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1 Julho, agosto e setembro de 2019 14 a Edição

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Julho, agosto e setembro de 2019 14a Edição

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Í N D I C E

GESTÃO DE RISCO 3AÇÕES EMERGENCIAIS 4

EXPEDIENTE 18

SEMINÁRIO SOBRE SEGURANÇA DE BARRAGENS 6

2O REUNIÃO ORDINÁRIA GNDH-COPEMA 2019 10

CURSO BÁSICO DE PATRIMÔNIO CULTURAL 17

DEFESA DA FAUNA

5

Acordo garante continuidade da proteção aos animais resgatados em decorrência da evacuação de áreas em Nova Lima

CAOMAATUAÇÃO INSTITUCIONAL

9

Parque Estadual do Ibitipoca é liberado para receber mil visitantes por dia depois de fechar novo acordo com MPMG

EM DEFESA DAMATA ATLÂNTICA

11

MPMG, PMMG e órgãos ambientais participam da segunda fase da Operação Nacional Mata Atlântica em Pé

CEDEF

12Termo de cooperação vai incrementar defesa da fauna silvestre no MPMG

CPPC

14MPMG recupera documentos raros furtados do Arquivo Público Mineiro

DIAGNÓSTICO SOBRERISCO DE INCÊNDIO

16

CPPC disponibiliza banco de dados sobre a situação de imóveis de interesse cultural e de uso coletivo existentes em Minas Gerais

ESPECIALIZAÇÃO PIONEIRA

13

Deputados de sete estados brasileiros conhecem funcionamento da Coordenadoria Especializada de Defesa da Fauna do MPMG

BRUMADINHO

7

MPMG e Vale assinam acordo sobre a captação de água para municípios impactados pelo rompimento das barragens em Brumadinho

MARIANA

8

Acordo prevê auditoria técnica independente para acompanhar possível retomada das atividades da Samarco em Mariana

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3

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) não está atuando apenas na

busca pela reparação integral dos danos causados pelo rompimento das

barragens da Vale em Brumadinho. Após duas tragédias similares no estado,

o MPMG está investindo em que seja realizado um eficiente gerenciamento

de risco para evitar novos rompimentos e proteger a vida das populações

atingidas por esse tipo de empreendimento.

O MPMG está acompanhando a situação de cerca de 25 minas, com mais de

100 estruturas, em todo estado. Foram propostas mais de 20 Ações Civis

Públicas para exigir a contratação de auditorias externas, que trabalhem

para os órgãos de Estado, para avaliar a situação real de segurança das

barragens existentes em cada uma das minas. Com esses dados, as

auditorias poderão fornecer informações sobre as medidas preventivas que

devem ser adotadas para garantir a segurança das barragens, auditando as

medidas efetivamente adotadas pelas empresas responsáveis.

Na busca desses objetivos, o MPMG tem atuado junto a outros órgãos de

Estado, como Agência Nacional de Mineração (ANM), Advocacia-Geral da

União (AGU) e Advocacia-Geral do Estado (AGE), e já conseguiu que sejam

firmados termos de acordo com a Vale para contratação de auditorias

independentes para minas localizadas em vários municípios, em especial,

aquelas classificadas em níveis de emergência: Brucutu e Gongo Soco

(Barão de Cocais); estruturas remanescentes da Mina Córrego do Feijão

(Brumadinho); Cauê, Conceição e Mina do Meio (Itabira) , Mina Fábrica (Ouro

GE S TÃO D E R I S C O

MPMG AVANÇA NA ATUAÇÃO FOCADA EM PROMOVER A SEGURANÇA DE BARRAGENS E PROTEGER VIDAS

Foto: arquivo CPPC

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Preto, Belo Vale e Congonhas), Timbopeba (Ouro Preto), Pico

(Itabirito), Alegria (Mariana), Capitão do Mato, Mar Azul, Minas

Abóboras e Tamanduá (Nova Lima). Também foi celebrado

Termo de Ajustamento de Conduta para auditoria na Pequena

Central Hidrelétrica Melo (Rio Preto).

Os termos de acordo foram celebrados dentro do plano de

ação para gestão de risco das barragens de mineração do

Ministério Público, adotado após o rompimento das barragens

da Mina Córrego do Feijão, que objetiva obter o conhecimento

da real situação de segurança das barragens situadas em

Minas Gerais, bem como a adoção de todas as medidas para

prevenção de novos desastres e preparação para situações

emergenciais. Ao todo, já são cerca de 80 barragens em 15

minas de responsabilidade da Vale sendo auditadas, para que

os órgãos de estado tenham os subsídios para adoção das

medidas cabíveis em seus âmbitos de atuação.

Barão de Cocais - TC Mina Gongo Soco

Barão de Cocais - Nova Lima - TC Mina Brucutu e Mina Capitão do Mato

Brumadinho - TAC Mina Córrego do Feijão

Itabira - TC Mina Cauê - Complexo Pontal

Itabira - TC Mina Conceição e Minas do Meio - Complexo Pontal

Ouro Preto e outros - TC VALE - várias minas SRL

Ouro Preto e outros - TC VALE Mina de Fábrica RIZZO

Rio Preto - TAC Vale - Pequena Central Hidrelétrica Mello

A gestão do risco passa também pela eficiente preparação

para o caso de emergência. Por isso, o MPMG está exigindo

que os mapas de inundação, chamados de dam break, sejam

elaborados segundo a melhor técnica, prevendo o cenário

mais perigoso, para que os planos de ações emergenciais

sejam adequados. Ainda, o MPMG está exigindo que sejam

refeitos os Planos de Segurança de Barragens eficazes e

adequados às necessidades apresentadas pela Defesa Civil

e às exigências da Lei Mar de Lama Nuca Mais (Lei Estadual

23.291/19).

O MPMG e a Advocacia-Geral do Estado de Minas Gerais

firmaram, em 23 de setembro, Termos de Compromisso com

a Vale S.A, no qual a mineradora se compromete a elaborar e

revisar os estudos de cenário de ruptura hipotética (dam

break) de todas as suas barragens situadas em Minas Gerais,

conforme critérios técnicos e cronograma pré-estabelecidos.

Os novos estudos de cenário de ruptura hipotética deverão ser

realizados com base em dados técnicos específicos de cada

barragem, além de identificar, nas manchas de inundação,

as residências e equipamentos urbanos especiais tais como

escolas, hospitais, presídios, bens culturais etc.

O acordo engloba ao todo 91 estruturas de 22 minas da Vale

situadas em Minas Gerais e inseridas na Política Nacional e

na Política Estadual de Segurança de Barragens, dentre as

quais várias não possuem estabilidade garantida (quatro

delas classificadas em nível de emergência 3, duas em nível 2

e onze em nível 1).

A elaboração dos estudos e o cumprimento do cronograma

serão acompanhados por auditoria técnica independente,

custeada pela mineradora, a ser realizada pela empresa

AECOM do Brasil, que apresentará relatórios detalhados ao

MPMG e órgãos de estado mensalmente.

O objetivo do acordo é dar conhecimento à população e aos

órgãos de Estado sobre a real área em perigo na hipótese

de rompimento de barragens, especialmente referente à zona

de autossalvamento, permitindo a previsão de equipamentos

de sinalização de situações de emergência e rotas de fuga,

dentre outras medidas, para preservar o meio ambiente e

salvar vidas humanas e animais.

TAC VALE AECOM - Dam Break

A Ç Õ E S E M E R G E N C I A I S

Foto: arquivo CPPC

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Outro Termo de Compromisso firmado entre o MPMG e

a Vale, em 23 de setembro, prevê a adoção de medidas de

proteção integral dos animais domésticos e silvestres que se

encontrem nas manchas de inundação de todas as barragens

da mineradora em Minas Gerais.

Pelo acordo, a Vale se compromete a elaborar e atualizar

os planos de resposta emergencial focados nas questões

faunísticas - “Planos de Fauna” – como parte dos Planos de

Ação Emergencial (PAEBMs) de todas as suas 91 estruturas

incluídas na Política Nacional e na Política Estadual de

Segurança de Barragens.

A mineradora irá custear ainda os serviços de auditoria

técnica e ambiental independente prestados pela empresa

AECOM do Brasil ao MPMG, para verificar cumprimento das

obrigações. Os abrigos de animais da Vale localizados em

Brumadinho, Nova Lima e Barão de Cocais, que reunem mais

de seis mil animais, também serão auditados pela AECOM.

O acordo estabelece o conteúdo mínimo que deve ser

observado pelo Plano de Fauna, que inclui a progressão de

medidas conforme os níveis de emergência das estruturas,

equipe técnica qualificada e infraestrutura, resgate, cuidados

e destinação de animais domésticos resgatados, ações de

dessedentação animal, cercamento de lama de rejeitos, no

caso de eventual rompimento.

Em relação à fauna silvestre, o Plano de Fauna deverá prever

a apresentação ao órgão ambiental competente, no prazo de

120 dias a contar da declaração do nível 2 ou 3 de emergência,

do Plano de Reabilitação e Reintrodução de Animais

Silvestres, do Programa de Monitoramento de Biodiversidade,

contemplando a fauna terrestre e aquática, e do Projeto

de Estudos Ecológicos e Impactos sobre a Biodiversidade

Aquática.

TC VALE AECOM - FAUNA

Acordo garante continuidade da proteção aos animais resgatados em decorrência da evacuação de áreas em Nova Lima

O MPMG firmou ainda mais um Termo de Compromisso com a

Vale, para que sejam adotadas todas as medidas destinadas

a dar continuidade à proteção dos animais domésticos

D E F E S A D A FA U N Ae silvestres que já foram resgatados ou que ainda se

encontrem nas áreas de autossalvamento das barragens B3

e B4 da Mina de Mar Azul, em Nova Lima, e para estabelecer

compensação ecológica pelos impactos à fauna, decorrentes

das evacuações das áreas.

Segundo o acordo, a mineradora deverá manter as medidas

estabelecidas nos planos emergenciais das ações de busca,

resgate e cuidado de animais na zona de autossalvamento

das barragens, além de promover ações de afugentamento

de animais silvestres das áreas de emergência, comunicação

com a comunidade atingida sobre o cuidado dos animais e

recolhimento de animais na zona de segurança secundária.

No TC, a Vale se compromete a manter equipe técnica

qualificada e infraestrutura necessária para realizar o

monitoramento da área, resgate e cuidado dos animais

isolados. Os animais domésticos, resgatados e tratados,

deverão ser entregues a seus tutores originais ou adotantes.

Quanto aos animais silvestres encontrados em cativeiro,

a empresa deverá apresentar ao IEF plano de reabilitação,

soltura e monitoramento.

A título de compensação ecológica pelos impactos à fauna

decorrentes das evacuações, a Vale deverá depositar R$ 2

milhões em conta bancária judicial, a ser utilizado para custear

a execução de projetos destinados ao controle populacional

de cães e gatos e ao bem-estar de equídeos usados em

veículos de tração animal na comarca de Nova Lima.

Nova Lima - TC FAUNA - MINA MAR AZUL

Foto: Pexels.com

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Promotores de Justiça do MPMG com atuação na área

ambiental e integrantes de empresas especializadas

em auditoria de mineração apresentaram palestras e

participaram de workshops no Seminário sobre Segurança de

Barragens, realizado dias 28 e 29 de agosto na Procuradoria-

Geral de Justiça, em Belo Horizonte.

O evento, organizado pelo Ceaf e pelo Caoma, foi dirigido a membros

e servidores do MPMG e a representantes das instituições

integrantes da força-tarefa que estão atuando em Brumadinho

e nas demais cidades atingidas pela tragédia ambiental ocorrida

em janeiro, no Córrego do Feijão, além de locais que convivem

com empreendimentos minerários no estado.

O procurador-geral de Justiça Antônio Sérgio Tonet abriu os

trabalhos ressaltando a importância de se discutir o tema

em parceria com especialistas para que as assessorias

técnicas e jurídicas possam ser bem estruturadas, “já que os

efeitos danosos dos desastres ambientais de Mariana e de

Brumadinho serão sentidos por várias gerações”.

A coordenadora do Caoma Andressa de Oliveira Lanchotti fez

uma retrospectiva da atuação do MP desde o rompimento da

barragem da Vale, em Brumadinho, que causou uma série de

mortes e danos ambientais e sociais à população e ao estado

e impactou diretamente 17 municípios. “Nosso objetivo, com

o seminário, foi capacitar, por meio de exposições técnicas

sobre gerenciamento de risco, todos os órgãos de fiscalização

do setor público que vêm compondo a força-tarefa junto com

o Ministério Público e promover discussões entre as cinco

empresas de auditoria responsáveis por auditar as barragens

da Vale, buscando padronizar seus critérios de atuação e

garantir resultados coesos e adequados”, afirmou.

Steve Morris, CEO Global da Aecom, agradeceu ao MPMG a

oportunidade de compartilhar conhecimento com as outras

empresas de auditoria participantes do seminário, discutindo

as consequências da mineração, que ele acredita ser um

problema global.

Dia 28

Na parte da manhã, o diretor-executivo da Aecom Brasil,

Vicente Mello, apresentou os temas “Governança, gestão

de riscos e plano de ação para a garantia de segurança de

barragens” e “Processo Industrial, modos de disposição

de rejeitos, morfologia de barragens e novas tecnologias

de disposição de rejeitos”. À tarde, o promotor de Justiça

Leonardo Castro Maia, coordenador regional das Promotorias

de Defesa de Meio Ambiente da Bacia do Rio Doce, falou sobre

“O regime jurídico de segurança de barragens”. Paulo Roberto

Costa Cella, diretor-executivo da BVP Engenharia, apresentou

o tema “Liquefação e redução dos riscos em barragens de

rejeitos” e Hélio Teixeira, da Cemef Engenharia, discorreu

sobre “Análise da formação de ondas em reservatórios de

barragens causada por deslizamentos de encostas”.

Dia 29

Na manhã do dia 29, Caio Prado, diretor de Infraestrutura, e

Ed Toms, diretor de Barragens, ambos da Aecom, discorreram

sobre “Estudos de ruptura hipotética, mapeamento de riscos

de inundação e planejamento de ações de emergência,

avaliação e gestão de riscos”.

Em seguida, Paulo da Franca, consultor da FZ Projetos, falou

sobre “Modos de falha”.

O evento contou ainda com a participação, como palestrantes,

de Thiago Bretas, engenheiro geotécnico da BVP Engenharia;

Christina Winkler, diretora de Geotecnia da Aecom; Hernani

Mota de Lima, professor da Universidade Federal de Ouro

Preto e Paul Rizzo, fundador da Rizzo International Inc.

Workshops

Nos dois dias a tarde, aconteceram workshops abordando os

temas “Definições de parâmetros geotécnicos”; “Fatores de

segurança”; “Critérios para as ações de descomissionamento”;

“Parâmetros de cálculo de PMP”; “Análise de modos de falha e

efeitos” e “Efeito sísmico na estabilidade de barragens”.

SEMINÁRIO SOBRE SEGURANÇA DE BARRAGENS

Foto: Pexels.com

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B R U M A D I N H OABASTECIMENTO HÍDRICO DA RMBH

MPMG e Vale assinam acordo sobre a captação de água para municípios impactados pelo rompimento das barragens em Brumadinho

O MPMG e a Vale firmaram, em 8 de julho, um Termo de

Compromisso para que haja verificação, por auditoria

independente, da adequação, efetividade e eficiência das

medidas a serem implementadas pela Vale para restabelecer

a captação de água do rio Paraopeba e outras captações

menores e poços a jusante atingidos pelos rejeitos do

rompimento das barragens da Vale em Brumadinho.

Pelo acordo a Vale também se obriga a executar todos os

planos de ações para reparar os impactos do rompimento na

captação de água da RMBH e demais municípios impactados e

a proteger a integridade do sistema de abastecimento hídrico

da RMBH diante do risco de rompimento de outras estruturas

e barragens da empresa no curso do Rio das Velhas.

Além da empresa de auditoria Aecom, também assinaram o

documento, como intervenientes, o Estado de Minas Gerais,

a Copasa e o Ministério Público Federal (MPF). O serviço

de auditoria técnica independente ao Ministério Público

quanto às medidas de reparação de danos ocasionados pelo

rompimento das barragens em Brumadinho já estava previsto

em acordo firmado no dia 15 de fevereiro, porém os órgãos

envolvidos consideraram ser necessária a ampliação e o

detalhamento do escopo dessa auditoria.

O MPMG e os demais envolvidos deverão ser informados

sobre a situação dos sistemas de fornecimento de água

aos municípios impactados, a partir de dados constantes de

relatórios produzidos antes e após o rompimento da barragem,

assegurando-se a retomada de captação do volume de cinco

metros cúbicos por segundo.

Alternativas para captação de água

Em razão do rompimento das barragens de responsabilidade

da Vale em Brumadinho, a captação de água no Rio Paraopeba

foi interrompida. Em audiência realizada na 6a Vara da

Fazenda Pública de BH no dia 9 de maio, ficou definido que a

Vale construirá a nova captação de água do Paraopeba 12 km

acima do ponto anterior, em local indicado pela Copasa, que

não foi atingido pelos rejeitos.

O prazo para entrega é setembro de 2020. Ainda ficou

acordado que o Estado atuará para que os licenciamentos e

autorizações recebam caráter emergencial.

Pelo Termo de Compromisso, em relação especificamente

à RMBH, será auditado o desenvolvimento dos projetos

de implantação das obras e serão acompanhados os

procedimentos de licenciamento ambiental para a nova

planta de captação de água, bem como o desenvolvimento

dos projetos de engenharia das obras já acordadas para a

instalação de comportas para proteção da subestação da

Copasa no Rio das Velhas.

Reservatórios de água

A empresa de auditoria também acompanhará, diariamente, o

volume de água armazenado nos reservatórios da RMBH para

definição do momento, se necessário, de início das medidas

de redução de consumo, rodízio ou racionamento, conforme

plano de contingência a ser apresentado pelas partes nos

processos em trâmite na 6a Vara de Fazenda Pública da

capital.

Se houver alguma dessas necessidades, a Vale arcará com

todos os prejuízos causados à Copasa, sem prejuízo de outras

indenizações que eventualmente sejam apuradas.

Brumadinho - ACORDO VALE - COPASA - AECOM

Foto: arquivo CPPC

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O MPMG e a Samarco assinaram, em 9 de setembro, um

Termo de Compromisso (TC) que estabelece as condições

para contratação, pela mineradora, de auditoria técnica

independente a ser realizada pela Aecom do Brasil para

acompanhar as atividades envolvidas na eventual retomada

das atividades minerárias da Samarco em Mariana.

Acordo prevê auditoria técnica independente para acompanhar possível retomada das atividades da Samarco em Mariana

A Samarco pretende retomar as operações de lavra e

beneficiamento de minério de ferro no Complexo Minerário de

Germano, localizado nos municípios de Ouro Preto e Mariana,

utilizando a Cava de Alegria Sul como sistema provisório

de disposição de rejeitos, tendo dado início ao processo de

licenciamento ambiental do empreendimento. Diante dessa

realidade, desde setembro de 2018, o empreendimento

Sistema de Disposição de Rejeito (SDR) Alegria Sul vem sendo

acompanhado por auditoria técnica da Aecom, fruto de acordo

celebrado pelo MPMG e a Samarco.

Para o Ministério Público, a auditoria é essencial para

assegurar o acompanhamento do sistema de manejo dos

rejeitos contidos no Complexo de Germano; a implementação

do sistema de filtragem dos rejeitos arenosos e sua disposição

de acordo com os parâmetros de segurança postos na

legislação brasileira e melhores práticas internacionais; a

segurança operacional do sistema de empilhamento dos

rejeitos arenosos e disposição dos rejeitos lamosos na cava

de Alegria Sul; e ainda a eventual implementação de novas

tecnologias de disposição e manejo de rejeitos.

O acordo inclui a auditoria dos projetos e planos de

mitigação de riscos para a execução das atividades de

descomissionamento e fechamento das estruturas alteadas

a montante existentes no complexo, sendo barragem de

Germano, cava de Germano e diques de Sela, Selinha e Tulipa,

M A R I A N AEVENTUAL RETORNO SOMENTE COM SEGURANÇA

além do estudo das alternativas para o dique S4 e seus

impactos e implementação de solução definitiva.

Assim, o MPMG busca garantir que a eventual retomada,

caso devidamente licenciada pelo Estado de Minas Gerais,

só ocorra se adotadas as medidas necessárias para garantir

a segurança do meio ambiente e populações à jusante, bem

como que haja a busca por alternativas menos perigosas para

armazenamento de rejeitos.

A Aecom do Brasil é responsável pela realização de duas

outras auditorias custeadas pela Samarco, definidas em

acordos judiciais firmados após o rompimento da barragem

de Fundão, em novembro de 2015. A primeira é voltada para

garantir a segurança das estruturas remanescentes, em

planejamento e em construção no Complexo Germano.

A segunda acompanha as atividades que compõem o

planejamento e a execução das obras necessárias à

recuperação do reservatório e das estruturas integrantes da

Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, incluindo a supervisão da

adequada remoção e disposição dos rejeitos no reservatório

e na área denominada Fazenda Floresta, com a finalidade de

atestar a estabilidade e a segurança geotécnica da operação.

TAC Samarco Aecom - Complexo Germano-retomada

Foto: Wikimedia

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R E E S T R U T U R A Ç Ã O

PARQUE ESTADUAL DO IBITIPOCA É LIBERADO PARA RECEBER MIL VISITANTES POR DIA DEPOIS DE FECHAR NOVO ACORDO COM MPMG

CAO M A – AT U AÇÃO I N S T I T U C I O N A L

O MPMG e o Instituto Estadual de Florestas (IEF) assinaram, em 11 de julho,

um aditivo ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) celebrado em 2018

que, entre outras medidas, restringia em 600 o número de visitantes

diários ao Parque Estadual do Ibitipoca, na Região da Zona da Mata. As

visitações passam, agora, a ser de mil pessoas por dia. Em contrapartida,

além das obrigações presentes no TAC, o IEF deverá cumprir novas medidas

constantes do aditivo.

Sobre a alteração referente ao número de visitantes diários, o Parque

Estadual do Ibitipoca deverá implantar sistema eletrônico de venda de

ingressos on line, em sítio eletrônico adequado a tal fim, no prazo de 180

dias. Também serão disponibilizados ingressos para venda na portaria.

Além disso, os responsáveis pelo parque deverão elaborar e implantar, no

prazo de 540 dias, plano de manejo espeleológico para todas as cavidades

sujeitas à visitação; apresentar o plano de reestruturação da forma de

visitação ao MPMG em 190 dias; realizar a educação ambiental juntamente

com publicidade das novas regras de visitação de forma ampla e abrangente,

incluindo divulgação no site oficial do IEF e nos sites dos parceiros do

Parque Estadual do Ibitipoca, além de divulgação na Vila de Conceição de

Ibitipoca e no município de Lima Duarte.

Foto: Glauco Umbelino (Flickr)

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A administração do parque deverá, ainda, apresentar,

semestralmente, relatório fotográfico indicando as medidas já

implementadas em relação aos danos ambientais existentes

na reserva, inclusive das trilhas e locais de visitação abertos

indevidamente em contrariedade ao plano de manejo,

bem como as medidas necessárias para a sua completa

recuperação e para garantir a segurança dos visitantes, pelo

prazo de dois anos.

Ibitipoca - Aditivo do TAC

Ibitipoca – Termo de Acordo 2018

Segurança de barragens e responsabilização penal ambiental foram os eixos temáticos dos trabalhos da Comissão Permanente de Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo e Patrimônio Cultural-COPEMA

Membros do Ministério Público dos Estados e da União

reuniram-se em São Luís, no Maranhão, de 11 a 13 de

setembro, para participar da 2a Reunião Ordinária do Grupo

Nacional de Direitos Humanos (GNDH) de 2019. Com atuação

em âmbito nacional, o grupo integra o Conselho Nacional de

Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da

União (CNPG) e é composto por sete comissões permanentes.

A Comissão Permanente de Meio Ambiente, Habitação e

Urbanismo e Patrimônio Cultural (Copema), coordenada pela

promotora de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais

Andressa de Oliveira Lanchotti, é formada por representantes

de todos os Ministérios Públicos estaduais, do Ministério

Público Federal e do Ministério Público do Trabalho.

A reunião da Copema foi realizada a partir de dois eixos

temáticos: Atuação do Ministério Público e segurança de

barragens e Atuação do Ministério Público na responsabilização

penal ambiental. No primeiro, foram apresentados os tópicos

Segurança de barragens: a experiência do MPMG pós-

desastre da mineração em Brumadinho, pela promotora de

Justiça Giselle Ribeiro; Atuação do MPMG na investigação

e responsabilização penal pelo desastre da mineração em

Brumadinho, pelo promotor de Justiça Francisco Chaves

Generoso; Estratégias de atuação integrada do Ministério

Público na defesa do meio ambiente, por Cristina Seixas

Graça, promotora de Justiça do Ministério Público da Bahia.

No segundo eixo de discussões, foram tratados os tópicos

Improbidade ambiental e urbanística: aplicação da Lei

no 8.429/1992 no Estatuto da Cidade e na Administração

Ambiental, pelo promotor de Justiça Luís Fernando Cabral

Barreto Jr., do Ministério Público do Maranhão; Ilícitos

ambientais e medidas cautelares criminais, pelo promotor

de Justiça Alexandre Gaio, do Ministério Público do Paraná;

Direito Penal Ambiental: novo momento, novos instrumentos

pelo promotor de Justiça Daniel Martini, do Ministério Público

do Rio Grande do Sul; e Desocupação da APP do Lago Paranoá:

aspectos cíveis, criminais e administrativos, pelo promotor

de Justiça Roberto Carlos Batista, do Ministério Público do

Distrito Federal e Territórios.

Houve também apresentações sobre os temas A atuação

da Comissão de Meio Ambiente do CNMP, pelo promotor de

Justiça Erick Pessoa, representante do Conselho Nacional

do Ministério Público, e Informações sobre resíduos

sólidos por municípios e atuação do Ministério Público,

por Rodolfo Rodrigues, da Funasa. Por fim, houve reunião

dos representantes na Copema com atuação na região da

Amazônia Legal sobre o tema Queimadas.

Enunciados

A partir das discussões realizadas, foram elaborados e

levados à reunião plenária do GNDH um total de 14 enunciados

para a atuação do Ministério Público em questões ambientais,

todos aprovados por unanimidade, tanto na Copema, quanto

na plenária do GNDH.

Os integrantes da Copema demonstraram grande preocupação

com o aumento vertiginoso de desmatamentos e queimadas e

solicitaram a instituição de força-tarefa, com designação de

membros do Ministério Público com a atuação na defesa do

meio ambiente, visando à atuação coordenada e articulada

com o fim de prevenir e reprimir as referidas práticas ilícitas.

Por fim, durante a reunião da Copema, foi definida a realização de

duas operações de âmbito nacional de combate a práticas ilícitas.

2 O REUNIÃO ORDINÁRIA GNDH-COPEMA 2019

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O MPMG participou, entre os dias 16 e 20 de setembro,

da segunda fase da Operação Mata Atlântica em Pé, que

envolveu Ministérios Públicos e órgãos ambientais de 17

estados brasileiros.

Em Minas Gerais, foi confirmado o desmatamento de cerca

de 2.300 hectares do bioma no norte de Minas. De acordo

com relatório do Núcleo de Combate aos Crimes Ambientais

do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Nucrim/

Caoma) foram lavrados 84 autos de infração ambiental e

aplicados cerca de R$ 7,2 milhões em multas.

MPMG, PMMG E ÓRGÃOS AMBIENTAIS PARTICIPAM DA SEGUNDA FASE DA OPERAÇÃO NACIONAL MATA ATLÂNTICA EM PÉ

A operação se concentrou nos municípios de São João do

Paraíso, Ninheira, Curral de Dentro, Águas Vermelhas, Itinga,

Medina, Jequitinhonha, Joaíma, Monte Formoso, Novo Cruzeiro

e Frei Gaspar. Ao todo, foram vistoriadas 94 propriedades e 140

polígonos de desmatamento, o que resultou na apreensão de

8.752m2 de madeira e/ou lenha, além de um caminhão. Foram

efetuados ainda dois autos de prisão em flagrante (supressão

de vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica - artigo 38-A da

Lei Federal 9605/98).

Além do NUCRIM, a equipe que participou da operação

contou com representantes do CAOMA, do Núcleo de

Geoprocessamento (NUGEO/CAOMA), da Central de Apoio

Técnico do MPMG (CEAT), da Secretaria de Estado de Meio

Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), do IBAMA,

da Polícia Militar de Meio Ambiente e do Comando de Aviação

do Estado (COMAVE).

A iniciativa busca a proteção e a recuperação do bioma a

partir da identificação das áreas degradadas nos últimos

anos e dos responsáveis pelos desmatamentos, para exigir a

reparação dos danos e outras medidas compensatórias.

Histórico da operação em Minas

Esta foi a quarta operação realizada em Minas e coordenada

pelo MPMG para combater desmates na Mata Atlântica.

As fiscalizações concentram-se em municípios da região norte de

Minas que têm apresentado grandes áreas desmatadas do bioma,

já seriamente ameaçado, conforme dados do Instituto Nacional de

Pesquisas Espaciais – INPE e da Fundação SOS Mata Atlântica.

Na primeira fase da Operação Mata Atlântica Viva, realizada

em setembro de 2018, concomitantemente com a Operação

Nacional Mata Atlântica em Pé, foram fiscalizadas 70

propriedades rurais nos municípios de Águas Vermelhas,

Curral de Dentro, Cachoeira de Pajeú, Medina e Santa Cruz

de Salinas. Constatou-se o desmatamento irregular de

1.269,786 hectares de remanescentes da Mata Atlântica.

Foram aplicados 48 autos de infração ambiental, com a

imposição de mais de R$ 5 milhões em multas.

A segunda fase ocorreu em dezembro de 2018, somente

em Minas Gerais, nos municípios de Medina, Águas

Vermelhas, Jequitinhonha e Pedra Azul, onde se constatou o

desmatamento de 921,91 hectares de Mata Atlântica. Foram

lavrados 44 autos de infração ambiental e aplicados cerca

de R$ 7,6 milhões em multas.

A terceira fase, também realizada apenas em Minas

Gerais em maio de 2019, confirmou o desmatamento de

2.047 hectares do bioma no norte de Minas. A operação

se concentrou nos municípios de Gameleiras, Rio Pardo de

Minas, São João do Paraíso, Ninheira, Ponto dos Volantes e

Padre Paraíso, onde foram lavrados 98 autos de infração

ambiental e aplicados cerca de R$ 17,4 milhões em multas.

Um dos principais resultados destas operações é a elaboração

de relatório dos danos ambientais identificados, com sugestões

da necessidade de medidas mitigadoras e reparatórias dos

impactos causados ao bioma da Mata Atlântica.

EM DEFESA DA MATA ATLÂNTICA

Foto: Pexels.com

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A P O I O T É C N I C O E C I E N T Í F I C OTERMO DE COOPERAÇÃO VAI INCREMENTAR DEFESA DA FAUNA SILVESTRE NO MPMG

Um Termo de Cooperação Técnica (TCT) foi assinado, em 13 de agosto, entre

o MPMG, por meio da Coordenadoria Estadual de Defesa da Fauna (Cedef), e o

Conselho Regional de Biologia - 4a região (CRBio-04). O objetivo é a cooperação

técnica e operacional para possibilitar o desenvolvimento de ações conjuntas

que viabilizem a preservação, a recuperação e a conservação do meio ambiente,

com ênfase na fauna silvestre e urbana, em Minas Gerais.

Segundo a coordenadora da Cedef Luciana Imaculada, a expectativa é

incrementar a atuação da coordenadoria principalmente em relação à defesa

da fauna silvestre, combatendo, por exemplo, o tráfico de animais. “Desde a

criação da coordenadoria o esforço foi muito voltado para animais domésticos,

decorrência natural de uma cobrança da sociedade. Assim, para conhecermos

as questões específicas dessa área será fundamental a ajuda de profissionais

que entendam profundamente do tema”, explica ela.

O compartilhamento com o MPMG do cadastro de biólogos e o fornecimento de

apoio técnico e científico representam um dos pontos do TCT que competem

ao CRBio.

TCT Fauna Silvestre_CRBio04

C E D E F

Foto: arquivo CPPC

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O MPMG, por meio da Cedef, em parceria com a Assembleia

Legislativa de Minas Gerais sediou, em 27 de agosto, a II

Reunião da Secretaria de Apoio à Fauna da União Nacional dos

Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale). O encontrou

reuniu deputados e gestores de órgãos de meio ambiente

de Minas e de outros sete estados brasileiros - Bahia,

Roraima, Sergipe, Piauí, Pernambuco, Paraíba, Amazonas -,

além de integrantes do MPMG e representantes do Ibama,

UFMG, Conselho Regional de Biologia, Polícia Militar de Meio

Ambiente, Polícia Civil e Semad.

A reunião teve por objetivo apontar os avanços e discutir os

desafios da proteção animal no estado e no Brasil. A criação

da Cedef pelo MPMG, no final de 2017, de forma pioneira

entre os Ministérios Públicos do país, foi um dos destaques

do encontro. A coordenadora do Cedef, promotora de Justiça

Luciana Imaculada de Paula, apresentou a experiência do

órgão, destacando que “a Cedef promove a interlocução dos

vários atores envolvidos na defesa da fauna. Ela contribui para

uma atuação mais especializada e uniforme em todo o Estado,

superando inconvenientes da atuação tradicional”, explicou.

A promotora falou, ainda, dos bons resultados do Programa

Regional de Defesa da Vida Animal (Prodevida), que apoia

municípios mineiros na implantação de políticas públicas para

animais, com foco no controle populacional ético e sustentável

de cães e gatos. Também emocionou os participantes ao

narrar os esforços do MPMG e de parceiros para levar as

elefantas Maia e Guida, que pertenciam ao Circo Portugal,

para o Santuário dos Elefante, no Mato Grosso.

Segundo a coordenadora, atualmente, existem mais animais

de companhia nas residências brasileiras do que crianças, o

que demostra a importância do bem jurídico para a população

brasileira. “A proteção dos animais, além de ser uma exigência

da nossa realidade, foi eleita como um interesse do país pela

nossa Constituição Federal. Temos a obrigação de cuidar disso”.

Especialização

O procurador-geral de Justiça, Antônio Sérgio Tonet, ressaltou

que a especialização é o melhor caminho para garantir a

eficiência das ações institucionais. Como os promotores de

Justiça atuam, ao mesmo tempo, em diversas áreas e em casos

bastante complexos, a criação de órgãos especializados, que

garantam o suporte técnico necessário, é fundamental.

Sinergia

O presidente da Comissão de Meio Ambiente da ALMG e da

Secretaria de Apoio à Fauna da Unale, deputado estadual

Noraldino Junior, destacou a importância da sinergia de ações

entre o MPMG, ALMG, Polícia Militar e Polícia Civil. Entre os

avanços legislativos da proteção da fauna no estado, Noraldino

citou a edição da Lei 21.970, que regulamenta o manejo

populacional de animais e que gerou a redução significativa

do extermínio de animais nos municípios mineiros.

O subsecretário de Fiscalização Ambiental da Semad, Robson

Lucas da Silva, falou dos desafios do Estado de Minas Gerais na

implantação de políticas públicas para animais. Na sequência,

deputados e gestores ambientais expuseram projetos

desenvolvidos em seus estados e discutiram soluções para

os impasses à adequada proteção da fauna.

E S P E C I A L I Z A Ç Ã O P I O N E I R ADEPUTADOS DE SETE ESTADOS BRASILEIROS CONHECEM FUNCIONAMENTO DA COORDENADORIA ESPECIALIZADA DE DEFESA DA FAUNA DO MPMG

Foto: Pexels.com

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Documentos do Arquivo Público Mineiro (APM), entre eles decretos e editais

do período imperial, que teriam sido furtados e estavam sendo vendidos pela

internet, foram recuperados durante a Operação Páginas Históricas, realizada

em 18 de julho. Um mandado de prisão temporária e nove de busca e apreensão

foram cumpridos em Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro, Quatis (RJ), Pelotas

e Campo Bom (RS). O MPMG coordenou os trabalhos, com o apoio dos Ministérios

Públicos do Distrito Federal e Territórios, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

A operação foi idealizada pela 15a Promotoria de Justiça de Meio Ambiente de

BH, com o apoio da Coordenadoria de Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural

(CPPC) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado

(GAECO). As investigações tiveram início em 2016, com apoio da Coordenadoria de

Combate aos Crimes Cibernéticos, quando o MPMG apurou que os documentos

furtados estavam sendo vendidos, pela internet, em sites de leilões, para

pessoas de vários estados. Em outras etapas da operação, outros documentos

foram apreendidos também em São Paulo.

Segundo a promotora de Justiça Giselle Ribeiro de Oliveira, que está à frente da

Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e

Turístico (CPPC), a subtração de documentos é definida como furto (artigo 155

do Código Penal) e a aquisição de bens, produto de furto, é classificada como

O P E R A Ç Ã O PÁ G I N A S H I S T Ó R I C A SMPMG RECUPERA DOCUMENTOS RAROS FURTADOS DO ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO

C PP C

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receptação (artigo 180 do Código Penal). Embora sejam

crimes comuns, os envolvidos podem ter suas penas

agravadas em razão do grande valor coletivo que esses

bens possuem.

De volta ao acervo

Cerca de 300 documentos recuperados durante a

operação Páginas Históricas foram devolvidos ao Arquivo

Público Mineiro em 26 de julho. O material consiste em

autos de juramento, decretos, editais, contratos, relações

de escravos, entre outros, datados, principalmente, dos

séculos XVIII e XIX.

Na oportunidade, o MPMG expediu recomendação ao

Arquivo Público Mineiro para que este adote medidas

objetivando a efetiva proteção de seu acervo. Dentre as

quais destacam-se: manter cadastro completo e atualizado

dos pesquisadores; registrar toda saída e devolução dos

documentos de forma individualizada, de forma a manter

uma rotina de controle e conferência dos documentos antes

e depois de serem consultados; custear a manutenção do

circuito fechado de televisão – CFTV, mantendo câmeras

nos principais pontos de consulta excluindo qualquer

hipótese de se manter algum local de pesquisa que não seja

monitorado pelo circuito, entre outras.

Após análise do material recebido, o Arquivo Público

Mineiro manifestou-se, confirmando a procedência de ao

menos 43 documentos como pertencentes à instituição.

Dentre os demais itens apreendidos, segundo o APM

encontram-se “documentos de origem pública com a

indicação de órgãos e autoridades aos quais os papéis

foram destinados, à época de sua produção, e também

com referência ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo,

em Portugal, uma vez que os despachos do rei possuíam

cópias destinadas a serem guardadas nesta instituição.

(...) Há itens remetidos a capitanias e províncias da Bahia,

Pernambuco, Maranhão, Piauí e Rio Grande do Sul, o que

sugere que tais documentos possam ter sido subtraídos

de arquivos desses estados. (...) Há, também, itens

provavelmente oriundos de coleções particulares com

especial atenção aos atribuídos à Família Motta Maia

cuja custódia do arquivo pessoal é do Museu Imperial”.

O MPMG já fez contato com Ministérios Públicos de

outros estados para tentar identificar a procedência de

outros documentos apreendidos.

Acesso à lista de documentos desaparecidos

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A ausência de fiscalização adequada dos bens integrantes

do patrimônio cultural brasileiro é fator que contribui para a

ocorrência de graves tragédias. O incêndio no Museu Nacional

da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ocorrido em 2 de

setembro de 2018, despertou a atenção da sociedade para a

questão da segurança de bens culturais.

Em Minas Gerais, o MPMG, por meio da Coordenadoria

Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC),

assumindo a posição de protagonista na prevenção de

DIAGNÓSTICO SOBRE RISCO DE INCÊNDIOCPPC DISPONIBILIZA BANCO DE DADOS SOBRE A SITUAÇÃO DE IMÓVEIS DE INTERESSE CULTURAL E DE USO COLETIVO EXISTENTES EM MINAS GERAIS

danos ao patrimônio cultural e um papel determinante nesta

empreitada, estabeleceu um amplo e detalhado plano de

ações, em articulação com várias instituições do Estado.

O objetivo foi identificar imóveis de interesse cultural e

uso coletivo (museus, igrejas, arquivos públicos, imóveis

tombados de uso coletivo etc.) existentes nos 853 municípios

mineiros e apurar a conformidade ou não de tais bens diante

da legislação de prevenção e combate a incêndio e pânico

(PPCIP/AVCB).

O resultado gerou um banco de dados unificado, que está em

constante atualização, considerando a significativa quantidade

de bens culturais a serem identificados, sobretudo os de

responsabilidade da igreja católica que estão distribuídos em

sete arquidioceses e 26 dioceses em Minas.

O conteúdo do banco de dados encontra-se disponível para

consulta neste link .

Como não basta somente identificar, a etapa seguinte foi

fornecer tais dados às Promotorias, para que, respeitado o

princípio do promotor natural, tomassem as medidas judiciais

e extrajudiciais julgadas cabíveis, tendo inclusive a sua

disposição um roteiro de atuação completo, com modelos

genéricos de Recomendação, TAC, Ação Civil Pública, que pode

ser acessado na página da CPPC, na intranet do MPMG, em

atividade fim > defesa do cidadão > patrimônio histórico e

cultural > roteiro de atuação > casos diversos.

Com esse trabalho, que é esforço de muitos, sobretudo de

promotores que atuam no interior do estado em condições

muitas vezes adversas e de parceiros de longa data,

chegou-se ao expressivo resultado de 6.620 bens públicos e

particulares identificados na capital e no interior. A partir do

envio de informações de gestores municipais de mais de 450

municípios e de mais 50% das dioceses e arquidioceses, foram

instaurados até o momento mais de 200 procedimentos para

apurar a situação de risco de mais de 250 bens, alguns já

tendo sido encerrados em razão da obtenção do Auto de

Vistoria do Corpo de Bombeiros-AVCB, como no caso, por

exemplo, do Instituto Inhotim em Brumadinho.

É importante destacar ainda a parceria e atuação do Corpo

de Bombeiros Militar de Minas Gerais que, instigado pela

CPPC, realizou vistorias em museus e arquivos públicos,

resultando em 325 relatórios de ocorrências, dos quais 36

estavam regulares (11,07%) e 289 (88,92%) irregulares (Of.

CBMMG /DAT No128/2019).

A iniciativa de atuação coordenada da CPPC ganhou

âmbito nacional. Em razão do interesse de outros Estados,

constituiu-se um grupo nacional para socializar e replicar as

ações bem-sucedidas, como o Manual Básico de Segurança

e Conservação do Patrimônio Cultural Sacro, publicado em

2013 pela CPPC, que está diponível neste link.

Foto: Portal Vértices

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Lançado em outubro de 2017, em parceria com a

Associação das Cidades Históricas de Minas e apoio

de outros importantes atores como a UFMG, o Curso

Básico de Patrimônio Cultural é oferecido na modalidade

Ensino à Distancia-EAD a cidadãos sem conhecimento

do tema e que atuam como conselheiros municipais de

patrimônio cultural. O objetivo é qualificar os agentes

municipais, por meio da apresentação de informações

conceituais e técnicas jurídicas sobre as contribuições

e competências dos conselheiros, sendo seu principal

diferencial propiciar a oportunidade de contato e troca

entre conselheiros de vários municípios, possibilitando

o compartilhar de ações exitosas e o pensar juntos em

novos caminhos para se transpor os obstáculos comuns.

C U R S O B Á S I C O D E PAT R I M Ô N I O C U LT U R A L

Ao longo deste período, mais de 70 municípios foram

contemplados sem qualquer custo para o erário

municipal, o que favoreceu ainda mais a participação dos

interessados e possibilitou a capacitação de mais de 200

conselheiros. Os Conselhos de Patrimônio Cultural dos

municípios são colegiados essenciais à implementação

de uma política de resultados para a defesa, prevenção

e promoção do patrimônio cultural mineiro, alçado

internacionalmente em razão de sua relevância sob os

mais diversos aspectos.

Tal ação educativa foi inserida no Plano Geral de Atuação

Finalístico do MPMG (2018/2019) como Projeto de

Educação Patrimonial: foco nas ações preventivas e, com

o imprescindível apoio dos promotores que atuam nas

diversas comarcas de MG, vem atendendo a contento a

expectativa dos membros dos conselhos, que manifestam

enfaticamente a relevância de tal ação educativa.

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Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Patrimônio Cultural, Habitação e Urbanismo - CAOMARua Dias Adorno, 367 8o andar Belo Horizonte - Minas GeraisTel: (31) 3330-8450 e-mail: [email protected]

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Procurador-Geral de JustiçaAntônio Sérgio Tonet

Coordenadora do CAOMAAndressa de Oliveira Lanchotti

Coordenadora da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e TurísticoGiselle Ribeiro de Oliveira

Coordenadora Estadual das Promotorias de Justiça de Habitação e UrbanismoMarta Alves Larcher

Coordenadora Estadual de Defesa da FaunaLuciana Imaculada de Paula

Coordenadores Regionais das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente por bacias hidrográficasAthaide Francisco Peres OliveiraCarlos Alberto Valera Daniel Piovanelli ArdissonFrancisco Chaves GenerosoLeonardo Castro Maia Lucas Marques TrindadeLuís Gustavo Patuzzi BortoncelloRodrigo Caldeira Grava BrazilShermila Peres Dhingra

EXPEDIENTE FORÇA-TAREFACASO VALE-BRUMADINHOAndressa de Oliveira Lanchotti (coordenação)Ana Tereza Ribeiro Salles GiacominiAndré Sperling PradoAnelisa Cardoso RibeiroCarlos Alberto ValeraCláudia Spranger e Silva Luiz MottaDaniel Piovanelli Ardisson Fabrício José da Fonseca PintoFrancisco Chaves GenerosoGiselle Ribeiro de Oliveira Júlio César LucianoLeandro WiliLuciana Imaculada de PaulaLuís Gustavo Patuzzi BortoncelloMárcio Rogério de OliveiraMarco Antônio BorgesMaria Alice Alvim Costa TeixeiraMarta Alves LarcherNélio Costa Dutra JúniorPaola Domingues Botelho Reis de NazarethPaula Ayres LimaWalter Freitas de Moraes JúniorWilliam Garcia Pinto Coelho