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Univesp Joao Jose Saraiva da Fonseca Educacao a distancia http://joaojosefonseca1.blogspot.com/TRANSCRIPT
Secretaria de Ensino Superior
Carlos Vogt
Waldomiro loyolla JoCimar arChangelo geraldo di gioVanni
Universidade Virtual do Estado
de Sao Paulo~
Universidade Virtual do Estado de São Paulo
Secretaria de Ensino Superior
Autores:
Carlos Vogt
Waldomiro loyolla
JoCimar arChangelo
geraldo di gioVanni
José Serra
Governador
Alberto Goldman
Vice-governador
Secretaria do Ensino Superior
Carlos Vogt
Secretário
Nina Ranieri
Secretária-adjunta
Fernanda Montenegro de Menezes
Chefe de Gabinete
Í n d i c e
ApresentAção 7
introdução: você nA universidAde, A universidAde em você 9
1. progrAmA univesp: objetivos, tecnologiAs e metodologiAs 13
PúbliCo–alVo 14
módulos oPeraCionais 14
Plataforma de aPrendizagem 15
uniVesP-tV 17
aPoio telefôniCo — Help Desk 18
Polos PresenCiais 19
metodologias 20
relação aluno-tutor 21
relação aluno-Conteúdo 22
relação aluno-aluno 23
relação aluno-administração 23
2.progrAmA univesp: estruturA e funcionAmento 25
uniVesP: estrutura 25
Comitê diretiVo do Programa uniVesP 26
7
A p r e s e n t A ç ã o
A Univesp – Universidade Virtual do Estado de São
Paulo –, programa criado pelo Decreto no 53.536, de 9 de
outubro de 2008, é a resposta do governo paulista a um
enorme desafio: o de expandir o ensino superior gratuito
por meio da ampliação do número de vagas nas três uni-
versidades públicas paulistas – USP, Unicamp e Unesp –,
utilizando metodologia inovadora, que associa o uso inten-
sivo das tecnologias de informação e comunicação às pra-
ticas tradicionais do ensino presencial, sem descuidar do
compromisso com a qualidade na educação superior, marca
registrada das três instituições paulistas.
Essa empreitada só foi possível graças à sinergia que
pautou a estruturação do programa que, sob a coordenação
da Secretaria do Ensino Superior, reúne, na forma de consór-
cio, competências e esforços das três universidades, Fundação
Padre Anchieta, Fapesp, Fundap, Imprensa Oficial e o Centro
Paula Souza. Por meio do Programa Univesp, USP, Unicamp e
Unesp oferecerão cursos de graduação, licenciatura, capacita-
seCretaria de ensino suPerior 27
instituições ParCeiras 29
núCleo uniVesP 30
Coordenação de Cursos 31
3. novAs fronteirAs de tempo e espAço nA educAção 33
ConheCimento em rede 34
4. experiênciAs internAcionAis 39
as uniVersidades Virtuais resultantes de ação ConsorCiada 39
universidade Virtual de Pays de la loire (uVPl) 40
uniVersidades Virtuais isoladas 45
universitat obierta da Catalunya (uoC) — universidade
aberta da Catalunha 45
open university (ou) 48
uniVersidades Virtuais Criadas a Partir de
instituições Já existentes 53
universidade Virtual de monterrey — itesm 53
télé-université Québec (téluq) 57
5. A experiênciA brAsileirA 63
ConsórCio CederJ/CeCierJ 65
ProJeto Veredas 69
uniVersidade aberta do brasil 71
a eduCação a distânCia na área da eduCação Profissional 73
6. univesp: umA propostA inovAdorA 75
8 9
i n t r o d u ç ã o :
v o c ê n A u n i v e r s i d A d e , A u n i v e r s i d A d e e m v o c ê
O Programa Univesp – Universidade Virtual do Esta-
do de São Paulo, concebido pelo governo estadual, por meio
da Secretaria de Ensino Superior (SES), para desenvolver-se
e funcionar em parceria com a USP, a Unicamp e a Unesp,
tem como objetivo contribuir para a expansão do ensino pú-
blico superior paulista1.
Como São Paulo e as universidades constituem um
foco de convergência de estudantes vindos também de ou-
tras partes do país, a Univesp inscreve-se e, de certo modo,
amplia e enfatiza o papel do estado no cenário das políticas
públicas de educação superior com alcance nacional.
A estrutura consorciada da Univesp agrega ainda ou-
tras importantes instituições, entre elas a Fundação Padre
ção, extensão e pós-graduação, suportados por ambiente vir-
tual interativo de aprendizagem – desenvolvido no âmbito do
Programa Tidia, patrocinado pela Fapesp –, associado à mídia
digital – entre elas, os programas pedagógicos da Univesp-TV,
um canal aberto dedicado, da Fundação Padre Anchieta –, help
desk e material impresso, além de atividades presenciais em
polos de apoio instalados nas universidades consorciadas, em
instituições e órgãos públicos parceiros do programa.
Além de ampliar as possibilidades de acesso às univer-
sidades públicas, a Univesp responde também à demanda
de maior qualificação de professores do ensino fundamental
e médio em todo o estado. Nessa área, já estão aprovados –
e em breve serão oferecidos – um curso de pedagogia, pela
Unesp, e outro de licenciatura em ciências, pela USP. Outros
cursos de graduação e de pós-graduação encontram-se com
seus projetos em tramitação nas universidades estaduais
para breve oferecimento em diferentes áreas do saber.
A Univesp reforça, assim, o papel que as universidades
públicas paulistas têm desempenhado no avanço do conhe-
cimento e na formação de recursos humanos e, ao mesmo
tempo, oferece subsídios para que São Paulo marque um
tento expressivo no processo de ampliação, com qualidade,
do ensino superior público gratuito no estado.
josé serrA
Governador
1. O programa tem tido a participação de vários colaboradores das diversas insti-tuições envolvidas e da própria SES, entre eles a professora Nina Ranieri, secretá-ria-adjunta, que contribuiu também para a realização desta publicação, ao lado, entre outros, de Cláudio Salm e Cláudia Izique.
10 11
Anchieta, a Fapesp, a Fundap, a Imprensa Oficial e o Centro
Paula Souza.
Como se trata de um programa de ensino superior
assentado sobre o uso intensivo das tecnologias de informa-
ção e de comunicação, além das práticas e das metodolo-
gias mais tradicionais de ensino, incluindo um componente
significativo de atividades presenciais, a Univesp conta com
um recurso que muito contribui para a sua singularidade no
cenário do ensino superior público e gratuito no Brasil.
Isso se deve ao fato de que a participação da Funda-
ção Padre Anchieta no programa, com a implantação da
tecnologia digital no sistema, permitiu que fosse criada a
Univesp-TV, com um canal aberto dedicado exclusivamente
à programação da universidade virtual.
Hoje, com a adesão ao programa das outras importan-
tes instituições já mencionadas, pode-se dizer que a Univesp
tornou-se uma realidade no contexto da educação superior
em São Paulo e no Brasil.
O apoio entusiasmado e efetivo que o governador José
Serra deu ao projeto desde o momento em que lho apresentei,
quando ainda presidente da Fapesp, veio se concretizando in-
clusive na dotação orçamentária da SES para a implantação e
o desenvolvimento do programa com recursos do governo e
sem nenhum ônus adicional para as instituições parceiras.
Estivemos, desde que fui designado para secretário
de Ensino Superior, em agosto de 2007, envolvidos num
trabalho intenso e agradável de conversações, planos, ajus-
tes, acertos e definições, juntamente com as instituições
que participam do projeto, em especial as universidades e a
Fundação Padre Anchieta, em busca das condições institu-
cionais que permitissem que a Univesp entrasse em funcio-
namento ainda no ano de 2009.
Nesse sentido, além de vários cursos de especialização,
pudemos contar com a aprovação de dois cursos em nível de
graduação pelas instâncias competentes das universidades
responsáveis por seu oferecimento através da Univesp: o
curso de pedagogia, pela Unesp, e o curso de licenciatura em
ciências, pela USP.
Logo deveremos ter também ofertas de curso pela
Unicamp, fechando-se, assim, de um lado, a equação básica
da garantia de qualidade da Univesp pelo selo de certifica-
ção, creditação e diplomação das nossas universidades esta-
duais e abrindo-se, de outro lado, as possibilidades reais de
construção e assentamento de um novo conceito de alcance
e extensão da educação superior pública e gratuita em nosso
estado e em nosso país.
A virtualidade da Univesp é também, por paradoxal que
seja a afirmação, o que lhe dá realidade, presença e necessida-
de no cenário da educação superior em São Paulo e no Brasil.
Associando e integrando metodologias tradicionais e
tecnologias inovadoras de ensino, a Univesp, enquanto con-
sórcio de instituições competentes, tem, desde a sua con-
12 13
cepção, sua estrutura e seu funcionamento, o compromisso
e a obrigação da qualidade.
Organizando suas atividades presenciais por polos
distribuídos em diferentes regiões do estado, mantendo um
contato constante e sistemático com seus estudantes através
da Univesp-TV, da internet, da telefonia e dos materiais di-
dáticos impressos para a realização e acompanhamento das
aulas e a avaliação de desempenho dos alunos, a Universi-
dade Virtual do Estado de São Paulo estende o espaço físico
que abriga nossas universidades e interioriza, ampliando-o,
o abrigo que essas instituições oferecem aos destinos e des-
tinações profissionais e humanas das populações jovens de
nosso estado e de nosso país.
O jovem vai à universidade e a universidade vai à sua
juventude como possibilidade concreta no caminho de sua
trajetória social, contribuindo para aumentar a oferta de vagas
no ensino superior público gratuito e criando condições de
maiores facilidades operacionais para deslocamento geográ-
fico do estudante que parte de seus interiores em busca das
grandes instituições paulistas. Dessa vez, elas se movem até
eles e neles buscam também o abrigo vivo para o exercício ple-
no de sua missão maior, que é educar e pela educação transfor-
mar em cultura dinâmica para a vida os processos de ensino e
aprendizagem, de produção, difusão e divulgação do conheci-
mento associados à responsabilidade ética e profissional que a
formação universitária deve consolidar em seus estudantes.
p r o g r A m A u n i v e s p : o b j e t i v o s , t e c n o l o g i A s e m e t o d o l o g i A s
O Programa Univesp tem como principal objetivo ex-
pandir o ensino superior no estado de São Paulo por meio
do aumento do número de vagas ofertadas pelas três uni-
versidades públicas e de sua melhor distribuição em todo o
território paulista.
O Programa faz uso intensivo das tecnologias da in-
formação e comunicação associadas a atividades presenciais
em polos de aprendizagem instalados em diversas regiões
do estado de São Paulo. Disponibiliza ambientes virtuais de
aprendizagem na internet por meio do qual oferece conteú-
dos educacionais como material didático, artigos e vídeos;
dispõe de ferramentas de acesso a atividades orientadas por
tutores, organiza fóruns virtuais e chats que estreitam o re-
lacionamento entre alunos do mesmo curso e permitem o
compartilhamento de informações. Conta com um canal de
TV digital de sinal aberto – a Univesp-TV – que transmite
programas-aulas e programas complementares às ativida-
des dos cursos, durante 24 horas do dia.
1
14 15
O acompanhamento dos cursos e das atividades pe-
dagógicas desenvolvidas em ambiente virtual também se
realiza na forma presencial em polos de apoio instalados
nas universidades consorciadas, em instituições e órgãos
públicos parceiros do programa, onde os alunos participam
de atividades e assistem aos programas da Univesp-TV, re-
cebem apoio pedagógico e são avaliados.
O Programa conta com aporte financeiro da Secreta-
ria de Ensino Superior para sua realização, respeitadas as di-
retrizes e os padrões acadêmicos, técnicos, administrativos
e financeiros estabelecidos por seu comitê diretivo.
Público-alvo Pode-se identificar como alvo do progra-
ma to do cidadão com anseio de dedicar-se aos estudos
de nível superior. Assim, o Programa Univesp tem como pú-
blico-alvo os jovens com idade e qualificação para ingressar
num curso superior; graduados interessados em ingressar em
cursos de educação continuada; professores do ensino funda-
mental e médio, educação de jovens adultos e educação espe-
cial que não possuam diploma de curso superior, e os do cen tes
gradua dos que desejem participar de programas de capacita-
ção contínua ou que demandem curso de pós-graduação.
Módulos oPeracionais As atividades do Programa Uni-
vesp estão organizadas em três módulos voltados para os
diversos públicos. O primeiro tem como foco a formação de
professores das redes pública e privada de educação básica
do estado de São Paulo.
O segundo contempla, principalmente, a oferta de
cursos de graduação em licenciatura nas áreas de ciências,
matemática, física, química, biologia, língua portuguesa,
filosofia e sociologia que integram a grade curricular do en-
sino fundamental e médio.
O terceiro oferece cursos de capacitação, extensão e
pós-graduação para graduados em curso superior que dese-
jam engajar-se em uma educação continuada com vista a seu
aperfeiçoamento profissional.
PlataforMa de aPrendizageM O Programa Univesp uti-
liza o ambiente virtual de aprendizagem conhecido como
Tidia-Ae, desenvolvido no âmbito do programa Tecnologia
da Informação para o Desenvolvimento da Internet Avança-
da (Tidia), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo (Fapesp). O Tidia-Ae reúne mais de
150 pesquisadores de 23 laboratórios das principais univer-
sidades do estado ancorados por quatro laboratórios cen-
trais baseados na Escola Politécnica da USP, no Núcleo de
Informática Aplicada à Educação da Unicamp, no Instituto
Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e no campus da USP em
São Carlos. O objetivo do programa é formar recursos hu-
manos e produzir pesquisas científicas e tecnológicas com
aplicação na educação.
16 17
As pesquisas colaborativas, iniciadas em 2002, re-
sultaram na criação de um ambiente de aprendizagem ele-
trônica (Ae) fundamentado numa arquitetura baseada em
componentes que facilitam a elaboração, a manutenção e a
incorporação de novas funcionalidades ao longo do tempo.
O Tidia-Ae dá suporte a projetos de educação basea-
dos em TICs que utilizam softwares livres, como é o caso
do Programa Univesp. É formado por um conjunto de fer-
ramentas computacionais integradas em ambiente de in-
ternet e que permite vários tipos de interação, bem como
a agregação de diversas mídias, desde um programa de TV
até a realização de fóruns de debates. Nesse ambiente, por
exemplo, professores e tutores do curso podem propor, rece-
ber e corrigir exercícios, utilizando para essa finalidade, um
espaço específico.
Esse ambiente de aprendizagem permite, ainda, a
integração com sistemas administrativos das instituições
parceiras do Programa Univesp, possibilitando sincronis-
mo entre os sistemas de controle acadêmico e os de ensino
e aprendizagem.
O Tidia-Ae baseia-se em padrões internacionais de
concepção de ambientes de aprendizagem, como o consór-
cio internacional Projeto Sakai – comunidade que tem como
objetivo analisar, desenvolver e distribuir um novo Collabo-
ration and Learning Environment (CLC) –, em iniciativas
nacionais, como os projetos KyaTera, também patrocinado
pela Fapesp. O próprio uso do Tidia-Ae deverá também mo-
tivar o desenvolvimento de novas pesquisas sobre o ensino
mediado por tecnologia.
O Tidia-Ae representa o Brasil na comunidade inter-
nacional de pesquisadores em aprendizagem eletrônica na
condição de membro votante do IMS – Global Learning
Consortium, uma iniciativa mundial de padronização em
aprendizagem eletrônica e no Framework Sakai, um grupo de
desenvolvimento para a expansão do núcleo básico do Sakai.
univesP-tv A Fundação Padre Anchieta – que ao longo de
40 anos acumulou experiência na transformação de con-
teúdos pedagógicos em produtos audiovisuais – é parceira
estratégica do Programa Univesp. No quadro da transição
do sistema analógico de transmissão de TV para o sistema
digital, a Fundação Padre Anchieta optou pela multiprogra-
mação por meio de quatro canais abertos em São Paulo e
disponibilizou um desses canais para a Univesp-TV, exclu-
sivamente dedicado ao Programa.
A Univesp-TV tem sinal aberto, acessível por meio de
aparelhos de TV digital ou analógica equipada com conver-
sor de sinal (set top box) e antenas parabólicas digitais, por
meio do qual são transmitidos conteúdos dos cursos que
integram o Programa Univesp. A matriz da programação da
Univesp-TV está disponível na área de informação da plata-
forma de cada um dos cursos.
18 19
A programação veicula material didático televisivo
concebido especialmente para os cursos oferecidos pela
Univesp. Parte da programação – constituída por progra-
mas com 15 a 20 minutos de duração – tem caráter eminen-
temente pedagógico e está sincronizada com os horários de
atividades presenciais realizadas nos vários polos Univesp
com o objetivo de complementar ou ilustrar as atividades
propostas pelo tutor em sala de aula.
Outra parte da programação é constituída por progra-
mas complementares, de apoio ao processo de aprendiza-
gem, e integra o portfólio de recursos multimídia dos vários
cursos que podem ser acessados a distância. São programas
curtos, semelhantes a verbetes eletrônicos.
A grade de programação da Univesp-TV inclui tam-
bém a veiculação de documentários, entrevistas, filmes e
debates, entre outros programas pautados pelas disciplinas
dos vários cursos – como, por exemplo, conteúdos relacio-
nados à história da educação, à divulgação de atividades aca-
dêmicas de pesquisa, entre outros.
Essa programação, que colabora para a construção do
conhecimento dos alunos da Univesp, também contribui para
a difusão de informações de qualidade na audiência em geral.
aPoio telefônico — Help Desk O Programa dispõe, ainda, de
um serviço de apoio telefônico (0800) – acessível durante
toda a semana – por meio do qual os alunos podem solucio-
nar dúvidas sobre a utilização das ferramentas do ambiente
virtual de aprendizagem. Essas orientações são fornecidas por
técnicos que integram a equipe da plataforma Tidia-Ae.
Polos Presenciais Além do ambiente virtual, o Programa
Univesp opera no estado de São Paulo também por meio
de polos presenciais para apoio pedagógico e acompanha-
mento de desempenho e avaliação dos alunos, instalados
nos campi das instituições parceiras e em espaços físicos
especificamente cedidos para esse fim por outras entidades
públicas do estado.
Os polos atendem aos requisitos de infraestrutura do
Programa: contam com salas para as atividades pedagógicas
equipadas com TV e/ou projetor multimídia, aparelhos para
recepção do canal digital da Univesp-TV e computadores
com acesso à internet.
Nas salas instaladas nos polos, os alunos se reúnem
sob a orientação de um tutor para cada turma, sob a super-
visão de um docente. Nos polos eles esclarecem dúvidas, as-
sistem aos programas transmitidos pela Univesp-TV e reali-
zam diversos tipos de atividades previstas no currículo dos
cursos. Ali também são realizadas as avaliações presenciais,
de acordo com cronograma e frequência previstos em cada
um dos cursos.
Cada um dos polos conta ainda com um monitor res-
ponsável pelas ações técnico-administrativas necessárias à
20 21
manutenção da infraestrutura adequada para a realização
dos cursos.
Metodologias O Programa Univesp utiliza um modelo de en-
sino-aprendizagem baseado no uso de TICs para a realização
de atividades pedagógicas associadas à presença de profes-
sores/tutores que, tanto em momentos presenciais como no
ambiente virtual, assumem o papel de mediador, supervisor e
até de animador do processo de formação dos alunos.
Com o apoio de ferramentas computacionais especí-
ficas do Tidia-Ae, os alunos matriculados têm acesso aos
conteúdos especificamente preparados para cada curso, às
ferramentas de interatividade e ao elenco de atividades que
devem cumprir em cada uma das fases do curso, ao calen-
dário de programas transmitidos pela Univesp-TV, à lista de
atividades individuais e em grupos etc.
Cada atividade concluída é enviada para o conheci-
mento do tutor que avalia e orienta o aluno na evolução de
suas atividades curriculares. Os trabalhos concluídos ficam
armazenados em área de portfólio para consultas posterio-
res do próprio aluno, do tutor e orientadores, além dos cole-
gas, quando autorizado pelo professor.
Na educação mediada por TICs, o cumprimento das
tarefas, dentro do cronograma previsto, equivale à presença
do aluno em sala de aula no modelo de educação presencial.
Sua presença física, no entanto, será exigida sempre que a
programação dos cursos incluírem atividades presenciais
nos polos como, por exemplo, em aulas de laboratório ou
nas avaliações de cada unidade que compõe o curso.
relação aluno-tutor Os tutores – em geral docentes da
universidade ofertante do curso e alunos de pós-graduação
capacitados para essa função e sempre sob supervisão de
um professor – têm a missão de conduzir seus alunos à ins-
tigante aventura do conhecimento. Juntos, eles constroem
conteúdos que serão compartilhados entre grupos de traba-
lho organizados em ambiente web.
Os tutores mantêm diálogo permanente on-line com
o aluno e com os grupos de trabalho, estimulando a criação
de listas de discussões, debates e pesquisa de textos.
No desenvolvimento das atividades do curso, o alu-
no se relaciona com o tutor também nos fóruns onde pode
fazer perguntas, esclarecer dúvidas e tomar conhecimento
das questões colocadas por seus colegas e das respostas do
professor.
Os encontros nos fóruns são públicos e assíncronos,
ou seja, o aluno pode entrar na “sala de aula” no momen-
to que considerar mais adequado, dentro de um período de
tempo estipulado por um cronograma semanal de atividades
que ele deve cumprir. Ele também tem a opção de relacionar-
-se com o tutor e com os colegas, utilizando o e-mail interno
da plataforma Tidia-Ae.
22 23
Alunos e tutores se relacionam também nos polos
onde são desenvolvidas atividades presenciais individuais e
coletivas, específicas de cada curso, inclusive com o apoio de
programas-aulas transmitidos pela Univesp-TV e da infra-
estrutura do Tidia-Ae.
relação aluno-conteúdo A relação do aluno com os con-
teúdos se dá por meio do conjunto de atividades realizadas
em ambiente virtual, dos programas-aula transmitidos pela
Univesp-TV e do material didático especialmente preparado
para o curso, todos eles oferecidos por meio de diferentes
mídias, inclusive a impressa.
Nos programas-aula transmitidos pela Univesp-TV são
apresentados os principais conceitos, processos e aspectos mo-
tivadores do conteúdo em questão. Para tanto, são utilizadas
técnicas de comunicação específica para TV, em formato de
representação ou de documentário, por exemplo. Alternativa-
mente, outras formas de comunicação podem ser utilizadas.
Os programas-aulas da Univesp-TV têm o objetivo de
motivar o aluno para a aprendizagem. Durante os progra-
mas-aula, transmitidos ao vivo, o aluno pode encaminhar
perguntas ao professor pela internet. Um mediador escolhe
as questões que serão respondidas no decorrer do programa
e as demais são atendidas por outros meios. Os programas-
-aulas são reprisados em diversos horários dentro da grade
de programação da Univesp-TV.
Outra vertente da relação entre o aluno e os conteúdos
se dá pela sua interação com material instrucional distri-
buído em formato eletrônico e convencional adequados ao
público-alvo a que se destina. Um mesmo conteúdo pode
ser disponibilizado em variadas mídias para se obter um
maior alcance para o curso em questão.
relação aluno-aluno O ambiente de aprendizagem Tidia-Ae,
utilizado pelo Programa Univesp, está dotado de tecnologia
para a formação de grupos virtuais de discussão que intera-
gem tanto de forma síncrona – em tempo real – ou assíncro-
na, promovendo a interação entre os alunos de um mesmo
curso ou de um mesmo grupo de trabalho. Essa mesma inte-
ração também ocorre nos encontros presenciais.
relação aluno-adMinistração Considerando-se a gran-
de distribuição geográfica dos alunos do Programa Univesp,
a relação do aluno com a administração dos cursos pode se
realizar por meio da internet, do acesso direto aos sistemas
acadêmico-administrativos especialmente projetados para
esse fim.
25
p r o g r A m A u n i v e s p : e s t r u t u r A e f u n c i o n A m e n t o
O Programa Univesp é gerido pela Secretaria de Ensino
Superior do Estado de São Paulo por meio de um comitê di-
retivo com competências consultivas, normativas e deliberati-
vas. Esse comitê é presidido pelo secretário de Ensino Supe-
rior e formado por representantes das instituições parceiras.
univesP: estrutura
SES — PROGRAMA UNIVESP
COMITÊ DIRETIVO DO PROGRAMA
REDE DE POLOS DO PROGRAMA UNIVESP
CÂMARA ACADÊMICACÂMARA TÉCNICO--ADMINISTRATIVA
NÚCLEO UNIVESPFAPESP
NÚCLEO UNIVESPUNICAMP
NÚCLEO UNIVESPUNESP
NÚCLEO UNIVESPTV CULTURA
NÚCLEO UNIVESPPAULA SOUZA
NÚCLEO UNIVESPUSP
NÚCLEO UNIVESP
USP
CURSO XYZ
ÁREA ACADÊMICA ÁREA ADMINISTRATIVA
EXEMPLO:
2
26 27
coMitê diretivo do PrograMa univesP O comitê dire-
tivo é composto por representantes indicados pelas insti-
tuições parceiras do Programa, quais sejam: Secretaria de
Ensino Superior, Universidade Estadual Paulista (Unesp),
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Univer-
sidade de São Paulo (USP), Centro Estadual de Educação
Paula Souza (Ceeteps), Fundação Padre Anchieta, Fundação
para o Desenvolvimento Administrativo (Fundap), Funda-
ção de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp),
Imprensa Oficial do Estado (Imesp) e outras que venham
futuramente a integrar o Programa.
O comitê diretivo do Programa se reúne ordinariamen-
te a cada dois meses ou extraordinariamente em qualquer oca-
sião, sempre por convocação de seu presidente, e as decisões
são tomadas por maioria simples de seus membros.
O comitê diretivo é formado por duas câmaras per-
manentes: a acadêmica e a técnico-administrativa. Cabe à
câmara acadêmica a tarefa de aprovar o planejamento dos
cursos; elaborar os modelos metodológicos para a implan-
tação e funcionamento dos cursos; definir os requisitos e
modelos de ambientação didática e visual para a internet,
assim como a compatibilidade dos aspectos acadêmicos e
tecnológicos dos cursos; avaliar a sua evolução acadêmica;
acompanhar os trabalhos de ambientação para web dos con-
teúdos dos cursos; o desenvolvimento dos trabalhos acadê-
micos e metodológicos de integração midiática, assim como
o de produção de programas-aula da Univesp-TV; elaborar
os critérios de avaliação do Programa; acompanhar a evolu-
ção dos trabalhos de avaliação dos alunos, das disciplinas,
dos cursos, da infraestrutura de atendimento e do suporte
tecnológico; e supervisionar o trabalho das comissões téc-
nicas vinculadas.
Compete à câmara técnico-administrativa deliberar
sobre o orçamento do Programa Univesp; aprovar planos de
ações de suas comissões técnicas; elaborar os requisitos de
compatibilidade dos aspectos administrativos, financeiros e
orçamentários do Programa; deliberar sobre os parâmetros
de contratações e remuneração do pessoal de apoio; deli-
berar sobre a viabilidade de implantação de polos de apoio
presencial para os cursos; avaliar a implantação e a operação
desses polos; acompanhar o trabalho de distribuição do ma-
terial didático e de apoio ao Programa Univesp; acompanhar
e avaliar os trabalhos de suprimento das demandas de siste-
mas, de hardware, de software e de infraestrutura necessá-
rios ao desenvolvimento do Programa Univesp.
secretaria de ensino suPerior A parceria entre a Secre-
taria de Ensino Superior e as instituições parceiras é forma-
lizado por meio de um termo de cooperação mútua com o
propósito de estabelecer cooperação técnica para a imple-
mentação do Programa Universidade Virtual do Estado de
São Paulo – Univesp.
28 29
Cabe à Secretaria de Ensino Superior (SES) propor ao
comitê diretivo do Programa, diretrizes e padrões acadêmi-
cos, técnicos, administrativos e financeiros a serem segui-
dos para o desenvolvimento e a operação de cursos a serem
vinculados ao Programa.
A SES também oferecerá condições para que as câma-
ras do comitê diretivo possam acompanhar, analisar, ava-
liar e submeter ao comitê relatórios circunstanciados sobre
o andamento dos cursos, bem como do cumprimento dos
requisitos e diretrizes por ele estabelecidos.
Cabe à SES prover os recursos financeiros necessários
para:
o oferecimento de cursos vinculados ao Programa, den-
tro dos limites estabelecidos pelas diretrizes financeiras
aprovadas pelo comitê diretivo;
o atendimento de particularidades operacionais de
cada curso, desde que estas não ultrapassem os limi-
tes orçamentários estabelecidos pelas diretrizes finan-
ceiras aprovadas pelo comitê diretivo;
a implantação e operação de ambiente virtual de
aprendizagem que suporte o oferecimento dos cursos
vinculados ao Programa;
a realização dos programas de capacitação de tuto-
res dos cursos vinculados ao Programa, respeitan-
do as diretrizes financeiras aprovadas pelo comitê
diretivo;
a implantação e operação de sistema de atendimento
telefônico gratuito para a orientação dos alunos a res-
peito do uso do ambiente virtual de aprendizagem em
que os cursos estão suportados.
instituições Parceiras Os cursos oferecidos dentro do
âmbito do Programa Univesp são elaborados pelas insti-
tuições acadêmicas parceiras e aprovados pelo comitê di-
retivo. As instituições parceiras organizam e elaboram o
material didático, oferecem espaço para a implantação de
polos presenciais, capacitam tutores e definem os conteú-
dos dos programas – aulas que são gravadas, editadas e
transmitidas pela Univesp-TV. Devem, também, zelar pela
qualidade dos cursos, avaliar os alunos e emitir os certi-
ficados. São ainda responsáveis pela definição dos requi-
sitos de seleção e capacitação de tutores e pelo processo
seletivo de alunos.
Os polos de apoio presencial do Programa estão insta-
lados preferencialmente em campi de instituições parceiras.
Outras instituições públicas que queiram participar do Pro-
grama poderão endereçar à Secretaria de Ensino Superior
uma solicitação de criação de polo extracampus que será
submetida ao comitê diretivo do Programa. A solicitação
deverá formalizar a cessão de salas de aula para a realização
de encontros presenciais bem como prover o acesso dos alu-
nos a laboratório de informática durante todo o período de
30 31
realização de cada curso específico do Programa com o qual
se comprometa.
núcleo univesP Cada uma das instituições parceiras conta
com um Núcleo Univesp que, em sintonia com as diretri-
zes do Programa, é responsável pelo desenvolvimento das
ações necessárias à implementação e funcionamento dos
cursos. Cada Núcleo Univesp nas instituições parceiras tem
a atribuição de encaminhar, junto à instituição, as ações
necessárias à elaboração de propostas de cursos e acompa-
nhar o trâmite interno até a aprovação final; operacionali-
zar as questões acadêmicas e administrativas referentes aos
cursos; realizar o acompanhamento acadêmico, técnico e
administrativo; zelar pela manutenção das diretrizes e pa-
râmetros do programa; receber e ser fiel depositária de re-
cursos físicos aportados pelo Programa para a implantação
ou complementação dos polos.
As instituições parceiras são igualmente responsáveis
pelos critérios de seleção de recursos humanos, bem como
pela definição dos conteúdos e requisitos para a capacitação
e operação de tutores, respeitando as diretrizes e os parâme-
tros de qualidade estabelecidos pela instituição e pelo Pro-
grama Univesp. E, dentro de suas normas e limites, devem
criar condições para que os recursos humanos envolvidos
com atividades do Programa recebam complementação sa-
larial relativa a essas atividades.
coordenação de cursos As coordenações dos cursos
vinculados ao Programa são responsáveis por zelar pelo res-
peito às diretrizes e padrões de qualidade estabelecidos para
o Programa, além das diretrizes da própria instituição que
oferece o curso. As coordenações devem submeter mensal-
mente às câmaras do comitê diretivo relatórios de avaliação
dos aspectos acadêmicos e técnico-administrativos.
33
n o v A s f r o n t e i r A s d e t e m p o e e s p A ç o n A e d u c A ç ã o
As TICs têm sido utilizadas por diversos países para
superar os limites de tempo e espaço e ampliar o acesso ao
ensino superior. Esse modelo de ensino/aprendizagem foi
implantado com sucesso na Universidade Aberta da Cata-
lunha, na Espanha; na Open University, no Reino Unido;
na Universidade Virtual de Monterrey, no México; na Télé-
-Université Québec, no Canadá; na Universidade Virtual de
Pays de la Loire, na França; e na Universidade Nacional de
Educação a Distância, na Espanha (Uned).
O Brasil também contabiliza experiências de ensino
superior baseada em TICs, como, por exemplo, o Con-
sórcio Cederj/Cecierj, que reúne instituições de ensino
superior do Rio de Janeiro; o Projeto Veredas, do governo
do estado de Minas Gerais; e, mais recentemente, a da
Universidade Aberta do Brasil (UAB), criada pelo gover-
no federal.
No caso brasileiro, as iniciativas de implantação de
universidades virtuais têm uma função adicional: apresen-
3
34 35
tam-se como uma boa alternativa para a formação e/ou qua-
lificação de professores do ensino básico.
A educação baseada em TICs pode também contribuir
para a superação de um problema que, no Brasil, adquiriu
caráter emergencial: a carência de professores de língua
portuguesa e de ciências (física, química, biologia e mate-
mática). O caso da física, por exemplo, adquire contornos
dramáticos. De acordo com o documento publicado pela
Sociedade Brasileira de Física em 2006, todas as institui-
ções de ensino superior do Brasil formaram, em 2002, ape-
nas 305 licenciados em física. O mesmo documento aponta
para a necessidade de qualificar cerca de 55 mil professores
de física nos próximos dez anos. Esse quadro ajuda a expli-
car os maus resultados que os estudantes brasileiros têm ob-
tido nas avaliações do Programa Internacional de Avaliação
de Alunos (Pisa) e da Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE) que mede o desem-
penho de alunos de 57 países.
conheciMento eM rede As três universidades públicas
paulistas já têm massa crítica para iniciar um programa
institucionalizado de educação baseada em TICs. Desenvol-
vem, há alguns anos, pesquisas sobre o uso de tecnologias
da informação e comunicação na educação – tanto no que
diz respeito à arquitetura de ambientes virtuais, como às
metodologias de ensino/aprendizagem relacionadas –, que
já vêm sendo utilizadas por instituições públicas e privadas
como plataformas para cursos de formação de pessoal.
O Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied),
da Unicamp, por exemplo, investiga há 25 anos o uso da
informática na educação. No primeiro projeto, batizado de
Educom e implantado em 1985, o Nied já concebia o compu-
tador como uma ferramenta de aprendizagem – e não como
uma máquina de ensinar – por meio da qual o aluno poderia
aprender por exploração e descoberta. A metodologia de en-
sino/aprendizagem foi aplicada em escolas públicas da região
de Campinas – e até em fábricas –, numa iniciativa então
inédita no país. A ideia subjacente – que acabou por se tornar
uma espécie de lema do projeto – era a de que “não basta en-
sinar as crianças a surfar, é preciso ensiná-las a fazer ondas”.
A nova metodologia já introduzia, na época, mudan-
ças no conceito de educação tradicional ao enfatizar a intera-
tividade do aluno no processo de construção de sua aprendi-
zagem. Foi o primeiro passo para a arquitetura do TelEduc,
um ambiente para a criação, participação e administração de
cursos na web, desenvolvido em plataforma de sofware livre.
O TelEduc – desenvolvido pelo Nied em parceria com o Ins-
tituto de Computação da Unicamp – reproduz um ambiente
análogo ao de uma escola, reunindo, num ambiente virtual,
ferramentas facilitadoras da aprendizagem, como bibliote-
cas, sala de discussão, área de consulta a tutores, mecanis-
mos de avaliação, entre outros.
36 37
Lançado em 2001, o TelEduc conta hoje com milhares
de usuários entre universidades públicas federais, estaduais
e particulares, órgãos públicos, empresas, e foi adotado pelo
programa de graduação da Unicamp que utiliza esse am-
biente computacional como apoio ao ensino presencial.
Investigações sobre novas tecnologias de comunica-
ção aplicadas à educação também estão em curso na Escola
do Futuro, um centro de pesquisa interdisciplinar da USP
que tem como foco a análise do impacto das TICs no en-
sino e aprendizagem e de seu potencial para a capacitação.
Inaugurada em 1989 como um laboratório da Escola de
Comunicações e Artes (ECA) da USP, a Escola do Futuro
se transformou, quatro anos depois, num núcleo de apoio à
pesquisa ligado à Pró-Reitoria de Pesquisa da universidade
e reúne cerca de 70 especialistas das mais diversas áreas do
conhecimento.
O objetivo da Escola do Futuro é o de investigar e
desenvolver meios para o uso das novas tecnologias de in-
formação e comunicação em ambiente de ensino/aprendiza-
gem. O laboratório já criou ambientes de educação diferen-
ciados e concebeu novos materiais didáticos, desenvolvidos
a partir de uma estratégia não convencional de organização
de pessoas em torno de missão específica.
Os pesquisadores estudam, atualmente, aplicações
em linguagem multimídia para a educação e o treinamen-
to. A ideia é transformar o computador num aliado do es-
tudante que, tendo identificado um problema, pode então
“navegar” na internet em busca das informações necessárias
para sua solução, filtrar essas informações segundo critérios
de relevância e pertinência, tirar conclusões convincentes e
compartilhar os resultados, reiniciando o círculo virtuoso e
inesgotável de conhecimento em rede.
A metodologia de trabalho da Escola do Futuro cons-
tituiu comunidades virtuais de aprendizagem – quer seja em
ambiente de um curso propriamente dito, quer seja em am-
biente de comunidade de interesse comum, como é o caso
dos programas voltados aos usuários do Acessa São Paulo –,
oferecendo acervos a conteúdos digitais pedagógicos ou com
o objetivo de inclusão digital.
Também a Unesp utiliza tecnologias de informação e
comunicação em cursos de formação contínua de docentes e
oferece, via internet, apoio às aulas presenciais em cursos de
graduação e pós-graduação oferecidos pela universidade.
39
e x p e r i ê n c i A s i n t e r n A c i o n A i s
O ensino virtual representa um passo importante na
direção do conceito de borderless education, uma concepção de
educação que ultrapassa os limites geográficos, de tempo e
de espaço consagrados na educação escolar presencial que
se apoia na visão de um processo ensino-aprendizagem em
sala de aula.
As universidades virtuais (UV) se enquadram nesse
conceito e podem, de acordo com a Unesco, ser classificadas
em três tipos básicos: as que são produto da ação consorcia-
da de diversas universidades, como é o caso da Univesp; as
universidades virtuais isoladas, que constituem instituições
autônomas; e as que integram universidades presenciais tra-
dicionais já existentes.
as universidades virtuais resultantes de ação con-
sorciada No primeiro modelo de universidades virtuais
encaixam-se as que não têm figura jurídica própria, funcio-
nando como núcleos produtores, financiadores e organiza-
4
40 41
dores de oportunidades de educação superior a distância.
Para tanto, valem-se de uma rede que congrega instituições
prestigiosas de ensino presencial. Esse modelo permite o
aproveitamento do conhecimento e da experiência das con-
sorciadas, ampliando as oportunidades de acesso aos cursos
para além de suas respectivas instalações. Para as institui-
ções participantes, o consórcio significa a otimização de re-
cursos empregados ao expandir virtualmente as instalações
físicas e os espaços de funcionamento da universidade. Um
exemplo desse modelo é a Universidade Virtual do Pays de
la Loire (UVPL).
universidade virtual do Pays de la loire (uvPl) Esta univer-
sidade foi criada em abril de 1999 para difundir o uso das
TICs no ensino presencial tradicional, ampliar a oferta de
cursos a distância de formação profissional de nível supe-
rior, inicial e continuada, e desenvolver pesquisa em enge-
nharia pedagógica, em parcerias com estabelecimentos de
ensino superior na França e em outros países.
Cada universidade consorciada indicou um represen-
tante para participar do grupo de trabalho responsável pela
elaboração do projeto e pela sua implementação, desde o di-
mensionamento da clientela e identificação de necessidades
e expectativas, até a definição dos cursos a serem oferecidos
por área de conhecimento, nível e distribuição geográfica,
passando pela definição da responsabilidade e dimensiona-
mento dos recursos destinados a estudantes, entre outros.
O grupo de trabalho decidiu oferecer, por meio das
TICs, cursos estruturados que contribuíssem para a melho-
ria do ensino presencial, introduzindo práticas pedagógicas
modernas e novas formas de suporte às atividades dos alu-
nos, como, por exemplo, a tutoria e os estudos individuais
com o uso de material didático on-line e eletrônico. A ideia
subjacente era a de que as novas tecnologias permitiriam
que todos os estudantes das instituições consorciadas tives-
sem acesso pleno aos conteúdos, recursos e atividades.
Em 12 de abril de 2002 foi firmado um acordo entre
as universidades de Angers, Nantes, Le Mans, o Instituto
Universitário de Formação de Professores (IUFM), as Gran-
des Écoles do Pays de la Loire e o Conselho Regional do Pays
de La Loire. Esse acordo marcou a criação oficial da UVPL
e deu às instituições consorciadas uma oportunidade para
compartilhar experiências, recursos humanos e produção
científica.
Para facilitar o apoio financeiro às suas operações e
expansão, a UVPL montou uma estrutura administrativa e
financeira própria, provida pelo Conselho da Região do Pays
de la Loire. O seu orçamento é de 1,5 milhão de euros por
ano e sua gestão é responsabilidade de representantes das
instituições públicas e privadas da região.
A UVPL está subordinada a dois conselhos, um ges-
tor e outro estratégico. O conselho gestor é mais técnico e
42 43
executa as diretrizes do conselho estratégico. Este, por sua
vez, é composto pelos reitores, dirigentes educacionais e
por representante da administração da região. Somente
são apreciados projetos que envolvam pelo menos duas das
instituições consorciadas. Por intermédio das instituições
parceiras, a UVPL oferece um amplo leque de cursos de gra-
duação, pós-graduação e especialização em diferentes áreas
do conhecimento.
O sucesso da UVPL deve ser creditado à escolha dos
parceiros, que aderiram integralmente a seus objetivos bási-
cos e implantaram, de forma isolada ou em ações comparti-
lhadas, diversos projetos. Além disso, a universidade virtual
recebeu um grande reforço do Ministério da Educação da
França, que, em 2000, lançou cinco projetos de educação
superior a distância envolvendo todas as regiões do país e
ampliando para estudantes franceses e estrangeiros o acesso
aos cursos das universidades francesas. Com esses projetos
o governo conseguiu, no médio prazo, maior racionalização
no uso de recursos humanos, financeiros e materiais na ofer-
ta de ensino superior e, ao mesmo tempo, a consolidação da
presença da França no cenário da educação a distância, até
então dominado quase que totalmente pelos países de lín-
gua inglesa, principalmente os Estados Unidos.
À medida que o projeto da UVPL se desenvolvia, ou-
tros consórcios/campi virtuais foram sendo criados na Fran-
ça, como, por exemplo, o campus de economia e gestão, que
oferece cursos de economia e administração; o de ciência,
com cursos nas áreas das ciências exatas; o campus jurídico,
focado nas áreas do direito, sociedade, ética e leis corporati-
vas; de medicina e saúde, com cursos de saúde, seguridade e
qualidade na saúde; e o de ciências da educação.
O governo francês tomou, ainda, iniciativas em nível
nacional no sentido de estimular os professores de ensino
superior a produzir materiais específicos e adequados aos
cursos a distância. Os professores foram convidados a se en-
volver mais com essa modalidade de ensino/aprendizagem
e, além de ensinar e acompanhar os alunos, também come-
çaram a pesquisar e produzir novos métodos e materiais.
O Serviço de Tecnologias da Informação e da Comu-
nicação (STIC) da UVPL orienta e acompanha os professo-
res-pesquisadores das instituições consorciadas nas fases de
concepção e realização de projetos pedagógicos que utilizam
as tecnologias audiovisual e multimídia. O objetivo é dar
apoio ao desenvolvimento de projetos multimídia de ensino
a distância e ao acompanhamento do ensino presencial; de-
senvolver novas ferramentas, tanto para a formação inicial
quanto para a formação continuada; e dar suporte às pro-
duções multimídia das ações pedagógicas específicas, como
reportagens fotográficas e vídeos.
Os cursos oferecidos pela UVPL são organizados em
módulos. Os alunos podem se inscrever para fazer ape-
nas um módulo específico ou o curso de formação do qual
44 45
aquele módulo faz parte. Cada módulo tem um professor
responsável, em geral auxiliado por dois outros professo-
res. Esses docentes produzem o material escrito disponí-
vel na internet e também são responsáveis pela avaliação
dos alunos.
Quando se trata de módulos livres, acessíveis mesmo
por quem não é formalmente inscrito, não há nenhum pré-
requisito. No caso de cursos completos, que oferecem certi-
ficação, há requisitos definidos no site da UVPL e nas fichas
de inscrição. Nos dois casos, é indispensável que o candi-
dato tenha meios próprios de acesso à internet. De modo
geral, os cursos de dois ou mais módulos incluem períodos
de estágio supervisionado ou de atividades práticas em la-
boratório. Nos cursos da UVPL que tenham vários módu-
los, pode haver a participação das diversas consorciadas. Se
um curso tem quatro módulos, por exemplo, cada um pode
ser estruturado e coordenado por uma instituição. Todos os
cursos exigem trabalho final.
Os candidatos aos cursos de formação/certificação,
por exemplo, encaminham ao professor responsável, por
meio da internet, um currículo/memorial com as informa-
ções solicitadas pela UVPL que é submetido a uma análise
da comissão de seleção. O número de vagas é determinado
pela capacidade de atendimento de professores e tutores.
O site da UVPL dá acesso a todos os cursos disponí-
veis, mas a obtenção do login e da senha necessários à nave-
gação segue procedimentos diferenciados, conforme se trate
de candidatos interessados apenas em módulos “avulsos”
ou de candidatos a obter certificação.
universidades virtuais isoladas As UV isoladas são,
de modo geral, instituições novas, criadas na maior parte
dos casos para atender demandas do setor produtivo. Ofe-
recem preferencialmente cursos que compõem programas
de formação de quadros técnicos de nível superior para os
novos perfis ocupacionais. Um exemplo desse modelo é a
Universidade Obierta de Catalunya (UOC).
universitat obierta da catalunya (uoc) — universidade aber-
ta da catalunha A Universitat Obierta da Catalunya (UOC)
foi criada pela Fundação Universidade Aberta da Catalu-
nha (Fuoc), em outubro de 1994, com a missão de ser uma
instituição de ensino superior não-presencial e, ao mesmo
tempo, um ambiente de pesquisa e de formulação de novos
métodos e técnicas de ensino, adequados aos programas de
aprendizagem virtual.
A universidade foi reconhecida por lei em 6 de abril
de 1995. Como a fundação à qual está vinculada é dirigida
por um conselho formado por representantes de diversas
entidades e empresas da Catalunha, a universidade já nas-
ceu com o apoio dessas entidades e de suas respectivas
unidades de pesquisa, inovação e transferência de tecno-
46 47
logia que, por meio da educação virtual, buscavam dar
respostas rápidas e flexíveis às demandas dos estudantes
e do mercado.
Essas entidades – Generalitat (autogoverno) da Cata-
lunha; a Federação Catalã de Caixas de Poupança; a Câmara
Oficial de Comércio, Indústria e Navegação de Barcelona; a
Câmara de Comércio de Réus; a Corporação Catalã de Rádio
e Televisão; a Fundação Enciclopédica Catalã; e a Fundação
Telefônica – compõem o chamado patronato, órgão máxi-
mo de representação e governança da Fuoc. O patronato é
auxiliado por um conselho formado por representantes da
sociedade catalã, empresas privadas e organizações sindi-
cais, entre outros.
A Universidade Aberta da Catalunha é administrada
por um gerente nomeado pela reitoria, cujo nome deve ser
endossado pelo patronato da fundação. Desenvolve ativida-
des de educação em rede, através principalmente da internet,
e tem foco na atuação internacional. Seu eixo estratégico é
fomentar a criação de um espaço global de conhecimento,
consolidando um novo conceito de universidade que consti-
tua uma referência para outras instituições.
A comunidade acadêmica reúne cerca de 40 mil pes-
soas em 45 países, nos quais mantém núcleos locais para
facilitar a adaptação do estudante ao modelo de aprendiza-
gem virtual distribuídos desde a Catalunha. A universidade
conta ainda com o Campus para a Paz e a Solidariedade que
tem acesso a seus recursos tecnológicos para o estabeleci-
mento de redes de solidariedade e cooperação.
Utiliza modelo de educação semipresencial associa-
do ao uso intensivo das novas tecnologias de informação e
comunicação e por uma metodologia de ensino baseada no
atendimento personalizado e integral. Alunos, professores e
gestores interagem de forma assíncrona no campus virtual,
um ambiente de rede no qual são disponibilizadas ferramen-
tas tecnológicas que permitem a produção, a estruturação, a
difusão e o compartilhamento do conhecimento.
A Universidade Aberta da Catalunha oferece cursos
em nível de bacharelado, licenciatura, extensão e pós-gra-
duação, em nove grandes áreas do conhecimento: ciências
da informação e da comunicação; ciências da saúde e am-
bientais; direito e ciência política e da administração; eco-
nomia e empresa; humanidades; informática, multimídia e
telecomunicações; línguas e culturas; turismo, psicologia e
ciências da educação.
Além dos cursos regulares, são ofertados cursos que
atendem as necessidades específicas do setor produtivo e
das instituições públicas. A universidade oferece, ainda, cur-
sos de preparação para ingresso na instituição.
O modelo de ensino é totalmente centrado no alu-
no. O estudante é convidado a administrar o próprio tem-
po, planejar seu ritmo de estudo e construir uma trajetória
acadêmica pessoal. Há conselheiros para orientá-lo nesse
48 49
processo e tutores que acompanham seu desenvolvimento.
Para cada disciplina há um plano de ensino, uma metodolo-
gia de trabalho e critérios de avaliação que, em geral, é feita
de modo continuado.
open university (ou) Em 1967, o governo britânico desafiou
o Comitê de Planejamento a estruturar um plano de implan-
tação de uma universidade aberta com o intuito de forçar
as universidades tradicionais a reverem cursos, métodos e
técnicas de ensino. Dois anos depois, em 1969, foi criada a
Open University (OU), e os cursos tiveram início em janeiro
de 1971. No final dos anos 1980, já atendia a mais de 10 mil
alunos na União Europeia.
Em 1983 a OU inaugurou a Business School, em nível
de pós-graduação – que se tornaria a maior escola de negó-
cios da Europa –, e expandiu sua atuação para outros países
do continente. Para tanto, a instituição começou a produzir
séries educativas exibidas em canal aberto e transmitidas
pela BBC. Nos anos 1990, foram implantadas novas áreas
de estudo e criados programas de cursos individualizados
que permitiram a diversificação de perfis profissionais.
A Open University é uma entidade pública com au-
tonomia de gestão e decisão, governada por uma estrutura
tripartite: conselho, senado e assembleia geral. O conse-
lho preside a universidade e controla a instituição como
um todo. É composto por 25 membros representantes do
quadro de funcionários (acadêmicos e não acadêmicos),
professores associados e estudantes. São membros ex offi-
cio do conselho um pró-chanceler, um vice-chanceler, um
tesoureiro e o presidente da associação dos estudantes
da universidade. Integram ainda o conselho um grupo que
a universidade chama de “membros externos cooptados”,
que não compõem o quadro de professores ou funcionários
da universidade e que podem chegar a 12. O conselho está
sujeito aos poderes acadêmicos do senado e é auxiliado por
uma série de comitês específicos.
O senado representa a autoridade acadêmica. Con-
trola a programação pedagógica, as atividades de pesquisa e
ensino, regulamenta os exames e é encarregado de estabele-
cer os graus e os cursos da OU. Ao senado está subordinado
o comitê de agenda e o academic board, o segundo mais im-
portante órgão de coordenação, responsável pelo estabeleci-
mento de prioridades e pelas apostas estratégicas.
O terceiro órgão gestor, definido pelo estatuto, é a
assembleia geral formada por representantes eleitos das re-
giões e membros indicados pelo senado e que pode se mani-
festar sobre qualquer tema de interesse da OU.
A universidade oferece cerca de 600 cursos, tem
4.500 funcionários e 8 mil tutores em 13 centros regionais
distribuídos pelo Reino Unido. As equipes auxiliam os es-
tudantes na escolha dos cursos, informam sobre o plano de
desenvolvimento dos trabalhos, as formas de obtenção de
50 51
bolsas e de pagamento, acompanham os alunos durante o
curso, oferecem apoio pedagógico, além de serem responsá-
veis também pelas avaliações parciais, pelos exames finais e
pela organização dos períodos presenciais.
Além do apoio dos centros regionais, os alunos podem
ter acesso aos serviços sediados na unidade gestora da OU,
como uma biblioteca central, recursos on-line disponíveis
no site da universidade (textos, vídeos, livros) e o sistema de
teleconferências on-line, denominado FirstClass.
Ao longo de quatro décadas de existência, a OU in-
corporou todos os instrumentos disponíveis para a criação
de novos métodos e técnicas de ensino/aprendizagem. A
evolução da mídia eletrônica contribuiu para o aumento da
autonomia dos estudantes e, desde os anos 1980, a amplia-
ção do acesso aos computadores pessoais abriu novas possi-
bilidades para o ensino virtual. A OU investiu pesadamente
em cursos via internet e, no fim dos anos 1990, 180 mil es-
tudantes já estudavam on-line.
Atualmente, mais de 150 cursos já utilizam tecnologia
da informação para apoiar a aprendizagem, o que inclui au-
las virtuais e grupos de discussão. Alguns cursos já são ofe-
recidos por meio da internet. É também pela internet que os
alunos fazem avaliações, consultam notas, têm acesso aos
textos indicados nos programas, fazem videoconferências
com outros colegas e professores e participam de fóruns de
discussão.
Todas as mídias disponíveis são utilizadas para facilitar
a aprendizagem e levando em conta a possibilidade de o alu-
no estudar sozinho. Assim, ele pode escolher entre material
didático impresso, cassetes de áudio, videocassetes, emissão
de programas em canal aberto, CD-Rom, softwares, website,
kits experimentais de uso doméstico, livros e textos eletrôni-
cos (biblioteca virtual). Isso sem falar nos programas de TV
produzidos em parceria com a rede BBC que são transmitidos
em horários especiais, geralmente de madrugada. Os mate-
riais didáticos, de qualidade superior e preço inferior à média
no mercado de livros universitários, têm distribuição aberta.
O suporte para a aprendizagem autônoma envolve a
ação de tutores, serviços de apoio nos centros regionais, bi-
bliotecas e as associações de alunos da OU. Alguns cursos
incluem encontros ou aulas presenciais.
Os cursos exigem a apresentação de trabalhos e um
exame de conclusão para cada disciplina, que, no caso de al-
guns cursos, pode incluir a apresentação de um projeto, dis-
sertação ou algum produto concreto, como uma maquete ou
um protótipo. Há cursos em que os alunos têm de consultar
tutores nos centros regionais que organizam estratégias de
apoio pedagógico – reuniões periódicas, contatos on-line ou
por telefone e encontros individuais – e prestam assistência
individual, por telefone, carta ou e-mail.
Os orientadores dão nota aos trabalhos e às provas e
há um controle rígido de qualidade no que se refere aos cri-
52 53
térios adotados para a correção. Existem guias de notas com
até 15 páginas. Outro aspecto importante da avaliação é o
processo de exame. Como a universidade tem muitos alu-
nos espalhados pela Europa, é necessário que pelo menos
um tipo de avaliação principal seja feito simultaneamente. A
alternativa é recorrer às provas tradicionais, com três horas
de duração, realizadas onde quer que os alunos estejam. Ou
seja: eles são avaliados no mesmo momento – ainda que não
mesma hora, em função da diferença de fuso horário – de
forma que não haja brechas para fraudes.
A interação dos alunos com os colegas é estimulada.
Os alunos devem organizar grupos de estudo presenciais
ou virtuais, integrar equipes já organizadas, participar das
videoconferências, frequentar a associação local de alunos
da OU e participar dos eventos acadêmicos da OU que
ocorram em locais próximos às suas residências ou locais
de trabalho.
Não há nenhum pré-requisito para a inscrição nos cur-
sos, exceto o domínio do idioma inglês e a idade mínima de
18 anos. Atualmente, a instituição atende a cerca de 150 mil
estudantes de graduação e mais de 30 mil em cursos de pós-
-graduação. A maioria estuda em tempo parcial por trabalhar
em tempo integral. Cerca de 50 mil alunos recebem bolsas
de estudos patrocinadas por seus empregadores e 25 mil re-
sidem fora do Reino Unido. Os cursos são reconhecidos em
toda a Europa e em alguns outros países do mundo.
A OU figura entre as cinco melhores universidades
britânicas, atrás de Cambridge, Loughborough, York e Lon-
don School of Economics (LSE). Tornou-se a principal ins-
tituição na formação de administradores. Atualmente, um
em cada cinco estudantes de MBA é aluno da universidade
aberta. A universidade conta com o aval do mercado: mais
de 50 mil empresários reconheceram que os profissionais
encaminhados à universidade aberta corresponderam às ex-
pectativas das empresas.
universidades virtuais criadas a Partir de institui-
ções já existentes O terceiro modelo de universidade
virtual, na classificação da Unesco, é representado por ins-
tituições criadas a partir de universidades presenciais tra-
dicionais com o objetivo de ampliar a oferta de cursos e as
oportunidades de acesso para adultos trabalhadores. Esse
modelo de universidade oferece, em geral, cursos de áreas
tecnológicas, de formação inicial e continuada. Exemplos
dessa modalidade de ensino são as Universidades Virtual do
Instituto Tecnológico y de Estudos Superiores de Monter-
rey (Itesm), no México, e a Télé-Université de Québec, no
Canadá.
universidade virtual de Monterrey — itesm O Instituto Tecno-
lógico de Estudios de Monterrey (Itesm) foi fundado em
1943 por um grupo de líderes empresariais de Monterrey,
54 55
no México, para atender às demandas de pessoal com for-
mação de nível superior para o trabalho na indústria. O
Itesm adotou o modelo de ensino a distância em 1989, com
programas voltados à capacitação de professores do próprio
instituto. Posteriormente, lançou programas de graduação
e pós-graduação e hoje oferece 48 cursos em nível de mes-
trado e 11 doutorados.
O Itesm conta com uma rede de 33 campi no México,
21 escritórios distribuídos por dez países da América Latina
e cerca de 100 mil alunos distribuídos em seus vários cur-
sos. A universidade virtual tem, atualmente, mais de 18 mil
alunos inscritos em programas acadêmicos e outros cerca de
50 mil em programas de extensão, isso sem contabilizar os
58 mil alunos de outras instituições de ensino que utilizam
o seu sistema de ensino.
O Itesm é uma instituição privada, mas mantém par-
cerias com governos e sindicatos por meio das quais oferece
planos de pagamento facilitados para que funcionários pú-
blicos e trabalhadores tenham acesso à formação de nível
superior. Utiliza também recursos das loterias para aumen-
tar sua receita e custear bolsas de estudo ou empréstimos
que beneficiam cerca de um em cada três de seus estudan-
tes. Um mestrado convencional, por exemplo, custa cerca de
US$ 18 mil, mas a mesma formação é oferecida via internet
pela metade do preço. As taxas cobradas aos alunos cobrem
apenas os custos operacionais.
Atualmente o instituto investe na expansão de sua
área de atuação com o objetivo de ultrapassar o âmbito em-
presarial e estabelecer parcerias com comunidades, governos
e educadores interessados na formação continuada.
O órgão gestor do Itesm é o seu conselho, organiza-
do em torno de uma reitoria central e de reitorias para cada
região do México. O instituto conta ainda com reitorias
específicas para a Inovação e Desenvolvimento Institucio-
nal (Ridi) – que administra a Universidade Tecnológica do
Milênio e a Universidade Virtual –, Comercialização, Admi-
nistração, além de uma vice-reitoria associada de Desenvol-
vimento Empresarial e Extensão e da Escola de Graduação
em Administração e Direção de Empresas (Egade).
A universidade virtual mantém um programa de
desenvolvimento para professores dos ensinos fundamental e
médio no México e em outros países latino-americanos. Esse
programa está voltado para o desenvolvimento das habilida-
des docentes mais gerais e para os conhecimentos especiali-
zados para o ensino de matemática, de ciências e de língua
espanhola. A instituição promove, ainda, a produtividade
das empresas por meio de programas de desenvolvimento
de competências profissionais no próprio local de trabalho,
por meio da oferta de cursos transmitidos por intermédio de
1006 antenas parabólicas instaladas em 566 empresas.
A aprendizagem está ao alcance de quem esteja diante
de uma televisão e de um computador conectado à internet.
56 57
O aluno pode ter seu próprio computador ou utilizar equi-
pamentos disponíveis nos centros de aprendizagem que in-
tegram a rede de apoio da universidade virtual.
A infraestrutura tecnológica permite a oferta de 150
cursos por semestre que totalizam cerca de 500 horas de
transmissão por semana e 20 mil horas de programação por
ano. Essa estrutura atende a mais de 68 mil alunos distri-
buídos em programas de graduação, pós-graduação, pro-
gramas de treinamento para desenvolvimento educacional,
workshop para professores, educação continuada, programas
gerenciais, conferências e um programa para empresas cha-
mado AVE (Virtual Business Room).
O modelo educativo da universidade virtual é definido
como “conceitual-operativo”, formado por sistemas e subsis-
temas interconectados. O sistema conceitual fundamenta o
trabalho pedagógico, o operativo estabelece as estratégias e
os procedimentos, e o tecnológico analisa o papel das TICs
nos processos educativos a distância, seu papel mediador e
suas características interativas.
As ações educativas se apoiam em uma plataforma
tecnológica de ponta que proporciona aos alunos o acesso
à educação por intermédio de várias mídias: satélites, video-
conferência, CD-ROM, vídeos, manuais/textos, web com
páginas HTML, correio eletrônico, grupos de discussão,
chats, e de software proprietário Lotus (Learning Space). De-
pendendo das disponibilidades e das escolhas dos alunos,
os cursos podem ser feitos por TV/canais de satélite, pela
internet ou pelas duas tecnologias.
No México e nos outros países onde a universidade
mantém núcleos avançados, os alunos dispõem de material
instrucional impresso e assistem a aulas televisionadas ao
vivo, durante as quais encaminham dúvidas aos professores
por e-mail. Apenas as questões mais complexas são respon-
didas posteriormente; as demais são feitas em tempo real.
Nessas aulas, além da assistência do professor responsável,
o aluno conta com o apoio de dois professores associados e
dois técnicos.
Todos os cursos da universidade virtual têm um site
próprio com informações necessárias para o desenvolvi-
mento de atividades individuais ou em grupo e que também
subsidiam estudos de caso e grupos de discussão. As ati-
vidades são sempre mediadas por professores apoiados por
uma equipe de especialistas.
télé-université Québec (téluq) A partir dos anos 1960, o
Canadá viveu um período de intenso crescimento demo-
gráfico, o que motivou a Universidade Memorial e a Uni-
versidade de Waterloo a oferecerem programas de estudo
para alunos fora de seus campi. Essas iniciativas inspiraram
outras instituições de ensino a adotarem cursos a distância.
Em 1970, por exemplo, foi criada a Universidade de Atha-
basca para atender à crescente demanda por vagas em Alber-
58 59
ta e, em 1978, foi implantado o Instituto de Aprendizagem
Aberta.
Essa tendência também pautou as diretrizes pedagó-
gicas da Universidade de Québec, criada pelo governo cana-
dense em 1968, e que, no início dos anos 1970, já tinham
foco nas questões da acessibilidade e da introdução de ino-
vações. Os documentos de autorização/reconhecimento de
seus cursos já definiam que a instituição seria responsável
pela implantação de uma unidade educacional voltada para
a produção e a veiculação de cursos a distância e que teria
como objetivo fomentar o desenvolvimento da teleducação
em todos os seus programas.
Em 1972, o governo canadense deu um segundo passo
importante para consolidar a educação a distância: a assem-
bleia de governadores criou a comissão da teleuniversidade,
em caráter experimental por um período de cinco anos, para
facilitar o acesso de populações distantes dos grandes cen-
tros urbanos aos estudos universitários.
O primeiro curso, de iniciação à cooperação, foi orga-
nizado em parceria com a associação Desenvolvimento In-
ternacional Desjardins, em 1974. Dois anos depois surgiu o
primeiro programa, o de Certificado de Conhecimento do
Homem e do Meio e, em 1990, o primeiro estudante do ba-
charelado em comunicação recebeu seu diploma.
Nessa mesma época, mais precisamente em 1972, foi
constituída a Téluq, a única universidade francófona aberta
do Canadá, que começou a operar, inicialmente, como uma
unidade independente no sistema da Universidade do Qué-
bec. Em 1997, ano de seu 250 aniversário, a Universidade de
Québec recebeu 9 milhões de dólares para se modernizar e,
em maio de 2005, por recomendação do ministro de Edu-
cação, Lazer e Esportes, o Conselho de Ministros aprovou
uma unidade autônoma da Universidade do Québec em
Montreal (Uqam).
Juntas, Téluq e Uqam passaram então a formar a
maior universidade bimodal – aliando formação presencial
e virtual – de língua francesa. A maioria dos estudantes a
distância do Canadá se encontra em três estabelecimentos:
Téluq, Universidade de Québec em Montreal e na Universi-
dade Laval.
Os programas da Téluq dão direito a diplomas emiti-
dos pela Universidade de Québec em Montreal. Os cursos
de formação são ministrados em parceria com diversas em-
presas privadas e órgãos da administração pública. Convê-
nios com outras universidades permitem oferecer aos órgãos
públicos e privados uma ampla gama de cursos e programas
de formação em inglês ou francês.
A Téluq também é membro da Universidade Virtual Ca-
nadense (UVC), uma aliança de 11 instituições que oferecem
educação superior a distância dentro e fora do país, e que per-
mite que os alunos admitidos em seus programas se inscre-
vam também em cursos de qualquer uma das associadas.
60 61
Outra parceria da Téluq é com a Lornet, que congrega
as universidades de Waterloo, de Saskatchewan, de Ottawa,
a Simon Fraser e a Escola Politécnica de Montreal no de-
senvolvimento do projeto conhecido com Portais e Serviços
para a Gestão do Conhecimento e da Aprendizagem na Se-
mântica da Web, uma iniciativa financiada pelo Conselho de
Pesquisa em Ciências Naturais e Engenharia, que tem grande
participação da indústria. Entre os projetos de pesquisa está
o de desenvolvimento de softwares incorporados ao Sistema
de Operação da Teleducação (Telos), testados em ambientes
de treinamento e aprendizagem antes de serem aplicadas.
O financiamento da Téluq – uma instituição públi-
ca – provém principalmente do Ministério da Educação, do
Lazer e dos Esportes. Os recursos são calculados com base
no número de estudantes inscritos anualmente nos cursos.
Além dos recursos públicos, a Téluq conta também, ainda
que em menor proporção, com doações e rendimentos.
A universidade é administrada por uma diretoria ge-
ral formada pelo diretor-geral, diretor de ensino e pesquisa,
diretor administrativo, diretor de serviços acadêmicos e tec-
nológicos e um secretário-geral, responsável pelos aspectos
jurídicos. O conselho gestor é encarregado de elaborar as
diretrizes e princípios estratégicos de ação, o planejamen-
to orçamentário e administrativo, além de supervisionar o
controle administrativo da Téluq.
A Téluq foi a primeira instituição de ensino superior a
distância instalada em Québec. Atende, anualmente, a mais
de 16 mil estudantes em 365 cursos distribuídos por 35 pro-
gramas. A maioria de seus estudantes trabalha em tempo
parcial (95%) e faz cursos em ciências da gestão (41%). No
ano de 2006, a maior parte dos alunos da Téluq morava em
Montreal. Os estudantes das outras regiões da província re-
presentavam 28% e os da cidade do Québec, 18%.
A Téluq trabalha em colaboração com a Rede de Te-
leducação dos Centros de Excelência e estabeleceu acordos
de cooperação com instituições estrangeiras, dentre as quais
algumas africanas, como a Escola Nacional Politécnica de
Camarões, a Agência Universitária da Francofonia para a
Tunísia e a Universidade de Abidjan, na Costa do Marfim. A
universidade dispõe de quatro centros regionais para aten-
dimento dos alunos: Uqam Lanaudière, Uqam Laval, Uqam
Montérégie e Uqam Ouest-de-l’île.
A Téluq não define períodos determinados de inscri-
ção para a quase totalidade dos cursos oferecidos. Os inte-
ressados podem se inscrever a qualquer tempo, em qualquer
dia do ano. Existem alguns poucos cursos que exigem uma
data-limite de inscrição, geralmente os que envolvem ati-
vidades laboratoriais. Uma vez aceita a inscrição, cerca de
quatro semanas depois o aluno recebe em casa o material
didático e pode então começar a estudar.
A universidade desenvolve conteúdos próprios para o
estudo a distância. Os cursos são organizados em módulos
62 63
e procuram adequar-se à realidade dos estudantes francófo-
nos, uma vez que há poucos produtos no mercado para esse
público.
Os alunos dispõem de 15 semanas para concluir uma
disciplina de três créditos. O material de estudo, enviado
pelo correio ou pela internet, inclui o manual básico, um guia
de aprendizagem e cadernos de conteúdo multimídia, mate-
rial escrito, arquivos de áudio, material audiovisual e recur-
sos de informática. Tutores orientam os estudos, corrigem
trabalhos e exames e estabelecem com o aluno sua rotina de
trabalho. No decorrer do curso, o aluno pode se comunicar
com seus tutores por telefone, correio ou internet.
Por meio da internet, a comunidade de estudantes dis-
cute, formula e socializa o conhecimento. Diferentes fóruns
foram criados para tratar de questões específicas, oferecer
ajuda técnica ou tecnológica, desenvolver estratégias de es-
tudo ou para esclarecer dúvidas na leitura com o material
didático. Alguns cursos exigem a realização de um exame
supervisionado ao fim das disciplinas.
A e x p e r i ê n c i A b r A s i l e i r A
O ponto de partida do ensino a distância no Brasil foi
a Escola Internacional, criada em 1904 para oferecer cursos
por correspondência. Outros marcos importantes foram os
institutos Monitor (1939) e Universal Brasileiro (1941), além
de outras ações semelhantes que levaram cursos abertos de
iniciação profissionalizante por correspondência a 3 milhões
de pessoas.
Na década de 1960, o MEC criou o Programa Nacio-
nal de Teleducação (Prontel) – mais tarde substituído pela
Secretaria de Aplicação Tecnológica (hoje extinta). Nas dé-
cadas de 1970 e 1980, merece destaque a oferta de cursos
supletivos por intermédio da teleducação, como o Projeto
Minerva, criado pelo Serviço de Radiodifusão Educativa do
MEC, que iniciou transmissões em 10 de setembro de 1970.
Os programas eram elaborados pelo governo e todas as
emissoras de rádio eram obrigadas a veiculá-los.
Há que se mencionar também o Telecurso 2000, a
criação da Associação Brasileira de Educação a Distância
5
64 65
(Abed), em 1995, e o reconhecimento da educação a distân-
cia pelo MEC que, em 1995, criou um setor destinado exclu-
sivamente a essa modalidade de ensino aprendizagem. No
ano seguinte, o artigo n0 80 da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB) oficializou, pela primeira vez, a
educação a distância no país, conferindo-lhe validade e equi-
valência em relação a todos os níveis de ensino.
Embora essa modalidade de ensino tenha uma longa
história no Brasil, as primeiras iniciativas na área de ensino
superior só surgiram na década de 1990, motivadas pela per-
cepção de que a educação a distância era uma estratégia que
poderia operar paralelamente à escola regular. Consolidou-se,
de um lado, a ideia de que a educação a distância era algo
complementar ou supletivo e que, por isso, não substituiria
em nenhuma hipótese a educação presencial e, por outro,
a ideia de que ela representaria sempre uma alternativa de
baixa qualidade ao ensino presencial.
O cenário começa a modificar-se com a intensificação do
uso das novas tecnologias de comunicação e informação (TICs)
no setor produtivo. Ainda na década de 1990, o ensino a distân-
cia passou a incluir programas de pós-graduação — sobretudo
mestrados profissionais, organizados segundo necessidades de
empresas. Esses programas aproximaram o ambiente acadêmi-
co e o setor produtivo e contribuíram para mudar a percepção
de que a educação baseada em TICs se resumia a uma moda-
lidade de ensino para as vítimas do fracasso escolar. No fim
dos anos 1990, diversos ambientes virtuais de aprendizagem
tinham sido criados em universidades brasileiras.
Atualmente, as universidades corporativas surgem
como umas das maiores patrocinadoras da educação baseada
em TICs no Brasil e no mundo, em função da necessidade do
incremento qualitativo e quantitativo da educação empresa-
rial e garantia da educação continuada interna às empresas.
Dados mais recentes indicam que o Brasil já tem cerca de cem
universidades corporativas contra 2 mil americanas.
No que se refere às universidades virtuais, a PUC-RS,
a PUC-Campinas, Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) podem ser des-
tacadas como pioneiras.
consórcio cederj/cecierj Em 1999, o governo do es-
tado do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Inovação (Secti), elaborou proposta para am-
pliar o acesso ao ensino superior usando o ensino a distân-
cia, por meio da formação de um consórcio entre as uni-
versidades públicas do estado. Cerca de um ano depois foi
criado o Centro de Educação Superior a Distância do Rio
de Janeiro (Cederj), formado pelas universidades Estadual
do Norte Fluminense (Uenf), Estadual do Rio de Janeiro
(Uerj), Federal Fluminense (UFF), Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), Federal Rural do Rio de Janeiro (UFFRJ) e Federal
do Estado do Rio de Janeiro (Uni-Rio).
66 67
O consórcio oferece cursos de graduação em: tecno-
logia em sistemas de computação, licenciatura em ciências
biológicas, licenciatura em matemática, pedagogia para as
séries iniciais, licenciatura em física, administração, e licen-
ciatura em química. Em nível de extensão há cursos gratui-
tos de formação continuada para professores nas seguintes
áreas: biologia, matemática, informática, química, física,
geografia, educação em ciências, informática educativa e
pré-vestibular. Os cursos são oferecidos na modalidade se-
mipresencial em 23 polos regionais. O calendário prevê três
períodos de aulas por ano.
O acesso aos cursos de graduação é feito a partir da
aprovação em um concurso vestibular – o primeiro foi rea-
lizado em 2001 para o curso de licenciatura em matemática,
coordenado pela UFF. Tanto o vestibular quanto o curso de
graduação podem ser feitos sem que o estudante deixe sua
cidade de origem. O aluno do Cederj é regularmente matri-
culado em uma das universidades públicas consorciadas, de-
pendendo do curso e do polo regional ao qual está vinculado,
e recebe diploma equivalente ao dos alunos presenciais.
A proposta é realizar cursos de nível superior a distân-
cia que proporcionem autonomia de estudo, utilizando-se
a experiência pedagógica das entidades consorciadas. Uma
comunicação multidirecional garante a interação dos estu-
dantes entre si e com os docentes, e a aprendizagem é feita
por meio de material preparado em linguagem adequada,
atividades relevantes e contextualizadas, troca de experiên-
cias e interação social.
O consórcio adota um sistema de transmissão e ava-
liação de conhecimentos que integra momentos presenciais
e a distância, apoiado em quatro suportes fundamentais:
material didático preparado para educação a distância; aten-
dimento tutorial presencial e a distância; processo de avalia-
ção presencial nos polos regionais; e uso dos laboratórios e
salas de estudo nos polos regionais.
Professores das universidades consorciadas definem e
planejam os currículos dos cursos, elaboram materiais di-
dáticos com o auxílio de designers instrucionais do Cederj,
a maioria deles estudantes de pós-graduação em diferentes
áreas.
Além do material impresso, os alunos podem ter
acesso ao material didático também em meio digital, dis-
ponibilizado na internet. O consórcio Cederj considera que
a integração de meios impressos, digitais, videoconferên-
cia, dentre outros, cria ambientes de aprendizagem ricos e
flexíveis para estimular o trabalho autônomo do aluno. O
material é acompanhado de orientações para um bom apro-
veitamento da educação a distância. A equipe de produção
de material didático, juntamente com professores das uni-
versidades, produz kits didáticos experimentais que ficam
disponíveis nos polos regionais, onde atividades de experi-
mentação são desenvolvidas.
68 69
O ambiente de aprendizagem a distância dos cursos
de graduação do consórcio Cederj é desenvolvido sob uma
concepção construtivista adaptada à web por meio da pla-
taforma Cederj. Esse ambiente está disponível na internet
possibilitando o acesso aos conteúdos dos cursos. Os re-
cursos pedagógicos incluem vídeos, animações, simulações,
link e atividades interativas, com opções de navegação linear
e não-linear, permitindo a interatividade entre professores,
tutores, alunos, convidados, além de acesso à biblioteca vir-
tual, autonomia e facilidade na busca de informação.
A formatação e a organização do processo de tutoria
são realizadas pela Coordenação de Tutoria do Consórcio
Cederj em conjunto com as coordenações de graduação. A
coordenação acadêmica de todo o processo é feita pelos co-
ordenadores das disciplinas nas universidades consorciadas.
Há duas modalidades de tutoria: a presencial, que consiste
no atendimento aos alunos nos polos regionais, e a distân-
cia, para atendimento por meios como correio eletrônico,
chats e fóruns através da internet.
O processo de avaliação inclui atividades a distância e
presenciais e, quando necessário, uma avaliação suplemen-
tar presencial. Todo o material didático está acompanhado
de questões e tarefas de conteúdo específico que integram o
processo de avaliação. No final dos cadernos didáticos, tes-
tes ou exercícios ajudam o aluno a se autoavaliar e o moti-
vam a interagir com seus tutores.
Projeto veredas O Projeto Veredas, em sua versão inicial,
integrou o Programa Anchieta de Cooperação Universitária
e inspirou-se na proposta de um grupo de universidades que
integram a Red Unitwin de Universidades em Islas Atlânti-
cas de Lengua y Cultura Luso-Española (Red Isa). O Pro-
grama Anchieta tinha como objetivo promover a compre-
ensão intercultural dos povos ibero-americanos, melhorar
a qualidade do ensino por ações de formação de professores
e promover o desenvolvimento sustentável. Seu quadro de
referência está nos documentos da Conferência Mundial
de Educação Superior realizada pela Unesco em 1996.
O projeto foi implantado pelo governo do estado de
Minas Gerais, por intermédio da Secretaria Estadual de
Educação, para garantir a habilitação em nível superior
de professores das séries iniciais do ensino fundamental em
atuação na rede pública do estado ou dos municípios.
A proposta se concretizou num curso de graduação
plena realizado como formação inicial em serviço e desen-
volvido em parceria com universidades e instituições de
ensino de Minas, estimulando o desenvolvimento de ações
consorciadas entre essas instituições e aproximando-as das
redes públicas de educação básica. O curso está organizado
em sete módulos com duração de um semestre cada, num
total de três anos e meio.
O território do estado de Minas Gerais foi dividido
em 21 regiões, cada uma delas com uma cidade-polo, es-
70 71
colhida a partir de sua localização na respectiva região, da
facilidade de acesso e da existência de infraestrutura para
acolher os alunos. De modo geral, cada polo de execução
do projeto está sob responsabilidade de uma instituição de
ensino superior devidamente credenciada pelo MEC para a
certificação dos concluintes.
Foram oferecidas 15 mil vagas, 12 mil para os docentes
da rede estadual e 3 mil para os docentes das redes munici-
pais desprovidos de formação em nível superior.
Por seu caráter semipresencial, o Projeto Veredas lan-
çou mão da internet como estratégia complementar à dis-
tribuição de material impresso, disponibilizando conteúdos
pelo site gerenciado pela equipe central.
O projeto prevê, ainda, o apoio pedagógico às ativida-
des de todos os participantes do curso e sua contínua capa-
citação e inclui desde o planejamento do esquema de tutoria
até o acompanhamento das atividades individuais a distância
e a prática pedagógica orientada, passando pelo planejamen-
to das atividades de recuperação da aprendizagem, pela ela-
boração de materiais de apoio à atuação dos alunos.
Um sistema de monitoramento de desempenho da
qualidade do curso coordena o fluxo das atividades de ava-
liação, realizando o levantamento de indicadores e definin-
do instrumentos para coleta de informações e o desenho dos
fluxos de informações entre os processos de avaliação dos
alunos e a do próprio projeto.
Pelas suas dimensões e complexidade, o Projeto Ve-
redas contou com uma equipe de coordenação geral cuja
estrutura se reproduzia em cada uma das instituições parti-
cipantes, na organização das equipes de coordenação local.
O sistema de comunicação e informação, por sua vez,
tinha dois propósitos básicos: viabilizar o funcionamento do
sistema de tutoria, fornecendo meios para os contatos ne-
cessários entre os participantes do projeto, e agilizar o fluxo
de informações indispensáveis para o trabalho das institui-
ções e para sua articulação com a coordenação estadual.
Mantendo seus princípios norteadores, a partir de
2007 o Veredas deixou de ter a coordenação geral exercida
pela Secretaria de Estado de Educação, passando a ser feita
pela Universidade Federal de Minas Gerais. Nessa segunda
fase de oferecimento, os recursos necessários à sua execução
deixaram de ser responsabilidade da Secretaria de Educação
e passaram para o âmbito das prefeituras consorciadas.
universidade aberta do brasil Em 2005, o MEC criou
o Programa Universidade Aberta do Brasil (UAB), cujo prin-
cipal objetivo é expandir o acesso ao ensino superior público
e gratuito. Em parceria com 38 universidades federais, foram
criados 92 cursos de graduação, extensão e pós-graduação
que combinam EAD com atividades presenciais.
A UAB, criada no âmbito do Fórum das Estatais pela
Educação com foco nas Políticas e a Gestão da Educação
72 73
Superior, tem cinco eixos fundamentais: expandir a educa-
ção superior pública; aperfeiçoar os processos de gestão das
instituições de ensino superior, possibilitando sua expansão
em consonância com as propostas educacionais dos estados
e municípios; avaliar metodologias da educação superior a
distância, tendo por base os processos de flexibilização e
regulação em implementação pelo MEC; contribuir para a
investigação em educação superior a distância no país; e im-
plementar o financiamento dos processos de implantação,
execução e formação de recursos humanos em educação
superior a distância. A expectativa, a médio prazo, é a de
expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de
educação superior. Para isso, o sistema tem como base for-
tes parcerias entre as esferas federais, estaduais e municipais
do governo.
Os cursos ofertados são de graduação – bacharelado,
licenciatura e de formação de tecnólogos –, sequencial, pós-
-graduações lato sensu e stricto sensu. Esses cursos são oferta-
dos por instituições de educação superior – universidades
ou Cefets – que os ministram, com o apoio dos polos pre-
senciais.
A UAB é um programa da Diretoria de Educação a
Distância (DED) da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal do Ensino Superior (Capes) com parceria da Secre-
taria de Educação a Distância (Seed) do MEC. Compõe a
sua estrutura uma diretoria de educação a distância à qual
estão vinculadas diversas coordenadorias: de supervisão
e fomento, de articulação acadêmica, de infra-estrutura de
polos e de políticas de informação.
a educação a distância na área da educação Pro-
fissional A educação a distância é uma modalidade in-
tensamente utilizada hoje pelas empresas para capacitar
funcionários que podem, assim, estudar sem se ausentar do
trabalho. Mais de cem empresas brasileiras promovem ex-
periências de educação corporativa de forma sistemática. As
universidades corporativas (UCs) mais antigas têm crescido
de forma acelerada, mas a maioria iniciou seus projetos nos
últimos cinco anos.
Os projetos nacionais de EAD corporativo surgiram
em entidades como o Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena
e Média Empresa (Sebrae) e o Serviço Nacional de Apren-
dizagem Comercial (Senac). Esses projetos não são subme-
tidos ao sistema oficial de ensino ou o são apenas tangen-
cialmente, embora ocorram de forma sistemática e tenham
como base propostas pedagógicas relevantes. O Senac São
Paulo, por exemplo, oferece cursos de ensino a distância em
38 áreas diferentes e cinco de pós-graduações.
75
u n i v e s p : u m A p r o p o s t A i n o v A d o r A
O estado de São Paulo abriga a maior rede de insti-
tuições de pesquisa do país, três universidades públicas
estaduais de excelência – de São Paulo (USP), Estadual
de Campinas (Unicamp) e Estadual Paulista (Unesp) – e é
responsável por 55% da produção científica nacional. Esse
desempenho é resultado de uma política pautada pela auto-
nomia das instituições de ensino superior, de investimentos
na qualidade dos sistemas de graduação, pós-graduação e
extensão e de fomento à pesquisa.
Tendo consolidado a organicidade e o funcionamento
desse sistema, o governo do estado de São Paulo investe nos
programas de expansão do ensino superior com o objetivo
de ampliar o número de vagas oferecidas pelas três univer-
sidades públicas paulistas e contribuir para a ampliação de
sua distribuição geográfica.
Um dos pilares desse processo de expansão do ensino
superior público paulista é o Programa Universidade Vir-
tual do Estado de São Paulo (Univesp), criado pelo Decreto
6
76 77
n0 53.536, assinado pelo governador José Serra, em 9 de ou-
tubro de 2008.
O Programa Univesp, coordenado pela Secretaria do
Ensino Superior, reúne como parceiros a USP, a Unicamp, a
Unesp, as faculdades de medicina de Marília (Famema) e de
São José do Rio Preto (Famerp), o Centro Estadual de Edu-
cação Tecnológica Paula Souza (Ceeteps), a Fundação Padre
Anchieta, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo (Fapesp), a Fundação para o Desenvolvimento
Administrativo (Fundap) e a Imprensa Oficial do Estado de
São Paulo (Imesp).
Por meio da Univesp, as universidades oferecem cursos
de graduação, licenciatura, capacitação, extensão e pós-gra-
duação que associam o uso intensivo de tecnologias da in-
formação e comunicação (TICs) – incluindo a Univesp-TV
– com atividades presenciais.
As TICs, que promoveram profundas mudanças nos
padrões de comunicação entre as pessoas e globalizaram o
mundo dos negócios, patrocinam agora uma verdadeira re-
volução no modelo de educação tradicional. Desconhecem
limites de tempo e espaço e, por isso, permitem ampliar a
abrangência da escola para além da sala de aula, reprodu-
zindo a relação ensino/aprendizagem em ambiente virtual
dotado de ferramentas específicas e orientado por metodo-
logias desenvolvidas para esse fim.
Associadas a atividades presenciais, as TICs conferem
nova dinâmica à relação professor-aluno, ampliam as redes
de relacionamento e de colaboração entre alunos do mesmo
curso, facilitam o acesso aos conteúdos e permitem a incor-
poração de novas mídias.
Por tratar-se de um programa consorciado, formado
pelas grandes instituições de ensino superior do estado, a
Univesp reitera e reforça o papel que essas universidades
têm desempenhado no avanço do conhecimento e na for-
mação de recursos humanos qualificados. E, por seu caráter
inovador, lhes coloca um novo desafio: o de buscar novos
modelos de ensino/aprendizagem que, sem comprometer a
qualidade da formação dos alunos, democratizem o acesso
ao conhecimento a partir do uso das recentes tecnologias da
informação e comunicação desenvolvidas em suas bancadas
de pesquisa.
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Em abRIl dE 2009.