jornal do metalúrgico (específico gm) - abril / 2012
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Jornal do Metalúrgico, específico sobre a GM, lançado em abril de 2012.TRANSCRIPT
Órgão Informativo do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Caçapava, Jacareí, Santa Branca e Igaratá
Ano 29 www.sindmetalsjc.org.br
ESPECÍFICO GENERAL MOTORSDe 9 a 16 de abril de 2012
O que os trabalhadores da GM precisam saber sobre:
VAMOS BUSCAR
PLR MAIOR E
SEM METAS
Acordo na VolksInvestimentos
Aumento de exploração na GM
NESTA QUARTA-FEIRA, TEMASSEMBLEIA NO SINDICATO PA
RTIC
IPE!
Fábrica de São José responde por 35% do faturamento
22 Jornal do Metalúrgico2
Com lucros da GM em alta, vamos lutar por PLR maior e sem metas abusivasMontadora está batendo recordes de vendas e já recuperou título de maior montadora de automóveis do mundo
Queremos a nossa parte
Os metalúrgicos da GM já de-ram o pontapé inicial à Cam-
panha de PLR 2012, reivindicando a abertura das negociações.
Em 2011, a GM mundial voltou a vender mais carros do que a Toyota e recuperou o posto de maior monta-dora de automóveis do mundo. Seu lucro líquido, somente no ano passa-do, foi de 9,3 bilhões de dólares.
Desde 2010, a GM deixou de ter prejuízos. Suas vendas atingiram 150 bilhões de dólares em 2011, depois de ter recebido uma pol-puda ajuda financeira do governo Obama e aumentar a exploração nas fábricas.
A montadora no BrasilNo Brasil, a situação não foi di-
ferente. Nos últimos quatro anos, a GM vem batendo recordes de ven-das e de produção.
Esse crescimento deve continuar, já que a previsão é de que o mercado de automóveis cresça 5% em 2012, segundo a Anfavea (Associação Na-
cional de Fabricantes de Veículos Automotores).
Além disso, as monta-doras acabam de receber a notícia de que o governo federal vai reduzir gradu-almente o IPI para o setor automotivo.
O governo, mais uma vez, vai ajudar a GM.
Diante dessa expecta-tiva, a luta pela PLR tem de ser forte e de todos os metalúrgicos.
“A GM está lucrando muito em todo o mundo, e esse lucro tem de ser divi-dido com os trabalhadores. Além disso, as montadoras tiveram enormes incenti-vos do governo Dilma e, mesmo assim, continuam arrancando o couro dos trabalhadores e enviando lucros para a matriz no exterior”, afirma o presidente do Sindicato Vivaldo Moreira.
Trabalhadores da GM em Campanha de PLR no ano passado
GM está de novo no topo entre as montadoras, em número de vendas
Tanda Mello
Em nossa luta, não podemos perder de vista que os lucros da montadora têm de refletir na PLR
deste ano. “É hora dos trabalhadores se organizarem para mais esta cam-panha”, afirma Vivaldo.
Hoje, a fábrica de São José dos Campos representa 26% do total de vendas e 35% do faturamento da GM no Brasil. Traduzindo: são 155 mil veículos vendidos e 7 bilhões de reais faturados.
Ao faturamento da planta local, deve-se acrescentar ainda a pro-dução de 550 mil motores, no valor total de 1,4 bilhão de reais.
Quando comparada às fábricas de Gravataí e São Caetano, a plan-ta de São José dos Campos acompanha a média de faturamento. Em São Caetano, esse índice é de 38%; em Gravataí, é de 27%.
“A fábrica de São José dos Campos sempre gerou e continuará ge-rando lucros para a GM. Na Campanha de PLR, vamos lutar por valores maiores e sem metas e dar continuidade à unidade com São Caetano”, afirma o presidente eleito Antonio Ferreira de Barros, o Macapá.
Você sabe quanto cada trabalhador rende para a GM? Segura essa: na América do Sul, in-cluindo, portanto, o Brasil, cada operário rende R$ 958.176,10 por ano.
Esse mesmo trabalhador custa anualmente para a montadora apenas R$ 100 mil, conside-rando-se salário, encargos e tudo o mais.
Isso significa que em dois dias de trabalho, o operário da GM paga seu salário mensal e 18 dias ele trabalha de graça para os donos da mul-tinacional.
Nos Estados Unidos, o número é ainda maior: cada operário rende 900 mil dólares para a GM. Ou seja, a empresa lucra muito nas costas dos trabalhadores. Por isso, na Campanha de PLR, vamos exigir nossa parte!
Cada trabalhador gera quaseR$ 1 milhão por ano para GM
Trabalhadores da GM durante protesto contra demissões de lesionados
Para aumentar os lucros, GM demite e aumenta a exploração na linha de produção
Jornal do Metalúrgico 3
A retomada da General Motors como a número 1 no mercado mundial de automóveis não acon-teceu por acaso.
A explicação passa pelo aumen-to da exploração, que nada mais é do que produzir mais veículos com o menor número possível de trabalhadores.
As demissões, excesso de horas extras e o alto ritmo de produção estão ocorrendo nas plantas de São José dos Campos, São Caeta-no, Rosário etc.
A estratégia vem acontecendo desde 2008 em todo o mundo, quando a GM entrou em concor-data. A partir daí, a montadora demitiu 40 mil trabalhadores e fechou 15 fábricas.
O objetivo da GM é fazer com que o custo do trabalhador norte-americano seja igual ou menor que o do brasileiro, e do brasileiro igual ou menor do que o do chinês.
Produtividade em altaApesar de todos os cortes de
gastos realizados pela GM, a pro-
Ataques
Sindicato pede reunião com ministro e GM
ASSEMBLEIA DOS METALÚRGICOS PARA ELEIÇÃO DE DELEGADOS DO 1º CONGRESSO NACIONAL DA CSP-CONLUTAS
dução de veículos continuou a todo vapor. Mas com uma diferença: cada operário passou a produzir mais carros por dia.
Nos Estados Unidos, cada trabalhador passou a produzir 32 veículos por dia, em 2011. Em 2010, produziam 29.
O resultado disso é o au-mento significativo de doenças e acidentes de trabalho.
Aqui em São José, os traba-lhadores estão sobrecarregados e não escapam das lesões ocu-pacionais.
Somente em 2011, foram registradas cerca de 400 CATs (Comunicação de Acidente de Trabalho). O caso mais grave aconteceu no dia 24 de maio, que resultou na morte do companheiro Antonio Teodoro Pereira Filho.
Na assembleia do dia 26, os trabalhadores exigiram abertura de negociação para que se dis-cuta, entre outros pontos, as condições de trabalho e o fim das demissões.
O Sindicato já tomou uma série de iniciativas para que a GM coloque o pé no freio em sua práti-ca de demissões.
No dia 30 de março, enviamos uma carta para o ministro do Trabalho, Paulo Roberto dos Santos, pedindo o agendamento de reunião para discutir as demissões na GM e os incentivos fiscais do go-verno federal à indústria (veja carta ao lado).
Também já protocolamos pedido, direto com a montadora, para discutir as condições de tra-balho e as horas extras praticadas pela empresa.
“O Sindicato vai tomar todas as medidas possí-
Venha escolher os 44 metalúrgicos que serão delegados no congresso e discutirão o plano de lutas da categoria!
DIA 11 DE ABRIL, qUARTA-fEIRA, àS 10h, 16h E 18hLocal: Sede do Sindicato dos Metalúrgicos, à Rua Maurício Diamante, 65 - Centro.
veis para garantir o fim das demissões e a reintegra-ção de todos os trabalhadores que foram demitidos ilegamente, como foi o caso dos lesionados. Vamos continuar lutando contra essa arbitrariedade”, afir-ma o presidente Vivaldo Moreira Araújo.
Além das discussões políticas, o Sindicato en-trou com uma ação no Ministério Público do Tra-balho para exigir a reintegração dos trabalhado-res lesionados. A GM se recusou a fazer qualquer acordo e o caso agora está à espera de julgamen-to, no Tribunal Regional do Trabalho - 15ª Região, em Campinas.
Tanda Melo
Orgão informativo do Sindicato dos Metalúrgicos de S. J. Campos, Caçapava, Jacareí, Santa Branca e Igaratá • Rua Maurício Diamante, 65 - 12209-570- (12) 3946.5333 - Fax: 3922.4775 - site: www.sindmetalsjc.org.br - e-mail: [email protected] - São José dos Campos - SP - Responsabilidade: Diretoria do Sindicato - Edição: Ana Cristina Silva - Redação: Shirley Rodrigues. Editoração Eletrônica: Bruno César Galvão Ilustração: Bruno César Galvao. Fotolito e Impressão: UniSind Gráfica Ltda (11) 3271-1137
Expediente
Redução de direitos
Jornal do Metalúrgico4
O que está por trás do acordo para investimentos da Volkswagen
Investimentos têm de representar garantia de direitos e empregos
Flexibilização não garante empregos
Sindicatos pelegos empurraram proposta patronal "goela abaixo" dos trabalhadores
Sindicato tem propostas para a planta de São José dos Campos e quer reunião com GM
Os patrões e a Prefeitura estão promovendo uma campanha men-tirosa na cidade, afirmando que o Sindicato é contra investimentos.
Esse discurso não passa de mais um ataque aos próprios trabalha-dores, que lutam junto com o Sindi-cato pela manutenção e ampliação de direitos.
Os metalúrgicos sabem que o Sindicato é a favor de investimen-tos, desde que não representem demissões e retirada de direitos.
Tendo em vista que os investi-mentos devem beneficiar os traba-lhadores, o Sindicato preparou uma série de propostas adequadas à estrutura da planta da GM em São José (veja quadro ao lado).
Aos longo dos anos, a CUT vem assinando acordos com as monta-doras em troca de investimentos. O resultado disso foi uma ava-lanche de demissões. De acordo com dados da Anfavea, enquanto a produção de veículos aumentou em 225%, entre 1980 e 2010, o número de trabalhadores caiu 11%. Na Volks, outro exemplo. Lá foram fechados 13.500 postos de trabalho, entre 1997 e 2012.
A Volkswagen anunciou, semana passada, um inves-timento de R$ 8,7 bilhões nas fábricas de Taubaté e São Bernardo do Campo.
Mas junto com os inves-timentos, veio um acordo que retira direitos. Os mil empregos prometidos não estão garantidos no acordo. Mesmo assim, foi assinado pelos sindicatos.
Houve uma forte resistên-cia da categoria. No segundo turno da fábrica de Taubaté, a proposta foi rejeitada por ampla maioria. No primeiro, a categoria ficou dividida.
Em São Bernardo, o Sindi-cato disse que houve aprova-ção, mas na verdade os traba-lhadores rejeitaram o acordo. A rejeição faz todo sentido, já que o tal acordo representa retirada de direitos, como mostra o quadro ao lado.
Duro de aguentarOs ônibus colocados pela Breda
estão deixando todo mundo irritado. Apesar de serem novos, os veículos são extremamente
barulhentos, os bancos não reclinam, as janelas não são
devidamente vedadas (o que permite a entrada de vento e chuva) e mais um monte de
problema. Caramba! A gente paga todo mês pelo transporte e recebe esse serviço horroro-
so?! Assim não dá!
Situação insustentávelNa Pintura do MVA, a explo-ração tá correndo solta! Lá a ordem é trabalhar dobrado.
Pra piorar, o S.A. Claudiomar e o supervisor Carlos Torres
não deixam ninguém em paz e fazem o maior terror, dizendo
que quem chamar a CIPA ou o Sindicato corre o risco de perder
o emprego. Qual é? Estão pensando que eu tenho medo de cara feia? Se continuarem
assim, a coisa vai ferver!
CensuradoDesde a morte do companheiro Antonio Teodoro, o supervisor Takau, da Estamparia, resolveu implantar a censura no setor.
O tempo todo ele fala pros tra-balhadores terem cuidado com
o que falam para a DRT, pro Sindicato e pra CIPA. Hei, você não sabe que denunciar irregu-laridades é um direito de todo
trabalhador? Continua com essa historinha que você será o
primeiro a ser denunciado!
Médico falsificadoO supervisor da funilaria da
S10, Luis Fernando, do segun-do turno, tá pensando que é
doutor. Quando um trabalhador passa mal, em vez de mandá-lo para o Departamento Médico, fica fazendo pergunta. Tá que-
rendo mudar de profissão, Luis Fernando?
Pressão totalNinguém mais aguenta a corre-ria para tirar os 95 motores por hora, no 1ºturno da Powertrain.
A supervisão fica em cima e quer que os trabalhadores cum-pram a meta a qualquer custo. E o que é pior: tudo em condições inseguras. Será que esses super-visores não aprendem nunca?
Propostas do Sindicato à GMSão José tem condições para garantir a produção do Corsa e Corsa
Classic. A empresa pode deixar de importar da Argentina e de produzir em São Caetano, dada a quantidade de veículos já feitos no ABC.
Produzir também em São José dos Campos o Projeto PM7
Abertura imediata do terceiro turno na S10
O mercado brasileiro de caminhões está crescendo muito e a GM não vende caminhões no país. A planta de São José já produziu os famosos caminhões GMC e a montadora poderia retomar a produção de caminhões na planta local.
A nacionalização da produção de toda a família Sonic, Agile e de todos os carros que a GM importa. Hoje, são importados mais de 100 mil carros por ano.
Terceirização
Aberturade PDV
Campanha Salarial e PLR
Bancode horas
Volks vai terceirizarmil postos de trabalho
O acordo prevê a abertura de PDV, mas não estipula número de adesões previstas
Fim das Campanhas Salariais e por PLR até 2016. Os reajustes já estão pré-estabelecidos no acordo, que prevê apenas 2% de aumento real e INPC.
Renovação do Banco de Horas, com aumento do limite de 120 para 160h
A terceirização fecha postos de trabalho efetivos e precariza condições de trabalho
Estima-se que a empresa deva demitir cerca de 3.800 trabalhadores.
O trabalhadores per-dem poder de nego-ciação. Mesmo que a produção esteja bom-bando, não haverá luta para reinvidicar aumen-to salarial e PLR maior.
O que era ruimficou ainda pior.
O que prevê o acordo O que está por trás Por que é ruim
TRabaLhadOReS PeRdeM COM aCORdO
TODAS AS PROPOSTAS SERÃO AMPLAMENTE DEBATIDAS COM OS TRABALhADORES E VOTADAS EM ASSEMBLEIA
1980
1990
2000
2010
Crescimento
ANO PRODUÇÃO TRABALhADORES VEíCULO POR TRABALhADOR
fATURAMENTO/ TRABALhADOR *
1.048.692
847.838
1.596.882
3.408.633
225%
133.683
117.396
89.134
119.392
-11%
7,8
7,2
17,9
28,5
265%
211.727,12
202.621,90
488.062,92
700.097,16
229%
Fonte: Anuário Estatístico da Anfavea 2011Faturamento por trabalhador em dólares