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Page 1: Jose ferreira

Animação do turismo rural Animação do turismo rural novos elementos estratégicos

Face a um crescimento da procura do turismo rural em Portugal, a oferta deste turismo encontra algumas dificuldades de organização de modo a potenciar esta procura.

Este trabalho procura perceber alguns estrangulamentos ao turismo e definir estratégias capazes de o dinamizar. Assim, face a uma desorganização de oferta de turismo rural, procuramos justificar a animação como elemento chave do desenvolvimento deste sector, capaz de organizar as actividades complementares, reforçar a procura e finalmente, encontrar pontes com outros sectores económicos que possam criar valor de mercado.

IntroduçãoIntrodução

As mudanças no turismo e o aparecimento de destinos turísticos alternativos estão associadas a mudanças sociais nos países desenvolvidos: o aumento significativo do nível de rendimentos das famílias e o desencantamento com o estilo de vida urbanista. Desta forma o crescimento do turismo rural apresenta-se como uma manifestação estrutural das sociedades (pós) modernas (RIBEIRO, 2000).

Constata-se que o turismo rural é uma actividade económica em desenvolvimento. Os dados do Instituto Nacional de Estatística mostram um crescimento linear do número de dormidas em estabelecimentos de turismo rural no decénio de 1988/98. Estes turistas são geralmente urbanos, jovens e com elevada formação (CRISTÓVÃO, 2002)

No entanto, e apesar de um crescimento visível, o turismo rural bate-se com problemas em matéria de organização da oferta turística em geral como capacidade hoteleira, animação e redes dinâmicas de comercio rural (Idem).

O turismo rural em PortugalO turismo rural em Portugal

A par disto, o mundo rural encontra-se face a processos de erosão social e de elevado desgaste demográfico que sofreram durante as últimas décadas e que as foi progressivamente privando de capacidade de iniciativa e de auto-estima que levem à valorização e ao aproveitamento do património por parte das população nativas do território local (RIBEIRO, 2000).

Com presente situação do turismo rural (Figura 1) os turistas vêm-se perante estruturas turísticas de qualidade reduzida, com poucos motivos de interesse no espaço envolvente, e por vezes com preços extremamente elevados em relação à utilidade das experiências a que estão sujeitos.

Elementos para uma estratégia inovadoraElementos para uma estratégia inovadoraO crescimento das cidades gerou a perda de valores que passaram a estar identificados com o rural: o natural; a liberdade; a beleza e saúdes; o ritmo social mais humanizado; genuinidade e autenticidade; e sentido de pertença (CRISTÓVÃO, 2002 e RIBEIRO, 2000). O mundo rural manifesta-se assim, para o turista, como um espaço de reserva de valores sociais e de qualidade ambiental.

Face a esta perspectiva, a estratégia do promotor turístico deve objectivar-se em tal relação: encontrando formas de proporcionar ao turista a descoberta do mundo rural; fazendo recurso do conhecimento científico disponível nas áreas do ambiente e da etnografia rural; e tornando o turista um observador consciente da realidade que desfruta (Figura 2).

Trata-se de ajudar a ultrapassar a imagem idealizada do mundo rural e entrar numa perspectiva de descoberta do mundo rural.

O guia turístico deve, neste contexto, entender-se mais na perspectiva de animador/formador que na perspectiva habitual de informador. Propõe-se ao turista a descoberta do rural real (o turista adapta-se/usufrui do rural tal como ele é) em vez do rural idealizado em que se constróem encenações de um rural segundo concepções líricas do mundo urbano.

Nesta estratégia, animação turística pode e deve estar intricada com o papel da agricultura na definição do mundo rural. Pois, embora esta actividade económica tenha perdido influência económica e social, mantém ainda um papel importante no mundo rural: principalmente, pelo ocupação/uso do espaço rural.

1) Parte-se da constatação da agricultura enquanto pilar do mundo rural:

A agricultura enquanto actividade económica cria ferramentas (utensílios agrícolas, edificações) e técnicas para levar a cabo o seu objectivo de produção alimentar. Ao mesmo tempo, a agricultura assume-se como gestora de recursos naturais (água, solo e seres vivos) com elevada importância devido ao espaço que ocupa.

2) Chega-se às possibilidades de formação do turista a partir da agricultura:

A animação turística deve transmitir conceitos de etnografia rural (entendendo a agricultura como actividade económica) e de educação ambiental (como gestora de recursos).

Tal estratégia (Figura 3) é favorável ao produto turístico, complementando-o e pondo em relevo as especificidades de cada local, dadas pela sua morfologia natural e modos de vida próprios.

Notas finaisNotas finais

BibliografiaBibliografia

Figura 2- Estratégia para a ofertade animação turística

1) Com a estratégia apresentada espera-se que resultem mais-valias da combinação entre a agricultura e o turismo.

O turismo adapta-se às dinâmicas sociais de procura do mundo rural e desenvolve-as. Além dos mais particulariza-se para num dado local, com vantagens obvias concorrenciais.

A agricultura, sendo o suporte do turismo, é por este promovida. Alguns tipos de agricultura poderão apoiar-se no turismo com forma de promoção e venda do produto.

2) Os promotores externos ao meio rural são os mais prováveis tomadores da estratégia proposta. Isto porque as populações rurais, em particular os agricultores, não se sentem capacitados para desenvolver a oferta turística (CARQUEJA, 1998 e RIBEIRO, 2001).

Como dizia B J Caraça o homem culto “é aquele que (…) tem consciência da sua posição no cosmos e, em particular, na sociedade a que pertence”. Em última análise, concebe-se o turismo como processo de aprendizagem e elevação cultural do turista.

Figura 1- Análise SWOT do turismo rural em Portugal

Patrimóniolocal

Dispersãoda oferta

Crescimentoda procura

Desvalorizaçãolocal

S WO T

O Turismo rural em Portugal

reserva de valores ede qualidade ambiental

proc

ura

ofer

ta

culturapós moderna

animação=

formação

CARQUEJA, Mª Carlota – “Turismo no espaço rural como alternativa de desenvolvimento - um estudo de caracterização e de avaliação da actividade em duas regiões do interior norte de Portugal”. 1998 in www.utad.pt/~des/acervo_des

CRISTÓVÃO, Artur – Mundo rural: entre as representações (dos urbanos) e os benefícios reais (dos rurais). 2002 in www.utad.pt/~des/acervo_des

DGT (Direcção Geral do Turismo) – O turismo no espaço rural em 2002. 2003 in http://www.dgturismo.pt/estatisticas/estatisticas.htm

RIBEIRO, Manuela – Procuras urbanas, ambiente(s) e desenvolvimento de regiões do interior. 2000 in www.utad.pt/~des.acervo_des

RIBEIRO, Manuela – Oportunidades empresarias no sector do turismo em regiões do interior de Portugal. (2001). in www.utad.pt/~des.acervo_des

José [email protected]

Rafael [email protected]

Luís [email protected]

TurismoAgricultura AnimaçãoAnimação

Actividade económica

Gestão dos recursos naturais Educação ambiental

Educação etnográfica

Figura 3- Animação turística como ponte entre a agricultura e o turismo

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