jornal da uem - nº 105 - junho/2012

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Meio Ambiente Livro destaca problemas de ribeirinhos P. 3 UEM estuda implantação de política ambiental P. 6 e 7 Mudi quer despertar sensações com novos jardins P. 8 e 9 Pesquisa Projeto desenvolve banana clonada P. 9 Entrevista “A psicanálise... é uma teoria do ser humano”, Cristophe Dejours P. 10 Cultura Professora é representante do Conselho Estadual de Cultura P. 12 Assessoria de Comunicação Social Ano XI Nº 105 Junho 2012 Inovação Projeto desenvolve tecnologia em parceria com a Petrobras P. 4 e 5

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Jornal da UEM

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Meio AmbienteLivro destaca problemas de ribeirinhosP. 3

UEM estuda implantação de política ambientalP. 6 e 7

Mudi quer despertar sensações com novos jardinsP. 8 e 9

PesquisaProjeto desenvolve banana clonada P. 9

Entrevista“A psicanálise... é uma teoria do ser humano”,Cristophe DejoursP. 10

CulturaProfessora é representante do Conselho Estadual de CulturaP. 12

Assessoria de Comunicação Social

Ano XI Nº 105

Junho 2012

Inovação

Projeto desenvolve tecnologia em parceria com a PetrobrasP. 4 e 5

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Reitor:Júlio Santiago Prates FilhoVice-reitora:Neusa AltoéAssessor de Comunicação SocialPaulo Pupim

Jornalista responsável e editora: Ana Paula Machado Velho (Reg. Prof. 16.314/RJ)Coordenadora de Imprensa: Tereza ParizottoReportagem: Ana Paula Machado Velho, Antônio Paulino Júnior, Rose Koyashiki, Tereza Parizotto, Carlos Henrique Braga e Murilo BenitesFotografia: Antonio C. Locatelli, Heitor MarconColaboradores: Maria Joana Casagrande e Sueli Nascimento SilvaDiagramação e Impressão: Folha de Londrina

Coordenadoria de ImprensaAvenida Colombo, 5.790 -Bloco Q-03 - Sala 7Telefone: (44) 3011-4213Site: www.asc.uem.brE-mail: [email protected]

EXPEDIENTE

Editorial Destaque

Enquanto rolavam os debates na Rio + 20, a preocupação

da equipe responsável pelo Jornal da UEM era também retratar, ao menos em parte, alguns trabalhos desenvolvidos na Instituição que têm em comum a busca de um mundo mais sustentável. Destacamos, entre outros assuntos, o livro que aborda a perda, pelos moradores ribeirinhos, do direito à liberdade de plantar; a tecnologia para a descontaminação do gás natural, com aporte financeiro da Petrobras; a formação do “jardim das sensações”; o desenvolvimento de uma muda de banana clonada; a entrevista com Christophe Dejours, um dos principais teóricos em estudos acerca da relação entre trabalho e doença mental; e a cobertura sobre a proposta de política ambiental formulada para a Universidade. A Rio + 20 pode não ter agradado a todos, especialmente os que esperavam mais avanços no estabelecimento de metas

Errata

A colaboração da UEM para o meio ambiente

Direito de resposta:Outras informações importantes sobre a história da Acta Scientiarum

e prazos, mas por aqui a comunidade acadêmica vai desenvolvendo seu papel. Faz parte da edição, ainda, a eleição da pesquisadora Josilene Aparecida de Oliveira para o Conselho Estadual de Cultura. A ela se somam outros integrantes da comunidade universitária que representam a UEM nos diversos conselhos estaduais e municipais, ajudando a definir as políticas públicas para cada setor. Aos admiradores da memória preservada pelo Museu da Bacia do Paraná, pedimos um pouco de paciência, pois ele passará por uma reforma na estrutura física. Quando reabrir as portas, o Museu terá melhores condições de receber os visitantes, já que a restauração prevê preocupações também com a acessibilidade, ampliando a inclusão social.

Paulo PupimAssessor de Comunicação Social

Diferente do que foi publicado na edição passada, informamos que foi a professora Sueli Ruffini quem proferiu por palestra na solenidade de lançamento de livros e periódicos de 2011-2012 da Eduem, ocorrida no dia 13 de abril. Sueli é profes-sora do Departamento de Educação da UEL e coordenadora de Ciência e Tecnologia da Seti.

As revistas Acta Scientiarum tiveram sua origem a partir da Revista Unimar, cuja primeira publicação ocorreu em agosto de 1974, na gestão do professor

José Carlos Cal Garcia, tendo como objetivo publicar artigos científicos em todas as áreas de conhecimento.

A Revista Unimar sofreu diversas modificações, sendo a primeira e mais relevante em 1998, quando passou a se chamar Acta Scientiarum, durante a gestão da editora-chefe, professora Maria Suely Pagliarini. Nesse ano, a revista modificou seu “layout” e o processo de divulgação, que fez crescer a procura pelos pesquisadores, tornan-do-a, já naquela ocasião, uma referência para a comunidade científica.

Após a saída da professora Pagliarini, em 2000, tivemos a oportunidade de as-sumir a Acta, ficando até dezembro de 2006. Várias ações foram tomadas, como a subdivisão da Acta em seis revistas, além da criação da versão on-line das mesmas e o encaminhamento e aceite em novos indexadores.

Nesse sentido, causa-nos estranheza as afirmações feitas pelo atual Diretor da Eduem, Alessandro de Lucca Braccini, o qual em reportagem publicação no Jornal da UEM, em abril de 2012 (no104), afirma que as Acta, até 2006, não tinha nenhuma indexação. Basta acessar as revistas para se averiguar que, desde quando se denomi-nava Revista Unimar, a partir de 1983, já havia indexadores e com a consolidação da Revista novos indexadores foram incorporados. A Acta Scientiarum sempre fez parte de excelentes indexadores, tais como Biological Abstracts, Zoological Records, Sociological Abstracts, ASFA, Index Medicus Latino-Americano, dentre outros. Além disso, ao contrário do que afirma o professor Alessandro, a Acta é indexada no Scopus desde 2002.

Vale relembrar, também, que desde a gestão da professora Pagliarini, a Acta pas-sou por várias reestruturações com a finalidade de ser incorporada ao ISI e ao SciElo. Em nossa gestão, fizemos vários acréscimos nas revistas, com a criação de um Comitê Internacional e um Comitê Local em cada uma das seis Acta, e a descrição da missão e política editorial de cada uma delas, bem como aumento do quadro de consultores ad hoc. Com isso, o caminho para a indexação ao ISI e SciElo foi facilitado.

Outro registro feito pelo professor. Alessandro foi afirmar que as publicações cir-culavam com atrasos de até dois anos. De onde ele tirou isso?

É inegável que nesses últimos seis anos as Acta deram novos passos importantís-simos, como a subdivisão de novas revistas de disseminação do conhecimento, além de, algumas delas, já estarem nas Bases do ISI e SciElo. Mas, gostaria de lembrar que essa situação não ocorreu de uma hora para outra. Ao longo de sua existência, desde 1974, as publicações da Eduem se prepararam para isso, incluindo a participação de muitas pessoas nas diversas gestões que ocorreram.

Como já dizia o criador da Revista, José Carlos Cal Garcia, na apresentação do primeiro número da mesma, em 1974: “Sabemos que a tarefa não é fácil. Verdade, porém, é que, embora as naturais dificuldades que serão encontradas à frente do tra-balho, a UEM conta com elemento de grande valia, qual seja a sua organização bem estruturada e com um capital humano da maior importância... Desejamos exprimir a certeza de que será levada avante a tarefa que ora iniciamos Sabemos, por outro lado, que não obstante todos os esforços, enganos e deficiências nela se verificarão...”.

Profº Drº Fábio Lansac TôhaNupélia/UEM

3Ambiente

Se essa ilha fosse minhaLivro de bióloga da UEM relata a perda do direito mais caro a quem mora

à beira de um rio: a liberdade de plantar

Por Carlos Henrique Braga

Uma banheira velha com terra foi o espaço que restou para

uma das moradoras do conjunto de ilhas no norte do Paraná plantar. Os ilhéus chegaram lá 50 anos atrás, mas, desde que a legislação ambien-tal os obrigou a obedecer uma dis-tância de 500 metros das margens do Rio Paraná, em 2000, não brota nem uma banana na região de Porto Rico. Mas desse “paraíso”, como chamam, ninguém quer sair. A difícil situação deles está no livro da bióloga Clau-dinéia Almeida da Silva, lançado em abril como resultado do seu doutora-do pela UEM.

Em Área de Proteção Ambiental das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná (editora Eduem, 2011, 132 pgs), ela e a orientadora, a bióloga Marta Belli-ni, fazem uma abordagem socioam-biental das ilhas Mutum, Japonesa, Chapéu Velho, Carioca e Bandeira. Os lugares são, desde 1997, parte da área de proteção conhecida como APAIV. Há 12 anos, uma medida le-gal os tornou Área de Preservação Permanente (APP), restringindo a zona de plantio, antes atividade de subsistência para as famílias.

Moral da história - A proteção à natureza deixou os ilhéus sem co-mida nem fonte de renda e os obriga a migrar para as cidades vizinhas. “Eles possuem direitos, pagam os impostos, mas por ser uma APP en-frentam muitos problemas e inter-venções das autoridades jurídicas e ambientais”, resume a pesquisadora. Os jovens foram embora. Os mais velhos, que resistem em sair, rece-bem um salário mínimo — ou nem isso — como caseiros dos clubes de lazer para turistas. “Eles chegaram pobres e se mantêm pobres”, ava-lia Marta Bellini, que já orientou seis trabalhos sobre a população das ilhas.

“(...) Antes nóis prantava feijão, milho, arroz, mamona, mandioca. A banana tinha bastante. Mas agora tem essa ‘quiçaça’ qui nóis não pode mais carpi, não pode mais prantá um pé de feijão, milho, mandioca. Não pode ter nem uma horta mais”, disse um dos ilhéus à pesquisadora. Sua linguagem foi conservada como transcrita no livro.

A construção de usinas hidrelé-tricas alterou a regulação do regime hidrológico do Rio Paraná. “A mão oculta do ‘crescimento econômico’ tem direcionado a Política Ambien-tal Brasileira e ditado as regras aos gestores ambientais”, traz o texto.

Num outro relato do livro, um morador tem a casa ameaçada de destruição por uma árvore e pede permissão a um agente do Ibama para cortá-la. “É mais fácil você ficar sem a sua casa do que a gente permitir a derrubada de uma árvore na barranca do rio”, responde o agente. Só a ár-vore continua lá. O comportamento dos fiscais, reclamam os entrevista-

dos, é mais permissivo com turistas. Um membro do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) reconheceu o des-compasso no tratamento dos agentes na Ilha Grande. Os turistas, por sua vez, são apontados como poluidores e pescadores irregulares — embora alguns moradores os defendam por levarem dinheiro e diversão às pe-quenas cidades.

Mesmo com a sobrevivência ameaçada, ninguém quer trocar suas terras por dinheiro e ter de sai das ilhas. “Lá é o lugar deles. A maioria não tem escolaridade e nem meios de sobreviver dignamente em um ambiente urbano. Sentem-se livres e felizes nas ilhas, além disso, rea-lizam um baixo impacto (no meio ambiente)”, afirma a autora. “A situ-ação lá fora sempre foi mais precá-ria. Sempre tava desempregado lá”, conta um dos entrevistados sobre a vida na cidade.

Em 2006, ano de conclusão do estudo, as leis da APP foram flexi-bilizadas, considera a autora, o que

pode ter dado mais liberdade aos moradores das ilhas. Não há novas pesquisas nesse sentido.

Conformados - Desde o iní-cio do movimento de ocupação das ilhas por essa população, nos anos 1960, os números de habitantes só murcham. O último censo local, de 2004, aponta como mais populosas as ilhas de Porto Rico e São Pedro. Juntas, elas têm pouco mais de 100 famílias. Mutum e Japonesa somam 35 famílias. Além do atual arrocho ambiental, eles foram expulsos por duas enchentes — nos anos 1970 e 80 — e pela concorrência com os fazendeiros que, há cinco décadas, introduziram o gado nas várzeas da região. “Perdidos culturalmente, so-cialmente, e existencialmente, (os ilhéus) tornaram-se submissos aos latifundiários”, escreveu a autora.

Para Marta Bellini, a disputa por terras com “fazendeiros capitalistas” fez desmoronar o sonho de fartu-ra dos moradores das ilhas. Muitos haviam desistido de Brasília, desem-pregados após a construção da capi-tal, nos anos 1960, e viam nas ilhas a chance de lucro com a venda das frutas e verduras que colhiam e dos peixes que pescavam.

Conformados, os ilhéus se inte-ressam pouco pela legislação que os cerca: questionados sobre o que é Área de Preservação Ambiental (APA), na qual também estão inse-ridos, menos de metade soube dizer o que era.

As casas, quase coladas umas às outras, são, na maioria, ruins (50%) ou péssimas (12,5%). A maior parte (58,3%) tem fossa e 29,2% apresen-tam esgoto a céu aberto. Para evitar contaminar-se pela água de má qua-lidade do rio — destino de agrotóxi-cos das fazendas e dos dejetos dos hotéis — a maioria adiciona cloro ou “importa” água tratada da cidade.

ESPECIAL MEIO AMBIENTE

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EM

4Ambiente

UEM desenvolve tecnologia verde para PetrobrasNo Laboratório de Adsorção e Troca Iônica - Lati, construído e equipado com recursos repassados pela Petrobras, pesquisadores da Universidade

desenvolvem tecnologia ambientalmente correta para descontaminação de gás natural

Por Paulino Junior

Pesquisas na área de Adsorção e Troca Iônica realizadas pelo gru-

po liderado pelos professores Maria Angélica Simões Dornellas de Barros e Pedro Augusto Arroyo, no Departa-mento de Engenharia Química (DEQ) da UEM, despertaram a atenção da Pe-trobras. Em 2009, a estatal propôs um convênio para projeto de pesquisa, vi-sando o desenvolvimento de tecnologia para descontaminação de gás natural, a ser produzido no pré-sal, nas unidades de exploração da petrolífera. Uma das exigências técnicas é a centralidade em tecnologia verde, ou seja, não geração de resíduos em processos menos agres-sivos ao ambiente.

Sob a coordenação do professor Pedro Augusto Arroyo, e a supervisão dos técnicos do Cenpes/Petrobras, Wilson Grava Mantovani e Jailton do Nascimento, o projeto foi elaborado e aceito, seguindo-se a assinatura de carta-contrato e início às atividades previstas. Na primeira fase do projeto, a Petrobras investiu R$ 1,2 milhão, para construção física, compra de equipamentos e instalação do Lati. O prédio tem 111m², divididos em setor administrativo, sala de estudos e três salas de testes, as quais abrigam equipamentos tecnológicos de ponta para realização de três tipos de ensaios na área de Adsorção e Troca Iônica: dinâmicos; em equilíbrio; e de carac-terização de adsorventes.

Com os recursos da primeira fase foram contratados dois profissionais, dos quais permanece a pesquisadora Joziane Gimenes Meneguin, química responsável pelo laboratório. Tam-bém atuam no projeto dois alunos de graduação em Engenharia Química, inseridos na iniciação científica.

A segunda fase do projeto vai até o final de 2014, com investimento da Petrobras no valor de R$ 2,5 milhões, para equipamentos, manutenção e contratação de mais um profissional pesquisador. O gerenciamento finan-ceiro do projeto, com suporte para compras e contratações, é pela Fadec – Fundação de Apoio ao Desenvolvi-mento Científico e Tecnológico, que funciona na Universidade.

Os resultados já obtidos deixam os

pesquisadores animados e o desafio na segunda fase do projeto é superar toda a complexidade decorrente do apro-fundamento das pesquisas, conforme se constata na entrevista a seguir.

Como está o andamento deste convênio?

Pedro Arroyo – Atualmente, temos dois professores na equipe, um pesqui-sador e um técnico em mecânica, que nos auxilia na montagem e manuten-ção de todos os equipamentos, e mais dois alunos de iniciação científica. Para a segunda fase, está prevista a contratação de mais um pesquisador; e uniu-se a nós o professor Edson Antonio da Silva, da Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste), que será responsável pela parte de modelagem matemática e simulação dos proces-sos de adsorção seletiva que estamos estudando.

Como é o processo de instalação dos equipamentos do LATI?

Maria Angélica - Os equipamentos já foram adquiridos e instalados pelas empresas representantes. Alguns ou-tros estão sendo montados aqui, com o suporte do pessoal da oficina mecâ-nica do DEQ, dentro dos padrões de segurança exigidos, pois não são en-contrados no mercado. Uma de nossas maiores preocupações é a segurança, uma vez que estamos lidando com ga-ses que têm caráter bastante perigoso, inflamáveis e tóxicos, além do proces-so exigir ensaios a altas pressões.

O pessoal envolvido passa por um treinamento para poder mani-pular esses equipamentos?

Pedro Arroyo - Sem dúvida. Inclusive, o acesso ao laboratório é restrito, justamente para evitar aciden-tes devido ao manuseio incorreto dos equipamentos e/ou por não obedecer às normas de segurança. Então, os pesquisadores e alunos envolvidos passam por um treinamento específico para poder trabalhar com segurança nesses equipamentos e, também, para atender às normas exigidas.

Outro aspecto diz respeito ao sigilo daquilo sobre o que está sendo estudado, certo?

Pedro Arroyo - Correto. Há o as-pecto da confidencialidade dos resulta-dos gerados no desenvolvimento do

projeto. No entanto, há a possibilidade de divulgação de alguns resultados, os quais podem ser enviados, por exemplo, aos congressos específicos da área, nacionais e internacionais. Entretanto, antes disso o artigo tem que passar pela análise dos profissio-nais da Petrobras, os quais verificarão se aquelas informações podem ser divulgadas.

Quais são os resultados no cam-po da produção científica?

Pedro Arroyo - Apesar de ser um projeto de pesquisa de cunho tecno-lógico, direcionado a um fenôme-no específico, a adsorção, estamos vinculados à Universidade e a equipe que gerencia nosso projeto tem sido flexível e entende que é necessário divulgar, pelo menos o que é possível, os resultados que temos alcançado. Como exemplo, este ano mesmo a professora Maria Angélica participou do Encontro Iberoamericano sobre Adsorção, que ocorreu em Recife - PE, divulgando nossos resultados de adsorção seletiva de gás carbônico em adsorventes zeolíticos a altas pressões; e há a programação para o segundo semestre deste ano (2012), a participa-ção em outros eventos internacionais (CHISA e ISSHAC-8) na Europa. Em pouco tempo teremos, com certeza, dados com qualidade suficiente para publicação em periódicos internacio-nais de alto índice de impacto. Para isso, contamos com apoio do pessoal da Petrobras.

Em relação aos resultados que vêm sendo obtidos, vocês estão tra-balhando com bastante otimismo?

Maria Angélica - Os resultados são bastante promissores. O que verifi-camos é que, realmente, o adsorvente que estamos utilizando tem um grande potencial de aplicação na descontami-nação de gás natural e isso nos deixa muito feliz. Temos apresentado os relatórios parciais, contendo os resul-tados alcançados em cada etapa de desenvolvimento do projeto de pesqui-sa, à Petrobras, que tem compartilhado de nossa alegria com o progresso das pesquisas. Como este projeto pode ter a abordagem de uma tecnologia verde, podemos contribuir para minimizar a produção de rejeitos e a emissão de poluentes como o CO² (gás carbônico) e o H2S (gás sulfídrico).

O processo de adsorção seletiva não gera resíduo do ponto de vista do adsorvente, pois este pode ser regene-rado e reutilizado no processo. Numa linguagem simples, a adsorção signifi-ca reter, no nosso caso, uma molécula (CO² ou H2S) numa superfície sólida (a zeólita). A partir do momento em que a molécula de interesse está adsor-vida, podemos separá-la seletivamente de outras, portanto, descontaminan-do o gás natural. Em outra condição operacional, a molécula adsorvida no sólido pode ser dessorvida e direcio-nada a outra parte do processo. O ciclo de adsorção/dessorção não gera ne-

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UEM desenvolve tecnologia verde para PetrobrasNo Laboratório de Adsorção e Troca Iônica - Lati, construído e equipado com recursos repassados pela Petrobras, pesquisadores da Universidade

desenvolvem tecnologia ambientalmente correta para descontaminação de gás naturalnhum tipo de resíduo, constituindo-se numa tecnologia verde. Os processos clássicos de descontaminação do gás natural na indústria utilizam solventes altamente tóxicos, podendo acarretar danos significativos ao ambiente. O que fazemos é um processo de sepa-ração. O material adsorvido possui utilização em outros processos.

Por exemplo?Pedro Arroyo - O próprio CO²

retirado, que é um dos contaminantes, pode ser modificado quimicamente, utilizado como solvente ambiental-mente correto para extrações surper-críticas ou ser injetado nos poços de petróleo. Desta forma, não seria emi-tido ao ambiente, contribuindo para a diminuição do efeito estufa. O H2S pode ser utilizado, por exemplo, como fonte de enxofre para a produção de fertilizantes ou sofrer o processo de redução, resultando enxofre elementar, que pode ser utilizado diretamente na lavoura ou na produção de ácido sulfúrico, importante insumo para a indústria.

Para os alunos de graduação envolvidos no projeto, por meio da iniciação científica, qual o impacto deste projeto?

Pedro Arroyo – Os tópicos rela-cionados à Adsorção e Troca Iônica, que são a nossa área de pesquisa, fazem parte de disciplinas no curso da graduação em Engenharia Química. O professor mais capacitado, com mais informação sobre determinada área, poderá contribuir mais efetivamente com o desenvolvimento do curso e com a qualidade das informações que os alunos terão durante a realização das disciplinas. Consideramos que a geração de conhecimento é extrema-mente importante e a experiência que temos adquirido ao longo dos anos nesta área, será repassada à comunida-de e aos alunos dos cursos de gradu-ação e pós-graduação em Engenharia Química, que irão ao mercado de trabalho ao se graduarem.

Maria Angélica - Acho que vale ressaltar também o que é a pesquisa para o aluno. O acadêmico que se envolve neste tipo de atividade possui um maior grau de amadurecimen-

to na pesquisa em si e em todas as disciplinas de Engenharia Química. Vale, portanto, destacar a importância dos programas de iniciação científica como promotores deste amadureci-mento.

Para a UEM, no cenário interna-cional, o que significam os resulta-dos deste laboratório?

Pedro Arroyo - A Petrobras é uma companhia internacional de grande porte, extremamente importante nos cenários brasileiro e mundial. Inte-ressante que esta companhia investe em universidades no Brasil inteiro e fora do país. A UEM tem crescido e se verticalizado e um dos objetivos mais recentes é a sua internacionalização. Assim, o desenvolvimento de pesqui-sas de qualidade e a divulgação dos resultados podem aproximar grupos de

pesquisa brasileiros e de outros países, cujos benefícios as Universidades tradicionais e consolidadas conhecem muito bem. Isso também faz parte do dia a dia de uma companhia como a Petrobras e, desta forma, podemos ser inseridos neste contexto e ajudar a UEM a crescer também.

Maria Angélica - E daí a importân-cia da participação em eventos de na-tureza científica. Nesse evento do qual participamos recentemente, mantive-mos contatos com vários pesquisado-res da Ibero-America. De uma forma ou outra, esse contato está auxiliando na consolidação de nosso grupo de pesquisa e melhoria da qualidade dos trabalhos publicados. Assim, torna-se primordial participar de eventos e ter esse contato lá fora.

E outro aspecto é em ter uma

participação de destaque impor-tante na viabilização de uma ativi-dade extremamente importante e necessária de matriz energética do Brasil e do mundo, na exploração do petróleo do pré-sal, não é?

Pedro Arroyo - Isso é uma po-tencialidade que pode mudar a cara do Brasil, principalmente com os recursos que serão gerados e o correto investimento destes. Só estamos co-meçando com o pré-sal. Prevemos que isso vá crescer de forma significativa e todos se beneficiarão. Podemos nos inserir neste contexto e aproveitar o momento de crescimento do país e da UEM. Então, estamos muito contentes por ter a oportunidade de participar de todo este processo.

ESPECIAL MEIO AMBIENTE

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UEM estuda implantação de política ambientalPor Rose Koyashiki

A proposta de política ambiental da UEM foi entregue ao reitor Júlio Santiago

Prates Filho, durante a III Semana Ambien-tal da UEM, realizada de 3 a 6 deste mês. O reitor salientou que é essencial a busca da sustentabilidade ambiental na UEM e que o trabalho que norteou a formulação da pro-posta também ajuda a conscientizar e formar estudantes cidadãos e socialmente compro-missados. Prates Filho encaminhará a pro-posta para o Conselho Universitário avaliar. A Política Ambiental tem como princípios a sustentabilidade, a prevenção, a precaução, a integração, a transversalidade do planeja-mento e execução das ações, a interação das ações de educação ambiental e o acesso livre às informações. A comissão instituída para elaboração do documento (Cauem) foi criada em março de 2011 e composta por 12 câmaras técni-cas, cada uma responsável por uma área de atuação. Para o presidente, professor Mari-no Elígio Gonçalves, a elaboração do pro-jeto responde ao compromisso ético que as universidades devem ter com a questão da sustentabilidade. “Se ensinamos esses futu-ros profissionais, também temos que praticar a sustentabilidade. A Agenda 21, resultado da Rio 92, determina que, não só os países membros, o poder público, os governos esta-duais, municipais e federal, mas todas as ins-tituições e corporações se esforcem para es-tabelecer o processo de sustentabilidade nas várias atividades que executam”. A UEM é signatária do pacto Agenda 21 Universitário e também está inserida no grupo de discus-são que envolve várias universidades brasi-leiras para implantação de sua política am-biental. Nesse contexto, a UEM se posiciona numa situação interessante de vanguarda. É a primeira universidade pública estadual do Paraná a implantar uma política ambiental de forma organizada, sistematizada, fruto de esforço conjunto”. Gonçalves ressalta que, mesmo após apro-vada e implantada ela não será um projeto acabado. “É um processo em construção e demanda sensibilização da comunidade. Por isso, a educação ambiental é fundamental nesse processo. Avaliamos que é um passo significativo a UEM ter internalizado uma política. Ela tem princípios, objetivos, ins-trumentos de verificação. A ideia fundamen-tal é que haja instrumentos de avaliação do conforto auditivo, da qualidade do ar, da água, do cuidado dos nossos efluentes”.Confronto com a legislação - As câmaras técnicas já iniciaram o levantamento de da-dos para se ter um diagnóstico da situação de cada setor. Todas fazem o confronto com a legislação pertinente; identificando os pon-tos fortes e fracos e fazendo proposições. No

Comissão elaborou diretrizes que vão regulamentar todas as questões ambientais da Instituição e que promovam a sustentabilidade interna. A proposta ainda será avaliada pelos conselhos superiores

caso do reuso da água dos destiladores, por exemplo, a comissão está verificando quan-tos laboratórios utilizam esses destiladores e onde estão situados os equipamentos e as tu-bulações hidráulicas. Para cada litro de água destilada, são gastos entre 10 e 50 litros de água potável que poderão ser reaproveitados para limpeza de blocos, por exemplo. A pro-fessora Doralice Favaro Soares, responsável por essa área, disse que o reaproveitamen-to deriva não só da preocupação ambiental, pelo fato de a água ser um bem finito, mas também pelo valor gasto com a conta men-sal. A UEM consome R$ 140 mil por mês em água. A conscientização do uso cons-ciente também faz parte das metas.A câmara normativa está fazendo levanta-mento de toda legislação existente sobre as atividades que a UEM desenvolve, sobre as questões ambientais e de sustentabilidade. O resultado será repassado para cada câmara técnica. Com base no diagnóstico de como a UEM estiver procedendo e no confronto da legislação, a comissão irá propor ações e intervenções para as possíveis irregularida-des encontradas e/ou melhorias em busca da sustentabilidade. Já as câmaras técnicas de resíduos biológi-cos, químicos, sólidos comuns e radiológi-cos farão o levantamento dos resíduos gera-dos na Instituição, especificando os setores e a forma atual de segregação e destinação. A CT Educação Ambiental está incumbida de fazer o levantamento das ações desenvol-vidas, a identificação dos agentes/projetos/grupos envolvidos e dos resultados obtidos e se estão em sinergia. A CT Edificações e Sistemas Sustentáveis levantará as condi-ções das edificações e dos sistemas viário, elétrico, abastecimento de água e esgoto; se-gurança; acessibilidade e mobilidade. A CT Compras Ecoeficientes fará o levantamento das compras de materiais, produtos e servi-ços; especificações nos editais de licitações; rastreablidade; condições de produção; e certificações. A CT Uso e Manejo Racio-nal de Recursos Naturais tem como função efetuar o levantamento das formas de uso e manejo racional de recursos naturais (fauna silvestre e doméstica, flora, reservas, APPs e outros), espaços de refúgio e alimentação de animais e acidentes. A CT Patrimônio His-tórico, Cultural e Áreas de Lazer tem como incumbência o levantamento das expressões históricas, culturais e de áreas de lazer, con-dições de preservação, identificação de no-vas expressões e áreas e tombamento. A CT Qualidade Ambiental atuará no levantamen-to das condições dos ambientes externo e in-terno, verificação da qualidade do ar, fontes de ruídos, conforto térmico, água, luminosi-dade e controle de riscos.Interlocução - Embora ainda não tenha implantada a política ambiental, a UEM de-

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UEM estuda implantação de política ambientalComissão elaborou diretrizes que vão regulamentar todas as questões ambientais da Instituição e que promovam a

sustentabilidade interna. A proposta ainda será avaliada pelos conselhos superioressenvolve vários projetos e ações na área. É preciso, no entanto, haver mais interlocução entre os grupos. Parte deles esteve na Mos-tra de Atividades e Iniciativas Sustentáveis Desenvolvidas na UEM, no dia 5, dentro da programação da Semana Ambiental. O Hospital Universitário, por exemplo, rea-liza conscientização de seus servidores para a segregação correta de resíduos, para dimi-nuição do uso de materiais e produtos e do impacto ao meio ambiente. O HU também vai instalar uma unidade de tratamento de resíduos dos serviços de saúde. Os equipa-mentos já foram adquiridos com recursos da Secretaria de Ciência, Tecnologia e En-sino Superior do Paraná, dentro do projeto Desenvolvimento de Tecnologia para Tra-tamento de Resíduos de Serviço de Saúde, coordenado por Carlos Edmundo Fontes. A tecnologia foi desenvolvida em parceria entre pesquisadores da UEM e da Univer-sidade Federal de Santa Catarina. Para sua instalação, faltam as adequações no espaço físico. Com ele, o próprio hospital poderá incinerar todo material infectante, além de poder oferecer o serviço para outras unida-des de saúde da região e repassar a tecnolo-gia para outras universidades do Estado.Outra iniciativa é o Programa Integrado de Ação Social (Proação), vinculado à Pró-Rei-toria de Recursos Humanos e Assuntos Co-munitários, que tem como objetivos integrar e fomentar as ações sociais voltadas à pro-moção de intervenção em saúde, cultura, cli-ma organizacional, ações educativas e apoio psicossocial para o desenvolvimento huma-no da comunidade universitária. Fazem parte dele os projetos sociais: Formação Integral; Cidadania com Responsabilidade Social; Estudo de Ergonomia; Educação Financeira Sustentável; Atenção à Saúde Bucal (Proas); Ginástica Laboral e Compensatória; Promo-ção da Saúde; Pré-Aposentadoria; Promo-ção da Saúde Mental; Provent; Tabagismo; e Direito Ambiental e Cidadania. Inclusão produtiva - O Centro de Referên-cia em Agricultura Urbana e Periurbana da UEM (Ceraup) tem como missão promover a assistência técnica e extensão urbana que contribuam aos atores envolvidos dos pro-gramas de Agricultura Urbana e Periurbana na Região Metropolitana de Maringá. Seu foco está centrado no desenvolvimento so-cial e na preservação do meio ambiente. Os princípios e as práticas relacionadas à sus-tentabilidade estão incorporados na estraté-gia global da economia solidária e inclusão produtiva. A UEM conta também com o Núcleo de Agroecologia e Desenvolvimento Susten-tável (Nads), o Grupo de Agroecologia de Maringá (Gama), Grupo de Estudos Multi-disciplinares do Ambiente (Gema) e o Nú-cleo de Limnologia, Ictiologia e Aqüicul-

tura (Nupélia), que desenvolvem projetos nas áreas ambientais e de sustentabilidade. O Nupélia, por exemplo, atua nas áreas de botânica (sistemática vegetal), ecologia (ecologia aplicada, educação ambiental, ic-tiologia e limnologia), genética (citogenéti-ca de peixes, genética molecular de peixes e polimorfismo enzimático de peixes) e zo-ologia (parasitologia de peixes e taxonomia de peixes).Uma área em que a UEM é deficiente, se-gundo Marino Gonçalves, é a de tratamento de efluentes. Para ele, é necessário instalar uma ETE (Estação de Tratamento de Efluen-tes) para que todo efluente na Instituição seja descartado na rede de esgoto depois de tratado, diminuindo o impacto ambiental. A Universidade pretende ainda aliar a integra-ção da comunidade interna com a externa e a vivência ambiental, por meio da trilha ecocultural. “A ideia fundamental é abrir a Instituição para que toda comunidade possa conhecer seus vários ambientes, porque esse é um passo importante para educação am-biental e sensibilização das pessoas. Outras propostas estão em estudo”.

O Programa de Gerenciamento de Resídu-os Químicos, Biológicos, Radioativos e

Comuns da UEM (Pró-Resíduos) iniciou suas atividades em 2005, basicamente oferecen-do cursos de capacitação e treinamento para multiplicadores de conhecimento. A partir de 2008, passou a atuar como célula operacional da Prefeitura do Câmpus, coletando e provi-denciando a destinação final correta dos resí-duos químicos, comuns, restos de construção e de limpeza do câmpus. Realiza ainda pla-nos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, de Gerenciamento de Recursos Hídricos, de Gerenciamento de Aterro Sanitário, de Recu-peração de Área Degradada de Aterros e de Arborização Urbana. A UEM gera diariamente 2,5 toneladas de resíduos comuns e recicláveis. Por enquanto, consegue reciclar em torno 30% do material.

Dos resíduos químicos, são 4 a 5 toneladas por mês. Segundo a coordenadora do Pró-Resídu-os, Marlene Gobbi, a intenção é construir uma central de tratamento de resíduos. Os projetos hidráulico, elétrico, ambiental, arquitetônico, estrutural, estão prontos. Inclusive, o barracão já está montado e coberto. Faltam recursos para terminá-la. “A UEM paga em torno de R$ 500 mil por ano só para o tratamento de resíduo que ela gera. Para terminar a central de tratamento, gastaria R$ 1 milhão, incluindo os equipamentos”. Uma outra meta do Programa é organizar a destinação final dos resíduos da Fazenda Ex-perimental de Iguatemi. “Uma ideia é instalar um biodigestor para transformação do mate-rial em energia elétrica, que poderia processar também o material gerado no câmpus”.

Pró-Resíduos: capacitação e gestão de resíduos

ESPECIAL MEIO AMBIENTE

8Ambiente

Por Carlos Henrique Braga

Na próxima primavera, o câmpus sede da UEM vai ganhar um jardim de mil

metros quadrados ao lado do Museu Dinâ-mico Interdisciplinar (Mudi), com 30 espé-cies de plantas medicinais e aromáticas, e uma estufa futurista. A atenção, porém, es-tará nos visitantes: “Eles vão tocar, manu-sear e cheirar as plantas — é o jardim das sensações”, adianta uma das idealizadoras, a professora Maria Auxiliadora Milaneze Gutierre, do Departamento de Biologia.Haverá ambientes temáticos como os jar-dins das Estações, da Evolução Vegetal, e outro com espécies de plantas medicinais e aromáticas. Eles estarão no roteiro dos mais de 16 mil visitantes que o Mudi re-cebe por ano. As mudas serão plantadas até julho. Serão espécies de uso comum na região, como erva-doce, boldo-brasileiro, carqueja, hortelã e outras velhas conheci-das das donas-de-casa. “São todas de conhecimento tradicional, pois foram trazidas pelos muitos imigran-tes que chegaram ao Brasil, como os euro-peus”, detalha a professora Adriana Lenita Meyer Albiero, do Departamento de Far-mácia. A idéia, diz, é ensiná-los a identifi-car as ervas, diminuindo os riscos da utili-zação, e alertar para o uso indiscriminado das plantas, que podem surpreender com efeitos colaterais. A obra transformará em praça o terreno ao lado do Mudi, a 125 metros da estação meteorológica da UEM. Calçadas de paver darão livre acesso a deficientes físicos. A estrutura principal, no meio das plantas, é uma estufa agrícola no formato de um domo geodésico, com 12 metros de diâ-metro. A 60m desta estrutura está o marco geodésico 91648, um dos 60 mil instalados pelo IBGE no país. Ele serve de referência física aos trabalhos geográficos do territó-rio nacional. “Imagine um lugar onde as pessoas possam andar descalças na grama, na pedra, tocar nas ervas para sentir o cheiro, e, no final do passeio, encontrar flores maravilhosas!”, fala a professora participante do projeto Maria Aparecida Sert, imaginando uma das trilhas do novo local. O jardim das sensações será um comple-mento do horto de ervas medicinais do De-partamento de Biologia (DBI), criado em 1979 pela professora Irenice Silva, e que hoje leva seu nome. Neste local, as mais

Mudi quer despertar sensações com novos jardinsA proposta

também possui fins educativos e mobiliza alunos e

comunidade

de 70 espécies de plantas medicinais são cultivadas em canteiros, servindo à comu-nidade e às aulas de farmácia, agronomia e biologia, entre outros cursos, explica a professora Maria Aparecida Sert, a frente do projeto há seis anos. A maioria dos frequentadores são mulhe-res, com mais de 40 anos. Muitos estão em busca de temperos, como manjericão. De tão indispensável, o local tornou-se, em 1995, um projeto de extensão. “Há alu-no de graduação do curso de Biologia da UEM que diz ter escolhido o curso depois de visitar o horto”, diz a coordenadora. Torneira fechada - O jardim é resultado de um projeto que começou em 2009 e só não avançou mais rápido por problemas na liberação dos recursos e problemas na aquisição de materiais — houve desis-tências e baixa participação das empresas fornecedoras. Ele está orçado em R$ 28 mil, dinheiro do Ministério da Educação e Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná. A equipe de 20 pessoas da biologia, a maioria estagiários, vai arre-gaçar as mangas para manter o espaço lim-po e atrativo. Nem os professores ficarão de braços cruzados. “Somos doutores, mas pegamos na enxada também”, fala Maria Auxiliadora. O horto Irenice Silva enfrenta problemas da mesma ordem. O fiel jardineiro aposentou-se e não há outro servidor para substituí-lo.

A fitoterapia tem eficácia reconhecida por organizações nacionais e internacionais

e é estimulada, por exemplo, pelo Ministé-rio da Saúde. Da natureza saem chás, xa-ropes, óleos, vinagres, vinhos medicinais, compressas, tinturas, entre outras aplica-ções medicinais. Mas como planta não tem bula, todo cuidado é pouco. “É um chazi-nho, mas pode fazer muito mal. Não é por-que (o modo de usar) passou na televisão, que pode comer (as ervas) que nem salada”, adverte a professora Maria Auxiliadora. Profissionais lembram que os médicos sem-pre devem ser consultados. A cautela evita erros graves na utilização de plantas, como no caso do confrei (Symphytum officinale L.). Suas folhas, que servem até de salada para alguns, é indicada apenas como cica-trizante da pele e é altamente tóxica quanto ingerida na forma de chá ou saladas. A con-fusão com outra planta, a dedaleira, levou nove pessoas ao hospital com sintomas de

intoxicação (náusea, vômito, diarreira e tontura). Eles recuperaram-se após longo tratamento. O caso foi descrito no último boletim de farmacovigilância do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Outro engano, porém menos danoso, é confundir o boldo-brasileiro, sem eficácia comprovada, com o boldo-chileno, indi-cado para indisposições do estômago. Não por acaso, o tipo mais comum na região de Maringá é conhecido também como falso-boldo. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reconhece a eficácia de 500 tipos de fitoterápicos e mantém rígido controle da liberação para uso na indústria. Publica-da no ano passado pela agência, a Farma-copeia Brasileira explica o que são e como usar as plantas medicinais. O guia está dis-ponível em www.anvisa.gov.br.

O projeto não tem verba emergencial. Por isso, é difícil lidar com urgências, como a falta de materiais de irrigação que porven-tura quebrem.

Os professores Marcílio Hubner de Mi-randa Neto e Débora de Mello Gonçales Santana também participam do projeto do Jardim das Sensações.

Espaço dá subsídio a pesquisas com fitoterápicos

ESPECIAL MEIO AMBIENTE

9Ambiente

Mudi quer despertar sensações com novos jardins

O Parque Ecológico (PQE) da UEM está fazendo aniversário este mês.

Além de dar atendimento aos projetos paisagísticos do câmpus sede, o Par-que coordena a manutenção das áreas verdes (arborização e ajardinamento), produção de mudas, varrição, catação de papéis e atividades afins. Também dá apoio às atividades de ensino, pes-quisa e extensão, e atende empresas públicas e filantrópicas, nas áreas de meio ambiente, educação ambiental e paisagismo, por meio de doação de mudas, sementes, estacas etc.O câmpus universitário tem 133,6 hectares. A parte mais antiga corres-ponde a 12% da área total, tendo sido instalada em 1970, quando também iniciou o processo de arborização da UEM, com mudas doadas pelo Horto Florestal Doutor Luiz Teixeira Men-des de Maringá. Mas, de acordo com o agrônomo Valentim Ricardo Jor-dão, somente com a criação do Par-que Ecológico, em 1988, foi possível racionalizar a implantação do urba-nismo, da jardinagem e da arboriza-ção no câmpus. Segundo Jordão, que coordena o Parque Ecológico, o pro-cesso envolveu seis subprojetos: Ur-banização do Câmpus; Horto de Plan-tas Medicinais; Viveiro de Produção de Mudas; Orquidário; Bromeliário; Bolsa de Sementes. Essas quatro úl-timas estruturas ocupam uma área de aproximadamente cinco mil metros quadrados.Produção de mudas - O viveiro pro-duz 20 mil mudas por ano, por meio de propagação por sementes, estaquia e divisão de mudas. Segundo Jordão, “são produzidas espécies diversas, com ênfase às nativas, para fins de arborização e reflorestamento. Entre as nativas destacam-se a peroba-rosa, ipês, pau-d’alho, canafístula, tapiás e amendoim. Além de espécies de árvo-res, são produzidas mudas arbustivas e herbáceas para uso no paisagismo do câmpus e para a comunidade ex-terna.Parte das sementes é colhida no pró-

prio câmpus, inclusive de mognos, eri-trina, jaracatiá, que são espécies raras na região. De acordo com Jordão, o viveiro também fornece, quando dis-ponível, gratuitamente, sementes para agricultores e instituições que têm in-teresse na recuperação ambiental.Pela técnica de reprodução por divisão de mudas, espécies de bromélias e de orquídeas mais comuns são multiplica-das. As duas variedades também con-tribuem para o paisagismo do câmpus, além de possibilitar uma interface com outros projetos desenvolvidos na área da biologia vegetal na UEM.“A estrutura do viveiro de produção de mudas para produção de espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas do PQE, se constitui em um bom poten-cial, não somente para a produção de mudas para uso no câmpus da UEM, mas também para gerar algum recur-so para auxiliar nas despesas e inves-

timento financeiro no setor”, lembra Jordão.Ampliação dos trabalhos – E a im-portância do PQE vem se ampliando a cada dia. Com o aumento das edi-ficações (blocos, calçadas, estaciona-mento), realizadas nos últimos anos no câmpus sede da UEM, a quantidade de metragem de áreas verdes diminuiu, porém, ao contrário do que se pensa, o trabalho aumentou. É que onde havia áreas compostas por gramíneas (co-lonião, braquianias, etc) e que apenas um funcionário com trator realizava a tarefa de roçada, hoje, é necessária a implantação do paisagismo com forra-ções, o que exigem uma manutenção bem mais criteriosa e demorada. Estima-se que o PQE tenha plantado cerca de 4.500 árvores no câmpus, des-de 1989. Isso, somado ao crescimento vegetativo das espécies já existentes (aumento do porte da árvore), faz com

que as dificuldades de manutenção das mesmas tenham aumentado con-sideravelmente, no que diz respeito às podas, mas também ao processo de varrição, rastelação e transporte de resíduos vegetais (galhos e folhas) produzidos.Para dar conta desta nova demanda, nos últimos anos, o PQE tem pro-curado aumentar a mecanização de serviços no setor, com acréscimo de alguns equipamentos que favorecem a produtividade das tarefas como: roçadeiras laterais, motosserra, so-prador de folhas, triturador de galhos e substituição de roçadeiras elétricas com operação manual, por roçadei-ra de mecânica acoplada ao trator. E deve adquirir, ainda, uma varredora coletora, que equivale a 40 trabalha-dores varrendo, para fazer a limpeza do câmpus.

Parque Ecológico garante paisagismo

ESPECIAL MEIO AMBIENTE

Por Ana Paula Machado Velho

10Pesquisa

Por Carlos Henrique Braga

Pesquisadores da UEM desenvolve-ram um tipo de processo de muda de

banana clonada resistente a vírus e do-enças. O projeto-piloto é do laboratório de Biotecnologia Vegetal e da empresa Horta Viva Biotecnologia, incubada no câmpus. A produção, pioneira no Para-ná, pode suprir a demanda por mudas da variedade Nanicão Jangada, a mais apropriada ao solo e ao clima locais. Para chegar ao mercado, será preciso elevar a escala de produção das atuais duas mil para até 200 mil mudas, cal-cula o professor de Agronomia e coor-denador do projeto Eliezer Rodrigues de Souto. O ponto de partida da comer-cialização das mudas será as cidades de Andirá, Novo Itacolomi e Rio Bom. A futura produção comercial poderá atender à intenção do governo estadu-al de estimular agricultores familiares a substituir soja e milho nas pequenas propriedades pela banana, mais vanta-josa comercialmente. “O produtor pode ter um rendimento maior ao longo do ano”, compara Rodrigues de Souto. O maior estoque da fruta serviria ainda para incrementar o cardápio de estu-dantes de escolas públicas. “A Universidade está atendendo a uma demanda da sociedade”, diz o profes-sor. Também há resultados na acade-mia: alunos dos programas de pós-gra-duação em Agronomia e em Genética e Melhoramento têm desenvolvido pes-quisas relacionadas ao melhoramento das técnicas de micropropagação da bananeira e no levantamento e caracte-rização dos vírus

Alguém poderia supor que a res-posta para melhorar a qualidade

do display do seu celular ou do no-tebook estaria nas frutas cítricas? O físico Rafael Zola descobriu que essa era a saída. Graduado e mestre em fí-sica pela UEM, o pesquisador criado em Ivatuba teve seu artigo sobre o li-moneno, presente também no limão, premiado pela Sociedade para Infor-mação do Display (SID, na sigla em inglês), dos EUA. A adição do material orgânico no cristal líquido do display diminui seu

tempo de resposta pela metade. “A gente conseguiu um material super-rápido e fácil de encontrar”, conta o físico. O estudo foi desenvolvido durante o doutorado no Instituto do Cristal Líquido (LCI) da Kent State University, no estado norte-ameri-cano de Ohio. O professor Deng-Ke Yang foi o orientador.Outro trabalho de Rafael Zola ganhou o mérito de “Distinção” pela SID. Nesse, ele montou, pela primeira vez, um display que funciona na ve-locidade de vídeo e, mesmo sob luz,

é perfeitamente visível e tem pouco gasto de energia (A duração da ba-teria passou de três para 12 dias). A empresa de Taiwan que financiou o projeto deve comercializar o produto em três anos, acredita o físico. Sobre a dupla premiação, ele disse ter sido pego de surpresa. “Eu acha-va que era uma piada do editor do jornal, nem sabia que estava concor-rendo aos dois”. Os prêmios foram entregues há duas semanas nos EUA. Além das placas de mérito, ele rece-beu US$ 2 mil.

Projeto desenvolve banana clonada Fruta resistente a vírus pode abastecer mercado paranaense

PrêmioFísico da UEM recebe dupla premiação nos EUA

incidentes nas áreas de cultivo de bana-na do Paraná.As mudas clonais de bananeiras, co-nhecidas como mudas de laboratório, são muito procuradas pelos produto-res devido ao alto vigor, uniformidade das plantas, e principalmente, à sani-dade, explica o professor. A partir de um rizoma (caule) da planta comum, é possível produzir cerca de 40 mudas sadias — a produção tradicional obtém só quatro mudas. Sua capacidade pro-dutiva e resistência compensam o pre-ço ligeiramente mais alto.

Parceria público-privadaA ideia partiu da maringaense Horta Viva Sementes, do empresário Cons-tantino De Marqui Júnior. Em 2010, ele conseguiu financiamento de R$ 118 mil para o projeto (outros R$ 23 mil foram dados em contrapartida). O dinheiro veio do Programa de Apoio à Pesquisa da Pequena Empresa (Pappe-PR), consórcio formado por Sebrae, FIEP e Instituto Brasileiro da Qualida-de e Produtividade no Paraná (IBQP). Na Incubadora Tecnológica da UEM ele encontrou infraestrutura e know how necessários.

Minas Gerais, São Paulo e Santa Ca-tarina também produzem bananas clo-nadas, de acordo com o professor. No último estado, pesquisa e produção são vinculadas ao governo local. No caso paulista, há uma multinacional envol-vida. Por aqui, o projeto tem o apoio de técnicos da Emater de Londrina e Andirá, que fazem a ponte com forne-cedores de germoplasmas (unidades conservadoras de material genético da planta).

11Entrevista

Christophe Dejours é um dos maiores teóricos da atualidade em estudos acerca da relação entre

trabalho e doença mental. Dejours também é

presidente do Conselho Científico da Associação

Jean Laplanche. Em meados de abril, ele

esteve em Maringá para participar do I Encontro Brasileiro de Psicanálise e Sedução Generalizada. O evento foi organizado

pelo Laboratório de Estudos e Pesquisa em

Psicanálise e Civilização, do Departamento de

Psicologia. Na ocasião ele concedeu esta entrevista

ao Jornal da UEM.

Por Tereza Parizotto

JU - Quais são seus temas atuais de pesquisa?CD - Por um lado, a psicanálise e a psicossomática, em torno da ar-ticulação com a Teoria da Sedução Generalizada de (Jean) Laplanche, com uma preocupação com a cons-trução de uma teoria do corpo na psicanálise, o que chamamos de metapsicologia do corpo. Também trabalho com o sofrimento e a pato-logia ligada ao trabalho. A questão principal é o lugar da sexualidade na psicanálise e o debate sobre esta questão nas diferentes correntes da psicanálise no mundo. Há várias correntes de psicanálise pós-freu-diana e algumas são muito presentes no Brasil. O desafio, hoje, da Teoria da Sedução Generalizada é levar o debate sobre o lugar da sexualidade na teoria psicanalítica e na prática do analista.

JU - Qual sua análise sobre o

“A psicanálise... é uma teoria do ser humano”

atual estado do debate teórico na psicanálise e como se dá o diálo-go entre a psicanálise e as outras áreas do conhecimento?CD - Eu diria que as disciplinas que são particularmente tocadas pelo debate com a Teoria da Sedução Generalizada e com a psicanálise são: a antropologia, a sociologia, a biologia, além da filosofia, inclusive a filosofia política. Há também uma discussão com a psicologia experi-mental. A psicanálise não é somente uma prática da cura e tratamento de neuroses. É também uma teoria do ser humano, que coloca no centro da organização das condutas huma-nas um princípio organizador que é a sexualidade. A teoria psicanalítica de certo modo se relaciona intima-mente com a antropologia. Não a antropologia construída por etnólo-gos como Claude Lévi-Strauss, Ro-ger Bastide e Michel Foucault, te-óricos muito conhecidos no Brasil, pois tiveram um papel na formação das universidades brasileiras. A an-tropologia psicanalítica afirma que a criança perdura no adulto e que a centralidade do comportamento do adulto tem sua origem na infância. Este conceito não é levado em con-ta na maioria das teorias sociais e filosóficas, daí a importância do de-bate. Em geral, os teóricos sociais e

os filósofos pensam o ser humano e a coletividade como uma sociedade de adulto e não como uma socieda-de composta por adultos que foram crianças um dia. Essa diferença de organização comportamental traz consequências para a organização social. São zonas de debates mui-to importantes no plano científico, no plano das ideias, com reflexos importantes também sobre o plano político.

JU - Com relação à psicossoma-tização, o senhor diria que é uma doença de nosso tempo? CD - Creio que a possibilidade de reagir ao conflito psíquico por meio de doenças do corpo é uma possibi-lidade que já existia nas sociedades que nos antecederam. Entretanto, muitos autores pensam que a tendên-cia geral, hoje, é para a diminuição da neurose clássica em contraparti-da com o aumento dos fenômenos psicossomáticos e o aparecimento de patologias que chamamos, em francês, de estado limite. O que se pode dizer é que há o pensamento dominante de que a organização social atual provoca, nos jovens e crianças, a formação de uma perso-nalidade mais vulnerável às depres-sões e às doenças psicossomáticas. E que antigamente o foco estaria

mais ligado às neuroses e psicoses. Os psicanalistas costumam ligar esse fenômeno à evolução histórica da sociedade. Esse não é meu ponto de vista mas, volto a dizer, ele é o mais dominante.

JU - Quais são as manifestações do sofrimento psíquico no nosso tempo? CD - Temos uma forte tendência a redescobrir patologias conhecidas e descrevê-las como inéditas, con-ferindo novas nomenclaturas. Mas também é verdade que há novas pa-tologias, entre elas aquelas ligadas às novas formas de trabalho. Sobre-tudo o aparecimento do suicídio no ambiente de trabalho. Há também o que chamamos de patologias de so-brecarga, como a LER (Lesão por Esforço Repetitivo) ou síndrome de Burnout. Ainda são recorrentes casos de jovens assalariados, com jornada de trabalho de 70 horas se-manais ou mais, que são vítimas de morte súbita por hemorragia cere-bral, mesmo não apresentando ne-nhum antecedente ou fator de risco cardiovascular. Além disso, as pa-tologias “antigas” também sofre-ram mudanças. Comparativamente, são diferentes a expressão do sofri-mento do sujeito no século XXI e século XIX.

JU - E quanto ao suicídio no tra-balho?CD - Antigamente, morria-se nos lugares de trabalho. Era a explora-ção dos seres humanos que levava à morte, em grande parte pelos aci-dentes de trabalho, que eram muito mais numerosos antigamente. Sem falar nas doenças profissionais. Hoje, há pessoas que são coloca-das numa situação tal que não en-contram outra saída senão se matar. Isto é realmente novo. E pessoas se matam deixando cartas, dizendo que a causa é mesmo essa. É uma reviravolta histórica que marca uma transformação muito profunda das relações entre o trabalho e os seres humanos. O cenário é preocupante e acredito que marca um início de decadência da civilização e da cul-tura. Não é irremediável, pode-se fazer diferente, mas a orientação atual é dramática.

12Investimento

A professora Josilene Aparecida de Oli-veira, pesquisadora do Laboratório

de Arqueologia, Etnologia e Etnohistória (LAAE), foi eleita, no último dia 16, em Curitiba, representante do Conselho Esta-dual de Cultura (Consec), na área de Patri-mônio Material e Imaterial, do estado do Paraná.A professora é arqueóloga e historiadora, graduada e mestre pela UEM e membro do grupo de pesquisa Programa Interdisci-plinar de Estudos de Populações da UEM,

referendado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Dirige o Museu Histórico de San-to Inácio e é membro da Sociedade Brasi-leira de Arqueologia, da Associação Nacio-nal de Historia e do Conselho Municipal de Cultura de Santo Inácio. Atua na área de Patrimônio Material há 16 anos e, há 8, na área de Patrimônio Imaterial, sendo a responsável pelo Acervo Arqueológico e Histórico da Redução Jesuítica de Santo Inácio, no Paraná.

Conselho – O Consec é um órgão colegia-do da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (SEEC). A criação do Conselho é a segunda etapa da implantação do Pro-grama Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (Profice) e que será completado com a elaboração do Plano Estadual da Cultura. O órgão é composto de 18 representantes da sociedade civil e outros 18 do poder pú-blico e gestores de cultura do Sistema S, da Federação das Indústrias do Estado do Pa-

raná (Fiep) e das Universidades Estaduais e Federais, localizadas no Paraná.Dentre as atribuições do Consec estão: fis-calizar a execução dos projetos culturais e a aplicação de recursos, emitir pareceres sobre questões técnico-culturais, partici-par da formulação de políticas públicas do Governo do Estado na área da cultura, in-centivar a proteção do patrimônio cultural, valorizar as manifestações culturais locais e regionais e incentivar pesquisas sobre a cultura paranaense.

O vídeo documentário Violência – expressão da desigualdade

social e o curta Os filhos de Jeca, produzidos pela UEM, foram exibi-dos, entre os 64 trabalhos seleciona-dos para o 9° Festival de Cinema de Maringá.O vídeo documentário discute o fe-nômeno da interiorização da violên-cia no Brasil. O trabalho, realizado pelo Observatório das Metrópoles Núcleo UEM/Maringá, é resultado da pesquisa Uma Análise da Rela-ção entre Segregação Socioespacial e Violência Urbana na Área Conurbada da região metropolitana de Maringá, realizada com apoio da Fundação Araucária, desenvolvida entre maio de 2009 e abril de 2011, coordenada pela professora Ana Lúcia Rodri-gues. O vídeo foi dirigido por João Rodrigues Peralta, tem roteiro da jor-

nalista Juliana Daibert, a edição da RPS Produtora e a locução é de Ana Paula Machado Velho. Já o curta Os filhos de Jeca, produ-zido por estudantes do curso de Co-municação e Multimeios da UEM é resultado final da disciplina de Ci-nema do curso. Trata-se de um do-cumentário que aborda um pouco a história dos antigos cinemas de rua de Maringá em contraponto com os cinemas de shopping.Sobre o título Os filhos de Jeca, as acadêmicas dizem que a referência é o filme Jeca Tatu, de Mazaroppi, e que a inspiração veio pelo saudo-sismo expresso pelos entrevistados, grandes fãs desse memorável ator e cineasta brasileiro. Em uma feliz coincidência, esta edição do Festival de Cinema homenageou justamen-te Amácio Mazaroppi, que este ano

completaria 100 anos de idade. O fil-me teve direção e edição de Fernan-da Eda Paz Leite e Tamires Belluzzi Freitas. Karina de Azevedo foi a dire-tora de edição e produtora junto com Patrícia Adrian; Gabriela Petrucci as-sina o roteiro e a direção de som.A coordenadora do Colegiado do curso de Comunicação e Multimeios à época da produção do curta, Ana Cristina Teodoro da Silva, disse que ficou contente e satisfeita. “Os filhos de Jeca é motivo de orgulho. Com dois anos de existência, o curso ga-nha destaque com a produção das alunas no festival. Com o apoio da instituição e do governo, com o in-vestimento necessário na contrata-ção de docentes e em infraestrutura e corpo docente, vem mais por aí!”, conclui a professora.

Museu da Bacia do Paraná passa por restauração

O Museu da Bacia do Paraná (MBP) está passando por um

processo de restauração na estrutura física, visando à acessibilidade e à inclusão social. A obra será finan-ciada integralmente pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), ór-gão do Ministério da Cultura, que, no fim do ano passado, agraciou o MBP com o 4º lugar no Prêmio de Modernização de Museus 2011 - Microprojetos. O Museu ficará fe-chado à visitação durante as obras, que têm previsão de término para meados de agosto desse ano.

Segundo a professora do Departa-mento de História (DHI) e coorde-nadora do Museu, Sandra Pelegrini, “o MBP existe há mais de 30 anos e recebe uma média de 400 visi-tantes por mês. Também possui o mais completo acervo do processo de ocupação da região e é o guar-dião de documentos da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná”. Apesar disso, o museu só conta com recursos advindos da UEM, sendo a conquista desse prêmio de extrema importância para a implementação e continuidade de projetos que viabi-

lizem seu funcionamento. Além da modernização da estrutura física do MBP, a professora espera criar a Associação Amigos do Mu-seu da Bacia do Paraná e estabele-cer maior aproximação e integração com a comunidade. O foco princi-pal são os jovens e o despertar do seu interesse sobre a memória e a história de Maringá e região, para, dessa forma, fortalecer a identidade cultural do público-alvo e estimular o exercício da cidadania.

UEM leva duas produções ao Festival de Cinema

Professora é representante do Conselho Estadual de Cultura