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LABORATÓRIO CONTÁBIL: O USO DESSA ESTRATÉGIA DE ENSINO CONTRIBUIU PARA MINHA APRENDIZAGEM PRÁTICA? Geovane Camilo dos Santos Especialista em Planejamento e Gestão Tributária Universidade Federal de Uberlândia/Pontifícia Universidade Católica de Goiás Av. João Naves de Ávila, 2121, Bairro Santa Mônica, Uberlândia (MG), CEP: 38400-902/Av. Universitária, 1440, Bairro Setor Universitário, Goiânia(GO), 74605-010, [email protected] Marli Auxiliadora da Silva Doutora em Educação e Mestre em Contabilidade e Controladoria Universidade Federal de Uberlândia Rua Vinte, nº 1.600, Bairro Tupã, Ituiutaba (MG), CEP: 38304-042, [email protected] Derley Júnior Miranda Silva Graduado em Ciências Contábeis Av. João Naves de Ávila, 2121, Bairro Santa Mônica, Uberlândia (MG), CEP: 38400-902, [email protected] RESUMO Investigou-se, neste estudo, a opinião de egressos do curso de Ciências Contábeis quanto à contribuição da estratégia de ensino em laboratório no processo de ensino-aprendizagem prático, para integralização do componente curricular Laboratório Contábil, em uma instituição de ensino superior (IES) pública federal do interior de Minas Gerais. O estudo exploratório usou, após análise documental no projeto pedagógico, ficha da disciplina e plano de ensino, a técnica do discurso do sujeito coletivo (DSC) para análise qualitativa das entrevistas realizadas com os egressos da referida instituição. Os resultados apontam que os discentes ao cursarem o componente curricular utilizam um software contábil, que já está parametrizado, não permitindo aos estudantes esse aprendizado, embora esta prática seja prevista como conteúdo curricular. O discurso coletivo relata ausência de prática relativa à elaboração e manuseio de diversos documentos fiscais, o que resulta em desconhecimento quanto ao cumprimento de várias obrigações ou normas legais. Com relação à elaboração das demonstrações financeiras, os discentes confeccionam apenas o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Os controles financeiros e de custos, exigidos no contexto real das empresas, são realizados em uma planilha do Excel, porém, os alunos não fazem todos os controles financeiros, além de não aprenderem a formar preço de venda, por exemplo. Os egressos, apesar de concordarem sobre a contribuição do componente curricular para sua formação ainda sentem uma carência quanto à aprendizagem prática experiencial, oportunizada pelo estágio supervisionado integralizado na forma de componente curricular. Palavras-chave: Processo ensino-aprendizagem; Aprendizagem prática; Estratégias de ensino; Laboratório contábil. Área Temática: Educação e Pesquisa em Contabilidade (EPC).

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  • LABORATÓRIO CONTÁBIL: O USO DESSA ESTRATÉGIA DE ENSINO

    CONTRIBUIU PARA MINHA APRENDIZAGEM PRÁTICA?

    Geovane Camilo dos Santos

    Especialista em Planejamento e Gestão Tributária

    Universidade Federal de Uberlândia/Pontifícia Universidade Católica de Goiás

    Av. João Naves de Ávila, 2121, Bairro Santa Mônica, Uberlândia (MG), CEP: 38400-902/Av.

    Universitária, 1440, Bairro Setor Universitário, Goiânia(GO), 74605-010,

    [email protected]

    Marli Auxiliadora da Silva

    Doutora em Educação e Mestre em Contabilidade e Controladoria

    Universidade Federal de Uberlândia

    Rua Vinte, nº 1.600, Bairro Tupã, Ituiutaba (MG), CEP: 38304-042, [email protected]

    Derley Júnior Miranda Silva

    Graduado em Ciências Contábeis

    Av. João Naves de Ávila, 2121, Bairro Santa Mônica, Uberlândia (MG), CEP: 38400-902,

    [email protected]

    RESUMO

    Investigou-se, neste estudo, a opinião de egressos do curso de Ciências Contábeis quanto à

    contribuição da estratégia de ensino em laboratório no processo de ensino-aprendizagem

    prático, para integralização do componente curricular Laboratório Contábil, em uma

    instituição de ensino superior (IES) pública federal do interior de Minas Gerais. O estudo

    exploratório usou, após análise documental no projeto pedagógico, ficha da disciplina e plano

    de ensino, a técnica do discurso do sujeito coletivo (DSC) para análise qualitativa das

    entrevistas realizadas com os egressos da referida instituição. Os resultados apontam que os

    discentes ao cursarem o componente curricular utilizam um software contábil, que já está

    parametrizado, não permitindo aos estudantes esse aprendizado, embora esta prática seja

    prevista como conteúdo curricular. O discurso coletivo relata ausência de prática relativa à

    elaboração e manuseio de diversos documentos fiscais, o que resulta em desconhecimento

    quanto ao cumprimento de várias obrigações ou normas legais. Com relação à elaboração das

    demonstrações financeiras, os discentes confeccionam apenas o Balanço Patrimonial e a

    Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Os controles financeiros e de custos,

    exigidos no contexto real das empresas, são realizados em uma planilha do Excel, porém, os

    alunos não fazem todos os controles financeiros, além de não aprenderem a formar preço de

    venda, por exemplo. Os egressos, apesar de concordarem sobre a contribuição do componente

    curricular para sua formação ainda sentem uma carência quanto à aprendizagem prática

    experiencial, oportunizada pelo estágio supervisionado integralizado na forma de componente

    curricular.

    Palavras-chave: Processo ensino-aprendizagem; Aprendizagem prática; Estratégias de

    ensino; Laboratório contábil.

    Área Temática: Educação e Pesquisa em Contabilidade (EPC).

    mailto:[email protected]

  • 1 INTRODUÇÃO

    A estratégia esteve, historicamente, vinculada à arte militar no planejamento das ações

    a serem executadas no período de guerras e, nos dias atuais, é um vocábulo largamente

    utilizado no ambiente empresarial (Petrucci & Batiston, 2006). No campo educacional a

    estratégia refere-se ao procedimento utilizado para a transmissão do conteúdo e, por isso, tais

    procedimentos são designados como métodos de ensino, métodos didáticos, técnicas

    pedagógicas, técnicas de ensino, atividades de ensino e outras (Gil, 1999a). Para facilitar a

    aprendizagem dos alunos, o professor se vale de estratégias, utilizando os meios disponíveis a

    fim de atingir os objetivos educacionais de conteúdos curriculares diversos. (Cunha, 1988;

    Oliskovicz & Dal Piva, 2012).

    Mazzioni (2013) explica que o uso de estratégias de ensino refere-se aos meios

    utilizados pelos docentes na articulação do processo de ensino, de acordo com cada atividade

    e os resultados esperados. Martins (2011) complementa que as estratégias buscam facilitar o

    alcance dos objetivos, sendo relevante que os sujeitos da aprendizagem – alunos e professores

    tenham claros quais são esses objetivos, visto que as aulas podem ocorrer, de acordo com

    Beppu (1984), CNE (2004a), Morais Júnior e Araújo (2009), Moreira (2013) em dois

    contextos: prático e teórico e diferentes estratégias podem ser usadas em cada tipologia.

    Em relação ao ensino prático a estratégia de ensino em laboratório visa à eficiência na

    aprendizagem vinculada ao conteúdo já ministrado (Masetto, 2003). As aulas práticas são

    consideradas uma estratégia que “consiste em mostrar aos alunos o lado prático da disciplina,

    e [...] uma das formas sugeridas é uma parte do curso ser desenvolvida no laboratório

    contábil, utilizando processo eletrônico. Toda disciplina contábil poderá ser alvo de

    laboratório” (Marion, Garcia & Cordeiro, 1999, p. 31). Nas Diretrizes Curriculares Nacionais

    (DCNs), como proposta de uma formação que contemple os aspectos específicos da atuação

    profissional, é prevista a inserção da prática por meio da frequência à laboratórios contábeis

    e/ou escritórios modelos, geralmente nos anos finais do curso, quando os alunos poderão

    praticar os conhecimentos teóricos (CNE, 2004a).

    A dosagem equilibrada de atividades de ensino aplicada em ambientes de sala de aula

    e laboratórios constitui bom aprendizado para alunos (Marion, 2001) e facilitarão não só o

    processo ensino-aprendizagem, mas o desempenho dos egressos de cursos de Ciências

    Contábeis quando de sua inserção no mercado, de forma que não sejam surpreendidos pela

    constatação de limitações no desempenho de funções, percebendo-se inaptos de competências

    para o exercício profissional. Essa visão é corroborada por Rocha (2007, p. 27) ao citar que

    “laboratório também é ambiente comum de aprendizagem, em que ocorre a experiência ou

    vivência por meio de atividades práticas de alguns ramos do conhecimento [...]”.

    Diante da necessidade do aprendizado prático do aspirante a contador, e tendo como

    hipótese de que para que o aprendizado prático nesta estratégia de ensino é necessário o

    aprendizado teórico, esta pesquisa se ancora na Teoria da Assimilação de Ausubel ou teoria

    da aprendizagem significativa. Em conformidade com Ausubel (2002) o aprendizado irá

    ocorrer de forma significativa, ao constatar uma estrutura cognitiva, em que a pessoa possua

    conceitos base com os quais ideias novas possam ser relacionadas.

    Santos (2003) afirma que uma das formas de proporcionar a prática no curso de

    Ciências Contábeis, é mediante o Laboratório Contábil, assim, no contexto do uso da

    estratégia de ensino em laboratório e, de forma específica da disciplina de Laboratório

    Contábil, ofertada como componente curricular. A disciplina, comumente ofertada ao final do

    curso, aborda conteúdos curriculares apresentados e discutidos nos períodos antecedentes.

    Assim, quando da apresentação de conteúdos ‘novos’, o aluno estará apto a assimilá-lo devido

    à sua “bagagem intelectual”. (Ausubel, Starger & Gaite, 1968; Ausubel, 2002).

  • Embora o componente curricular seja ofertado nos períodos finais do curso e vise à

    aprendizagem prática, não há consenso sobre qual a forma mais eficaz para sua integralização

    - se em contexto real de trabalho, em empresas, ou como componente curricular, na própria

    instituição de ensino (Jacomossi, 2015), embora em contexto brasileiro, as DCNs orientem

    que esta seja ofertada por meio de componente curricular específico. Acredita-se, por isso,

    que os resultados deste estudo trarão novas contribuições às discussões.

    Estudos que investigaram a opinião de discentes sobre a metodologia usada para a

    realização da aprendizagem prática (Lousada & Martins, 2005; Rocha, 2007; Nassar, Al-

    Khadash & Mah’d 2013) concluíram que, mesmo sua oferta como componente curricular, os

    alunos sentem falta da experiência prática durante o período da graduação. A prática contábil

    proporcionada aos alunos, para Santos (2003), tem sido um dos problemas recorrentes e

    discutidos em diversos periódicos nacionais e internacionais, em congressos e encontros

    especializados na área. Quanto aos laboratórios contábeis esta não é considerada os como o

    tipo de aula mais eficaz por não desenvolverem as habilidades esperadas dos profissionais de

    contabilidade (Mazzioni, 2013).

    Diante do exposto, objetivo geral é investigar a opinião de egressos do curso de

    Ciências Contábeis quanto à contribuição da estratégia de ensino em laboratório no processo

    de ensino-aprendizagem prático, para integralização do componente curricular Laboratório

    Contábil, em uma instituição de ensino superior (IES) pública federal do interior de Minas

    Gerais. Buscou-se responder à questão: qual a opinião dos egressos do curso de Ciências

    Contábeis de uma IES pública federal localizada no Triângulo Mineiro quanto à contribuição

    da estratégia ensino em laboratório para integralização do componente curricular Laboratório

    Contábil, no processo de ensino-aprendizagem prático de contabilidade?

    As avaliações de corte qualitativo tem uma dimensão claramente simbólica (Lefreve,

    Crestana & Cornetta, 2003) e são recomendadas, explicam as autoras retro mencionadas,

    quando se pretende avaliar, por exemplo, como alunos se sentem e descrevem sua experiência

    com diferentes aspectos de um curso.

    Diante do exposto, considera-se que pesquisas cujas temáticas abordam o processo de

    ensino-aprendizagem são relevantes, pois resultam em discussões que, no curto ou longo

    prazo, podem provocar mudanças ou intervenções no processo, no sentido de ajustá-lo ou

    melhorá-lo. Existem várias maneiras de se ensinar: métodos tradicionais e inovadores que se

    bem aplicados podem fazer diferença na formação profissional (Marion et al, 1999). Nesse

    sentido, o estudo se justifica, por discutir sobre a utilização de uma estratégia no ensino da

    contabilidade que vai além das teorias e que busca proporcionar ao discente o conhecimento

    prático necessário à profissionalidade.

    Em relação à forma como os egressos descrevem a estratégia ensino em laboratório e o

    componente curricular Laboratório Contábil e, por conseguinte o que pensam acerca dos

    conhecimentos adquiridos – cuja hipótese é de que sejam minimamente suficientes para o

    exercício profissional -, os achados deste estudo trarão novas contribuições às discussões e

    poderão resultar em indicações, em sugestões, para aprimorar o currículo do curso, refletindo,

    no aperfeiçoamento da estratégia ensino em laboratório.

    O estudo encontra-se estruturado em quatro seções, além desta introdução. Na segunda

    seção expõe-se o referencial teórico. Na terceira e quarta seções apresentam-se os

    procedimentos metodológicos e a análise e discussão dos resultados, respectivamente e, por

    fim, sintetizam-se as considerações finais do estudo.

  • 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

    2.1 Breve contextualização da legislação atinente ao ensino de contabilidade

    No Brasil, os cursos técnicos foram os precursores do ensino superior em

    contabilidade (Bernardo, Nascimento & Nazareth, 2010), surgindo da necessidade de uma

    maior regulamentação no mercado do país, devido ao fato de que a partir da década de 1930 o

    processo de industrialização e a formação de maiores empresas cresciam em larga escala. À

    época, as disciplinas com caráter técnico na área contábil do ensino comercial ficavam

    restritas à utilização do escritório modelo (Rocha, 2007). Apesar de ser início da década de

    1930, Rocha (2007) explica que havia uma preocupação de proporcionar, mediante o ensino,

    a prática profissional, com o uso do escritório modelo, sendo este um ambiente apropriado

    para o desenvolvimento de atividades práticas, e que atendia a necessidade dos cursos.

    De forma lenta e gradual, os cursos superiores de contabilidade foram criados como

    em 1931, quando tiveram início os cursos técnicos de Atuária e Perito Contador, ou ainda em

    1945, quando na Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade de

    São Paulo (FCEA/USP) foi criado o curso de Ciências Contábeis e Atuariais (Bonini &

    Martins, 1981). Moraes Júnior & Araújo (2009) e Passos (2004) possuem percepções

    semelhantes ao afirmarem que o ensino superior de Contabilidade no Brasil, iniciou-se no ano

    de 1945, com foco no aprendizado técnico, para a escrituração dos livros contábeis.

    Com a criação dos novos cursos, mudanças quanto à interpretação do ensino da

    contabilidade, também foram feitas. Destacam-se as discussões sobre a necessidade de fazer

    aplicações das teorias vistas no campo pragmático por meio da oferta de disciplinas com parte

    da carga horária exclusivamente prática, como os casos desenvolvidos nos laboratórios de

    contabilidade (Ribeiro, 2009). Ao longo dos anos a legislação relativa ao ensino de

    contabilidade evidencia referências à prática necessária para a formação do perfil profissional

    do contador, como exposto no Quadro 1.

    Quadro 1 – Formação do perfil profissional do contador conforme legislações Legislação Descrição

    Decreto nº

    17.329/1926

    Aprovou o regulamento para os estabelecimentos de ensinos técnicos comerciais reconhecidos

    oficialmente pelo Governo Federal, mencionando no artigo 7º que o ensino seria

    principalmente prático.

    Decreto nº

    20.158/1931

    Organizou o ensino comercial regulamentando a profissão de contador. Estabelece, no Artigo

    30, que os estabelecimentos de ensino comercial deveriam possuir instalações de escritório

    modelo para execução dos respectivos exercícios, observações, experiências e escriturações, de

    acordo com finalidade de cada curso.

    Parecer CNE

    n° 776/1997

    Oferece informações sobre as diretrizes curriculares dos cursos de graduação e cita no item 7 a

    necessidade de fortalecer a articulação da teoria com a prática.

    Parecer CNE

    nº 67/2003

    Manteve como princípio o fortalecimento da articulação da teoria com a prática, valorizando a

    pesquisa individual e coletiva, assim como os estágios e a participação em atividades de

    extensão, as quais poderão ser incluídas como parte da carga horária.

    Parecer CNE

    nº 289/2003*

    destaca que na elaboração dos projetos pedagógicos dos cursos de Ciências Contábeis deve

    prevalecer como elemento estrutural os modos de integração entre teoria e prática.

    Resolução

    CNE/CES nº

    10/2004

    Atualmente em vigência, evidencia que os cursos de graduação em Ciências Contábeis devem

    ensejar condições para que o futuro contador integre a teoria e a prática.

    * O Parecer CNE nº 289/2003 foi alterado pelo Parecer CNE nº 269/2004.

    Fonte: Adaptado de Brasil (1926; 1931); CNE (1997; 2003a; 2003b; 2004a; 2004b).

    A legislação educacional brasileira, aplicável ao curso de Ciências Contábeis, tem

    promovido alterações necessárias para acompanhar as transformações ocorridas no mundo

    globalizado (Bernardo et al, 2010), e em linha com essas alterações o processo de ensino-

  • aprendizagem deve ser articulado de forma que as estratégias de ensino possam integrar a

    teoria a prática, de forma a desenvolver competências técnicas, habilidades profissionais e

    atitudes éticas.

    2.2 A aprendizagem prática no contexto do processo ensino-aprendizagem contábil

    O ensino consiste na resposta planejada às exigências naturais do processo de

    aprendizagem e, segundo Santos (2001) há distinção e indissociabilidade destes termos, pois

    ao discorrer sobre o processo de ensino, naturalmente, remete-se ao processo de

    aprendizagem. Sob essa perspectiva Pimenta e Anastasiou (2008, p. 205) argumentam que

    “este processo reside de uma prática social, efetivada pela interação entre os sujeitos, alunos e

    professor, tanto na ação de ensinar quanto na de aprender”.

    Ferreira e Frota (2002) discorrem sobre esse processo expondo que para que o ensino

    seja um ato de conhecimento, é necessário existir entre educador e educando uma relação

    dinâmica de autêntico diálogo mediatizado pelo objeto a ser conhecido. Os autores explicam

    que “aprender é um ato de conhecimento da realidade concreta, isto é, de uma situação real

    vivida pelo educando, e só tem sentido se resulta de uma aproximação crítica dessa

    realidade”. (Ferreira & Frota, 2002, p. 7). Bordenave e Pereira (2004) contribuem às

    discussões, ao explicarem que o ensino pode ser considerado como um processo deliberado

    para facilitar que as pessoas aprendam e cresçam intelectual e moralmente, dando-lhes

    situações planejadas de modo que os aprendizes vivam experiências para que se produzam

    neles as modificações desejadas.

    Quanto ao contexto do processo de ensino-aprendizagem, Behling, Rebelo, Kraemer,

    Goede (2005) mencionam que esse processo deve ser idealizado e planejado, sendo

    indispensável que seja efetivado mediante o desenvolvimento das competências e habilidades

    tanto dos professores quanto dos alunos, visto que se o aluno é o sujeito do processo, o

    professor é o agente facilitador da aprendizagem (Ghedin, 2012). Nesse processo, vários são

    os fatores que interferem nos resultados esperados: as condições estruturais da instituição de

    ensino, as condições de trabalho dos docentes, as condições sociais dos alunos e os recursos

    disponíveis (Mazzioni, 2013). Fatores adicionais como a legislação influenciam esse

    processo, em especial no ensino superior. Também influenciam o processo de ensino-

    aprendizagem as estratégias ou métodos de ensino utilizados.

    Para a formação do contador conforme previsto pela Lei nº 9.394/96 vários métodos

    de ensino precisam ser utilizados (Brasil, 1996). Os métodos estão inseridos dentro das

    estratégias de ensino e constituem-se em meios utilizados pelos docentes na articulação do

    processo de ensino, de acordo com cada atividade e os resultados esperados (Mazzioni, 2013).

    Nos cursos de Ciências Contábeis são previstas aulas práticas como aquelas ministradas em

    laboratórios de ensino ou escritórios modelos como uma das formas de realizar a integração

    entre teoria e prática.

    A estratégia do ensino em laboratório visa à eficiência na aprendizagem ao vincular a

    prática com o conteúdo já ministrado (Masetto, 2003). “Os aspectos teóricos nunca estarão

    dispensados, mas será mais interessante e motivador tratá-los e aprendê-los de forma

    integrada com a realidade profissional do que apenas subjetivamente” (Masetto, 2003, p.

    130). A estratégia de laboratório é adequada para o objetivo de “aprender fazendo e

    resolvendo problemas com intervenção de recursos humanos competentes [...]” (Bordenave &

    Pereira, 2004, p. 152). Rocha (2007, p. 73) complementa que o ensino em laboratório é

    “perfeitamente aplicável como uma técnica ao ensino de contabilidade, pois proporciona que

    o aluno esteja diante de uma situação prática da área contábil”.

    Na área contábil, desde o estágio inicial dos cursos técnicos, já se constatava o uso dos

    escritórios modelos a fim de aliar a teoria à aprendizagem prática (Bonini & Martins, 1981).

  • Essa prática foi estendida ao ensino superior (CNE, 2004a) mediante a utilização de

    laboratório de contabilidade ou escritório modelo para que os alunos do curso de Ciências

    Contábeis pudessem compreender na prática o que foi ensinado na teoria (Marion, 2001). As

    atividades desenvolvidas na forma de laboratório, utilizando processo eletrônico, é uma forma

    de dirimir a distância entre a academia e mercado de trabalho, permitindo aos alunos conhecer

    um pouco da prática da profissão contábil (Rocha, 2007).

    Componentes curriculares podem, legalmente, serem desenvolvidos em laboratórios

    como previsto pela Resolução CNE/CES n°10/2004, no Artigo 5°, inciso III, que determina a

    prática em laboratório de informática utilizando softwares atualizados para contabilidade.

    (CNE, 2004a). Entretanto, embora relevante como estratégia de ensino, por vezes, percebe-se

    deficiência no uso de estratégias de ensino que privilegiem atividades práticas em laboratórios

    ocasionadas por inexistência ou precariedade de instalações físicas e equipamentos nesse

    ambiente de ensino-aprendizagem ou ainda por falta de professores adequadamente

    preparados (Meneghini, 1996; Silva, 2001; Rocha & Côrtes, 2009).

    Pesquisadores como Rocha e Côrtes (2009) que investigaram as contribuições do

    ensino-aprendizagem do curso de Ciências Contábeis, mediante a disciplina de Laboratório de

    Contabilidade concluíram que coordenadores de curso veem que a disciplina é importante

    para a integração da teoria e da prática, sendo uma estratégia que favorece o aprendizado

    prático, pois reflete a realidade das empresas, o que permite a união da formação acadêmica

    com as atividades profissionais. Como contraponto, na percepção de alunos os laboratórios

    contábeis não são considerados como o tipo de aula mais eficaz e, ainda, não desenvolvem as

    habilidades esperadas dos profissionais de contabilidade (Mazzioni, 2013).

    Também Jacomossi (2015), ao investigar a aplicação de normas internacionais de

    educação contábil ao contexto brasileiro, tece considerações interessantes sobre a

    aprendizagem prática, que no Brasil, é desenvolvida em laboratórios de ensino: para

    coordenadores de curso, docentes, discentes e profissionais liberais a experiência prática

    deveria ser obtida, de forma obrigatória, em contextos reais, mediante os estágios realizados

    em empresas idôneas, que possibilitassem condições suficientes para auxiliarem as

    instituições de ensino superior nesse processo e, não nas instituições de ensino, por meio de

    componente curricular, em situações simuladas.

    3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

    A presente pesquisa com abordagem qualitativa é exploratória quanto aos objetivos,

    visto que buscou investigar, para discutir em profundidade, a opinião de egressos do curso de

    Ciências Contábeis quanto à contribuição da estratégia de ensino em laboratório no processo

    de ensino-aprendizagem prático, para integralização do componente curricular Laboratório

    Contábil, em uma IES pública federal do interior de Minas Gerais.

    Os dados qualitativos de natureza verbal, obtidos por meio de entrevista

    semiestruturada, foram organizados e tabulados utilizando-se a técnica do Discurso de

    Sujeito Coletivo (DSC). Lefreve, Lefreve & Teixeira (2000) explicam que a técnica consiste

    na apresentação dos resultados sob a forma de um ou vários discursos-síntese, escritos na

    primeira pessoa do singular, a fim de expressar a opinião de uma coletividade, como se esta

    fosse o emissor de um discurso.

    Na técnica do DSC são selecionadas as expressões-chave de cada resposta individual

    a uma questão, que correspondem aos trechos mais significativos das respostas,

    correspondendo a ideias centrais que são a síntese do conteúdo discursivo. “Com o material

    das expressões chave das ideias centrais constroem-se discursos-síntese, na primeira pessoa

    do singular, que são os DSCs, onde o pensamento do grupo ou coletividade aparece como se

    fosse um discurso individual”. (Lefreve, Crestana & Cornetta, 2003, p. 70).

  • A entrevista constituiu-se em um roteiro visto que inicialmente coletaram-se

    informações relativas ao perfil sociodemográfico do egresso e, na sequência, questões abertas

    sondaram sua opinião em relação à estratégia de laboratório, usada integralmente para a

    integralização do componente curricular Laboratório Contábil, onde a aprendizagem prática e

    experiencial é realizada. A questão selecionada para a construção do discurso-síntese foi: O

    modo como o componente curricular Laboratório Contábil é ministrado contribuiu, a

    seu ver, para sua aprendizagem experiencial? Fale um pouco sobre isso.

    Responderam a este questionamento e aos demais, egressos da instituição de ensino

    superior pesquisada. Para composição da amostra solicitou-se a listagem com os nomes de

    todos os concluintes à coordenação do curso de Ciências Contábeis. O recorte temporal, para

    seleção dos participantes da pesquisa, considerou o período a partir de 2011, visto que o

    Projeto Político Pedagógico (PPC), na IES, foi reestruturado em 2007, sendo a primeira turma

    concluinte em 2011. No período de 2011 a 2016, concluiu o componente curricular o total de

    477 discentes. Destes 357 são egressos do curso noturno e 120 do curso integral

    representando assim a população da pesquisa.

    A amostragem, probabilística e intencional, foi sorteada mediante o uso do software

    BioEstat 5.3, utilizando-se a função aleatório sem reposição. Em cada semestre letivo sorteou-

    se três egressos e, após conhecer seus nomes, nova solicitação foi encaminhada à coordenação

    do curso para acesso ao contato de e-mail, telefone e endereço destes egressos e posterior

    convite à participação na entrevista. Ressalta-se que nesse primeiro momento foram

    escolhidos aleatoriamente 48 respondentes.

    Esse número de participantes sorteados no primeiro momento foi reduzido mais uma

    vez, pois no momento do contato telefônico e convite à participação fazia-se uma pergunta

    “filtro” visando saber se a pessoa já havia trabalhado ou estava trabalhando na área de

    Contabilidade. A pergunta era formulada tendo em vista que o objetivo era a análise do DSC a

    respeito da contribuição do componente curricular para a aprendizagem profissional. Caso a

    resposta fosse negativa o egresso era retirado da amostra. Em decorrência da quantidade de

    pessoas que aceitaram participar da pesquisa e/ou não atendiam ao requisito filtro, a amostra

    ficou reduzida a sete pessoas. Assim, realizou-se uma nova amostragem, não probabilística e

    por conveniência, com pessoas conhecidas pelos pesquisadores e que atendiam às exigências

    metodológicas propostas. Ao final a amostra totalizou 12 (doze) egressos.

    4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

    Apresenta-se, inicialmente, o perfil descritivo dos respondentes que em sua maioria

    (61,5%) são do sexo feminino (Quadro 2). Para preservar a confidencialidade de suas

    identidades os entrevistados estão elencados por números.

  • Quadro 2 – Perfil dos respondentes Entrevistado Conclusão Situação ao cursar a disciplina Situação atual

    N Sexo (semestre/ano) Trabalhava? Qual a área? Trabalha? Qual a área?

    Entrevistado 1 F 1/2016 Sim Analista

    financeiro/contábil Sim

    Analista

    Contábil

    Entrevistado 2 M 1/2015 Sim Estagiário Sim Assistente

    contábil

    Entrevistado 3 F 1/2013 Não Não se aplica Sim Professora

    Adjunta

    Entrevistado 4 M 2/2016 Não Não se aplica Não Não se aplica

    Entrevistado 5 F 2/2016 Sim Assistente Contábil Sim Assistente

    Contábil

    Entrevistado 6 M 2/2014 Sim Assistente Contábil Sim Suporte Fiscal

    Entrevistado 7 M 2/2012 Sim Iniciação Científica Sim Professor

    Substituto

    Entrevistado 8 F 2/2012 Sim Assistente Fiscal Não Não se aplica

    Entrevistado 9 F 1/2016 Sim Estagiária Sim Assistente Fiscal

    Entrevistado 10 F 2/2016 Sim Estagiária Sim Analista de

    crédito

    Entrevistado 11 M 2/2016 Sim Gerente Sim Gerente

    Entrevistado 12 F 1/2012 Sim Assistente Contábil Sim Contadora

    Entrevistado 13 F 2/2015 Não Não se Aplica Sim Assistente

    Contábil e Fiscal

    Fonte: Dados da pesquisa.

    Como diversos egressos sorteados não atenderem aos requisitos apresentados como

    condição para participar da pesquisa, não se observa, no Quadro 2, respondentes do ano de

    2011. Verifica-se que 76,9% dos entrevistados quando realizaram a disciplina de Laboratório

    Contábil estavam trabalhando, e a maior parte na área contábil e fiscal, ou seja, ao cursar o

    componente curricular, os egressos já possuíam algum conhecimento contábil prático.

    Quando da realização da entrevista, em dezembro de 2016, apenas dois respondentes não

    estavam trabalhando. Outra observação apresentada no Quadro 2 confirma que os dez

    egressos que trabalham estão atuando em sua área de formação, com predominância de

    analistas/assistente contábeis e fiscais, professores e contadores.

    Os resultados qualitativos apresentados, na sequência sob a forma de DSCs, foram

    construídos com base nos discursos considerados mais significativos e ancoram-se nas

    expressões-chave dos depoimentos. São as seguintes as ideias centrais:

    1 – A estratégia de ensino em laboratório, na integralização do componente curricular

    Laboratório Contábil, atende parcialmente à orientação de se utilizar softwares contábeis.

    2 – A estratégia de ensino não reflete o contexto real de trabalho, pois quando as turmas são

    grandes, a prática é realizada em duplas e não é isso que ocorre nos escritórios e empresas.

    3 – A estratégia possibilita, ainda que de forma superficial a interface entre teoria e prática.

    4 – O conhecimento acumulado em períodos anteriores (Teoria da Assimilação de Ausubel)

    foi destacado, mas acaba-se ‘esquecendo muitas informações’ porque a prática não é contínua

    ao longo do curso e ‘na disciplina tudo é visto (revisto/praticado) de forma muito rápida’.

    5 – O conteúdo do componente curricular ‘é superficial’ e, não desenvolve como deveria, as

    habilidades profissionais de um contador.

    6 – Aspectos negativos que devem ser revistos.

    7 – Sugestões para melhorias.

  • A discussão apresentada a seguir, atendendo à metodologia do DSC é apresentada

    como um discurso-síntese, na primeira pessoa do singular, onde o pensamento do grupo ou

    coletividade aparece como se fosse um discurso individual.

    DSC 1 – A estratégia de ensino em laboratório, na integralização do componente

    curricular Laboratório Contábil, atende parcialmente à orientação de se utilizar

    softwares contábeis

    O software utilizado não é atualizado e é quase off-line, pois não há integração entre

    as áreas contábil, fiscal e pessoal, por exemplo. O sistema já é parametrizado e isso é ponto

    negativo nessa estratégia de ensino, pois os alunos não têm oportunidade de fazer os cadastros

    dos empresários, da empresa, dos sócios, e vários outros, uma vez que na prática eles terão

    que tomar essa atitude, e acaba que no período que deveriam ter aprendido eles não nos foi

    dada essa oportunidade.

    O aluno deve aprender a utilização de um software desde a sua parametrização, pois

    quando for trabalhar em contextos práticos, ele precisa saber realizar essa atividade, para

    facilitar o desenvolvimento de suas rotinas e o cadastro de informações novas – tipo códigos

    de municípios, fornecedores, clientes, produtos etc.

    DSC 2 – A estratégia de ensino não reflete o contexto real de trabalho, pois quando as

    turmas são grandes, a prática é realizada em duplas e não é isso que ocorre nos

    escritórios e empresas

    As aulas práticas no laboratório são realizadas em duplas e sempre tem um que

    entende mais, é claro que você vai deixar ele tomar a frente, você não vai ‘ferrar com o cara’,

    com a nota dele. Não dá tempo de você aprender tudo.

    Outro ponto destacado é que o rendimento é maior, quando as aulas são realizadas de

    forma individual, pois não é preciso ficar esperando o colega que apresenta maior grau de

    dificuldade na realização das tarefas.

    DSC 3 – A estratégia possibilita, ainda que de forma superficial a interface entre teoria e

    prática

    Bom seria se os alunos tivessem uma vivência de como que as empresas trabalham

    hoje em dia, por que como nós fazemos na faculdade nós vimos tudo manual, lançamento em

    razonete, balanço, contabilização tudo manual: a gente não tinha nenhum tipo de visão de

    programa que já te dá o balanço pronto, uma DRE pronta e detalhada. Então no Laboratório

    Contábil, a gente jogava os lançamentos lá e no final já tinha tudo pronto, então assim era

    mais para que o aluno conhecesse mesmo como funciona na realidade.

    As atividades desenvolvidas no Laboratório Contábil I e II consistiam em realizar uma

    contabilização de uma indústria de confecção, cuja empresa era a mesma para os dois

    períodos, com a realização das transações do mês de março e no segundo de abril. A empresa

    já estava aberta e não aprendemos o passo a passo da abertura de uma empresa durante essa

    disciplina, tanto na forma legal, com todos os documentos necessários quanto na forma de

    lançamento no sistema. Eu acho isso uma coisa muito importante hoje em dia, pois a gente vai

    trabalhar e isso é o que a gente vê nas empresas, eu acharia também importante incluir na

    disciplina essa parte de abertura de empresas, entrar no site da JUCEMG e verificar como é a

    abertura de uma empresa, por que a gente teve essa disciplina apenas na teoria, acharia

    interessante incluir no início disciplina essa prática.

    A empresa era do regime Lucro Real e até fazíamos as apurações dos tributos, mas os

    cálculos eram superficiais. Para a folha de pagamento, não usávamos o sistema folha, pois os

    cálculos eram realizados num arquivo do Excel e posteriormente os lançamentos contábeis

  • eram realizados no software. Cálculos adicionais de insalubridade e periculosidade etc., nunca

    fizemos. As obrigações acessórias, como a entrega de declarações, nunca fizemos nenhuma,

    nenhuma declaração acessória, nenhuma.

    No departamento fiscal, o professor simulava a emissão de uma nota fiscal, porém

    esse processo ocorria num arquivo do Excel, em que o modelo já era fornecido aos alunos, e

    os mesmos tinham que fazer o preenchimento para chegar-se aos valores dos tributos, valores

    da venda, etc. “Ele (professor) tinha uma planilha, e nessa planilha tinha como se fosse

    modelo, aí a gente teve que preencher. A empresa vai vender tal coisa, aí a gente observava

    quantas unidades, a gente tinha que chegar nos custos, nos preços, aí a gente fazia a nota

    fiscal, mas lá na planilha do Excel .... propriamente a nota fiscal não”.

    4 – O conhecimento acumulado em períodos anteriores (Teoria da Assimilação de

    Ausubel) foi destacado, mas acaba-se ‘esquecendo muitas informações’ porque a prática

    não é contínua ao longo do curso e ‘na disciplina tudo é visto (revisto/praticado) de

    forma muito rápida’

    O início da disciplina de Laboratório Contábil é ruim porque, por mais que a gente

    tenha assimilado o conteúdo das disciplinas teóricas, após 2, 3 anos a lembrança já não é a

    mesma, e acaba que se esquece de muita coisa durante as aulas. Entretanto, o professor exige

    um seminário, no Laboratório I, abordando praticamente todos os temas que serão trabalhados

    na disciplina, e isso eu achei bastante interessante, por que lá na frente quando você esquecia

    como fazer alguma coisa, você não precisava ir lá na internet e procurar a informação, você

    voltava lá no grupo e tinha uma informação mais fidedigna do assunto que você precisava.

    O aluno vai acumulando conhecimento, acumulando conhecimento e depois de quatro

    anos você não lembra mais de um detalhe muito específico que viu em custos, ou uma coisa

    muito específica que viu em introdutória ou intermediária, aí você não trabalha com aquilo e

    você vai esquecendo e aí deixa para fazer a prática toda lá no final. E às vezes um pouco das

    dificuldades é a falta de prática que você tem durante o curso. O laboratório deveria ser

    realizado em períodos anteriores, pois o aluno acaba esquecendo o que já havia visto

    anteriormente.

    5 – O conteúdo do componente curricular ‘é superficial’ e, não desenvolve como deveria,

    as habilidades profissionais de um contador

    No máximo dá pra ser “um assistente, um auxiliar, para iniciar uma carreira de

    contador ela ajuda sim, mas você sair de lá e você falar que é um contador... Por que têm

    diversas outras atividades de um contador que não é exercida, como análise de balanço,

    análise da própria DRE, algumas coisas mais complexas da atividade operacional da empresa

    que a gente não estudava”.

    Não dá para dizer que saí preparado para atuação profissional, pois os sistemas são

    divergentes, sendo que a capacitação em mais de um sistema seria interessante. Se o discente

    conseguisse trabalhar com a realidade, o aprendizado seria maior, do que o estudante ficar

    resolvendo uma lista de exercício levada pelo professor. Se a gente trabalhasse com coisas

    reais, teria outro olhar em relação à realização daquela atividade. Eu acredito que a gente vê

    muita teoria, a gente vê muita teoria repetida e pouca prática... Porque se for ver prática

    mesmo é só Laboratório 1 e 2, num curso de 5 anos você ter duas disciplinas práticas é muito

    pouco. E fora que a nossa legislação muda constantemente, o que eu aprendi, eu terminei o

    curso agora em 2016, o que eu aprendi tenho certeza que muita coisa já mudou. Então assim,

    ter dois semestres só de prática, não te deixa preparado para ser um contador, de sair daqui

    para ir para um escritório.

  • 6 – Têm aspectos negativos que devem ser revistos

    As habilidades de liderança, de trabalho em grupo e comunicação não são

    desenvolvidas nessa aula não. Mesmo quando a gente trabalha em dupla cada um faz o que

    sabe, para não perder tempo, porque não dá para ficar ensinando como mexer no software

    para fazer as atividades. Lembro-me que no Laboratório I, um assumia o papel de líder na

    dupla e não havia discussões entre a dupla não gerando a habilidade de comunicação.

    Tem pontos negativos sim: foi tudo muito corrido, então você ia lá fazer um

    lançamento e ficava tudo muito automatizado e você não conseguia absorver o que era

    necessário. Eu saí de lá sabendo o que tinha que fazer naquela disciplina, mas se me pedisse

    aplica o que você aprendeu fora daqui, eu não saberia aplicar. [...] ficou muito automático,

    muito corrido nós nos sentimos meio pressionados a terminar a matéria. Então, não foi

    proveitoso não. Tudo era muito mecânico.

    Pode ser que a gente não aprenda muito, e por isso não desenvolva as competências

    técnicas e habilidades profissionais porque “como é superficial, tudo que é superficial fica

    pouco na cabeça e vai embora rápido: você não aprende; você não leva nada para o mercado

    de trabalho, a verdade é essa”. Mas isso acontece “por que foi muito pouco tempo, eu acho

    que essa disciplina deveria ter em todos os períodos... Acho que essa disciplina deveria ser

    colocada como uma interdisciplinar. Cada período o aluno aplica o que ele aprendeu em todas

    as outras disciplinas na sala, por que assim a pessoa vai criando prática desde o começo da

    faculdade”.

    7 – Sugestões de melhorias

    Deveria haver mais aplicabilidade de Laboratório Contábil como ocorre em outras

    disciplinas, tornando mais real, mas desde o começo do curso. O que aprendemos na

    disciplina para o mercado de trabalho é pouco, deixa a desejar em todas as outras disciplinas,

    por que a gente não tem vivência do que é real. Às vezes, se fosse, por exemplo, assim, se

    dividisse a carga horária, 80% é teórica, mas tem uns 20% dedicado para a prática... pelo

    menos uma por semestre... O curso está voltado para a área acadêmica, mas a maioria acaba

    indo para o mercado na área contábil.

    As aulas práticas deveriam ser realizadas por áreas. Por exemplo, se o aluno tem

    interesse de trabalhar com auditoria, ele deveria ter uma disciplina prática de auditoria. Essa

    aula é muito importante então deveria ser referência, referência, para os escritórios de

    contabilidade. Referência, tipo assim, se o cara fez laboratório na universidade, ele sai de lá

    com referência para trabalhar em qualquer lugar, mas tinha que ser referência, para o

    estudante sair da faculdade e já trabalhar em qualquer empresa.

    É preciso aumentar disciplinas práticas, aumentar carga horária e as aulas práticas

    serem aplicadas em todo o período. Seria essencial, por exemplo, a faculdade poderia ser

    segregada em várias outras matérias, podia ter um ano de trabalhista, desde a legislação

    trabalhista, assim calculando folha de pagamento, um ano de tributária até você ter vivência

    de um laboratório, até dois anos para você constituir uma empresa, demitir funcionários, fazer

    planejamento tributário. Os professores de todas as disciplinas, no mínimo, deveriam mostrar

    uma tela de um software, de como faria os lançamentos, além de apresentar as guias aos

    alunos, isso nunca foi visto na minha graduação.

    5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Esta pesquisa investigou a opinião de egressos do curso de Ciências Contábeis quanto

    à contribuição da estratégia de ensino em laboratório no processo de ensino-aprendizagem

    prático, para integralização do componente curricular Laboratório Contábil, em uma

    instituição de ensino superior (IES) pública federal do interior de Minas Gerais.

  • Pode-se dizer que, de maneira geral, para a questão selecionada a fim de construção do

    discurso-síntese, que os alunos reconhecem a importância do laboratório contábil, tanto como

    estratégia de ensino quanto como componente curricular onde se vivencia a aprendizagem

    prática. Contudo, os egressos não avaliaram positivamente a contribuição do ensino para sua

    aprendizagem experiencial e atuação profissional. Há um discurso coletivo importante que

    revela críticas agudas, quanto (i) ao software, (ii) à interface entre teoria e prática; e (iii) à

    aquisição de competências técnicas e habilidades profissionais.

    Constataram-se opiniões divergentes sobre o software usado, pois alguns o consideram

    bom, enquanto outros afirmam que ele tem uma série de defeitos. Talvez porque o software já

    esteja instalado e parametrizado sente-se uma carência de aprendizagem quanto à atividade de

    parametrização, prevista inclusive na ficha da disciplina.

    Quanto à interface teoria e prática o discurso coletivo é de que há um acúmulo de

    conhecimento teórico por vários períodos antecedentes ao componente curricular, com uma

    reduzida aplicação prática. Ao cursar essa estratégia de ensino, o estudante já não lembra com

    detalhes daquilo que foi visto confirmando-se o consenso de que se a prática fosse ofertada ao

    longo do curso, em todos os períodos haveria, possivelmente, mais facilidade para a aquisição

    do conhecimento prático.

    Os egressos possuem a opinião que o objetivo da estratégia de ensino em laboratório e

    que o componente curricular Laboratório Contábil seja preparar o aluno para a atuação

    profissional em contextos reais. Todavia, há uma percepção generalizada de que o objetivo

    não é atingido porque “os alunos tem saído sem prática”, sendo sugerido que a estratégia seja

    repensada, no sentido de capacitar, de fato, os estudantes ao exercício da prática contábil.

    Em relação à formação prática dos alunos da IES estudada a avaliação é de que as

    competências técnicas mais cobradas de um profissional contábil não têm sido ensinadas na

    graduação. Usando como exemplo a elaboração de uma folha de pagamento, além da

    parametrização de situações cotidianas reais, como adicional de insalubridade, periculosidade,

    adicional noturno, vale transporte e outros, que não é praticada, o discente deve conferir os

    lançamentos e os valores apurados pelo sistema, pois não há confiabilidade.

    Outra questão relativa à competência técnica destacada é que a contabilidade, em

    contextos reais de trabalho, exige que os profissionais gerem uma série de guias e obrigações,

    além de diversas declarações de natureza federal, estadual e até mesmo municipal, e no

    processo ensino-aprendizagem do componente curricular nota-se a ausência desse

    aprendizado prático.

    Quanto às habilidades profissionais é consenso de que a aprendizagem prática e

    experiencial não é suficiente para a atuação do egresso como um contador. Minimamente, a

    habilidade seria de um auxiliar contábil. Sugestões de melhorias foram apresentadas pelos

    egressos que mencionaram que essa disciplina deveria ser interdisciplinar, ou seja, todo o

    conteúdo aprendido nas disciplinas de um semestre deveria ter a aplicação prática no

    Laboratório Contábil, além de que o conteúdo deveria ter uma carga horária maior para sua

    integralização.

    Diante dos resultados sugere-se que a IES busque alternativas para a melhoria da

    estratégia de ensino, inclusive a partir das sugestões dos egressos. Uma delas é que o

    componente curricular não fique adstrito aos períodos finais do curso, mas que seja

    intercalado ao longo da grade curricular, de forma a ficar mais próximo de discussões teóricas

    de disciplinas, cujo conteúdo é exigido, de forma mais pontual, quando da prática contábil.

    Citam-se, por exemplo, conteúdos de disciplinas como Contabilidade Introdutória,

    Contabilidade Intermediária, Contabilidade Comercial, Direito Empresarial, Direito

    Comercial, Contabilidade Tributária, de forma que a interdisciplinaridade também seja

    oportunizada nesse processo.

  • Uma segunda sugestão é a criação de um laboratório modelo ou de parcerias com

    escritórios reais, para que, se possível, fossem executadas atividades que de fato ocorrem no

    cotidiano dessas organizações. Nessa impossibilidade, por meio de palestras e minicursos,

    contadores atuantes no mercado profissional, poderiam apresentar em tempo real, a

    elaboração de guias e declarações, entre outros documentos além da transmissão aos órgãos

    competentes destes documentos, para que o egresso experienciasse seus modus operandi.

    Este estudo apresenta limitações. Cita-se dentre elas o tamanho da amostra e, também

    o fato de ter sido realizada com egressos de uma única instituição de ensino que integraliza o

    componente curricular onde o estágio supervisionado é exigido, por meio de uma disciplina.

    Considerando que em outras IES essa prática ocorra de forma diversa, não há possibilidade de

    generalização dos resultados. O espaço temporal, também é um limitante, visto que a opinião

    de egressos de períodos anteriores pode divergir dos achados relatados nesta pesquisa.

    Para futuras pesquisas recomenda-se ampliar não só a amostra investigada como

    também o espaço temporal, de forma a abranger egressos de todas as turmas concluintes.

    Outra possibilidade de pesquisa é a realização de um estudo entre IES de outros estados e

    regiões brasileiras e, até mesmo um estudo cross-country entre IES brasileiras e

    internacionais, a fim de comparar o processo ensino-aprendizagem prático.

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