social,  e  a 

continuidade  do  processo  de  empoderamento  também  por  parte  das  comunidades 

populares. 

 

   

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6 O PET EM CONEXÃO COM OS SABERES DAS COMUNIDADES POPULARES URBANAS 

 

Cíntia Aparecida de Sousa50 Kênia Leal Pimenta51 

Maria José Rocha e Silva52 Talita Vital Gonçalves53 

 

 

No ano de 2010, o projeto Conexões de Saberes  foi  inserido no Programa de 

Educação Tutorial (PET), sendo  lançado um edital conjunto com as duas propostas. O 

Programa Conexões de Saberes  (PCS) consiste em uma proposta de ação afirmativa, 

criado  em  2003, por  iniciativa do Ministério da  Educação  (MEC), por  intermédio da 

Secretaria  de  Educação  Continuada,  Alfabetização  e  Diversidade  (SECAD),  com 

execução financeira do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).  

O programa objetivava democratizar o acesso, e promover a permanência com 

qualidade, de estudantes provenientes de origem popular e esteve vinculado às pró‐

reitorias  de  extensão  ou  órgãos  semelhantes  nas  instituições  federais  de  ensino 

superior. 

  A  inserção  do  programa  Conexões  de  Saberes  no  PET,  para  André  Luiz  de 

Figueiredo  Lázaro54,  secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade 

do  MEC,  só  veio  a  contribuir  com  o  sistema  de  ensino,  além  de  institucionalizar 

definitivamente a proposta. 

Em primeiro lugar porque a intenção do PET Conexões passaria ser a "formação 

de  uma  elite  de  alunos  de  origem  popular,  que  mantenha  seus  vínculos  com  as 

comunidades de origem", algo  ignorado pelos PETs  tradicionais. Em  segundo, com a 

união, entre Conexões de Saberes e PET, o órgão vigente deixa de ser a SECAD e passa 

50  Jornalista  graduada  no  Curso  de  Comunicação  Social  com  habilitação  em  Jornalismo  e,  enquanto aluna, foi bolsista do PET Conexões de Saberes Educomunicação da Universidade Federal de Uberlândia, e‐mail [email protected]. 51 Estudante do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e bolsista do PET Conexões de Saberes Educomunicação da Universidade Federal de Uberlândia, e‐mail [email protected]. 52  Estudante  do  Curso  de  Enfermagem  e  bolsista  do  PET  Conexões  de  Saberes  Educomunicação  da Universidade Federal de Uberlândia, e‐mail [email protected]. 53 Estudante do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e bolsista do PET Conexões de Saberes Educomunicação da Universidade Federal de Uberlândia, e‐mail [email protected]. 54 Informações obtidas junto à memória da videoconferência MEC/ SECAD realizada em 23/08/2010.

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a  ser a Secretaria de Educação Superior  (SESu),  institucionalizando o PCS no mesmo 

patamar do PET . 

Após tal junção, na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) desenvolvem‐se 

três  grupos  PET  Conexões,  a  saber,  o  Educomunicação:  a  educomunicação  como 

instrumento  de  diálogo  entre  os  cursos  de  Jornalismo,  Pedagogia  e  Licenciaturas  e 

comunidades populares urbanas; o (Re)conectando saberes, fazeres e práticas: rumo à 

cidadania  consciente:  cujo  foco é  a  redimensionamento da  construção da  cidadania 

consciente  e  da  reflexão  acerca  das  ações  afirmativas  de  valorização  das  pertenças 

identitárias dos grupos populares e, por  fim, o Saúde, cultura e saberes: Resgate dos 

direitos humanos, cidadania e pluralidade. 

A proposta do PET Conexões Educomunicação objetiva promover um diálogo 

interdisciplinar entre os cursos de Jornalismo, de Pedagogia e de licenciaturas da UFU 

e  por meio  das  atividades  de  extensão  proporcionar  a  troca  de  saberes  como  as 

comunidades populares, visto que se trata dos grupos de origens dos participantes do 

programa PET Conexões. 

 

A extensão como práxis de conhecimento entre universidade e sociedade 

 

Assim  como  nas  IES  pesquisa,  ensino  e  extensão,  os  três  pilares  do  PET 

Conexões. Dentro destas  três  vertentes,  a extensão  se  trata da mais  "renegada" no 

âmbito  universitário,  porém  a  que mais  possibilita  a  aproximação,  tão  necessária, 

entre universidade e sociedade. Conforme apresenta Rodrigues (2006), em um estudo 

sobre a extensão e o corpo docente, quando afirma que 

apesar  da  importância  da  extensão  na  definição  das  relações entre  a  Universidade  e  a  sociedade,  tradicionalmente,  por motivos diversos, ela vem ocupando, na distribuição da  carga da atividade docente, uma  situação de  inferioridade,  já que a carga do professor universitário é primeiramente ocupada com as  atividades  de  docência  e  de  pesquisa.  É  a  partir  da distribuição  dessas  diversas  tarefas  que,  geralmente,  quando sobra tempo, o docente se ocupa com propostas voltadas para a extensão (RODRIGUES, 2006, p.85). 

 

  O  inciso  7  do  art.  43  da  Lei  de  Diretrizes  de  Bases  da  Educação  Nacional 

(BRASIL, 1996, s.p) afirma que uma das especificidades da educação superior consiste 

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em "promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das 

conquistas  e  benefícios  resultantes  da  criação  cultural  e  da  pesquisa  científica  e 

tecnológica geradas na instituição".  

Neste sentido a Política de Extensão da Universidade Federal de Uberlândia, na 

resolução aprovada pelo conselho da universidade, no ano de 2009, define a extensão 

como: 

Art.  1º  [...]  um  processo  acadêmico  vinculado  à  formação profissional  do  cidadão,  à  produção  e  ao  intercâmbio  de conhecimentos que visem à transformação social. Ela articula o ensino e a pesquisa de forma  indissociável e  instrumentaliza a relação dialética teoria/prática, por meio de um trabalho  inter e transdisciplinar, que favorece uma visão global das questões sociais,  viabilizando  a  relação  transformadora  entre Universidade  e  sociedade  (UNIVERSIDADE  FEDERAL  DE UBERLÂNDIA, 2009, p.01). 

 

A  extensão  na  Universidade  Federal  de  Uberlândia  (UFU)  vincula‐se  à  Pró‐

Reitoria  de  Extensão,  Cultura  e  Assuntos  Estudantis  (Proex)  e  tem  seus  princípios 

fundamentados no Plano Nacional da Extensão Universitária, elaborado pelo Fórum de 

Pró‐Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras e pela  Secretaria de 

Educação  Superior  do  Ministério  da  Educação  e  do  Desporto,  como  pode  ser 

observado no texto a seguir. 

A  Extensão  Universitária  na  Universidade  Federal  de Uberlândia, de acordo com o Plano Nacional de Extensão, tem como princípio básico a efetiva interação com a Sociedade, seja para se situar historicamente, para se identificar culturalmente ou  para  referenciar  sua  formação  acadêmica  (PROEX,  2012, s.p). 

 

O  Plano  Nacional  da  Extensão  Universitária  mostra  que  as  atividades  de 

extensão  iniciaram  antes mesmo  da  criação  formal  do  conceito,  pois  a  partir  dos 

movimentos sociais liderados por estudantes, já se percebia a necessidade da conexão 

entre universidade e sociedade. 

No fim dos anos 50,  início dos anos 60, os estudantes universitários brasileiros,  organizados  na  União  Nacional  dos  Estudantes  ‐  UNE, empreenderam movimentos culturais e políticos reconhecidos como fundamentais  para  a  formação  das  lideranças  intelectuais  de  que carecia  o  país.  Estavam  assim  definidas  as  áreas  de  atuação 

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extensionista,  antes  mesmo  que  o  conceito  fosse  formalmente definido (FÓRUM, 2001, p.03). 

   

  Esta  concepção,  ao  longo  dos  anos,  aprimorou‐se,  pois  percebeu  que  a 

extensão  vai muito mais além do que um  simples assistencialismo à  comunidade. A 

participação  da  população  não  deve  ser  vista  como  receptora  das  atividades, mas 

também como sujeito ativo da relação.  

Neste contexto a extensão é uma via de mão‐dupla, em que o mais importante 

trata‐se da troca de saberes e não uma imposição de conhecimentos de apenas umas 

das partes envolvidas, assim como foi concebido, por muito tempo, por grande parte 

dos  sujeitos  da  universidade.  O  que  se  objetiva  com  a  práxis  da  extensão  é  "a 

participação das populações na condição de sujeitos, e não na de meros espectadores" 

(FÓRUM, 2001, p.03). 

Assim,  o  Plano  Nacional  da  Extensão  Universitária  apresenta  como  nova 

concepção de extensão universitária 

[...] o processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre Universidade e Sociedade. A Extensão é uma via de mão‐dupla, com  trânsito assegurado à comunidade acadêmica, que encontrará, na  sociedade,  a  oportunidade  de  elaboração  da  praxis  [sic]  de  um conhecimento  acadêmico.  No  retorno  à  Universidade,  docentes  e discentes trarão um aprendizado que, submetido à reflexão teórica, será acrescido àquele conhecimento (FÓRUM, 2001, p.04). 

  Concluímos que a extensão consiste na ponte de acesso entre universidade e 

sociedade  ou  vice  e  versa. Assim,  com  a  realização  dos  projetos  "Ciclo  de  Ideias:  o 

debate  em  ação";  "Choque  Cinematográfico:  curtas‐metragens    como  temas  pouco 

abordados no dia a dia"; "A EJA: em espaços não escolares"; "Gestar:  Informativo do 

Programa  de Gestão  de  Aprendizagem  Escolar";  "Narrativas  de  vida:  A  constituição 

identitária  dos  Idosos";  "Nova  Criatura:  o  boletim  informativo  Transformação", 

"Telecentro:  promovendo  a  inclusão  digital",  o  PET  Conexão  Educomunicação  busca 

promover esta troca de saberes, tão necessária para o empoderamento dos indivíduos 

e para a construção de um pensamento crítico na sociedade. 

 

Ações extensionistas desenvolvidas e seus resultados  

 

Ciclo de Ideias: o debate em ação 

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69

 

O  "Ciclo  de  Ideias"  é  uma  atividade  de  formação  em  que  convidados 

(professores, profissionais, estudantes) debatem com o  público um tema previamente 

definido, que varia a cada edição, pertinente ao estudo feito pelo grupo PET Conexões 

Educomunicação.  A  atividade  tem  como  público‐alvo  estudantes  de  graduação  e  a 

comunidade externa à universidade.  

No ano de 2011, o PET Conexões Educomunicação deu  início à  realização do 

"Ciclo  de  Ideias".  Durante  reuniões,  foram  escolhidos  os  temas  e  os  convidados  e 

divididas  as  tarefas  (divulgação, preparação do  ambiente  e  emissão  de  certificados) 

entre  os  petianos.  Em  cada  sessão,  pipoca  e  refrigerante  eram  distribuídos 

gratuitamente  aos  participantes.  Ao  longo  do  ano,  aconteceram  cinco  edições  (ver 

figuras 1 e 2):  

  

• 16/04/2011: "Extensão e Políticas Públicas";  

• 18/06/2011: "O Politicamente correto em pauta: combate ao preconceito ou  

censura?"; 

•  20/08/2011:  "Os  desafios  e  possibilidades  da  Interface  Educação  e 

Comunicação";  

• 29/10/2011: "A Identidade na pós‐modernidade";  

• 01/12/2011: "Literatura Afro‐Brasileira e Racismo". 

 

Figura 1: Primeiro Ciclo de Ideias 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Acervo do grupo PET CNX Educomunicação 

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Figura 2: Cartaz de divulgação do Segundo Ciclo de Ideias 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Acervo do grupo PET CNX Educomunicação 

Os benefícios da atividade ultrapassaram a visão restrita de uma palestra, pois 

ofereceram  uma  ampla  discussão  e  questionamentos,  os  quais  levaram  os 

participantes a refletir sobre temas atuais e pouco discutidos no dia a dia. A partir da 

dinâmica  trabalhada,  o  intuito  era  promover  uma  roda  de  conversa  entre  os 

convidados e os participantes, possibilitamos a troca de experiências.  

 

Choque Cinematográfico: curtas‐metragens como  temas pouco abordados no dia a 

dia 

 

  O Choque Cinematográfico consiste na exibição de um curta‐metragem, sobre 

algum tema "sensível", seguido de discussões e debates. As exibições de curtas visam 

promover discussões e debates entre professores, alunos e comunidade externa com o 

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71

objetivo de criar um diálogo  interdisciplinar entre os diferentes cursos envolvidos no 

PET  Conexões  Educomunicação,  além  de  promover  a  troca  de  saberes  com  as 

comunidades  populares. A  cada  exibição,  dois ou mais  convidados  são  solicitados  a 

discutir sobre o tema, juntamente com a presença e a participação do público. 

A opção por curtas metragens (e não longas) deve‐se à necessidade de reservar 

tempo  para  o  debate  dos  temas,  considerados  pelos  petianos  como  complexos  e 

importantes,  porém,  marginalizados.  Vale  mencionar  que  os  "Choques 

Cinematográficos" foram realizados em parceria com o PET Ciências Sociais, devido à 

afinidade entre as áreas de interesse dos dois grupos. Foram promovidas três edições 

(ver figuras 3 e 4):  

  

• 27/08/2011: "O Xadrez das Cores"  

• 24/09/2011: "Vista a minha pele"  

• 16/11/2011: "Raça Humana" 

 

 

Figura 3: Primeiro Choque Cinematográfico "O Xadrez das Cores" 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Acervo do grupo PET CNX Educomunicação 

 

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72

Figura 4: Cartaz de divulgação do Choque Cinematográfico 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Acervo do grupo PET CNX Educomunicação 

 

  Essa  atividade  foi  proposta  com  o  objetivo  de  levar  à  comunidade  externa, 

debates  e  reflexões  de  assuntos  e  temas  que  não  são  destacados  na mídia  e  no 

cinema.  A  atividade  proporciona  ao  grupo maior  percepção  reflexiva  e  um  diálogo 

sobre os temas e assuntos discutidos nos curtas exibidos. E ainda mais interatividade e 

aproximação entre comunidade acadêmica e comunidade externa e um espaço para a 

discussão de temas pouco abordados. 

  Debates,  reflexões  e  trocas  de  experiências  e  saberes  entre  comunidade 

acadêmica  e,  principalmente,  a  comunidade  externa  nas  exibições  dos  curtas‐

metragens exibidos são o que dão o caráter de extensão a atividade. As exibições dos 

curtas‐metragens  já  realizadas  foram  relevantes  para  os  petianos  pela  aproximação 

entre universidade e comunidade externa, além de proporcionar uma reflexão sobre 

os diferentes assuntos abordados. 

 

A EJA: em espaços não escolares 

 

  O  projeto  "A  EJA:  em  espaços  não  escolares"  é  um  sub‐projeto  do 

"Reconstruindo  os  espaços  da  EJA:  entre  o  saber  e  o  fazer",  desenvolvido  pela 

professora  Sônia Maria dos  Santos da  Faculdade de  Educação  (Faced). As  aulas  são 

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73

anteriores  ao  PET  Conexões,  uma  vez  que  ocorrem  desde  novembro  de  2006  e  as 

atividades do projeto também fizeram parte do Programa Conexões de Saberes (PCS). 

  "A  EJA:  Em  espaços  não  escolares"  é  um  projeto  diferenciado,  uma  vez  que 

todos os alunos atendidos apresentam problemas psicossociais (comprometimento da 

saúde mental a partir de problemas gerados pela sociedade) e estão em tratamento. 

Assim,  o  projeto  objetiva  proporcionar  a  esses  indivíduos  a  oportunidade  de 

retornarem aos estudos como forma de inserção na sociedade.  

  Os  alunos  atendidos  são oriundos  de  comunidades  carentes  e dependem do 

atendimento gratuito dos Centros de Convivência de Uberlândia, lugares que propõem 

um  atendimento  mais  humano  aos  indivíduos  com  problemas  psicológicos  e 

psicossociais, para seguirem o tratamento. 

  A proposta é que  juntamente ao  tratamento com os psicólogos, os pacientes 

desenvolvam diversas atividades a  fim de  se  reinserirem na  sociedade e elevarem a 

sua  autoestima.  Por  isso,  os  Centros  de  Convivência,  junto  a  alguns  parceiros, 

oferecem oficinas, permitindo um olhar diferenciado da sociedade para esse indivíduo 

e vice‐versa. 

  O desafio do PCS  junto aos princípios do PET Conexões Educomunicação é de 

estender o ensino para além dos muros da universidade. Assim, a EJA é uma proposta 

que pretende contribuir com as necessidades educacionais vigentes e com as trocas de 

conhecimento com a comunidade. 

  O objetivo central deste projeto é  inserir esses pacientes em um contexto rico 

de letramento, para que eles possam se sentir parte da sociedade, reorganizando a sua 

condição como cidadãos. Além disso, o projeto promove experiências de sala de aula 

para  as  pedagogas  em  formação. O  projeto  cria  um  espaço  diferenciado  da  pratica 

tradicional da EJA, visto que esse projeto é constituído de uma proposta colaborativa 

que  é  desenvolvida  por meio  de  aulas,  oficinas  e  dinâmicas  de  grupo,  respeitando 

sempre o "limite" do aluno (ver figuras 5 e 6). 

 

 

 

 

 

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74

 

 

Figura 5:  Professores e alunos  do projeto "A EJA em espaços não escolares" 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Acervo dos pesquisadores do projeto "A EJA: Em espaços não escolares" 

 

 

 

 

Figura 6:  Aula do projeto "A EJA em espaços não escolares" 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Acervo dos pesquisadores do projeto "A EJA: Em espaços não escolares" 

 

  Os resultados alcançados  foram o envolvimento dos alunos  (jovens e adultos) 

com as aulas, demonstrado por meio da força de vontade e também pela presença dos 

Page 79: Livro conexoes de saberes no pet educomunicacao novas interfaces

75

mesmos durante o curso de alfabetização. Para os discentes do curso de Pedagogia, a 

atividade possibilitou um esboço da prática da docência de alfabetização de  jovens e 

adultos com problemas psicossociais. 

  Em  suma,  o  projeto  mostrou  que  alguns  cursos  de  formação  básica,  que 

licenciam alfabetizadores e professores para atuarem na EJA,  têm  tratado de  forma 

equivocada  este  profissional,  muitas  das  vezes  simplificando  e  fragmentando  o 

conhecimento dessa área e suas reais necessidades. 

 

Gestar: Informativo do Programa de Gestão de Aprendizagem Escolar 

 

O  Programa  Gestão  de  Aprendizagem  Escolar  (GESTAR)  oferece  formação 

continuada em língua portuguesa e matemática aos professores do sexto ao nono ano 

do  ensino  fundamental  nas  escolas  públicas.  O  programa  busca  contribuir  com  o 

aperfeiçoamento e a autonomia do professor em sala de aula, trabalhando habilidades 

e competências. 

  A parceria do PET CNX Educomunicação com os professores coordenadores do 

GESTAR II em Uberlândia fez parte das ações desenvolvidas no ano de 2011, tendo em 

vista a prática da proposta educomunicativa na qual se sustenta a criação do grupo. 

Os membros  do  grupo  PET  CNX  Educomunicação  envolvidos  com  o  projeto 

Gestar  II  em  Uberlândia  iniciaram  sua  atuação  participando  de  reuniões  com  os 

coordenadores  do  projeto  na  UFU.  Posteriormente,  os  petianos  participaram  do 

segundo encontro de professores tutores do Gestar II, que aconteceu em Uberlândia. 

Nesta ocasião, as sugestões desses professores foram coletadas para o direcionamento 

da produção  inicial do material educomunicativo que viria a ser produzido, um  jornal 

informativo do projeto. 

  Após  serem  definidas  as  seções  do  jornal  informativo,  foram  elaborados  os 

textos pelo PET com colaboração dos professores coordenadores do Gestar II na UFU. 

A finalização da primeira edição aconteceu em outubro de 2011, poucos dias antes do 

terceiro encontro dos professores tutores, a realizar‐se na cidade de Belo Horizonte. O 

informativo foi distribuído aos participantes do encontro. 

Dentre  os  resultados  alcançados  na  atividade  de  extensão  realizada  com  o 

GESTAR,  ressaltamos, em primeiro  lugar, a efetiva  troca de saberes entre petianos e 

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76

comunidade. Durante a oficina, para além de termos partilhado nosso conhecimento 

acadêmico,  pudemos  perceber  quais  eram  as  necessidades  da  comunidade  de 

professores  em  relação  ao  trabalho  com  mídias  e  ouvir  seus  posicionamentos  na 

leitura crítica de mídia. Além disso, participamos como ouvintes da apresentação que 

os  professores  fizeram  sobre  os  projetos  que  estavam  desenvolvendo  em  suas 

respectivas escolas, uma experiência que  trouxe como  resultado para nós a  imersão 

(com  reflexão)  no  contexto  de  sala  de  aula,  um  dos  lugares  onde  se  promove  a 

educomunicação. 

  Este  trabalho  resultou  também  na  capacitação  dos  professores  para 

produzirem  informativos em  suas escolas, por meio do estudo  sobre  as  técnicas da 

linguagem  jornalística,  do  fotojornalismo  e  do  planejamento  gráfico,  inclusive  com 

treinamento para que os eles possam diagramar o próprio jornal utilizando o software 

gratuito Scribus. 

  A  atividade  de  extensão  proporcionou  a  criação  do  “Informativo  GESTAR”, 

atendendo  à  demanda  do  grupo  de  possuir  um  veículo  de  comunicação  para 

divulgação  de  seus  trabalhos  e  de  informações  de  interesse  da  comunidade  de 

professores.  Já  foram produzidas a edição 00, pelos bolsistas do PET, e a edição 01, 

pelos professores do GESTAR auxiliados pelos bolsistas.  

Figura 7: Informativo do Programa Gestão em Aprendizado Escolar, números 00 e 01 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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77

 

  

Fonte: Acervo do grupo PET CNX Educomunicação 

 

  A atividade, além de promover a apropriação de ferramentas educomunicativas 

pela  comunidade  de  professores  para  produção  de  informativo,  possibilitou  o 

desenvolvimento de metodologias para a prática de temas estudados e discutidos no 

interior do grupo PET Conexões Educomunicação. 

 

 

Narrativas de vida: A constituição identitária dos Idosos 

 

  O  projeto  de  extensão  "Narrativas  de  vida:  A  constituição  identitária  dos 

Idosos"  vinculou‐se,  inicalmente,  ao  Programa  Conexões  de  Saberes,  e  teve  por 

finalidade  dar  voz  aos  idosos  de  uma  Instituição  de  Longa  Permanência  (ILP)  e 

proporcionar um espaço para os internos contarem suas histórias de vida, percorrendo 

uma trajetória que lhes possibilitem reviver as lembranças e as reminiscências. 

  O projeto buscou possibilitar  com o  fortalecimento  identitário do  idoso e do 

grupo no qual este se encontra. Ao contar e ao ser ouvido, o interno está socializando 

seus conhecimentos de vida, contribuindo e enriquecendo as experiências de vida dos 

envolvidos no projeto: idosos, professores e alunos. 

  O  objetivo  do  projeto  foi  fazer  com  que  idosos  contassem  suas  histórias  de 

vida,  por meio  de  uma  narrativa,  percorrendo  a  trajetória  que  lhes  possibilitasse  o 

reviver de suas reminiscências. A partir da socialização dessas histórias e do falar em 

grupo,  pretendeu  contribuir  para  o  fortalecimento  identitário  dos  idosos  e  dos 

envolvidos nesse projeto de extensão.  

  A atividade foi organizada pelos professores do Instituto de Letras e Linguística 

(ILEEL), Maria  Aparecida  Resende Ottoni  e Maria  Cecília  de  Lima,  da  Faculdade  de 

Educação (FACED), Gerson de Sousa,  bolsistas do curso de Pedagogia da Universidade 

Federal  de  Uberlândia  (UFU)  juntamente  com  os membros  Programa  Conexões  de 

Saberes e do PET Conexões Educomunicação.  

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  Assim, dar voz a idosos, possibilitando‐lhes a criação de um espaço para que os 

idosos pudessem  contar  suas histórias de vida, percorrendo uma  trajetória que  lhes 

possibilite,  no  reviver  de  lembranças  pensar  sobre  o  vivido  em  um  processo  que 

envolve passado, presente e novas perspectivas para o futuro. A partir da socialização 

dessas  histórias  e  do  falar  em  grupo  sobre  elas,  pretendemos  contribuir  para  o 

fortalecimento identitário do idoso e do grupo em qual trabalhamos (ver figuras 8 e 9).  

 

 

Figura 8: Pesquisadores do projeto "Narrativas de Vida" durante entrevista  

 

Fonte: Acervo dos pesquisadores do projeto "Narrativas de Vida" 

 

Figura 9: Comemoração na Instituição de Longa Permanência (ILP) 

 

Fonte: Acervo dos pesquisadores do projeto"Narrativas de Vida" 

 

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  Os resultados alcançados foram o envolvimento dos professores com as alunas 

e com os  idosos, a troca de saberes entre ambas as partes  (pesquisadores e  idosos). 

Com  a  realização  da  atividade  tivemos  uma  lição  de  vida  a  partir  de  cada  história 

contada pelos  idosos, pois se passou a dar uma maior atenção para a memória social 

de pessoas que muitas das vezes são esquecidas pela sociedade. Também se realizou a 

confecção das  mídias pretendidas. O projeto mostrou a importância de se dar voz aos 

excluídos, neste caso os idosos de uma Instituição de Longa Permanência. 

 

 

Nova Criatura: o boletim informativo Transformação 

 

A parceria entre o PET Conexões de Saberes Educomunicação e a Comunidade 

Terapêutica Nova Criatura visou a criação de um boletim  informativo para divulgação 

da  comunidade  como,  também,  a  conscientização  da  sociedade  em  relação  à 

dependência química de sustâncias lícitas e ilícitas. Fundada em três de junho de 2009, 

por Charles Gonçalves, a Nova Criatura atende pessoas que desejam se recuperar de 

doenças  relacionadas  ao  álcool  ou  às  drogas.  A  instituição  situa‐se  na  rua  Nacir 

Mendes  Lima,  número  625,  no  bairro  Morada  Nova,  em  Uberlândia.  O  local  é 

administrado por Charles Gonçalves,  José Lizomar da Silva, Célia Maria de Oliveira, e 

conta com o apoio de uma psicóloga e de psiquiatra. 

O objetivo do informativo foi apresentar o trabalho realizado pela Comunidade, 

dando assim visibilidade às ações da instituição na sociedade. A proposta foi criar um 

informativo que discutisse os problemas relacionados à dependência de drogas  lícitas 

e ilícitas, como também ser um canal de prevenção. Além de ser um espaço em que os 

internos e suas famílias pudessem relatar seus anseios. 

Para  a  confecção  do  informativo,  os  petianos  visitaram  a  instalação  e  os 

internos da comunidade para poderem conhecer um pouco mais as características da 

comunidade e  se dedicaram a  leituras  relacionadas à  temática. Após o encontro, os 

petianos propuseram, com base nas informações levantadas, os assuntos de interesse 

dos internos e dos funcionários da Nova Criatura, um projeto gráfico e editorial para o 

boletim informativo.  

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  O Informativo possui quatro páginas no tamanho A4 (30 centímetros de largura 

por  21  centímetros)  e  compõe‐se  com  seções  para  a  sociedade,  para  a  família  que 

possuem membros  com  problemas  relacionados  às  drogas,  para  os  internos  e  para 

indivíduos  que  tenham  algum  problema  com  as  drogas,  mas  que  não  estão  na 

comunidade. 

  A  primeira  edição  do  informativo,  que  tem  periodicidade  bimestral,  foi 

distribuída no mês de outubro de 2012. A edição  trouxe à  sociedade o  conceito de 

comunidade terapêutica, o programa de tratamento da comunidade (Os Doze Passos), 

o  projeto  Programa  Inclusão  social  de  Egressos  do  Sistema  Prisional  (Presp),  a 

definição de adicto e espaços em que os internos expuseram suas opiniões (ver figura 

10). A  segunda  edição,  distribuída  no  primeiro mês  de  2013,  abordou  a  história  da 

Nova  Criatura,  apresenta  à  sociedade  os  meios  de  captação  de  recursos  da 

comunidade  e  traz    depoimentos  de  um  ex‐interno  e  de  um  atual  residente  da 

comunidade. 

 

Figura 10: Boletim Informativo "Transformação", edições 01 e 02 

 

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Acervo do grupo PET CNX Educomunicação 

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  A  parceria  com  a  Comunidade  Terapêutica  Nova  Criatura  contribuiu  para 

aproximação da Universidade com a comunidade externa, além de colocar em prática 

o conceito de extensão como uma via de mão‐dupla, em que o mais importante trata‐

se da troca de saberes e não de uma imposição de conhecimentos de apenas um dos 

envolvidos. 

  A realização das atividades proporcionou aos petianos uma maior compreensão 

sobre as casas de reabilitação de dependentes químicos e a criação de uma ferramenta 

educomunicativa. Para a comunidade, a parceria implicou no desenvolvimento de uma 

mídia  para  a  divulgação  dos  projetos  desenvolvidos,  permitindo  assim  uma  mais 

visibilidade para a Nova Criatura.  

 

Telecentro: promovendo a inclusão digital 

 

Para  viabilizar  o  acesso  tecnológico  da  população  excluída  digitalmente,  surgiram 

iniciativas  do  governo  federal  para  a  implantação  de  projetos  inclusivos,  como  os 

Telecentros  Comunitários.  De  acordo  com  o  site  do  Ministério  das  Comunicações, 

"Telecentros  Comunitários  são  espaços  públicos  providos  de  computadores 

conectados à internet em banda larga, onde são realizadas atividades, por meio do uso 

das Tecnologias da  Informação e Comunicação  (TICs), com o objetivo de promover a 

inclusão digital e social das comunidades atendidas". Portanto, trata‐se de uma política 

de combate à exclusão digital. 

Nos  Telecentros devem  ser utilizadas plataformas  abertas  e não proprietárias. 

Dessa forma, os softwares utilizados nos Telecentros são os livres. Esses permitem aos 

usuários  a  liberdade  de  executar,  copiar,  distribuir,  estudar,  mudar  e  melhorar  o 

software.  Com  essas  liberdades,  os  usuários  (tanto  individualmente  quanto 

coletivamente) controlam o programa e o que ele faz por eles.  

A Universidade Federal de Uberlândia  (UFU) contava com um Telecentro ainda 

inativo.  Ao  tomar  conhecimento  dessa  realidade,  o  PET  Conexões  de  Saberes 

Educomunicação assumiu a responsabilidade de ativá‐lo e, assim, pode contribuir com 

a  inserção  de  indivíduos  ao mundo  digital.  Foi  decidido  que  os  integrantes  do  PET 

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dariam  um  curso  básico  de  introdução  ao  software  livre,  com  apoio  técnico  da 

instituição sempre que necessário.  

  O Telecentro da UFU, localizado na Vila Digital, conta com dez máquinas, logo a 

quantidade de alunos em cada período não poderia ultrapassar esse número. Como o 

PET  Educomunicação  é  um  grupo  que  conta  com  18  integrantes  e  o  turno  de 

atividades dos membros é dividido em manhã e noite, os membros do PET decidiram 

abrir duas turmas para atenderem no Telecentro, uma no turno da manhã e outro no 

período  da  noite.  A  escolha  do  público‐alvo  que  os  integrantes  do  PET  pretendiam 

atender partiu do próprio grupo: O turno da manhã escolheu trabalhar com os idosos; 

e o período da noite decidiu atender os professores da rede pública de ensino.  

  O software livre utilizado é o LINUX, assim o curso, com duração de três meses, 

foi dividido em três partes principais. Primeiramente foram ensinadas funções básicas 

de  computação  e  ferramentas  do  LINUX  EDUCACIONAL.  Em  seguida,  ensinou‐se 

digitação  por meio  dos  programas  de  Tutorial  para  digitação  Klavaro  e  KTouch. Na 

última fase foi ensinado o acesso aos sites da internet e a utilização do Facebook, com 

a criação de perfil nessa rede social para todos os alunos (ver figuras 11 e 12). 

 

Figura 11: Petianos e idosos participantes das aulas do Telecentro 

 

Fonte: Acervo do grupo PET CNX Educomunicação 

 

 

 

 

 

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Figura 11: Petianos e professores da rede pública de ensino participantes das aulas do Telecentro 

 

Fonte: Acervo do grupo PET CNX Educomunicação 

 

  O  curso  de  informática  básica  no  Telecentro  comunitário  possibilitou  aos 

petianos,  envolvidos  nas  atividades,  uma  experiência  de  métodos  pedagógicos  de 

ensino‐aprendizagem para a  comunidade externa. Foi enriquecedor observar que as 

pessoas estavam conseguindo se apropriar dos conhecimentos e o quanto elas ficavam 

felizes ao aprender. Além da extensão  trabalhamos e aprendemos  simultaneamente 

um pouco mais sobre as plataformas livres.  

 

 

 

 

Referências  

BRASIL. Lei n.° 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação  nacional.  Brasília,  DF,  23  dez.  1996.  Disponível  em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm> Acesso em: 01 maio 2011. 

FÓRUM  de  Pró‐Reitores  de  Extensão  das  Universidades  Públicas  Brasileiras  e SESu/MEC. Plano Nacional de Extensão Universitária. 2001.In: Universidade Federal do Pará.  Disponível  em:  <  http://www.portal.ufpa.br/docsege/Planonacionaldeextensao universitaria.pdf >. Acesso em 01 maio 2011. 

PROEX.Universidade Federal de Uberlândia. Diretrizes da extensão na UFU. Disponível em:  <http://www.proex.ufu.br/menu‐prim%C3%A1rio/pol%C3%ADtica‐extens%C3%A3o>. Acesso em: 01 maio 2011 

RODRIGUES, Rogério. A extensão universitária  como uma práxis.  In:  EM  EXTENSÃO, Uberlândia, v.5, 2005 ‐ 2006, p. 84‐88. 

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SOARES,  Ismar  de  Oliveira.  Gestão  Comunicativa  e  Educação:  Caminhos  da Educomunicação, in Comunicação & Educação, nº 23, jan/abril 2002, São Paulo. p. 16‐25.  

UNIVERSIDADE  FEDERAL  DE  UBERLÂNDIA.  Conselho  Universitário  da  Universidade Federal de Uberlândia. PARECER: nº27/2005. Uberlândia, 2009. 05 p. 

   

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POSFÁCIO 

  

 

EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO: O PET EDUCOMUNICAÇÃO E OS HORIZONTES QUE SE 

DESCORTINAM 

Marcelo Soares Pereira da Silva 

 

Temos,  aqui,  mais  uma  produção  do  PET  Conexões  de  Saberes  ‐ 

Educomunicação (PET Educomunicação), resultado do trabalho coletivo e colaborativo 

de  professores,  alunos  e  técnicos  da  Faculdade  de  Educação,  com  o  apoio  e 

participação  de  diferentes  Unidades  Acadêmicas  da  Universidade  Federal  de 

Uberlândia (UFU). Este trabalho, assim como o próprio grupo PET Educomunicação é, 

sem  dúvida,  a  expressão  e  resultado  de  novas  possibilidades  e  caminhos  de 

desenvolvimento no campo da formação de professores e no campo de formação dos 

profissionais na área de comunicação. Isso se evidencia, como bem é demonstrado ao 

longo  desta  obra,  pela  própria  composição  do  grupo,  os  relatos  e  reflexões 

construídas. 

A  Faculdade de  Educação da UFU  (FACED/UFU) é  responsável, no  âmbito da 

formação em nível de graduação, pelos cursos de Pedagogia e de Comunicação Social: 

Habilitação em  Jornalismo e, ainda, pela oferta e desenvolvimento das disciplinas de 

formação pedagógica nos demais cursos de Licenciatura que funcionam nos Campi de 

Uberlândia  da  UFU.  Nesse  sentido,  se  constitui  em  lócus  privilegiado  no 

desenvolvimento  do  ensino,  da  pesquisa  e  da  extensão  no  campo  da  formação 

profissional e produção do conhecimento nas áreas de educação e de comunicação. 

Na  resposta  a  esta  responsabilidade,  que  é  também  um  grande  desafio,  o  PET 

Educomunicação  constitui‐se  em  espaço  e  ação  estratégica  para  sua  realização  na 

FACED/UFU. 

Mas  este  desafio  deve  ser  apreendido  e  compreendido  como  expressão  dos 

novos  significados  e  dimensões  que  tanto  a  educação  quanto  a  comunicação  vem 

assumindo  na  sociedade  contemporânea,  com  suas  múltiplas  facetas,  estratégias, 

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ferramentas e  instituições onde elas se realizam e desenvolvem. Com efeito, quando 

falamos  em  educação  estamos  nos  referindo    às  diferentes  práticas  e  processos 

educativos que ultrapassam as  instituições escolares, de ensino  formal, regular, sem, 

no entanto, negligenciar a relevância e o papel histórico e social que essas instituições 

carregam  e  possuem  nessa  mesma  contemporaneidade.  Por  sua  vez,  também  a 

comunicação se embrenha e realiza, cada vez mais, por diferentes meios,  linguagens, 

ferramentas, em múltiplos contextos, processos e práticas na nossa sociedade. 

Esta  abordagem  da  educação  e  da  comunicação  nos  remete  a  pensar  as 

instituições e os espaços sociais onde elas se realizam, seja de forma mais estruturada 

ou não. 

De um  lado,  as  instituições de ensino, em  todos os níveis e modalidades,  se 

veem sempre mais chamadas a responder novas demandas colocadas pela sociedade. 

A escola tem um papel social que ultrapassa o limite de se caracterizar uma instituição 

de difusão, e  às  vezes produção, de  conhecimento. A  escola  é,  também, espaço de 

socialização humana; lugar onde se constituem grupos identitários de referência. Para 

além disso, para muitas pessoas e grupos sociais, é a  instituição por meio da qual se 

consegue ter acesso a determinados direitos e serviços sociais básicos, que fora dela ‐ 

escola  ‐  não  lhe  estariam  viabilizados  e  assegurados.  Ao mesmo  tempo,  tem  sido 

atribuída  e  exigida,  também  da  escola,  determinadas  responsabilidades  e  tarefas 

sociais que, em outros tempos de socialização humana, eram assumidos ou realizados 

de modo mais pleno e compartilhado,  com outras  instituições  sociais,  com a  família 

nuclear, a igreja, dentre outras. 

De  outra  parte,  também  no  caso  da  comunicação  tem‐se  processos  de 

mudanças profundas nas  instituições e nos meios por onde ela acontece. Há que  se 

reconhecer as novas faces assumidas pelos ambientes e pela organização do trabalho 

nas  instituições e empresas de comunicação, em processo que é, ao mesmo  tempo, 

resultado e produtor de demandas em torno do acesso cada vez mais imediato, rápido 

e  intenso  às  informações.  Novas  linguagens,  novas  lógicas  de  pensamento,  novas 

visões  sociais  de  mundo  vem  sendo  permanente  incorporadas  nas  instituições  e 

ferramentas  utilizadas  na  área  de  comunicação,  em  especial  com  a  incorporação 

crescente  das  tecnologias  da  informação  e  da  microeletrônica  na  área  da 

comunicação. 

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Essa incorporação das tecnologias e da microeletrônica no campo comunicação 

se estende, também, para o campo da educação e é, ao mesmo tempo, produtora e 

produto de profundas mudanças nesses dois campos. O desenvolvimento da internet e 

das  ferramentas  de  acesso  e  interação  por  meio  dela,  com  novos  equipamentos 

(celulares,  tablets,  computadores,  dentre  outros)  e  novas  linguagens  e  programas 

informacionais são elemento e dimensões fundamentais de serem considerados nesse 

contexto. 

A difusão do acesso à  internet e o aprimoramento  tecnológico, que  implicam 

uma  capacidade  de  crescente  velocidade  e  intensidade  no  fluxo  de  dados  e 

informações por meios virtuais, fazem com que não apenas o estilo de linguagem e de 

redação se alterem. É muito mais do que isso. O que temos é a constituição de novos 

processos  comunicacionais,  com  novas  lógicas  de  construção,  sistematização  e 

divulgação  de  saberes,  que  resultam  e  implicam,  igualmente,  em  novos  processos 

educativos e formativos, novos processos de socialização humana.  

Nesse contexto, a construção de processos e práticas de produção e construção 

de saberes e conhecimento também é incrementada, num movimento de um diálogo 

cada  vez maior entre esses processos e práticas e os  saberes e  conhecimentos que 

produzem.  Em  outros  termos,  o  que  estamos  a  afirmar  é  que,  a  perspectiva  da 

interdisciplinaridade, do diálogo, da  interação entre os sujeitos de conhecimento, é a 

que  tem  sido  requerida  e  orientado  em  diferente  instituições,  processos  e  práticas 

educativas e comunicacionais, o conhecimento interdisciplinar, resultante de práticas e 

processos  interdisciplinares. Além disso, a perspectiva aqui apontada nos  indica, que 

tanto a educação quanto a comunicação são, antes de mais nada e por sua natureza, 

processos, práticas e espaços de formação humana, para homens e mulheres; crianças, 

jovens e adultos; em todas as classes e grupos sociais. 

É, pois, nesse quadro e neste momento que se situam a presente publicação e 

o  PET  Educomunicação  da  FACED/UFU.  A  participação  de  alunos,  professores  e 

técnicos dos cursos de Pedagogia, Comunicação Social, além de outras licenciaturas de 

áreas  específicas,  têm  conduzido  e  possibilitado  a  construção  de  pontes  e  diálogos 

entre diferentes campos de saberes e áreas de conhecimento. Ao mesmo  tempo, as 

atividades  desenvolvidas  tem  levado  e  contribuído  para  que  seus  participantes 

ampliem  sua  interlocução  e  interação  com  diferentes  setores  da  universidade  e  da 

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sociedade  como um  todo,  envolvendo movimentos  sociais organizados,  instituições, 

órgãos, públicos e privados. Por certo, essas características tem deixado suas marcas 

nas pessoas que participam desta  importante  ação  formativa.  E uma destas marcas 

temos aqui, em mãos. 

Mas o desafio permanece. É preciso darmos continuidade ao trabalho até aqui 

realizado. Porém uma continuidade que  implica não apenas  fazer o mais do mesmo, 

mas fazer o mesmo indo além dele.  

Nesse sentido, é de fundamental  importância que as políticas governamentais 

em torno do PET se aprofundem e consolidem. A continuidade do PET ‐ Conexões de 

Saberes,  enquanto  política  pública,  resultante  dos movimentos  político‐sociais  que 

culminaram na articulação de duas Secretarias no âmbito do Ministério da Educação 

para sua implementação, não pode retroceder. 

Ao lado disso, é indispensável que a UFU continue mobilizada e sensibilizada no 

sentido  de  apoiar  tanto  as  iniciativas  existentes  nessa  área,    como  no  caso  do  PET 

Educomunicação da FACED, quanto na constituição de novos grupos dessas natureza, 

que contribuam para a conexão de saberes. 

Há  que  se  ressaltar,  ainda,  a  importância  de  ampliarmos,  cada  vez mais,  a 

participação  de  alunos,  professores  e  técnicos,  tanto  da  Faculdade  de  Educação 

quanto  de  outras  áreas  de  conhecimento,  nas  ações,  processos  e  práticas  do  PET 

Educomunicação. 

Passos importantes nestas direções tem sido dados. O caminho é longo. Mas o 

horizonte  profícuo,  graças  ao  trabalho  até  aqui  realizado  e  o  compromisso 

demonstrado por aqueles que dele participam e participaram. 

 

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Seis capítulos produzidos pelos bolsistas, voluntários e tutora do PET

Conexões de Saberes - Educomunicação, falam sobre encontros,

desencontros, possibilidades e perspectivas nas experiências desses

participantes. Relatos das diferentes ações que pretendem transpor muros e

minimizar as barreiras entre Universidade e Comunidade.A troca de conhecimentos e o fortalecimento da extensão acontece em

movimento de mão dupla onde instrutor torna-se aprendiz e espaços se

ampliam auxiliando a formação dos estudantes como futuros profissionais.A conexão está feita solidificando a sabedoria.