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1 JUNHO

Aprendi com meus pais

JUNHO COM CHAMPAGNAT

ASAS E RAÍZES DE UM SONHADOR

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JUNHO COM CHAMPAGNAT ASAS E RAÍZES DE UM SONHADOR

: 2 :

Idealização e TextosIr. Joaquim Juraci Farias de Oliveira

Produção EditorialCoordenação de Marketing da UBEE-UNBEC

Diagramação e Projeto GráficoJoaquim Rodrigues

RevisãoIvonilda Machado de Oliveira e Amanda Wanderley Azevedo Ribeiro


: 3 :JUNHO COM CHAMPAGNAT ASAS E RAÍZES DE UM SONHADOR

JUNHO COM CHAMPAGNAT

ASAS E RAÍZES DE UM SONHADOR

Alguns anos atrás, quando era aluno marista, um Irmão me fez a seguinte afirmação: “O homem tem asas e tem raízes. Toda contradição provém daí”. Eu tinha 15 anos naquele momento. Hoje, depois de uma caminhada cheia de altos e baixos, de desafios e conquistas, percebo em minha vida a constatação dessa verdade.

O tempo nos ajuda a aprofundar as raízes para, paradoxalmente, aumentarmos as nossas asas e a capacidade de voar. Significa reparar o que possui verdadeiro valor e fincar raízes neste chão. Significa provar a liberdade de traçar voos cada vez mais altos.

É preciso colar-se ao chão e, ao mesmo tempo, carregar o céu dentro de si. Construir uma espiritualidade ligada à vida.

É preciso enfrentar o desafio de viver em plenitude, de arriscar-se a ser feliz. Nessa experiência, faz-se necessário: conhecer a si mesmo; conviver com o outro, aceitando-o como diferente; descobrir e desenvolver a semente do transcendente, plantada em nosso coração.

Assim caminhamos, eu e você!

Olhando a vida e obra de Marcelino Champagnat, como o faremos este mês, certamente encontraremos o testemunho de que é possível alimentar-se de sonhos e, fortalecido por Deus, superar todas as limitações e desafios.

Taguatinga, maio de 2010.

Ir. Joaquim Oliveira



: 4 :JUNHO COM CHAMPAGNAT AS RAÍZES DE UM JOVEM CAMPONÊS

1ª SEMANA As raízes de um jovem camponês

Música da semana O Sal da TerraComposição: Beto Guedes - Ronaldo Bastos

Anda, quero te dizer nenhum segredoFalo desse chão, da nossa casa, vem que tá na hora de arrumarTempo, quero viver mais duzentos anosQuero não ferir meu semelhante, nem por isso quero me ferirVamos precisar de todo mundo pra banir do mundo a opressãoPara construir a vida nova, vamos precisar de muito amorA felicidade mora ao lado e quem não é tolo pode verA paz na Terra, amor, o pé na terraA paz na Terra, amor, o sal da...Deixa nascer o amorDeixa fluir o amorDeixa crescer o amorDeixa viver o amor


: 5 :

1 JUNHO


JUNHO COM CHAMPAGNAT AS RAÍZES DE UM JOVEM CAMPONÊS

Queridas crianças e jovens,

Meu nome é Marcelino Champagnat. Durante este mês, vou partilhar com vocês um pouco da minha história. Nasci no dia 20 de maio de 1789, em um lugar chamado Rosey, na França. Meu pai, João Batista, e minha mãe, Maria Tereza, muito me ensinaram. Empreendedor, inteligente e trabalhador, meu pai em muito contribuiu na minha formação como cidadão. Já minha mãe, juntamente com minha tia, me ajudaram a crescer como cristão, a aprofundar a minha fé, a vida de oração e despertaram em mim uma forte devoção a Maria, mãe de Jesus.

Assim como aconteceu comigo, com certeza você também pode perceber a influência dos seus pais na sua educação. Convido você a refletir hoje sobre os ensinamentos e valores que seus pais lhe transmitiram. Que outras pessoas deixaram marcas em sua vida? Dê graças a Deus por tudo que você aprendeu de bom com as pessoas que o amam. Peçamos, juntos ao Pai, por todos aqueles que sentem falta de um lar ou não se sentem amados e valorizados.

Sonhei com um mundo melhor e abri meu coração para ouvir o que Deus queria me dizer. Hoje, convido você para fazer comigo esta caminhada.

As raízes de um jovem camponês

Música da semana O Sal da TerraComposição: Beto Guedes - Ronaldo Bastos

Anda, quero te dizer nenhum segredoFalo desse chão, da nossa casa, vem que tá na hora de arrumarTempo, quero viver mais duzentos anosQuero não ferir meu semelhante, nem por isso quero me ferirVamos precisar de todo mundo pra banir do mundo a opressãoPara construir a vida nova, vamos precisar de muito amorA felicidade mora ao lado e quem não é tolo pode verA paz na Terra, amor, o pé na terraA paz na Terra, amor, o sal da...Deixa nascer o amorDeixa fluir o amorDeixa crescer o amorDeixa viver o amor



Um trabalho especial

Descobri que te

nho duas mães 2 JUNHO


Outro dia, estava pensando sobre qual é a maior necessidade do ser humano. Cheguei à conclusão que é a de amar e ser amado. Um grande brasileiro chamado D. Hélder Câmara disse uma vez que um aquário pode ser enfeitado com os mais caros diamantes, ou com as simples pedrinhas do rio, mas a verdade é que o peixinho sempre precisará da água para viver. Com isso, ele queria dizer que, nos barracos ou nos palácios, a experiência do amor é fundamental para a nossa felicidade.

Nem preciso lhes falar do amor que dedicava à minha mãe. Ela era sábia, cuidava da nossa casa, de mim e dos meus irmãos com firmeza e carinho. Com ela, aprendi também a amar Maria, a mãe de Jesus. Sempre me senti protegido e amado por essas duas mães que Deus me deu.

Aprendi a chamar Maria de Boa Mãe. Ela sempre me ouve e encaminha tudo a Jesus. Outro dia, disse a ela que se a Congregação Marista desaparecer, não será minha obra que terá fracassado, mas a dela.

Jesus, vendo ao pé da cruz o discípulo que representava toda a humanidade e disse: “Filho, eis aí a tua mãe”. E o Evangelho nos diz que a partir daquele momento o discípulo a recebeu em sua casa. Como é o seu relacionamento com Maria, a mãe de Jesus? Lembre-se de que ela ama profundamente a mim, a você, a toda a humanidade.




3 JUNHO

Um trabalho especial

Descobri que te

nho duas mães


“O trabalho é necessário para conservar a saúde do corpo e a pureza da alma”.

Já lhes falei que nasci em uma cidadezinha do interior. Ali, a vida simples e a luta pela sobrevivência nos levava a, desde cedo, aprender coisas práticas para ajudar no dia a dia da família. Meu pai me ensinou a trabalhar na carpintaria e na alvenaria. Essa aprendizagem me foi muito útil quando comecei a construir nossa primeira casa marista. Também recebi de meus pais algumas ovelhas, e sempre que vendia alguma, guardava o meu dinheiro, ao invés de gastá-lo com futilidades.

Trabalhar significa formar sua própria vida, ser criativo, fazer algo novo. Trabalhar é menos peso e fadiga, e mais satisfação e alegria, nos faz sentir úteis, desenvolve o nosso potencial e aumenta a nossa autoestima.

Quando alguém pergunta sobre o seu trabalho, a sua profissão, você certamente responde que é estudante. Como você vem assumindo essa responsabilidade? Exupéry dizia: “Espere pelo milagre, como o jardineiro pela primavera”. Em outras palavras, cuide, prepare, cultive o solo da sua própria vida. Quando chegar a época de dar frutos, você estará pronto para dar o melhor de si mesmo.




Deus me quer?4 JUNHO

O que não quero na escola


Um dia, assim como vocês também o fizeram, eu fui para a escola. Desejava aprender, conviver, conhecer coisas novas. Mas, na minha primeira escola, sofri uma grande decepção. Vi um colega meu ser agredido pelo professor. Fiquei triste e pressenti que o mesmo poderia acontecer comigo. Conversei com meus pais sobre o acontecido. Esse fato me marcou tanto que, quando pensei em criar uma instituição para a educação de crianças e jovens, tinha claro em minha mente que os valores dessa escola deveriam ser o amor, o ambiente de família e a presença de Deus no coração daqueles que a compõem.

Como você pode perceber, tudo na vida nos ensina, mesmo as experiências negativas. Hoje, convido você a olhar agradecido para tudo aquilo que você recebeu das pessoas que o antecederam, das ideias que outros trouxeram para nosso mundo. Também você vai viver experiências novas e marcar os que o rodeiam. Deus quer, através de você, trazer a este mundo novas ideias, novas soluções. Faça sua vida nova, assim como o Deus eternamente novo a confia a você.




5 JUNHO

Deus me quer?O que não quero na escola

Queridas crianças e jovens, Santo Agostinho dizia que “há três tempos: o presente dos fatos passados, o presente dos fatos presentes e o presente dos fatos futuros. E estes três tempos estão na mente e não os vejo em outro lugar. O presente do passado é a memória. O presente do presente é a visão. O presente do futuro é a espera”.

O tempo é dom de Deus. Nele nos acontecem coisas que marcam o nosso momento atual e também o nosso futuro. Um dia, estava no campo cuidando das minhas ovelhas quando recebi o recado de que meu pai me chamava em casa. Recebíamos a visita de um sacerdote. Ele procurava pessoas que tivessem vocação para o seminário. Conversou com meus irmãos, mas nenhum deles se manifestou positivamente. Quando cheguei, iniciamos uma curta conversa e ele, acostumado a perceber os sinais de Deus nas pessoas com quem se encontrava, não duvidou em afirmar-me: Deus o quer! Essa convicção mudou minha vida. Era chegado o tempo de Deus.

A juventude é este tempo de opções, sonhos, projetos e aventuras. Você já se perguntou sobre o que Deus espera de você? Todos nós nascemos para grandes coisas, e descobrir o sentido da vida é fundamental para a gente se realizar como pessoa. Cuide bem do seu tempo.



: 10 :

6 JUNHO

O dia em que saí de casa



Após responder positivamente à pergunta daquele sacerdote que me convidou ao seminário, comecei a preparar-me para deixar a minha casa. Minha mãe ajudou não somente organizando o que tinha que levar, mas também me preparando espiritualmente. Fomos a um santuário onde me consagrei a Maria, mãe de Jesus. Foi um momento marcante, pois dali em diante contava com a bênção e proteção daquela a quem considero minha Boa Mãe.

Vivi momentos de silêncio, e senti profunda paz interior. Santo Agostinho aconselhava: “tenha sossego e compreenda. O Deus eterno quer brilhar para você, não faça de você um nevoeiro de confusão; tenha sossego dentro de você”.

Muitas vezes, o barulho ao nosso redor não nos deixa ouvir nossa voz interior. Esquecemos que o silêncio é o espaço que criamos para que Deus venha sentar ao nosso lado. Convido você a fazer esta experiência de parar um pouco para escutar e entender a si mesmo, o próximo e o mistério do mundo.



O dia em que saí de casa


: 11 :

2ª SEMANA Asas pra que te quero

Música da semana

O SolComposição: Antônio Júlio Nastácia

Ei, dor!Eu não te escuto mais/Você não me leva a nadaEi, medo!Eu não te escuto mais/Você não me leva a nada...E se quiser saber/Pra onde eu vouPra onde tenha Sol/É pra lá que eu vou... (2x)Ei, dor!Eu não te escuto mais/Você não me leva a nadaEi, medo!Eu não te escuto mais/Você não me leva a nada...E se quiser saber Pra onde eu vouPra onde tenha Sol/É pra lá que eu vou


: 12 :JUNHO COM CHAMPAGNAT ASAS PRA QUE TE QUERO

A turma da alegria7

JUNHOVencend

o os desaf os


Sempre acreditei que Deus estando conosco, quando colocamos toda a nossa confiança nele, nada é impossível. Essa convicção me ajudou inúmeras vezes na caminhada enquanto jovem seminarista. Não foi fácil estudar Latim, Teologia e outras disciplinas que a formação sacerdotal exigia. Um dia, fui convidado a voltar pra casa. Foi uma frustração. Parecia que meu projeto ia por terra. Outra vez, minha mãe estava ao meu lado. Conversamos muito, e ela me transmitiu muita força e me aconselhou a recorrer à Boa Mãe, entregando a ela o meu futuro. Nestes momentos de dificuldade, me lembrava de Jesus, no barco com os discípulos, quando sobre eles se abateu a tempestade. Bastou que um deles acordasse Jesus para que ele acalmasse os ventos e as ondas bravias. Aprendi a “acordar” Jesus dentro de mim. Contar com ele diante das dificuldades, para que tudo fique calmo em mim e ao meu redor.

Diante dos seus temores, problemas e inquietações, aprenda a confiar o seu coração a Jesus de Nazaré. Escolha um tempo do seu dia para, em silêncio, falar a Jesus sobre a sua vida e apresentar a ele os acontecimentos da caminhada.




8 JUNHO

A turma da alegria

Vencendo os d

esaf os


A juventude é um momento de transição, de passagem, sem estágios fixos ou predeterminados. É a passagem da dependência para a autonomia e para a participação na vida social, assumindo seus direitos e suas responsabilidades. É tempo de sonharmos os nossos projetos de vida. Mas também é um período em que, para pertencermos a um determinado grupo, vivemos a contradição entre o desejo de autonomia e a aceitação do modo de ser e de agir de outros jovens.

Assim também aconteceu comigo. Em minha primeira experiência no seminário, uni-me a um grupo que não estava muito interessado em progredir nos estudos e nem mesmo espiritualmente. Seriamente advertido, tive que confrontar meus comportamentos com meus projetos. Foi um momento decisivo na minha vida. Minha mãe, mais uma vez, estava ao meu lado.

Certamente você também enfrenta situações parecidas e, claro, devido ao contexto em que você vive, muito mais complexas. Como você se posiciona nesses momentos? Já é capaz de assumir seus valores e afirmar-se ou se deixa levar pelos apelos dos que o rodeiam? Com quem você conta na hora de resolver estes impasses? Lembre-se de apresentar seus projetos e dificuldades a Jesus. Posso lhe garantir, por experiência própria, que ele tem muito a lhe falar.




Um amigo especial9

JUNHOO preço

da vitória


Para você, o que significa vencer na vida? Em um mundo marcado pelo hedonismo e consumismo, o prazer e o ter são frequentemente colocados como instrumentos para realização pessoal. A busca da realização pessoal, da satisfação do indivíduo e do consumo desenfreado, quando tomados como absolutos, têm consequências negativas sobre os jovens. As relações familiares e sociais, bem como os compromissos duradouros, tornam-se frágeis e facilmente descartáveis.

Assim como aconteceu comigo, você procura caminhos para encontrar respostas à sua necessidade de Deus e de sentido para a vida. Sempre gostei do Salmo 126, quando diz: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os construtores”. Há pessoas pensando que fé é um recurso mágico, uma garantia de que Deus vai nos atender. Para elas um Deus que não atende pedidos é um Deus muito fraco. Elas desejam garantias. Para mim, fé é uma relação de confiança com Deus: é flutuar em um mar de amor, como se flutua na água.

Diante das inúmeras dificuldades que enfrentei, juntamente com meus irmãos, eu costumava repetir: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”. Experimente vivenciar a confiança em Deus e a certeza do seu amor e você verá quantas coisas poderão mudar em sua vida. Sonhei com um mundo melhor e abri meu coração para ouvir o que Deus queria me dizer. Hoje, convido você para fazer comigo esta caminhada.



10 JUNHO

Um amigo especial

O preço da vitória


Hoje quero lhes falar sobre a amizade. Para mim, um amigo é uma pessoa com quem se tem o prazer de compartilhar ideias de forma tranquila e mansa. Não é preciso estar de acordo. O rosto do meu amigo não é igual ao meu rosto. E essa diferença me dá alegria. Se convivemos bem com nossos rostos diferentes, alegres, tristes, tímidos ou extrovertidos, por que haveríamos de querer que nossas ideias fossem iguais? Sempre vi meus amigos como presentes de Deus para mim. Sem esse olhar, caímos facilmente no desejo de aproveitar-nos deles, julgá-los e enquadrá-los numa das gavetas de nossos inúmeros preconceitos. Não percebemos então sua qualidade de ser único. Não lhes faço justiça. A amizade com Deus é, para mim, condição para que o relacionamento com as pessoas e as coisas seja correto.

A sociedade do consumismo inverteu a ordem dos nossos relacionamentos. Amamos as coisas e usamos as pessoas. Reflita sobre isso. O que podemos fazer para, a partir de nós mesmos, testemunharmos ao mundo que é necessário amar as pessoas e usar corretamente as coisas?




La Valla: a missão11 JUNHO

O que é mesmo um missionário?


Foi no ano de 1816 que me tornei Sacerdote. Tinha a convicção de ser amado e escolhido por Deus para realizar uma missão na Igreja. Sempre sonhei e acreditei que um outro mundo é possível. Principalmente, para aquelas crianças e jovens pobres, abandonados e necessitados de oportunidades para se realizarem como pessoas. Lutei com todas as minhas forças para construir um mundo melhor.

Às vezes, chamavam-me de louco, porque achavam que eu me alimentava de ilusões. Mas, eu fui em frente, nunca me deixei abater. Minha confiança em Deus e na Boa Mãe sempre me alimentou. Hoje, vendo a presença de meus irmãos em mais de setenta países, percebo que a minha luta não foi em vão.

Sou missionário e ajudei a formar missionários para as crianças e jovens. “Vamos aos jovens, lá onde eles estão”, dizem as Constituições dos Irmãos Maristas. Confesso que ainda me faz sofrer quando vejo jovens entregues à violência, às drogas, a tudo o que os afasta de um relacionamento pleno consigo mesmos, com os outros, com a natureza e com Deus. Nessas horas, repito com mais convicção ainda: “Precisamos de Irmãos”.

Você já teve vontade de assumir alguma missão junto às crianças e jovens? Pense nisso.




12 JUNHO

La Valla: a missãoO que é m

esmo um missionário?


Quando cheguei a La Valla, cidadezinha do interior da França, vi que as crianças e jovens estavam abandonados. Assumi o desafio de acolher e acompanhar cada família da região. Isso me fez caminhar muito pelas montanhas, às vezes cobertas de neve. Certa vez, falando sobre o meu esforço nessa tarefa, comentei com um companheiro que se fosse juntar todo o suor que derramei naquelas caminhadas, daria para formar um riacho.

Muitos se queixam hoje em dia de que estão estressados, consumidos, esgotados. Acontece que trabalham apenas com as suas próprias forças. O individualismo os leva a acreditar que estão sozinhos ou que não precisam de ninguém. Sempre acreditei que Deus caminha ao meu lado. O Espírito Santo me fortalece. Se estiver em contato com essa fonte, se trabalhar a partir dela, então muito realizarei sem cansaço ou abatimento, pois é fonte inesgotável dentro de mim, por ser divina.

Você já refletiu sobre qual a sua missão no mundo? O que você responde quando lhe perguntam sobre isso? Você cria espaços de silêncio e escuta interior, possibilitando assim que o Espírito Santo aja em você?



: 18 :

13 JUNHO

Os amigos de Deus



Você já deve ter ouvido aquela passagem da vida de Jesus em que os discípulos, preocupados com o silêncio ao redor do mestre, tentaram impedir que as crianças chegassem até ele. A reação de Jesus foi imediata: “deixem vir a mim as criancinhas” e disse mais ainda “porque é delas o reino dos céus”.

Sempre desejei que meus irmãos fossem aos jovens, lá onde eles estão. Dizia-lhes: “Não posso ver uma criança sem sentir vontade de lhe ensinar o catecismo, sem desejar ensinar-lhe quanto Jesus Cristo lhe tem amor e quanto, por sua vez, ela deve amar este Divino Salvador”.

A maior necessidade do ser humano é ser amado. Você e eu precisamos nos sentir queridos, reconhecidos e valorizados por nosso ser e fazer. Fiz a experiência do amor de Deus e procurei transmitir este mesmo amor às pessoas que comigo conviveram. Quis para a minha família marista o mesmo espírito que reinava na família de Nazaré, composta por José, Maria e Jesus.

Você se sente amado por Deus? Em que momentos você percebe mais fortemente o amor de Deus em sua vida? Lembre-se de que ao reconhecermos em Deus um amigo de verdade, assumimos o compromisso de agir de tal modo que ele se alegre com o nosso testemunho de vida.



Os amigos de Deus


: 19 :

3ª SEMANA Pés no chão, coração no céu

Música da semana

A Terra é uma escolaComposição: Nando Cordel

Quero paz na minha vida/Quero luz no meu caminhoQuero viver/Entender que tudo passaQue a terra é uma escola/Quero aprenderO amor é a estrada/Que devemos caminharQuem tiver vontade firme/Tem felicidadeVem viver a emoção/Dê a mão vamos seguirQuem quiser um tempo novo/Tem que ter bondadeEu quero amor.../Eu vou te amarFazendo assimA nossa vida vai mudar


: 20 :JUNHO COM CHAMPAGNAT PÉS NO CHÃO, CORAÇÃO NO CÉU

Voando alto14 JUNHO

A realidade nu

ma visita


Sabe aqueles encontros que nos marcam profundamente e nos fazem repensar nossos valores e atitudes? Pois bem, comigo aconteceu um tão significativo que definiu o meu projeto de vida. Já lhes disse que assumi a paróquia de uma cidadezinha chamada La Valla. Conhecendo a realidade das crianças e jovens de lá, comecei a pensar em algo que pudesse ajudar na educação e formação cristã deles.

Como tinha o hábito de visitar as famílias e atender aos doentes, fui chamado à casa de um jovem da minha paróquia que estava muito doente. Chamava-se João Batista Montagne. Tinha 17 anos e estava morrendo sem jamais ter ouvido falar de Deus. Nos olhos dele vi o clamor de milhares de crianças e jovens que são vítimas da miséria humana e espiritual. Saí daquela casa convencido de que era chegada a hora de agir. Deus estava me dando um sinal. Precisava por em prática o meu sonho de criar uma instituição que promovesse a educação cristã das crianças e jovens.

Reflita hoje sobre as situações sociais que o deixam impressionado, que tocam profundamente a sua sensibilidade. Acredito que a gente é e permanece jovem enquanto conserva a sensibilidade diante do outro, principalmente daquele que mais sofre.




Voando alto 15 JUNHO

A realidade nu

ma visita


Hoje quero lhes falar sobre sonhos, os nossos sonhos. Acredito que os sonhos nos põem em contato com nossas possibilidades. Mas não basta sonhar. É necessário aprender que só podemos realizar nossos sonhos quando deles acordamos. Em outras palavras, é preciso ter os pés no chão da realidade e os ideais bem claros, como verdadeiros faróis a orientar a nossa caminhada.

Conheço jovens que sonham com determinadas profissões, mas não gostam do estudo. Que sonham ser atletas, mas não tem coragem de enfrentar sacrifícios. Sonhos desconectados da realidade. Em nada ajudam ao nosso crescimento pessoal.

Sempre fui muito prático e realista, mas sabia me alimentar de grandes ideais. Trabalhei duro como carpinteiro, pedreiro, professor, orientador de meus primeiros irmãos, sem também nunca descuidar da vida da minha paróquia. Realizar meu sonho me exigiu muito. Mas o esforço sempre me foi suave, pois Deus estava ao meu lado. Aprendi a ver e enfrentar a vida com os olhos de Deus. Isso se chama espiritualidade.

E você? Quais são os seus sonhos? Que distância existe entre eles e a sua realidade? Você é daqueles que acham que tudo vem de graça e sem trabalho? Tem consciência do quanto terá que dar de si para alcançar seus ideais?




Chamados a formar comunidade16

JUNHOConstrui

r com pedras vivas


Final de 1816, comecinho de 1817. Decidido a iniciar a obra marista, convidei dois jovens da minha paróquia para fazerem a experiência comunitária e se prepararem para a missão. Eram bons, cheios de fé e de coragem. Mas ainda não tinham estudos. Sabiam ler muito mal. Imagine: começar uma família de educadores com dois jovens que não haviam recebido educação formal.

Perguntado sobre o que era necessário para entrar na família marista, respondia sem hesitar: a grande e, posso dizer, única condição que é necessária para entrar em nossa casa, além de saúde, é boa vontade e sincero desejo de agradar a Deus. Venha com essa disposição e será recebido de braços abertos.

Sempre admirei as construções. Você já percebeu que, na base, nas fundações, são colocadas enormes pedras brutas, sem necessidade de que sejam lapidadas? Assim aconteceu conosco. Deus agiu em nossa vida e fez de nós alicerces dessa grande família. As pedras fundamentais da família marista, por serem simples e humildes, aprenderam a depositar toda a sua força em Deus e na Boa Mãe Maria.

Hoje, toca a nós construir o mundo. E essa construção começa por nós mesmos e se amplia para a nossa família, o bairro, a sociedade como um todo. Alguém já disse que é plenamente possível ao homem construir o mundo sem Deus. Mas, fazendo assim, ele não conseguirá fazer outra coisa a não ser criar um mundo que se apresentará contra o próprio homem. Quais são as pedras fundamentais de que precisamos para construir a pessoa, a família, a sociedade atual?




17 JUNHO

Chamados a formar comunidade

Construir com

pedras vivas


Como resolvi constituir uma família religiosa, tive que me esforçar muito na educação de seus primeiros componentes. Um desses primeiros Irmãos chegou a escrever sobre mim: “nosso bom pai rezava a missa todos os dias, muito cedo. Gostava muito do trabalho manual. Não se preocupava consigo. Fazia sempre o trabalho mais difícil e perigoso. Foi ele quem construiu nossa casa de La Valla. Nós também fazíamos alguma coisa, mas como não éramos pedreiros, a cada instante era preciso que ele nos indicasse como fazer”.

Esse mesmo Irmão, em outra oportunidade, disse que “uma mãe não tem mais ternura por seus filhos que o Pe. Champagnat por nós”. Eu só queria que eles seguissem o meu exemplo, pois sei que as palavras podem convencer, mas são eles, os testemunhos, que arrastam. Eu costumava escrever para os Irmãos e para as comunidades. Certa vez, lhes disse: “Nenhuma notícia me poderia ter sido mais agradável do que esta que vocês me dão em sua carta: que vocês estão todos bem e contentes. A felicidade e o contentamento durarão enquanto vocês viverem unidos e se amarem mutuamente”.

Sua família, a escola e seus amigos constituem pequenas comunidades das quais você faz parte. Qual a sua contribuição para o crescimento delas?




Ao redor da mesa18 JUNHO

Como cortar uma rocha


Você já viu um rochedo, daqueles fortes e desafiadores? Quando queremos falar da dureza de algumas experiências na vida dizemos que este ou aquele problema é uma rocha que precisa ser quebrada. Há uma poesia famosa de Carlos Drummond na qual ele diz que “no meio do caminho havia uma pedra”.

Pois é... no meu caminho também! Além das dificuldades para formar a minha primeira comunidade marista, resolvi enfrentar a construção de uma casa que nos abrigasse. Encontrei um terreno muito bom para o que imaginava. Ficava às margens de um riacho. Mas havia um problema. Uma grande rocha impedia que se localizasse ali a casa que eu tinha projetado. Sem duvidar, equipei-me com uma picareta e comecei a quebrar aquela rocha. Não, ela não iria impedir meu projeto. Meus irmãos, percebendo a minha determinação, se encheram de ânimo e me ajudaram a vencer aquele rochedo. Hoje a nossa casa continua firme, ao lado do paredão que restou da rocha cortada por nós.

Em nossa vida encontramos dificuldades que são verdadeiros rochedos. Qual a nossa atitude quando elas aparecem? Peçamos a Deus coragem e determinação para vencer. Rezemos para que todos os que enfrentam os desafios da vida confiem em Deus e encontrem Nele forças para superar as barreiras.




19 JUNHO

Ao redor da mesaComo cort

ar uma rocha


Meu desejo é que onde os maristas se encontrem, unidos pela missão, seja possível conhecer o espírito de família como jeito de viver em comunidade. Somos família reunida pelo Pai, em torno de seu filho Jesus, nosso irmão maior. Nesse ambiente, a presença da Boa Mãe, sempre atenta às nossas necessidades, aumenta em nós o sentido de pertença, e o amor à nossa comunidade.

A família que desejei constituir tinha um de seus alicerces na simplicidade. Nossas atitudes para com os outros e a maneira de nos relacionarmos com Deus eram exemplos para os que chegavam até nós. Esforçamo-nos por ser pessoas íntegras, autênticas, abertas e transparentes em nossos relacionamentos. Costumava sentar à mesa com meus irmãos e ali partilhar a vida e o pão. Foram muitos os momentos de alegria e festa com o crescimento pessoal e comunitário. Hoje, a nossa casa comum chama-se Colégio Marista, lugar em que somos chamados a viver como irmãos. O que nos impede de sermos irmãos uns dos outros? Em que momentos me sinto irmão ou irmã daqueles que comigo convivem? Agradeçamos a Deus por nos haver reunido nessa casa marista.



: 26 :

20 JUNHO

Paixão e espiritualidade



Sempre expressei com clareza os meus objetivos ao fundar o Instituto Marista. Disse aos meus irmãos que tornar Jesus Cristo conhecido e amado seria sempre o sentido da nossa vocação e a finalidade do Instituto. A educação e a escola serão sempre um meio para fazer acontecer o anúncio de Jesus e o seu modo de construir nossos relacionamentos conosco mesmos, com os outros, com a natureza e com Deus.

Há três lugares maristas que gostaria de apresentar a você. São lugares importantes para mim, pois neles Jesus nos revela Deus. O primeiro lugar é o Presépio, onde encontramos a inocência, a simplicidade, a ternura e, mesmo, a fragilidade de um Deus que toca os corações mais insensíveis.

O segundo lugar é a cruz, onde nos surpreendemos com um Deus que nos amou sem reservas. Encontramo-nos com um Deus que partilha o sofrimento, a traição, o abandono e a violência que afligem a humanidade, e que transforma, porém, essas experiências. Cristo crucificado é a expressão mais radical de um Deus que é amor.

O terceiro lugar é o Altar, com a Eucaristia, lugar privilegiado de comunhão com o corpo de Cristo, para ser um com todos e aprofundar nosso relacionamento, com a presença viva de Jesus em nós.

Hoje, em um tempo de silêncio, pense um pouco sobre esses três lugares que lhe apresentei.



Paixão e espiritualidade


4ª SEMANA Os frutos de uma grande árvore, ou a festa da vida

Música da semana

Monte CasteloComposição: Renato Russo (recortes do Apóstolo Paulo e de Camões).

Ainda que eu falasse a língua dos homens.E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.É só o amor, é só o amor.Que conhece o que é verdade.O amor é bom, não quer o mal.Não sente inveja ou se envaidece.O amor é o fogo que arde sem se ver.É ferida que dói e não se sente.É um contentamento descontente.É dor que desatina sem doer.Ainda que eu falasse a língua dos homens.E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.


: 28 :JUNHO COM CHAMPAGNAT OS FRUTOS DE UMA GRANDE ÁRVORE, OU A FESTA DA VIDA

L’Hermitage: lugar do coração21

JUNHOPelas ru

as de Paris


Em busca de aprovação para o funcionamento do Instituto e das primeiras escolas, fui muitas vezes a Paris. Uma grande cidade, com toda a agitação e riscos existentes nas metrópoles. Entretanto, levava comigo a paz interior, nascida no silêncio e na contemplação dos vales da minha pequena aldeia. Sentia-me em contato com Deus, mesmo no meio da multidão e do barulho.

Tenho certeza de que a agitação do seu dia é bem maior hoje do que aquela que eu presenciava em Paris. No entanto, a sede de paz e de sentir-se amado continua a mesma, e esta só Deus pode saciar. O mundo precisa de pessoas que, mesmo em meio às preocupações existentes, sejam capazes de testemunhar que Deus é mais. Afinal, como sempre dizia a meus irmãos: se Deus é por nós, quem será contra nós?

Hoje, quando estiver na rua, olhando as pessoas e os acontecimentos ao redor, faça o exercício de ver, ouvir e sentir com o coração de Jesus. Pense em qual seria a atitude de Jesus diante de tantas coisas que acontecem hoje. Dialogue com Ele sobre isso. Faça viva a sua oração.




22 JUNHO

L’Hermitage: lugar do coração

Pelas ruas de

Paris


“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem”. Repeti essa frase incansavelmente, em diversas ocasiões da minha vida. Desde que começamos a construção da casa de L’Hermitage, onde até hoje vivem irmãos meus, tinha consciência de que aquela casa era o símbolo exterior da grande construção que era a família que nascera e começava a se desenvolver. Gostava daquela casa, mas gostava muito mais do calor humano que ali existia, da fraternidade, companheirismo e de ver o crescimento dos meus irmãos.

Hoje somos capazes de construir grandes coisas, mas muitas vezes as deixamos vazias de amor, de fraternidade, de paz. Desenvolvimento tecnológico, crescimento material e financeiro nem sempre rimam com felicidade e realização. Leonardo Boff, um grande teólogo brasileiro, nos diz que os homens e mulheres de hoje carregam consigo um vazio do tamanho de Deus, portanto, só Ele é capaz de preencher.

A Bíblia nos diz que onde estiver o nosso tesouro, aí estará o nosso coração. Você já pensou nisso? Qual o espaço para Deus na sua vida, nos seus projetos? Você procura cultivar a paz e o amor no meio da sua família?




Preciso de Irmãos23 JUNHO

Um susto na neve


“Não vos inquieteis e não vos perturbeis, prezados Irmãos, nem com vós mesmos nem com vossas obras. É Deus quem permite e dirige os acontecimentos. Ele os conduz para sua glória e para o bem dos seus escolhidos”. Assim falava a meus irmãos, pois a vida me ensinou a confiar em Deus.

Apenas um fato para ilustrar o que lhes digo. Um dia, precisava visitar um Irmão que estava adoentado. Fui a pé, como costumava. Ao preparar-me para retornar, os Irmãos insistiram que eu ficasse, pois uma nevasca se aproximava. Disse-lhes que tinha compromissos em casa e que precisava voltar. Já na estrada, a escuridão veio rapidamente e a neve começou a cair com muita força. De repente, os caminhos nos eram estranhos e percebemos que estávamos perdidos.

Caminhamos em várias direções, tentando achar algum ponto de referência, mas a cobertura de neve já era alta, o que dificultava a visibilidade. Enfraquecido, o Irmão que me acompanhava já desfalecia ao meu lado. Não tive dúvidas: apelei para aquela em quem sempre confiei, a Virgem Maria.

Minutos depois, necessitando olhar o seu gado no estábulo, um camponês saiu de casa, com uma pequena lanterna na mão, para iluminar-lhe o caminho. De longe, vi aquela luzinha e segui rumo àquela casa, encontrando abrigo até que a tempestade passasse e nascesse um novo dia.

O que aconteceu comigo naquele dia continua se passando com muitas pessoas. Não são poucos os que se sentem perdidos pela vida e necessitam de alguma luz para orientá-los. A quem você se dirige quando está em apuros? Em quem você confia?




24 JUNHO

Preciso de IrmãosUm susto

na neve


Hoje, mais do que nunca, estou convencido da necessidade de Irmãos para as crianças e jovens. Precisamos de jovens decididos a abrir espaço para a ação de Deus em sua vida. As experiências da vida diária são instâncias especiais de encontro com Deus. A presença de Deus se manifesta na criação e nos acontecimentos cotidianos: na escola e nos relacionamentos, no silêncio e no barulho, nas alegrias e tristezas, nas conquistas e sofrimentos, na tragédia e na morte.

Podemos sentir Deus também no testemunho de quem se compromete com a paz, a justiça e a solidariedade com os pobres e, generosamente, age em favor dos outros e por eles se sacrifica.

Todas as pessoas e acontecimentos da vida são oportunidades para nosso encontro com Deus misericordioso. Talvez sintamos Deus ainda mais perto de nós naqueles momentos em que nos sentimos mais vulneráveis e aflitos, ou quando empenhamos nossa palavra, não importando o risco que isso represente. Quando damos graça pelo dom da vida, resgatamos relacionamentos, oferecemos e aceitamos o perdão, celebramos a Eucaristia e partilhamos a Palavra – todos esses são momentos de graça para encontrar e conhecer o Senhor.

Nossa verdadeira identidade é um dom que assume a forma de um convite incisivo, um chamado, uma vocação. É Deus agindo em nós. Em minha vida, também passei por questionamentos e dúvidas. Vivi esta experiência de busca de identidade e de crescimento humano como uma graça de Deus.

E você? Já pensou sobre a sua vocação? Sabia que muitos dos Irmãos Maristas de hoje são ex-alunos de nossas escolas?




Acolher o amor de Deus25

JUNHOCristiani

smo prático


Você já percebeu que as pessoas realizam a jornada da vida de maneiras diferentes, com ritmos e intensidade próprios? Cada uma tem seu modo de descobrir o sentido da existência e de dar sua resposta. Não importa tanto como nos comprometemos no decurso de nossa vida, nem as opções que fazemos. Sempre haverá oportunidade de encontrarmos Deus.

Sempre reconheci Deus em todas as coisas e acreditei que tudo vinha d’Ele. Para mim, todos os lugares e circunstâncias eram espaços nos quais Deus se comunicava comigo. Assim, o mundo deixa de ser um obstáculo e se torna um lugar de encontro com Deus, de missão e de santificação.

Ver o mundo com os olhos de Deus. Insisti com meus Irmãos para que olhassem a realidade e, diante do percebido, apresentassem respostas coerentes, fundamentadas na fé. Dizia-lhes que nós seríamos muito culpados se fizéssemos despesas inúteis, se buscássemos o supérfluo, quando uma grande multidão de pobres não tem nem pão nem roupas. Ser insensível à miséria e às privações desses membros sofredores de Jesus Cristo é não ter nada de caridade.

Em outras oportunidades, vendo meus Irmãos preocupados com os resultados de suas ações, lhes dizia que não se inquietassem e não se perturbassem, nem com eles mesmos nem com suas obras. Transmitia-lhes a confiança de que é Deus quem permite e dirige os acontecimentos. Ele os conduz para sua glória e para o bem dos seus escolhidos.

O que você acha disso? Suas atitudes no cotidiano levam em consideração a sua fé? Em que momentos você percebe ser mais sensível às mensagens que Deus nos dá durante os nossos dias?




26 JUNHO

Acolher o amor de Deus

Cristianismo prático


Entendi desde cedo que Jesus nos mostra quanto Deus se comove com as necessidades e os sofrimentos das pessoas, principalmente dos “pequeninos”. Ao mesmo tempo em que minha vida ficou mais centrada no relacionamento com Deus, fui também mais tocado pela sua misericórdia e passei a me dedicar aos necessitados, de modo especial às crianças e jovens.

Essa disposição em favor da vida, a paixão por Deus e a compaixão pelo seu povo constituem a espiritualidade em ação. Hoje, o mundo precisa de pessoas sensíveis ao mistério da vida em uma atitude de abertura e disponibilidade. Testemunhas do amor de Deus, somos chamados a ser sal, fermento e luz entre os nossos companheiros de jornada.

Com fé, eu procurava apreender as dimensões mais profundas de cada situação, além das aparências e visões superficiais. Minha oração muitas vezes se resumia a reconhecer: como é grande o vosso amor, Senhor! Através da oração, aprofundava os acontecimentos da vida. Tinha um tempo do meu dia para orar e nunca o substituía por outras ocupações. A leitura da palavra de Deus me ajudava a permanecer fiel ao empenho pela construção de um mundo melhor. A verdadeira oração emerge da vida e devolve-nos à vida.

Como são as suas orações? Em que momentos você se dirige a Deus com mais facilidade? Quando está rezando, você trás para a oração os acontecimentos da vida, do mundo ao seu redor?




Ela tudo fez entre nós27

JUNHOAs primeiras

escolas maristas


Desde o início, eu tinha claro que a educação, as escolas, de modo especial, seriam espaços nos quais tornaríamos Jesus Cristo mais conhecido e amado. Acredito que educamos o nosso coração ao convivermos com Jesus. Quis que meus irmãos e todos os que fazem uma escola marista proclamem sua mensagem e seu jeito de ser e de agir através da presença da palavra e das atitudes.

Optei por chamar de Irmãos os primeiros maristas em La Valla. Acreditei na força do amor que constrói comunidade e cura as mágoas. Nós, maristas, somos convidados a ser irmãos para todo o mundo. Ser irmão, para mim, significa ter relacionamento simples, acolhedor e encorajador, apoiado sempre na compaixão, na alegria e na cordialidade. Somos irmãos de todos os que vamos encontrando pela vida a fora.

Ao rezarmos o Pai-Nosso, reconhecemo-nos irmãos uns dos outros. Irmãos que, numa escola marista, tem muitas oportunidades de convivência, acolhida e amor aos outros como eles são. Ensinei aos primeiros maristas que, para bem educar as crianças e jovens, é preciso antes de tudo amá-los. Ainda mais, é preciso constituir uma comunidade educativa orientada pelo amor, espaço onde se integram fé, cultura e vida. Você percebe a nossa escola como uma comunidade? Como você contribui para a vida de nossa escola? Lembre-se de que a família, a escola e a sociedade serão melhores quando cada um fizer a sua parte.




28JUNHO

Ela tudo fez entre nós

As primeiras escolas maristas


Já lhes falei sobre o meu amor a maria, a mãe de Jesus. Sempre me dirigi a ela com profunda afeição e total confiança. Estava convencido de que o projeto que iniciei, a família marista, era muito mais obra dela do que minha. Escrevi certa vez aos Irmãos que sem Maria não somos nada; com Maria temos tudo, porque Maria sempre tem seu adorável Filho nos braços e no coração.

Convido-o a fazer hoje a experiência desse relacionamento. Faça em sua vida que tudo seja a Jesus por Maria e tudo a Maria para Jesus. Significa um estreito relacionamento entre filho e mãe, atitude de confiança que somos chamados a viver.

Estou convencido de que seguir Jesus do jeito de Maria é um modo privilegiado de viver em plenitude o cristianismo. A exemplo de Maria, muitas vezes, ficamos confusos diante dos acontecimentos. Precisamos de sua atitude de fé e disponibilidade para ouvir e pôr em prática a Palavra de Deus.

No final das cartas que escrevi, sempre me despedi dos meus Irmãos dizendo: deixo-os nos corações de Jesus e de Maria. Haverá melhor lugar para desejar que alguém esteja?

Você conhece a história de Maria de Nazaré? Procure ler um pouco sobre ela, principalmente nos Evangelhos. Conheça-a bem e certamente você a amará tanto quanto eu.




Não nasci Santo29 JUNHO

Meus últimos pedidos


Trabalhei muito durante toda a vida. Não medi esforços, mesmo diante das maiores dificuldades, para realizar o meu sonho. Depois daquele encontro com o jovem João Batista Montagne, sobre o qual já lhes falei, dediquei tudo de mim para apresentar resposta concreta àquele apelo que Deus me apresentava. Constitui uma família religiosa. Convivi e partilhei com meus Irmãos tudo o que acreditava necessário para que eles desempenhassem bem a missão de ajudar as crianças e jovens a desenvolverem todo o seu potencial e ajudar a construir um mundo melhor. Todo este sacrifício me consumiu as forças e debilitou minha saúde. Aos 51 anos, senti que minhas forças diminuíam e, convocando meus Irmãos, lhes fiz meus últimos pedidos.

Disse-lhes que minha última vontade era a mesma que Jesus nos havia ensinado: o mandamento do amor. Assim lhes falei: “Amai-vos uns aos outros como Jesus Cristo vos amou. Que não haja entre vós senão um mesmo coração e um mesmo espírito. Que se possa dizer dos Irmãozinhos de Maria como dos primeiros cristãos: vede como eles se amam”.

Esse amor nasce, pelo Espírito Santo, em nossos corações. Ele envolve toda a nossa vida e transforma as nossas atitudes para conosco mesmos e para os que Deus coloca em nosso caminho.

Você conhece pessoas que amam a humanidade? Quem você admira, a ponto de espelhar-se em suas ações? Amar a si mesmo, aos outros e a Deus é um desafio para os jovens deste século. Como você se vê diante deste desafio?




30 JUNHO

Não nasci SantoMeus últimos pedidos


Desde que me senti chamado por Deus e respondi à minha vocação, procurei enxergar reflexos de Deus nas pessoas que encontrei. Desejei ser a memória visível e permanente do amor e da presença misericordiosa de Deus em meio às pessoas: ser sinal vivo da ternura do Pai, principalmente para as crianças e jovens mais pobres. Em toda a minha vida, pude constatar que Deus age misteriosamente em nós e através de nós. E, apesar de nossas limitações tão evidentes, sua bondade nos torna capazes de superá-las. Vivendo como amigo de Deus, aprendemos a imitá-lo: pastor, amigo, companheiro fiel.

Depois de alguns anos da minha morte, e após testemunho da comunidade sobre tudo o que fiz entre eles, a Igreja me proclamou Santo. Não é mérito meu. Assim como disse Maria, posso afirmar: “O Senhor fez em mim maravilhas. Santo é seu nome”. Ser santo é, a cada dia, ir superando em nós tudo aquilo que nos afasta de nós mesmos, dos nossos irmãos e de Deus. Apesar de ser expressão pouco usada quando nos dirigimos às pessoas, pergunto: você conhece alguém a quem poderia chamar de santo? O que falta superar em sua vida para que você esteja cada dia mais perto de Jesus?



: 38 :JUNHO COM CHAMPAGNAT ASAS E RAÍZES DE UM SONHADOR

Oração para pedir uma graça

São Marcelino Champagnat, durante a vossa vida, caminhastes na presença de Deus, repleto de fé e profunda confiança filial na proteção de Maria, e fostes misericordioso para com o próximo, pleno de amor e de carinho pelos pobres e pequeninos, os prediletos de Deus.

Por isso, com grande confiança nos dirigimos a vós. Alcançai do Senhor a graça que hoje vos pedimos, para glória de Deus, nosso Pai querido (fazer o pedido). Amém.

Rezar um Pai-Nosso e três Ave-Marias.

São Marcelino Champagnat, rogai por nós!



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junho com champagnat

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