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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE ESTUDOS GERAIS INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA JAILTON FERREIRA DO NASCIMENTO AVALIAÇÃO DE MEMBRANAS DE OSMOSE INVERSA NO TRATAMENTO DE ÁGUAS DE PURGA DE TORRES DE REFRIGERAÇÃO DE INDÚSTRIA PETROLÍFERA COM FINALIDADE DE REUSO” Niterói Dezembro/2004

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JAILTON FERREIRA DO NASCIMENTO

“AVALIAÇÃO DE MEMBRANAS DE OSMOSE INVERSA NO

TRATAMENTO DE ÁGUAS DE PURGA DE TORRES DE

REFRIGERAÇÃO DE INDÚSTRIA PETROLÍFERA COM

FINALIDADE DE REUSO”

NiteróiDezembro/2004

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JAILTON FERREIRA DO NASCIMENTO

“AVALIAÇÃO DE MEMBRANAS DE OSMOSE INVERSA NOTRATAMENTO DE ÁGUAS DE PURGA DE TORRES DEREFRIGERAÇÃO DE INDÚSTRIA PETROLÍFERA COMFINALIDADE DE REUSO”

Dissertação apresentada ao Programa dePós-Graduação em Química da UniversidadeFederal Fluminense como requisito parcialpara a obtenção do Grau de Mestre emQuímica.

Orientador: Prof. Dr. Annibal Duarte Pereira Netto

Co-orientador: Prof. Dr. João Alfredo Medeiros

NiteróiDezembro/2004

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N 244 Nascimento, Jailton Ferreira do

Avaliação de membranas de osmose inversa no

tratamento de águas de purga de torres de refrigeração de

indústria petrolífera com finalidade de reuso / Jailton

Ferreira do Nascimento. – Niterói: [s.n.], 2004.

115 f.

Dissertação – (Mestrado em Química) – Universidade

Federal Fluminense, 2004

1. Osmose inversa. 2. Águas de rejeito. 3. Dessalinização.

4. Poluição ambiental. I. Título.

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JAILTON FERREIRA DO NASCIMENTO

Dissertação apresentada ao Programa dePós-Graduação em Química da UniversidadeFederal Fluminense como requisito parcialpara a obtenção do Grau de Mestre emQuímica.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________Prof. Dr. ANNIBAL DUARTE PEREIRA NETTO – Orientador.

IQ/UFF

_______________________________________________________Prof. Dr. JOÃO ALFREDO MEDEIROS – Co-Orientador.

IQ/UFRJ

_______________________________________________________Profa. Dra. CELINA CÂNDIDA RIBEIRO BARBOSA

IEN/CNEN

_______________________________________________________Dr. MARCEL VASCONCELOS MELO.

CENPES/PETROBRAS

_______________________________________________________Prof. Dr. RICARDO JORGENSEN CASSELLA.

IQ/UFF

NiteróiDezembro/2004

“AVALIAÇÃO DE MEMBRANAS DE OSMOSE INVERSA NOTRATAMENTO DE ÁGUAS DE PURGA DE TORRES DEREFRIGERAÇÃO DE INDÚSTRIA PETROLÍFERA COM FINALIDADEDE REUSO”

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Ao meu Grande Amigo Augusto Flores

(in memoriam)

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Aos meus pais, José e Maria, por toda dedicação

na minha formação, à minha esposa Christiane e aos

meus filhos Yasmine e Matheus pela compreensão nos momentos

de ausência e pelo carinho recebido.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Annibal, sempre presente e contribuindo de maneira sincera durante

todo o curso de Mestrado e no processo de construção deste trabalho.

Ao meu co-orientador, João Alfredo, pelas sugestões dadas na montagem deste trabalho.

À PETROBRAS/CENPES pelo apoio dado.

Ao Oswaldo de A. P. Junior por ter me ajudado e dado à oportunidade de assumir este

projeto.

Às minhas amigas de curso: Rosanna, Patrícia e Alessandra pelas longas horas de estudo

em conjunto.

À Liliane Mello, pela ajuda dada em vários momentos.

À Leila Maria por ter me ajudado com as crianças.

A todos do PDP/TE; PDP/AP E PDEDS/QM, que me incentivaram, ajudaram e torceram

pela conclusão deste trabalho.

Aos Professores Eliana Myra e Antonio Carlos Moreira por terem acreditado na minha

pessoa.

A todos aqueles, que de alguma forma contribuíram para a conclusão deste trabalho.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

RESUMO

ABSTRACT

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO pg.

1.1 – O Recurso Natural Água 01

1.2 – Sistemas de Tratamento de Água 07

CAPÍTULO 2: SISTEMAS DE RESFRIAMENTO

2.1 – Principais Sistemas de Resfriamento Utilizados nas Indústrias 11

CAPÍTULO 3: REUSO DE ÁGUA NO SISTEMA PETROBRAS

3.1 – Petrobras/Reduc – Reuso de Água 16

3.2 – Torres de Resfriamento – Petrobras/Reduc 19

3.3 – Características da água de Purga das Torres de Resfriamento – Petrobras/Reduc 25

CAPÍTULO 4: MEMBRANAS

4.1 – Membranas em Geral 30

4.2 - Morfologia das Membranas 33

4.3 – Fatores de Separação Usados para Definição e Uso de uma Membrana 37

4.4 – Tipos de Fluxo em uma Membrana 39

4.5 – Polarização de Concentração e “Fouling” 41

CAPÍTULO 5: MEMBRANAS DE OI

5.1 – Membranas de Osmose Inversa 44

5.2 – Pré-Tratamento 50

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CAPÍTULO 6: OBJETIVOS

6.1 - Objetivo Geral 53

6.2 – Objetivos Específicos 53

CAPÍTULO 7: MATERIAIS E MÉTODOS

7.1 – Unidade de Tratamento por Membranas em Escala de Bancada 54

7.2 – Membranas Utilizadas 55

7.3 – Efluente Industrial Testado 57

7.4 – Analises Realizadas 57

7.5 – Testes Realizados, Condições Operacionais e Avaliação do Desempenho das

Membranas 62

CAPÍTULO 8: RESULTADOS E DISCUSSÃO

8.1 – Testes de Fluxo e Permeabilidade com Água Ultrapurificada (MilliQ) 68

8.2 - Testes de Fluxo e Permeabilidade com Água de Concentração Salina Conhecida 70

8.3 - Rejeições das Membranas 75

8.4 - Testes de Fluxo e Permeabilidade com Água de Purga da Torre de Resfriamento –

Petrobras/Reduc 78

CAPÍTULO 9: CONCLUSÕES E SUGESTÕES 87

CAPÍTULO 10: BIBLIOGRAFIA 89

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Distribuição de água no planeta.

Figura 2. Problemas associados à qualidade da água para uso industrial – (1) Corrosão

alveolar em tubulação do sistema de refrigeração; (2) Incrustação em tubulação de sistema

de refrigeração; (3) Corrosão devido à presença de gás carbônico em caldeira; (4)

Depósito de lama orgânica em trocador de calor e (5) Depósito de partículas de ferro em

resinas de troca iônica.

Figura 3. Esquema de um sistema de água de resfriamento aberto.

Figura 4. Esquema de um sistema de água de resfriamento semi-aberto.

Figura 5. Esquema de um sistema de água de resfriamento fechado.

Figura 6. Região noroeste da Baía de Guanabara, com o complexo da Petrobras/Reduc.

Figura 7. Fluxograma da unidade de recepção de água da Petrobras/Reduc.

Figura 8. Torre de resfriamento.

Figura 9. Esquema de distribuição da unidade de resfriamento U-1360 (ponto I e II).

Figura 10. Esquema de distribuição da unidade de resfriamento U-1361.

Figura 11. Esquema representando o processo de separação por membranas: força motriz

e transporte em membranas densas e porosas.

Figura 12. Representação esquemática dos fluxos em uma membrana.

Figura 13. Classificação das membranas quanto à morfologia.

Figura 14. Comparação entre a filtração convencional (“dead end filtration”) e a filtração

em fluxo cruzado (“cross flow filtration”) ou filtração tangencial.

Figura 15. Queda de fluxo de permeado com o tempo ocasionado pelo fenômeno de

polarização de concentração e “fouling”.

Figura 16. Arranjo experimental do fluxo e equilíbrio osmótico.

Figura 17. Representação esquemática da OI.

Figura 18. Estruturas dos polímeros (tri-) acetato de celulose e da poliamida,

respectivamente A e B.

Figura 19. Esquema da unidade de tratamento de efluentes e caracterização de membranas

de osmose inversa empregada neste trabalho.

Figura 20. Fotografia da célula utilizada para instalação das membranas de osmose

inversa empregada neste trabalho durante sua caracterização e estudo.

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Figura 21. Curva de calibração típica obtida para a determinação da concentração de

cloreto de sódio (NaCl) nas soluções estudadas.

Figura 22. Representação esquemática do sistema utilizado na determinação do SDI.

Figura 23. Curvas de fluxo (L/(h.m2)) contra pressão (kgf/cm2) para as membranas OI-1 e

OI-2 com água ultrapurificada. Pressões de 10, 15 e 20 kgf/cm2 e vazão de 450 L/h.

Figura 24. Curvas de fluxo (L/(h.m2)) contra pressão (kgf/cm2) para caracterização da

permeabilidade hidráulica da membrana de poliamida (OI-1) com água ultrapurificada e

solução salina (~2550 ppm) em diferentes pressões e vazões de alimentação.

Figura 25. Curvas de fluxo (L/(h.m2)) contra pressão (kgf/cm2) para caracterização da

permeabilidade hidráulica da membrana de acetato de celulose (OI-2) com água

ultrapurificada e solução salina (~2550 ppm) em diferentes pressões e vazões de

alimentação.

Figura 26. Efeito da concentração da solução de NaCl no fluxo de permeado na

membrana de poliamida (OI-1).

Figura 27. Efeito da concentração da solução de NaCl no fluxo de permeado na

membrana de acetato de celulose (OI-2).

Figura 28. Rejeição de NaCl (%) da membrana de poliamida (OI-1) determinada para

diferentes vazões e concentrações de NaCl. Pressão constante (20kgf/cm2) em todas as

medidas.

Figura 29. Rejeição de NaCl (%) da membrana de acetato de celulose (OI-2) determinada

para diferentes vazões e concentrações de NaCl. Pressão constante (20kgf/cm2) em todas

as medidas.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Estimativas da evolução do consumo humano diário per capta de água.

Tabela 2. Estimativas de consumo de água em indústrias de diferentes setores.

Tabela 3. Faixas do Índice de Langelier.

Tabela 4. Classificação geral dos principais tipos de equipamentos utilizados em sistemas

de resfriamento.

Tabela 5. Parâmetros de projeto da U-1360 (pontos I e II) e seus valores.

Tabela 6. Parâmetros de projeto da U-1361 e seus valores.

Tabela 7. Vazões (m3/h) de água de alimentação, de água de reposição (“make-up”) e de

água de descarte na operação das unidades de resfriamento U-1360 e U-1361 da

Petrobras/Reduc.

Tabela 8. Qualidade da água de reposição (“make-up”).

Tabela 9. Qualidade da água de purga das unidades de resfriamento.

Tabela 10. Opções de tratamento para alguns contaminantes típicos de águas industriais.

Tabela 11. Desenvolvimento histórico da teoria sobre os processos com membranas.

Tabela 12. Diâmetro de poros e exemplos do uso de membranas.

Tabela 13. Processos de separação com membranas comerciais.

Tabela 14. Técnicas para melhorar o fluxo de permeado.

Tabela 15. Valores limites de índices de “fouling” para operação de membranas de NF e

OI.

Tabela 16. Características das membranas de osmose inversa estudadas.

Tabela 17. Parâmetros instrumentais e condições analíticas do ICP-OES.

Tabela 18. Condutividade de soluções de NaCl utilizadas para a determinação da

condutividade e de cloreto nas soluções estudadas.

Tabela 19. Parâmetros avaliados no estudo das membranas de OI.

Tabela 20. Caimento do fluxo de permeado com o tempo em várias pressões na

membrana de poliamida (OI – 1).

Tabela 21. Caimento do fluxo de permeado com o tempo em várias pressões na

membrana de acetato de celulose (OI-2).

Tabela 22. Permeabilidade da membrana de poliamida (OI-1) medida para diferentes

vazões e concentrações de NaCl. Pressão constante (20 kgf/cm2) em todas as medidas.

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Tabela 23. Permeabilidade da membrana de acetato de celulose (OI-2) medida para

diferentes vazões e concentrações de NaCl. Pressão constante (20 kgf/cm2) em todas as

medidas.

Tabelas 24. Rejeição de NaCl (%) da membrana de poliamida (OI-1) determinada para

diferentes vazões e concentrações de NaCl. Pressão constante (20 kgf/cm2) em todas as

medidas.

Tabela 25. Rejeição de NaCl (%) da membrana de acetato de celulose (OI-2) determinada

para diferentes vazões e concentrações de NaCl. Pressão constante (20 kgf/cm2) em todas

as medidas.

Tabela 26. Composição do efluente estudado e comparação com valores máximos,

mínimos e médios praticados na Petrobras/Reduc, no período de 2002/2003.

Tabela 27. Variação do fluxo de permeado (L/(h.m2)) e da condutividade da água de

purga na membrana de poliamida (OI-1). Pressão (20 kgf/cm2) e temperatura ambiente.

Tabela 28. Variação do fluxo de permeado (L/(h.m2)) e da condutividade da água de

purga na membrana de acetato de celulose (OI-2). Pressão (20 kgf/cm2) e temperatura

ambiente.

Tabela 29. Variação da rejeição com o aumento da condutividade da água de purga na

membrana de poliamida (OI-1).

Tabela 30. Variação da rejeição com o aumento da condutividade da água de purga na

membrana de acetato de celulose (OI-2).

Tabela 31. Comparação entre a permeabilidade da membrana de poliamida (OI-1) para

água de purga e solução de NaCl, vazão de alimentação 150 L/h e pressão 20 kgf/cm2.

Tabela 32- Comparação entre a permeabilidade da membrana de acetato de celulose (OI-

2) para água de purga e solução de NaCl.

Tabela 33. Rejeições das membranas OI-1 e OI-2 nas diversas espécies químicas

presentes no efluente investigado.

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RESUMO

Neste estudo avaliou-se a possibilidade do tratamento das águas de purga das torres

de resfriamento por membranas de osmose inversa (OI) da Refinaria Duque de Caxias

(Petrobras/Reduc) com finalidade de reuso.

A indústria de petróleo consome apreciável quantidade de água nas operações

industriais de refino e devido as crescentes exigências e mudanças na legislação ambiental

pelo uso da mesma, as águas de purga por apresentarem apreciável vazão e características

de composição químicas que as tornam passíveis de tratamento e reuso.

O processo de OI possui duas vantagens fundamentais para produção de água

desmineralizada em indústrias: reduzir (ou até eliminação) do consumo de reagentes

químicos para tratamento de água; e reduzir os volumes de efluentes gerados.

As características de duas membranas de OI comerciais (poliamida OI-1 e acetato

de celulose OI-2) foram estudadas através de metodologia implementada com esta

finalidade e as rejeições para diferentes espécies químicas foram avaliadas na água de

purga das torres de resfriamento.

De modo geral, rejeições de espécies químicas maiores que 90% foram obtidas

com as duas membranas de OI, obtendo-se características comparáveis às da água tratada

por métodos convencionais.

Após tratamento por OI houve um aumento de pH da água sendo recomendado o

ajuste final da mesma antes da sua utilização.

A membrana de poliamida apresentou melhor desempenho para o tratamento desta

água de purga e os resultados obtidos indicam o potencial de utilização de membranas de

OI em tratamento de águas de purga das torres de resfriamento da Refinaria Duque de

Caxias (Petrobras/Reduc).

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ABSTRACT

In the present study the possibility of treatment for reuse of the purge water from

the Refinery Duque de Caxias cooling towers by reverse osmosis (RO) was evaluated.

The oil industry consumes huge volumes of water in the industrial refining

operations and, due to the increasing demands and changes in the environmental

legislation, reinforcing the reuse of it, the purge waters present high flows and chemical

composition characteristics that make them proper for treatment for reuse.

The RO process has two fundamental advantages for desmineralized water

production in the industry: to decrease (or even to eliminate) the demand for chemical

reagents used in the water treatment; and to reduce the effluent volumes.

The characteristics of two commercial RO membranes (RO-1 polyamide and RO-2

cellulose acetate) were studied using a methodology established for this purpose, and the

rejections for different chemical species were evaluated in the purge water from cooling

towers.

In general, rejections of chemical species higher than 90% were obtained with two

RO membranes, and the characteristics of the water treated with them were comparable to

those obtained with the conventional treatments.

There was an increase in the water pH after the treatment using RO, so a final

adjustment of the water pH is recommended before its use.

The polyamide membrane presented better acting for the treatment of the purge

water studied and the results point out the potential of employment of the RO membranes

in the treatment of the cooling towers purge water from Refinery Duque de Caxias

(Petrobras/Reduc).

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“A humanidade possui a capacidade de conseguir que o desenvolvimento seja

sustentável, isto é, de garantir que o desenvolvimento satisfaça as necessidades do

presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias

necessidades. A noção de desenvolvimento sustentável pressupõe limites que, se não são

absolutos, vêm impostos pelo estado atual da tecnologia e a organização social dos

recursos ambientais e pela capacidade da biosfera de absorver o efeito das atividades

humanas” (Nosso Futuro Comum, Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento,1987).

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CAPÍTULO 1:

INTRODUÇÃO

1.1 – O Recurso Natural Água:

A água é um recurso ambiental limitador do desenvolvimento sustentável. Embora

muitas vezes seja considerado um recurso natural renovável e infinito, vários estudos

técnicos e científicos demonstram sua esgotabilidade. A demanda de água ao longo dos

três últimos séculos, em varias regiões do Mundo, cresceu 35 vezes. A utilização de água

em quantidades superiores ao volume disponível vem gerando problemas de escassez.

Este aumento de consumo deve-se ao crescimento da população humana, que levou a um

grande aumento do uso de água na agricultura, na criação de animais, nas indústrias, bem

como para fins sanitários em áreas urbanas. Na Tabela 1 demonstra-se o maior consumo

de água resultante do desenvolvimento urbano.

Tabela 1. Estimativas da evolução do consumo humano diário per capta de água.

Período Consumo L/(dia.pessoa)

Século I a.C. 12

Romano 20

Século XIX (cidades pequenas) 40

Século XIX (cidades grandes) 60

Século XX 800

Fonte: Adaptado de Macêdo, 2000.

Observa-se, nesta Tabela, uma crescente pressão sobre os recursos hídricos, o que

sugere a necessidade de um volume mínimo e de qualidade de água que satisfaçam a

fatores ambientais, econômicos e sociais, considerados preponderantes para o

desenvolvimento sustentável.

O volume total de água disponível no planeta é da ordem de 1,5 milhões de km3.

Deste total, aproximadamente 97,5% corresponde a água salgada, de difícil utilização para

abastecimento doméstico, industrial ou irrigação, por necessitar de tratamentos, por

exemplo, dessalinização, que, na maioria das vezes, têm alto custo. Os restantes 2,5%

corresponde a água doce que está disponível na forma de geleiras (68,9%) e em águas

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subterrâneas (29,9%). Apenas 0,3% do total existente no planeta está disponível na

condição de água doce: na superfície de rios, lagos e em reservatórios subterrâneos pouco

profundos que oferecem maior facilidade para utilização humana (RAINHO, 1999;

GALETI, 1983 in Macedo, 2000). Na Figura 1 ilustra-se a distribuição de água no planeta.

Figura 1. Distribuição de água no planeta.

Fonte: http://www.soaresoliveira.br/projetoagua/agua.html, 2003.

O Brasil encontra-se em posição privilegiada em termos de recursos hídricos, pois

apresenta a média de 36.000 m3 de água por habitante. Entretanto, da água disponível no

Brasil, 80% estão na Bacia Amazônica, onde vivem apenas 5% da população brasileira,

enquanto que os restantes 20% devem atender às necessidades dos remanescentes 95% da

população, que vivem nos centros mais densamente povoados (RAINHO, 1999;

NOGUEIRA, 1999).

A água passou a ser considerada um bem econômico durante a Conferência

Internacional sobre a Água e o Meio Ambiente, realizada em Dublin, na Irlanda, em 1992.

No mesmo ano, a Agenda 21, definida durante a Conferência ECO-92, no Rio de Janeiro,

cujo objetivo foi conciliar justiça social, equilíbrio ambiental e eficiência econômica,

dedicou o Capitulo 18 da Resolução Final à importância dos recursos hídricos.

(www.ana.gov.br, 2003).

Dentro dos amplos conceitos citados anteriormente, a conservação da água passa a

ser de grande interesse social e sugere a necessidade de novas estratégias como a

valorização dos efluentes líquidos das estações de tratamento de águas (ETAs), buscando

seu reuso e não sua rejeição, além da satisfação e do atendimento das necessidades de

água, através daquelas que tenham características específicas ao uso a que se destinam. O

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reuso da água, possível em vários níveis, desde a reutilização dos efluentes tratados por

uma grande estação de tratamento de efluentes, industriais, urbanos, além de outros, até a

utilização em um pequeno empreendimento caseiro, vem se tornando cada vez mais

freqüente.

No Brasil, a legislação referente ao uso da água começa com a Constituição

Federal, que considera a competência legislativa sobre a questão hídrica como sendo da

União (art.22), embora seja permitido aos Estados e Municípios o poder de legislar

supletivamente.

Este fato tem importância e se justifica, já que os problemas de poluição de águas

muitas vezes ultrapassam as fronteiras municipais, estaduais e nacionais, atingindo locais

distantes da fonte poluidora, o que torna inoperante o esforço para resolução sem a

participação de todos os envolvidos.

No Brasil, os mananciais são classificados segundo a resolução do Conselho

Nacional de Meio Ambiente (CONAMA – nº 20), que considera a classificação das águas

doces, salobras e salinas como essencial à defesa de seus níveis de qualidade, avaliados

por parâmetros e indicadores específicos, de modo a assegurar seus usos preponderantes

(www.ana.gov.br, 2003).

Em maio de 2000, o Governo Brasileiro anunciou a criação da Agência Nacional

de Águas (ANA), vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, que tem como missão

regular o uso da água dos rios e lagos de domínio da União, assegurando quantidade e

qualidade para usos múltiplos, e implementar o Sistema Nacional de Gerenciamento de

Recursos Hídricos. A ANA divulgou, no dia 20 de março de 2001, a Resolução nº 06 –

Programa Nacional de Despoluição de Bacias Hidrográficas – Despoluir para Salvar, que

regulamenta, a partir de critérios e procedimentos operacionais, o pagamento pelo esgoto

tratado e estimula a construção de ETAs (www.ana.gov.br, 2003).

Através desta resolução, foi introduzido o conceito “poluidor-pagador”, sendo este

um dos mecanismos mais usados, pois influencia financeiramente todos aqueles que, de

algum modo, comprometem a qualidade dos corpos d’água. O pagamento de multas, por

parte dos poluidores, força a busca de soluções não-poluentes e induz ao tratamento dos

efluentes gerados, com a conseqüente minimização da poluição, beneficiando, assim, o

meio ambiente e a população em geral.

O Brasil tem fundamentado seus estudos de cobrança do uso de recursos hídricos

em países de maior tradição neste tipo de gestão e que já os dispõem implantados. Na

França, por exemplo, a parcela de água aproveitada de um manancial superficial (rios,

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riachos, lagos e lagoas) ou subterrâneo (aqüífero ou lençol freático) é valorizada

considerando um fator de acréscimo à cobrança da água de captação, que depende do nível

de consumo. Já a cobrança pela poluição é calculada sobre a geração bruta do poluente,

introduzindo-se uma bonificação financeira caso haja um processo de tratamento da água

com a finalidade de devolvê-la limpa ao corpo d’água superficial ou subterrâneo

(MACHADO, 2003).

Estudos feitos nos anos 90 para implantar a cobrança nas bacias hidrográficas do

alto Tietê, do Piracicaba, da Baixada Santista (SP), do alto Iguaçu (PR) e do Paraíba do

Sul (SP, MG e RJ), entre outros, seguem, em linhas gerais, o modelo francês

(MACHADO, 2003).

Esta cobrança incentivou as indústrias a investirem no próprio reuso de águas, pois

o valor a ser cobrado pela utilização dos recursos hídricos não incide apenas sobre a

captação, mas também no volume de água necessário para diluir os contaminantes e

restabelecer o patamar de qualidade do corpo hídrico receptor de efluentes. Este cálculo

está sendo proposto através da utilização de coeficientes que podem, inclusive, chegar a

ameaçar a rentabilidade das unidades industriais. Com isso, torna-se interessante para as

empresas, incluindo a Petrobras, estudarem e viabilizarem o reuso de águas (Teixeira et

al., 2004).

No caso específico da Petrobras, esta cobrança poderia afetar, principalmente, a

rentabilidade das unidades de refino, ainda mais se for considerado que o fator global

médio de utilização de água no refino está em torno de 0,9 m3 de água por m3 de petróleo

processado. Embora este valor não seja elevado, pois foi estimado que o consumo situa-se

na faixa de 0,7 m3 a 1,2 m3 de água por m3 de petróleo processado (DIEPOLDER, 1992),

pode-se admitir, pelo menos em hipótese, que há possibilidade de redução deste nível de

consumo.

Neste sentido as indústrias, de modo geral, e o sistema Petrobras têm buscado

eliminar o desperdício, avaliando e desenvolvendo tecnologias que racionalizem o

consumo de água. Além da necessidade econômica, o reuso se torna, portanto, uma

alternativa para o uso racional da água se este recurso for considerado esgotável.

O reuso de água subentende uma tecnologia de maior ou menor complexidade,

dependendo dos fins a que se destina, apesar das alterações físico-químicas e

microbiológicas que possa ter sofrido em função do uso anterior. Este reuso pode ser

direto ou indireto, decorrente de ações planejadas ou não, embora haja controvérsias na

definição do conceito de reuso (MANCUSO & SANTOS, 2003).

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No escopo deste estudo foi considerado que o reuso de água dependia de um

conjunto de ações deliberadas e planejadas que permitissem tratar águas de modo que sua

qualidade pudesse atender às necessidades de alguma unidade industrial.

A nível industrial, o reuso é uma realidade, pois além de ser economicamente

vantajoso em função da redução dos custos envolvidos, reduz o volume de efluentes

lançados em estações de tratamento de descartes industriais (ETDIs) ou descartados

diretamente em um corpo d’água.

Nas indústrias, onde a atuação ambiental é cada vez mais importante para a

sociedade e para a imagem institucional das empresas, há diversas possibilidades para

aproveitamento de águas de reuso, já que as características físico-químicas e biológicas

exigidas para a água são marcadamente distintas em diferentes unidades como, por

exemplo, em caldeiras, torres de resfriamento e geração de energia. É válido observar que

o setor industrial tem grande impacto sobre o consumo de água, já que grandes volumes

são necessários para o funcionamento de diferentes indústrias (Tabela 2).

Tabela 2. Estimativas de consumo de água em indústrias de diferentes setores.

Processo de produção industrial Consumo de água por quantidade produzida

Fabricação de polpa de celulose 15 a 200 m3/t

Branqueamento da polpa de celulose 80 a 200 m3/t

Fabricação de papel 30 a 250 m3/t

Fabricação de aço 4 a 200 m3/t

Fabricação de cerveja 8 a 13 m3/t.

Fabricação de leite em pó 0 a 18 m3/t

Fabricação de polpa e papel interligados 200 a 250 m3/t

Processamento úmido de algodão 800 a 600 m3/t

Lavagem e acabamento de lã 7 a 40 m3/t

Tingimento e acabamento de lã 100 a 600 m3/t

Abate de gado bovino 0,2 a 9 m3/cabeça

Geração de energia em termoelétricas 2,5 a 8,7 m3/Mwh

Petrobras/Reduc 1500 m3/h

~ 1 m3/t petróleo processado

Fonte: Adaptado de Macêdo, 2000.

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Independente da possibilidade de utilização de água com padrões de qualidade

pouco restritivos, como é o caso da água para sistemas de resfriamento, mas com o

objetivo de proteger os equipamentos e economizar recursos, as indústrias têm procurado

trabalhar com uma água de reuso que apresente, no mínimo, uma qualidade satisfatória em

função do equipamento ou unidade a que se destina.

A justificativa para isto está diretamente relacionada à presença de contaminantes

que, mesmo em baixas concentrações, podem causar diversos problemas, como corrosão

de metais, formação de depósitos e de espuma em sistemas geradores de vapor e

deterioração de madeira em sistemas de refrigeração de água que podem, em

conseqüência, levar à ineficiência do processo, a perdas de equipamentos, paradas (não-

programadas) para manutenção e acidentes (Figura 2).

Figura 2. Problemas associados à qualidade da água para uso industrial – (1) Corrosão

alveolar em tubulação do sistema de refrigeração; (2) Incrustação em tubulação de sistema

de refrigeração; (3) Corrosão devido à presença de gás carbônico em caldeira; (4)

Depósito de lama orgânica em trocador de calor; (5) Depósito de partículas de Fe(OH)3

em resinas de troca iônica.

Fonte: Tese de Doutorado – Mierzwa, USP – 2002.

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1.2 – Sistemas de Tratamento de Água:

A aplicação de uma técnica ou de um conjunto de técnicas de tratamento de água,

com o objetivo de se obter determinado grau de qualidade, depende do que se deseja e

necessita remover, pois, na maioria dos casos, os contaminantes presentes em determinada

água ou efluente não são destruídos, ocorrendo apenas sua transferência de um meio para

outro, isto é, são removidos da fase líquida que se deseja tratar para outra fase que pode

ser sólida, gasosa, ou, ainda, uma fase líquida mais concentrada. Estes processos podem

envolver processos químicos, físicos ou físico-químicos e levam à obtenção de uma fase

líquida de maior pureza e outra, onde os contaminantes estão dispersos, que pode

necessitar de tratamento ou destinação especial.

De modo geral, o nível de pureza desejado e o que se deseja remover da água ou

efluente levam a um conjunto de possibilidades de tratamento selecionado que, finalmente,

determinam o conjunto de operações e processos unitários que irão compor os sistemas

empregados nos tratamentos daquelas águas ou efluentes.

Os tratamentos de água para uso industrial são os mesmos usados em água para

abastecimento público. Os seguintes tratamentos são usados habitualmente:

(1) aeração: tem por objetivo remover substâncias orgânicas voláteis causadoras de odor

e sabor na água, bem como promover a oxidação de compostos ferrosos e

manganosos, podendo também ser indicada para redução do teor de gás carbônico;

(2) coagulação e floculação (clarificação): consiste em neutralizar as cargas negativas

superficiais das partículas que fazem com que as mesmas se atraiam promovendo

aglomeração, formando partículas maiores, o que aumenta a velocidade de

sedimentação. Para se obter essa coagulação adiciona-se um eletrólito (geralmente

sais de alumínio e/ou ferro) ou outros colóides de carga elétrica contrária. Neste

caso, é aliado à formação o poder adsorvente das partículas formadas.

Microorganismos também são removidos por estes colóides, mas a redução dos seus

níveis a valores seguros se obtém com o processo de desinfecção;

(3) sedimentação, decantação e flotação: é empregada para separar partículas em

suspensão de grande tamanho, com diâmetros médios maiores do que 10 µm;

(4) filtração: normalmente é efetuada após a clarificação, e é feita pela passagem de

água através de um meio poroso que remove material em suspensão em função das

características da água de interesse, já que há filtros de diferentes materiais e

características;

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(5) desinfecção/potabilização: sua finalidade é destruir microorganismos patogênicos e

garantir uma água isenta destes microorganismos. Há atualmente várias tecnologias

de desinfecção, como, por exemplo, luz ultravioleta e ozônio, mas normalmente se

usa o cloro que tem alto poder bactericida e baixo custo.

A qualidade final da água tratada depende das características do manancial que a

fornece. Desta forma, as indústrias em geral complementam os tratamentos acima com

outros, que podem incluir:

(6) abrandamento: tem por objetivo remover íons ou substâncias responsáveis pela

dureza da água e que podem formar depósitos incrustantes, como é o caso específico

dos íons cálcio e magnésio;

(7) desmineralização: é realizada por troca iônica, removendo espécies iônicas ou

ionizáveis, retirando com isto íons inorgânicos, dando origem, conseqüentemente, a

uma água de baixa condutividade. Dependendo da qualidade da água de entrada,

bem como da pureza da água final desejada, utilizam-se leitos mistos;

(8) osmose inversa: o processo se baseia no fenômeno natural da osmose, onde existe

um fluxo difusivo entre duas soluções de concentrações diferentes através de uma

membrana semi-permeável. Esse fluxo se dá naturalmente no sentido da solução

mais diluída para a mais concentrada. Na osmose, esse fluxo é invertido e a água

salina é bombeada através da membrana, numa pressão acima da pressão osmótica

da solução;

(9) eletrodiálise reversa: também emprega membranas, porém é um processo de

separação eletroquímica no qual os íons são transferidos através de membranas de

uma solução menos concentrada para uma mais concentrada, com aplicação de

corrente elétrica direta.

Uma das últimas etapas do sistema convencional de tratamento de água para reuso

refere-se ao ajuste químico final, de forma que a água não apresente características

corrosivas nem incrustantes que, por sua vez, estão diretamente associadas ao pH da água

e à sua alcalinidade.

Uma das maneiras de verificar a tendência corrosiva ou incrustante que a água

apresenta em relação, respectivamente, ao ferro metálico (da superfície interna de

equipamentos) e ao carbonato de cálcio, é através do Índice de Langelier (IL), que

compara o pH da água de interesse com o pH de saturação (pHs) para o carbonato de

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cálcio. A determinação do pHs é realizada considerando-se o teor de sólidos totais

dissolvidos, a temperatura, a concentração de cálcio (dureza expressa em CaCO3) e da

concentração de bicarbonatos (alcalinidade total) no meio.

Devido ao equilíbrio químico bicarbonato-carbonato de cálcio, valores de pH

abaixo do pHs (IL < 0) indicam que há solubilização de carbonato de cálcio, o que expõe a

superfície metálica ao meio corrosivo, indicando que é uma água com tendência corrosiva.

Por outro lado, valores de pH superiores ao pHs (IL > 0) indicam que há uma

tendência à formação de incrustação por carbonato de cálcio.

Quando a equação é IL = 0, existe equilíbrio de saturação e há tendência à

formação de crostas. Desta forma, a corrosão diminui sensivelmente.

A equação química que descreve a solubilização do CaCO3 é dada pela Equação

(1) e as Equações (2) e (3) são empregadas na estimativa do IL.

CaCO3 (s) + H+1 (aq) ↔ Ca+2 (aq) + HCO3-1 (aq) (1)

IL = pH – pHs (2)

pHs = pkL + log fL - logυ Ca+2 - logυ HCO3

-1 (3)

onde:

pkL é a constante de Langelier, dada por pkL = -0,025 . T + 8,9, para a

temperatura T variando de 0 até 25ºC.

fL é um fator de correção que leva em conta o teor total de sais presentes, sendo

descrito pela relação (log fL = 2,5 . √I / 1 + 5,3 . √I + 5,5 . I ), na qual I é a força iônica.

υCa+2 é a concentração de Ca+2, em meq/L.

υHCO3-1 é a concentração de HCO3

-1, em meq/L.

Os valores da Tabela 3 dão uma indicação da tendência de diferentes águas em

função dos valores de IL.

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Tabela 3. Faixas do Índice de Langelier.

I.L. Condição

3,0 Incrustação extremamente severa

1,0 Incrustação severa

0,5 Incrustação moderada

0,0 Estável

- 0,5 Sem incrustação, leve tendência para dissolver.

- 1,0 Sem incrustação, tendência moderada para dissolver.

- 3,0 Sem incrustação, tendência muito forte para dissolver.

≤ 0 Água com características corrosivas

> 0 Águas com características incrustantes

Fonte: Adaptado de Dantas, 1988 e Drew, 1979.

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CAPÍTULO 2:

SISTEMAS DE RESFRIAMENTO

2.1 – Principais Sistemas de Resfriamentos Utilizados nas Indústrias :

Conforme mostram os dados da Tabela 2, muitas indústrias consomem grandes

quantidades de água que podem ser utilizadas em diversas atividades e processos que vão

desde emprego de água como reagente ou diluente, na limpeza industrial (recipientes,

instalações, entre outros), como meio reacional, por exemplo, para tingimento de tecidos.

Em muitos processos industriais há, também, a necessidade de resfriamento de

equipamentos, fluidos e maquinarias em geral, pois geram uma certa quantidade de calor

durante sua operação. Uma das formas mais usuais de retirada ou troca de calor é através

de sistemas de resfriamento que utilizam torres de resfriamento à base de água, o que

acaba empregando, para isto, grandes volumes, e que chegam a consumir de 80% a 90%

da água utilizada nestes processos. Como é o caso de processos de resfriamento em plantas

petrolíferas, petroquímicas, além de outras (BETZDEARBORN, 1996).

De modo geral, admite-se que há três tipos básicos de sistemas de resfriamento:

• Sistema Aberto, sem recirculação de água;

• Sistema Semi-aberto, com recirculação de água;

• Sistema Fechado, com recirculação de água.

Os sistemas abertos sem recirculação de água ou de passagem únicos (once-

through) são aqueles em que a água entra em contato com o equipamento apenas uma vez.

Estes sistemas utilizam grandes volumes de água, bombeados diretamente de uma fonte,

como, por exemplo, poços e rios. Esta água passa através dos trocadores de calor para

refrigerá-los, sendo lançada em sua fonte original ou reutilizada em outro local, em outro

uso (DREW, 1979).

Uma característica desse sistema é o fato da concentração de sais minerais na água

permanecer praticamente inalterada, já que esta é imediatamente descartada após absorção

do calor (Figura 3).

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Esse sistema é muito criticado em função do custo de operação, pois obriga a

utilização de tubos fabricados em materiais mais estáveis quimicamente nos trocadores de

calor, já que, em princípio, a água recebe pouco ou nenhum tratamento e submete, desta

forma, o equipamento a situações críticas, que vão desde incrustações e entupimentos por

lamas até processos corrosivos (DANTAS, 1988).

Além disso, a poluição térmica resultante da descarga de grandes volumes de água

quente em corpos d’água pode ser ou tornar-se problemática em muitas regiões, afetando a

biota e o meio ambiente.

Figura 3. Esquema de um sistema de água de resfriamento aberto.

Fonte: Tese de Mestrado - Fófano, Curitiba, UFPR - 1999.

Sistemas com recirculação são aqueles em que a água entra em contato várias

vezes com os equipamentos. Estes sistemas são utilizados com a finalidade primordial de

economizar água, reduzindo também os custos associados ao seu uso. De modo geral,

considera-se que há dois tipos básicos de sistemas de água de recirculação: os sistemas em

circuito semi-aberto e os sistemas em circuito fechado (ELKIND, 1996).

Os sistemas em circuitos semi-aberto com recirculação de água são considerados

evaporativos. A água é reutilizada, passando pelo equipamento de troca térmica, sendo

encaminhada para uma torre de resfriamento onde sua temperatura é reduzida, retornando

então para as unidades operacionais a uma temperatura adequada para o uso. Estima-se

que a evaporação da água no sistema seja responsável por 85% a 95% da refrigeração

(DREW, 1979).

Há dois efeitos decorrentes da evaporação da água de resfriamento. O primeiro é

que há perda de parte da água do sistema, implicando em reposição constante de água fria

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para que o mesmo possa funcionar continuamente. Outro efeito é o aumento da

concentração de sais e de outras substâncias na água de recirculação, o que limita a sua

reutilização (ELKIND, 1996).

Como a concentração dos íons dissolvidos (carbonatos, silicatos, sulfatos de cálcio

ou magnésio, cloretos, entre outros) aumenta, pode ocorrer precipitação de certos sais e,

por isto, as concentrações de muitas espécies químicas devem ser continuamente

monitoradas e controladas para evitar a formação de depósitos incrustantes no sistema de

distribuição e/ou causar corrosão nas partes metálicas das torres de resfriamento e dos

equipamentos que utilizam aquela água de resfriamento. O crescimento de

microorganismos também pode ocorrer devido à presença de sais, compostos nitrogenados

e de luz, havendo adição de substâncias químicas para controlar o crescimento de

microorganismos, que também podem dar origem a processos corrosivos (DANTAS,

1988).

Estes problemas tendem a reduzir a eficiência operacional e aumentar os custos de

manutenção industrial. Deste modo, o reuso desta água implica na necessidade de

adequação de sua qualidade às exigências do processo, pois a água de resfriamento é o

único fluido na unidade de processo que circula por toda a planta industrial.

O efeito de aumento da concentração de sais pode ser evitado pela remoção de

parte da água, através de um procedimento de descarte denominado purga do sistema. A

parcela de água descartada, mais a perda por evaporação, é substituída por um volume

igual denominado água de reposição, make-up water (Figura 4).

Figura 4. Esquema de um sistema de água de resfriamento semi-aberto.

Fonte: Tese de Doutorado – Mierzwa, USP- 2002.

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Portanto, o consumo de água no sistema de resfriamento refere-se à soma de duas

parcelas: 1) reposição das águas de purgas, para manter a concentração de sais na água das

torres de resfriamento dentro dos limites de interesse; 2) perdas decorrentes de processos

evaporativos e arraste por ventos.

Assim, as torres de resfriamento à água sofrem constantes purgas a fim de

minimizar o aumento das concentrações de sais nas águas destas. Embora seus

contaminantes não sejam os mais críticos do ponto de vista ambiental, as águas de purga

representam uma das maiores vazões do efluente para as ETDIs.

Como conseqüência, o tratamento deste efluente representa uma possibilidade

bastante adequada para se planejar o reuso de água de purga.

Os sistemas fechados, com recirculação de água, são considerados não-

evaporativos. Nos sistemas fechados, a água não é exposta ao ar, visto que seu

resfriamento é feito num radiador ou em trocadores de calor. Como não há evaporação, o

ciclo de concentração se mantém praticamente constante, entretanto, existe também uma

pequena reposição de água, correspondente às perdas eventuais como, vazamentos de

gaxetas, conexões e outros (Figura 5). O problema primordial nestes sistemas é a corrosão,

e em alguns casos específicos, também há erosão ou cavitação (DANTAS, 1988).

Figura 5. Esquema de um sistema de água de resfriamento fechado.

Fonte: Tese de Mestrado - Fófano, Curitiba, UFPR - 1999.

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Os sistemas evaporativos utilizam diferentes tipos de equipamentos que podem ser

classificados, de modo geral, em grupos dependendo de suas características (Tabela 4).

Tabela 4. Classificação geral dos principais tipos de equipamentos utilizados em sistemas

de resfriamento.

GRUPOS Característica geral Possibilidades

1 Piscinas Com borrifadores Sem borrifadores

2 Torres atmosféricas Com enchimento Sem enchimento

3 Torres atmosféricas Hiperbólicas

4 Torres atmosféricas Tiragem forçada Tiragem induzida

5 Condensadores evaporativos Tiragem forçada Tiragem induzida

6 Fontes ornamentais

Fonte: Adaptado de Dantas, 1988.

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CAPÍTULO 3:

REUSO DE ÁGUA NO SISTEMA PETROBRAS

3.1 - Petrobras/Reduc – Reuso de Água:

Na Petrobras, há um interesse crescente, já bem estabelecido e consolidado no

reuso de água. Este interesse é motivado em:

a) redução dos custos associados à captação, uso e descarte de águas, pois nos últimos

anos a legislação tem se tornado cada vez mais restritiva. Como exemplo, pode ser

citada a lei Nº 9433/97, que institui as Políticas Nacionais de Recursos Hídricos,

onde outorga direitos e define a cobrança pelo uso de águas de bacias hidrográficas,

tanto na captação quanto no descarte;

b) admite-se que poderá haver, no futuro, dificuldades na obtenção e atualização de

outorgas de captação e descarte de águas;

c) redução dos custos industriais associados ao refino de petróleo, pois a utilização de

água nesta etapa do processamento está em torno de 0,9 m3 de água por m3 de

petróleo;

d) redução do volume de água empregada, já que cerca 80% a 90% do volume total

gasto em uma refinaria corresponde ao gasto em resfriamento;

e) respeito e defesa do meio ambiente, devendo-se inclusive levar em conta os

benefícios à imagem institucional da empresa;

f) estabelecimento de condições sustentáveis em termos de insumos, o que pode ser

observado, também, em esforços e investimentos em áreas de energia renovável.

No sistema Petrobras, muitas unidades industriais são extremamente complexas e a

reutilização de águas envolve o conhecimento das características necessárias em cada

etapa do processo e de sua composição, assim como dos volumes de efluentes e águas

envolvidos em cada caso.

Este é o caso específico das refinarias, onde além do fracionamento de petróleo,

que por si só implica em muitas etapas de processos unitários complexos do ponto de vista

industrial e operacional, muitas vezes agrupam em torno de si outras indústrias ou mesmo

produzem matérias primas como monômeros, entre outros.

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No caso específico deste estudo, a Refinaria Duque de Caxias (Petrobras/Reduc),

localizada em Duque de Caxias, Rio de Janeiro, (Figura 6), foi escolhida por diversos

motivos:

a) complexidade da refinaria, pois a mesma tem aproximadamente 43 anos de

existência, processa cerca de 248 mil barris de petróleo por dia, e que são

transformados em 54 diferentes tipos de derivados, como gasolina, gás natural, gás

de cozinha, parafina, além de outros derivados como nafta e gases, utilizados na

indústria petroquímica;

b) proximidade da Universidade Federal Fluminense (UFF) e do Centro de Pesquisas e

Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes);

c) importância ambiental, pois a Petrobras/Reduc está situada às margens da Baía de

Guanabara, além de captar águas dos rios Guandú e Saracuruna, que recebem seus

efluentes após tratamento e que fazem parte do sistema de abastecimento de água

doméstica da região do Grande Rio;

d) há previsão da entrada de novas unidades industriais ao longo dos próximos anos, em

função de novas demandas de mercado.

Figura 6. Região noroeste da Baía de Guanabara, com o complexo da Petrobras/Reduc.

Fonte: Tese de Doutorado - Carvalho, UFF - 2001.

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Atualmente, a Petrobras/Reduc apresenta uma demanda de água para suas

atividades que corresponde há cerca de 1.500 m3 de água doce por dia, sendo que as

captações máximas de projeto atingem 660.000 m3 de água doce por dia no canal de

captação de água (CTA), 46.320 m3 na barragem de Saracuruna e 86.400 m3 na adutora

de Guandu. Na Figura 7 está representado o esquema de recepção, assim como os

tratamentos que a água passa para a sua utilização dentro da refinaria.

Figura 7. Fluxograma da unidade de recepção de água da Petrobras/Reduc.

Fonte: Site interno Petrobras, 2004.

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3.2 – Torres de Resfriamento – Petrobras/Reduc:

As águas industriais são utilizadas para make-up das torres dos sistemas de

resfriamento e para águas de serviço de lavagem. Aquelas resultantes do processo de

desmineralização são basicamente destinadas a caldeiras de baixa pressão, sendo

armazenadas em dois tanques principais (TQs - 802 e 803). Esta água recebe, ainda, um

polimento através de um leito misto de resinas trocadoras de íons antes de ser enviada aos

geradores de vapor (caldeiras de alta pressão).

Os sistemas de resfriamento dos equipamentos de processo na Petrobras/Reduc

consomem cerca de 70% a 90% do volume total de água da refinaria, o que corresponde

há cerca de 72% de água doce por dia. Este sistema emprega torres de refrigeração com

sistema aberto e semi-aberto, sendo que este último responde por mais de 70% do

resfriamento dos equipamentos de processo (COLLARES et al., 2002) e, portanto, será

caracterizado em função dos interesses deste estudo.

Por definição de projeto, as torres de resfriamento da Petrobras/Reduc têm as

seguintes características: tiragem induzida de ar; fluxo cruzado de ar e possuem

enchimento misto de PVC e/ou madeira.

As torres com tiragem induzida são equipamentos mecânicos onde o ventilador é

instalado na saída do ar, usualmente na parte superior da estrutura. Considerando a

circulação do ar, este equipamento pode ser classificado em torres em contracorrentes,

quando o ar entra na direção contrária ao fluido que se deseja resfriar ou em torres com

fluxo cruzado de ar (cross-flow), onde o ventilador cria um fluxo de ar horizontal,

enquanto a água cai através da corrente de ar, como é o caso dos equipamentos da

Petrobras/Reduc.

Neste caso, o sistema de venezianas é disposto do lado do enchimento e em toda

sua altura. Eliminadores de respingos são dispostos ao longo da torre, na sua parte interna,

paralelamente ao enchimento, e restringem as perdas de água (DANTAS, 1988).

O distribuidor de água é colocado na parte superior e externa da estrutura e a água

cai no enchimento por gravidade. Este fato torna o sistema de distribuição de água fácil de

limpar e de ser desobstruído. Estes tipos de sistemas de resfriamento permitem o

acoplamento de uma ou duas células a cada ventilador, sendo que no último caso se terá

uma maior área de evaporação operando com praticamente o mesmo custo.

As vantagens deste sistema são a possibilidade de instalação de grandes

ventiladores que podem trabalhar a baixas velocidades, diminuindo deste modo vibrações

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e ruídos. Além disso, a altura do enchimento de contato é praticamente a altura da torre.

As principais desvantagens são maiores problemas de corrosão, já que as partes mecânicas

dos sistemas de exaustão são colocadas na corrente de ar úmida, e a maior tendência à

formação de algas devido a exposição à atmosfera, que podem causar diversos problemas

como bloqueio de tubulações, diminuição do contato entre as gotículas de água e o ar,

mudanças no pH da água de refrigeração que podem interferir, posteriormente, no

tratamento da água e na eficiência dos inibidores de corrosão.

Atualmente há duas unidades de refrigeração (U-1360 e U-1361) compostas por

torres de resfriamento (Figura 8) em operação na Petrobras/Reduc. A unidade U-1360 é

composta por duas torres de resfriamento, denominadas pontos I e II, com capacidade para

refrigeração de 9000 m3/h cada, com um total de dez células, cujos parâmetros de projeto

estão descritos na Tabela 5.

Figura 8. - Torre de Resfriamento.

Fonte: Site Interno PETROBRAS, 2003.

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Tabela 5. Parâmetros de projeto da U-1360 (pontos I e II) e seus valores.

Parâmetros Principais Projeto Unidade

Volume do sistema 4000 m3

Vazão de recirculação (projetada) 18000 m3 / h

Vazão de recirculação (média) 10000 m3 / h

Ciclo de concentração química 2,2 --

Temperatura de suprimento 32 ° C

Temperatura de retorno 45 ° C

Gradiente térmico 13 ° C

Carga térmica de projeto 234 Kj/h

Vazão de reposição 210 m3 / h

Perdas por arraste 0,15 %

Temperatura máxima de saída 70 ° C

Velocidade mínima dos tubos 0,3 m / s

Estrutura Concreto

Recheio Madeira + PVC

Fonte: Site Interno PETROBRAS, 2003.

A unidade U-1360 é responsável pelo resfriamento das unidades industriais da

Reduc/Petrobras, apresentadas no esquema da Figura 9.

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Figura 9. Esquema de distribuição da unidade de resfriamento U-1360 (pontos I e II).

Fonte: Site interno PETROBRAS, 2003.

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A unidade de resfriamento U-1361 é composta por uma única torre de resfriamento

com capacidade de 13500 m3/h e seis células cujos parâmetros de projeto estão descritos

na Tabela 6.

Tabela 6. Parâmetros de Projeto da U-1361 e seus valores.

Parâmetros Principais Projeto Unidade

Volume do sistema 4300 m3

Vazão de recirculação (projeto) 13500 m3 / h

Vazão de recirculação (média) 9500 m3 / h

Ciclo de concentração química 2,2 --

Temperatura de suprimento 32 ° C

Temperatura de retorno 45 ° C

Gradiente térmico 13 ° C

Carga térmica de projeto 177 kj / h

Vazão de reposição 198 m3 / h

Perdas por arraste 0,15 %

Temperatura máxima de saída 70 ° C

Velocidade mínima dos tubos 0,3 m / s

Estrutura Concreto

Recheio Madeira

Fonte: Site Interno PETROBRAS, 2003.

Esta unidade é responsável pelo resfriamento de diversas unidades de processo da

Petrobras/Reduc, conforme o esquema da Figura 10.

Atualmente, há uma previsão de aumento da capacidade de resfriamento da U-

1361 com a instalação de mais duas células com capacidade de 2.250 m3/h cada, que

entrarão em funcionamento em 2004, o que elevará a capacidade de resfriamento para

18.000 m3/h. Este aumento visa atender a entrada em operação do novo empreendimento

de hidrotratamento que será composto de quatro unidades industriais.

As capacidades (expressas como vazões) das unidades de resfriamento U-1360 e

U-1361, assim como as vazões totais de água de alimentação, de água de reposição (make-

up) e de efluentes que serão descartados para tratamento na ETDI estão listados na Tabela

7.

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Como se pode observar, o volume de água necessário para manter as unidades de

resfriamento em funcionamento é bastante alto, indicando o custo que este insumo pode

ter para a Petrobras/Reduc.

Como já foi mencionado anteriormente, no sistema de resfriamento em questão é

necessário haver uma reposição sistemática de água (água de reposição ou make-up), já

que há perda de água por evaporação nas torres de resfriamento e também porque é

necessário introduzir água limpa no sistema, de tempos em tempos, para controlar os

teores de diversas espécies químicas que se concentram na água ao longo do tempo e que

resulta, periodicamente, em descarte ou purga do sistema.

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Figura 10. Esquema de distribuição da unidade de resfriamento U-1361.

Fonte: Site interno PETROBRAS, 2003.

3.3 – Características das Águas de Purga das Torres de Resfriamento – Petrobras/Reduc:

O volume de águas de descarte (ou águas de purga) das torres de resfriamento é

uma parcela significativa do volume total das águas de reposição, representando cerca de

16,7% deste volume, e ainda há uma previsão, para os próximos quatro anos, do aumento

das vazões de águas de purgas descartadas na ETDI para, aproximadamente, 540 m3/h, em

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função da entrada em funcionamento das unidades citadas, além do fechamento do sistema

aberto.

Tabela 7. Vazões (m3/h) de água de alimentação, de água de reposição (make-up) e de

água de descarte na operação das unidades de resfriamento U-1360 e U-1361 da

Petrobras/Reduc.

Unidades Capacidade

(m3/h)

Água de make-up

(m3/h)

Água de descarte

(m3/h)

Ano de

operação

U –1360 18.000 540 90 2002

U – 1361 13.500/18.000 405 / 540 67 / 90 2002 / 2003

Quando a qualidade da água de reposição, expressa em termos de sua composição

e de alguns parâmetros (Tabela 8), é comparada com a qualidade das águas de purga das

unidades U-1360 e U-1361 (Tabela 9), pode-se verificar que a operação destas unidades

leva a um aumento das concentrações de diversas espécies químicas. Por exemplo, o teor

do íon cloreto aumenta até 7,5 vezes. A turbidez pode ter seu valor aumentado de 4 a 5

vezes, enquanto a condutividade da água pode ser elevada em até 8 vezes. Nestas águas

também passam a ocorrer óleos e graxas em teores da ordem de 5 mg/L, demonstrando

que há contaminação das águas de purga por hidrocarbonetos pesados. Os resultados

indicam que, efetivamente, diversas espécies químicas passam a contaminar a água de

purga, em função dos processos industriais e mesmo de contaminação ambiental.

Tabela 8. Qualidade da água de reposição (make-up). Valores em ppm.

Parâmetros pH Turbidez Alcal. Dur-Ca Cl –1 Sílica Fe –T Cond.

Máxima 6,92 12,4 22,3 16,5 9,7 11,0 0,83 72,5

Mínima 5,93 4,1 8,3 6,8 5,8 9,6 0,19 38,4

Média 6,37 5,2 14,5 9,9 7,9 10,1 0,33 51,2

Fonte: Dados fornecidos pela empresa que faz o tratamento de águas da Reduc.

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Os limites sugeridos por EBLE & FEATHERS (1992) e comparações entre os

valores destes parâmetros na água de reposição e na água de purga permitiram estimar o

número de ciclos de concentração para cada espécie química, na água de reposição, e

comparar estes resultados com os valores atualmente praticados na Petrobras/ Reduc.

Tabela 9. Qualidade da água de purga das unidades de resfriamento. Valores em ppm.

Parâmetros pH Turbidez Alcal. Dur-Ca Cl –1 Sílica Fe –T Cond.

U-1360 – Ponto I.

Máxima 8,0 56,7 64,8 36,8 78,2 35,1 2,9 615,6

Mínima 6,2 17,0 24,4 16,6 40,1 25,5 1,3 300,5

Média 7,54 28,9 38,3 25,1 56,8 31,4 1,9 446,5

U-1360 – Ponto II.

Máxima 8,1 56,3 71,7 35,2 64,5 35,2 2,8 613,4

Mínima 7,02, 16,7 24,5 16,8 39,8 27,9 1,3 298,7

Média 28,4 44,0 25,2 56,7 31,2 1,9 449,8

U-1361

Máxima 8,0 53,0 66,9 38,5 98,7 40,3 3,1 543,9

Mínima 6,1 17,4 24,1 15,3 44,4 28,3 1,1 310,5

Média 7,5 27,1 45,1 24,7 59,2 33,8 1,7 396,0

Fonte: Dados fornecidos pela empresa que realiza o tratamento de águas da

Petrobras/Reduc.

O número de ciclos de concentração, como comentado anteriormente, permite

avaliar a qualidade da água e quantas vezes ela re-circula nas unidades de resfriamento.

Talvez seja um dos parâmetros mais importantes para avaliação da qualidade de águas de

resfriamento em indústrias que empregam unidades de resfriamento à água. Ele é

calculado pela relação entre a concentração de uma dada espécie química na água de

circulação (CL) e a concentração desta espécie química na água de reposição (CR) e

permite estimar quanto determinada água é concentrada no sistema ao longo do tempo

(Equação 4).

(4) RCLC

ciclos de Número =

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onde:

CL = concentração de uma dada espécie química na água de circulação;CR = concentração da mesma espécie química na água de reposição.

Assim, por exemplo, na U-1361, considerando-se as médias atuais dos teores de

sílica (Tabela 9), tem-se:

Este valor mostra que a concentração da sílica na água aumenta 3,3 vezes quando a

água de circulação e a água de reposição são comparadas. Permite, também, estimar que

aquela água foi utilizada 3,3 vezes no sistema, se for considerado aporte constante de

sílica para a água no sistema, indicando que determinada água passa 3,3 vezes pelo

sistema de resfriamento.

Como os aportes de espécies químicas para a água de circulação são variados para

as diferentes substâncias químicas, o número de ciclos para diferentes espécies químicas

varia. Assim, para a mesma unidade teria-se um número de ciclos para cloreto igual a 7,5.

Considerando a razão entre o volume de água necessário para a operação do

sistema e a vazão de recirculação no sistema, o tempo de ciclo pode ser calculado. Assim,

por exemplo, na unidade U-1361, tem-se um volume total de 13.500 m3 que circula numa

vazão de 9.500 m3/h, indicando que cada ciclo se completa em 1,42 horas, ou seja, cerca

de 85 minutos.

Considerando, ainda, o tempo de um ciclo e o número de ciclos, é possível estimar

o tempo necessário até a purga ou troca de determinada água. Para a unidade U-1361,

teria-se um valor de 280 minutos até efetuar a troca de água do sistema.

Por segurança e comodidade, muitas vezes se opera a torre de resfriamento de água

com ciclos de concentração menores do que os permitidos pelos sistemas de tratamento de

água em uso e, assim, se gasta mais água do que o necessário para a reposição (make-up).

Um adequado ciclo de concentração para um dado sistema é determinado pelo seu

projeto, características da água, parâmetros de operação e pelo programa de tratamento

adotado.

Embora na literatura haja recomendações (EBLE & FEATHERS, 1992) para uso

de águas até concentrações elevadas de espécies químicas, o que possibilitaria um

ciclos 3,3 10,133,8

RCLC

sílica de ciclos de Número ===

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aumento bastante significativo do número de ciclos, este aumento está associado

necessariamente à adição de substâncias químicas às águas de purga de torres de

resfriamento, para evitar precipitação de sais, corrosão, com riscos de operação

associados.

Este tratamento, por um lado, permitiria um maior número de ciclos e maior

utilização de águas de purga, com conseqüente redução dos custos de captação. Mas, por

outro lado, implicaria, necessariamente, em aumento nos custos de tratamento das águas

de rejeito, devido à maior concentração de substâncias químicas oriundas do sistema de

resfriamento e, também, das substâncias químicas adicionadas à água. Há também os

custos ambientais associados ao descarte do rejeito de tratamento.

Claramente estas considerações indicam a necessidade do tratamento de água de

purga para possibilitar seu reuso na Petrobras/Reduc, caso se deseje aumentar o número de

ciclos de concentração com conseqüente redução de custo operacional.

Na Tabela 10 são apresentadas algumas técnicas possíveis ou opções de tratamento

sugeridas para retirada de algumas espécies químicas das águas.

A eliminação ou redução da necessidade de purgas das águas de torres de

resfriamento é possível se parte da água de circulação do sistema de resfriamento for

tratada, reduzindo ou mantendo constante a concentração da espécie contaminante.

Dentre os possíveis sistemas de tratamento de água (Tabela 10), o emprego de

processos de separação por membranas de osmose inversa (OI) foi escolhido neste estudo

em função de diversos interesses:

a) alta seletividade e altas taxas de rejeição de espécies químicas;

b) simplicidade de operação;

c) tecnologia promissora em termos industriais já que não envolve mudanças de estado

físico;

d) interesse da Petrobras em estudar e dominar a tecnologia do uso de membranas para

o tratamento de águas;

e) boa relação custo/benefício no tratamento de águas industriais.

Tabela 10. Opções de tratamento para alguns contaminantes típicos de águas industriais.

Contaminante Opção de Tratamento Notas

Alumínio B, C, G, I, J B – ajuste de pH.

Amônia F, K, I

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Arsênio B, C, F, H, J B – ajuste de pH.

Bário E, G, I, J I – possível “fouling” na

membrana

Cálcio E, G, I

Cloreto H, I, J

Condutividade G, H, I, J

Cobre B, C, E, I, J B – ajuste de pH

Hidrocarbonetos Totais B, D, F, I, K

Ferro A, B, E, G, I, J I – possível “fouling” na

membrana

Magnésio E, G, I, J

Níquel A, B, G, I, J B – ajuste de pH

Sílica E, H, I E – a quente.

Sulfatos H, I, J

Sulfetos A, E, F, H

Sólidos Suspensos B, C

TOC A, F, H, I

Zinco B, C, E, G, I, J B – ajuste de pH

Código:

A – Oxidação química;

B – Filtração;

C – Clarificação;

D – Separação física (API, além de outros);

E –Adição de cal ou carbonato de sódio;

F – Aeração;

G – Troca catiônica;

H – Troca aniônica;

I – Osmose inversa;

J – Eletrodiálise reversa (EDR);

K – Biológico – Tratamento secundário.

Fonte: Eble & Feathers, 1992.

CAPÍTULO 4:

MEMBRANAS

4.1 - Membranas em Geral:

Uma membrana, ou mais corretamente uma membrana semipermeável, pode ser

definida como um filme fino sólido que atua como barreira seletiva para uma solução,

permitindo a passagem de alguns constituintes da solução e retendo outros. Deste modo, é

capaz de separar misturas (líquidas ou gasosas).

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Para que ocorra o transporte de uma espécie química através de uma membrana é

necessário que uma força motriz atue sobre a mesma (MALLEVIALLE et al., 1996). As

forças motrizes usadas em separações com membranas são o gradiente de potencial

químico e/ou o gradiente de potencial elétrico, conforme ilustrado na Figura 11

(NOBREGA et al., 2003).

Figura 11. Esquema representando o processo de separação por membranas: força motriz

e transporte em membranas densas e porosas.

Fonte: Nobrega et al., 2003.

Os processos de separação por membranas são caracterizados pelo fato da

alimentação produzir duas correntes distintas (Figura 12): uma que atravessa a membrana,

da qual, em princípio, foram removidos os contaminantes que se deseja retirar, chamada

de permeado, e a corrente que contém a maior parte dos contaminantes inicialmente

presentes na alimentação, que é chamado de concentrado ou rejeito (MULDER, 2000).

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32

Figura 12. Representação esquemática dos fluxos em uma membrana.

Duas direções complementares ocorreram no desenvolvimento tecnológico e

estudo de processos de membranas. O primeiro foi decorrente do interesse em se elucidar

os mecanismos de transporte através das membranas e a barreira que as membranas

naturais representam. O segundo foi o desenvolvimento, propriamente dito, de membranas

para aplicações industriais. Na Tabela 11 (MULDER, 2000) é apresentado um histórico do

desenvolvimento do conhecimento teórico sobre processos com membranas.

Tabela 11. Desenvolvimento histórico da teoria sobre os processos com membranas.

Osmose: Nollet, 1748.

Osmose Eletrolítica: Reuss, 1803; Porret, 1816.Observações

Diálises: Graham, 1861.

Difusão: Fick, 1855.

Pressão Osmótica: Van’t Hoff, 1887.Relato

Transporte Eletrólito: Nernst-Planck, 1889.

Pressão Osmótica: Einstein, 1905.

Potenciais de Membrana: Henderson, 1907.

Equilíbrio de Membrana: Donnan, 1911.Considerações Teóricas

Termodinâmicas Irreversíveis: Keden, Katchalsky; 1964.

Membranas Iônicas: Teorell, 1937; Meyer, Sievers, 1936.

Modelo de Poros: Schmid, 1950; Meares, 1956.

Modelos de Transporte Modelo de Solução-Difusão: Lonsdale, 1965.

Fonte: Adaptado de Mulder, 2000.

Alimentação Produto

(permeado)

Rejeito(concentrado)

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33

As membranas de microfiltração (MF) correspondem à aplicação mais antiga usada

comercialmente, pois foram as primeiras a serem utilizadas na diálise (EYKAMP, 1995).

As membranas de MF tiveram um desenvolvimento mais acelerado após a descoberta de

nitro-celulose, em 1846. O desenvolvimento de membrana prosseguiu durante décadas,

principalmente na Alemanha. Em 1906, BECHOLD in Noble & Stern, 1995, publicou

diversos artigos onde modificava o tamanho do poro através da variação da concentração

do polímero. Em 1918, ZSIGMONDY & BACHMANN publicaram artigos contendo

formas para produzir pequenas quantidades de membranas de MF, contendo inclusive uma

descrição de como alterar o tamanho dos poros. ZSIGMONDY, em 1922, obteve uma

patente da sua invenção, expondo uma camada fina de uma solução de nitro-celulose ao ar

úmido, com este desenvolvimento inicial a empresa SARTORIUS começou a produzir

membranas comercialmente em 1927.

Entretanto, o desenvolvimento de membranas comerciais foi muito lento até logo

após o término da II Grande Guerra Mundial. Uma série de artigos entre novembro de

1950 e abril de 1954 fazia crônica da difícil transição da produção das membranas de MF

do laboratório para produção semi-comercial. As membranas de osmose inversa (OI) e

ultrafiltração (UF) vieram muito tempo depois e, curiosamente, não se desenvolveram de

MF.

Embora se tenha tentado desenvolver membranas de UF em empresas que

produziam membranas de microfiltração, e algumas foram feitas, as membranas de UF são

derivadas de membranas de OI em quase todos os aspectos importantes (EYKAMP,

1995).

Como método de separação, os processos que empregam membranas são

relativamente novos, embora filtrações por membranas não fossem consideradas processos

tecnicamente importantes até cerca de 30 anos atrás.

Hoje, os processos de membranas são usados numa grande variedade de aplicações

e o número destas aplicações continua crescendo. Um fator fundamental nos processos

baseados em membranas é o fato de efetuarem a separação sem mudança de fase e, quase

sempre, em processos isotérmicos, o que torna, portanto, estes processos energeticamente

mais vantajosos quando comparados a alguns processos clássicos de separação (NOBLE

& STERN, 1995).

Devido a esta habilidade, que permite alta seletividade sem mudança de fase, as

membranas e os processos envolvendo membranas têm encontrado um campo muito vasto

de aplicações, entre eles o de dessalinização, produzindo água potável a partir da água do

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mar, tratamento de efluentes, tratamento de despejos industriais, separação de água/óleo,

além de outros.

Em função das aplicações a que se destinam, as membranas apresentam diferentes

estruturas. As membranas sintéticas comerciais podem ser produzidas a partir de qualquer

material que permita a síntese de filmes com porosidade controlada. São usados uma série

de materiais poliméricos (acetato de celulose, polissulfona, polietersulfona,

poliacrilonitrila, policarbonato e outros) ou materiais inorgânicos (cerâmica, grafite e

metais), que embora tenham custos mais elevados, apresentam maior durabilidade. De

modo geral, o que diferencia e caracteriza cada uma das categorias é o diâmetro dos poros

das membranas, conforme a Tabela 12.

Tabela 12. Diâmetro de poros e exemplos do uso de membranas.

Tipo de Membrana Diâmetro do Poro Aplicação Típica

Microfiltração

(MF)

0,1 a 2,0 µm Remover sólidos em suspensão.

Ultrafiltração

(UF)

0,01 a 0,1 µm Remover substâncias coloidais, bactérias,

pirogênio.

Nanofiltração

(NF)

0,001 a 0,01 µm Remover vírus, íons inorgânicos e

substâncias com peso molecular > 400.

Osmose Inversa

(OI)

0,0001 a 0,001 µm Remover compostos orgânicos, sais

dissolvidos, vírus, bactérias, e pirogênio.

Fonte: Adaptado de Nobrega et al., 2003.

4.2 – Morfologia das Membranas:

Do ponto de vista morfológico, as membranas em geral podem ser classificadas em

duas grandes categorias: densas e porosas. Todas as membranas possuem espaços livres

ou vazios, que podem se originar da agitação térmica dos segmentos das cadeias

poliméricas ou de poros fixos na matriz polimérica. Quando o volume correspondente aos

espaços vazios é equiparável à parte sólida (polímero), a membrana é classificada como

porosa. Entretanto, quando o volume correspondente aos espaços vazios é muito pequeno

diz-se que a membrana é densa (BORGES, 1985).

Portanto, as características da superfície da membrana em contato com a solução

problema é que definem se uma membrana é porosa ou densa. Tanto as membranas densas

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como as porosas podem ser isotrópicas ou anisotrópicas (também chamadas de

assimétricas), ou seja, podem ou não apresentar as mesmas características morfológicas e

de composição ao longo de sua espessura (NOBREGA et al., 2003).

Como características morfológicas pode-se citar: porosidade, distribuição de

tamanho de poros, espessura (caso de membranas porosas), cristalinidade e volume livre

(caso de membranas densas).

Na Figura 13 estão representados os tipos mais comuns de membranas porosas

isotrópicas ou simétricas e de membranas anisotrópicas ou assimétricas. Nas seções

transversais esquematizadas, as regiões escuras representam a matriz sólida da membrana

e as regiões claras os espaços livres, ou seja, os poros da membrana.

As membranas simétricas têm uma estrutura uniforme ao longo de sua estrutura,

com densidade constante, podendo ser porosas ou não, enquanto as membranas

assimétricas têm um gradiente de composição em sua estrutura. As propriedades de

separação de membranas simétricas são determinadas por toda a sua estrutura, enquanto as

propriedades de separação de membrana assimétricas são principalmente determinadas

pela região mais densa da membrana.

A membrana isotrópica densa é representada isenta de regiões claras e as

membranas anisotrópicas estão representadas com redução no tamanho de poros ao longo

da seção transversal. A região de maior densidade pode ser do mesmo material da parte

porosa ou constituída de material distinto, representada por uma região de cor mais escura.

Figura 13. Classificação das membranas quanto à morfologia.

Fonte: Nobrega et al., 2003.

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As membranas simétricas ou isotrópicas são tipicamente em rede ou esponjosas,

forma cilíndrica ou filme de polímero denso, e podem ser feitas por uma variedade de

técnicas. Os métodos mais importantes para produção de membranas porosas simétricas

são: a) irradiação; b) estiramento de um filme de polímero semicristalino; c) vapor-

induzido por separação de fase; d) temperatura-induzida por separação de fase (folheto

HYDRANAUTICS, 2003).

As membranas anisotrópicas ou assimétricas se caracterizam por uma região

superior muito fina (~1µm), mais fechada (com poros ou não), chamada de “pele”,

suportada em uma estrutura porosa, em que os poros aumentam de diâmetro na direção da

superfície inferior. Esta fina película superficial possui a capacidade de rejeitar sais

dissolvidos durante a permeação da água, enquanto o substrato poroso que dá a resistência

física à estrutura não tem capacidade para restringir o fluxo de permeado ou alterar a

eficiência de separação da membrana, que dependem unicamente da camada densa.

Devido à permeabilidade ser inversamente proporcional à espessura da membrana, é

desejável que a camada densa seja tão fina quanto possível. Quando estas duas estruturas

são fabricadas em uma única etapa de produção, a membrana é dita anisotrópica integral

(FREEMAN & PINNAU, 1999).

Este tipo de membrana tem custos de fabricação baixos por ser fabricada em

apenas uma etapa de produção. Entretanto, este método de fabricação torna difícil a

obtenção de um produto de alta qualidade devido à formação de pequenos poros na

superfície da membrana.

Quando a membrana é composta por duas estruturas adjacentes: uma película

extrafina responsável pela rejeição dos sais dissolvidos e uma camada ou substrato poroso

responsável pela resistência física de toda a estrutura, e sua fabricação ocorre em duas

etapas, essas membranas são chamadas de anisotrópica composta.

A morfologia da membrana define os princípios em que se baseia a sua

seletividade.

A pele é geralmente descrita como uma superfície mono estruturada de esferas

poliméricas não-cristalinas, parcialmente deformadas e fundidas, devido a tensões

superficiais com poucos poros remanescentes.

Na permeação de misturas, o transporte preferencial dos componentes de maior

afinidade com a membrana levará à formação, próximo à sua superfície, de mistura com

maior teor de componentes permeáveis, criando barreiras adicionais ao transporte

(camada-limite). O termo permeação é usado para descrever o transporte global de massa

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através da membrana, enquanto o termo difusão se refere somente ao movimento das

moléculas do permeante dentro da matriz polimérica, podendo ser visualizado como uma

seqüência de etapas sucessivas de difusão. Como as cadeias poliméricas estão em

constante estado de agitação térmica, a difusão ocorre por uma ação cooperativa dos

complexos de moléculas circundantes. Como há um gradiente de concentração, a difusão

em uma direção será maior que na outra, resultando em um fluxo.

De qualquer modo, a seletividade é função da diferença de tamanho entre as

moléculas que compõem a mistura a ser fracionada e os poros da membrana. A escolha do

material da membrana depende da absorção e estabilidade química. Na maioria dos

processos de separação que utilizam membranas porosas, as espécies presentes devem ser,

na medida do possível, inertes em relação ao material que constitui a membrana.

Entretanto, em alguns casos, as interações físico-químicas (forças de atração e repulsão)

entre o polímero e os permeantes devem também ser considerados de interesse.

O transporte através de membranas porosas, que são utilizadas nos processos de

MF, UF e NF ocorre, principalmente, através dos poros. A seletividade do processo é

determinada pelas dimensões dos poros e o escoamento através dos poros depende do tipo

de força motriz aplicada à membrana. A associação da morfologia da membrana com a

força motriz aplicada ao processo define como ocorre o transporte das espécies

permeantes através da membrana. Em função disso, o transporte pode ser viscoso,

difusivo, ou uma combinação de ambos. Por exemplo, pode ser difusivo se a força motriz

for um gradiente de concentração ou viscoso quando se aplica um gradiente de pressão.

Nas membranas anisotrópicas integrais e nas compostas, uma combinação de

mecanismos de transporte é esperada, pois o transporte nas camadas densas é considerado

difusivo, enquanto que na subcamada porosa o escoamento pode ser viscoso ou difusivo.

Entretanto, como a seletividade é determinada fundamentalmente pela camada densa, o

fluxo de permeado através da membrana pode ser considerado difusivo, independente do

tipo de força motriz aplicada, uma vez que a membrana não apresenta poros em sua

interface. Este é o caso de aplicações como a osmose inversa, pervaporação e a permeação

de gases. Na Tabela 13 apresenta-se um esquema das relações entre força motriz à

morfologia das membranas, o tipo de transporte esperado e os principais fatores que

determinam a seletividade do processo.

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38

Tabela 13. Processos de separação com membranas comerciais.

Processo de

Separação

Tipo de

Membrana

Força Motriz Mecanismo de

Ação

Aplicações

Microfiltração

(MF)

Microporosa Gradiente de pressão

(0,1–1 bar)

Exclusão Clarificação, filtração

estéril.

Ultrafiltração

(UF)

Assimétrica Gradiente de pressão

(0,5–5 bar)

Exclusão Separação de

sol.macromoleculares

Nanofiltração

(NF)

Assimétrica Gradiente de pressão

(1,5–40 bar)

Exclusão /

Difusão

Separação de

compostos orgânicos

e sais divalentes.

Osmose Inversa

(OI)

Assimétrica

Filme denso

Gradiente de pressão

(10–80 bar)

Difusão Separação de micro

solutos e sais mono.

Diálise (D) Microporosa Gradiente de

Concentração

Difusão Separação de micro

solutos e sais de

sol.macromoleculares

Permeação

Gasosa (PG)

Homogênea Gradiente de pressão

e concentração

Solubilidade /

Difusão

Separação de misturas

de gases

Pervaporação

(PV)

Simétrica e

Assimétrica

Gradiente de

Concentração

Solubilidade /

Difusão

Separação de misturas

de líquidos voláteis

Eletrodiálise

(ED)

Homogênea

ou

Polímero

Microporoso

Gradiente de

potencial elétrico

Migração num

campo elétrico

Separação de íons da

água e solutos não

iônicos.

Fonte: Adaptado - Tese de Mestrado - Teixeira – Universidade Nova Lisboa – Lisboa –

2001.

4.3 – Fatores de Separação Usados para Definição e Uso de uma Membrana:

O fator de separação (seletividade) e o fluxo de permeado (J) que representa a

vazão (volumétrica, mássica ou molar) do processo são empregados para avaliar os

processos que envolvem permeação de líquidos em membranas.

O fluxo de permeado de uma dada membrana e sua rejeição são determinados com

solução de cloreto de sódio (NaCl) de concentração conhecida em pressão conhecida,

normalmente em temperatura de 25ºC e em pH de alimentação de 5,0 a 7, 0, até a

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39

compactação da membrana, onde, esta é exposta à solução de alimentação em alta pressão.

Esta exposição tem resultado no aumento da densidade do material da membrana,

chamada de compactação consolidada. Como resultado da compactação, há redução da

taxa de difusão da água e de solutos através da membrana. A pressão mais alta deve ser

aplicada para se manter o mesmo fluxo de permeado. O efeito da compactação é muito

significativo em membranas assimétricas de celulose e membranas de composição

poliamida (BYRNE, 2002).

O escoamento de fluido através de membranas porosas (J) é diretamente

proporcional à pressão aplicada ∆P e pode ser descrito pela Equação (5) (TAYLOR &

JACOBS, 1996):

J = K. ∆P (5)

Quando o escoamento de fluido ocorre através de membranas não porosas, ele é

descrito através da Equação (6) (TAYLOR & JACOBS, 1996):

J = K. (∆P - ∆π) (6)

onde:K = permeabilidade hidráulica (característica da membrana testada);

∆P = diferença de pressão aplicada entre os dois lados da membrana;

∆π = diferença de pressão osmótica entre os dois lados da membrana.

A constante de proporcionalidade K denominada permeabilidade da membrana

depende de fatores estruturais como a porosidade, número de poros e o diâmetro médio

dos poros, sendo medida como o volume do líquido que passa através de uma unidade de

superfície de membrana por unidade de tempo por unidade de pressão (∆P). Para a maioria

das membranas comerciais, K varia de 0,36 a 3,6 L/h.m2(kgf/cm2) (DAVIS et al., 1996).

A permeabilidade, K, da membrana pode ser definida pelas Equações (7) e (8):

K = ε r2 / 8ητ∆χ (7)

K = ε3/PηS2(1 – ε)∆χ (8)

Esta abordagem depende do modelo escolhido e do valor estimado para os

parâmetros utilizados.

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A capacidade seletiva ou seletividade de uma dada membrana pode ser expressa

através do coeficiente de rejeição (R), definido como o quociente da concentração do

material rejeitado no permeado dividido pela sua concentração no canal de alimentação,

sendo expresso, muitas vezes, em porcentagem. A determinação deste parâmetro em

sistemas de membranas é praticamente impossível, pois seria necessário medir a

concentração do soluto rejeitado na faixa da subcamada laminar em contato com a

superfície da membrana. Além disso, o valor exato da rejeição varia ao longo do módulo,

devido à contínua remoção do líquido do canal de alimentação e ao conseqüente aumento

da concentração dos materiais retidos.

A rejeição de um dado soluto pode ser calculada através da Equação (9):

R (%) = (Ca – Cp / Ca ) = ( 1 – Cp / Ca ) * 100 (9)

onde:

Ca = concentração de soluto na alimentação;

Cp = concentração de soluto no permeado.

Na prática, as rejeições de solutos em membranas indicadas pelos

fornecedores, se referem sempre à rejeição medida com membranas limpas.

Os mecanismos responsáveis pela rejeição de solutos em membranas de NF e OI

têm sido o tema de vários estudos, pois é controverso. A despeito do mecanismo de

passagem físico que domina o comportamento da rejeição de membranas de UF e MF, as

rejeições dos solúveis pelas membranas de OI e NF dependem de uma maneira complexa

da química dos solúveis com as interações das membranas.

A elevada concentração dos penetrantes na matriz polimérica torna o fenômeno de

permeação de misturas líquidas complexo. Além do modelo de poros, alguns autores

admitem que a separação das partículas ocorre fundamentalmente pelo mecanismo de

sorção e difusão. Segundo este mecanismo, a separação ocorre em três etapas: sorção dos

componentes no material polimérico; difusão através da membrana; dessorção para o lado

de menor pressão (SUDAK, 1997).

4.4 – Tipos de Fluxo de uma Membrana:

Uma das principais características dos processos de separação com membranas é

que elas podem ser operadas em fluxo cruzado (“cross flow filtration”) e na forma clássica

perpendicular (“dead end filtration”). No processo clássico (“dead end filtration”), uma

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solução ou suspensão de interesse é submetida à pressão contra a membrana e o permeado

atravessa a membrana. Os solutos ou os materiais em suspensão são retidos, acumulando-

se na interface membrana/solução e, do mesmo modo que na filtração clássica, há

formação de um depósito. Nesta forma de operação, ocorre um fenômeno chamado de

polarização de concentração e, uma vez que há polarização, a concentração do soluto

próximo à membrana aumenta com o tempo, tornando o modo de operação

fundamentalmente transiente.

No processo em fluxo cruzado (“cross flow filtration”), a solução escoa

paralelamente à superfície da membrana enquanto o permeado é transportado

transversalmente à mesma. Assim é possível operar o sistema em condições de regime de

transferência de massa, onde somente uma pequena fração do fluido que escoa sobre a

membrana passa através dela. Mantendo-se a velocidade do fluxo através da membrana, a

polarização de concentração do material retido sobre a mesma se torna contínua. Esta é a

principal vantagem sobre o processo “dead end filtration”, pois, alterando-se a

hidrodinâmica do escoamento da corrente de alimentação, o escoamento paralelo tende a

limpar a membrana, reduzindo a tendência de formação de depósito nas superfícies das

membranas.

Na Figura 14 estão ilustrados os dois tipos de operação discutidos, bem como a

típica curva de fluxo permeado em função do tempo em cada caso (LYONNAISE DES

EAUX ,1994).

Figura 14. Comparação entre a filtração convencional (“dead end filtration”) e a filtração

em fluxo cruzado (“cross flow filtration”) ou filtração tangencial.

Fonte: Lyonnaise des Eaux, 1994.

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4.5 – Polarização de Concentração e “Fouling”:

O termo polarização de concentração se refere ao gradiente de concentração de

materiais rejeitados pela membrana que se forma na camada de líquido adjacente a ela e

ocorre independentemente do processo ser clássico, “dead end filtration” ou fluxo cruzado

“cross flow filtration”.

A polarização de concentração é um dos principais fatores de redução de fluxo

através da membrana, pois aumenta a concentração de sal na superfície da mesma, levando

a um aumento da pressão osmótica na sua superfície, resultando na queda do fluxo de

permeado. O fato da concentração do soluto próximo à superfície da membrana ser maior

do que na solução provoca um movimento difusivo do soluto em direção ao interior da

solução.

No caso da filtração clássica, mesmo ocorrendo este retorno do soluto à solução

pelo mecanismo difusivo, a tendência predominante é a retenção de soluto na região

próxima à membrana, aumentado a concentração na camada-limite para valores acima dos

que ocorrem na zona de mistura no canal de alimentação. Conseqüentemente, estabelece-

se um gradiente de concentração da superfície da membrana em direção ao canal do

concentrado.

Quando o sistema é operado em fluxo cruzado, é possível se obter um equilíbrio

entre quantidade de soluto transportado em direção à membrana, taxa de difusão do soluto

de volta ao meio e fluxo de solvente que permeia a mesma. Ou seja, para uma mesma

pressão de operação, quanto maior for a velocidade de escoamento tangencial da

alimentação menor será a polarização de concentração.

Além da importância da polarização de concentração na redução do fluxo de

permeado ocorre, também, um fenômeno chamado “fouling” que, embora de difícil

tradução, pode ser entendido como o conjunto de fenômenos capaz de provocar uma

queda no fluxo de permeado. No caso de sistemas com pressão de operação constante

estes fenômenos ocorrem devido à inclusão de todos os mecanismos de colmatação, ou

seja, deposição de sustâncias inorgânicas e orgânicas na superfície da membrana e/ou

bloqueio de canais de alimentação. E em sistemas com vazão de permeado constante

ocorrem devido ao aumento da pressão de operação. Na prática, este depósito representa

uma segunda membrana sobre o polímero desta, o que reduz a sua permeabilidade e

modifica as suas propriedades de rejeição de sais. A extensão do “fouling” depende da

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natureza da solução estudada, mas depende, também, e de modo acentuado, das condições

de operação do sistema em questão.

Por menor que seja, a formação de “fouling” é inevitável, e após algum tempo

prejudica o desempenho da membrana e do equipamento, podendo alterar a qualidade do

permeado.

A avaliação da possibilidade de formação de “fouling” é essencial em todos os

sistemas que utilizam processos de separação por membranas, onde a qualidade da água de

alimentação deve atender a especificações dos fabricantes. O índice mais utilizado para

determinação de “fouling” é o SDI (“silt density index”).

Na Figura 14 ilustra-se o efeito da polarização de concentração e do “fouling” da

membrana na variação do fluxo de permeado com o tempo. Como pode ser observado e

esperado há uma redução do fluxo do permeado tão acentuado que, em alguns casos, pode

inviabilizar uma dada aplicação.

Figura 15. Queda de fluxo permeado ocasionado com o tempo pelo fenômeno de

polarização de concentração e “fouling”.

Fonte: Nobrega et al., 2003.

Vários métodos podem ser empregados para minimizar o efeito de redução de

fluxo durante a operação com membranas. Uma regra básica de todos os fabricantes de

membranas é que os processos de limpeza devem ser realizados quando a produção de

permeado diminuir entre 10% e 15% ou a pressão de operação tiver que ser aumentadentre

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10% e 15% para se manter a mesma produção. Na Tabela 14 apresentam-se alguns destes

métodos.

Tabela 14. Técnicas para melhorar o fluxo de permeado

Métodos Indiretos Métodos Diretos

Pré-tratamento (químico/filtração) Limpeza hidráulica ou química

Tratamento da superfície da membrana Limpeza mecânica

Seleção de condições ótimas de operação Melhoramento ultra-sônico

Seleção do modo apropriado de operação Uso de partículas abrasivas

Fonte: ZAIDI et al., 1992.

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CAPÍTULO 5:

MEMBRANAS DE OI

5.1 – Membranas de Osmose Inversa:

A osmose natural, do grego “osmós”, significando “impulso”, ocorre quando duas

soluções aquosas de concentrações diferentes se encontram separadas por uma membrana

semipermeável. Neste caso, a água da solução menos concentrada passa para o lado da

solução de maior concentração de sais até que se atinja um equilíbrio osmótico.

Com o arranjo experimental da Figura 16 (a) e (b), a osmose leva a uma diferença

de altura entre as duas colunas d’água, havendo aumento da altura da coluna da solução

concentrada até que os equilíbrios sejam estabelecidos. Neste momento, a diferença de

altura corresponde a uma diferença de pressão denominada de pressão osmótica.

(a) (b)

Figura 16. Arranjo experimental do fluxo e equilíbrio osmótico.

Fonte: http://www.enfil.com.br/agua7dda.htm#, 2004.

O fenômeno osmótico tem sido observado desde os meados do século XVIII,

quando NOLLET (1748) empreendeu os primeiros testes de osmose utilizando membranas

naturais de origem animal (bexigas) que permitiam a passagem da água, mas não a do

álcool, concluindo que as membranas possuem propriedades seletivas em relação a

determinados solutos. A partir do século XIX, com a publicação da Lei de Difusão por

FICK (1855) e a definição da pressão osmótica por Van’t Hoff tornou-se possível

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interpretar os fenômenos de transporte de massa através de membrana (Folheto

HYDRANAUTICS, 2003).

Em 1920, MANEGOLD in Hydranautics, 2003, e outros pesquisadores

observaram o efeito da osmose inversa (OI) com membranas de celofane ou nitrato de

celulose (Folheto HYDRANAUTICS, 2003). O termo osmose inversa foi definido como

sendo um processo induzido pela ação de uma força externa, mecânica, superior à pressão

osmótica do sistema. Ou seja, quando esta pressão é aplicada sobre a solução mais

concentrada, que está separada de outra mais diluída por uma membrana, ocasiona o

transporte de solvente contra o gradiente de concentração. À medida que a pressão é

aumentada, mais água atravessa a membrana semipermeável, havendo retenção dos íons

na membrana que separa as duas soluções e o aumento da concentração de sais na solução

em que se está aplicando a pressão (Figura 17). (NOBLE & STERN, 1995).

Figura 17. Representação esquemática da OI.

Fonte: http://www.enfil.com.br/agua7dda.htm#, 2004.

Em 1950, o estudo de OI sofreu novo impulso com o trabalho de REID &

BRETON, na Universidade da Flórida, que observaram propriedades de dessalinização de

água por membranas de acetato de celulose, o que as tornavam potencialmente atrativas

como membranas dessalinizadoras de osmose inversa (REID & BRETON, 1959). Neste

trabalho, as membranas de acetato de celulose foram preparadas de modo que a sua

superfície (0,1 a 0,2 µm) era densa, sendo a responsável pela propriedade da rejeição do

sal, e o restante do filme da membrana era esponjoso e poroso com alta permeabilidade à

água, permitindo alto fluxo de água com baixa solubilidade salina (Folheto

HYDRANAUTICS, 2003). A técnica de preparação empregada deu origem à primeira

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membrana de acetato de celulose assimétrica ou anisotrópica, que possibilitava um fluxo

de água econômico e rejeição de sal com uma pressão moderada.

A partir deste período, a osmose inversa se tornou uma possibilidade prática

tornando-se competitiva, não somente para a dessalinização de água, mas em relação a

outros processos de tratamentos.

Na década de 60, com o trabalho de LOEB & SOURIRAJAN (1962) na

Universidade da Califórnia, foram desenvolvidas técnicas de preparação de membranas de

acetato de celulose e, inicialmente, foram produzidas com um polímero de diacetato de

celulose pelo processo de inversão de fase. Atualmente, este processo é amplamente

empregado no preparo de membranas comerciais, permitindo a obtenção de membranas

com diferentes morfologias e propriedades de transporte, embora atualmente seja

empregada uma mistura de diacetato e triacetato de celulose.

A técnica de inversão de fase para preparação de membranas dá origem a uma

estrutura sólida que contém duas camadas distintas: uma superficial e densa (pele), com

pouca porosidade, e uma estrutura porosa que, em princípio, tem pouco ou nenhum efeito

sobre a permeabilidade ou eficiência de separação da membrana, que dependeriam

unicamente da camada densa (NOBREGA et al., 2003).

As membranas de acetato de celulose foram as primeiras a ser usada largamente

em processos de osmose inversa até as membranas de poliamida de filme fino tornarem-se

disponíveis no mercado (Figura 18).

As membranas de poliamida são estáveis em uma faixa de pH mais abrangente do

que as de acetato de celulose, embora sejam suscetíveis à degradação oxidativa pelo cloro

livre, enquanto as membranas de acetato de celulose toleram níveis limitados de cloro

livre. Comparada à membrana de poliamida, a superfície da membrana de acetato de

celulose é macia e tem pouca carga de superfície (Folheto OSMONICS, 2001).

Devido à superfície neutra (do ponto de vista ácido-base) e à tolerância ao cloro

livre, as membranas de acetato de celulose têm performance mais estável do que as

membranas de poliamida em aplicações onde a água de alimentação tem um maior

potencial de "fouling".

Em todo caso, as membranas de OI devem ser hidrofílicas (que possui afinidade

por água) para absorver facilmente a água. Assim, as membranas de OI possuem grupos

funcionais polares (grupos de átomos com características de substâncias químicas

particulares que são presas à estrutura principal do polímero) que permitem às moléculas

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de água difundirem-se através da estrutura do polímero da membrana, o que não ocorre

com a maioria dos contaminantes.

Figura 18. Estruturas dos polímeros (tri-) acetato de celulose e da poliamida,

respectivamente A e B.

Fonte: Folheto Hydranautics, 2003.

O mecanismo de separação de água e sais por OI não é completamente entendido.

Certamente ele é distinto do mecanismo de filtração, onde há a remoção de partículas por

exclusão de tamanho, pois as partículas são maiores que os poros físicos do filtro,

enquanto que as moléculas de água podem se ajustar e atravessar os poros existentes.

Entretanto, nas membranas de OI, estes poros podem não existir fisicamente e há diversos

mecanismos propostos para o transporte através de membranas de OI (folheto

HYDRANAUTICS, 2003).

De qualquer forma, o princípio fundamental que governa a rejeição de espécies

químicas por membranas de OI é função da relativa afinidade química do contaminante

pela face da membrana (BUCLEY & WIESNER, 1996).

Os modelos de transporte em OI na literatura consideram: a) membranas

homogêneas ou não-porosas; b) membranas porosas; c) modelos termodinâmicos

irreversíveis (BHATTACHARYYA, 1992). Muitos destes modelos assumem difusão ou

fluxo de poro através da membrana (GRAHAN, 1861).

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O modelo de solução-difusão de transporte assume uma homogeneidade isenta de

poros na camada superficial da membrana. Deste modo, cada componente de uma solução

pressurizada se dissolve na membrana e então se difunde através dela. O fluxo de água e

sal através dela é separado, isto é, eles são independentes um do outro, e o transporte da

água através da membrana é mais rápido do que o sal (SUDAK, 1997).

Deste modo, o transporte da água através da membrana de OI é principalmente

dependente da diferença de pressão aplicada e da diferença de pressão osmótica através da

membrana, que é proporcional à concentração de sais no fluxo do processo. Como, de

modo geral, o fluxo do produto (permeado) sai da membrana perto da pressão atmosférica,

a diferença de pressão é aproximadamente igual à pressão de alimentação

(LAKSHMINARAYANAIAH, 1969).

Os mecanismos de rejeição de solutos iônicos e moléculas de baixo peso molecular

por membranas de OI ainda são objeto de controvérsia. Na prática, verifica-se que a

rejeição de íons nestas membranas depende essencialmente do tamanho do íon (somatória

das dimensões do átomo ionizado) e da(s) camada(s) de hidratação. Além disso, deveria

seguir a série liotrópica (rejeição crescente com tamanho de hidratação crescente), que

classifica íons segundo o tamanho. A série liotrópica prediz que as rejeições de cátions por

membranas de osmose inversa deveriam obedecer a seguinte ordem (SHAW, 1975):

Mg+2 > Ca+2 > Sr+2 > Ba+2 > Ra+2 > Li+1 > Na+1 > K+1 > NH4+1 > Cs+1,

e, similarmente, rejeição de íons negativos deveriam ocorrer na seguinte ordem:

SO4-2 > Cl-1 > Br-1 > NO3

-1 > I-1.

As séries liotrópicas servem como dispositivos benéficos para uma previsão

aproximada da rejeição de espécies iônicas dentro do contexto de um número de modelos.

Esta ordem pode não ser observada devido a outros processos químicos que tenham que

ser considerados como pares iônicos, complexação, alteração do tamanho das camadas de

hidratação, além de outros. Por exemplo, como ânion sulfato hidratado (SO4-2) de uma

solução de sulfato de sódio (Na2SO4) não se difunde, ou se difunde pouco pela membrana,

por outro lado, o cátion de sódio (Na+1) não penetra nela. Se o cloreto de cálcio (CaCl2) for

acrescentado naquela solução, o íon de sódio hidratado poderá se difundir através da

membrana já que o ânion cloreto (Cl-1) hidratado pode penetrar melhor a mesma

(KABSCH-KORBUTOWICZ & WINNICKI, 1996).

A rejeição de substâncias orgânicas por membranas de OI é algo mais complexo do

que a dos íons inorgânicos pois, embora muita atenção seja dada ao peso molecular como

prognóstico da rejeição, entram em jogo outras considerações como: características

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químicas (presença de certos grupos funcionais, polares ou não), tamanhos e forma da

molécula (uma molécula orgânica linear não penetrará a membrana tão facilmente quanto

uma cíclica, que é uma estrutura mais compacta) (LIGHT, 2000).

A rejeição de moléculas orgânicas polares de baixo peso molecular (<200 Dalton)

é maior do que as moléculas neutras, já que a OI depende, em grande parte, da capacidade

dessas substâncias de difundir, ou não, através da membrana. Além disso, o peso

molecular das substâncias orgânicas afeta esta difusão, e as de maior peso molecular se

difundem mais lentamente através da membrana reduzindo sua concentração no permeado.

Por exemplo, a remoção de ácidos orgânicos é melhor em altos pHs, quando grupos

funcionais estão ionizados.

De modo geral, para substâncias orgânicas, tem sido observado que:

a) em séries homólogas, a rejeição de substâncias orgânicas aumenta com o aumento do

peso molecular nas séries homólogas e com aumento de parte das moléculas de peso

molecular igual (MERTEN et al., 1968);

b) substâncias não-ionizáveis são rejeitadas por membrana de OI em menores extensões

do que são os compostos com grupos ionizáveis;

c) compostos fenólicos e substâncias policloradas (alguns inseticidas e herbicidas, por

exemplo) tendem a ser rejeitadas em menores proporções;

d) substâncias capazes de fazer ligações por pontes de hidrogênio (álcoois, aldeídos,

ácidos, uréia, por exemplo) tendem a ser removidas em menores extensões;

e) ácidos orgânicos e aminas são rejeitados melhor quando estão ionizados;

f) substâncias orgânicas polares tendem a ser removidas melhor por membranas não-

polares.

Os dados acima indicam que as membranas de OI têm potencial para tratamento de

efluentes no que tange à rejeição de íons inorgânicos e a possibilidade de retenção de

substâncias orgânicas. As principais desvantagens desta metodologia são o custo das

membranas, a necessidade de pré-tratamento dos efluentes, principalmente para a retenção

de sólidos em suspensão, e o fluxo de permeado que, por ser relativamente baixo, implica

em baixo rendimento de água tratada. Estes problemas têm sido estudados e, atualmente,

há membranas que permitem maiores fluxos de permeado e que também têm maior

estabilidade química frente a agentes oxidantes, o que contribui de maneira decisiva para

ampliação do campo de aplicação do processo de OI (CARVALHO, 2001).

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51

Em aplicações práticas, um sistema de OI é constituído não apenas pelo subsistema

de OI (bomba de alta pressão, vasos de pressão, membranas, válvulas e instrumentos),

projetado com o objetivo principal de se obter uma dada vazão de permeado,

minimizando-se a pressão de operação do sistema e permitindo que as membranas de OI

tenham a maior vida útil possível.

É importante, também, que exista um pré-tratamento para remoção de eventuais

sólidos em suspensão para que não ocorra precipitação de sais ou que ocorra um

crescimento de microorganismos sobre as membranas, o que torna fundamental o processo

de pré-tratamento, que pode reduzir os custos operacionais do sistema.

Um dos problemas mais críticos na operação de um sistema de OI é a possibilidade

de entupimento das membranas, que pode ser causado por várias substâncias, como:

hidróxidos metálicos, colóides, partículas, substâncias orgânicas, biológicas e precipitação

de sais pouco solúveis. Procedimentos de limpeza química podem ser efetivos no processo

e podem exercer grande influência no desempenho do sistema de purificação de água

como um todo. Mas esta limpeza não deveria se transformar em substituto de um pré-

tratamento adequado, já que o desempenho das substâncias usadas para limpeza não é

completo, podendo, em alguns casos, afetar o rejeito de sais da membrana.

5.2 – Pré-tratamento:

De modo geral e dependendo da escala, fazendo-se um pré-tratamento adequado

um equipamento de OI não deverá ser limpo mais de uma vez ao ano e a vida útil das

membranas poderá alcançar de três a sete anos.

O pré-tratamento pode incluir algumas das seguintes etapas:

• Filtração por cartucho;

• Eliminação de cloro;

• Abrandamento;

• Ajuste de pH;

• Coagulação / Filtração;

• Ultrafiltração;

• Microfiltração;

• Além de outros.

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52

O tipo de pré-tratamento a ser adotado é função das características da corrente a ser

submetida ao processo de OI, podendo ser necessário utilizar uma combinação dos

processos citados acima.

A estimativa do “fouling”, que é essencial em todos os projetos de membrana,

assume importância especial em sistemas de NF e OI, onde depósitos e entupimentos são

críticos. O índice mais utilizado para determinação de “fouling” é o SDI (silt density

index), conforme Tabela 15.

Tabela 15. Valores limites de índices de “fouling” para operação de membranas de NF e

OI.

Membrana Índice de “fouling” (SDI)

SDI (s -1)

Nanofiltração 0 – 3

Osmose inversa 0 – 2

Fonte: Adaptado de Taylor & Jacobs, 1996.

Vários trabalhos foram realizados comparando processos convencionais de

tratamento de água com processos baseados em membranas, principalmente, em função de

custos e seletividades.

VAN DER HOEK et al. (2000), por exemplo, avaliaram como alternativa ao

tratamento convencional um sistema de OI em combinação com os sistemas de pré-

tratamento existentes em uma ETA para extensão da capacidade de produção de água. Os

resultados revelaram uma redução nos custos de operação em termos de reagentes

químicos adicionados ao processo e uma redução dos impactos ambientais sem perda de

produtividade.

ERICSON & TRAGARDH (1996) e ERICSON et al. (1996) comparam a

eficiência de tratamento de um sistema convencional por floculação, sedimentação e

filtração rápida em areia com processos de separação por membranas com e sem pré-

tratamento. Seus resultados levaram à conclusão de que a melhor opção era o tratamento

por membranas, principalmente na remoção de carbono orgânico dissolvido (COD), além

de outros trabalhos existentes na literatura.

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53

“...a água é para o mundo, o mesmo que o sangue é para o nosso corpo e, sem

dúvida, mais: ela circula segundo regras fixas, tanto no interior quanto no exterior

da Terra, ela cai em chuva e neve, ela surge do solo, corre em rios, e depois

retornam aos vastos reservatórios que são os oceanos e mares que nos cercam por

todos os lados...”

Leonardo Da Vinci

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54

CAPÍTULO 6:

OBJETIVOS

6.1 – Objetivo Geral:

O presente estudo tem como objetivo investigar a utilização do processo de osmose

inversa para reuso de água de purga das torres de resfriamento da Petrobras/Reduc.

6.2 – Objetivos Específicos:

1) caracterização físico-química da água de purga daquela unidade, visando verificar a

necessidade de um pré-tratamento da mesma antes de submetê-la a osmose inversa;

2) implementação de metodologia para a avaliação de membranas de OI;

3) avaliação das características de interesse de duas membranas de OI comerciais;

4) avaliação das condições de operação do sistema com as membranas estudadas;

5) seleção da membrana adequada para as necessidades daquela unidade industrial;

6) avaliação de processos de separação por membranas em água de purga das torres de

refrigeração, com pré-avaliação de condições operacionais para teste em unidade-

piloto.

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55

CAPÍTULO 7:

MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo descreve-se todo o trabalho experimental desenvolvido em

laboratório e a montagem da unidade de permeação utilizando membranas densas e

assimétricas de acetato de celulose e poliamida.

7.1 – Unidade de Tratamento por Membranas em Escala de Bancada:

Uma unidade de bancada montada no Laboratório de Reuso de Águas (LARA),

localizado na Petrobras/Cenpes, foi empregada na avaliação e caracterização das

membranas e no tratamento de um efluente típico das torres de resfriamento. Esta unidade

permitia a operação em fluxo contínuo, com reciclagem ou retirada do permeado com

conseqüente aumento de concentração de espécies químicas na água de alimentação

(Figura 19). Através deste recurso foi estudada a redução do fluxo de permeado através da

membrana com aumento da concentração de NaCl na água de alimentação, o que permitiu

avaliar a queda de fluxo pela compactação da membrana.

Figura 19. Esquema da unidade de teste e caracterização de membranas de osmose

inversa e tratamento de efluentes empregada neste estudo.

RotâmetroConcentrado

Alimentação

Permeado

Vaso dealimentação

Amostragem paraavaliar concentação

Permeado:Amostragem paraavaliar variação da condutividade e da vazão ao longo do tempo. O volume acumuladode permeado também deverá ser monitorado.

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56

Uma bomba de recirculação do tipo pistão (CAT Pumps, modelo 271, vazão

máxima de 670 L/h e pressão máxima 25 kgf/cm2) foi usada para bombear o efluente

através da célula. Um amortecedor de pulsação, consistindo em uma garrafa de aço

inoxidável com capacidade de 1.500 mL, foi acoplado à bomba. A vazão de alimentação

foi controlada por uma válvula agulha e medida com rotâmetro OMEL de capacidade de

1.000 L/h. Um regulador de pressão, com manômetro na faixa de 0 a 40 kgf/cm2 foi usado

para ajustar a pressão a jusante do sistema. Para segurança do sistema e de sua operação,

uma válvula de alívio de pressão (PSV) foi regulada em 26 kgf/cm2.

Um tanque de alimentação em aço inoxidável, com capacidade de

aproximadamente 10 litros, foi usado para operação do módulo de osmose inversa com

alimentação interna. Uma serpentina em aço inoxidável, colocada dentro do tanque de

alimentação e alimentada com água corrente foi empregada no controle da temperatura do

efluente.

Para a medida da vazão do permeado, utilizou-se proveta de 100 mL, com precisão

de 0,1 mL. O tempo necessário para obtenção de um determinado volume de permeado era

medido com um cronômetro de precisão de 0,1 seg. (Mondaine, USA), determinando-se

vazão pela razão entre volume recolhido e o tempo gasto na coleta.

As membranas foram ajustadas a uma célula plana circular totalmente construída

em aço inoxidável, inclusive o meio poroso, com área de 100 cm2. A vedação desta célula

era realizada através de anéis (o-ring) de silicone (Figura 20). A parte interna inferior do

compartimento da célula tinha formato de um dreno cônico que permitia a saída de

permeado sem acúmulo de solução na célula.

7.2 – Membranas Utilizadas:

Foi feita uma pré-seleção e conseqüente aquisição de amostras de membranas

comerciais planas de OI para teste no sistema descrito. A pré-seleção teve como base a

composição do efluente de interesse e as características desejadas para o permeado,

considerando principalmente as especificações nominais de permeabilidade e seletividade

das membranas (Tabela 16).

Foram utilizadas membranas de duas composições distintas neste estudo: a) acetato

de celulose e b) poliamida. A membrana de acetato de celulose foi escolhida por ser

composta de um material tradicional e versátil, com matéria-prima abundante, além de ter

maior resistência química a cloro livre e apresentar um custo menor do que as membranas

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57

de poliamida. A membrana de poliamida, embora seja composta por material de maior

preço, foi utilizada para se fazer uma comparação com as membranas de acetato de

celulose pois, em muitos casos, é possível se encontrar no mercado membranas de

poliamida com altas taxas de rejeição salina. Também foi considerado que as membranas

de poliamida têm faixas mais amplas de operação em termos de temperatura, pressão e

pH.

Figura 20. Fotografia da célula utilizada para instalação das membranas de osmose

inversa empregada neste estudo durante sua caracterização e estudo.

Tabela 16. Características das membranas de osmose inversa estudadasa.

Membrana OI-1 OI-2

Composição Poliamida Acetato de Celulose

Tipo Seawater (SW) Brackwish water (BW)

Configuração Plana Plana

Rejeição (% NaCl) > 95 > 99,5

Fluxo água L/(h.m2) 115 – 155 n.i.

Faixa de pH 2 – 11 4 -10

Faixa de temperatura (ºC) 0 – 60 0 – 45

Faixa de pressão (bar) 0 – 60 0 – 42

Limite de tolerância a cloro

livre (ppm)

0 – 0,1 0 – 1,0

a fornecidas pelo fabricante.

n.i. – não informada pelo fabricante.

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58

7.3 – Efluente Industrial Testado:

O efluente aqui estudado foi coletado em julho de 2004, da purga da torre de

resfriamento da unidade U-1361 da Petrobras/Reduc. Este efluente foi transportado e

mantido sob refrigeração no LARA. A sua composição é semelhante à média histórica dos

efluentes daquela torre de resfriamento, segundo levantamento de dados realizados no

início deste estudo.

Previamente ao tratamento por OI, este efluente sofreu um pré-tratamento de

microfiltração em membrana específica para remoção de sólidos em suspensão, óleos e

graxas. Em seguida, foi feita a remoção de cloro livre por aeração, com agitação a 100 rpm

por 10 minutos em um equipamento denominado “jar-test” (Nova Ética, Brasil).

7.4 – Análises Realizadas:

Tanto o efluente da purga da torre de refrigeração quanto o permeado da osmose

inversa foram analisados como descrito abaixo.

Espectrometria de emissão com fonte de excitação de plasma indutivamente

acoplado (ICP-OES) foi utilizada na determinação de vários elementos, por exemplo,

Ca+2; Na+1; Zn+2; Fe+2; K+1, além de outros. As determinações foram realizadas no

Laboratório da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, no Departamento de

Química Analítica da PUC, segundo convênio específico com a Petrobras. Foi empregado

um equipamento OPTIMA 3300 DV (Perkin Elmer-Sciex, EUA) capaz de fazer a

varredura do espectro de 165 a 782 nm, com resolução de 0,006 nm em 200 nm, dotado de

detectores de estado sólido para as faixas do UV (165 - 403 nm) e visível (408 - 782 nm).

As concentrações das espécies químicas na amostra foram obtidas pela

interpolação dos valores de intensidade em curvas analíticas construídas a partir de

soluções-padrão preparadas por diluição em água ultrapurificada (Milli-Q) de padrões da

Perkim Elmer. As condições de operação do ICP-OES foram as da Tabela 17.

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Tabela 17. Parâmetros instrumentais e condições analíticas do ICP-OES.

Parâmetro Valor (es)

Potência 1300 watts

Vazão de gás no plasma 15 L/min

Vazão de gás auxiliar 1 L/min

Vazão de gás do nebulizador 0.925 – 0975 L/min.

Taxa de sucção de solução 1 mL/min

Sistema de introdução de amostra Câmara de nebulização com fluxo cruzado

Tempo de lavagem 35 segundos @ 24 rpm

Tempo de chegada de amostra 25 segundos @ 24 rpm

Tempo de equilíbrio 10 segundos @ 24 rpm

Número de leitura/replicata 1

Número de replicata 3

Visão de tocha Radial

Altura de visão de tocha 15 mm acima da bobina de indução

As condutividades das soluções (alimentação do concentrado e do permeado)

foram determinadas com condutivímetro Metrohm 644 (Suíça), usando-se célula de

condutividade com constante de 0,094 cm-1. Como a condutividade de uma solução

depende da constante da célula (e, portanto, de suas características geométricas) e da

temperatura da solução analisada, a mesma célula foi empregada em todas as medidas de

condutância que foram realizadas em temperaturas próximas a 25oC. O teor de cloreto foi

determinado indiretamente por medida da condutividade das soluções e comparação com a

curva de calibração construída com soluções de NaCl de concentração conhecida.

Dados típicos da calibração, que deram origem à curva de calibração como a da

Figura 4, são apresentados na Tabela 18.

Para correção dos valores de condutividade, foram utilizadas as Equações (10),

(11) e (12):

C = L x E x K x fT (para a escala em µS/cm) (10)

C = L x E x K x fT x 1000 (para a escala em mS/cm) (11)

onde:

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C = condutividade expressa em µmho/cm ou µS/cm;

L = leitura (adimensional);

E = escala expressa em µS/cm ou mS/cm;

K = constante da célula expressa em cm-1;

fT = fator de multiplicação da temperatura.

[NaCl] = C x f[NaCl] (12)

onde:

[NaCl] = concentração de NaCl;

C = condutividade expressa em µmho/cm ou µS/cm;

f[NaCl] = fator de correção, calculado por interpolação de curva.

Tabela 18. Condutividade de soluções de NaCl utilizadas para a determinação da

condutividade e de cloreto nas soluções estudadas.

Concentração de NaCl

(mol/L)

Concentração

(ppm)

Condutividade

(µS/cm)

0,001 58,5 124

0,002 116,9 355

0,005 292,4 600

0,02 1169,0 1739

0,03 1753,5 3164

0,07 4091,5 6999

0,1 5845,0 9212

Os valores de pH das soluções estudadas foram determinados com um

potenciômetro Thermo Orion 520 (Suíça) e eletrodo de vidro combinado e calibração com

dois pontos, com soluções tampão de pHs 4,00 e 7,00, com correção de temperatura. Não

foram feitas correções de força iônica.

Ânions majoritários (F-1, NO3-1, NO2

-1, SO4-2, PO4

-3) foram determinados por

cromatografia de íons em cromatógrafo DX-500 (DIONEX, EUA) com detecção

condutimétrica no laboratório da Petrobras/Cenpes, na Gerência de Química.

O teor de cloro livre foi determinado por colorimetria, utilizando-se um kit de

cloro (Merck, Alemanha), que em soluções ácidas dá origem a uma coloração fortemente

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amarelada que é comparada com uma escala de cores dadas para soluções de diversas

concentrações. O teor aproximado de cloro livre é dado diretamente em mg/L.

y = 0,6126xR2 = 0,9953

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

0 2000 4000 6000 8000 10000

CONCENTRAÇÃO NaCl (ppm)

COND

UTIV

IDAD

E (µ

S/cm

)

Figura 21. Curva de calibração típica obtida para a determinação da concentração de

NaCl nas soluções estudadas.

A quantidade de sólidos suspensos foi estimada através do Silt Density Index

(SDI), que é comumente usado devido à sua simplicidade para estimar o potencial de

ocorrência de depósito (fouling) de um efluente, e que tem sido empiricamente

correlacionado com esta tendência em águas a serem tratadas por OI. O teste indica a

quantidade de sólidos suspensos na água, mas como o tamanho das partículas pode variar

ele não representa uma medida absoluta da quantidade de sólidos em suspensão. O SDI foi

determinado por filtração, segundo o procedimento descrito por RAUTENBACH &

ALBRECHT (1989), em sistema constituído por uma célula de aço inoxidável e

membrana de acetato de celulose (Millipore®) de 0,45 µm de diâmetro de poro. Foi

empregado um sistema de filtração montado no Laboratório de Processos de Separação

por Membranas (PAM) da COPPE/UFRJ, segundo convênio específico com a Petrobras,

esquematizado na Figura 22.

O efluente é submetido a uma pressão de 30 psi. No início da primeira coleta de

filtrado a válvula para recirculação ou válvula para coleta do filtrado (válvula 6) é mantida

fechada, de modo a garantir a filtração “dead end”, e assim se manteve até o final do teste.

O filtrado foi coletado e o tempo necessário para filtração de um volume de 100 mL foi

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62

determinado (t1). O procedimento foi repetido após 5 min (t5). O SDI foi calculado pela

Equação (13).

tt

t

SDI t

−⋅=

11100 (13)

onde:

t1 - tempo necessário para recolher o volume de filtrado no início do teste;

tt – tempo necessário para recolher o volume de filtrado após 5 minutos de teste;

∆t - tempo decorrido entre o início do primeiro teste e o início da segundo teste.

1. Tanque da alimentação2. Bomba3. Célula de permeação4. Medidor de pressão5. Válvula reguladora de pressão6. Válvula para coleta do permeado

1. Tanque da alimentação2. Bomba3. Célula de permeação4. Medidor de pressão5. Válvula reguladora de pressão6. Válvula para coleta do permeado

1. Tanque da alimentação2. Bomba3. Célula de permeação4. Medidor de pressão5. Válvula reguladora de pressão6. Válvula para coleta do permeado

Figura 22. Representação esquemática do sistema utilizado na determinação do SDI.

A alcalinidade, dureza total, sílica solúvel e sílica total foram determinadas no

Laboratório de Análise Ambiental e Mineral (LAM) da UFRJ, segundo convênio

específico com a Petrobras.

A alcalinidade da água é comumente expressa em teor de carbonato de cálcio, e se

baseia na neutralização por titulação com uma solução de ácido padronizado. A

alcalinidade obtida desta forma depende do pH do ponto final da titulação. Um pH menor

que 4,3 indica a não-existência de carbonatos e bicarbonatos; sendo a sua alcalinidade

considerada igual a zero. Um pH entre 4,3 e 8,3 indica que a alcalinidade é devida aos

bicarbonatos da amostra, enquanto valores de pHs entre 8,3 e 10,8 indicam a presença

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63

simultânea de bicarbonatos e carbonatos. A indicação do ponto final da titulação foi

realizada através de eletrodo combinado de pH.

A dureza foi determinada por titulação com soluções-padrões de EDTA preparadas

por dissolução de seu sal disódico e indicação de ponto final com indicador negro de

eriocromo-T. A dureza foi expressa como mg de CaCO3/L.

A sílica total foi determinada por gravimetria após adição de ácido clorídrico

concentrado e aquecimento, levando-se a mistura à evaporação e depois a peso constante.

A sílica solúvel geralmente se encontra presente nas águas na forma de ácido

silícico e silicatos solúveis. Sua determinação foi realizada por espectrofotometria de

absorção molecular, em tempo determinado, no comprimento de onda de 410 nm através

da formação de um complexo amarelo com molibdato em meio ácido.

O teor de óleos e graxas foi determinado através do equipamento HORIBA

(modelo OCMA 350, EUA), que é um espectrofotômetro de infravermelho dedicado. A

extração de componentes alifáticos e aromáticos da água contendo óleos é realizada com o

solvente S-316 (à base de freon), adquirido de fornecedores específicos. Este equipamento

faz medida de absorbância no infravermelho, na faixa de comprimento de onda entre 3,4 e

3,5 µm. A medição do teor de óleos e graxas foi realizada no LARA e obtida por

comparação com um óleo de composição conhecida.

O Índice de Langelier foi calculado através de um programa de software que está

sendo desenvolvido pela COPPE/UFRJ, levando-se em conta a composição dos efluentes

da água de purga. Os valores encontrados foram comparados com os valores da Tabela 3

(DREW, 1979; DANTAS, 1988). Como discutido anteriormente, este índice oferece uma

estimativa do potencial corrosivo ou incrustante de determinada água.

7.5 – Testes Realizados, Condições Operacionais e Avaliação do Desempenho das

Membranas Escolhidas:

Os testes em escala de bancada tiveram por objetivo: a) estabelecer as faixas de

condições de operação para a operação futura em escala piloto; b) avaliar o desempenho

das membranas comerciais selecionadas, sem pré-tratamento específico do efluente; c)

comparar os valores da rejeição dos componentes majoritários na água de purga com a

composição do efluente antes do tratamento com a composição do permeado.

As condições hidrodinâmicas de operação foram otimizadas através de estudos da

influência da velocidade tangencial da alimentação do efluente e da pressão de operação.

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64

Nesta etapa, os testes foram realizados com água ultrapurificada (Milli-Q, Millipore,

EUA) e, em seguida, visando avaliar a influência da presença de sais nos resultados

obtidos, novos estudos foram realizados com solução de NaCl (PA, VETEC, Brasil)

preparada em água ultrapurificada.

Para caracterização das membranas estudadas neste trabalho, os parâmetros da Tabela 19

foram avaliados.

Tabela 19. Parâmetros avaliados no estudo das membranas de OI.

TESTES PRELIMINARES

Unidade de permeabilidade: 1 L.cm2/(kgf/m2.h) = 2,83 e-12 m2.s/kg

QL [L/h]; vazão de alimentação da célula

P [kgf/cm2]: pressão de operação da célula

QPEQ [L/h]: vazão de permeado no equilíbrio

JPEQ [L/(m2.h)]: fluxo de permeado no equilíbrio

Kágua [L.cm2/(m2.h.kgf)]: permeabilidade da membrana com água pura

Área da membrana = 100 cm2 = 0,01 m2

As membranas planas utilizadas neste estudo foram de acetato de celulose e de

poliamida do tipo brackwish e seawater, respectivamente. As mesmas foram compactadas

em três pressões (20, 15 e 10 kgf/cm2) e numa vazão de alimentação de 450 L/h, com água

ultrapurificada (Milli-Q). A compactação das membranas é uma fase obrigatória do

processo e tem como objetivo minimizar alterações na estrutura das membranas durante os

ensaios. Todos os testes de compactação foram efetuados a 25ºC.

As pressões foram escolhidas dentro do patamar de economia desejada, isto é, não

se desejava elevar muito a pressão. Caso contrário, teria-se um gasto energético muito

alto. Além disso, a bomba do sistema era de no máximo 25 kgf/cm2. Portanto, estas

pressões foram definidas dentro de um padrão mínimo para um bom rendimento de fluxo

de permeado da membrana e com um controle eficaz da bomba que seria no máximo de 20

kgf/cm2.

As taxas de alimentação também foram definidas dentro desta visão, isto é, 50 L/h

mínimo, 150 L/h intermediário e 450 L/h máximo, já que o máximo de vazão de

alimentação que poderia se ter no sistema seria de 670 L/h. Era importante controlar a

vazão de alimentação para que não se tivesse o efeito de “golfadas”.

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65

A variação de pressão permitiu avaliar a taxa de compactação das membranas. As

medidas começaram com 20 kgf/cm2, pois a compactação e a mudança de densidade

também seriam mais significativas. A vazão de alimentação foi inicialmente mantida em

450 L/h devido à menor concentração de polaridade esperada, e também por ser a vazão

de alimentação mais alta possível de se controlar na montagem experimental (Figura 19).

Nestas condições, a compactação da membrana, até a obtenção de fluxo permeado

constante, levava em torno de 36 horas para ambas as membranas.

Durante a compactação foram medidos os fluxos de permeado em cada uma das

pressões utilizadas, o que permitiu estimar a permeabilidade hidráulica em cada pressão e

o fluxo do permeado no equilíbrio, ou seja, ao término da compactação. Foram medidos

volumes de 100 mL do permeado até se obter um tempo constante, sendo utilizada a

Equação (14) para fluxo e (15) para permeabilidade.

Após ter sido obtido este valor foi construída uma curva referente ao coeficiente

angular da linha reta, que é proporcional à permeabilidade (K), curva esta gerada através

das pressões utilizadas versus fluxo de permeado obtido para cada pressão. Estes testes

foram conduzidos à temperatura ambiente.

Após a etapa de compactação com água ultrapurificada iniciou-se a compactação

com solução salina de NaCl, com concentração aproximada de 2.500 ppm, para se avaliar

a permeabilidade hidráulica e a rejeição salina (NaCl) das membranas estudadas e para se

fazer uma avaliação inicial dos seus desempenhos. Nesta etapa foram realizadas nas

vazões de 450, 150 e 50 L/h e nas pressões de 20, 15 e 10 kgf/cm2. Estes resultados

permitiram estimar a permeabilidade (K), o fluxo de permeado (Jp) e a vazão do permeado

no equilíbrio (QPEQ), gerando com isto curvas relativas a cada vazão versus as pressões

utilizadas. Estes testes foram conduzidos à temperatura ambiente.

Também foram realizados testes para os quais se concentrava a alimentação, ou

seja, o permeado foi recolhido por um certo período de tempo e não voltou à alimentação.

Após este procedimento esperou-se um período de tempo em que o permeado foi re-

circulado para o tanque de alimentação até o fluxo se estabilizar. Neste período,

pretendeu-se obter a estabilização das condições de operação em termos de pressão,

temperatura e concentração da corrente de alimentação e do permeado. Depois de

estabilizado, foram retiradas amostras do permeado e do concentrado e foi medida a sua

respectiva condutividade.

Antes e após o recolhimento do permeado, em torno de 200 mL, foi retirada uma

alíquota da solução de alimentação, em torno de 500 mL, e suas condutividades foram

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66

determinadas. Estes resultados permitiram avaliar a variação da permeabilidade e a

rejeição das membranas estudadas com o aumento da concentração salina na alimentação.

O fluxo volumétrico (Jp) de água permeada foi determinado medindo-se o tempo

de permeação necessário, em cronômetro, para se obter um determinado volume de

permeado e calculado através da Equação (14):

Jp = Vp / (t. Am) (14)

onde:

Jp = fluxo de permeado no equilíbrio [L /(h.m2)];

Vp = volume de permeado (L/h);

t = tempo de permeação (h);

Am = área da membrana (m2).

A permeabilidade hidráulica (K) das membranas foi calculada com a Equação (15):

K = Vp / (t. Am . P) (15)

onde:

P = pressão aplicada (kgf/cm2).

Os ensaios de concentração foram efetuados com recirculação do permeado para o

tanque de alimentação. Quando foi atingido um volume de permeado correspondente a

uma determinada taxa de recuperação da água salina e do efluente de teste, deixou-se

estabilizar todo o sistema, foi recolhida uma amostra da alimentação e uma do permeado,

e foram medidas as respectivas condutividades. Ao final, o ensaio prosseguiu até o fator

de concentração seguinte.

A (%R) de rejeição é dada pela Equação (16):

%R = 100 x (Vp / Va) (16)

onde:

%R = % de rejeição;

Vp = volume de permeado;

Va = volume de alimentação.

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67

Com os valores obtidos nos ensaios com a água ultrapurificada e com a água

salina, foram otimizadas as condições operacionais, designando a pressão (∆P) e

velocidade de circulação (alimentação).

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68

CAPÍTULO 8:

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A primeira etapa deste estudo consistiu na determinação do SDI, tendo sido

utilizada a montagem experimental representada na Figura 22, e o teor do cloro livre,

determinado por colorimetria, sendo que os valores determinados foram 13,97 e 0,2 ppm,

respectivamente. O SDI varia de zero, o que significa que o efluente é limpo, até 20 (t = 5

min.), 6,66 (t = 15 min.) ou 4 (t = 25 min.), valores estes que correspondem a um tempo de

filtração infinito, indicando que o efluente é muito sujo. Nesta última condição, o efluente

tem elevado potencial de provocar “fouling” na superfície da membrana. Como estes

valores poderiam afetar as membranas de OI comerciais estudadas, o efluente sofreu um

pré-tratamento como descrito no Capítulo 7. Após o pré-tratamento, o teor de cloro livre e

SDI foram determinados novamente no efluente, chegando aos seguintes valores: 0,0 para

SDI e 0,0 ppm para cloro livre.

A segunda etapa consistiu na determinação das permeabilidades hidráulicas (K)

relativas às compactações das membranas de OI estudadas. Foi utilizada água

ultrapurificada (MilliQ), e com isto foram obtidas as permeabilidades intrínsecas das

mesmas, tendo sido utilizada a montagem experimental representada na Figura 19. Como

descrito anteriormente, foi empregada uma vazão de alimentação constante (450 L/h), em

várias pressões (10, 15 e 20 Kgf/cm2).

Nas Tabelas 20 e 21 apresenta-se uma comparação dos fluxos de permeados de

água ultrapurificada em função do tempo para as pressões de operação estudadas.

Como se pode observar, a compactação das membranas resulta em declínio de

fluxo e tem efeito mais pronunciado no período inicial da pressurização. Depois de algum

tempo, o fluxo de permeado através das membranas de OI tende a ter uma menor variação,

o que pode ser observado em cada uma das pressões estudadas.

Este fato é devido à compactação das membranas, que se torna a maior possível

para aquela condição de operação. A compactação resultante da exposição das membranas

a uma alta pressão resulta no aumento da densidade do material das membranas

(compactação consolidada), diminuindo a taxa de difusão da água e, eventualmente, de

componentes dissolvidos através da mesma. Como resultado da compactação, uma pressão

mais alta tem que ser aplicada para que o fluxo de permeado seja mantido ou aumentado.

O efeito de compactação é muito significativo em membranas de poliamida e acetato de

celulose.

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69

8.1- Testes de Fluxo e Permeabilidade com Água Ultrapurificada (MilliQ):

Tabela 20. Caimento do fluxo de permeado com o tempo em várias pressões na

membrana de poliamida (OI – 1).

Pressão – 20 kgf/cm2 Pressão – 15 kgf/cm2 Pressão – 10 kgf/cm2

Fluxo

(L/(h.m2))

Tempo (h) Fluxo

(L/(h.m2))

Tempo (h) Fluxo

(L/(h.m2))

Tempo (h)

106 0,0 56 25h 43 32h30’

97 2h 56 26h 42 34h

89 3h30’ 55 26h30’ 41 35h

88 5h15’ 53 27h 41 36h

86 6h 52 27h15’

85 7h 52 27h30’

85 7h15’

85 8h

80 9h20’

81 10h

Tabela 21. Caimento do fluxo de permeado com o tempo em várias pressões na

membrana de acetato de celulose (OI-2).

Pressão – 20 kgf/cm2 Pressão – 15 kgf/cm2 Pressão – 10 kgf/cm2

Fluxo

(L/(h.m2))

Tempo (h) Fluxo

(L/(h.m2))

Tempo (h) Fluxo

(L/(h.m2))

Tempo (h)

25 0,0 19 7h30’ 12 11h30’

25 30’ 19 8h30’ 12 24h

24 2h30’ 11 27h

23 3h30’

23 4h

Como esperado, o fluxo de permeado através de ambas as membranas aumenta

com a pressão, embora de forma diferente para cada uma. O fluxo na membrana de

poliamida (OI-1) depende fortemente da pressão de alimentação, enquanto que na de

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70

acetato de celulose (OI-2) o fluxo de permeado aumenta pouco com a pressão. Estes

resultados estão de acordo com o esperado, pois, de modo geral, o efeito de compactação é

muito significativo em membranas assimétricas de celulose e de poliamida (Folheto

HYDRANAUTICS, 2003).

A redução de fluxo foi mais acentuada na membrana de poliamida (OI-1) do que

na de acetato de celulose (OI-2). Esta diminuição do fluxo de permeado tanto na

membrana de poliamida (OI-1) como na de acetato de celulose (OI-2) pode ter duas causas

distintas: fenômeno de polarização de concentração ou adsorção junto à superfície da

membrana.

O coeficiente angular da reta corresponde à permeabilidade intrínseca (K) da

membrana. Como pode se observar na Figura 23, a permeabilidade da membrana de

poliamida (OI-1), (K = 4,0 L/h.m2(kgf/cm2) é maior do que a da membrana de acetato de

celulose (OI-2), (K = 1,20 L/h.m2(kgf/cm2), indicando uma menor resistência à permeação

da água naquela membrana. A principal conseqüência deste fato, de interesse para o

objetivo deste estudo, é a possibilidade de utilização da membrana de poliamida em

menores pressões de trabalho, o que reduz, conseqüentemente, os custos operacionais

numa unidade industrial que possibilita a utilização de menores pressões de trabalho e,

conseqüentemente, menores gastos de energia.

.

Figura 23: Curvas de fluxo (L/(h.m2)) contra pressão (kgf/cm2) para as membranas OI-1 e

OI-2 com água ultrapurificada. Pressão de 10, 15 e 20 kgf/cm2 e vazão de 450 L/h.

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20 25Pressão (kgf/cm2)

Flux

o (L/

h.m

2 )

OR-1 K = 4,0R = 0,971

OR-2 K = 1,20R = 0,996

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71

8.2 – Testes de Fluxo e Permeabilidade com Água de Concentração Salina Conhecida:

As membranas, uma vez compactadas, foram então utilizadas nos testes de

permeação com soluções de NaCl, com concentração aproximada de 2.550 ppm para que

suas permeabilidades hidráulicas e as rejeições salinas sejam avaliadas. Em princípio, seria

esperada menor variação dos tempos de compactação, pois as mesmas já haviam sido

compactadas com água ultrapurificada (MilliQ) (compactações consolidadas).

As medidas foram realizadas em diferentes vazões de alimentação, em fluxo

cruzado (50, 150 e 450 L/h), nas pressões (10, 15 e 20 kgf/cm2) e em 25ºC.

Os gráficos de fluxo de permeado versus pressão de alimentação para estas

membranas encontram-se nas Figuras 24 e 25. O fluxo de permeado aumenta com a

pressão em ambas as membranas sendo, entretanto, menor que para a água pura.

No caso da membrana de poliamida (OI-1), observa-se também que, com a solução

de NaCl, maiores fluxos de permeado são obtidos nas maiores vazões de alimentação. Os

resultados obtidos indicam, também, que pressões cada vez mais elevadas são necessárias

para a obtenção do mesmo fluxo de permeado em menores vazões de alimentação. Estes

resultados estão claramente relacionados à permeabilidade hidráulica da membrana,

determinada a partir do coeficiente angular das curvas, que mostrou uma tendência de

aumento com a vazão de alimentação. Também pode ser observado que a variação na

permeabilidade hidráulica para as vazões de 450 e 150 L/h é relativamente pequena.

Figura 24 – Curvas de fluxo (L/(h.m2)) contra pressão (kgf/cm2) para caracterização da

permeabilidade hidráulica da membrana de poliamida (OI-1) com água ultrapurificada e

solução salina (~2550 ppm) em diferentes pressões e vazões de alimentação.

0102030405060708090

0 5 10 15 20 25

Pre s são (k gf/cm ²)

Flu

xo (L

/h.m

²

Á gua salina 450L/h Água salina 150 L/h

Á gua salina 50 L/h Água MiliQ

k = 2,5 L.cm ²/(m ².h.kgf)k = 2,7 L.cm ²/(m ².h.kgf)

k = 2,0 L.cm ²/(m ².h.kgf)k = 4,0 L.cm ²/(m ².h.kgf)

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72

A vazão de 150 L/h foi empregada nos demais estudos, pois permitia um bom

controle da pressão de alimentação (devido às limitações da instrumentação usada) e

vazões relativamente altas de permeado.

No estudo da compactação da membrana de acetato de celulose (OI-2) com

solução de NaCl, foram empregadas as mesmas condições de operação utilizadas para a

membrana de poliamida (OI-1), para possibilitar comparação direta de resultados.

Em relação à membrana de acetato de celulose (OI-2), pode-se constatar que, com

a solução de NaCl, conseguiu-se gerar maiores fluxos de permeado nas maiores vazões de

alimentação. Também, foram obtidos resultados que indicam que são necessárias pressões

cada vez mais elevadas para conseguir o mesmo fluxo de permeado em vazões menores.

Chegou-se, então, à conclusão que os resultados estão relacionados à permeabilidade

hidráulica da membrana, determinada a partir do coeficiente angular das curvas e foi

constatada uma tendência de aumento com a vazão de alimentação. Pode-se, também,

observar que existe uma pequena variação na permeabilidade hidráulica para as vazões de

450 e 150 L/h.

Figura 25. Curvas de fluxo (L/(h.m2)) contra pressão (kgf/cm2) para caracterização da

permeabilidade hidráulica da membrana de acetato de celulose (OI-2) com água

ultrapurificada e solução salina (~2550 ppm) em diferentes pressões e vazões de

alimentação.

0

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25

Pressão (kgf/cm²)

Flux

o (L

/h.m

²)

Água salina 450L/h Água salina 150 L/h

Água salina 50 L/h Água MiliQ

k = 1,0 L.cm²/(m².h.kgf)k = 1,1 L.cm²/(m².h.kgf)

k = 1,0 L.cm²/(m².h.kgf)k = 1,2 L.cm²/(m².h.kgf)

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73

As comparações dos resultados obtidos com as duas membranas estudadas indicam

que a de poliamida (OI-1) tem maior permeabilidade a soluções de NaCl do que a de

acetato de celulose (OI-2). A redução da permeabilidade de membranas de OI com o

aumento da concentração de sais é esperada e pode ser causada por alguns fatores: a)

aumento da pressão osmótica, próximo à superfície da membrana, decorrente do efeito de

polarização de concentração, já que a solução em camadas próximas à sua superfície se

torna cada vez mais elevada; b) deposição de sais na superfície da membrana também em

concentrações elevadas de sais dissolvidos; c) resistências internas da membrana,

indicando que melhor rendimento de operação pode ser obtido se a OI for associada a

algum pré-tratamento da solução ou do efluente.

O efeito da concentração de NaCl na solução de alimentação na permeabilidade

das membranas foi avaliado igual nas vazões anteriores (50, 150 e 450 L/h), pressão

constante de 20 kgf/cm2. Foram usadas concentrações de NaCl entre 270 a 8.133 ppm,

para a de poliamida (OI-1), e na faixa de 290 a 4.943 para a de acetato de celulose (OI-2).

Os resultados para a permeabilidade da membrana de poliamida (OI-1) estão

apresentados na Tabela 21 e na Figura 26. Em todas as vazões estudadas, houve um

acentuado decréscimo do fluxo do permeado com o aumento da concentração da solução

de NaCl, que corresponde a uma redução de permeabilidade da solução 8.133 ppm entre

40% e 44% do valor da permeabilidade da solução de NaCl 270 ppm. Esta redução está

relacionada à polarização de concentração de sal em regiões próximas à membrana. Como

a concentração da solução de NaCl é muito menor do que sua solubilidade em água

(36g/100 g água), a possibilidade de deposição de NaCl sobre a superfície da membrana

praticamente pode ser afastada.

Tabela 22. Permeabilidade da membrana de poliamida (OI-1) medida para diferentes

vazões e concentrações de NaCl. Pressão constante (20 kgf/cm2) em todas as medidas.

K [L.cm²/(h.m².kgf)]Concentração

(ppm) 50 L/h 150 L/h 450 L/h

270 3,85 4,10 4,40

950 3,35 3,5 3,65

1874 2,30 2,55 2,85

4051 2,20 2,40 2,55

8133 1,55 1,80 1,85

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74

Os valores de permeabilidade acima, maiores do que o da água ultrapurificada

(MilliQ) pode ser explicado pelo fato que, durante as médias da alta difusão, os íons se

movem numa direção criando um fluxo eletro-osmótico, e a presença de água na resina de

troca de íon é imóvel. Portanto, os íons em condições de migração estão totalmente

diferentes nestes casos. Além disso, o inchaço da membrana depende da concentração de

solução externa, pois a situação real freqüentemente inclui a troca de íon, face à solução

concentrada em um lado e, do outro, a solução diluída, o que leva a afirmar que o

gradiente de concentração ocorre dentro da membrana sendo afetada pela difusão da

permeabilidade osmótica. Este fato tem impacto significativo na permeabilidade de

difusão das membranas.

A permeabilidade das membranas para soluções de NaCl aumentou com a vazão

das soluções de alimentação em todas as concentrações estudadas. Este fato possivelmente

indica que maiores vazões conseguem “lavar” a superfície da membrana reduzindo a

diferença de concentração (diferença de potencial químico) entre o interior da solução e a

superfície da membrana, reduzindo a polarização de concentração.

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

200 1500 2800 4100 5400 6700 8000

Concentração de NaCl [ppm]

K [L.c

m²/(h

.m².k

gf)]

50 L/h150 L/h450 L/h

Figura 26 - Efeito da concentração da solução de NaCl na permeabilidade, na membrana

de poliamida (OI-1).

Os resultados obtidos no estudo da permeabilidade da membrana de acetato de

celulose (OI-2) encontram-se na Tabela 23 e na Figura 27. Em todas as vazões estudadas

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75

houve um acentuado decréscimo do fluxo do permeado com o aumento da concentração

da solução de NaCl, que corresponde a uma redução de permeabilidade da solução 4.943

ppm, entre 73% e 78 % do valor da permeabilidade da solução de NaCl 291 ppm. E a

redução de permeabilidade é, em todos os casos, mais discreta do que a observada com a

membrana de poliamida. De modo geral, pode-se dizer que a membrana de acetato de

celulose tem sua permeabilidade, que embora seja menor do que a da membrana de

poliamida, menos afetada pelo aumento da concentração de NaCl, ao menos nas faixas de

concentrações estudadas.

Tabela 23. Permeabilidade da membrana de acetato de celulose (OI-2) medida para

diferentes vazões e concentrações de NaCl. Pressão constante (20 kgf/cm2) em todas as

medidas.

K [L.cm²/(h.m².kgf)]Concentração

(ppm) 50 L/h 150 L/h 450 L/h

291 1,5 1,6 1,6

686 1,4 1,6 1,6

1185 1,5 1,4 1,45

1887 1,35 1,45 1,5

3207 1,25 1,45 1,3

4943 1,1 1,2 1,25

A permeabilidade da membrana de acetato de celulose é praticamente

independente da vazão (Figura 27), onde as curvas correspondentes às diferentes vazões e

concentrações demonstram que o efeito de polarização de concentração é menos

acentuado do que para a membrana de poliamida.

A permeabilidade das soluções de NaCl para a membrana de acetato de celulose

(OI-2) (Tabela 23) aumentou com a vazão das soluções de alimentação, porém, de forma

mais discreta que para a membrana de poliamida (OI-1), confirmando o escrito acima.

Este fato indica que, neste caso, maiores vazões também “lavam” a superfície da

membrana, reduzindo a diferença de concentração entre o interior da solução e a superfície

da membrana e a polarização de concentração.

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76

1,01,11,21,31,41,51,61,71,81,92,0

200 1500 2800 4100 5400 6700 8000

Concentração de NaCl [ppm]

K [L

.cm

²/(h.

m².k

gf)]

50 L/h150 L/h450 L/h

Figura 27. Efeito da concentração da solução de NaCl no fluxo de permeado, na

membrana OI-2.

8. 3 – Rejeições das Membranas:

As rejeições de NaCl nas membranas de poliamida (OI-1) e membrana de acetato

de celulose (OI-2) foram avaliadas através da comparação da concentração de NaCl,

determinada por condutividade na solução de alimentação e na solução permeada. A

montagem experimental da Figura 19 foi utilizada para retirada do concentrado e

permeado.

Nas condições estudadas, vazões de 50, 150 e 450 L/h e pressão de 20 kgf/cm2,

altas rejeições salinas da concentração de NaCl foram obtidas para as duas membranas.

Os resultados da rejeição de NaCl para a membrana poliamida (OI-1) encontram-

se na Tabela 24 e na Figura 28. As taxas de rejeição de NaCl são elevadas (>94%) em

todos os casos, indicando o potencial desta membrana para retirada de NaCl de soluções

aquosas. Esses resultados são comparáveis aos especificados pelo fornecedor da

membrana, que prevê uma taxa de rejeição de NaCl na faixa de 95% (Tabela 16).

De acordo com os resultados obtidos, a taxa de rejeição de NaCl aumenta, embora

de forma discreta, com o aumento da vazão da solução de alimentação. Este fato pode

estar relacionado ao efeito de polarização de concentração, que poderia ser diminuído,

conforme discutido anteriormente em maiores vazões, pois a solução de alimentação

poderia “lavar” próxima a superfície da membrana.

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77

Tabelas 24. Rejeição de NaCl (%) da membrana de poliamida (OI-1) determinada para

diferentes vazões e concentrações de NaCl. Pressão constante (20 kgf/cm2) em todas as

medidas.

Rejeição (%)Concentração

(ppm) 50 L/h 150 L/h 450 L/h

270 94,2 97,2 98,4

494 94,5 96,9 97,6

950 94,5 96,7 97,5

1874 96,4 97,0 97,7

4051 95,1 95,9 96,7

8133 94,2 95,0 95,9

Média 94,8 96,4 97,3

Os valores de rejeição variam nas diferentes vazões estudadas entre um valor

médio de 94,8 % (50 L/h) para 96,4 % (150 L/h) e, finalmente, para 97,3 % (450 L/h).

Os valores de rejeição parecem ter um máximo relativo em torno de 1.874 ppm,

mas a razão para este fato não é evidente, pois pode estar relacionada também a

transformações morfológicas na estrutura da membrana.

90,0

95,0

100,0

200 1500 2800 4100 5400 6700 8000

Concentração de NaCl [ppm]

Rejei

ção

[%]

50 L/h

150 L/h

450 L/h

Figura 28. Rejeição de NaCl (%) da membrana de poliamida (OI-1) determinada para

diferentes vazões e concentrações de NaCl. Pressão constante (20kgf/cm2) em todas as

medidas.

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78

Os valores de rejeição de NaCl para a membrana de acetato de celulose (OI-2)

encontram-se na Tabela 25 e na Figura 29. Altas rejeições de NaCl (>94%) foram,

também, observadas em todos os casos, indicando o potencial desta membrana para

retirada de NaCl de soluções aquosas.

Os resultados obtidos neste estudo estão abaixo dos especificados pelo fornecedor

da membrana, que prevê uma rejeição de NaCl na faixa de 99,5 % (Tabela 16).

De modo geral, os valores de rejeição de NaCl nesta membrana parecem ser um

pouco superiores (em média) aos valores obtidos com a membrana de poliamida (OI-1)

para vazões de alimentação menores (50 e 150 L/h), sendo que a maior rejeição da solução

de NaCl nesta membrana foi obtida na vazão de 150 L/h.

Os valores de rejeição nas vazões de 50 e 150 L/h parecem ter um máximo relativo

em torno de 686 ppm, que corresponde a um mínimo na maior vazão.

Tabela 25. Rejeição de NaCl (%) da membrana de acetato de celulose (OI-2) determinada

para diferentes vazões e concentrações de NaCl. Pressão constante (20 kgf/cm2) em todas

as medidas.

Rejeição (%)Concentração

(ppm) 50 L/h 150 L/h 450 L/h

291 94,9 98,0 97,4

686 98,0 99,7 96,3

1185 96,9 96,7 96,8

1887 97,4 97,1 96,7

3207 97,0 96,5 96,0

4943 96,4 95,8 94,7

Média 96,3 97,3 96,4

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79

90,0

95,0

100,0

200 1500 2800 4100 5400 6700 8000

Concentração de NaCl [ppm]

Rejei

ção

[%]

50 L/h

150 L/h

450 L/h

Figura 29. Rejeição de NaCl (%) da membrana de acetato de celulose (OI-2), determinada

para diferentes vazões e concentrações de NaCl. Pressão constante (20kgf/cm2) em todas

as medidas.

8.4 – Testes de Fluxo e Permeabilidade com Água de Purga da Torre de Resfriamento

(Petrobras/Reduc):

A etapa seguinte do estudo consistiu na avaliação do desempenho das membranas

de poliamida (OI-1) e acetato de celulose (OI-2), no tratamento da água de purga da torre

de resfriamento. Nestas avaliações, foi utilizada uma vazão de 150 L/h, pressão de 20

kgf/cm2 e temperatura ambiente, pois estas condições foram as que apresentaram os

melhores resultados com solução de NaCl. Foi empregado o esquema da Figura 19 sem

recirculação do permeado, que implica em aumento da concentração da solução de

alimentação. Foram medidas as condutividades do efluente de alimentação, do

concentrado e do permeado, e foi avaliada a vazão do permeado com recolhimento em

proveta, medindo-se o tempo até a vazão constante.

Como mencionado no Capítulo 7 (Materiais e Métodos), um efluente típico da

torre U-1361 foi coletado e analisado, em julho de 2004, para caracterização de sua

composição. Os resultados apresentados na Tabela 26 indicam que este efluente tem uma

composição semelhante aos efluentes da Torre U-1360, pontos I e II, observados ao longo

de 2002 e 2003.

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80

Tabela 26. Composição do efluente estudado e comparação com valores máximos,

mínimos e médios praticados na Reduc no período de 2002/2003.

Espécie Química Valor mínimo (ppm) Valor máximo (ppm) Valor medido (ppm)

Na n.d. n.d. 24

K n.d. n.d. 9,0

Mg n.d. n.d. 2,4

Ca n.d. n.d. 8,2

Fe 1,1 3,1 0,15

Zn 3,2 5,7 1,7

Si n.d. n.d. 10,0

Dureza Total (CaCO3) 15,3 50 46,5

Sílica Total 15,3 32,0 15,2

Sílica Solúvel 14,8 30,0 8,04

TDS n.d. n.d. 40

SS < 1 n.d. 13,9

TOC n.d. n.d. 5,2

HCO3-1 24,1 66,9 28

TOG 0,0 0,3 0,0

pH 6,1 8,0 6,7

n.d. = não disponível ou não determinado.

Utilizando este efluente, a variação do fluxo de ambas as membranas foi avaliada

com o aumento da concentração da solução de alimentação. Os resultados obtidos com a

membrana de poliamida (OI-1) e a de acetato de celulose (OI-2) estão apresentados nas

Tabelas 27 e 28.

Conforme observado na Tabela 27, o aumento da condutividade na água de purga

aumentou quase o dobro do valor inicial, tendo um reflexo na redução do fluxo

relativamente pequena (~10%), através da membrana de poliamida (OI-1). Por outro lado,

quando é considerada a condutividade do permeado, embora a variação seja alta, ela ainda

é significativamente menor do que a condutividade da água de alimentação (make-up) da

Petrobras/Reduc, indicando que as características desta água são melhores do que as da

água de alimentação da Petrobras/Reduc.

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81

Tabela 27. Variação do fluxo de permeado (L/(h.m2)) e da condutividade da água de

purga na membrana de poliamida (OI-1). Pressão (20 kgf/cm2) e temperatura ambiente.

Condutividade da água de

purga (µS/cm)

Condutividade no permeado

(µS/cm)

Fluxo

(L/(h.m2))

194 14,7 45

221 14,4 45

240 14,4 42

269 16,3 43

345 19,7 43

384 23 40

Resultados semelhantes foram observados com a membrana de acetato de celulose

(OI-2), embora neste caso o valor de condutividade do permeado não tenha demonstrado

uma clara tendência a aumento com o incremento da condutividade da água de purga,

enquanto que o fluxo teve uma redução mais acentuada (~20%).

As comparações dos fluxos obtidos com a água de purga estudada indicam,

também, que não há colmatação das membranas de OI estudadas e que não há variação da

interação membrana-soluto para as águas de purga das torres de resfriamento, quando

comparadas com a solução de NaCl ~2550 ppm, utilizada para a determinação inicial de

fluxo através das membranas.

Tabela 28. Variação do fluxo de permeado (L/(h.m2)) e da condutividade da água de

purga na membrana de acetato de celulose (OI-2). Pressão (20 kgf/cm2) e temperatura

ambiente.

Condutividade da água de

purga (µS/cm)

Condutividade no permeado

(µS/cm)

Fluxo

(L/(h.m2))

202 4,10 26

211 3,74 25

235 3,10 24

334 6,30 23

335 6,43 23

345 3,62 22

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82

Estes resultados corroboram a hipótese de que a porosidade das membranas de OI

estudadas tem valor próximo a zero, pois não há diferenças significativas entre fluxo de

permeado da água de purga e da solução de NaCl.

Utilizando-se deste efluente, a rejeição salina de ambas as membranas foi avaliada,

comparando-se as condutividades da água de purga e do permeado, e admitindo-se que

esta variava de forma diretamente proporcional à concentração total de sais da solução. Os

resultados obtidos com a membrana de poliamida (OI-1) e de acetato de celulose (OI-2)

estão apresentados nas Tabelas 29 e 30.

Como se pode observar, os valores de rejeição salina nas águas de purga de torre

de resfriamento estão próximos ao especificado pelos fabricantes das membranas, embora,

como comentado anteriormente, os valores especificados pelos fabricantes sejam de

soluções contendo um só constituinte (NaCl). Enquanto que nas águas de purgas há várias

outras substâncias e espécies químicas na solução.

Tabela 29. Variação da rejeição com o aumento da condutividade da água de purga na

membrana de poliamida (OI-1).

Condutividade da água de purga

(µS/cm)

Rejeição

(%)

194 92,0

221 93,5

240 94,0

269 93,9

345 94,3

384 94,0

Média 93,6

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83

Tabela 30. Variação da rejeição com o aumento da condutividade da água de purga na

membrana de acetato de celulose (OI-2).

Condutividade da água de purga

(µS/cm)

Rejeição

(%)

202 98,0

211 98,2

235 98,7

334 98,1

335 99,0

345 93,6

A permeabilidade de ambas as membranas foi avaliada com este efluente,

utilizando-se a Equação (12).

Os resultados obtidos com a membrana de poliamida (OI-1) e acetato de celulose

(OI-2) estão apresentados nas Tabelas 31 e 32.

Como se pode observar, a permeabilidade da solução de NaCl é sempre maior do

que a da água de purga, exceto para soluções de alta condutividade (13280 µS/cm ~ 8

g/L).

Este fato é causado possivelmente pela polarização de concentração, já que no caso

da água de purga íons de maior carga também podem ficar retidos na superfície da

membrana.

Embora outras espécies da solução contribuam para sua condutividade,

possivelmente há substâncias ou íons que interagem fortemente com a superfície da

membrana reduzindo a sua permeabilidade, o que não ocorre em grande extensão na

solução de NaCl. Ainda há a possibilidade da formação de precipitados na superfície da

membrana, já que nesta região a solução tem concentração elevada de sais.

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84

Tabela 31. Comparação entre a permeabilidade da membrana de poliamida (OI-1) para

água de purga e solução de NaCl, vazão de alimentação 150 L/h e pressão 20 kgf/cm2.

Água de Purga da Torre de Resfriamento Solução de NaCl

Condutividade da

água de purga

(µS/cm)

K

[L/h.m2(kgf/cm2)]

Condutividade da

solução de NaCl

(µS/cm)

K

[L/h.m2(kgf/cm2)]

194 2,2 440 4,1

221 2,2 1.551 3,5

240 2,1 3.060 2,55

269 2,2 6.613 2,4

345 2,2 13.280 1,8

384 2

A permeabilidade da água de purga também varia muito pouco quando aumenta a

condutividade da solução de alimentação, reduzindo apenas cerca de 10%, enquanto a

concentração praticamente dobra.

Os resultados obtidos com a membrana de acetato de celulose (OI-2) estão

apresentados na Tabela 32. De modo semelhante à membrana de poliamida, a

permeabilidade da água de purga é sempre menor do que a da solução de NaCl, pois outras

espécies da solução podem contribuir para a condutividade. Também podem existir

espécies químicas no permeado que interagem com a superfície da membrana reduzindo

sua permeabilidade. Entretanto, neste caso, a redução da permeabilidade da água de purga,

quando comparada com a solução de NaCl de menor condutividade, é da ordem de 15%,

reduzindo apenas cerca de 20%, enquanto a condutividade aumenta cerca de 60%.

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85

Tabela 32. Comparação entre a permeabilidade da membrana de acetato de celulose (OI-

2) para água de purga e solução de NaCl.

Água de Purga da Torre de Resfriamento Solução de NaCl

Condutividade da

água de purga

(µS/cm)

K[L/h.m2(kgf/cm2)] Condutividade da

solução de NaCl

(µS/cm)

K[L/h.m2(kgf/cm2)]

202 1,3 480 1,6

211 1,3 1.128 1,6

235 1,2 2.000 1,4

334 1,2 3.086 1,45

335 1,1 5.297 1,45

345 1,1 8.084 1,2

Para avaliar os valores de rejeição de diferentes espécies químicas presentes na

água de purga da torre de resfriamento amostras desta água e do permeado, obtidas em

condições de vazão de 150 L/h, com pressão de 20 kgf/cm2, foram submetidas à análise

química, conforme descrito no Capítulo 7.

Na Tabela 33 apresentam-se os resultados das rejeições de algumas espécies

químicas nas duas membranas. Pode-se observar que os valores obtidos são altos e, em

muitos casos, próximos a 100%, indicando a retenção de íons e o potencial de ambas as

membranas para o tratamento do efluente com as características de interesse.

Como esperado, as rejeições dependem do tipo de efluente estudado, espécies

químicas presentes, e variam entre as membranas. A membrana de acetato de celulose (OI-

2) apresentou em média os melhores resultados. Enquanto que, para a membrana de

poliamida (OI-1), valores mais baixos em algumas espécies químicas foram encontrados.

Estes resultados indicam que, ao menos potencialmente, processos que utilizam

membranas de osmose inversa têm grande potencial para aplicação em águas de purga de

torres de resfriamento.

Como observado anteriormente, a membrana de acetato de celulose (OI-2) segue,

de forma mais aproximada, a série liotrópica para membranas de osmose inversa, sugerida

por SWAN (1975), do que a membrana de poliamida (OI-1).

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86

Dois pontos, entretanto, devem ser considerados ainda. O primeiro é que o efluente

da água de purga da torre de resfriamento, após o tratamento com ambas as membranas,

levou a baixos valores de pH 5,6 para a OI-1 e pH 5,4 para a OI-2. Como baixos valores

de pH não são benéficos para os equipamentos em questão, podendo trazer graves

conseqüências ao processo (por exemplo, corrosão acelerada). Os resultados obtidos neste

estudo indicam que é necessária a correção do pH no final do tratamento da água por OI

em ambos os casos. Por outro lado, o permeado resultante do tratamento da água de purga

tem qualidade superior ao da água de reposição (make-up) das torres de resfriamento para

todas as espécies químicas estudadas.

Tabela 33. Rejeições das membranas OI-1 e OI-2 e as diversas espécies químicas

presentes no efluente investigado.

Parâmetro OI-1 OI-2

Na (ppm) 95,4 97,5

K (ppm) 96,7 95,6

Mg (ppm) 91,7 99,6

Ca (ppm) 87,8 99,9

Fe (ppm) 86,7 99,3

Zn (ppm) 99,4 97,5

Al (ppm) 93,9 n.d.

Mn(ppm) n.d. 97,3

Si (ppm) 94,8 93,7

Dureza-Total 93,1 95,7

Si- Total 97,0 95,4

Si – Solúvel 90,8 92,5

TDS 100,0 100,0

SS 100,0 100,0

HCO3- 100,0 92,9

NO3- 55,0 75,0

SO4 –2 94,4 97,8

PO4 –3 100,0 92,9

F - 100,0 100,0

n.d. = não determinado.

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87

O potencial da ocorrência de depósitos por precipitação de CaCO3 na superfície

das membranas foi estimado a partir do Índice de Langelier (IL). Os valores determinados

através da utilização do software em desenvolvimento pela COPPE/UFRJ para a água de

purga da torre de resfriamento estudada foram de (-2,437). Isto demonstra que esta água

tem uma tendência muito forte para dissolver esta substância, embora a água tenha,

segundo estes cálculos, características corrosivas.

Após o tratamento com as respectivas membranas, constatou-se que tanto no caso

da membrana de poliamida (OI-1) como na de acetato de celulose (OI-2) estes valores

foram reduzidos, respectivamente, para (- 8,012) e (- 7,956).

Isto significa que, após o tratamento, a água de purga se torna mais corrosiva o que

está de acordo com os valores de pH determinados.

Estes resultados indicam, mais uma vez, a necessidade da correção do pH após

tratamento das águas de purga por OI.

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88

CAPÍTULO 9:

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Neste estudo, foi avaliada a potencialidade da utilização do processo de osmose

inversa (OI) para reuso de águas de purga das torres de resfriamento da Petrobras/Reduc.

O interesse primordial era gerar dados e subsídios que pudessem servir (futuramente)

como ponto de partida para decisões e dimensionamento de processos baseados em OI

para tratamento de água daquelas unidades e, eventualmente, também para outras águas

industriais.

Apesar dos processos baseados em OI implicarem em aumento no consumo de

energia (alimentação em pressão da ordem de 20 Kgf/cm2 através de membranas

semipermeáveis), existem duas vantagens relativas para a produção de água

desmineralizada em indústrias químicas. A primeira é a redução (ou até eliminação) do

consumo de reagentes químicos para o tratamento de água, com impactos econômicos e

ambientais positivos. E a segunda é que o rejeito do processo terá ainda características

compatíveis com a água clarificada, hoje distribuída basicamente para a reposição de

sistemas de resfriamento, apesar da alta carga hidráulica (cerca de 25% da vazão de

alimentação), em função da baixa salinidade da água bruta. Em outras palavras, não

haverá efluente final do processo.

Para a realização deste estudo, foi implementada uma metodologia para testes de

membranas de OI. As características de duas membranas de OI comerciais (poliamida OI-

1 e acetato de celulose – OI-2) foram estudadas. Foi verificado que o desempenho das

duas membranas no tratamento de água de purga das torres de resfriamento era pouco

diferente e que, aparentemente, dependia de características das membranas.

De modo geral, valores de rejeição de espécies químicas (> 90%) foram obtidos em

ambos os casos. Por exemplo, a rejeição de cloreto foi compatível com o indicado pelos

fabricantes e a remoção das diversas formas de sílica nas duas membranas foi maior que

90%.

As características físico-químicas das águas tratadas por OI foram comparáveis às

características da água tratada por métodos convencionais e fornecida na Petrobras/Reduc

para reposição das águas de alimentação das torres de refrigeração.

Além disso, com ambas as membranas foram verificadas queda de pH, o que leva

as águas tratadas por OI a ter maior potencial corrosivo. Como conseqüência, recomenda-

se que a aplicação de processo baseado em OI seja acompanhada de ajuste final de pH

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89

antes da utilização da água. A possibilidade de formação de depósitos (fouling), que é

crítica em processos de membranas de OI, foi verificada na água de purga estudada e,

portanto, é recomendável que a utilização de processo seja precedida por um pré-

tratamento, por exemplo, o uso de um bactericida.

A comparação do desempenho das duas membranas indica que a utilização da

membrana de poliamida (OI-1) seria a mais adequada, pois, embora esta membrana tenha

maior sensibilidade a cloro livre, apresentou sempre maior permeabilidade para as mesmas

pressões que a membrana de acetato de celulose (OI-2). É recomendável que outras

membranas de OI (composição e construção diferentes) possam ser avaliadas com a

metodologia implementada, para se ter uma maior variedade de possibilidades de escolha

de materiais.

A possibilidade do tratamento de efluentes ou misturas de correntes hídricas de

outras unidades da Petrobras/Reduc por processos envolvendo OI também poderá ser

avaliada futuramente com a metodologia implementada.

Também deve ser considerado o fato de que as avaliações foram realizadas com

membranas planas. Futuramente, composições de membranas espirais poderão ser pré-

selecionadas na forma plana. Depois seu desempenho frente à água de purga poderá ser

reavaliado em forma espiral. Para este estudo, necessariamente, será preciso estabelecer

novas faixas de condições experimentais para testes.

Deverá ser avaliada e considerada futuramente, também, uma metodologia para a

limpeza e regeneração das membranas para a implementação de processo industrial. O

mesmo se dá em relação ao descarte das membranas usadas e ao descarte dos resíduos ou

concentrados gerados que, necessariamente, conterão altos teores de metais pesados e de

outras substâncias, o que, entretanto, está fora do escopo deste estudo.

Também deverão ser consideradas as variações de pH e da temperatura da água

tratada, pois como foi observado, o pH do permeado era relativamente baixo após

tratamento nas duas membranas.

Finalmente, esta dissertação permite, em termos globais, verificar que é possível

utilizar processos de OI no tratamento de água de purga. A implantação desta tecnologia é

vantajosa pois minimiza os impactos ambientais resultantes do tratamento de água,

produzindo uma água de elevada qualidade. De qualquer forma, será necessário analisar,

caso a caso, o tipo de água de purga a ser tratada, assim como o seu destino.

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