leonardo vieira - fenomenologia do espírito e a ciencia da lógica.pdf
TRANSCRIPT
-
7/24/2019 Leonardo Vieira - Fenomenologia do esprito e a Ciencia da Lgica.PDF
1/14
S n t e s e N9 3 6 (1986) - P g .31-44
R A Z O
E
C I V I L I Z A O
A
p r o p s i t o
da
r e l a o
entre a
Fenomenologia do Espito
e a
Cincia da Lgica
Leonardo A.Veira
\ . I n t r o d u o
A nossa f inal idade investigar a r e l a o ent re Fenomenologia do Es
p r i t o "
e " C i n c i a da L g i c a " .
Esta
uma r e l a o bastante sui-generis
e mesmo paradoxal. Por um lado, a Fenomenologia uma pressu
p o s i o
(Voraussetzung)
da " L g i c a " . Ela torna p o s s v e l a l i b e r a o
da c o n s c i n c i a e com isto a e m e r g n c i a da forma
in f in i ta
ou do Con
ceito.
Neste sentido, ela uma
i n t r o d u o
" L g i c a " .
Por outro la
d o ,
a Fenomenologia um exemplo (Beispiel ) da
" L g i c a " .
Neste
sentido,
a
r e l a o
entre ambas j prefigura a
r e l a o
da
" L g i c a "
com
as partes do sistema. Ela a Teoria de base do sistema . Port anto,
apesar de ser int roduzid a pela Fenomenologia , a
" L g i c a "
torna
p o s s v e l
o discurso fenomenologico. Por fim,
p r e t e n d e r - s e -
mostrar
que o estudo desta
r e l a o
diz respeito a um dos problemas mais
fun
damentais
da nossa
c i v i l i z a o :
a viabilidade de uma
c i v i l i z a o
do
L g o s .
II. A Fenomenologiado
E s p r i t o como p r e s s u p o s i o
A r e l a o ent re a Fenomenologia do E s p r i t o " e a " C i n c i a da L
gica
deixa-se esclarecer a t r a v s da seguinte s e n t e n a : Die reine
Wissenschaft setzt somit die Befreiung von dem
Gegensatze
des
Bewusstseins voraus (1).
Tal l i b e r a o torna-se mais signi fi cat iva se nos lembrarmos daqu il o
que caracteriza a c o n s c i n c i a . Segundo Hegel, Bewusstsein schiiesst
den
Gegensatz
des Ich und seines Gegenstandes in sich... (2 ).Esta
o p o s i o const i tui .. . die Natur unseres gewohnl ichen, des erschei-
nenden Bewusstseins (3). Assim sendo, a l i b e r a o desta o p o s i o
3 1
-
7/24/2019 Leonardo Vieira - Fenomenologia do esprito e a Ciencia da Lgica.PDF
2/14
n o pode ser fruto de um atomediato ou de um simples desejo, pos
t o que a o p o s i o sujeito-objeto ac o n d i o habit ual da c o n s c i n c i a
natural (das n a t r l i c h e Bewusstsein)(4). Ora, a Fenomenologia do
E s p r i t o " a e x p o s i o da c o n s c i n c i a em seu movimento progressi
vo desde a primeira
o p o s i o
imediata entre ela e o seu ob je to
a t
o
saber ab solut o(5 ). Dieser Weg geht durchalie
Formen
des Vertni-
ssesdes Bewusstseins zumOb/ e/ (te durch und hatden Begriff der
Wssenschaft zu seinem Resultate (6). Portanto, a c o n s c i n c i a per
corre uma s r i e de o p o s i e s ou uma s r i e de figuras ao longo de sua
t r a j e t r i a f e n o m e n o l g i c a . Na medida em que a s r i e desfiguras que
a c o n s c i n c i a percorre const it ui diea u s f r l i h c h e Geschichte der fl/ 7-
dung des Bewusstseins seibst zur Wissenschaft , af o r m a o da cons
c i n c i a
se
identifica
com os
v r i o s
modos da
c o n s c i n c i a " ( 8 ) ,
isto ,
os v r i o s modos da r e l a o dac o n s c i n c i a com o objeto.
Contudo,
a
s r i e
de
o p o s i e s
n o tem como
resultado a r e i t e r a o
d a o p o s i o
entre o Eu e o objeto. O resultado destas
o p o s i e s
o
Conceito de
C i n c i a
(ou Conceito de
C i n c i a
pura ou Conceito da
L g i c a ) ( 9 ) .
Hegel defende a mesma tese ao af irmar que a Fenome
nologia
do
E s p r i t o "
a
d e d u o
(Dedukt ion) do Conceito de
C i n
c ia
pura dO). Se po rtant o a Fenomenologia do
E s p r i t o "
a dedu
o
daquele Conceito e o caminho da
c o n s c i n c i a
termina no saber
absoluto,
e n t o
de se supor que o
p r p r i o
saber absoluto evidencie
o significado do Conceito de
C i n c i a .
O saber absoluto tem que nos
possibilitar entender o Conceito de
C i n c i a ,
isto , a
l i b e r a o
da
o p o s i o
da
c o n s c i n c i a .
Apesar de longa vale a penacitaresta passa
gem em que Hegel def ine o saber absolut o: Das absolutaWissenist
d i eWahrheit
aller Weisen des Bewusstseins, wei l , wie Jener Gang
desseiben es hervorbrachte, nur in dem absoluten wissen dieTrennung
des
Gegenstandes
von der
Gewissfieit seiner
seibst
volikomen sich
a u f g e l s t
hat und die wahrhei t dieser Gewissheit sowie diese Gewi-
ssheit
der Wahrhei t gleich geworden ist (11).
Desta forma,apenas no saber absoluto a o p o s i o constit uti va do
modo de ser da c o n s c i n c i a d issolvida. Mas, o que signif ica dizer
q u e esta o p o s i o fo i dissolvida e a
certeza
se iguala verdade e a
ver
dade se iguala certeza? A resposta a esta pergunta pode ser encon
trada naquelas d e t e r m i n a e s abstratas que ocorrem na c o n s c i n c i a ,
descritas
por
Hegel
na
Introduo
Fenom enologia (12 ). A cons
c i n c i a distingue algo de si mesma com o qual ela se relaciona. E o
lado
determinado desta r e l a o ou oado determinado do ser de algo
para uma conscincia aqui lo que se chama Wssen (saber). Por
tanto, como a o p o s i o da c o n s c i n c i a caracteriza a nossa c o n s c i n
c i a o r d i n r i a e ac o n s c i n c i a fenomenal, ela e s t sempre em uma rela-
3 2
-
7/24/2019 Leonardo Vieira - Fenomenologia do esprito e a Ciencia da Lgica.PDF
3/14
o determinada com algo que lhe dist into, isto , ela saber de
alguma coisa ou ela tem certeza (Gewissheit) de algo dist into dela.
Cont udo, o que e s t relacionado com o saber
dist into
dele e pos
t o t a m b m comoexistente fora desta r e l a o ; o lado deste em-si
(Ansich) chama-seVerdade ( 3). Na medida em que a s e p a r a o
dissolvida e a verdade se iguala
certeza
e
vice-versa,
e n t o
a cons
c i n c i a j n o mais distingue um existente f ora do seu saber. Ela dei
xa de ser um saber determinado e, portanto, relativo a algo
dist into
dela quando " . . .ela deixa sua a p a r n c i a de estar presa a algo estranho
(Fremdarti gem) que apenas para ela e como um out ro (ein An-
deres)... (14). Este ponto a l c a n a d o pela c o n s c i n c i a no seu movi
mento progressivo para a sua verdadeira e x i s t n c i a em que exterio-
ridade negada dialeticamente o Conceito de C i n c i a ; Portanto, o
momento em que a c o n s c i n c i a se libera de toda imediat eidade e con-
c r e o
externa e torna-se saber puro(15).
Deste modo, torna-se p o s s v e l explicar o termo saber absoluto. Ao
longo das suas e x p e r i n c i a s f e n o m e n o l g i c a s a c o n s c i n c i a foi sempre
saber de algodist intodela. Portanto, umsaber relativoa uma exterio-
ridade.
Contudo, a n e g a o d i a l t i c a desta exterioridade signifi ca a
e x i s t n c i a de um saber que n o mais e s t preso d i s t i n o entrecer
teza
e verdade. Neste sent id o, trata-se de umsaber absoluto pois o
pensamento n o se dirige mais a um ob jeto exterior, mas o pensa
mento tem a si mesmo como objeto (igualdade dacertezacom aver
dade).
A i m p o r t n c i a deste movimento de l i b e r a o da o p o s i o da cons
c i n c i a torna-se mais evidente ao analisarmos o que vem a ser C i n c i a
pura ou " C i n c i a da L g i c a " . A L g i c a tem como c o n t e d o as essen-
cialidades puras, conforme o P r e f c i o primeira e d i o ( 1 6 ) ,ou ainda
o L g i c o ou as d e t e r m i n a e s do pensamento, conforme o P r e f c i o
segunda
e d i o ( 1 7 ) .
Assim sendo, a
" C i n c i a
da
L g i c a
a
Wissens
chaft des reinen Denkens ou do E s p r i t o pensando sua e s s n c i a ( 1 8 ) .
E para compreender esta C i n c i a importante estar atento distin
o estabelecida por Hegel entre c o n s c i n c i a (ou pensamento f in i to)
e pensamento como tal (ou pensamento in f in i to) ( 1 9 ) . Comoj disse
mos antes, o termo c o n s c i n c i a designa a o p o s i o entre o Eu e o
objeto. Portanto, a f i n i t i z a o do pensamento na medida em que ele
pensamento de umdeterminado objeto. Todavia, o c o n t e d o da
L g i c a
o pensamento
in f in i to
que j se liberou da
o p o s i o
da cons
c i n c i a .
Portanto, n o mais um pensamento que busca um c o n t e d o
que lhe exterior, mas um pensamento que se d a si mesmo um con
t e d o ,
isto , um pensamento que se autodetermina. por isso que
Hegel simultaneamente louva e critica Kant(20). Hegel louva Kant
3 3
-
7/24/2019 Leonardo Vieira - Fenomenologia do esprito e a Ciencia da Lgica.PDF
4/14
p o r
ter exposto o proceder
d i a l t i c o
da
R a z o
com o um operar ne
c e s s r i o " . Kant, p o r m , ficou preso, por um lado, ao aspecto trans
cendental das d e t e r m i n a e s do pensamento e, por out ro lado, n o
investigou-as em si mesmas, no
e x p s
a
r e l a o r e c p r o c a
entre elas.
Por isso,
e n t o ,
fa l tou a Kant die Erkenntni s derunendlichenForm,
d . i .
des Begrifs (21). Ora, esta forma inf in i ta pois, apresentada na
sua pureza, pode se determinar (sich bestimmen), isto , pode se dar
um c o n t e d o e c o n t e d o em sua necessidade enquanto sistema das
d e t e r m i n a e s
do pensamento. Neste sentido, a
" C i n c i a
da
L g i c a "
a e x p o s i o do pensamento autodeterminando-se absolutamente e
const i tuindo deste modo aquele sistema de
c o n t e d o s
que ele mesmo
se deu ao longo do seu caminho de a u t o r e a l i z a o . Desta forma, po
de-se perceber que na
" C i n c i a
da
L g i c a "
forma e
c o n t e d o n o
es
t o
separados. O
c o n t e d o
apenas a
d e t e r m i n a o
que a
p r p r i a
forma se d a si mesma. E, por isso, o m t o d o apenas " . . .a consci
n c i a do movim ento imanente do Conceit o (23 ). Isto , o m t o d o
o p r p r i o
caminho
percorri do pelo Concei to no seu processo de aut o
d e t e r m i n a o .
Uma
C i n c i a
do Conceit o parece just if icada aos olhos de
Hegel
uma
vez que somente no Conceito o ob jet o tem efet ividade (Wi rki ichkei t ).
Isto
significa que se algo dist into do Conceito,
e n t o
ele deixa
de ser algo efeti vo e se torna um nada(24 ). O Conceito n o de
ve ficar restrito a um objeto de uma i n v e s t i g a o transcendental,
isto
, que o considere como
c o n d i o
de possib il idade de conheci
mento de objetos que lhe so exteriores. Ele mesmo enquanto se
autodetermina
ob jeto de uma C i n c i a ,a C i n c i a da L g i c a .
A
c a r a c t e r i z a o
da
C i n c i a
pura nos possibilita
c o n t r a p - l a
Feno
menologia do
E s p r i t o " .
Esta
se caracteriza como separando o con
t e d o e a fo rma do conhecim ento. Em outras palavras, separando a
verdade e a certeza(25). A
" C i n c i a
da
L g i c a " ,
por sua vez, se carac
teriza como uma C i n c i a na qual a fo rma se d um c o n t e d o . Portan
t o ,
uma identidade entre certeza e verdade. Por conseguinte, temos,
de um lado, a s e p a r a o entre certezae verdade e, de ou t ro , a unida
de ent re ambas. De um lado, ao p o s i o da c o n s c i n c i a e, de ou t ro , o
movimento interno do Conceito.
Cabe
' Fenomenologia' a tarefa
de realizar a l i b e r a o da o p o s i o da c o n s c i n c i a e deduzir o Concei
t o
de
C i n c i a
pura. A ' Fenomenologia' culm ina no conceit o de saber
absoluto enquanto saber no qual sujeito e objeto,certeza e verdade
n o se encontram mais separados. No saber absoluto toda d i f e r e n a
suprassumida (aufgehoben) (26). Em virtude disto, pode-se entender
a r a z o pela qual a Fenomenologia uma p r e s s u p o s i o da " C i n -
3 4
-
7/24/2019 Leonardo Vieira - Fenomenologia do esprito e a Ciencia da Lgica.PDF
5/14
uid aa L u g i d .
cia
p u b i u i i i i o
a m i i m i i ^ i e iua
luiiiia U U LU
Conceito.
III. A Fenomenologiado E s p r i t o
Enquanto
xemplo
A r e l a o entre Fenomenologia e " L g i c a " n o se esgota naquela
que foi explicada acima. H um outro momento que caracteriza esta
r e l a o . A t r a v s
dele pode-se perceber t an to a complexidade da Fe
nomenologia bem como o papel desempenhado pela " L g i c a " como
Basistheorie des Systems (27).
Hegelindica expl ici tam ente este out ro mom ent o:
Ich habe in derPh' nomenologie des Geistes ein Beispiel von dieser
Methode an einem konkreteren Gegenstande, an dem
Bewusstsein,
aufgestellt (28).
Como fica patente nesta passagem a Fenomenologia um
Beispiel
do verdadeiro m t o d o da C i n c i a f i l o s f i c a . M t o d o exemplif icado
em um obj eto m ui t o especial: ac o n s c i n c i a . Contudo, imediatamente
levanta-se a pergunta: como a c o n s c i n c i a ao longo de seu caminho
para a C i n c i a exemplifica o m t o d o desta p r p r i a C i n c i a ?
O que caracteriza o movimento da c o n s c i n c i a e o movimento do
Conceito a
bestimmte
Negation
(negao determinada).
E
n o
por mera c o i n c i d n c i a que ele chama aa t e n o para isto tanto na
n
troduo
Fenomenologia quanto t a m b m na
Introduo
L-
gica (29). esta n e g a o determinada que devemos agora analisar.
A e x p o s i o da c o n s c i n c i a em suas e x p e r i n c i a s n o um movimen
t o meramentenegativo(30). O resultado de uma e x p e r i n c i a da cons
c i n c i a n o o puro nada (das reine Nichts). justamente uma das
figuras desta c o n s c i n c i a , o Ceticismo, que v no Resultado a pura
vacuidade. O nada, no entanto, tom ado como o nada de onde ele
procede e , de fato, o resultado verdadeiro; ele mesmo um nada
determinado e tem umcontedo )). Ao passar de uma e x p e r i n
c ia para outra a c o n s c i n c i a n o cai no puro nada e nem a e x p e r i n c i a
passada descartada. Ao c o n t r r i o , a
nova
e x p e r i n c i a o resultado
de uma experincia determinada. Esta e x p e r i n c i a surge como o re
sultado
n e c e s s r i o da e x p e r i n c i a anterior e c o n t m aquilo que a
e x p e r i n c i a precedente t em de verdadeiro(3 2). Neste sent ido, a ex
p e r i n c i a
apresenta o movimento
t p i c o
da
s u p r a s s u n o :
Es (das
3 5
-
7/24/2019 Leonardo Vieira - Fenomenologia do esprito e a Ciencia da Lgica.PDF
6/14
Aufheben) ist ein
Negieren
und ein
ufbewahren
zugleich {33 ). Ora,
se ela fosse um simples negar, e n t o n o haveria d i f e r e n a para com a
ati tude
do Ceticismo. Mas, ela nega e conserva. Assim, por exemplo,
na passagem da
certeza s e n s v e l
para a
p e r c e p o
o
s e n s ve l
enquanto
singular negado, mas o
s e n s v e l
enquanto universalconservado.E
em virtude desta s u p r a s s u n o que se pode fala r emBildung da cons
c i n c i a .
Se a sua
n e g a o
fosse indeterminad a como
p r p r i o
do Ce
t ic ismo,
como, e n t o , seria p o s s v e l c o n s c i n c i a formar-se para a
C i n c i a ? Pelo c o n t r r i o ,quando o resultado aprendido como nega
odeterminada, com o na verdade , surgiu e n t o imediatamente
uma
nova
forma e a passagem se deu na n e g a o .
Nessa
passagem, o
processo se realiza por si mesmo a t r a v s da s r i e completa das figu-
ras {34). Portanto, das Bewusstsein aber ist f r sich seibst sein
Be-
griff (35),
isto , o ato de ultrapassar uma
r e l a o
determinada ou
l imitada com um objeto a t que este processo culmine no saber abso
luto.
O movimento do Conceito segue t a m b m esta p r o p o s i o l g i c a de
simples i n t u i o
(einfache Einsicht ). O negativo
t a m b m
positivo
ou aquilo que se contradiz n o se dissolve no
zero,
no nada abst rato,
mas essencialmente na
n e g a o
de um
c o n t e d o
particular, ou uma
t a l n e g a o
n o toda
n e g a o ,
mas a
negao
da coisa
determinada
que se dissolve; uma n e g a o determinada (36>.Este o movimen
t o do Conceito na " C i n c i a da L g i c a " . Ela pois o movimento do
Conceito se negando a si mesmo e se tornando um Conceito mais rico
e pleno de d e t e r m i n a e s a t o mom ento da sua r e a l i z a o completa
na I d i a absoluta. A I d i a absoluta o resultado do processo de auto
d e t e r m i n a o do Conceito desde a sua primeira o p o s i o imediata:
ser e nada. O movimento do Conceito de negar-se dialeticamente
c o n s t r i
o sistema das
d e t e r m i n a e s
do pensamento, isto , o siste
ma das d e t e r m i n a e s que o p r p r i o Conceito se deu.
Em vista
disto,
pode-se perceber com o a Fenomenologia exem
p l o da " L g i c a " . A Fenomeno\ og\ a a
autodeterminao
da cons
cincia assim com o a " L g i c a " aautodeterminao do Conceito.
Neste sent id o, a Fenomenologia um exemp lo da " L g i c a " . Elas
constituem e x p o s i e s
de objetos que continuamente suprassumem
momentos determinados. Portanto, soe x p o s i e s de objetos auto-
determinantes.
Todavia,
aautodeterminao
da
conscincia
relati-
va, visto que ela
r e l a o
a um obj eto exteri or,k
autodeterminao
do
Conceito absoluta, visto que ele e s t li vre de toda exterioridade
e , como j dissemos, a forma que se d a si mesma um c o n t e d o .
Portanto, a t r a v s
da
n e g a o
determinada
p r p r i a
ao movimento da
3 6
-
7/24/2019 Leonardo Vieira - Fenomenologia do esprito e a Ciencia da Lgica.PDF
7/14
c o n s c i n c i a
e do Concei to, aquela suprassunne constantemente sua
r e l a o determinada com os objetos e tem como resultado o saber
absoluto e este suprassume constantemente as d e t e r m i n a e s que ele
se d e tem como resultado a I d i a absoluta. Ambos s o , portanto,
movimentos autodeterminantes que se realizam a t r a v s da n e g a o
determinada.
O fat o de a Fenomenologia ser um exemplo da
" L g i c a "
nos ajuda
a entender as
e x p e r i n c i a s
da
c o n s c i n c i a .
Na
I n t r o d u o
Fenome
nologia Hegel
distingue o movimento p r p r i o daquela c o n s c i n c i a
que faz a e x p e r i n c i a ( f r es) e a i n t e r p r e t a o destas e x p e r i n c i a s
feita
pelo
leitor
que acompanha este movimento da c o n s c i n c i a ( f r
uns). Aqui lo que surge para ela apenas enquanto
objeto,
paras
simultaneamente enquanto movim ento e devir (37 ). A
c o n s c i n c i a
que faz a e x p e r i n c i a n o percebe que aqui lo que surge o result ado
ou a verdade do saber anterior. O que surge o movim ent o e o devir
da
e x p e r i n c i a
precedente.
Para ela,
no entanto, o que surge o obje
t o , isto , algo que ela encontra sua frent e sem nenhuma r e l a o
com os momentos anteriores.Ns percebemos, no entanto, o movi
mento e o devir daquilo que surge e, por isso, podemos dar uma orde
n a o c i e n t f i c a ( n e c e s s r i a ) se x p e r i n c i a s da c o n s c i n c i a s .
Todavia,
na medida em que a Fenomenologia exemp lo da " L g i c a " , o
movimento da c o n s c i n c i a apresenta uma
nova
l g i c a a l m das duas
j citadas. Esta
nova
l g i c a a l g i c a do em-si (Ansich). Sendo um
exemplo do m t o d o f i l o s f i c o verdadeiro, o movimento da c o n s c i n
c ia
devepoderexpressaras categorias
l g i c a s ,
isto , as
d e t e r m i n a e s
do pensamento. Assim, por exemplo, a s e o " C o n s c i n c i a " na sub
s e o " F o r a e Entendimento, F e n m e n o e Mundo S u p r a - S e n s v e l "
apresenta categorias l g i c a s
tais
como,
inf ini tude
(Unendiichkeit),
A p a r n c i a (Schein), F e n m e n o
(Erscheinung)
e A o R e c p r o c a
(Wechselwirk ing). Na Fenomenologia estas categorias se relacio
nam com um objeto exterior. Na
L g i c a
n o h esta exterioridade e
elas e s t o em um moviment o imanente a elas mesmas. Ora, istosigni
fica que a ' Fenomenologia' exercita o uso das
d e t e r m i n a e s
da L
gica no sentido de uma aprendizagem i n t r o d u t r i a para uma cons
c i n c i a natural e l imitada (38). Portanto, a l i b e r a o da o p o s i o da
c o n s c i n c i a j um e x e r c c i o p r e p a r a t r i o daqui lo que ela vai
intro
duzir: o pensamento d i a l t i c o . Ou ainda: a
Bildung
para a C i n c i a j
exemplifica esta p r p r i a C i n c i a .
Neste sentido, a
r e l a o
entre Fenomenologia e
" L g i c a "
j evi
dencia o papel que a
" C i n c i a
da
L g i c a "
ocupa no sistema hegelia
n o . Por um lado, a Fenomenologia uma p r e s s u p o s i o da " L g i -
3 7
-
7/24/2019 Leonardo Vieira - Fenomenologia do esprito e a Ciencia da Lgica.PDF
8/14
c a "
na medida em que ela tem p or tarefa liberar a
o p o s i o
da cons
c i n c i a
e deduzir o Conceito de
C i n c i a .
Por outro lado, esta libera
o
e esta
d e d u o
s so
p o s s v e i s g r a a s
" C i n c i a
da
L g i c a "
na
medida em que o
m t o d o
da
L g i c a
exemplificado no movimento
da
c o n s c i n c i a .
Dessa form a, a Fenomenologia uma
i n t r o d u o
que j se move dentro daquilo que ela vai introduzir. Isto significa
que a Fenomenologia tem com o suporte do seu discurso a
p r p r i a
" C i n c i a
da
L g i c a " ( l g i c a
do em-si). Mesmo quando a Fenomeno
logia
deixa de ser aos olhos de
Hegel
erster
Teil
des Systems der
Wissenschaft (Primeira Parte do Sistema da
C i n c i a )
e torna-se
Vorausder Wissenschaft ( A n t e c i p a o da C i n c i a ) a r e l a o pressu
p o s i o / e x e m p l o
entre ambas n o se alt era(39 ). A
" L g i c a " n o dei
xa de ser o elemento que fundamenta
( b e g r n d e n )
a
p r p r i a
Feno
menologia .
Se este papel da
" L g i c a "
j se torna evidente com
r e l a o
Feno
menologia ,
ele o mais ainda na sua
r e l a o
com as outras partes do
sistema.
Como se sabe a
I d i a
absoluta o resultado do movimento
imanente do Conceito. Ora, a
e s s n c i a
(Wesen)desta
i d i a
retornar
a si mesma. Este retorno ocorre de duas maneiras: 1)
a t r a v s
da sua
a u t o d e t e r m i n a o
(Seibstbestimmung) 2)
a t r a v s
de sua particulariza-
o
(Besonderung)(40). A
a u t o d e t e r m i n a o
caracteriza o retorno do
discurso sobre si mesmo, o
c o m e o
(Anfang) tomado como funda
ment o (Grund ), isto , a
I d i a
absoluta (fundamento ou o
l t i m o
-
das
Letzte)
que retorna ao
c o m e o
(ou o pr imei ro das Erste)de tal
forma que o discurso da
" L g i c a "
seja autofundante, a saber, tenha
uma refl exividade absoluta. Isto signi fica que o essencial para a
C i n c i a n o tant o que o c o m e o seja um puro im edi ato, mas que o
t odo da
C i n c i a
em si mesmo um curso circular (Kreislauf) onde o
primeiro torna-se
t a m b m
o
l t i m o
e o
l t i m o
torna-se
t a m b m
o pri-
meiro (41). Um outro movimento circular pode
t a m b m
ser consta
tado no outro
t i po
de retorno a si da
I d i a
a absoluta: a parti culariza-
o . Natur und Geist sind
b e r h a u p t
unterschiedene Weisen,hr
(ab-
soluteIdee)Dasein, darzustell en... (42 ). Desse modo, a Filosofia da
Natureza (a
I d i a
absoluta se exteriorizando) e a Fil osofia do
E s p
r i to (a
I d i a
absoluta se interiorizando) so
e x p o s i e s a t r a v s
das
quais pode-se acompanhar o processo de retorno a si da
I d i a
absolu
t a .
Por isso, a imagem caracterizadora da
r e l a o
entre as partes do
sistema um movim ento circula r girando em
si (43).
Pois a
I d i a
absoluta
retornando a si seja na sua a u t o d e t e r m i n a o seja na sua par-
t i c u l a r i z a o
se autofundamenta, como no caso da
" C i n c i a
da L g i
c a " ,
e
t a m b m
fundamenta
( b e g r n d e n )
ainteligibil idadeda Nature
za e do
E s p r i t o ,
como no caso da Filosofia da Natureza e Filosofia
3 8
-
7/24/2019 Leonardo Vieira - Fenomenologia do esprito e a Ciencia da Lgica.PDF
9/14
do E s p r i t o . Assim sendo, a " L g i c a " constitui verdadeiramente a
teoriade base do sistema .
Sendo o movimento circular aquela imagem caracterizadora do
L g i
co em sua a u t o d e t e r m i n a o ou em sua p a r t i c u l a r i za o , a sua rela
o
com o que lhe pressuposto pode ser
t a m b m
descrita
a t r a v s
daquelamesma imagem:
P R E S S U P O S I O
Fenomenologia
do
E s p r i t o
1
EXEMPLO
C i n c i a
da
L g i c a
C o n s c i n c i a
Autodete^ -m ina o
Relativa
Conceito
A u t o d e t e r m i n a o
Absoluta
IV. A Viabilidadeda
C i v i l i z a o
do
L g o s
Uma i n v e s t i g a o acerca da r e l a o entre Fenomenologia e
" L g i
c a " poderia ser rotu lada como um daqueles int rincados problemas
m e t a f s i c o s e, po rt an to, ser julgada como uma i n v e s t i g a o abstrata
e sem sentido.Todavia ,uma a n l i s e mais cuidadosa pode nos mostrar
que estamos diante de um dos problemas mais
s r i o s
da
nossa
civil iza
o .
A c i v i l i z a o
ocidental,
desde o nascimento do pensamento c i e n t f i c o
na G r c i a tem como mat riz cult ural fundamental a matriz l o g o c n t r i -
ca(44).
Numa c i v i l i z a o assim c o n s t i t u d a Polis e
Physis
tornam-se
objetos
deste
L g o s
e encontram nele o seu
p r i n c p i o
de
e x p l i c a o .
A t r a v s da T c n e (a a o do L g o s na Physis) o homem assegura
aquelas c o n d i e s n e c e s s r i a s para a sua s o b r e v i v n c i a . A t r a v s da
P r x i s (a a o do L g o s na Polis) o homem procura estabelecer for
mas racionais de
c o n v i v n c i a .
Portanto, o
L g o s
emerge na
G r c i a
manifestamente
como elemento emancipador. Emancipador com re
l a o natureza na medida em que o seu conhecimento torna p o s s
vel ao homem agir sobre ela de fo rm a cada vez mais efi ciente possibi -
3 9
-
7/24/2019 Leonardo Vieira - Fenomenologia do esprito e a Ciencia da Lgica.PDF
10/14
l i tando a sua
s o b r e v i v n c i a
e, em
l t i m a i n s t n c i a ,
se livrando da pe
nosa carga do trabalho
r d u o .
Emancipador com
r e l a o
cidade na
medida em que, mostrando o modo de agir racional , possibi li te a
e m e r g n c i a
de formas justas e
i g u a l i t r i a s
nas
a s s o c i a e s
humanas.
A Fenomenologia , por sua vez, n o apenas uma
h i s t r i a
ideal da
f o r m a o da c o n s c i n c i a , isto , a e x p o s i o das s e q n c i a s l g i c o -
d i a l t i c a s das e x p e r i n c i a s da c o n s c i n c i a . Ela t a m b m resgata a his
t r i a da f o r m a o do mund o (ocidental ). Neste sent ido, ela a re
c o n s t r u o da f o r m a o desta c i v i l i z a o nas suas figuras (segundo
Hegel) p a r a d i g m t i c a s . A f u n d a m e n t a o desta tese encontra-se no
P r e f c i o
Fenomenologia (45 ).
A c o n s c i n c i a de estar vivendo um m omento impor tante da t r a j e t r i a
do E s p r i t o bastante evidente em Hegel. Ele designa o seu tempo
como um tempo de nascimento (Geburt ) e de passagem
(Ubergang)
para um novo p e r o d o ( 4 6 ) . A l m disto, t a m b m evidente aHegel
que o o c o m e o do novo E s p r i t o o produto de uma vasta revolu
o
das
m l t i p l a s
formas de cultura, o
p r e o
de um caminho muitas
vezes sinuoso e do mesmo modo de um
e s f o r o
e
c a n s a o
constan-
tes (47).
Hegel, portanto, concebe os novos tempos como o produto,
o resultado de uma grande marcha do
E s p r i t o .
A marcha da
h i s t r i a
da
f o r m a o
do mundo ocidental t o longa e
r d u a
quanto a mar
cha da
h i s t r i a
da
f o r m a o
da
c o n s c i n c i a .
O importante a ressaltar
que uma
n o
exclui a outra. As figuras da
c o n s c i n c i a
exemplificam
tanto
momentos da f o r m a o da c o n s c i n c i a quanto momentos da
h i s t r i a da c i v i l i z a o ocidental.
Neste sentido, a
r e l a o
da Fenomenologia com este momento de
t r a n s i o
na
h i s t r i a
do
E s p r i t o
bastante signi fi cat iva. Principal
mente se concentrarmos nossa a t e n o no momento f inal das expe
r i n c i a s
da
c o n s c i n c i a :
o saber absoluto.
A l m
de ser um desfecho
das s e q n c i a s l g i c o - d i a l t i c a s destas e x p e r i n c i a s , o saber absoluto
t a m b m
representa um momento da
h i s t r i a
desta
c i v i l i z a o .
Um
momento que p o d e r a m o s adjetivar de
radical.Descrevendo
um arco
que tem um dos extremos na G r c i a e um o ut ro neste momento his
t r i c o
hegeliano, esta
c i v i l i z a o
radicaliza o seu projeto de uma ci
v i l i z a o do L g o s . Se apenas no seu Begrif f o ob jeto tem efet ivida
de (Wirk l ichk ei t )(48 ), isto , se apenas diante da
i n s t n c i a
interpre-
tadora
e legitimadora mais fundamental ( L g o s ) o ob jeto tem a sua
do aquele momento (na
h i s t r i a
da
f o r m a o
da
c o n s c i n c i a - s a b e r
absoluto e na
h i s t r i a
da
f o r m a o
do mundo momento
h i s t r i -
4 0
-
7/24/2019 Leonardo Vieira - Fenomenologia do esprito e a Ciencia da Lgica.PDF
11/14
C O
hegeliano) em que o p r p r i o L g o s , enquanto se autodetermina,
torna-se objeto de discurso c i e n t f i c o . Neste sent ido, se me fosse per
mit ido dar um outro nome " C i n c i a da L g i c a , este seria: Wissen
schaft
des Begriffes ( C i n c i a do Conceito) ou Wissenschaft des Logi-
schen ( C i n c i a do L g i c o ) .
A t r a d u o deste momento l g i c o - d i a l t i c o em sua s i g n i f i c a o h i s t -
rico-cultural poderia ser
expressa
da seguinte maneira: a c i v i l i z a o
ocidental, enquanto uma c i v i l i z a o i luminada pelo L g o s (me valen
do de uma imagem p l a t n i c a ) , uma c i v i l i z a o v i v e l ?
Naturalmente, n o nos compete dar uma resposta ap r / o r / esta per
gunta. A viabilidade desta c i v i l i z a o s se prova na p r p r i a via, isto
, somente a sua h i s t r i a pode nos mostrar se o homem a l c a n a r
c o n d i e s
de vida
r a z o v e i s
nela. O que podemos afi rmar o fa to
desta c i v i l i z a o n o ter renunciado a este proj eto. Pelo c o n t r r i o O
que assistimos atualmente, e svezes com verdadeiro assombro, a
i n t e n s i f i c a o deste proj eto. Se, por um lado, ele prop icia ao homem
a s a t i s f a o de suas necessidades de um modo mais eficiente e menos
desgastante, por ou t ro lado, a p r o d u o de artefatos b l i c o s de alto
poder destrutivo colocam em perigo a p r p r i a s o b r e v i v n c i a da e s p
c i e humana.
Este
problema j t o agudamente apontado por Hegel, problema que
t e m suas r a z e s mais l o n g n q u a s na G r c i a e suas r a z e smais imedia
t a s no ll um in ism o, adquire aos olhos do homem do s c u l o xx um
contorno bastante d r a m t i c o . Comouma c i v i l i z a o que chega a esta
radicalidade e que na Aufklarung p r o p e a l iberte, g a l i t et frater-
n i t "
como fundamento para uma c i v i l i z a o il im inad a pela luz da
R a z o ,
pode assistir a um Auschwitz, duas
Guerras
Mundiais e os bo l -
s e s de m i s r i a atuais?(49). A q u e s t o da c i v i l i z a o ocidental en
quanto uma
c i v i l i z a o
do
L g o s
mais aguda para
n s , c i d a d o s
do
s c u l o XX, do que o foi para
Hegel
e seus c o n t e m p o r n e o s . Afinal de
contas, eles noviveram a a m e a a de uma guerra nuclear. A guerra
nuclear poderia ser entendida como uma
universalidade
avessas do
L g o s . Ao i n v s de uma e m a n c i p a o do homem, t e r a m o s a sua ani-
q u i l a o .
Ora, por um lado, temos uma c i v i l i z a o que se v impelida a
legiti
mar a sua
r e l a o
com a
Natureza
e a
r e l a o
entre os homens nela
em termos de R a z o . Ou seja, procura buscar nesta i n s t n c i a legiti
madora mais fundamental que ela possui o sentido daquelas r e l a e s .
Por outro lado, o a v a n o t e c n o l g i c o desta c i v i l i z a o coloca em
risco toda e s p c i e de vida neste planeta. Uma s i t u a o t o angustiante
4 1
-
7/24/2019 Leonardo Vieira - Fenomenologia do esprito e a Ciencia da Lgica.PDF
12/14
quanto estanos coloca diantedeum problema grave: ou chegamosa
" e i n v e r n n f t i g e r
Konsensus (50 ) acerca daqueles
c r i t r i o s
que de
vem presidir a
r e l a o
doshomens com a Natureza eentre si, isto
, chegamos
ao que se
chama hoje
a
sociedade consensual,
ou en
t o
o imenso potencial destrutivo acumulado nos
m s s e i s a t m i c o s
p o d e r destruir irremediavelmente a e f e t i v a o de uma c i v i l i z a o
do
L g o s .
N OTA S
( 1) A C i n c i a pura p r e s s u p e a l i b e r a o da o p o s i o da c o n s c i n c i a " . G.V.F.
Hegel.
Wssenschaft
der
Logil