língua portuguesa redação 3º bimestre · qual é o objetivo do texto...
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Além de ser o tipo de texto mais exigido em provas e concursos em todo o Brasil, a dissertação tam‐
bém é um dos textos mais simples de se redigir.
Para se produzir um texto dissertativo são necessárias algumas habilidades:
Conhecimento do assunto a ser abordado, a fim de aplicar precisão e certeza àquilo que está sendo
escrito;
Habilidade com a língua escrita, de maneira que se possa fazer boas construções sintáticas, uso de
palavras adequadas e relações coerentes entre os fatos, argumentos e provas.
Boa organização semântica do texto, ou seja, organização coerente das ideias aplicadas à dissertação,
para que as mesmas possam facilmente ser apreendidas pelos leitores.
Bom embasamento das ideias sugeridas, boa fundamentação dos argumentos e provas.
Qual é o objetivo do texto dissertativo‐argumentativo?
O texto dissertativo fundamenta‐se na exposição, argumentação e desenvolvimento de um tema
proposto, analisando‐o sob um determinado ponto de vista e fundamentando‐o com argumentos convin‐
centes, em defesa de nossas posições.
O que é dissertar?
Dissertar é tratar com desenvolvimento um assunto. É discorrer sobre um ponto de vista, opinando
ou persuadindo. Dissertar é um ato que desenvolvemos todos os dias, quando:
procuramos justificativas:
para a elevação dos preços; para o desemprego.
para o aumento da violência;
estamos preocupados com:
os descasos com a Amazônia; as guerras; a AIDS;
a natureza: a poluição, os desmatamentos, o aquecimento global, etc.
defendemos nossos pontos de vista em relação:
à nossa liberdade; ao aborto; ao avanço da tecnologia;
ao futebol; às minorias; à genética.
à música; às injustiças sociais;
Em suma, dissertação implica em discussão de ideias, argumentação, raciocínio, organização de
pensamento, defesa de pontos de vista, descoberta de soluções. Significa refletir sobre o mundo que nos
Dissertação-argumentativa COMPREENDENDO O GÊNERO
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cerca.
O TEXTO DISSERTATIVO é aquele que expressa uma TESE (um ponto de vista) sobre determinado AS‐
SUNTO, apoiada em dados, fatos (exemplos), fundamentações; enfim, em ARGUMENTOS (informações que
comprovem sua tese) e se dirige a um leitor genérico.
É comum aos textos pertencentes ao gênero dissertativo, assim como a dissertação, uma estrutura
organizada em três partes:
A Introdução deve:
apresentar a ideia núcleo do texto
apontar o que o texto tratará no desenvolvimento
transmitir a mensagem de modo que fique clara e objetiva para o leitor.
ESTRUTURA
É o primeiro parágrafo do texto,
quando o autor apresenta ao leitor o tema abordado. Ela deve conter uma
síntese do que será apresentado (dos subtemas) ao longo de toda a disserta-
ção e poderá ou não conter a tese explicitamente, a depender do projeto de
texto.
AAA iiinnntttrrroooddduuuçççãããooo
Constitui-se de vários parágrafos
nos quais o autor deverá organizar e desenvolver os argumentos para a
defesa da tese, utilizando-se para isso de fatos, dados, relatos, provas,
testemunhos, opiniões etc. É preciso que esses argumentos sejam organiza-
dos de modo que o leitor perceba as relações estabelecidas pelo autor e a-
companhe seu raciocínio. Assim, não basta somente justapor os fatos ou os
dados, por exemplo, é necessário apresentar a análise (o raciocínio) que
justifica tais fatos. Desse modo, é possível ao leitor estabelecer relações de
causa e consequência, comparações, análises cronológicas, explicação, con-
traste etc.
OOO dddeeessseeennnvvvooolllvvviiimmmeeennntttooo
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O desenvolvimento:
é a parte que se discorre sobre o assunto abordado pela tese;
utiliza‐se de fatos e de exemplos;
é composto pelos argumentos que fazem com que o conteúdo ideológico da tese seja plenamente
desenvolvido, levando a uma conclusão.
A conclusão pode funcionar de três maneiras:
retomada da ideia central, a fim de confirmá‐la;
resumo das ideias principais apresentadas e discutidas;
sugestão de soluções para a resolução da problemática abordada.
Um texto dissertativo precisa ter uma estrutura bem organizada. Nesse sentido, os maiores proble‐
mas de um texto dissertativo são:
expor as ideias desordenadas no papel;
falta de uma linha de raciocínio (coerência);
não relacionar uma ideia com outra (coesão);
não provar absolutamente nada.
As partes da dissertação devem estar bem definidas e intimamente ligadas. O modo de se estruturar
a redação é o que mais se valoriza para a inteligibilidade do texto.
A linguagem
A linguagem neste tipo de texto é denotativa, isto é, preocupada com a informação. Deve ser uma
linguagem impessoal e objetiva, com emprego da norma culta.
A argumentação
A principal função da argumentação no texto dissertativo é:
Último parágrafo da dissertação, a
conclusão precisa encerrar a discussão feita no texto. Nela, o autor pode rees-
crever a tese (caso a tenha deixado explícita na introdução) ou expô-la de
forma clara e objetiva (caso não tenha sido apresentada na introdução). Pode-
se finalizar o texto, caso a proposta permita, com uma sugestão para solucio-
nar os problemas que envolvem o tema.
AAA cccooonnncccllluuusssãããooo
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a de persuadir o leitor e transmitir informações, que se pretende como conhecimentos verdadei‐
ros, e dessa forma se tornar convincente;
demonstrar conhecimento de mundo;
demonstrar clareza, domínio da língua, seleção de conteúdos pelos seus valores reais, organizando‐
os de forma coesa e coerente;
fundamentar o ponto de vista inicial.
Exemplo
Tema: O Supremo Tribunal Federal fez bem em legalizar o aborto de anencéfalos?
Aborto de anencéfalo
O Supremo Tribunal Federal (STF), nossa corte su-
prema de justiça, decidiu por oito votos a dois legalizar a
interrupção da gravidez de feto anencéfalo. Até então a
interrupção era legalmente permitida em caso de gravi-
dez fruto de estupro ou quando há risco de vida para a
mãe. Esta decisão, tomada no dia 12 de abril último, é
histórica. Com exceção dos ministros Cezar Peluso e
Ricardo Lewandowski, o STF votou a favor do aborto
nestes casos em que o feto não sobrevive ao nascimen-
to. As razões alegadas são diversas tanto para os que
foram a favor quanto para os que foram contra, mas o
fato é que o Supremo Tribunal decidiu de forma laica,
contrariando a posição da Igreja Católica e da maioria
dos religiosos, embora se saiba que há grupos católicos a
favor do aborto neste caso.
É um alívio saber que o Brasil está caminhando ca-
da dia mais para a separação entre a Igreja e o Estado e
que as decisões da corte suprema brasileira estão, de
fato, contribuindo para secularizar a nossa legislação. No
Brasil é altíssimo o índice de fetos anencéfalos, mas até
hoje as mulheres vítimas desta infelicidade, embora sa-
bendo que a sua gravidez não geraria vida, se desejas-
sem interrompê-la estavam sujeitas às penas da lei. Uma
Contextualização do tema. A autora
apresenta o assunto e logo em segunda
deixa claro a sua tese.
Tese: A autora é a favor da decisão do
STF
Argumento: o que acontecia antes da
decisão do STF.
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vitória da razão sobre o obscurantismo deve ser come-
morada. A cada cidadão cabe o direito de escolher se-
gundo suas convicções e segundo sua fé e ao Estado o
dever de se manter acima dos dogmas de fé.
Além de ser uma vitória da razão sobre o obscuran-
tismo, a decisão em pauta vai influenciar grandemente o
debate sobre a legalização do aborto no País. Não é justo
que no século XXI as mulheres ainda devam se submeter
a leis que as impedem de decidir sobre o seu próprio cor-
po. A decisão do STF foi inédita justamente porque pôs
em xeque um dos pilares que sustenta a decisão brasilei-
ra de restringir e proibir o aborto – o direito à vida. É este
truísmo que vem fazendo com que muitas mulheres em
idade de procriar tenham que encontrar caminhos ilegais
e perigosos, além de danosos à saúde, para exercer o
seu direito e a liberdade de escolher sobre o seu destino.
O direito à vida é justamente o direito de ficar livre das
amarras do pensamento obscurantista que leva milhares
de mulheres brasileiras à morte.
Os juízes da nossa suprema corte demonstraram
que decidem sem o constrangimento da opinião da maio-
ria, pois sabemos que o senso comum brasileiro é contra
o aborto de forma geral, em tese, porque, na prática, re-
correm sistematicamente a ele. Esta decisão do STF re-
vela ainda outra faceta de nossa sociedade: o Congresso
Nacional está se furtando a estas decisões polêmicas e
está refém da opinião pública, ou de seus interesses
mesquinhos, pois não vota os temas de acordo com a
consciência de cada um dos senadores e deputados,
mas segundo as pressões de movimentos organizados
ou, como se dizia em tempos idos, de seus cabos eleito-
rais.
Parabenizo os ministros do STF. A maioria dos mi-
nistros votando a favor do aborto neste caso demonstrou
Tese: reforço da opinião da autora
Argumento: o direito do cidadão de
escolha
Argumento: a decisão do STF pode
abrir caminho para a discussão da
legalização do aborto no Brasil. A
autora justifica que as mulheres
devem ter o direito de escolher se
desejam prosseguir ou não com a
gestação. Além disso, acrescenta que
muitas mulheres recorrem a cami‐
nhos ilegais para praticar o aborto
colocando em risco a própria saúde.
Argumento: apesar do brasileiro se
declarar contra o aborto, recorre sis‐
tematicamente a esse método.
Argumento: os deputados e senado‐
res não votam seguindo sua própria
consciência e sim seguindo os interes‐
ses de movimentos organizados o que
muitas vezes interferem em decisões
consideradas polêmicas.
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que há esperança de que o Estado se mantenha nos limi-
tes de suas responsabilidades, deixando as questões de
foro íntimo a cargo de cada cidadão. O Estado é laico e
não deve se imiscuir em decisões de foro íntimo como
esta do aborto. Esta postura adotada pela pelo Supremo
sinaliza o caminho a seguir em tantas outras questões
em que o Estado deve zelar pela liberdade de escolha do
cidadão.
Yvonne Maggie, professora titular do Departamento de Antro-
pologia Cultural do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da
UFRJ, disponível em http://g1.globo.com/platb/yvonnemaggie/,
acesso em 27/7/2012.
Agora, responda.
1. No primeiro parágrafo, o autor procura contextualizar o tema ao leitor. Quais são os fatos que ele apre‐
senta para cumprir esta tarefa?
2. Podemos afirmar que o autor já expõe sua tese neste primeiro parágrafo? Justifique.
3. A tese é a posição central defendida pelo autor do texto. No segundo parágrafo, há uma frase que pode‐
ria resumir a opinião da professora Yvonne. Qual é esta frase?
4. Encontramos também nesse segundo parágrafo, períodos em que a autora expõe suas opiniões e perío‐
dos em que ele apresenta verdades (fatos). Quais períodos são fatos e quais são opiniões?
5. Enumere quais os principais argumentos para a tese proposta pela autora do texto.
6. Na conclusão, não se apresentam novos argumentos, mas faz‐se uma projeção. Explique que projeção é
esta.
Conclusão: reforço da tese. A autora
reforça a sua posição favorável à deci‐
são do STF e ao direito do cidadão de
decidir sobre a sua própria vida.
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“Legalizar o aborto de fetos com anencefalia, errone-
amente diagnosticados como mortos cerebrais, é descartar
um ser humano frágil e indefeso”
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB la-
menta profundamente a decisão do Supremo Tribunal Federal
que descriminalizou o aborto de feto com anencefalia ao julgar
favorável a Arguição de Descumprimento de Preceito Funda-
mental n. 54. Com esta decisão, a Suprema Corte parece não
ter levado em conta a prerrogativa do Congresso Nacional cuja
responsabilidade última é legislar.
Os princípios da “inviolabilidade do direito à vida”, da
“dignidade da pessoa humana” e da promoção do bem de to-
dos, sem qualquer forma de discriminação (cf. art. 5°, caput; 1°,
III e 3°, IV, Constituição Federal), referem-se tanto à mulher
quanto aos fetos anencefálicos. Quando a vida não é respeita-
da, todos os outros direitos são menosprezados, e rompem-se
as relações mais profundas.
Legalizar o aborto de fetos com anencefalia, erroneamen-
te diagnosticados como mortos cerebrais, é descartar um ser
humano frágil e indefeso. A ética que proíbe a eliminação de
um ser humano inocente, não aceita exceções. Os fetos anen-
cefálicos, como todos os seres inocentes e frágeis, não podem
ser descartados e nem ter seus direitos fundamentais vilipendi-
ados!
A gestação de uma criança com anencefalia é um drama
para a família, especialmente para a mãe. Considerar que o
aborto é a melhor opção para a mulher, além de negar o direito
inviolável do nascituro, ignora as consequências psicológicas
negativas para a mãe. Estado e a sociedade devem oferecer à
gestante amparo e proteção.
Ao defender o direito à vida dos anencefálicos, a Igreja se
fundamenta numa visão antropológica do ser humano, basean-
do-se em argumentos teológicos éticos, científicos e jurídicos.
Dissertação 2
Tese: A CNBB é contra a decisão
do STF
Argumento: quem deve legislar
sobre esse tipo de assunto é o
congresso nacional e não o STF.
Argumento: o direito à vida cabe
tanto à gestante quanto ao feto.
Argumento: tirar o direito a vida
de um feto anencéfalo é o
mesmo que tirar a vida de um
ser frágil e inocente.
Argumento: a prática do aborto
traz consequências negativas à
mãe.
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Exclui-se, portanto, qualquer argumentação que afirme tratar-
se de ingerência da religião no Estado laico. A participação
efetiva na defesa e na promoção da dignidade e liberdade hu-
manas deve ser legitimamente assegurada também à Igreja.
A Páscoa de Jesus que comemora a vitória da vida sobre
a morte, nos inspira a reafirmar com convicção que a vida hu-
mana é sagrada e sua dignidade inviolável.
Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, nos ajude
em nossa missão de fazer ecoar a Palavra de Deus: “Escolhe,
pois, a vida” (Dt 30,19).
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Procedimentos Básicos
01. Interpretação do tema
Devemos interpretar cuidadosamente o tema proposto, pois a fuga total a este implica zerar a reda‐
ção;
02. Levantamento de ideias
A melhor maneira de levantar ideias sobre o tema é a auto‐indagação;
03. Construção do rascunho
Construa o rascunho sem se preocupar com a forma. Priorize, nesta etapa, o conteúdo;
04. Pequeno intervalo
Suspenda a atividade redacional por alguns instantes e ocupe‐se com outras atividades, para que
possa desviar um pouco a atenção do texto, evitando, assim, que determinados erros passem despercebi‐
dos;
05. Revisão e acabamento
Faça uma cuidadosa revisão do rascunho e as devidas correções;
06. Versão definitiva
Passe a limpo para a versão definitiva, com calma e muito cuidado;
Conclusão: reforço da tese. A
CNBB é contra o aborto em
qualquer situação.
Dissertação-argumentativa COMO CONSTRUIR UM TEXTO DISSERTATIVO
Argumento: a participação da
Igreja nas decisões do estado
não tem relação nenhuma
com a condição do estado
brasileiro ser laico. A Igreja
apenas defende a dignidade e
a liberdade humana.
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07. Elaboração do título
O título deve ser urna frase curta condizente com a essência do tema.
Orientação para elaborar uma Dissertação
O conteúdo da redação
a) Apresentação Textual
Legibilidade e erro: escreva sempre com letra legível. Prefira a letra cursiva. A letra de imprensa
poderá ser usada desde que se distinga bem as iniciais maiúsculas e minúsculas. No caso de erro,
risque com um traço simples o trecho ou o sinal gráfico e escreva o respectivo substituto.
Respeito às margens e indicação dos parágrafos: para dar início aos parágrafos, o espaço de mais
ou menos dois centímetros é suficiente. Observe as margens esquerda e direita na folha para o tex‐
to definitivo. Não crie outras. Não deixe “buracos” no texto. Na translineação, obedeça às regras de
divisão silábica.
b) Situações em que o texto pode ser desconsiderado
fuga total ao tema: analise cuidadosamente a proposta apresentada. Estruture seu texto em con‐
formidade com as orientações explicitadas no caderno da prova discursiva.
registros indevidos: anotações do tipo “fim” , “the end”, “O senhor é meu pastor, nada me faltará”
ou recados ao examinador, rubricas e desenhos.
c) Estrutura Textual Dissertativa
Introdução adequada ao tema / posicionamento
Apresenta a ideia que vai ser discutida, a tese a ser defendida. Cabe à introdução situar o leitor a
respeito da postura ideológica de quem o redige acerca de determinado assunto. Deve conter a tese e as
generalidades que serão aprofundadas ao longo do desenvolvimento do texto. O importante é que a sua
introdução seja completa e esteja em consonância com os critérios de paragrafação. Não misture ideias.
Desenvolvimento
Apresenta cada um dos argumentos ordenadamente, analisando detidamente as ideias e exemplifi‐
cando de maneira rica e suficiente o pensamento. Nele, organizamos o pensamento em favor da tese. Cada
parágrafo (e o texto) pode ser organizado de diferentes maneiras:
Estabelecimento das relações de causa e efeito: motivos, razões, fundamentos, alicerces, os
porquês/consequências, efeitos, repercussões, reflexos;
Estabelecimento de comparações e contrastes: diferenças e semelhanças entre elementos – de
um lado, de outro lado, em contraste, ao contrário;
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Enumerações e exemplificações: indicação de fatores, funções ou elementos que esclarecem ou
reforçam uma afirmação.
Fechamento do texto de forma coerente
Retoma ou reafirma todas as ideias apresentadas e discutidas no desenvolvimento, tomando uma
posição acerca do problema, da tese. É também um momento de expansão, desde que se mantenha uma
conexão lógica entre as ideias.
c) Desenvolvimento do Tema
Estabelecimento de conexões lógicas entre os argumentos.
Apresentação dos argumentos de forma ordenada, com análise detida das ideias e exemplificação de
maneira rica e suficiente do pensamento. Para garantir as devidas conexões entre períodos, parágrafos e
argumentos, empregar os elementos responsáveis pela coerência e unicidade, tais como operadores de
sequenciação, conectores, pronomes. Procurar garantir a unidade temática.
Objetividade de argumentação frente ao tema / posicionamento
O texto precisa ser articulado com base nas informações essenciais que desenvolverão o tema pro‐
posto. Dispensar as ideias excessivas e periféricas. Planejar previamente a redação definindo antecipada‐
mente o que deve ser feito. Recorrer à coletânea é um passo importante. Listar as ideias que lhe vier à ca‐
beça sobre o tema. Estabelecer a tese que será defendida. Selecionar cuidadosamente entre as ideias lista‐
das, aquelas que delimitarão o tema e defenderão o seu posicionamento.
Estabelecimento de uma progressividade textual em relação à sequência lógica do pensamento.
O texto deve apresentar coerência sequencial satisfatória. Quando se proceder à seleção dos argu‐
mentos na coletânea, deve‐se classificá‐los segundo a força para convencer o leitor, partindo dos menos
fortes para os mais fortes.
Atenção!
Seu texto deve apresentar tese, desenvolvimento (exposição/argumentação) e conclusão.
Procure não citar fatos de sua vida particular.
Seu texto pode ser expositivo ou argumentativo (ou ainda expositivo e argumentativo). As ideias‐
núcleo devem ser bem desenvolvidas, bem fundamentadas.
Evite que seu texto expositivo ou argumentativo seja uma sequência de afirmações vagas, sem
justificativa, evidências ou exemplificação.
Atente para as expressões vagas ou significado amplo e sua adequada contextualização. Ex.: concei‐
tos como “certo”, “errado”, “democracia”, “justiça”, “liberdade”, “felicidade” etc.
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Evite expressões como “belo”, “bom”, “mau”, “incrível”, “péssimo”, “triste”, “pobre”, “rico” etc.;
são juízos de valor sem carga informativa, imprecisos e subjetivos.
Fuja do lugar‐comum, frases feitas e expressões cristalizadas: “a pureza das crianças”, “a sabedoria
dos velhos”. A palavra “coisa”, gírias e vícios da linguagem oral devem ser evitados, bem como o
uso de “etc.” e as abreviações.
Não se usam entre aspas palavras estrangeiras com correspondência na língua portuguesa: hippie,
status, dark, punk, laser, chips etc.
Não construa frases embromatórias. Verifique se as palavras empregadas são fundamentais e in‐
formativas.
Observe se não há repetição de ideias, falta de clareza, construções sem nexo (conjunções mal em‐
pregadas), falta de concatenação de ideias nas frases e nos parágrafos entre si, divagação ou fuga
ao tema proposto.
Caso você tenha feito uma pergunta na tese ou no corpo do texto, verifique se a argumentação
responde à pergunta. Se você eventualmente encerrar o texto com uma interrogação, esta pode
estar corretamente empregada desde que a argumentação responda à questão. Se o texto for va‐
go, a interrogação será retórica e vazia.
Verifique se os argumentos são convincentes: fatos notórios ou históricos, conhecimentos geográ‐
ficos, cifras aproximadas, pesquisas e informações adquiridas através de leituras e fontes culturais
diversas.
Se considerarmos que a redação apresenta entre 20 e 30 linhas, cada parágrafo pode ser desenvol‐
vido entre 3 e 6 linhas. Você deve ser flexível nesse número, em razão do tamanho da letra ou da
continuidade de raciocínio elaborado. Observe no seu texto os parágrafos prolixos ou muito curtos,
bem corno os períodos muito fragmentados, que resultam numa construção primária.
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TEMA: Tudo vale a pena // Se a alma não é pequena
(Fernando Pessoa)
Sonhar é preciso
“Nós somos do tamanho dos nossos sonhos”. Há,
em cada ser humano, um sebastianista louco, vislum-
brando o Quinto Império; um navegador ancorado no
cais, a idealizar ‘mares nunca dantes navegados’; e um
obscuro D. Quixote de alma grande que, mesmo ames-
quinhado pelo atrito da hora áspera do presente, investe
contra seus inimigos intemporais: o derrotismo, a indife-
rença e o tédio.
Sufocado pelo peso de todos os determinismos e
pela dura rotina do pão-nosso-de-cada-dia, há em cada
homem um sentido épico da existência, que se recusa a
morrer, mesmo banalizado, manipulado pelos veículos de
massa e domesticado pela vida moderna.
É preciso agora resgatar esse idealista que oculta-
mente somos, mesmo que D. Sebastião não volte, ainda
que nossos barcos não cheguem a parte alguma, apesar
de não existirem sequer moinhos de vento.
Senão teremos matado definitivamente o santo e o
louco que são o melhor de nós mesmos; senão teremos
abdicado dos sonhos da infância e do fogo da juventude;
senão teremos demitido nossas esperanças.
O homem livre num universo sem fronteiras. No
nordeste brasileiro verde, pequenos nordestinos saudá-
veis riem sonhos, soletrando o abecedário. Um passeio a
pé pela cidade calma. Pequenos judeus, árabes e cris-
tãos brincando de roda em Beirute ou na Palestina.
Dissertação 3
ANÁLISE DO TEXTO
Tese: somos do tamanho do nosso
sonho e devemos lutar contra o derro‐
tismo, a indiferença e o tédio.
Argumento: o ser humano deve lutar
contra aqueles que, perante alguma
adversidade, se apresentam como
derrotados.
Argumento: devemos lutar pelos nossos
ideais
Argumento: deixando de acreditar nos
nossos ideais, abandonamos nossa
essência.
Argumento: o convívio com as diferen‐
tes crenças e uma sociedade mais igua‐
litária.
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E os vestibulandos, todos, de um país chamado
Brasil, convocados a darem o melhor de si no curso su-
perior que escolheram.
Utopias? Talvez sonhos irrealizáveis de algum poe-
ta menor, mas convicto de que nada vale a pena, se a
alma é mesquinha e pequena.
A questão do aborto é um tema extremamente recorrente e sempre envolve uma discus‐
são sobre valores, sobre a interferência religiosa em um estado laico, sobre as concepções biológi‐
cas e filosóficas da vida, etc.
Você já leu o posicionamento da professora Yvonne (página 4) e da CNBB (página 7), agora
lhe apresentamos outros textos que poderão ajudá‐lo em sua reflexão para que você possa elabo‐
rar o seu texto. Leia‐os com atenção.
COLETÂNEA DE TEXTOS
Texto 1
A anencefalia é um defeito congênito que se caracteriza pela ausência da maior parte do
cérebro. A geração de um anencéfalo é, para a maioria das mulheres, motivo de muita dor física e
emocional, por saber que a chance de o feto morrer durante a gravidez é enorme e que, em caso
contrário, o bebê sobreviverá por pouquíssimo tempo após o parto. Por outro lado, há quem con-
dene o aborto mesmo nesses casos, por considerar que a prática é um crime contra a vida. A po-
lêmica sobre a legalização do aborto de anencéfalos acabou no Supremo Tribunal Federal, que,
recentemente, votou a liberação da prática para esses casos. A decisão, por tratar de um tema tão
polêmico que envolve lei e religião, tem sido contestada por vários grupos sociais.
[http://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes, adaptado]
Texto 2
Aborto de anencéfalos: a causa correta, no lugar errado
Por 8 votos a 2, o Supremo Tribunal Federal decidiu liberar o aborto de anencéfalos nesta
quinta-feira. A causa é boa e a sentença era esperada. Desde 2004, quando o ministro Marco
Dissertação-argumentativa PROPOSTA DE PRODUÇÃO TEXTUAL 1
Conclusão: reforço da tese. Somos do
tamanho de nossos sonhos e de nossas
lutas por nossos ideais.
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Aurélio Mello concedeu a primeira liminar autorizando o aborto de um feto anencéfalo, todas as
vezes que casos do tipo chegaram à corte a decisão foi igual.
O Código Penal, promulgado em 1940, autoriza o aborto em apenas dois casos: se a gra-
videz resulta de estupro ou não existe outro meio de salvar a vida da gestante. A gestação de a-
nencéfalos traz mais riscos para a mãe que uma gestação “normal” – mas só em certos casos é
necessário interrompê-la para salvar a vida da mulher.
É, porém, um avanço permitir que mulheres que estão numa situação dilacerante – quer do
ponto de vista emocional, quer do ponto de vista moral – tenham direito de escolha, sempre devi-
damente assistidas por médicos.
Dar essa opção à família – é importante reafirmar que se trata de dar uma faculdade às
pessoas, e não de lhes impor uma escolha – atende a um princípio que, tanto quanto a defesa da
vida, também é central na Constituição brasileira, o da dignidade humana.
[Veja, 12/04/2012 – Texto adaptado.]
Texto 3
Bispos criticam decisão do STF
O arcebispo de Campo Grande (MS), d. Dimas Lara
Barbosa, e outros três bispos que participaram nesta quar-
ta-feira (18) da conversa com jornalistas, por delegação da
presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), na assembleia geral de Aparecida (SP), criticaram
duramente os ministros do Supremo Tribunal Federal
(STF) que aprovaram a interrupção da gestação ou aborto
no caso de fetos portadores de anencefalia.
“A eugenia é um horizonte que a humanidade experimentou em passado recente e que pa-
rece ter sido esquecido”, afirmou d. Dimas , depois de classificar como perigosa a decisão do
STF. O bispo de Camaçari (BA), d. João Carlos Petrini, presidente da Comissão Episcopal e Pas-
toral para a Vida e a Família da CNBB, advertiu que a decisão do Supremo tem “extraordinário
poder de formar consciência coletiva”, com sérias consequências no contexto da violência, levan-
do à conclusão, por exemplo, de que “quem incomoda pode ser eliminado”.
[Agencia Estado]
Texto 4
Brasil é o quarto país em número de casos de anencefalia
O Brasil é o quarto país do mundo com maior prevalência de nascimentos de bebês com
anencefalia (ausência parcial ou total do cérebro), segundo a OMS (Organização Mundial da Saú-
Ministros do STF reunidos em plenário, na
votação da lei que permite o aborto de fetos
anencéfalos
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de). A incidência é de cerca de um caso para cada 700 nascimentos. As razões para que um país
tenha mais ou menos casos são desconhecidas.
A grande maioria dos bebês com anencefalia sobrevive por poucas horas ou dias após o
nascimento. No entanto, como a lesão é variável, há casos em que a sobrevida é maior. Como o
tronco cerebral (parte mais próxima da medula espinhal) é pouco afetado, a criança apresenta
funções vitais, como batimentos cardíacos e pressão arterial. Mas a atividade cerebral não existe.
É aí que começa a polêmica em relação ao aborto.
“A anencefalia é incompatível com a vida e corresponde à morte cerebral”, diz o ginecolo-
gista e obstetra Thomaz Gollop, professor de genética médica pela Universidade de São Paulo
(USP) e coordenador do Grupo de Estudos sobre o Aborto (GEA) da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC).
Embora a maioria dos médicos seja favorável ao aborto nesses casos, existem exceções.
O ginecologista Dernival da Silva Brandão, membro da Comissão de Ética e Cidadania da Aca-
demia Fluminense de Medicina, é uma delas. “Todos os anencéfalos vão morrer, mas quem não
vai morrer? Para mim, trata-se de um doente que deve ser tratado como qualquer outro”, opina.
Apesar da posição, ele diz que nunca acompanhou nenhuma gestação de anencéfalo que tenha
sido levada até o fim. “O mundo de hoje é muito prático”, critica.
[UOL Notícias, texto adaptado]
Agora é com você. Redija um texto dissertativo‐argumentativo sobre o tema:
O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL AGIU CORRETAMENTE AO LEGALIZAR O ABORTO DE ANENCÉFALOS?
Instruções:
Antes de elaborar sua dissertação, faça um projeto de texto. Ele é OBRIGATÓRIO;
Seu texto deve ser escrito de acordo com a variedade padrão língua portuguesa;
Deve ter uma estrutura dissertativa‐argumentativa;
Não deve estar redigido sob a forma de poema (versos) ou narração;
A redação deve ter no mínimo 15 e no máximo 30 linhas escritas;
Não deve conter trechos copiados da coletânea apresentada;
Ao terminar o texto, passe‐o a limpo – à tinta. Não se esqueça de revisá‐lo e de lhe dar um título. A
versão final deverá ser escrita na folha oficial de redação.
EVITE: na minha opinião, eu acho, no meu ponto de vista.
PREFIRA: é provável que, é possível que, não se pode esquecer que, convém lembrar que etc.
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O parágrafo é uma unidade de composição, constituído por um ou mais de um perío-
do, em que se desenvolve determinada ideia central ou nuclear, a que se agregam outras,
secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela.
O tópico frasal é constituído habitualmente por um ou dois períodos curtos ini-
ciais, que é a introdução da unidade de composição, fornecendo o tema a ser desen-
volvido.
Tal consideração é também feita de forma generalizada, pois o tópico frasal pode não
ser inicial, mas sem dúvida, este é o tipo mais usado por consagrados escritores e recomenda-
do para os principiantes. O tópico frasal pode estar inserido em outra parte do texto, ou pode
também estar diluído neste e até mesmo implícito, o que requer muita perspicácia do escritor
e é claro para o leitor.
Vejamos abaixo algumas formas de se desenvolver um parágrafo, as quais podem auxi-
liá-lo em suas dissertações:
1. ALUSÃO HISTÓRICA: O conhecimento dos fatos históricos ajuda a iniciar um texto e
também a desenvolvê-lo. Um fato acontecido no passado é relembrado como ponto de partida
para novas afirmações e julgamentos. É necessário explicar que essa referência não precisa
necessariamente estar ligada à história de um povo, de um país. Qualquer fato representativo,
já acontecido, pode servir para abrir este tipo de parágrafo.
Ex.: (tema: globalização)
Após a queda do Muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-oeste e o
mundo parece ter aberto de vez às portas para a globalização. As fronteiras foram derrubadas
e a economia entrou em rota acelerada de competição.
2. ARGUMENTO DE AUTORIDADE: a conclusão se sustenta pela citação de uma fonte
confiável, que pode ser um especialista no assunto ou dados de instituição de pesquisa, uma
frase dita por alguém – líder ou político, algum artista famoso ou algum pensador –, uma au-
toridade no assunto abordado. A citação pode auxiliar e deixar consistente o tópico frasal.
(Não se esqueça de que a frase citada deve vir entre aspas e só servirá se estiver articulada a
seu texto).
Ex.: (tema: cinema)
O cinema nacional conquistou nos últimos anos qualidade e faturamento nunca vistos
antes. “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” – a famosa frase-conceito do diretor
Dissertação-argumentativa DESENVOLVIMENTO DO TÓPICO FRASAL
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Gláuber Rocha – virou uma fórmula eficiente para explicar os R$ 130 milhões que o cinema
brasileiro faturou no ano passado. (Adaptado de Época, 14/04/2004)
3. ARGUMENTO POR CAUSA E CONSEQUÊNCIA: para comprovar uma tese, você pode bus-
car as relações de causa (os motivos, os porquês) e de consequência (os efeitos).
Ex.: (tema: trânsito em São Paulo)
Ao se desesperar num congestionamento em São Paulo, daqueles em que o auto-
móvel não se move nem quando o sinal está verde, o indivíduo deve saber que, por trás de
sua irritação crônica e cotidiana, está uma monumental ignorância histórica. São Paulo só che-
gou a esse caos porque um seleto grupo de dirigentes decidiu, no início do século, que
não deveríamos ter metrô. Como cresce dia a dia o número de veículos, a tendência é pio-
rar ainda mais o congestionamento – o que leva técnicos a preverem como inevitável a im-
plantação de perigos. (Adaptado de Folha de S. Paulo. 01/10/2000)
4. ARGUMENTO DE EXEMPLIFICAÇÃO OU ILUSTRAÇÃO: a exemplificação consiste no relato
de um pequeno fato (real ou fictício). Esse recurso argumentativo é amplamente usado quan-
do a tese defendida é muito teórica e carece de esclarecimentos com mais dados concretos.
Ex.: (tema: Corrupção)
A condescendência com que os brasileiros têm convivido com a corrupção não é propri-
amente algo que fale bem de nosso caráter. Conviver e condescender com a corrupção não é,
contudo, praticá-la, como queria um líder empresarial que assegurava sermos todos corruptos.
Somos mesmo? Um rápido olhar sobre nossas práticas cotidianas registra a amplitude e a pro-
fundidade da corrupção, em várias intensidades. Há a pequena corrupção, cotidiana e muito
difundida. É, por exemplo, a da secretária da repartição pública que engorda seu salá-
rio datilografando trabalhos “para fora”, utilizando máquina, papel e tempo que de-
veriam servir à instituição. Os chefes justificam esses pequenos desvios com a alegação de
que os salários públicos são baixos. Assim, estabelece-se um pacto: o chefe não luta por me-
lhores salários de seus funcionários, enquanto estes, por sua vez, não “funcionam”. O outro
exemplo é o do policial que entra na padaria do bairro em que faz ronda e toma de
graça um café com coxinha. Em troca, garante proteção extra ao estabelecimento comerci-
al, o que inclui, eventualmente, a liquidação física de algum ladrão pé-de-chinelo. (Jaime
Pinksky/Luzia Nagib Eluf. Brasileiro(a) é Assim Mesmo, Ed.Contexto)
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5. ARGUMENTO DE PROVAS CONCRETAS: ao empregarmos os argumentos baseados em
provas concretas, buscamos evidenciar nossa tese por meio de informações concretas, extraí-
das da realidade. Podem ser usados dados estatísticos ou fatos notórios (de domínio público).
Ex.: (tema: violência)
No caso do Brasil, homicídios estão assumindo uma dimensão terrivelmente grave. De
acordo com os mais recentes dados divulgados pelo IBGE, sua taxa mais que dobrou ao
longo dos últimos 20 anos, tendo chegado à absurda cifra anual de 27 por mil habi-
tantes. Entre homens jovens (de 15 a 24 anos), o índice sobe a incríveis 95,6 por mil
habitantes. (Folha de S. Paulo. 14/04/2004)
6. ARGUMENTO DESENVOLVIDO POR CONFRONTO: Trata-se de estabelecer um confronto
entre duas ideias, dois fatos, dois seres, seja por meio de contrastes das diferenças, seja do
paralelo das semelhanças.
Ex.: (tema: relação entre pais e filhos)
Embora a vida real não seja um jogo, mas algo muito sério, o xadrez pode ilustrar o fa-
to de que, numa relação entre pais e filhos, não se pode planejar mais que uns poucos lances
adiante. No xadrez, cada jogada depende da resposta à anterior, pois o jogador não
pode seguir seus planos sem considerar os contra-ataques do adversário, senão será
prontamente abatido. O mesmo acontecerá com um pai que tentar seguir um plano precon-
cebido, sem adaptar sua forma de agir às respostas do filho, sem reavaliar as constantes mu-
danças da situação geral, na medida em que se apresentam. (Bruno Betelheim, adaptado)
7. ARGUMENTO DESENVOLVIDO POR RAZÕES OU DETALHAMENTO: No desenvolvimento a-
presentamos as razões, os motivos que comprovam o que afirmamos no tópico frasal. Ou seja,
os períodos que seguem o tópico frasal detalham-no.
Ex.: (tema: mundo infantil)
As adivinhações agradam particularmente às crianças. Isso acontece de maneira
tão generalizada, porque, mais ou menos, representam a forma concentrada, quase simbólica,
da experiência infantil de conquista da realidade. Para uma criança, o mundo está cheio
de objetos misteriosos, de acontecimentos incompreensíveis, de figuras indecifrá-
veis. A própria presença da criança no mundo é, para ela, uma adivinhação a ser re-
solvida. Daí o prazer de experimentar de modo desinteressado, por brincadeira, a
emoção da procura da surpresa. (Gianni Rodari, adaptado)
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8 . ARGUMENTO DESENVOLVIDO POR ANÁLISE: É a divisão do todo em partes.
Ex.: (tema: funções da comunicação)
Quatro funções básicas têm sido atribuídas aos meios de comunicação: informar, di-
vertir, persuadir e ensinar. A primeira diz respeito à difusão de notícias, relatos e comen-
tários sobre a realidade. A segunda atende à procura de distração, de evasão, de divertimen-
to por parte do público. A terceira procura persuadir o indivíduo, convencê-lo a adquirir certo
produto. A quarta é realizada de modo intencional ou não, por meio de material que contribui
para a formação do indivíduo ou para ampliar seu acervo de conhecimentos. (Samuel P. Netto,
adaptado)
Agora, responda.
1. Grife o tópico frasal de cada parágrafo apresentado. Não deixe de observar como o au‐
tor desenvolve.
a) “O isolamento de uma população determina as características culturais próprias. Essas
sociedades não têm conhecimento das ideias existentes fora de seu horizonte geográfico. É o que
acontece na terra dos cegos do conto de H.G. Welles. Os cegos desconhecem a visão e vivem
tranquilamente com sua realidade, naturalmente adaptados, pois todos são iguais. Esse conceito
pode ser exemplificado também pelo caso das comunidades indígenas ou mesmo qualquer outra
comunidade isolada.” (Redação de vestibular)
b) “O desprestígio da classe política e o desinteresse do eleitorado pelas eleições propor‐
cionais são muitos fortes. As eleições para os postos executivos é que constituem o grande mo‐
mento de mobilização do eleitorado. É o momento em que o povão se vinga, aprovando alguns
candidatos e rejeitando outros. Os deputados, na sua grande maioria, pertencem à classe A. É com
os membros dessa classe que os parlamentares mantêm relações sociais, comerciais, familiares. É
dessa classe com a qual mantêm maiores vínculos, que sofrem as maiores pressões. Desse modo,
nas condições concretas das disputas eleitorais em nosso país, se o parlamentarismo não elimina
inteiramente a influência das classes D e E no jogo político, certamente atua no sentido de reduzi‐
la.” (Leôncio M. Rodrigues)
c) “Ao identificar o conceito de atividade, Leontiev, Especialista em Psicopedagogia, afirma
que “por esse termo designamos apenas aqueles processos que, realizando as relações do homem
com o mundo, satisfazem uma necessidade especial correspondente a ele”.”
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d) “Ao identificar o conceito de atividade, Leontiev, Especialista em Psicopedagogia, afirma
que pelo termo mencionado é possível designar apenas aqueles processos relativos às relações do
homem com o mundo, e que satisfazem uma necessidade humana específica.”
e) “Gostar de política não é uma opção, mas uma necessidade. Primeiro, porque o cidadão
precisa de um conhecimento político para escolher seu candidato. Depois, porque a política está
presente na escola, no trabalho, enfim, na vida. Logo, torna‐se fundamental o gosto por ela, pois é
ela que rege a nossa existência.” (Sildomar F. Veira)
Poucos dias depois da divulgação de atos de assédio sexual no metrô de São Paulo e da revelação da
existência de uma página intitulada “Encoxadores”, no Facebook, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), órgão vinculado ao Governo Federal, divulgou dados de uma pesquisa sobre o estupro. Num
primeiro momento, o instituto de pesquisa divulgou que 65% dos entrevistados (homens e mulheres) con‐
cordavam com a frase “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Essa
informação gerou muita polêmica. Posteriormente o instituto retificou a informação dizendo que na reali‐
dade o índice correto era 26%.
A partir dos dados, uma socióloga declarou existir no país uma “cultura do estupro”, que considera a
vítima responsável pela violência (sexual) que sofreu. Abaixo apresentamos outros textos que poderão
ajudá‐lo em sua reflexão para que você possa elaborar o seu texto. Leia‐os com atenção.
COLETÂNEA DE TEXTOS
Texto 1
Mulher com roupa curta merece ser atacada
Um estudo divulgado nesta quinta-feira
(27) pelo Ipea revela que a maioria da população
brasileira acredita que “mulheres que usam rou-
pas que mostram o corpo merecem ser ataca-
das” e que “se as mulheres soubessem como se
comportar, haveria menos estupros”.
[...]
Dissertação-argumentativa PROPOSTA DE PRODUÇÃO TEXTUAL 2
Supostos estudantes da UnB (Universidade de Brasília) segu‐
ram cartaz com apologia ao estupro durante trote
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A pesquisa [...] sobre a tolerância social à violência contra as mulheres, entrevistou 3.810
pessoas em todas as unidades da federação durante os meses de maio e junho de 2013, sendo
que as próprias mulheres representaram 66,5% do universo de entrevistados.
[...]
Na pesquisa do Ipea, os entrevistados foram questionados se concordavam ou não com
frases sobre o tema. Nada menos que 26% concordaram que a mulher que usa roupa que mostra
o corpo merece ser atacada.
[UOL Cotidiano]
Texto 2
Cultura do estupro
Na opinião da professora do Departamento de Sociologia da PUC-SP, Carla Cristina Gar-
cia, os resultados [da pesquisa] mostram uma inversão de papéis entre mulheres e agressores. “O
comportamento da vítima jamais pode ser apontado como motivo da violência”, alerta. “É preciso
acabar com essa cultura do estupro, que está naturalizada.”
Segundo Carla, é comum educar a mulher para sobreviver em um mundo sexista e violen-
to, com restrições sobre roupas e lugares que frequenta. “Já as campanhas contra assédio no
trabalho e no transporte público, por exemplo, aparecem menos.”
O preconceito social revelado na pesquisa do Ipea também confirma que a violência do-
méstica é subnotificada. “Como a cultura machista permanece grande, o medo, a vergonha e o
descrédito na Justiça fazem com que elas deixem de denunciar”, avalia Sônia Coelho, integrante
da Semprevivo Organização Feminista e da Marcha Mundial das Mulheres.
[Estadão/Brasil]
Texto 3
Perfil das vítimas
Os registros demonstram que 89% das vítimas são do sexo feminino e possuem, em geral,
baixa escolaridade. Do total, 70% são crianças e adolescentes. “As consequências, em termos
psicológicos, para esses garotos e garotas são devastadoras, uma vez que o processo de forma-
ção da autoestima – que se dá exatamente nessa fase – estará comprometido, ocasionando inú-
meras vicissitudes nos relacionamentos sociais desses indivíduos”, aponta a pesquisa.
Em metade das ocorrências envolvendo menores, há um histórico de estupros anteriores.
Para o diretor do Ipea, “o estudo reflete uma ideologia patriarcal e machista que coloca a mulher
como objeto de desejo e propriedade”.
[Ipea]
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Agora é com você. Redija um texto dissertativo‐argumentativo sobre o tema:
“CULTURA DO ESTUPRO”: A CULPA É DA VÍTIMA?
Instruções:
Antes de elaborar sua dissertação, faça um projeto de texto. Ele é OBRIGATÓRIO;
Seu texto deve ser escrito de acordo com a variedade padrão língua portuguesa;
Deve ter uma estrutura dissertativa‐argumentativa;
Não deve estar redigido sob a forma de poema (versos) ou narração;
A redação deve ter no mínimo 15 e no máximo 30 linhas escritas;
Não deve conter trechos copiados da coletânea apresentada;
Ao terminar o texto, passe‐o a limpo – à tinta. Não se esqueça de revisá‐lo e de lhe dar um título. A
versão final deverá ser escrita na folha oficial de redação.
EVITE: na minha opinião, eu acho, no meu ponto de vista.
PREFIRA: é provável que, é possível que, não se pode esquecer que, convém lembrar que etc.
O texto dissertativo é requerido na construção de teses e monografias, pois a defesa dos argumen‐
tos precisa ser baseada em fontes de confiança que darão relevância a ele. Sendo assim, esse modelo de
texto é praticamente teórico, aprofundado e com conclusões. Ele se difere do dissertativo‐argumentativo
por não se apoiar no convencimento do leitor, pois o objetivo principal é propagar uma ideia nova e fazer
com que os leitores aprendam algo. Nesse caso, ele é mais expositivo.
No caso da versão argumentativa, ele segue a mesma linha da dissertação expositiva, também preci‐
sa de exemplos para se fortalecer, mas se difere pelo forte apelo persuasivo. O autor deverá destrinchar
ao longo do texto um ponto de vista sobre determinado assunto, especialmente porque esse tipo de reda‐
ção visa, em grande maioria, mudar o comportamento de quem o lê.
Dissertação-argumentativa TEXTO DISSERTATIVO E TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
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Proposta
Há um conto de H. G. Wells, chamado A terra dos cegos, que narra o esforço de um homem com vi‐
são normal para persuadir uma população cega de que ele possui um sentido do qual ela é destituída; fra‐
cassa, e afinal a população decide arrancar‐lhe os olhos para curá‐lo de sua ilusão.
Discuta a ideia central do conto, comparando‐a com a do ditado popular “Em terra de cego quem
tem um olho é rei”. Em sua opinião essas ideias são antagônicas ou você vê um modo de conciliá‐las?
A audácia de enxergar à frente
A capacidade de estar à frente de seu tempo quase nunca confere ao
seu possuidor alguma vantagem. A dureza das sociedades humanas em
aceitar certas noções desmente, não raro, o ditado popular que diz que
“Em terra de cego quem tem um olho é rei”.
Exemplos, a história é pródiga em nos apresentar. Sócrates foi obri‐
gado, pela sociedade ateniense, a tomar cicuta, em razão de suas ideias.
Giordano Bruno, que concebeu a terra como um simples planeta, tal como
sabemos hoje, foi chamado herege e queimado. Darwin debateu‐se contra
a incompreensão e condenação de suas ideias, mais tarde aceitas.
Ainda hoje, temos exemplos de procedimentos similares. Oscar Arias,
presidente da Costa Rica e prêmio Nobel da Paz, ainda há pouco tempo se
debatia contra a sociedade de seu país, que teimava em colocar obstáculos
à sua atuação. Em tempo: o mérito de Oscar Arias nem era o de estar à
frente de seu tempo, mas simplesmente o de analisar os problemas do pre‐
sente.
Esse mal não será curado tão cedo. Isso porque as pessoas que con‐
seguem enxergar à frente apresentam ao homem o que ele odeia desde
tempos imemoriais: a necessidade de rever as próprias convicções. Enquan‐
to esse ódio – ou será medo – não for superado, a humanidade continuará
mandando outros “Giordano Bruno” para a fogueira da incompreensão e
do isolamento. E, ignorando as pessoas de visão, continuará cega para o
futuro e para si mesma.
ANÁLISE DO TEXTO
Dissertação 4
Tese: a sociedade não
aceita quem tem ideias
revolucionárias
Argumento: o autor
buscou na história da
humanidade exemplos
de pessoas cujas ideias
não foram aceitas pela
sociedade
Argumento: o autor
buscou no presente o
exemplo de uma pessoa
cujas ideias não é aceita
pela sociedade local
Conclusão: reforço da
tese. O autor reafirma a
tese de que as ideias
revolucionárias causam
medo à sociedade.