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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM DESAFIO A SER
VENCIDO
Por: Daiane Domingues Pinto
Orientador
Profª. Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2015
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EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM DESAFIO A SER
VENCIDO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Educação Especial Inclusiva. Por: Daiane Domingues Pinto
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AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida, aos amigos e familiares pelo apoio que sempre me deram e aos professores pelos ensinamentos e dedicação.
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DEDICATÓRIA
Aos meus pais pelo incentivo, ao meu filho, Marcelo, razão de minha vida e ao meu esposo, pelo apoio e companheirismo.
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RESUMO
Este trabalho apresenta algumas considerações sobre o
processo de inclusão, elaboradas a partir da literatura pertinente,
da observação do trabalho docente de alguns profissionais e da
própria vivência da autora.
O problema em estudo tem a intencionalidade de levantar
questionamentos sobre o processo de inclusão, ora tão em voga
em nossa sociedade, apresentando os aspectos teóricos, leis e
decretos em contraponto com a realidade da maioria das
instituições de ensino. Aborda o processo da inclusão como algo
ainda muito superficial, apontando questões como a formação dos
profissionais, as adaptações curriculares, dentre outros. Discorre
sobre o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade),
fazendo uma ligeira abordagem teórica .
Finalizando o trabalho, não com as soluções para o tema, mas
dando encaminhamentos sobre o que existe de forma documental
e que precisa ser colocado em prática para que a educação
inclusiva passe do mundo das ideias para o mundo das práticas.
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada para a realização deste trabalho
inclui a leitura de livros, artigos de revistas e demais documentos
conforme bibliografia; conversa com profissional que atua em
escola pública do Município de Duque de Caxias, onde o processo
de inclusão já se encontra bem estruturado, observações e escuta
de professores sobre o assunto.
Após toda investigação e leitura do material escrito, o
trabalho começou a ser formatado. Foram surgindo novas
indagações sobre o assunto, conversas informais com alguns
professores e assim foi desencadeando e tomando forma a
monografia.
A contribuição da orientadora educacional, I.C.S.L., que
trabalha na rede municipal de Duque de Caxias, foi muito
importante para a elucidação de muitas questões, as quais foram
de grande contribuição.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - O dilema da inclusão 11
CAPÍTULO II - Teoria X Prática no cotidiano das
instituições de ensino 20
CAPÍTULO III - O aluno portador do TDAH e seus
desafios 27
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 37
ÍNDICE 39
FOLHA DE AVALIAÇÃO 40
8
INTRODUÇÂO
O trabalho aqui apresentado tem a intencionalidade não só
de descrever e analisar, mas também de responder as questões
levantadas sobre o tema – Educação Inclusiva- e em especial dos
alunos com TDAH. O estudo aqui apresentado é resultado da
literatura pertinente, da observação e do diálogo com profissionais
que atuam tanto na Rede Pública de ensino como na particular.
Para analisarmos a inclusão escolar, primeiramente precisamos
considerar os mecanismos excludentes que estão presentes pela
sociedade, segundo seus preconceitos, e o modelo de
desenvolvimento econômico do país.
Quando falamos de inclusão/exclusão, queremos deixar
claro que ela se dá não só no aspecto educacional; vemos que o
modelo econômico do país após a 2ª Guerra Mundial, gerou um
inchaço nas cidades, pela vinda das populações rurais em busca
de trabalho nas indústrias, as quais não foram capazes de
absorver toda a mão de obra, além de que a falta de qualificação
dos camponeses os impediam de ocupar vagas nas indústrias.
Este modelo econômico produziu desigualdades de oportunidades
e, consequentemente, a exclusão social.
Diante de uma realidade tão perversa, parece óbvio que
nosso contingente de excluídos do acesso e usufruto dos bens e
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serviços historicamente acumulados é extremamente numeroso.
Não é constituído, apenas, por pessoas com deficiência.
Para qualquer dos excluídos, vários são os efeitos da
exclusão, sendo alguns, irrecuperáveis. Em termos psicológicos, a
perda da autoestima e da identidade dos que ficam à margem do
processo educacional escolar, por exemplo, vai se estruturando
com autoimagens negativas. Os sentimentos de menos valia que
se desenvolvem, em decorrência, intensificam comportamentos de
apatia, de acomodação ou se manifestam por meio de reações
violentas.
As escolas deveriam acomodar todas as crianças concerne
aos aspectos metodológicos e adequação curricular. Tendo como
foco o aluno portador do TDAH, objetiva mostrar a complexidade
do panorama educacional quanto ao trabalho independentemente
de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais,
linguísticas ou outras. Aquelas que deveriam incluir crianças
deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham,
crianças de origem remota, crianças pertencentes a minorias
linguísticas, étnicas ou culturais, crianças de outros grupos
desavantajados ou marginalizados.
No contexto desta estrutura, o termo “necessidades
educacionais especiais”, refere-se a todas aquelas crianças ou
jovens cujas necessidades se originam de deficiências ou
dificuldades de aprendizagem. Muitas crianças experimentam
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dificuldades de aprendizagem e, portanto possuem necessidades
educacionais especiais em algum ponto durante a sua
escolarização. Escolas devem buscar formas de educar tais
crianças bem sucedidamente, incluindo aquelas que possuem
desvantagens severas.
Os resultados apontam que mesmo sendo um procedimento
amparado pela legislação vigente, precisa de ajustes para que se
efetive na prática. Um deles é possibilitar aos professores à
reflexão, a formação e a informação sobre conceitos e princípios,
levantar dados sobre a inclusão escolar, como também questionar
e analisar o dilema de pais, professores, alunos e escola no que
concerne aos aspectos metodológicos e adequação curricular.
Tendo como foco o aluno portador do TDAH, objetiva mostrar a
complexidadedo panorama educacional quanto ao trabalho
pedagógico com alunos portadores de alguma dificuldade de
aprendizagem, fazendo um paralelo entre a teoria e a difícil prática
educativa. Para melhor entendimento este trabalho possui a
seguinte estrutura: Introdução; Capítulo I – O dilema da inclusão
escolar; Capítulo II – Teoria versus prática no cotidiano das
instituições de ensino; Capítulo III – O aluno portador do TDAH,
família e escola; Conclusão.
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CAPITULO l
O DILEMA DA INCLUSÃO ESCOLAR
“ Toda arte de ensinar é apenas a arte de acordar a curiosidade natural nas mentes jovens, com o
propósito de serem satisfeitas mais tarde”. Anatole France
O maior dilema da inclusão escolar é encontrar soluções que
respondam a questão do acesso e permanência dos alunos nas
instituições de ensino. Algumas escolas (públicas e particulares) já
propõem mudanças na sua organização pedagógica que visam
reconhecer e valorizar as diferenças sem discriminar nem
segregar os alunos. Os problemas de aprendizagem
semanifestam dentro da escola de diferentes maneiras, e
divergentes sintomas se apresentam para revelar que algo não
vai bem.
Se a forma de ensinar é a mesma, porque alguns alunos
aprendem e outros não. Aceitar o desafio da inclusão é ir além, é
ultrapassar barreiras, e a mais conhecida delas é a ausência de
formação para trabalhar com alunos cujas necessidades
educacionais especiais não foram abordadas durante o curso de
formação ou graduação.
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A maior problemática é essa; a formação. Ao assumir uma
turma e se deparar com alunos inclusos, aí surgem as
indagações, os questionamentos: O quer fazer e como fazer para
que os alunos inclusos não se sintam excluídos? A escola possui
uma proposta curricular adaptada? Existem pessoas para orientar
os professores no trabalho pedagógico?
Sabemos que a inclusão pode ser por dificuldades de
aprendizagem causadas por dislexia, dislalia, disortografia
hiperatividade, TOC, disgrafia e outros mais os quais
erroneamente são considerados como distúrbios simples e vão
sendo “empurrados”, ou melhor visto como de forma superficial,
o que é um erro.
Os estudos apontam que todos estes distúrbios são
irreversíveis e que os portadores devem ser acompanhados uma
equipe multidisciplinar, envolvendo psicopedagogo, neurologista
e/ou psiquiatra. Alguns destes distúrbios podem afetar a fala e/ou
a audição, exigindo acompanhamento de fonoaudiólogo e otorrino.
Existe ainda casos mais graves que precisam de adequações
desde a acessibilidade, a cuidadores e acompanhamento médico
e pedagógico especializado.
Neste contexto, deduzimos que o processo de inclusão
depende muito mais de outras situações do que propriamente do
aspecto pedagógico. Se o aluno tem um suporte dentro de suas
necessidades, fica mais fácil para o professor trabalhar com ele.
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A construção de uma escola inclusiva requer um desejo
coletivo de mudança, de enfrentamento de barreiras e,
principalmente, uma constante busca visando à aprendizagem de
todos. Perrenoud aprofunda aspectos da pedagogia diferenciada,
dando destaque a uma escola que assim como é capaz de
fabricar o fracasso do aluno, também pode gerar recursos,
estratégias e planos para atender às diferenças e propiciar a
aprendizagem. O que transforma as desigualdades iniciais em
dificuldades de aprendizagem é a indiferença com as diferenças,
por isso é que precisamos de um olhar “cuidadoso”, para não
causarmos o fracasso daqueles que não dispõem de recursos.
Quando a presença de um aluno “diferente” é imposta, sem
a devida preparação (do aluno com deficiência, de seus colegas e
professores, dos pais, dos funcionários da escola) a inclusão
desejada fica ainda mais difícil. Pois inclusão é um processo
bilateral que pressupõe a participação e a ação compartilhada; um
movimento de conquista de espaço tanto daquele grupo
minoritário quanto dos demais participantes.
A questão da inclusão, portanto, está intimamente ligada às
relações sociais que serão estabelecidas entre os ditos normais e
o portador de necessidades especiais, pois não podemos fazer
leis que obriguem as pessoas a se relacionarem. É preciso romper
as barreiras socialmente construídas que fazem com que os
portadores de necessidades especiais sejam vistos como sujeitos
incapazes.
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A inclusão não pode ser pensada como um trabalho
concluído e individual. A escola, lugar que possibilita partilhar
experiências, poderia proporcionar espaço de discussão para
envolver os professores numa proposta inclusiva, e um lugar
privilegiado para se aprender sobre a inclusão, sendo possível
discutir e construir saberes. Para os professores, a inclusão é um
desafio, no entanto eles entendem que é possível trabalhar e
aprender com os saberes que os alunos trazem.
Sem dúvida, os alunos trazem suas experiências e
vivências as quais muito ajudarão os professores em seu trabalho
docente. No entanto, o professor é o condutor do processo, ele
necessita do conhecimento, precisa se apropriar das teorias, e
demais materiais que existem a respeito do assunto.
Existem grandes dilemas no que diz respeito à educação
inclusiva; as escolas ainda não têm definidos os seus objetivos e
propostas que atendam esta clientela tão presente em seus
espaços físicos, arquitetônicos, mas que deverá ser por
excelência o ambiente educativo, o lugar onde as ações
educativas acontecem. Nesta perspectiva é que a escola deve
atuar, visando proporcionar aos alunos inclusos, condições de
aprendizagem para a vida além dos muros da escola.
As pessoas que apresentam necessidades especiais
possuem, em sua grande maioria, uma vasta experiência de
exclusão que se traduz a grandes limitações nas possibilidades de
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convívio social e usufruto dos equipamentos sociais, além de
serem submetidos a diversos tipos de discriminação. Uma ação
educativa comprometida com a cidadania e com a formação de
uma sociedade democrática e não excludente deve,
necessariamente, promover o convívio com a diversidade, que é
marca da vida social brasileira.
Mantoan (2001) aborda a dicotomia ensino regular/ensino
especial existente nas escolas e nos cursos de formação, a qual
define mundos diferentes que levam à ideia de que o ensino de
alunos com deficiência e com dificuldades de aprendizagem, entre
outros, exige conhecimentos e experiência fora do alcance dos
professores de classes regulares. Um dos grandes dilemas das
pessoas com qualquer tipo de deficiência, é saber que
possibilidades de trabalho elas tem.. E ao questionar sobre suas
condições, elas fazem uma avaliação da escola e do trabalho
delas.
Almeida (2011) diz: “A inclusão escolar está articulada a
movimentos sociais mais amplos, que exigem maior igualdade e
mecanismos mais equitativos no acesso a bens e serviços”. Isto
quer dizer que todos os envolvidos neste processo, precisam ter
“interesse” em aprender a ensinar àqueles alunos, buscar
alternativas que possibilitem abrir novos horizontes.
A escola não é feita só de professores; todos que nela estão
precisam ter o mesmo olhar sobre os alunos inclusos, isto significa
que nas reuniões pedagógicas se abram espaço para esta
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conscientização. A inclusão é como uma corrente, se um elo se
parte, ela deixa de ser uma corrente.
Vemos, portanto, que o aluno precisa estar inserido em uma
classe regular para que haja a inclusão, e que o atendimento no
contra turno vai ajudá-lo neste processo de adaptação. Existe
ainda a questão do lazer e da recreação para os alunos inclusos,
as quais trarão muitos benefícios para eles.
Dizemos que há inclusão no lazer e na recreação quando as
atividades não excluem algumas pessoas em razão de qualquer
“diferença”, seja ela anatômica (gordas, magrasaltas, baixas),
idade (muito pequenas, muito idosas), gênero (sexo), cor (etnias
diversas), deficiência (física, mental, visual, auditiva ou múltipla),
condições de saúde(vírus HIV, epilepsia, síndromes em geral
(transtornos mental etc.) e outros.
Dependendo do diagnóstico do aluno, existem várias
ativiades físicas direcionadas, as quais ajudarão o professor no
trabalho pedagógico. Alunos com dificuldade de concentração,
lateralidade, percepção e outros, podem melhorar se forem
estimulados com jogos, brincadeiras, caça-palavras e atividades
afins, terão um melhor desempenho na parte pedagógica.
Outro passo importante é a inclusão destes alunos na vida
social da escola. Os relacionamentos e interações sociais são
partes importantes na educação inclusiva. Assim como os demais
alunos, aqueles com deficiência também precisam participar da
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vida social da escola, como por exemplo, conduzindo visitantes
pela escola, participando das festividades, tendo vez e voz no
grupo. Agindo desta forma, a escola estará possibilitando a estes
alunos a socialização através de suas próprias ações.
A escola X, no município de Duque de Caxias, tem um
trabalho muito atuante na questão da inclusão; lá os alunos
inclusos participam de todas as atividades: peça de teatro, dança,
música, desfilam e tudo mais que acontece na unidade escolar.
Eles escolhem sem medo o que querem fazer, pois são
incentivados, encorajados.
Atualmente eles estão envolvidos em uma atividade que
acontece na praia de Copacabana; a professora da Classe
especial e sala de recursos, em companhia de pais, irmãos e
outros familiares, saem no final de semana com eles, onde os
mesmos participam de várias atividades, as quais são dirigidas por
profissionais que atuam nas áreas de natação, psicomotricidade e
outras.
Esta iniciativa da professora demonstra seu grau de
envolvimento e de busca de alternativas para seu fazer
pedagógico. Vale ressaltar que existem no grupo crianças com
diversas necessidades. Temos cadeirantes, autistas, retardados
mental, obesos, paraliticos, dentre outros.
No atual contexto, vemos como a postura do professor (a)
é o ingrediente principal para o desenvolvimento dos alunos e
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consequentemente para que a família se sinta acolhida,
despertando o interesse em participar das atividades propostas
pela escola. É esta parceria que vai ajudar na criação de laços
afetivos, elevar a autoestima de pais e alunos e por fim criar laços
entre escola e família.
Acreditamos que o sucesso da inclusão escolar não é algo
tão distante, para tanto é preciso o entrosamento família-escola,
cada um atuando de maneira responsável, contribuindo dentro de
suas possibilidades para que o aluno, que é o centro de interesse,
seja contemplado de maneira a ter atendidas suas necessidades.
Cada conquista do aluno, é uma vitória para o professor.
Quando ele vê que algo está mudando, ainda que não seja no
aspecto cognitivo, mas que já demonstra algum crescimento do
aluno, seja em relação à independência, socialização, ou a
outro qualquer, o professor já tem em suas mãos algum subsídio
para o ponto de partida.
Tanto a família quanto o aluno quando se sentem
esperançosos, tornam-se mais receptivos e colaboradores. As
mudanças devem gerar esperança, e é nesta perspectiva que a
escola deve trabalhar em busca de uma inclusão de direito e de
fato. Este assunto tão em voga nos dias atuais, precisa ser
justificado pelos resultados; não podemos pensar em uma
educação inclusiva apenas no aspecto do aluno está inserido em
uma instituição de ensino. É necessário que vejamos muito mais:
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o aluno deve estar sendo atendido em sua dificuldades, sendo
respeitado e dando-lhe o direito de vez e voz.Para que o aluno se
sinta motivado é necessário propormos atividades que
correspondam ao mesmo tempo a seus interesses e às suas
possibilidades, logo, que tenha, para ele, significado. Para que
esta prática possa acontecer, é importante que façamos da escola
um grande espaço social, um lugar onde caibam a ousadia, a
criatividade e os sonhos.
É necessário rever o que nos parece seguro e certo,
desconfiando de verdades estabelecidas e também de nossos
preconceitos, procurando investir de modo ousado nas
possibilidades dos alunos, mesmo daqueles que apresentam
problemas mais complexos.
Quando isto acontecer em todas as escolas, podemos dizer
que realmente temos uma educação inclusiva, que trabalha em
prol dos alunos que possuem alguma dificuldade de
aprendizagem, dando-lhes oportunidade de se desenvolverem
como cidadãos, que apesar de suas limitações, possuem
autonomia. Um indivíduo autônomo, possui auto-confiança, que o
leva a acreditar em si mesmo, em sua capacidade, em seus
valores.
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CAPÍTULO II
Teoria X Prática no cotidiano das instituições de ensino
Atualmente a estrutura da escola regular é composta por um
currículo “fechado”, organizado por disciplinas, que na maioria das
vezes são apresentadas como saberes independentes,
demonstrando a fragmentação que o conhecimento sofre dentro
da escola. Os alunos são enturmados por séries, os conteúdos a
serem ministrados em cada uma delas são definidos pelas
coordenações pedagógicas e escritos em forma de livros
didáticos, cristalizados a partir de uma inteligência imaginária que
define os saberes que são considerados úteis e a sequência exata
em que estes devem ser ensinados. Desta maneira, cada uma
destas matérias acaba tendo um fim em si mesmo e permanece
desconexa com o mundo que cerca os alunos.
A aprendizagem como o centro das atividades escolares é o
sucesso dos alunos como a meta da escola, independentemente
do nível de desempenho a que cada um seja capaz de chegar são
condições da base para que se encaminhe na direção de
escolas acolhedoras. O sentido desse acolhimento não é o da
aceitação passiva das possibilidades de cada um, mas o de serem
receptivas a todas as crianças, pois as escolas existem para
formar as novas gerações, e não apenas de seus futuros
membros, os mais privilegiados.
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Em escolas inclusivas, o professor tem a responsabilidade
de educar tanto as crianças sem deficiência como aquelas com
alguma deficiência. Tem também a responsabilidade de assegurar
que o aluno com deficiência seja um membro integrante e
valorizado da sala de aula.
Educação inclusiva significa que os alunos com deficiência
estão sendo ensinados no mesmo contexto curricular e
institucional com os demais colegas de sala de aula. Materiais
curriculares comuns podem precisar ser adaptados, mas somente
até o nível necessário para satisfazer as necessidades de
aprendizagem de qualquer aluno. Portanto, fica bem claro que
adaptação não significa empobrecimento. Muitas vezes algumas
escolas e/ou professores apresentam “currículos” que dizem ser
adaptados, porém o que vemos são conteúdos insignificantes,
sem contextualização, que não valoriza o aluno incluso nem tão
pouco oferece condições de crescimento intelectual.
Colocar em prática um currículo que atenda as
especificidades de uma educação inclusiva é tarefa árdua; implica
em mudança de postura. O que vemos na prática das escolas
são arranjos, adaptações, cujos resultados não são significativos.
Mantoan (1997) sintetiza os desafios que se colocam aos professores para que promovam uma educação inclusiva:
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• reconhecer e valorizar a diversidade como elemento enriquecedor do processo de ensino e aprendizagem;
• conscientizar-se do modo como atuam para promover a aprendizagem de todos os alunos;
• participar cooperativamente do processo educativo com todos os implicados, dentro e fora da escola;
• valorizar o processo sobre o produto da aprendizagem;
• desenvolver enfoques curriculares, metodológicos e estratégias pedagógicas que possibilitem a construção coletiva do conhecimento.
Temos, portanto que avaliar o processo pelo qual as ações
se desencadeiam para, a partir daí fazermos as correções
necessárias, garantindo a inclusão e a aprendizagem de todos. O
professor que deseja trabalhar nesta proposta de educação
inclusiva deve, antes de tudo se dedicar ao estudo e à pesquisa,
são condições imprescindíveis para que a inclusão aconteça.
O que vemos na maioria dos casos, são ações isoladas,
muitos professores desconhecem metodologias que devem ser
colocadas em prática com esses alunos, ou alguns ainda dizem
que não foram preparados para isso e que nos cursos de
formação para o magistério ou até mesmo em licenciatura não
foram abordados metodologias, técnicas, ou quaisquer outras
instruções pertinente ao trabalho de inclusão escolar.
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Enquanto instituição de ensino, as escolas, quer pública ou
particular, devem em seus projetos políticos pedagógicos,
deixarem explícitas as adaptações curriculares, visando atender
aos alunos com necessidades educacionais especiais; com isso
não queremos dizer que tais alunos aprendam todos os
conteúdos, principalmente aqueles mais abstratos, mas ao longo
de sua permanência na escola, eles poderão aprender o que for
mais significativo e menos abstrato, como por exemplo, serem
capazes de realizarem operações simples de matemática e
utilizar-se da língua para estabelecer comunicação. A falta de
adaptações curriculares gera o fracasso na inclusão escolar.
Adaptações não significam empobrecimento; quando
falamos em adaptações, queremos dizer proporcionar flexibilidade
na maneira de transmitir os conteúdos, fazendo uma correlação
com o mundo, com vistas à compreensão por parte dos alunos.
Ser uma escola inclusiva, não é só receber alunos que
apresentam dificuldade de aprendizagem gerada por qualquer tipo
de deficiência; a escola que se diz inclusiva deve ter seu
currículo adaptado ou modificado a fim de atender tal clientela,
assim como uma prática pedagógica flexível.
Observamos que nas escolas que possuem Salas de
Recursos para atendimento aos alunos inclusos, o processo tem
mais fluidez. O professor de sala de recursos é o elo entre o aluno
e o professor da classe regular; é ele que sinaliza sobre os
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avanços e as possibilidades de tais alunos; também é responsável
em acompanhar esses alunos em determinados momentos na
classe regular. Dentro do contexto escolar, em se tratando de
trabalhar com alunos inclusos, a sala de recursos não pode faltar
como um instrumento de mediação.
Escolas e professores que se propõem a trabalhar com a
inclusão, precisam e devem estar em constante estudo. Conhecer
todo o movimento que já foi construído e todo o estudo que vem
sendo abordado por pesquisadoes, os quais anos a fio veem se
debruçando sobre o tema. É uma questão muito complexa,
precisamos entender as questões para buscarmos alternativas
pedagógicas.
A prática pedagógica precisa ser coerente, não podemos
desprezar o que já vem sendo estudado há décadas. Precisamos
com base nos estudos criar novas alternativas de trabalho que
possibilitem aprendizagem dos alunos inclusos em igualdade com
os demais.
Os professores precisam estar constantemente em alerta,
para que esteja sempre em cooperação e sintonia com todos
aqueles que estão envolvidos no processo de inclusão; ou seja
dentro e fora da escola. O diálogo com a família é de fundamental
importância, pois é ela que vai dar o feedback do trabalho da
escola, do desenvolvimento do aluno, dando a oportunidade para
que a escola se auto avalie.
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No que diz respeito ao desenvolvimento cognitivo, o mais
importante é o processo, ou seja, a maneira pela qual o professor
desenvolve seu trabalho para que o aluno incluso consiga se
desenvolver, mostrar o produto do trabalho do professor. Ações
simples dentro de sala de aula auxilia o aluno a se integrar no
ambiente escolar; o que precisa realmente é sabermos até onde
estamos nos disponibilizando para que isto aconteça.
Não precisamos de coisas mirabolantes, são ações simples,
porém pontuais, mas que irão fazer a diferença. O aluno precisa
sentir-se acolhido, respeitado e valorizado; as atividades deverão
ser ricas, estruturadas,que demonstrem ao aluno que ele tem
potencial. Não adianta trazer para o aluno algo que ele sinta a
discrepância em relação aos outros. Dessa forma ele se sentirá
incapaz.
O caminhar dos alunos inclusos deve ser avaliado com muito
cuidado, qualquer avanço apresentado deve ser visto como uma
grande conquista. O incentivo é muito importante; a escola
precisa estar alerta e mais ainda o professor, pois é ele quem
acompanha cotidianamente o aluno, é ele quem avalia os
avanços. Tudo isso depende de muito estudo e dedicação. Não há
uma receita milagrosa, há estudos, experimentos que tanto podem
dar certo ou não. Dependendo do grau de dificuldade do aluno, em
determinados contextos vamos encontrar avanços bem
significativos, enquanto que em outros não há modificação.
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Cada professor é um pesquisador, às vezes uma simples
estratégia gera um resultado muito positivo. O professor vai
construindo seu trabalho com o que já tem em estudos, vai
acrescentando os seus resultados e reformulando sua prática;
este é o grande desafio: ser um constante pesquisador. As
mudanças só acontecerão se cada um se sentir responsável pelo
seu fazer pedagógico. Falamos muito sobre o papel do professor,
por ser ele a figura mais importante neste processo, porém a
escola também tem suas responsabilidades enquanto instituição
de ensino que se propõe a ser inclusiva.
Tomando algumas medidas simples como, por exemplo:
adaptar recintos da escola bem como técnicas e atividades de
aprendizagem; revisar a política de contratação e treinamento de
professores e funcionários; adotar esquemas de apoio para
professores; capacitar seu quadro de pessoal a respeito de
abordagens inclusivas na escola, tudo isso contribuirá para o
sucesso da instituição.
Estas medidas são necessárias para evitar mal entendidos
nas colocações com os alunos e com seus familiares. Vemos que
as pessoas tem dificuldades em se reportar a um aluno portador
de alguma necessidade educacional especial. E, por muitas
vezes chega a causar constrangimento. Precisamos nos
conscientizar de que quanto mais o assunto for tratado com
naturalidade, a convivência se tornará mais fácil.
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Precisamos pensar na inclusão, acreditar e fazer acontecer.
Para isso temos que quebrar antigos paradigmas e pensar que
podemos reinventar a nossa prática, buscar subsídios para de
verdade transformar esta inclusão tão almejada. Cada etapa
vencida, é uma vitória, mas não é uma conclusão. Nada podemos
aceitar como concluído, tudo é mutável, renovável. O que hoje
temos como verdade, amanhã poderá ser dúvida, portanto esta
questão da inclusão é muito profunda, precisa de mutio
embasamento teórico, muita pesquisa e acima de tudo muita
ação.
Sabemos que tudo que falamos e temos debatido em torno do
assunto, ainda precisa de muito empenho , muita pesquisa e que
as discussões possam nos trazer diferentes possibilidades de
atuação, inclusive novos referenciais teóricos específicos que nos
mostre diferentes possibilidades de implantação e a flexibilização
da ação pedagógica como instrumento de sustentação do trabalho
docente.
Diante do exposto, temos consciência de que já avançamos e
que a inclusão escolar não pode nem deve ser ignorada. Tanto os
teóricos, quanto as escolas e seus profissionais devem buscar o
conhecimento necessário para que se amplieos entendimentos e
ideias, e que todos se comprometam em favo de uma escola
inclusiva de melhor qualidade para nossas crianças e
adolescentes.
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CAPÍTULO III
O ALUNO PORTADOR DO TDAH E SEUS DESAFIOS
O TDAH é um distúrbio biopsicossocial, e vem causando
muita preocupação para a escola, quanto para pais e médicos.
Apesar de ser um problema com tendência crônica, estendendo-
se para a vida adulta, hoje já existem formas eficazes de controle,
principalmente pelo uso de medicamentos.
O maior problema no TDAH é a dificuldade em se fazer um,
diagnóstico; muitas vezes uma criança é rotulada como hiperativa
apenas por ser inquieta ou até mesmo um tanto desatenta,
desobediente. No entanto, vários estudos mostram que o TDAH é
um problema de saúde mental que tem três características
básicas: a desatenção, a agitação ou hiperatividade e a
impulsividade. Este transtorno gera um impacto na vida da criança
e/ou adolescente, da família e demais pessoas ou núcleos de
convivência (escola, vizinhança, amigos etc.).
Apesar do TDAH está relacionado a três aspectos, não quer
dizer que os três precisam estar presentes, porém aqueles que
apresentarem deve ter uma frequência.
Algumas crianças começam a demonstrar os sintomas após
os sete anos e as suas dificuldades são na mesma intensidade
daquelas crianças que começaram a tê-los mais cedo.
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Estabelece-se a idade na faixa etária dos 12 anos para os
sintomas do TDAH se manifestarem. Às vezes um adolescente
pode apresentar estas características, porém trata-se de outro
problema de saúde mental, algum conflito familiar, ou até mesmo
questões ligadas à idade.
Médicos e psicólogos atestam que para uma criança ser
diagnosticada portadora do TDAH, faz-se necessário que os
sintomas sejam repetidos em lugares diversos (casa, escola,
igreja), a fim de evitar erro de diagnóstico. Hoje, vemos com muita
frequência professores se referindo a alunos agitados como
hiperativos, é preciso tomar cuidado. Na escola, muitas vezes,
aulas cansativas, improvisadas ou mal planejadas, podem gerar
desatenção e inquietude por parte de alguns alunos, no entanto,
isto não significa que eles sejam hiperativos.
Algumas crianças e adolescentes com TDAH conseguem
ficar muito tempo quietas e atentas a filmes, vídeos, jogando
videogame, navegando na internet, isto devido a grande motivação
que tais atividades lhes proporcionam.
Muitas vezes nos perguntamos se é possível ter TDAH sem
apresentar dificuldades de aprendizagem; em princípio não, pois
se não houver forte motivação e interesse, o aluno vai apresentar
dificuldades. Existem algumas crianças e adolescentes que
mesmo portadores do TDAH, possuem um grau elevado de
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inteligência, que faz com que as dificuldades não causem
prejuízos em suas vidas.
O primeiro profissional a quem se deve recorrer, é o
psicopedagogo, o seu trabalho é muito importante, ele começa
fazendo uma anamnese, momento este em que se pode descobrir
situações que contribuíram para a agitação da criança. Após o
diagnóstico do psicopedagogo, a criança é encaminhada ao
neurologista ou psiquiatra infantil para avaliação médica. Porém
muitas crianças ao chegarem aos consultórios desses
profissionais já vêm diagnosticadas como portadoras do TDAH e,
na maioria dos casos fazendo uso de medicação (ritalina ou
concerta). A maioria dos neurologistas e psiquiatras indica a
ritalina para tratar o TDAH.
Como todo medicamento a ritalina apresenta vários efeitos
colaterais, daí a importância de se fazer um diagnóstico com
vários profissionais para não causar maiores problemas na
criança.
Algumas crianças apresentam aumento da irritabilidadee às
vezes dificuldade de dormir à noite, quando em uso da ritalina.
Esses efeitos tendem a desaparecer com o uso contínuo ou até
mesmo com a adequação da dose. Outras alterações como perda
de apetite e/ou de peso, são as que mais atrapalham o uso do
medicamento, impossibilitando em alguns casos a sua
administração.
31
Outra preocupação é também quanto ao crescimento,
porém estudos comprovaram que esta alteração não está ligada
ao medicamento e sim ao próprio transtorno. Foi feita experiência
com adolescentes em uso do medicamento e outro grupo que não
usava. No final, ambos apresentaram altura um pouco menor de
jovens sem o transtorno.
Além de todos estes problemas, o mais preocupante para os
pais é a possibilidade da dependência ao uso da ritalina, pela sua
composição. Não há indícios de que crianças que usaram a
medicação apresentassem maior risco de abuso ou dependência
da substância ou de drogas, porém o TDAH, quando associado ao
Transtorno de conduta, parece ser um fator de risco para o abuso
de drogas.
Temos aí uma breve amostragem do TDAH, agora o que
fazer com esse aluno quando ele chega à escola? O que a escola
e os professores conhecem sobre o assunto? Como será
conduzido o trabalho com esse aluno?
Sabemos que alunos com este transtorno devido a
inquietude e desatenção, é sugerido que façam as avaliações
separados do grupão, e que haja pessoas para fazerem um
atendimento mais individualizado.Na prática, vemos que falta
ainda conhecimento tanto das instituições de ensino quanto dos
professores para incluir tais alunos no trabalho pedagógico,
buscando realizar atividades prazerosas e lúdicas para assim
32
prenderem a atenção desses alunos. Talvez, a inclusão de alunos
portadores do TDAH seja mais difícil que outras pela questão do
comportamento. Alguns professores veem isso como falta de
educação ou de limite.
Por se tratar de um transtorno tão complexo, existe hoje
muitas pesquisas a respeito do assunto.Os médicos reconhecem
que o principal problema atualmente com relação ao TDAH é a
desinformação. Pais, escola e sociedade, não sabem como lidar
com crianças portadoras desta síndrome. Como um dos maiores
impactos do TDAH é na escola, os professores precisam se
capacitarem através de formação a fim de poder contribuir para
um melhor desenvolvimento do aluno.
Para melhor ajudar o aluno com TDAH faz-se necessário
que o professor mantenha um diálogo com os pais orientando-os
na maneira de ajudar a criança nas atividades de casa.
Estabelecer regras, combinados e rotina, é fundamental para que
o portador do TDAH se organize e consiga realizar suas tarefas. É
preciso dosar ritmo e tempo; o professor deve proporcionar a
saída de sala de aula por alguns instantes, para que este aluno se
sinta mais acolhido, compreendido. Neurologistas e psicólogos
sinalizam para a importância dos pais criarem uma rotina,
estabelecendo a dinâmica que a criança e/ou adolescente deve
observar diariamente, a fim de não se perder em seus
esquecimentos.
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Os portadores do TDAH, precisam de estímulos para que se
sintam motivados, daí a importância do elogio. Pais e escola
devem ter a mesma postura, repetir sempre o que foi combinado,
dialogar sem fazer pressão, mostrando para a criança ou
adolescente o que ele cumpriu ou om que deixou de cumprir e
como isto contribuiu ou não para o seu desempenho.
De acordo com o que pesquisamos e ouvimos sobre o
TDAH, ressaltamos a importância de as escolas abrirem espaço
de diálogo com seus professores, através de grupos de estudos,
onde todos possam não só ouvir, mas também colaborar com
suas experiências, a fim de que tenham sucesso ao lidar com
alunos hiperativos, ou com quaisquer outros distúrbios. A
formação em serviço é fator preponderante para o sucesso do
trabalho pedagógico.
Concluímos, que a melhor maneira de ajudarmos as
crianças com déficit de atenção é através de um diagnóstico
preciso e de um projeto pedagógico focado na criatividade.
Sabemos que na maioria das vezes os pais esperam que a
escola os oriente como lidar com os filhos. Não basta dar só
carinho e atenção, faz-se necessário conhecer métodos e práticas
que favoreçam o desenvolvimento e o bem estar da criança.
Muitos pais se tornam permissivos por acharem que não pode
dizer “não” ao filho.Nestes casos o problema se agrava cada vez
mais, pois o que eles precisam acima de tudo é de regras, limites.
34
O problema do portador do TDAH é que muitas vezes ele
apresenta comorbidades, agregando distúrbios, como dislexia,
dislalia, disgrafia, discalculia etc. Diante desta situação, a escola
deverá elaborar um programa pedagógico específico para este
aluno, porém não é o que acontece, muitas escolas até aquelas
que se dizem inclusivas, limitam o conceito de inclusão aos
portadores de retardo mental, síndrome de Down, ou outras
patologias mais evidentes. Porém como vimos, o TDAH é um
transtorno muito difícil de se lidar com os portadores, pois outros
problemas estão agregados na criança, tornando necessário na
maioria das vezes, encaminhá-la para psicoterapia.
A conscientização da criança, mostrando suas dificuldades
e, fazendo-as perceber que são assim não porque querem e que
isso é comum em algumas crianças, é o primeiro passo na
psicoterapia. Esta conscientização visa tirar da criança o peso do
estigma, a impressão de ser diferente de todos os outros.
Incentivada, a partir daí, a criança adquire auto-confiança e
aprende a lidar com suas dificuldades, confiando no seu potencial
de crescimento.
Será que estamos preparados para elaborar estratégias
pedagógicas que atendam as crianças com TDAH? Esta é uma
das muitas interrogações que fazemos, pois quando recebemos
um aluno, de imediato nos causa um impacto. Surge várias
indagações em nossa mente. A primeira vista pensamos estar nos
deparando com uma questão de falta de educação, de limites,
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daquela criança que consegue manipular todos que a cerca com
chantagem emocional.
Ao conversarmos com os pais, logo percebemos a
inquietação e uma certa dificuldade em externar que a criança é
hiperativa. Talvez para muitos surge uma dúvida, um
questionamento. Como a professora, os colegas e a própria
escola vai lidar com seu filho? Neste momento é de suma
importância mostrarmos aos pais que estamos preparados para
atender a criança, que sabemos o que significa o TDAH e que eles
podem confiar no trabalho da escola.
A criança por sua vez precisa se sentir acolhida pela escola,
professores e colegas, todos devem agir com naturalidade para
que ela não se sinta como um elemento estranho. Devemos aos
poucos ir nos familiarizando com o modo que a criança utiliza para
expressar seus anseios, suas inquietações. Ouvir a criança é a
melhor maneira de saber o que ela pensa e espera de nós.
A partir daí podemos ir aos poucos, colocando em prática a
nossa metodologia e as estratégias de trabalho com a criança. O
diálogo sincero e aberto vai ajudá-la em sua vida diária dentro e
fora do contexto escolar. Devemos mostrar para ela suas
possibilidades de sucesso e o que fazer para conquistá-las.
Precisamos deixar claro para a criança que se ela não pode
confiar em sua memória, aprenda a criar sua agenda , assim ficará
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mais fácil não deixar de realizar suas atividades, não esquecer as
datas de entrega dos trabalhos escolares e mais uma série de
coisas importantes. Mostrar para ela a necessidade de
desenvolver uma rotina de vida.
Dentre os transtornos, o TDAH é hoje o que mais preocupa
professores, pais e escolas; isto ocorre pela dificuldade e pela
demora em diagnosticar. Por isso, o aprofundamento teórico e o
vínculo que o professor construir com a criança, serão
fundamentais no processo educacional.
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CONCLUSÃO
De acordo com os estudos realiuzados concluímos que,a
questão da educação inclusiva ainda é uma barreira a ser vencida.
A educação inclusiva quer um sistema igualitário onde todos
tenham seus direitos assegurados; uma educação sem
discriminação.
A segregação vem sendo praticada há séculos, quebrar este
paradigma requer atitudes e posturas de comprometimento por
parte das instituições de ensino e dos profissionais da educação, a
fim de que os alunos que precisam ser atendidos não se sintam
apenas como mais um e sim como um, único em suas
necessidades, com seu modo de agir e pensar exclusivo.
O objetivo de se ter escolas inclusivas onde todos estejam
inseridos e tenham amigos e onde sejam utilizados programas de
apoios educacioanis adequados, é importante demais e merece
que enfrentemos todos os desafios.
Inclusão é, primordialmente, uma questão de ética e
cidadania.
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BIBLIOGRAFIA
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inclusão. Que faço agora? Rio de Janeiro:Wak Editora, 2011.
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PÁTIO, Revista, Ano VI-Setembro/Novembro 2014-P.10:Inclusão
na escola das diferenças
39
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Artes Médicas, 1999
SAMPAIO, Simaia. Dificuldades de aprendizagem: a
psicopedagogia na relação sujeito,família e escola.Rio de
Janeiro:Wak Ed.,2009
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTOS 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I 11
CAPÍTULO II 20
CAPÍTULO III 28
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA 38
ÍNDICE 39
41
AVALIAÇÃO 42
42
AVALIAÇÃO