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OS JOGOS COLEGIAIS DO PARANÁ E A RELAÇÃO QUANTIDADE/QUALIDADE
NA ESCOLA PÚBLICA
1Prof. Hélio Saldanha Júnior Prof. Orientador Dr.Antonio Carlos Frasson
Resumo O esporte escolar como fenômeno de socialização através da atividade esportiva é produzido e produz interações na estrutura do sistema escolar. O artigo tem por objeto articular as condições de participação da escola pública nos Jogos Colegiais do Paraná programa da Secretaria de Estado da Educação do Paraná retomado pelo governo estadual à concepção que norteia o esporte, presente nas Diretrizes Curriculares Estaduais (SEED, 2009). A metodologia envolveu pesquisa bibliográfica, análise de documentos e pesquisa qualitativa realizada através da técnica de entrevistas com professores participantes dos Jogos Colegiais do Paraná, edição 2009 da fase regional dos núcleos de Ponta Grossa e Telêmaco Borba. Qual tem sido o papel do esporte na formação do aluno cidadão? Os resultados dos Jogos Escolares do Paraná podem ser considerados como balizadores para tomadas de decisão em relação ao processo de construção do esporte escolar no âmbito da comunidade escolar e das políticas estaduais e auxiliares na superação dos limites das diferentes abordagens e visam contribuir na discussão da prática pedagógica dos professores e no processo de inclusão do aluno na sociedade através da prática desportiva.
Palavraschave: Educação Física. Esporte Escolar. Jogos Colegiais do Paraná.
AbstractThe pertaining to school sport as phenomenon of socialization through the esportiva activity is produced and produces interactions in the structure of the pertaining to school system. The article has for object to articulate the conditions of participation of the public school in the Games College students of the Paraná program of the State secretary of the Education of the Paraná retaken for the state government to the conception that guides the sport, gift in the State Curricular Lines of direction (SEED, 2009). The methodology involved bibliographical research, document analysis and qualitative research carried through through the technique of interviews with participant professors of the Games College students of the Paraná, edition 2009 of the regional phase of the nuclei of Ponta Grossa and Telêmaco Borba. Which has been the paper of the sport in the formation of the pupil citizen? The results of the Pertaining to school Games of the Paraná can be considered as makers for taking of decision in relation to the process of construction of the pertaining to school sport in the scope of the pertaining to school community and the state politics and auxiliary in the overcoming of the limits of the different boardings and aim at to contribute in the practical quarrel of the pedagogical one of the professors and in the process of inclusion of the pupil in the practical society through the porting one.
Wordkey: Physical education. Pertaining to school sport. Games College students of the Paraná.
1 Professor PDE Licenciado em Educação Física, com Especialização em Ciência da Educação Motora, Treinador Nacional nível 3 CBV (Confederação Brasileira de Voleibol) e Professor da rede Estadual de Educação do Estado do Paraná.
. INTRODUÇÃO
O tema esporte se faz presente na pauta das discussões da sociedade, quer seja de
caráter informal, no diaadia ou de maneira formal por ocasião de eventos científicos. O
encadeamento de discussões que permeia o tema faz com que o mesmo assuma uma posição
crescente e de destaque, pois desperta emoções, paixões e interesses diversos.
O esporte escolar como fenômeno de socialização através da atividade esportiva é
produzido e produz interações na estrutura do sistema escolar. No ambiente educacional as
atividades práticas das aulas de educação física ao longo dos anos tem pautado no esporte o
seu principal fio condutor. Denominado de esporte escolar o mesmo traz como um dos seus
princípios básicos o desempenho esportivo.
Neste sentido, o objetivo central do presente trabalho visa à reflexão e o debate das condições
de participação da escola pública nos Jogos Colegiais do Paraná articuladas à concepção que
norteia o esporte, presente no documento Diretrizes Curriculares Estaduais de Educação
Física do Paraná (SEED, 2009).
O trabalho será desenvolvido inicialmente através do contexto histórico do esporte
seguido do tema esporte escolar. Em relação aos Jogos Colegiais do Paraná, apresentaremos
sua referência teórica, sua inserção no contexto educacional paranaense e os resultados da
pesquisa realizada com professores participantes dos Jogos Colegiais do Paraná, edição 2009
das fases regionais dos núcleos de Ponta Grossa e Telêmaco Borba finalizando com algumas
considerações.
1. ESPORTE
A importância da atividade esportiva no âmbito da sociedade pode ser contextualizada
desde os primórdios da civilização. Inicialmente centrada nos povos egípcios, assírios,
hebreus e babilônios com finalidades religiosas e militares.
A civilização grega traz em sua história um envolvimento “sui generis” com a
atividade física e com o esporte. Historiadores nos dão conta que o povo grego para aprimorar
e desenvolver a força física e o culto ao corpo sistematiza a prática do desporto aliado a
cultura e a educação. Esta importância do esporte para o povo grego pode ser observada nas
reflexões feitas pelo filosofo Sócrates:
Nenhum cidadão tem o direito de ser um amador na matéria de adestramento físico, sendo parte de seu ofício, como cidadão, manterse em boas condições, pronto para servir ao Estado sempre que preciso. Além disso, que desgraça é para o homem envelhecer sem nunca ter visto a beleza e sem ter conhecido a força de que seu corpo é capaz de produzir. (www.multirio.rj.gov.br)
Além de Sócrates, outros filósofos gregos abordaram a importância do esporte na
formação do ser humano. Aristóteles e Hipócrates reconheceram também o valor dado aos
exercícios físicos e ao esporte. As reflexões desses conduziam para a máxima de que a
educação do corpo deveria preceder a do intelecto.
A importância dada ao esporte pelo povo grego pode ser observada até nos dias atuais
por ocasião da organização dos Jogos Olímpicos, o qual é considerado como a manifestação
máxima do desporto mundial. Os Jogos Olímpicos permaneceram vivos até a conquista de
Grécia pelos romanos em 456 A.C. perdendo assim a sua finalidade precípua de integração.
Na Idade Média a prática das atividades físicas e do desporto vive um novo processo
de estagnação em virtude dos ditames estabelecidos pela igreja. A máxima estabelecida neste
período para a humanidade era centrada na purificação da alma e não ao culto e
desenvolvimento do corpo.
No período da Renascença (século XVI e XVII) a prática de atividades físicas e do
desporto volta à tona, ainda de forma incipiente. A redescoberta da importância da atividade
física e do desporto configurase a partir do século XVIII quando advém a sistematização da
Educação Física na Europa com o advento da ginástica alemã, a qual traz em seu contexto
uma valorização do processo nacionalista; da ginástica sueca com objetivos terapêuticos e
preventivos; do método calistênico e posteriormente do método natural de Joinvile Le Pont.
As duas guerras mundiais ocasionam o cancelamento de três edições dos Jogos
Olímpicos, nos anos de 1912, 1940 e 1944. A partir da guerra fria a máxima “o importante é
competir” é substituída pelas ideologias políticas. O esporte de rendimento, os processos de
profissionalização de atletas, o marketing esportivo, passam a fazer parte da vida esportiva
transformando os paradigmas até então praticados, ampliando desta maneira o conceito de
esporte.
Neste aspecto o Brasil teve o seu momento relevante quando o selecionado brasileiro
de futebol sagrouse tri Campeão na copa do mundo realizada no ano de 1970 no México e,
no bojo do processo foi desenvolvida a política do “esporte para todos". O País ganha "uma
nova ordem social" na perspectiva da descoberta de talentos, pois se pretendia fazer parte da
vanguarda esportiva mundial e entrar para o seleto grupo dos países desenvolvidos.
Esta busca pelo esporte competitivo pode ser observada, particularmente, em clubes,
nas categorias de base, com a especialização precoce, não sendo casos generalizados e, nas
escolas, com as turmas de aula treinamento.
A questão mercantilista percebe o avanço do esporte rendimento e passa a usálo na
divulgação de produtos para venda. No Brasil um dos primeiros fatos ocorreu em 1938, com o
lançamento do chocolate diamante negro numa homenagem ao atleta Leônidas da Silva –
artilheiro da Copa do Mundo de Futebol.
A presença do esporte rendimento como um dos meios de divulgação e promoção de
produtos transforma os conceitos de esporte que passa a ser considerado como esporte
espetáculo. Equipes passam a ser patrocinadas, eventos esportivos recebem apoio dos mais
diversos setores da economia mundial com o intuito de divulgar seus produtos, atletas passam
a ser garotospropaganda, as redes de TV criam programas esportivos enfim, é o
envolvimento do esporte de rendimento no processo de globalização.
O esporte ao pertencer à indústria do entretenimento, setor responsável pela maior
movimentação de dinheiro e pelo maior número de empregos no mundo registra um
movimento financeiro algo em torno de US$ 1 trilhão. Tratase hoje de uma das mais
lucrativas indústrias do mundo.
A evolução do processo esportivo tem acompanhado os mais diversos ditames dos
avanços tecnológicos e mercadológicos, no que tange a material esportivo, formas de
treinamento, patrocínios, marketing tornandoo mais atraente para o consumo.
È importante discutir sobre a atividade esportiva no âmbito da sociedade, dentro de um
contexto permeado pelo avanço de novos recursos tecnológicos, novas concepções de
treinamentos, a busca da maximização do valor do desempenho do atleta. Paes justifica este
interesse crescente pelo esporte:
(...) observase hoje que a adesão ao esporte cresce de forma nunca antes verificada. Sendo assim, buscando proporcionar ao praticante uma melhor convivência com o fenômeno, fazse necessário dar ao esporte um tratamento pedagógico (2006, p.35).
Ao analisar a colocação feita por Paes visualizase que o esporte está presente no
cotidiano, inserido em associações, clubes esportivos, entidades especializadas em esportes e
principalmente na escola. Pode ser contextualizado em três vertentes. A primeira delas refere
se ao esportedesempenho, objetivando o rendimento dentro de uma obediência às regras
existentes para cada modalidade esportiva; a segunda ao esporteparticipação, na qual sua
finalidade é o bem estar e participação do praticante; e a terceira vertente ao esporte educação,
que possui uma meta de caráter formativo.
Podese considerar que esporte praticado na escola ainda é a base para iniciação
esportiva e uma atividade de formação, de saúde, de prevenção de distorções sociais
(violência, uso de drogas), uma vez que, trata essencialmente, do ser humano e de suas
relações consigo mesmo, com o outro e com o mundo em que vive.
Devido à importância do esporte ele é embasado legalmente pela Constituição Federal
de 1988 que em seu artigo 217, estipula: “É dever do Estado fomentar práticas desportivas
formais e não formais, como direito de cada um”.
A presença do esporte na escola tem como objetivo a formação do cidadão.
Democratizar o acesso à prática e a cultura do esporte como instrumento educacional, visando
o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes como meio de formação da cidadania,
melhoria da qualidade de vida e correção de distorções sociais, tornase indispensável na
escola.
2. ESPORTE ESCOLAR
Quando se aborda e se discute o modo como o esporte vem sendo trabalhado no
contexto escolar, as divergências surgem. A ênfase dada ao desempenho técnicomecânico e a
competitividade dentro e fora das aulas são os principais quesitos que têm ocasionado esta
problematização.
A procura por campeões tem levado à especialização precoce inibindo o
desenvolvimento do potencial psicomotor das crianças dentro das escolas.
Oliveira ao se referir ao esporte na escola destaca que este sofre influências da
tendência tecnicista: “(...) As influências tecnicistas fazem com que a atividade do jogo esteja
sistematicamente voltada para o desempenho e para os resultados de alto rendimento” (1986,
p. 77).
Mesmo assim, muitos professores e pesquisadores da área têm travado diversas
batalhas em favor do esporte como parte importante e integrativa do conteúdo das aulas de
Educação Física, na tentativa de resgatar o seu valor educativo.
Teodorescu (1984) afirma que o conhecimento e a prática do desporto são atos
culturais importantes na Educação Física e esta se apresenta como um componente essencial
para o desenvolvimento integral do ser humano através da educação:
O conhecimento e a prática do desporto constituem atos de cultura: a cultura desportiva – tal como a cultura física – representam domínios da cultura material e espiritual universal. Ao mesmo tempo, o desporto constitui um excelente meio da Educação Física, componente importante e inseparável da educação geral e multilateral característica do mundo contemporâneo (1984, p. 15).
Atentos ao processo esportivo no contexto da escola Shigunov e Pereira (1993)
destacam o papel do esporte no processo ensino aprendizagem ao assim se manifestarem:
A partir da entrada na escola, os desportos coletivos poderão desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento corporal e social da criança, desde que se relacionem com os fatores gerais da educação, numa exploração organizada e lúdica, direcionada para os objetivos multidisciplinares, características do processo ensinoaprendizagem atualmente proposto e visando ao desenvolvimento das potencialidades, bem como à integração na vida em sociedade. (1993, p. 89)
Com respeito às atitudes e procedimentos dos profissionais da área de Educação
Física, relacionados à aplicação das técnicas das modalidades esportivas, Gonçalves (1994)
destaca:
O professor ao procurar que o aluno desenvolva habilidades técnicas e desportivas, deve ter sempre presente à unidade da expressão corporal: a intrínseca ligação da execução do gesto e do desempenho no esporte com a realidade existencial do aluno temores, bloqueios, aspirações, fantasias, formas de se relacionar com outros. (1994, p. 163).
Cagigal (1981) entende que para desenvolver o valor educacional do esporte, e para
que este contribua com a aquisição de atitudes para as pessoas viverem melhor consigo
mesmas e com os outros, devem ser observadas algumas regras: jogar; dar asas à necessidade
humana de movimento; por em ação o corpo e espírito (podendo somar também o psíquico);
estimular o esforço orgânico; habituarse à superação pessoal; restabelecer o equilíbrio
psicossomático (geralmente perdido pelo hábito sedentário); aprender experimentalmente
(sem experimentos nem testes) a rica alternativa da tensão/ distensão; expressar estados
internos; praticar o ócio; atuar em equipe; vincular os interesses particulares aos do grupo;
aprender que o jogo da vida sempre tem adversário; aceitar a derrota; comunicarse com a
linguagem simples de movimentos e habilidades universais inteligíveis; liberarse (p.189).
O desenvolvimento de atitudes representa um imperativo humano para as relações
sociais. O esporte escolar, dentro de sua especificidade pode desenvolvêlas em seu contexto
o que representa o valor educacional do esporte.
Freire (1991) afirma que os professores deveriam estar realmente preocupados com o
desenvolvimento das características humanas. Ao invés de tentar eliminar o caráter
competitivo dos jogos deveriam procurar compreendêlo e utilizálo para valorizar as
relações, ao assim discorrer “Creio ser mais educativo reconhecer a importância do vencido e
do vencedor do que nunca competir” (p.153).
Ao analisar as colocações feitas pelos autores observase a importância dada ao
esporte dentro da escola, com ênfase à maneira de condução deste conteúdo nas aulas de
Educação Física. O lúdico aparece como fator determinante, para que o esporte possa
realmente fazer parte no desenvolvimento da criança e também a participação de todos os
alunos nas atividades desenvolvidas, possibilitando a criatividade e a espontaneidade.
3. JOGOS COLEGIAIS DO PARANÁ
A história do desporto no Paraná tem demonstrado que as atividades esportivas sofrem
variações de um período ao outro, estabelecendo configurações complexas e suscetíveis de
diferentes interpretações.
Entre estas configurações esportivas, um fato que merece ser analisado, expondo a sua
evolução histórica, as circunstâncias, as suas formas de ligação e associações de como se fez
presente na história do esporte paranaense é os Jogos Colegiais do Paraná (JOCOP’S).
Os JOCOP’S, evento máximo do desporto estudantil, tiveram a sua origem no ano de
1953, por ocasião das festividades alusivas a emancipação política do estado do Paraná. Nesta
sua primeira edição, realizada na cidade de Curitiba, contou com a participação de alunos
oriundos de estabelecimentos de ensino de seis municípios paranaenses: Curitiba, Londrina,
Foz do Iguaçu, Maringá, Cascavel e Ponta Grossa.
Os JOCOP’S ao longo dos anos foram ampliando gradativamente a sua estrutura
organizacional, quer seja, pelo considerável aumento no número de participantes ou ainda
pela inclusão de novas modalidades. Nos anos noventa chegou a ser considerado como um
dos principais jogos escolares do Brasil.
Um dos fatores relevantes para este sucesso foi à implantação de treinamentos em
contra turno na escola pública, desta forma os professores montavam seus grupos específicos,
visando os Jogos Colegiais.
Finck (1995) enfatiza o importante papel da escola ao oferecer este tipo de atividade,
tanto nas aulas de Educação Física como nos treinamentos esportivos, e destaca a dificuldade
encontrada pela grande maioria das crianças, principalmente no que diz respeito ao acesso aos
clubes sócioesportivos. Desta forma, ela pode escolher a modalidade desportiva de sua
preferência e praticála adequadamente. Complementa:
O esporte como o meio mais rico e simples instrumento pedagógico na Educação Física Escolar, que pode incutir no educando a vontade de crescer enquanto indivíduo, dandolhe a sensação de que sua situação social não é final e pode num determinado momento, ser revertida (1995, p. 53).
Apesar de sua crescente importância, os jogos não aconteceram no período de 1999 a
2002, em virtude de seu cancelamento por parte do então governo estadual, trazendo prejuízos
para o sistema esportivo do estado na formação de atletas e principalmente como meio de
inclusão social.
A determinação de interromper a realização os jogos trouxe uma série de reflexões
sobre a sua importância no contexto educacional, esportivo e social do estado, que vão desde
o afastar a criança da marginalização, das drogas e da prostituição até a sua manutenção na
escola, além de oportunizar uma formação mais democrática à criança. Configurouse como
um período negro na história do desporto estudantil, em que o estado retrocedeu na
oportunidade de formação de novos atletas e, por conseguinte, na participação em eventos
esportivos nacionais voltados para o desporto estudantil.
Em 2003 o governo do estado retoma a realização dos JOCOP’S, sendo os seus
principais objetivos:
I. Promover o desporto, através de jogos que envolvam várias modalidades esportivas, dando oportunidade de participação a um número de alunos, despertando o gosto pela prática dos esportes, com fins educativos e formativos;II. Congregar os alunos das várias regiões do estado, propiciando o estímulo recíproco, intercâmbio social, a vivência e reflexo sobre os aspectos positivos do esporte, contribuindo para situar a escola como centro cultural, desportivo e formativo da comunidade;
III. Propiciar a oportunidade para o surgimento de novos talentos esportivos, enfatizando os valores educacionais dos jogos colegiais do Paraná;IV. Favorecer o desenvolvimento global dos alunos e sua integração na sociedade;
V. Proporcionar atividades que contribuam para o aprimoramento psicomotor dos alunos;VI. Estimular a participação dos alunos com necessidades educacionais especiais (NEE) de várias idades;VII. Favorecer aos alunos a aquisição de experiências que venham enriquecer seus conhecimentos e facilitar sua relação com o meio, contribuindo desta forma para o exercício da cidadania (SEED, 2008. p.8).
Este retorno busca a integração da comunidade paranaense colocando lado a lado
jovens de escolas públicas e privadas, moradores de assentamentos rurais e de reservas
indígenas, portadores de necessidades especiais, jovens de diferentes credos e etnias do
Paraná.
As Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação Física (SEED, 2008)
estabelecem a valorização da prática do esporte como um fator determinante na formação do
aluno:
Garantir aos alunos o direito de acesso e de reflexão sobre as práticas esportivas, além de adaptálas à realidade escolar, devem ser ações cotidianas na Rede pública de ensino. Nesse sentido, a prática pedagógica de Educação Física não deve limitarse ao fazer corporal, isto é, ao aprendizado única e exclusivamente das habilidades físicas, destrezas motoras, táticas de jogo e regras. Ao trabalhar o conteúdo estruturante esporte, os professores devem considerar os determinantes históricosociais responsáveis pela constituição do esporte ao longo dos anos, considerando a possibilidade de recriação dessa prática corporal (2008, p.33).
Nuzman (2000), presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), ao abordar a
importância do esporte na escola, destaca que o “Comitê Olímpico Brasileiro considera que a
prática esportiva é um dos melhores caminhos para a orientação sadia dos jovens na nossa
sociedade e a escola é o melhor celeiro para a descoberta de valores” (p.14).
No entanto, autores como Bracht & Almeida (2003) consideram que esse discurso
seria a retomada da idéia da pirâmide esportiva, “(...) subordinando, mais uma vez, o desporto
escolar àquilo que é de interesse do esporte de alto rendimento. (...) Em outras palavras, a
subordinação da Educação Física à política esportiva” (p. 94).
Ao analisar a colocação de Nuzman e de Bracht & Almeida poderíamos contextualizar
os JOCOP’S como um projeto de Educação Física Escolar que integraria a política esportiva.
Esta idéia é desenvolvida por Montagner (1993) para quem a escola através de um projeto, ao
apresentar esta perspectiva, possibilitaria às crianças e adolescentes impossibilitados de
freqüentar clubes o desenvolvimento em uma modalidade esportiva. Isto diminuiria a
tendência elitizante do esporte atual.
Os JOCOP’S têm despertado os estudantes paranaenses para a prática desportiva
promovendo o seu desenvolvimento físico, construindo valores e levando à prática de hábitos
saudáveis. Atento a esta manifestação por parte da comunidade estudantil onde os espaços
escolares podem se transformar em espaços de formação e treinamento, o atual governo
(SEED, Jornal Educação, 2008) investiu cerca de R$ 2,5 milhões para sua realização no ano
de dois mil e oito, nas diversas regiões do Estado, cerca de quatrocentos e cinqüenta mil
estudantes participam desta competição (p. 31).
Ao analisar a Coletânea dos Jogos Estaduais do Paraná (SEED, 20052007) a
participação das escolas e municípios jurisdicionados ao Núcleo Regional de Educação de
Ponta Grossa (região dos Campos Gerais) referentes aos anos de 2005 a 2007, constatamos:
ANO DE 2005
Modalidades Disputadas Naipe Faixa EtáriaAtletismo
BasquetebolFutebolFutsal
HandebolTênis de mesa
VoleibolXadrez
Masculino
e
Feminino
14 anos – Grupo B
17 anos Grupo A
Participantes CampeõesEscolas Públicas 20 05
Escolas Particulares 14 11
ANO DE 2006
Modalidades Disputadas Naipe Faixa EtáriaAtletismo
BasquetebolFutebolFutsal
HandebolTênis de mesa
VoleibolXadrez
Masculino
e
Feminino
14 anos – Grupo B
17 anos Grupo A
Participantes CampeõesEscolas Públicas 21 10
Escolas Particulares 11 21
ANO DE 2007
Modalidades Disputadas Naipe Faixa EtáriaAtletismo
BasquetebolFutebolFutsal
HandebolTênis de mesa
VoleibolXadrez
Masculino
e
Feminino
14 anos – Grupo B
17 anos Grupo A
Participantes CampeõesEscolas Públicas 27 09
Escolas Particulares 10 09
Partindo do ano de dois mil e cinco houve um aumento significativo na participação de
escolas públicas, enquanto a participação de escolas particulares decresceu.
Apesar do aumento na participação das escolas públicas nos JOCOP’S no período
analisado, observamos que as escolas particulares obtiveram resultados mais expressivos,
chegando ao topo do pódio 41 vezes e as escolas públicas obtiveram 24 primeiros lugares, um
pouco mais da metade.
Nos anos oitenta, nas escolas da rede pública estadual eram ofertadas as denominadas
aulas treinamento, funcionando fora do horário normal das atividades curriculares. Estas
atividades eram desenvolvidas por professores de Educação Física, responsáveis pela
formação das respectivas turmas de treinamento, que visavam o aprendizado e/ou
aperfeiçoamento da modalidade preferida, sendo que o objetivo principal era centrado na
participação dos Jogos Escolares Municipais, Regionais e, na fase final do Estado, caso a
escola obtivesse classificação.
Devido à importância dos JOCOP’S para os alunos das escolas públicas como foi
exposto e pela análise participação/resultados, as aulas treinamento não deveriam ser
retomadas?
A partir da análise dos Jogos Colegiais do Paraná, evidenciase a necessidade de
repensarmos nossa atuação como professores de Educação Física da rede pública,
especialmente na forma de trabalhar o Esporte na Escola.
3.1 RESULTADOS DA PESQUISA SOBRE AS CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO DAS
ESCOLAS PÚBLICAS NO JOCOP’S
Apresentamos nesta parte final do trabalho os resultados da pesquisa realizada durante
a realização da fase regional dos Jogos Colegiais utilizandose a técnica de questionário com
perguntas abertas e fechadas com oitenta professores participantes. Destes, cinqüenta e cinco
pertencem às escolas públicas e vinte e cinco às escolas particulares.
A seguir apresentamos as principais categorias que se constituíram como objeto do
questionário e os resultados da pesquisa para posterior análise:
Professores
Entrevistados
Escolas Públicas 68%
Escolas Particulares 22%
Auxílio Exterior
Prefeitura Municipal 65% 85% Escolas Públicas
15% Escolas Particulares
Clubes Esportivos 8%
Associações (APM)
10% Escolas Públicas
90% Escolas Particulares
Sem Auxilio Algum 27%25% Escolas Públicas75% Escolas Particulares
Recursos Físicos
Ginásios de Esportes 4%25% Escolas Públicas75% Escolas Particulares
Quadras Cobertas 60%20% Escolas Públicas80% Escolas Particulares
Quadra Externa Aberta
26%
90% Escolas Públicas10% Escolas Particulares
Não Possui Quadra 10%
90% Escolas Públicas10% Escolas Particulares
Treinamentos no contra
turno semanal
Por equipe na escola
Freqüência de 2h – 16%
96% Escolas Públicas4% Escolas Particulares
Freqüência de 4h – 26%
93% Escolas Públicas
7% Escolas Particulares
Freqüência de 6h – 43%90% Escolas Públicas
10% Escolas Particulares
Não Treinam e contraturno
25%
99% Escolas Públicas1% Escolas Particulares
Treinamentos em contra
turno fora da escola
(complementação)
Clubes Esportivos 30%10% Escolas Públicas
90% Escolas Particulares
Prefeituras Municipais 70%30% Escolas Públicas70% Escolas Particulares
Treinamentos nas aulas de
Educação Física Regulares10%
99% Escolas Públicas
1% Escolas Particulares
Pela análise dos dados colhidos, além da questão apresentada de que a participação das
escolas públicas representa o dobro da participação das escolas particulares, os seus resultados
não acompanham esta proporção. Pela análise dos dados seguintes tentaremos levantar
algumas das possíveis razões.
Embora os Jogos Colegiais no âmbito escolar recebam em sua totalidade apoio de
equipes pedagógicas e direção para a participação e do poder público representado pelos
executivos locais que assumem a demanda dos alunos, pais e do coletivo escolar, a estrutura
física (quadra coberta ou ginásio de esportes) das escolas públicas em relação ao local
apropriado para o desenvolvimento das práticas desportivas ainda não é satisfatório segundo
dados da pesquisa, pois nem 10% das escolas participantespesquisadas possuem, enquanto
que em 90% das escolas particulares pesquisadas estas condições são atendidas.
Em relação aos treinamentos, ou seja, à preparação para os Jogos Colegiais, as
disparidades destacamse: enquanto em 90% das escolas públicas realizamse somente nas
aulas de Educação Física, os treinamentos em contra turno são utilizados por 98% das escolas
particulares.
A carga horária dos treinamentos em 40% das escolas públicas são inferiores a seis
horas semanais, enquanto 88% das escolas particulares dispõem de mais de seis horas
semanais de treinamento.
Portanto, em relação ao programa dos Jogos Colegiais retomado pelo estado, os
resultados das escolas públicas revelam que a relação quantidade (participação) e qualidade
(condições) destas não estão em equilíbrio e que nas escolas particulares esta proporção revela
uma qualidade superior nos treinamentos e resultados. Os treinamentos em contra turno
sugerem uma “participação de qualidade”.
A forma atual como os Jogos vem sendo disputados são defendidos por 50% das
escolas particulares e por apenas 30% das escolas públicas que sugerem que as escolas
públicas disputem entre si, separadas das escolas particulares. Qual a razão desta defesa na
divisão de escolas públicas e de escolas particulares? Não estaria no reconhecimento pelos
professores das escolas públicas de que estas se encontram em condições de desigualdade em
relação às escolas particulares materializada de forma mais imediata nos resultados
alcançados nos últimos anos pelas escolas públicas?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais (SEED, 2008) que orientam o
esporte escolar no Paraná, ele deve servir de instrumento para a participação social e
contribuir na formação integral dos alunos.
Os Jogos Colegiais do Paraná trazem também esta concepção. A sua retomada pelo
governo estadual trouxe um grande avanço no esporte educacional paranaense.
O que pretendemos problematizar no presente trabalho auxiliando o debate entre os
profissionais de Educação Física das escolas e governo estadual em relação aos Jogos
Colegiais é a sua articulação com as práticas escolares que vem sendo desenvolvidas,
principalmente a falta do contra turno escolar para treinamentos e as respectivas condições
escolares, sínteses da pesquisa.
Os resultados dos Jogos Colegiais do Paraná podem ser considerados como
balizadores para tomadas de decisão em relação ao processo de construção do esporte escolar
no âmbito da comunidade escolar e das políticas estaduais auxiliando na superação dos limites
encontrados nas diferentes abordagens teóricas e no processo de inclusão do aluno na
sociedade através da prática desportiva.
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