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JULIANA DO AMARAL LIMA
Contribui!;oes da Neuropsicologia a Psicomotricidade
,''0
Monografia apresentada para
obten9ao do titulo de Especialista
em Psicopedagogia no Curso de
P6s-Gradua9ao da Universidade
Tuiuti do Parana.
Orientadora: Laura Bianca Monti
CURITIBA
2002
SUMARIORESUMO...
1 INTRODUCAO...
2DESENVOLVIMENTO... 3
2.1 EVOLUc;:AoPSICOMOTORA... 3
iii
2.2 AS UNIDADES FUNCIONAI RELACIONADAS AO SISTEMA 7
PSICOMOTOR.... . .
2.2.1 PRIMEIRA UNIDADE FUNCIONAL... 7
2.2.2 SEGUNDA UNIDADE FUNCIONAL... 8
2.2.3 TERCEIRA UNIDADE FUNCIONAL... 11
2.3 FATORES PSICOMOTORES... 13
2.3.1 TONIICIDADE .
ANEXOS .
13
14
15
15
16
17
21
26
28
30
2.3.2 EQUILIBRAC;:AO.
2.3.3 LATERALlZAC;:Ao .
2.3.4 NOC;:AODO CORPO...
2.3.5 ESTRUTURAc;:Ao ESPAC;:O- TEMPORAL...
2.3.6 PRAXIAS...
2.4 ASPECTOS RELACIONAIS E DESENVOLVIMENTO...
3 CONCLUSAO .
REFERENCIAS .
RESUMO
A psicomotricidade envolve alguns fatores psicomotores que se apresentam
diretamente ligados ao sistema nervoso, bern como ao modele neuropsicol6gico de
Luria. A teoria do sistema funcional, proposta per Luria se caracteriza per ser a base
para 0 entendimento da organizar;ao psicomotora humana, 0 que significa afirmar
que compreender 0 funcionamento cerebral torna-se fundamental para
posteriormente relaciona-Io com 0 desenvolvimento da motricidade. E atraves da
motricidade que a inteligencia se organiza e manifesta-se. Sendo assim, 0 cerebra
que e 0 6rgao da motricidade, tambem e 0 da aprendizagem e para que esta ocorra,
torna-se primordial 0 desenvolvimento das habilidades motoras.
Psicomotricidade e portanto, a ciencia que tern como objeto de estudo 0 homem
atraves do seu corpo em movimento, alem das possibilidades de interagir no meio
atraves das possibilidades de perceber, atuar, agir com as Qutros e consigo mesma.
De acordo com a matura9ao neurol6gica adequada.
Palavras-chave: Unidades Funcionais; Psicomotricidade; Aprendizagem.
1 INTRODUC;;AO
Para todos as educadores e necessario compreender a importancia da
psicomotricidade enquanto caminho necessaria para 0 desenvolvimento humano,
uma vez que 0 conhecimento do corpo torna-se fundamental para que 0 individuo
se desenvolva.
Principalmente as profissionais de educa9ao infantil, devem aprimorar seus
conhecimentos a cerca do desenvolvimento das crian9as de 0 a 3 anos afim de
enriquecer 0 trabalho pedagogico, contribuindo com a escola em que atuam,
enriquecendo 0 trabalho dos demais profissionais da mesma.
A relevimcia deste estudo esta relacionada com a necessidade em reconhecer
que a aprendizagem ocorre no cerebra e a desenvolvimento psicomotor e de
fundamental importancia para a aquisi~ao das habilidades basicas. A
pSicomotricidade e a base para toda e qualquer aprendizagem, uma vez que
envolve 0 corpo, 0 mental e 0 movimento em perfeita harmonia.
o movimento para a crianc;a nao tem sentido apenas de locomoC;ao, mas
principalmente de comunicaC;ao essencialmente quando ainda nao adquiriu a
linguagem verbal. Eo atraves do corpo que a crian~a interage com 0 meio e expressa
suas necessidades e desejos.
Ao nascer, a crianc;a passa a vivenciar e experenciar 0 mundo exterior atraves
das relayoes com a mae. Os estimulos externos provocados pelo ambiente sao
fundamentais na organizaC;ao do equilibria tonico-emocional da crianc;a. Quanto
mais rico em estimulos for 0 ambiente, maiores as possibilidades da crianya
desenvolver-se de maneira harmoniosa.
A partir do segundo ana de vida, as reiac;oes que ate entao eram entre mae e
filho passam a ter urn novo carater. A crianc;a inicia uma fase de descoberta, por ja
estar andando, passa a descobrir 0 mundo atraves dos objetos que a cercam,
manipulando e experenciando cada objeto que Ihe pare~a novo, esta atividade sera
de fundamental importancia para a aquisi~ao das praxias,
Este trabalho monografico visa evidenciar a importancia de urn meio favoravel it
descoberta, ressaltando a importancia do adulto, seja ele pais ou professor, em
valorizar os exitos das crianc;as,sendo urn mediador que imp6e limites para garantir
a integridade fisica das crianc;as.
A originalidade deste estudo esta em demonstrar a relac;ao entre a
psicomotricidade e a aprendizagem, bem como explicar cientificamente, atraves da
neuropsicologia, como ocorre 0 processo de amadurecimento cerebral e
consequentemente a evoluc;aomotora do ser humano.
No inicio dos anos 70, foi trazida ao Brasil uma corrente desenvolvida com a
finalidade de recuperar mutilados de guerra, esta corrente expandiu-se para
diversas areas ligadas a aprendizagem, a qual e conhecida como pSicomotricidade.
A psicomotricidade baseia-se na interdependencia entre desenvolvimento
motor e cognitiv~, surge entao, como uma critica ao dualismo cartesiano, de
Descartes que separa a corpo e a mente. 0 desenvolvimento psicomotor torna-se
imprescindivel para a aquisigao de conteudos cognitivos, e a educagao do
movimento da lugar it educaC;ao pela movimento. As estruturas psicomotoras:
coordenac;ao motora, equilibrio, lateralidade, organizaC;ao espac;o-temporal e
esquema corporal buscam integrar 0 homem e espac;o,corpo e alma.
2DESENVOLVIMENTO
2.1 EVOLUo;fiio PSICOMOTORA
Cad a especie passui uma motricidade propria, sendo capaz, portanto de
interagir com 0 seu meio e nele S8 adaptar. Desta forma, existe uma interac;ao entre
o corpo, 0 cerebro e 0 meio. (FONSECA, 1998, p.270).
Observa-s8 que muitas sao as diferenc;:as entre a homem e Qutros animais,
param, ha de se concordar que todos possuem cerebra, sendo assim, movimentam-
S8 e sao capazes de sobreviver. "A motricidade humana envolve urn processo novo,
uma tamada de consciemcia, urn sistema de representac;:6es, isto 13, urn salta
qualilalivo nos sislemas de significantes, cuja amplitude e complexidade edesconhecida na molricidade animal". (FONSECA, 1995, p, 274)
o cerebra passou par evoluc;:oes, principalmente no que S8 refere ao seu
tamanho, adquirindo ao longo da sua intera~ilo historico - evolutiva (ontogenetica),
especialidade e complexidade funcional, a que vern a determinar 0 ser humano,
segundo FONSECA (1998, p,172) "",como 0 unico a atingir uma gestualidade, uma
pantomima e uma imitaC;Elo intencionais~, ou seja, 0 homem apresenta uma outra
forma de comunicac;ao, a nao - verbal. Isto pode ser caracterizado principalmente
pelo desenvolvimento do lobo Irontal humano, 0 qual e responsavel pelo
planejamento, programac;ao e execuc;ao das informac;oes captadas do meio exterior.
Relerente a perspectiva neurologica evolutiva de PLOOG, citado por
FONSECA (1995, p, 275), 0 cerebro de um primata e de um Homo Sapiens
apresentam diferenc;as consideniveis no que diz respeito as areas e os centros
funcionais, 0 que vem a provar que a motricidade diferepse da psicomotricidade. A
primeira e considerada como equipamento caracteristico de qualquer vertebrado e a
psicomotricidade se destina ao luncionamento deste equipamento, A motricidade
humana distingui-se da motricidade animal por apresentar intencionalidade em suas
a90es e ainda modifica-Ias, 0 que prova que 0 homem e 0 unico ser biopsicosocial.
Assim, esta organiza~ao complexa, evolui segundo WALLON, citado p~r
DANTAS (1992, p,38), do ato mental que se desenvolve a partir do ato motor, e a
motricidade humana, come~a pela atua,ao sobre 0 meio social, antes de modificar 0
meio fisico, po is 0 contato com este, nunca e direto, sendo sempre intermediado
pelo social, seja na sua dimensao interpessoal ou cultural.
Eo relevante a influencia que a cultura tern sobre 0 desenvolvimento da
motricidade infantil, na~ s6 pelos diferentes significados que cada grupo aJribui a
gestos e express6es faciais, como tambem pelos diferentes movimentos aprendidos
no manuseio de objetos especificos presentes na atividade cotidiana. Cada cultura
possui uma praxia em especial, algumas culturas utilizam garfo e faca, outras no
entanto, utilizam pauzinho para comer
Segundo VYGOTSKY, citado por OLIVEIRA (1992, p. 78), 0 funcionamento do
cerebra humano fundamenta-se na ideia de que as fun~6es psicol6gicas superiores
sao construidas ao longo da hist6ria social do homem.
o ser humano s6 pode ser compreendido atraves do vinculo que 0 une ao seu
meio social. 0 recem-nascido possui potencialidades que para desenvolver-se
necessitam nao somente das condi~6es organicas adequadas, como tambem da
inter-rela9aOcom as pessoas. Segundo LE BOUCH (1996, p. 27), esta rela9aO tera
fundamental importancia na orienta9ao do temperamento e da personalidade. A
crian~a com urn bom desenvolvimento psicomotor e um bom nivel gestual ira
exercer urn certo dominio no arnbiente, ao contrario, das crian~as que nao possuem
urn born desenvolvimento psicomotor e uma pobreza gestual, pois possuern rnais
dificuldade em comunicar-se e expressar seus pensamentos, essas tern mais
dificuldades em serem aceitas pelas outras crian9as. Acarretando, assim
dificuldades de convivencia social e ate mesmo de aprendizagem. 0 meio e fator de
extrema importancia para 0 desenvolvimento psicomotor.
Urn dos fatores de preocupa9ao social da-se ao fato de que a psicomotricidade
precisa ser trabalhada na educa9ao infantil, uma vez que 0 ambiente social tende a
nao propiciar 0 desenvolvimento favoravel das habilidades motoras, pois existe
cad a vez menos espa90 nas casas e a violemcia urbana limita a desenvolvirnento
natural das criangas e a necessidade do trabalho ocasionc;lndo pouGo tempo de
lazer.
Faz-se necessario que a educayao infantil estimule as habilidades rnotoras
basicas para que posteriormente a demanda de crian9as com dificuldade de
aprendizagem seja reduzida significativamente.
o Referencial Curricular Nacional para a Educa,ao Infanti! de 1998, preve que
as Instituir;oes de Educayao Infantil devem favorecer urn ambiente fisico e social
ande as crianc;as sintam-se protegidas e acolhidas, e ao mesmo tempo seguras
para se arriscar e veneer desafios. Quanta mais rico e desafiador for esse ambiente,
maiores serao as possibilidades de ampliayao de conhecimentos das crianyas
acerca de si mesmas, dos Qutros e do meio em que vivem.
A psicomotricidade envolve alguns fatores neurologicos que se apresentam
diretamente ligados ao sistema nervoso, bern como ao modele neuropsicol6gico de
LURIA (1981). A teoria do sistema funcional, proposta por LURIA se caracteriza por
ser a base para 0 entendimento da organizac;c3o psicomotora humana, 0 que
significa afirmar que compreender a funcionamento cerebral torna-se fundamental
para posteriormente relaciona-Io com a desenvolvimento da motricidade.
VYGOTSKY te6rico multidisciplinar deu grande importancia ao substrato material
do desenvolvimento psicologico, especificamente a cerebra, tendo realizado
diversos estudos a respeito do tema, estudos estes que posteriormente foram
aprofundados por LURIA. Segundo VYGOTSKY, citado par OLIVEIRA (1992, p. 78)
as fun90es superiores psicologicas superiores sao construidas ao long a da historia
social do homem. Deve-se ressaltar que para VYGOTSKY as fun,ces mentais
superiores referem-se aos processos de pensamento, memoria, percep980 e
aten98o. A campreensaa do desenvolvimenta psical6gica naa pade ser buscada em
propriedades naturais do sistema nervoso. Desta forma, VYGOTSKY evidencia a
forte liga,ao entre processos psicol6gicos humanos e a inser,ao do individuo num
contexto socio-hist6rico especifico.
Para PIAGET, segundo TAILLE (1992, p. 17), 0 equilibrio das a,ces e 'um
sistema de apera96es, ista e, de a90es que se tarnam reversiveis e passiveis de
serem compostas entre si".(PIAGET,1977, p. 150). As raizes desta marcha para 0
equilibria encontram-se no periada sens6ria - motor, durante 0 qual a crian9a
constroi esquemas de a98a que constituem uma especie 16gica de a90es e das
percep,ces.
Segundo WALLON, citado por DANTAS (1992, p. 42), e atraves da motricidade
que a inteligemcia se edifica, se arganiza e manifesta-se. A matricidade humana
come,a pela atua,80 sobre 0 meio social, antes de poder modificar 0 meio fisico. 0
contato com este, na especie humana, nunca e direto: e sempre intermediado pelo
social, tanto em sua dimensao interpessoal quanta cultural.
FONSECA (1995, p. 12), afirma que a psicomotricidade e hoje concebida como a
integra9ao superior da motricidade, produto de uma rela9ao inteligivel entre a
crian.yae 0 meio, e instrumento privilegiado atraves do qual a consciencia se forma
e materializa-se.
o cerebro que e 0 6rgao da motricidade, tambem e 0 da aprendizagem e para
que esta ac~rra, torna-se primordial 0 desenvolvimento das habilidades motoras.
2.2 AS UNIDADES FUNCIONAIS RELACIONADAS AO SISTEMA PSICOMOTO
o ser humano, par possuir capacidades intelectuais cnde a consciencia esta
presente, tern a sede de seus pensamentos e atitudes localizados no cerebra, ista
significa admitir que ao exercer algum tipo de atividade 0 cerebra e a estal'ao
obrigatoria para que esta se realize. Isto e sem duvida 0 que nos diferencia do
restante dos anima is, a capacidade de planejar intencionalmente nossas ac;oes
assumindo todos riscos advindos del as.
Desta forma, para compreender as processos mentais no ser humano, efundamental conhecer a neuropsicologia, pais esta neurociencia busca explicar a
rela980 existente entre 0 funcionamento cerebral e 0 comportamento humano.
o cerebro humano foi dividido por LURIA, em tres unidades funcionais, onde
cada uma delas possui func6es especificas e ao mesma tempo apresentam-se
dependentes entre si, 0 que significa afirmar que trabalham em conjunto numa
organizal'ao diniimica (FONSECA, 1995, p. 56). (ver anexo 1)
FONSECA (1995, p. 56) contribui afirmando que: "Segundo dados concretos
da patologia cerebral humana, hi! condil'oes suficientemente seguras para distinguir
tres unidades funcionais, cuja participa~ao e necessaria a qualquer tipo de atividade
mental, quer no movimento voluntario e na elaborayao praxica e psicomotora, quer
na pradul'ao da linguagem falada ou escrita".
Assim, toda e qualquer atividade mental, passa necessaria mente pelas tres
unidades funcionais que seguem explicitadas a seguir:
2.2.1 PRIMEIRA UNIDADE FUNCIONAL
A primeira unidade funcional, segundo LURIA (1981), e composta pelo tronco
cerebral (formal'ao reticular), talamo, hipotalamo, e cortex cerebral, mantendo
ligayoes neuronais com outras estruturas cerebrais. Juntamente com as areas
subcorticais (diencefalo), e responsavel pel a regulal'ao do tonus cortical e 0 estado
de vigilia, pelos fatores psicomotores da tonicidade e da equilibral'ao. A formal'ao
reticular e uma rede nervosa ao longo da qual se encontram espalhadas entre si
pequenos axonios. Segundo FONSECA (1995, p. 59), ao contrario do cortex, a
excita,ao da forma,ao reticular espalha-se por toda a rede, originando uma
transmissao mais lenta, urna gradual mudant;a de nlvel de excitabilidade.
Toda e qualquer atividade humana exige urn adequada estado de alerta e de
vigilia (aten,ao). Esta e a unidade responsavel pelo mecanismo basico de aten,ao
e, concomitantemente com a terceira unidade funcional, pela concentrattc10, que eoutra modalidade da atenl'ao. Eo esta unidade que ativa todo a sistema psicologico e
cognitivD, tornando 0 individuo apta para receber, processar e interagir com as
estimulos (FONSECA, 1995, p. 279).
A primeira unidade funcional de LURIA compreende as fatores psicomotores
da tonicidade e equilibrac;ao. A tonicidade e relacionada por este autor a funyc30 de
alerta e de vigilia e para FONSECA (1995, p. 144), e definida no seu componente
corporal, ou seja, na tensaa em que se encontram as museu los, processando as
reflexos que asseguram as acomodac;5es adaptativas posturais; e a equilibraC;8o eurna func;c3o determinante na construc;ao do movimento voluntiuio, condic;ao
indispensavel de ajustamento postural e gravitacional, sem a qual nenhum
movimento intencional pode ser atingido.
De acordo com intimeras investiga,oes, FONSECA (1995, p. 163), afirma
que a centro regulador da equilibral'ao e a cerebelo. Embora LURIA nao se refira ao
Fator equilibra9ao como integrado na primeira unidade funcional, nem ao sistema
cerebeloso como um componente fundamental do cerebra, au seja, como centro de
estrategias posturo - motoras.
2.2.2 SEGUNDA UNIDADE FUNCIONAL
A segunda unidade funcional esta sediada nas areas pos-centrais do cortex
(lobas parietal, occipital, temporal) dos hemisferios cerebrais e compreende as
fun90es de analise, sfntese e armazenamento das informa90es. Estas areas sao 0
ponto de chegada e integral'ao dos analisadores auditivo (lobo temporal),
somestesico (lobo parietal) e visual (lobo occipital) (KAGAN & SALING, 1997). Estes
impulsos nervosos sao captados pelos canais, os quais sao analisados e
armazenados. "Os lobos parieto-occipito-temporal sao responsaveis pela
organizayao dos fatores psicomotores da nOy80 do corpo, da estruturayc30 espacial
e temporal". (FONSECA, 1995 p. 279).
Esta e uma unidade altamente especffica, uma vez que suas prapriedades
funcionais estao adaptadas a capta,ao, recep,ao e registro de estimulos que
circulam no cerebra.
A segunda unidade funcional e subdividida em tres zonas: primaria,
secundaria e tercearia.
- Zona Primaria
Esta unidade e tambem designada de proje,ao, uma vez que recebe os
impulsos indiferentes dos 6rgaos sensoriais, atraves das vias de prajey80 sensorial.
Esta zona esta situada para mediar a percepryc30 de mudanya fisica tanto no
ambiente externo quanto interno.
Esta unidade possui uma elevada diferenciay80 de celulas nervosas, sendo
assim, cada uma possui uma especificidade. Portanto, "as celulas que respondem
ao som nao podem ser encontradas no cortex visual primario" (FONSECA, 1995, p.
95).
Oesta maneira, as zonas nucleares sensoriais da 2a unidade sao altamente
especializadas, capazes de processar pequenas diferenciaryoes, a tim de garantir a
integra,ao da percep,ao seletiva e complexa.
As areas primarias da 2a unidade funcional representam a base desta unidade,
pOis sao rodeadas e envolvidas par zonas corticais secundarias, as quais LURIA
designou gnosicas.
Segundo FONSECA (1995, P. 75), 0 cerebra disp5e nessa unidade funcional de
areas de pracessamento especializado para cada modalidade sensorial,
funcionando nas areas primarias em termos intraneurosensoriais, passando
pragressivamente, a medida que as fun,ces psicologicas se encadeiam, a funcionar
em termos interneurossensoriais nas areas secundarias.
Todas as areas primarias sao de projery8o. Esses neuronios tem apenas a
fun9c3o de montar a imagem, imagem e a sensa9ao ainda sem analise, ou seja, no
caso auditivo pode ser considerada como um som muito simplorio, no caso visual,
10
pede ser uma imagem obscura e par tim, no casa somestesico pede ser uma
sensal'ao tactil pobre (toque).
- Zona Secunda ria
A funl'ao das zonas secundarias e a sintese da informal'ao sensorial recebida da
zona primaria, porem de uma maneira ainda muito simples. A percep9ao do
elemento ira ocorrer atraves da sua forma, cor, tamanho, posic;:ao, profundidade.
Esta unidade funcional esta disposta por uma organizal'ao horizontal de
camadas, cad a uma delas distinta das Qutras pelas suas caracteristicas celulares.
Segundo FONSECA (1995, p. 72). Esta disposil'ao por camadas permite
compreender 0 desenvolvimento psicomotor e cognitiv~ das criangas, assim
considera-se que as camadas inferiores estao relacionadas com as sistemas
sens6rios motores; as intermediarias, com as sistemas perceptivQ - motores e
operacionais; as superiores, com as fun'foes simb61icas cognitivas mais
estruturadas. Isto explica porque 0 sistema psicomotor e 0 primeiro a desenvolver-
se. (ver anexo 2)
Esta unidade e 0 sistema de recepl'ao (input), analise e de armazenamento da
informa9ao vinda do mundo exterior e interior. A percep9ao humana resulta de uma
realidade que e construida atraves de representa90es de objetos. Esta percep980 eoriginalmente difusa e expansiva, tornando-se concentrada e condensada atraves
de uma construl'ao seletiva e estruturada, que ira depender do trabalho combinado
das areas secundarias da segunda unidade funcional.
- Zona Terciaria
Nesta zona ocorre a jun9ao das fun90es que irao conceituar e nomear a
informal'ao recebida. Segundo FONSECA (1995, p. 80), nestas zonas, procede-se aintegra9ao da informa9ao, nao s6 direta, mas simb6lica. Funciona como urn centro
de conversao, de equivalencia e de intera9ao funcional dos varios analisadores, 0
II
que proporciona a evolu9ao dos processos concretos abstratos, garantida par
esquemas internos de memoriza9ao de experiencias.
Nesta area estao as fun90es mais nobres do pensamento, as func6es menta is
superiores, caracteristica apenas humana.
2.2.3 TERCEIRA UNIDADE FUNCIONAL
A terceira unidade funcional corresponde as areas pre-centrais au lobos
frontais, localizada nas regioes anteriores do c6rtex, a frente do sulco central. Esta
diretamente ligada a primeira e a segunda unidade funcional para onde envia e de
onde recebe fibras nervosas. Tambem tem liga9ao eferente com a medula (tracto
c6rtico-medular) e com as nervos cranianos (tracto c6rtico-nuclear). (ver anexo 3)
Diferentemente da segunda unidade funcional, a terceira possui um unico
canal de salda, a que significa que ao final as a90es visadas sao realizadas em
movimento (KAGAM & SALING, 1997, p. 26).
As conexoes aferentes e eferentes permitem que a terceira unidade funcional
regule a comportamento intelectual (pensamento, mem6ria, vontade, aten9ao
voluntaria) - a que chamamos de programa9ao e avalia9ao; e a comportamento
motor (fala motora, e movimentos voluntarios) - a que chamamas de execu9ao e
controle, garantindo harmonia e habilidade nos movimentos. E esta unidade que
programa, regula e executa as a90es psiquicas e motoras (praxia global e praxia
final·
As tr~s unidades em permanente intera980 formam uma constela~o de trabalho queprocessa a motricidade, organizando-a antecipadamente. antes que se constitua em produtofinal. Tal constela~o de trabalho, verdadeiro sistema harmonioso e auto-organizado,composto de subslstemas espalhados pelo lodo cerebral, preside a organjza~o psicomotorahumana como conjunto de componentes ordenados e integrados, conferindo ao movimentovoluntario urna arquitetura operacional de estruturas corticais e subcorticais. (FONSECA,1995 p. 280)
Segundo LURIA, citado par FONSECA (1985, p. 81), algumas zonas
participam do movimento voluntario: zona p6s-central se ocupa do feedback
sensorial tatilcinestesico precedente dos musculos; zona parieto-occipital,
12
responsavel pela orienta,ao espacial do movimento; zona pre-motora se ocupa da
seqOencializa,ao do comportamento motor; e, zona frontal, responsavel pela
programa,ao dos movimentos.
Tendo em vista, as unidades funcionais acima citadas, fica evidente que 0
sistema pSicomotor humane possui algumas propriedades. Segundo FONSECA
(1995) sao elas:
• Totalidade: por ser um todo unico e integrado, 0 sistema psicomotor humane
(SPMH) e composto de varios subsistemas: equilibra,ao, tonicidade,
lateraliza,ao, no,ao de corpo, estrutura,ao espa,o-temporal, praxias global e
fina;
• Interdependencia: correla,ao entre os subsistemas psicomotores;
• Hierarquia: 0 sistema psicomotor humano segue uma hierarquia dos fatores mais
simples para os mais complexos, como da tonicidade e equilibra,ao para a
lateralizary80 e noyao de corpo e assim sucessivamente;
• Auto-regula,ao: 0 comportamento e regulado pelo sistema para atingir
determinados fins (feedback);
• Intera,ao com 0 mundo envolvente: existe uma inter-rela,ao entre 0 SPMH e 0
meio, sendo um dependente do outr~;
• Equilibrio: trata-se de uma montagem da crian,a para 0 adulto, atraves do
reconhecimento do seu proprio corpo;
• Adaptabilidade: 0 SPMH e um sistema adaptavel, uma vez que 0 meio esta em
constante mudan,a;
• Equifinalidade: 0 SPMH visa um fim e uma meta, capaz de processar dados
recebidos de diferentes modos (input) a fim de produzir a motricidade (output),
ou seja, capaz de executar tarefas uma vez planejadas;
2.3 FATORES PSICOMOTORES
Muitos autores demonstraram a evidente relac;ao entre 0 desenvolvimento
motor e as funyces da aprendizagem. dentre eles pode-se citar: WALLON, PIAGET,
AJURIAGUERRA, entre outros.
A qualidade do perfil psicomotor da crianya esta relacionada a organizayao
neurol6gica das tr~s unidades funcionais definidas por LURIA (1981), sendo assim,
associada ao potencial de aprendizagem. (ver anexo 4)
2.3.1 TONICIDADE
Este fator esta ligado a primeira unidade funcional de LURIA, sendo a funyao
fundamental de alerta e vigilia. Refletindo assim, 0 primeiro degrau no
amadurecimento neurol6gico, Sem a tonicidade a psicomotricidade nao
desencadeia, segundo FONSECA (1995, p. 141), "a maturidade do sistema nervoso
edifica-se a partir da organizayao tonica". A tonicidade garante as atitudes, postura,
mimicas, emoyoes, de onde imergem todas as atividades motoras humanas. "Toda
a motricidade necessita do suporte da tonicidade, isto e, de urn estado de tensao
ativa e permanente,..." (FONSECA, 1995, p. 122).
Assim como a primeira unidade funcional, a tonicidade se da na formayilo
reticulada, urn centro integrador da primeira unidade funcional, a qual exerce uma
modulayao nos padroes de reflexo, que preparam a atividades postural. A formayaO
reticulada, devido sua localizayao privilegiada combina e coordena todas as
informac;6es sensoriais com as motoras.
E imposslvel separar a motricidade da tonicidade, pois toda a motricidade
parte de uma tonicidade, assim, a motricidade e composta por uma sucessao de
tonicidades que materializam a equilibrayao humana.
Alguns subfatores estao relacionados a tonicidade: (ver anexo 5)
• Extensibilidade: A extensibilidade e definida por AJURIAGUERRA, citada
por FONSECA (1995, p. 125), como 0 maior comprimento possivel que
podemos imprimir a urn musculo afastando as suas inseryoes. Atraves da
14
sua observayao e possivel constatar 0 grau de mobilizayao e de
amplitude.
• Passividade: Segundo AJUGIAGUERRA, citado por FONSECA (1995, p.
131), passividade e a capacidade de relaxamento passiv~ dos membras e
suas extremidades distais (pes e maos) perante mobilizayoes, oscilayoes
e balanyos provocados por uma pessoa.
• Paratonia: Segundo AJURIAGUERRA, citado por FONSECA (1995, p.
133), traduz a incapacidade ou impossibilidade de descontrayao
involuntaria. Relere-se a um bloqueio que impede a autodescontrayao
necessaria ao movimento harmonioso. Revela a exislencia au naD de uma
organizayao tonico-motora. Diadococinesias: Segundo FONSECA (1995,
p. 137), trata-se de uma realizayao coordenada e sucessiva de
movimentos com ambas as maos. A observayao destes movimentos
permite detectar movimentos Iragmentados e dismetricos, que sao
resultado de uma imaturidade ou inibiyao psicomotora.
• Sincinesias: Trata-se de movimentos naD intencionais, cuja elimina~ao
exige inibic;:ao tonico-sinelica. As sincinesias traduzem movimentos
associ ados que acompanham a realizac;:ao no movimento intencional,
prejudicando sua eficacia. Sua durayao pode aletar a coordenayao dos
movimentos.
2.3.2 EQUILIBRACAO
Este lator tambem esta relacionado com a primeira unidade luncional de
Luria, sua localizayao envolve 0 tronco cerebral, 0 cerebelo e os ganglios de base.
A equilibrayao para FONSECA (1985, p.146), e uma condiyao basica da
organizayao psicomotora, pois envolve uma multiplicidade de ajustamentos
posturais que dao suporte a toda resposta motora. Abrange 0 controle postural e 0
desenvolvimento das aquisiyoes de locomoyao.
A equilibrayao juntamente com a tonicidade preparam a base para a
organizayao psicomotora superior: lateralidade, somatognosia, estruturayao
espacio-temporal e praxias.
15
As aquisit;:oes posturais sao as pre-requisites das aquisi90es
especificamente humanas, portanto a importancia no desenvolvimento cognitiv~.
A equilibrayao e exclusividade da postura bipede humana, devido a
mielinizayao, distinta do animal.
Alguns subfatores estao relacionados a equilibrayao: (ver anexo 6)
• Imobilidade: Segundo GUILMAIN, citado por FONSECA (1995, p. 153), a
mobilidade e definida como a capacidade de inibir voluntariamente todo e
qualquer movimento durante um curto periodo de tempo. Sua observayao
permite perceber a capacidade da crianya em conservar 0 equilibrio com
os olhos fechados, os ajustamentos posturais, as reayoes tonica -
emocionais, movimentos faciais, movimentos involunlarios.
• Equilibrio dinamico: exige uma orientayao controlada do corpo em
situayoes de deslocamento no espayo com os olhos abertos.
2.3.3 LATERALIZACAO
Segundo FONSECA (1995, p. 167), a lateralizayao est. relacionada a
segunda unidade funcional de LURIA. A lateralizayao respeita a progressiva
especializayao dos dois hemisierios cerebrais, que resultam das funyoes s6cio-
hist6ricas da motricidade.
Refere-se principalmente ao uso preferencial de um lade do corpo para a
realizayao das atividades: pes, maos e olhos. A lateralizayao est.. ligada apreferencia manual do membra superior que constitui 0 membra de maior
especializayao e dissociayao do ser humano.
Os subfatores relacionados a lateralizayao, visam verificar a preferencia dos
telerreceptores (visao e audiyao) e dos proprioefetores (maos e pes), ou seja, a
dominancia dos olhos, ouvidos, maos e pes. (ver anexo 7)
2.3.4 NOCAO DO CORPO
Este fator esta, assim como a lateralizayao integrado a segunda unidade
funcional de LURIA, cuja fun,ao e a recep,ao, analise e armazenamento da
16
informa9aO.
Esta habilidade consiste no conhecimento adequado do corpo, uma tomada
de consci,mcia estruturada e armazenada de informa90es vindas do corpo.
Segundo FONSECA (1995, p. 181), a n09ao do corpo e a imagem do corpo
humane e humanizado, imagem adquirida, elaborada e organizada no cerebro do
individuo por meio da sua aprendizagem mediada.
A n09aOdo corpo e para a crian9a um ponto de referencia para que possa
atuar no mundo exterior. Para as crian~as,as objetos estao referidos em rela9ao ao
seu corpo e orientados no espa90 com referencia a ele. Portanto, para aprender enecessaria uma conscientiza9aOda n09ao dos dois lados do seu corpo e das suas
diferen9as e posi90es.
Alguns subfatores estao relacionados a equilibra9ao: (ver anexo 8)
• Sentido cinestesico: refere-se a somestesia, ou seja, a sensibilidade
cutanea e subcutanea. Sua observa9ao visa detectar se a crian9a possui
um grau integrado de reconhecimento do seu corpo. A crian9a com os
olhos fechados devera identificar qual a parte do seu corpo foi tocado
tatilmente.
• Reconhecimento da direita e esquerda: Consiste em discriminar
verbalmente 0 reconhecimento de esquerda e direita em si, nas outras
pessoas e em objetos. Este conceito esta intimamente ligado ao processo
de alfabetiza9ao, pois iniciar a aprendizagem da leitura e escrita sem a
aquisi9ao destes conceitos pode implicar em confusoes na orienta9aoespacial.
• Auto - imagem: Permite observar 0 componente facial da n09aOdo corpo,
a sua localiza9ao e diferencia9ao tatil - cinestesica.
• Imita9ao de gestos: Atraves da observa9ilo deste fator pode-se verificar a
capacidade de reten9ao, analise e reprodu9iio de posturas e gestos,
envolvendo a n09ao do corpo.
2.3.5 ESTRUTURACAO ESPACO-TEMPORAL
Este fator esta relacionado a segunda unidade funcional de LURIA.
17
Segundo FONSECA (1995, p. 203), a estruturayao espayo-temporal decorre
como organizayao funcional da lateralizayao e da noyao do corpo, uma vez que enecessaria desenvolver a conscientiza~ao espacial interna do corpo antes de
projetar 0 referencial somatognosico no espayo exterior. Emerge da motricidade, da
relayao com os objetos localizados no espayo, da posiyao e das relayoes de
tonicidade, da equilibrayao, da lateralizayao e da noyao do carpo, confirmando 0
principio da hierarquizayao dos sistemas funcionais.
Alguns subfatores estao relacionados a estruturayao espayo - temporal: (ver
anexo 9)
• Organizayao: Compreende a capacidade concreta de calcular as
distancias e as ajustamentos dos pianos motores necessarios para situar-
se no espayo.
• Representayao topogn.fica: Representa a capacidade espacial e a
capacidade de interiorizayao de uma trajetoria num levantamento
topografico (planta).
Estruturayao ritmica: Compreende a capacidade de memarizayao e
reprodu~ao motora de estruturas ritmicas. Esta observaeyao permite
detectar problemas de percepyao auditiva e de memorizayao de curto
termo.
2.3.6 PRAXIAS
Tres autores definem as praxias. As praxias tanto global, quanto a fina estao
integradas na terceira unidade funcional de LURIA. Segundo LE BOUCH (1982, p.
59), praxia e urn conjunto organizado de reayOes motoras coordenadas em funyao
de urn resultado pratico. Representa urn conjunto organizado com a finalidade de
alcanyar urn fim, a partir do momenta que comeya a atividade intencional.
Para isto cita-se: "A praxia traduz uma organizayao psiquica superior, base
da aprendizagem, do trabalho humane e da transformayao da propria natureza, isto
e equivale a propria civilizayao, processo criador esse que envolve uma genese da
competencia (BRUNER, 1970) que a crianya tera de realizar no decurso do seu
desenvolvimento". (FONSECA, 1995, p. 304)
18
Apraxia permite uma comunica9ao entre cerebro e corpo. 0 cerebra diz ao
corpo 0 que deve fazer e as sensa90es vindas do corpo permitem ao cerebro fazer
o que disse. A psicomotricidade permite a crian9a conhecer-se e reconhe9a 0 que
esta a sua volta.
• Praxia Global
A praxia global compreende as tarefas motoras, tem como principal fun9ao a
realiza9ao e a automa9ao dos movimentos globais complexos, que exigem a
atividade conjunta de varios grupos musculares.
Para que a praxia global ocorra e necessario ativar a primeira e a segunda
unidade funcional, ou seja, a tonicidade e a equilibra9ao; bem como a coordena9ao
da lateraliza9ao, da n09ao do corpo e da estrutura9ao espa90-temporal;
comprovando, assim a lei de hierarquia cortical.
Tal organiza9ao hierarquica ocorrera somente com uma programa9ao
antecipada. 0 cerebelo sera responsavel por controlar os movimentos, afim de que
atinjam 0 seu tim com precisao.
Segundo PIAGET, citado por LE BOUCH (1982, p. 63), as praxias sao
movimentos intencionais, definidos como sistemas de movimentos coordenados em
fun9ao de um resultado. Portanto, 0 movimento voluntario e definido em rela9ao asua finalidade, a qual s6 pode ser desencadeada quando 0 indivlduo possue as
condi90es necessarias de estabilidade postural, porque s6 assim 0 cerebro pode
concentrar-se no fim a atingir, ou seja, 0 resultado que deseja alcan9ar.
A praxia global apresenta assim urn carater modular, em que varios falores psicomotorescontribuem particularmente para 0 desenrolar da sua atividade total integradora. A tonicidadefomece 0 tOnus, a equilibra~o,0 dominic gravitacional Msico, a lateralizayao e a noyao docorpo, a orientayao intracorporal, a estrutura~o espayo-Iemporal, a orientayao espacial etemporal (timing), que empresta a cada componente psicomotor a integrayao na seqOenciaque revela a melodia cinestesica da praxia. (FONSECA, 1995, p. 239)
A praxia global e algo que se ve, que se pode observar. Quando seu
resultado e pobre, desorganizado e porque alguma altera9ao ocorreu no cerebro. A
disfun9ao sensorial implica numa descoordena9ao de varios centr~s que participam
na planifica9ao motora, neste caso a dispraxia.
19
Segundo FONSECA (1995, p. 229), a dispraxia compreende uma das
manifesta~6es mais comuns na disfun~a.o integrativa sensorial pSicomotora. Estas
manifesta90es caracterizam grande parte das crian9as com dificuldades de
aprendizagem ou com disfun96es cerebrais minimas. 0 problema esta dentra da
crian~a, mais especificamente em como 0 cerebra processa as informac;oes
(sensa90es e percep90es), dal a dificuldade em reconhece-Io.
o controle postural e fundamental a qualquer forma de coordena9ao, a
coordena9ao por sua vez e impensavel sem a equilibra91io.A coordena91io requer a
mudan9ade uma posi91iopara a outra sem perder 0 contrale gravitacional.
Alguns subfatores estao relacionados a praxia global: (ver anexo 10)
• Coordenac;:ao oculomanual: Compreende coordenar movimentos manuais
com referencias percepto - visuais. Consiste em a crianc;:aarremessar
uma bola a um cesto, assim ela estara fazendo um planejamento motor,
avaliando a distancia, peso da bola, distancia e for9a utilizada para 0
arremesso.
• Coordena9ao oculopedal: Compreende a capacidade de coordenar
movimentos pedais com referemcias perceptivo-visuais. A observac;:ao
desta tarefa pode ser feita no momenta em que a crian9a chuta uma bolaao gol.
• Dissocia9ao: Segundo FONSECA (1995, p. 232), compreende a
capacidade de individualizar varios segmentos corporais que tomam parte
da planifica9ao e execu9ao motora de um gesto ou de varios gestos
intencionais sequencializados.
• Praxia Fina
Segundo FONSECA (1995, p. 244), apraxia fina compreende todas as
significa90es psiconeurol6gicas ja avan9adas na praxia global. Apraxia fina
compreende as tarefas motoras sequenciais finas, refere-se a fun9ao de
coordena9ao dos movimentos dos olhos durante a fixa9ao da aten9ao e durante as
manipula90es de objetos que exigem contrale visual, alem de abrangerem as
fun90es de programa9ao, regula9ao e verifica9ao das atividades preensivas e
manipulativas mais finas e complexas.
20
A mao e considerada a unidade motora mais complexa do mundo animal,
pois e um eficaz meio de manipula9ao do mundo exterior, e tambem do proprio
corpo, atraves do sentido dos objetos (textura, temperatura, forma, entre outras).
Alem disso, e um instrumento de preensiio, pois possibilita a manipula980 de
pequenos objetos.
Nao ha duvidas de que a mao e 0 enfoque central da praxia fina e sera ela
fundamental para 0 desenvolvimento psicol6gico da crian9a. Atraves da historia
humana, a mao assume a fun9aOde constru9ao, transforma9ao e de fabrica9ao.
Segundo WALLON, citado por DANTAS (1992, p. 40), a explora9ao da
realidade exterior so sera possivel quando 0 olho e a mao adquirem a capacidade
de pegar e olhar praxicamente.
Alguns subfatores estao relacionados apraxia fina: (ver anexo 11)
• Coordena9ao dinamica manual: corresponde a coordena9ao fina das
maos e dos dedos, bem como a deslralidade e agilidade digital.
• Tamborilar: estuda a dissocia9iio digital seqUencial que envolve a
localiza9ao tatil - cinestesica dos dedos e a sua motricidade
independente e harmoniosa.
• Velocidade - precisao: compreende a coordena9ao praxica do lapis, que
envolve a preferencia manual e a coordena9ao visuo - grafica.
2.4 ASPECTOS RELACIONAIS E DESENVOLVIMENTO FUNCIONAL
o ser humane s6 pode ser compreendido atraves do vinculo que 0 une ao
seu meio. Oesde 0 nascimento existem potencialidades que, para desenvolver-se
nao dependem apenas da matura9ao neurologica au dos processos organicos. mas
tambem do intercambio com outras pessoas. A primeira infancia e de extrema
importancia. fator determinante na orienta9ao do temperamento e da personalidade.
"E atraves das rela90es com os outros que 0 ser se descobre. e a personalidade
constroi - se pouco a pouco". (LE BOUCH. 1982. p. 27)
Desta maneira, a rela<;ao com 0 Dutro influe diretamente no desenvolvimentofuncional. E vidente que crian<;as que tern urn born desenvolvimento psicomotor e
urn born nivel gestual exercem urn certo dominic no ambiente e tornam-se lideres. 0
papel do educador esta em dois p610s: sua atitude e qualidade afetiva devem
induzir uma rela9ao positiva e criar um ambiente favoravel para trocas. Alem disso.
deve propor situa<;oes educativas e associa-Ias visando urn methor desenvolvimento
funcional.
"0 relacional e 0 funcional nao sao so dois aspectos simplesmente
complementares. mas sim urna estreita rela<;ao de interdependencia que as une de
maneira dialetica e indissociavel".( LE BOUCH. 1982. p. 28)
A n09ao de equilibrio definida por PIAGET. distingui-se dois grupos de
fun90es psicomotoras: A regula9ao entre sujeito e meio permite 0 jogo de adapta9i!0
que implica dois processos a acomoda9i!0 e a assimila9ao. A assimila9ao e a
integra9ao do exterior as estruturas pr6prias do sujeito. A acomoda9ao e a
transforma9ao das estruturas em fun9ao da diversidade do mundo exterior. Assim.
ajustamento e 0 aspecto que toma a acomoda9i!0 logo que da a resposta motora as
solicita<;oes do meio.
o sistema nervoso do recem - nascido e imaturo. Estudos revelam que aos
11 meses a area motoTa e mais avan<;ada, seguindo as areas sensoriais primarias e
de pais as areas auditivas e visuais.
A motricidade do recem - nascido e sub-cortical e traduz 0 prolongamento da
atividade fetal. A substancia reticular alcan9a a maturidade aos oito meses de
idade. tendo como fun9ao a organiza9ao do tono muscular a partir das informa~Oes
22
que Ihe chegam. Para modular esta atividade, dais sistemas intervem: cerebelo,
hipotalamo e a conjunto de glandulas.
a comportamento do recem-nascido oscila entre um estado de insatisfayao e
de quietude. A insatisfayao e nitida atraves das descargas tonicas, demonstrando a
necessidade de alimentar-se e durante a 50 no ocorre a relaxac;:ao muscular depois
da satisfayao de alimentar-se. a recem-nascido e extremamente dependente do
ambiente humano e e atraves destas oscilayoes tonicas que a recem-nascido tem
sua vivencia afetiva. "As primeiras manifestac;6es disso, a que mais tarde se
chamara a afetividade, sao do tipo mecanico; desde cedo, a bebe manifesta
interesse e necessidade de intercambio com seu ambiente humano. A comunicaC;:8o
que se instaura entre a crian<;ae seu meio representa urn dos principais fatores do
desenvolvimento." (LE BOUCH, 1982, p. 48)
Somente em torno dos quatro anos de idade e que a lobo frontal tera um
desenvolvimento comparavel aquele alcanyado pela regiao motora aos onze meses.
Recentemente, chegou-se a conclusao de que a hipocampo, que
corresponde a integray80 emocional, e outras estruturas subcorticais amadurecem
tardiamente, assim como as regioes auditivas e visuais (areas sensoriais).
Senda assim, as estimulos sociais possuem papel fundamental para a
amadurecimento destas regioes do sistema nervoso.
as estudos de WEISS, citado par LE BOUCH (1982, p. 34), evidenciam a
plasticidade cerebral, que pode ser definida em 2 grupos: plasticidade de conciusao
da ayao au fiexibilidade ligada ao conjunto de estruturas situados ao nivel abaixo do
neuroeixo; plasticidade relacionada com as possibilidades de adaptayees motoras
frente a novas situayoes. Este tipo de plasticidade opee-se a rigidez dos circuitos,
permitindo as mesmas criarem novas rotas sinapticas.
Uma das caracteristicas de extrema importancia a motricidade humana e a
fato da conduta motora ser liberada de acordo com a imaginayao humana. Para isto,
ira depender da funy80 de ajustamento, esta par sua vez e a aspecto que toma a
acomodayao logo que se da uma resposta motora as solicitayees do meio.
"Uma praxia representa urn sistema de movimentos coordenados com urn tim
determinado au uma inteny80 determinada". (LE BOUCH, 1982, p. 30).
23
E necessaria uma harmonia entre contrat;:6es musculares, fort;:a, velocidade,
ritmicidade a fim de executar 0 movimento de maneira satisfat6ria, alcan,ando 0 fim
desejado. Sendo assim, as desordens de realiza,ao motora podem ir desde uma
simples incoordena,ilo ate uma desorganiza,ao praxica. Contudo, esses sao
apenas sintomas e s6 identificam a desorganiza,ao de uma fun,ao. "A falta de
espontaneidade e de naturalidade levam a um excesso de interven,ao cortical,
diminuindo a resposta e desorganizando sua ritmicidade". (LE BOUCH, 1982, p. 30).
Referir-se a psicomotricidade humana, sem apoiar-se nos conceitos da
neuropsicologia cerreria 0 risco de apresentar apenas urn carater verbal e naD
cientifico.
Desde a vida intra-uterina 0 embriao possui func;oes musculares, esta e a
prime ira forma de expressao. 0 sistema motor manifesta-se sem necessidade de urn
estlmulo externo.
Ao nascer, a crianc;a passa a vivenciar e experenciar 0 mundo exterior
atraves das rela,oes com a mae. Os estimulos provocados pelo ambiente sao
fundamentais na organiza,ao do equilibrio tonica - emocional da crian,a. Quanto
mais rico em estimulos for 0 ambiente, maiores as possibilidades da crianc;:a
desenvolver-se de maneira harmoniosa.
A importancia dos contatos cutaneos da-se ao fato desses darem a crian,a
urn suporte afetivo, sendo fundamentais assim como a satisfac;:ao das necessidades
afetivas, a1em de criarem novas sinapses.
Para 0 recem-nascido, 0 ate de mamar e mais importante do que 0 alimento
em si, pais sera neste momento em especial que 0 recem-nascido manifestara sua
necessidade atraves do ato psicomotor e se sentira mais segura uma vez que sua
necessidade foi satisfeita e, portanto ele fez-se entender. Por exemplo, 0 bebe leva
a mao a boca e a suga como se fosse 0 peito materno, demonstrando fome, se a
mae 0 compreende e da-Ihe alimento a comunica,ao esta completa. Alem disso, 0
modo como 0 bebe e alimentado e de fundamental importancia, neste momento, a
crian,a esta em contato direto com 0 corpo da mae, sente 0 calor, 0 contato
cutaneo, 0 cheiro e as trocas de carinho. Somente apes 0 amadurecimento da vi sao
e da audi,ao, 0 lactante ira buscar outra forma de comunica,ao atraves dos orgaos
da audi,ao e da visao.
24
Entre os dois e sete meses de idade ocorre um estado de transi9ao, 0 bebe
passara a perceber os objetos, associando a satisla9ao da necessidade a uma
causa exterior a ele. Segundo LE BOUCH (1982), a seguran9a da crian9a e dada
pela presen9a constante da mae, que Ihe proporciona elementos de estabilidade
necessarios para enfrentar 0 meio estranho que carneya a explorar, mesma a
imagem da mae naD sendo conhecida para a crianya. No casa da mae naD estar
presente outra pessoa exercera este papel, e as maes que trabalham devem
compensar esta lalta dando qualidade ao tempo que passam com a crian9a.
Segundo RIVIER, citado por LE BOUCH (1982, p. 52) "a qualidade da rela9ao mae
e filho e que vai dar a seguran9a da crian9a, condi9ao sine qua non para uma boa
lorma9ao do Ego e de um desenvolvimento harmonioso".
Contudo, nao sera somente atraves de estimulos externos que a atividade
sensoria - motora ira desenvolver, disso depende tambem, 0 adequado
luncionamento cerebral, em especial as inlorma90es proprioceptivas, labirinticas e
articulares. As quais dao origem as rea90es de equilibrio e os primeiros
ajustamentos posturais.
A primeira relayao social entre 0 be be e 0 ambiente ira S8 dar atraves do
50rri50, entre seis a oito semanas. Este sorriso geralmente oeorre apas as mamadas
ou quando a crian9a sente que estao interessados por ela. Somente por volta dos
sete meses 0 sorriso passara a ser 0 reconhecimento da imagem da propria mae e
dos demais familiares.
A partir do primeiro ana de vida, as rela90es que ate entao eram entre mae e
crianeya, passam a ter urn novo can~ter. A crianya inicia urna fase de descoberta
objetal. Por ja estar andando, a crian9a passa a descobrir 0 mundo atraves dos
objetos que a cercam, esta atividade percepto - motora ira permitir a aquisi9ao das
praxias. 0 acesso a locom09ao vai multiplicar as possibilidades de aquisi90es,
gra9as a conduta de explora9ao, pois a crian9a ira manipular objetos.
Segundo PIAGET, citado por LE BOUCH (1982, p. 62), durante 0 periodo
sens6rio motor, a atividade explorat6ria tera um importante desenvolvimento. E a
passagem do "ensaio - erro' ao mecanisme de descoberta por insight, 0 qual
PIAGET denominou "interioriza9ao de esquemas", pois a crian9a toma consciencia
da rela980 causa - efeito, onde cada a980 provocara uma determinada rea980.
25
A atividade sens6rio-motora da crianya pennite-Ihe variar seus pontcs de vista sabre arealidade, de comparar, de reproduzir a seu modo urn certa numero de experiencias, detransposiyao, de deslocamentos diversos (retorno, translayao). Esla atividade sens6rio-motora transformara progressivamente 0 universe perceptiv~ da crianca e 0 tara evoluir deforma coerente. (LE BOUCH, 1982, p. 64)
Ainda para PIAGET, a intera9ao da crian9a e seu ambiente sera
desempenhada atraves da linguagem, pois a atividade mental passara a ser
verbalizada.
Contudo cabe ao adulto valorizar os exitos das crian9as, a fim de permitir que
estas experimentem urn corpo eficaz, entretanto este mediador deve impor certos
limites para garantir a integridade fisica das crian9as.
Segundo WALLON, citado por DANTAS (1992, p. 37), a sensoria motricidade
do segundo ana de vida tende, lentamente a diminuir, dando lugar a periodos cada
vez maiores de mobilidade; este enlraquecimento da lun9ao cinetica e proporcional
ao lortalecimento do processo ideativo. Disso ira depender a matura9ilO dos centr~s
corticais responsaveis pela atividade muscular e da lun9ao tonica.
Em torna dos tres anos a crianc;a passara a reconhecer 0 seu corpo como
objeto. Nesta lase a crian9a possui equilibrio, coordena9ao de bra90s e pernas,
sendo sua motricidade harmoniosa. Possui independencia para subir e descer
escadas, alimentar-se com talher e beber em urn copo sem ajuda, come9a a vestir-
se e deve possuir born controle dos esfincteres.
Nesta etapa do desenvolvimento a crian9a apresenta intencionalidade em
suas a90es e 0 bern estar corporal adquirido nas lases anteriores permite-Ihe agir
com seguran9a a espera de urn lim determinado sem dificuldade. Possui urn certo
controle cortical, par esse motivD seus movimentos mio sao impulsivos.
A utiliza9ao da linguagem e uma lonte de progresso no plano da perceP9ao e
da a9ao e a evolu9ao psicomotora possui infiuencia sobre a linguagem.
26
3CONCLUSAO
Afirmar que a crian9a e urn ser biopsicossocial, significa assumir que ela
precisa de alimenta~ao5uficiente para 0 seu bem estar fisico que ela precisa estar
em contato com outras crian9as e adultos para que possa trocar experiencias. Alem
disso, a crian9a precisa desfrutar de oportunidades que a permitam manusear,
explorar, observar, identificar, enumerar, comparar, classificar e analisar objetos e
situac;oes do mundo que a cerea, au seja, sua casa, au lugares que costuma
freqOentar, de modo que gradativamente a crianc;a va se inserindo no mundo
cultural mais amplo, a sociedade escolar, par exemplo. A crian9a deve aprender a
viver em sociedade e para isso e necessaria que internalize as elementos da cultura
corporal au motara que sao relevantes para 0 seu grupo social, bern como as
normas de convivio presente nos diferentes grupos socia is que participa.
Contudo, os valores da crian9a devem ser respeitados, bern como sua forma
individual de expressar e de captar 0 processo de comunica9ao. Assim tambem, a
crianc;a devera aprender a conviver e respeitar as diferenc;as de culturas e
costumes, recebendo e interferindo de maneira sadia na comunicac;aa interpessoal.
Neste sentido, para uma forma9ao integral e preciso que a crian9a seja estimulada
nos aspectos intelectuais, afetivo-social e psicomotor.
A crianc;ae cancebida como um ser dinamica que a tado a momenta interage
com a realidade, operando ativamente com objetos e pessoas. Essa intera9ao
constante com 0 ambiente faz com que a crianc;a canstrua estruturas menta is eadquira maneiras de faze-las funcionar.
E imposslvel referir-se a matricidade, sem referir-se antes ao cerebra e
canseqOentemente ao corpo. A interac;ao entre motricidade e cerebra ocorre uma
vez que este orgao integra, elabora e reintegra (feedback) os efeitos da motricidade.
Nascemos com uma relac;aa entre cerebra e carpa, parem seni somente
atraves da comunica9ao entre eles que a motricidade sera efetivada. Uma vez
atingida esta intera9ao surgem novas propriedades, capacidades e fun90es de
aprendizagem bem como, de relac;aa com a outro e interac;ao com a meia. Partanto,
concorda-se comWALLON ao sugerir que 0 ate motor antecede 0 mental.
Assim, tambem, ocorre a aprendizagem humana. A motricidade evoluiu de
acordo com a interat;ao com 0 meio social.
hierarquiza,ao, partindo do mais simples para as estruturas mais complexas. A
psicomotricidade e a produto de uma rela,ao inteligivel entre a crian,a e a meio,
compreende, portanto, uma totalidade expressiva, atraves da qual a organiza,ao
cortical se edifica e manifesta-se. Requisito da matura,ao do sistema nervoso, ela
esta efetivamente na base do seu desenvolvimento e da sua aprendizagem.
Uma vez que 0 individuo desenvolve-se e assim aprende de acordo com as
experi€mcias vividas no meio, faz-se necessario um mediador. Assim, a crian~a
necessita de um adulto que atrav8s do processo de comunicat;ao, primeiro afetiva e
motora e depois emocional e verbal ira proporcionar tal aprendizado. Pais, a crian,a
nao nasce com a motricidade intencional, au seja, nao e capaz de planejar,
programar e executar, uma vez que isto depende tambem de um processa de
mieliniza,ao, bem como de fatores de hierarquiza,ao cortical.
E fundamental que a professor crie um ambiente de seguran,a e confian,a
no decorrer do seu trabalho para que a crian,a possa viver experiencias positivas
na area afetiva. Somente assim, a crian~a ira conhecer seu corpo de maneira
saudavel e sera capaz de expressar seus sentimentos atraves do proprio corpo.
Tendo em vista que existe cada vez menos espat;o nas casas, ruas, men os
recreio nas escolas fica diflcil proporcionar urn ambiente rico que desenvolva quase
que espontaneamente as habilidades motoras basicas que servem de alicerce para
a psicomotricidade.
Portanto, e de suma importiincia que a educador esteja ciente do seu papel
enquanto rnediador do conhecimento nao se preocupando apenas em ensinar 0 que
a curricula Ihe obriga, mas tambem em desenvolver em seus alunos as habilidades
necessarias para que estes aprendam de maneira eficaz. Assim, a papel do
profissional que trabalha com a educa,ao infantil faz-se ainda mais importante, pais
uma vez vista que quanta menor a crian,a for mais significativo devera ser a
trabalho psicomotor, isto para que se evite que no futuro crie-se crian9as
dispnlxicas, e com problemas de aprendizagem decorrentes de uma precaria
educa,ao pSicomotora.
28
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30
ANEXOS
ANEXO 1: Localiza9ao anatomica da tres unidades luncionais de Luria.
ANEXO 2: Hierarquiza9ao estrutural das seis camadas das areas secundarias.
ANEXO 3: Terceira unidade luncional de planifica9ao motora.
ANEXO 4: Rela9iio entre os latores pSicomotores e as unidades luncionais.
ANEXO 5: Fatores da tonicidade (extensibilidade, passividade, paratonia,
diadococinesias, sincinesias).
ANEXO 6: Fatores da equilibra9ao (imobilidade, equilibrio estatico, equilibrio
dinamico)
ANEXO 7: Fatores da lateraliza9ao (olhos, ouvidos, maos e pes)
ANEXO 8: Fatores da n09ao do corpo (sentido cinestesico, auto imagem,
imita9ao de gestos)
ANEXO 9: Fatores da estrutura9ao espa90-temporal (representa9ao topografica)
ANEXO 10: Fatores da praxia global (coordena9ao oculomanual, coordena9iio
oculopedal, dissocia9ao)
ANEXO 11: Fatores da praxia fina (coordena9ao dinamica manual, tamborilar,
velocidade - precisao)
ANEXO 1
CF
localjza~ao analomica das Ires unidades luncionais de Luria. (F= lobula lronlal, p=16buloparietal, T:: 16bula temporal, 0 :: lobula occipital, CF=: lissura central, LF '" fissura lateral, as :::IroneDcerebral, Unhas pontilhadas :: Unidade I, Hachurado :: Unidade IIlinhas diagonais :: Unidade111.)
ANEXO 2
I
Figllra 2.8{'(llIIada.I' o/;edl'('I' 1111111(/ orgalli-':tI{//o
I'('rt/Cl/{ de hllixl! pl/ra ('/11/11 qll{' iltH//'(/ II rie.ll'lIl'o/villll'Ii!O fllI/IJJ.:Cllai(:()
ANEXO 3
""ut '" u """
REGlAo PRE.MOTOR'~
ANEXO 4
UniJ;JJt; FuncJ(Hlal Falon.:s PSictllllOltlft;S SuhslJ'al{)s :In:Jlt)[lliCllSSiSlclllas
(I' u!lldaJc.~Rcgulac;ao t6nicu de alel1ae dos estados Illcnl:lIS:
Aten~50. Sono. TnnicidaJc
Sele~50 da inronna~ao.Regulayao c alivayaoVigiliincia-lonicidadc. E.qII iiihra~:ioFadl ila~ao- in ibic;ao.Modulacao neurolonica.lntegrac50 intcrssensorial.
Fonllat,:~H) Mcdula. Tnlllco
rCliculada cc.:rcbral.SiS\c.:IllOlS C';rchelo
vcslibulan.:s c.: C:itfUturas sublalamicas cproprioccplivos. laifilllicas
(2'unldade)Rcccp~ao. an:lli51..'e annazcnarnenladainformacao.Reccpc;ao, amiJisc C sllllese Lalcralizuc;aosensorial.OrgalHza~ao I.!spacial No<,:ao do !;OI"pn
eternporalSimboliza<,:ao csquelmil ica. Est rutul"alfao
Decodificac5.o c csp;icio-tI.!JllPOf<l1
codificncao.Proccssamcnlo.AnnazcnamenlO.inlegra~ao pcrccpllvados proprioceptorcse dos telerreceptores.EI<lboraC5.ogn6sica.
Are:L<; C(lncx ccrehraL<lssociativas I-Icrllisfen(l
CtI11IC:llS csqlH:nhl(.\\·culld;in:I."~· CdlrCIII1.
ten;i:irias) Lt)hulo parietal (tjtil-
Centro quillCSlcsico)assoclallv,) Ltlhultl tlct.:'1)1tal (visual)posterior. L6bulo temporal
(audilivo).
Praxia global
(3'uniJndc)Prograrnat,::IO.rcgubt,:.lt)e vcriti,a~ao d ••atlvid ••de;inlencOes. Pl<lnificac;50motora.Elaboracao praxica.Execucao. Correc5.oSequcncializ<lc;ao dasopcra~Oes cognitivas.
Praxia fina
~.4'Sistcma
pirarlliualiueo(.;inCticu
Areas pre-
frontais (•.ireas6 C 1:\).
Corlex motor.Cllrlex pre-(pslco) 1I1010r.
L()hulos frontais.
Centro
as::ocintlvo:lIltt.:noi".
ANEXO 5
PUIlUS
~~~'/~"F ~/\~ 1
i
Ob.wI"v(l(;iio ti,' lII()vimelll()S nipii/o,' I, - -"1"·",,,,1,,, ''''i
l''''''':'::':'''''''''''''' ""'1"""""", ""''''''''''''''.
I
I
ANEXO 6
ANEXO 7
IIll'1uiero("Ii'{OIle
Sil/wlarescrever
Ohservar;:iiot/Ulllii(){Jr,jn"'llcla{
ANEXO 8
UIJSNViI('iio dllW!lllit/ocillt'.\I';,liC()
Nomear;iio de 8_/8/JOlllO.I' l!lleis do corf'o
ANEXO 9
I) Pon.
2) Armaria
1) Quadro
4) Cadeira unde t!st:'i n crinnlYa oO.<:crv;HJa
5) Mesa
6) Cadcirn ande csta scnlado 0 obscrvador
7) Cadcira
g) Quadro
ANEXO 10
ANEXO 11
If 'j'a) para a cria!H;a em ;dauo..: pr..!_prilllaria
~ltaterais:\,.
anus), os scguillles gcstoS
I
()~F[J L~1:)Para a crian,a em idade esenbr (dos scis anos em diante). os seguintes
~lOsbtlateriais:
(~ ~'C=cl~~~
O~ ","_,J:
h.rcrvarc'o do s<!JJliI . . 1 mlarao
de ges/(H'''''''''''''''''''·''''·''·''I'''''d'''''''''.''''''''''''''''''''' ..''''.''.