light steel framingfício em alvenaria estrutural, onde há variações dimensionais em seus...
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P u b l i c a ç ã o m e n s a l d a c o n s t r u ç ã o c i v i l - a n o 3 - n º 2 9 - j u l h o d e 2 0 0 6
Eleita pela ABIGRAF-MG como a melhor revista do ano de 2005, na categoria de periódico mensal
LIGHT STEEL FRAMINGEstruturaprimeira residênciade BH em LightSteel Framing
Edifíciosgaragem é um diferencial nahora da venda
Rescisão contratualdireitos e deveres doconstrutor e docomprador de imóveis
14Julho de 2006 Revista Obras on Line
Artigo técnico
Na edição passada da Revista
Obras On Line, abordamos
as origens, o comporta-
mento e as causas da maior parte das
trincas. O objetivo do artigo deste
mês é levar aos leitores a possibili-
dade de compreender os mecanismos
de formação delas. Evidentemente,
esse é um tema longo. Para quem
quiser estudar mais sobre assunto,
existem excelentes livros escritos
pelos engenheiros Paulo Roberto L.
Helene; Ercio Thomaz; Vicente Cus-
tódio Moreira de Souza; Thomaz
Ripper, entre outros.
Trincas causadaspelas movimentações térmicas
É sabido que os materiais e elemen-
tos componentes de uma construção
estão sujeitos a variações de tempe-
ratura durante o dia e até mesmo nas
diferentes estações do ano. Obvia-
mente, em temperaturas mais baixas
existe contração e, nas mais elevadas,
dilatação. Imagine então uma estru-
tura normal, como um pequeno edi-
fício em alvenaria estrutural, onde
há variações dimensionais em seus
elementos, alguns confinados, outros
não. É totalmente possível que ten-
sões se acumulem em algum desses
materiais ou elementos, provocando
o aparecimento de algumas trincas.
Então, resumidamente, as trincas po-
dem aparecer devido ao acúmulo de
tensões, mas também devido às mo-
vimentações diferenciadas, como nas
junções entre materiais com coeficien-
Trincas - mecanismos de formaçãotes de variação térmica diferentes (ex:
esquadria de aço e alvenaria) e diferen-
tes temperaturas no mesmo material
(ex: faces interna e externa de uma laje
de cobertura), ou até mesmo um misto
dos dois anteriores (ex: alvenarias vs.
laje de cobertura).
É válido salientar que tão importante
quanto as movimentações térmicas dife-
rentes dos componentes da construção é
a rapidez com que elas ocorrem. Na maio-
ria dos casos, alguns materiais que podem
absorver uma variação dimensional lenta
não suportam variações bruscas.
Trincas causadas por movimentaçõeshigroscópicas
O ponto-chave
nesse tipo de cau-
sa é a porosidade.
Dos materiais e
elementos com-
ponentes de uma
construção, uns
têm maior e ou-
tros têm menor
porosidade. O
princípio que rege
esse tipo de varia-
ção dimensional
é a penetração ou
saída de umida-
de dos poros. Um
aumento do teor
de umidade pro-
voca expansão,
enquanto sua re-
dução provoca re-
tração, e, similar-
mente ao que observamos nas trincas
causadas pelas movimentações térmi-
cas, se existir qualquer componente
da construção que restrinja essas mo-
vimentações, há real possibilidade do
aparecimento de fissuras.
A umidade pode ter acesso aos compo-
nentes da construção por várias manei-
ras. A mais conhecida é através dos fenô-
menos meteorológicos ou pela umidade
do ar. A umidade natural do solo que
ascende às alvenarias por capilaridade
também é uma grande causa do apareci-
mento de trincas e estufamento da pintu-
ra nas paredes; a umidade proveniente da
execução da obra, como o umedecimen-
to das alvenarias no processo de assenta-
mento, em níveis superiores ao ponto de
15 Julho de 2006 Revista Obras on Line
equilíbrio higroscópico, pode causar re-
tração pela perda desse excesso de água;
e, finalmente, há ainda a possibilidade da
umidade incorporada na produção dos
materiais e componentes da construção,
como os concretos: a perda dessa umida-
de é a grande responsável pelas retrações
hidráulicas, proporcionando fissuras pa-
ralelas e eqüidistantes.
Trincas causadas por recalques de fundação
Quem nunca viu e se assustou com
uma trinca inclinada em um muro?
Essa talvez seja a configuração carac-
terística de uma trinca causada por
um recalque: inclinada, normalmen-
te iniciando-se na parte superior do
elemento que recalcou, descendo até
sua base.
É importante saber que os solos são
heterogêneos, compostos basicamen-
te por partículas sólidas, ar, água e
matérias orgânicas, e sua capacida-
de de suportar cargas e se deformar
varia, principalmente, em função de:
Fissura escamada como a ilustração ao lado
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Artigo técnico
tipo, consistência e estado; nível do
lençol freático; tipo de fundação (di-
reta, profunda); intensidade e dis-
tribuição das cargas da edificação;
dimensões e formato da placa car-
regada; e interferência de fundações
vizinhas.
As variações de forma do solo pela
aplicação de cargas, no caso de so-
los mais compactos, e as variações
de volume provocadas pela perda
de umidade do bulbo de tensão, no
caso dos solos mais moles, são as
principais causas do aparecimento
de trincas nas edificações. O que
vale a pena saber é que é possível, e
não é tão complexo assim, determi-
nar a causa de cada configuração de
trinca provocada por um recalque
de fundação.
Considerações finais
Recebemos alguns e-mails solicitando es-
clarecimentos sobre a garantia das cons-
truções, citada na coluna do mês passa-
do. Assim, alteramos a redação do texto
para: “Alertamos para a garantia legal das
construções: a jurisprudência dominante
tem aplicado o prazo de garantia de cin-
co anos para casos considerados graves,
como falta de estanqueidade das fachadas
provocada pelas alvenarias trincadas”.
No próximo mês, continuaremos com
o assunto das trincas, abordando ainda
algumas técnicas de sua recuperação e
recomposição. Se você tem alguma dúvi-
da ou sugestão para novos temas a serem
abordados, envie seu e-mail para a reda-
ção da Revista Obras on Line: redacao@
obrasonline.com.br
Eng. Clémenceau Chiabi Saliba JúniorCoordenador de cursos de
pós-graduação do IEC/PUC MinasDiretor do Instituto Mineiro de Avaliações
e Perícias de Engenharia (Ibape-MG)Conselheiro do Crea-MG e da SME
E-mail: [email protected]
Eduardo WilkeDesigner de produtos da Madeirense