jesuítas e iluminismo -...
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Jesuítas e iluminismoO reinado joanino
O terramoto antijesuíticoMito antijesuítico
Protegidos por cismáticos
O regresso pela mão de um papa humilhado por Napoleão
Coluna da resistência católica Primeiro regresso a Portugal
Novo regresso e nova expansão A Brotéria
Contexto hostil
RegeneraçãoFormação de elites
A Revolução de Abril
Finalmente, um papa Jesuíta
Bibliografia
•104••106••112••122••124•
•128••131••135••136••142••147•
•152••153••156•
•162•
•167•
•VENCIDOS PELO ILUMINISMO ABSOLUTISTA
•A RESTAURAÇÃODA ORDEM
•DE NOVO,OS JESUÍTAS
•FINALMENTE, UM PAPA JESUÍTA
Introdução
De militar a militanteO ideal de Montmartre
Uma fundação com plano BInstituição em Roma
Força de elite ao serviço do papaPoder centralizado: obediência e eficácia
Glória de Deus e excelência humanaDa mendicância à mobilidade
Suster o protestantismoPeritos no Concílio de Trento
Criação de uma rede de ensino globalPortugal: rampa de lançamento da globalização
Alvo de contestaçãoGlobalizar o cristianismo
Na ChinaEm ÁfricaNo Brasil
Capacidade de adaptaçãoExcelência na formação para a excelência na ação
Colégios de Coimbra e ÉvoraA Aula da Esfera
O padre António Vieira e outros
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•20••22••23••24••28••29••30••34•
•40••42••47••51••56••62••64••68••68••70••76••81••87••94•
•GRANDESFRENTES
•FUNDAÇÃO DE UMA NOVA ORDEM
Em Portugal, como por toda a Europa e mesmo fora dela, foi
enorme a produção escrita e iconográfica de e sobre os Jesuítas
desde o século xvi. Semelhante interesse, e até, por vezes, obsessão,
em produzir conhecimento e opinião sobre estes religiosos é de certo
modo comparável ao que ocorreu em torno dos judeus. Aliás, Jesuítas
e judeus foram duas elites que marcaram a história portuguesa e inter-
nacional e que acabaram por experimentar a crítica, a perseguição e o
exílio: após a expulsão de Portugal em 1759, os Jesuítas foram erradi-
cados de outros países, processo que culminou na extinção da Ordem
pelo papa Clemente XIV, em 1773. Ainda hoje está por fazer uma
avaliação rigorosa das consequências para o nosso país da expulsão
em tempos diferentes, mas cruciais na história tanto de Portugal
como da Europa, destes dois grupos qualificados e empreendedores.
Em Portugal, mas não só, a imagem construída pelos mananciais
de escritos sobre Jesuítas e judeus fez deles, em certos momentos,
meios de explicação do atraso do país depois dos Descobrimentos.
O potencial de transformação sociocultural, política e religiosa atribuído
a Jesuítas e judeus originou, aliás, sedutoras teorias da conspiração.
• •Até ao dealbar do século xx, enquanto não se apostou num conhe-
cimento desapaixonado dos Jesuítas, revelou-se muito difícil encon-
trar análises equilibradas a respeito do seu papel na história dos
últimos quinhentos anos. Ninguém nega que os padres da Companhia
deixaram uma marca indelével, mas diverge-se, por vezes radical-
mente, na avaliação da sua ação, começando logo pelos desígnios que
estariam na base do seu protagonismo.
• •É por isso que, chegados ao século xxi,
ainda nos falta uma história que forneça uma
visão panorâmica dos Jesuítas que não tenha
sido feita por historiadores da Companhia como
Serafim Leite, Francisco Rodrigues e António
Lopes, ou por militantes antijesuítas como José
de Seabra da Silva, que deu à estampa a Dedução Cronológica e Analítica a mando do marquês de
Pombal, e, no século xx, Lino d’Assunção, que
nos deixou uma História Geral dos Jesuítas,
reeditada nos anos 80 sem qualquer enquadra-
mento crítico.
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Alegoria ao papa Clemente XIV, pontífice da Ordem Franciscana que assinou
o decreto de extinção da Companhia no mundo católico. Gravura de c. 1769 •
Dedução Cronológica e Analítica (Lisboa, 1767), uma das obras principais da literatura pombalina antijesuítica, e o seu responsável nominal, o jurista José de Seabra da Silva •
Inácio teve de vencer as fortes resistências da Cúria Romana. A funda-
ção de uma nova ordem implicava contornar prescrições do IV Con-
cílio de Latrão (1215) e do Concílio de Lugo (1274). Os oponentes
apontavam o excesso de inovação que a configuração proposta com-
portava, entendendo que a Igreja não poderia permitir a isenção da
obrigação do coro, da adscrição a um mosteiro e de hábito próprio.
Os cardeais nomeados pelo papa para apreciar o projeto do basco
apontavam o excesso de novidades. As pretendidas mudanças vieram
a ser consagradas nas Constituições da Companhia: dispensa da obri-
gação do coro, enclausuramento e uso de um hábito específico, assim
como a substituição das penitências corporais típicas das ordens mo-
násticas por uma maior e mais eficaz ação pastoral e missionária. Por
exemplo, as penitências corporais poderiam ser substituídas, como
recomendou Inácio, pela obrigação da escrita, considerada uma ascese
igualmente dura mas mais útil.
• •Vencidas as oposições, a que não foram alheios os bons ofícios da
diplomacia da coroa espanhola, com a qual Inácio tinha relações fami-
liares e de amizade, todos os obstáculos acabaram por ser superados.
Para a consolidação canónica do processo de aprovação papal, não foi
de somenos o apoio de figuras poderosas como D. João III de Portugal,
o senhor feudal Hércules I d’Este e Margarida de Áustria, a Madame, casa-
da com Ottavio Farnese, neto do papa Paulo III. O importante capital
social de que Inácio usufruía por pertencer à alta aristocracia espanhola
e ter ligações à rede da aristocracia europeia foi decisivo para conse-
guir uma rápida aprovação do seu projeto de ordem.
Hércules I d’Este (um dos grandes nobres do Renascimento), por Dosso Dossi. Galleria Estense, Modena •
A Adoração do Nome de Jesus, pintura de 1640-1642, atribuída a Claude Frechot. Em primeiro plano, os santos jesuítas Inácio de Loiola, Stanislaus Kostka, Francisco Xavier, Aloísio Gonzaga e os mártires do Japão. Collège Saint-Michel, Suíça •
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•FUNDAÇÃO DE UMA NOVA ORDEM
A paixão de missionar tornou-se uma
característica dos Jesuítas. Os grandes missionários jesuítas entrega-
ram-se com abnegação à sua causa de universalização do cristianismo,
recriando estratégias conforme as culturas em que tentavam espalhar
os Evangelhos. Como foi dito, Portugal representou, através da rede
intercontinental do seu império, a grande porta aberta à nova ordem
para se lançar na aventura missionária.
• •Dois grandes desejos coincidiram em 1540: o intento de D. João III,
que procurava em Roma missionários competentes para enviar aos
territórios ultramarinos, em particular para a Índia; e a disponibilidade
de Inácio de Loiola para enviar os seus companheiros para assumirem
as tarefas e missões mais desafiantes no quadro das necessidades da
Igreja. O convite foi aceite. O português Simão Rodrigues e o navarro
Francisco Xavier foram os jesuítas escolhidos para responder ao
rei português, chefe de uma grande potência europeia. Chegaram a
Lisboa no mesmo ano da fundação da Companhia. Depois de alguns
meses de conhecimento e experiência pastoral na metrópole, Xavier
partiu para a Índia, enquanto Rodrigues ficou a organizar a Ordem
em terras portuguesas. O português haveria de ter uma polémica com
o fundador da Ordem.
• •Xavier tornou-se no Oriente, ao longo de dez anos, o primeiro missio-
nário da Companhia, um paradigma para todos os outros, jesuítas ou
não, pelo impacto que o seu trabalho teve, quer nas terras que percorreu,
quer à distância, através da boa reputação que a sua atividade suscitou.
São Francisco Xavier despedindo-se de D. João III, pintura de José de Avelar Rebelo.
Igreja de São Roque, Lisboa (a partida para a Índia foi a 7 de abril de 1541) •
FUNDAÇÃO DE UMA NOVA ORDEM
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Globalizar o cristianismo
Simão Rodrigues, o primeiro jesuíta português, fundador da Província Lusitana.
Pintura do século xvii, atribuída a Domingos da Cunha. Cúria da Província
Portuguesa da Companhia de Jesus •
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Os ritos chinesesA China apresentou-se aos Jesuítas como uma civi-
lização muito elaborada, mas também muito fechada. O Império do Meio constituiu o seu maior desafio na es-tratégia missionária. Matteo Ricci foi o missionário pio-neiro no conhecimento da língua, cultura e mentalidade sínicas, e o primeiro a alegar a necessidade de tolerância missionária em relação a certos ritos pagãos, como tinha ocorrido nos primórdios do cristianismo.
Os Jesuítas aprenderam a fundo a língua chinesa e escolheram alguns termos deste código linguístico tão diferente dos ocidentais, termos esses capazes de trans-mitir minimamente conceitos fundamentais da doutri- na cristã. Foi o caso polémico da adoção da palavra chinesa Tién-chú, ou apenas Tién, para designar o deus cristão, um termo cujo significado literal é «Senhor do Céu»; também usaram os termos Xam-ti, que quer dizer «Senhor das Alturas» ou «Soberano das Alturas». A par-tir destes termos criaram expressões para denominar conceitos teológicos, como é o caso de Tién Chú Kiao, a «Religião do Senhor do Céu».
Os Jesuítas reuniram um grupo de auxiliares chine-ses na pregação da mensagem religiosa e nos contactos sociais. Idealizaram também um clero chinês e a cele-bração da liturgia católica em língua chinesa. No fundo, procuraram achinesar tanto quanto possível o catolicis-mo, de modo a atenuar-lhe a sua condição estrangeira. Só deste modo a religião cristã poderia vingar na socie-dade chinesa.
Em nenhum outro território de missão o arrojo dos padres da Companhia se revelou tão amplo e conse-quente como na China. Entretanto, a chegada de missio-
nários dominicanos e franciscanos e a divulgação que estes fizeram pela Europa da acomodação do cristia-nismo naquela missão acenderam uma longa polémica, que ficou conhecida como a questão dos ritos chineses. Os primeiros sintomas desta controvérsia ocorreram na década de 30 do século xvii. A partir de 1631, alguns frades mendicantes espanhóis começaram a instalar-se na China. Este acontecimento representou o estabele-cimento de missões concorrentes dos Jesuítas naquele país, significando a perda do monopólio da Companhia na evangelização na China. Os mendicantes deitaram o seu olhar censório sobre as atividades missionárias dos Jesuítas, mostrando-se chocados com o que viram. Os Jesuítas cedo começaram a sentir que o seu trabalho estava a ser vigiado, e as tensões não se fizeram esperar.
Os Jesuítas tinham de facto encetado com arrojo o caminho mais adequado para a missiona-ção do Extremo Oriente, como o tempo veio a mostrar, arrojo que a mentalidade eurocêntrica da Igreja da época não compreen-deu nem aceitou. De facto, só em 1935 o papa Pio XI deu razão aos Jesuítas, reconhecendo a possi-bilidade de tolerância dos ritos chineses. Esta decisão foi con-firmada por Pio XII, em 1939, com a abolição do juramento que tinha sido imposto aos mis-sionários contra aqueles ritos.
•GRANDESFRENTES
Conforme mostraram estudos recentes do historiador Henrique Lei-
tão, esta Aula foi palco de circulação de estudantes e professores de
vários países europeus. Alguns deles foram mestres de renome interna-
cional. A Aula tornou-se em Portugal um polo de internacionalização
pedagógico-científica, com permanente atenção às novidades cientí-
ficas que se iam registando no mundo mais avançado. A rede global
dos colégios e das missões favoreceu uma circulação de informação e
formação invulgar naquele tempo. Não só a Companhia, através dos
seus membros espalhados por todos os continentes, contribuiu para
construir a primeira grande base de dados moderna sobre o
mundo global, como os seus padres se tornaram emissários da
ciência europeia, profundamente renovada com Galileu e com
Newton. O que de mais avançado se produzia na Europa
rapidamente foi levado pelos Jesuítas a várias partes do globo.
Foi devido à rede intercontinental da Companhia que o te-
lescópio de Galileu construído em 1609 seria, escassos anos
volvidos, usado pelos missionários no Japão.
• •Foi graças à aposta forte na formação científica em colégios que o
papa Gregório XIII escolheu um jesuíta para dirigir a equipa que prepa-
rou o projeto de reforma do calendário no final do século xvi. O calen-
dário gregoriano, aprovado em 1582, pelo qual nos regemos hoje, foi
gizado por uma equipa liderada pelo padre Christopher Clavius (1538-
-1612), professor do Colégio Romano que tinha estudado em Por-
tugal no Colégio das Artes e que foi o grande responsável pela fama
internacional de Pedro Nunes.
Opera Mathematica (Mogúncia, 1611), do jesuíta alemão Christopher Clavius,
grande matemático em Roma, que estudou no Colégio das Artes de Coimbra e foi
um divulgador da obra matemática do português Pedro Nunes.
Em baixo, ampliação da figura do autor •
FUNDAÇÃO DE UMA NOVA ORDEM
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Mapa do Extremo Oriente, em mandarim, do jesuíta italiano Matteo Ricci, feito em 1602. Ricci, que aprendeu português em
Coimbra antes de partir para a China, foi o grande promotor do encontro cultural entre
a Europa e a China •
Os Jesuítas deixaram marcas
na literatura de vários países. Em Portugal, brilham os monumentos
de pensamento e escrita do padre António Vieira, que foi elevado por
Fernando Pessoa ao estatuto de «imperador da língua portuguesa»
e sobre quem José Saramago disse que a «língua portuguesa nun-
ca foi tão bela como quando foi escrita por esse jesuíta». As mais de
duas centenas de sermões e mais de sete centenas de cartas,
juntamente com a volumosa obra profética, onde ponti-
ficam a História do Futuro e A Chave dos Profetas, assim
como os seus escritos de intervenção reformista nos planos
político, social e económico, e a sua poesia e dramaturgia,
recentemente publicados na totalidade em trinta volumes,
fazem deste jesuíta não só o maior orador da lusofonia, mas
também um dos maiores escritores e pensadores da Época
Moderna. O seu legado literário contribuiu para elevar a
língua portuguesa a um nível de excelência. Vieira foi um
génio formado no quadro da mobilidade proporcionada
pela Companhia de Jesus. Nascido em Portugal, formou-se
no Colégio da Bahia, que era quase uma universidade no
Brasil, tendo depois desempenhado vários papéis no Novo
Mundo e na Europa: além de missio-
nário – que tinha sido a sua primeira
vocação –, foi pregador régio, embai-
xador, conselheiro de Estado, confes-
sor e visitador das missões. A partici-
pação destacada de Vieira no projeto
político da afirmação internacional da
restauração da independência nacional
culminou todo um empenho, através da
pregação e do aconselhamento, dos jesuítas
portugueses em favor da autonomia por-
tuguesa, que conduziria à Restauração de
1 de dezembro de 1640 e à elevação do
duque de Bragança ao trono de Portugal.
A própria Companhia de Jesus contribuiu
financeiramente para o esforço da guerra que, durante
quase trinta anos, Portugal travou para se defender das
investidas espanholas.
• •Outros Jesuítas houve que escreveram pela primeira vez, em pers-
petiva ocidental e com as metodologias adquiridas à luz renascentista,
as primeiras histórias humanas e naturais de alguns países e regiões
do globo. Bons exemplos são os de Luís Fróis (1532-1597), com a sua
primeira História do Japão, António de Gouveia (1593-1677), com a
História da China e Ásia Extrema, e Baltasar Teles (1596-1675), com
a História da Etiópia a Alta ou Abássia. Os Jesuítas foram ainda pro-
fícuos autores do género biográfico, nomeadamente o hagiográfico,
para promover as figuras que mais se destacaram na Ordem. A título
de exemplo, refiram-se as obras de João de Lucena (1549-1600), com a
sua História da Vida do Padre Francisco Xavier, ou de António Franco
(1662-1732), autor de Imagem de Virtude, onde se encontra a bio-
grafia de jesuítas formados em Coimbra, Évora e Lisboa.
O padre António Vieira e outros
Padre António Vieira a evangelizar índios no Brasil, que o intitularam
«Paiassú» (Grande Pai). A gravura foi publicada na primeira biografia de Vieira, escrita pelo seu confrade André de Barros
(Lisboa, 1746) •
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Frontispícios de sermões do padre António Vieira: o primeiro, pregado na Capela Real de Lisboa em 1669 (Évora, 1669); o segundo, pregado na mesma capela em 1642 (Lisboa, 1645) •
Emissões filatélicas comemorativas dos trezentos anos da morte do padre António Vieira (1997) e dos quatrocentos anos do seu nascimento (2008) •
Padre António Vieira: Obra Completa, direção de José Eduardo Franco e Pedro Calafate, Lisboa, Círculo de Leitores, 2012-2014 •
•GRANDESFRENTES
A história natural também recebeu um impulso com as descrições
e classificações de missionários jesuítas a partir da observação da varie-
dade das espécies em diferentes regiões do globo. Caso significativo
é a obra Flora Cochinchinensis, do português João de Loureiro (1717-
-1791), missionário na região que é hoje o Vietname, obra essa que
lhe garantiu, após a expulsão pombalina, uma cadeira na Academia
das Ciências de Lisboa.
• •Além destes exemplos, que são a ponta do icebergue de um pa-
trimónio imenso e relevante para várias áreas do conhecimento, não
podemos deixar de referir o imenso filão de dados representado pelas
Cartas ânuas, que todas as províncias eram obrigadas a escrever no
fim de cada ano para enviar ao superior-geral da Ordem em Roma.
Estas longas cartas-relatório não só tratam da vida interna da organi-
zação e da ação dos Jesuítas em vários cenários do globo, como
fornecem dados políticos, económicos, culturais e científicos.
No seu conjunto, são uma espécie de observatório do mundo.
Em razão da existência de acervos vastos de documentação
elaborada por obrigação de ofício pelos Jesuítas ao longo de
quinhentos anos, as suas bibliotecas e arquivos são hoje muito
consultados por estudiosos das mais diversas áreas.
• •A Companhia de Jesus deixou também a sua marca na histó-
ria da arquitetura e da arte, especialmente nas igrejas e colégios
que foi edificando para servir as suas missões. Esses monumentos
emergiram nas urbes, onde ficaram como construções imponentes.
•16• •99•
Flora Cochinchinensis, do jesuíta João de Loureiro (Lisboa, 1790) •
«Árvore jesuíta» ou «casca jesuíta» (também chamada «casca peruana») é o nome do remédio mais célebre contra a malária. Era obtido de várias espécies do género Cinchona, que existem nos Andes e foram descritas pela primeira vez por padres jesuítas •
•GRANDESFRENTES
Esta história foi difundida por uma máquina propagandística
eficaz, de que certos resquícios permanecem. Ainda hoje é difícil a
explicação cabal dos motivos que estiveram na base da maior perse-
guição institucional do Século das Luzes. Como explicar que uma
ordem poderosa, com dois séculos de expansão e atividade pujante
nos vários continentes, detendo uma tão grande rede de colégios e
de missões, fosse rapidamente liquidada pelas principais monarquias
católicas da Europa, e depois pela própria Santa Sé? Acresce ao para-
doxo desta hecatombe jesuíta – de que há um precedente, só em parte
semelhante, na extinção da Ordem dos Templários, em 1312 – o facto
de boa parte da elite intelectual e até política que protagonizou o Século
das Luzes, em que se incluíam bastantes autores da Enciclopédia, ter
sido formada nos colégios e universidades da Companhia. A persegui-
ção iluminista aos Jesuítas configurará aquilo a que podemos talvez
chamar um complexo edipiano, segundo o qual os promotores do
novo paradigma político, cultural e científico das Luzes
precisariam de «matar os pais».
Na primeira metade
do século xviii, dominada em Portugal pelo
longo reinado de D. João V, assiste-se a uma
perda de inf luência da Companhia de Jesus
na corte e ao desencadear de uma série de
controvérsias pedagógicas que marcaram a
transição para a política antijesuítica do marquês
de Pombal. Algumas vicissitudes vão inf luir na
progressiva perda de poder dos Jesuítas junto do rei, o qual
devia à Ordem a sua educação. Nos primeiros anos do
reinado, dois dos três confessores jesuítas da corte fale-
ceram. Para os substituir, o monarca preferiu os Orato-
rianos, que começam a disputar com êxito a visibilidade à
Companhia de Jesus em alguns âmbitos das esferas religiosa,
social e cultural. Foi, com efeito, notória a deslocação do
apoio real à Companhia de Jesus não só para os Orato-
rianos, mas também para os Franciscanos, Cartusianos e,
de algum modo, para os Dominicanos. Contudo, também
é certo que o rei não coartou a possibilidade de a rainha
Maria Ana de Áustria e seus irmãos continuarem ligados
aos Jesuítas.
• •Por outro lado, o reinado joanino, dominado pela ideo-
logia do poder monárquico absoluto, foi muito marcado
pela valorização das estruturas da Igreja secular e pela
preocupação de tomar posições contra a interferência da
Santa Sé na vida das instituições nacionais. Daí decorreram debates
em que os Jesuítas se viram envolvidos, no âmbito do primeiro grande
momento da política regalista em Portugal, por reação à hegemonia
do poder pontifício, a quem a Companhia de Jesus estava ligada pelo
voto de obediência ao papa. A manifestação firme de uma intenção
de libertação do poder do Estado da interferência da Cúria Romana
na Igreja portuguesa exacerbar-se-á no reinado seguinte, sendo os
Jesuítas a vítima de um combate do absolutismo real à Santa Sé.
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O reinado joanino Rainha Maria Ana de Áustria (século xviii), retrato atribuído a Pompeo Batoni. Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa •
D. João V, por autor desconhecido.Arquivo Nacional da Torre do Tombo •
•
Lei de Expulsão dos Jesuítas de Portugal, de 1759, faz bem a sinopse
do processo que mitifica os Jesuítas, atribuindo-lhes um poder ilimi-
tado, quase diabólico:
«Desde o tempo em que as operações que se praticaram para a
execução do Tratado dos Limites das Conquistas sobre as informa-
ções e provas mais puras e autênticas, e sobre a evidência dos factos
mais notórios, não menos do que a três exércitos, procurei aplicar
todos quantos meios a prudência e a moderação podiam sugerir para
que o governo dos regulares da Companhia, denominada de Jesus,
das províncias destes reinos e seus domínios, se apartasse do teme-
rário e façanhoso projeto com que havia interpretado e clandestina-
mente prosseguido na usurpação de todo o Estado do Brasil, e com
um tão artificioso e tão violento progresso que, não sendo pronta e
eficazmente atalhado, se faria dentro do espaço de menos de dez anos
inacessível e insuperável a todas as forças
da Europa unidas.»
Apenas um jesuíta, o missionário mais
destacado do Brasil do século xviii, Gabriel
Malagrida, foi acusado de heresia, vindo a ser
queimado em auto-de-fé em 1761 no Rossio,
em Lisboa, depois de ter estado preso numa
situação muito débil de saúde física e mental
(foi o último condenado à morte pela Inqui-
sição em Portugal). Quando D. José morreu,
terminando os vinte e sete anos de governo
Propaganda antijesuítica: A Lei do Rei de Portugal (gravura francesa) •
Jesuíta italiano Gabriel Malagrida, missionário no Brasil •
Representação de um auto-de-fé no Terreiro do Paço. Biblioteca Nacional de Portugal •
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•
A restauração dos Jesuítas provocou ondas de choque por todo o
mundo. Se houve reis e príncipes que se prontificaram a acolhê-los de
novo, o rei D. João VI, com a sua corte deslocada no Rio de Janeiro,
lamentou por via diplomática a decisão e manteve em vigor, como
outros monarcas, a lei pombalina que bania os Jesuítas.
Todavia, a Companhia de Jesus
restaurada iniciou uma nova etapa da sua história, não menos con-
troversa do que a anterior. Teve de enfrentar e operar no século xix
grandes mudanças políticas e sociais. Não foi nada fácil para os Jesuí-
tas, querendo mostrar fidelidade máxima à Igreja, e mantendo-se
ligados ao modelo da monarquia absolutista, afirmar-se no século
das utopias, das ideologias e da queda progressiva do Antigo
Regime em favor da ascensão de um novo paradigma de sociedade
liberal, marcado pela ideia de cidadão e da livre iniciativa individual.
No sistema social da primeira Companhia de Jesus preponderava o
valor da autoridade no topo da hierarquia do modelo social. As escas-
sas tentativas de modernização aconteceram no quadro de um para-
digma conservador. No tempo da segunda Companhia, como alguns
lhe chamam, os Jesuítas viram-se obrigados a demonstrar fidelidade
ao valor da autoridade que subsistia de antigamente para serem me-
recedores da sua restauração. De facto, a Ordem de Inácio teve de
fazer um jogo que a colocava fora de tempo. Na primeira fase, foi
perseguida e condenada por ter sido demasiado ousada e usar de
liberdades que feriram poderes instituídos e visões estáticas da socie-
dade; na nova fase, foi duramente criticada por ser conservadora e
se servir de um modelo do passado. A Companhia ficou com a marca
dessa contradição.
• •Na segunda fase da vida da Companhia, correspondente ao tempo
desde a sua restauração até às primeiras duas ou três décadas do
século xx, a postura dos Jesuítas pode ser caracterizada de uma forma
Coluna da resistência católica
Alegoria das Virtudes de D. João VI, pintura de Domingos Sequeira, c. 1810.
Palácio Nacional de Queluz •
O Jesuíta, gravura francesa do século xix segundo desenho de Hippolyte Pauquet. Colecção particular •
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•A RESTAURAÇÃODA ORDEM
Em Portugal, os Jesuítas encon-
traram abertura para regressar em 1829, depois da ascensão ao poder
do rei D. Miguel. Durante a vigência breve do regime deste monarca
absolutista, a província dos Jesuítas de França atendeu a um pedido
do duque de Cadaval para abrir uma missão da Companhia em Portu-
gal. Chegaram a Lisboa em agosto oito jesuítas, liderados pelo belga
Filipe José Delvaux (1787-1865), padre que pouco a pouco foi reor-
ganizando a Ordem, com a abertura de noviciado e
a reinstalação de comunidades quer em residências
emprestadas, quer em casas suas devolvidas, quer
ainda em instalações monásticas dispensadas para os
acolher, tendo o rei chegado a confiar-lhe novamente
o Colégio das Artes.
• •O processo de reimplantação dos Jesuítas foi muito
breve e irrelevante, embora tivessem desenvolvido ação
pastoral, assistencial e educativa a partir das comunida-
des criadas, que no seu conjunto ascenderam a vinte e quatro membros.
A guerra civil que rebentou entretanto pôs fim ao governo miguelista,
com a vitória das tropas liberais lideradas por D. Pedro. O regime li-
beral foi reimplantado em 1834. Assumiram então a liderança do país
ministros afetos à corrente laica que se opunha à permanência dos
Jesuítas e achava mesmo incompatível a existência em Portugal de todas as
outras ordens, no quadro do regime constitucional e de uma sociedade
liberal. As medidas políticas contra as comunidades monásticas não se
fizeram esperar: o ministro da Justiça, Joaquim António de Aguiar,
Primeiro regresso a PortugalRei D. Miguel, por autor desconhecido, c. 1824-1828. Palácio Nacional de Queluz •
Rei D. Pedro IV, por Jean Baptiste Debret, c. 1816. Coleção particular •
Joaquim António de Aguiar, presidente do Conselho de Ministros português. A sua lei de extinção dos conventos valeu-lhe o epíteto de «Mata-Frades» •
•134• •135•
Comte e o superior-geral dos JesuítasUm dos novos aspetos do antijesuitismo do século xix,
como metamorfose do antijesuitismo pombalino, foi a cientifização do ataque à Companhia de Jesus. Com a pro- clamação da ciência como via única ou preferencial para a aquisição de conhecimento e a regeneração da socieda-de, tentou-se construir uma era próspera, à luz da teoria do evo-lucionismo social do francês Au-guste Comte. Os Jesuítas foram, porém, considerados o grande obstáculo a abater para se atingir esta utopia.
Apesar de o positivismo de Comte ter fundado cientificamen-te o ataque aos Jesuítas, o fundador do positivismo e do projeto de uma Igreja Positivista para institucio-nalizar a autoproclamada «Reli- gião da Humanidade» preten-deu contar com os Jesuítas para instituir esta religião do futuro. Comte reconhecia qualidades de disciplina, organização e eficácia à Companhia de Jesus. Então, so-nhou convencer o superior-geral dos Jesuítas a abandonar a fé, como coisa do passado, e a aderir com os seus confrades à nova religião, tornando-se a Ordem estruturante da nova igreja. A Ordem seria laica, transpondo a fé em Deus para a fé no homem. Comte ainda teve a ousadia de enviar uma embaixada a Roma para per-seguir este delirante intento junto do superior-geral.
O projeto de tornar os Jesuítas assessores foi gizado na altura da publicação do Système de politique positive, em que Comte valoriza a emoção sobre a razão e proclama o amor universal como solução dos problemas da humani-dade. Comte perdeu então boa parte dos seus seguidores,
tendo passado a ter a forte oposi-ção de alguns filósofos. Dedicou-se apaixonadamente, a partir daí, à edificação de igrejas positivistas em vários países, nomeadamente no Brasil, onde encontrou bom acolhimento. Ele era o sumo sacer- dote de uma nova religião.
Auguste Comte, filósofo positivista francês do século xix, e o seu Système de Politique Positive (Paris, 1851-1854) •
•A RESTAURAÇÃODA ORDEM
Aí se passou a encontrar uma comunidade
de jesuítas vocacionada para a vida intelec-
tual, académica e científica. Além desta,
outras revistas da Companhia foram cria-
das no século xx, deixando marca no mun-
do académico português: uma Revista Por-tuguesa de Filosofia e a revista Economia e Sociologia e, mais recentemente, uma
revista de humanidades, publicada por
instituições universitárias geridas pelos
padres da Companhia. Marcou a cultura
luso-brasileira do século xx e xxi a edição
em vários volumes, e depois ainda em versões especializadas, da Verbo: Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Esta prestigiada enciclopédia
resultou de um consórcio entre as instituições académicas e culturais
da Companhia de Jesus e a editora Verbo. Sucedâneas desta enciclo-
pédia organizada em dezenas de volumes desde os anos 60 do século xx
e reeditada em atualização no século xxi com o título Enciclopédia Verbo Século XXI, têm vindo a lume as séries Enciclopédia Logos,
dedicada à Filosofia, Enciclopédia Biblos, orientada para a sistemati-
zação do saber nas ciências literárias, e Enciclopédia Polis, virada para
temas sociopolíticos.
• •Quer nas universidades, quer através das revistas e de outras
iniciativas promovidas na órbita da Companhia de Jesus, evidencia-
ram-se vários jesuítas em diversos campos da Igreja, da cultura e da
ciência em Portugal. Merecem destaque alguns professores, diretores
e redatores da Brotéria e da Revista Portuguesa de Filosofia, como
Paulo Durão (1893-1977), na filosofia; Serafim Leite (1890-1969),
Francisco Rodrigues (1873-1956), Domingos Maurício Santos
(1896-1978) e Mário Martins (1908-1990), todos eles na história;
João Mendes (1910-1972), nas ciências literárias; Manuel Antunes
(1918-1985), na pedagogia, na cultura e na análise política, domi-
nando vários campos do saber com base na sua formação clássica;
António da Silva (1929-2008), na missiologia; Luís Archer (1926-
-2011), na genética; José Bacelar Oliveira (1916-1999), primeiro
reitor da Universidade Católica Portuguesa; Lúcio Craveira da Silva
(1914-2007), primeiro reitor da Universidade do Minho; e Luís Rocha
e Mello (1937-2009), na teologia espiritual.
• •Como aconteceu lá fora, alguns jesuítas portugueses tornaram-se
grandes promotores da reforma do Concílio Vaticano II, para o qual
teólogos, filósofos e cientistas da Companhia contribuíram
com o seu pensamento renovador da teologia e da mundi-
vidência da Igreja, em prol da abertura e valorização das
realidades temporais e do diálogo com outras culturas e reli-
giões. Para incrementar este espírito, deram aos Jesuítas um
ar progressivo – e até perigosamente avançado, segundo
a sensibilidade de certos setores eclesiais, distanciando-os
da imagem de conservadores e reacionários que tinham ganho
nos séculos xix e xx – figuras como o francês Teilhard de
Chardin (1881-1955) e a sua ideia do «Cristo Cósmico»,
Edifício onde funciona a redação da revista Brotéria, em Lisboa •
Jesuítas portugueses em Roma. Da esquerda para a direita: padres Manuel Antunes, Lúcio Craveiro da Silva e António Leite •
Cúria Provincial dos Jesuítas em Portugal (Lisboa) •
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•DE NOVO,OS JESUÍTAS
O grande acontecimento da Companhia de
Jesus dos últimos dois anos, além da come-
moração do bicentenário da Restauração dos
Jesuítas, foi sem dúvida a eleição do primeiro
papa dessa Ordem. De facto, a maior parte das
grandes ordens da Igreja Católica (Beneditinos,
Franciscanos, Dominicanos) contam nos seus
curricula não só com inúmeros bispos, mas
também com papas, o que não sucede com os
Jesuítas, até porque há poucos bispos dessa
Ordem, e ainda menos cardeais, devido ao seu
voto de não aceitarem cargos a não ser com expressa autorização papal.
Nas últimas duas décadas, chegou a apontar-se como papável o ilustre
biblista jesuíta cardeal Maria Martini (1927-2012), de Milão, mas este
nunca foi eleito.
• •Inesperadamente, em 2013, na sequência da abdicação do papa
alemão Bento XVI, num conclave rápido e no contexto de uma Igreja
estigmatizada por escândalos e problemas de grande visibilidade
na comunicação social, o mundo foi surpreendido com a eleição do
papa Francisco, o cardeal jesuíta de Buenos Aires. De repente, este
jesuíta de nome de batismo Jorge Bergoglio (n. 1936), vindo do
«fim do mundo», como ele próprio disse quando se apresentou aos
f iéis na janela da Praça de São Pedro, tornou-se uma figura mediáti-
ca na cena internacional, iniciando um processo de questionamento
e de reforma da Igreja. Está a impressionar o mundo pelas suas
atitudes, gestos, palavras assertivas e frontais, capacidade de diálogo
e opção por uma vida simples, dispensando os luxos e mordomias
dos palácios papais.
• •Na sua política à frente dos destinos da Igreja, o papa Francisco
tem recuperado o espírito de abertura e a capacidade de lidar com as
margens que foi apanágio da Companhia nos tempos mais ousados da
sua história, valendo-lhe ter sido muitas vezes incompreendida por
outras ordens da Igreja, e até mesmo repreendida pela Cúria Romana.
Fotografia do 6.º anode escola de Jorge Bergoglio,
no Colégio Salesiano Don Bosco de Ramos Mejía, Buenos Aires, Argentina.
Em baixo: Boletim final de 6.º ano de Jorge Bergoglio e fotografia de grupo,
publicados no anuário do colégio em 1948 (o futuro papa é o 4.º da terceira fila
a contar de baixo) •
O papa Francisco deixa a Capela Sistina depois de ter sido eleito, e um pouco antes de aparecer na varanda da Basílica de São Pedro, Vaticano, a 13 de março de 2013 •
Primeira aparição do papa Francisco na janela do Vaticano, em 13 de março de 2013, após a sua eleição •
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•FINALMENTE, UM PAPA JESUÍTA
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José Eduardo Franco (1969) é investigador-
-coordenador (com equiparação a professor
catedrático) da Universidade Aberta, diretor
da Cátedra FCT/Infante Dom Henrique para
os Estudos Insulares Atlânticos e a Globalização
(FCT/Universidade Aberta/CLEPUL/APCA),
diretor-adjunto do CLEPUL – Faculdade de Letras
da Universidade de Lisboa. Doutorou-se na EHESS
de Paris. Concebeu e cocoordenou vários projetos
de investigação, entre os quais o Dicionário Histórico
das Ordens, a Obra Completa do Padre Manuel
Antunes, a Obra Completa do Padre António Vieira
e a Documentação da Expansão Portuguesa do
Arquivo Secreto do Vaticano. De entre os seus livros,
destacam-se O Mito de Portugal, FMMVAD/Roma
Editora, 2000; O Mito dos Jesuítas em Portugal e no
Brasil, Séculos XVI-XX, 2 vols., Gradiva, 2006-2007;
Padre António Vieira e le Donne. Il mito barocco
dell'universo femminile, com Maria Isabel Morán
Cabanas, Aracne Editrice, 2013.
Carlos Fiolhais (1956) é professor catedrático
de Física da Universidade de Coimbra, especializado
em Física da Matéria Condensada e em História das
Ciências. É autor de mais de 50 livros, de 160 artigos
científicos e de mais de 500 artigos de divulgação.
Foi diretor do Centro de Física Computacional
da Universidade de Coimbra, onde instalou um
supercomputador para cálculo científico, e da
Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra,
onde criou o repositório digital Alma Mater. Dirige
o Rómulo – Centro Ciência Viva da Universidade de
Coimbra e é o responsável pela área do Conhecimento
na Fundação Francisco Manuel dos Santos. Recebeu
vários prémios e distinções nacionais, entre as quais
a Ordem do Infante D. Henrique, e internacionais.
De entre os seus livros mais recentes, destacam-se
Biblioteca Joanina, com Paulo Mendes, Imprensa da
Universidade de Coimbra, 2013; História da Ciência
em Portugal, Arranha-Céus, 2013.
Gravura de Roma, com a Igreja de Jesus ao fundo, do livro Vita beati patris Ignatii Loyolae religionis Societatis Iesu
fundatoris ad viuum expressa ex ea quam, de Pedro Ribadeneira et al. (Antuérpia, 1610) •