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LEITURA: MUITO PRAZER!
Autora: Maria Neusa Gonçalves1
Orientadora: Izabel Cristina de Souza Gimenez2
RESUMO
Este artigo tem o intuito de mostrar os resultados do trabalho de intervenção
pedagógica, sobre a leitura, desenvolvido com os alunos do Ensino Fundamental do
CEEBJA3 de Guaíra. O desenvolvimento de um trabalho acerca da leitura é uma
preocupação constante para os educadores, porque se sabe que é também pelos
textos que se obtém o acesso à cultura letrada na contemporaneidade. Assim, a
leitura destaca-se no mundo como habilidade fundamental para a aquisição de
conhecimentos, cultura e lazer. É por ela que se vê um universo e nele se adentra,
desvendam-se os mistérios, antes obscurecidos pela falta da leitura e que, por isso,
eram inconcebíveis. É por ela que se aventura por espaços e tempos longínquos e,
como lucro, se ganha a diversão e a sabedoria para agir e para se posicionar frente
a situações e necessidades que o próprio mundo oferece. Desse modo, tomando
como base o fato de que a escola é o espaço social onde o aluno busca
conhecimento, deve-se tornar a leitura uma questão prioritária e, a partir daí, motivá-
la, propiciando aos alunos questionamentos, críticas e posicionamentos. O elemento
norteador desse trabalho foi o método recepcional, elaborado pelas professoras
Maria da Glória Bordini e Vera Teixeira de Aguiar, pensado a partir dos pressupostos
da Estética da Recepção, apresentado por Hans Robert Jauss. Para o
desenvolvimento do método foram utilizados, principalmente, os gêneros literários:
crônica e conto.
1 Professora de Língua Portuguesa, CEEBJA, Guaíra-PR 2 Professora Doutora em Literatura, Unioeste campus Marechal Candido Rondon, PR 3 CEEBJA: Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos
Palavras-chave: Leitura, motivação, método recepcional
ABSTRACT
This paper aims to show the results of the work of educational intervention
developed among elementary school students of the Basic Education of Youths and
Adults (BEYA) of Guaíra. The development of a work about reading is a constant
concern for educators because it is known that is trough the texts which can be
accessed to literate culture in contemporary society. The reading is detached in the
world as a fundamental skill for the acquisition of knowledge, culture and leisure. By
the reading the people can enter in new universes, unraveled the mysteries before
obscured by the lack of reading and, therefore, were inconceivable. Trough her the
mankind can venture to distant places and times, and as profit, he gains fun, the
wisdom, to act and to position yourself in situations and needs that the world offers to
all people. Based on the fact that the school is the social space where the students
seek for knowledge, its important make reading a priority and, thereafter, motivate
the students to provide them with questions, criticisms and positionings. The guiding
element of this work was the recepcional method, prepared by teachers Maria da
Gloria Bordini and Vera Teixeira de Aguiar. This method was thought from the
assumptions of the Aesthetics of Reception, presented by Hans Robert Jauss. To the
developing the method were used, especially, the literary genres: chronic and short
story.
Keywords: Reading, motivation, recepcional method.
LEITURA E MÉTODO RECEPCIONAL
A leitura é uma prática, numa atividade de conhecimento, pois ler significa
perceber e compreender as relações existentes no mundo. Nesse sentido, podemos
definir leitura como um dos aspectos primordiais para a sintonia consigo mesmo e
com o universo. É fundamental que isso possa ser apresentado, e com muito
entusiasmo, para os alunos de maneira que essa prática seja constante nas escolas.
Para isso, o presente trabalho resultou da aplicação de um projeto de
implementação que visou motivar os alunos do CEEBJA de Guaíra à leitura, por
meio, principalmente, dos gêneros conto e crônica, selecionando textos que
abordaram temáticas próximas de suas vivências, bem como incentivando e
estimulando a leitura desses gêneros, estabelecendo relações entre os textos lidos e
o contexto no qual os alunos estão inseridos.
Para aplicar esse trabalho foi feita uma pesquisa com os alunos do ensino
Fundamental do CEEBJA do período noturno, para saber sobre quais os assuntos
de suas preferências, seus gostos sobre leitura, para, dessa forma, compor o
material, ou seja, a unidade didática. Durante a pesquisa sugeriram-se várias
temáticas aos alunos para que eles escolhessem aquela com que mais tivessem
afinidade, como também, o trabalho fosse produtivo. A temática escolhida foi
“família”.
Assim, o resultado desta pesquisa gerou subsídios para a escolha dos textos
sobre o assunto escolhido pela maioria, bem como as estratégias e as atividades
práticas que foram desenvolvidas pelo professor em sala de aula. Na escolha dos
textos, procurou-se apresentar histórias de famílias bem diversificadas, ou seja, das
tradicionais às pós-modernas, a fim de que os alunos se identificassem com elas e
promovessem as interações necessárias para a leitura.
Na metodologia utilizou-se do método chamado recepcional, o qual abrange
as seguintes etapas:
1. Determinação de horizontes de expectativas
2. Atendimento ao horizonte de expectativas
3. Ruptura do horizonte de expectativas
4. Questionamento de horizonte de expectativas
5. Ampliação de horizonte de expectativas.
Assim, a partir da observância dessas etapas, conforme o pressuposto das
autoras Bordini & Aguiar (1993), passou-se para a ação propriamente dita – a
aplicação da atividade de leitura.
CONCEPÇÕES TEÓRICAS NORTEADORAS
Atualmente podemos contar com inúmeras obras, literárias ou não, mas
torná-las públicas, ou seja, fazer com que os alunos tenham contato com essas
obras e as leiam, numa sociedade em que é mais fácil apertar um botão e ter o
mundo diante de nós – como é o caso da televisão e do computador , ainda é
tarefa árdua para o professor. Por isso, tornar o livro objeto de desejo exige que o
professor seja um leitor, exige planejamento, escolhas e motivação.
O hábito de ler é decorrente do exercício e nem sempre se constitui numa
atividade prazerosa, porém sempre necessária. Ler é uma prática básica, essencial
para construir conhecimento. Nada substitui a leitura numa época de proliferação
dos recursos audiovisuais e da informática. A leitura é parte fundamental do trabalho
do empenho de perseverança da dedicação em aprender. Por esse motivo deve-se
recorrer a estímulos para introduzir o hábito de leitura nos alunos (RANGEL, 1990).
O documento oficial do MEC, das diretrizes curriculares da educação básica,
compreende a leitura como um ato dialógico, interlocutivo, que envolve demandas
sociais, históricas, políticas, econômicas, pedagógicas e ideológicas de determinado
momento. Ao ler, a pessoa busca as suas experiências, os seus conhecimentos
prévios, as várias vozes que o constituem, “[...] pois a leitura é um ato social, entre
dois sujeitos – leitor e autor – que interagem entre si obedecendo a objetivos e
necessidades socialmente determinados” (KLEIMAN, 1997, p.10).
Para compreender como se constrói o vínculo entre leitor e a leitura, Maria
Helena Martins, em seu livro “O que é Leitura” (2005), classifica a leitura sem
hierarquia, observando três níveis de abordagem: a leitura sensorial, a emocional e
a racional. Uma necessita da outra para que a leitura integral seja realizada. A leitura
sensorial é fácil de perceber já no primeiro contato com o texto ou situação. Ela
acontece na significação das coisas, quando alguém busca o que é bom aos
sentidos, pois ela vai dando ao leitor o de que gosta e o de que não gosta, mesmo
inconscientemente. É uma leitura menos consciente, sem a necessidade de
questionamentos. É simples, imediata. A leitura emocional leva à interpretação
subjetiva, tem o poder de liberar nossas emoções, sejam elas alegres ou tristes.
Enquanto entretenimento, essa leitura evidencia a predisposição do leitor de
entregar-se à realidade apresentada no texto, desligando-se da sua realidade,
provocando, nesse momento da leitura, uma evasão. Com relação à leitura
emocional, Martins ressalta que nela
[...] emerge a empatia, tendência de sentir o que se sentiria caso estivéssemos na situação e circunstâncias experimentadas por outro, isto e, na pele de outra pessoa, ou mesmo de animal, de um objeto, de uma personagem de ficção. Caracteriza-se, pois, um processo de participação efetiva numa realidade alheia, fora de nós. Implica necessariamente disponibilidade, ou seja, predisposição para aceitar o que vem do mundo exterior, mesmo se depois venhamos a rechaçá-lo. (2003, p. 51-52).
Por outro lado, a leitura racional é exigente, precisa da concentração, busca a
interpretação correta, a objetividade dentro da situação ou texto em leitura. Pode-se
dizer que a leitura racional é um elo entre o leitor e o conhecimento, provocando a
reflexão, enquanto leitor e o seu universo. Exemplificando, Martins conclui que:
Ao mesmo tempo em que o leitor sai de si, em busca da realidade do texto lido, sua percepção implica uma volta a sua experiência pessoal e uma história do texto, estabelecendo-se, então, um diálogo entre este e o leitor com o contexto no qual a leitura se realiza. Isso significa que o processo de leitura racional e permanentemente atualizado e referenciado. (2003, p. 66).
Resumindo, nas palavras de Martins:
A leitura sensorial tem um tempo de duração e abrange um espaço mais limitado, em face do meio utilizado para realizá-la – os sentidos [...] A leitura emocional é mais mediatizada pelas experiências prévias [...], tem um caráter retrospectivo implícito; [...] já a leitura racional tende a ser prospectiva, à medida que a reflexão determina um passo à frente no raciocínio, isto é, transformar conhecimento prévio em novo conhecimento. (2003, p. 81).
Com base nesses conceitos sobre o ato de ler, cuja dinâmica envolve os
níveis de leitura, ainda é preciso considerar os aspectos sociais, culturais e políticos
do aluno, partindo sempre do que ele tem conhecimento e levando-o para o
desconhecido.
João Carlos Cattelan (1996), partindo da leitura de Martins, determina uma
tipologia acerca dos diferentes comportamentos do leitor que, mesmo não fazendo a
leitura racional, opera com diferentes níveis de apreensão do texto e classifica a
postura do leitor para com o objeto lido em cinco categorias, passando pela
compreensão mais simples até chegar à mais complexa. Na primeira, leitor
decodificador, o leitor identifica o código escrito ligando-o a um significado. Ainda
não consegue ir além do texto, só memoriza o que está superficialmente. Não
consegue responder a perguntas que estão implícitas no texto e,
consequentemente, também não enxerga a temática e nem a argumentação que o
texto apresenta. A postura de leitor intérprete é a segunda categoria, quando ele já
consegue ultrapassar a primeira etapa e percebe a existência de uma temática no
texto e os argumentos para uma determinada convicção. Ele lê e consegue
interpretar e identificar a intencionalidade expressa no texto. A terceira possibilidade
de leitura é a de leitor confrontador, ele procura confrontar o que leu e assume
postura frente ao seu universo. Nessa etapa, o leitor realiza três momentos distintos
no ato de ler: observa o enredo, memoriza figuras, grava fatos, interpreta e confronta
tomando como parâmetro o concreto. A postura do leitor argumentador, após ter
passado pelos níveis anteriores, leva esse leitor a construir a sua própria forma de
compreender a mensagem do texto, buscando evidências no concreto circundante,
que confirmem ou contrariem as ideias defendidas pelo autor. A última etapa é a de
leitor interagente, que, depois de ultrapassadas as outras etapas, tendo como base
os seus conhecimentos, não lhe garantem a totalidade do texto. Por isso é preciso
que o leitor faça outras leituras com o intuito de perceber os fenômenos individuais,
formas diferentes de concepções que devem ser discutidas e reformuladas. O leitor
deverá ser encaminhado para o domínio de todas as posturas para que possa
efetivamente formar-se leitor. Com isso percebe-se que a leitura não é um ato
isolado, pois, desde o momento em que o leitor se debruça sobre o texto, identifica-
se com ele, participa dele, vivencia os fatos com possibilidades de reflexão e
ampliação do conhecimento e, por conseguinte, uma transformação de um leitor
passivo para um leitor autônomo.
Para que isso aconteça, é preciso que o professor esteja atento às
necessidades dos alunos ao propor a leitura e motivá-los. Segundo Geraldi (2004), o
ponto primordial para o sucesso ao incentivo à leitura seria recuperar e trazer para
dentro da escola o prazer de ler e o respeito às leituras anteriores do aluno. Até
mesmo os professores não começaram sua trajetória como leitores lendo de início
os clássicos.
Refletindo sobre os autores Geraldi, Martins e Cattelan, percebe-se que a
leitura é entendida como um processo de produção de sentido que se dá a partir das
relações dialógicas entre o escritor e o leitor, considerando os níveis de
entendimento do aluno/leitor, que se alternam e se modificam conforme o grau de
complexidade do texto, das circunstâncias e a época em que se encontra. É, no
entanto, preciso, para que esse processo se realize, primeiro motivar para a leitura.
Desse modo, visando os alunos do CEEBJA de Guaíra, para buscar atingir os
objetivos propostos neste projeto, tomou-se, além das concepções acima
mencionadas, o método recepcional, este baseado na chamada estética da
recepção. O precursor dessa teoria, Hans Robert Jauss, preocupava-se com o leitor
no processo da leitura. Para ele, a relação entre leitor e literatura estava baseada no
caráter estético e histórico da literatura. O valor estético pode ser comprovado por
meio da comparação com outras leituras; o valor histórico, por meio da
compreensão da recepção de uma obra a partir de sua publicação, assim como pela
recepção do público ao longo do tempo (JAUSS, 1994).
Zilberman, uma das divulgadoras dessa teoria, afirma que essa proposta
metodológica abrange três etapas:
• horizonte progressivo da experiência estética: Quando, da apresentação do texto de leitura, o aluno faz a sua primeira leitura, que deve estar ao alcance de sua compreensão e da sua experiência enquanto leitor;
• horizonte retrospectivo, da compreensão interpretativa: Que só começa a operar depois da primeira leitura, mas que ainda é preciso voltar à leitura de antes para entender os pontos ainda obscuros;
• leitura reconstrutiva: Quando o leitor localiza o texto na época, as mudanças por que passou e provocou e o modo como foi assimilado a uma linha do tempo. (ZILBERMAN, 1989, p. 70)
Assim, a leitura é uma prática que deve ser motivada, mas é indispensável
que os textos estejam aproximadamente ao nível de entendimento do aluno, ou seja,
uma leitura mais objetiva, para que ele volte a refazer esse processo esclarecendo o
que ainda era incógnito para ele e uma leitura posterior, um novo olhar sobre o texto
para compreender e dar sentido a ele, promovendo descobertas sobre o tempo, a
intencionalidade, até inferir sobre o conteúdo lido.
Também tomando como base a teoria de Jauss, Bordini e Aguiar
desenvolveram seus estudos acerca da reflexão sobre as relações entre narrador-
texto-leitor. As autoras veem a obra como “[...] um objeto verbal esquemático a ser
preenchido pela atividade de leitura, que se realiza sempre a partir de um horizonte
de expectativas” (BORDINI e AGUIAR, 1993, p. 31) e, a partir daí, organizaram um
método para orientar a leitura. Nesse método, os alunos partem de leituras de obras
próximas de seu horizonte de expectativas para, gradativamente, ampliarem esse
horizonte de expectativas por meio de diferentes tipos de textos literários, com níveis
estéticos diferenciados. O método compreende várias etapas, a saber:
1. Determinação de horizonte de expectativas: que atenda as necessidades e
aspirações daquilo que o aluno gostaria de ler.
2. Atendimento ao horizonte de expectativas: quando o texto proporciona aos
alunos aspectos valorizados por eles, que satisfaçam suas necessidades. Nessa
fase é preciso que a escolha dos textos seja direcionada para o que lhes é mais
familiar, mesmo que seja uma tipologia textual diferente e, ao mesmo tempo, de
acordo com o nível de seu entendimento.
3. Ruptura do horizonte de expectativas: apresentar leituras que abalem as
certezas, os costumes dos alunos, campos desconhecidos de sua vivência, mas que
podem ter características comuns com os primeiros textos, como o assunto, a
exposição de ideias ou algo que os alunos já conheciam antes. Com a ajuda do
professor, ele vai descobrindo os sentidos que o texto guarda no seu bojo.
4. Questionamento de horizonte de expectativas: É a etapa comparativa, onde
o aluno vai confrontar com as etapas anteriores. O aluno fará leitura com um grau
maior de compreensão, o que leva a questionar as leituras feitas em relação ao seu
próprio horizonte cultural e transforma o seu próprio horizonte de expectativas.
5. Ampliação de horizonte de expectativas: Nessa etapa o aluno, quando
provocado e com condições, já avalia se o objetivo foi alcançado, podendo partir
para leituras mais exigentes em termos estéticos e ideológicos conforme (BORDINE
e AGUIAR, 1993, p. 31).
Dessa forma, nessa percepção estética e ideológica e com uma visão mais
crítica, o aluno pode tornar-se agente de sua própria aprendizagem e dar
continuidade ao processo da leitura. A contribuição dessas pesquisadoras acima
mencionadas são concepções importantes para a compreensão quanto à
aprendizagem do ato de ler, compreensão de que o professor necessita para
planejar e desenvolver um trabalho de qualidade, que surta efeitos desejados para
com os alunos. Essa abordagem de como deve proceder com a leitura é um
conhecimento riquíssimo para o êxito dessa prática, uma vez que, quando
motivados para algo, geram expectativas e essas devem ser ordenadas, conduzidas
e avaliadas para um conhecimento efetivo e não apenas mais informações
reproduzidas da sociedade pela escola.
A maioria dos estudantes do CEEBJA de Guaíra são jovens, adultos e idosos.
Eles têm uma longa experiência de vida, fazem e produzem muitas histórias na
relação com o outro, no espaço onde vivem e no mundo, articulando saberes da
experiência de vida, fazendo uma leitura de mundo, pois, como bem diz Freire:
[...] a leitura de mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto ao ser alcançado por sua leitura crítica implica a percepção das
relações entre o texto e o contexto. (FREYRE, 1997, p. 11).
Assim, como o objetivo deste trabalho foi a motivação para a leitura, como
antes mencionado, optou-se por utilizar os gêneros crônica e conto, em função da
possibilidade de se poder fazer a leitura, na íntegra, dos textos em sala de aula no
transcorrer de uma única aula e também devido às particularidades desses gêneros,
as quais tornam a leitura mais atraente. Nesse sentido, vale comentar, ainda que
brevemente, sobre os aspectos constitutivos dos referidos gêneros.
A crônica, no Brasil, nasceu dos primeiros relatos dos viajantes e da carta de
Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal D. Manuel, quando recria, com engenho e
arte, tudo que via e sentia em relação aos nativos e à nova terra. Caminha registrou
o circunstancial, o descobrimento do Brasil, e seu texto, com valor literário,
praticamente inaugura a crônica brasileira. A crônica é a soma de jornalismo e
literatura. Publicadas em jornal periodicamente, para serem depois compilados em
livros, os textos das crônicas adquirem independência, e nós, leitores, buscamos
nelas o entretenimento, o prazer de ler nelas sobre os mais variados temas
possíveis (SÁ, 1985). Esse gênero literário é composto por textos narrativos, curtos
e bem contextualizado e "[…] está muito perto de nós, tem uma linguagem natural
que ensina a conviver com a palavra, humaniza, serve de caminho não apenas para
a vida e, entre outras coisas, para a literatura” (CÂNDIDO, 1979, p. 80).
O conto, por sua vez, é narrativa oral muito antiga e que cristalizava a
tradição oral dos povos como instrumento de veículo de transmissão de mitos e ritos
através das gerações.
As pessoas se reuniam nas sociedades primitivas para ouvir e contar estórias.
A partir do século XIX, o conto ganhou espaço e passou a ser considerado, tendo
expoentes em vários países. No Brasil, segundo Gotlib (1991), o conto teve sua
origem no romantismo com "Noite na Taverna”, de Álvares de Azevedo, contudo foi
Machado de Assis que, com sua genialidade, conseguiu a perfeição e consolidou o
gênero no Brasil. O conto consiste, pois, numa narrativa breve, concisa, porém
densa, com um só conflito, apresentando situações da vida moderna, o presente
flagrado às vezes de forma impactante, outras vezes como voos imaginários para
cima e para baixo da existência cotidiana
Também Reis (1984) comenta que essa narrativa foi se construindo ao longo
do tempo. O esquema tradicional dá lugar a um texto curto, em que a ação se torna
mais reduzida e em que surgem monólogos que vão descortinando o mundo interior
da personagem em vez do mundo exterior, e que, por isso, exige a participação do
leitor, para que os aspectos da construção da narrativa possam ser encontrados e
apreciados por ele.
Tanto a crônica quanto o conto, ressalvadas as diferenças, são gêneros que,
em sua maioria, abordam assuntos mais próximos do cotidiano das pessoas e, por
isso, além de facilitarem em termos de estratégias de motivação para a leitura,
também propiciam uma melhor reflexão por parte do leitor.
Dessa forma, pensa-se que o trabalho com esses gêneros em muito
contribuirá para a formação do leitor/aluno do CEEBJA.
LEITURA EM AÇÃO
O Projeto de Leitura foi desenvolvido na turma noturna do CEEBJA – Ensino
Fundamental de Guaíra Paraná – durante os meses de agosto a novembro de
2011.
O plano de implementação a unidade didática – foi elaborado de acordo
com o método recepcional, segundo as orientações teóricas das autoras brasileiras
Aguiar & Bordini (1993), organizado e dividido em três módulos em torno dos contos
e das crônicas previamente estabelecidos. O material didático foi apresentado aos
alunos do Ensino Fundamental, bem como foi esclarecido o procedimento para o
desenvolvimento do projeto por meio de atividades de leitura de contos e crônicas a
temática para a discussão dos textos já havia sido escolhida, anteriormente, no
início das aulas.
Após as férias do mês de julho, ao retornar às aulas, foi observada uma
surpreendente evasão dos alunos, pois, quando foi realizada a pesquisa, no início
do ano, eram um número considerável e, de repente, muitos já não estavam mais.
Mas, como estudar e trabalhar não são tarefas fáceis, ler também não é e há que se
considerar outro fator determinante: a adaptação com a mudança da professora da
turma, com uma metodologia diferente, cujo conteúdo foi a leitura e que, por sua
vez, não vinha sendo trabalhada com os alunos da referida turma. Por isso, a
responsabilidade, ao aplicar o projeto, aumentou ainda mais para que a motivação
fosse realmente convincente e que os alunos lessem e gostassem, porque também
são alunos que um dia estudaram em tempo regular na faixa etária normal, mas que,
por vários motivos, se afastaram da escola. Sentindo a necessidade, agora voltaram,
mas carregando consigo o perfil de alunos acostumados a aulas de escrever
bastante e decorar na maneira tradicional mesmo, ainda com a concepção de ideia
de leitura tradicional, apenas na leitura em si, não em discussões, e interpretações
que poderiam estar presentes de forma contextualizada e interativa.
A cada aula era um esforço para que os alunos entendessem a proposta e a
acatassem, pois, na estética da recepção, o leitor é o elemento atuante no processo
de leitura, e para corresponder na prática a essa teoria foi preciso muito diálogo,
muita motivação para criar um vínculo de confiança mútua entre a professora e os
alunos, e, posteriormente, entrar na produção didática, respeitando o ritmo e o
tempo de cada um. No tópico "Dialogando com o texto, estimulando a oralidade" foi
aberto um espaço para uma conversa informal na tentativa de descontrair os alunos.
Também foram apresentados relatos da vida pessoal da professora, as dificuldades
e as superações relacionadas ao tema “família”, para motivar os alunos ao
desprendimento para que se animassem a expor os seus argumentos, oportunidade
em que a professora pudesse conhecê-los melhor por meio de trocas de
experiências de vida. Após essa primeira atividade, passou-se para a leitura e a
compreensão dos textos, usando da escrita para elaborar as respostas embasadas
na orientação da professora sobre as questões pertinentes aos textos, relacionando
o conteúdo de um com o outro, promovendo o diálogo para investigar o
conhecimento que eles têm sobre leitura do gênero em questão, de maneira que
facilitasse a compreensão e conseguissem alcançar o objetivo pretendido, da
motivação à leitura.
No primeiro momento foi apresentado “O Conto se Apresenta”, de Moacyr
Scliar, o qual abre as atividades para a leitura de contos do primeiro módulo,
formalizando a origem e o conceito de contos.
No primeiro módulo, atendendo ao horizonte de expectativas, trabalhou-se a
família de retirantes tanto nas imagens (pintura e fotografia) quanto no texto
“Mudança” (Fragmento do livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos), “A Noite em que
os hotéis estavam cheios”, de Moacyr Scliar e uma passagem bíblica do Evangelho
de Lucas fazendo intertextualidade com o texto anterior. Esses foram fáceis de
compreender e os alunos, quando “provocados”, discutiram sobre os problemas
apresentados pelos textos, identificaram-se com alguns deles, responderam às
questões propostas, salvo alguns vocábulos regionais que não fazem parte do seu
cotidiano, mas que não impediram a compreensão dos contos. Na hora da pesquisa,
trabalho desse mesmo módulo, os alunos foram à biblioteca para ler um conto e
fazer a socialização deste com os colegas. Até procuraram, encontraram, leram
individualmente, mas não ocorreu a interação desejada. Muitos relutaram e não o
fizeram, por vergonha ou medo de não conseguir a contento, por isso não houve
insistência da parte da professora, uma vez que já os tinha motivado bastante para a
atividade.
Para romper com os horizontes de expectativas, no segundo módulo,
trabalhou-se com os textos "Família", música do grupo Titãs, os quais cantam a
família tradicional e os problemas amenos. Entretanto uma passagem da letra “Mas
quando a filha / Quer fugir de casa/ Precisa descolar um ganha pão/ Filha de
família se não casa / Papai, mamãe Não dão nem um tostão”, chamou a atenção
e deu abertura para que as alunas contassem e revelassem algo íntimo sobre as
suas vidas, famílias. Ilustrando esse momento de interação, uma aluna contou um
episódio que a marcou muito e que acabou impressionando a todos. Ela, fruto de
uma geração em que a filha tinha que se manter casta, quando até o próprio homem
tinha essa concepção, teve uma relação amorosa duradoura que contrariou esses
valores. Como a relação não resultou em casamento e a sua intimidade foi revelada
a estranhos, sentiu-se constrangida e, em consequência, ficou dois anos reclusa no
lugar onde morava. Adolescente, sem apoio, passou por muito pudor e angústia,
mas na conversa dentro da sala de aula se sentiu confiante, colocando para a turma
o que havia guardado tanto tempo e que agora, mais liberta, podia falar sobre o
ocorrido. Contrapondo a letra da música, foi apresentada a “charge” do professor
Esleonir Pereira Martins, feita especialmente para esse trabalho.
Figura 1- Ilustração sobre a família moderna
Os alunos souberam marcar precisamente o divisor da família tradicional com
a pós-moderna, um movimento em que a tecnologia vem tomando cada vez mais
espaço nas famílias e que, por isso, despertou discussões face aos problemas
detectados pela mídia, principalmente a televisão, na qual eles apreciam o que é
veiculado. Ainda nesse módulo foi feita uma pesquisa pelos alunos sobre opiniões,
valores e comportamentos com as pessoas próximas deles, de como é vista a
família, e, após apresentarem à turma o que conseguiram, extraíram-se as palavras-
chave e construíram-se um painel ilustrado as respectivas palavras. Lendo a crônica
de Fernando Sabino, “Menino”, os alunos viram o seu dia a dia com os filhos na
imagem refletida da personagem da história, pois o autor representa muito bem o
cotidiano das mulheres/mães, que com os filhos são preocupadas, protetoras,
chamando-lhes a atenção a todo o momento, a fim de dar-lhes boa educação.
Também trabalhou-se a crônica “Mãe é Contradição”, de Walcyr Carrasco, cujo texto
revela os problemas por que passa uma família principalmente quando os filhos
estão em férias e nessa questão até as próprias alunas/mães confirmam o que o
escritor redige sobre a dificuldade na educação/relacionamento quando estão todos
reunidos. E, concluindo esse módulo, o conto “Passeio Noturno”, de Rubem
Fonseca propõe uma reflexão sobre um modelo de família pós-moderna, egoísta,
onde seus membros estão envolvidos com seus próprios interesses e, para chamar
a atenção do leitor, o título sugere expectativas de algo bom e saudável e, de
repente, o conteúdo foge ao equilíbrio da ordem narrativa e os alunos mostram-se
indignados face aos acontecimentos trágicos e que os levaram a refletir sobre a
violência urbana e o papel da família nesse tempo de intensas mudanças de
comportamento e de valores. Nesse estágio, os alunos, já mais familiarizados com a
leitura, mostraram-se mais motivados e a verbalização aconteceu por iniciativa deles
mesmos, sendo desnecessária a intervenção da professora.
No terceiro módulo, questionamentos do horizonte de expectativas foram
buscados os textos “A Porca”, de Tania Jamardo Faillace, e “A Caolha”, de Julia
Lopes de Almeida. No primeiro, a autora mistura realidade e fantasia e por isso
exigiu dos alunos mais leituras, questionamentos, pois o conto apresenta um grau
de compreensão mais elevado. Em virtude disso, tiveram mais dificuldades em
perceber realmente do que se tratava a história, porque a primeira leitura confundiu
o leitor/aluno entre a ficção e a realidade. O personagem menino identifica sua
família com os animais e a vida bruta a que era submetido. Isso gerou muitas
discussões por parte dos alunos e os comentários foram os mais diversos possíveis.
Alguns ficaram até perplexos quanto ao modo de vida da família, uma vez que
mostra um modo de vida diferente, que, de tão trágico, parece engraçado, segundo
comentários da turma. Já o segundo texto desse módulo, o conto “A Caolha”, nele a
autora narra as dificuldades por que passa uma mulher que, como tantas outras,
enfrentam as responsabilidades de mãe e trabalhadora, numa sociedade que a
discrimina por ser mulher, pobre e com problema na visão. Isso os levou à crítica
sobre os valores familiares, sobretudo a discriminação e o preconceito, hoje tão
combatido na sociedade e principalmente nas escolas. O que mais chamou a
atenção foi, porém, a abnegação da personagem/mãe, uma atitude nobre, na
tentativa de isentar o filho de qualquer de culpa.
Assim, gradativamente, os alunos foram adquirindo uma postura mais
consciente com relação à importância da leitura na vida.
Nesse módulo, já se antecipou a ampliação de horizonte de expectativas
quando foi distribuído o livro Uma Vida em Segredo, de Autran Dourado, pois o
objetivo era que eles tivessem contato com romance também. A história mostra o
dilema vivido por Biela, uma jovem que, após a morte de seu pai, deve morar com
Conrado e sua esposa, Constança. Ali, ela não se adapta, pois vivia na fazenda com
simplicidade apesar de ter posses, portanto não concebe a outra realidade – a de
viver na cidade atendendo às exigências e expectativas da sociedade, ou seja, vive
em dois mundos diferentes. Aos poucos o livro era lido num tempo reservado para
isso, e para surpresa, foi feita toda a leitura até ao final do ano e a motivação foi
grande também, porque quando se esquecia da leitura, os próprios alunos
cobravam, e assim todos participaram, leram, deram opiniões, críticas e sugestões.
Só não gostaram do final da história, porque a personagem morre. Também vale
salientar que ficaram felizes por terem recebido o livro de presente e, segundo eles,
o livro não ficaria nas prateleiras, pois já tinham divulgado e encontrado pessoas que
queriam ler e que iriam emprestá-lo.
No término da implementação do projeto, foi promovida a semana da leitura
na escola, com exposição de livros, jornais, revistas e cartazes para estimular a
leitura e divulgar o trabalho. Na oportunidade, os alunos deram depoimento aos
colegas da escola sobre o projeto de implementação da leitura e percebeu-se que
todos gostaram e até houve uma procura por livros da biblioteca ( Figura 2).
Também, valorizando o projeto e estimulando a leitura, foi sorteado pela
escola, um livro “Uma vida em segredo de Autran dourado” e a ganhadora foi uma
aluna no período vespertino.
Figura 2: Imagem da Semana da Leitura realizada no CEEBJA no dia 10 de novembro de
2011.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com a acolhida ao projeto de intervenção pedagógica na escola, os
colegas professores consideram-no essencial, visto que leitura é muito importante,
pois uma das maiores dificuldades do ensino reside na interpretação de textos, o
que os estudantes têm demonstrado. Esses problemas são sentidos em todas as
disciplinas e precisam ser revistos com muita atenção. A ideia de leitura tradicional já
não basta nos dias atuais. Assim, o que era apenas a leitura em si, hoje precisa ser
discutido, compreendido e interpretado de forma contextualizada e interativa para
ampliar o conhecimento.
Assim, sendo a escola um espaço importante onde os alunos buscam
conhecimento, é necessário que ela encontre alternativas para motivar o hábito de
ler como obtenção de informações em relação a qualquer contexto e área do
conhecimento, abrindo cada vez mais horizontes do saber, enriquecendo
vocabulário e, principalmente, facilitando a comunicação para que o aluno assuma
uma postura de leitor autônomo. Entretanto, para uns a leitura é uma atividade
prazerosa, para outros um desafio a conquistar, que somente será alcançado por
meio de muito incentivo, tanto da escola como das famílias e da sociedade, pois a
construção do conhecimento se dá a partir do envolvimento do aluno com a leitura.
O projeto trouxe uma experiência significativa para uma possibilidade de ser
aplicado em outras turmas ou em outras disciplinas, escolas, pois, tendo como
estratégia o método recepcional, as possibilidades de alcançar o objetivo da leitura
são maiores porque um dos requisitos básicos desse método é a valorização do
leitor e, assim sendo, suas experiências de vida e leitura, que, sendo observadas,
podem alcançar o objetivo pretendido.
Ao iniciar as aulas, a professora deparou-se com uma turma bem
heterogênea, com muitas dificuldades tanto em aprendizagem quanto no
relacionamento com os colegas. Esse problema foi percebido logo que o projeto foi
iniciado, pois alguns alunos se omitiam e não interagiam em virtude de receber
alguma crítica por parte de outros que tinham mais facilidade, na aprendizagem e
não concebiam a não compreensão dos colegas. Isso fez com que se conversasse e
estimulasse bastante a turma para criar um ambiente agradável, de boa convivência
e de respeito, a fim de que o trabalho fluísse. Uma vez acordado com a turma para
não haver críticas e rotulações por parte de alguns que já tinham mais desenvoltura
na leitura, iniciou-se o trabalho com mais consciência da responsabilidade de
aprendiz e colega.
Dessa forma, a aplicação da unidade didática transcorreu com mais
tranquilidade e a contribuição foi significativa para a aprendizagem de leitura tanto
na compreensão, na interação, quanto na interpretação dos textos. No decorrer das
atividades de leitura, percebeu-se que muitos alunos não gostavam de ler e também
muitos deles não tinham autonomia ao discorrer sobre as atividades de interpretação
dos textos, por isso ficavam na dependência de que a professora respondesse às
questões e eles escrevessem. Aos poucos, foi mostrado e orientado como
compreender e desvendar o sentido do texto, utilizando a capacidade crítica de
julgar o que se leu e guardar as informações lidas.
Embora tenha cumprido todas as atividades planejadas, principalmente
quando alunos relataram em forma de textos orais e escritos a sua avaliação sobre o
projeto de forma positiva, se fosse implementado no início do ano, o aproveitamento
seria maior, pois não haveria problemas quanto à adaptação dos alunos em relação
ao professor, atenderia a mais alunos e a propagação da leitura também seria maior.
Concluindo, mesmo com os problemas acima citados, os objetivos propostos
foram atingidos e pode-se afirmar, com isenção, que a leitura é o sustentáculo para
todas para todas as áreas do conhecimento, do desenvolvimento do ser, da
comunicação e, muito mais, pois, com a leitura de contos e das crônicas, um novo
caminho se abre para outras leituras, que hão de abrir outras portas, outras
leituras...
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